Vicenç Navarro
A Uniom Europeia dominada pola banca alemá e a banca dos outros países do centro da UE-15, assistida polo Fundo Monetário Internacional, já tem aplicado estas políticas desde fai anos nos países bálticos como condiçom para os admitir na Eurozona. Os resultados fôrom desastrosos. Calcula-se que o PIB destes países reduzir-se-á um 20% desde que tais reformas se iniciaram em 2007. Nengum país (desde que EEUU perdeu o 25% de seu PIB durante a Grande Depressom) experimentou umha situaçom semelhante. O FMI assume com excessivo optimismo e falta de realismo que tais economias se recuperarám. Mas inclusive utilizando suas projecçons, reconhecem que em Lituânia o PIB será em 2014 um mais 7,1% baixo que o do ano 2007; em Estónia um 9,1%; e em Letónia um 14%. Enquanto, em todos eles o desemprego se disparou e está entre o 15% e o 20%. Estas receitas, por verdadeiro, deram sempre os mesmos resultados em todos os países em que se levaram a cabo. Latinoamérica é o continente que mais as sofreu como conseqüência de que o FMI impô suas receitas a um grande número de países, sendo os casos mais conhecidos os de Argentina e Bolívia. Naqueles países a intervençom do FMI determinou um descendo do PIB e um aumento espectacular da pobreza. Em realidade, estes casos som exemplo de políticas enormemente impopulares, por ser daninhas para os interesses das classes populares, sendo ao mesmo tempo, sumamente ineficientes. Daí o enorme desprestigio do FMI (que chegou a se questionar inclusive o valor de sua permanência) e o surgimento de governos de esquerda, que praticamente expulsaram ao FMI de seus países. Argentina, com o governo Kirchner em 2001, mudou radicalmente suas políticas económicas, abandonando as políticas neoliberais do FMI, e em lugar do desastre que o FMI tinha vaticinado, após seis meses desde o início de políticas keynesianas, cresceu um 9% durante os seguintes seis anos. Em 2008 a economia argentina tinha crescido enormemente, tendo aumentado seu tamanho um terço de seu volume.
Umha situaçom semelhante ocorreu em Bolívia, onde o Governo Morales mudou radicalmente de políticas, passando de políticas neo-liberais a políticas tradicionalmente expansivas de gasto público, nacionalizando ao mesmo tempo o gás e o petróleo. Bolívia é hoje um dos países com maior crescimento em América Latina.
Por quê estas políticas neo-liberais tam nocivas se continuam a propor? A explicaçom que se deu com maior freqüência é a persistência de um dogma o dogma neo-liberal reproduzido no Consenso de Washington e sua versom europeia, o Consenso de Bruxelas- nos forums financeiros e as instituiçons políticas que influência. Mas a pergunta que deve se fazer é por que esta ideologia continua se promovendo. E a resposta é obvia. Estas políticas continuam-se implementando porque servem aos interesses das classes financeiras e empresariais. O facto de que considerem que a reduçom do deficit e da dívida é o objectivo mais importante de suas políticas é porque a reduçom da protecçom social e o elevado desemprego debilita enormemente à classe trabalhadora, e lhes reforça a eles, aumentando seus benefícios. Como conseqüência das políticas neo-liberais, as rendas do capital aumentaram atingindo níveis sem precedentes e as rendas do trabalho desceram. E isto é o que conta para eles. Todo o demais é secundário.
Mas para poder fazê-lo, precisam apresentar tal prática como necessária, sendo assistidos neste labor por instituiçons neo-liberais que configuram a sabedoria convencional económica, promovida na maioria de meios de informaçom e persuasom, ocultando ao mesmo tempo realidades vexatórias que mostram nom só suas incompetências senom também suas incoerências. O FMI, que está a impor aos países enormes sacrifícios salariais e grandes reduçons dos benefícios sociais (tais como atrasar a idade de jubilaçom) paga a seus servidores públicos salários astronómicos (apesar de suas claras deficiências), lhes permitindo que se jubilem aos 51 anos (sim, leu-no correctamente, 51 anos) pagando-lhes pensons que ultrapassam os 100.000 dólares estadunidenses nom fai falta acrescentar mais comentários.