CANTA O MERLO: O TERRORISMO DE CLASSE E ESTADO que nos está vindo.

11-08-2011

  03:05:37, por Corral   , 1945 palavras  
Categorias: Ensaio

CANTA O MERLO: O TERRORISMO DE CLASSE E ESTADO que nos está vindo.

O desfecho social da crise
Marginalidade e desemprego: Os pavios dos estalidos que venhem

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com

Com Estados crebados pola crise das dívidas, com umha recuperaçom incerta da recessom (com países que seguem desacelerados), mercados financeiros voláteis (volta à desconfiança do sobe e baixa), contracçom do crédito orientado à produçom, consumo social sem recuperaçom, baixas de arrecadaçom e subas siderais do deficit, desemprego maciço persistente e ajustes salariais em ascensom, a "bomba social" (emergente da crise e dos ajustes) já assoma como o desfecho mais lógico na euro-zona e os próprios EEUU

O mal-estar social que geram a desocupaçom crónica e o estragamento das condiçons salariais, assim como o achicamento da capacidade de consumo, alimenta e exacerba o estado de frustraçom colectiva, provoca perda de confiança nos políticos e alenta as greves e estalidos sociais que começam a estender-se por toda a geografia europeia e já ameaçam a EEUU. O sistema está num ponto de inflexom: A perda de gobernabilidade. Neste contexto há que ler o recente estalido social dos marginais na Gram-Bretanha, o movimento dos Indignados em Espanha, e os protestos maciços contra o ajuste na Grécia, Itália e França. A crise fiscal dos Estados (que se expande por todo a euro-zona) já derivou em crise social" por meio de dous actores centrais: A baixa da capacidade de consumo e o desemprego crónico, que já afecta a quase 10% da populaçom, principalmente aos sectores mais pobres e vulneráveis da sociedade europeia e estadounidense.

Mas a esse cenário emergente da crise que se projecta desde o capitalismo central à periferia, há que agregar um relatório da Organizaçom para a Cooperaçom e o Desenvolvimento Económico (OCDE) em Paris: 60% da populaçom activa mundial trabalha sem contrato de trabalho nem prestaçons sociais."Há um claro vínculo entre emprego informal -sem contrato- e a pobreza", indica o relatório que prognostica que em 2020 o trabalho mergulhado implicará a 66% da populaçom. A "crise social" afecta de maneira diferente na pirâmide social: Nas classes altas e médias projecta-se como umha "reduçom do consumo" (principalmente suntuario), em mudança nas classes baixas e marginais expressa-se na desocupaçom e numha restriçom do consumo dos produtos básicos para a sobrevivência (principalmente alimentos e serviços essenciais). Esta situaçom -segundo as estimaçons- vai derivar em que os sectores sem cobertura nem protecçom legal, sofram despedimentos em massa quando a crise devenha novamente em recessiva (como já o advertiram a OCDE e o FMI) e as empresas decidam "achicar custos laborais" para preservar a sua rendabilidade.

O sistema de gobernabilidade político e económico da euro-zona hoje encontram-se em risco de dissoluçom por causa da "crise financeira" que derivou primeiro em crise recessiva", logo em crise fiscal" dos Estados, e que agora se converteu em crise social" da mao dos ajustes, os despedimentos laborais e o achicamento do consumo popular. Esta dialéctica de acçom-reacçom é o que define, em forma totalizada, um fenómeno que excede a denominaçom reduccionista de crise económica" com o que os analistas do sistema qualificam o actual colapso económico europeu. O capitalismo central europeu (tanto como EEUU) nom está em crise económica", senom em crise total", e no final do processo, se quer sobreviver como bloco, deverá deitar mao ao único que pode preservar o seu domínio: A repressom militar. Essa é a leitura imediata que surge do processo europeu com Estados crebados e ajustes selvagens, que profunda o desemprego em massa e a crise de credibilidade social nos políticos e as instituiçons.

Mas este cenário de massa laboral "desprotegida", que o sistema pode expulsar quando quer e sem nengum tipo de compensaçom, é parte integrante de um "quadro geral" da exclusom e a marginalidade mundial formado por: 3000 milhons de pobres, 963 milhons de famintos e mais de 190 milhons de desempregados, registados -segundo a ONU e o Banco Mundial- em situaçom precária antes do colapso financeiro nas metrópoles imperialistas. Enquanto que na pirâmide do colapso recessivo global, para um rico ou umha classe média alta a "crise social" significa um "achicamento do cinto" (prescindir de produtos suntuários ou de algum confort), para um integrante da classe baixa significa ficar desocupado ou perder capacidade de sobrevivência através da reduçom do seu salário. De maneira tal, que na crise social projectam-se as mesmas variáveis que no resto da economia capitalista: O peso da crise golpeia com força sobre a base do triangulo social mais despojado (operários assalariados e pobres) enquanto se atenua no meio e no vértice (empresários, executivos e profissionais) , onde se concentra a maioria da riqueza acumulada pola exploraçom capitalista.

No 2009 estimava-se que o processo de crise financeira recessiva (que tivo o seu epicentro em EEUU e Europa e que já se estendeu polas potências centrais e o mundo periférico) ia deixar uns 1000 milhons de pessoas expulsas do circuito do consumo pola desocupaçom maciça desatada sobre os trabalhadores e os seus grupos familiares polo encerramento de fábricas e empresas. A ameaça de desocupaçom crónica e maciça e a reduçom do salário como produto dos ajustes, é o núcleo essencial, o detonante central dos conflitos sociais que hoje já se estendem por Europa e que se vam a projectar em curto prazo (por via dos bancos e empresas transnacionais que despedem massa laboral a escala global) a toda a periferia da Ásia, África e América do Norte Latina. O comissário de Emprego assinala que o desemprego aumenta em toda a Uniom Europeia afecta a mais de 10% da populaçom activa . Em alguns países, como Espanha, essa percentagem achega-se a 20 por cento e, entre os jovens, afecta a quase 40%. A mediçom oficial, revela que medo é o sentimento mais generalizado entre os cidadaos da euro-zona . Sentem temor a nom poder chegar o fim de mês, a nom poder enfrentar os gastos básicos e à perda do emprego, um sentimento que sente um de cada três europeus. Ainda que esta percepçom aumenta até o 73 por cento na Grécia, 68 por cento em Espanha, 63% na Itália e 62% na Irlanda, os países mais afectados pola crise e onde o mercado laboral deteriorou-se com mais rapidez e contundência. Ademais, poucos confiam no mercado laboral pois a metade considera que, em caso de ser despedidos, será ?pouco provável? ou "completamente improvável? que alguém volte os contratar no seguintes seis meses.

Quase nom há relatórios (e os que há som manipulados e reduzidos) de como a crise dos países centrais já impacta nas economias e nas sociedades dos países subdesenvoltos da Ásia, África e América do Norte Latina, onde se concentra a maioria da fame e a pobreza a escala planetária. Enquanto as potências capitalistas centrais concentram-se em "combater a pobreza" com um orçamento de US$ 896 milhons, o primeiros vinte super-milionários da lista Forbes concentram juntos umha cifra de mais de US$ 400.000 milhons. Essa cifra (em maos de só vinte pessoas) equivale quase ao PBI completo de Sudáfrica, a economia central de África, cuja produçom equivale a um quarto da produçom total africana. Como contrapartida (e demonstraçom do que produz o capitalismo), essas zonas marcadas por umha altíssima e crescente concentraçom de fame e pobreza, figuram nas estatísticas económicas mundiais como as maiores geradoras de riqueza e rendabilidade empresarial capitalista do últimos dez anos. Tanto o "milagre asiático" como o "milagre latino-americano" (do crescimento económico sem compartimento social) construíram-se com mao de obra escrava e com salários em preto. Isto leva a que, ao cair-se o "modelo" por efeito da crise recessiva global, o groso da crise social emergente com despedimentos laborais em massa envórquese nessas regions.

E também nom é casualidade que nestas regions subdesenvoltas ou "emergentes" da Ásia, África e América do Norte Latina registe-se o maior índice de populaçom laboral em preto" e a maior quantidade de pobres, desocupados e excluídos que regista o sistema capitalista a escala global. Mas desta questom estratégica, vital para a compreensom da crise global e o seu impacto social maciço nas classes sociais mais desprotegidas do planeta, a imprensa internacional nom se ocupa. Os meios locais e internacionais estám ocupados em dilucidar a "diminuiçom das fortunas dos ricos" e a perda de rendabilidade das empresas e bancos que geraram a crise por excesso de depredaçom capitalista e de concentraçom de riqueza, por meio da exploraçom e apropriaçom do trabalho social colectivo. Aos especialistas do sistema só lhes preocupa o impacto da crise no "mercado" e nas sociedades dos países centrais, mas ninguém presta atençom no impacto (e na desfeita) que finalmente vai ter a crise com desocupaçom nas áreas subdesenvoltas e emergentes que acovilham às populaçons mais pobres e desprotegidas do planeta. A mesma equaçom (de projecçom e efeito disímile da crise social) produz-se na pirâmide de países capitalistas, claramente dividida entre o vértice (as naçons centrais), o meio (as naçons "emergentes") e a base (as naçons "em desenvolvimento").

Neste cenário, e como sucede cíclicamente, novamente os sujeitos e actores da crise social, os motorizadores das revoltas colectivas (tanto nos países centrais como nas periferias da Ásia, África e América do Norte Latina) vam ser os milhons de desocupados e expulsados do mercado do consumo que nom vam ter meios de subsistência para as suas famílias. Nom é o mercado (nas suas diferentes variantes macroeconómicas), senom que som os expulsos do mercado (os excluídos sociais) os que vam protagonizar o desfecho decisivo da crise global capitalista que se avizinha. E há umha explicaçom lógica: A crise financeira e a crise recessiva, cujo emergente imediato é a quebra e encerramento de bancos e empresas, podem ser reguladas e controladas por meio da injecçom de billonarios fundos polos governos e os bancos centrais imperiais. Em mudança, para os efeitos sociais da crise económica (a desocupaçom e o achicamento do consumo) nom existe outro remédio que reocupar à mao de obra expulsa se se quer evitar o colapso social e as revoltas populares. E para um capitalismo em crise, cuja lógica funcional passa por expulsar trabalhadores para manter a sua taxa de rendabilidade, essa é umha tarefa impossível. Portanto, os conflitos sociais som inevitáveis como desenlace.

Os estalidos e revoltas sociais em EEUU por causa da crise, que projectam desde a CIA até os estrategos de Obama, nom vam ser protagonizados polos ricos que diminuíram as suas fortunas, nem polos executivos ou profissionais que diminuíram os seus ingressos, senom polos centos de milhares de operários e empregado que vam ser expulsos do mercado laboral. Os sujeitos e actores da crise social, os motorizadores das revoltas sociais (tanto nos países centrais como nas periferias da Ásia, África e América do Norte Latina) vam ser os milhons de desocupados e expulsados do mercado do consumo que nom vam ter meios de subsistência para as suas famílias. A maquinaria mediática, que fala de crise global" misturando numha mesma bolsa de "prejudicados" às vítimas (os sectores mais baixos da pirâmide) com os victimários (os ricos do vértice da pirâmide), tem como missom central ocultar o que se avizinha: umha rebeliom mundial generalizada dos pobres contra os ricos. Essa rebeliom (como já se está mostrando) vai-se a expressar, a nível de países, num auge do nacionalismo nos países da periferia emergente e subdesenvoltos num questionamento crescente do centralismo explotador e proteccionista das potências regentes.

A nível social, o processo recessivo com desocupaçom vai ir gerando escaladas maciças de conflitos sociais protagonizados por dous actores centrais: Os pobres e desocupados. E os ricos, os do vértice da pirâmide (tanto dos países centrais como periféricos) vam estar todos juntos ao lado de umha só trincheira: A repressom policial e militar.

Os planificadores e estrategos do sistema já tenhem um nome: Democracia Blindada.

(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.
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