28 ANOS APÓS O 23-F, O CHEFE DE TEJERO SEGUE NA ZARZUELA

23-02-2009

  21:07:56, por Corral   , 1281 palavras  
Categorias: Dezires

28 ANOS APÓS O 23-F, O CHEFE DE TEJERO SEGUE NA ZARZUELA

por Amadeo Martínez Inglês

Coronel. Escritor. Historiador

Sim, sim, o de Tejero, e o de Armada, e o de Milans do Bosch, e o de Torres Rojas, e o de Ibáñez Inglés? e o de todos e a cada um dos implicados naquele falso golpe militar ?a cargo de uns quantos militares e policia civis nostálgicos do anterior regime?, segundo a amanhada versom oficial mantida contra vento e maré todos estes anos, e que, como a maioria de cidadans espanhóis sabe a dia de hoje (excepto, parece ser, os responsáveis por TVE e Antena 3), só foi umha chapuceira e subterrânea manobra do próprio rei Joam Carlos I para salvar sua coroa das iras dos generais franquistas que preparavam contra relógio, para o 2 de Maio desse mesmo ano 1981, sua particular vingança contra ele por ?perjuro e traidor aos sagrados princípios do Movimento Nacional?.

Efectivamente, o mau chamada ?intentona regredista do 23-F? (como digo, umha esperpéntica manobra político-militar-institucional nascida e planificada na Zarzuela) nunca teve nada de um verdadeiro golpe militar: os golpes militares nom se iniciam jamais às seis da tarde; nem as forças que intervêm em umha dessas acçons ilegais vam dando vivas ao chefe do Estado contra o que estám a atentar; nem os tanques que utilizam as unidades rebeldes vam completamente desarmados; nem os golpistas deixam livre em seu palácio ao primeiro mandatário do Estado para que possa falar por telefone com todo mundo e até sair em televisom (sete horas depois, olho) condenando sua acçom; nem os dirigentes de umha vez de Estado som tam estúpidos como para chamar por telefone à suprema autoridade da naçom, contra a que estám a actuar, para lhe explicar seus movimentos futuros e, menos ainda, para obedecer sem resmungar as suas ordens; nem os carros de combate rebeldes respeitam os semáforos em seus correrias urbanas; nem o chefe dos golpistas leva no peto de seu uniforme a lista completa de seu futuro Governo formado, nom por personagens de seu meio rebelde, senom por políticos pertencentes a partidos do próprio sistema contra o que está a actuar ilegalmente?

De modo que inesperadamente militar o 23 de fevereiro de 1981, nada de nada. Muitos espanhóis já sabem a verdade após que algum que outro historiador militar (nom olho a ninguém) se tenha passado média vida pesquisando esta chapuzada histórica para lha contar depois tim tim por tim tim aos crédulos cidadans deste País. Os que demonstram nom estar polo labor, obviamente, som os supremos responsáveis por TVE e Antena 3 que, sem vir a conto neste 28 aniversário daquele triste evento e obedecendo sem dúvida subtis recomendaçons da Zarzuela em um ano certamente ?horribilis? para seu titular, se sacaram da manga dous basculhos televisivos ou porcarias históricas (dous melhor que um), em massa publicitados, nos que têm voltado a incidir sobre a angelical tese oficial: o rei Joam Carlos, naquele recordado dia, nos salvou a todos os espanhóis e à democracia recém instaurada dos instintos criminosos de uns quantos golpistas sem escrúpulos. Uns golpistas olho! aos que ele conhecia muito bem pois até entom tinham sido os seus validos, os seus cortesans, os seus homens de confiança, os seus generais, os seus confidentes? os planificadores de seus desejos, vamos.

As duas cadeias de televisom, a estatal TVE que, como todo mundo sabe, obedece como cans ao Governo socialista (na actualidade o único defensor a morte da monarquia juancarlista) e Antena 3, propriedade do bojudo marquês de Lara (muito amigo como nom! do monarca) rivalizárom entre elas (coincidiram até nas datas de emissom) em pretender divinizar novamente ao ?valente? rei de todos os espanhóis, insultando com descaro a inteligência de milhons de telespectadores ao apresentar em ecrã uns pretensiosos reportagens pseudo históricas, mau paridos, mau realizados, falsos e ridículos. Com uns generais ?golpistas? (Milans, Armada?) que mais pareciam mestres armeiros (com meu maior respeito para estes modestos profissionais das FAS) a ponto de se aposentar, que autoritários príncipes da milícia com comando em praça; e um general Sabino Fernández Campo descolocado, com ares melífluos de confessor régio.

De vergonha alheia, amigos, esta obscena e nauseante operaçom de resgate? real posta em marcha polo poder (o governamental e o mediático) coincidindo com a ?emblemática? data do vigésimo oitavo aniversário da traiçom borbónica espanhola a seus generais cortesans. Um operativo mediático criado, à margem de historiadores e experientes, para tratar de recompor como seja a desprestigiada figura do rei Joám Carlos, um homem já caduco, no outono de sua vida e de seu reinado, acabado física e mentalmente, e que nos últimos anos parece ter encontrado nas viagens e saraus fora de Espanha sua razom de viver. E de reinar. Por verdadeiro. Até quando vamos permitir os cidadans deste bendito país que este suposto golpista institucional (o de ?suposto? é só um bondoso chisco ao Estado de direito) que os espanhóis temos na chefia do Estado, com título de rei por desejo testicular do ditador Franco, sega dando-se a grande vida a costa do erário público espanhol (que alimentamos todos os contribuintes) viajando um dia sim e outro também por todo o largo mundo como turista de alto standing, com o único objectivo (parece ser) de nom entediar-se no seu paço da Zarzuela umha vez que seus genes hipersexuais borbónicos, aposentados por idade, já nom lhe permitem procurar com teima o prazer carnal de antanho ou outros mais levadeiros como a caça de ?mitrofanes? a 8.000 euros o exemplar?

Pode-se consentir que no mesmo dia que muitos espanhóis pomos o televisor para nos inteirar polo pequeno ecrã do último dado negro de nossa economia ou dos terríveis dígitos da penúltima cifra de parados e vítimas de ERE,s assassinos, tenhamos também que nos deleitar com a balofa imagem de nosso monarca ?correndo-se de gosto? (perdoe o leitor esta crua expressom coloquial) na escadilha do aviom oficial ante as formaçons de soldados/majorettes de Trinidad-Tobago e Jamaica, lhe rendendo honras vestidas de lagarteranas? É que tam essencial era para a agonizante economia espanhola estreitar laços com estas duas grandes superpotencias?

Já está bem, majestade, de tanta viagem grátis total e tanto sarau intercontinental. Se quer turismo institucional, aponte-se ao Inserso como a maioria de aposentados deste país. E nom siga jogando com fogo que o forno nom está para bolos e ainda que seu posto de ?nom trabalho? figure como indefinido (vitalício, vamos), as crises económicas som capazes de transtornar em muito pouco tempo as premissas políticas aparentemente mais sólidas. Seu avô Afonso XIII já teve pontual constância disso no ano 1931, após que a grande depressom económica do ano 1929 acabasse polo levar em bolandas ao exílio de Roma. Por se talvez, e perdoe majestade por este plebeu conselho, seria muito conveniente que enquanto dure a actual crise reduza suas saídas festivas ao exterior. E dedique-se em corpo e alma a seu trabalho abandonado de ?moderador das Instituiçons?, que boa falta faz. Nom vá ser que em algumha dessas festas que se monta polos quatro pontos cardinais se encontre, de repente, com que nom tem bilhete de volta, devendo ficar em consequência para o resto de sua vida?nas Maldivas, por exemplo. Que, desde depois, nom deve ser nenhum mau lugar para viver.

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