Na crise: Estudo e acçom (2)

27-12-2008

  09:38:05, por Corral   , 837 palavras  
Categorias: Ensaio

Na crise: Estudo e acçom (2)

Carlos Lanz Rodríguez

A crise orgânica do Capital

I.- A mistificaçom do Capital e a necessidade de a crítica epistemológica (2)

As ideias toscas que surgem no mercado, na compra-venda de mercadorias, fazem ver que o ganho é um aumento que se lhe faz ao valor dos bens, de tal forma que nom há "rastros" de sua verdadeira origem. Em outro texto, Teoria da mais-valia, Marx estabelece um enlace entre o enfoque da economia vulgar e o processo de mistificaçom do capital:

"Tal como os economistas vulgares o concebem, é pois, o
interesse e nom o ganho o que brota como umha estampaçom de valor
do capital de por se, da mera propriedade do capital, como
uma renda especifica derivada deste. Desaparece todo resto de intermediários: é pois, o fetichismo completo (..)"
"Desde o ponto de vista da economia vulgar, que pretende
fazer passar o capital como a fonte substantiva do valor, esta é
uma fórmula perfeita, uma fórmula em que as fontes do
ganho perdem toda fisionomia e na que o resultado do
processo capitalista reveste uma existência independente, separado
do processo mesmo (?)"(5)

Agora em outro nível que já nom som os preços ou o ganho, senom que é o interesse, aparece de novo o processo de investimento: o interesse brota do capital nom se sabe por que arte de magia, como uma renda derivada de se mesmo, desaparecendo toda mediaçom com a esfera da produçom, se trata de um fetichismo completo que lhe vem bem aos agentes ideológicos da burguesia: o capital é a fonte substantiva do valor, nom há por tanto exploraçom nem extorsom do trabalho, senom que o que existiria seria um regime de liberdade, justiça e igualdade. O ganho converte-se num prémio à livre iniciativa e ao risco, uma espécie de remuneraçom à poupança e ao esforço pessoal do capitalista. De ali que o fetichismo nom seja tom inocente, e como veremos a seguir, tal percepçom da economia está em sintonia com os interesses ideológicos da classe dominante.

Papel das relaçons aparênciais nesta mistificaçom do capital.

Para Marx todo do processo que examinamos anteriormente está cruzado por um velo de aparência, sendo em tal sentido uma realidade que nom é evidente a simples vista, nom é transparente à percepçom sensorial. Assim encontramos o encobrimento de um conjunto de relaçons: entre a extorsom do trabalho e o salário, entre a mais-valia e o ganho, entre o ganho e o interesse. Tais encobrimentos nublam o tecido social e histórico das relaçons de produçom capitalista.
Este processo de "mistificaçom" do capital tem que ver com a subordinaçom da análise à esfera da circulaçom, da distribuiçom e o intercâmbio(6).
Nesta superfície da realidade económica nom se pode encontrar mais que "aparências", conduzindo aos capitalistas e seus agentes ideológicos ao mais tosco empirismo:

"(?)esta confusom dos teóricos revela melhor que nada como o
capitalista prático prisioneiro da luita da concorrência e
impossibilitado para afundar em modo algum embaixo da superfície
de seus fenómenos, tem que se sentir incapaz para captar através
das aparências a verdadeira essência interior e a estrutura
interna deste processo"(7).

Agora bem, neste caso nom tom só se trata de um obstáculo que confrontam os burgueses no processo de conhecimento, senom que tal erro, omissom ou escamoteio epistemológico, é funcional ao interesse de justificar a dominaçom, de legitimar o lucro e o ganho fundado na exploraçom do trabalho. De tal forma que o facto de que nom se transcenda a aparência, o nível do dado empírico, a sacralizaçom da aparência imediata, nom é um problema de "neutralidade axiológica", de objectividade científica. Os interesses de classe ocultam todo nexo ou articulaçom do processo de produçom, e em tal sentido existe um esforço por:

- "que a nível da fábrica, o processo de trabalho seja concebido como
um processo "natural" ou como um facto tecnológico, sem considerar
seu articulaçom com o "processo de valorizaçom".
- que o salário sega mistificando a relaçom entre o trabalho necessário
e o trabalho excedente.
- que a mercadoria faça aparecer investida a relaçom social,
desaparecendo a distinçom entre trabalho abstracto e trabalho concreto.
- que o dinheiro e o interesse apareçam automatizados, como dinheiro que
cria dinheiro, e nom como metamorfoses do trabalho cristalizado, riqueza
abstracta que é gerada polo trabalho"(8).

Tal esforço de encobrimento e de apologia por parte dos agentes ideológicos burgueses é o que justifica que nos vejamos Inexcusavelmente comprometidos a pesquisar e debater com seriedade, desvelando tais relaçons aparenciais, pois caso contrário estaríamos baixo a subordinaçom de tais mistificaçons e portanto ajudando na preservaçom do domínio do capital, lhe facilitando seu legitimaçom ético-política.

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