CANTA O MERLO: Somália, o outro genocídio ianqui - NOM É A SECA, É O IMPERALISMO (e IV)

22-08-2011

  23:18:17, por Corral   , 2403 palavras  
Categorias: Ensaio

CANTA O MERLO: Somália, o outro genocídio ianqui - NOM É A SECA, É O IMPERALISMO (e IV)

Miguel Giribets
Rebelión

As crises humanitárias

Desde os anos 80 -e especialmente desde os anos 90 do século passado- o sofrimento da populaçom somali nom cessa. A fame dura é já um mal crónico. Somália vive umha tragédia que dura já duas décadas polo mínimo.

Em Novembro de 1998, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), o país tinha 700.000 pessoas afectados de fame dura; houvo três más colheitas consecutivas e fortes inundaçons no sul polo desbordamento de dous rios. O país nom conta nem com um governo nem com umha infra-estrutura capaz de responder as catástrofes naturais. As conseqüências destas inundaçons fôrom umha epidemia de malária e diarreias hemorrágicas, com uns 1.500 mortos.

Em Janeiro de 2000, outra vez devido a inundaçons no sul o preço do sorgo, que é a base da alimentaçom da zona, disparou-se. Milhares de pessoas marcham para o norte buscando alimento.

Ao ano seguinte, segundo a ONU, 300.000 pessoas no sul do país estám em risco de grande fame devido à seca e à quebra económica do país. A ajuda internacional está com muitas dificuldades em chegar devido aos grupos tribais armados; houvo seqüestros e assassinatos do pessoal das organizaçons internacionais que levavam a ajuda humanitária, ademais de que muita ONG tenhem abandonado o país trás o 11S porque Somália ?é um refúgio de terroristas?, segundo os EEUU.

Em Setembro de 2004, segundo a ONU, chega-se ao milhom de pessoas em fame dura por causa da seca. As necessidades financeiras para dar para comer aos que nada tenhem calculam-se em 119 milhons de dólares, mas tam só a ONU dispom de 35 milhons. A zona mais afectada é o norte e noroeste (Somaliland e Puntland); morrêrrom 80% dos camelos.

Em Fevereiro de 2005, outras 500.000 pessoas no sul nom tenhem reservas de alimentos devido à seca. A gente dispom do equivalente de 3 vasos diários por pessoa (20% da quantidade mínima recomendada pola ONU), e a temperatura supera os 40 graus. As crianças tenhem de beber os seus ourinhos. Muitos caminham até 70 km procurando poços subterrâneos. A morte dos gandos está na base da tragédia, pois priva de alimentos e leite aos somalis. A maioria da populaçom vive da gadaria.

2006 foi um ano de recuperaçom. Mas desde Ocidente nom podiam consentí-lo e botárom mao do Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA). ?O PMA começou a distribuir toda a ajuda de grao de anos para Somália justo no momento no que os camponeses somalis levavam as suas colheitas de grao ao mercado. Com milhares de toneladas de grao grátis disponível, aos camponeses somalis resultou-lhes quase impossível vender as suas colheitas e tiveram que se enfrontar ao desastre. (...) Depois, em 2007, justo quando a colheita de grao somali começava a chegar aos comprados locais, o PMA de novo distribuiu toda a sua ajuda de grao de anos, só que desta vez ali estava o exército etíope para proteger-lhe. Com umha seca de quatro anos que voltava afectar à maior parte de Somália, poder-se-ia dizer que o PMA ajudou a dar o tiro de graça à agricultura somali.? (21)

Em Maio de 2008, segundo a FAO, 2.6 milhons de pessoas necessitam ajuda, é 35% da populaçom; a cifra é um 40% superior à de Janeiro passado. O preço dos cereais é três vezes superior ao dos últimos 5 anos; importaçons de trigo e milho incrementaram-se 375% no último ano, perto de 60% do consumo de cereais tenhem-no que importar normalmente; a moeda haver depreciado 125% nos últimos 4 meses, o que encarece as importaçons. A FAO necessita 18.500.000 dólares; só recolheu 3.789.000 dólares.

Em 2009 há 200.000 crianças desnutridos, dos que 60.000 estám em perigo de morte. Em Março de 2010, 40% da populaçom depende já da ajuda humanitária, mas sabe-se que a metade da ajuda alimentaria da ONU nom chega ao seu destino devido sobretodo ao boicote dos EEUU e às tramas de corrupçom formados por grupos locais ou funcionários da ONU. Por exemplo, é muito suspeito que 80% dos contratos de transporte da ONU fagam-se com 3 contratistas somalis unicamente. A ONU confessa que só poderá alimentar a 2.5 milhons de pessoas, o que nom chega a cobrir nem a metade das necessidades.

Como observamos, os EEUU som os grandes culpaáveis do grande fracasso da ajuda humanitária. Os norte-americanos imponhem condiçons ridículas (por exemplo, nom pagar taxas no trajecto) que impossibilitam o compartimento da ajuda e fai dos alimentos umha arma de guerra para condenar à fame às zonas -que som a maioria do país- que apoiam aos combatentes islamitas do Shahab, o braço armado dos Tribunais Islâmicos. Em Fevereiro de 2010, o New York Times publicou um titular: ?Funcionários da ONU atacam a EE.UU. por reter a ajuda para Somália? (22). Em 2009 a ajuda financeira dos EEUU foi a metade da de 2008. ?Quando o representante das Naçons Unidas Mark Bowden queixou-se aos funcionários em Washington de que estavam a reter os alimentos que deviam chegar a Somália, contestou-se-lhe: Isso vai mais ali das nossas possibilidades. O que significa que as ordens chegam desde bem mais arriba, provavelmente da Embaixadora estadounidense ante a ONU, Susan Frise, a acolita mais destacada do governo estadounidense da ?intervençom militar humanitária?, umha doutrina que Frise haver digressionado até a obscenidade máxima no Corno da África.? (23)

produz-se um êxodo da populaçom para os acampamentos de refugiados em Kenia e Etiópia. Famílias inteiras, com crianças inclusive, chegam a estes acampamentos trás 20 dias de passeata. Muitas crianças morrêrom nas gáveas, nas beiras dos caminhos.

O acampamento de Médicos Sem Fronteiras em Dadaab, Kenia, recebe cada dia 1.400 pessoas. É o acampamento mais grande do mundo, mas está desbordado, pois tem umha capacidade para 90.000 pessoas e alberga a umhas 400.000; a mal-nutriçom e a mortalidade infantil som muito altas nos campos; 40% das crianças do campo padece mal-nutriçom. Dam-se 3 litros de água por pessoa e dia, quando o mínimo é de 20 litros; há um mercado negro de água. Só há barracas de campanha para o 20% dos refugiados. Outros acampamentos em Kenia e Etiópia estám igualmente desbordados. Segundo a ONU, 3 milhons de somalis vivem deslocados.

Mais de cem mil pessoas chegárom a Mogadiscio buscando algo que comer. Aos problemas alimentícios há que acrescentar que a capital é cenário de confrontos armados: ?a situaçom aqui é ainda mais crítica porque já nom só tenhem que lutar pola seca e a fame senom também pola insegurança (,,,) Nos bairros que visitamos nom somente havia casas desfeitas, ruas despedaçadas, senom que ainda há confrontos e ainda há bombas" (24).

Di-se que é a pior seca em 60 anos e afecta a todo o Corno de África. 70% do gando morreu. Com sorte, recolhêrom-se a metade das colheitas; isso é tremendamente grave, se temos em conta que só 2% do chao somali é cultivável. Teme-se que a seca deixe a um milhom de crianças desnutridas em toda a regiom. E o preço dos alimentos nom se detém: o preço do leite triplicou-se nuns meses; o preço do sorgo elevou-se em 240% num ano; Segundo fontes da ONU, o preço dos cereais subiu num ano entre um 110 e 375%.

10% das crianças está em risco de morrer por inaniçom; há zonas com 11% de crianças com desnutriçom severa. Segundo a ONU, uns 29.000 crianças morreram de fame no últimos três meses. umha mulher somali, Joice Karambu, mae de umha meninha chamada Elisabeth declara à imprensa: ?No nosso povo já nom há nada de que comer. Nada de chuva, nada de colheitas: já nom temos suficiente comida. Tento vender um pouco de lenha que recolho mas nom é suficiente. Há algumhas semanas, Elisabeth começou a perder muito peso. Mire-a: tem dous anos e pesa seis quilos: é o peso de umha criança de seis meses!? (25). Na zona sul a desnutriçom aguda afecta a 50% das crianças; segundo Unicef uns 780.000 crianças poderiam morrer de fame.

Somália necessita 1.060 milhons de dólares, mas só chegaram ou coida-se que chegárom uns 429 milhons. O colmo do cinismo é que EEUU se comprometeu em 45 milhons de dólares para armas aos ugandeses e burundíes que mantenhem ao governo fantoche de Mogadiscio; e o como dos colmos é que, se miramos a um mapa de África, enquanto em Somália morrem de fame, um pouco mais arriba e à esquerda os EEUU e a NATO estám a malgastar milhons de dólares cada dia em massacrar ao povo líbio.

O que tsunami saco à luz

O tsunami de há uns anos desenterrou a tragédia: confirmava-se que Somália era um vertedouro mundial de resíduos nucleares. ?O tsunami nom só deixara nas costas de Somália refugalhos normais senom também nucleares. Muitas pessoas das zonas afectadas polo tsunami padecem problemas extraordinários de saúde. Segundo o informa de UNEP, trata-se de infecçons agudas das vias respiratórias, hemorragias intestinais, reacçons ?químicas? atípicas da pele e mortes repentinas.? (26)

A partir dos anos 90 do século passado, quando Somália ficou sem governo central, ?chegavam misteriosamente navios europeus à costa de Somália, vertendo enormes barris no oceano. A populaçom da costa começava a enfermar. Ao princípio, padeceram estranhas erupçons, náusea, e nascêrom crianças mal-formados. Entom, depois do tsunami de 2005, centos destes barris vertidos e com fugas terminaram na beira. A gente começou a enfermar da radiaçom, e mais de 300 pessoas morreram. Ahmedou Ould-Abdalhah, o enviado de Naçons Unidas a Somália, declara: ?Alguém está vertendo material nuclear aqui. Também há chumbo, e materiais pesados, tais como cádmio e mercúrio -ou seja, de todo-.? Pode-se seguir o seu rasto até os hospitais e as fábricas europeus, e entrega à máfia italiana para que esta se desfaga disso da maneira menos custosa. Quando perguntei a Ould-Abdalhah que faziam os governos italianos para combater isto, dixo com um suspiro: ?Nada. Nem se limpou, nem houvo compensaçom nem prevençom.? (27)

?Na página 134 de um relatório da UNEP, cujo título em alemám reza «Nach dem Tsunami-Erste Umwelteinschätzungen» (Depois do tsunami estimaçons para o medio-ambientee), di-se que Somália é um dos numerosos países sub-desenvoltos que desde os anos oitenta recebeu inumeráveis carregamentoss de resíduos nucleares e outros refugalhos tóxicos e armazenárom-se ao longo da costa. Contárom-se, entre outros, urânio, cádmio, chumbo e mercúrio.? (...)? Ilaria Alpi e Miram Hrovatin, dous jornalistas italianos, tentárom pesquisar algo mais de tais negócios. O 18 de Março de 1994 chegárom à cidade somali de Bosasso, entrevistárom a um funcionário local e o 20 de Março desse mesmo ano, tam só umhas horas antes de que pudessem enviar telefonicamente o seu relatório à RAI , foram assassinados em plena rua em Mogadiscio por um comando assassino.? (28)

A armazenagem de resíduos tóxicos costa na Europa a 250 dólares a tonelada; em África só conta 2,5 dólares, menos cem vezes. Desta maneira, 40% da populaçom padece algum tipo de cancro.

A pirataria: os verdadeiros piratas som as frotas pesqueiras ocidentais

Somália tem 3.000 km de costa e grandes bancos de pesca. Uns 300.000 barcos navegam estas águas anualmente.

Muito se fala da pirataria em Somália. Mas há que ver quem som os verdadeiros piratas. O director do Programa de Assistência Marítima da África do Leste, Andrew Mwangura, acerta no alvo quando di que "os verdadeiros piratas som homens de negócios, grandes quenlhas que se dedicam ao trânsito ilegal de armas, de humanos, que se lucram com a pesca ilegal e com a vertedura de resíduos na costa somali, e que tenhem gabinetes em Nairobi, Mombassa, Londres e Dubai" (29).

explicá-lo.

Quer-se-nos fazer acreditar que a costa somali está cheia de piratas-pescadores à espreita das frotas pesqueiras dos países ocidentais que andam pola zona. Segundo o relatório do Grupo de Trabalho de Alta Mar (HSTF, em inglês): podemos afirmar o seguinte:

- Que a riqueza pesqueira de Somália está a ser saqueada polas frotas pesqueiras dos países mais desenvolvidos.

- Que os países ricos estám vertendo lixo tóxico na costa somali.

- Que, a modo de exemplo, em 2005, mais de 800 barcos pesqueiros operavam em águas somalis.

- Que estas frotas pesqueiras estrangeiras roubam a Somália umha riqueza pesqueira que se pode avaliar em 450 milhons de dólares anuais.

- Que todo isso é possível graças à inexistência de um aparelho de Estado em Somália desde fai um par de décadas.


A origem da ?pirataria? somali som os próprios pescadores, que antes de morrer de fame, atacavam às frotas estrangeiras que roubavam a riqueza piscícola do país. Um destes ?piratas?, Sugule Ali, declarou à imprensa ocidental que ?nom nos consideramos bandidos do mar. Consideramos que os bandidos do mar [som] quem pescam ilegalmente e descargam lixo, e portamos armas mas nos nossos mares? (30). Mais adiante, apareceram grupos mafiosos que realmente só buscam o dinheiro do resgate (com a cumplicidade de conhecidos grupos financeiros em Gram-Bretanha, por exemplo), mas a origem e a maior parte desta luita é absolutamente justa.

A ONU nom fixo outra cousa que instar às grandes potências a intervir para ?defender-se dos piratas?, abençoando o saqueio das riquezas somalis. ?Um dos dirigentes piratas, Sugule Ali, dixo que o seu propósito era ?parar a pesca ilegal e verteduras nas nossas águas... Nom nos consideramos bandidos dos mares. Os bandidos som aqueles que pescam, vertem resíduos e levam armas nos nossos mares.? (31)

A outra cara do tema é que grupos mafiosos estám a utilizar a crise simplesmente para se lucrar. ?Por umha vez, [The Times] dá conta de algo que quase nunca se menciona em qualquer história sobre Somália, nem nos muito escassos artigos sobre o conflito em sim mesmo, nem nas bem mais numerosas histórias sobre pirataria e os seus efeitos na navegaçom comercial (um assunto demais importância que as vidas de 10.000 seres humanos inocentes, por suposto): de que os principais patrocinadores e financiadores das bandas de piratas ?estám vencelhados com o governo vantagem-ocidental do país. (32)? O dinheiro dos resgates dos piratas é branqueado por grupos financeiros em Dubai e Emiratos Árabes, Nairobi e Mombasa; os resgates pagam-se em gabinetes em Londres. O negócio pode ser de 60 milhons de euros anuais.

(21) EL PROGRAMA MUNDIAL DE ALIMENTOS EN SOMALIA ¿ÁNGEL MISERICORDIOSO O ÁNGEL DE LA MUERTE?-REBELION, ESPAÑA 040811 Thomas Mountain ?Counterpounch -

(22) EE.UU. Y ETIOPIA MATAN DE HAMBRE A LOS SOMALÍES-25/7/2011 REBELION, ESPAÑA 250711 Glen Ford -Global Research .

(23) ESTADOS UNIDOS EMPRENDE UNA GUERRA DE HAMBRE CONTRA SOMALIA-10/3/2010 REBELION, ESPAÑA 100310 Glen Ford -Black Agenda Report

(24) MILES DE PERSONAS SE DESPLAZAN A MOGADISCIOEN BUSCA DE AYUDA HUMANITARIA-TELESUR, VENEZUELA 090811

(25) LOS REFUGIADOS SOMALÍES VAN DE UN DESIERTO A OTRO-REBELION, ESPAÑA 310711 Guinguibali.

(26) EL 40% DE LA POBLACIÓN PADECE CÁNCER-22/10/2008 REBELION, ESPAÑA 221008 -Vladislav Marjanovic ?Talaxcala

(27) NOS MIENTEN SOBRE LOS PIRATAS-22/4/2009 REBELIÓN, ESPAÑA 220409Johann Hari -Global Research

(28) EL 40% DE LA POBLACIÓN PADECE CÁNCER-22/10/2008 REBELION, ESPAÑA 221008 -Vladislav Marjanovic ?Talaxcala.

(29) los verdaderos piratas no están en somalia, sino en despachos de nairobi, londres y dubai'";"el mundo, españa 101208 joana socías.

(30) NOS MIENTEN SOBRE LOS PIRATAS-22/4/2009 REBELIÓN, ESPAÑA 220409Johann Hari -Global Research

(31) NOS MIENTEN SOBRE LOS PIRATAS-22/4/2009 REBELIÓN, ESPAÑA 220409Johann Hari -Global Research

(32) EEUU BUSCA CONVERTIR SOMALIA EN UNA TIERRA SIN LEY-24/12/2008 REBELION, ESPAÑA 241208 Chris Floyd- Global Research

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