Sucursais do poder colonial (3)
Esta dupla ingerência política e económica converteu os países africanos em meras sucursais do velho poder colonial. As amarras são tão fortes que, quando um dirigente tenta cortar alguma corda para libertar-se da pressão, encontra-se imediatamente com uma revolta bem organizada e armada até aos dentes. Isto aconteceu no Congo-Brazzaville e mais recentemente na Costa do Marfim.
Uma mulher experimentada em muitas batalhas sociopolíticas, como Aminata Traoré, ex-ministra maliana da Cultura e uma das fundadoras do Fórum Social Africano, declarou que «através das instituições financeiras internacionais os nossos antigos amos continuam a decidir pelos nossos povos, como no passado, com a diferença que nós já não temos legitimidade para denunciá-los e condená-los porque agora pretendemos ser independentes. O voto que poderia corrigir tantas injustiças e aberrações converteu-se numa mascarada. Só se aproveitam dele os eleitos nas urnas, motivados pelo controlo dos bens públicos e das instituições, para enriquecerem impunemente.
Além disso, os países negro-africanos nem sequer interessam para a implantação de empresas do Norte, no actual processo de deslocalização. Elas implantam-se em países emergentes da Ásia ou nos antigos países do Leste, incorporados na União Europeia. Uma vez mais, a África fica relegada a ser fornecedora de matérias-primas.