QE, UMA MEDIDA DE DESESPERO E UM FRACASSO REENCENADO
A quantitative easing (QE) agora lançada pelo Banco Central Europeu é uma medida de desespêro. Há um par de anos atrás seria impensável que o sr. Mario Draghi se atrevesse a propor, ou sequer a falar nisso. Se o faz agora, é porque todos os outros remédios, receitas & mezinhas fracassaram. Mesmo analistas conservadores reconhecem-no sem rodeios. Wolfgang Münchau, escrevendo no Financial Times (19/Jan/15), considera que "Isto não vai ser uma versão preventiva do QE, mas uma versão pós-traumática. As expectativas inflacionárias afastaram-se do alvo faz tempo. A inflação é negativa. A economia da Eurozona está doente" (sic).
Em tempos normais, a injecção monetária pode ser um estímulo ao investimento produtivo, via concessão de crédito. Mas os tempos actuais não são normais. As taxas de juro estão baixíssimas mas o investimento é mínimo ? não por escassez de crédito, mas por falta de procura efectiva.
No caso de Portugal, Espanha, etc... a Formação Líquida de Capital Fixo é negativa. Isso significa que a capacidade produtiva do país não só não está a crescer como está mesmo a contrair. Diante disto, que sentido faz o BCE vir a comprar títulos da dívida pública dos países da Eurozona? Assim, tudo indica que os 500 mil milhões anunciados pelo sr. Draghi não resolverão a crise das economias reais da zona Euro ? apenas alimentarão bolhas nos mercados financeiros. O fracasso da QE nos EUA ? onde permitu o salvamento de bancos mas não o relançamento da actividade produtiva ? será agora reencenado na Europa.