« Ato simbólico para denunciar hipocrisia do governo municipal de Ferrol a respeito de Carvalho Calero | Homenagem a Carvalho Calero o próximo 30 de março » |
Embora a nossa entidade tenha transmitido já aos representantes da comissom a decisom de abandonarmos a mesma e os motivos que nos levárom a fazê-lo, quigemos esperar a que decorresse a homenagem ao vulto ferrolano, que tivo lugar ontem no aniversário do seu passamento, para o tornarmos público.
1.- A Fundaçom Artábria, como é sabido, leva desde os anos 90 a reivindicar um reconhecimento nacional para a obra de um dos grandes inteletuais galegos do século XX.
Na última decada e meia, a nossa entidade impulsionou várias iniciativas para solicitar o Dia das Letras a Carvalho Calero, com destaque para as campanhas de 2009 e sobretodo de 2010.
Foi essa a campanha mais importante até a hoje lançada polo movimento reintegracionista, conseguindo o apoio dos Concelhos de Ferrol, Corunha, Vigo, Compostela, Ourense e Ponte Vedra e de várias dúzias de entidades políticas, sociais e culturais, juntamente com o apoio de centenas de pessoas a título individual.
2.- A nossa entidade tem dedicado importantes esforços desde o ínicio das suas atividades a divulgar e reivindicar as ideias lingüísticas de Ricardo Carvalho Calero: o reintegracionismo.
3.- Nom podemos negar que recebemos com surpresa e mal-estar a campanha lançada polos impulsores da atual Comissom, ao nom se ter contado com a nossa entidade desde o ínicio. Mais ainda quando nem por mera questom de formalismo se trasmite que está em marcha a mesma e sabemos dela pola imprensa.
4.- Ainda assim, decidimos integrar-nos na comissom, para que a escolha lingüística de Carvalho, principal aresta para o isolacionismo que dirige a RAG, nom fosse umha questom secundária na reivindicaçom do Dia das Letras para o professor Carvalho Calero.
5.- Somos conscientes de que umha iniciativa deste tipo deve recolher o maior número de apoios possíveis, embora lamentavelmente a decisom final a tenham uns académicos que levam anos desprezando a figura do inteletual ferrolano.
6.- Partindo do ponto anterior, a Fundaçom Artábria manifestou que abandonaria a Comissom no caso de qualquer membro do governo municipal de Ferrol participar nos atos organizados por esta. É essa para nós umha questom de coerência: nom podemos partilhar um evento como esse com os responsáveis do estado ruinoso da casa natal de Carvalho, um governo que, reiteradamente, incumpre a Ordenança de Normalizaçom Lingüística apoiada unanimemente já em 1997.
7.- Umha vez confirmada a presença de Martina Aneiros, porta-voz do PP no nosso concelho, no ato de homenagem, a Diretiva da Fundaçom Artábria decide transmitir a nossa baixa da Comissom. Essa é umha linha que nom estamos dispost@s a transbordar.
8.- Somos conscientes de que umha parte da Real Academia Galega padece a doença do sectarismo, que lhes impede reconhecer o valor de toda umha vida dedicada por Carvalho à nossa língua, à nossa literatura, à nossa cultura e à defesa dos nossos direitos nacionais, com independência do poder político e fiel aos interesses do nosso país.
9.- É por isso que a Fundaçom Artábria se soma às diferentes vozes que, do ámbito reintegracionista, afirmam que Carvalho Calero nom precisa do reconhecimento dessas pessoas, cuja altura inteletual e compromisso ficam muito aquém do que caraterizou a vida do velho professor, o coerente inteletual ferrolano, galego e universal.
É o povo galego que precisa de dar a merecida homenagem a um autor condenado ao mais injusto ostracismo, primeiro polo franquismo e depois polo novo regime que se seguiu. Castigado polo novo poder autonomista que ele mesmo definiu como ?neo-regionalismo? em funçom da sua firme defesa da unidade lingüística galego-luso-brasileira, em harmonia com as tradicionais ideias de Daniel Castelao, de Joám Vicente Biqueira e do primeiro presidente da Real Academia Galega, Manuel Murguia.
10.- Finalmente, animamos a continuar a reivindicar a figura de Carvalho Calero e a difundir a sua obra, para além de que finalmente a Real Academia Galega lhe dedique ou nom o Dia das Letras de 2015.
Trasancos, 26 de março de 2014