CANTA O MERLO: Soluções que se afastem do poder popular servem o capital

15-06-2012

  21:42:06, por Corral   , 1342 palavras  
Categorias: Dezires

CANTA O MERLO: Soluções que se afastem do poder popular servem o capital

por Elisseos Vagenas [*

http://pt.kke.gr/news/news2012/2012-06-12-synentefxi/

1. Os resultados das eleições demonstram que o sistema dos dois partidos acabou. Que desenvolvimentos levaram a isto e o que nos mostram os equilíbrios políticos de hoje?

Resposta: O resultado demonstra que eles procuram fazer um esforço de cirurgia cosmética no sistema de dois partidos. Eles reapresentaram velhos dilemas chantagistas aos trabalhadores num novo "pacote". A classe burguesa, a fim de manter o seu poder procura livrar-se ou dar papéis secundários à maior parte dos partidos e figuras políticas já gastas. Ela está a preparar uma reestruturação do cenário político, devido aos danos sofridos pelos partidos burgueses básicos, o social-democrata PASOK e o conservador ND. Há uma tentativa para formar um pólo centro-direita em torno do ND e um pólo centro-esquerda em torno do social-democrata SYRIZA. A tentativa de reduzir a força eleitoral do KKE faz parte deste plano.

2. O que argumentou e propôs o KKE nas eleições? Qual era a sua linha geral e o que ele diz hoje?

Nas eleições de 6 de Maio o KKE promoveu amplamente a sua proposta política a qual destaca que a classe trabalhadora tem necessidade do poder popular sobre a economia, com desligamento da UE e cancelamento unilateral da dívida, com a socialização dos meios de produção concentrados, as cooperativas de produtores, planeamento à escala nacional para a plena utilização do potencial de produção do país, com controle da classe trabalhadora e do povo o qual operará de baixo para cima.

3. Os partidos do poder perderam muitos votos. A indignação foi expressa através de partidos que não tomaram uma posição frontal contra a Troika, a UE, o FMI, enquanto o KKE está todos os dias no meio das lutas, ao lado dos trabalhadores, desempregados, auto-empregados, etc. Por que o KKE não recebeu um resultado correspondente?

O KKE teve um pequeno aumento nesta eleição. Especificamente, recebeu 536.072 votos ou 8,5%, ou seja, +18.812 votos ou +1%. O KKE elegeu 26 deputados (dos 300 no Parlamento), 5 mais do que tinha anteriormente. Nos bairros da classe trabalhadora o KKE recebeu quase o dobro da sua percentagem média. Na verdade em uma das 56 regiões eleitorais (Samos-Ikaria) o KKE ficou em primeiro lugar com 24,7%. Deveria ser observado que 8,5% é a mais alta percentagem do partido em eleições parlamentares nos últimos 27 anos, desde 1985.

O KKE não tem ilusões parlamentares no sentido de que não espera aumentar gradualmente os seus votos até um dia em que terá uma maioria no parlamento e formará um governo "comunista". Estamos a lutar pelo socialismo-comunismo e se isto pudesse ocorrer através de eleições burguesas então a classe burguesa já teria abolido eleições.

Deste ponto de vista é incorrecto comparar os resultados eleitorais do KKE com aqueles de uma formação social-democrata, tal como o SYRIZA.

Deveríamos recordar que dois anos e meio atrás o PASOK, o outro partido social-democrata, recebeu 44% dos votos ao passo que desta vez recebeu apenas 13%. Este declínio, o qual teve lugar em condições de fluidez política promoveu o SYRIZA, sua relação ideológica mais próxima.

4. O KKE argumenta que sem poder popular e socialização dos meios de produção, não pode ser formado um governo que esteja a favor dos trabalhadores. Hoje, quando as condições para esta direcção não existem, isto é, para o poder popular, o que propõe o KKE? Que exigências promove ele na situação de hoje?

Uma vez que o nosso país permanece ligado a uniões imperialistas, NATO e UE, e o poder pertence aos capitalistas, não pode haver nenhum governo a favor do povo. A posição do KKE é pela organização da luta dos trabalhadores, dos agricultores pobres, dos estratos populares baixos-médios contra as medidas anti-povo que serão tomadas pelo governo (seja centro-direita ou centro-esquerda). Acreditamos que através desta luta forças serão libertadas da ideologia burguesa e será formada uma aliança social que colocará a questão do poder.

5. O que é o programa mínimo do KKE, o qual responda às exigências e lutas dos trabalhadores?

O KKE insiste e está firmemente orientado para a necessidade e oportunidade do socialismo. Ele considera que as pré-condições materiais para a criação da sociedade socialista-comunista existem. Além disso, tendo estudado a experiência histórica do movimento comunista grego e internacional, o KKE chegou à conclusão de que as visões respeitantes a uma "etapa intermediária" entre capitalismo e socialismo foram erradas. Na nossa opinião, esta avaliação não vingou em parte alguma!

O poder será ou um poder burguês ou o poder popular dos trabalhadores; não pode haver qualquer poder que tenha um carácter intermediário. Nesta base, o KKE hoje não combate por qualquer etapa intermediárias e portanto não tem programa mínimo. Naturalmente isto não significa que tenha apenas uma estratégia e não tácticas. As tácticas do KKE promovem a necessidade de congregar o povo trabalhador em torno de objectivos de luta, tanto para a defesa dos trabalhadores, do povo e dos direitos democráticos como para a satisfação das necessidades actuais do povo. Temos posições bem elaboradas e objectivos de luta para todos os problemas do povo. Contudo, declaramos abertamente que sob as condições do capitalismo quaisquer êxitos que o povo trabalhador possa obter serão temporários sem a aquisição do poder popular dos trabalhadores.

6. Como o descontentamento e indignação popular serão organizados pelo partido?

Os comunistas estão na vanguarda da luta em relação a todo problema que o povo enfrenta. Procuramos mobilizar os trabalhadores e os estratos populares pobres no caminho da luta através dos sindicatos, da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) o qual é pólo com orientação de classe nos sindicatos, bem como através de outras formas de organização, como os Comités Populares nos bairros.

7. O que são os dilemas que eles estão a colocar diante do povo e o que o partido tem a dizer acerca disto?

A classe burguesa e seus partidos colocam falsos dilemas antes das eleições a fim de aprisionar forças populares e impedi-las de se aproximarem do KKE. Mas não podemos explicar isto de um modo analítico devido à falta de espaço. Podemos abreviadamente mencionar um destes dilemas: "euro ou dracma?" Consideramos que isto é um falso dilema. Para começar, se a Grécia permanecer no euro ou não depende do desenvolvimento da crise capitalista no país e na Europa. Além disso, só a questão da divisa, sem o derrube do poder da classe burguesa, sem a socialização dos meios de produção básicos, o planeamento central da economia e o controle dos trabalhadores, não pode garantir uma vida melhor para os trabalhadores.

8. Qual é a linha política do partido em relação a alianças?

O KKE tem uma política de alianças a qual tem uma base social. Ele acredita numa aliança da classe trabalhadora, dos estratos populares na cidade e no campo que entrarão em conflito com os monopólios e o imperialismo. Esta aliança está a ser formada hoje através das respectivas mobilizações populares com a perspectiva de por em causa o pode dos monopólios.

9. Por que o KKE rejeitou o convite do SYRIZA para um governo de esquerda? Qual é o carácter de classe do SYNAPISMOS e que classes ele representa?

Acreditamos que um "governo de esquerda" seja incapaz de resolver os problemas do povo e, pelo contrário, irá piorá-los. Naturalmente isto não pode ser entendido por todo o povo trabalhador e outros estratos tais como os pequenos negociantes que estão a ser destruídos pela crise. O SYRIZA foi escolhido por uma parte da burguesia a qual o encara como a força básica num governo que fará o "trabalho sujo" da crise capitalista, que administrará uma possível bancarrota.

10. O que prevê para o após 17 de Junho?

Qualquer governo nas condições da crise capitalista, na estrutura do sistema capitalista, com o país aprisionado na UE e na NATO, tomará medidas anti-povo.

O KKE é um partido para todas as estações e demonstrou isso na sua história de 93 anos. No entanto, é importante frustrar os planos para o seu enfraquecimento nas eleições de Junho de modo a que possa desempenhar um papel importante no contra-ataque dos trabalhadores e do povo com toda a força possível.
12/Junho/2012

[*] Membro do CC e responsável da Secção Internacional do CC do KKE. Entrevista ao jornal turco Evrensel.

e-mail:cpg@int.kke.gr

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