A geopolítica mundial do petróleo (2)

02-10-2005

  23:54:32, por Corral   , 866 palavras  
Categorias: Outros, Ensaio

A geopolítica mundial do petróleo (2)

por Francisco Carlos Teixeira

A vulnerabilidade da União Européia

No interior da UE ? absolutamente carente de combustível - o aumento (para a gasolina de 95 octanas), acumulando um aumento em igual período de 16.1%, enquanto o óleo chegava a acumular 20.2%. Deve-se notar que o impacto, até o presente, não foi maior em razão da relativa valorização do euro em face do dólar, criando uma boa capacidade de absorção de altas ? uma espécie de colchão pneumático capaz de amortecer o primeiro impacto - embora, é claro, por um tempo determinado. Nos Estados Unidos, por sua vez, o aumento do preço se reflete diretamente na produção local e reflui com rapidez para os postos de abastecimento, conforme já aparece nos grandes estados turísticos como a Flórida e a Califórnia, além do saldo extremamente negativo da temporada de furacões no Golfo do México.
Perante tais sinais, ainda bastante contraditórios, a questão que se coloca para os experts no assunto é: estamos perante um novo choque do petróleo? E, se a resposta for positiva, como este quinto choque atingirá a ordem econômica mundial? Mais ainda: sendo um choque, é este já um choque decorrente da raridade do combustível fóssil, uma fonte não-renovável de energia?
Os choques do petróleo: visitando a história Se quisermos ser exatos podemos marcar, até este último trimestre de 2004, ao menos quatro grandes impactos ? os chamados ?choques? - sobre a economia mundial decorrente de aumentos bruscos e continuados do preço do petróleo. Este bem ? o petróleo -, dada suas especificidades econômicas e estratégicas (uso universal; larga dependência dos grandes centros consumidores; grande concentração da produção em áreas instáveis do planeta, etc...) permite-se a uma série de fortes manipulações, decorrendo daí os chamados ?choques?. Praticamente nenhum outro artigo do comércio mundial possui características similares ? talvez no futuro a água ? para efeito de comparação com o petróleo e o gás natural.

Da mesma forma, foi preciso chegar-se a duas condições necessárias para que as manipulações em torno do petróleo pudessem se converter em ?arma política?. De um lado, a mínima organização dos produtores ? o que se consegue a partir de 1960 com o lançamento das bases da OPEP e, de outro lado, um acúmulo de riquezas por parte dos países produtores de forma a não leva-los à ruína ? em caso de um boicote contra o Ocidente - em virtude da paralisia do comércio mundial de petróleo ? mesmo que por um tempo limitado.
Tais condições estavam maduras em torno do início dos anos ?70. Especialmente o surgimento de uma organização ?sombra? em meio dos países produtores, a OPAEP/Organização dos Países Árabes Produtores de Petróleo, com ampla coordenação política e que é quem, em verdade, coordena o boicote ao Ocidente no momento da Guerra do Yom Kippur, em 1973. Esta decorrente, por sua vez, da paralisia das negociações de paz com Israel e o fracasso da guerra de fustigamento do Egito sobre o Canal de Suez, implicou pela primeira vez no uso de uma cartada capaz de obrigar o Ocidente a pressionar Israel em direção às negociações.
O primeiro choque , 1973: após a Guerra do Yom Kipur, em outubro de 1973, os países árabes decretam completo bloqueio do fornecimento de petróleo aos aliados de Israel, atingindo principalmente Estados Unidos, Holanda e Portugal. O barril de petróleo, de tipo Brent, salta de U$ 8,00 (deflacionados) para U$ 11,5 e, então, em 1974, com a continuidade do bloqueio (até março), pula U$ 38,0 o barril. Manteve-se por bom tempo, mesmo após o fim do bloqueio, num patamar de U$ 36,0 o barril.
O segundo choque, 1979/80: surge inicialmente em decorrência da Revolução Islâmica no Irã, quando o aiatolá Khomeini obriga a uma ampla renegociação dos contratos de exploração das companhias estrangeiras ? em especial a BP ? residentes no país. No ano seguinte eclode a Guerra Irã-Iraque, desencadeada em 1980 (durará até 1988) por Saddam Hussein contra o novo regime xiita do Irã (com o apoio dos Estados Unidos, que armam o Iraque, inclusive com armas de destruição em massa). O preço do barril se eleva ao correspondente a U$ 78/79,0 entre 1979 e 1980 ? na verdade em preços nominais fica em torno de U$ 32,0 (são os preços mais elevados desde a Guerra de Secessão Americana, 1860-64).
O terceiro choque, 1990/91: dá-se a partir da invasão do Kwait por Saddan Hussein em 1990, o que retira de imediato a produção deste país do mercado. Com o bloqueio ocidental contra o Iraque as condições se deterioram, culminando no início de 1991 na Operação Tempestade no Deserto, quando os Estados Unidos liderando uma coligação proclamada pela ONU invade o Iraque e restaura a soberania do Kwait. Saddan responde queimando os poços de petróleo, o que retira do mercado de imediato algo em torno de 4.6 milhões de barris, enquanto o preço nominal ultrapassa os U$40,0.

1 comentário

Comentário de: jussara [Visitante]  
jussara

quero saber o primeiro choque do petroleo 1973 e o segundo choque do petroleo 1979 do mes 08 tem qual relação com oriente médio

04-05-2009 @ 00:33
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