Miguel Giribets
Rebelión
Luitas entre os chefes dos clans -1996-2006-
As luitas entre os diversos clans tenhem-se centrando por volta da capital, Mogadiscio, e o sul do país. Cada ano ham morridos várias centenas de pessoas por causa dos combates, muitas delas civis.
Muitos quisérom fugir do país e alcançar a península arábica. E muitos morrêrom na tentativa. Em 2001 morrem afogadas 86 pessoas quando tratavam de fugir em barco ao Iémene. A tripulaçom do barco atirou ao mar aos pobres viajantes, depois de cobrar-lhes umha cifra considerável pola passagem. O mesmo sucederá com umhas 130 pessoas dous anos mais tarde e com outra centena de pessoas em 2004. Em 2006 morrêrom na tentativa de alcançar Iémene umhas 300 pessoas, e outras 300 dérom-se por desaparecidas. Ao ano seguinte, som 800 os desaparecidos.
A partir de Dezembro de 2001 (há que lembrar que já se produziu o 11-S), produzem-se os primeiros voos de espionagem norte-americanos e o posicionamento da sua frota diante das costas somalis. EEUU di que o governo de Somália está infiltrado de agentes da o Qaeda e assim se fai impossível a reconstruçom do país. O governo somali só chega a controlar alguns bairros de Mogadiscio e algumhas zonas nos arredor da capital.
Sabe-se que grupos militares britânicos já estám no território somali. Em 2002 unem-se 6 navios da frota alemám aos labores de controlo diante das costas de Somália. Nom só é o pretexto do terrorismo internacional senom, sobretodo, o proteger o espolio dos bancos de pesca que estám a fazer as frotas pesqueiras ocidentais, ao que se oponhem os pescadores somalis qualificados de "piratas" polos médios de comunicaçom.
O ano 2005 é o ano do tsunami, que em Somália produz 300 mortos, outros tantos desaparecidos e 5.000 deslocados. O tsunami pom ao descoberto umha realidade trágica. Somália é um vertedouro de resíduos tóxicos e nucleares das grandes potências ocidentais.
Os tribunais islâmicos, 2006
Em Junho de 2006, trás fortes combates com várias centenas de mortos, os islamitas da Uniom de Tribunais Islâmicos fam-se donos da capital, com Sharif Sheikh Ahmed à frente. Os Tribunais Islâmicos tenhem como base social a clérigos islâmicos, juristas, trabalhadores, forças de segurança e comerciantes.
Mogadiscio era um ninho de trânsito de armas e drogas a cargo dos chefes dos clans; todos eles luitavam - financiados polos EEUU com 150.000 dólares ao mês- contra os islamitas. Com este dinheiro, podiam comprar armas em Emiratos Árabes Unidos, Etiópia e Iémene.
Os Tribunais Islâmicos (ICU) vam criando o que parece ser um Estado unificado e em paz, como se evidência em opinions da mais variada procedência:
"Pudem comprovar que, naquelas zonas controladas polos tribunais, asseguraram a ordem; há menos pontos de controlo onde os mercenários extorsionam aos civis; desceu agressividade e já nom existe a arbitrariedade dos senhores da guerra", di Josep Prior, coordenador de Médicos sem Fronteiras-Espanha (MSF) em Somália. "Progressivamente mas em pouco tempo a ICU alcançou levar a lei e ordem a todo o país, eliminaram as drogas e as armas das ruas, fizêrom acessíveis os serviços básicos de atençom sanitária e educaçom, achegaram estabilidade à sociedade civil, limpou-se a cidade, os portos marítimos e os aeroportos voltárom abrir para o trânsito comercial, etc. (5)
Amina Mire, membro eminente da diáspora somali reconhece que: "muitos somalis que nom som religiosos vírom como a sua segurança melhorava baixo a direcçom dos Tribunais Islâmicos. Queremos dar-lhes a estes tribunais o tempo necessário para limpar as ruas de violência. Depois de restabelecer a ordem, estes tribunais puderam progressivamente modernizar as suas interpretaçons e aplicaçons das leis islâmicas. umha grande parte dos somalis que vivem no estrangeiro estavam dispostos a voltar ao país umha vez que a paz e a segurança fossem restabelecidas. " (6)
?Instalou-se umha extensa rede de programas e centros de segurança social, clínicas sanitárias, cozinhas colectivas e escolas primárias para atender a grande número de refugiados, camponeses deslocados e pobres urbanos. Estas actuaçons aumentaram o apoio popular aos ICU.? (7)
"Nom devemos esquecer que os assim chamados islamitas criaram um sentido de estabilidade em Somália e promoveram a educaçom e outros serviços sociais, enquanto que os senhores da guerra mutilavam e assassinavam a civis inocentes," declarou Ted Dagne, especialista no Corno da África do Serviço de Investigaçons do Congresso (8)
Em poucas semanas, os islamitas tomam as principais cidades do país. Imediatamente, uns 300 soldados etíopes cruzam a fronteira para impedir o avanço dos Tribunais Islâmicos. A seguir, em Julho de 2006, som 8.000 os soldados etíopes que chegam a Baidoa, sede do governo de transiçom, a 245 km ao NO de Mogadiscio. Pouco depois, os soldados etíopes em Somália chegárom aos 15.000 efectivos.
Forma-se um novo governo em Baidoa, com um ex-marine norte-americano como ministro do Interior. Em Dezembro de 2006, a ofensiva das tropas etíopes derrota aos islamitas, que ham de abandonar Mogadiscio. A Cruz Vermelha denúncia que há milhares de deslocados, por causa dos combates.
?Washington assegurou que umha resoluçom do Conselho de Segurança de Naçons Unidas reconhecesse o diminuto enclave do senhor da guerra de Baidoa como governo legítimo. Isto levou a cabo apesar do feito de que toda a existência do TFG [governo de transiçom] dependia de um contingente de vários centos de mercenários etíopes financiados polos EEUU. Como as tropas do ICU [islamitas] deslocaram para o oeste para desalojar a Yusuf do seu posto fronteiriço -que compreendia menos de 5% do país-, os EEUU aumentaram o seu financiamento ao regime ditatorial de Meles Zenawi em Etiópia para que invadisse Somália.?(9)
?A maior parte de jornalistas, expertos e observadores independentes reconhecem que sem a presença de um apoio (exterior), principalmente a presença de ao menos 10.000 mercenários africanos ('mantedores da paz') financiados por EEUU e a UE, o regime de Yusuf afunda-se em questom de dias, quando nom de horas. Washington conta com umha coligaçom informal de clientes africanos -umha espécie de 'Associaçom de Homens de Palha Subsaarianos' (ASS, nas suas siglas em ínglés)- para reprimir o descontentamento maciço da populaçom somali e impedir o retorno dos Tribunais Islâmicos populares. As Naçons Unidas declarárom que nom enviariam um exército de ocupaçom até que os contingentes militares da 'ASS' da Organizaçom para a Unidade Africana houvessem 'pacificado' o país.? (10)
2006-2011, o caos total
Mas a derrota dos islamitas nom acala o protesto popular contra os invasores etíopes. Em Janeiro de 2007 produzem-se fortes mobilizaçons na capital contra a presença dessas tropas. Logo se renovam os combates armados entre islamitas e etíopes; em Março morrem mais de 1.000 pessoas em Mogadiscio e 1.400.000 (a metade da populaçom) abandonaram a cidade. Em Abril morrem em Mogadiscio umhas 300 pessoas nos combates; muitos cadáveres apodrecem polas ruas.
Por sua parte, os EEUU iniciam umha série de bombardeios, sobretodo no sul do país, com o pretexto de matar os terroristas da o Qaeda. No mês de Janeiro de 2007 e durante 5 dias seguidos, os EEUU atiram as suas bombas na zona produzindo umha centena de mortos civis.
?Em dezasseis anos de governo anárquico dos senhores da guerra, a denominada 'Comunidade Internacional' nom mostrou nunca interesse algum por intervir em Somália. Contodo, precisamente umha vez que os tribunais islâmicos alcançaram impor ordem e estabilidade, viram como o Conselho de Segurança de Naçons Unidas, em Novembro do ano passado e sob instigaçom estadounidense, votava a resoluçom 1752, que abria a porta à intervençom etíope que lhes levava de novo o terror e a anarquia dos que acabavam de se liberar.? (11)
Em Março de 2007 chegam a Mogadiscio tropas ugandesas, uns 1.500 soldados (ainda que a Uniom Africana tem previsto enviar 8.000 efectivos), com o intuito de substituir às tropas etíopes, às que a populaçom somali odeia profundamente. Os motivos deste odeio explica-os um funcionário da Uniom Europeia, que declarava ao chefe da delegaçom europeia para Somália que ?forças militares etíopes e somalis nesse país podem cometer crimes de guerra e que os países doadores poderiam ser considerados cúmplices se nom fam nada por detê-las. Tenho informar-lhe que existem motivos concretos para achar que o governo etíope e o governo federal transitório de Somália e o comandante da Força (de manutençom da paz) da Uniom Africana, possivelmente também incluindo ao Chefe de Missom da Uniom Africana e outros funcionários da Uniom Africana ham, mediante comissom ou omissom, violado o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional,? (12)
Um relatório do Escritório de Coordenaçom de Assuntos Humanitários da ONU assinala uns meses mais tarde que "o TFG e as forças etíopes ham levado a cabo rastejamentos casa por casa e detençons arbitrárias. Chegaram-nos relatórios de civis rodeados e executados, incluídos casos de homens aos que se lhes degolou como castigo colectivo", sublinha. "Estes actos barbáricos som umha grave violaçom do Direito Internacional Humanitário". (13)
Em Maio de 2008 um relatório de Amnistia Internacional indica que "as execuçons extra-judiciais de civis a maos de soldados etíopes cresceram de forma marcada" (14). Também se recolhe o testemunho de umha mulher violada trás tirar-lhe os olhos ao seu irmao, de violaçons em série e mortos degolados. Michelhe Kagari, subdirectora do Programa Regional para a África de Amnistia Internacional assinala que ?em Somália, a populaçom sofre homicídios, violaçons e torturas; os saqueios som um fenómeno generalizado, e destroem-se vizinhanças inteiras? (15). Amnistia Internacional insiste nos seus escritos em que os etíopes ?matam como a cabras? à populaçom civil somali e documenta numerosos casos de assassinatos de somalis polas tropas etíopes, como o de que ?soldados etíopes lhe talhárom a garganta a umha criança pequena diante da sua mae?.
entante especial de Naçons Unidas para Somália, Ahmedou Ould Abdalá, declarará mais tarde que "está em curso um genocídio sem nome e ignorado, que está a sacrificar umha geraçom inteira". (16)
A finais de 2007, Mogadiscio é tam só um campo de batalha: "Milhares de pessoas estám a fugir. A situaçom é desesperada para os civis, devido a que ambos os bandos utilizam artilharia de maneira indiscriminada, tal como sucedeu durante os encarnizados combates de Março passado (...) umha multidom irritada incendiou a esquadra de Hawlwadag, depois que os milicianos islâmicos capturassem-na e liberassem aos presos", assinala umha testemunha presencial. (17)
"Seis dos 17 distritos estám praticamente desertos devido à insegurança e as evacuaçons forçadas. A destruiçom de casas e infra-estrutura é quase total", segundo o Escritório de Coordenaçom de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA). (18)
O ano 2008 conhece importantes avanços islamitas, com a tomada de algumhas cidades importantes. Os EEUU seguem com os seus bombardeios sobre populaçom civil: um jornalista de AP recolhe este testemunho de umha criança de 13 anos: "O ataque estadounidense matou o meu irmao, a minha irmá e a minha avó. Somos refugiados e fugimos de Mogadiscio. Desde quando nos convertemos em terroristas?" (19). Produzem-se várias manifestaçons contra os bombardeios aos berros de "Abaixo o governo de Bush" e "Abaixo os seus fantoches".
A finais de 2008 a situaçom fai-se insustentável. Um relatório de Humhan Rights Watch di que ?Dous anos de guerra sem restriçons e de violentos abusos dos direitos humanos tenhem contribuído a gerar umha crise humanitária que piora cada dia e que nom recebe as respostas adequadas. Desde Janeiro de 2007, ao menos 870.000 civis escapárom do caos tam só de Mogadiscio, as duas terceiras partes da populaçom da cidade? As necessidades humanitárias de Somália som enormes. As organizaçons humanitárias estimam que mais de 3,25 milhons de somalis -por volta de 40% da populaçom do centro e do sul de Somália- encontravam-se já em situaçom de desesperada necessidade a finais de 2008... As milícias, que campam sem render contas a ninguém, roubárom, tenhem assassinado e violado às pessoas deslocadas nas estradas do sul que vam para Kenia. Centos de somalis afogárom-se neste ano em tentativas desesperados de cruzar em lancha o Golfo de Aden para chegar a Iémene. (20)
Em Janeiro de 2009 retiram-se as forças etíopes, e som substituídos por soldados de Uganda e Burundi. EEUU segue armando ao governo somali: desde a toma do poder por Obama, recebêrom-se 80 milhons de toneladas em armas, apesar de que os proíbem os acordos internacionais.
Em Maio os islamitas controlam 60% de Mogadiscio. O governo só controla umha mínima parte da capital, e isso graças à forças estrangeiras. Em meados de 2011, no meio da maior crise humanitária, os EEUU renovam os bombardeios com avions nom tripulados. Na actualidade, superou-se o milhom de mortos em conseqüência dos confrontos armados desde 1990.
(5) GUERRA Y EXPOLIO: EL TERRORISMO COMO EXCUSA Y LA AYUDA HUMANITARIA COMO CAMUFLAJE-21/2/2007 REBELION, ESPAÑA 210207 Alfredo Embid -Boletín armas contra las guerras nº 142