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Reproduzimos a seguir o texto elaborado pola companheira Pim Patinho para o acto de homenagem a Rosalia de Castro e às nossas Letras, que cada ano vimos comemorando desde há quase umha década em Ferrol com motivo do dia 17 de Maio. Aproveitamos a ocasiom para vos convidar a participar nos actos convocados, incluída a oferta floral na praça, o roteiro normalizador posterior e o jantar final no local social.
O 17 de Maio é a data escolhida porque foi quando Rosalia de Castro editou o seu livro Cantares Galegos, o primeiro livro no que se utilizava integramente a lingua galega, ainda que fosse a língua coloquial, ainda que fosse escrito com a ortografia espanhola, única que conheciam as pessoas cultivadas. Mas Rosalia nom sabia naquela altura que nom fora a primeira em empregar a língua galega para fazer língua de cultura. Séculos antes, na Época Medieval, trovadores e jograis já utilizavam a língua galega como língua de cultura e as suas composiçons eram admiradas e imitadas em grande parte da península.
Para a ortografia que empregavam, derivada do latim, tinham que buscar novas soluçons, porque o idioma mudara e havia sons que eram novos e tinham de ser reflectidos na escrita. Desde Occitania, a antiga Provença, vinhérom grafias novas utilizadas polos trovadores deste reino, que tinha muita relaçom cultural com o nosso, por meio do Caminho de Santiago. Assim compartilhamos as grafias “lh” e “nh” para grafar novos sons.
Deveria ser um orgulho ter umhas grafias próprias, derivadas da nossa historia. Igual que para o idioma castelám é um orgulho a letra “ñ” à que nom renunciam e defendem em todos os foros mundiais. Letra que, efectivamente, é do seu idioma, mas nom do nosso. Por isso reivindicamos a nossa ortografia histórica, como parte irrenunciável do nosso idioma. E afirmamos que tendo a nossa própria lingua com a sua ortografia histórica, é mais fácil comunicar-se com os milhons de pessoas no mundo que falam galego-portugués. Temos acesso a muitíssima mais informaçom e cultura e mesmo podemos exportar mais facilmente a nossa. É umha avantagem ao alcance da mao que é umha pena que lhes neguemos às nossas crianças. Sobre tudo agora que o sistema escolar proclama a necessidade de aprender outras línguas, o mais normal, o mais pedagógico seria aproveitarmo-nos dum sistema lingüístico que nos abre as portas ao mundo e à maior capacitaçom profissional e, incompreensivelmente, renunciamos a isso.
Admitimos, porém, que isto nom é compartilhado por todas e todos os falantes do galego, polo que fazemos um apelo neste dia das letras à mais ampla unidade a favor do uso diário do nosso idioma e da sua impescindível trasmissom às nossas crianças.
Estamos pola ecologia lingüística. Afirmamos que toda língua do mundo, por poucos falantes que tenha, é umha riqueza da humanidade e deve ser preservada com todas as suas peculiaridades. Proclamamos que todas as línguas do mundo deveriam de ter um verdadeiro dia das letras, que nom significaria outra cousa que a verificaçom de que todas as línguas servem para tudo, que estám vivas e que se pode fazer arte com elas.
Viva a nossa língua e fagamo-la viver muitos séculos!
Manifesto da Fundaçom Artábria. Dia das Letras 2007.