por Nick Beams [*]
Se alguém acreditasse na versão oficial, a entrada das tropas da Austrália em Timor Leste dever-se-ia aos mais nobre motivos. Estão ali simplesmente para restaurar a paz e a estabilidade após o colapso da autoridade do governo. Mas esta ficção política foi desmascarada pelos acontecimentos dos últimos dias, pela luta pelo poder que iniciou a crise e que a trouxe à superfície.
A intervenção do governo de Howard nada tem a ver com a protecção dos interesses do povo de Timor Oriental. O objectivo é produzir uma "mudança de regime" substituindo o governo do primeiro-ministro Mari Alkatiri por uma administração mais em consonância com os interesses australianos.
Há uma máxima em política exterior que diz que não existem aliados nem alianças permanentes, só interesses permanentes. É o caso de Timor Oriental, onde uma das principais preocupações do governo australiano, apoiado pelo Partido Trabalhista da oposição, foi assegurar que outros poderes não tivessem possibilidade de usar sua influência no que se refere explicitamente ao "pátio traseiro da Austrália".
Em 1999 o governo de Howard enviou tropas para liderar a intervenção militar da ONU a fim de assegurar que a Austrália ? mais do que o primeiro poder colonial, Portugal ? exercesse a maior autoridade no Timor Oriental pós-independência e estivesse na melhor posição para explorar as valiosas reservas de gás e petróleo. Sete anos depois as motivações essenciais são as mesmas.
Resistir
O porta-voz do Ministério do Interior da Arábia Saudita, Mansur Turki, questionou a veracidade do suicídio de três prisioneiros no campo de concentração norte-americano de Guantanamo. Turki declarou ter suspeitas de que os três prisioneiros foram torturados. Advertiu que "o reino se esforçará por recuperar os corpos dos dois sauditas, Yassir Zahrani (de 22 anos) e Manea Oteibi (de 19), a fim de os sepultar.
Por sua vez, o vice-presidente da Assembleia Nacional saudita, Mofleh Qahtani, assinalou: "o campo de detenção está fora do alcance de monitores neutros e por isso é fácil dizer que os prisioneiros se suicidaram".
Um dos advogados dos prisioneiros sauditas, Katib Shammari, também colocou "sérias dúvidas" acerca da versão oficial estadunidense e exigiu uma investigação acerca das causas da morte por um conjunto de peritos de diferentes nacionalidades. "Suas famílias não acreditam que se tenham suicidado e consideram-nos mártires", afirmou o advogado.
Dois ex-prisioneiros do Kuwait, que conheceram Zahrani e Otaibi, descartaram a versão do suicídio. "É impossivel", afirmou Abdallah Shimmari, libertado em Novembro último, "até porque os reclusos são vigiados 24 horas por dia mediante câmaras". Por sua vez, Mohammad Dihani, também libertado no ano passado, afirmou que apesar das condições duríssimas impostas em Guantanamo os prisioneiros não pensam no suicídio porque isso contraria os princípios da religião islâmica.
A Amnistia Internacional emitiu um comunicado onde afirma: "a notícia de que três detidos em Guantanamo morreram devido a um aparente suicídio recorda mais uma vez que os Estados Unidos devem encerrar essas instalações sem lei".
Carta ao director do País, que ["surpreendentemente"] não foi publicada
José Gómez Bombarelli
A revista britânica Eurobusiness publicava em seu número de princípios do ano 2002 uma lista com as 400 pessoas mais ricas de Europa, em dita lista, o rei Juan Carlos ocupava o posto 134, com uma fortuna pessoal de 1790 milhões de euros, o que o situava como o quarto espanhol mais rico. Seria bom conhecer a origem de tal fortuna, quando é sabido que no começo de actual Regime, era um homem e umha família carentes de recursos financeiros.
Em seu número de abril do presente ano, a revista estadunidense Forbes, por meio de métodos cabalísticos e divinatórios (que eles mesmos, semanas mais tarde, afirmaram ter empregado) atribuía a Fidel Castro uma fortuna de 760 milhões de euros
Os meios de comunicação apressaram-se a difundir tão ansiada notícia: ?Extra, Extra: ditador comunista sétimo mandatário mais rico do mundo?. Do que parece que não se preocuparam tanto foi de contrastar a notícia nem as fontes, em definitiva, de exercer seu labor com professionalidade e rigor. Limitaram-se a repetir vozeando.
Pelo contrário, com o aparecimento da notícia relativa a Sua fortuna, os meios responderam imediatamente com qualificativos como calunia?, disparate?, falsa? e inclusive inexacta?. Este último é sem dúvida o mais curioso, pois qual teria sido a cifra exacta? Por quanto erraram? Passaram? Ficaram curtos? Proponho aos leitores o repto de aproximar-se a ela, numa nova versão do clássico televisivo, que poderia levar o nome de O Preço Real?. Por que os mesmos meios que compartilham banalidades connosco sobre fortunas alheias [quantas vezes ouvimos, radiada, emitida ou publicada, a quantidade de dinheiro tão imensa que possui a Rainha de Inglaterra, inclusive com um verdadeiro tom velado de crítica?] não informam sobre a de quem poderia interessar, entre outros motivos, por ser seus súbditos? responsáveis dela?
Resulta quanto menos intrigante, o dar-se conta de que, inclusive em plena época da informação, continua tendo certos temas proibidos e indiscutíveis. A imensa fortuna de Castro é indiscutível, a do Rei, um tema proibido.
Dezenas de milhares de prostitutas, muitas delas forçadas ou enganadas, se deslocaram a Alemanha com motivo do Mundial.
por Paula Lego (jornalista)
Longe da alegria dos cánticos e cores dos estádios, dezenas de milhares de prostitutas, várias delas forçadas e enganadas, venderão seu corpo aos assistentes ao Mundial. Nada novo, mas a grande afluência de aficcionados ao futebol suporá a chegada a Alemanha dentre 30.000 e 60.000 mulheres para exercer a prostituição durante o evento desportivo, segundo cálculos de organizações não governamentais locais.
Milhões de aficcionados ao futebol de todo o Planeta esperam ansiosos o começo de uma das citas imprescindíveis deste desporto, o Mundial que disputar-se-á em Alemanha entre o 9 de junho e o 9 de julho. Nos campos de futebol de doze cidades alemãs, uns 30.000 seguidores animarão a sua equipa numa cita que alberga toda a emoção, estética e negócio que mistura o "desporto rei". É a cara da moeda.
O Mundial, no entanto, tem uma cruz bem mais triste e sórdida. Longe da alegria dos cánticos e cores dos estádios, dezenas de milhares de prostitutas, várias delas forçadas e enganadas, venderão seu corpo aos assistentes ao evento desportivo. Nada novo, mas a grande afluência de aficcionados ao futebol suporá a chegada a Alemanha dentre 30.000 e 60.000 mulheres para exercer a prostituição durante o Mundial, segundo cálculos de organizações não governamentais locais.
por James Petras
Resistir.info
Não existe sector da economia dos EUA que, nos anos mais recentes, tenha conseguido igualar as maiores instituições financeiras, tanto em termos relativos como em absolutos. Para o primeiro trimestre de 2006, findo em Fevereiro, o banco Goldman Sachs (GS) superou o record absoluto da Wall Street, anunciando lucros de 2,48 mil milhões de dólares (anualizando atingirão mais de 10 mil milhões de dólares). Os lucros foram superiores em 64% relativamente ao mesmo período do ano anterior (apesar de ter sido também um ano muito lucrativo). A rentabilidade dos recursos próprios alcançou 38,8%, o que representa também um valor record. A receita total bruta atingiu os 10,3 mil milhões de dólares. O GS obteve lucros recordes em cinco dos últimos nove trimestres ( Financial Times, FT, 15/03/2006, p 1).
Por outro lado, o banco Morgan Stanley declarou um aumento dos lucros de 17% totalizando 1,64 mil milhões de dólares também durante primeiro trimestre que terminou em Fevereiro de 2006. A receita total bruta aumentou 24%, enquanto no ano anterior esse aumento foi de 19,7%. O Lehman Brothers declarou um aumento de 24% dos lucros no primeiro trimestre de 2006 atingindo o seu valor record de 1,1 mil milhões de dólares. A receita total bruta aumentou 17% chegando aos 4,5 mil milhões de dólares. O Bear Stearns (BS) juntou-se à dança dos milhões de Wall Street, declarando para o primeiro trimestre lucros de 514 milhões de dólares; os lucros foram superiores a 34% relativamente ao ano anterior. A nova receita total bruta do BS cresceram 19% atingindo 2,3 mil milhões, enquanto o retorno para os accionistas subiu 20,1% no primeiro trimestre de 2006. Os lucros combinados destes 4 bancos totalizam 5,73 mil milhões de dólares durante o trimestre Novembro de 2005 a Fevereiro de 2006, ou 22,9 mil milhões considerando o resultado anual ? e isso não inclui os lucros de três dos cinco bancos de topo (Citigroup, JP Morgan e Merrill Lynch) cujos trimestres decorrem entre Janeiro a Março de 2006, dos quais são esperados igualmente lucros elevados, duplicando para além dos 12 mil milhões de dólares neste primeiro trimestre, e que atinjam um valor próximo de 50 mil milhões para o ano de 2006.
Resistir.info
O presidente da Rússia afirmou dia 10 que o país se prepara para tornar convertível a moeda nacional e criar uma bolsa de petróleo e gás com transacções em rublos.
"No meu discurso de 2003 estabeleci o objectivo de tornar o rublo convertível. Devo dizer que estes planos estão a ser implementados", afirmou Putin. Acrescentou que os trabalhos nesse sentido deveriam ser completados em 1 de Julho próximo, quase seis meses antes da data original de 01/Janeiro/2007.
"O rublo deve tornar-se mais generalizado nas transacções internacionais. Para isto abriremos uma Bolsa de Mercadorias na Rússia para comercializar petróleo, gás e outros bens a serem pagos em rublos", concluiu Putin.
Os observadores consideram que esta bolsa criará uma procura global pelo rublo, tornando-o uma divisa de reserva alternativa no comércio internacional pois a Rússia é o segundo maior produtor mundial de petróleo (após a Arábia Saudita).
Indústria nos cárceres dos EUA: negócio lucrativo ou nova forma de escravidão?
OS organismos de direitos humanos, políticos e sociais estão denunciando o que eles chamam de uma nova forma de exploração desumana nos Estados Unidos, onde asseguram que há uma população carcerária de cerca de 2 milhões e cuja maioria, negros e hispânicos, trabalha nas indústrias por uns tostões. Para os magnatas que investiram nestas indústrias, o achado é como um tesouro. Ali não fazem greves, não têm que pagar seguro de desemprego, férias, nem trabalho compensativo. Os presos trabalham a tempo integral, não têm dificuldades para chegar a tempo ao trabalho ou faltar por algum problema familiar. Ainda mais, se não lhes convêm o pagamento de 25 centavos por hora e se recusam a trabalhar, são encerrados em celas solitárias.
Há aproximadamente no país dois milhões de réus nos cárceres estaduais, federais e privados. Segundo o California Prison Focus, ?nenhuma sociedade na história da humanidade jamais encarcerou tantos cidadãos?. As cifras apontam que os EUA encarceraram mais pessoas que um país qualquer: mais meio milhão que a China, país que tem mais cinco vezes a população dos Estados Unidos. As estatísticas indicam que os EUA tem 25% de todos os presos do mundo, mas apenas 5% da população mundial. A população carcerária aumentou de 300 mil, em 1972, para 2 milhões, em 2000. Em 1990, era de um milhão. Há dez anos, somente havia cinco cárceres privados no país com 2 mil reclusos. Presentemente, há 100, com 62 mil presos. Espera-se que para a próxima década o número de réus atinja 360 mil, segundo informes. O que aconteceu nestes dez últimos anos? Por que aumentou o número de presos? ?A contratação privada de reclusos para trabalhar fomenta incentivos para encarcerar pessoas. As cadeias dependem dessas rendas. Os acionistas de corporações que lucram com o trabalho dos presos manobram para lhes alargar as penas e estender o tempo de trabalho.
Tal vez, hoje chore....
Nom é por quê nom o soubera... sabia-o. Morei muitos anos em países onde a vida dos meninos nom val nada, onde tinham e ainda tenhem que competir com as ratas e os cans nas montureiras polos restos de comida. Porém, hoje estou triste, o meu coraçom está cheio de tristura. Um artigo no Expresso mostra a cerne dos impérios empresariais. Um modelo de homem, um vencedor, até cantado por gente que diz querer emancipar ao povo, um construtor de um império têxtil; é quem se beneficia da nom nenez de um miúdo de 11 anos, Carlinhos. Todos os Inditex do mundo tenhem o mesmo cerne, o seu ouro e poder é a morte e a miséria dos muitos.
Por Hugo Franco
Agachados em cima de um caixote cambaleante, os dois irmãos magricelas vão unindo, com uma agulha e muita paciência, as palmilhas dos sapatos de camurça. Aprenderam mais depressa a coser do que a decorar a tabuada. Eles trabalham há várias horas, com a família, num alpendre escuro, de granito frio e madeira carcomida e onde se misturam os cheiros fétidos do estrume e do bafio.
As grossas dedeiras nem sempre os protegem do cortante fio de nylon, que lhes vai abrindo gretas e deixando cicatrizes na palma das mãos. Não é preciso ser vidente para lhes ler um futuro enegrecido... Pormenor: a cena não se passa num bairro da lata em Calcutá, ou numa província da China, mas a norte de Portugal, numa freguesia rural em Felgueiras!
«Ai, aleijei-me!», exclama Miguel, o mais velho, interrompendo o pesado silêncio. Veste uma «t-shirt» do campeão, o «fê-quê-pê», e sonha mostrar ao mundo os seus dotes com o esférico. Um dia. Por enquanto, são as suas mãos esguias que trabalham no duro e não os pés de artista. «Foi a agulha que me picou». Miguel nem precisava de explicar. A família, reunida em torno da pilha de sapatos com carimbo da Zara, desata à gargalhada. Já estão habituados aos descuidos do miúdo de 14 anos. «Ele é quem tem menos jeito para isto. Saiu-me cá um preguiçoso», graceja a mãe, Aldina, cabelo eriçado, roupa desbotada, pele engelhada e mais envelhecida do que os trinta e poucos anos do bilhete de identidade. Na idade deles, também ela cosia sapatos, numa fábrica em Felgueiras. Ela, a irmã, a cunhada, a prima, a avó?.
O sorriso morre-lhes nos lábios com rapidez. Só o latido do Benfica, um rafeiro que guarda as galinhas e os gansos do quintal, os consegue distrair da tarefa penosa e repetitiva. «Cala-te cão», gritam à vez. E logo voltam a baixar a cabeça para os fios e agulhas. Há quase uma década que esta rotina tomou conta da família. De manhã levantam-se para coser. À noite, adormecem com dores nas costas de tanto coser. «Os miúdos ajudam-nos quando vêm da escola. É o dever deles, não é?» É pergunta retórica, sem resposta, de Aldina, que afaga, por segundos, o cabelo de Carlitos, de 11 anos. Os sapatos de fino corte que ele cose com perícia não podiam contrastar mais com as suas sandálias cambadas e as meias brancas sujas de lama. «É melhor trabalhador e aluno do que o irmão, que já perdeu dois anos lectivos», explica a mãe, que jura a pés juntos não os tirar dos bancos da escola.
A empresa galega Inditex proprietária da marca Zara diz que pesquisará a suposta utilizaçom de meninos para coser os seus sapatos por uma fábrica subcontratada em Portugal, segundo informa hoje o semanário luso Expresso. A mencionada revista, que sai nos sábados, publica uma reportagem com fotografias de meninos da zona rural de Felgueiras no norte de Portugal, uma regiom muito afectada pelo desemprego, que cosem no interior de suas casas sapatos da marca Zara.
Carlinhos, 11 anos: 0,20 ? por sapato titula a portada da secçom 'Única' do semanário que inclui a reportagem. A informaçom destaca que neste domingo é o Dia Mundial do Menino.
As páginas interiores mostram imagens dos meninos, de 11 e 14 anos, cosendo sapatos com o selo da mencionada marca e com as mãos protegidas por grossos dedais de coiro.
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