Mostra de incrementos desde o ano 1999 até o ano 2011
Um café 80,.- pts 1,20 ? 200,.- pts 150% +
1 litro de leite 80,.- pts 0,80 ? 140,.- pts 75% +
1 quilo de tomates 120,.- pts 2,40 ? 400,.- pts 233% +
1 barra de pam 25,.- pts 0,60 ? 100,.- pts 300% +
Livro 1º Eso ? Ciências 1.200,.- pts 35,.- ? 6,000,.- pts 400% +
Aluguer habitaçom 30.000,.- pts 400,.- ? 65.000,- pts 117% +
Andar 90 m2 18.000.000,.- pts 300.000,.- ? 50.000.000,.- pts 178% +
Promédio incremento: 207,57%
Salário camareiro (currante) 145.000,.- pts 900,.- ? 150.000,.- pts. 3,44% +
Banqueiros e demais abutres estafa-nos um 204,13% mais que no ano 1999
Com o euro os magnates som 4 vezes mais ricos em 12 anos.
A ex-ministra Fernández de la Vega passa a cobrar 142.367 euros anuais
Blinda a sua jubilaçom, que será dez vezes a pensom mínima
Fernández de la Vega duplica o seu salário e passa a cobrar 142.367 euros anuais. A quatro anos de se retirar garante-se perceber mais de dez vezes a pensom mínima para sempre.
A partir de agora De la Vega passará de ingressar 73.486 euros brutos anuais a alcançar os 142.367. Esta substancial melhora nas retribuiçons da ex política é conseqüência de que durante dous anos perceberá dous salários: 83.578 euros como membro do Conselho de Estado e 80% do seu salário como vice-presidenta do Governo, como indemnizaçom por cessar no cargo (58.789 euros). Em termos comparativos, a retirada da política proporcionará a De la Vega 18 vezes a pensom mínima, que é actualmente de 7.744 euros.
Prorrateando as pagas extraordinárias a 12 meses, a política social-democrata ingressará 11.803 euros mensais, enquanto que quem recebem a pensom mínima só alcançam os 645 euros.
Ademais, e de cara ao futuro, a ex vice-presidenta conseguiu, mediante o seu novo cargo no Conselho de Estado, que o seu salário seja, para o resto da sua vida, 10 vezes superior ao de quem cobram a pensom mínima em Espanha e mais do duplo de quem cobram o máximo estabelecido pola lei.
De la Vega foi vice-presidenta que baixou o salário aos funcionários. Estas medidas económicas nom só supuserom recortes salariais para os empregados da Administraçom, senom que também implicaram a congelaçom das pensons.
Este personagem é filha de Wenceslao Fernández de la Vega , falangista de Girón no Ministério de Trabalho, o mais falangista dos ministérios de Franco. Maria Teresa (Valencia, 1949) estudou Direito na Universidade Complutense de Madrid e em 1974 aprovou oposiçom como secretária judicial quando ainda vivia Franco.
Esta individua servil aos banqueiros e demais abutres financeiros recebe o prémio ao seu trabalho de cancerbeira do FMI, OTAN, BCE... e demais organizaçons genocidas; mentres a gente nova tem que viver com 700 euros por mês ou menos se tem a sorte de ter trabalho com jeiras de mais de 10 horas ao dia
Como operam as redes da "rebeliom" imperial
(IAR Notícias) 22-Junho-2011
Finalmente (e por enquanto) Washington decidiu nom atacar o Irám e optou por umha operaçom de desestabilizaçom e divisom do mundo árabe islâmico na África e Meio Oriente, como parte da sua estratégia de apoderamento de Euroásia e das rotas craves do petróleo e a energia. Síria, pola sua relaçom estratégica com Irám e polo rol crave que joga como sustém de Hamás e Hezbolá no conflito com Israel, conforma umha peça crave desse tabuleiro. Chamado graciosamente "revoluçons árabes".
Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com
Estancados no bombardeio a Líbia, com Kadafi ainda vivito e coleando os cruzados do eixo USA UE-Israel decidiram ir por Síria. Um "peso pesado" do "eixo do mal", cuja imbricaçom com Irám, Gaza e Líbano, pode converter à nova "revolta popular" da CIA na grande mecha do paiol de Meio Oriente.
Junto com Líbia, Síria é o prémio maior no tabuleiro das "revoltas populares" armadas e organizadas pola CIA, o Mossad e os serviços "aliados" na África e Meio Oriente.
As "revoluçons árabes" fam parte indivisível da estratégia de divisom e confronto entre "islâmicos fundamentalistas" e "islâmicos democráticos", "Árabes fundamentalistas" (Kadafi e Saddam Hussein) e "árabes moderados" (Os Estados do Golfo).
Esta estratégia o Mossad israeliano e a CIA já a puseram em prática com a divisom de prosirios e antisirios em Líbano, e com a divisom de Al Fatah e Hamás em Gaza.
Ou no Iraque, com a divisom de sunies e xiitas que lhe permitiu à CIA implementar a "guerra civil" como estratégia de divisom e controlo do Iraque. De maneira tal, que utilizam a questom religiosa e confessional como parte central da sua estratégia.
Com esta estratégia nom só dividem e debilitam o mundo árabe islâmico, senom que também traçam um circulo de isolamento sobre Irám e os seus aliados. Paralelamente infiltram a "revoluçom árabe" na Síria, aliado estratégico chave do Irám no meio Oriente.
Síria já ingressou de cheio nas "revoltas populares" organizadas para desestabilizar ao governo com grupos instigadores treinados e financiados desde o exterior. Como sucedeu em Líbia, os protestos vam virando lentamente para a "rebeliom armada" enquanto a imprensa internacional acentua o "rosto repressivo e antidemocrático" da administraçom síria conduzida por Bashar al-Assad.
Desde o seu instrumentaçom case orgânica no meio Oriente e na África com as "revoltas populares" promovidas pola CIA e os serviços aliados, a internet e os celulares foram a chave destas mobilizaçons cujos conteúdos e objectivos só os conhecem os seus instigadores ocultos.
Ou seja os beneficiários encobertos (serviços de inteligência e grupos do poder) que os induzem através de operaçons de acçom psicológica principalmente nas "redes sociais". E que logo se convertem em maciços através da difusom a escala global (em vivo e em directo) polas grandes correntes mediáticas internacionais.Tanto em Líbia como na Síria utilizaram-se os mesmos patrons operativos.
Primeiro a "revolta popular" contagiada em massa por Internet e os celulares, e retrô-alimentada polas campanhas da imprensa internacional, cuja única "fonte" som os porta-vozes dos movimentos sediciosos infiltrados nas organizaçons de direitos humanos" financiadas polas diferentes caras empresariais da CIA.
Segundo (e em forma convergente) grupos operativos da "revoluçom democrática" infiltrados que disparam nas manifestaçons para obrigar às forças de segurança a reprimir sangrentamente os protestos. O que alimenta simultaneamente as campanhas mediáticas internacionais com o "assassinato de civis" endossados aos governos submetidos à operaçom de conquista. E que servem como argumento justificativo de umha intervençom militar imperial sobre o país eleito como branco e objectivo.
Num terceiro passo (e como já está a suceder em Líbia), já legitimada umha acçom de intervençom militar pola ONU, mediante a convergência operativa de um "bombardeio humanitário" polo ar, e umha rebeliom armada por terra procede-se ao derrocamento do "ditador" sem ocupaçom militar, e a desfrutar do petróleo e do novo posicionamento geopolítico e militar estratégico no controlo regional.
EEUU, através da CIA e o Departamento de Estado, financiou em segredo com milhons de dólares a grupos opositores sírios e projectos antigubernamentales, incluindo um canal de televisom por satélite, segundo um cabo de Wikileaks citado polo jornal The Washington Post.
O diário estadounidense The Washington Post, citando os gabinetes diplomáticos publicados por Wikileaks, informou que EEUU financiou a grupos de opositores e a umha televisom crítica com o regime sírio. O canal por satélite Barada TV, com sede em Londres -segundo o Post- , começou as suas emissons em Abril de 2009, e duplicou as suas operaçons mediáticas para tentar cobrir os protestos contra o presidente sírio, Bashar al Assad, sustém, junto com Irám, de Hamás e Hezbolá na regiom. Na Síria, tanto como em Líbia, a objectivo chave é o petróleo e o derrocamento de regimes nom adscritos à estratégia geopolítica centralizadora do eixo USA UE-Israel em Africa e no meio Oriente.
Bush designou-o como o combate contra as "ditaduras" do "eixo do mal", e Obama, mais "progre", chama-o projecto de "democratizaçom". O transfondo é a "guerra contra-terrorista".
Nas chamadas revoltas do mundo árabe" os patrons operativos, os objectivos e os interesses estratégicos em jogo nom som os mesmos. A grande dinâmica movilizadora das invasons militares, as guerras e conflitos regionais, e os golpes internos da CIA contra líderes e presidentes desgastados que já nom "fecham" com o controlo estratégico hegemónico da primeira potência imperial do sistema capitalista, é o saqueio dos mercados e das fontes naturais do "ouro preto".Um recurso crave (e em extinçom) para a sobrevivência futura das potências centrais.
Segundo o relatório de The Washington Post, o fluxo de dinheiro para os grupos antigovernamental que hoje protagonizam o centro das revoltas antigovernamentais no meio Oriente começou durante a presidência de George W. Bush depois de que congelasse oficialmente as relaçons com Damasco em 2005. Este financiamento seguiu com o presidente Barack Obama, apesar de que se tentou formalmente restabelecer as relaçons com o regime sírio. Em Janeiro, a Casa Branca nomeou ao primeiro embaixador em Damasco em seis anos.
Os cabos revelados recolhem as preocupaçons do pessoal da Embaixada estadounidense depois de que a Inteligência síria começasse a investigar os programas norte-americanos no país. As autoridades sírias negam que exista no país "umha revolta pacífica popular" senom mais bem trata-se "da irrupçom de grupos de corte jihadista, terrorista, muito próximos à Al-Qaeda, mesmo financiados por Arábia Saudita ou elementos da cena política libanesa". Os analistas em geral falam da existência de umha amálgama de grupos "opositores" que inclui a tendências muito diversas, como socialistas, activistas de direitos humanos", islamitas moderados e nacionalistas do mesmo modo que blogueros e os chamados ciber-disidentes. Este mosaico, infiltrado polas redes operativas da CIA e do resto das agências estadounidenses e "aliadas" serve como polia de transmissom das "revoltas populares" (que logo se convertem em rebelions armadas") que a imprensa internacional apresenta como "revoluçons populares" contra tiranias e regimes autoritários.
O que emerge da Síria, no meio da ausência de jornalistas estrangeiros que podam verificar a situaçom, é todo um exército de dissidentes que se serve de internet para convocar aos opositores ou dar a conhecer ao mundo exterior o que está a suceder no país, afirma a corrente BBC. Agrupados muitos deles no sítio electrónico cyberdissidents.org, componhem o que definem como umha organizaçom "dedicada a defender a liberdade ao promover as vozes dissidentes. A nossa plataforma destaca os textos e as actividades de blogueros dissidentes com o propósito de reforçar a sua voz e defender a liberdade de expressom", acrescenta a corrente. Entre os ciberdissidentes opera um "exército electrónico sírio", segundo di o programa de rádio The World, coproduzido pola BBC, Ronald Diebert, da Escola Munk de Assuntos Globais na Universidade de Toronto, Canadá, quem monitorea a situaçom síria. De acordo com ele, trata-se de gente que opera com um grau de anonimato" e actuou como hacker em "por volta de 50 sítios electrónicos, com mensagens e envio de spam". Num recente comunicado a Casa Branca reconheceu a existência e admitiu o financiamento destas "redes fantasmas" da CIA e da espionagem estadounidense que actuam como centros de irradiaçom e contágio dos protestos antigovernamentais na África e Meio Oriente.
Louai Safi, professor da Universidade de Georgetown, em Estados Unidos e presidente do Conselho Sírio Americano, explicou-lhe The World, que o "activismo de direitos humanos" (espelhos operativos da CIA) começou a cobrar ímpeto em 2000 com a morte do Hafez al-Assad, o pai do actual presidente, Bachar al-Assad, no que se conhece como "a Primavera de Damasco". Os activistas dos "direitos humanos" som os que habitualmente servem como "única fonte" da informaçom que difundem sobre Síria as grandes correntes mediáticas internacionais que jogam um rol crave na legitimaçom dos golpes de Estado e as invasons armadas que levam as "revoltas populares" dirigidas e monitoreadas polo exército electrónico da CIA e a espionagem USA UE. Desde a Secretaria de Estado norte-americano afirma-se que Washington "nom finança a partidos políticos ou movimentos", ainda que em muitos casos brinda ajudas a programas que defendem os valores democráticos, que em realidade som programas de formaçom política antigovernamental. Um passo prévio, ao financiamento de grupos operativos armados como os que estám a actuar em Líbia e nos diversos cenários da "revoluçom árabe islâmica" contra governos nom docís às imposiçoms de Washington e a Uniom Europeia.
Na Síria, a diferença do que está a passar em Líbia, a CIA está a operar a desestabilizaçom do regime montada num confronto inter-religioso cuja evoluçom e objectivo apontam a umha guerra civil como a que utilizaram para dividir e controlar o Iraque. Há um cenário diferencial para ler os processos de mobilizaçom na rua e de repressom militar que se estám desenvolvido na África e no meio Oriente, e que a imprensa internacional e os centros do poder imperialista mundial manipulam e definem interessadamente como "revoltas populares no mundo árabe".
O intuito, como sempre, é misturar os interesses e os objectivos em jogo diametralmente opostos, que dinamizam essas mobilizaçons maciças contra os regimes de governo vigentes. A ideia da Casa Branca, hoje controlada polo lobby sionista "liberal" com Obama como gerente, é plasmar na órbita dos seus satélites árabes o "projecto democracia" renovando a cara da velha "ordem armada" e terminando com a figura gastada dos ditadores ao estilo Mubarak que geram ódio e resistência popular. Desde o ponto de vista estratégico, as revoltas de rua como as desatadas em Tunes, ou contra Mubarak no Egipto alimentaram ingenuamente a hipótese de umha "revoluçom muçulmana" ou de um "levantamento popular". O objectivo nesse caso, foi derrocar ao fantoche, e preservar a continuidade do titiriteiro. A "saída democrática" no Egipto nom foi umha opçom islâmica como pregoam o "progressismo" e a esquerda, senom umha opçom concertada entre a Casa Branca de Obama, falcons do Complexo Militar Industrial e a lógia bancária de Wall Street.
A diferença do resto dos processos de protesto popular no mundo árabe islâmico" infiltrados pola CIA e as inteligências "aliadas" na África, Líbia e Síria inscrevem-se nos patrons operativos das "revoluçons laranja" no espaço soviético, ou nos "golpes budistas" do Tibete ou Birmânia, ou na rebeliom "reformista" para derrocar aos aiatolas em Irám, enquadrados na nova "guerra fria" por áreas de influência (militar e comercial) que mantém o eixo capitalista Rússia-China com o eixo capitalista USA UE-Israel.
Desde a Secretaria de Estado norte-americano afirma-se que Washington "nom finança a partidos políticos ou movimentos", ainda que em muitos casos brinda ajudas a programas que defendem os valores democráticos, que em realidade som programas de formaçom política antigovernamental.
Um passo prévio, ao financiamento de grupos operativos armados como os que estám a actuar em Líbia e nos diversos cenários da "revoluçom árabe islâmica" contra governos nom docís às imposiçons de Washington e a Uniom Europeia.
Na Síria, a diferença do que está a passar em Líbia, a CIA está a operar a desestabilizaçom do regime montada num confronto inter-religioso cuja evoluçom e objectivo apontam a umha guerra civil como a que utilizaram para dividir e controlar o Iraque.
Neste cenário diferencial, há que ler esses processos que a imprensa internacional (interessada em deformar e misturar os acontecimentos) define em massa como "revoltas populares no mundo árabe".
(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.
A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses não se gesta por medo de Israel, senão por medo do que representa o Estado sionista. Israel é o símbolo mais emblemático, a pátria territorial do sionismo capitalista que controla o mundo sem fronteiras desde os diretórios dos bancos e corporações transnacionais. Israel, basicamente, é a representação nacional de um poder mundial sionista que é o dono do Estado de Israel tanto como do Estado norte-americano, e do resto dos Estados com seus recursos naturais e sistemas econômico-produtivos. O que controla o planeta desde os bancos centrais, as grandes cadeias midiáticas e os arsenais nucleares militares
Por Manuel Freytas (*)
manuefreytas@iarnoticias.com
A) O poder oculto
Israel é a mais clara referência geográfica do sistema capitalista transnacionalizado que controla desde governos até sistemas econômicos produtivos e grandes meios de comunicação, tanto nos países centrais como no mundo subdesenvolvido e periférico.
O Estado sionista, mais além de sua incidência como Nação, é o símbolo mais representativo de um poder mundial controlado em seus espaços decisivos por grupos minoritários de origem judia e conformado por uma estrutura de estrategistas e tecnocratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e midiáticas do capitalismo transnacional espalhado pelos quatro pontos cardeais do planeta. Com uma população ao redor de 7,35 milhões de habitantes, Israel é o único estado sionista do mundo.
Porém, quando falamos de Israel, falamos (por extensão) da referência mais significativa de um sistema capitalista globalizado que controla governos, países, sistemas econômicos produtivos, bancos centrais, centros financeiros, arsenais nucleares e complexos militares industriais.
Quando falamos de Israel, falamos antes de mais nada de um desenho estratégico de poder mundial que o protege, interativo e totalizado, que se concretiza mediante uma rede infinita de associações e vasos comunicantes entre o capital financeiro, industrial e de serviços.
O lobby sionista que sustenta e legitima a existência de Israel não é um Estado no distante Oriente Médio, senão um sistema de poder econômico planetário (o sistema capitalista) de bancos e corporações transnacionais com sionistas dominando a maioria dos pacotes acionários ou hegemonizando as decisões gerenciais desde postos diretivos e executivos.
Quem se der ao trabalho de investigar o nome dos integrantes das diretorias ou dos grandes acionistas das grandes corporações e bancos transnacionais estadunidenses e europeus que controlam desde o comércio exterior e interior até os sistemas econômicos produtivos dos países, tanto centrais como "subdesenvolvidos" ou "emergentes", poderá facilmente comprovar que (em uma importante maioria) são de origem judia.
As direções e acionistas das primeiras trinta megaempresas transnacionais e bancos (as maiores do mundo) que cotizam o índice Dow Jones de Wall Street são em sua maioria de origem judia.
Megacorporações do capitalismo sem fronteiras como: Wal-Mart Stores, Walt Disney, Microsoft, Pfizer Inc, General Motors, Hewlett Packard, Home Depot, Honeywell, IBM, Intel Corporation, Johnson & Johnson, JP Morgan Chase, American International Group, American Express, AT & T, Boeing Co (armamentista), Caterpillar, Citigroup, Coca Cola, Dupont, Exxon Mobil (petroleira), General Electric, McDonalds, Merck & Co, Procter & Gamble, United Technologies, Verizon, são controladas e/ou gerenciadas por capitais e pessoas de origem judia.
Estas corporações representam o creme do creme dos grandes consórcios transnacionais sionistas que, através do lobby exercido pelas embaixadas estadunidenses e européias, ditam e condicionam a política mundial e o comportamento dos governos, exércitos ou instituições mundiais oficiais ou privadas.
São os donos invisíveis do planeta: os que manejam os países e presidentes por controle remoto, como se fossem títeres de última geração.
Quem investigue com este mesmo critério, ademais, os meios de comunicação, a indústria cultural ou artística, câmaras empresariais, organizações sociais, fundações, organizações profissionais, ONGs, tanto nos países centrais como periféricos, vai se surpreender com a notável incidência de pessoas de origem judia em seus mais altos níveis de decisão.
As principais cadeias televisivas dos USA (CNN, ABC, NBC e Fox), os principais diários (The Wall Street Journal, The New York Times e The Washington Post) estão controlados e gerenciados (através de grupos de acionistas ou de famílias) por grupos do lobby sionista, principalmente novayorquino.
Da mesma forma as três mais influentes revistas (Newsweek, Time e The New Yorker), e consórcios hegemônicos da Internet como Time-Warner (fundidos com América on Line) e Yahoo estão controlados por gerenciamento e capital sionista que opera a nível de redes e conglomerados entrelaçados com outras empresas.
Colossos do cinema como Hollywood e do espetáculo como The Walt Disney Company, Warner Brothers, Columbia Pictures, Paramount, 20th Century Fox, entre outros, formam parte desta rede interativa do capital sionista imperialista.
A concentração do capital mundial em mega-grupos ou mega-companhias controladas pelo capital sionista, em uma proporção aplastante, possibilita decisões planetárias de todo o tipo, na economia, na sociedade, na vida política, na cultura, etc., e representa o aspecto mais definido da globalização imposta pelo poder mundial do sistema capitalista imperial.
O objetivo central expansivo deste capitalismo sionista transnacionalizado é o controle e o domínio (por meio de guerras de conquista ou de "sistemas democráticos") de recursos naturais e sistemas econômico-produtivos, em um sistema que seus defensores e teóricos chamam "políticas de mercado" (Fridman, Chicagos Boys, etc).
O capitalismo transnacional, em escala global, é o dono dos Estados e de seus recursos e sistemas econômico-produtivos, não somente do mundo dependente, senão também dos países capitalistas centrais.
Portanto, os governos dependentes e centrais são gerências (pela esquerda ou direita) que, com variantes discursivas, executam o mesmo programa econômico e as mesmas linhas estratégicas de controle político e social.
Este capitalismo transnacional "sem fronteiras" do lobby sionista que sustenta o Estado de Israel se assenta em dois pilares fundamentais: a especulação financeira informatizada (com assento territorial em Wall Street) e a tecnologia militar-industrial de última geração (cuja máxima de desenvolvimento se concentra no Complexo Militar Industrial dos USA).
O lobby sionista internacional, sobre o qual se assentam os pilares existenciais do Estado de Israel, controla desde governos, exércitos, polícias, estruturas econômicos produtivas, sistemas financeiros, sistemas políticos, estruturas tecnológicas e científicas, estruturas socioculturais, estruturas midiáticas internacionais, até o poder de polícia mundial assentado sobre os arsenais nucleares, os complexos militares industriais e os aparatos de deslocamento militar dos USA e das potências centrais.
A esse poder, e não ao Estado de Israel, é o que temem os presidentes, políticos, jornalistas e intelectuais que calam ou deformam diariamente os genocídios de Israel no Meio Oriente temerosos de ficarem sepultados em vida, sob a lápide do "anti-semitismo".
O lobby imperial
O lobby sionista pró-israelense, a rede de poder oculto que controla a Casa Branca, o Pentágono e o Banco Central não reza nas sinagogas senão na Catedral de Wall Street. Um detalhe a ter em conta, para não confundir a religião com o mito e com o negócio.
Quando se referem ao lobby sionista (ao que denominam de lobby pró-israel) a maioria dos expertos e analistas falam de um grupo de funcionários e tecnocratas, em cujas mãos está o desenho e a execução da política militar norte-americana.
A este lobby de pressão se atribui o objetivo estratégico permanente de impor a agenda militar e os interesses políticos e geopolíticos do governo e do Estado de Israel na política exterior dos USA.
Como definição, o lobby pró-israel é uma gigantesca maquinaria de pressão econômica e política que opera simultaneamente em todos os estamentos do poder institucional estadunidense: Casa Branca, Congresso, Pentágono, Departamento de Estado, CIA e agências da comunidade de inteligência, entre os mais importantes.
Por meio da utilização de seu poder financeiro, de sua estratégica posição nos centros de decisão, os grupos financeiros do lobby exercem influência decisiva na política interna e externa dos USA, a primeira potência imperial, além de seu papel dominante no financiamento dos partidos políticos, dos candidatos presidenciais e dos congressistas.
A nível imperial, o poder financeiro do lobby se expressa principalmente por mio do Banco Central dos USA, um organismo chave para a concentração e reprodução do capital especulativo a nível planetário.
O coração do lobby sionista estadunidense é o poderoso setor financeiro de Wall Street que tem direta implicação e participação na nomeação de funcionários chaves do governo dos USA e dos órgãos de controle da política monetária e instituições creditícias (nacional e internacional) com sede em Washington e Nova York.
Os organismos econômicos financeiros internacionais como a OCDE, o Banco Mundial, o FMI, estão sob o controle direto dos bancos centrais e dos governos dos USA e das potências controladas pelo lobby sionista internacional (Grã Bretanha, Alemanha, França, Japão, entre as mais relevantes).
Organizações e alianças internacionais como a ONU, o Conselho de Segurança e a OTAN estão controladas pelo eixo sionista USA-União Européia, cujas potências centrais são as que garantem a impunidade dos extermínios militares de Israel no Meio Oriente, como sucedeu com o último massacre de ativistas solidários com o povo de Gaza.
As principais instituições do lobby (Goldman Sachs, Morgan Stanley, Lehman Brother, etc.) e os principais bancos (Citigroup, JP Morgan e Merrill Lynch, etc.) influem decisivamente para a nomeação dos titulares do Banco Central, o Tesouro, e a secretaria de Comércio, ademais dos diretores do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
C) O mito do "anti-semitismo"
É este fenômeno de "poder capitalista mundial sionista", e não a Israel, que temem os presidentes, políticos, jornalistas e intelectuais que evitam tremulamente condenar ou nomear os periódicos genocídios militares de Israel em Gaza, repetindo o que já fizeram durante o massacre israelense no Líbano em 2006.
A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses não se gesta por medo do Estado de Israel, senão por medo do que representa o Estado de Israel.
Não se trata de Israel, senão do "Grande Israel", a pátria do judaísmo mundial (com território roubado dos palestinos), da qual todos os sionistas do mundo se sentem seus filhos pródigos dispersos pelo mundo.
Não se trata de Israel, senão das poderosas organizações e comunidades judias mundiais que apoiaram em bloco o genocídio militar de Israel em Gaza, que utilizam seu poder e "escala de prestígio" (construída mediante sua vitimização histórica com o Holocausto) para converter em um leproso social aquele que se atreva a criticar ou levantar a voz contra o extermínio militar israelense em Gaza.
Não temem o Estado de Israel, senão aos filhos de Israel camuflados nos grandes centros de decisão do poder mundial, sobretudo econômico-financeiros e midiático-culturais.
Os políticos, intelectuais e jornalistas do sistema não temem Israel, senão que temem aos meios de comunicação, organizações e empresas judias, e sua influência sobre os governos e processos econômico-culturais do sistema capitalista sionista apoiados por todos os países em escala planetária.
Definitivamente, temem que as empresas, as universidades, as organizações e as fundações internacionais sionistas que financiam e/ou promovem suas ascensões e postos na maquinaria do sistema os declarem "anti-semitas" e os deixem sem trabalho.
Essa é a causa principal que explica porque os intelectuais, acadêmicos e jornalistas do sistema vivem elucubrando sérias análises da "realidade" política, econômica e social sem a presença da palavra sionista ou do sistema capitalista que paga por seus serviços.
Se bem que há um grupo de intelectuais e de militantes judeus de esquerda (**) (dentre eles Chomsky e Gelamn, entre outros) que condenaram e protestaram contra o genocídio israelense em Gaza, a maioria considerável das comunidades e organizações judias em escala planetária apoiou explicitamente o massacre de civis em Gaza argumentando que se tratava de uma "guerra contra o terrorismo".
Apesar de que Israel não invadiu nem perpetrou um genocídio militar em Gaza com a religião judia, senão com aviões F-16, bombas de rácimo, helicópteros Apache, tanques, artilharia pesada, barcos, sistemas informatizados, e uma estratégia e um plano de extermínio militar em grande escala, quem questione esse massacre é condenado por "anti-semita" pelo poder sionista mundial distribuído pelo mundo.
Apesar de que o lobby sionista sionista que controla Israel, tanto como a Casa Branca, o Tesouro e o Banco Central dos USA não rezam nas sinagogas senão na Catedral de Wall Street, aquele que critique é alcunhado de imediato como "anti-semita" ou "nazi" pelas estruturas midiáticas e culturais controladas pelo poder sionista mundial.
As campanhas de denúncia de anti-semitismo com as quais Israel e as organizações judias buscam neutralizar as críticas contra o massacre, abordam a questão como se o sionismo sionista (sustentáculo do Estado de Israel) fosse uma questão "racial" ou religiosa, e não um sistema de domínio imperial que abarca interativamente o plano econômico, político, social e cultural, superando a questão da raça ou das crenças religiosas.
O lobby sionista não controla o mundo com a religião: o maneja com bancos, transnacionais, hegemonia sobre os sistemas econômico-produtivos, controle sobre os recursos naturais, controle da rede informativa e de manipulação mundial, o manejo dos valores sociais através da publicidade, a cultura e o consumo estandardizado e globalizado pelos meios de comunicação.
Em resumo:
O lobby sionista que protege o Estado de Israel (pela "direita" e pela "esquerda") está conformado por uma estrutura de estrategistas e tecnocratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e midiáticas do capitalismo transnacional estendido pelos quatro pontos cardeais do planeta.
Suas redes se expressam através de uma multiplicidade de organizações dedicadas a promover o atual modelo global, entre as quais se encontram principalmente: The Hudson Institute, The RAND Corporation, The Brookings Institution, The Trilateral Commission, The World Economic Forum, Aspen Institute, American Enterprise Institute, Deutsche Gesellschaft für Auswärtigen Politik, Bilderberg Group, Cato Institute, Tavestock institute, e a Carnegie Endowment for International Peace, entre outras.
Todos estes think tanks ou "bancos de cérebros" reúnem os melhores tecnocratas, cientistas e estudiosos em seus respectivos campos, egressos das universidades dos USA, Europa e todo o resto do mundo.
O lobby não somente está na Casa Branca, senão que abarca todos os níveis das operações do capitalismo em escala transnacional, cujo desenho estratégico está na cabeça dos grandes charmans e executivos de bancos e consórcios multinacionais que se sentam no Consenso de Washington e repartem o planeta como se fosse uma pizza.
Enquanto não se articule um novo sistema de compreensão estratégica (uma "terceira posição" revolucionária do saber e do conhecimento) o poder mundial que controla o planeta seguirá perpetuando-se nas falsas opções de "esquerda" e "direita".
E o lobby sionista de "direita" dos republicanos conservadores seguirá sucedendo ao lobby sionista "de esquerda" dos democratas liberais em uma continuidade estratégica com as mesmas linhas reatoras do Império sionista mundial.
E os massacres do Estado de Israel seguirão, como até agora, impunes e protegidos pelas estruturas do sistema de poder mundial sionista capitalista que o considera como sua "pátria territorial".
(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas de poder, especialista em inteligência e comunicação estratégica.
Trad. Vera Vassouras
(**) Identificar judaísmo com sionismo é fulcral para o Estado Nazi-Sionista de Israel. O judaísmo não é uma identidade com o nazismo sionista (Canta o melro).
As guerras de EEUU contra os débis
Manuel E. Yepe
Rebelión
Quando um bom amigo canadense anunciou-me que me estava enviando um livro cuja leitura me recomendava vivamente, supus, polo título que me adiantou: ?War Against the Weak? (Guerra contra os débis), que trataria acerca das frequentes agressons contra países do Terceiro Mundo executadas por Washington desde que, ao findar da Guerra Fria, devéu super-potencia única no planeta.
Mas fiquei surpreendido ao constatar, ao recebê-lo, que o livro em questom referia-se a outra desigual contenda que Estados Unidos preparou desde inícios de século XX e posta na prática entre as décadas dos anos 30 e 60 do passado século, cujo propósito era criar umha raça superior dominante.
Essa campanha estadounidense -praticamente ignorada hoje em todo mundo em virtude do acoubamento mediático a que esteve submetida por razons obvias- serviu de modelo para o holocausto a que submeteu o nazismo alemám liderança por Adolfo Hitler à populaçom judia.
Personagens e instituiçons da política e a economia que agora se nos apresentam como respeitáveis paladinos da democracia e os direitos humanos, estiveram involucrados neste genocídio.
O livro contam-nos que, no primeiras seis décadas do século XX, por centos de milhares de norte-americanas etiquetagens como débis mentais ("feeble minded") porque nom se ajustavam aos patrons teutónicos, esteve-lhes vedada a reproduçom.
Seleccionados em prisons, manicómios e orfanatos polos seus antepassados, a sua origem nacional, a sua etnia, a sua raça ou a sua religiom, foram esterilizados sem o seu consentimento, impedidos de procriar, de casar ou separados dos seus casais por médios burocráticos governamentais. Esta perniciosa guerra de luva branca foi levada a cabo por organizaçons filantrópicas, prestigiosos professores, universidades de elite, ricos empresários e altos funcionários do governo, formando um movimento pseudo-científico chamado eugenesia (eugenics) cujo propósito, mais ali do racismo, era criar umha raça nórdica superior que se impusesse a nível global.
O movimento eugenésico paulatinamente construiu umha infra-estrutura jurídica e burocrática nacional para limpar a Estados Unidos dos "nom aptos". Provas de inteligência, coloquialmente conhecidas como mediçons de IQ, inventaram-se para justificar a exclusom dos "débis mentais", que freqüentemente, eram só pessoas tímidas ou que falavam outra língua ou tinham umha cor de pele diferente. Decretaram-se leis de esterilizaçom forçosa nuns 27 estados do país para impedir que as pessoas detectadas pudessem reproduzir-se.
Proliferárom as proibiçons de casal para impedir a mistura de raças. À Corte Suprema dos EEUU chegaram numerosos litígios cujo verdadeiro propósito era consagrar à eugenesia e as suas tácticas no direito quotidiano.
O plano era esterilizar de imediato a 14 milhons de pessoas em Estados Unidos e vários mais milhons noutras partes do mundo para, posteriormente, continuar erradicando ao resto dos débis até deixar só aos nórdicos de raça pura no planeta.
Em definitiva, na década dos anos 30 foram esterilizados coercitivamente uns 60,000 pessoas e nom se sabe quantos casais foram vedados por leis estaduais brotadas do racismo, o ódio étnico e o elitismo académico, mascaradas com um manto de respeitável ciência.
Eventualmente, a eugenesia, cujos objectivos eram globais, foi espargida por evangelistas norte-americanos a Europa, Ásia e Latinoamérica até formar umha bem entretecida rede de movimentos com práticas similares que, mediante conferências, publicaçons, e outros meios, mantinha aos seus líderes e propugnadores à espreita de oportunidades de expansom das suas ideias e propósitos.
Foi assim que chegou a Alemanha, onde fascinou a Adolfo Hitler e ao movimento nazista. O Nacional Socialismo alemá transformou a procura norte-americana de umha "raça nórdica superior" no que foi a luta de Hitler por umha "raça ária dominante".
A eugenesia nazista rapidamente deslocou à norte-americana pola sua velocidade e fereza. Nas páginas deste livro, Edwin Black "de mae judia polonesa- demonstra como a racionalidade científica aplicada polos médicos assassinos de Auschwitz, na Alemanha, foi concebida antes nos laboratórios eugenésicos da Instituiçom Carnegie, no seu complexo de Cold Spring Harbor em Long Island, onde se propagandiçava de maneira entusiasta ao regime nazista. Também se relata a maciça ajuda financeira outorgada polas fundaçons Rockefeller, Carnegie e Harriman às entidades científicas alemás onde começaram os experimentos eugenésicos que culminaram em Auschwitz.
Ao ser qualificado de genocídio o extermínio de judeus polos nazistas no Julgamento de Nuremberg, as instituiçons norte-americanas vinculadas às práticas da eugenesia a rebaptizarom como "genética" e continuaram os seus projectos por mais de outra década, esterilizando e proibindo casais "indesejáveis".
O livro de Edwin Black, publicado pola Thunder´s Mouth Press em 2003, é umha jóia do jornalismo de investigaçom que, nas suas 550 páginas, permite ao leitor constatar o parentesco e os rasgos comuns entre a trágica história que conta e a política que a elite do poder estadounidense aplica hoje nas suas relaçons com as minorias nacionais, os imigrantes e o Terceiro Mundo.
*Jornalista cubano, especializado em temas de política internacional.
Rebeliom publicou este artigo com a permissom do autor mediante umha licença de Creative Commons, respeitando a sua liberdade para publicar noutras fontes.
"Os negócios florescem"
Mike Whitney
CounterPunch
Traduzido do inglês para Rebelión por Germán Leyens
Imaginai qual seria a vossa reacçom se o governo mexicano aceitasse pagar a Barack Obama 1.400 milhons de dólares para que envie tropas e veículos blindados estadounidenses a Nova Iorque, Os Angeles e Chicago, para realizar operaçons militares, estabelecer pontos de controlo, e realizar tiroteios que terminem por matar a 35.000 civis estadounidenses nas ruas das cidades de EE.UU.
Se o governo mexicano tratasse a EE.UU. dessa maneira, o consideraríades amigo ou inimigo?
Assim trata EE.UU. a México, e fai-no desde 2006.
A política de EE.UU. para México "a Iniciativa Mérida" é um pesadelo. Debilitou a soberania mexicana, corrompeu o sistema político e militarizou o país. Também levou às mortes violentas de milhares de civis na sua maioria pobres. Mas a Washington importa-se um pepino o "dano colateral" enquanto possa vender mais armas, fortalecer o seu regime de livre comércio, e branquear mais benefícios da droga nos seus grandes bancos. Entom todo vai que dá génio.
Tem sentido dignificar esta carnificina chamando-a "Guerra contra a droga"?
Nom fai sentido. O que vemos é umha gigantesca toma do poder polo grande capital, as grandes finanças e os serviços de inteligência de EE.UU. Obama simplesmente fai o que lhe peta, motivo polo qual "nom é surpreendente" as cousas puseram-se muito pior no seu governo. Obama nom só aumentou os fundos para o Plano México (alias Mérida), senom que também enviou mais agentes estadounidenses para que trabalhem na clandestinidade enquanto os drones de EE.UU. realizam o seu trabalho de vigilância. Compreendeis" Nom é umha pequena redada antidroga: é outro capítulo da Guerra de EE.UU. contra a Civilizaçom.
O que segue é umha passagem de um artigo no CounterPunch de Laura Carlsen que dá alguns antecedentes:
"A guerra da droga converteu-se no maior veículo de militarizaçom em Latinoamérica. É um veículo financiado e impulsionado polo governo de EE.UU. e alimentado por umha combinaçom de falsa moral, hipocrisia e muito medo forte e irracional. A denominada "guerra contra a droga" é na realidade umha guerra contra a gente, especialmente os jovens, as mulheres, os povos indígenas e os dissidentes. A guerra contra a droga converteu-se no principal caminho para que o Pentágono ocupe e controle países à conta de sociedades completas e muitas, muitas vidas.
"A militarizaçom em nome da guerra contra a droga ocorre com mais rapidez e mais a fundo do que a maioria provavelmente esperávamos sob o governo de Obama. O acordo para estabelecer bases em Colômbia, suspendido posteriormente, enviou umha dos primeiros sinais da estratégia. E vimos a extensom indefinida da Iniciativa Mérida em México e Centroamérica, e mesmo, lamentavelmente, que barcos de guerra foram enviados a Costa Rica, umha naçom com umha história de paz e sem exército"
"A Iniciativa Mérida finança interesses de EE.UU. para treinar forças de segurança, fornecer tecnologia de inteligência e guerra, dar conselhos sobre a reforma dos sistemas de justiça e promover os direitos humanos, todo em México." (The Drug War Com't Bê Improved, It Com Only bê Ended, Laura Carlsen, Counterpunch)
Se parece que Obama está a fazer o possível para converter a México numha ditadura militar, é porque o está fazendo. O Plano México é um engano que oculta os verdadeiros motivos do governo, que som assegurar que os fastuosos benefícios do narcotráfico terminem nos bolsos desejados. Disso trata-se, de muito dinheiro. E por isso o número de vítimas mortais aumentou vertiginosamente enquanto a credibilidade do governo mexicano haver caído ao nível mais baixo em décadas. A política de EE.UU. converte grandes áreas do país em campos da morte, e a situaçom segue piorando.
Na seguinte entrevista, Charles Bowden descreve como é a vida da gente que vive na Zona Zero na guerra da droga: Juárez, México:
"Isto passa numha cidade onde há pessoas que vivem em caixas de cartom. Dez mil negócios foram abandonados ou fechados o ano passado. De trinta a sessenta mil pessoas de Juárez, principalmente os mais ricos, transferiram-se do outro lado do rio, a El Passo, em busca de segurança, incluindo ao presidente da Câmara de Juárez, a quem gosta de passar tempo no Passo. O editor do jornal de Cidade Juárez vive nele Passo. Entre 100.000 e 400.000 pessoas simplesmente abandonaram a cidade. umha boa parte do problema é económico, nom é só pola violência. Ao menos 100.000 postos de trabalho nas fábricas que se encontram na fronteira desaparecêrom durante a recessom devido à competência da Ásia. Existem entre 500 e 900 quadrilhas e bandas criminais, as estimaçons variam.
"A isso há que acrescentar 10.000 soldados e agentes da polícia federal que deambulam polos arredores. Encontras-te com umha cidade na que ninguém sai pola noite, onde os pequenos negócios som extorsionados, onde, segundo dados oficiais, 20.000 automóveis foram roubados o ano passado e mais de 2.600 pessoas foram assassinadas. umha cidade na que ninguém fai um seguimento das pessoas que foram seqüestradas e nom voltaram a aparecer, onde ninguém conta o número de pessoas enterradas em covas secretas, algumhas das quais, milagrosamente, cada tanto conseguem abrir-se passo para a superfície, e se desenterrar. Encontras com umha situaçom desastrosa. E há um milhom de pessoas atrapadas na cidade que som demasiado pobres para ir-se. Esse é o estado da cidade." (Charles Bowden, Democracy Now)
Nom se trata da droga; trata de umha política exterior demencial que apoia exércitos homens de palha para impor a ordem mediante a repressom e a militarizaçom de um Estado policial. Trata-se de expandir o poder de EE.UU. aumentando os benefícios em Wall Street.
A seguir reproduzimos mais dados do autor Lawrence M. Vance da Fundaçom polo Futuro da Liberdade:
"umha quantidade desconhecida de agentes da manutençom da ordem de EE.UU. trabalham em México" a DEA (Agência Antidrogas de EE.UU.) tem mais de 60 agentes em México. Ademais há 40 agentes do Serviço de Imigraçom e Controlo de Alfândegas de EE.UU., 20 encarregados do Serviço de Alguazís de EE.UU. e 18 agentes de Alcool, Tabaco, Armas de fogo e Explosivos, mais agentes da FBI, do Departamento de Serviços de Cidadania e Imigraçom (Ou.S. Citizen and Immigration Service), o Escritório de Alfândegas e Protecçom Fronteiriça dos Estados Unidos, Serviço Secreto, Guarda-costas e da Agência Americana de Segurança no Trânsito NHTSA. O Departamento de Estado mantém umha Secçom de Assuntos de Narcóticos. EE.UU. também forneceu helicópteros, cans detectores de drogas, e unidades de polígrafo para seleccionar a candidatos aos serviços de manutençom da ordem.
"Drones de EE.UU. espiam esconderijos dos cartéis, e radio-balizas de localizaçom estadounidenses situam a carros e telefones de suspeitos, agentes de EE.UU. localizam as balizas, rasteiam as chamadas de telemóvel,lem correios electrónicos, estudam modelos de conduta de incursons fronteiriças, seguem rotas de contrabando, e processam dados sobre narco-traficantes, branqueadores de capitais e chefes dos cartéis. Segundo um antigo fiscal mexicano contra a droga nom existem restriçons segundo a lei de EE.UU. para que os agentes estadounidenses realizem escutas de quaisquer em México, enquanto nom esteja em EE.UU. nem piquem os telefones de cidadás estadounidenses. ("Why Is the Ou.S. Fighting Mexico's Drug War"" Laurence M. Vance, The Future of Freedom Foundation)
Nom se trata de política exterior: é umha ocupaçom mais por parte EE.UU. E, adivinham quem ganha em abundância no grande jogo deste sórdido embuste? Wall Street. Assim é, os grandes bancos obtenhem a sua parte, como sempre. Considerem esta passagem de um artigo de James Petras, intitulado "Como os benefícios da droga salvaram o capitalismo". É um grande resumo dos objectivos que conformam a política:
"Enquanto o Pentágono arma ao governo mexicano e a Drug Enforcement Agency (DEA) promove a soluçom militar, os maiores bancos de EE.UU. arrecadam, branquejam e transferem centos de milhares de milhons de dólares anuais de e às contas dos capos da droga, para comprar armas modernas, pagar exércitos privados de assassinos e corromper a políticos e agentes da ordem a ambos as duas bandas da fronteira.
"Os ganhos da droga, no seu sentido mais básico, realizam-se através da capacidade de branqueio de fundos e realizaçom de transacçons do sistema bancário de EE.UU. A escala e o alcance desta aliança entre o cartel da droga e o citado sistema bancário superam com fartura qualquer outra actividade económica do sistema bancário privado estadounidense. Um só banco "Wachovia" branqueou 378.300 milhons de dólares entre o 1 de Maio 2004 e o 31 de Maio de 2007 (The Guardian, 11.5.2011). Todos os bancos importantes de EE.UU. fôrom num momento ou outros sócios financeiros activos dos criminosos cartéis da droga: Bank of America, Citibank, JP Morgan, assim como outros bancos estrangeiros que operam em Nova Iorque, Miami e Los Ángeles.
"Ainda que os principais bancos de EE.UU. som os motores económicos que permitem que siga em funcionamento este multimilionario império da droga, a Casa Branca, o Congresso de EE.UU. e os organismos oficiais de luta contra a droga som os protectores básicos dos bancos" O branqueio de dinheiro da droga é umha das fontes mais lucrativas de benefício de todos os bancos de Wall Street: cobram altas comissons e prestam a entidades de crédito a taxas de interesse muito superiores ao que pagam -quando o fam- aos narcotraficantes polos seus depósitos" Alagados de benefícios da droga branqueados, esses titáns estadounidenses do mundo das finanças podem comprar facilmente aos seus próprios funcionários elegidos para perpetuar o sistema." "Imperialismo, banqueiros, guerra da droga e genocídio", James Petras, Rebelión)
Repito: "Cada banco importante em EE.UU. serviu como um sócio financeiro activo de cartéis assassinos da droga""
A Guerra contra a Droga é umha fraude. Nom tem que ver com interdicçom; tem que ver com controlo. Washington prove a força para que os bancos podam acumular o grande dinheiro. umha mao lava à outra, igual que na Máfia.
Mike Whitney vive no Estado Washington. Contacto: fergiewhitney@msn.com
Como a imprensa Murdoch defende o segredo sujo da Austrália
por John Pilger
Diz-se que a escuta ilegal de gente famosa feita por News of the World é o Watergate de Rupert Murdoch. Mas será mesmo este o crime por que Murdoch devia ser conhecido? Na sua terra natal, a Austrália, Murdoch controla 70 por cento da imprensa da capital. A Austrália é a primeira murdochracia do mundo, em que o poder é a difamação pelos media.
A campanha mais duradoura e insidiosa de Murdoch tem sido contra o povo aborígene, cujas terras foram expropriadas com a chegada dos britânicos nos finais do século XVIII e nunca mais foram recuperadas. "A caça aos negros" continuou até 1960 e para além disso. O roubo, de inspiração oficial, de crianças às famílias aborígenes, justificado pelas teorias racistas do movimento eugenista, produziu o que ficou conhecido por Geração Roubada e em 1997 foi identificado como genocídio. Actualmente, os primitivos australianos têm a mais curta esperança de vida de todos os 90 povos indígenas do mundo. A Austrália mete aborígenes na prisão cinco vezes mais do que a África do Sul fazia nos anos do apartheid. No estado da Austrália Ocidental, este número é oito vezes maior do que a taxa do apartheid.
O poder político na Austrália repousa sobretudo no controlo das terras ricas de recursos. A maior parte do urânio, ferro, ouro e gás natural situa-se na Austrália ocidental e no Território Norte ? em terras aborígenes. Claro que o 'progresso' aborígene não interessa à indústria mineira e aos seus guardiães políticos tanto dos governos trabalhistas como de coligação (conservadores). A sua voz, dedicada e estridente é a imprensa Murdoch. O governo trabalhista, excepcional e reformista, de Gough Whitlam nos anos 70 instituiu uma comissão real que deixou claro que a justiça social para com os povos primitivos da Austrália apenas seria conseguida com direitos universais às terras e uma parte digna da riqueza nacional. Em 1975, Whitlam foi afastado pelo governador-geral num 'golpe constitucional'. A imprensa Murdoch virou-se contra Whitlam de modo tão venenoso que jornalistas revoltados do The Australian queimaram os jornais no meio da rua.
Em 1984, o Partido Trabalhista 'prometeu solenemente' acabar o que Whitlam tinha começado e legislar sobre os direitos dos aborígenes às terras. A isso opôs-se o então primeiro-ministro trabalhista, Bob Hawke, 'camarada' de Rupert Murdoch. Hawke acusou o público de ser 'pouco compassivo'; mas um relatório secreto do partido, com 64 páginas, revelou que a maioria dos australianos apoiava os direitos à terra. Isto transpirou para o The Australian, cuja primeira página declarou, "Pouca gente apoia os direitos dos aborígenes à terra", o oposto da verdade, alimentando assim uma atmosfera de desconfiança propositada, de retrocesso e de rejeição dos direitos que iria diferenciar a Austrália da África do Sul. Em 1988, um editorial do tablóide londrino de Murdoch, o Sun, descrevia 'os aborígenes' como 'traiçoeiros e brutais'. O que foi condenado pelo Conselho de Imprensa do Reino Unido como 'racismo inaceitável'.
The Australian publica longos artigos que apresentam o povo aborígene não de forma antipática, mas como eternas vítimas uns dos outros, "toda uma cultura a suicidar-se", ou como primitivos nobres que precisam de uma direcção firme: a perspectiva eugénica. Promove 'líderes' aborígenes que, ao censurarem o seu próprio povo pela sua pobreza, dizem à elite branca o que ela quer ouvir. O escritor Michael Brull caricatura isso: "Oh, Branco, por favor salva-nos. Tira-nos os nossos direitos porque somos muito atrasados".
É esta também a perspectiva do governo. Alinhando contra o que se chama o 'ponto de vista da braçadeira negra' do passado da Austrália, o governo conservador de John Howard encorajou e absorveu as perspectivas dos defensores da supremacia branca ? que não houve genocídio, não houve Geração Roubada, não houve racismo; na verdade, os brancos é que são as vítimas do 'racismo liberal'. Uma série de jornalistas de extrema-direita, de académicos de segunda e de parasitas tornaram-se os antípodas equivalentes a David Irving [1] , negador do Holocausto. A sua plataforma tem sido a imprensa Murdoch.
Andrew Bolt, colunista do tablóide de Melbourne Herald-Sun de Murdoch, é hoje o defensor de um processo de difamação racial apresentado por nove aborígenes importantes, entre os quais Larissa Behrendt, professora de direito e de estudos indígenas em Sydney. Behrendt tem sido uma opositora, com autoridade e verdade, da 'intervenção de emergência' 2007 de Howard no Território Norte, que o governo trabalhista de Julia Gillard veio reforçar. O pretexto para 'intervir' foi que o abuso de crianças entre os aborígenes atingia 'números impensáveis'. Era uma fraude. De 7 433 crianças aborígenes examinadas pelos médicos, foram identificados quatro possíveis casos ? a mesma taxa de abuso de crianças que na Austrália branca. O que se pretendia esconder era a apropriação colonialista à moda antiga de terras ricas em minérios no Território Norte que em 1976 haviam sido concedidas aos aborígenes.
A imprensa Murdoch tem sido do mais terrível e estrondoso na defesa dessa 'intervenção', que foi condenada por um relator especial das Nações Unidas como discriminação racial. Mais uma vez, os políticos australianos estão a expropriar os habitantes primitivos, exigindo a posse de terras em troca de direitos de saúde e de educação que os brancos consideram ser seus por direito e atirando-os para "centros economicamente viáveis" onde de facto eles passam a estar detidos ? uma forma de apartheid.
O escândalo e o desespero da maior parte do povo aborígene não é conhecido. Por ter usado a sua voz institucional e denunciado os apoiantes negros do governo, Larissa Behrendt foi atacada por uma campanha difamatória de calúnias na imprensa Murdoch, incluindo a insinuação de que ela não era uma 'verdadeira' aborígene. Usando a linguagem da sua alma-gémea londrina, o Sun, The Australian ridiculariza o 'debate abstracto' dos 'direitos à terra, justificações e tratados' como uma 'estupidez moralizadora que se espalha como um vírus'. O objectivo é silenciar os que se atrevem a contar o segredo sujo da Austrália.
12/Maio/2011
[1] David Irving (24/03/1938): escritor inglês, adepto de causas da extrema-direita e neo-nazis. Considerado por um tribunal como negador do Holocausto, anti-semita e racista que 'por razões ideológicas, persistente e deliberadamente deturpou e manipulou provas históricas'. (NT)
O original encontra-se em www.johnpilger.com/articles/how-the-murdoch-press-keeps-australia-s-dirty-secret .
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Compreender a guerra da Líbia
por Michael Collon
27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?
Michael Collon (*), que já publicou vários livros sobre as estratégias da guerra dos EUA e da mídia nos conflitos precedentes, apresenta uma análise global do caso líbio, em três partes: I: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra; II: Os verdadeiros objetivos dos EUA vão mais além do petróleo; III: Pistas para atuar
1ª PARTE: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra.
27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?
HÁ SEMPRE DINHEIRO PARA A GUERRA?
No país mais poderosos do globo, 45 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza. Nos EUA, escolas e serviços públicos estão ruindo porque o Estado "não tem dinheiro". Na Europa, também acontece o mesmo, "não há dinheiro" para as pensões ou para a promoção do emprego.
Porém, quando a cobiça dos banqueiros desencadeia a crise financeira, então, em só uns dias, aparecem bilhões para os salvar. Isto permitiu aos banqueiros dos EUA repartirem no ano passado US$ 140 bilhões de lucros e bônus a seus acionistas e especuladores.
Também para a guerra parece fácil encontrar bilhões. Ora bem, são nossos impostos que pagam estas armas e estas destruições. É razoável converter em fumaça centenas de milhares de euros em cada míssil ou esbanjar cinquenta mil euros por hora de um porta-aviões? Ou será porque a guerra é um bom negócio para alguns? Ao mesmo tempo, uma criança morre de fome a cada cinco segundos e o número de pobres não cessa de aumentar no nosso planeta, apesar de tantas promessas.
Qual a diferença entre um líbio, um bareinita e um palestino? Presidentes, ministros, generais, todos juram solenemente que seu objetivo é unicamente salvar os líbios. Mas, ao mesmo tempo, o sultão do Barein esmaga os manifestantes desarmados, graças aos dois mil soldados sauditas enviados pelos EUA! Ao mesmo tempo, no Iêmen, as tropas do ditador Saleh, aliado dos EUA, matam 52 manifestantes com suas metralhadoras. Estes fatos ninguém os põe em dúvida, mas o ministro dos EUA para a guerra, Robert Gates, acabou de declarar: "Não acho que seja o meu papel intervir nos assuntos internos de Iêmen".(1)
Por que estes dois pesos e duas medidas? Por que Saleh acolhe docilmente a 5ª Frota dos EUA e diz sim a todo o que Washington ordenar? Por que o regime bárbaro da Arabia Saudita é cúmplice das multinacionais petrolíferas? Será que existem "bons ditadores" e "maus ditadores"? Como os EUA e a França podem pretender ser "humanitários"? Quando Israel matou dois mil civis nos bombardeios sobre Gaza, eles declararam uma zona de exclusão aérea? Não. Decretaram alguma sanção? Nenhuma. Ainda pior, Solana, então responsável pelos Assuntos Exteriores da UE declarou em Jerusalém: "Israel é um membro da UE sem ser membro de suas instituições. Israel faz parte ativa de todos os programas de pesquisa e de tecnologia da Europa dos 27". Acrescentando ainda: "Nenhum país fora do continente tem o mesmo tipo de relacionamentos que Israel com a União Européia". Neste ponto, Solana tem razão: A Europa e seus fabricantes de armas colaboram estreitamente com Israel na fabricação de 'drones', mísseis e outros armamentos que semeiam a morte em Gaza.
Recordemos que Israel, que expulsou 700 mil palestinos das suas aldeias, em 1948, se recusa a devolver-lhe seus direitos e continua cometendo inumeráveis crimes de guerra. Sob esta ocupação, 20% da população palestina atual está ou passou pelas prisões israelenses. Mulheres grávidas foram obrigadas a darem à luz atadas ao leito e reenviadas imediatamente às suas celas com os bebês. Esses crimes são cometidos com a cumplicidade dos EUA e da UE.
A vida de um palestino ou de um barenita vale menos do que a de um líbio? Há árabes "bons" e árabes "maus"?
PARA OS QUE AINDA ACREDITAM NA GUERRA HUMANITÁRIA...
Num debate televisionado que tive com Louis Michel, ex-ministro belga dos Assuntos Exteriores e Comissário Europeu para a Cooperação e o Desenvolvimento, este me jurou, com a mão no peito, que esta guerra tinha como objetivo "pôr de acordo as consciências da Europa". Era apoiado por Isabelle Durant, líder dos Verdes belgas e europeus. Dessa forma, os ecologistas ("peace and love") viraram belicistas!
O problema é que a cada vez mais nos falam de guerra humanitária e que gente de esquerda como Durant se deixa enganar. Não fariam melhor em ler o que pensam os verdadeiros líderes dos EUA em vez de olharem e assistirem a TV? Escutem, por exemplo, a propósito dos bombardeios contra o Iraque, o célebre Alan Greenspan, durante muito tempo diretor da Reserva Federal dos EUA. Greenspan escreve em suas memórias: "Sinto-me triste quando vejo que é politicamente incorreto reconhecer o que todo mundo sabe: a guerra no Iraque foi exclusivamente pelo petróleo" (2). E acrescenta: "Os oficiais da Casa Branca responderam-me: 'pois, efetivamente, infelizmente não podemos falar de petróleo'". (3)
A propósito dos bombardeios sobre a Jugoslávia escutem John Norris, diretor de Comunicações de Strobe Talbot que, nesse então, era vice-ministro dos EUA dos Assuntos Exteriores encarregado para os Bálcãs. Norris escreve em suas memórias: "O que melhor explica a guerra da OTAN é que a Jugoslávia se resistia às grandes tendências de reformas políticas e econômicas (quer dizer: negava-se a abrir mão do socialismo), e esse não era nosso compromisso com os albaneses do Kosovo". (4)
Escutem, a propósito dos bombardeios contra o Afeganistão, o que dizia o antigo ministro de Assuntos Exteriores, Henri Kissinger: "Há tendências, sustentadas pela China e pelo Japão, de criar uma zona de livre-câmbio na Ásia. Um bloco asiático hostil, que combine as nações mais povoadas do mundo com grandes recursos e alguns dos países industrializados mais importantes, seria incompatível com o interesse nacional americano. Por estas razões, a América deve manter a sua presença na Ásia..." (5)
O que vinha a confirmar a estratégia avançada por Zbigniew Brzezinski, que foi responsável pela política exterior com Carter e é o inspirador de Obama: "Eurasia (Europa+Ásia) é o tabuleiro sobre o qual se desenvolve o combate pela primacia global. (?) A maneira como os EUA "manejam" a Eurasia é de uma importância crucial. O maior continente da superfície da terra é também seu eixo geopolítico. A potência que o controlar, controlará de fato duas das três grandes regiões mais desenvolvidas e mais produtivas: 75% da população mundial, a maior parte das riquezas físicas, sob a forma de empresas ou de jazidas de matérias-primas, 60% do total mundial". (6)
Nada aprendeu a esquerda das falsidades humanitárias transmitidas pela mídia nas guerras precedentes? Quando o próprio Obama falou, tampouco acreditaram nele? Neste mesmo 28 de março, Obama justificava assim a guerra da Líbia: "Conscientes dos riscos e das despesas da atividade militar, somos naturalmente reticentes a empregar a força para resolver os numerosos desafios do mundo. Mas quando os nossos interesses e valores estão em jogo, temos a responsabilidade de agir. Vistos os custos e riscos da intervenção, temos que calcular, a cada vez, nossos interesses ante a necessidade de uma ação. A América tem um grande interesse estratégico em impedir que Kadafi derrote a oposição".
Não está claro? Então alguns vão e dizem: "Sim, é verdade, os EUA não reagem se não virem nisso o seu interesse. Mas ao menos, já que não pode intervir em todos os sítios, salvará àquela gente" Falso. Vamos demonstrar que são unicamente seus interesses os que procura defender. Não os valores. Em primeiro lugar, cada guerra dos EUA produz mais vítimas do que a anterior (um milhão no Iraque, diretas ou indiretas). A intervenção na Líbia, prepara-se para produzir mais...
QUEM SE NEGA A NEGOCIAR?
Desde o momento em que colocarem uma dúvida sobre a oportunidade desta guerra contra a Líbia, imediatamente serão culpados: "então recusam-se a salvar os líbios do massacre? Assunto mal proposto. Suponhamos que todo o que se nos tem contado fosse verdade. Em primeiro lugar, pode-se parar um massacre com outro massacre? Já sabemos que nossos exércitos ao bombardearem vão matar muitos civis inocentes. Inclusive se, como a cada guerra, os generais nos prometem que vai ser "limpa"; já estamos habituados a essa propaganda.
Em segundo lugar, há um meio bem mais singelo e eficaz de salvar vidas. Todos os países da América latina propuseram enviar imediatamente uma mediação presidida por Lula. A Liga Árabe e a União Africana apoiavam esta gestão e Kadafi tinha-a aceitado (propondo ele também que fossem enviados observadores internacionais para verificar o cessar-fogo). Mas os insurgentes líbios e os ocidentais recusaram esta mediação.
Por quê? "Porque Kadafi não é de fiar", dizem. É possível. E os insurgentes e os seus protetores ocidentais são sempre de fiar? A propósito dos EUA, convém recordar como se comportaram em todas as guerras anteriores, cada vez que um cessar-fogo era possível. Em 1991, quando Bush pai atacou o Iraque, porque este invadia o Kuweit, Saddam Hussein propôs se retirar e que Israel se retirasse também dos territórios ilegalmente ocupados na Palestina. Mas os EUA e os países europeus recusaram seis propostas de negociação. (7)
Em 1999, quando Clinton bombardeou a Jugoslávia, Milosevic aceitava as condições impostas em Rambouillet, mas os EUA e a OTAN acrescentaram uma, intencionadamente inaceitável: a ocupação total da Sérvia.
Em 2001, quando Bush filho atacou o Afeganistão, os talibãs propunham a entrega de Bin Laden a um tribunal internacional se eram apresentadas provas do seu envolvimento, mas Bush rejeitou a negociação.
Em 2003, quando Bush filho atacou o Iraque, sob o pretexto das armas de destruição em massa, Saddam Hussein propôs o envio de inspetores, mas Bush o recusou porque ele sabia que os inspetores não iam encontrar nada. Isto está confirmado na divulgação de um memorando de uma reunião entre o governo britânico e os líderes dos serviços secretos britânicos, em julho de 2002: "os líderes britânicos esperavam que o ultimato fosse redigido em termos inaceitáveis, de modo que Saddam Hussein o recusasse diretamente. Mas não estavam certos de que isso iria funcionar.
Então tinham um plano B: que os aviões que patrulhavam a "zona de exclusão aérea" lançassem muitíssimas mais bombas à espera de uma reação que desse a desculpa para uma ampla campanha de bombardeios. (9) Então, antes de afirmar que "nós" dizemos sempre a verdade e que "eles" sempre mentem, asssim como que "nós" procuramos sempre uma solução pacífica e "eles" não querem se comprometer, teria que ser mais prudentes... Mais cedo ou mais tarde, a gente saberá o que se passou com as negociações nos bastidores e constatará, mais uma vez, que foi manipulada. Mas será muito tarde e os mortos já não os ressuscitaremos.
A LÍBIA É IGUAL QUE A TUNÍSIA OU O EGITO?
Na sua excelente entrevista publicada há alguns dias por Investi'Action, Mohamed Hassan, professor de doutrina islâmica e especialista do Oriente Médio, colocava a verdadeira questão: "Líbia: levante popular, guerra civil ou agressão militar?" À luz de recentes investigações é possível responder: as três coisas. Uma revolta espontânea rapidamente recuperada e transformada em guerra civil (que já estava preparada), tudo servindo de pretexto para uma agressão militar. A qual, também, estava preparada. Nada em política cai do céu. Consigo explicar-me?
Na Tunísia e no Egito a revolta popular cresceu progressivamente em umas semanas, organizando-se pouco a pouco e unificando-se em reivindicações claras, o que permitiu derrotar os tiranos. Mas, quando analisamos a sucessão ultrarrápida dos acontecimentos em Benghazi, a gente fica intrigada. Em 15 de fevereiro houve manifestações de parentes de presos políticos da revolta de 2006.
Manifestação duramente reprimida como foi sempre na Líbia e nos demais países árabes. Dois dias escassos mais tarde, outra manifestação, desta vez os manifestantes saem armados e passam diretamente a uma escalada contra o regime de Kadafi. Em dois dias, incrivelmente, uma revolta popular se converte em guerra civil. Totalmente espontânea?
Para saber isso, é preciso examinar o que se oculta abaixo do impreciso vocábulo "oposição líbia". Em minha opinião, quatro componentes com interesses muito diferentes :
1º Uma oposição democrática.
2º Dirigentes de Kadafi "regressados" do oeste.
3º Clãs líbios descontentes da partilha das riquezas.
4º Combatentes de tendência islãmica. Quem compõe esta "oposição líbia"?
Em toda esta rede é importante sabermos de que estamos a falar. E sobretudo, que fação é a aceite pelas grandes potências...
1º Oposição democrática. É legítimo ter reivindicações ante o regime de Kadafi, tão ditatorial e corrupto como os outros regimes árabes. Um povo tem o direito de querer substituir um regime autoritário por um sistema mais democrático. No entanto, estas reivindicações estão até hoje pouco organizadas e sem programa concreto. Temos, ainda, no estrangeiro, movimentos revolucionários líbios, igualmente dispersos, mas todos opostos à ingerência estrangeira. Por diversas razões que expomos mais adiante, não são estes elementos democráticos os que têm muito que dizer hoje, sob a bandeira dos EUA nem da França.
2º Dignatários "regressados". Em Bengazhi, um "governo provisório" foi instaurado e está dirigido por Mustafá Abud Jalil. Este homem era, até 21 de fevereiro, ministro da Justiça de Kadafi. Dois meses antes, a Anistia Internacional tinha-o posto na lista dos mais horríveis responsáveis por violações de direitos humanos do norte da África. É este indivíduo o que, segundo as autoridades búlgaras, organizava as torturas de enfermeiras búlgaras e do médico palestino detidos durante longo tempo pelo regime.
Outro "homem forte" desta oposição é o general Abdul Faah Yunis, ex-ministro do Interior de Kadafi e antes chefe da polícia política. Compreende-se que Massimo Introvigne, representante da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) para a luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação, estime que estes personagens "não são os 'sinceros democratas' dos discursos de Obama, mas foram dos piores instrumentos do regime de Kadafi, que aspiram a tirar o coronel para tomar seu lugar".
3º Clãs descontentes.
Como sublinhava Mohamed Hassan, a estrutura da Líbia continua sendo tribal. Durante o período colonial, sob o regime do rei Idriss, os clãs do Leste dominavam e aproveitavam-se das riquezas petrolíferas. Após a revolução de 1969, Kadafi apoiou-se nas tribos do oeste e o Leste viu-se desfavorecido. É lamentável; um poder democrático e justo deve zelar por eliminar as discriminações entre as regiões. Pode-se perguntar se as antigas potências coloniais não incitaram as tribos rebeldes para enfraquecer a unidade do país. Não seria a primeira vez. Hoje, França e os EUA apostam nos clãs do Leste para tomar o controle do país. Dividir para reinar, um velho dito clássico do colonialismo.
4° Elementos da Al-Qaeda. Cabogramas difundidos pelo Wikileaks advertem que o Leste da Líbia era, proporcionalmente, o primeiro exportador no mundo de "combatentes mártires" no Iraque. Relatórios do Pentágono descrevem um cenário "alarmante" acerca dos rebeldes líbios de Bengazhi e Derna. Derna, uma cidade de escassos 80.000 habitantes, seria a fonte principal de yihaidistas no Iraque. Da mesma forma, Vincent Cannistrar, antigo chefe da CIA na Líbia, assinala entre os rebeldes muitos "extremistas islâmicos capazes de criar problemas" e que "as possibilidades [são] muito altas de que os indivíduos mais perigosos possam ter uma influência, caso Kadafi cair".
Evidentemente tudo isto se escrevia quando Kadafi era ainda um "amigo". Mas isto mostra a ausência total de princípios no chefe dos EUA e dos seus aliados. Quando Kadafi reprimiu a revolta islamista de Bengazhi, em 2006, fez isso com as armas e o apoio de Ocidente. Uma vez, somos contra os combatentes do tipo Bin Laden, outra vez, utilizamo-los. Vamos lá ver como.
Entre estas diversas "oposições" qual prevalecerá? Pode ser este também um objetivo da intervenção militar de Washington, Paris e Londres: tentar que "os bons" ganhem? Os bons do ponto de vista deles, é claro. Mais tarde, vai utilizar-se a "ameaça islâmica" como pretexto para se instalarem de forma permanente. Em qualquer caso uma coisa é segura: o cenário libio é diferente dos cenários tunisino ou egípcio. Ali era "um povo unido contra um tirano". Aqui estamos em uma guerra civil, com um Kadafi que conta com o apoio de uma parte da população. E nesta guerra civil o papel que jogaram os serviços secretos americanos e franceses já não é tão secreto...
Qual foi o papel dos serviços secretos?
Na realidade, o assunto líbio não começou em fevereiro em Benghazi, mas sim em Paris, em 21 de outubro de 2010. Segundo revelações do jornalista Franco Bechis (Libero, 24 de março), nesse dia, os serviços secretos franceses prepararam a revolta de Benghazi. Fizeram "voltar" (ou talvez já anteriormente) Nuri Mesmari, chefe do protocolo de Kadafi, praticamente seu braço direito. O único que entrava sem chamar na residência do líder líbio. Em uma viagem a Paris com toda sua família para uma cirurgia, Mesmari não se encontrou com nenhum médico, pelo conttrário, teve encontros com vários servidores públicos dos serviços secretos franceses e com próximos colaboradores de Sarkozy, segundo o boletim digital Magreb Confidential.
Em 16 de novembro, no hotel Concorde Lafayette, prepararia uma imponente delegação que devia viajar dois dias mais tarde a Benghazi. Oficialmente, tratava-se de responsáveis pelo ministério da Agricultura e de líderes das firmas France Export Céréales, France Agrimer, Louis Dreyfus, Glencore, Cargill e Conagra. Mas, segundo os serviços italianos, a delegação incluía também vários militares franceses camuflados como homens de negócios. Em Benghazi, encontraram-se com Abdallah Gehani, um coronel líbio ao que Mesmari lhes tinha apresentado como disposto a desertar.
Em meados de dezembro, Kadafi, desconfiando, enviou um emissário a Paris para tentar contactar com Mesmari. Mas este foi preso na França. Outros líbios vão de visita a Paris no dia 23 de dezembro e são eles que vão dirigir a revolta de Benghazi com as milícias do coronel Gehani. Ainda, Mesmari revelou inúmeros segredos da defesa líbia. De tudo isto resulta que a revolta no Leste não foi tão espontânea como nos foi dito. Mas isto não é tudo. Não só foram os franceses?
Quem dirige atualmente as operações militares do "Conselho Nacional Líbio" anti-Kadafi? Um homem justamente chegado dos EUA, em 14 de março, segundo Al-Jazzira. Apresentado como uma das duas "estrelas" da insurreição líbia, pelo jornal britânico de direita, Dail Mail, Khalifa Hifter é um antigo coronel do exército líbio exilado nos EUA. Foi um dos principais comandantes da Líbia até a desastrosa expedição ao Chade, no final dos 80; emigrou imediatamente para os EUA e viveu os últimos vinte anos na Virgínia. Sem nenhuma fonte de rendimentos conhecida, mas a muito pouca distância dos escritórios... da CIA (10). O mundo é um muito pequeno.
Como é que um militar líbio de alta patente pode entrar com toda a tranquilidade nos EUA, uns anos após o atentado terrorista de Lockerbie, pelo qual a Líbia foi condenada, e viver durante vinte anos, tranquilamente, ao lado da CIA? Por força teve que oferecer algo em troca.
Publicado em 2001, o livro Manipulations africaines (Manipulações africanas) de Pierre Péan, traça as conexões de Hifter com a CIA e a criação, com o apoio da mesma, da Frente Nacional de Libertação Líbia. A única façanha da tal frente será a organização, em 2007, nos EUA, de um "congresso nacional" financiado pelo National Endowment for Democracy(11), tradicionalmente o mediador da CIA para manter lubrificadas as organizações a serviço dos EUA.
Em março deste ano, em data não comunicada, o presidente Obama assinou uma ordem secreta que autoriza a CIA a empreender operações na Líbia, para derrocar Kadafi. O The Wall Street Journal, que informa disso, em 31 de março, acrescenta: "Os responsáveis pela CIA reconhecem ter estado ativos na Líbia desde fazia várias semanas, tal como outros serviços secretos ocidentais".
Tudo isto já não é muito secreto, circula pela Internet faz algum tempo; o que é estranho é que a grande mídia não diga nem uma palavra. No entanto, conhecem-se muitos exemplos de "combatentes da liberdade" armados deste modo e financiados pela CIA. Por exemplo, nos anos 80, as milícias terroristas da 'contra', organizadas por Reagan para desestabilizarem a Nicarágua e derrocarem seu governo progressista. Nada se aprendeu da História? Esta "Esquerda" européia que aplaude os bombardeios não utiliza a Internet?
Terá que se estranhar de que os serviços secretos italianos "delatem" assim as façanhas dos seus colegas franceses e que estes "delatem" seus colegas americanos? Isso só é possível se acreditarmos em histórias bonitas sobre a amizade entre "aliados ocidentais" Já falaremos... (Extraído do Investig'Action)
Notas:
1- Reuters, 22/3.
2- Sunday Times, 16 setembro 2007.
3- Washington Post, 17 setembro 2007.
4- Collision Course, Praeger, 2005, p.xiii.
5- Does America need a foreign policy, Simon and Schuster, 2001, p. 111.
6- Le Grand Echiquier, Paris 1997, p. 59-61
7- Michel Collon, Attention, médias Bruxelles, 1992, p. 92.
8- Michel Collon, Monopoly, - L'Otan á la conquête du monde, Bruxelles 2000, page 38.
9- Michael Smith, La véritable information des mémos de Downing Street, Los Angeles Times, 23 jun 2005.
10- McClatchy Newspapers (USA), 27 mars.
11- Eva Golinger, Code Chavez, CIA contra Venezuela, Liége, 2006.
(*) Jornalista, escritor e historiador belga ?
Granma
Revoltas da CIA
Por Patrick Martin - World Socialist Web Site
O Conselho Nacional líbio, o grupo com sede em Bengasi que fala em nome das forças rebeldes que combatem ao Estado líbio, nomeou na direcçom das suas operaçons militares a um antigo colaborador da CIA: o ex coronel do Exército líbio Hifter Jalifa.
A eleiçom de Hifter Jalifa, ex coronel do exército líbio, deu-a a conhecer McClatchy Newspapers na passada quinta-feira; o novo chefe militar foi entrevistado por um correspondente de ABC News na noite do domingo.
A chegada de Hifter a Bengasi foi recolhida pola primeira vez pola Al-Yazira o 14 de Março; seguidamente, o virulento e belicista tablóide britânico Daily Mail, fixo-lhe um retrato afagador o 19 de Março.. O Daily Mail descrevia a Hifter como umha das "duas estrelas militares da revoluçom", que "regressou recentemente do exílio em Estados Unidos para prestar às forças rebeldes certa coerência táctica". O jornal nom se referia às suas conexons com a CIA.
McClatchy no Newspapers publicou um perfil de Hifter no domingo. Intitulado "O novo líder rebelde passou a maior parte dos últimos 20 anos nos subúrbios de Virgínia", o artigo assinala que foi comandante do regime de Kadafi até "umha desastrosa aventura militar em Chad a finais de 1980".
Hifter passou-se entom à oposiçom anti-Kadafi e com o tempo emigrou a Estados Unidos onde vivia até há duas semanas, quando regressou a Líbia para tomar o mando em Bengasi.
O perfil de McClatchy concluía: "Desde que chegou a Estados Unidos na década de 1990, Hifter vivia nos subúrbios de Virginia, nos arredor de Washington, DC". Citava a um amigo que afirmava nom saber que fazia Hifter para se manter e que se ocupava em ajudar à sua numerosa família".
Para os que saibam ler entre linhas, este perfil é umha indicaçom quase nom dissimulada do papel de Hifter como agente da CIA. Como, se nom, um alto ex comandante militar líbio entraria em Estados Unidos na década de 1990, poucos anos depois do atentado de Lockerbie, para instalar-se depois perto da capital de Estados Unidos, se nom fora com a permissom e a ajuda activa dos organismos de inteligência estadounidenses" De facto, Hifter viveu em Vienna, Virgínia, a cinco milhas da sede da CIA em Langley, durante duas décadas.
A agência estava muito familiarizada com o trabalho político e militar de Hifter. Um relatório do Washington Post de 26 de Março de 1996, descreve umha rebeliom armada contra Kadafi em Líbia e utiliza umha variante ortográfica do seu nome. O artigo cita testemunhas da rebeliom que informam que "o seu líder é o coronel Haftar Jalifa, de um grupo ao estilo da contra baseado em Estados Unidos denominado Exército Nacional líbio".
A comparaçom refere às forças terroristas da contra financiadas e armadas polo governo de Estados Unidos na década de 1980 contra o governo Sandinista na Nicarágua. O escândalo Irám-Contra, que sacudiu à administraçom Reagan em 1986-87, consistiu na exposiçom pública da venda ilegal de armas de Estados Unidos a Irám com cujos os ingressos se financiou à contra desafiando umha proibiçom do Congresso. Os democratas do Congresso cobriram o escândalo e rejeitaram o pedido de um julgamento político a Reagan por patrocinar actividades flagrantemente ilegais de umha camarilha de ex agentes de inteligência e assistentes da Casa Branca.
Um livro de 2001, ?Manipulations africaines?, publicado por Le Monde Diplomatique, remonta mais atrás mesmo a conexom da CIA, a 1987, informando que Hifter, entom coronel do exército de líbio, foi capturado quando combatia no Chad numha rebeliom apoiada por Líbia contra o governo de Hissène Haverei, apoiado por Estados Unidos. Ele desertou à frente de Salvaçom Nacional líbio (LNSF, nas suas siglas em inglês), o principal grupo de oposiçom a Kadafi, que contava com o respaldo da CIA estadounidense. Organizou a sua própria milícia que operava no Chad até que Haverei foi derrocado por um rival apoiado por França, Idriss Déby, em 1990.
Segundo este livro, "a força de Haftar, criada e financiada pola CIA no Chad, desvaneceu no ar pouco depois de que o governo fosse derrocado por Idriss Déby". O livro também cita um relatório do Serviço de Investigaçom do Congresso de 19 de Dezembro de 1996 segundo o qual o governo de Estados Unidos prestava ajuda financeira e militar à LNSF e um número de membros LNSF fôrom transferidos a Estados Unidos.
Esta informaçom está disponível para qualquer que faga umha procura, mesmo superficial, na Internet; contodo, nom foi mencionada polos médios de comunicaçom controlados polas corporaçons de Estados Unidos, excepto no envio de McClatchy que evita qualquer referência à CIA. Nengumha das cadeias de televisom ocupadas em louvar aos "luitadores pola liberdade" do lês-te de Líbia, incomodou-se em informar de que estas forças estám agora ao mando de um antigo colaborador dos serviços de inteligência de Estados Unidos.
Também nem os liberais nem a "esquerda" entusiasta da intervençom de Estados Unidos e Europa assinalaram-no. Estám demasiado ocupados aclamando à administraçom Obama pola seu multilateralismo e pola sua posiçom "consultiva" sobre a guerra, supostamente tam diferente do enfoque unilateral e "vaqueiro" da administraçom Bush no Iraque. Que o resultado seja o mesmo "morte e destruiçom chovendo sobre a populaçom, a soberania e a independência de um país ex colonial pisadas" nom significa nada para esses apologistas do imperialismo.
O papel de Hifter, ajeitadamente descrito há 15 anos como o líder de um "grupo ao estilo da contra", demonstra as verdadeiras forças de classe que estám a operar na tragédia líbia.
Compreender a guerra da Líbia
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27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?
Michael Collon (*), que já publicou vários livros sobre as estratégias da guerra dos EUA e da mídia nos conflitos precedentes, apresenta uma análise global do caso líbio, em três partes: I: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra; II: Os verdadeiros objetivos dos EUA vão mais além do petróleo; III: Pistas para atuar
1ª PARTE: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra.
27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?
HÁ SEMPRE DINHEIRO PARA A GUERRA?
No país mais poderosos do globo, 45 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza. Nos EUA, escolas e serviços públicos estão ruindo porque o Estado "não tem dinheiro". Na Europa, também acontece o mesmo, "não há dinheiro" para as pensões ou para a promoção do emprego.
Porém, quando a cobiça dos banqueiros desencadeia a crise financeira, então, em só uns dias, aparecem bilhões para os salvar. Isto permitiu aos banqueiros dos EUA repartirem no ano passado US$ 140 bilhões de lucros e bônus a seus acionistas e especuladores.
Também para a guerra parece fácil encontrar bilhões. Ora bem, são nossos impostos que pagam estas armas e estas destruições. É razoável converter em fumaça centenas de milhares de euros em cada míssil ou esbanjar cinquenta mil euros por hora de um porta-aviões? Ou será porque a guerra é um bom negócio para alguns? Ao mesmo tempo, uma criança morre de fome a cada cinco segundos e o número de pobres não cessa de aumentar no nosso planeta, apesar de tantas promessas.
Qual a diferença entre um líbio, um bareinita e um palestino? Presidentes, ministros, generais, todos juram solenemente que seu objetivo é unicamente salvar os líbios. Mas, ao mesmo tempo, o sultão do Barein esmaga os manifestantes desarmados, graças aos dois mil soldados sauditas enviados pelos EUA! Ao mesmo tempo, no Iêmen, as tropas do ditador Saleh, aliado dos EUA, matam 52 manifestantes com suas metralhadoras. Estes fatos ninguém os põe em dúvida, mas o ministro dos EUA para a guerra, Robert Gates, acabou de declarar: "Não acho que seja o meu papel intervir nos assuntos internos de Iêmen".(1)
Por que estes dois pesos e duas medidas? Por que Saleh acolhe docilmente a 5ª Frota dos EUA e diz sim a todo o que Washington ordenar? Por que o regime bárbaro da Arabia Saudita é cúmplice das multinacionais petrolíferas? Será que existem "bons ditadores" e "maus ditadores"? Como os EUA e a França podem pretender ser "humanitários"? Quando Israel matou dois mil civis nos bombardeios sobre Gaza, eles declararam uma zona de exclusão aérea? Não. Decretaram alguma sanção? Nenhuma. Ainda pior, Solana, então responsável pelos Assuntos Exteriores da UE declarou em Jerusalém: "Israel é um membro da UE sem ser membro de suas instituições. Israel faz parte ativa de todos os programas de pesquisa e de tecnologia da Europa dos 27". Acrescentando ainda: "Nenhum país fora do continente tem o mesmo tipo de relacionamentos que Israel com a União Européia". Neste ponto, Solana tem razão: A Europa e seus fabricantes de armas colaboram estreitamente com Israel na fabricação de 'drones', mísseis e outros armamentos que semeiam a morte em Gaza.
Recordemos que Israel, que expulsou 700 mil palestinos das suas aldeias, em 1948, se recusa a devolver-lhe seus direitos e continua cometendo inumeráveis crimes de guerra. Sob esta ocupação, 20% da população palestina atual está ou passou pelas prisões israelenses. Mulheres grávidas foram obrigadas a darem à luz atadas ao leito e reenviadas imediatamente às suas celas com os bebês. Esses crimes são cometidos com a cumplicidade dos EUA e da UE.
A vida de um palestino ou de um barenita vale menos do que a de um líbio? Há árabes "bons" e árabes "maus"?
PARA OS QUE AINDA ACREDITAM NA GUERRA HUMANITÁRIA...
Num debate televisionado que tive com Louis Michel, ex-ministro belga dos Assuntos Exteriores e Comissário Europeu para a Cooperação e o Desenvolvimento, este me jurou, com a mão no peito, que esta guerra tinha como objetivo "pôr de acordo as consciências da Europa". Era apoiado por Isabelle Durant, líder dos Verdes belgas e europeus. Dessa forma, os ecologistas ("peace and love") viraram belicistas!
O problema é que a cada vez mais nos falam de guerra humanitária e que gente de esquerda como Durant se deixa enganar. Não fariam melhor em ler o que pensam os verdadeiros líderes dos EUA em vez de olharem e assistirem a TV? Escutem, por exemplo, a propósito dos bombardeios contra o Iraque, o célebre Alan Greenspan, durante muito tempo diretor da Reserva Federal dos EUA. Greenspan escreve em suas memórias: "Sinto-me triste quando vejo que é politicamente incorreto reconhecer o que todo mundo sabe: a guerra no Iraque foi exclusivamente pelo petróleo" (2). E acrescenta: "Os oficiais da Casa Branca responderam-me: 'pois, efetivamente, infelizmente não podemos falar de petróleo'". (3)
A propósito dos bombardeios sobre a Jugoslávia escutem John Norris, diretor de Comunicações de Strobe Talbot que, nesse então, era vice-ministro dos EUA dos Assuntos Exteriores encarregado para os Bálcãs. Norris escreve em suas memórias: "O que melhor explica a guerra da OTAN é que a Jugoslávia se resistia às grandes tendências de reformas políticas e econômicas (quer dizer: negava-se a abrir mão do socialismo), e esse não era nosso compromisso com os albaneses do Kosovo". (4)
Escutem, a propósito dos bombardeios contra o Afeganistão, o que dizia o antigo ministro de Assuntos Exteriores, Henri Kissinger: "Há tendências, sustentadas pela China e pelo Japão, de criar uma zona de livre-câmbio na Ásia. Um bloco asiático hostil, que combine as nações mais povoadas do mundo com grandes recursos e alguns dos países industrializados mais importantes, seria incompatível com o interesse nacional americano. Por estas razões, a América deve manter a sua presença na Ásia..." (5)
O que vinha a confirmar a estratégia avançada por Zbigniew Brzezinski, que foi responsável pela política exterior com Carter e é o inspirador de Obama: "Eurasia (Europa+Ásia) é o tabuleiro sobre o qual se desenvolve o combate pela primacia global. (?) A maneira como os EUA "manejam" a Eurasia é de uma importância crucial. O maior continente da superfície da terra é também seu eixo geopolítico. A potência que o controlar, controlará de fato duas das três grandes regiões mais desenvolvidas e mais produtivas: 75% da população mundial, a maior parte das riquezas físicas, sob a forma de empresas ou de jazidas de matérias-primas, 60% do total mundial". (6)
Nada aprendeu a esquerda das falsidades humanitárias transmitidas pela mídia nas guerras precedentes? Quando o próprio Obama falou, tampouco acreditaram nele? Neste mesmo 28 de março, Obama justificava assim a guerra da Líbia: "Conscientes dos riscos e das despesas da atividade militar, somos naturalmente reticentes a empregar a força para resolver os numerosos desafios do mundo. Mas quando os nossos interesses e valores estão em jogo, temos a responsabilidade de agir. Vistos os custos e riscos da intervenção, temos que calcular, a cada vez, nossos interesses ante a necessidade de uma ação. A América tem um grande interesse estratégico em impedir que Kadafi derrote a oposição".
Não está claro? Então alguns vão e dizem: "Sim, é verdade, os EUA não reagem se não virem nisso o seu interesse. Mas ao menos, já que não pode intervir em todos os sítios, salvará àquela gente" Falso. Vamos demonstrar que são unicamente seus interesses os que procura defender. Não os valores. Em primeiro lugar, cada guerra dos EUA produz mais vítimas do que a anterior (um milhão no Iraque, diretas ou indiretas). A intervenção na Líbia, prepara-se para produzir mais...
QUEM SE NEGA A NEGOCIAR?
Desde o momento em que colocarem uma dúvida sobre a oportunidade desta guerra contra a Líbia, imediatamente serão culpados: "então recusam-se a salvar os líbios do massacre? Assunto mal proposto. Suponhamos que todo o que se nos tem contado fosse verdade. Em primeiro lugar, pode-se parar um massacre com outro massacre? Já sabemos que nossos exércitos ao bombardearem vão matar muitos civis inocentes. Inclusive se, como a cada guerra, os generais nos prometem que vai ser "limpa"; já estamos habituados a essa propaganda.
Em segundo lugar, há um meio bem mais singelo e eficaz de salvar vidas. Todos os países da América latina propuseram enviar imediatamente uma mediação presidida por Lula. A Liga Árabe e a União Africana apoiavam esta gestão e Kadafi tinha-a aceitado (propondo ele também que fossem enviados observadores internacionais para verificar o cessar-fogo). Mas os insurgentes líbios e os ocidentais recusaram esta mediação.
Por quê? "Porque Kadafi não é de fiar", dizem. É possível. E os insurgentes e os seus protetores ocidentais são sempre de fiar? A propósito dos EUA, convém recordar como se comportaram em todas as guerras anteriores, cada vez que um cessar-fogo era possível. Em 1991, quando Bush pai atacou o Iraque, porque este invadia o Kuweit, Saddam Hussein propôs se retirar e que Israel se retirasse também dos territórios ilegalmente ocupados na Palestina. Mas os EUA e os países europeus recusaram seis propostas de negociação. (7)
Em 1999, quando Clinton bombardeou a Jugoslávia, Milosevic aceitava as condições impostas em Rambouillet, mas os EUA e a OTAN acrescentaram uma, intencionadamente inaceitável: a ocupação total da Sérvia.
Em 2001, quando Bush filho atacou o Afeganistão, os talibãs propunham a entrega de Bin Laden a um tribunal internacional se eram apresentadas provas do seu envolvimento, mas Bush rejeitou a negociação.
Em 2003, quando Bush filho atacou o Iraque, sob o pretexto das armas de destruição em massa, Saddam Hussein propôs o envio de inspetores, mas Bush o recusou porque ele sabia que os inspetores não iam encontrar nada. Isto está confirmado na divulgação de um memorando de uma reunião entre o governo britânico e os líderes dos serviços secretos britânicos, em julho de 2002: "os líderes britânicos esperavam que o ultimato fosse redigido em termos inaceitáveis, de modo que Saddam Hussein o recusasse diretamente. Mas não estavam certos de que isso iria funcionar.
Então tinham um plano B: que os aviões que patrulhavam a "zona de exclusão aérea" lançassem muitíssimas mais bombas à espera de uma reação que desse a desculpa para uma ampla campanha de bombardeios. (9) Então, antes de afirmar que "nós" dizemos sempre a verdade e que "eles" sempre mentem, asssim como que "nós" procuramos sempre uma solução pacífica e "eles" não querem se comprometer, teria que ser mais prudentes... Mais cedo ou mais tarde, a gente saberá o que se passou com as negociações nos bastidores e constatará, mais uma vez, que foi manipulada. Mas será muito tarde e os mortos já não os ressuscitaremos.
A LÍBIA É IGUAL QUE A TUNÍSIA OU O EGITO?
Na sua excelente entrevista publicada há alguns dias por Investi'Action, Mohamed Hassan, professor de doutrina islâmica e especialista do Oriente Médio, colocava a verdadeira questão: "Líbia: levante popular, guerra civil ou agressão militar?" À luz de recentes investigações é possível responder: as três coisas. Uma revolta espontânea rapidamente recuperada e transformada em guerra civil (que já estava preparada), tudo servindo de pretexto para uma agressão militar. A qual, também, estava preparada. Nada em política cai do céu. Consigo explicar-me?
Na Tunísia e no Egito a revolta popular cresceu progressivamente em umas semanas, organizando-se pouco a pouco e unificando-se em reivindicações claras, o que permitiu derrotar os tiranos. Mas, quando analisamos a sucessão ultrarrápida dos acontecimentos em Benghazi, a gente fica intrigada. Em 15 de fevereiro houve manifestações de parentes de presos políticos da revolta de 2006.
Manifestação duramente reprimida como foi sempre na Líbia e nos demais países árabes. Dois dias escassos mais tarde, outra manifestação, desta vez os manifestantes saem armados e passam diretamente a uma escalada contra o regime de Kadafi. Em dois dias, incrivelmente, uma revolta popular se converte em guerra civil. Totalmente espontânea?
Para saber isso, é preciso examinar o que se oculta abaixo do impreciso vocábulo "oposição líbia". Em minha opinião, quatro componentes com interesses muito diferentes :
1º Uma oposição democrática.
2º Dirigentes de Kadafi "regressados" do oeste.
3º Clãs líbios descontentes da partilha das riquezas.
4º Combatentes de tendência islãmica. Quem compõe esta "oposição líbia"?
Em toda esta rede é importante sabermos de que estamos a falar. E sobretudo, que fação é a aceite pelas grandes potências...
1º Oposição democrática. É legítimo ter reivindicações ante o regime de Kadafi, tão ditatorial e corrupto como os outros regimes árabes. Um povo tem o direito de querer substituir um regime autoritário por um sistema mais democrático. No entanto, estas reivindicações estão até hoje pouco organizadas e sem programa concreto. Temos, ainda, no estrangeiro, movimentos revolucionários líbios, igualmente dispersos, mas todos opostos à ingerência estrangeira. Por diversas razões que expomos mais adiante, não são estes elementos democráticos os que têm muito que dizer hoje, sob a bandeira dos EUA nem da França.
2º Dignatários "regressados". Em Bengazhi, um "governo provisório" foi instaurado e está dirigido por Mustafá Abud Jalil. Este homem era, até 21 de fevereiro, ministro da Justiça de Kadafi. Dois meses antes, a Anistia Internacional tinha-o posto na lista dos mais horríveis responsáveis por violações de direitos humanos do norte da África. É este indivíduo o que, segundo as autoridades búlgaras, organizava as torturas de enfermeiras búlgaras e do médico palestino detidos durante longo tempo pelo regime.
Outro "homem forte" desta oposição é o general Abdul Faah Yunis, ex-ministro do Interior de Kadafi e antes chefe da polícia política. Compreende-se que Massimo Introvigne, representante da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) para a luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação, estime que estes personagens "não são os 'sinceros democratas' dos discursos de Obama, mas foram dos piores instrumentos do regime de Kadafi, que aspiram a tirar o coronel para tomar seu lugar".
3º Clãs descontentes.
Como sublinhava Mohamed Hassan, a estrutura da Líbia continua sendo tribal. Durante o período colonial, sob o regime do rei Idriss, os clãs do Leste dominavam e aproveitavam-se das riquezas petrolíferas. Após a revolução de 1969, Kadafi apoiou-se nas tribos do oeste e o Leste viu-se desfavorecido. É lamentável; um poder democrático e justo deve zelar por eliminar as discriminações entre as regiões. Pode-se perguntar se as antigas potências coloniais não incitaram as tribos rebeldes para enfraquecer a unidade do país. Não seria a primeira vez. Hoje, França e os EUA apostam nos clãs do Leste para tomar o controle do país. Dividir para reinar, um velho dito clássico do colonialismo.