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Socializando o reintegracionismo: a experiência da Fundaçom Artábria

01-05-1999

  18:18:15, por artabria   , 1339 palavras  
Categorias: Comissom de Língua, Documentos, Língua

Socializando o reintegracionismo: a experiência da Fundaçom Artábria

fachada do antigo local social da artabria

No ano 1999, produziu-se um debate em diversos meios de comunicaçom sobre a necessidade de reorientar os critérios para a fixaçom do padrom escrito galego. Entre os e as intervenientes naquele debate, estivo o primeiro presidente da nossa entidade, Maurício Castro, que publicou o seguinte artigo no semanário A Nosa Terra. Nele, fala do que fôrom os inícios da Fundaçom Artábria e do papel do reintegracionismo na actividade prática da mesma.

Maurício Castro, membro da Fundaçom Artábria, da qual foi o seu primeiro Presitente.

Há algo novo a dizer no debate , construtivo e enriquecedor, que nos últimos meses envolve sectores sociais que de um jeito ou outro som pola normalizaçom lingüística? A maior parte das pessoas que estám a intervir publicamente fam-no a favor de umha urgente modificaçom do padrom escrito galego como revulsivo para umha imprescindível reactivaçom normalizadora. Nessa direcçom, tenhem-se apresentado um bom número de argumentos que, ao contrário do que em ocasions anteriores, vincárom a conveniência sociolingüística mais do que a tese técnico-filológica. Igualmente, as pessoas que, com igual tom construtivo, defendêrom nestes meses publicamente a via isolacionista, argumentárom maioritariamente nessa mesma linha social, pedagógica, reconhecendo que a questom nom é simplesmente "ortográfica". Neste senso, insistírom na dificuldade de o povo assumir um código tam diferente do espanhol, mesmo tam difícil ou identificado com umha outra nacionalidade, a portuguesa. É este, de resto, um argumento habitual em muitas das pessoas reticentes com o reintegracionismo nestas últimas décadas.

Por isso, considero de utilidade afrontar a negaçom desse preconceito, e para isso nada melhor que afirmar a validade da proposta reintegracionista com umha experiência normalizadora concreta que a demonstra: a representada pola Fundaçom Artábria.

Nos tempos que vivemos, marcados por umha importante e geral desmobilizaçom social, a aposta normalizadora nom conta com umha importante implicaçom, ficando amiúde reduzida a iniciativas partidárias ou socialmente desarticuladas, e reduzidas quase sempre ao plano defensivo mais do que ofensivo no senso de procurar novos espaços realmente verificáveis de uso social.

Ante essa tendência imperante, o início do ano 1998 supujo em Ferrol umha novidade importante quanto às iniciativas normalizadoras de base. Para pôr em situaçom quem nos leia, lembremos que entre a gente menor de 26 anos, os galegofalantes habituais representam no Concelho de Ferrol 4'8%, percentagem que nas áreas urbanas do mesmo se vê reduzida a... 0%!!

Neste contexto, um reduzido grupo de pessoas -nom mais de vinte e cinco inicialmente- julgárom que a situaçom sociolingüística da cidade requeria de um projecto que tentasse fazer algo verdadeiramente sério pola língua. A ideia era clara: criar um espaço físico em que o monolingüismo em galego fosse umha realidade. A fórmula foi-se desenhando aos poucos, e acabou concretizando-se num Centro Social de trescentos metros quadrados situado numha rua cêntrica e formado por umha cafetaria, umha sala de actos, biblioteca, sala de aulas, obradoiro e vários quartos cedidos a organizaçons sociais da comarca. O objectivo: sermos capazes de compactar umha parte significativa da massa social galegofalante, nomeadamente da gente nova, com o fim de reforçá-la e fazê-la crescer de dentro para fora, favorecendo assim a presença do galego no centro mesmo da cidade.

O próprio processo de construçom das instalaçons, protagonizado nos meses seguintes por já umhas quarenta pessoas, permitiu ir conformando um grupo humano que serviu de motor do projecto. Fôrom muitas as horas de trabalho desinteressado que permitírom embaratecer tam custosa como ilusionante empresa, que por certo nom contou com qualquer apoio institucional ou subsídio oficial.

Por fim, em 18 de Setembro de 1998, o Centro Social da Fundaçom Artábria foi oficialmente inaugurado. Nom entrarei em pormenores sobre os muitos problemas -económicos, organizativos, administrativos,...- que tivemos e temos que afrontar nestes meses. Apenas quero dar umha visom real dos resultados obtidos: na actualidade superamos já os 230 sócios e sócias, numha cidade caracterizada por umha fraca participaçom no tecido associativo; todos os meses celebramos umha média de dous concertos de todo o tipo de música, mas sempre com letras em galego, garantindo um espaço aos grupos de moços e moças que apostam por veiculizar a sua criaçom musical na nossa língua; organizamos conferências de todo o tipo de temáticas, cedendo as instalaçons também para que outras entidades as utilizem; recitais poéticos, actuaçons de magia, exposiçons de fotos e pintura, cursos estáveis de baile tradicional e de salom, de desenho e pintura, de gaita, de malabares, de língua,... um grupo dedicado a recuperar e celebrar as festas tradicionais da comarca que toma parte com umha comparsa própria no entruido dos diversos concelhos; a ediçom de até hoje dous livros; a intervençom social com iniciativas ou denúncias relacionadas com a situaçom da língua,... som algumhas das actividades que dia a dia dam conteúdo a um projecto que apenas começou a desenvolver-se, contendo em si umha grande potencialidade de futuro. E todo isso, tendo sempre o galego como veículo de expressom e reivindicaçom explícita.

Nom é que neste tempo conseguíssemos modificar a tendência desgaleguizadora dominante na cidade, objectivo que requer mais do que umha experiência como a nossa. Mas, de facto, criamos esse espaço de reforço para a mocidade galegofalante e temos exemplos concretos de pessoas com nomes a apelidos que, graças à existência de Artábria, hoje falam habitual ou exclusivamente galego. Alguém duvida da importáncia desse só facto?.

E assim chegamos ao ponto sobre o que quereria fazer fincapé: o facto de o conjunto de actividades desenvolvidas polo Centro Social da Fundaçom Artábria se desenvolver nom só em galego, mas também em galego escrito seguindo as normas propostas pola Associaçom Galega da Língua (AGAL), em galego reintegrado. Sem que isso suponha qualquer impedimento para afiançarmos a proposta normalizadora que Artábria representa.

Nós perguntamo-nos onde estám esses terríveis problemas de socializaçom do reintegracionismo, referidos por alguns para assumir a castelhanizaçom do nosso idioma, e por outros para adiar sine dia a prática reintegracionista conseqüente.

Em Artábria nom só nom vemos tais problemas, senom que mesmo verificamos o carácter motivador de umha proposta gráfica que favorece a autoestima do galegofalante ante umha norma oficial que consagra a renúncia à história e, o que é mais grave, a um futuro cada vez mais questionado polos dados oficiais referidos ao uso do nosso idioma nas geraçons mais novas, as que aprendêrom "esse galego tam fácil e pedagógico" nas escolas.

Pola nossa parte, temos claro que o preconceito da "pedagogia social" é apenas isso, um preconceito. Por isso, animamos a que os sectores responsáveis pola reforma ortográfica reclamada cada vez por mais galegas e galegos, assumam a sua responsabilidade histórica e favoreçam um acordo que reoriente o padrom lingüístico na direcçom do reintegracionismo, e sobretodo para que se admita a discrepáncia e se deixe de marginalizar quem nom partilha a norma imposta.

Nom dizemos que o reintegracionismo por si mesmo vaia normalizar lingüisticamente a Galiza. Cumpre também que cada vez mais sectores do nosso povo apostem activamente por dar ao galego o papel que lhe corresponde nesta sociedade, e cumpre que nos demos conta de que nengum governo ou legislaçom poderám suplantar o protagonismo popular nesse processo. Mas a filosofia isolacionista já demonstrou, nas últimas décadas, o pouco que podia dar de si como proposta normalizadora do corpus. É urgentíssima umha mudança de rumo.

Artigo publicado polo semanário A Nosa Terra, em Maio de 1999

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A Associaçom Reintegracionista Artábria, nascida em 1992 em Narom, transformou-se em abril de 1998 em Fundaçom, inaugurando em setembro desse mesmo ano o seu Centro Social.

A Fundaçom Artábria está declarada de Interesse Galego e classificada de interesse cultural, com o número de inscriçom 54 e CIF:G15645518.


Para saberes mais, lê a definiçom da Artábria na wikipédia + info

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