Os acontecimentos da França transcendem o quadro local.
A rebeldia dos marginalizados da periferia de Paris alastrou a dezenas de cidades, gerando uma situação de pânico que levou o governo a decretar o estado de emergência e a autorizar o recolher obrigatório. Desde a guerra da Argélia, há meio século, nunca medidas similares haviam sido impostas naquele país.
O discurso pomposo do Primeiro Ministro e as ameaças de Sarkozy, o ministro do Interior, de extrema direita, não têm o poder de ocultar a realidade.
A explosão social que abala a França não deve ser encarada como um surto inesperado de violência irracional. Não será o recurso a meios repressivos drásticos que apagará as sequelas que vai deixar no imaginário popular.
A revolta dos excluídos da França, franceses descendentes de imigrantes predominantemente africanos (a maioria muçulmanos do Magrebe), insere-se na crise global da humanidade resultante da crise estrutural do capitalismo.
O temor de um efeito dominó suscita o alarme em muitas capitais europeias e nos EUA. Na Bélgica e na Alemanha já ocorreram, embora em pequena escala, incidentes similares aos que devastam nestes dias a França. Os paquistaneses e caribenhos na Grã Bretanha, os turcos na Alemanha, os marroquinos e equatorianos em Espanha, os somalis, etíopes e líbios na Itália são vitimas de políticas de exclusão idênticas às que estão na origem dos acontecimentos da França. O funcionamento da engrenagem do capitalismo em crise gera estas situações.
Identificamos a mesma lógica perversa nas guerras de agressão "preventivas", hoje perdidas, desencadeadas contra os povos do Iraque e do Afeganistão. Encontramos o mesmo desespero do capital nas tentativas do sistema imperial dos EUA de manter a América Latina como colónia de novo tipo, ambição que acaba de sofrer uma derrota importante em Mar del Plata.
O desfecho dos acontecimentos da França é, por ora, imprevisível. Mas os temores de Washington têm fundamento. Se os negros e os latinos das periferias de Nova York, Los Angeles, Chicago e Chicago começarem a imitar os excluídos de Paris, a situação de caos criada poderia assinalar uma nova etapa do agravamento, no próprio núcleo, da crise final do capitalismo .
O andamento da História confirma a cada semana que a única alternativa para o capitalismo globalizado e decadente é o socialismo.
eu acho que voces deveriam colocar a data em que cada coisa aconteceu