CANTA O MERLO: O genocidio como política dos USA

16-06-2011

  18:23:58, por Corral   , 807 palavras  
Categorias: Ensaio

CANTA O MERLO: O genocidio como política dos USA

As guerras de EEUU contra os débis

Manuel E. Yepe
Rebelión

Quando um bom amigo canadense anunciou-me que me estava enviando um livro cuja leitura me recomendava vivamente, supus, polo título que me adiantou: ?War Against the Weak? (Guerra contra os débis), que trataria acerca das frequentes agressons contra países do Terceiro Mundo executadas por Washington desde que, ao findar da Guerra Fria, devéu super-potencia única no planeta.

Mas fiquei surpreendido ao constatar, ao recebê-lo, que o livro em questom referia-se a outra desigual contenda que Estados Unidos preparou desde inícios de século XX e posta na prática entre as décadas dos anos 30 e 60 do passado século, cujo propósito era criar umha raça superior dominante.

Essa campanha estadounidense -praticamente ignorada hoje em todo mundo em virtude do acoubamento mediático a que esteve submetida por razons obvias- serviu de modelo para o holocausto a que submeteu o nazismo alemám liderança por Adolfo Hitler à populaçom judia.

Personagens e instituiçons da política e a economia que agora se nos apresentam como respeitáveis paladinos da democracia e os direitos humanos, estiveram involucrados neste genocídio.

O livro contam-nos que, no primeiras seis décadas do século XX, por centos de milhares de norte-americanas etiquetagens como débis mentais ("feeble minded") porque nom se ajustavam aos patrons teutónicos, esteve-lhes vedada a reproduçom.

Seleccionados em prisons, manicómios e orfanatos polos seus antepassados, a sua origem nacional, a sua etnia, a sua raça ou a sua religiom, foram esterilizados sem o seu consentimento, impedidos de procriar, de casar ou separados dos seus casais por médios burocráticos governamentais. Esta perniciosa guerra de luva branca foi levada a cabo por organizaçons filantrópicas, prestigiosos professores, universidades de elite, ricos empresários e altos funcionários do governo, formando um movimento pseudo-científico chamado eugenesia (eugenics) cujo propósito, mais ali do racismo, era criar umha raça nórdica superior que se impusesse a nível global.

O movimento eugenésico paulatinamente construiu umha infra-estrutura jurídica e burocrática nacional para limpar a Estados Unidos dos "nom aptos". Provas de inteligência, coloquialmente conhecidas como mediçons de IQ, inventaram-se para justificar a exclusom dos "débis mentais", que freqüentemente, eram só pessoas tímidas ou que falavam outra língua ou tinham umha cor de pele diferente. Decretaram-se leis de esterilizaçom forçosa nuns 27 estados do país para impedir que as pessoas detectadas pudessem reproduzir-se.

Proliferárom as proibiçons de casal para impedir a mistura de raças. À Corte Suprema dos EEUU chegaram numerosos litígios cujo verdadeiro propósito era consagrar à eugenesia e as suas tácticas no direito quotidiano.

O plano era esterilizar de imediato a 14 milhons de pessoas em Estados Unidos e vários mais milhons noutras partes do mundo para, posteriormente, continuar erradicando ao resto dos débis até deixar só aos nórdicos de raça pura no planeta.

Em definitiva, na década dos anos 30 foram esterilizados coercitivamente uns 60,000 pessoas e nom se sabe quantos casais foram vedados por leis estaduais brotadas do racismo, o ódio étnico e o elitismo académico, mascaradas com um manto de respeitável ciência.

Eventualmente, a eugenesia, cujos objectivos eram globais, foi espargida por evangelistas norte-americanos a Europa, Ásia e Latinoamérica até formar umha bem entretecida rede de movimentos com práticas similares que, mediante conferências, publicaçons, e outros meios, mantinha aos seus líderes e propugnadores à espreita de oportunidades de expansom das suas ideias e propósitos.

Foi assim que chegou a Alemanha, onde fascinou a Adolfo Hitler e ao movimento nazista. O Nacional Socialismo alemá transformou a procura norte-americana de umha "raça nórdica superior" no que foi a luta de Hitler por umha "raça ária dominante".

A eugenesia nazista rapidamente deslocou à norte-americana pola sua velocidade e fereza. Nas páginas deste livro, Edwin Black "de mae judia polonesa- demonstra como a racionalidade científica aplicada polos médicos assassinos de Auschwitz, na Alemanha, foi concebida antes nos laboratórios eugenésicos da Instituiçom Carnegie, no seu complexo de Cold Spring Harbor em Long Island, onde se propagandiçava de maneira entusiasta ao regime nazista. Também se relata a maciça ajuda financeira outorgada polas fundaçons Rockefeller, Carnegie e Harriman às entidades científicas alemás onde começaram os experimentos eugenésicos que culminaram em Auschwitz.

Ao ser qualificado de genocídio o extermínio de judeus polos nazistas no Julgamento de Nuremberg, as instituiçons norte-americanas vinculadas às práticas da eugenesia a rebaptizarom como "genética" e continuaram os seus projectos por mais de outra década, esterilizando e proibindo casais "indesejáveis".

O livro de Edwin Black, publicado pola Thunder´s Mouth Press em 2003, é umha jóia do jornalismo de investigaçom que, nas suas 550 páginas, permite ao leitor constatar o parentesco e os rasgos comuns entre a trágica história que conta e a política que a elite do poder estadounidense aplica hoje nas suas relaçons com as minorias nacionais, os imigrantes e o Terceiro Mundo.

*Jornalista cubano, especializado em temas de política internacional.

Rebeliom publicou este artigo com a permissom do autor mediante umha licença de Creative Commons, respeitando a sua liberdade para publicar noutras fontes.

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