CANTA O MERLO: Saiamos do euro para ceivar das amaralhas da miséria às classes trabalhadoras.

26-10-2012

  20:04:04, por Corral   , 660 palavras  
Categorias: Ensaio

CANTA O MERLO: Saiamos do euro para ceivar das amaralhas da miséria às classes trabalhadoras.

"Saiamos do euro para conduzir verdadeiras políticas de esquerda"
por Jacques Nikonoff [*]

http://resistir.info/ .

Os países que quiserem acabar com a hiper-austeridade e efectuar verdadeiras políticas de esquerda não têm outra opção senão mobilizar os cidadãos para sair do euro.

1. A zona euro não foi e nunca será uma "zona monetária óptima".

Cinco critérios sobre os quais concordam os economistas são necessários. Nenhum deles foi reunido na criação do euro e nem dez anos depois: acordo político (ampla convergência sobre as prioridades da política macroeconómica); estruturas económicas suficientemente próximas; diversificação da produção; mobilidade geográfica dos factores de produção; orçamento central importante e mecanismos de redistribuição.

2. O euro não cumpriu nenhuma das promessas feitas pelos seus defensores e nem as cumprirá mais no futuro.

Inflação e taxa de câmbio euro/dólar instável. O euro "forte" divide a Alemanha (que nele tem interesse) e os outros países (que procuram fazê-lo baixar). Não o conseguindo, eles esmagam os salários e o emprego, deslocalizam, transformam o euro em cilindro compressor da protecção social para serem "competitivos". Uma política monetária única é aplicada a situação nacionais diferentes. As taxas de juro vão do simples ao quíntuplo conforme os países. "Couraça" de papelão, o euro atrai a especulação pois está empenhado numa corrida desenfreada pela atracção de capitais. A união monetária devia desembocar na união política; na realidade verificou-se o inverso, por toda a parte as forças nacionalistas, xenófobas, racistas, de extrema-direita avançam na União Europeia (UE).

3. O euro confirma todas as taras que haviam sido denunciadas por aqueles que haviam defendido o "não" de esquerda à moeda única aquando do referendo sobre o tratado de Maastricht em 1992.

O euro não tinha uma vocação monetária, ele era um pretexto para forçar os Estados e constrangê-los a empenharem-se numa via federalista. Ele devia ser a peça central da "ditadura" dos mercados financeiros e da instauração de uma ordem monetária neoliberal. Com o Banco Central Europeu (BCE) escapando a todo controle democrático, o euro foi concebido como vector da aceleração da circulação do capital ao serviço exclusivo dos interesses das classe dirigentes.

As más "soluções".

Alguns querem um novo tratado para que, nomeadamente, o BCE compre directamente obrigações dos Estado. Isto não é crível, pelo menos num prazo breve. Pois para mudar os tratados é preciso obter o acordo dos vinte e sete. Como acreditar que estes países, dirigidos pela direita ou pela "esquerda" social-liberal, se transmutem brutalmente para conduzir uma política de esquerda à escala europeia quando conduzem políticas muito à direita nos seus respectivos países?

Não deixar a batalha pela saída do euro nas mãos da extrema-direita e dos gaullistas de direita.

A esquerda deve combater claramente e frontalmente a UE que faz parte dos pilares da ordem neoliberal mundial, da mesma forma como combate a NATO, o Banco Mundial, o FMI, a OMC e a OCDE. A saída do euro é uma reivindicação de esquerda que permite sair da ordem monetária neoliberal e repolitizar a política monetária. Ela é a sequência lógica dos combates de 1992 e 2005.

Se bem que a saída do euro seja a condição necessária para políticas de esquerda, ela não é suficiente.

Será preciso:

Anunciar o incumprimento de pagamentos e reestruturar a dívida.
Desvalorizar.
Financiar uma parte da dívida política pela política monetária.
Nacionalizar os bancos e as companhias de seguros.
Desmantelar os mercados financeiros especulativos, fechar os mercados obrigacionistas, organizar o enfraquecimento da bolsa.
Controlar os câmbios e os movimentos de capitais.
Lançar uma nova polícia económica fundada sobre o direito oponível ao emprego, medidas proteccionistas no quadro universalista da Carta de Havana, uma mutação ecológica do modo de produção.
Actuar para uma moeda comum.
Desobedecer à UE.

Um país que aplicasse este programa suscitaria o entusiasmo e um poderoso efeito de treino.

[*] Porta-voz do Movimento Político de Educação Popular (MPEP) e ex-presidente do Attac. Antigo adido financeiro em Nova York. Autor de "Sortons de l'euro, vite !", ed. Mille-et-une-nuits (princípio de Março 2011), ISBN 978-2-7555-0601-3.

O original encontra-se em reveilcommuniste.over-blog.fr/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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