CANTA O MERLO: O papel de Wall Street no narcotráfico

04-06-2011

  19:12:51, por Corral   , 1606 palavras  
Categorias: Ensaio

CANTA O MERLO: O papel de Wall Street no narcotráfico

"Os negócios florescem"

Mike Whitney
CounterPunch

Traduzido do inglês para Rebelión por Germán Leyens

Imaginai qual seria a vossa reacçom se o governo mexicano aceitasse pagar a Barack Obama 1.400 milhons de dólares para que envie tropas e veículos blindados estadounidenses a Nova Iorque, Os Angeles e Chicago, para realizar operaçons militares, estabelecer pontos de controlo, e realizar tiroteios que terminem por matar a 35.000 civis estadounidenses nas ruas das cidades de EE.UU.

Se o governo mexicano tratasse a EE.UU. dessa maneira, o consideraríades amigo ou inimigo?

Assim trata EE.UU. a México, e fai-no desde 2006.

A política de EE.UU. para México "a Iniciativa Mérida" é um pesadelo. Debilitou a soberania mexicana, corrompeu o sistema político e militarizou o país. Também levou às mortes violentas de milhares de civis na sua maioria pobres. Mas a Washington importa-se um pepino o "dano colateral" enquanto possa vender mais armas, fortalecer o seu regime de livre comércio, e branquear mais benefícios da droga nos seus grandes bancos. Entom todo vai que dá génio.

Tem sentido dignificar esta carnificina chamando-a "Guerra contra a droga"?

Nom fai sentido. O que vemos é umha gigantesca toma do poder polo grande capital, as grandes finanças e os serviços de inteligência de EE.UU. Obama simplesmente fai o que lhe peta, motivo polo qual "nom é surpreendente" as cousas puseram-se muito pior no seu governo. Obama nom só aumentou os fundos para o Plano México (alias Mérida), senom que também enviou mais agentes estadounidenses para que trabalhem na clandestinidade enquanto os drones de EE.UU. realizam o seu trabalho de vigilância. Compreendeis" Nom é umha pequena redada antidroga: é outro capítulo da Guerra de EE.UU. contra a Civilizaçom.

O que segue é umha passagem de um artigo no CounterPunch de Laura Carlsen que dá alguns antecedentes:

"A guerra da droga converteu-se no maior veículo de militarizaçom em Latinoamérica. É um veículo financiado e impulsionado polo governo de EE.UU. e alimentado por umha combinaçom de falsa moral, hipocrisia e muito medo forte e irracional. A denominada "guerra contra a droga" é na realidade umha guerra contra a gente, especialmente os jovens, as mulheres, os povos indígenas e os dissidentes. A guerra contra a droga converteu-se no principal caminho para que o Pentágono ocupe e controle países à conta de sociedades completas e muitas, muitas vidas.

"A militarizaçom em nome da guerra contra a droga ocorre com mais rapidez e mais a fundo do que a maioria provavelmente esperávamos sob o governo de Obama. O acordo para estabelecer bases em Colômbia, suspendido posteriormente, enviou umha dos primeiros sinais da estratégia. E vimos a extensom indefinida da Iniciativa Mérida em México e Centroamérica, e mesmo, lamentavelmente, que barcos de guerra foram enviados a Costa Rica, umha naçom com umha história de paz e sem exército"

"A Iniciativa Mérida finança interesses de EE.UU. para treinar forças de segurança, fornecer tecnologia de inteligência e guerra, dar conselhos sobre a reforma dos sistemas de justiça e promover os direitos humanos, todo em México." (The Drug War Com't Bê Improved, It Com Only bê Ended, Laura Carlsen, Counterpunch)

Se parece que Obama está a fazer o possível para converter a México numha ditadura militar, é porque o está fazendo. O Plano México é um engano que oculta os verdadeiros motivos do governo, que som assegurar que os fastuosos benefícios do narcotráfico terminem nos bolsos desejados. Disso trata-se, de muito dinheiro. E por isso o número de vítimas mortais aumentou vertiginosamente enquanto a credibilidade do governo mexicano haver caído ao nível mais baixo em décadas. A política de EE.UU. converte grandes áreas do país em campos da morte, e a situaçom segue piorando.

Na seguinte entrevista, Charles Bowden descreve como é a vida da gente que vive na Zona Zero na guerra da droga: Juárez, México:

"Isto passa numha cidade onde há pessoas que vivem em caixas de cartom. Dez mil negócios foram abandonados ou fechados o ano passado. De trinta a sessenta mil pessoas de Juárez, principalmente os mais ricos, transferiram-se do outro lado do rio, a El Passo, em busca de segurança, incluindo ao presidente da Câmara de Juárez, a quem gosta de passar tempo no Passo. O editor do jornal de Cidade Juárez vive nele Passo. Entre 100.000 e 400.000 pessoas simplesmente abandonaram a cidade. umha boa parte do problema é económico, nom é só pola violência. Ao menos 100.000 postos de trabalho nas fábricas que se encontram na fronteira desaparecêrom durante a recessom devido à competência da Ásia. Existem entre 500 e 900 quadrilhas e bandas criminais, as estimaçons variam.

"A isso há que acrescentar 10.000 soldados e agentes da polícia federal que deambulam polos arredores. Encontras-te com umha cidade na que ninguém sai pola noite, onde os pequenos negócios som extorsionados, onde, segundo dados oficiais, 20.000 automóveis foram roubados o ano passado e mais de 2.600 pessoas foram assassinadas. umha cidade na que ninguém fai um seguimento das pessoas que foram seqüestradas e nom voltaram a aparecer, onde ninguém conta o número de pessoas enterradas em covas secretas, algumhas das quais, milagrosamente, cada tanto conseguem abrir-se passo para a superfície, e se desenterrar. Encontras com umha situaçom desastrosa. E há um milhom de pessoas atrapadas na cidade que som demasiado pobres para ir-se. Esse é o estado da cidade." (Charles Bowden, Democracy Now)

Nom se trata da droga; trata de umha política exterior demencial que apoia exércitos homens de palha para impor a ordem mediante a repressom e a militarizaçom de um Estado policial. Trata-se de expandir o poder de EE.UU. aumentando os benefícios em Wall Street.

A seguir reproduzimos mais dados do autor Lawrence M. Vance da Fundaçom polo Futuro da Liberdade:

"umha quantidade desconhecida de agentes da manutençom da ordem de EE.UU. trabalham em México" a DEA (Agência Antidrogas de EE.UU.) tem mais de 60 agentes em México. Ademais há 40 agentes do Serviço de Imigraçom e Controlo de Alfândegas de EE.UU., 20 encarregados do Serviço de Alguazís de EE.UU. e 18 agentes de Alcool, Tabaco, Armas de fogo e Explosivos, mais agentes da FBI, do Departamento de Serviços de Cidadania e Imigraçom (Ou.S. Citizen and Immigration Service), o Escritório de Alfândegas e Protecçom Fronteiriça dos Estados Unidos, Serviço Secreto, Guarda-costas e da Agência Americana de Segurança no Trânsito NHTSA. O Departamento de Estado mantém umha Secçom de Assuntos de Narcóticos. EE.UU. também forneceu helicópteros, cans detectores de drogas, e unidades de polígrafo para seleccionar a candidatos aos serviços de manutençom da ordem.

"Drones de EE.UU. espiam esconderijos dos cartéis, e radio-balizas de localizaçom estadounidenses situam a carros e telefones de suspeitos, agentes de EE.UU. localizam as balizas, rasteiam as chamadas de telemóvel,lem correios electrónicos, estudam modelos de conduta de incursons fronteiriças, seguem rotas de contrabando, e processam dados sobre narco-traficantes, branqueadores de capitais e chefes dos cartéis. Segundo um antigo fiscal mexicano contra a droga nom existem restriçons segundo a lei de EE.UU. para que os agentes estadounidenses realizem escutas de quaisquer em México, enquanto nom esteja em EE.UU. nem piquem os telefones de cidadás estadounidenses. ("Why Is the Ou.S. Fighting Mexico's Drug War"" Laurence M. Vance, The Future of Freedom Foundation)

Nom se trata de política exterior: é umha ocupaçom mais por parte EE.UU. E, adivinham quem ganha em abundância no grande jogo deste sórdido embuste? Wall Street. Assim é, os grandes bancos obtenhem a sua parte, como sempre. Considerem esta passagem de um artigo de James Petras, intitulado "Como os benefícios da droga salvaram o capitalismo". É um grande resumo dos objectivos que conformam a política:

"Enquanto o Pentágono arma ao governo mexicano e a Drug Enforcement Agency (DEA) promove a soluçom militar, os maiores bancos de EE.UU. arrecadam, branquejam e transferem centos de milhares de milhons de dólares anuais de e às contas dos capos da droga, para comprar armas modernas, pagar exércitos privados de assassinos e corromper a políticos e agentes da ordem a ambos as duas bandas da fronteira.

"Os ganhos da droga, no seu sentido mais básico, realizam-se através da capacidade de branqueio de fundos e realizaçom de transacçons do sistema bancário de EE.UU. A escala e o alcance desta aliança entre o cartel da droga e o citado sistema bancário superam com fartura qualquer outra actividade económica do sistema bancário privado estadounidense. Um só banco "Wachovia" branqueou 378.300 milhons de dólares entre o 1 de Maio 2004 e o 31 de Maio de 2007 (The Guardian, 11.5.2011). Todos os bancos importantes de EE.UU. fôrom num momento ou outros sócios financeiros activos dos criminosos cartéis da droga: Bank of America, Citibank, JP Morgan, assim como outros bancos estrangeiros que operam em Nova Iorque, Miami e Los Ángeles.

"Ainda que os principais bancos de EE.UU. som os motores económicos que permitem que siga em funcionamento este multimilionario império da droga, a Casa Branca, o Congresso de EE.UU. e os organismos oficiais de luta contra a droga som os protectores básicos dos bancos" O branqueio de dinheiro da droga é umha das fontes mais lucrativas de benefício de todos os bancos de Wall Street: cobram altas comissons e prestam a entidades de crédito a taxas de interesse muito superiores ao que pagam -quando o fam- aos narcotraficantes polos seus depósitos" Alagados de benefícios da droga branqueados, esses titáns estadounidenses do mundo das finanças podem comprar facilmente aos seus próprios funcionários elegidos para perpetuar o sistema." "Imperialismo, banqueiros, guerra da droga e genocídio", James Petras, Rebelión)

Repito: "Cada banco importante em EE.UU. serviu como um sócio financeiro activo de cartéis assassinos da droga""

A Guerra contra a Droga é umha fraude. Nom tem que ver com interdicçom; tem que ver com controlo. Washington prove a força para que os bancos podam acumular o grande dinheiro. umha mao lava à outra, igual que na Máfia.

Mike Whitney vive no Estado Washington. Contacto: fergiewhitney@msn.com

Fonte: http://www.counterpunch.org/whitney06012011.html

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