Frederic F. Clairmont
Global Research
China e EE.UU.
Antes de continuar, no entanto, para ver se as crescentes tensons comerciais e de pagamentos poderiam levar a umha mortífera confrontaçom militar, deveríamos recordar a natureza das rivalidades comerciais e as armas despregadas nessas guerras económicas nos anos trinta. O discurso do presidente chinês ao arremeter contra EE.UU. em Davos, como o fez Putin, é indicativo da tendência da guerra económica.
Davos é o centro da globalizaçom. É a cabina de pilotagem do poder corporativo, dos dirigentes do mundo e dos aspirantes a dirigentes. Davos sublinhou a mísera fragilidade das instituiçons financeiras que costumavam ser vistas como o fundamento do sistema.
Palavras como estabilidade e confiança têm sido apagadas do seu quadro-negro. A debâcle de UBS e da City de Londres e os contínuos tremores em Wall Street, vam acompanhados por vigaristas espectaculares como Madoff e Stanford. O cólera já nom pode ser dissimulada, e também nom pode ser ocultada nas em massa manifestaçons de trabalhadores em Paris e em todas as cidades francesas e na neocolonia de Guadalupe. As tensons aumentam. Vam para além das políticas de ?despojar a teu vizinho? criadas primeiro por Joan Robinson da Universidade Cambridge nos anos trinta.
Ninguém bosquejou com mais clareza a natureza desses conflitos que Sir Percy Bates, presidente de Cunard Steamship Company (abril de 1935) em um momento no que dominava a Grande Depressom. Seu relevância em nossos dias é extraordinariamente óbvia:
?Estamos a passar por umha guerra? As armas que som empregadas nom som couraçados, exércitos, avions, senom impostos, quotas e moedas. Nom se reconhece nenhum regular monetário internacional, e a cada vez que varia um imposto, umha quota ou umha moeda, um se vê enfrentado a umha manobra, umha manobra hostil, umha manobra bélica. O pior de tudo é a recusa para admitir oficialmente a existência de um estado de guerra.?
Enquanto a crise actual segue-se arrastando o capitalismo já nom é capaz de galgar-se para sair de seu poço de deflaçom e estancamento. Um predicamento que piora com a cada hora que passa. A guerra polos mercados mundiais e por quotas de mercado continua a um ritmo nom diminuído. Isto se reflecte no rendimento económico relativo de EE.UU. e China que se converteu no centro da manufactura do mundo. A USCO ao invés está presa no meio da acumulaçom de capital e de umha base industrial que languidece rapidamente. Quanto ao Reino Unido, sua base industrial outrora poderosa tem sido esvaziada. Joguemos umha mirada a essas cifras para compreender suas divergências que destacam as tensons que poderiam levar à guerra.
O que dizem as cifras: Estas cifras comparativas som indicativas. Há que recordar que China tem deslocado a Alemanha nas tabelas de avaliaçom do PIB do mundo para se converter no terceiro país do mundo por seu tamanho. Precedido por Japom e EE.UU. Com o derrube do capitalismo endividado do Japom que se move a taxas de crescimento zero China está decidida a deslocar a Japom para os remansos da história. Primeiro vejamos alguns dos principais indicadores (2008) de EE.UU. e comparemo-los com os da China:
EE.UU.: PIB (0,9%);
Balança comercial (? 833.000 milhons de dólares);
Balança em Conta corrente (? 697.000 milhons de dólares);
Produçom industrial: (? 7,8%)
CHINA: PIB (9,1%
Balança Comercial ( 295.000 milhons de dólares);
Balança em Conta corrente ( 37.000 milhons de dólares);
Produçom industrial: ( 5,7%)
Estas cifras destacam seus crescentes disparidades económicas. Tenho que confessar neste ponto que nom estou seguro de que no futuro próximo o abismo possa ser superado em algum dia. Concentremo-nos simplesmente no sector do comércio exterior. As importaçons de EE.UU. crescem mais rápido que suas exportaçons. O capitalismo de EE.UU. vai em umha espiral deflacionaria descendente que tem similitudes com a assim chamada ?década perdida? do Japom nos anos oitenta. É verdade que o crescimento da China é afectado negativamente pola recessom mundial, mas cresce várias vezes mais rápido que EE.UU. As taxas de crescimento composto som ao mesmo tempo forças construtivas e destructivas. Neste ponto recordareis o que assinalasse em minha discussom da balança de pagamentos de EE.UU. em meu livro sobre Cuba e sugeriria que voltásseis a consultar essa secçom. A razom importaçons:exportaçons é de perto 1:5.
Essa brecha é insuperável. Por isso a USCO deve pedir prestado para financiar suas importaçons. Pedir prestado significa dívida. E a dívida deve ser paga com taxas de juro composto ou nom ser paga. China recicla sua superavit comercial comprando valores estadunidenses e bonos do Tesouro. É umha história familiar. Segue sendo problemático se a elite política China continua reciclando seus rendimentos em divisas estrangeiras para suster déficits estadunidenses.
O capitalismo estadunidense tem sido o maior devedor do mundo durante mais de duas décadas. Seu maior credor é China. A dimensom das cifras é importante. Os quase 2.000.000 milhons de dólares em reservas em divisas estrangeiras da China som as maiores do mundo. Grande parte dessas reservas estám a ser dirigidas a compra-a de bonos do Tesouro de EE.UU. Segundo estimaçons de Brad Selser a cifra real é mais próxima aos 2.300.000 milhons de dólares ou o equivalente de 1.600 dólares pola cada cidadám chinês.
Dessa soma, uns 1.700.000 milhons estám investidos em activos em dólares, convertendo a China no maior credor do capitalismo estadunidense e o maior comprador de bonos do Tesouro de EE.UU. EE.UU. é um adicto total e dependente do dinheiro chinês. Nunca em sua história a USCO tem dependido em tal medida de algum credor estrangeiro. A oposiçom dentro dos níveis dirigentes da elite do poder da China é consciente de que semelhantes fluxos em massa de capital para umha economia doente, que está na ombreira de umha crise em contínua profundizaçom e com activos em dólar de baixo rendimento, som perigosos. China já tem perdido milhares de milhons de dólares. E isto tem lugar ante o dólar em depreciaçom por seu crescente nível de endividamento, baixas poupanças, taxas de juro zero, e um PIB que se move ao redor de zero. Sem essa avalanche de dinheiro chinês, a USCO nom poderia manter sua expansom militarista no estrangeiro.
Mas podemos dizer é que é óbvio que o status do dólar como moeda de reserva do mundo que tem conferido um poder extravagante (foi a designaçom de De Gaulle) ao imperialismo de EE.UU. nom pode durar. Os receios chineses estám presentes mas têm feito um pacto com o diabo e podem fazer pouco por mudar este estado de coisas. ?Que se pode ter se nom som bonos do Tesouro de EE.UU.?? pergunta Luo Ping, director geral da Comissom Regulatoria Bancária da China. ?Nom se possuem bonos do Governo japonês, ou bonos do Reino Unido. Os bonos do Tesouro de EE.UU. constituem o refúgio. Para todos, incluída China, é a única opçom.? A meu julgamento essa é a tragédia da elite do poder da China, que preside sobre umha economia capitalista que tem abandonado toda a pretensom de ser socialista.
É umha eleiçom política deliberada que revela sua alienamento de classe e ideológico. Já tem pago um preço terrível por sua decisom política de ser o salvador e o supremo benfeitor do capitalismo estadunidense. Enquanto a crise do capitalismo geme em sua agonia e o dólar cai continuamente, os custos para os trabalhadores e camponeses chineses, aos que a elite China deixou de representar faz muito tempo, aumentam a níveis ainda maiores. Para dizê-lo em gíria nom-técnica, os donos do peto China têm tanto dinheiro que nom sabem onde o investir salvo em bonos do Tesouro de EE.UU. de um rendimento miseravelmente baixo.
A batalha polos tipos de troco é livrada nos campos da morte dos mercados de troco de divisas estrangeiras.