A Esmorga Blogue.- Falarmos de um dos projectos nascidos no seio da Esmorga e mais bem sucedidos é falarmos das Esmorganas. Rebeca, Bea, Laura, Mariana, Diana, Pátri, Belém e Alva, todas elas com idades entre os 20 e os 30 anos, fazem parte actualmente de um grupo voltado para um teatro reivindicativo e inovador. Estivemos com elas, que são uma boa representação do corpo social esmorgano, e falaram abertamente do que quiseram -afinal foi do seu trabalho teatral, respondendo como uma só voz colectiva: Esmorganas.
Próxima sexta-feira, 30 de Março de 2007, pelas 23h00, estreiam no nosso Centro Social a sua nova peça teatral «Os Esmorganos também Existimos II», um trabalho que gostariam de representar também no resto Centros Sociais da Galiza. Estamos certos que adorarão mesmo (por sinal, a entrada é de graça!).
Como e quando nasceram as Esmorganas?
As Esmorganas nasceram quase ao tempo que dava a andamento a própria Esmorga, faz já dois anos. Pouco depois da constituição da associação, numa assembleia de mulheres tomou-se a decisão de fazer feminismo mais fugindo do «típico de sempre», das assembleias, do panfleto, da manifestação... Por isso tivemos a ideia de fazermos teatro batendo o ponto no feminismo.
Como vos definis?
As Esmorganas definimo-nos como um grupo de teatro feminista, do qual fazem parte mulheres, embora também chegou a haver homens participando. Sermos só mulheres a fazer parte do grupo é uma maneira de explicitarmos melhor que somos nós próprias, sem intervenção masculina, as que criamos e condicionamos tudo aquilo que estamos a dizer e fazer. Nada há em contra dos homens, claro.
Achamos que neste momento somos um grupo particular na Galiza e queremos continuar nessa linha, embora isso não signifique que tenhamos portas fechadas para actuar em lugares diversos, não apenas nos Centros Sociais.
E sodes Esmorga...
O nome finalmente adoptado pelo grupo é evidente que exemplifica que somos Esmorga. As Esmorganas são um projecto da Esmorga, não há hipótese de existirem as Esmorganas de outra maneira. É claro que se pensássemos fazer qualquer outra coisa estaríamos a falar de um outro projecto diferente, mas as Esmorganas são um projecto vinculado à Esmorga.
Além disso, o grupo tem sido uma magnífica plataforma para incorporar gente ao movimento associativo esmorgano, para muitas raparigas entrarem em contacto com a língua, perderem o medo e falarem, graças a isso, galego. Eis outros objectivos das Esmorganas que demonstram a ligação com esse projecto.
Todas as que fazeis parte do grupo sodes amadoras no mundo teatral?
As que começamos do princípio de tudo não tínhamos experiência no mundo teatro, mas actualmente a Rebeca, a Laura e a Bea entraram nas Esmorganas já com experiência no campo. De todas as maneiras não temos vontade de tornarmo-nos num grupo «profissional», nem de intergrarmo-nos nos circuitos do teatro mais convencional.
Falai-nos um bocadinho do vosso percurso até hoje...
As Esmorganas começamos sendo cinco pessoas amadoras. A primeira actuação foi em Ourense, depois graças à chamada dos diferentes Centros Sociais estivemos em Alto Minho, em Lugo; na Festa da Língua da Gentalha do Pichel, em Compostela; na Revolta, em Vigo; na festa da Feira Franca em Ponte Vedra; no Festival da Língua que a Artábria organiza em Ferrol; ainda, na Festa da Língua 2006 realizada em Oleiros e no Festival da Mocidade de Vilar de Santos. Ultimamente estivemos na abertura do novo Centro Social Faíscas, em Vigo.
E quais as peças que tendes representadas?
Entre as peças que temos representado, «Entre Copos e Ramom», é a primeira encenação feita a respeito da vida cotidiana dos homens; «A Maçã de Eva», são monólogos de Dario Fo que falam sobre a sexualidade feminina e o pouco que os homens sabem a respeito da menstruação, do clítoris, do orgasmo feminino...; finalmente «Os Esmorganos também Existimos» são monólogos postos em boca de homens que falam sobre as mulheres, monólogos que pensamos que fariam os homens sendo esmorganos...
Qual a acolhida das mesmas?
A acolhida das nossas encenações sempre foi muito boa, mas é claro que Ourense fica em destaque. As reacções têm sido sempre fantásticas, o pessoal depois de cada actuação sempre vem falar connosco, conta-nos a sua impressão...
Além das peças reivindicativas, também temos trabalhados em assuntos mais lúdicos como o São Joám, com actividades para nenos... mas o alvo principal é o teatro batendo o ponto no feminismo, como já dissemos, e aí temos conseguido abrir fenda.
O vosso teatro, pois, vai muito encaminhado a abir os olhos de muitos homens?
Com o nosso teatro tentamos deitar abaixo muitos dos preconceitos que se têm acerca do feminismo. O típico é que um homem lê a palavra feminista e já se escandaliza, pensa numa mulher barbuda e repunante, nós pretendemos que veja o feminismo de uma maneira mais divertida.
O espírito do nosso teatro pode ser o mesmo do que se reivindica num panfleto ou numa manifestação mas fazendo que se compreenda melhor e tentando influir mais na realidade do que fazem muitas mulheres que vão a manifestações mas depois são umas submissas em casa.
As histórias em que vos baseais são sempre reais, não são?
Baseamo-nos nas situações da vida real para fazer reflexionar, começando sempre pelo mais simples e próximo: o nosso irmão, o nosso pai, os nossos amigos... Em Vigo, por exemplo, tivemos um caso em que um rapaz nos contava que graças a um dos nossos monólogos acabava de reparar que a sua namorada nunca tinha chegado a um orgasmo com ele, pois ele apenas se preocupava com o seu próprio orgasmo.
É possível que pessoas como esse rapaz nunca lessem com atenção um folheto feminista a respeito, mas reparou numa peça teatral... eis o nosso objectivo atingido: divertimos mas fazendo reflexionar.
E agora uma nova estreia...
A nova peça teatral é uma segunda entrega da peça «Os Esmorganos também Existimos», desta volta debruçamo-nos em contar mais de vagar as situações de homens «na sua realidade», por exemplo, quando vão ao futebol, ou de copos entre eles...
Ora, não queremos desvendar todo o mistério destes novos monólogos, mais ainda quando em Ourense vamos fazer uma pequena surpresa. O pessoal tem de vir à representação e lá verá. Terá lugar na próxima sexta-feira na Esmorga.
E falando da Esmorga, o que achais do projecto esmorgano na altura?
Estamos bastante contentas. Pensamos que há mais pluralidade e vem muita mais gente o qual para nós, por exemplo, é muito melhor. Ora bem, como Esmorganas achamos que ainda devemos ser tidas mais em conta, que a Esmorga deve promover mais o nosso trabalho oferecendo levar-nos a outros Centros Sociais... mesmo que no blogue esmorgano tenhamos um lugar em destaque, coisa que ainda não temos.
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Poderiades actuar na Artábria o 13 ou 20 de A
Abril?
Esperamos notícias: correiodeartabria@gmail.com
apertas