Jesús Gellida
Rebeliom
Mais umha vez o governo do Estado mente e situa-se a favor da banca e dos seus interesses à conta de seguir empobrecendo à imensa maioria da populaçom.
Mas, a quem lhe surpreende? Em pouco mais de cinco meses subírom os impostos, aprovárom umha amnistia fiscal, impusêrom umha reforma laboral muito agressiva contra os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras (1), recortárom os orçamentos em sanidade, educaçom, serviços sociais, investigaçom, reduziram o gasto em investimento público, etc. De todo isto nada dizia o seu programa eleitoral. Mas, e que? a quem lhe surpreende? Que se esperava deste governo?
Assim, temos um contexto no qual ao mesmo tempo que se impom recortes em direitos sociais e laborais dom-se toda umha série de ajudas multi-milionárias ao sector financeiro, chegando ao passado sábado 9 de Junho quando se fai pública a necessidade de um primeiro resgate de até 100.000 milhões de euros para a banca espanhola (2). Mas, o governo continua mentindo dizendo que este resgate nom é tal senom que é um empréstimo em condições muito favoráveis e que só afectará à banca. Isto nom é assim posto que o receptor deste dinheiro será o Fundo de Reestruturaçom Ordenada Bancária (FRO, um organismo público que desembolsará o dinheiro às entidades financeiras com problemas, o qual implicará um novo aumento da dívida pública espanhola de até 10% do PIB e que os interesses pagos computem como gasto a efeitos de deficit. Assim mesmo o comunicado do Euro-grupo deixa claro que é o Estado o que assinará o Memorándum de Entendimento onde se fixam as condições do resgate e que, portanto, será o Estado ele responsável por devolver estas ajudas se o sector financeiro espanhol nom é capaz de reembolsar os recursos recebidos através do FROB. À vez, o ministro de economia alemám anunciou que a troika formada pola Comissom Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu controlará a reestruturaçom da banca do Estado espanhol e, como era de esperar, já se fixo público que o resgate estará estreitamente vinculado ao cumprimento do Pacto de Estabilidade.
Mas, alguém pode-se achar que este resgate nom implicou e implicará mais recortes? Há que lembrar que o passado dia 30 de Maio a Comissom Europeia fazia umha série de "recomendaçoes" para o Estado espanhol, onde entre outros assuntos advertia que as potenciais operações de resgate financeiro para o país podem supor um risco para o deficit, actualmente em 8,9% do PIB . Assim mesmo, o objectivo do deficit que marca a Uniom Europeia através do Pacto de Estabilidade é de 3% para o 2013, mas este poderia alargar-se num ano para Estados com dificuldades (como o espanhol) com a condiçom de que se aprofunde nestas "recomendaçoes" da Comissom (3), é dizer, mais recortes em direitos sociais e laborais. Neste ponto é importantíssimo fazer mençom a que durante o verao de 2011 o governo do PSOE com o apoio do PP modificou de forma urgente a constituiçom espanhola para introduzir a limitaçom do deficit e, portanto, restringir o gasto público (o qual inclui o gasto público social). Assim pois, o Estado garante os interesses da banca a expensas do gasto público, é dizer, socializar as perdas do sector financeiro.
Contodo isto, temos um panorama no que continuárom as reformas estruturais em nome da reduçom e controlo do deficit, reformas que nom som outra cousa que mais recortes e retrocessos em direitos e prestações sociais conquistados historicamente, que à vez trarám umha agravaçom da pobreza e das desigualdades sociais (4). Neste sentido há que dizer que esta situaçom beneficia e muito a umha classe social muito concreta que está a utilizar esta crise para conseguir o que sempre pretendeu, a privatizaçom da maioria de serviços públicos que podam ser rendíveis, a socializaçom das suas possíveis perdas e o descendo dos salários e da protecçom social, é dizer, umha transferência das rendas do trabalho ao capital maciças.
Assim pois, há que fazer muita pedagogia política para consciencializar à maioria da populaçom de que o que esta passando nom é umha crise, senom umha estafa, um saque que nos leva às classes populares e trabalhadoras à ruína. Portanto, temos que reagir, tomar consciência e perder o medo, para assim organizar-nos e mobilizar-nos de forma maciça e continua exigindo, entre outras medidas, umha verdadeira banca pública baixo um estrito controlo social, à vez que expondo alternativas (5) ao sistema.
Notas:
(1) Ver o artigo "A última reforma laboral: um ataque frontal à classe trabalhadora" .
(2) O Banco de Espanha estima que o sistema bancário do Estado tem activos tóxicos por umha soma de 176.000 milhões de euros.
(3) Subida do IVE, aceleraçom no atraso da idade de jubilaçom, controlo do gasto nas comunidades ou endurecimento das prestações por desocupaçom, etc.
(4) Ver o artigo "O empobrecimento contínuo da maioria da sociedade" .
(5) Ver as alternativas que se expom no último parágrafo do artigo sobre o 12M15M.
Blog do autor: http://jgellida.blogspot.com/
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