« Apalpador voltará a Ponte Areias | A ROSALIA » |
O derradeiro poema dos três lidos pola companheira Belém o dia 16 de Maio.
Alarde Misto
É a nuvagem a causante da tua doença
e longiquo o rasto espalhado no ceu
Eu, ainda continuo a padecer-te...
Na tua mao agitas meu universo
dançando ao ritmo dos teus desejos
Mas os soldadinhos de chumbo
ficarom tudos deitados no chao
Mentres agardo imóvel ao seu rente
achava impossível de te aperceberes
da minha presença.
Entre todos os combatentes inertes
procurava misturar-me com os
engalanados uniformes do batalhom masculino
portadores de sabres e estandartes
Enquanto olhavas a desfeita
do último combate, tornava-se o estrépito
em silêncio após a luita atroz
sem bandeiras de rendiçom a ondear
aniquiladas pelo teu jogo egoista
e pela tua prepotência genérica.
Exigias a cessom absoluta da minha
soberania para ocupar meu espaço
e apoderar-te nom só das fronteiras
mesmo também do território, com seus
recursos e bens imanentes.
Assim mesmo ofereces-me os braços
abertos, diligentes e protectores
com a debilidade extrema que padeço
pelas provocaçons constantes
que impidem um pacto entre iguais.
Ansiavas a assimilaçom ao inimigo
a destrucçom de qualquer resquício
de consciência autóctone e identitária
Mas amar e querer som incomensuráveis
O desfrute e e gozo sumo compartilhado
Sem pressons, nem obrigas impostas
Sem subjugar, nem dominar
sem anular a capacidade de ser eu mesma,
Um compromisso livre e igual
afastado de tudo egoismo.
Ham-se despejar os ceus da nuvagem
os rastos esvairam-se e o sol quentará
o dia com raios de esperança
que fundam os coraçons sem vida dos
soldadinhos de chumbo na construiçom
de alardes mistos para a lembrança
da luta contra qualquer tipo de opressom.
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