Valentim R. Fagim: «Socialmente, tanto no imaginário das pessoas, como nas suas práticas, o galego não é uma Língua»

Valentim R. Fagim: «Socialmente, tanto no imaginário das pessoas, como nas suas práticas, o galego não é uma Língua»

29-03-2008



Aberto o prazo de inscriçom para o novidoso curso «O Galego como Língua»

A Esmorga / MDL / PGL - Nesta semana abriu-se o prazo para nos inscrevermos no curso ?O Galego como Língua?, actividade inserida nas I Jornadas de Língua em Ourense que dará a andamento no dia 3 de Abril. Estivemos com a pessoa responsável, o professor Fagim, para que nos explicasse mais o que tem de novidoso e o que projecta esse curso não concebido como um tradicional «curso normativo de língua».

Pelas suas palavras, o pessoal poderá assistir a um novo conceito didáctico no campo da língua que tenciona: fazer-nos tomar consciência do que uma língua realmente é; de que o galego, hoje, social e formalmente é um dialecto do espanhol e, finalmente, dar ferramentas e pistas para, individualmente, sair dessa situação.

Lembramos que a inscrição pode fazer-se até o dia 3 de Abril, é só enviar um co-e para valentim[arroba]agal-gz.org ou apontar-se no próprio Centro Social A Esmorga. O curso decorrerá na Casa da Juventude em Ourense.

? O título do curso é «O Galego como Língua», de que se deduz que existe um galego que não é língua...

Socialmente, tanto no imaginário das pessoas, como nas suas práticas, o galego não é uma Língua. Esse lugar ocupa-o o espanhol e leva tanto tempo nesse papel de privilégio que a imensa maioria das falantes de galego acata essa hierarquia. Isto traduze-se nos usos discriminados que fazemos do galego e do espanhol bem como num perfil baixíssimo de língua que antes parece um espanhol dialectal. Tanto num caso como no outro o que existe é Renúncia, renúncia ao galego como Língua.

? No sítio das Jornadas lê-se que a nossa língua sofre uma dialectalização a partir de três aspectos...

É. Existe uma dialectalização de tipo funcional, o que nas escolas chamam de diglossia, o espanhol é utilizado em certos hábitos mais prestigiados e o galego nos mais periféricos. Isto mais ou menos sabemo-lo todas. Existe uma outra que afecta a língua como forma, quer dizer, o léxico, a gramática, a fonética. É o que nas escolas ensinam como castelhanização. O que não dizem nas escolas, infelizmente, é que a dialectalização também afecta ao noção territorial da nossa língua, enfim, onde se fala, quem a fala... Os galegos e galegas somos educados para que olhemos a Portugal e ao Brasil como sendo estrangeiro e, ao mesmo tempo, a Colômbia, Califórnia ou a Filipinas!!!! como sendo próximo, familiar... Disto, insisto, não se fala nas escolas.

? No sítio Web das Jornadas, igualmente, aprece indicado que o curso não vai ser de língua, entendida esta como uma norma...

Não. Neste sentido prefiro encaminhar as pessoas para as Escolas de Idiomas embora também tenha dados cursos de Norma embora sempre envolvidos com noções sociais. Existe, a meu ver, um passo prévio a um curso de língua galega, esclarecer o que é Língua. Neste campo, o conhecimento geral é escasso. Existem uma série de perguntas que nos temos que fazer: o galego para quê? Se vai ser a língua nacional dos galegos e das galegas teremos de escrever de uma forma nacional, se vai ser um satélite social do espanhol o jeito actual em que escrevem a maioria das pessoas é o mais adequado. De certeza.

? O único requisito que colocas para fazer este curso é a curiosidade...

Cantava Raul Seixas aquilo de ?Eu quero ser uma metamorfose ambulante?. Era óptimo a maioria das pessoas serem assim mas nem é preciso tanto. Há um facto: pensamos o que pensamos em grande medida por acaso. Fossem outras as circunstâncias e pensávamos diferente. Neste sentido a curiosidade é o que nos permite ultrapassar os limites do acaso. A imensa maioria dos galegos e galegas acha que o galego tem de ser periférico do espanhol, parecer-se a ele e limitar-se geograficamente à autonomia de ?Galicia?. Há factos históricos e sociais que explicam essa percepção, ora, não tem porque ser assim. Pequenos grupos já temos cruzado esse limite e nada indica que não podam ser mais as pessoas ao ultrapassarem. Ora, curiosidade é precisa.

Escrito ?s 11:11:15 nas castegorias: Eventos, Cursos, Jornadas, Entrevistas
por csesmorga   , 724 palavras, 917 visualizaçons     Chuza!

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