A Esmorga Blogue.- Neste sábado o pessoal poderá viver na Esmorga a música de cantautor em dobro e com a qualidade garantida. A partir das 23h00 deste 30 de Junho de 2007 e por apenas 2 ?, assistiremos ao lançamento na nossa cidade do disco «Cedaceros4», do madrileno Javier Bergia, e ainda das «Soanfonias», do galego Xosé Constenla.
Nos anos oitenta surgiu em Madrid uma geração de músicos herdeiros e negadores à maturação de clássicas sagas anteriores. Apareceram no momento menos oportuno para os cantautores, quando sobre estes pesava o estigma dos seus métodos e das suas virtudes como uma laje impossível.
Entre estes jovens valores situou-se do começo e muito em primeira delineia Javier Bergia. As suas canções, da ironia à paixão, do romantismo ao humor, do distanciamento ao compromisso, continuam proclamando um mundo razoável, um universo sonoro que destila melancolia, assumindo de maneira singela e nada forçada todos os géneros.
Nadando contracorrente, Bergia demonstrou ser um bálsamo frente à vulgaridade, um corredor de fundo cuja solidão é cada vez mais relativa.
Todos os seus discos possuem denominação de origem bem contrastada, a audiência tem na retórica nasalizada e veraz do Javier Bergia um de seus baluartes mais completos e capacitados, disposto sempre a apoderar-se desse vazio argumental que ninguém como ele enche.
A biografia de sua emoção é resignada, mas firme e formosa, pois sabe o cantor que só o quotidiano resiste.
Até os dias de hoje tinha publicados oito trabalhos em solo, com colaborações de artistas como Ismael Serrano, Alberto Pérez (ex-Mandrágora), José Maria Guzmán (ex-Cadillac), Luis Pastor e Pablo Guerrero:
Recoletos. Emi Odeón 1985.
La Alegría del Coyote. FonoAstur 1988.
Tagomago. Gasa 1989.
Caracola. Tecnosaga 1993.
De Aquellos Años Verdes. Música sin Fin 1996.
Noche Infinita... Tagomago 1997.
Rupairú. Tagomago 1998.
Veinticinco Años. Tagomago 2001.
O seu último disco Cedaceros4 (Tagomago 2001), terá o nosso Centro Social como palco de lançamento em Ourense a partir das 23h00 deste sábado 30 de Junho de 2007.
Fonte: Página web de Javier Bergia.
O galego Xosé Constenla bebe nas fontes da tradição latina de cantautores, com referentes em compositores espanhóis, portugueses e latino-americanos. As suas músicas também mergulham na tradição dos poetas ibéricos.
Igualmente, o seu trabalho está em continua aprendizagem, procurando e aprendendo novas maneiras de fazer canção de autor, com um som fundamentado na guitarra clássica que irradia autenticidade e compromisso com o seu povo.
A sua proposta musical chama a atenção pois consegue torná-la novidosa no panorama musical galego, com arranjos simples e claros, letras trabalhadas, muito curiosas e uma interpretação ao vivo que envolve o público todo.
Xosé Constenla é um magnífico representante da canção de autor galega, por estar feita em Galiza mas, nomeadamente, por ser interpretada com consciência de ser galega, sendo já conhecido nalguns ambientes como o Raimon ou o Mikel Laboa galego.
Soanfonias para todas e todos
«Vento soão, vento que sopra de onde sai o sol, de oriente, quente e abafadiço. Vento de manhãs tépidas e tranquilas e de pores-do-sol dormideiros e cansos. A pele castigada pelo ar de chumbo precisa de protecçaõ afectiva.
Cheiros a chá e a especiarias silvestres. Mercadorias antigas de um comércio anquilosado e antigo, de trocas, de contrabando e de passagens fronteiriças escondidas. Vivemos na antítese do espaço vivido e o vento soão não sempre traz boas novas.
Como as mulheres que ocultam o rosto baixo o burca da intolerância e da perda de auto-estima, como esses homens que choram pelos mortos junto ao Muro que os despossui e os acobarda.
Costa de Peniche, praia do Baleal, sol-pôr.»
Fonte: Blogue Soanfonias, do cantautor Xosé Constenla.