Jews for Justice in the Middle East
ANTIGUIDADE
...
Antes da chegada dos Hebreus , cerca de 1800 AC, a terra de Canaan era ocupada pelos canaanitas.
"...Entre os anos 3.000 e 1.100 AC a civilização canaanita ocupou aquilo que é hoje Israel, a Cisjordânia, o Líbano e a maior parte da Siria e da Jordânia.
Aqueles que permaneceram nas colinas de Jerusalem (depois dos romanos terem expulsado os judeus no 2º século AC ) eram uma mescla de povos: agricultores e vinhateiros, pagãos e convertidos ao Cristianismo, descendentes de árabes, persas, samaritanos, gregos e velhas tribus canaanitas?.
In: ?Their Promised Land?, Marcia Kunstel e Joseph Albright.
Ascendência ancestral dos actuais ?palestinos?
??todos estes povos diversos vindos para a terra de Canaan eram acrescentos, enxertos da árvore mãe? e essa era a árvore canaanita. Os árabes invasores do sec. VII fizeram dos nativos muçulmanos convertidos, e com eles foram casando, com o resultado de que hoje se encontram de tal modo arabizados que é impossível dizer onde acabam os antigos canaanitas e começam os mais recentes árabes?.
In: ?Árabes e Judeus na Antiga Terra de Canaan?, Illene Beatty.
Os reinados judaicos foram apenas um de muitos períodos da antiga Palestina
Os extensos reinados de David e Salomão, nos quais os sionistas basearam as suas pretensões territoriais, resistiram apenas 73 anos? tendo-se desagregado logo depois?
(mesmo) se considerarmos de independência todo o período de vida dos antigos reinados judaicos, desde a conquista de Canaan por David em 1.000 AC até à expulsão de Judá em 585 AC, conclui-se que foi apenas de 414 anos o predomínio dos judeus??;
In: ?Árabes e Judeus na Antiga Terra de Canaan?, Illene Beatty.
Ainda a respeito da civilização canaanita recentes escavações arqueológicas forneceram provas de que Jerusalém já era uma grande cidade fortificada em 1.800 AC.
Os achados revelam que a existência prévia de um elaborado sistema de canalização de águas, até ao presente atribuído aos conquistadores israelitas, era anterior a eles cerca de oito séculos e era ainda mais elaborado do que se supunha.
O Dr. Ronny Reich que dirigiu as escavações, bem como Eli Shuicrun, disse que a totalidade do sistema tinha tido a concepção global dos canaanitas do período intermédio da Idade do Bronze, cerca de 1.800 AC.?
In: ?The Jewish Bulletin?, 31 de Julho de 1998.
Por quanto tempo foi a Palestina território árabe?
?...A Palestina tornou-se um território predominantemente árabe e islâmico por alturas do fim do século sétimo.
Quase imediatamente depois as suas fronteiras e as suas características ? incluindo o seu nome em árabe ?Filistina? ? tornaram-se conhecidos de todo mundo islâmico, tanto devido à sua fertilidade e beleza quanto ao seu significado religioso.
Em 1516 a Palestina tornou-se uma província do Império Otomano, mas isso não diminuiu em nada a fertilidade das suas terras, ou a condição árabe ou islâmica dos seus habitantes, sessenta por cento dos quais se dedicava à agricultura, encontrando-se no geral divididos entre habitantes de localidades e pequenos grupos nómadas.
Todos porém se consideravam pertencer à Palestina, muito embora fizessem parte integrante da grande nação Árabe.
Apesar da chegada regular à Palestina de colonos judeus depois de 1882, é importante notar-se que nunca tinha havido ali, até poucas semanas antes da constituição de Israel na primavera de 1948, nada a não ser uma esmagadora maioria de árabes.
Por exemplo, a população judaica em 1931 era de 174.606 num total de 1.033.314...?
In: ?The Question of Palestina?, Edward Said.
Como funcionava na Palestina a propriedade tradicional da terra, e quando é que se transformou
?...O Código Otomano da Terra? de 1858 requeria o registo das propriedades rústicas em nome individual do seu proprietário, o que maioritariamente nunca tinha sido feito antes, sendo vigentes as normas tradicionais de posse da terra, na área das colinas da Palestina (ou ?masha?as?) ou em versão comunitária.
A nova lei implicava que, pela primeira vez, um camponês poderia ser privado não da titularidade da sua terra, de que aliás não havia disfrutado antes, mas sim do direito de nela habitar, cultivar e transmitir aos seus herdeiros, coisa inalienável até então.
De acordo com a Lei de 1858 os direitos comunitários ao uso da terra foram frequentemente ignorados. Em vez disso, os membros das classes privilegiadas, experimentados na utilização das leis em proveito próprio, registaram em seu nome largas porções de terreno.
Os ?fellahin? (camponeses) considerando de modo natural que certas terras eram suas, vinham a descobrir que tinham deixado de ser os seus legítimos proprietários apenas no instante em que elas eram vendidas a colonos judeus por proprietários considerados ?absentistas?.
A aquisição das terras em causa não ficava por aí: os seus cultivadores árabes eram desapossados e substituídos por estrangeiros abertamente orientados de acordo com objectivos políticos para a Palestina.?
In: ?Blaming the Victims? (?Culpando as Vítimas?) Rashid Khalidi, ed. Said and Hitchens.
A oposição dos árabes à chegada dos sionistas era baseada em sentimentos anti-semitas ou na sensação de perigo real para a sua comunidade?
?O objectivo do Fundo Nacional Judaico era o de ?redimir a terra da Palestina e a sua posse inalienável pelo povo judaico?.
Logo a partir de 1891 o líder sionista Ahad Há?am escreveu que os árabes ?entenderam muito bem quais eram os nossos propósitos ?;
por seu turno Theodor Herzl, o fundador do sionismo declarou que ??procuraremos volatilizar a população (árabe) sem vintém para lá da fronteira, procurando dar-lhe que fazer em países de passagem, negando-lhes emprego na nossa própria terra??;
??tanto processo de expropriação ou remoção dos pobres deve ser empreendido de forma discreta e circunspecta?;
Em variadas localidades do Norte da Palestina os agricultores Árabes negaram retirar-se de terras compradas por colonos a proprietários considerados ?absentistas? , e as autoridades turco-otomanas, a pedido do Fundo Nacional Judaico expulsou-os!...
Os próprios judeus indígenas da Palestina reagiram negativamente ao sionismo. Não compreenderam a necessidade de um estado judeu na Palestina e não quiseram deteriorar as relações com os árabes;
In: ?Palestine and Israel: A Challenge to Justice? de John Quigley.
Anti-semitismo inerente? Continuação?
?Antes do sec. XX , a maior parte dos judeus da Palestina pertencia ao velho Yushuv, ou comunidade que se tinha estabelecido mais por razões religiosas do que por motivos políticos. Não havia praticamente conflito nenhum entre eles e a população árabe. As tensões começaram a surgir quanto chegaram os primeiros colonizadores sionistas em 1880? quando efectuaram as compras aos tais considerados ?proprietários absentistas? o que conduzia à expropriação dos que as haviam trabalhado??
In: ?The Arab-Israeli Dispute? de Don Peretz.
?...(durante a Idade Média ) o Norte de África e o Médio Oriente árabe tinha-se tornado um lugar de refúgio e porto seguro para os judeus expulsos de Espanha e de outros sítios? Na Terra Santa? conviveram em (relativa) harmonia, uma harmonia apenas comprometida no momento em que os sionistas começaram a reinvindicar a ?direito legítimo? à exclusão dos residentes árabes e cristãos?.
In: ?Bitter Harvest? de Sami Hadawi.
Atitude dos judeus perante os árabes assim que chegaram à Palestina
?? os judeus que eram geralmente servos nos países da ?Diáspora? (ou seja, todos aqueles onde haviam residido na qualidade de povo errante), acharam-se subitamente em liberdade na Palestina, resultando neles tal mudança numa inclinação para o despotismo. Tratam os árabes de forma hostil, privam-nos dos seus direitos, ofendem a sua causa, gabando-se mesmo de tais atitudes, sem que ninguém entre eles se oponha a esta lamentável e perigosa conduta ?
(citação feita no livro ?Bitter Harvest?, de Sami Hadawi de palavras proferidas pelo escritor sionista Ahad Há?am)
Propostas de colaboração entre árabes e judeus
?...um artigo de Yitzhak Epstein, publicado no ?Hashiloha? em 1907 apelava para uma nova política do sionismo relativamente aos árabes após 30 anos de actividades de colonização judadaico-sionista na Palestina??, tal como Ahad-Há?am em 1891, Epsteim afirma que uma terra devoluta não presta, pelo que a implantação judaica significava espoliação dos árabes.
A solução de Epstein para o problema, de modo a evitar um novo ?problema judaico?, era a criação de um programa bi-nacional e não exclusivista de colonização e desenvolvimento. A compra de terras não deveria implicar a espoliação dos pequenos agricultores associados. O que envolvia a criação conjunta de uma comunidade agrícola na qual os árabes beneficiassem de moderna tecnologia. Escolas, hospitais e bibliotecas não seriam segregacionistas e a educação seria bilingue. A concepção de uma cooperação pacífica em vez da prática da espoliação encontrou poucos adeptos. Epstein foi caluniado e ridicularizado por ter demonstrado fraqueza de ânimo??
In: ?Original Sins?, de Benjamin Beith-Hallahmi, escritor israelita.
Quando o movimento sionista arrancou, qual era a situação de preferência relativa da Palestina como destino de refúgio dos judeus vítimas de perseguições?
?Os progroms forçaram muitos judeus a abandonar a Rússia. Sociedades tais como os ?Amantes de Sion?, percursores das organizações sionistas, convenceram alguns dos assustados emigrantes a ir para a Palestina. Ali, argumentavam, os judeus iriam reconstruir os ?reinos de David e Salomão?.
A maior parte dos judeus ignoraram um tal apelo e escaparam-se para a Europa e os Estados Unidos. Por voltas de 1900, só nos Estados Unidos, tinham-se estabelecido cerca de um milhão?
In: ?Our Roots Are Still Alive? in ?The Peolple Press Palestine Book Project?.
InSurGente.-
Os dados oficiais confirmam que no último ano aumentou a precariedade trabalhista, diminuíram os salários e se dispararam os benefícios empresariais.
No ano 2005 a remuneraçom real dos assalariados reduziu-se em quase um 1% e no que vai de ano um 1,4% (em termos inter-anuais) Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) assim o demonstram, com a governação do PSOE aumentou a precariedade trabalhista e as condições trabalhistas dos trabalhadores pioraram. Os sindicatos maioritários CCOO e UGT não parece que vão combater nas ruas estes dados, que exemplificam uma política económica neoliberal praticada por uma governação que se diz social-democrata.
Se no ano 2003 o 31,8% dos trabalhadores tinha contratos temporários, a dia de hoje situámo-nos já no 33,3%. Mas há outra fonte de precariedade que também devemos computar e que cada dia é mais utilizada, os contratos de trabalho a tempo parcial, com uma jornada em teoria reduzida, mas que na prática se prolonga para além do pactuado, como se da tempo completo se tratasse. Esses trabalhadores, que no ano 2003 supunham o 8,2% dos ocupados, ascendem já ao 12,4% em 2005 e no primeiro trimestre de 2006. Também não a remuneraçom dos trabalhadores sai bem parada com a governação socialista. Os salários dos assalariados cresceram no ano 2003, com a governação de Aznar, num 3´4%, sem embargo com Zapatero no poder os salários dos operários cresceram tão sozinho ao 2,6 %. No ano 2005 a remuneraçom real dos assalariados reduziu-se em quase um 1% e no que vai de ano um 1,4% (em termos inter anuais). Estes dados, são oficiais.
O panorama muda por completo se atendemos aos resultados empresariais das grandes empresas espanholas. Segundo os dados do INE os benefícios das empresas que cotam na Carteira de Madri, agrupadas por sectores significativos experimentaram um notável crescimento. Em conjunto, estas empresas incrementaram seus benefícios um 40,2% no ano 2005. Destacam as empresas do Sector Energético (Gás Natural), com um crescimento de benefícios de 48,5%, mas sobretudo foi a Banca quem mais benefícios obteve. Com um 49,8% de crescimento em rendimentos, novamente o Sector Financeiro, demonstra-nos a quem realmente beneficia o Regime.
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InSurGente.-
Os dados oficiais confirmam que no último ano aumentou a precariedade trabalhista, diminuíram os salários e se dispararam os benefícios empresariais.
No ano 2005 a remuneraçom real dos assalariados reduziu-se em quase um 1% e no que vai de ano um 1,4% (em termos inter-anuais) Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) assim o demonstram, com a governação do PSOE aumentou a precariedade trabalhista e as condições trabalhistas dos trabalhadores pioraram. Os sindicatos maioritários CCOO e UGT não parece que vão combater nas ruas estes dados, que exemplificam uma política económica neoliberal praticada por uma governação que se diz social-democrata.
Se no ano 2003 o 31,8% dos trabalhadores tinha contratos temporários, a dia de hoje situámo-nos já no 33,3%. Mas há outra fonte de precariedade que também devemos computar e que cada dia é mais utilizada, os contratos de trabalho a tempo parcial, com uma jornada em teoria reduzida, mas que na prática se prolonga para além do pactuado, como se da tempo completo se tratasse. Esses trabalhadores, que no ano 2003 supunham o 8,2% dos ocupados, ascendem já ao 12,4% em 2005 e no primeiro trimestre de 2006. Também não a remuneraçom dos trabalhadores sai bem parada com a governação socialista. Os salários dos assalariados cresceram no ano 2003, com a governação de Aznar, num 3´4%, sem embargo com Zapatero no poder os salários dos operários cresceram tão sozinho ao 2,6 %. No ano 2005 a remuneraçom real dos assalariados reduziu-se em quase um 1% e no que vai de ano um 1,4% (em termos inter anuais). Estes dados, são oficiais.
O panorama muda por completo se atendemos aos resultados empresariais das grandes empresas espanholas. Segundo os dados do INE os benefícios das empresas que cotam na Carteira de Madri, agrupadas por sectores significativos experimentaram um notável crescimento. Em conjunto, estas empresas incrementaram seus benefícios um 40,2% no ano 2005. Destacam as empresas do Sector Energético (Gás Natural), com um crescimento de benefícios de 48,5%, mas sobretudo foi a Banca quem mais benefícios obteve. Com um 49,8% de crescimento em rendimentos, novamente o Sector Financeiro, demonstra-nos a quem realmente beneficia o Regime.
Na edição de 2007 de Fazendo negócios, preparada pelo departamento de desenvolvimento do sector privado do Banco Mundial, declara-se que as Ilhas Marshall são as que têm o "melhor rendimento" do mundo devido a sua carência quase total de regulamentação trabalhista, lhe tirando o posto ao campeão do ano passado, Palau. Tanto as Ilhas Marshall como Palau são diminutas nações insulares do Pacífico que não têm códigos trabalhistas nem pertencem à OIT. O banco de dados em linha do Banco Mundial Fazendo negócios explica que deu o primeiro posto a esses países em matéria de regulamentações do mercado trabalhista , entre outras características exemplares, porque em ambos se permite que se obrigue aos trabalhadores a realizar até 24 horas diárias todos os dias da semana e não se lhes tem que dar férias nem pre-aviso por despedimento.
As Ilhas Marshall e Palau, ao não estar entre os 179 países membros da OIT, se encontram entre o punhado de países que não estão obrigados a acatar as normas fundamentais do trabalho (erradicaçom do trabalho forçado, do trabalho infantil e da discriminação e respeito da liberdade sindical e do direito de negociação colectiva), como sucede no caso dos membros da OIT.
Dado que os presidentes do Banco Mundial manifestaram seu respaldo às normas fundamentais do trabalho, por considerá-las conformes com o cometido de desenvolvimento do Banco, o secretário geral da CIOSL, Guy Ryder, considera irónico que na publicação anual à que o Banco Mundial dá maior difusom, esta louvança a países que praticamente não brindam nenhuma protecção a seus trabalhadores e os considere "os melhores" por suas normas trabalhistas. Uma secção do Banco Mundial, a Corporaçom Financeira Internacional, inclusive estipula que não efectuará empréstimos a assinaturas que não apliquem as normas fundamentais do trabalho.
Ryder declarou: "O Banco Mundial deveria receber esta mensagem como é devido. Se o Banco realmente acha que as normas trabalhistas são boas para o desenvolvimento, não pode se dar volta e encomiar a países que não se aderem à OIT e que não respeitam as normas fundamentais descrevendo-os "os melhores" por suas normas trabalhistas. O Banco deveria revogar o mandato sobre regulamentação do mercado trabalhista que tem o departamento que prepara Fazendo negócios e deixar de utilizar essa publicação como base para suas propostas de reforma do mercado trabalhista."
Ryder assinalou que se utilizaram edições anteriores de Fazendo negócios em documentos nacionais de estratégia do Banco Mundial e do FMI a fim de obrigar aos países a eliminar diversos tipos de protecções dos trabalhadores. Por exemplo, num recente Memorando económico para Colômbia, o Banco Mundial reclamava que a governação flexibilizara os procedimentos de contrataçom e despedimento de pessoal com o fim de melhorar seus indicadores de Fazendo negócios, apesar de que não se tem a certeza de que devastes medidas tenham uma repercussão económica positiva. Ademais, esses reclamos converteram-se numa condição para que o Banco Mundial efectue empréstimos a Colômbia. Em África do Sul, o FMI recomendou num recente relatório sobre a política a seguir, que a governação melhore seus indicadores de Fazendo negócios "racionalizando" seus procedimentos de contrataçom e despedimento. As mudanças teriam implicado eliminar a regulamentação sobre acção afirmativa adoptada depois das governações do apartheid e promulgadas para corrigir o legado de várias décadas de discriminação racial (numa análise detalhada* que preparou a CIOSL se descrevem estes e outros muitos casos nos o FMI e o Banco Mundial utilizam Fazendo negócios para eliminar a protecção dos trabalhadores
Na edição de 2007 de Fazendo negócios, preparada pelo departamento de desenvolvimento do sector privado do Banco Mundial, declara-se que as Ilhas Marshall são as que têm o "melhor rendimento" do mundo devido a sua carência quase total de regulamentação trabalhista, lhe tirando o posto ao campeão do ano passado, Palau. Tanto as Ilhas Marshall como Palau são diminutas nações insulares do Pacífico que não têm códigos trabalhistas nem pertencem à OIT. O banco de dados em linha do Banco Mundial Fazendo negócios explica que deu o primeiro posto a esses países em matéria de regulamentações do mercado trabalhista , entre outras características exemplares, porque em ambos se permite que se obrigue aos trabalhadores a realizar até 24 horas diárias todos os dias da semana e não se lhes tem que dar férias nem pre-aviso por despedimento.
As Ilhas Marshall e Palau, ao não estar entre os 179 países membros da OIT, se encontram entre o punhado de países que não estão obrigados a acatar as normas fundamentais do trabalho (erradicaçom do trabalho forçado, do trabalho infantil e da discriminação e respeito da liberdade sindical e do direito de negociação colectiva), como sucede no caso dos membros da OIT.
Dado que os presidentes do Banco Mundial manifestaram seu respaldo às normas fundamentais do trabalho, por considerá-las conformes com o cometido de desenvolvimento do Banco, o secretário geral da CIOSL, Guy Ryder, considera irónico que na publicação anual à que o Banco Mundial dá maior difusom, esta louvança a países que praticamente não brindam nenhuma protecção a seus trabalhadores e os considere "os melhores" por suas normas trabalhistas. Uma secção do Banco Mundial, a Corporaçom Financeira Internacional, inclusive estipula que não efectuará empréstimos a assinaturas que não apliquem as normas fundamentais do trabalho.
Ryder declarou: "O Banco Mundial deveria receber esta mensagem como é devido. Se o Banco realmente acha que as normas trabalhistas são boas para o desenvolvimento, não pode se dar volta e encomiar a países que não se aderem à OIT e que não respeitam as normas fundamentais descrevendo-os "os melhores" por suas normas trabalhistas. O Banco deveria revogar o mandato sobre regulamentação do mercado trabalhista que tem o departamento que prepara Fazendo negócios e deixar de utilizar essa publicação como base para suas propostas de reforma do mercado trabalhista."
Ryder assinalou que se utilizaram edições anteriores de Fazendo negócios em documentos nacionais de estratégia do Banco Mundial e do FMI a fim de obrigar aos países a eliminar diversos tipos de protecções dos trabalhadores. Por exemplo, num recente Memorando económico para Colômbia, o Banco Mundial reclamava que a governação flexibilizara os procedimentos de contrataçom e despedimento de pessoal com o fim de melhorar seus indicadores de Fazendo negócios, apesar de que não se tem a certeza de que devastes medidas tenham uma repercussão económica positiva. Ademais, esses reclamos converteram-se numa condição para que o Banco Mundial efectue empréstimos a Colômbia. Em África do Sul, o FMI recomendou num recente relatório sobre a política a seguir, que a governação melhore seus indicadores de Fazendo negócios "racionalizando" seus procedimentos de contrataçom e despedimento. As mudanças teriam implicado eliminar a regulamentação sobre acção afirmativa adoptada depois das governações do apartheid e promulgadas para corrigir o legado de várias décadas de discriminação racial (numa análise detalhada* que preparou a CIOSL se descrevem estes e outros muitos casos nos o FMI e o Banco Mundial utilizam Fazendo negócios para eliminar a protecção dos trabalhadores
Aproxima-se o 5º aniversário do golpe do 11 de Setembro de 2001. Tal como o incêndio do Reichstag, em 1933, que possibilitou a ascenção nazi, o 11/Set possibilitou o início da alteração do regime dos EUA (nos planos jurídico, policial, militar e institucional).
Apesar do grande trabalho de investigação efectuado por muita gente ao longo destes cinco anos, ainda estamos longe de desvendar tudo acerca dos acontecimentos do 11 de Setembro. No entanto, aquilo que já se sabe é mais do que o suficiente para demonstrar a enormidade monstruosa das mentiras arquitectadas e executadas por neocons do governo Bush. Exemplos:
já se sabe que as duas Twin Towers vieram abaixo por demolição controlada com explosivos pré-posicionados e não devido a choques de aviões;
já se sabe que o Edifício 7 ao lado ? com o qual não se verificou qualquer choque de avião ? também veio abaixo por demolição controlada;
já se sabe que edifícios com estrutura de aço em treliça não podem ruir devido a choques de aviões ou a incêndios;
já se sabe que o Pentágono foi atingido por um míssil e não por um Boeing 757;
já se sabe que nenhum caça da U.S. Air Force decolou para tentar interceptar os aviões sequestrados;
já se sabe que a dita Al Qaeda foi uma criação dos serviços secretos americanos;
já se sabe que o think tank neoconservador Project for a New American Century (PNAC), constituído pelos que agora são os actores chave na administração Bush, previa que o processo de transformação por eles desejado "provavelmente será longo se faltar um evento catastrófico e catalisador como um novo Pearl Harbour" (in Rebuilding America's defences: strategies, forces and resources for a New American Century, publicado em 2000);
já se sabe que no local onde se afirma ter-se despenhado o Voo 93 da United Airlines só ficou uma pequena cratera com 6 (seis) metros de diâmetro (o filme Voo 93 está a passar em Lisboa, obra das centrais de desinformação de Hollywood).
A lista dos "já se sabe" poderia prolongar-se por aí além ? mas estes poucos dados são suficientes para formar um juízo.
Todos os trabalhos de investigação têm sido sistematicamente silenciados pelos media corporativos que se proclamam "de referência" (excepção honrosa foi a edição norueguesa Le Monde Diplomatique, que publicou trabalhos notáveis acerca do 11/Set). Quando não fazem silenciamento, estes media ditos "de referência" põe-lhes a etiqueta depreciativa de "teorias da conspiração" ? como se isso arrumasse o assunto. No entanto, nada do que se passou teria sido possível sem uma conspiração real no interior do aparelho de estado dos EUA. Seria muita credulidade acreditar na versão bushista de que 19 sujeitos armados com canivetes poderiam sequestrar vários Boeings em simultâneo e comandá-los em manobras difíceis .
Mas milhões de pessoas no mundo, desinformadas pelos media corporativos, continuam a não saber todos estes "já se sabe". A censura dos media corporativos é, hoje, mais feroz do que nunca. Além do trabalho de investigação do 11/Set é preciso, também, um trabalho de divulgação dos resultados já descobertos. Isso só pode ser realizado através dos media alternativos.
Denunciar a opressão a que está sujeito o povo palestino, cativo e expulso na sua própria pátria
...
Pela leitura que fazemos, já de há largo número de anos, dos factos relativos à actualidade internacional, a usurpação da pátria Palestina através de processos iníquos e violentos com desrespeito por tudo aquilo que é a legalidade internacional e a dignidade humana em geral, é das situações que mais gritantemente se agita, na actualidade, por sobre a consciência de toda a humanidade.
O bloqueio informativo patrocinado por processos sofisticadíssimos e muito poderosos, e uma sistemática falsificação da história igualmente elaborada com recurso a uma infinidade de processos e meios quase ilimitados, exigem a cada cidadão do mundo uma tomada de consciência, da qual fará parte, minimamente, o dever de passar palavra e de dar testemunho.
Notamos que é manifesta a escassez de meios de informação de base, resumos acessíveis a respeito deste tema eivados do necessário sentido de justiça e de cultura humanista.
À grande abundância de notícias, fortemente inquinada pelo tipo de manobras já acima referido, corresponde uma incultura política e uma imensa falta de quadros de referência moral, cívica e de solidariedade social, de parte de grande número de "redactores de notícias".
Isto para não falar nos casos limite em que não é dúbia uma articulação interessada e "conveniente" com as forças mais obscuras do processo.
Depois de termos publicado um primeiro resumo das origens do conflito que tem desabado de forma tão bárbara sobre os povos da Palestina (e não excluímos nenhum, entenda-se!...) (ver: 25 Julho, 2006 Resumo do conflito entre Israel e a Palestina, http://altybonsomws.blogspot.com/)
prometemos desde logo a publicação de um mais extenso trabalho que procurámos, por causa das dúvidas, junto de fontes informativas que pudessem encontrar-se acima de qualquer suspeita, mesmo para opiniões situadas nas já referidas "posições de equívoco".
A enorme abundância de fontes de informação, agora cada vez mais postas em evidência perante os desenvolvimentos recentes do conflito e das prepotências criminosas que consigo transporta, encontra-se enriquecida, nomeadamente, com inequívocos e muito bem documentados testemunhos de fontes israelitas e norte americanas.
Chamamos em especial a atenção do visitante para este aspecto em particular, dado que tem a maior importância.
Com efeito, nada nos unindo à comunidade judaica, nem muito menos aos propósitos geralmente evidenciados quer por ela própria quer pelos seus membros de origem norte americana, seria em princípio esta a pior das fontes possíveis.
Contudo, tem-se desenvolvido já de há muitos anos em Israel, e também nos Estados Unidos, uma enérgica consciência de que as políticas de cariz neo-nazi-fascista são fortemente nocivas em todos os seus aspectos e o aparecimento duma nova linhagem de "novos historiadores" israelitas têm sabido de forma particularmente expressiva desmontar e desmascarar os processos do sionismo belicista e racista, que presidiu à constituição artificial do estado de Israel, no fim da 2ª Guerra Mundial, com os mais inconfessáveis propósitos de limpeza étnica e recurso deliberado a comportamentos de agressividade radical.
O documento traduzido, abaixo devidamente identificado, não é, pois, da autoria de qualquer membro desse povo ultrajado, ofendido e massacrado que é o povo Palestino, nem se desenvolve na linguagem que um tal testemunho poderia trazer-nos.
Muitas são as frases e conteúdos com os quais não concordamos, ou que redigiriamos doutro modo, caso não tivéssemos o objectivo de fazer uma tradução rigorosa.
Achamos contudo, pela forma clara e metódica como se apresenta, que merece uma leitura cuidada e completa.
Tem por outro lado o imenso interesse de ser "uma obra colectiva", construída essencialmente à base de citações duma grande variedade de autores, judeus norte-americanos ou israelitas.
Considerados estes elementos a respeito da obra histórica em causa, e vindo de quem vem, é a prova cabal que todos os povos têm valores positivos, desde que se norteiem de acordo com princípios de justiça e de respeito pela pessoa humana.
Esse texto que tinhamos prometido encontra-se publicado neste blógue, traduzido, na sua maior parte, A SEGUIR A ESTA APRESENTAÇÃO.
Porque não conhecíamos uma tradução em língua portuguesa do documento em causa resolvemos lançar mãos à obra e oferecer aos nossos visitantes uma versão que procurámos fosse o mais honesta e rigorosa quanto ao espírito e à letra do original respectivo.
Trata-se do livro:
The Origin of the Palestine-Israel Conflict,
colhido junto da organização de judeus Norte Americanos
A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO REAL
Aproxima-se o 5º aniversário do golpe do 11 de Setembro de 2001. Tal como o incêndio do Reichstag, em 1933, que possibilitou a ascenção nazi, o 11/Set possibilitou o início da alteração do regime dos EUA (nos planos jurídico, policial, militar e institucional).
Apesar do grande trabalho de investigação efectuado por muita gente ao longo destes cinco anos, ainda estamos longe de desvendar tudo acerca dos acontecimentos do 11 de Setembro. No entanto, aquilo que já se sabe é mais do que o suficiente para demonstrar a enormidade monstruosa das mentiras arquitectadas e executadas por neocons do governo Bush. Exemplos:
já se sabe que as duas Twin Towers vieram abaixo por demolição controlada com explosivos pré-posicionados e não devido a choques de aviões;
já se sabe que o Edifício 7 ao lado ? com o qual não se verificou qualquer choque de avião ? também veio abaixo por demolição controlada;
já se sabe que edifícios com estrutura de aço em treliça não podem ruir devido a choques de aviões ou a incêndios;
já se sabe que o Pentágono foi atingido por um míssil e não por um Boeing 757;
já se sabe que nenhum caça da U.S. Air Force decolou para tentar interceptar os aviões sequestrados;
já se sabe que a dita Al Qaeda foi uma criação dos serviços secretos americanos;
já se sabe que o think tank neoconservador Project for a New American Century (PNAC), constituído pelos que agora são os actores chave na administração Bush, previa que o processo de transformação por eles desejado "provavelmente será longo se faltar um evento catastrófico e catalisador como um novo Pearl Harbour" (in Rebuilding America's defences: strategies, forces and resources for a New American Century, publicado em 2000);
já se sabe que no local onde se afirma ter-se despenhado o Voo 93 da United Airlines só ficou uma pequena cratera com 6 (seis) metros de diâmetro (o filme Voo 93 está a passar em Lisboa, obra das centrais de desinformação de Hollywood).
A lista dos "já se sabe" poderia prolongar-se por aí além ? mas estes poucos dados são suficientes para formar um juízo.
Todos os trabalhos de investigação têm sido sistematicamente silenciados pelos media corporativos que se proclamam "de referência" (excepção honrosa foi a edição norueguesa Le Monde Diplomatique, que publicou trabalhos notáveis acerca do 11/Set). Quando não fazem silenciamento, estes media ditos "de referência" põe-lhes a etiqueta depreciativa de "teorias da conspiração" ? como se isso arrumasse o assunto. No entanto, nada do que se passou teria sido possível sem uma conspiração real no interior do aparelho de estado dos EUA. Seria muita credulidade acreditar na versão bushista de que 19 sujeitos armados com canivetes poderiam sequestrar vários Boeings em simultâneo e comandá-los em manobras difíceis .
Mas milhões de pessoas no mundo, desinformadas pelos media corporativos, continuam a não saber todos estes "já se sabe". A censura dos media corporativos é, hoje, mais feroz do que nunca. Além do trabalho de investigação do 11/Set é preciso, também, um trabalho de divulgação dos resultados já descobertos. Isso só pode ser realizado através dos media alternativos.
O caminho para além da sobrevivência,
tornar a economia social uma alternativa concreta
por Michael A. Lebowitz
As rações dos escravos nunca foram fixas. Do mesmo modo, também os trabalhadores e cidadãos no mundo capitalista, através das suas lutas, puderam sempre garantir para si mesmos uma parte dos benefícios do trabalho social. A globalização capitalista e a ofensiva das políticas do estado neoliberal, contudo, usurparam todas essas conquistas das lutas do passado; e a resposta para os que se mostraram surpreendidos por verem quão efémeras eram essas vitórias foi a fórmula mística do TINA [1] ? de que 'não há alternativa'. No entanto, quando os malefícios da ofensiva capitalista se tornaram óbvios, surgiu a oposição, principalmente na América Latina. Actualmente, os trabalhadores em todo o mundo têm os olhos postos nela, nessa demonstração de que 'é possível um mundo melhor'.
Mas terão razão para isso? Está mesmo a surgir ali uma alternativa real ou será apenas uma negociação de melhores condições num contrato implícito com a globalização capitalista? Será possível que uma nova economia social ou uma economia solidária se desenvolva nos escaninhos do capitalismo global ou essas ilhas de cooperação alimentadas pelos estados, pelas ONGs e pelas instituições de caridade religiosas são apenas verdadeiros 'amortecedores de choque' para os efeitos económicos e políticos da globalização capitalista?
Sou de opinião de que, nos cinco países latino-americanos em que a oposição às políticas neoliberais provocaram recentes mudanças governamentais importantes, só existe actualmente um caso em que as mudanças em curso podem fazer com que a economia social seja uma alternativa real ao capitalismo. Permitam que apresente as minhas premissas e o meu raciocínio.
Em primeiro lugar, o que é uma alternativa real ao capitalismo? Penso que é uma sociedade em que o objectivo explícito não é o crescimento do capital ou dos meios materiais de produção mas, pelo contrário, o próprio desenvolvimento humano ? o crescimento das capacidades humanas. Podemos encontrar esta perspectiva na Constituição Bolivariana da Venezuela ? no ênfase dado no Artigo 299 à 'garantia do desenvolvimento humano geral', na declaração do Artigo 20 de que 'todos têm direito ao livre desenvolvimento da sua própria personalidade' e na focagem do Artigo 102 sobre 'desenvolver o potencial criativo de cada ser humano e o pleno exercício da sua personalidade numa sociedade democrática'.
Nestas passagens (que de forma alguma representam o todo dessa constituição), está contido o conceito de uma alternativa real ? uma economia social cuja lógica não é a lógica do capital. 'A economia social', disse o Presidente Hugo Chavez em Setembro de 2003, 'baseia-se na lógica do ser humano, no trabalho, ou seja, no trabalhador e na família do trabalhador, ou seja, no ser humano'. Esta economia social, continuou ele, não se centra no lucro económico, nos valores das trocas; pelo contrário, 'a economia social gera principalmente valor de uso'. O seu objectivo é 'a construção do homem novo, da mulher nova, da sociedade nova'.
Belas ideias. Belas palavras. Mas não passam de ideias e de palavras. O primeiro conjunto provém de uma constituição e o segundo do habitual curso de formação educativa nacional conhecido por 'Alô Presidente'. Como é que estas ideias e estas palavras passarão à prática? Quero apresentar quatro pré-condições para a realização desta alternativa ao capitalismo e depois vou falar do que tem acontecido na Venezuela.
(1) Qualquer discussão de mudança estrutural tem que começar pelo conhecimento da estrutura existente ? em resumo, pela compreensão do capitalismo. É preciso entender que a lógica do capital, a lógica em que o objectivo é o lucro e não a satisfação das necessidades dos seres humanos, impera sempre, quer quando encoraja a vantagem comparativa da repressão, quer quando aceita um aumento das rações dos escravos.
(2) É essencial atacar ideologicamente a lógica do capital. Se não for desenvolvida a compreensão das massas quanto à natureza do capital ? ou seja, que o capital é o resultado do trabalho social do trabalhador colectivo - a necessidade de sobreviver à destruição da política neoliberal e repressiva produz apenas o desejo de uma sociedade mais justa, a procura dum melhor quinhão para os explorados e excluídos ? em resumo, a barbárie com rosto humano.
(3) Um aspecto fundamental nesta batalha de ideias é o reconhecimento de que a capacidade humana só se desenvolve através da actividade humana, unicamente através daquilo que Marx considerou como 'prática revolucionária', a mudança simultânea das circunstâncias e da auto-mudança. O verdadeiro desenvolvimento humano não cai do céu sob a forma de dinheiro para alimentar a continuação dos gastos dos governos populares com a educação e a saúde; nem é estimulado pela tutelagem paternalista e pela tomada de decisões hierárquicas das sociedades estatais. O conceito que desafia a lógica do capital é a que explicitamente reconhece o centralismo da auto-gestão no local de trabalho e o auto-governo na comunidade como meios para libertar o potencial humano ? isto é, o conceito de uma verdadeira economia social, de uma economia solidária, do socialismo do século XXI.
(4) Mas a ideia desta economia solidária não pode desalojar o capitalismo real. Nem são as diminutas ilhas de cooperação que podem mudar o mundo competindo com êxito contra as grandes empresas capitalistas. É preciso que o poder estimule as novas relações de produção ao mesmo tempo que impede a reprodução das relações produtivas capitalistas. Precisamos de retirar ao capital o poder do estado, e precisamos de utilizar esse poder quando o capital reage a essa invasão ? quando o capital faz greve, temos que estar preparados para contra-atacar e não para capitular. Ganhar 'a batalha da democracia' e utilizar 'a supremacia política para arrancar, aos poucos, todo o capital à burguesia' continua hoje a ser tão importante como quando Marx e Engels escreveram o Manifesto Comunista.
Estarão estas condições presentes nos novos governos latino-americanos de esquerda? Nem por isso. Na sua maioria, o padrão exibe as características conhecidas da social-democracia ? que não entende a natureza do capital, não ataca ideologicamente a lógica do capital, não acredita que há uma alternativa real ao capitalismo e, por conseguinte, capitula quando o capital ameaça fazer greve. (Esta é uma perspectiva cristalizada na declaração do primeiro-ministro social-democrata da Colúmbia Britânica no Canadá na época em que eu era dirigente de um partido político ? 'Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro'.) Embora seja ainda cedo para avaliar o curso dos acontecimentos na Bolívia, permitam-me que sugira que na Venezuela está a acontecer algo de diferente. Vou passar a falar isso ? tanto no que aconteceu como nas lutas actuais.
A VIA VENEZUELANA
A Constituição Bolivariana não realça apenas o objectivo do desenvolvimento humano. Também é inequívoca ao indicar que os seres humanos só desenvolvem as suas capacidades através da sua própria actividade. Não é apenas o Artigo 62 que declara que a participação do povo é 'a forma necessária de atingir o envolvimento que garanta o seu total desenvolvimento, quer individual quer colectivo', a Constituição também se debruça sobre o planeamento democrático e a orçamentação participativa a todos os níveis da sociedade e (como no Artigo 70) sobre 'auto-gestão, co-gestão, cooperativas de todos os tipos' como exemplos de 'formas de associação guiadas pelos valores de cooperação mútua e da solidariedade'.
Com este ênfase dado a uma sociedade 'democrática, participativa e protagonista', a Constituição Bolivariana contém claramente as sementes da economia solidária, as sementes do socialismo para o século XXI, e esses elementos particulares continuam a inspirar as massas venezuelanas. No entanto, esta constituição também garante o direito de propriedade (Artigo 115), identifica um papel para a iniciativa privada na geração do crescimento e do emprego (299), e recorre ao Estado para promover a iniciativa privada (112). Em resumo, esta constituição apoia um desenvolvimento capitalista continuado e esta é precisamente a direcção do plano inicial elaborado para 2001-2007. Embora rejeitando o neoliberalismo e sublinhando a importância da presença do Estado nas indústrias estratégicas, a focagen deste plano foi encorajar o investimento do capital privado ? tanto o interno como o estrangeiro ? criando uma 'atmosfera de confiança'.
A isto tinha que se acrescentar o desenvolvimento de uma 'economia social' ? concebida como uma 'via alternativa e complementar' para o sector privado e para o sector público. Mas é significativo quão diminuto é o papel destinado às actividades de auto-gestão e cooperativas através das quais se havia de conseguir o 'total desenvolvimento, individual e colectivo' da população. Em essência, foi um programa para incorporar o sector livre na economia social; é necessário, argumentava o Plano, 'transformar os trabalhadores livres em pequenos gestores'. Por conseguinte, a família, as cooperativas e as micro-empresas em auto-gestão deviam ser encorajadas através de formação e de micro-financiamento (por instituições como o Banco de Desenvolvimento das Mulheres) e deviam reduzir-se as regulamentações e as cargas fiscais. O objectivo do Estado era explicitamente descrito como o de 'criar uma nova classe gestora'.
A luta de classes, porém, alimentou as sementes dessa economia social de forma que esta passou a ser considerada, progressivamente, como uma alternativa ao desenvolvimento capitalista. Embora as medidas iniciais do governo para permitir atingir a orientação da sua 'Terceira Via' não fossem um ataque ao capitalismo em si mesmo, a reacção da oligarquia privilegiada da Venezuela (apoiada totalmente pelo imperialismo americano) ? primeiro através do golpe de Abril de 2002 e depois através do lock-out dos patrões no inverno de 2002-2003 ? mobilizou as massas nos locais de trabalho e nas comunidades e conduziu a Revolução Bolivariana por um caminho que se foi afastando do capitalismo.
À medida que as receitas do governo aumentavam no final de 2003 (com a renacionalização efectiva da PDVSA, a companhia petrolífera estatal), as novas missões nas áreas da saúde e na educação começaram a demonstrar o real empenhamento do governo bolivariano em eliminar a enorme dívida social que herdara. A missão Mercal, constituída sobre a experiência da distribuição governamental de alimentos durante o lock-out geral, começou no princípio de 2004 a distribuir aos pobres alimentos fortemente subsidiados (e continua a expandir-se à custa do sector capitalista). Mas a questão mantinha-se ? como é que iria sobreviver a população? Como é que a confiança crescente e o sentido de dignidade conseguido pelos explorados e excluídos quando acabavam os programas de educação havia de ser alimentado em vez de desiludido?
Em parte a resposta foi a criação em Março de 2004 da Missão Vuelvan Caras (Olhem em Frente), um programa para o desenvolvimento endógeno radical orientado para a construção de novas capacidades humanas quer através do ensino de ofícios específicos quer através da preparação das pessoas para iniciar novas relações produtivas através de cursos de cooperação e de auto-gestão. E foi no contexto em que tudo isto estava a acontecer que o Presidente Chavez atacou directamente aquilo a que chamou a 'lógica perversa' do capital e realçou a alternativa ? a tal economia social cujo objectivo é 'a construção do homem novo, da mulher nova, da sociedade nova'.
No entanto, quando estiver alargada a actividade produtiva nestas novas relações (o número de cooperativas aumentou de 800 quando Chavez foi eleito pela primeira vez em 1998 para cerca de 84 000 em Agosto de 2005), em que grau é que isso pode representar uma alternativa ao capitalismo? As novas cooperativas encorajadas e alimentadas através do Vuelvan Caras destinam-se a ser pequenas e provavelmente (pelo menos de início) não pretendem ser origem importante para a acumulação e o crescimento. Apesar disso, na sua intenção de substituírem o sistema trabalho-salário por outro baseado na cooperação e na propriedade colectiva, são um microcosmo duma alternativa à lógica do capital e, desde o lock-out colectivo, têm sido complementadas por uma tendência para a auto-gestão e co-gestão por parte dos trabalhadores tanto nas indústrias estatais como em fábricas encerradas.
No ano passado, a solidariedade em vez do interesse próprio passou a ser um importante tema nas discussões da economia social (agora designada por socialismo para o século XXI). Inspirando-se na discussão de István Mészáros (no seu livro Beyond Capital ) [2] , sobre o conceito de Marx de sociedade comunitária, o Presidente Chavez apelou no ano passado para a criação de um novo sistema comunitário de produção e consumo ? um sistema em que haja uma troca de actividades determinada pelas necessidades comunitárias e objectivos comunitários. Temos que construir, anunciou ele no seu programa 'Alô Presidente' de 17 de Julho, 'este sistema comunitário de produção e consumo, para ajudar a construí-lo, a partir das bases populares, com a participação das comunidades, através das organizações comunitárias, das cooperativas, da auto-gestão e de diferentes formas para criar este sistema'.
No cerne deste conceito está a democracia protagonista ? a aliança entre o desenvolvimento democrático de objectivos a nível da comunidade e a execução democrática desses objectivos na actividade produtiva. Os novos conselhos comunitários (baseados em 200 a 400 famílias nos actuais bairros urbanos e 20 a 50 nas áreas rurais) são uma parte fundamental deste processo. Estas instituições estão agora a ser estabelecidas para diagnosticar democraticamente as necessidades e as prioridades comunitárias. Com a transferência de substanciais recursos dos municípios para o nível da comunidade, o apoio dos novos bancos comunitários aos projectos locais e uma dimensão que permite que a tomada de decisões supremas seja feita por uma assembleia geral em vez de representantes eleitos, os novos conselhos comunitários proporcionam uma base não só para a transformação da população no decurso das circunstâncias em mudança mas também para a actividade produtiva que seja realmente baseada nas necessidades comunitárias e nos objectivos comunitários.
Quanto à produção, há uma expansão substancial de novas companhias estatais, a introdução da co-gestão na indústria básica que começou na empresa estatal de alumínio ALCASA e a criação de uma nova instituição ? as Empresas de Produccion Social (EPS). O conceito destas novas companhias de produção social é que não só assumem o compromisso de servir as necessidades da comunidade como também incorporam a gestão dos trabalhadores. Inspiradas numa série de fontes ? em cooperativas existentes (agora mais empenhadas na comunidade do que apenas no seu próprio interesse), em empresas estatais mais pequenas e em firmas privadas desejosas de ter acesso a negócios com o estado e a condições de crédito favoráveis), a lógica das EPS é reorientar a actividade produtiva do valor de troca para o valor de uso ? ligando-se à comunidade e ao sector estatal enquanto parte das cadeias de produção como fornecedores e transformadores. Em resumo, o objectivo é afastar-se progressivamente da separação do trabalhador colectivo inerente à produção de bens, em direcção a um conceito de solidariedade no seio da sociedade.
Quando observamos este panorama, compreendemos melhor a declaração de Chavez no Fórum Social Mundial 2005 em Porto Alegre sobre a necessidade de 're-inventar o socialismo', a necessidade de desenvolver novos sistemas que sejam 'construídos com base na cooperação, e não na competição'. O capitalismo, sublinhou ele, tem que ser ultrapassado se alguma vez quisermos acabar com a pobreza da maior parte do mundo. 'Mas não podemos recorrer ao capitalismo de estado, o que acabaria na mesma perversão da União Soviética. Temos que reclamar o socialismo como uma tese, um projecto e uma via, mas um novo tipo de socialismo, um socialismo humanista, que coloque o homem e não a máquina ou o estado acima de tudo o resto'.
QUAL O CAMINHO PARA A VENEZUELA?
Devia concluir-se das premissas com que começámos que só na Venezuela é que existe neste momento um verdadeiro desafio ao capitalismo (por oposição ao estímulo de estratégias de sobrevivência e de negociação de novas condições no contrato implícito com o capital). Mas estará a Venezuela a consegui-lo? Evidentemente, há uma tentativa de compreender a lógica do capital, um esforço para atacar ideologicamente o capital numa batalha de ideias e o desenvolvimento do conceito de uma alternativa ao capitalismo. Mas, e quanto à verdadeira criação dessa alternativa?
No livro 'Build it Now: Socialism for the 21st Century', que será publicado no próximo mês, escrevi o seguinte sobre a Revolução Bolivariana:
"Em resumo, começou na Venezuela a revolução económica mas a revolução política (que começou dramaticamente com a nova constituição mas exige a transformação do estado num estado em que o poder venha de baixo) e a revolução cultural (que exige um pesado ataque aos padrões continuados de corrupção e clientelismo) mantêm-se muito longe. Sem avanços nestes dois outros aspectos, a Revolução Bolivariana não pode deixar de ficar coxa".
Embora a Revolução Bolivariana tenha certamente conseguido proporcionar uma enorme esperança e dignidade aos pobres, enfrenta muitos problemas e o seu êxito só pode ser atingido em resultado da luta. Não apenas uma luta contra o imperialismo americano, o paladino da barbárie em todo o mundo, que se sente ameaçado com qualquer indício de que existe uma alternativa ao seu domínio. E não apenas contra a oligarquia nacional com os seus enclaves capitalistas nos meios de comunicação, nos bancos, nos sectores transformadores e nos latifúndios. Essas são lutas para as quais a Revolução deve estar preparada e para as quais a solidariedade com essa revolução é essencial. Mas a luta realmente difícil, é o que eu penso, é no seio da própria Revolução Bolivariana.
Muitos dos problemas têm a sua origem numa questão: quem são os sujeitos desta revolução? É claro quem tem sido o seu principal beneficiado ? os pobres (e em especial as mulheres) e daí que sejam os seus principais apoiantes. Mas o desenvolvimento posterior da revolução exige que o processo revolucionário seja conduzido não apenas pelas necessidades da população mas também pela sua actividade transformadora .
Quanto a este aspecto, a criação dos conselhos comunitários é um passo absolutamente indispensável neste processo porque cria o espaço para o auto-desenvolvimento dos sujeitos revolucionários. Ao mesmo tempo, porém, a gestão dos trabalhadores nas chamadas indústrias estatais 'estratégicas' andou para trás, e este recuo desmoralizou os trabalhadores revolucionários; ao reduzi-los ao papel adverso que desempenham no capitalismo, reforça todas as tendências auto-orientadas da antiga sociedade. Sem uma produção democrática, participativa e protagonista, as pessoas continuam a ser os seres humanos fragmentados, mutilados que o capitalismo produz. Pior ainda, se as empresas estatais se mantiverem caracterizadas por tomadas de decisões hierárquicas, quanto tempo demorarão os produtores nas companhias de produção social (EPS) articuladas nas cadeias de produção com essas empresas estatais, a descobrir que eles próprios pouco mais são do que associações de assalariados colectivos? Então, onde é que a economia social é uma alternativa ao capitalismo?
Em resumo, neste momento há contradições significativas no seio da Revolução Bolivariana. Para alguns chavistas que querem Chavez sem socialismo, o processo já foi suficientemente longe. Ao ponto de haver resistência à tomada de decisões das bases (seja nos locais de trabalho ou nas comunidades), pelo que o auto-desenvolvimento da população só poderá avançar através da luta. Mas, neste momento, não há meios para coordenar os trabalhadores organizados, os membros das cooperativas, os trabalhadores do sector livre, os camponeses e os profissionais livres que estão preparados para lutar pela democracia protagonista nos locais de trabalho e na comunidade; não existe uma força unida na base que exija transparência e que esteja preparada para lutar contra a corrupção e a deformação da Revolução.
Para fazer avançar a Revolução Bolivariana e para demonstrar a possibilidade deste 'novo tipo de socialismo, um socialismo humano, que coloque o homem e não a máquina ou o estado acima de tudo o resto', é essencial criar instituições que estimulem o desenvolvimento e a coordenação dos sujeitos revolucionários ? pessoas que se transformem a si mesmas no decorrer da luta por um mundo melhor. Como Hugo Chavez escreveu na prisão em 1993, 'o povo soberano tem que se transformar a si próprio em objecto e em sujeito do poder. Esta opção não é negociável para os revolucionários'.
Seguem com o programa de exterminio
Os neoconservadores e a política do «caos construtor»
por Thierry Meyssan
Washington e Tel Aviv regozijam-se pelas operações militares em marcha no Meio Oriente. Segundo declarações de Condoleezza Encrespe, a dor do Líbano é causado pelas «contracções do nascimento de um novo Meio Oriente». Os teóricos do «caos construtor» estimam que tem que correr o sangue para conseguir impor um novo ordem numa região rica em hidrocarburos. Planificada desde faz muito, a ofensiva do exército israelense contra o Líbano está a ser supervisionada desde o Departamento de Defesa de Estados Unidos.
O termo de «Grande Meio Oriente» é uma frase que foi utilizada por George W. Bush para designar um controle geopolítico de um vasto território horizontal, que vai desde Marrocos até Afeganistão.
Durante seu encontro do 21 de julho de 2006 com a imprensa no Departamento de Estado, Condoleezza Encrespe foi interrogada sobre as iniciativas que esperava impulsionar para restabelecer a paz no Líbano. Esta foi sua resposta: «Não vejo o interesse em recorrer à diplomacia se é para voltar ao status quo anterior entre Israel e o Líbano. Penso que seria um erro. O que estamos a ver é, de certa maneira, o começo das contracções do nascimento de um novo Meio Oriente e temos que estar seguros de que tudo o que façamos vá no sentido do novo Meio Oriente, não para o regresso ao anterior» .
Visto desde Washington, o que sucede actualmente no Líbano não tem nada que ver com o resgate dos soldados capturados por Hezbollah. Em realidade trata-se da aplicação da teoria, elaborada durante longo tempo, do «caos construtor». Segundo os adeptos do filósofo Leio Strauss, cujo ramo mediático é conhecida sob a denominaçom de «neoconservadores», o verdadeiro poder não se exerce numa situação de imobilidade senão, pelo contrário, mediante a destruição de toda forma de resistência. Só arrojando as massas ao caos podem aspirar as elites à estabilidade de sua própria posição
Os adeptos de Leio Strauss estimam também que unicamente no meio desta violência os interesses imperiais de Estados Unidos se confundem com os do Estado judeu. A vontade israelense de desmantelar o Líbano, de criar ali um mini-Estado cristão e de anexar-se uma parte do território libanês não é nova. Já foi enunciada, em 1957, por David Ben Gurion numa célebre carta publicada como documento anexo a suas memórias. O mais importante é que foi inserida num amplo projecto de colonização do Meio Oriente redigido em 1996 sob o seguinte título: Uma ruptura limpa: nova estratégia para garantir a segurança do reino [de Israel] . O documento estipulava:
a anulação dos acordos de paz de Oslo
a eliminação de Yaser Arafat
a anexom dos territórios palestinos
o derrubamento de Saddam Husein em Iraque para desestabilizar em corrente a Síria e o Líbano
o desmembramento de Iraque e a criação de um Estado palestino em território iraquiano
a utilização de Israel como base complementar do programa estadunidense de guerra das galáxias.
Este documento serviu de inspiração ao discurso pronunciado ao dia seguinte por Benjamim Netanyahu ante o Congresso estadunidense . Nele encontrámos todos os ingredientes da situação actual: ameaças contra Irão, Síria e o Hezbollah e, para arrematar, o reclamo de anexom do este de Jerusalém. Esse ponto de vista é similar ao da administração estadunidense. O controle das zonas ricas em hidrocarburos que Zbignew Brzezinki e Bernard Lewis chamavam «o arco crítico», ou seja o arco que vai do Golfo de Guiné ao Mar Cáspio passando pelo Golfo Pérsico, supõe uma redefiniçom de fronteiras, de Estados e de regimes políticos, em outras palavras: uma «remodelaçom do Grande Meio Oriente», segundo a fórmula empregada por George W. Bush.
Esse é o novo Meio Oriente do que Condoleezza Encrespe pretende ser a parteira o olhando nascer no meio da dor.
A ideia é singela: substituir os Estados herdados do derrube do Império Otomano por entidades mais pequenas de carácter monoétnico e neutralizar esses mini-Estados lançando-os constantemente uns com outros. Dito de outra forma, trata-se de voltar aos acordos aos que chegaram em segredo, em 1916, o império francês e o britânico (os chamados Acordos Sykes-Picot e de consagrar o domínio total dos anglo-sajones sobre a região. Mas, para estabelecer novos Estados o primeiro é destruir os que já existem. E isso é o que a administração Bush e seus aliados estão a fazer desde faz cinco anos com entusiasmo digno de um aprendiz de mago. Se não estão convencidos, vejamos os resultados:
À Palestina ocupada se lhe amputo o 7% de seu território; a faixa de Gaza e Cisjordânia estão separadas fisicamente pela construção de um muro; a Autoridade Nacional Palestina foi reduzida a ruínas e seus ministros e deputados foram sequestrados e encarcerados.
A ONU conminó ao Líbano a desarmar-se expulsando às forças sírias e dissolvendo o Hezbollah; o antigo premiêr Rafic Hariri foi assassinado e com ele desapareceu a influência de França; a infra-estrutura económica do país foi devastada; mais de 500 000 novos refugiados vagam pela região.
Em Iraque, a ditadura de Saddam Husein foi substituída por um regime ainda mais cruel que deixa mais de 3 000 morridos ao mês; sumido na anarquia, o país está pronto para seu desmembramento em três entidades separadas.
O seudoemirato talibám foi substituído por uma pseudodemocracia que segue impondo a interpretação mais obscurantista da sharia, à que se agregou como novo elemento o cultivo da adormidera. De fato, Afeganistão já se encontra dividido entre os chamados «senhores da guerra» e os combates se generalizam. A governação central renunciou a impor sua autoridade, inclusive na capital.
Em Washington, os discípulos de Leio Strauss, cada vez mais impacientes, sonham com estender o caos a Sudão, Síria e Irão. Para esse período de transição não se fala nem sequer de «democracia de mercado» senão unicamente de sangue e lágrimas. Jacques Chirac, que tinha a intenção de intervir no Líbano para defender os últimos interesses de França nesse país e que enviou ali a seu premiê Dominique de Villepin, teve que acordar de seu sonho. Durante a cimeira do G8, em San Petersburgo, George W. Bush proibiu-lhe fazê-lo dizendo-lhe que não se tratava de uma operação israelense que goza do apoio de Estados Unidos senão de uma operação estadunidense executada por Israel.
Após isso, a Dominique de Villepin não lhe ficou mais remédio que se limitar a lhes servir a seus interlocutores de Beirute umas quantas declarações verbais e expressar sua impotência.
Para ser mais precisos ainda, o plano de destruição do Líbano foi submetido pelo exército israelense à administração Bush faz já pouco mais de um ano, como revelou o San Francisco Chronicle . Esse plano foi objecto de discussões políticas, o 17 e o 18 de junho de 2006 em Beaver Creek, durante o Foro Mundial que o American Enterprise Institute organiza todos os anos. Benjamim Netanyahu e Dick Cheney discutiram-no amplamente junto a Richard Perle e Nathan Sharansky. A Casa Branca deu-lhe luz verde nos dias subseguintes.
As operações militares do exército israelense são supervisionadas pelo Departamento de Defesa de Estados Unidos. Este último determina os aspectos estratégicos essenciais e escolhe os alvos. O papel principal desempenha-o o geral Bantz Craddock como comandante do South Command. Craddock é um especialista em movimento de forças blindadas, como o demonstrou durante a operação Tormenta do Deserto e sobretudo como comandante das forças terrestres da OTAN em Kosovo. É um homem de confiança de Donald Rumsfeld, cujo estado maior pessoal dirigiu e por ordem de quem desenvolveu o campo de concentração de Guantánamo. Em novembro próximo, o general Craddock será nomeado comandante do European Command da OTAN, cargo que permitir-lhe-á dirigir a força de interposiçom que a OTAN poderia despregar no sul do Líbano, além das forças da OTAN que já se encontram em Afeganistão e Sudão.
Os generais israelenses e estadunidenses conhecem-se mutuamente, desde faz uma trintena de anos, graças aos intercâmbios que organiza entre eles o Instituto Judeu para os Assuntos de Segurança Nacional (Jewish Institute for National Security Affairs - JINSA), associação que impõe a seus quadros a participação em seminários de estudo sobre o pensamento de Leio Strauss.