A verdadeira cara do capitalismo
Depredadores globais: Como funciona o grande roubo financeiro com as crises
(IAR Notícias) 25-Junho-2011
Como emergente do uso e os costumes, o sistema que governa o planeta dividiu a cabeça humana em duas compartimentos estancos: A realidade e o discurso. A realidade pode ser captada polas maiorias, mas o discurso pode remodelar a realidade e fazer pensar às maiorias coma se fossem as minorias. Desta maneira, o que no sistema capitalista é umha vulgar forma de roubar (compulsivamente) com a especulaçom financeira, converte-se logo numha "causa moral" para salvar ao verdugo com o trabalho e o sofrimento do submetido.
Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com
Quando as empresas e os bancos capitalistas desenham e executam planos de negócios", som "pragmáticos". Quando explicam publicamente estes planos, som "morais". A rendabilidade privada (pragmática) que rege os "planos de negócios" capitalistas, por império da conversom "moral", volta desta maneira "causa social". Nom estamos a fazer negócios privados, senom desenvolvendo umha causa empresarial ao serviço de todos.
Em Wall Street, o mesmo cenário onde fai três anos derrubava-se o colosso financeiro Lehman Brothers e estoupava a crise do roubo com a "borbulha financeira", Barack Obama, o presidente de turno USA, fixo um apoio moral e exigiu às corporaçons de Wall Street que deixem atrás um período de abusos, excessos, imprudência e crise" e anunciou novas medidas regulatorias para evitar que se repitam este tipo de colapsos. Também assinalou que se necessitam regras fortes para prevenir que de novo se produzam estes riscos sistemáticos", polo que pediu "à indústria financeira que se some a este esforço construtivo para actualizar o marco regulador". Perceba-se bem: A macro-roubo financeiro com os bonos sem respaldo nunca chamam dessa maneira, segundo Obama, senom "abusos, excessos, imprudência e crise". No mundo real de "Ali Babá e os 40 ladrons", pedir aos banqueiros sionistas de Wall Street que se somem a um "esforço construtivo" para regular-se e controlar-se a se mesmos, é como pedir-lhes que renunciem à sua identidade e à sua natureza histórica: A procura de rendabilidade e a concentraçom de riqueza em poucas maos.
O Estado imperial nom é umha organizaçom filantrópica ao serviço de causas morais", senom umha ferramenta normativa e reguladora do sistema capitalista que o utiliza e controla para gerar rendabilidade tanto nos tempos de borbulhas" como de crises".
Obama, fiel reflexo do Estado imperial que o tem como o seu gerente eventual, parte de um pressuposto alienado (e alienador) básico: As crises do capitalismo nom se produzem a causa do roubo (explotaçom do homem polo homem) e da concentraçom de riqueza (o produto do roubo) em poucas maos, senom por causa dos "erros e excessos". Para voltar à realidade, convém fazer umha conversom operativa: Onde di erros e excessos", escrever roubos e emergentes". E agregar: A natureza existencial do sistema capitalista é a apropriaçom do trabalho social e colectivo mediante o engano e o duplo discurso. Sem esse requisito prévio, nom poderia existir como sistema. Na realidade, fora dos marcos do discurso, toda a estrutura operativa do sistema capitalista (económica, científica, militar, política, cultural, mediática) resume-se num axioma: Comprar barato e vender caro.
Primeiro, vendo caro com a "borbulha":
Os bancos que financiárom originalmente os créditos hipotecarios baratos em EEUU (a base do "boom imobiliário"), para desfazer do risco a longo prazo venderam os bonos dessa dívida (hipotecas subprime), a poderosos bancos e fundos de investimento de Wall Street (entre os que se encontram os grupos controladores da Reserva Federal), que os colocaram a altíssimos interesses nos mercados de capitais globalizados a nível planetário. Ou seja que, o negócio original em EEUU, o "boom imobiliário" estadounidense derivou (através do capital especulativo e sem fronteiras) numha "borbulha financeira" descomunal que derramava altíssimos níveis de ganhos entre os portadores desses bonos, os chamados "investidores", nos mercados da Europa, Ásia e América Latina. Há expertos que sustem que um equivalente bilhonario a mais de um PBI de EEUU e Europa juntos circulava em papéis sem respaldo da "borbulha financeira" que se gerou em Wall Street a fins da década do noventa espalhando ganho especulativa a escala planetária.
As "super-fortunas" pessoais, os "super-activos empresariais" nutrírom-se desta macro-roubo monumental do capitalismo financeiro especulador que inventou umha economia paralela: A economia de papel. Segundo The Wall Street Journal, os fundos subprime do "boom imobiliário" de EEUU foram atractivos para investidores enquanto as agências qualificadoras de risco mantivérom umha alta valoraçom, o que sucedeu enquanto a Fed mantivo baixas as taxas de interesse. Quando os grandes bancos e fundos de investimento começaram a colocar os bonos da dívida imobiliária em EEUU nos mercados globais, S&P, Moody's Investors Service e Fitch Ratings (o três principais qualificadoras de Wall Street) outorgárom quilificaçons excelentes a esses valores que, segundo o Journal, construíram-se a partir de empréstimos "questionáveis".... Desta maneira -segue o Journal- enviaram um sinal de que estes valores eram case tam seguros como os bonos do Tesouro de EEUU. Mas quando as taxas de interesse subiram, a quilificaçom baixou drasticamente -di Journal- e milhons de famílias nom podiam pagar mais a hipoteca contraída e os investidores (que compraram os bonos nos mercados globais) retirárom com pânico o seu dinheiro dos investimentos. Deste modo -explica The Wall Street Journal- estoupou a "borbulha hipotecaria", arrastando a Wall Street e aos mercados bursáteis do mundo inteiro.
Em resumo, e como resultante do processo, os portadores dos bonos subprime "desvalorizados" começaram a vendê-los em massa gerando um colapso generalizado (de todos os índices e acçons) dos mercados financeiros em EEUU, Europa, Ásia e América do Norte Latina.
E chegou na "segunda-feira escura" de Setembro de 2008 onde a quebra do gigante Lehman Brothers marcou o princípio de um salto qualitativo: A crise hipotecaria devéu finalmente em crise financeira caracterizada por umha iliquidez pronunciada e crescente do sistema financeiro. Ali destapou-se a mentira e a falta de respaldo de centenas de bilions de dólares transferidos por assentamentos financeiros e papéis que, quando os portadores quissérom convertê-los em dinheiro em dinheiro vivo encontrárom com a surpresa de que o efectivo nom estava onde deveria estar: Os bancos. Os gigantes bancários e hipotecarios começaram a derrubar-se arrastando em primeiro termo a todo o sistema financeiro imperial de EEUU e da Europa.
Segundo, compro barato com a "crise":
As "crises financeiras globais" (ou colapsos dos mercados bursáteis) activadas polos monopólios super-concentrados de Wall Street, serve-lhes a esses mesmos monopólios para comprar acçons e bonos desvalorizados nos mercados globais apoderando dessa maneira dos activos e porçons do mercado das empresas e grupos financeiros perdedores. Isto, por sua vez, gera mais concentraçom monopólica dos grupos financeiros que controlam o Império sionista desde a Reserva Federal, o Tesouro de EEUU e os bancos centrais da Europa, enquanto as leis de rendabilidade e concentraçom capitalista seguem funcionando desde um novo estádio de desenvolvimento. Com o colapso generalizado das bolsas mundiais com Wall Street à frente, em Setembro de 2008, a onda da "borbulha financeira" do capitalismo especulador sem fronteiras, a reproduçom do dinheiro polo dinheiro o mesmo, desmoronou-se sobre as mesmas seqüelas que inventou: O reinado do "apalancamento financeiro" (o endividamento sem respaldo) e a "economia de papel" fundada sobre o cadáver da economia real. Por falta de "efectivo" em ?caixa? (para apoiar os papéis desvalorizados), finalmente a "economia de papel" fixo crash, bateu contra a realidade, e começou a afundar à hora assinalada ante a impotência manifesta dos seus criadores e sustentadores: Os Estados centrais do sistema capitalista. Entom os ganhadores da "crise", os consórcios mais diversificados que ficaram em pé (os super-abutres que integram o sistema da Reserva Federal de EEUU), acudiram ao Estado para apoderar do cadáver dos seus rivais que nom puderam passar a selecçom darwiniana do "mais forte".
Utilizando ao Estado USA como ferramenta (em qualidade de prestador e de garante com fundos públicos provenientes dos impostos achegados por toda a sociedade estadounidense) os grandes bancos e fundos de investimento que integram o sistema privado da Reserva Federal tenhem reciclado umha "borbulha financeira" (negócios financeiros com a crise) montada por volta dos bilhonarios fundos estatais utilizados para a compra de activos ou de auxílio financeiro às instituiçons e bancos crebados pola crise financeira recessiva que tem como epicentro a EEUU e Europa. A quebra do sistema do "apalancamento financeiro" (crescimento dos negócios produtivos e comerciais mediante o endividamento financeiro sem respaldo) deixou umha montanha de papéis inúteis chamados "activos tóxicos" na carteira dos bancos e empresas que finalmente foram engolidos (mediante compras ou fusons) polos grandes consórcios beneficiários dos "resgates estatais", entre eles Morgan Stanley, Goldman Sach, Bank Of América do Norte, entre outros. Som os que, aproveitando a mesma crise que gerárom, utilizam ao Estado imperial para comprar barato.
Terceiro, reciclo umha nova "borbulha":
Este negócio de "comprar barato" durante a crise (com o Estado como financeiro e garante) por sua vez gerou e retroalimentou outra borbulha para um novo saqueio com a especulaçom financeira. Os gigantescos pacotes de estímulo atirados polos governos tenhem ido a parar aos mercados financeiros criando umha "borbulha" especulativa que fai subir as bolsas desde fai mais de quatro meses, enquanto o resto da economia, principalmente em EEUU e Europa, permanece com as suas variáveis em vermelho. Mediante os planos de resgate financeiro" empreendidos polo Estado USA (com Bush e logo com Obama), os super bancos e fundos de investimento nucleados no sistema privado da Reserva Federal reciclárom umha nova "borbulha financeira", nom já com dinheiro especulativo proveniente do sector privado, senom com fundos públicos postos compulsivamente ao serviço de um novo ciclo de rendabilidade capitalista, e à margem de umha ascendente crise da economia real que marcha por via paralela.
O custo deste monumental negócio capitalista com a "crise capitalista" (que foi exportado desde EEUU e Europa aos países da periferia da Ásia, África e América do Norte Latina) é financiado com o dinheiro dos impostos pagos polo conjunto da sociedade. Trata-se, em soma, de umha "socializaçom das perdas" para subsidiar um "novo ciclo de ganhos privadas" com o Estado como ferramenta de execuçom, mediante o qual os megaconsorcios mais fortes (os ganhadores da crise) se deglutem aos mais débis gerando um novo processo de reestruturaçom e concentraçom do sistema capitalista.
Quarto, as perdas vam cara um só lado
Como se pode apreciar, numha correcta leitura dos seus processos históricos, e mediante o axioma funcional de "comprar barato e vender caro", as corporaçons do sistema capitalista sionista fai negócios (geram rendabilidade) tanto com as borbulhas como com as crises.
Mas, neste mundo do sistema capitalista ganhador Quem absorve as perdas?
Tal como o fixo historicamente, hoje o sistema capitalista (Estado e empresas privadas) descarga o custo do colapso recessivo económico (a crise) sobre o sector assalariado (força laboral maciça) e a massa mais desprotegida e maioritária da sociedade (populaçom pobre com limitados recursos de sobrevivência), por meio dos despedimentos laborais e a reduçom do gasto social ("ajustes"), que incrementam os níveis sociais de precariedade económica e de exclusom maciça do mercado do consumo. Só no processo de "sobreexplotaçom capitalista" (que retrocede as conquistas sociais e sindicais a estádios inferiores) explica-se a manutençom da rendabilidade empresarial (saqueio dos capitalistas) enquanto a economia mundial esborralha-se por efeitos da crise recessiva global.
A tam cacarejada "crise" tem claramente duas leituras paralelas: Por umha banda, os abutres financeiros de Wall Street e as bolsas mundiais, reciclam umha nova "borbulha" para o saqueio, nom já com dinheiro especulativo proveniente do sector privado, senom com fundos públicos (dos impostos pagos por toda a sociedade), postos compulsivamente ao serviço de um novo ciclo de rendabilidade capitalista com a crise. Enquanto o processo inflacionário-recessivo desatado desde as economias centrais (EEUU e Europa) já gera fame, pobreza e desvalorizaçom acentuada do poder adquisitivo das maiorias a escala planetária, um selecto grupo de mega-empresas e multimilionários multiplicam a escala sideral os seus activos empresariais e as suas fortunas pessoais. De maneira tal que, quando estoupam as crises de "superproduçom" (por recessom e achicamento da demanda) o sistema aplica a sua clássica fórmula para preservar a rendabilidade vendendo e produzindo menos:
Achicamento de custos.
Nessa receita de "achicar custos" sobressaem claramente, em primeira linha, os laborais (das empresas) e os sociais (do Estado) para compensar a falta de vendas e de arrecadaçom fiscal. Em conseqüência (e como já está experimentado historicamente): As empresas mantenhem as suas rendabilidades, sobe a recessom, sobe a desocupaçom, cai o consumo, e expánde-se a pobreza e a exclusom social. Desta maneira, o sistema capitalista (por meio dos Estados e as empresas) descarga o peso da crise sobre o sector mais débil da sociedade: Os pobres e os sectores mais desprotegidos (que seguem somando populaçom sobrante) e os assalariados (a força laboral maciça) que servem como variável de ajuste para a preservaçom da rendabilidade capitalista durante a crise recessiva
Simultaneamente, a economia real do Império e das potências centrais colapsa em todas as suas variáveis, e os sectores mais desprotegidos já sofrem os "ajustes" enquanto umha crise social, ainda de efeitos imprevisíveis, assoma da mao dos despedimentos em massa na Europa e EEUU. Está claro entom que o que é crise" para uns (os despedidos e os sectores mais desprotegidos da sociedade), resulta borbulha de saqueio para outros (o capitalismo financeiro que desatou a crise com a "economia de papel").
Voltemos ao princípio: Comprar barato e vender caro, as perdas só correm por conta dos que pagam as crises com pobreza e exclusom maciça da "sociedade de consumo" capitalista. Em realidade o conto de "Ali Babá e os 40 ladrons" só foi um invento do Hollywood para transtornar o verdadeiro título da película: "O Sionismo e os ladrons globais".
(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.
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