IAR Notícias / Por Manuel Freytas
Iraque, a guerra, os negócios e a máxima de Rothschild Quem disse que EEUU foi derrotado em Iraque? Bush e os republicanos perderam o controle das duas câmaras do Congresso nas eleições do 7 de novembro, e os democratas passaram de minoria a maioria parlamentar exigindo, como primeira medida, que a governaçom estadunidense retire as tropas de Iraque num termo nom maior de 6 meses.
Os democratas ganharam as eleições com Iraque como marketing de campanha, e agora vão por um bis nas eleições presidenciais de 2008 utilizando outra vez o argumento do retiro das tropas como eixo de campanha.
Bush, logo de jogar com tácticas dilatórias como a de dizer que "ia estudar a situaçom", nom acusou recebo da derrota e se propôs uma estratégia de "fugir para adiante": no mesmo dia que reconheceu sua derrota ratificou a "guerra contraterrorista" como eixo de sua política exterior e anunciou que as tropas continuariam em Iraque até "vencer ao inimigo terrorista".
Polos ?medias? norte-americanos os colunistas começaram a "analisar" que passaria em Iraque se as tropas ocupantes estadunidenses se retirassem, e chegaram à mesma conclusom que os generais do Pentágono: sem os soldados de EEUU Iraque converter-se-ia num "caos" e o país partir-se-ia em pedaços.
Em realidade a "análise" mediática nom fazia senom reflectir a opinião generalizada do establishment económico estadunidense e das corporaciones petroleiras armamentistas, financeiras, de serviços, e de segurança que fazem negócios no Iraque ocupado. Às que também devem se somar as corporaciones europeias, principalmente britânicas e francesas, sócias privilegiadas na depredaçom com o petróleo e a "reconstruçom".
Quando EEUU invadiu Iraque nom o fez somente pela aventura "messiânica e militarista" de Bush e suas falcões, senom principalmente para se apoderar do petróleo e o mercado iraquiano. Por trás da macabra estratégia de "remodelaçom do Meio Oriente" dos neocon do lobby judeu "por direita", estão os "planos de negócios" das corporaciones de Wall Street e do Complexo Militar Industrial cuja motivaçom central nom passa pela guerra contra o "eixo do mal" senom pela maior rentabilidade e conquista de mercados. Nesse sentido, a lógica do establishment económico imperial, o poder real com assento em Wall Street, o lobby judeu (por direita e por esquerda) que controla a Casa Branca tanto com democratas como com republicanos, se maneja com o axioma central de Rothschild: se nom há guerra há que a inventar para fazer negócios.
E de ali surge outra conclusom: Iraque foi uma "guerra" inventada para fazer negócios. E a economia capitalista e a geopolítica estratégica do Império complementam-se com a ocupaçom de Iraque: EEUU fecha seu dispositivo de controle militar estratégico de Meio Oriente com projecçom ao Ásia, e as corporaciones contam com um novo encrave para fazer negócios.
E como já é estatístico: os impérios (incluído o capitalista) só abandonam suas colónias e negócios quando som derrotados militarmente. EEUU nom foi derrotado militarmente em Iraque: sua derrota é política. A cifra de soldados norte-americanos mortos (uma média de 2 por dia), é quase inexistente comparado com os 160 iraquianos que estão a morrer por dia, segundo o último relatório da ONU.
Segundo essa estatística, por cada 2 soldados norte-americanos morrem 158 iraquianos. Na mesma proporçom, os ataques às tropas norte-americanas som mínimos comparados com os ataques às forças colaboracionistas iraquianas ou às mortes em massa produzida pela "guerra civil" controlada pela CIA. Por outra parte, Iraque nom é um senom que som "três Iraque": curdos ao norte, sunies no centro e chiíes no sul. Chiíes e curdos (75% da populaçom iraquiana) nom brigam contra EEUU, senom que som seus sócios políticos na ocupaçom militar. Os que brigam militarmente com as tropas ocupantes estadunidenses som os sunies (25% da populaçom iraquiana) que controlaram o poder durante mais de três décadas com o Partido Baas e Saddam Hussein.
Em conclusom: Iraque nom é Iraque, senom que som "três Iraque", e nom há uma "resistência iraquiana" compacta que brigue contra as tropas invasoras, senom que há uma "resistência suní" que briga simultaneamente contra EEUU e seus cúmplices chiíes e curdos. Curdos e chiíes (inclusive uma minoria suní) votaram em massa nas eleições com ocupaçom militar, elegendo nas urnas à governaçom "formal" colaboracionista de EEUU que legitima socialmente a presença das tropas invasoras.
Aí reside a diferença essencial com a guerra de Vietnã (falsamente comparada com Iraque) onde as forças invasoras norte-americanas foram derrotadas militarmente por uma naçom compacta com suas forças armadas, guerrilha e populaçom unidos. Em Iraque o fenómeno é inverso a Vietnã: EEUU nom briga contra uma naçom unida, senom que utiliza à maioria de sua populaçom (chiíes e curdos) com seu exército e seu polícia para reprimir a uma comunidade minoritária: os sunies. Portanto, e no centro da questão, em Iraque nom há guerra, senom que há uma ocupaçom consentida na realidade pelo 75% da populaçom e uma repressom policial e militar contra outro 25% da mesma. Em termos concretos e reais, Iraque já está partido: os curdos, no norte, querem a "independência" para controlar seu petróleo; os chiíes proiraníes, no sul, querem o petróleo do sul e o armado de uma "governaçom fundamentalista" com os aiatolas de Irã; e os sunies querem sacar-se de em cima aos chiíes, aos curdos e aos estadunidenses e armar sua própria governaçom como na época de Saddam.
A CIA local, que conta com 600 agentes em Iraque, nom mata sunies senom que organiza o massacre programado com esquadrons da morte conformados por chiíes e curdos para alimentar a guerra civil de divisom (divide e reinarás).
Este é o ponto central para começar a entender a estratégia do "caos controlado" com que a embaixada norte-americana e o alto comando militar manejam Iraque, cuja "violência em espiral" com mortes em massa a param quando querem, como já se demonstrou quando, 72 horas dantes da eleiçom do 7 de novembro, nom teve um só ataque em Iraque.
A onda de violência recomeçou só 24 horas após a votaçom e de se conhecer o resultado. (Ver: Por quê Iraque e Palestina permaneceram em "acalma" e sem ataques desde 72 horas dantes das eleições em Estados Unidos? ). E isto, a sua vez, explica a lógica que hoje esgrime o establishment económico estadunidense para se opor ao retiro das tropas de Iraque: se os soldados norte-americanos retiram-se do que hoje é um "massacre controlado" pela CIA e o Pentágono, o país converter-se-ia numa "triplo guerra" entre curdos, chiíes e sunies. A aparência formal da "governaçom de Iraque" (que contém às facções e lhe dá uma unidade política e económica) estalaria, e com o também estalariam os negócios com o petróleo, as armas, os serviços de "segurança" e a "reconstruçom" das corporaciones beneficiarias da ocupaçom.
Na terça-feira, Bush ratificou que as tropas norte-americanas ficam em Iraque, e o Conselho de Segurança da ONU (controlado por Washington) votou por unanimidade ampliar durante um ano o mandato da coalizão multinacional que ocupa Iraque, formada na actualidade por um contingente de 160.000 soldados, dos quais mais de 145.000 pertencem a EEUU.
Numa leitura correcta e realista isto significa que: o establishment de poder económico estadunidense (o "lobby judeu do dólar") que controla a republicanos e democratas, decidiu que Bush e suas tropas ficam em Iraque.
O retiro das tropas sozinho foi - e seguirá sendo- um marketing de campanha para os democratas. Na realidade, ambos partidos já estão a trabalhar para que a OTAN controle militarmente Iraque, com as bases militares norte-americanas e a CIA como profundidade.
No 2008 ambos partidos disputar-se-ão a Casa Branca, e o que ganhe sentar-se-á em Washington e fará - como sempre- o mais adequado para os interesses do lobby e de seus corporaciones. Assim funciona o Império, o demais som palavras, mitos, e negócios.