Dean Baker
É muito notável que esta quadrilha de mangantes e incompetentes (Ben Bernanke, Jean-Claude Trichet, Dominique Strauss-Kahn) siga-se atribuindo infalibilidade, reganhando aos governos e advertindo à opiniom pública das terríveis cousas que vam passar se se lhes submete a maior supervisom. Os banqueiros centrais e os seus cúmplices do FMI se avilantam a ditar políticas a governos democraticamente eleitos. Diria-se que sua agenda é a mesma em todas partes: recortar pensons, reduzir o financiamento público da previdência, debilitar aos sindicatos e fazer que os trabalhadores da pé paguem polos recortes.
Dado o muito que contribuírom a este caos, resulta surpreendente que estes banqueiros centrais tenham a ?gheta? até para se mostrar em público. Tenhem sorte de conservar seus postos de trabalho, muito bem pagos por certo. (Muitos dos garotos e das garotas que trabalham no FMI podem se aposentar com pensons de seis dígitos à idade de 50 anos.) Os trabalhadores da pé maestros, operários do sector automotorguarda-costas seriam despedidos num plis plás se fizessem- tam mau como os banqueiros centrais.
E daí dizer dos banqueiros centrais que permitiram que se impusesse o euro a umha mistura banguçada de economias que tinham pouco em comum, e ademais, sem umha organizaçom de controle e governo Pensavam que os salários e os preços iam seguir a mesma senda em Grécia e em Alemanha? E se nom, que mecanismo de ajuste previam, umha vez que essas economias tam diferentes ficassem unidas por umha única moeda comum? Em outras palavras, estes banqueiros centrais fracassárom de maneira desastrosa: por que conservam seus postos de trabalho e por que narizes se lhes segue prestando atençom?
É muito importante ganhar clareza sobre a responsabilidade dos banqueiros centrais e o FMI neste desastre totalmente previsível. Em primeiro lugar, por razons de controle e rendiçom de contas, algo muito importante para economistas que crem na teoria económica. Essa teoria ensina-nos que se nom se fai responsáveis aos trabalhadores pelo resultado de seu trabalho, nom terám incentivos para o desempenhar bem. Se o banqueiro central e a quadrilha de mangantes do FMI podem gerar um desastre e seguem cobrando as suas nóminas como se todo fosse estupendamente, Que incentivo tenhem para o fazer melhor a próxima vez?
E outra razom pola que é importante reconhecer as responsabilidades dos banqueiros centrais e do FMI neste desastre: assim deixaremos de acatar os conselhos de gente que parece nom ter nem puta ideia. Antes de ouvir a Ben Bernanke, ao presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, ou ao director executivo do FMI, Dominique Strauss-Kahn, teria que lhes obrigar a nos contar quando deixaram de se equivocar em matérias económicas. Nom podemos nos permitir que estes banqueiros centrais subprime sigam controlando a política económica.
por Yann Fievet
Já ninguém duvida a partir de agora: são os pobres que vão pagar a conta vertiginosa da crise financeira. Conta tanto mais salgada pelo facto de a dita crise estar longe de terminada. Os ricos, os verdadeiros, estão desde já abrigados graças ao oportuno salvamento dos bancos que gerem os seus haveres sumarentos. O teatro europeu da crise é particularmente edificante sob todos os aspectos. Se bem que a crise do euro não seja senão o prolongamento da crise mais ampla das finanças mundializadas, ela revela-nos que a solidariedade das nações e dos povos europeus com que nos enchem as orelhas há cinquenta anos não era desde há muito senão uma palavra. Não é a Grécia que ameaça o euro para o euro fez a Grécia cair tão baixo que talvez não se recupere. Já é tempo de declarar algumas verdades, de convencermo-nos definitivamente que os economistas de conivência e os dirigentes políticos optaram piedosamente pelo campo dos bem-nascidos e dos bandidos.
Dos bem-nascidos? Diz-se que possivelmente os 850 maiores miliardários do mundo são mais ricos que a África com os seus 850 milhões de habitantes. Dos bandidos? Maurice Allais, Prémio Nobel de Ciências Económicas 1988, escreveu um dia que "na sua essência, a criação monetária ex nihilo que os bancos praticam é semelhante, não hesito em dizê-lo, para que as pessoas compreendam bem o que está em jogo aqui, à fabricação de moeda por falsários, tão justamente reprimida pela lei". Números vertiginosos? Enquanto o New Deal de Roosevelt em 1933 representava hoje 50 mil milhões de dólares, e o Plano Marshall 100 mil milhões de dólares, o plano europeu adoptado a 10 de Maio último atinge por si 750 mil milhões de euros e contudo não representa senão pouco mais de 10% da dívida bruto da zona euro, de 7000 mil milhões de euros.
E a vertigem acentua-se quando ao alçar voo dos números acrescenta-se a soberba incerteza do devir da economia europeia. Sobre a soma de 750 mil milhões de euros, em que a intervenção do FMI é considerada como complementar à intervenção europeia, mais da metade, ou seja, 440 mil milhões, são considerados como "mobilizáveis", isto é, eles pura e simplesmente não existem hoje. O plano de salvamento da Espanha, o único que foi estimado pelo Natixis [NT] , exigiria entre 400 e 500 mil milhões de euros. Assim, se se acrescentar a Itália e a Irlanda... O medo ainda aumenta quando se sabe que não são mais os produtores de riquezas materiais, capazes de alimentar, alojar, melhorar a existência das populações, mas sim os especuladores, através dos bancos e dos seus produtos financeiros cada vez mais arriscados, que dirigem a economia. Eles vampirizam a economia real no seu tudo ? e doravante também os recursos públicos dos Estados. Esta reversão delirante dos papeis conduz forçosamente à espoliação dos povos, pelo desemprego, pela miséria, pelos recuos civilizacionais...
A crise não é tão pouco uma crise do défice orçamental da Grécia, mas exactamente uma crise dos bancos europeus. Assim, a operação de salvamento da Grécia não lhe é destinada, mas aproveita aos bancos europeus. Trata-se de um verdadeiro assalto, ao crédito da especulação e ao débito da dívida pública, que foi perpetrado. Assiste-se estupefacto a uma permutação de credor; os contribuintes europeus substituem-se aos banqueiros e recuperam assim a sua posição. O resto da Europa para emprestar para "salvar" os bancos que emprestaram à Grécia que não pode reembolsar! O economista irlandês David McWilliams nota até que ponto passámos da democracia à "bancocracia". Por intermédio do Estado, com efeito, as riquezas são transferidas dos "não-iniciados", o povo, para os "iniciados" do sistema bancário. Ele acrescenta que não nos devemos enganar: isto que foi apresentado como o salvamento de um Estado fazendo apelo ao suposto sentimento de solidariedade europeia, não nada menos que uma transferência directa de dinheiro do bolso dos cidadãos para o dos credores estrangeiros de bancos franceses e alemães. Aqui está a receita da divisão e da instabilidade.
O Prémio Nobel Joseph Stiglitz diz a propósito da crise financeira de 2008-2009 nos Estados Unidos que os bancos conseguiram mutualizar as suas perdas com os contribuintes mas que privatizam os seus benefícios em proveito único dos seus accionistas. A Europa ajuda hoje a fazer o mesmo. O Estado pura e simplesmente não está mais no seu papel de defensor do bem comum pertencente a todos os cidadãos. Ao voar (!) em socorro dos rufiões e dos ricaços, o Estado tornou-se privado. Chegou o reino tirânico das novas feudalidades.
[NT] Natixis: banco francês constituído em 2006 pela fusão dos grupos bancários cooperativos Groupe Banque Populaire e Groupe Caisse d'Epargne. Ver
Banco privado publica "Uma leitura marxista da crise"(sic).
O original encontra-se em http://www.legrandsoir.info/De-la-bancocratie-en-Europe.html
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
por Michael Hudson
Muitos académicos receberam recentemente uma petição assinada por 111 membros da Universidade de Chicago, a qual explicava que "sem qualquer anúncio à sua própria comunidade, [a Universidade] contratou a Ann Beha Architects, uma firma de Boston, para transformar o edifício do Chicago Theological Seminary numa sede para o Milton Friedman Institute for Research in Economics (MFIRE) e renovou uma agressiva actividade de levantamento de fundos para o controverso Instituto".
Seria difícil encontrar uma metáfora mais adequada do que esta caracterização feita no press release de "conversão do edifício do seminário num templo da teoria económica neoliberal". Mesmo o acrónimo MFIRE parece simbolicamente apropriado. O M pode muito bem representar o Money na equação MV = PT (Money x Velocity = Price x Transactions) do Prof. Friedman. E o sector FIRE abrange finanças, seguros e imobiliário (finance, insurance and real estate) ? o sector do "almoço gratuito" cuja riqueza os monetaristas de Chicago celebram.
Os economistas clássicos caracterizaram a renda e a acumulação de juros do sector FIRE como "rendimento não ganho", encabeçado pelos ganhos com a renda da terra e o preço da terra ("capital"), os quais John Stuart Mill descreveu como aqueles que os proprietários de terras obtinham "durante o seu sono". Milton Friedman, em contraste, insistiu em que "não há tal coisa como um almoço gratuito" ? como se a economia não fosse toda acerca de um almoço gratuito e de como obtê-lo. E o principal meio de obtê-lo é desmantelar o papel do governo e liquidar o domínio público ? a crédito.
Como satirizou Charles Baudelaire, o diabo vence no momento em que o mundo acredita que ele não existe. Parafraseando isto podemos dizer que o almoço gratuito dos rentistas (rentiers) alcança a vitória económica no momento em que os reguladores do governo e os economistas acreditam que os seus retornos não existem ? e portanto não precisam ser tributados, regulamentados ou subjugados de qualquer outra forma.
Por "mercado livre", os Chicago Boys queriam dizer dar rédea solta ao sector financeiro ? em oposição à ideia dos economistas clássicos de libertar os mercados da renda e dos juros. Apesar de a religião tradicional ter procurado estabelecer preceitos em favor da regulação, o Friedman Institute promoverá a desregulamentação. Substituir fisicamente a escola de teologia por um "templo da teoria económica neoliberal" é tanto mais irónico uma vez que um princípio mantido por todas as principais religiões de uma forma ou de outra foi a oposição à cobrança de juro. O judaísmo apelava a um Novo Começo (Clean Slates) (Levítico 25) e a cristandade proibiu o juro directamente, citando as lei do Êxodo e do Deuterônimo.
Os Chicago Boys portanto inverteram a teologia tradicional. Mas o ensino da teoria económica como disciplina académica começou como cursos de filosofia moral nos séculos XVIII e XIX. As principais universidades da maior parte dos países foram fundadas para treinar estudantes para o sacerdócio. O curso de filosofia moral evoluiu para a economia política, tratando em grande medida da reforma económica e da tributação do rendimento não ganho a acumularem-se em direitos adquiridos devido ao privilégio legal. A disciplina foi reduzida a "teoria económica" em grande medida a fim de excluir a análise política e as distinções entre investimento produtivo e não produtivo, rendimento ganho e não ganho, valor e preço.
Os economistas clássicos viam a renda e o juro como uma reminiscência da conquista feudal da terra na Europa e da privatização do dinheiro e das finanças numa dívida de base institucional e numa sobrecarga de monopólio. Os economistas clássicos procuravam expurgar pela via fiscal o "rendimento não ganho", regular os monopólios naturais ou comutá-los para o domínio público.
É desnecessário dizer que a história do pensamento económico não será ensinada no Friedman Center. A primeira coisa que os Chicago Boys fizeram no Chile, quando lhes foi dado o poder após o golpe militar de 1973, foi encerrar todos os departamentos de ciências económicas do país ? e na verdade todos os departamentos de ciências sociais fora da Universidade Católica que controlavam firmemente. Eles perceberam que os "mercados livres" para o capital exigiam controle total do curriculum educacional e da generalidade dos media culturais.
O que os adeptos do mercado livre percebem é que sem uma autoridade inquisitorial não podem ter um mercado livre "estável" ? isto é, um mercado livre para os predadores financeiros os quais presumivelmente são visados como os principais doadores potenciais ao Friedman Center da Universidade de Chicago. A escola dos monetaristas de Chicago alcançou poderes censóreos sobre os conselhos editoriais das principais revistas de ciências económicas, publicação nas quais tornou-se uma pré-condição para o avanço de carreira de economistas académicos. O resultado tem sido limitar o âmbito da teoria económica à celebração da teoria da escolha racional do "livre mercado" e a uma estreita ideologia "lei e teoria económica" oposta às ideias de justiça moral e regulamentação económica que constituíram as bases tantas religiões ocidentais.
Tive um antegosto deste espírito inquisitorial quando estive no U/C Laboratory School. Recordo-me da grande faixa pendurada sobre o quadro negro na sala de aula de ciências sociais do Sr. Edgett em 1953: "Dê-lhes tudo o que os Rosenbergs merecem". Depois de o Freedom of Information Act ter aberto os ficheiros do FBI, meus companheiros de classe tiveram um choque com a leitura dos relatórios arquivados sobre eles e as suas visões políticas por professores da U/C e os dos seus associados do Shimer College.
Quem teria previsto que a ciência económica acabaria por ser mais de extrema direita e autoritária, mais explicitamente oposta à própria ideia de direitos humanos e justiça distributiva, do que a teologia? Ou que esta última disciplina seria ela própria tão invertida? Os economistas clássicos eram reformadores, afinal de contas, que procuravam libertar os mercados do rendimento não ganho ? o "almoço gratuito" ou renda da terra das aristocracias hereditárias da Europa, assim como das rendas de monopólio administradas pelas corporações comerciais reais criadas por governos europeus a fim de liquidar as suas dívidas. Mas os monetaristas de Chicago procuram desregulamentar monopólios e leis de usura, favorecendo antes os rentistas do que a economia "real" do trabalho e do capital. O seu foco está nos direitos financeiros e da propriedade sobre o rendimento e sobre os activos penhorados como colateral: empréstimos bancários, acções e títulos, para os quais pressionam por cortes fiscais. E para aumentar o mercado por compras alavancadas (leveraged buyouts), os Chicago Boys advogam a privatização do domínio público, a começar pelo Chile depois de 1973.
Assim, o que está invertido é não só a ideia clássica de mercados livres como também o núcleo económico da religião primitiva. Hoje, os Chicago Boys consideram que aquela mais necessitada de salvação é a alta finança, o imobiliário e os monopólios no seu combate para reverter os últimos sete séculos de reforma económica clássica desde que no século XIII os homens da igreja debatiam como define um Preço Justo (custos socialmente necessários de produção) para os bancos onerarem.
Em grande medida isto aparenta levantamentos de fundos, mas não será isto verdadeiro para a maior parte das religiões nos dias de hoje? A Universidade de Chicago foi financiada por John D. Rockefeller, o que levou Upton Sinclair a chamá-la "A Universidade da Standard Oil" em The Goose-step . Quando a frequentei na década de 1950, Lawrence Kimpton havia substituído Robert Hutchins como reitor e em 1961 tornou-se administrador geral de planeamento (e a seguir director) da Standard Oil of Indiana. O seu acto mais famoso (além de supervisionar o projecto Manhattan da bomba atómica) foi suprimir o número de The Chicago Review que continha excertos de Naked Lunch de William Burroughs. A razão que apresentou, significativamente, foi que a publicação poderia desencorajar dádivas financeiras à universidade.
O sr. Rockefeller pelo menos deu o devido dízimo "àqueles em necessidade". Num espírito contrastante, a esposa de Herman Kahn, Jane, contou-me que em certa ocasião numa festa Milton Friedmn respondeu à sua sugestão de melhor bem estar público e cuidados médico: "Sra. Kahn, por que é que quer subsidiar a produção de órfãos e pessoas doentes?". Isto não é exactamente o espírito religioso clássico.
O problema com o Friedman Institute é que a sua doutrina económica elevou-se à fama no período Pinochet, a maré alta dos Chicago Boys no Chile. Privatização de empresas públicas, "libertação" dos mercados das leis da usura e promoção da desregulamentação é a antítese de quase todas as religiões, cujo princípio condutor afinal de contas era socializar os seus membros e criar um estado moral.
O monetarismo friedmanita foi caracterizado como uma ideologia pós-moderna, como religião, pois tem as suas próprias vacas sagradas e ídolos ? e uma Inquisição. Em vez de pagar o dízimo de não crentes como no Islão, temos a comutação fiscal para fora da religião do capital financeiro em direcção à posição do trabalho junto aos seus portões. Tal como informa o press release: "um vasto protesto ... concentrou-se sobre o forte viés ideológico do Instituto em favor do fundamentalismo do mercado livre na tradição de Friedman. Deste modo e doutros, a sua natureza contraria a tradição da Universidade da investigação livre e do debate sem peias".
Bem, não estou certo acerca de quão recente é essa tradição do debate sem peias. Mas o anúncio conclui com uma nota de que "PARA MAIS INFORMAÇÃO CONTACTAR: Robert Kendrick, Professor de Música (rkendric@uchicago.edu, 773-702-8500) ou Bruce Lincoln, Caroline E. Haskell Professor de História das Religiões (blincoln@uchicago.edu, 773-702-5083).?
23/Maio/2010
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=19299
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Servir ao capital aproveitando o gasto social
Milhares de milhons de euros aos que Zapatero nunca recorrerá
José Daniel Fierro
Rebeliom
No seu discurso da passada quarta-feira ante o Parlamento o presidente José Luis Rodríguez Zapatero reclamou um "esforço nacional e colectivo, especial, singular e extraordinário" ante a crise e assegurou que as medidas anunciadas para reduzir o deficit som muito duras mas imprescindíveis. Zapatero antecipou desse modo um plano imposto polo Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Uniom Europeia (UE) que significará um severo revés para a classe trabalhadora, que é a que está a levar a pior parte desde que se iniciasse a crise capitalista. E ainda que durante a campanha eleitoral de 2004 o presidente afirmou: governarei para os mais débeis, a realidade é que o seu governo nom fai mais que trabalhar para os bancos e as grandes empresas.
Com todo isso, o governo espera cumprir com cresces o recorte extra de 0,5% do PIB para este exercício e de 1% para o que vem, o que supom reduzir o gasto em 15.000 milhons e situar o deficit de 11,2% actual ao 6% no ano que vem.
Poderia parecer que umha quantidade como 15 mil milhons de euros é tám descomunal que só se pode reunir recorrendo a um duríssimo ajuste económico sobre os mais débeis. Vejamos no entanto que medidas governamentais se levaram a cabo nos últimos meses:
- Em 2009 criou-se o FROB (Fundo para a Reestruturaçom Ordenada Bancária), dotado com um orçamento de 9.000 milhons de euros, ampliáveis até 90.000 milhons, com o que se garantiu à burguesia financeira os fundos públicos necessários por se fizesse falta ir ao resgate de bancos e caixas com problemas.
- Pô-se em marcha também um plano para o investimento em obras públicas, tratando de frenar a sangria da perda de empregos na construçom (Plano E de obras públicas, ajudas à moradia de diferente tipo ?). Agora o governo projecta recortar em 6.045 milhons de euros esse investimento estatal em infra-estruturas, o que implicasse um aumento do desemprego entre os trabalhadores que se podiam ter beneficiado do citado programa.
- No mês de Dezembro o presidente anunciou a subida do IVA até o 18%; e um Plano de Austeridade e Poupança a desenvolver com as prefeituras e as Comunidades autónomas. Agora nom se descarta para Julho umha nova subida do IVA (que a sofrem maioritariamente as rendas mais baixas) enquanto a fraude fiscal (do que se beneficiam fundamentalmente as rendas mais altas) atinge os 280.000 milhons de euros segundo umha estimaçom levada a acabo polos Inspectores de Fazenda. Isto é um monto 20 vezes maior do que se pretende obter com o plano de ajuste. Quando na passada quarta-feira no Congresso Joan Herrera, de ICV, exigiu ao presidente explicaçons por nom subir os impostos aos que mais ganham, este contestou que fá-se-ia mais adiante e com acalma.
Além do anterior, ainda planeiasombra de incrementar a idade de aposentaçom e nos anos de cotizaçom necessários para o cálculo do custo das pensons.
Numha recente entrevista (O País 12-04-2010) ao presidente permanente do Conselho Europeu, Herman Vom Rompuy, afirmou que o maior perigo é o populismo reinante e em conseqüência a falta de compromisso europeu, o populismo fai difícil tomar as medidas que terá que adoptar para o futuro de Europa. Estamos obrigados a tomar medidas impopulares, nom poder-se-á escapar a reformas impopulares nos próximos anos, mas há que ser valentes. Com as medidas adoptadas Zapatero demonstrou, sem dúvida, a sua valentia em frente aos débeis e o seu servilismo ante os poderosos.
Sirva como exemplo a sua docilidade ante outra série de gastos públicos, outras partidas orçamentais também milionárias, às que nunca ocorrerá-se-lhe ir nem inquietar. Recordemos que com a reduçom e congelaçom dos salários dos empregados públicos se espera colectar 4.500 milhons de euros. A listagem é unicamente um breve aponte nom exaustivo.
18.160 milhons de euros destinados ao gasto militar para 2010
2.510 milhons de euros previstos para este ano em gasto armamentístico. http://www.antimilitaristas.org/IMG/pdf/Informe_gasto_2010.pdf
Mais de 800 milhons de euros previstos para 2010 nas missons de guerra que o governo mantém no exterior pese ao seu pretendido carácter pacifista (a metade levar-lho-á a ocupaçom de Afeganistám). O orçamento destinado a estas operaçons nom está incluído no orçamento de Defesa e se finança través de um crédito extraordinário aprovado polo ministério de Economia e Fazenda. http://www.rebelion.org/notícia.php?ide=101304&titular=o-env%EDo-de-511-militares-m%E1s-a-afganist%E1n-incrementar%E1-o-custo-de-a-misi%F3n-em-
Mais de 7.000 milhons de euros é o custo do financiamento público à Igreja católica, segundo um relatório realizado por Europa Laica dentre as diferentes Administraçons do Estado. A esta cifra há que somar o enorme custo para as arcas públicas (administraçom central, autonómica e local) que supóm quantidades que nom se ingressam em conceito de IBI, licenças de obras, etc., e que a UE pediu em reiteradas ocasions que se ponha fim a esse trato de favor. http://www.rebelion.org/notícia.php?ide=104585&titular=europa-laica-reclama-a-eliminaci%F3n-de-as-casillas-de-asignaci%F3n-tributário-a-a-igreja-cat%F3lica-
Cerca de 9 milhons de euros é o orçamento para 2010 da Casa Real. Exactamente 8.896.920 euros, que o cidadao Juan Carlos de Borbón poderá dispor sem nengum controle público, já que segundo o artigo 65.1 o monarca "recebe dos Orçamentos do Estado umha quantidade global para suster a sua família e Casa, e distribui livremente a mesma".
30.000 milhons de euros estabelecidos nos Orçamentos Gerais a subvencionar actividades empresarias, entre os que se encontram os 2.800 milhons de euros dedicados a políticas activas de emprego e que tanto empresários como sindicatos reconhecem a sua nula utilidade.
155 milhons de euros (em 2008) que a Administraçom central do Estado destina à compra de software proprietário (cujo principal beneficiário é o gigante Microsoft) em lugar de apostar polo software livre cuja aquisiçom é gratuita. http://www.csi.map.é/csi/rainha2009/capitulo3/c3t04.htm
Bastam estes dados para fazer-nos umha ideia de quais som as intençons de um governo que se desvive por manter a flutue um sistema capitalista que fai águas e ameaça com se levar por diante décadas de lutas sindicais, políticas e sociais.
Rebeliom publicou este artigo com a permissom do autor mediante umha licença de Creative Commons, respeitando a sua liberdade para publicá-lo em outras fontes.
Papa Bento XVI vem a Fátima caucionar um crime,porventura ainda pior que o da pedofilia, que o clero de Ourém cometeu, em 1917, contra três crianças daquela freguesia
Jornal Fraternizar
Pelos vistos, nos próximos dias 12, 13 e 14 de Maio, o papa Bento XVI, vem mesmo a Portugal, concretamente, Lisboa, Fátima e Porto, sem querer saber para nada de tudo o que ultimamente está a ser revelado na comunicação social sobre os inúmeros e escabrosos casos de pedofilia, ocorridos no interior da Igreja, inclusive, com clérigos em cargos de grande visibilidade e cujos bispos, no passado, foram seus cúmplices (o próprio papa, na qualidade de Cardeal Ratzinger, à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, terá feito de conta, quando, há anos, foi sabedor de um desses casos mais escabrosos).
No mínimo, é uma insensatez que o papa Bento XVI está a cometer. Perante tudo o que está a ser divulgado (e, em muitos casos, até já confirmado pelos Tribunais de cada país), o papa Bento XVI, se tivesse um mínimo de pudor (o Poder monárquico absoluto nunca será capaz de semelhante qualidade humana, habituado que está a excomungar quem não diz com ele, quem dissente dele, mesmo por fidelidade a Jesus, o Evangelho Vivo de Deus Criador, nosso Abbá, entre nós e connosco) já teria anunciado, nesta data, urbi et orbi, que essa e outras viagens "pastorais" de chefe de Estado do Vaticano ficariam canceladas sine die. Tanto mais, quanto, que, no caso presente de Fátima, das três crianças da freguesia, escolhidas e arregimentadas em 1917 pelo clero de Ourém (o clero não olhou a meios só para, com aquela montagem das "aparições" de Maio a Outubro, tentar pôr de novo as populações a rezarem o terço, todos os dias, a frequentarem a missa ritualizada ao domingo e a regressarem à tenebrosa prática das primeiras nove sextas-feiras de cada mês; já agora, porque não as primeiras doze sextas-feiras do ano?! O que faziam os clérigos confessores nos três meses restantes?!).
Sim. Em verdade, em verdade vos digo: o, teologicamente imbecil, fenómeno das "aparições" de Fátima foi, perversa e metodicamente, preparado pelo clero de Ourém, e, por isso, perfaz uma barbaridade de todo o tamanho, certamente, pior, muito pior, que os inúmeros casos de pedofilia, à excepção, porventura, daqueles casos mais escabrosos. Hoje, sabemos bem quais foram os resultados dessa barbaridade, com tudo de crime sem perdão (desculpem a força da expressão literária, mas é a única apropriada, neste caso): ? duas das três crianças, Jacinta e Francisco, irmãos de sangue e primos direitos de Lúcia, a mais velha das três e vizinha, porta-com-porta das outras duas (como se vê, ficou tudo em família!), quando a Pneumónica, poucos meses depois das "aparições", atingiu o concelho de Ourém (como vêem, nem a senhora de Fátima lhe valeu! Pudera! E como havia de lhe valer, se aquilo é tudo mentira e invenção do clero de Ourém?!), não lhe resistiram, de tão fraquinhas que andavam com todos aqueles estúpidos "sacrifícios pela conversão dos pecadores". Morreram ambas, num total abandono, por parte do clero de Ourém que, meses antes, as havia utilizado para aqueles perversos fins moralistas. Morreram as duas devoradas por indescritíveis dores e mergulhadas em horrendas alucinações, sobretudo a Jacinta, sozinha no Hospital D. Estefânia, em Lisboa (é um facto histórico, senhoras, senhores, não é invenção minha, nem do Jornal Fraternizar). E quanto à outra menina sobrevivente, a mais velhinha, é absolutamente obsceno o que o clero de Ourém e o próprio Bispo auxiliar do Patriarcado, candidato a Bispo e, depois Bispo titular efectivo, da restaurada Diocese de Leiria, lhe fizeram (já, então, pelo andar da carruagem, era previsível que Fátima viria a ser a galinha de ovos de oiro da Igreja em Portugal e da Cúria Romana e, por isso, uma e outra se apressaram a restaurar a Diocese!...).
Obrigaram Lúcia, pela força ? e com um chorrilho de mentiras clericais à mistura, de que ela era "vidente", etc e tal ? a sair de Fátima e da família. Sequestraram-na até à morte, primeiro, no então Asilo de Vilar, Porto, depois, num convento de Doroteias em Tui, Galiza, onde lhe foi imposto pelo confessor que tinha de ser freira, e, finalmente, freira de total clausura no Convento das Carmelitas, em Coimbra. Horrendo! Só mesmo de clero celibatário à força, eunuco à força, não, obviamente, eunuco pelo Reino /Reinado de Deus!
A pobre rapariga tinha a terceira classe, quando a sequestraram, e assim ficou (ou pouco mais!), pelo resto da vida. E à mãe dela, que sempre disse que a conhecia bem e que aquela sua filha era compulsivamente mentirosa e vaidosa (por isso, nunca acreditou nem na filha nem nas "aparições"), nem mesmo na hora da sua agonia, deixaram que ela visse a filha; tão pouco, permitiram que, pelo menos, a mãe ouvisse a voz da filha pelo telefone! (Digam lá, se os sacerdotes e as freiras do Ídolo Religioso não são cruelmente vingativos e sádicos?!).
Ora, é este horrendo crime e esta mentira sem perdão, que o papa Bento XVI vem caucionar com a sua visita de chefe de estado do Vaticano a Portugal e a Fátima, numa altura em que sobem de tom e de número, os clamores de inúmeras vítimas de casos de pedofilia, cometidos por clero, inclusive, de grande visibilidade, todos funcionários exemplares do Institucional Religioso-Eclesiástico católico. Haja modos e pudor, meu irmão Ratzinger!
Mário, Presbítero da Igreja do Porto
A crise de Grécia mostra-nos de um jeito brutal, que o sistema capitalista (Estados, Banca, e empresas privadas) como o custo do saqueio financeiro (crise) levado a cabo pola Banca internacional descarga-se sobre o lombo do conjunto das classes trabalhadoras e os sectores sociais mais desprotegidos da sociedade (populaçom pobre com limitados recursos de sobrevivência), por médio dos despedimentos trabalhistas e a reduçom do gasto social ("ajustes"), que incrementam os níveis sociais de precaridade económica e de exclusom em massa de homens e mulheres do seu direito a existir, aos soterra-los na maior das misérias económicas. As medidas dictadas polo F.M.I. contra o povo grego retrotaem a Grécia aos começos do século XIX, ao derrubar as conquistas sociais e sindicais acadadas com luitas, torturas, e sangue, durante estes últimos duas centúrias de anos.
Neste processo de miserabilizaçom das classes populares com "ajustes?, que nom é outra cousa que o desfalco financeiro levado a cabo polas grandes corporaçons bancarias norteaméricanasas seja assumido pola força da violência de Estado polo conjunto das classes trabalhadoras. Esta expoliaçom explica-se nestes três grandes vectores:
a) Ao desaparer a URSS e o seu âmbito de influência já nom obriga aos magnates que controlam o sistema capitalista a manter o ?Estado de bem-estar? implementado na área metropolitana ( a chamada Europa ocidental perante a guerra fria) para contra restar, junto com as políticas de repressom, a possibilidade da extensom da revoluçom bolchevique.
b) Pola necessidade de manutençom da rentabilidade capitalista (ganhos capitalistas) enquanto a economia mundial ainda permanece em ?stand by? pola falta de recuperaçom económica
c) Polos custos das guerras coloniais de ocupaçom levadas a cabo polo exército USA e dos Estados do seu protectorado europeio (NATO) que estám valeirando os tesouros públicos dos Estados.
Carta de um trabalhador do Banco Marfin
Um trabalhador do Banco onde morrêrom ontem três dos seus colegas (duas mulheres e um homem) em Grécia, escreve umha carta para ser difundida num dia como hoje, onde a ira mediática se descarga contra as pessoas que decidírom resistir às medidas selvagens do governo de "centro-esquerda" heleno.
Sentome em obriga para meus colegas que morrêrom hoje tam injustamente de alçar a voz e dizer algumhas verdades. Estou a mandar esta mensagem a todos os meios. Qualquer que tenha ainda algo de consciência deveria a publicar. O resto pode seguir fazendo-lhe o jogo ao Governo.
O corpo de bombeiros nunca tinha expedido nengumha licença sobre o edifício da sucursal. O acordo fizo-se baixo mao, como ocorre com praticamente todos os negócios e empresas em Grécia.
O edifício onde estava a sucursal nom tem nengum mecanismo de segurança em caso de incêndio; nem planificado, nem instalado. Isto é, nom tem sistema de aspergires, nem saídas de emergência nem mangueiras. Tam só há alguns extintores portáteis que, por suposto, nom som suficientes para lidar com um fogo de verdade num edifício construído baixo uns estándares de segurança muito antigos.
Nengumha sucursal conta com um membro contratado treinado em extinguir um fogo, nem sequer no uso dos poucos extintores. A directora também utiliza os altos custos de tal formaçom como um pretexto e nom toma nem as medidas mais básicas para proteger ao pessoal.
Nunca tivem um sozinho exercício de evacuaçom em nengum edifício, nem exercícios de treinamento por parte dos bombeiros, para dar instruçons a seguir em situaçons como esta. As únicas sessons de treinamento que tiveram lugar no Banco Marfin tem que ver com situaçons de acçons terroristas e prevêem tam só o escape dos peixes gordos do banco.
O edifício em questom nom tem nengum quarto especial para caso de incêndio, inclusive ainda que a sua construçom é muito sensível baixo tais circunstâncias e inclusive ainda que está cheia de materiais muito inflamáveis, desde o solo até o teito, tais como papel, plásticos, alambre e móveis. O edifício é objectivamente inadequado para o seu uso como um banco, dadas as características da sua construçom.
Nengum membro de segurança tem conhecimento algum de primeiros auxílios ou extinçom de incêndios, inclusive ainda que se lhes fai responsáveis da segurança do edifício. Os empregados do banco tenhem-se que converter em bombeiros ou pessoal de segurança, de acordo com o apetito do senhor Vgenopoulos (proprietário do Banco Marfin).
A directora do banco proibiu estritamente aos seus empregados abandonar o escritório hoje, inclusive ainda que eles tinham pedido o fazer desde primeira hora da manhá- Forçárom aos empregados a fechar as portas e repetiram-lhes que o edifício teria que estar fechado todo o dia, por telefone. Também bloquearam o acesso a Internet para evitar que os empregados se comunicassem com o exterior.
Durante muitos dias aterrorizou-se aos empregados do banco em relaçom com as mobilizaçons destes dias, com a seguinte oferta: ou trabalhas, ou despedimos-te.
Os dous polícias secretas que som enviados à sucursal em questom para prevenir roubos nom apareceram esta manhá, inclusive ainda que a directora do banco tinha prometido verbalmente aos seus empregados que estariam ali.
Por último, deixem de dar voltas pretendendo estar em choque emocional. Som responsáveis do que ocorreu hoje e em qualquer Estado justo (como os que gostais de usar de tempo em tempo como exemplos em vossos programas de TV) seriam presos por todo o comentado acima. Meus colegas perdêrom as suas vidas hoje pola malícia: a maldade do Banco Marfin e do Sr. Vgenopoulos em particular que afirmou explicitamente que qualquer que nom fosse trabalhar hoje [pelo 5 de maio, dia da greve geral] nom deveria se preocupar por vir manhá [já que seria despedido].
Um empregado do Banco Marfin
por Dimitris V. Pantoulas
Rebelión
Em Grécia a maioria dos grandes meios de comunicaçom está em absoluta sintonia com o Governo sobre a necessidade das medidas neo-liberais Os proprietários destes meios tenhem umha relaçom directa com o Estado grego, de algumha forma estám cogobernando o país. Quando as primeiras informaçons saíram ao ar, a maioria dos meios de comunicaçom enfocárom as suas análises contra os maus e traidores esquerdistas e comunistas que estám a conduzir o país para o caos.
Os comentários sobre a marcha e a esquerda, tinham umha ampla gama de argumentos sem sustento, alguns irónicos, sobre os valores da esquerda, e outros agressivos contra os manifestantes. Deste jeito, a resistência do povo grego contra as políticas neo liberais passou a um segundo plano mediático e pujo-se em mira a procura culpados que, como sempre, som ou os anarquistas ou os comunistas.
O partido comunista de Grécia, através da sua secretaria geral, denunciou no Parlamento que era provável que os distúrbios fossem provocados por grupos neo-fascistas, que em várias ocasions comprovou-se que tenhem nexos com os corpos policiais, com o objectivo de provocar umha intervençom policial e desmantelar a imensa manifestaçom. Esta possibilidade nom foi valorizada polos comentaristas dos grandes meios de comunicaçom, ou melhor dito tv-juízes, que continuaram acusando à esquerda como única culpada de todo o que estava a passar, inclusive como responsável destes três mortos.
Mas, que é o que realmente passou na sucursal bancária?
Havia umha greve geral, tanto para o sector público como privado, no caso de que os empregados da sucursal incendiada Marfin Egnatia nom quisérom exercer o seu direito à greve, por nom perder o emprego -parece que o direito de greve dos empregados estava limitado polas ameaças dos gerentes dos bancos, como denunciaram alguns empregados em rádios locais- ou, simplesmente, por nom estar de acordo com esta greve, a agência teria que ter estado fechada durante a manifestaçom por razons de segurança.
Mas o mais grave é que, segundo informaçons transmitidas por rádios locais, empregados de dito banco denunciaram que os gerentes do banco nom só nom permitírom que saíssem da sucursal dantes da marcha senom que, inclusive, fecharam as portas com chave para que ninguém pudesse nem sair nem entrar!
Este banco, Marfin Egnatia, está dirigido por um dos capitalistas maiores de Grécia: Andreas Vgenopoulos, além de aspirante político. Os meios de comunicaçom ultimamente apresentam-no como um homem honesto, exitoso e umha espécie de Salvador da Pátria. Isto obedece a que alguns proprietários de meios de comunicaçom, e outros centros de poder, acham que o governo actual quiçá nom é tam forte como para implementar as medidas económicas programadas e estám a procurar alternativas, em caso que a situaçom política nom se desenvolva como esperam. Baixo as enormes pressons dos meios de comunicaçom, o Governo grego está a ordenar aos corpos policiais capturar a todos os suspeitos esquerdistas ou anarquistas que estejam nos arredores do centro de Atenas, como umha espécie de caçada de bruxas. Sem nengumha acusaçom, estám a deter-se centos de pessoas baixo a captura preventiva, algo que existe só em países dictatoriáis e nom tem nengumha justificativa jurídica ou política em Grécia.
Enquanto, o Premiê, Yorgos Papandreu, anuncia que as medidas neo-liberais se vam submeter a votaçom no Parlamento com carácter de urgência nos próximos dous dias. Seria suficiente com que votassem a favor só os deputados do seu partido, o partido Movimento Socialista Panhelénico, PASOK. Estas medidas provavelmente serám aprovadas por maioria esmagadora no Parlamento, sem ter em conta a imensa rejeiçom que geraram em toda a populaçom do país, além dos três mortos de hoje.
Este é um Governo claramente alheio à vontade da maioria que o elegeu, um Governo que perdeu a legitimidade, um Governo que já nom atende aos interesses dos seus votantes, um Governo ilegítimo ao serviço de umhas poderosas minorias e perigoso para a democracia que muitos já comparam com a junta militar dos sessenta e setenta. Nas maos do povo está reagir e resistir em frente a esta dramática situaçom onde nom só se joga o futuro de Grécia senom, quiçá, o futuro do capitalismo.
As "lições da Grécia" que eles tiram
por Juan Torres López [*]
O governador do Banco de Espanha voltou a intervir na vida pública, fazendo gala de que é uma das grandes figuras da política espanhola e não um simples técnico como ele e os seus colegas dizem de si próprios. E fê-lo também, mais uma vez, defendendo as posições patronais e dos grandes bancos e grupos financeiros a que serve. Mostrando igualmente que nem ele nem a instituição que governa são independentes como diz o seu estatuto.
Agora afirma que há que "extrair lições da Grécia". Uma recomendação muito sensata que todos deveríamos seguir se não fosse porque as lições que ele extrai são do mesmo tipo das que extrai de qualquer circunstância que seja, chova ou faça sol.
O governador não diz que é preciso tirar lições da política dos governos conservadores que levaram a Grécia à ruína. Uma política que é a mesma que a sua instituição defende.
O governador não recomenda que retiremos lições da especulação que engordou às custas da economia grega nos últimos meses através de fundos especulativos que não procuram saneá-la nem dar-lhe mais estabilidade e sim ganhar milhares de milhões ainda que seja ao custo de tudo explodir.
O governador não tem que aprender nem recomenda aos demais que aprendam a controlar os bancos para que não voltem a provocar a crise que obrigou os governos de meio mundo, entre eles o grego, a terem de endividar-se até as sobrancelhas enriquecendo assim a banca privada que provocou a crise.
O governador não recomenda que retiremos lições do mau funcionamento da zona euro, da falta de coordenação política ou da ausência de instituições e mecanismos que permitam fazer frente aos desequilíbrios que, como no caso grego, se podem verificar.
O governador não tira conclusões da falta de controle dos bancos que roubaram o povo grego, ou da cumplicidade do Banco Central Europeu com os banqueiros que enriqueceram ocultando os números do défice grego.
O governador tão pouco extrai lições da cegueira dos supervisores que como ele não apreciaram o que ia acontecer apesar de serem tão prontos a autoproclamarem-se depositários da verdade e de terem à sua disposição meios privilegiados para acompanhar a conjuntura económica.
O governador não tira lições da borbulha imobiliária e financeira que banco centrais como o seu deixaram que se expandisse.
O governador não nos diz para tirarmos lições da deriva regressiva das políticas fiscais dos últimos anos.
O governador não extrai lições do incremento da desigualdade dos últimos tempos, nem o preocupa que a poupança se tenha estado a dirigir para a especulação.
O governador não extrai lições do que estão a fazer os bancos com o dinheiro público ? em lugar de utilizá-lo para financiar a economia usam-no simplesmente para melhorar os seus resultados e repartir dividendos multimilionários aos seus accionistas.
O governador não extrai lições do que acontece quando os mercados se debilitam pela precariedade no emprego e pelos baixos salários.
O governador não tira conclusões do facto de que os bancos multiplicam artificialmente a dívida graças ao sistema de reservas fraccionárias que produz instabilidade permanente e as crises financeiras recorrentes.
O governador não tem nada a aprender do facto evidente de que a plena liberdade de movimentos de capital está gerando a etapa de maior e mais daninha instabilidade financeira da história.
O governador não extrai lições da opacidade em que actuam os bancos e os grandes financeiros e de a sua própria instituições ocultar a situação real dos bancos espanhóis, enganando a cidadania.
O governador não extrai lições dos problemas colocados pela cada vez maior concentração do poder financeiro e da banca e dispõe-se a entregar numa bandeja aos banqueiros espanhóis parte do mercado que até agora era controlada pelas caixas económicas.
O governador olha para outro lado e não é capaz de extrair lição alguma do que implica não dispor de banca pública e deixar o financiamento imprescindível da vida económica nas mãos dos bancos privados.
Não. De nada disto extrai lição alguma o governador.
As lições que segundo ele é preciso extrair do caso grego é que na Espanha devem-se rebaixar os direitos sociais reduzindo a despesa pública, e os direitos e salários dos trabalhadores reformando as leis que regulam o mercado de trabalho.
Essa é a única lição que segundo o governador do Banco de Espanha, assim como segundo o patronato e os banqueiros, os espanhóis devem aprender.
Uma lição falsa com a qual consumam um vergonhoso engano dos cidadãos porque ocultam à cidadania que o se passou ou o que se passe com as contas do Estado ou no mercado de trabalho não é causa e sim efeito do ocorrido no sector financeiro e no mercado de bens e que portanto é nestes espaços que se deve actuar. Concretamente, reduzindo os direitos, os privilégios e o poder dos financeiros, dos banqueiros e do grande patronato e não dos trabalhadores.
Conseguirão o que se propõem se a cidadania não se mobiliza os enfrenta com decisão. Mas eu não perco a esperança de que assim seja e de que, na Grécia, aqui e em toda a parte, algum dia se ponha em evidência o latrocínio que os banqueiros estão a levar a cabo e a cumplicidade vergonhosa destes funcionários que em vez de servir do Estado e os cidadãos trabalham ao seu serviço.
[*] Professor Catedrático da Universidade de Sevilha, coordenador de www.altereconomia.org
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Paul Krugman
The New York Times
Saqueio: o mundo económico das quebras com fins de lucro.
A maior parte da discussom sobre o papel da fraude na crise centrou-se em duas formas de engano: os empréstimos abusivos e a distorçom respeito dos riscos. Nom cabe dúvida de que alguns tomadores de empréstimos foram seduzidos para tomar créditos caros e complexos que nom compreendiam -processo facilitado polos reguladores federais da era Bush-. Ademais, os emissores de empréstimos subprime nom conservavam os créditos que faziam. Vendiam-nos a investidores, sabendo que era grande o potencial de perdas futuras.
De novo o saqueio. Nestes dias a Comissom de Valores de Estados Unidos acusa a Goldman de ter criado e vendido títulos que estavam destinados a fracassar, de forma tal de que um cliente importante fizesse dinheiro com esse falhanço. Isto é o que chamo saqueio.
Grande parte da indústria financeira converteu-se numha tramóia, num jogo no que a um punhado de pessoas se lhe pagam enormes somas para enganar e explodir aos consumidores e investidores. E se nom pomos coto a estas práticas, a tramóia seguirá