AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Penar a Língua BASENAME: canta-o-merlo-lbgpenar-a DATE: Tue, 23 Feb 2016 21:51:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Penar a Língua
por José Alberte Corral Iglesias

Os ideólogos e os políticos ao serviço do capitalismo financeiro, sabem que é preciso que os valores e a concepçom do mundo por parte dos povos e trabalhadores seja o induzido polas sinarquias. Se isto nom acontece, a derrota e o domínio sobre o conjunto das classes trabalhadoras e dos povos nom está assegurada. O engano -alienaçom- é o sustem fulcral do sistema, a força -repressom- é a derradeira medida a tomar pola burguesia para manter o seu poder. A forteza do domínio das oligarquias apousa na ideologia, esta fai que os trabalhadores, em tanto que indivíduos, classe, e povo, assumam como própria a cosmovisom dos seus nemigos de classe.

Por isso estamos mergulhados numha guerra ideológica permanente; e a língua é fulcral neste enfrentamento, pois é sabido que ao perderem os povos a sua língua e cultura própria deixam de ser um colectivo em si e para si para se converter num agregado mais ao ideário e à economia regida polos grandes grupos capitalistas que hoje dominam o planeta. Quando os povos indígenas da América lhes foi ingerido um novo imaginário e perdêrom a sua língua, a sua cultura, desaparecêrom como naçons para se converter em peons do colonizador. Só com o terrorismo económico -precaridade laboral, despido livre, etc...-; e com a dominaçom política, sejam os regimes pseudo-democráticos eleitorais ou os regimes tirânicos, nom é possível garantir a sustentaçom do sistema capitalista. É preciso a identificaçom dos submetidos com a razons económicas, e ideológicas dos grandes patrons. Isto implica que os oprimidos nom percebam nem categorizem os seus próprios interesses de classe.

O submetimento lingüístico e cultural é um dos mecanismos para subordinar aos povos e suas as classes populares aos ditados do grande capital; impossibilita a desenvolver a consciência colectiva dos humildes com os seus próprios interesses, de vez que implementa a aceitaçom do domínio económico e social das oligarquias. A questom lingüística é fulcral para compor as políticas emancipadoras de classe e naçom. É impossível a emancipaçom económica e social sem a emancipaçom cultural, e o eixo articulador no caso galego é a língua galega. É bem significativo a promulgaçom no DOG do 25 de Maio do 2010 das directrizes de ensino de matérias

Artigo 6º.3.- Educación primaria
Impartirase en galego a materia de Coñecemento do medio natural, social e cultural, e en castelán a materia de Matemática

Artigo 7.3º.- Educación secundaria obrigatoria
Impartiranse en galego as materias de Ciencias sociais, xeografía e historia, Ciencias da natureza e Bioloxía e xeoloxía, e en castelán as materias de Matemáticas, Tecnoloxías e Física e química.

Nesta estrutura legal de abuso no lingüístico, manifestado na regulaçom das línguas de uso segundo que matérias oferecidas, evidencia a construcçom do imaginário do alunado através da consideraçom de que o serio, as ciências-puras, som dadas em castelam, mentres o galego fica subordinado as outras disciplinas de menor rango no universo do saber. Esta regulaçom tem os seus alicerces na opressom terroristico-lingüística do franquismo, do que o PP é continuidade.

Esta vontade consciente de hierarquizar às línguas revela-se na cimentaçom dum imaginário colectivo de alienaçom dos galegos com respeito à própria língua. Para vencer esta opressom lingüística é preciso quebrar este discurso de dominaçom e reverter a tendência de assentir com a desigualdade como característica de organizaçom do humano. Esta aceitaçom é manifestaçom da interiorizaçom do discurso de marginalizaçom e discriminaçom do galego, dado que de facto o seu uso está postergado ao nom importante, o que nos vem dizer a realidade social na que estamos mergulhados em tanto que povo e naçom.

O desempenho dumha política de contestaçom em todo-los eidos: económicos, ideológicos, sociais... será o sustentáculo para restabelecer a presença da língua galega em todas-las funçons. O uso consciente da língua por parte dos falantes é a práctica que expressará a nossa vontade de nos empoderar como povo e indivíduos livres.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Derrocada Financeira BASENAME: canta-o-merlo-a-derrocada DATE: Wed, 10 Feb 2016 20:16:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

DERROCADA FINANCEIRA
http://resistir.info/

A derrocada financeira acelera-se. Despencam as cotações em bolsa de bancos importantes da Europa e dos EUA. Em 4/Fev a do Credit Suisse caiu ao nível mais baixo dos últimos 24 anos. Desde que a UE desencadeou as regulamentações do bail-in os bancos europeus começaram a implodir. No caso do Deutsche Bank, a sua exposição aos derivativos (ainda a dívida tóxica desencadeada pela crise dos sub-prime de 2008) é 16,4 vezes maior do que todo o PIB da Eurozona ? não há BCE que lhe valha. Do lado de lá do Atlântico, a situação não é melhor. Um quinto da capitalização dos bancos Morgan Stanley, Citigroup e Bank of America já se evaporou.
Mas no telelixo português a desinformação é contínua. Dizem os seus comentaristas económicos que a situação está a melhorar e a saída da crise está ali ao virar da esquina...

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O sentido comum BASENAME: canta-o-merlo-o-sentido DATE: Mon, 08 Feb 2016 10:43:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O sentido comum

Na construçom do socialismo nom podemos prescindir da realidade concreta na que se desenvolve a actividade de fazer agromar a versom subjacente, a que nega a ideologia dominante cimentada polos mass medias instituidoras do imaginário preponderante, constructo que consolida o poder do bloco de classes dominante. Agora bem, este imaginário unificador e coesivo nom se conforma num todo comum, a homogeneidade é proporcionada polos diferentes níveis de ideologia, vem dada desde a heterogeneidade: a religiom, a educaçom, a filosofia, os costumes, o folclore, o sentido comum... som constructos necessários para que as maiorias sociais tenham como natural a sua submissom, que vem sendo um dos muros ideológicos mais forte das oligarquias e dos seus gestores na defesa dos seus interesses de classe; utilizando diversos factores, entre os que adquirem fulcral relevância: o sistema educativo e o sistema religioso, para assim elaborar a ideologia de aceitar a submissom como um componente conatural da organizaçom social. Velaqui, na super-estrutura, onde se produz a hegemonia político-cultural do bloco social dominante. Para manter o domínio sobre a totalidade social, as oligarquias estám obrigadas a dirigi-la, e para isto precisam o controlo do imaginário colectivo. Hoje a televisom e demais médias cumprem o papel de criar a coesom política e cultural do todo social para garantir ao bloco social que conformam as diversas sinarquias a direcçom e o domínio do conjunto da sociedade. O paradoxo é que hoje os mass médias venhem a cumprir o rol do que Gramsci denominava o Príncipe Moderno de jeito invertido. A sua estratégia ideológico-política de produzir e suster o consenso mantem às classes subalternas na mansedume aos poderes reais (financeiros, eclesiásticos, etc...) bloqueando-lhes a possibilidade de análise da realidade social e aceitar a mesma como natural. Esta estratagema permanente furta ao conjunto das classes trabalhadoras a ferramenta mais idónea para traçar políticas que subvertam a situaçom económico-política na que se acham mergulhadas.

As sociedades complexas, de capitalismo avançado, implicam umha heterogeneidade das classes trabalhadoras, entre as que as profissons liberais que até bem pouco constituíam boa parte dos intelectuais orgânicos do sistema, criadores da construçom do consenso (convém nom identificar com os intelectuais políticos), hoje estám proletarizadas, som assalariadas; a sua sobrevivência, que os contratem ou nom, depende da arbitrariedade dos patrons; o que cria umha mudança radical no tecido que conforma a força de trabalho. O que nom supom que estes novos proletários assumam a sua ubiquaçom nas relaçons sociais de produçom, senom que muitos dos mesmos fornecem os corpos gerenciais do sistema, constituindo o que poderíamos denominar desde umha visom sociológica e politica, as classes intermediarias. Pois sendo assalariadas, a sua funçom nas relaçons sociais de produçom é a intermediaçom entre as sinarquias e os trabalhadores.

A existência dumha ditadura do capital nos Estados complexos e mui estruturados é consubstancial com a hegemonia ideológica, política, do bloco social oligárquico. Poderíamos afirmar que para a existência da democracia, é inerente que a ditadura do capital esteja acochada sob a hegemonia cultural e ideológica da grande burguesia. Para a construçom e imposiçom ideológica através do consenso precisa da aliança de classe com as classes intermediarias, estamentos profissionais e gerenciais do sistema; e da propriedade directa ou indirecta dos média para actuar sobre o imaginário das classes trabalhadoras e homogeneiza-las ideologicamente em torno aos mitos e signos da cultura do espectáculo, da publicidade, e da aparência ou imitaçom.

O imaginário colectivo nunca é umha construcçom espontânea, surgida da nada; é sempre expressom da alienaçom real-concreta. Jamais pode ocorrer que um fenómeno de alienaçom ideológica (real-abstracto) nom venha dado por um feito de alienaçom na estrutura sócio-económica (real-concreto). A educaçom junto com a religiom constituem os constructos fulcrais na conformaçom do imaginário dos estamentos profissionais e gerenciais -hoje no Estado espanhol o ensino nas cidades está dominado pola escola concertada, na sua maior parte, eclesiásticas - que é assumido em parelho polo conjunto da sociedade através da imitaçom e na vacuidade da cultura-espectáculo. Este sistema de dependência (alienaçom na estrutura sócio-económica a carom da alienaçom ideológica) forma o sentido comum, o grande acumulo de fidelidades à organizaçom social económica do capitalismo; constituindo umha das mais grande ferramenta ao serviço das oligarquias e sempre disposta a trair qualquer impulso subversivo.

É preciso agir para derrubar o sentido comum. Subverter esta super-estrutura que assimila a visom da realidade dos subjugados à da oligarquia é fulcral para à vez poder acabar o saqueio da riqueza colectiva criada graças à acçom da força de trabalho, seja esta intelectiva o física. Agora bem, sem poder económico, sem poder mediático, como será possível abater o sistema capitalista? Defronte da mais acabada expressom da barbárie, o capitalismo; as mulheres e homens guímaros estám de novo na presença da velha pergunta, Que fazer?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: * * Conheça os produtos e empresas que deveriam ser boicotados para castigar ao Governo de Israel pola sua massacre em Gaza ** BASENAME: conheca-os-produtos-e-empresas-que-deveriam-ser-boicotados-para-castigar-ao-governo-de-israel-pola-sua-massacre-em-gaza DATE: Sun, 07 Feb 2016 09:08:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

LISTA DE PRODUTOS A BOICOTAR: -
-FRUTAS: Mangas e melons CARMEL. Abacate ecológico Ecofresh-Carmel.
-TECNOTRON: Foto matom e outras instalações recreativas de rua.
-NANAS: Estropalhos ou buchas saponáceos.
-PATACAS: Variedade Mondial, LZR (Em Mercadona) variedade Vivaldi e Desiree.
-VINHO: Carmel Mizrachi Wines, vinhos de Israel.
-ESHET-EYLON: Classificaçom automática de frutas.
-NETAFIM: Equipas de rego.
-MILONOT: Pensos para o gando, Planta têxtil algodoeira, Central de mecanizaçom do algodom, Matadouro de aves, Envasado de frutas, Processado de frutas e hortaliças ou legumes, Maduraçom e envasado de bananas, Centro de processo de dados...
-DÁTILES CARMEL: Jordan Plains.
-ÁGUA MINERAL EDEN: Garrafas para fontes públicas.
-MENNEN: Sistemas de monitorizaçom de pacientes em cuidados intensivos.
-COSMÉTICOS REVLON: Em quase todas as drogarias e perfumarias.
-AHAVA: Cremas, sais, loçons.
- CALÇONS DE BANHO MAIÔS: GIDEON OBERSON e GOTTEX.
-ROUPA INTERIOR: VITÓRIAS SECRET, WARNACO, THE GAP, NIKE.
-APARELHOS DE AR ACONDICIONADO JOHNSON, WHITE WESTINGHOUSE, AIRWELL e ELECTRA.
-EPILADY: Máquinas de depilar e massagem.
-VEET: Cera de depilaçom.
-INTEL: O maior fabricante de micro processadores do mundo. Foi a primeira empresa estrangeira que abriu uma sucursal em Haifa em 1974.
-EMBLAZE: Esta companhia israelense pola primeira vez estará na prestigiosa pronta de companhias como Nokia e outras que desenvolvem telefones móveis. Emblaze actuará em conjunçom com a israelense Partner Communications, que opera com o nome de assinatura de Orange.
-RAFAEL: Sistemas de segurança para o lar.
-EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE APOIAM A ISRAEL: McDonald's, Timberland, Revlon, Garnier, Hugo Boss, Tommy Hilfiger, Calvin Klein, L'Oreal, Garnier.....
-JOHNSON & JOHNSON: No 50º Aniversário da Independência de Israel, a Johnson No 50º Aniversário da Independência de Israel, a Johnson & Johnson foi-lhe concedido o maior galardom, o Jubilee Award, em reconhecimento a seu apoio à economia israelense.
-TELEFÓNICA: Adquire grande parte de seus produtos em Israel entre eles, os multiplicadores de linhas, componentes para redes e sistemas de facturaçom de telefonemas.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Ucrânia: camisas castanhas e botas pretas Ilegalização do Partido Comunista BASENAME: canta-o-merlo-ucrania-camisas DATE: Sun, 07 Feb 2016 09:03:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Ucrânia: camisas castanhas e botas pretas Ilegalização do Partido Comunista

Higinio Polo
http://www.odiario.info/?p=3909

Quando as camisas castanhas dos fascistas, as botas pretas dos gangs paramilitares assolam as cidades ucranianas, e o Partido Comunista é proibido e forçado a passar à clandestinidade começam a faltar na Europa vozes que clamem por liberdade

Com o triunfo do golpe de Estado na Ucrânia, em Fevereiro de 2014, os sinais da extrema-direita no país foram detectados desde o início: a incorporação dos membros do Governo do partido fascista Svoboda, a presença ativa do nazis Pravy Sektor na polícia, na Guarda Nacional criada pelo governo golpista, nas unidades do exército que foram enviadas para esmagar os protestos contra o golpe de Estado, e o controle das ruas das principais de cidades ucranianas por batalhões paramilitares destes grupos fascistas foram o sinal de por onde iriam as coisas nessa "nova Ucrânia democrática", nascida com o golpe, graças ao apoio ocidental, com a sua diplomacia, dinheiro, armas e grupos de choque paramilitares.

Na Polónia foram treinados os grupos de provocadores que atuaram nos dias de Maidan e, com a boa vontade da União Europeia, os serviços secretos norte-americanos e polacos desencadearam os mecanismos que levaram ao buraco negro em que a Ucrânia se encontra hoje.

Os protestos foram esmagados sem piedade: lembremos o horror das cenas dantescas do incêndio do edifício dos sindicatos de Odessa, onde os nazis queimaram vivas muitas pessoas que protestavam contra o golpe e onde o massacre nunca foi investigado pelas autoridades, como não mostraram nenhum interesse em investigar a origem dos franco-atiradores misteriosos que causaram a matança de Maidan anterior ao golpe. Só na Crimeia e no leste do país, os opositores conseguiram resistir com sucesso ao golpe, ainda que no Donbass se viram envolvidos na guerra civil.

Desde então, o governo Poroshenko e Yatseniuk dedicou-se a acabar com a resistência em Donetsk e Lugansk, numa "operação antiterrorista", como eles a chamaram, que já causou quase dez mil mortos, dezenas de milhares de feridos e a destruição de grande parte da infraestrutura e bairros nas aldeias e cidades. As camisas castanhas e botas pretas dos paramilitares fascistas devastaram o país, e eles não têm descansado desde então. São comuns na Ucrânia desfiles fascistas nas cidades, e nos estádios de futebol mostram-se os símbolos nazis sem rebuço. A tortura é uma prática comum nos quartéis e esquadras de polícia, e até mesmo em centros de detenção que a extrema-direita controla.

Contam-se por dezenas os comunistas mortos sem que as autoridades judiciais ou policiais investiguem os crimes.
Um dos objetivos do governo golpista, com o apoio dos EUA, foi a destruição da esquerda ucraniana: os ataques às sedes do Partido Comunista, os incêndios de casas particulares e locais comunistas, os espancamentos e assassinatos cometidos em total impunidade, a caça e militantes de esquerda, foram moeda comum desde o primeiro dia. Deputados comunistas foram agredidos na própria Rada, o parlamento, como o próprio secretário-geral Simonenko, e o governo tentou desde o primeiro dia ilegalizar o Partido Comunista. O processo conduzido por Poroshenko e Yakseniuk atingiu extremos delirantes: o juiz viu seus escritórios invadidos por homens suspeitos armados; registos e documentação roubados, numa atmosfera de ameaças a juízes independentes que não podiam ser denunciados porque hoje todos sabem que na Ucrânia os fascistas matam. O juiz foi forçado a deixar o caso, e feitas muitas pressões e ameaças a jornalistas e críticos honestos que poderiam informar a população, o governo golpista conseguiu que no final de dezembro de 2015 esse tribunal declarasse ilegal o Partido Comunista da Ucrânia, para que não pudesse agir e concorrer a eleições, nem organizar-se livremente: foi forçado a passar à clandestinidade.

As sensibilidades democráticas da União Europeia e os Estados-Membros não demonstraram nenhuma preocupação com a proibição do Partido Comunista, nem com o regresso do fascismo sanguinário à Ucrânia. Mas que os centros do poder do capitalismo, Bruxelas e Washington, não tenham feito a menor objeção está dentro da ?normalidade? hipócrita a que nos têm acostumado; no entanto, é muito preocupante e revelador que boa parte da esquerda europeia, começando pela social-democracia, não tenha esboçado o menor protesto por tal ultraje.

Maus tempos para a liberdade. O próprio Presidente Poroshenko enriqueceu graças à corrupção e negócios sujos, enquanto o seu governo impunha novos sacrifícios à população, aceitando as imposições do Fundo Monetário Internacional e abria as fronteiras á entrada das unidades da OTAN. Enquanto a guerra civil continua no leste do país e os cidadãos ucranianos suportam uma vida cada vez mais difícil; enquanto o país se está afogando numa corrupção delirante e os principais responsáveis do governo roubam às mãos cheias e se apoderam dos recursos da Ucrânia; quando as camisas castanhas dos fascistas, as botas pretas dos gangs paramilitares assolam as cidades ucranianas, e o Partido Comunista é proibido e forçado a passar à clandestinidade começam a faltar na Europa vozes que clamem por liberdade.

* Professor universitário
Este texto foi publicado em: http://www.elviejotopo.com/topoexpress/ucrania-camisas-pardas-y-botas-negras/

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Karl Marx tinha razão (II) BASENAME: canta-o-merlo-karl-marx-tinha-razao-ii DATE: Thu, 06 Aug 2015 18:36:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Karl Marx tinha razão (II)
Por Chris Hedges (1)/ Tradução: Jorge Vasconcelos
?Information Clearing House? (1-06-2015), publicado em ?TruthDig?
http://www.odiario.info/

A fase final do capitalismo, escreveu Marx, seria marcada por desenvolvimentos que, para a maior parte de nós, são hoje familiares. Incapaz de se expandir e gerar lucros ao nível do passado, o sistema capitalista começaria a consumir as estruturas que o têm sustentado.

Um editorial do ?The New York Time? do 22 de maio permite-nos verificar o que Marx disse que iria caracterizar as últimas fases do capitalismo:
?Durante esta semana, a Citicorp, o JPMorgan Chase, o Barclays e o Royal Bank of Scotland foram declarados culpados pelas acusações de crime de conspiração para falsificação do valor das cotações mundiais. De acordo com o Departamento de Justiça, a prolongada e lucrativa conspiração permitiu aos bancos aumentar os lucros sem contemplação pela decência, pela lei e pelo bem público?.
Continua o ?The Times?:Os bancos vão pagar multas no total de 9 mil milhões de dólares, estabelecidas pelo Departamento de Justiça, assim como por reguladores estatais, federais e estrangeiros. Parece um bom negócio para um golpe que durou pelo menos cinco anos, desde o fim de 2007 até ao início de 2013 e durante o qual os benefícios provenientes do câmbio estrangeiro foi cerca de 85 mil milhões.
As fases finais daquilo a que chamamos capitalismo, conforme Marx percebeu, não têm nada a ver com capitalismo. As super-empresas devoram as despesas estatais, que são essencialmente o dinheiro dos contribuintes, como porcos numa pocilga. A indústria de armamento, com a sua conta oficialmente autorizada para a defesa no valor de 612 mil milhões de dólares (que não inclui muitas outras despesas militares escondidas noutros orçamentos, o que faria a nossa despesa real com a defesa nacional subir acima de 1 bilião de dólares por ano), conseguiu levar este ano o governo ao compromisso de gastar na próxima década 348 mil milhões na modernização das nossas armas nucleares e na construção de 12 novos submarinos nucleares classe Ohio, estimados cada um em 8 mil milhões de dólares. Como exactamente é que estes dois enormes programas de armamento são supostos ser utilizados naquilo que nos dizem ser a maior ameaça do nosso tempo (a guerra ao terrorismo) é um mistério. Ao fim e ao cabo, tanto quanto sei, o ISIS não tem sequer um barco a remos. Gastamos 100 mil milhões em informações (leia-se espionagem) e 70% desse dinheiro vai para empreiteiros privados, como Booz Allen Hamilton, [que] obtém 99% dos seus rendimentos do governo americano. E, ainda por cima, somos o maior exportador mundial de armas.
A indústria de combustíveis fósseis, segundo o Fundo Monétario Internacional (FMI), engole 5,3 biliões de dólares por ano em todo o mundo em custos camuflados para se continuarem a queimar combustíveis fósseis. Nota o FMI que este dinheiro está para além dos 492 mil milhões de subsídios directos oferecidos por governos em todo o mundo através de amortizações, adendas e subterfúgios diversos. Num mundo são, esses subsídios seriam gastos para nos libertar dos efeitos mortais das emissões de carbono causadas pelos combustíveis fósseis, mas não vivemos num mundo são.
Bloomberg News informava no artigo de 2013 ?Porque devem os contribuintes dar aos bancos 83 mil milhões de dólares por ano? que a redução de custos dos grandes bancos por via dos subsídios governamentais tinha sido estimada pelos economistas em 0,8%.
?Multiplicada pelas responsabilidades totais dos 10 maiores bancos americanos por activos?, dizia o relatório, ?tal representa um subsídio dos contribuintes no valor de 83 mil milhões de dólares por ano.?
?Os cinco maiores bancos ? JPMorgan, Bank of America Corp., Citigroup Inc., Wells Fargo & Co. e Goldman Sachs Group Inc. ? representam,? continuava o relatório, ?64 mil milhões do subsídio total, uma quantia aproximadamente igual ao seu lucro anual típico. Por outras palavras, os bancos que estão no posto de comando da indústria financeira dos EUA, com quase 9 biliões de activos que representam mais de metade da dimensão da economia americana, ficariam quase no zero na falta de assistência às superempresas. Em grande parte, os lucros que apresentam são essencialmente transferências dos contribuintes para os seus accionistas.?
A despesa do governo representa 41% do PIB. Os capitalistas das grandes corporações querem apanhar todo esse dinheiro e daí a privatização de sectores militares inteiros, a pressão para a privatização da Segurança Social, a adjudicação a empresas de 70% do serviço de informações de 16 das nossas agências, tal como a privatização de prisões, de escolas e do nosso desastroso serviço de saúde orientado para o lucro. Nenhuma destas apropriações de serviços básicos os torna mais eficientes ou reduz os seus custos. Não é isso que interessa. O que interessa é sugar a carcaça do Estado. Ora, isso irá ditar a desintegração das estruturas que sustêm o próprio capitalismo. Tudo isso foi percebido por Marx.

(1) Chris Hedges, esteve cerca de duas décadas como correspondente estrangeiro na América Central, no Médio-Oriente, em África e nos Balcãs. Enviou trabalhos para mais de 50 países e colaborou para o The Christian Science Monitor, a National Public Radio, o The Dallas Morning News e o The New York Times, no qual foi corresponde estrangeiro durante 15 anos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Karl Marx tinha razão (I) BASENAME: canta-o-merlo-karl-marx-tinha-razao-i DATE: Tue, 04 Aug 2015 08:07:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Karl Marx tinha razão (I)
Por Chris Hedges (1)/ Tradução: Jorge Vasconcelos
?Information Clearing House? (1-06-2015), publicado em ?TruthDig?
http://www.odiario.info/

A fase final do capitalismo, escreveu Marx, seria marcada por desenvolvimentos que, para a maior parte de nós, são hoje familiares. Incapaz de se expandir e gerar lucros ao nível do passado, o sistema capitalista começaria a consumir as estruturas que o têm sustentado.

Chris Hedges juntou-se aos professores Richard Woff e Gail Dines no Left Forum na cidade de Nova Iorque para discutirem porquê Karl Marx é fundamental numa época em que o capitalismo global está em colapso. Junta-se o comentário feito por Hedges na abertura da discussão.
Karl Marx expôs a dinâmica própria do capitalismo, ou do que chamou ?modo de produção burguês?. Percebeu que o capitalismo tinha gerado dentro de si as sementes da sua própria destruição. Sabia que as ideologias dominantes ? pensemos no neoliberalismo ? foram criadas para servirem o interesse das elites e, em particular, as elites económicas, uma vez que ?a classe que detém os meios da produção material à sua disposição tem ao mesmo tempo o controle sobre os meios da produção mental? e que ?as ideias dominantes não são mais que a expressão idealista das relações materiais dominantes? relações que fazem de determinada classe a classe dominante.? Viu que chegaria um dia em que o capitalismo iria esgotar o seu potencial e entrar em colapso. Não sabia quando viria esse dia. Conforme Meghnad Desai escreveu, Marx era ?um astrónomo da história e não um astrólogo.? Marx estava plenamente ciente da capacidade do capitalismo inovar e adaptar-se. Mas, sabia também que a expansão capitalista não era eternamente sustentável. E, conforme testemunhamos com o desenvolvimento do capitalismo e a desintegração do globalismo, é justificado ver Karl Marx como o mais presciente e importante crítico do capitalismo.
Num prefácio à ?Contribuição para a Crítica da Economia Política?, escreveu Marx:
?Nenhuma ordem social alguma vez desapareceu antes de todas as forças produtivas para as quais nela haja lugar se terem desenvolvido e as novas relações de produção superiores jamais aparecem antes de as condições materiais para a sua existência terem amadurecido no ventre da própria antiga sociedade?.
Portanto, a humanidade estabelece sempre a si própria apenas aquelas tarefas que pode resolver, uma vez que, olhando para a questão mais de perto, encontramos invariavelmente que a própria tarefa só surge quando as condições materiais necessárias para a sua solução já existem, ou pelo menos estão em processo de formação.
O socialismo, por outras palavras, não seria possível até o capitalismo ter esgotado o seu potencial de maior desenvolvimento. Que o fim está próximo é agora difícil rejeitar, embora fossemos loucos querer prever quando. Somos chamados a estudar Marx para estarmos preparados.
As fases finais do capitalismo, escreveu Marx, seriam marcadas por desenvolvimentos que são familiares à maior parte de nós. Incapaz de se expandir e gerar lucros ao nível do passado, o sistema capitalista começaria a consumir as estruturas que o têm sustido. Tomaria como presa a classe operária e os pobres, em nome da austeridade, levando-os cada vez mais fundo para a dívida e a pobreza e diminuindo a capacidade do Estado para servir as necessidades dos cidadãos comuns. Deslocaria, como desloca, cada vez mais os empregos, incluindo tanto os postos fabris como profissionais para países com reservas de trabalhadores baratos. As indústrias iriam mecanizar os locais de trabalho. Isto desencadearia um assalto económico não apenas sobre a classe trabalhadora, mas também sobre a classe média ? baluarte do sistema capitalista ? o qual seria mascarado pela imposição de dívida pessoal em grande escala, uma vez que o rendimento diminuiria ou estagnava. A política ficaria nas últimas fases do capitalismo subordinada à economia, tendo como resultado partidos políticos esvaziados de conteúdo político concreto e abjectamente subservientes dos diktats e do dinheiro do capitalismo global. No entanto, conforme Marx preveniu, há um limite para uma economia assente na expansão da dívida. Chega uma altura, como Marx sabia, na qual deixaria de haver novos mercados disponíveis e novas reservas de pessoas para contraírem mais dívida. Foi o que aconteceu com a crise das hipotecas ?subprime?. Uma vez que os bancos já não conseguem conceder mais empréstimos desse tipo, o esquema desmorona-se e o sistema rebenta.
Os oligarcas capitalistas, entretanto, juntam enormes somas de dinheiro ? 18 biliões de dólares depositados em paraísos fiscais ? o qual é extraído como tributo a quem dominam, endividam e empobrecem. O capitalismo poderia finalmente, segundo Marx disse, virar-se para o assim chamado mercado livre, junto com os valores e tradições que reclama defender. Daria início na sua fase final à pilhagem dos sistemas e estruturas que tornaram o capitalismo possível. Ao provocar mais largo sofrimento, recorreria a formas de repressão mais brutais. Tentaria, em posição frenética final, manter os seus lucros saqueando e pilhando as instituições estatais e contradizendo a sua declarada natureza.
Marx preveniu que nas últimas fases do capitalismo as grandes empresas exerceriam monopólio sobre os mercados globais. ?A necessidade de constante expansão do mercado para os seus produtos persegue a burguesia por toda a face da Terra,? escreveu ele. ?Tem que se aninhar por todo o lado, fixar-se por todo o lado, estabelecer contactos por todo o lado.? Estas grandes empresas, quer do sector bancário, das indústrias agrícolas e da alimentação, das indústrias de armamento ou das indústrias das comunicações, utilizariam o seu poder, tomando normalmente controle sobre os mecanismos do Estado para evitarem qualquer ameaça ao seu monopólio. Fixariam preços para maximizarem os lucros. Desenvolveriam [como têm feito] acordos de comércio como o TPP e o CAFTA (TPP -Trans-Pacific Partnership ou Parceria Trans-Pacífico e CAFTA - Central America Free Trade Agreement ou Acordo de Comércio Livre da América Central ? N.T.) para enfraquecerem mais a capacidade dos Estados-nação de impedirem a exploração através de regulamentações ambientais ou a monitorização das condições de trabalho. E no final, estes monopólios empresariais fariam desaparecer a competição do livre mercado.

(1) Chris Hedges, esteve cerca de duas décadas como correspondente estrangeiro na América Central, no Médio-Oriente, em África e nos Balcãs. Enviou trabalhos para mais de 50 países e colaborou para o The Christian Science Monitor, a National Public Radio, o The Dallas Morning News e o The New York Times, no qual foi corresponde estrangeiro durante 15 anos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A situação na Grécia e o papel anti-povo do SYRIZA BASENAME: canta-o-merlo-a-situacao-na-grecia-e-o-papel-anti-povo-do-syriza DATE: Fri, 31 Jul 2015 10:15:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A situação na Grécia e o papel anti-povo do SYRIZA
? As responsabilidades dos que o aplaudem

por Giorgos Marinos [*]

http://resistir.info/grecia/marinos_29jul15.html

Introdução

Na segunda-feira 13 de Julho, o governo SYRIZA-ANEL com o apoio de todos os partidos políticos burgueses acordaram na Cimeira da Eurozona com um pacote muito duro de medidas anti-povo, o terceiro memorando, o qual destruirá todos os direitos dos trabalhadores e do povo que ainda restam.

Na quarta-feira 15 de Julho, o "primeiro governo de esquerda" aprovou, com os votos dos partidos burgueses ND-PASOK-POTAMI, o acordo da Cimeira e o primeiro pacote de medidas a serem implementadas para a concretização do 3º memorando incluindo novas medidas selvagens de tributação e a abolição de direitos à pensão. O KKE votou contra isto e pediu uma votação nominal, durante a qual 32 quadros do SYRIZA votaram NÃO, 6 votaram "presente" [NR] e 1 absteve-se. Estes membros do SYRIZA disseram que "votamos contra o novo memorando, mas ... apoiamos de todo o coração o governo que está a por isto sobre a mesa".

A experiência dos cinco meses de governação SYRIZA demonstra que ele não quer nem foi capaz de preparar o povo para uma confrontação contra o memorando e os monopólios, tanto gregos como europeus, precisamente porque não tinha orientação para a resistência e o conflito. Ao contrário, enganou o povo [dizendo] que podia abrir o caminho a mudanças favoráveis ao povo mantendo-se no interior da aliança predatória da UE.

Estes desenvolvimentos são uma expressão muito clara do fracasso da chamada "esquerda renovada" ou "esquerda governamental", da teoria de que a UE pode mudar seu carácter monopolista e anti-povo.

A linha de luta do KKE e sua posição vigorosa e firme, que rejeitou a participação em tais governos "de esquerda" que na verdade são governos de gestão burguesa, foi confirmada.

Na base desta experiência específica e da ultrapassagem da ofensiva dos mass media burgueses, os trabalhadores da Europa e de todo o mundo devem tentar descobrir a verdade e utilizar os acontecimentos na Grécia de modo a retirar conclusões úteis.

Eles deveriam examinar e estudar a linha de luta do KKE, romper a muralha da desinformação das forças burguesas e oportunistas que se preocupam com a gestão da barbárie capitalista e trabalham sistematicamente a fim de manipular os trabalhadores.

QUAL É A SITUAÇÃO REAL NA GRÉCIA? QUAL É O PAPEL REAL DO SYRIZA? QUAIS SÃO AS RESPONSABILIDADES DOS QUE O APLAUDEM?


Primeiramente, durante a crise capitalista, com as consequências penosas que a linha política anti-povo do partido liberal ND e do partido social-democrata PASOK trouxeram à classe trabalhadora e aos estratos populares, começou uma reforma extensa do sistema político burguês.

Os partidos burgueses tradicionais estavam enfraquecidos e exaustos, e o SYRIZA e a organização criminosa nazi "Aurora Dourada" foram fortalecidos.

O SYRIZA, que era um pequeno partido oportunista, rapidamente aumentou sua votação nas eleições de Junho de 2012 e venceu as eleições de Janeiro de 2015, constituindo um governo com o partido da direita nacionalista ANEL.

Ao longo deste período o SYRIZA encurralou os trabalhadores no falso esquema "memorando ? anti-memorando", ocultando o facto de que o memorando faz parte da estratégia mais geral do capital. Ele explorou o agravamento dos problemas do povo e fez promessas falsas de que aliviaria a situação dos trabalhadores e satisfaria suas reivindicações.

Neste quadro, o SYRIZA prometeu que aumentaria de imediato o salário mínimo, restauraria os acordos de negociação colectiva, aboliria o imposto sobre a propriedade, aumentaria o patamar de isenção fiscal, poria fim às privatizações, etc.

Apesar dos slogans que utilizou, na prática o SYRIZA construiu uma estratégia social-democrata e deixou claro desde o princípio que administraria o capitalismo e serviria a competitividade e lucratividade dos grupos monopolistas, implementando a estratégia da UE, à qual chamava de "nosso lar europeu comum".

Segundo. Após as eleições de 2015, o governo SYRIZA-ANEL continuou a linha política anti-povo dos governos anteriores. No dia 20 de Fevereiro assinou um acordo com a UE-BCE-FMI (Troika) e assumiu compromissos quanto ao reconhecimento e reembolso da dívida que não foi criada pelo povo, a "rejeição de acções unilaterais", a não implementação das suas promessas eleitorais e a promoção de "reestruturações capitalistas".

O governo SYRIZA-ANEL, durante as negociações que se seguiram em Bruxelas, apresentou uma série de propostas com duras medidas anti-povo, incluindo:

A manutenção do memorando e de todas as leis de aplicação do ND e do PASOK, a imposição de tributação adicional, a demolição de direitos de pensão, privatizações e outras medidas no valor de 8 mil milhões de euros a expensas do povo. Esta proposta era semelhante àquela da Troika, a qual continha medidas anti-povo no valor de 8,5 mil milhões de euros.

As confrontações nas negociações e a retirada do governo SYRIZA-ANEL numa certa fase não estão relacionadas com resistência para a defesa dos interesses do povo, como alguns no estrangeiro afirmaram sem qualquer base.

Eram os interesses dos monopólios que estavam na mesa das negociações e, sobre esta base, manifestavam-se contradições mais gerais relativas à fórmula para a gestão do capitalismo, o rumo da Eurozona e a posição da Grécia nela (incluindo a possibilidade de um Grexit), as contradições sobre hegemonia na Europa entre a Alemanha e a França, entre os EUA e a Eurozona e em particular a Alemanha.

Terceiro. Nestas condições, no sábado 27 de Junho o governo apresentou ao Parlamento uma proposta para um referendo, tentando armar uma cilada para o povo com um SIM ou NÃO ao pacote de medidas anti-povo da Troika, recusando-se a apresentar a sua própria proposta anti-povo a fim de ser julgada pelo povo.

O KKE (no parlamento) pediu que no referendo fosse colocado o seguinte:

A) A proposta da Troika.
B) A proposta do governo
C) A proposta do KKE para "DESLIGAMENTO DA UE, ABOLIÇÃO DO MEMORANDO E DE TODAS AS LEIS DE APLICAÇÃO ANTI-POVO".

O governo arbitrariamente recusou-se a colocar a proposta do KKE em votação. Seu objectivo era chantagear o povo e explorar a votação popular como aprovação à sua própria proposta que constituía um novo memorando.

O KKE resistiu, denunciou a chantagem e apresentou o seu próprio boletim de voto ao julgamento do povo:

"NÃO À PROPOSTA UE-BCE-FMI.
NÃO À PROPOSTA DO GOVERNO.
DESLIGAMENTO DA UE COM O POVO NO PODER".

Este boletim de voto foi distribuído nos lugares de trabalho, nos bairros populares, junto aos centros de votação no dia do referendo, e ao mesmo tempo o KKE conclamava o povo a resistir de todas as maneiras e exprimir sua oposição ao novo memorando.

Nas condições deste falso dilema e desta chantagem, o KKE explicou ao povo que tanto o SIM como o NÃO seriam utilizados para impor novas medidas anti-povo.

Esta decisão é uma grande herança deixada ao nosso povo para que possa continuar sua luta com base nos seus próprios interesses.

Uma secção significativa do nosso povo resistiu. Lançou na urna o boletim de voto do KKE, outros votaram em branco ou anularam o boletim de voto (mais de 350 mil, 6%). Uma secção do povo trabalhador seguiu o caminho da abstenção.

O KKE não estabeleceu um objectivo numérico para este referendo, sua postura foi uma posição de princípio, enviar uma mensagem política ao povo para não se submeter a toda chantagem, a dilemas, quer tivessem origem na troika ou no governo ou nos outros partidos políticos burgueses.

Quarto. Em 6 de Julho, um dia após o referendo, os desenvolvimentos confirmaram do modo mais característico as posições e a linha de luta do KKE e comprometeram os partidos no estrangeiro que celebraram em conjunto com o SYRIZA ou enviaram mensagens de apoio ao primeiro-ministro grego.

No dia seguinte ao referendo houve uma reunião dos líderes políticos por iniciativa do primeiro-ministro, Tsipras, com a participação do Presidente da República. Esta reunião tornou a situação ainda mais clara.

O SYRIZA, ANEL, ND, PASOK, POTAMI, isto é todo os partidos burgueses, assinaram uma declaração conjunta que entre outras coisas mencionava: "O veredicto recente do povo grego não inclui um mandato de ruptura, mas um mandato para continuar e fortalecer o esforço de alcançar um acordo socialmente justo e economicamente sustentável", confirmando que os partidos burgueses como um todo estavam prontos para assinar um acordo/novo memorando com a Troika contra o povo.

O secretário-geral do CC do KKE, cda. Dimitris Koutsoumpas discordou, tornou clara a sua posição diferente. Após a reunião dos líderes políticos declarou dentre outras coisas: "De nossa parte exprimimos claramente, mais uma vez, os pontos de vista do KKE quanto à avaliação do resultado do referendo e principalmente quanto aos enormes problemas que estão a ser experimentados pelo povo grego dentro da aliança predatória da UE, a qual tem uma linha política que agrava continuamente os impasses para o povo, o rendimento do povo, o curso do país e o curso do nosso povo como um todo.

Foi demonstrado, mais uma vez, que não pode haver negociações favoráveis ao povo e aos trabalhadores dentro dos muros da UE, dentro do caminho capitalista de desenvolvimento... Ninguém autorizou qualquer organismo a assinar novos memorandos, novas medidas para o nosso povo".

Quinto. Após o referendo o governo SYRIZA-ANEL enviou ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) um pedido para um programa de empréstimo por três anos no valor de cerca de 50 mil milhões de euros, com um novo acordo de empréstimo e um novo memorando.

Na sexta-feira 10 de Julho, o governo propôs à Troika (UE, BCE, FMI) um pacote provocador de duras medidas anti-povo com um 3º memorando no valor de mais de 12 mil milhões de euros! Isto quer dizer 4 a 5 mil milhões de euros a mais do que a proposta que estava a ser discutida antes do referendo.

No mesmo dia, na discussão no Parlamento, o governo pediu e recebeu o apoio e a autorização dos partidos burgueses, ND-PASOK-POTAMI, a fim de assinar o acordo anti-povo, o 3º memorando.

Enquanto isso, na madrugada de segunda-feira 13 de Julho, o primeiro-ministro Tsipras acordou na Cimeira da Eurozona um novo empréstimo no valor de 85 mil milhões de euros e um muito perigoso memorando anti-povo, o qual realmente esmagará qualquer coisa que tenha restado dos direitos do povo.


Aqui estão alguns exemplos característicos:

Manutenção do ENFIA, o imposto sobre a propriedade e outras duras medidas fiscais da ND e do PASOK que levaram milhões de famílias das camadas populares ao desespero e um aumento adicional das taxas de IVA, transferindo alimentos empacotados e outros ítens de consumo popular em massa para a taxa mais alta de 23%, abolição de isenções fiscais para agricultores, um aumento significativo do IVA para as ilhas, etc.

A propaganda do governo diz que aumentar impostos sobre grandes negócios e proprietários de navios não tem fundamento, que é uma gota no oceano. As isenções fiscais para os proprietários de navios e o grande capital como um todo estão a ser mantidas em vigor.

Manutenção das medidas anti-segurança social na sua totalidade, as quais reduzem pensões, aumentam a idade de reforma, isentam o patronato de contribuições para a segurança social e também a introdução de novas medidas que anulam o restante das reformas antecipadas estabelecendo uma única idade de reforma de 67 anos, abolindo os benefícios para pensionistas com pensões muitos baixas, aumentando as contribuições dos trabalhadores para a segurança social, fundindo fundos da segurança social com uma corrida para baixo em termos de direitos. Estão a ser examinadas duras medidas adicionais em nome da sustentabilidade do sistema de segurança social.

Manutenção das relações de trabalho "medievais" que prevalecem nos lugares de trabalho, congelamento de acordos colectivos, manutenção de salários reduzidos e também novas medidas adicionais anti-trabalhador em nome da adaptação às directivas da UE para a expansão de contratos individuais entre trabalhadores e patrões, reforço do trabalho em tempo parcial e temporário, relações de trabalho flexíveis.

Implementação da caixa de ferramentas da organização imperialista OCDE (a qual o governo considera ser um parceiro estratégico) que prevê a liberalização das profissões, a abolição dos feriados de domingo, etc.

Manutenção das privatizações que se efectuaram e a promoção de novas, nos portos, em 14 aeroportos regionais, nas ferrovias, na companhia que administra o gás natural, etc.

Criação de um mecanismo para hipotecar e vender a propriedade pública a fim de obter 50 mil milhões de Euros para reembolsar os empréstimos, etc.

Criação de excedentes primários de 1% em 2015, 2% em 2016, 3% em 2017, 3,5% em 2018 e a implementação de um mecanismo para automaticamente cortar salários, pensões, gastos sociais se houver divergência em relação aos objectivos orçamentais.

O governo SYRIZA-ANEL utilizou a chantagem e o dilema que a ND e o PASOK haviam utilizado a fim de convencer o povo a aceitar as medidas: um novo memorando mais duro ou a bancarrota do estado através de um grexit?

Ele repete o mesmo dilema que foi apresentado por ocasião do primeiro e segundo memorandos e todas as vezes em que uma prestação estava a ser desembolsada. Toda a vez que o povo tem de escolher o mal "menor", no fim este acaba por levar ao mal maior.

Mesmo agora, quando a linha política anti-povo do SYRIZA está completamente evidente, Tsipras ainda tenta promover falsas expectativas, afirmando que o acordo inclui um ajustamento da dívida (a qual aumentou devido ao novo empréstimo) e aos chamados "pacotes de desenvolvimento". Apesar do facto de ser bem sabido que em qualquer caso o povo pagará pela dívida e que os pacotes serão mais uma vez destinados a grandes grupos monopolistas, os quais colherão grandes lucros.

Sexto. A linha política anti-povo do SYRIZXA não se restringe apenas a estas questões mas exprime-se também na sua política externa.

O governo grego em cinco meses proporcionou apoio significativo à NATO, aos EUA, o eixo Euro-Atlântico.

Ele não só manteve como também assumiu compromissos para fortalecer as bases EUA-NATO em Suda, o centro de comando para intervenções e guerra imperialistas, Aktio (centro de radar) e também assumiu compromissos para fortalecer os centros de comando em Salónica, Larissa, etc.


O governo anunciou que em consulta com os EUA instalará uma nova base da NATO no Mar Egeu, na ilha de Carpatos.

O governo assumiu oficialmente um compromisso de disponibilizar suas forças armadas e bases militares para novas guerras imperialistas na região, a fim de enfrentar os jihadistas e "proteger as populações cristãs".

Ele participa em exercícios militares juntamente com os EUA e Israel e fortalece suas relações militares, políticas e económicas com o estado israelense que continua a ocupação e os tormentos do povo palestino.

A chamada "política multi-dimensional" com a Rússia e a China, com os BRICS, está a ser executada do ponto de vista do avanço dos interesses dos grupos monopolistas a fim de fortalecer suas posições no campo da energia, no quadro geral da competição imperialista, enredando nosso povo em novos perigos.

CONCLUSÕES IRREFUTÁVEIS

Os trabalhadores da Europa e de todo o mundo podem retirar importantes conclusões deste curso dos acontecimentos na Grécia a fim de denunciar as forças políticas que defendem o caminho de desenvolvimento capitalista e a União Europeia, a união imperialista inter-estatal.

Os homens e mulheres comunistas, os trabalhadores, devem examinar os desenvolvimentos na base dos dados reais.

Eles deveriam apreciar a posição de dúzias de Partidos Comunistas que tentam analisar os desenvolvimentos na Grécia com base em critérios de classe, mantiveram o princípio do internacionalismo proletário, contribuíram para apoiar luta do KKE, publicaram seus boletins de informação e entrevistas, escreveram seus próprios artigos e combateram contra a confusão semeada pelo SYRIZA e pelo Partido de Esquerda Europeu (PEE).

O KKE agradece às dúzias de partidos comunistas e organizações de juventude comunista de todo o mundo que exprimiram sua solidariedade de muitos modos diferentes e permaneceram ao lado da luta do nosso partido e da KNE (Juventude Comunista Grega).

Agradecemos aos trabalhadores e trabalhadoras, sindicalistas e outras organizações do movimento popular do estrangeiro que apoiam a luta do movimento com orientação de classe na Grécia.

Nosso partido continuará a travar lutas árduas e a honrar a vossa confiança.

Nas condições da forte pressão exercida pelo aparelho ideológico burguês e pela intervenção das forças oportunistas, a expressão em massa de solidariedade internacionalista é um elemento muito importante. Ela contribui para a nossa luta comum. Trata-se de uma experiência valiosa que frutificará no período seguinte.

Ao mesmo tempo, os comunistas e trabalhadores devem examinar cuidadosamente e denunciar as forças oportunistas e outras que durante todo este período ocultaram as posições do KKE e alinharam-se com o SYRIZA, embelezando a essência de classe anti-povo da sua linha política, seu carácter social-democrata.

O PEE desempenha um papel particularmente perigoso na manipulação dos trabalhadores. O Partido de Esquerda Europeu reconheceu a sua própria mutação estratégica rumo à gestão burguesa nas posições sociais-democratas do SYRIZA, as suas próprias posições favoráveis à assimilação dentro da UE.

Isto era expectável.

Este grave problema refere-se a certos PCs que reproduziram as posições do SYRIZA, apresentaram-no como força de resistência contra a UE, ocultando o facto de que este partido é um defensor da aliança predatória da UE e da NATO, um administrador da barbárie do sistema capitalista.

Estas forças saudaram o "NÃO" do referendo mas ocultaram o facto de que por trás disto estava o SIM do SYRIZA a um novo memorando, novas medidas que continuarão a sangrar o nosso povo.

Elas desinformaram ? intencionalmente ou não intencionalmente ? os trabalhadores nos seus países. Estas forças ligaram a posição do governo grego à defesa da "soberania popular", mas a realidade demonstra que o povo não pode ser soberano quando está sitiado pela chantagem das forças do capital, quando está faminto, desempregado, vítima do capitalismo e dos capitalistas que mantêm o poder e possuem os meios de produção e roubam a riqueza produzida pelos trabalhadores.

A postura destes partidos objectivamente foi contra a luta do KKE e a expensas do interesse da classe trabalhadora, das camadas populares na Grécia, em todo país, porque apoiar a nova social-democracia significa fortalecer o adversário dos trabalhadores, promove ilusões e confusão.

Não há desculpa. Eles arcam com sérias responsabilidades. Os partidos que ocultaram as posições do KKE, organizaram eventos para apoiar o SYRIZA e saudaram a social-democracia foram revelados.

Na realidade, as manifestações, como em Paris, Roma, Bruxelas, Nicósia, Lisboa e outras cidades, pouco importando quem as organizou e os slogans usados, foram utilizadas pelo SYRIZA como um álibi "de esquerda" para fortalecer a sua posição, para apresentar-se como um "salvador" e impor novas duras medidas anti-povo sobre os trabalhadores gregos.

Esta não é a primeira vez que falamos acerca destas questões. As consequências da influência oportunista nas fileiras do movimento comunista, consequências da contra-revolução, continuam a ser penosas.

Nosso partido, como é bem sabido, tem exprimido firmemente (durante muitos anos) sua solidariedade internacionalista com PCs que hoje se alinham com os seus oponentes políticos. O KKE segue uma posição de princípio e continuaremos a assim actuar.

Contudo, deve começar uma discussão no Movimento Comunista Europeu e Internacional acerca das escolhas de PCs que tomam o lado da social-democracia e dela devem ser retiradas conclusões.

Quem quer que perca a bússola revolucionária de classe será levado a administrar o capitalismo, mesmo que o nome comunista seja mantido, mesmo que haja referências formais ao socialismo.

A experiência histórica revela isto e este é o problema para certos partidos que usam a calúnia do "sectarismo" a fim de incriminar a luta revolucionária, esconder o seu próprio recuo dos princípios do marxismo-leninismo e a sua opção por administrar o sistema burguês.

Os desenvolvimentos recentes trouxeram à tona questões sérias que devem ser discutidas ainda mais.

Os partidos sociais-democratas da variedade SYRIZA e Podemos trabalham para manipular a classe trabalhadora, salvaguardar a gestão capitalista com falsos slogans de esquerda.

Na prática, o exemplo do SYRIZA demonstra mais uma vez que os chamados "governos de esquerda" são uma forma de gestão e reprodução da exploração capitalista, que eles cultivam ilusões, desarmam as forças populares e levam ao fortalecimento de forças conservadoras, para o retorno de governos de direita. Os exemplos de "governos de esquerda" em França, Itália, Chipre, Dinamarca e países da América Latina confirmam esta avaliação.

A posição que apresenta a substituição do Euro por uma divisa nacional, a exemplo do dracma na Grécia, como um desenvolvimento a favor do povo, uma posição apoiada por vários grupos de ultra-esquerda e quadros do SYRIZA que no parlamento votaram contra o 3º memorando, obscurece a situação real para os trabalhadores. A [mudança de] divisa não pode por si própria resolver favoravelmente qualquer dos problemas do povo. A exploração capitalista continuará a dominar, bem como o factor que determina o curso dos desenvolvimentos, isto é, qual classe social tem o poder e os meios de produção nas suas mãos.

A tentativa de interpretar os desenvolvimentos com posições que apresentam a Grécia como sendo uma "colónia" não tem uma base objectiva. Ela omite os objectivos e interesses da burguesia, não toma em conta o desenvolvimento capitalista desigual (uneven) e as relações desiguais (unequal) entre estados capitalistas.

A continuada participação na NATO e na UE é a posição dominante na classe burguesa e as concessões de direitos soberanos são uma escolha consciente que objectiva reforçar o capitalismo e servir os interesses dos monopólios no interior de alianças imperialistas.

Centrar toda a atenção sobre a postura da Alemanha, a tentativa de interpretar os desenvolvimentos através do prisma do "golpe de Schauble" oculta a essência da competição inter-imperialista, dos interesses que estão envolvidos no conflito.

A escolha de aliados do governo SYRIZA-ANEL, exemplo: os EUA e a França, nada tem a ver com os interesses do povo mas sim com os interesses dos grupos monopolistas, enredando nosso povo ainda mais na teia da competição imperialista.

As recentes declarações de um quadro do SYRIZA e vice-presidente do governo são características. Ele fez a seguinte referência: "Tenho de agradecer publicamente ao governo dos EUA e ao Sr. (Presidente Barack) Obama pois sem a sua ajuda e persistência em que o acordo tem de incluir a questão da dívida e o horizonte de desenvolvimento poderíamos não ter tido êxito".

A LUTA DO KKE

O KKE avançou em frente, tendo enriquecido sua estratégia na base das exigências contemporâneas da luta de classe, ultrapassando a teoria respeitante a "etapas intermediárias" na gestão do sistema explorador e as diferentes formas para a manutenção da democracia burguesa, defendendo as lei da revolução e construção socialista.

Nosso partido utilizou a linha de luta anti-capitalista ? anti-monopolista, a linha para a concentração e preparação da classe trabalhadora e forças populares para o derrube do capitalismo, para o poder dos trabalhadores e do povo, o socialismo, rejeitando a cooperação com o partido social-democrata SYRIZA e qualquer participação em governos de gestão burguesa.

Ele deu uma resposta decisiva nas eleições de 2012, continuando em condições difíceis sua luta político-ideológica e de massa independentes, com as necessidades das famílias da classe trabalhadora e estratos populares como seu critério.

Ele travou a batalha das eleições em 2015, aumentou suas forças e utiliza seu grupo parlamentar de 15 membros para destacar os problemas do povo, apresentando importantes projectos e propostas de lei, como o projecto de lei para a abolição do memorando e das leis de aplicação as quais o governo desde há cinco meses tem-se recusado a discutir no Parlamento.

Ele utiliza o seu grupo parlamentar na UE ao lado dos trabalhadores, alcançando um novo nível nas suas intervenções políticas significativas após a sua retirada do GUE/NGL, o qual foi transformado num apêndice do PEE.

A orgulhosa posição do KKE no referendo recente é uma continuação desta luta política. Esta posição revelou a linha política anti-povo do governo SYRIZA-ANEL, da Troika e dos partidos políticos burgueses que apoiam a permanência na UE "a qualquer custo", apresentando sua própria proposta ao povo.

Nosso partido intervém decisivamente nos desenvolvimentos políticos, combate contra dificuldades e deficiências e trabalha incansavelmente nos lugares de trabalho, no interior do movimento trabalhista e popular, desempenha o papel principal nas lutas da classe trabalhadora, dos agricultores, dos estratos intermediários, da juventude. Ele continua sua actividade internacionalista, fortalece suas relações com dúzias de PCs de todo o mundo e tenta discutir sua experiência com os comunistas e as principais forças da classe trabalhadora no exterior.

Estes deveres são muito sérios. O KKE centra-se em organizar a resistência dos trabalhadores contra o acordo anti-povo do governo SYRIZA-ANEL, de modo a que o nível das exigências populares seja elevado e de que se desenvolva um movimento militante para exigir de um modo maciço a recuperação das perdas e a satisfação das necessidades contemporâneas.

O movimento com orientação de classe, PAME, e os demais agrupamentos militantes estão a escalar as mobilizações de massa, estão a fazer esforços para organizar um movimento de solidariedade para apoiar aqueles que estão a sofrer devido ao desemprego e à pobreza, para apoiar os pensionistas, os trabalhadores que estão de pé nas filas junto aos bancos para receberem uma pequena parte da sua pensão ou salário devido às restrições sobre transacções bancárias.

Através de comités de luta nos lugares de trabalho, fábricas, hospitais, supermercados, serviços, através da mobilização dos "comités populares" nos bairros.

Estas são ferramentas valiosas para o fortalecimento da luta popular.

Continuaremos neste caminho e apelamos à classe trabalhadora, aos estratos populares, a adoptarem em massa e de modo decisivo a proposta política do KKE para a melhor organização possível dos trabalhadores, para o reagrupamento do movimento trabalhista, para o fortalecimento da aliança popular da classe trabalhadora com os agricultores, os outros estratos populares a fim de intensificar a luta por mudanças radicais profundas. Para a socialização dos monopólios, com planeamento científico central da economia, desligamento da UE-NATO e o desenvolvimento de relações mutuamente benéficas com outros estados e povos, com o cancelamento unilateral da dívida, com a classe trabalhadora e o povo segurando as rédeas do poder.
[*] Membro da Comissão Política do Comité Central do KKE

[NR] A figura do voto "presente" é uma especificidade do Parlamento grego. O voto "não" significa uma oposição frontal e total. O voto "presente" significa que em princípio se está contra uma proposta (um projecto de lei, por exemplo) mas que se reconhece algumas ideias úteis na mesma. De certo modo o voto "presente" é quase o equivalente à abstenção, mas não exactamente a mesma coisa.

A versão em inglês encontra-se em inter.kke.gr/en/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
31/Jul/15

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Estamos numa depressão global, não numa recessão BASENAME: canta-o-merlo-estamos-numa-depressao-global-nao-numa-recessao DATE: Mon, 27 Jul 2015 07:38:33 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

ESTAMOS NUMA DEPRESSÃO GLOBAL, NÃO NUMA RECESSÃO
http://resistir.info/

A vendas mundiais da Caterpillar estão há 31 meses em declínio consecutivo. Esta transnacional das máquinas pesadas está presente em todos os continentes e as suas vendas constituem um bom indicador do estado da economia mundial. Por ocasião do colapso de 2008 a Caterpillar experimentou um declínio consecutivo de "apenas" 18 meses. Se agora já vai nos 31 meses, será que ainda se pode falar em "recessão conjuntural"? Esta notícia na verdade mostra uma depressão na plena acepção da palavra, longa e prolongada. Contudo, o jornalismo económico português não publica notícias ou análises como esta ? só aquelas que promovam a "confiança dos mercados". Chama-se a isto desinformação por omissão.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As simulaçons ideológicas de Francisco I, monarca vaticano BASENAME: canta-o-merlo-as-simulacons-ideologicas-de-francisco-i-monarca-vaticano DATE: Sun, 19 Jul 2015 09:03:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As simulaçons ideológicas do papa Francisco

Maciek Wisniewski*

http://www.jornada.unam.mx/2014/11/07/opinion/030a2pol

Aposto que nem os spin-doctors do Vaticano imaginavam-se que o seu re-branding ia ser tam bem sucedido. Que em pouco tempo converteriam a Jorge Mário Bergondo, conservador próximo dos sectores mais reaccionários da Igreja argentina durante a dictadura, que punha paus na roda do progressismo kirchnerista, num líder mundial de esquerda.

Mas iam de vento em popa. Qualquer conservador sensível "como Bergoglio", em comparaçom com os ultraconservadores-trogloditas que dominam na Igreja post wojtyliana, parece um progressista.

Num mundo onde o centro da política moveu-se (muito) à direita, qualquer que diga algo sobre a pobreza e a injustiça já é marxista e/ou comunista (o mesmo passa com as desigualdades e o seu combate: vende-se-nos como umha demanda revolucionária; em realidade é muito conservadora).

Num mundo onde a crítica escasseia, qualquer que critique ao capitalismo tem hipótese de parecer messias de esquerda.

O truque da operaçom Francisco é que em muita parte o trabalho fazia-se só.

Isso nom quer dizer que Bergoglio nom pusesse a sua parte: despregou e manejou (quase) à perfeiçom todo o arsenal de gestos e mensagens "adrede" ambígüos; coqueteou e seduziu a círculos progressistas dentro e fora da Igreja.

Mas, se um punha atençom, em cada escintileo das suas simulaçons ideológicas viam-se, como umha sombra, o seu passado e presente conservador, e igualmente conservadores princípios reitores do seu papado:

a) Disciplina,
b) Hegemonia,
c) Cooptaçom
d) Neutralizaçom.

Velaquí alguns dos momentos "e assuntos" mais sintomáticos:

" Francisco rejeita as acusaçons da direita estadunidense de ser um marxista trás a sua crítica ligeira ao capitalismo em Evangelli Gaudium (os mesmos círculos que dizem que o debate sobre as desigualdades é comunista, enquanto é... procapitalista): A ideologia marxista está equivocada, mas conhecim a muitos marxistas boas pessoas e nom me ofendo (Página/12, 16/12/13).

Nom? Ok. Entom deveriam se ofender os marxistas.

Mas o mais problemático desta chiscadela à esquerda "fora da sua opiniom que o marxismo está equivocado (nom será um retrocesso a respeito de Joám Paulo II, que em Laborem execens dizia que este é perigoso, mas contém grao de verdade")" é a ligeireza com que Bergoglio joga "hoje" com este termo.

E ?ontem" Estivo perto das hierarquias que temiam que se fracassava a ditadura vinha o marxismo (sic). Castigava aos curas ?villeros? que o punham em prática. Aos cregos Yorio e Jalics tachou-nos de esquerdistas, entregando aos militares (digam digam-no hoje os embelecedores da sua biografia). Seguro nom se ofendêrom, mas quase perdêrom a vida.

Horacio Verbitsky: ?Hoje estes som assuntos teóricos opináveis, como o debate sobre marxismo ou a teologia da libertaçom que Bergoglio reavivou. Mas naqueles anos era questom de vida ou morte? (Página/12, 16/3/14).

" O tema da reabilitaçom da teologia da libertaçom por Francisco merece análise aparte; aqui, só dous pontos:

" Se há umha pedra de toque do sucesso das suas simulaçons é a existência de quem hoje acham que ele sempre estivo influenciado por ela, só se escondia; por outra parte, se por influência percebe-se que se lhe opunha ferozmente (vinde: o seu ?preito? com Pedro Arrupe), pois sim, estivo muito influenciado.

1. " Segue actual a análise histórica de Michael Löwy que o localizava nas antípodas desta corrente (Lê Monde, 30/3/13); os últimos meses confirmárom-no: contrariamente à teologia da libertaçom, ele opta nom polo empoderamiento dos pobres, senom o seu tutelagem ignora os seus predicamentos mais radicais, coopta o seu potencial e neutraliza o mais subversivo.

" O Papa contesta a quem o acusam de ser um Papa comunista e/ou falar como Lenine (sic!): Eu só digo que os comunistas nos roubárom a bandeira da pobreza (A Jornada, 30/6/14).

É algo que diria um colega em armas, ou um rival político de esquerda que luta pola hegemonia entre os pobres" nom será este a cerna do bonapartismo neofranciscano"

1. " O Papa durante o encontro com os movimentos populares (Vaticano, 27-29/10/14), parafraseando a Hélder Câmara: Se pedo ajudar aos pobres, dizem que som comunista (Telesur, 28/10/14).

Löwy também lembrava aquela passagem canónico (Se dou pam a um pobre, dim-me que som um santo; quando pergunto por que a gente é pobre, chamam-me comunista), mas para salientar que Bergoglio ajuda e nom fai perguntas incómodas (até a sua paráfrasis ficou curta...).

No seu enfoque nom há classe oprimida e classe opressora (algo que sim identifica a teologia da libertaçom); para ele, isso nom importa: só há que trabalhar juntos polo bem de todos.

Neste sentido é excessivo o entusiasmo de Ignacio Ramonet, que trás o encontro "ao que assistiu Evo Morais como líder cocalero" aplaudia o grande valor do Papa e o seu novo rol histórico como embandeirado solidário das luitas dos pobres do mundo (Rebelión, 30/10/14).

E mais se lembramos a análise de Rubem Dri, ex-cura terceiro-mundista: Para Bergoglio o verdadeiro rival som os governos progressistas. Mas ele sabe que nom pode chocar frontalmente com eles. Tem que actuar de maneira inteligente, desde abaixo, entre os movimentos populares (Krytyka Polityczna, 1/2/14).

Assim, aquele encontro concreta-se mais bem como a mais grande, até agora, simulaçom de Francisco. O seu acostumam é cooptar, nom cooperar; neutralizar, nom impulsar; disciplinar e meter os movimentos e governos progressistas ao seu curro.
Estes nom devem ignorar as mudanças no Vaticano, mas também nom querer subir ao papa-móvil.

Nem deixar-lhe a Bergoglio a tam almejada bandeira da pobreza (e se alguém sente confusom, que lembre a sua história).

Quando estalou a crise, Reinhard Marx, bispo de... Tréveris, aproveitando o apelido tirou um livro intitulado, claro, Das Kapital (2008) "ao que parece Piketty nom foi primeiro...", com um vago chamado a reformas.

Foi um sucesso mediático. nom de casualidade, continuando a simulaçom, o Papa incorporou-o ao seu grupo de cardeais e conselho de economia.

Confundir a Francisco com a esquerda é como confundir a Reinhard com Karl Marx.

* Jornalista polonês

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia: O acordo repugnante com o IV Reich BASENAME: canta-o-merlo-grecia-o-acordo-repugnante-com-o-iv-reich DATE: Tue, 14 Jul 2015 10:44:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O ACORDO REPUGNANTE COM A UE
http://resistir.info/

O acordo alcançado in extremis na madrugada de 13 de Julho é uma demonstração flagrante de que a UE nada mais tem a oferecer aos povos europeus. Ele assinala o começo do fim do euro, que arrastará a prazo o da UE. O acordo é de cumprimento impossivel, como assinalou o ex-ministro Varoufakis. Ele nem sequer contempla o problema fundamental da Grécia, a sua dívida externa impagável adquirida em condições odiosas. Ao aceitá-lo o governo SYRIZA-ANEL submeteu-se a condições mais extorsivas e humilhantes do que se o país tivesse sido derrotado numa guerra militar. As exigências do Eurogrupo fôrom inimagináveis, feitas aparentemente para serem recusadas ? mas o governo do sr. Tsipras aceitou. Um tal governo já perdeu toda e qualquer legitimidade ? terá de ser derrubado pelo povo grego.O texto (integral?) deste acordo infame pode ser visto aqui .

http://www.infogrecia.net/wp-content/uploads/2015/07/acordo12julho.pdf

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os comunistas portugueses pedem um referendo para tirar ao país do euro e nacionalizar a banca BASENAME: canta-o-merlo-os-comunistas-portugueses-pedem-um-referendo-para-tirar-ao-pais-do-euro-e-nacionalizar-a-banca DATE: Tue, 14 Jul 2015 10:38:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os comunistas portugueses pedem um referendo para tirar ao país do euro e nacionalizar a banca

http://www.elespiadigital.com/

Os cartazes que reclamam umha hipotética saída do euro podem verse nas ruas de Lisboa e O Porto desde há semanas, mas é agora quando o Partido Comunista de Portugal aproveita a conjuntura gerada polo desafio grego para incluir semelhante proposta no seu programa eleitoral para as eleições gerais de Outubro.

O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, pretende encabeçar um movimento de contestaçom à política actual do Governo de Passos Coelho reclamando um referendo no país vizinho para decidir o retorno à moeda anterior, o escudo.

Na sua opiniom, a Uniom Europeia, o IV Reich, impede o desenvolvimento de Portugal com as suas estritas receitas financeiras, ainda que nom se necessitou um segundo resgate e os prazos de devoluçom de interesses ao Fundo Monetário Internacional estám a se cumprir.

De Sousa considera que a UE é um bloco sem coesom, senom que a maioria dos membros (especialmente, os do sul do continente) limita-se a obedecer a Berlim e Bruxelas.

«O povo português tem direito a sortear esses obstáculos e condicionantes para disociar a questom do euro da integraçom. De momento, estas políticas só nos levam ao empobrecimento, assim que talvez chegou a hora de escutar aos cidadaos», manifestou a cabeça visível do PCP trás a sua reeleiçom como secretário geral o passado fim-de-semana.

O seu objectivo nom é outro que «estudar e preparar a libertaçom de Portugal da submissom ao euro porque representa a degradaçom do aparelho produtivo».

Em qualquer caso, o eventual abandono da moeda única deve basear-se em «o a respeito da vontade popular e umha cuidadosa preparaçom:, ademais da defesa dos salários e das poupanças, dos níveis de vida e dos direitos dos trabalhadores».

Como novas medidas, os comunistas solicitam o regresso ao controlo público da banca e, a partir de 2016, elevar o salário mínimo de 505 a 600 euros.

Amparam na situaçom da Grécia para proclamar que a sua posiçom é «absolutamente justa» e para assegurar de forma categórica: «O euro está vigente em Portugal desde o 1 de Janeiro de 2002 e, desde entom, ficou claro que esta adesom só pode qualificar-se como um grande erro político e financeiro».

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia debaixo de sítio BASENAME: canta-o-merlo-grecia-debaixo-de-sitio DATE: Wed, 08 Jul 2015 08:17:43 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

GRÉCIA DEBAIXO DE SÍTIO

http://resistir.info/

Em tempos medievais, quando um exército pretendia conquistar uma cidade bem amuralhada punha-a debaixo de cerco. Na impossibilidade ou dificuldade de um assalto frontal às suas muralhas, tentava assim vencê-la pela fome. É de suspeitar que as tentativas do governo grego de negociar deparem-se com essa táctica ? as delongas pós referendo do Eurogrupo sugerem isso. A Grécia está a míngua. As suas caixas multibanco já pouco dinheiro têm devido à sabotagem deliberada do BCE. Os recursos para importações são escassos. Assim, tudo indica que começou o cerco. O empréstimo imediato solicitado pelo governo está no vamos ver. Quanto à reestruturação da dívida, a Troika nem quer falar nisso. Trata-se, no fundo, de uma tentativa hipócrita de por a Grécia para fora da Eurozona sem o dizer explicitamente. Assim se vê a democracia deles. Por que quer a todo o custo o governo SYRIZA-ANEL manter-se na UE?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Rússia e China esperam a Grécia com os braços abertos BASENAME: canta-o-merlo-russia-e-china-esperam-a-grecia-com-os-bracos-abertos DATE: Tue, 07 Jul 2015 00:16:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

RÚSSIA E CHINA ESPERAM A GRÉCIA COM OS BRAÇOS ABERTOS

Por Manuel Freytas

O recente nom dos gregos a seguir suportando a USURA FINANCEIRA das potências centrais Europeias com Alemanha à frente precipitou umha situaçom de CRISE SEM PRECEDENTES da Uniom Europeia em diferentes frentes. E o triunfo do nom no referendo deste domingo detonou umha nova desvalorizaçom do euro e umha ALERTA VERMELHA dos mercados internacionais com umha baixa generalizada das bolsas a nível mundial.

O nom rotundo dos gregos (que triunfou por um 64 %) apontoa a posiçom da Grécia de nom PAGAR a sua dívida aos credores USURARIOS encabeçados por Alemanha e o FMI. E como efeito emergente o triunfo do nom pom a Grécia ao bordo de abandonar o euro e SAIR DA Uniom Europeia.

Também poderia declarar umha gigantesca falta de pagamento da sua dívida nas próximas semanas. De concretizar-se esta decisom, o bloco imperial EEUU-Uniom Europeia-NATO .poderia enfrentar a sua pior CRISE HISTÓRICA em directo benefício do eixo estratégico Rússia-China ao qual se INTEGRARIA a GRÉCIA se rompe com a UE. "umha Grécia despedaçada poderia voltar-se para Rússia em busca de apoio. A mudança, os helenos poderiam vetar a próxima enxurrada de sançons da UE contra Moscovo, ou mesmo oferecer-lhe as instalaçons navais que no seu dia empregaram os EEUU", assinala a agência Reuters.

No seu PIOR cenário, a possível saída da Grécia do euro e da Uniom Europeia pode potenciar três EFEITOS simultâneos:
A) Desintegraçom e dissoluçom política, económica e financeira da Uniom Europeia,
B) EFEITO CONTÁGIO a outros países, principalmente as ex naçons soviéticas do Europa do Leste, as vítimas mais vulneráveis da espoliaçom capitalista das potências centrais Europeias,
C) EFEITO DE Dissoluçom geopolítico e militar sobre a aliança EEUU-Uniom Europeia com a possível saída da NATO de países ex soviéticos que sigam o exemplo da Grécia.

Este quadro de situaçom poderia gerar umha CRISE MORTAL da estratégia geopolítica e militar da aliança USA NATO na Europa do Leste. E há umha razom de fundo que o explica. Todo o poderio do CERCO MILITAR NUCLEAR que o eixo USA NATO traçou por volta da Rússia, está em bases despregadas em ex repúblicas soviéticas que integram o dispositivo da Aliança imperial.

Por sua vez, e como resultante do nom deste domingo, umha possível aliança da Grécia com Rússia e China em procura de AJUDA ECONÓMICA E FINANCEIRA, poderia precipitar umha CRISE SEM RETORNO da aliança EEUU-Uniom Europeia-NATO. E dar um emborco impensado nas relaçons de força da GUERRA INTERCAPITALISTA. E este quadro de situaçom fai com que hoje Rússia e China ESPEREM A GRÉCIA com os braços abertos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia: Acerca do referendo-relâmpago BASENAME: canta-o-merlo-grecia-acerca-do-referendo-relampago DATE: Mon, 06 Jul 2015 18:41:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Acerca do referendo-relâmpago
por Dimitris Koutsoumbas [*]

Saudamos as milhares de pessoas que seguiram o apelo do KKE a não ceder à chantagem. Saudamos em particular as eleitoras e eleitores que inseriram o boletim do KKE com a sua proposta de formulação da pergunta para o referendo feita no Parlamento mas bloqueada pelo governo. Com isso, o povo foi privado do direito de votar sobre esta proposta, foi-lhe retirada a possibilidade de poder escolher entre várias propostas.

Face à pergunta parcelar e contraditória do referendo-relâmpago, parte da população conseguiu evitar a confusão, dar uma primeira resposta com boletins nulos ou brancos, ao passo que um grande número de pessoas ficaram à margem deste voto, quanto mais não fosse por causa de dificuldades financeiras e dos custos demasiado elevados dos transportes para se deslocaram aos locais de votação.

Desde a decisão tomada de organizar o referendo, constatámos, com razão, que independentemente da questão do voto, não pode haver soluções alternativas, verdadeiramente positivas para o povo, no quadro da UE, das vias capitalistas, do reconhecimento das dívidas. Todas as outras forças políticas, tanto no campo do NÃO como no do SIM apresentam soluções incluídas neste quadro. Elas encontram-se todas a defender a necessidade de se conformar às regras da UE, a defender os interesses das partes do capital que elas representam respectivamente.

Dirigimo-nos particularmente às eleitoras e eleitores que hoje votaram pelo NÃO e acreditaram que poderiam assim ser posto um fim à política de austeridade, que poderiam resistir eficazmente às medidas mais duras e ao memorando. Apelamos a todos aqueles que hoje se sentem reforçados pela vitória do NÃO a não permanecerem passivos e a não validar a tentativa do governo de transformar este NÃO num SIM para novos acordos anti-populares. Nós lhes estendemos a mão para os combates que hão de vir contra o agravamento das suas condições de vida.

Paralelamente, dirigimo-nos também às eleitoras e aos eleitores que votaram SIM sob a pressão do seu empregador, sob o medo do encerramento dos bancos, com a ideia de proteger seu salário, pensão e algumas economias. Apelamos a que reflicta de novo no seu voto, a resistir a partir de hoje às chantagens, a não deslizar para direcções conservadoras e reaccionárias, a não trazer água ao moinho dos partidos anteriormente no governo.

O governo de coligação SYRIZA-ANEL não deve poder ousar utilizar o resultado do referendo para infligir ao nosso povo novos e pesados sacrifícios, novos memorandos válidos duradouros. Os acordos que o Sr. Tsipras prometeu assinar, na base da sua proposta de três dias atrás às "três instituições", ou seja, à Troika, conduzem, com uma precisão matemática, a um novo memorando ainda pior. Ele legitima assim os memorandos anteriores, inclusive as leis que os puseram em aplicação e, ainda mais grave: não hesita em conduzir o povo para uma verdadeira falência. A outra alternativa possível, de que a Troika falou, ou seja um caminho de saída do euro, representa igualmente uma opção que atingiria somente a classe operária e as outras camadas populares.

É mais urgente e necessário que o movimento e o povo retomem maciçamente a proposta do KKE de saída da crise. As condições prévias: a socialização dos monopólios, o desligamento da UE, a denúncia unilateral da dívida, o estabelecimento de uma planificação central científica para o desenvolvimento da sociedade, para o povo, com o povo realmente no poder. O KKE estará na primeira fila de todos os combates do nosso povo no período que está para vir. Continuaremos a reforçar o carácter anti-monopolista e anti-capitalista da luta, sua junção com o KKE.

Organizemos e preparemos a resistência, a disposição para resistir na eventualidade de novos desenvolvimentos negativos. Apoiemos os mais fracos, os desprezados. Organizemos iniciativas para ajudar as famílias das camadas populares a sobreviver, com comités de acção nos lugares de trabalho, nas empresas, nos hospitais, nos supermercados, nos escritórios, com comités populares nos bairros, com grupos de solidariedade e de entre-ajuda, com grupos e comités de controle.

Nossa resposta à tentativa de polarização e divisão do povo reside na unidade da classe operária, na difusão das posições de classe no movimento, no reforço da força popular. A proposta do KKE reúne a maioria do povo no presente e para o futuro, contra o verdadeiro inimigo, a UE, o capital e sua dominação.

Atenas, 5 de Julho de 2015
Resultados finais do referendo :
NÃO: 61,31% dos votos válidos
SIM: 38,69% dos votos válidos
Nulos: 5,046%
Brancos: 0,75%
taxa de participação: 62,5%

[*] Secretário-geral do CC do KKE.

A versão em francês encontra-se em www.solidarite-internationale-pcf.fr/...

Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .
06/Jul/15

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia: Ganhar a batalha, continuar a guerra BASENAME: canta-o-merlo-grecia-ganhar-a-batalha-continuar-a-guerra DATE: Sun, 05 Jul 2015 11:51:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://elterritoriodellince.blogspot.com.es/

Ganhar a batalha, continuar a guerra

Hoje é o dia. Hoje Grécia vota e comentei que apoio o "nom". Ocasional e consciente das circunstâncias. Há que lembrar a Protágoras quando dixo que "o homem é a medida de todas as cousas". Grécia está a optar entre o dilema de se o homem é sob medida de todas as cousas ou o é o dinheiro.

Syriza já nom tem ilusons, a gente já nom tem ilusons. Syriza é social-democrata e comportou-se como tal, aceitando todas e cada umha das propostas de "as instituiçons", antes chamadas Troika, ainda que com muito suaves matizaçons. Syriza nunca esteve disposta a jogar as duas grandes baças que tem, a saída do euro e a saída da NATO. A Troika sempre foi consciente disso, polo que actuou em conseqüência. O referendo nom é mais que a tentativa de legitimar "democraticamente" o acordo menos mau: optar entre a morte e a amputaçom. Syriza nom é que seja débil, que o é; é que elegeu ser débil, polo que agravou as dúvidas da populaçom grega.

O voto "nom" fai parte da batalha, umha batalha na que ocasionalmente há que estar junto a Syriza. Mas até aí. Se se ganha a batalha, de imediato há que continuar a guerra. Incluindo a Syriza.

Syriza poda que considere que se ganha o "nom" conta com o apoio incondicional do povo e fazer como quando um barco muda de rumo: aparentemente avança mas o que fai é traçar um círculo para voltar ao mesmo ponto onde decidiu mudar de rumo. Isso é o referendo. Syriza pode considerar, se ganha o "nom", que está legitimada para voltar onde estava quando decidiu aceitar todas e cada umha das propostas da Troika, ainda que matizando ligeiramente algumhas. Isso é o que há que impedir. Se se ganha a batalha, há que continuar para ganhar a guerra. E isso inclui combater contra Syriza e o que representa com mais coragem que até agora porque já se produziu umha derrota da Troika.

A UE tentou silenciar o relatório do FMI que reconhece que a dívida grega é impagável, que há que ir a umha tira que Syriza estabelece em 30%. É dizer, que é a própria Syriza a que estabelece o que há que pagar e o que nom, descarregando do peso da decisom a "as instituiçons". Syriza nom quer aproveitar um relatório demolidor "e haverá que analisar por que EEUU pressionou para que se conhecesse precisamente agora, antes do referendo, em contra do que pretendia a UE- para desacreditar ao FMI, ao Banco Central Europeu e à Comissom Europeia. Trás este relatório som entidades sem credibilidade algumha, se é que tinham algumha. Mas Syriza sai no seu defesa estabelecendo um tope para tira-a, a terceira parte. Só a terceira parte.

Mas é que, ademais, este relatório é determinante para Espanha, para Portugal, para a Irlanda porque pom de manifesto que todo o que se fixo, a destruiçom dos sistemas públicos de saúde, educaçom, trabalhos era perfeitamente evitável. Ao nom insistir na falta de pagamento da dívida, Syriza é corresponsável de todo isso.

Nom há outra saída que abandonar o euro. A teimosia de Syriza em seguir no euro é suicida. É garantir o desastre financeiro e económico a curto, meio e longo prazo baixo a aparência do pam para hoje ainda que seja fame para manhá. Syriza nom só é social-democrata, senom euro-fanática. Dentro da Europa há muitos países que mantem a sua moeda e nom passa nada. Nom se derrubárom nem estám na bancarrota. Inclusive Grécia poderia aprender do seu inimigo Turquia, que nom está na UE, mantém a sua moeda e cresce economicamente (nom vou entrar noutros parâmetros políticos ou económicos, senom que só menciono o mesmo que outros fam com o euro, que sem o euro seria a quebra o que nom é real em absoluto). Por exemplo, Dinamarca mantém a sua moeda, a coroa, e nom passa nada. Por exemplo, Roménia mantém a sua moeda, o leu, e nom passa nada. É mais, segundo os parâmetros capitalistas inclusive Roménia cresceu o dobro desde que está na UE enquanto que Grécia já vemos onde está com o euro. nom caíram as suas exportaçons, ao contrário.

Na zona euro só há um ganhador: Alemanha. Que os avôs e avós gregos nom podam cobrar as suas pensons deve-se unicamente a que os bancos alemáns foram salvados das perdas porque se descarregárom estas perdas nos gregos, por exemplo. Por isso Grécia deve abandonar o euro. E o mesmo vale para outros países como Espanha ou Portugal.

O Lince

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia: Saída da UE, com o povo no poder BASENAME: canta-o-merlo-grecia-saida-da-ue-com-o-povo-no-poder DATE: Fri, 03 Jul 2015 06:55:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Grécia: Saída da UE, com o povo no poder

por Kostas Papadakis [*]
entrevistado por a odiario.info

1. Qual é a posição do KKE sobre o referendo?

Como é bem sabido, o governo do partido "de esquerda" ? e na essência social-democrata ? SYRIZA e do partido de direita nacionalista ANEL, num esforço para gerir a quebra total dos seus compromissos eleitorais, anunciou um referendo para 5 de Julho de 2015, com a única pergunta se os cidadãos estão ou não de acordo com a proposta de acordo apresentada pela UE, o FMI e o BCE e que se refere à continuação das medidas antipopulares, pela saída da crise capitalista com a Grécia no euro.

Funcionários do governo de coligação estão a apelar ao povo a que diga "Não" e deixam claro que este "Não" ao referendo será interpretado pelo governo grego como uma aprovação da sua própria proposta de acordo com a UE, o FMI, o BCE, cujas 47+8 páginas contêm igualmente medidas antipopulares e anti-operárias duras, com o fim de aumentar a rentabilidade do capital, o "crescimento" capitalista e a permanência do país no euro.

O governo SYRIZA-ANEL, que nem por um momento deixou de elogiar a UE, "a nossa casa europeia comum", o "acervo europeu", reconhece que a sua proposta é 90% idêntica à proposta da UE, do FMI, do BCE e tem muito pouco a ver com o que SYRIZA tinha prometido antes das eleições.
Juntamente com os partidos do governo de coligação (SYRIZA-ANEL) e a favor do "Não" posicionou-se o Aurora Dourada fascista, que apoiou abertamente o retorno à moeda nacional.

Por outro lado, a oposição de direita da ND e o PASOK social-democrata, que estiveram no governo até Janeiro de 2015, juntamente com o partido TO POTAMI (nominalmente de "centro" mas na essência reaccionário) posicionaram-se a favor do "Sim" às bárbaras medidas da Troika e afirmam que isto será interpretado como consentimento e "permanência na UE a qualquer custo"

Na realidade ambas as respostas levam a um "Sim" à União Europeia e à barbárie capitalista.

Durante a sessão no parlamento, em 27 de Junho, a maioria governamental de SYRIZA-ANEL rejeitou a proposta do KKE de colocar perante o julgamento do povo grego as seguintes propostas:

Não às propostas de acordo da UE, do FMI, do BCE e do governo grego
Saída da UE ? Abolição dos memorandos e de todas as leis da sua aplicação

Com a sua postura o governo mostrou que quer chantagear o povo para que este aprove a sua proposta à Troika, que é a outra face da mesma moeda. Está a pedir ao povo que aceite os seus planos antipopulares e responsabilizá-lo pelas suas novas opções antipopulares, seja através de um acordo supostamente "melhorado" com os organismos imperialistas, ou por meio de uma saída do euro e o retorno à moeda nacional, que o povo será chamado a pagar de novo.

Nestas condições, o KKE está a apelar ao povo para que utilize o referendo como uma oportunidade para reforçar a oposição à UE, para que se reforce a luta pela única saída realista da actual barbárie capitalista, que tem apenas um conteúdo: Ruptura ? Saída da UE, cancelamento unilateral da dívida, socialização dos monopólios, poder operário e popular.

O povo, com a sua acção e a sua escolha deve responder ao engano da falsa pergunta que o governo coloca e rejeitar tanto a proposta da UE, do FMI, do BCE como a proposta do governo SYRIZA-ANEL. Ambas as propostas contêm medidas antipopulares bárbaras que se acrescentarão aos memorandos e às leis da sua aplicação dos governos anteriores, da ND-PASOK. Ambas servem os interesses do capital os lucros capitalistas.

O KKE sublinha que o povo não deve escolher entre Esquila e Caribdis mas sim expressar no referendo, por todos os meios e formas, a sua oposição à UE e aos memorandos permanentes. Deve "cancelar" este dilema ao votar pela proposta do KKE.

Não à proposta da UE, FMI, e BCE
Não à proposta do governo
Saída da UE, com o povo no poder

2. Como avalia os resultados das negociações do governo grego com a Comissão Europeia?

O governo do Syriza-ANEL está há quatro meses a negociar com a troika, as "instituições", ou seja a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI, mas não a favor dos interesses do povo. Trata-se de uma negociação com os credores, que é a priori antipopular, com a qual o governo está a tratar de assegurar os interesses da burguesia grega no quadro do antagonismo geral que se desenvolve entre os Estados Unidos e a Alemanha, assim como entre os países da zona euro, sobre a fórmula da gestão capitalista. Esta negociação reflecte a confrontação geral em que a burguesia grega tem como objectivo, entre outros, assegurar um superavit baixo para os próximos anos, passando capitais destinados à amortização de empréstimos para o financiamento estatal dos grupos empresarias. Com estes capitais como ferramenta tentam recuperar da crise capitalista. Portanto, os grupos empresariais e as associações (Federação de Industrias etc.) apoiam o governo que se apressou a servir os seus interesses. O acordo antipopular de 20 de Fevereiro já previa que se mantivessem as leis antipopulares do memorando aprovadas pelo ND e pelo PASOK, enquanto se preparam novas medidas antipopulares no sistema tributário, privatizações, abolição de direitos de segurança social, etc. As negociações estão a levar a um novo acordo-memorando, seja qual for o seu nome.

Portanto os interesses do povo grego não são servidos se alinharem por planos antipopulares, que aliás implicam medidas anti-laborais bárbaras; pelo contrário, é necessário lutar contra eles de modo combativo e sem passividade. O povo não é responsável pela dívida da plutocracia; nem a criou nem tem de a pagar. Contra a lógica de uma renegociação antipopular, cujo resultado o povo já pagou e estão a chamá-lo para pagar de novo, o KKE pede ao povo que exija a abolição das leis antipopulares e a recuperação das perdas dos anos anteriores, abrir caminho para o cancelamento unilateral da dívida e, ao mesmo tempo, sair da UE, com o povo no poder.

Cada trabalhador deve pensar que o SYRIZA se tinha comprometido a romper com os memorandos mas agora traz outro e mantém vigentes todas as leis do memorando. O KKE, pelo contrário, apresentou de novo em Fevereiro no Parlamento um projecto de lei para o cancelamento dos memorandos e das leis antipopulares pertinentes. Além disso, apresentou uma proposta para o restabelecimento do 13º salário e do 14.o, aplicação imediata do salário mínimo de 751? como base para aumentos ? que haviam sido abolidos pelo governo da ND e do PASOK ? aplicação obrigatória dos convénios colectivos sectoriais, etc.

3. Como estão a reagir os que votaram com o SYRIZA sobre os retrocessos perante as exigências da Comissão Europeia que invalidam as promessas feitas durante e período eleitoral? E a classe operária?

As "promessas" eleitorais do SYRIZA, o chamado programa de Tessalónica, eram migalhas que de qualquer modo não tirariam as famílias da pobreza e da miséria. Tratava-se de medidas que reciclariam a pobreza mais extrema, mesmo sob a consigna: "contra a crise humanitária", exonerando o próprio sistema capitalista, dando a entender que se trata de uma ocasião excepcional e não da própria natureza de um sistema explorador que está a apodrecer. Constituiriam mesmo os primeiros projectos de lei do governo que iam ser aprovados independentemente do resultado da negociação. Mas logo depois das eleições "o programa de Tessalónica" transformou-se de um programa de 100 dias num programa de quatro anos. Assim as promessas de restabelecer o salário mínimo passaram para um futuro longínquo e dependem do "apetite" dos próprios empregadores. Enquanto o imposto sobre bens imóveis (ENFIA) mantém-se no período próximo. Assim, os impostos existentes estão a aumentar e o povo vai pagar muito caro o aumento das taxas de IVA. Ao mesmo tempo, o 13º mês (pelo Natal) foi adiado, mesmo para os mais fracos economicamente.

O aumento do limiar de entradas isentas de tributação foi também adiado para os finais de 2016. Em contrapartida, estão a promover as privatizações de portos, aeroportos, bloquearam as reservas disponíveis dos municípios, de organismos estatais e os fundos de segurança destinados a cobrir as necessidades populares básicas. Enquanto se está a planificar o corte das pensões antecipadas e entre elas as profissões pesadas e insalubres, das mulheres trabalhadoras com filhos menores de idade, etc. Perante essa política governamental profundamente antipopular, os trabalhadores e outros sectores populares pobres que acreditaram nas esperanças que fomentaram as forças da nova social-democracia do SYRIZA, não devem ficar decepcionados mas sim tirar as conclusões políticas necessárias. Ou seja, que não existem "soluções fáceis favoráveis ao povo" quando o povo concede a responsabilidade a um governo que opera no quadro da UE e na senda do desenvolvimento capitalista. Portanto, o povo é soberano só quando possui os meios de produção, livre da UE, e pode satisfazer as suas necessidades com uma planificação científica central.

4. Como interpreta o enfraquecimento relativo da reacção popular nos últimos meses? Quais são as perspectivas para a luta de massas no futuro próximo?

Para lá da repressão e das provocações utilizadas pelos governos da ND e do PASOK nos anos da crise, um factor determinante que foi usado para enfraquecer o movimento operário e impedir o desenvolvimento da sua união e da sua orientação de classe, foi que a classe burguesa e o seu pessoal proporcionaram a ideia de que outro governo de gestão burguesa se encarregará de resolver os problemas populares e dos trabalhadores. A intenção de apresentar o governo com o SYRIZA no seu núcleo como salvador do povo provocou uma contenção grave do movimento operário. Fomentou a passividade e falsas ilusões, do que resultou que exista mesmo agora um retrocesso na luta operária e popular. Nos primeiros dias depois das eleições o novo governo tratou de por o povo a aplaudir activamente os objectivos da burguesia nas negociações antipopulares. Poucos meses depois, cada vez mais gente compartilha as advertências do KKE sobre o carácter e a missão deste governo. Uma série de mobilizações de trabalhadores não remunerados, grevistas, contratadores nos centros de trabalho são um fenómeno diário. A greve dos trabalhadores no sector da saúde, a 20 de Maio, foi um passo importante porque a situação nos hospitais estatais é explosiva dado que nem sequer têm gaze e os pacientes não só pagam caro por tudo, como ainda trazem os medicamentos de casa, materiais, etc. As mobilizações que o PAME está a organizar a 11 de Junho reclamando que não se aplique o novo acordo antipopular podem significar uma mudança na força, na combatividade do movimento operário, podem marcar um novo ponto de partida para o confronto da ofensiva do governo, da UE e do capital contra o povo, para a recuperação das perdas. A organização do seu contra-ataque para a criação de uma aliança popular forte contra os monopólios e o capitalismo.

5. As divergências no movimento comunista internacional actualmente são óbvias. A que se atribuem? Qual é a posição do KKE?

Sim, efectivamente há desacordos e divergências em assuntos-chave de importância estratégica. Mas o crucial é determinar qual é a base sólida e os critérios para os examinar. Os alicerces estão na cosmovisão marxista-leninista, nos princípios da luta de classes, na estratégia revolucionária. Só nesta base é possível fortalecer o verdadeiro carácter comunista dos partidos comunistas, conquistar a unidade da classe operária e a sua aliança com as demais camadas populares pobres, conseguir agrupar e preparar as forças trabalhadoras e populares para o derrubamento da barbárie capitalista, pelo socialismo-comunismo. De outro modo, os partidos comunistas ficam expostos ao efeito corrosivo das forças burguesas e oportunistas, ao parlamentarismo, à incorporação na gestão burguesa, às alianças sem princípios, à participação em governos de gestão burguesa sob o título de "esquerdas" "progressistas", à opção e à alienação por detrás das uniões imperialistas, a convergência com forças e formações oportunistas, como o chamado Partido da Esquerda Europeia ou a sua expressão política, GUE-NGL. A base de tudo isso é a lógica daninha de etapas entre o capitalismo e o socialismo. O etapismo, que historicamente não se confirmou em caso algum, está a embelezar o capitalismo, está a criar ilusões de que se pode humaniza-lo através da gestão burguesa, com a participação dos partidos comunistas. Este caminho levou à mutação e dissolução de partidos comunistas, por exemplo, em França, Itália, Espanha, etc. Esta percepção de "etapas", que se baseia em elaborações obsoletas do movimento comunista internacional, acalma o derrubamento do poder capitalista, o próprio socialismo, a "segunda vinda" e fragiliza a preparação da classe trabalhadora e dos seus aliados para esta tarefa monumental. Na pergunta crucial "revolução ou transformação", o etapismo opta pela transformação. O KKE quer um debate aberto e essencial entre os partidos comunistas sem etiquetas e sem aforismos sobre assuntos chave de importância estratégica para que se elabore uma estratégia revolucionária contemporânea. Cada partido é responsável por responder e justificar a sua opinião e postura.

6. Como encara o KKE a ofensiva actual do imperialismo em múltiplas frentes: Ucrânia, Médio Oriente, América Latina, China, Rússia?

Os Estados Unidos, tal como a União Europeia, a NATO e os seus governos, estão a levar a cabo planos perigosos contra os povos. O fortalecimento da articulação da UE com a NATO, assim como as intervenções imperialistas independentes da UE com a formação de um euro-exercito regular e o fortalecimento das forças militares para executar guerras e missões imperialistas pelos interesses dos monopólios, confirmam a agudização dos antagonismos pelo controlo dos mercados, das fontes e das rotas de transporte de energia. A corrida armamentista com os estandartes da NATO, os programas avançados de armamento dos chamados países emergentes como a China e a Rússia e de países do Médio Oriente, são reveladores e constituem um prelúdio perigoso da forma e dos métodos com que o sistema capitalista procura recuperar da sua crise profunda. São pura hipocrisia as alianças das potências que estão "dispostas" a actuar contra os jihadistas, que foram apoiados pela NATO, Estados Unidos e a UE, os traficantes de pessoas nos países onde a UE e seus aliados entraram a ferro e fogo em intervenções imperialistas causando enormes vagas de imigrantes.

O governo grego que subscreveu tudo isso, anunciou que vai criar uma nova base da NATO no Egeu para as necessidades da UE e da NATO e dos planos imperialistas e que disponibilizará forças armadas e bases ao serviço da NATO. Subscreveu todos os comunicados militares da UE nas cimeiras e dos ministros de assuntos exteriores e de defesa da UE, enquanto fortalece as relações políticas, económicas e militares com Israel que ataca o povo palestino. É esse o governo das "esquerdas" do SYRZA-ANEL e queremos sublinhar que as forças que se apressaram a celebrá-lo, ficaram irremediavelmente expostas.

Os povos devem intensificar a sua luta para frustrar os planos imperialistas, pelo que é necessário estar em vigilância militante. O KKE desempenha um papel essencial na luta contra a implicação da Grécia nos planos imperialistas, exige que regressem as forças militares gregas das missões euro-atlânticas ao estrangeiro, que sejam encerradas as bases dos Estados Unidos e da NATO. O KKE luta pelo afastamento da NATO e da UE, sendo o povo dono do seu destino.

7. Como vê a nova estratégia de Barack Obama sobre as relações dos Estados Unidos com Cuba?

É particularmente importante que a longa luta do povo cubano em condições muito difíceis e a mobilização mundial de solidariedade contra o bloqueio inaceitável dos Estados Unidos tenham exercido pressão sobre o governo dos Estados Unidos para discutir o seu levantamento. O mesmo acontece com a UE com a chamada Posição Comum e as sanções que impõe há anos contra Cuba. Esta pressão e este movimento mundial de solidariedade que se tem desenvolvido impulsionaram a libertação dos cinco patriotas cubanos.

Mas, não há qualquer complacência ou ilusão já que o imperialismo não deixa de utilizar tanto o engodo como o chicote com o fim de incorporar e subjugar os povos sob a sua estratégia. Por isso é necessário que a solidariedade internacional revele os ajustes da táctica do adversário para que se não apliquem os planos que o imperialismo internacional está a preparar e que se implementem através de sanções, chantagem, e ameaças ou negociações.

8. Qual a opinião do KKE sobre o chamado Socialismo do século 21 e o papel dos intelectuais de esquerda da América Latina a esse respeito? Mesmo hoje em dia, consideram como modelo os chamados governos progressistas, de esquerda, da América Latina?

Ainda hoje os chamados governos progressistas, de esquerda, da América Latina que constroem o "socialismo do séc.21" são considerados como modelo. Esta fabricação ideológica opõe-se à própria experiência popular daqueles países que estão a experimentar a política antipopular, a pobreza, a exploração enquanto os monopólios estão a enriquecer. A fabricação ideológica do "socialismo do séc. 21" reúne as diversas correntes social-democratas e oportunistas, académicos latino-americanos que garantem que falam em nome do marxismo mas distorcem-no, porque o "socialismo do séc. 21" no seu conjunto caracteriza-se pela agressividade contra o marxismo-leninismo e o movimento comunista internacional, promovendo como solução as reformas burguesas que não afectam o poder do capital. É a expressão de certas secções da burguesia, sobretudo na América Latina, que aspiram a uma melhoria do financiamento estatal para a criação de infra-estruturas, mão-de-obra especializada necessária para os monopólios ? que não estão dispostos a financiá-los ? a fim de aumentar a sua rendibilidade. Uma orientação semelhante existiu também nas décadas anteriores nos países da Europa Ocidental. Trata-se das necessidades das classes burguesas desses países para que se reforça a sua posição no antagonismo internacional. O "socialismo do séc. 21" é uma fonte de distorção do conceito do socialismo científico já que não afecta o poder burguês. É apenas uma fórmula de gestão do sistema capitalista a expensas da classe operária e das demais amadas populares de cada país.

9. Quais as razões ? em contradição com a posição de Marx sobre a extinção gradual do Estado ? para que o Estado em vez de enfraquecer estava continuamente a agigantar-se (URSS, Cuba, China)?

O estudo da experiência da construção socialista é o assunto de que o nosso partido se tem ocupado nos últimos 20 anos. Tirámos conclusões sobre os princípios da construção do socialismo através de um estudo a fundo, de um debate colectivo sobretudo da experiência da URSS, principalmente das decisões tomadas no âmbito da economia. Hoje em dia, este debate é necessário para cada partido comunista. Porque, por exemplo, é um problema e uma expressão da situação difícil do movimento comunista internacional o facto de que hoje em dia existem partidos comunistas que negam os princípios, as leis científicas da construção socialista, o poder operário, a socialização dos meios de produção, a planificação e o controlo operário e popular.

O KKE defende a necessidade da revolução socialista e os princípios da nova sociedade e, desse ponto de vista, participa no debate que está em curso no movimento comunista. Nesta perspectiva examinamos, por exemplo, os acontecimentos na China onde, segundo os dados, prevalecem as relações capitalistas de produção.

Para chegar ao ponto de falar da extinção do Estado uma pré-condição necessária é o fortalecimento das relações de produção comunistas, não o seu enfraquecimento. A experiência histórica da contra-revolução, que ainda não acabou, mostra que a tarefa de desenvolver relações comunistas de produção e distribuição requer o desenvolvimento da teoria do comunismo científico pelo partido comunista através do estudo das leis da construção socialista. A experiência mostrou que os partidos no poder, na URSS e noutros Estados socialistas, não só não tiveram êxito nessa tarefa como também sofreram a erosão do oportunismo e se transformaram em veículos da contra-revolução e da restauração do capitalismo.

10. O homem realizou conquistas destacadas no âmbito da ciência e da técnica, mas mudou muito pouco desde a Grécia e Roma, como mostram as guerras, cada vez mais cruéis, e a escalada de crimes do imperialismo. A velocidade com que o "homem velho" reapareceu para milhões na Rússia e na China, e está a aparecer em Cuba, parece mostrar que a transição do socialismo para o comunismo será muito mais lenta do que o previsto por Marx e Engels. A história desmentiu o mito do "homem novo"? Que pensam disto?

Não concordamos com essa ideia. Tudo o que afirmaram Marx e Engels, assim como Lénine, se confirmou e confirma de modo absoluto hoje em dia. A resposta à pergunta surge no próprio carácter da época inaugurada pela Grande Revolução Socialista, que é a época da transição do capitalismo para o socialismo. O capitalismo está na sua última fase imperialista. As condições materiais para a construção do socialismo estão já a amadurecer. O partido comunista deve pois ser capaz de responder com a sua estratégia e táctica para o desenvolvimento da luta de classes, ajudar a classe operária a estar consciente da sua missão histórica, a prepará-la para o confronto com o verdadeiro inimigo, ou seja a UE, os monopólios e o seu poder. A elaboração da estratégia revolucionária é a tarefa dos partidos comunistas independentemente da correlação de forças.

O objectivo é que os partidos comunistas que crêem na luta de classes e seus princípios, na necessidade histórica do derrubamento do poder burguês e na construção do socialismo-comunismo elaborem uma estratégia que cumpra com a própria razão da existência de um partido comunista: reunir forças para o confronto com o poder dos monopólios e não para a gestão e perpetuação da barbárie capitalista. O capitalismo é um sistema apodrecido e obsoleto e nenhum modo de gestão pode dar-lhe rosto humano. A luta pelo socialismo, portanto, não é uma declaração para um futuro longínquo mas um tema chave que determina todos os outros. A questão chave é como trabalha dia após dia um partido comunista para alcançar esse objectivo.
30/Junho/2015

[*] Membro do CC e eurodeputado do KKE.

O original encontra-se em http://www.odiario.info/?p=3692 . Tradução de Manuela Antunes.

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Carta de Albert Einstein alertando para o fascismo sionista em Israel BASENAME: canta-o-merlo-carta-de-albert-einstein-alertando-para-o-fascismo-sionista-em-israel DATE: Thu, 02 Jul 2015 14:23:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Carta de Albert Einstein alertando para o fascismo sionista em Israel

? Carta enviada ao New York Times em 1948 em protesto contra a visita de Menachem Begin


por Albert Einstein
Universidade de Harvard, 4 de dezembro de 1948

Cartas ao Editor
New York Times

4 de dezembro de 1948

Aos editores do New York Times:

Entre os fenómenos políticos mais perturbadores da nossa época, está o aparecimento, no recém-criado estado de Israel, do "Partido da Liberdade" (Tnuat Haherut), um partido político muito parecido, na organização, nos métodos, na filosofia política e no apelo social, com os partidos nazis e fascistas. Formou-se a partir dos membros do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, de extrema-direita e chauvinista na Palestina.

A atual visita do líder deste partido, Menachem Begin, aos Estados Unidos, é obviamente calculada para dar a impressão do apoio americano ao seu partido nas próximas eleições israelenses e para cimentar os elos políticos com os elementos sionistas conservadores nos Estados Unidos. Vários americanos de reputação nacional emprestaram os seus nomes para dar as boas-vindas a esta visita. É inconcebível que os que se opõem ao fascismo, em todo o mundo, se é que estão corretamente informados quanto ao registo político e às perspetivas de Begin, possam juntar o seu nome e apoio ao movimento que ele representa.

Antes que haja prejuízos irreparáveis, com contribuições financeiras, manifestações públicas a favor de Begin, e a criação na Palestina da impressão de que há na América um grande segmento que apoia elementos fascistas em Israel, o público americano tem que ser informado quanto ao passado e quanto aos objetivos de Begin e do seu movimento. As declarações públicas do partido de Begin não são de forma alguma indicadoras do seu verdadeiro caráter. Agora falam de liberdade, de democracia e de anti-imperialismo, mas recentemente pregavam abertamente a doutrina do estado fascista. É pelas suas ações que o partido terrorista revela o seu verdadeiro caráter; pelas suas ações do passado podemos avaliar o que podemos esperar no futuro.

Ataque a uma aldeia árabe

Um exemplo chocante foi o seu comportamento na aldeia árabe de Deir Yassin. Esta aldeia, afastada das estradas principais e rodeada de terras judaicas, não tomou parte na guerra e até lutou contra grupos árabes que queriam utilizar a aldeia como sua base. A 9 de abril (The New York Times), bandos de terroristas atacaram esta aldeia pacífica, que não era um objetivo militar no conflito, mataram a maior parte dos seus habitantes ? 240 homens, mulheres e crianças ? e deixaram vivos alguns deles para os exibirem como cativos, pelas ruas de Jerusalém. A maior parte da comunidade judaica ficou horrorizada com esta proeza e a Agência Judaica enviou um telegrama de desculpas ao Rei Abdulah da Transjordânia. Mas os terroristas, longe de se envergonharem da sua ação, ficaram orgulhosos com este massacre, deram-lhe ampla publicidade e convidaram todos os correspondentes estrangeiros no país para verem as pilhas de cadáveres e o caos em Deir Yassin. O incidente de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido da Liberdade.

Na comunidade judaica, têm pregado uma mistura de ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Tal como outros partidos fascistas, têm sido usados para furar greves e estão apostados na destruição de sindicatos livres. Em vez destes, propõem sindicatos corporativos de modelo fascista italiano. Nos últimos anos de esporádica violência antibritânica, os grupos IZL e Stern inauguraram um reinado de terror na comunidade judaica palestina. Espancaram professores que falavam contra eles, abateram adultos a tiro por não deixarem que os filhos se juntassem a eles. Com métodos de gangsters, espancamentos, destruição de montras e roubos por toda a parte, os terroristas intimidaram a população e exigiram um pesado tributo.

A gente do Partido da Liberdade não tomou parte nas ações de construção da Palestina. Não reclamaram terras, não construíram colonatos, e só denegriram a atividade defensiva judaica. Os seus esforços para a imigração, amplamente publicitados, foram mínimos e dedicados sobretudo a dar entrada a compatriotas fascistas.

Contradições observadas

As contradições entre as afirmações ousadas que Begin e o seu partido andam a fazer, e o registo do seu comportamento passado na Palestina, não têm a marca de qualquer partido político vulgar. Têm o carimbo inconfundível dum partido fascista para quem o terrorismo (contra judeus, árabes e britânicos, igualmente) e a falsidade são os meios, e o objetivo é um "Estado Líder".

À luz destas considerações, é imperativo que o nosso país tome conhecimento da verdade sobre Begin e o seu movimento. É tanto mais trágico quanto os líderes de topo do sionismo americano se recusaram a fazer campanha contra os esforços de Begin, e muito menos denunciar aos seus apaniguados os perigos para Israel do seu apoio a Begin.

Os abaixo assinados utilizam, assim, este meio para apresentar publicamente alguns factos relevantes, relativos a Begin e ao seu partido; e para apelar a todos os interessados que não apoiem esta manifestação tardia de fascismo.
Isidore Abramowitz
Hannah Arendt
Abraham Brick
Rabbi Jessurun Cardozo
Albert Einstein
Herman Eisen, M.D.
Hayim Fineman
M. Gallen, M.D.
H.H. Harris
Zelig S. Harris
Sidney Hook
Fred Karush
Bruria Kaufman
Irma L. Lindheim
Nachman Maisel
Seymour Melman
Myer D. Mendelson
M.D., Harry M. Oslinsky
Samuel Pitlick
Fritz Rohrlich
Louis P. Rocker
Ruth Sagis
Itzhak Sankowsky
I.J. Shoenberg
Samuel Shuman
M. Singer
Irma Wolfe
Stefan Wolf.

Nova Iorque, 2 de dezembro, 1948

Ver também:
Porquê o Socialismo? , Albert Einstein
"O perigo fascista e o desemprego" , Albert Einstein
Einstein, a bomba e o FBI , Jean Pestieau

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
03/Abr/15

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Indignidade do Governo Syriza-Anel BASENAME: canta-o-merlo-a-indignidade-do-governo-syriza-anel DATE: Thu, 02 Jul 2015 09:30:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info/

A INDIGNIDADE DO GOVERNO SYRIZA-ANEL

Entradas de leão, saídas de sendeiro. Mesmo após o anúncio do referendo, o governo SYRIZA-ANEL fez novas capitulações aos credores da Troika. A carta de 30 de Junho dirigida ao sr. Juncker, sra. Lagarde e sr. Draghi é um documento vergonhoso: anuncia novas cedências que o governo grego se dispõe a fazer e dá a entender que o referendo poderia ser cancelado se os três aceitassem as novas concessões.
O desespêro da fraca burguesia grega, representada pelo governo SYRIZA-ANEL, é um espectáculo degradante. Está disposta a submeter-se às maiores abjecções a fim de ter a protecção da UE e permanecer na eurozona.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia - Paul Krugman: Grécia nom deve temer abandonar o euro BASENAME: canta-o-merlo-grecia-paul-krugman-grecia-nom-deve-temer-abandonar-o-euro DATE: Tue, 30 Jun 2015 17:35:28 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://actualidad.rt.com/economia/178952-grecia-nobel-economia-crisis-euro-referendum

Nobel de Economia explica "forte e claro" por que Grécia nom deve temer abandonar o euro

Partindo da base de que a criaçom do euro "foi um terrível erro", o economista Paul Krugman, ganhador do prémio Nobel em 2008, fai umha radiografia muito concreta das causas reais e os mitos que se tecem por volta da crise na Grécia. Tendo em conta que neste domingo o país vai celebrar um referendo sobre a conveniência de aceitar as exigências da Troika de reforçar, ainda mais, a austeridade, o perito deixa as cousas claras.

"A situaçom na Grécia alcançou o que parece ser um ponto sem retorno. Os bancos estám fechados temporariamente e o Governo impós controlos de capital (limites ao movimento de fundos ao estrangeiro). Parece muito provável que o Executivo logo tenha que começar a pagar as pensões e os salários em papel, o que, na prática, criaria umha moeda paralela", ressalta Krugman num artigo publicado em 'The New York Times'.

"É evidente que a criaçom do euro foi um terrível erro. Europa nunca tivo as condiçons prévias para umha moeda única de sucesso, e sobretodo, o tipo de uniom fiscal e bancária", assinala o Nobel, mas agrega que abandonar umha uniom monetária é umha decisom "bem mais difícil e mais aterradora" e ressalta que até agora as economias europeias com mais problemas deram um passo atrás quando se encontravam "ao bordo do abismo".

Grécia deve votar 'nom', e o seu Governo deve estar listo para abandonar o euro se é necessário."

"Devemos primeiro ser conscientes de que a maioria de cousas que ouvimos sobre o esbanjamento e a irresponsabilidade grega som falsas. Sim, o Governo grego estava a gastar mais ali das suas possibilidades a finais da década dos 2000. Mas, desde entom recortou repetidamente o gasto público e aumentou a arrecadaçom fiscal", ressalta o economista. Ademais, o emprego público haver caído mais de 25% e as pensões, que eram certamente demasiado generosas, reduziram-se drasticamente. Todas as medidas foram, em soma, "mais que suficientes para eliminar o deficit original e convertê-lo num amplo superavit".

O Grexit, a saída da Grécia do euro, nom é necessariamente conveniente. "O problema do Grexit foi sempre o risco de caos financeiro, de um sistema bancário bloqueado polas retiradas, represa do pânico e de um sector privado obstaculizado tanto polos problemas bancários como pola incerteza sobre o status legal das dívidas".

Mas a Troika rejeitou a opçom de manter a austeridade nos níveis actuais. Agora o ponto crave é que os credores ofereceram a Grécia um "toma-o ou deixa-o", umha oferta indistinguível das políticas do últimos cinco anos.

"Esta oferta está destinada a ser rejeitada polo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras: nom pode aceitá-la porque suporia a destruiçom da sua razom de ser política. Portanto, o seu objectivo deve ser levar-lhe a abandonar o seu cargo".

"A adesom ao ultimato da Troika levaria o abandono definitivo de qualquer pretensom de independência da Grécia. Nom nos deixemos enganar por aqueles que afirmam que os funcionários da Troika som só técnicos que explicam aos gregos ignorantes o que devem fazer. nom é umha questom de análise; é umha questom de poder: o poder dos credores para tirar do conexom da economia grega, que persistirá enquanto a saída do euro considere-se impensável".

Assim, Krugman adverte que é hora de pôr fim a este inimaginável. "De nom ser assim Grécia se enfrontara à austeridade infinita e a umha depressom de cujo final nom se tem nengumha pista".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia - O referendo de 5 de Julho e a posição do KKE BASENAME: canta-o-merlo-grecia-o-referendo-de-5-de-julho-e-a-posicao-do-kke DATE: Tue, 30 Jun 2015 17:09:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O referendo de 5 de Julho e a posição do KKE

Como é bem conhecido, o governo da "esquerda" e na essência social-democrata do partido SYRIZA e a "direita" nacionalista do partido ANEL, numa tentativa de administrar a completa bancarrota dos seus compromissos pré eleitorais, anunciou um referendo para o dia 5 de Julho de 2015, sendo a única pergunta se os cidadãos concordam ou não com o acordo proposto, o qual foi posto em cima da mesa pela UE, FMI e BCE e refere-se à continuação das medidas anti-povo para uma saída da crise capitalista, com a Grécia permanecendo no euro.

Responsáveis da coligação governamental apelam ao povo para dizer "não" e tornam claro que este "não" no referendo será interpretado pelo governo grego como aprovação para a sua própria proposta de acordo com a UE, FMI, BCE, a qual, nas suas 47+8 páginas também contém duras medidas anti-povo e anti-trabalhadores, com o objectivo de aumentar a lucratividade do capital, do "crescimento" capitalista e da permanência do país no euro. Como admite o governo SYRIZA-ANEL, o qual continua a louvar a UE, "nosso lar europeu comum", a "façanha europeia", esta proposta sua é 90% idêntica à proposta da UE, FMI e BCE e tem pouco relacionamento com o que o SYRIZA prometeu antes das eleições.

O fascista Aurora Dourada, juntamente com os partidos da coligação governamental (SYRIZA-ANEL), tomaram posição a favor de um "não" e também apoiaram abertamente o retorno a uma divisa nacional.

Por outro lado, a oposição de direita ND, o social-democrata PASOK que governou até Janeiro de 2015, juntamente com o POTAMI (que constitui um partido do centro, essencialmente um partido reaccionário) tomaram posição a favor de um "sim" às medidas bárbaras da Troika, a quais, declaram eles, serão interpretadas como sendo consentimento a "permanecer na UE a todo custo".

Na realidade, ambas as respostas levam a um sim à "UE" e à barbárie capitalista.

Durante a sessão de 27/Junho do parlamento, a maioria governamental do SYRIZA-ANEL rejeitou a proposta do KKE de que as seguintes questões fossem colocadas perante o julgamento do povo grego no referendo:

NÃO ÀS PROPOSTA DE ACORDO DA UE-BCE-FMI E DO GOVERNO GREGO
DESLIGAMENTO DA UE ? ABOLIÇÃO DO MEMORANDO E TODAS AS SUAS LEIS DE APLICAÇÃO

Com esta postura, o governo demonstrou que quer chantagear o povo levando-o a aprovar a sua proposta à troika, a qual é o outro lado da mesma moeda. O que significa dizer: é pedir ao povo grego o seu consentimento para os seus planos anti-povo e para arcar com as suas novas opções anti-povo, ou através de um novo acordo alegadamente "melhorado" com as organizações imperialistas, ou através de uma saída do euro e um retorno a uma divisa nacional, algo a que o povo será chamado a pagar mais uma vez.

Nestas condições, o KKE conclama o povo a utilizar o referendo como uma oportunidade para fortalecer a oposição à UE, a fortalecer a luta pela única saída realista da barbárie capitalista de hoje. O conteúdo desta saída é: RUPTURA-DESLIGAMENTO DA UE, CANCELAMENTO UNILATERAL DA DÍVIDA, SOCIALIZAÇÃO DOS MONOPÓLIOS, PODER DOS TRABALHADORES E DO POVO.

O povo, através da sua actividade e da sua escolha no referendo, deve responder ao engano da falsa pergunta colocada pelo governo e rejeitar a proposta da UE-FMI-BCE e também a proposta do governo SYRIZA-ANEL. Ambas contêm bárbaras medidas anti-povo, as quais serão acrescentadas ao memorando e às leis de aplicação dos anteriores governos ND-PASOK. Ambos servem os interesses do capital e dos lucros capitalistas.

O KKE enfatiza que o povo não deve escolher entre Scila e Caribdis, mas deve exprimir, com todos os meios disponíveis e por todas as vias, sua oposição à UE e seu memorando permanente no referendo. Ele deve "cancelar" este dilema lançando dentro da urna eleitoral, como seu voto, a proposta do KKE como seu voto

NÃO À PROPOSTA DA UE-FMI-BCE
NÃO À PROPOSTA DO GOVERNO
DESLIGAMENTO DA UE, COM O POVO NO PODER

A versão em inglês encontra-se em inter.kke.gr/en/...

Este artigo

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sobre a libertação da Grécia BASENAME: canta-o-merlo-sobre-a-libertacao-da-grecia DATE: Mon, 29 Jun 2015 17:25:36 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

? "A crença em que um carcereiro num campo de trabalhos forçados vai sancionar um dos prisioneiros expulsando-o desse mesmo campo é a estupidez acabada".

por João Vilela

A tentação para acharmos que o imperialismo é uma força indestrutível que tudo pode contra nós enquanto nós nada podemos contra ele constitui a base das teorias kruschevistas sobre a coexistência pacífica e, no fundo, não passa de um convite ao atentismo e à capitulação. Alguns tentam transformar este atentismo numa postura política digna, disfarçando-o (mal) de postura táctica. Já houve quem dissesse que a coexistência pacífica era ? pasme-se! ? um instrumento da luta de classes. Que belo destino teriam tido as revoluções do Vietname, de Cuba, das colónias africanas, se tal tese tivesse recebido o menor crédito.

As estruturas do imperialismo dão-lhe um enorme poder. É um facto. Mas nenhuma delas é invencível, e a crença mágica no Apocalipse que significa a libertação dos povos relativamente a elas, em termos de sanções e isolamento, é só mesmo isso ? uma crença mágica. Uma cobertura pseudo-teórica para uma atitude, objectivamente, reformista. Pode haver justificações da mais variada ordem para uma atitude reformista, reconheça-se: mas o reformismo não passa a chamar-se outra coisa por ser justificável com a conjuntura.

As estruturas do imperialismo mostraram-se cediças recentemente, com os acontecimentos da Grécia. Perante um Governo ciente da impossibilidade de cumprir seja que papel histórico for, ficou exposta uma falha nos mecanismos da dominação europeia. A arquitectura da dominação imperialista dos países da periferia pelo centro alemão é fruto de uma aposta na conservação ficcional de Estados soberanos por falta de condições para o decreto unilateral de uma qualquer República Federal Europeia. Isto criou uma brecha que agora se expôs, e que os trabalhadores gregos têm sabido cavar e alargar num esforço dramático, heróico, pela sua libertação. Esforço tanto mais importante quanto é feito quase às escuras, sob orientações contraditórias e erradas, com uma barragem ideológica de fogo cerrado provinda tanto do imperialismo como do reformismo da euro-esquerda.

O caso é simples e conta-se em poucas linhas: apostado em negociar com a Alemanha, o Syriza apanhou pela frente a irredutibilidade alemã e começou a fazer concessões sucessivamente, temendo sair do euro, temendo sair da UE, temendo a fome, a miséria, o caos, os filhos que matariam mães e os pais que almoçariam filhos se deixasse de drapejar a obscena bandeira azul com estrelinhas sobre os céus de Atenas. Perante as cedências acumuladas, a reacção dos gregos não se fez esperar, desde logo dentro do Syriza: históricos como Manolis Glezos pediram desculpas por apelar ao voto em Tsipras; membros do Comité Central do Syriza, como Stathis Kouvelakis, vieram referir que de há muito vinham sendo denunciadas as ilusões europeístas da direcção de Tsipras; enquanto isso, o movimento sindical de classe da Grécia, organizado na central PAME (Frente Militante de Todos os Trabalhadores), desenvolveu uma avassaladora ofensiva popular contra a capitulação do Syriza. Contam por dezenas as manifestações, as greves, com especial incidência no sector da saúde e da indústria; foram desenvolvidas formas de luta cada vez mais avançadas, de que a ocupação do Ministério das Finanças no passado dia 13 de Junho constituiu um exemplo importante. Ao mesmo tempo, é justo referir aqui o papel desempenhado por outra estrutura anticapitalista grega, a Conspiração das Células de Fogo, de raiz anarco-sindicalista, que invadiu e ocupou a sede nacional do Syriza e cujos activistas, em Abril, cercaram e procuraram agredir o ministro das Finanças, Yannis Varoufakis, à saída de um restaurante em Atenas.

Ante esta reacção popular abrupta e determinada, o Syriza não pôde prosseguir a senda de concessões e cedências com que iniciou o seu mandato. Teve de mudar de estratégia, e agir como se estivesse a fazer músculo perante as instituições europeias. A resposta destas foi uma ameaça de expulsão, ameaça que a não ser na cabeça dos Franciscos Louçãs deste mundo não cabe na cabeça de ninguém: a crença em que um carcereiro num campo de trabalhos forçados vai sancionar um dos prisioneiros expulsando-o desse mesmo campo é a estupidez acabada. A ameaça (que põe o Syriza em guarda e provavelmente assusta uma parte dos trabalhadores gregos, apesar de tudo intoxicados pela propaganda do "a UE ou o caos"), é estúpida, como se vê, e exprime o limite material que a UE encontrou para continuar a espoliar o povo grego dentro da actual configuração do sistema. Mas nem por isso deixou de desencadear uma série de protestos por toda a Europa exigindo solidariedade europeia para com os gregos e... a refundação do projecto europeu, depurado da austeridade, e posto ao serviço dos povos...

Se queremos ser solidários com os gregos, não podemos dizer-lhe que fiquem no campo de prisioneiros connosco, assegurando-lhe que usaremos toda a nossa influência junto dos carcereiros do sítio para obter melhor tratamento para eles. Se conseguiram fazer uma pequena abertura na parede da sua cela, aproveitando uma debilidade da estrutura, o incentivo a dar-lhes é o de que continuem a alargar esse buraco, a cavar essa brecha, a alargar o caminho por onde passarão rumo à liberdade deste pesadelo prisional que a UE significa. Se não querem troika, libertem-se. Se não querem tratado orçamental, libertem-se. Se não querem austeridade, libertem-se. Aqueles que cá ficarem, por teimosia ou dolo dos seus Governos, nunca se livrarão de tal coisa, e é ridículo se se convencerem do contrário.

Isto coloca duas tarefas centrais aos trabalhadores gregos e às suas organizações na luta por uma efectiva ruptura anti-imperialista: a primeira é a compreensão de que esta debilidade estrutural da arquitectura da UE não um erro insanável, mas apenas um percalço da estrutura, facilmente resolúvel da forma como, usualmente, quer os Estados quer as organizações internacionais da burguesia geralmente resolvem estes assuntos ? ou com golpes de Estado a favor de quem manda contra o Governo que hesita, ou com invasões liminares e imposição da vontade do centro imperialista. A segunda hipótese pode ser mais improvável, mas a primeira, por mecanismos mais ou menos palacianos, tem campo aberto para ser aplicada. As massas devem ter organização, capacidade de mobilização de massas, de tomar as ruas, de enfrentar a repressão ? mas o seu objectivo histórico não é resistir. A missão histórica do proletariado é tomar o poder e edificar o socialismo e o comunismo. O momento em que o proletariado grego ou se lança no assalto dos céus ou é cilindrado pelo aparelho repressivo está a aproximar-se a passos largos, e é vital que as estruturas que o representam e lideram comecem desde já acautelar essa situação.

Um outro ponto prende-se com o dia seguinte, o tal dia em que, a fazer fé nas previsões de Merkel e Juncker, de Rui Machete e Nuno Rogeiro, o trigo crescerá para dentro da terra nos campos gregos, as árvores recusarão entregar os seus frutos, e as crianças se negarão a sair dos ventres maternos com medo desse mundo estranho com passaportes e sem quotas leiteiras. Até Tsipras já percebeu, embora o faça apenas por jogos florentinos (a faixa do Syriza, que corre mundo nos protestos de solidariedade promovidos pelos outros partidos-membros do Partido da Esquerda Europeia, onde se lê "Change Europe", diz tudo o que cumpre saber sobre a convicção da diligência), que a saída, após a UE, será um dos BRICs, e naturalmente a Rússia. Um projecto socialista e anti-imperialista pode manter relações, tácticas e à falta de melhor aliado, com uma potência capitalista cujas relações com outros Estados não se pautam propriamente por um respeito escrupuloso pela reciprocidade e a não-ingerência. Contanto saiba conservar a sua própria autonomia e soberania, desenvolvendo-a progressivamente, e contrapondo-a sempre a quaisquer pretensões hegemónicas que o novo aliado revele. Será sempre um trajecto difícil, complexo, cheio de espinhos e novidades difíceis de ponderar, o que a Grécia vai trilhar quando sair da União Europeia. Nunca se disse que o caminho para a libertação não tinha perigos, convivendo com grandes possibilidades. Tudo o que se sabe sobre esse caminho é que tem um horizonte vermelho. E isso, para os explorados e os oprimidos, chega.
22/Junho/2015

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia: Fim da chantagem BASENAME: canta-o-merlo-grecia-fim-da-chantagem DATE: Mon, 29 Jun 2015 13:47:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Grécia: Fim da chantagem

Alexis Tsipras, "Discurso do Referendum", Atenas, 1h da madrugada - Concidadãos gregos, nesse momento pesa sobre nossos ombros a responsabilidade histórica pelas lutas e sacrifícios do povo grego para consolidar a democracia e a soberania nacional. Nossa responsabilidade pelo futuro de nosso país.

Aos cidadãos gregos

Já há seis meses estamos batalhando em condições sem precedentes de sufocamento econômico para implementar o mandato que recebemos dos cidadãos gregos dia 25 de janeiro.

O que estivemos negociando com nossos parceiros era pôr fim ao arrocho [não é 'austeridade', é arrocho] e fazer que a prosperidade e a justiça social voltassem ao nosso país.

Recebemos mandato para obter acordo sustentável que respeitasse simultaneamente a democracia e as regras comuns europeias e nos levasse afinal a sair da crise.

Ao longo desse período de negociações, nos pediram que implementássemos os acordos concluídos por governos anteriores com os Memorandos, apesar de eles já terem sido categoricamente condenados pelo povo grego nas recentes eleições.

Mas nem por um segundo consideramos a possibilidade de nos render, que é trair a confiança dos gregos.

Depois de cinco meses de dura barganha, nossos parceiros, infelizmente, lançaram no Eurogrupo, anteontem, um ultimato contra a democracia grega e o povo grego. Ultimato que contraria os princípios fundadores e os valores da Europa, os valores de nosso projeto europeu comum.

Disseram ao governo grego que teríamos de aceitar uma proposta que acumula nova carga insustentável para o povo grego e mina a recuperação da economia e da sociedade gregas, proposta que não apenas perpetua o estado de incerteza, mas acentua ainda mais as desigualdades sociais.

A proposta das instituições inclui: medidas para desregulação ainda maior do mercado de trabalho, cortes em aposentadorias, mais reduções nos salários do setor público e aumento do Imposto sobre Valor Agregado sobre comida, hospedagem e turismo, ao mesmo tempo em que se eliminam as vantagens tributárias que as ilhas gregas recebem.

Essas propostas violam diretamente os direitos sociais e fundamentais europeus: mostram que, no que tenha a ver com trabalho, igualdade e dignidade, a meta de alguns dos parceiros e instituições não qualquer acordo viável e benéfico para todas as partes, mas a humilhação de todo o povo grego.

Aquelas propostas destacam sobretudo a insistência do FMI em fórmulas do arrocho mais duro e punitivo e em tornar mais fácil do que jamais, para as grandes potências europeias colher a oportunidade e tomar iniciativas que afinal terminarão definitivamente com a crise da dívida soberana grega, crise que afeta outros países europeus e ameaça o próprio futuro da integração europeia.

Concidadãos gregos, nesse momento pesa sobre nossos ombros a responsabilidade histórica pelas lutas e sacrifícios do povo grego para consolidar a democracia e a soberania nacional. Nossa responsabilidade pelo futuro de nosso país.

E essa responsabilidade exige que respondamos àquele ultimato a partir do desejo soberano do povo grego.

Há pouco, em reunião do gabinete, sugeri que façamos um REFERENDUM de modo que o povo grego possa se manifestar de modo soberano. A sugestão foi aceita unanimemente.

Amanhã, a Câmara de Representantes será convocada em regime de urgência para apreciar a proposta do Gabinete, de que se realize um referendum no próximo domingo, 5 de julho, sobre se aceitamos ou rejeitamos a proposta que as instituições nos apresentaram.

Já dei conhecimento de minha decisão ao presidente da França, à chanceler alemã, ao presidente do Banco Central Europeu, e amanhã, por carta, solicitarei formalmente que os líderes e instituições da UE prorroguem por apenas uns poucos dias o atual programa, de modo a que o povo grego decida, livre de qualquer pressão ou chantagem, como exigem a Constituição grega e as tradições democráticas da Europa.

Concidadãos gregos,

à chantagem do ultimato que quer nos fazer aceitar arrocho [não é 'austeridade'; é arrocho] severo e degradante sem fim, sem qualquer possibilidade de recuperação social e econômica, peço que todos respondam de modo soberano e honroso, como o exige a história do povo grego.

Ao autoritarismo e ao arrocho, responderemos com democracia, decididamente e com calma.

A Grécia, berço da democracia, dará retumbante resposta democrática à Europa e ao mundo.

Pessoalmente me comprometo a respeitar o resultado de nossa escolha democrática, seja qual for. Tenho confiança absoluta de que a escolha da maioria honrará a história de nosso país e enviará ao mundo nossa mensagem de dignidade.

Nesses momentos críticos, todos temos de lembrar que a Europa é o lar comum dos povos. Que na Europa não há proprietários e hóspedes. A Grécia é continuará a ser parte integral da Europa e a Europa é parte integral da Grécia. Mas sem democracia, a Europa será amontoado de países sem identidade e sem bússola.

Convoco todos a manifestarem, em calma, nossa unidade nacional, para que tomemos as decisões certas. Por nós, pelas gerações futuras, pela história dos gregos. Pela soberania e dignidade de nosso povo. [Fim do discurso]

27/6/2015, Alexis Tsipras, "Discurso do Referendum", Atenas, 1h da madrugada
Jacobin Magazin (trad. ao ing. e links de Stathis Kouvelakis*)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia - Não à continuação da bancarrota do povo BASENAME: canta-o-merlo-grecia-nao-a-continuacao-da-bancarrota-do-povo DATE: Mon, 29 Jun 2015 12:27:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O KKE efectuou manifestações em massa em 26 de Junho de 2015 nas principais cidades da Grécia contra as novas medidas e acordos anti-povo com os prestamistas, os quais estão a ser preparados pelo governo SYRIZA-ANEL.

O secretário-geral do CC do KKE, D. Koutsoumpas, afirmou, dentro outras coisas, no seu discurso na praça central de Atenas:

"O povo grego deve dizer um grande NÃO ao acordo, NÃO à continuação da sua própria bancarrota, NÃO aos partidos da via única da UE e do poder capitalista. Ele deve traçar uma rota de modo a que possa realmente tomar as rédeas do poder.

O povo deve lutar ao lado do KKE, deve impedir as medidas anti-povo, nas ruas nos lugares de trabalho.

O SYRIZA tornou-se governo através do sequestro das exigências do povo trabalhador. Ele está agora a tentar enganar o povo mais uma vez, distorcendo e interpretando os votos do povo de acordo com os seus interesses.

Cinco meses após as eleições, o governo está a preparar-se para enviar ao povo a factura com as medidas do novo acordo que são verdadeiramente um nó corrediço em torno dos pescoços das famílias dos estratos populares que sangraram e continuarão a sangrar por cauda dívida, por causa da UE, por causa da lucratividade dos monopólios, se não começarem um contra-ataque seguindo o caminho da ruptura e do conflito com a UE e os monopólios.

O povo grego deve rejeitar tanto as propostas das "três instituições" prestamistas como as propostas do governo Tsipras de 47+8 páginas, ambas são bárbaras, uma guilhotina para o povo.

O governo SYRIZA-ANEL e também seus parceiros europeus e o FMI, com a intervenção dos EUA, não abandonaram os esforços para salvar a Grécia capitalista dentro da estrutura da UE capitalista".

Nas primeiras horas da manhã de 27 de Junho, o primeiro-ministro A. Tsipras anunciou um referendo, cuja pergunta será se o povo aceita as propostas dos prestamistas ou não.

Numa intervenção durante o programa da estação Mega TV, pouco após o discurso do primeiro-ministro, Yiannis Gkiokas, membro do CC do KKE e responsável pelo seu Gabinete de Imprensa enfatizou que:

"A posição do KKE é clara. O NÃO do povo grego deve ser dirigido em conjunto a ambas as propostas ? às propostas dos prestamistas e também às propostas do governo com 47 páginas que tiveram pormenores acrescentados durante todo este período.

Ambas as propostas contêm medidas selvagens a expensas do povo.

O referendo tem as características de chantagem contra o povo e pretende torná-lo cúmplice dos seus planos anti-povo, conclamando-o a escolher entre dois males.

O governo deve cessar de contar contos de fada acerca de alegadamente respeitar a vontade do povo. O povo lutou e sangrou nos anos anteriores contra o memorando e as leis que o aplicavam. E durante estes cinco meses, o governo não aboliu qualquer lei, manteve a estrutura anterior intacta e está também a propor novas medidas aos prestamistas.

Não à continuação da bancarrota do povo

por KKE

O governo diz que as propostas dos prestamistas ultrapassam o mandato popular. Estarão as suas próprias propostas dentro das fronteiras do mandato popular?

O governo contou mentiras ao povo grego. Ele prometeu-lhe que podia libertar-se do memorando e da austeridade dentro da UE e do caminho do desenvolvimento capitalista e agora está a tentar administrar o colapso desta narrativa pré eleitoral.

O povo deve dizer não a ambas de todas as formas e utilizando todos os meios disponíveis. Deve rejeitar o plano dos credores e também o plano do governo. Deve levantar-se e combater pela única solução realista para os seus próprios interesses, a qual é a ruptura com a UE e com o actual caminho de desenvolvimento".
27/Junho/2015

O original encontra-se em inter.kke.gr/en/articles/KKE-NO-to-the-continuing-bankruptcy-of-the-people/

Esta notícia encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Terrorismo financeiro & Referendo grego BASENAME: canta-o-merlo-terrorismo-financeiro-aamp-referendo-grego DATE: Sat, 27 Jun 2015 10:39:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

TERRORISMO FINANCEIRO & REFERENDO GREGO

Ao invés de dizer um não rotundo e claro ao terrorismo financeiro da Troika para com o povo grego, o governo Syriza-ANEL saiu-se dia 26 de Junho com mais uma das suas piruetas: Anuncia que vai organizar um referendo no dia 5 de Julho quanto às propostas chantagistas das três "instituições" (FMI, BCE e Comissão Europeia). O governo Syriza-ANEL demite-se assim das suas responsabilidades. Ao longo de cinco meses ele cedeu a quase todas as exigências da Troika, uns 90 por cento delas. Mas agora finge-se envergonhado em capitular nas exigências finais e sai-se com este expediente pseudo-democrático numa tentativa de transferir para outros o odioso das suas cedências. Este referendo até pode ser democrático, mas as condições em que o povo grego irá votar ? com a corda no pescoço ? nada têm de democráticas. Nestes cinco meses de conversações o governo Syriza-ANEL não se preparou nem preparou o povo grego para a necessária ruptura com a Troika ? confiou na benevolência da Troika, mas esta marimbou-se para o sr. Tsipras.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O debate sobre o acordo ortográfico que obrigou a uma ata (e a uma acta) da CPLP com duas grafias BASENAME: canta-o-merlo-o-debate-sobre-o-acordo-ortografico-que-obrigou-a-uma-ata-e-a-uma-acta-da-cplp-com-duas-grafias DATE: Thu, 25 Jun 2015 13:44:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O debate sobre o acordo ortográfico que obrigou a uma ata (e a uma acta) da CPLP com duas grafias

23.06.2015

http://expresso.sapo.pt/sociedade/2015-06-23-O-debate-sobre-o-acordo-ortografico-que-obrigou-a-uma-ata--e-a-uma-acta--da-CPLP-com-duas-grafias

Jose Carlos Carvalho

O acordo ortográfico tirou o ?C? de ?ata? e uma reunião oficial e de alto nível discutiu a eventualidade de se confundir a ata - o documento oficial - com o ato de atar pessoas. Portugal manifestou-se contra a existência de uma ata na grafia pré-acordo, Angola a favor: ?Quando a forma ortográfica muda, as palavras não significam a mesma coisa?, defendeu um governante angolano

Exigências de Angola e Moçambique sobre o Acordo Ortográfico (AO) obrigaram à alteração da ata final da XIV Conferência dos Ministros da Justiça da CPLP, em Díli, para incluir, ao longo de todo o texto, as duas grafias.

Esta foi a solução encontrada depois de um debate que incluiu referências múltiplas à "língua de Camões" e até a análise etimológica da palavra "ata", que o representante da Guiné-Bissau disse poder suscitar uma interpretação alternativa "de atar pessoas".

A solução, proposta pelo ministro da Justiça de Cabo Verde, foi necessária para evitar a alternativa defendida inicialmente pelos representantes de Angola e Moçambique: duas atas, uma na grafia do AO e outra na grafia pré-AO.

Essa posição foi rejeitada por Portugal, Cabo Verde, Brasil e São Tomé e Príncipe, que consideraram que essa alternativa não faria sentido numa comunidade que fala a mesma língua, sendo prejudicial porque daria 'armas' aos que contestam a CPLP.

O representante do secretariado executivo da CPLP recordou, por seu lado, que o critério usado até aqui nas cimeiras de Chefes de Estado e de Governo e nos encontros setoriais da comunidade tem sido de recorrer à grafia usada no país onde decorre a reunião.

Nesse caso, e a manter-se esse critério, a ata final da reunião de Díli seria feita com a grafia do AO, que já foi ratificado por Timor-Leste.

A polémica marcou a sessão de encerramento da XIV Conferência quando os representantes nacionais se preparavam para aprovar o texto das 17 páginas da ata final do encontro, que passou a incluir a grafia do AO como base e a grafia pré-AO entre parenteses.

O debate começou quando estava para ser lida a ata final, tendo o secretário de Estado dos Direitos Humanos angolano, António Bento Bembe, afirmado que Angola ainda não tinha ratificado o AO, questionando por isso o seu uso no texto.

"A questão aqui não é como falamos, mas como escrevemos. Quando a forma ortográfica muda, as palavras não significam a mesma coisa", disse António Bento Bembe.

"Uma vez que se chega a este acordo na base do consenso, não posso assinar este documento que não está escrito da forma que se fala em Angola. Camões não escreveu assim", disse.

A posição foi ecoada pelo ministro da Justiça de Moçambique, Abdurremane Lino de Almeida, e pelo representante da Guiné-Bissau, tendo o secretário de Estado da Justiça português, António Manuel da Costa Moura, afirmando que a decisão deveria caber a Timor-Leste, já que a ata foi escrita em Díli.

"Ter duas atas seria um prato de lentilhas para quem quisesse explorar divergências sobre a língua numa comunidade que fala português. Percebo a questão e tenho até uma opinião pessoal. Mas ter duas versões de uma mesma língua, de uma reunião, de uma comunidade, que fala uma língua não será muito boa ideia", disse Costa Moura.

Também o ministro da Justiça de Cabo Verde, José Carlos Lopes, e o de São Tomé e Príncipe, Roberto Pedro Raposo, questionaram a opção das duas atas, propondo um voto ou a definição, pela presidência, do critério a seguir.

"Independente do respeito que tenho pelas pessoas que ainda não ratificaram o AO, ter duas atas é contraditório. Falamos a mesma língua", disse Raposo, sugerindo que a ata incluísse uma nota a recordar os países que ainda não ratificaram o AO.

Guiné-Bissau, Angola e Moçambique manifestaram a sua oposição à versão com AO, insistindo que o documento "tem que ser apreciado superiormente", com o responsável moçambicano a referir casos, no passado, em que responsáveis governativos devolveram documentos "mal escritos" porque vinham na grafia do AO.

"Conhecendo esta realidade, não posso levar isto, este documento escrito assim. Se prevalece a assinatura da ata, que seja de acordo com a velha língua portuguesa - não temos como apresentar isso às autoridades", disse Abdurremane Lino de Almeida.

Depois de um debate de quase 30 minutos, o impasse acabou por ser resolvido com uma solução invulgar: duas grafias no mesmo texto, ignorando apelos dos que, como o representante do Brasil, recordaram que no passado sempre houve só uma ata. "Até no recente encontro dos ministros da Educação", disse Isulino Giacometi Junior, representante brasileiro.

A ata acabou por referir, no seu próprio texto, a oposição de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique à grafia do texto e a decisão, depois de debate, "que se aplicariam ambos os critérios em simultâneo".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "O plano de ajuda à Grécia era ilegal e ilegítimo" BASENAME: canta-o-merlo-o-plano-de-ajuda-a-grecia-era-ilegal-e-ilegitimo DATE: Wed, 24 Jun 2015 13:42:53 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

"O plano de ajuda à Grécia era ilegal e ilegítimo"

por Dominique Berns e Eric Toussaint [*]
entrevistados por Le Soir

Enquanto as negociações entre a Grécia e seus credores estão no ponto morto, a Comissão de auditoria da dívida, estabelecida pelo Parlamento grego, revela seu relatório nesta quarta e quinta-feira. O alvo: o "plano de salvamento" de Maio de 2010, concluído em condições "de irregularidade, de ilegitimidade e de ilegalidade", explica o coordenador científico da Comissão, o economista belga Eric Toussaint.

A Comissão de auditoria denuncia o "plano de salvamento" de Maio de 2010. Por que?

Porque há uma vontade conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Central Europeu (BCE), da Comissão, em acordo com vários governos chave, em particular o alemão e o francês, e do governo grego, de deformar a realidade e de apresentar a situação como resultante de uma crise grave das finanças públicas. Era entretanto a dívida privada que colocava o problema fundamental. Uma vez no euro, a Grécia e o sistema financeiro grego beneficiaram maciçamente de empréstimos dos grandes bancos, essencialmente franceses e alemães. Seguiu-se uma bolha do crédito privado. Entre 2001 e 2009, os empréstimos dos bancos gregos às famílias multiplicaram-se por sete e os empréstimos às empresas por quatro; ao passo que os empréstimos aos poderes públicos aumentavam somente 20%. Os bancos gregos efectuaram uma política aventureira, emprestando a médio e longo prazos e financiando-se a curto prazo. Em Dezembro de 2008, as autoridades gregas tiveram de injectar 5 mil milhões de euros de capitais no sistema bancário e conceder 23 mil milhões de garantias. Depois, em 2009, o PIB da Grécia caiu 4%; e agentes económicos, famílias e empresas começaram a encontrar dificuldades de reembolso. Em lugar de enfrentar a situação, o novo governo do sr. Papandreu optou por dramatizar a situação das finanças públicas.

Pouco após sua chegada ao poder, Papandreu anuncia que o défice público representava cerca de 14% do PIB ? e não 6% como afirmava seu antecessor...

O governo Papandreu fez pressão sobre o Gabinete Grego das Estatísticas para agravar os números do défice e da dívida. A dívida foi assim inchada em 28 mil milhões, nela contabilizando 19 mil milhões de dívidas de empresas públicas, 4 mil milhões de despesas em medicamentos de hospitais e 5 mil milhões e swaps. Inicialmente, a direcção do Gabinete das Estatísticas contestava a integração destes montantes. O Eurostat, o gabinete europeu de estatística, igualmente. Depois o Eurostat aceitou. Ora, as regras do Eurostat não obrigavam a integrar estes 28 mil milhões na dívida. Dramatizar a situação das finanças públicas permitia ocultar os problemas bancários.

Para evitar impor perdas aos credores estrangeiros dos bancos gregos?

Sim. Assim como se afastou a possibilidade de uma reestruturação da dívida pública...

... Novamente para proteger os grandes bancos estrangeiros e lhes dar tempo para reduzir sua exposição. Isto é conhecido.

O ex-representante grego no FMI, Panayotis Roumeliotis, informou-nos que Jean-Claude Trichet, o [então] presidente do BCE, ameaçou Atenas de cortar a liquidez aos bancos gregos a partir de Abril de 2010 em caso de reestruturação. Os bancos gregos aproveitaram igualmente deste adiamento: entre 2010 e a reestruturação de Fevereiro-Março de 2010, sua exposição à dívida grega passou de 43 mil milhões para pouco de 20 mil milhões. Compreende-se porque tanto o sr. Papandreu como os srs. Trichet e Sarkosy, a sra. Merkel e a direcção do FMI se puseram de acordo em 2010 para excluir toda reestruturação da dívida. Ora, num documento interno de Março de 2010, o FMI espera que as medidas de ajustamento que vão ser impostas à Grécia provoquem uma queda da actividade económica e uma explosão do rácio da dívida pública em relação ao PIB de 150% em 2013. Problema: as regras não permitem ao FMI autorizar um país a exercer um direito de saque se a dívida não for sustentável. Eis porque estas regras foram mudadas, sob a pressão de países como a França ou a Alemanha, do BCE, da Comissão, com o acordo dos Estados Unidos. Portanto foi tomada uma decisão visando proteger os interesses de uma minoria privilegiada de grandes bancos privados, em detrimento do interesse geral. E como contrapartida a estes empréstimos maciços que transformaram dívidas privadas em dívidas públicas, foram ditadas aos sucessivos governos gregos medidas extremamente precisas em matérias de pensões, de salários, etc, que deviam ser aprovadas a mata-cavalos no Parlamento grego. Ora, os credores estavam conscientes das graves consequências económicas e sociais que estas medida iam provocar ? nomeadamente a violação de uma série de convenções internacionais protegendo os direitos humanos, que a Grécia assim como os Estados credores teriam devido respeitar.

Qual pode ser a utilidade deste relatório?

O direito internacional permite a um Estado colocar um acto soberano de suspensão de pagamento sem acumulação de juros atrasados ? portanto uma moratória unilateral ? se a dívida estiver claramente marcada por ilegitimidade e se não puder ser reembolsada senão violando as obrigações em matéria de direitos humanos fundamentais. Mas a decisão caberá ao governo de Alexis Tsipras.

[*] Eric Toussaint: Mestre de conferências da Universidade de Liège, presidente do CADTM Bélgica e membro do conselho científico do ATTAC França.

Ver também:
La dette grecque est illégale, illégitime et odieuse selon le rapport préliminaire du Comité sur la dette
Hellenic Parliament?s Debt Truth Committee Preliminary Findings - Executive Summary of the report

O original encontra-se no jornal Le Soir de 17/Junho/15 e em cadtm.org/Le-plan-d-aide-a-la-Grece-etait

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia-Capitulaçao Abjecta BASENAME: canta-o-merlo-grecia-capitulacao-abjecta DATE: Wed, 24 Jun 2015 10:01:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info/

CAPITULAÇÃO ABJECTA

As cedências do governo grego chegaram agora à abjecção. Ele já rasteja frente à troika. Num acto de vassalagem, no dia 23 de Junho foram anunciadas novas propostas do governo SYRIZA-ANEL de medidas gravosas contra o povo. "Sentimo-nost traídos, este governo continua a política de degola imposta pelos seus antecessores. Ele propõe incontáveis novos impostos directos e indirectos a serem suportados pelo povo", afirmou Manolia Rallakis, secretário-geral da federação dos pensionistas gregos. As pensões anteriormente haviam sido cortados entre 60 e 40 por cento e agora o governo SYRIZA-ANEL propõe a Bruxelas ainda mais encargos adicionais sobre cuidados de saúde e serviços.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia: Todos às ruas! BASENAME: canta-o-merlo-grecia-todos-as-ruas DATE: Tue, 23 Jun 2015 17:24:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

PAME: Todos às ruas
Terça-feira 23 de Junho o PAME organiza uma nova manifestação na Praça Omonia às 18h00.

O PAME [Frente Militante de Todos os Trabalhadores gregos] está a convocar uma "mobilização popular para impedir o novo acordo selvagem anti-povo, o novo pacote anti-povo com que eles querem sobrecarregar-nos.

No mesmo dia os pensionistas farão uma manifestação nacional em Atenas.

Na sua convocatória para a manifestação o PAME nota que:
"A solução tem de ser encontrada nas lutas sob as bandeiras do trabalhadores, dos interesses do povo, com base nos nossos direitos e necessidade e não naqueles dos patrões. A solução tem de ser encontrada na confrontação nos lugares de trabalho, no contra-ataque total contra nossos exploradores, os quais são os únicos que têm aproveitado das novas medidas bárbaras.

Nós estabelecemos as nossas próprias linhas vermelhas

Viramos as costas àqueles que nos querem a aplaudir o governo e seus parceiros, os torcedores de uma negociação que está a levar-nos à pobreza para os lucros de poucos.

Viramos às costas aos defensores da UE, às uniões do capital e dos seus servidores que estão a protestar pelo direito a continuar a viver a partir do suor dos outros, a continuar a explorar a vasta maioria do povo ainda mais selvaticamente.

Não temos nada a ver com eles! Não somos os mesmos!

Nós não colocamos nossas palavras de ordem e cartazes sob falsas bandeiras. Não temos os mesmos interesses, as mesmas necessidades, as mesmas ansiedades e dificuldades dos nossos exploradores.

Você ou está com os monopólios ou com as necessidades do povo! Não há outro caminho! Nosso caminho é da luta, da ruptura com a UE e a via dos monopólios.

Nenhum apoio ao novo memorando, seja qual o nome que lhe seja dado!

Não-aceitação da UE bárbara e anti-povo!

No dia 11 de Junho mais de 700 organizações de trabalhadores e populares deram uma forte resposta em 60 cidades gregas.

Na terça-feira, a voz dos trabalhadores, dos pensionistas, da juventude, das mulheres será ouvida outra vez.

Nossas lutas não são um jogo na competição dos monopólios, as propostas e linha política da UE, FMI, BCE, Rússia e China. O povo não tem interesse em escolher a corda que estas forças utilizarão para enforcá-lo, seu interesse está em por em causa estas forças.

Toda a gente dever juntar-se às lutas!

Trabalhadores, desempregado, jovens.
Não aceitem:
As novas e velhas leis anti-sociais de segurança.
A continuação dos ataques ao rendimento, salários e pensões do povo.
Os novos impostos e gravames.

Nossas vidas não podem aguentar outras medidas. Nossas necessidades não podem esperar. Exigimos, aqui e agora, em oposição à intimidação e à chantagem:
Aumentos de salários, pensões e benefícios
Recuperação de todas as perdas.
Restauração dos acordos de trabalho Colectivos.
Abolição das leis anti-trabalhador.
Protecção real de todos os desempregados.

Organizemos a nossa resposta!

Acumulemos a nossa força!

Fortaleçamos nossos sindicatos em todos os sectores. Respondamos militantemente! Esmaguemos o clima de medo, a chantagem e as ameaças do patronato, do governo, da UE-FMI-BCE.

Só a nossa fortaleza e posicionamento podem abolir as leis anti-povo, o memorando e os patrões!"
22/Junho/2015

O original encontra-se em inter.kke.gr/en/articles/PAME-Everyone-onto-the-streets/

Esta convocatória encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Syriza: Saqueio, pilhagem e prostração BASENAME: canta-o-merlo-syriza-saqueio-pilhagem-e-prostracao DATE: Mon, 22 Jun 2015 17:47:41 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Syriza: Saqueio, pilhagem e prostração
? Como a "esquerda" abraça políticas de direita

por James Petras

A Grécia tem estado nas manchetes da imprensa financeira internacional durante os últimos cinco meses, quando o partido de esquerda recém eleito, o Syriza, que se opunha ostensivamente às chamadas "medidas de austeridade", confrontava directamente a Troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu).

Inicialmente a liderança do Syriza, encabeçada por Alexis Tsipras, adoptou vários posicionamentos estratégicos com consequências fatais ? em termos de implementação das suas promessas eleitorais de elevar padrões de vida, acabar com a vassalagem à Troika e seguir uma política externa independente.

Prosseguiremos esboçando os fracassos sistémicos iniciais do Syriza e as subsequentes concessões, corroendo mais uma vez padrões de vida gregos e aprofundando o papel da Grécia como um colaborador activo do imperialismo dos EUA e israelense.

Ganhar eleições e capitular ao poder

A esquerda norte-americana e europeia celebrou a vitória eleitoral do Syriza como uma ruptura com programas de austeridade neoliberais e como o lançamento de uma alternativa radical, a qual implementaria iniciativas populares para mudanças sociais básicas, incluindo medidas para gerar emprego, restabelecer pensões, reverter privatizações, reordenar prioridades do governo e favorecer pagamentos a empregados em relação a bancos estrangeiros. A "evidência" para a agenda de reforma radical estava contida no Manifesto de Salónica , o qual o Syriza prometeu que seria o programa condutor dos seus responsáveis recém eleitos.

Contudo, antes e imediatamente depois de serem eleitos, líderes do Syriza adoptaram três decisões básicas eliminando quaisquer mudanças significativas. Na verdade, estas decisões puseram em curso uma rota reaccionária .

Em primeiro lugar e acima de tudo, o Syriza aceitou como legítima a dívida externa de mais de 350 mil milhões de dólares, apesar de a maior parte ter sido assinada por anteriores governos cleptocratas, bancos, negócios, imobiliário e interesses financeiros corruptos. Virtualmente nada desta dívida foi utilizada para financiar actividade produtiva ou serviços vitais, os quais fortaleceriam a economia e a futura capacidade da Grécia para reembolsar os empréstimos.

Centenas de milhares de milhões de Euros foram escondidos longe através de contas em bancos e imobiliário estrangeiro ou investidos em acções e títulos além-mar. Depois de afirmar a "legitimidade" da dívida ilícita, o Syriza prosseguiu declarando sua "disposição" para pagar a dívida. A Troika imediatamente entendeu que o novo governo Syriza seria um refém receptivo a nova coerção, à chantagem e pagamentos da dívida.

Em segundo lugar, e relacionado com o acima, o Syriza declarou sua determinação de permanecer dentro da União Europeia e da Eurozona e portanto aceitou a rendição da sua soberania e da sua capacidade para moldar uma política independente. Declarou a sua disposição a submeter-se aos ditames da Troika. Uma vez sob a pata da Troika, a única política do Syriza seria "negociar", "renegociar" e fazer novas concessões aos bancos da UE num processo totalmente unilateral. A rápida submissão do Syriza à Troika foi a sua segunda traição estratégica, mas não a última, ao seu programa eleitoral.

Uma vez que o Syriza demonstrou à Troika a sua disposição para trair seu programa popular, a Troika escalou suas exigências e endureceu sua intransigência. Bruxelas descontou a retórica de esquerda do Syriza e seus gestos radicais de teatro como um sopro de fumaça nos olhos do eleitorado grego. Os banqueiros da UE sabiam que quando chegasse o momento de negociar novos acordos de empréstimo, a liderança do Syriza capitularia. Enquanto isso, a esquerda euro-americana engoliu toda a retórica radical do Syriza sem olhar para sua prática real.

Em terceiro lugar, ao tomar posse, o Syriza negociou uma coligação com a extrema-direita do Partido dos Gregos Independentes , pró NATO, xenófobo e anti-imigrantes, garantindo que a Grécia continuaria a apoiar políticas militares da NATO no Médio Oriente, na Ucrânia e a campanha brutal de Israel contra a Palestina.

Em quarto lugar, a maior parte dos nomeados para o gabinete do primeiro-ministro Tsipras não tinham experiência de luta de classe. Pior ainda, a maior parte eram académicos e antigos conselheiros do PASOK sem qualquer capacidade ou disposição para romper com os ditames da Troika. Sua "prática" académica consistia em grande parte de "combate" teórico, mal adaptado à confrontação no mundo real com potências imperiais agressivas.

De um arranhão à gangrena

Ao capitular à UE desde o início, incluindo a aceitação do pagamento da dívida ilegítima, enganchado à Extrema-direita e submisso aos ditames da Troika, o cenário estava pronto para que o Syriza traísse todas as suas promessas e agravasse o fardo económico dos seus apoiantes . As piores traições incluem: (1) não restabelecer pagamentos de pensões; (2) não restabelecer o salário mínimo; (3) não reverter privatizações; (4) não finalizar programas de austeridade; e (5) não aumentar fundos para educação, saúde, habitação e desenvolvimento local.

A Troika e seus publicistas na imprensa financeira estão a exigir que o Syriza corte ainda mais o sistema grego de pensões, empobrecendo 1,5 milhão de trabalhadores reformados. Ao contrário do que os media apresentaram como "exemplos" de pensões gordas desfrutadas por menos de 5% de pensionistas, os gregos sofreram as mais profundas reduções de pensões na Europa em mais de um século. Só nos últimos quatro anos a Troika cortou oito vezes as pensões gregas. A vasta maioria das pensões foi amputada em aproximadamente 50% desde 2010. A pensão média é de 700 Euros por mês mas 45% dos pensionistas gregos recebem menos de 665 Euros por mês ? abaixo da linha de pobreza. Mas a Troika exige reduções ainda maiores. Estas incluem por fim a subsídios orçamentais a pensionistas que vivem em pobreza extrema, um aumento na idade de reforma para 67 anos, uma abolição de disposições de pensões ligadas a ocupações perigosas e para mães trabalhadoras. As medidas regressivas prévias, impostas pela Troika e implementadas pelo regime anterior da coligação de direita, esgotou gravemente o fundo de pensões grego. Em 2012, o programa de "reestruturação da dívida" da Troika levou à perda de 25 mil milhões de Euros de reservas possuídas pelo governo grego em títulos governamentais. As políticas de austeridade da Troika asseguraram que as reservas para pensões não seriam reabastecidas. As contribuições mergulharam quando o desemprego ascendeu a cerca de 30% ( Financial Times, 6/5/15, p.4). Apesar do assalto frontal da Troika ao sistema de pensões grego, a "equipe económica" do Syriza manifestou sua disposição para elevar a idade de reforma, cortar pensões em 5% e negociar novas traições a pensionistas enfrentando privações. O Syriza não só fracassou em cumprir sua promessa de campanha de reverter as políticas regressivas anteriores como comprometeu-se nas suas próprias liquidações "pragmáticas" junto à Troika.

Pior ainda, o Syriza aprofundou e estendeu as políticas dos seus antecessores reaccionários. (1) O Syriza prometeu congelar privatizações: Agora ele promete estendê-las em 3,2 mil milhões de Euros e privatizar novos sectores públicos. (2) O Syriza concordou atribuir recursos públicos escassos aos militares, incluindo um investimento de 500 milhões de Euros para aperfeiçoar a Força Aérea Grega. (3) O Syriza pilhou o fundo nacional de pensões e tesourarias municipais em mais de mil milhões de euros para cumprir pagamentos de dívidas à Troika. (4) O Syriza está a cortar investimentos públicos em projectos de infraestrutura e criação de emprego para atender datas finais da Troika. (5) O Syriza concordou com um excedente orçamental de 0,6% no momento em que a Grécia está a incidir, neste ano, num défice de 0,7% ? o que significa mais cortes depois deste ano. (6) O Syriza prometia reduzir o IVA sobre bens essenciais como alimentos; agora aceita uma taxa de 23%.

A política externa do Syriza imita a dos seus antecessores. O ministro da Defesa de extrema-direita do Syriza, Panos Kammenos, tem sido um apoiante ruidoso das sanções dos EUA e UE contra a Rússia ? apesar da agitação habitual dos falsos "dissidentes" do Syriza a políticas da NATO, seguidas pela capitulação total ? para permanecer nas boas graças da NATO. O regime Syriza tem permitido a todos os cleptocratas e evasores fiscais bem conhecidos a reterem sua riqueza ilícita e aumentarem seus haveres além-mar com transferências maciças das suas actuais "poupanças" para fora do país. No fim de Maio de 2015, o primeiro-ministro Tsipras e o ministro das Finanças Varoufakis esvaziou o Tesouro para atender a pagamentos de dívida, aumentando as perspectivas de que pensionistas e trabalhadores do sector público não receberão os seus benefícios. Tendo esvaziado o Tesouro grego, o Syriza agora imporá a "Solução Troika" sobre as costas das empobrecidas massas gregas: ou aprovar um novo plano de "austeridade", reduzindo pensões, aumentando a idade de reforma, eliminando leis de protecção à segurança de empregos dos trabalhadores e negociando direitos ou enfrentar um tesouro vazio, sem pensões, aumento do desemprego e aprofundamento da depressão económica. O Syriza deliberadamente esvaziou o Tesouro, pilhou fundos de pensão e haveres locais de municípios a fim de chantagear a população a aceitar como um facto consumado as políticas regressivas de banqueiros da UE ? os chamados "programas de austeridade".

Desde o princípio , o Syriza atendeu aos ditames da Troika, mesmo quando eles encenavam sua "resistência de princípio". Primeiro mentiram ao público grego, chamando a Troika de "parceiros internacionais". A seguir mentiram outra vez chamando o memorando da Troika para maior austeridade de "documento negocial". Os enganos do Syriza pretendiam esconder a sua continuação do "quadro" altamente impopular imposto pelo anterior e desacreditado regime de extrema-direita.

Ao pilhar o país de recursos a fim de pagar os banqueiros, o Syriza escalou sua abjecção internacional. Seu ministro da Defesa ofereceu novas bases militares à NATO, incluindo uma base aérea-marítima na ilha grega de Carpatos. O Syriza escalou o apoio político e militar da Grécia à UE e aos EUA para intervenções militares e apoio a terroristas "moderados" no Médio Oriente, ridiculamente em nome da "protecção de cristãos". A bajulação do Syriza a sionistas europeus e estado-unidenses, fortalecendo seus laços com Israel, evocando uma "aliança estratégica" com o estado do apartheid terrorista. Desde os seus primeiros dias no gabinete, o ministro de extrema-direita da Defesa, Kammenos, propôs a criação de um "espaço de defesa comum" incluindo Chipre e Israel ? apoiando portanto o bloqueio aéreo e marítimo de Israel a Gaza.

Conclusão

A decisão política do Syriza de " embutir-se " na UE e na Eurozona, a todo custo, assinala que a Grécia continuará a ser um estado vassalo , traindo seu programa e adoptando políticas profundamente reaccionárias, mesmo enquanto trombeteia sua falsa retórica esquerdista e finge "resistência" à Troika. Apesar do facto de o Syriza ter pilhado pensões internas e tesourarias locais, muitos iludidos esquerdistas na Europa e nos EUA continuam a aceitar e racionalizar o que eles escolheram alcunhando-as como "compromissos realistas e pragmáticos".

O Syriza podia ter confiscado e utilizado os US$32 mil milhões de propriedades imobiliárias possuídas pelas Forças Armadas Gregas para implementar um plano alternativo de investimento e desenvolvimento ? arrendando estas propriedades para portos marítimos, aeroportos e instalações turísticas comerciais .

O Syriza enterrou a Grécia ainda mais fundo dentro da hierarquia dominada pelas finanças alemãs, ao capitular do seu poder soberano de impor uma moratória da dívida, abandonar a Eurozona, preservar seus recursos financeiros, restabelecer uma divisa nacional, impor controles de capitais, confiscar milhares de milhões de Euros em contas ilícitas além-mar, mobilizar fundos locais para financiar a recuperação económica e reactivar o sector público e privado. O falso "Sector de esquerda" dentro do Syriza repetidamente balbuciou "objecções" impotentes, enquanto Tsipras-Varoufakis prosseguiam a liquidação mistério até a capitulação final.

No final das contas, o Syriza aprofundou a pobreza e o desemprego, aumentou o controle estrangeiro sobre a economia, desgastou ainda mais o sector público, facilitou o despedimento de trabalhadores e cortou nas indemnizações por despedimento ? enquanto aumentou o papel dos militares gregos ao aprofundar suas ligações à NATO e a Israel.

Igualmente importante, o Syriza esvaziou totalmente a fraseologia de esquerda de qualquer significado cognitivo: para eles, soberania nacional traduz-se em vassalagem internacional e anti-austeridade tornam-se capitulações pragmáticas a nova austeridade. Quando o acordo Tsipras-Troika for finalmente assinado e o terrível dano da austeridade durante as próximas décadas afundar-se dentro da consciência do público grego, a traição esperançosamente dará lugar à repulsa em massa. Talvez o Syriza venha ser dividido e a "esquerda" finalmente abandone seus confortáveis postos no gabinete e se junte aos milhões insatisfeitos para formar um partido alternativo.
15/Junho/2015
O original encontra-se em petras.lahaine.org/?p=2039

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
21/Jun/15

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Fome é o preço que os gregos pagarão para permanecerem na UE BASENAME: canta-o-merlo-fome-e-o-preco-que-os-gregos-pagarao-para-permanecerem-na-ue DATE: Thu, 18 Jun 2015 05:07:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Fome é o preço que os gregos pagarão para permanecerem na UE

por Paul Craig Roberts

O Syriza, o novo governo grego que pretendeu resgatar a Grécia da austeridade, chegou a um fracasso. O governo confiou na boa vontade dos seus "parceiros" da UE, só para descobrir que estes "parceiros" não tinham boa vontade. O governo grego não entendeu que a única preocupação era o resultado líquido, ou lucro, daqueles que possuem a dívida grega.

O povo grego está a olhar para outro lado tal como o seu governo. A maioria dos gregos quer permanecer na UE apesar de isto significar que suas pensões, seus salários, seus serviços sociais e suas oportunidades de emprego serão reduzidas. Aparentemente, para os gregos compensa serem enterrados para fazerem parte da Europa.

A alegada "crise grega" não faz qualquer sentido. É óbvio que a Grécia, com a sua economia arruinada, não pode reembolsar as dívidas que o Goldman Sachs escondeu e a seguir capitalizou com a informação privilegiada que dispunha, ajudando a provocar a crise. Se a solvência dos possuidores da dívida grega, aparentemente hedge funds de Nova York e bancos alemães e holandeses, dependesse de serem reembolsados, o Banco Central Europeu podia simplesmente seguir o exemplo do Federal Reserve e imprimir o dinheiro para assegurar a dívida grega. O BCE já está a imprimir 60 mil milhões de euros por mês para salvar o sistema financeiro europeu, então por que não incluir a Grécia?

Um conservador pode dizer que tal rota de acção provocaria inflação, mas não provocou. O Fed esteve a criar moeda durante sete anos e, segundo o governo, não há inflação. Nós temos mesmo taxas de juro negativas comprovando a ausência de inflação. Por que criar dinheiro para a Grécia cria inflação mas não para o Goldman Sachs, Citibank e JP Morgan Chase?

Obviamente, o mundo ocidental não quer ajudar a Grécia. O Ocidente quer saquear a Grécia. O acordo é de que a Grécia obtenha novos empréstimos com os quais reembolsar empréstimos existentes em troca da venda de companhias municipais de água a investidores privados (as tarifas de água subirão para o povo grego), da venda da lotaria estatal a investidores privados (as receitas do governo cairão, tornando portanto o reembolso da dívida mais difícil) e de outras "privatizações" tais como vender as protegidas ilhas grega a promotores imobiliários.

Isto é um bom negócio para toda a gente, excepto a Grécia.

Se o governo grego tivesse algum senso, ele simplesmente incumpriria. Isso tornaria a Grécia livre de dívida. Com apenas algumas palavras, a Grécia pode passar de um país pesadamente endividado para um país livre de dívida.

A Grécia poderia então financiar suas próprias emissões de títulos e, se precisasse de crédito externo, poderia aceitar a oferta russa.

Na verdade, se os governos russo e chinês tivessem algum senso, eles pagariam à Grécia para incumprir e para abandonar a UE e a NATO. O desmoronar do império de Washington começaria e a ameaça de guerra que a Rússia e a China enfrentam afastar-se-ia. Os russos e chineses poupariam muito mais com o salvamento da Grécia do que lhes custariam desnecessários preparativos de guerra.
16/Junho/2015

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Israel-Un Estado Nazi BASENAME: canta-o-merlo-israel-un-estado-nazi DATE: Wed, 20 May 2015 15:12:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Controlo de natalidade sem consentimento:

Durante anos, o Governo israelense esteve a administrar injecçons de Depo-Provera "um potente anticonceptivo de comprida duraçom" a mulheres judias de origem etíope "a miúdo sem o seu conhecimento nem consentimento" com o fim de controlar a natalidade desta comunidade, já que a sua procedência judia era a miúdo questionado polos rabinos. Quanto esta prática saiu à luz no ano 2013, ordenou-se o seu cancelamento.

Acçons de nom judeus:

Qualquer com linhagem judia pode transferir-se a Israel e pedir a nacionalidade. Mas se a pessoa nom é judia, o processo pode ser arriscado. De toda a multidom de refugiados dos conflitos africanos que fugiram a Israel em busca de asilo, a só 0,07% lhe concederam. Recentemente, a rádio nacional pública estado-unidense assegurava numha reportagem que muitos deles foram deportados só para que fossem assassinados o grupo jihadista Estado Islâmico.

- Contratos 'sem sexo':

No ano 2003, umha companhia israelense que contratava trabalhadores da China obrigou-os a assinar um contrato no que se comprometiam a nom casar nem ter relações sexuais com pessoas judias. nom foi tomada nengumha medida legal contra a empresa, já que Israel nom tem nengumha legislaçom que proteja aos trabalhadores destes abusos.

- Arrebatar aos palestinianos o direito à terra:

Recentemente, o Tribunal Supremo israelense dispós dous ditames que em essência permitem a Israel demolir as comunidades palestinianas dentro do país (nom nos territórios ocupados) para despegar a terra para os israelenses.

- Leis matrimoniais discriminatórias:

Israel proíbe à sua populaçom contrair casal com palestinianos ao negar-se a reconhecer a esse cônjuge como cidadá. Assim mesmo, o país nom conta com leis maritais civis e deixa o casal em maos dos clérigos, que velam por prevenir o casal interracial.

- Direito de retorno, só para judeus:

A política mais sistemática destinada a manter umha maioria judia é a 'lei de retorno'. Baixo esta lei, os judeus podem ir ao país desde qualquer parte do mundo e demandar a cidadania, mas os cidadaos palestinianos expulsados das suas casas depois de várias guerras, nom.

- Segregaçom no transporte:

O Ministério de Defesa israelense anunciou a entrada em vigor de umha proibiçom que impede aos cidadaos palestinianos viajar nos mesmos autocarros que os cidadaos israelenses.
Os palestinianos de Cisjordânia que viajam a Israel a diário para ir aos seus trabalhos nom poderám usar os mesmos autocarros que os israelenses para voltar a casa desde esta quarta-feira, informa 'Haaretz'.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Novo documento filtrado sobre o TTIP: Assim se minarám os valores democráticos BASENAME: canta-o-merlo-novo-documento-filtrado-sobre-o-ttip-assim-se-minaram-os-valores-democraticos DATE: Tue, 05 May 2015 14:57:43 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

De acordo com umha nova proposta filtrada da Comissom Europeia nas negociaçons em curso do TTIP (Associaçom Transatlântica para o Comércio e o Investimento), as iniciativas legislativas dos estados membros da UE terám que ser previamente aprovadas em previsom dos seus impactos potenciais sobre os interesses das empresas privadas.

A proposta fai parte de mais um plano amplo para a denominada "cooperaçom regulatória".

Grupos da sociedade civil já denunciárom anteriormente este plano, qualificando-o de ferramenta para deter ou reverter a regulaçom destinada a proteger o interesse público. Os novos elementos filtrados da proposta, pom e de relevo os piores temores dos activistas.

Grupos da sociedade civil tenhem condenado o plano de "mudança normativa" como umha enfrenta à democracia parlamentar. "Isto é um insulto aos cidadaos, aos políticos eleitos e à democracia mesma", di Max Bank da organizaçom Lobby Controlo.

A proposta de "mudança normativa" obrigará a que as leis elaboradas polos políticos elegidos democraticamente, sejam submetidas a um amplo processo de escrutínio.

Este processo realizará-se nos 78 Estados (os 50 de EEUU e os 28 da UE) e nom só em Bruxelas e Washington DC. As leis serám avaliadas para que sejam compatíveis com os interesses económicos das grandes empresas.

A responsabilidade deste exame das leis recairá num organismo de "cooperaçom regulatória", um conclave permanente formado por tecnocratas europeus e americanos, que nom terá carácter democrático e nom renderá contas ante os cidadaos.

"Tanto a Comissom como as autoridades estadounidenses poderám exercer umha pressom excessiva sobre os diferentes governos e os políticos em virtude desta medida. Os dous é muito provável que partilham a mesma agenda: a defesa dos interesses das multinacionais", afirma Kenneth Haar de Corporate Europe Observatory.

"A proposta da Comissom Europeia acredite um labirinto de burocracia para os reguladores, que em cima é pago polo contribuinte e cuja funçom é impedir que se adoptem legislaçons enfocadas ao interesse público", sustém Paul de Clerck de Friends of the Earth Europe.

Esta vigilância sobre as leis, poderá aplicar-se antes mesmo de que umha proposta seja apresentada formalmente e antes de que se adopte, e ademais poderá ser aplicada sobre as normativas já existentes, proporcionando com isso, umha oportunidade contínua de debilitar e atrasar todo o tipo de leis que nom interesses às multinacionais:

"O que talvez é mais aterrador desta proposta é a sua possível aplicaçom à regulaçom existente, já que nom só paralisará a legislaçom futura senom que paralisará a legislaçom actual retroactivamente", sustém David Azoulay do Center for International Environmental Law (CIEL).

"Qualquer legislaçom vigente de interesse público que nom senta bem aos grandes interesses comerciais a ambos os dous lados do Atlântico poderia ser submetida ao mesmo processo, para que se adapte aos interesses das grandes corporaçons".

Por dizer de outra maneira: estamos a viver um golpe de estado a nível intercontinental, no que o poder absoluto será entregado às multinacionais e no que a democracia, já extremadamente debilitada na actualidade, converterá numha piada de mal gosto.

A ditadura corporativa está ao virar a esquina...

Fonte: http://www.globalresearch.ca

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: EE.UU desenha umha saída para o regime: Rajoy deve pôr o seu cargo a disposiçom de Felipe VI BASENAME: canta-o-merlo-ee-uu-desenha-umha-saida-para-o-regime-rajoy-deve-por-o-seu-cargo-a-disposicom-de-felipe-vi DATE: Sun, 19 Apr 2015 17:34:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.espiaenelcongreso.com

EE.UU desenha umha saída para o regime: Rajoy deve pôr o seu cargo a disposiçom de Felipe VI


"Ainda que nom o requeira a Constituiçom, e ainda que só fora por cortesia protocolar, o actual chefe do Governo deveria pôr o seu cargo a disposiçom do novo rei". Esta é a sugestom que o catedrático Príncipe das Astúrias na Universidade de Georgetown (EE.UU), Josep M. Colomer, realizou a Mariano Rajoy para que aceite a onda de mudança que reclama Espanha trás o 25-M, com 10 milhões de votos perdidos polo bipartidismo PP-PSOE em só 2,5 anos. A sua proposta está em sintonia com o interesse estratégico que desde EE.UU está a pôr ao processo de mudança em Espanha (umha simples olhadela à sua imprensa de referência acredita-o), muito similar ao que já tivo quando se produziu a morte de Franco e desenhou, junto com Alemanha, o passo da ditadura à "oligocracia" ou "partitocracia" com Juan Carlos. Despejado o caminho com a inesperada e surpreendente abdicaçom do monarca (muitas miradas dirigem-se além do Atlântico), Rajoy tem agora que eleger entre desempenhar o efémero papel daquele presidente continuista chamado Arias Navarro ou converter-se em "mártir" como o seu predecessor, Carrero Branco. E como a valentia nom parece estar entre as suas qualidades, em Estados Unidos dam por seguro de que nom porá obstáculos e facilitará que Felipe VI tenha ao menos umha oportunidade de salvar o trono. Em meios diplomáticos assegura-se que Washington e Berlim já decidiram: e o polegar virou cara abaixo.

A "operaçom", que ainda nom tem nome e que argalham os reformistas do regime, passa por adquirir algo de legitimidade até maio de 2015 (eleiçons locais) para tentar avançar num processo que a actual "caste" levou até o abismo. E tendo em conta de que a conhecida inacçom de Mariano Rajoy ante os dramáticos momentos que vive a sociedade espanhola já dinamitou ao PP e ao PSOE, levou-se por diante ao rei e agora ameaça mesmo a sobrevivência da própria monarquia, desde EE.UU querem pôr sobre a mesa umha "folha de rota".

A referência é a Itália, com umha "partitocracia" muito similar à espanhola e onde Beppe Grilo (Génova, 1948) e o seu Movimento 5 Estrelas desempenhou o papel reactivo que agora jogam de forma incipiente em Espanha Pablo Iglesias (Madrid, 1978) com Podemos-EU-Equo (Primavera Europeia) e Julio Anguita (Fuengirola, 1941) como ideólogo desde "Frente Cívico-Somos Maioria". Ou Alexis Tsipras (Atenas, 1974) com o seu "Syriza" e Nigel Farage (Downe, 1964) com o seu UKIP no Reino Unido. Foi algo parecido ao que ocorreu em Espanha quando nas vésperas da morte de Franco formou-se a Junta Democrática (1974) com republicanos, democristiás críticos e comunistas que se arracimarom-se por volta de Dom Juan, enquanto que socialistas, monárquicos e democristiás do regime faziam-no com o seu filho Juan Carlos, que finalmente traiu ao seu pai e arrebatou-lhe o trono num dos períodos mais decisivos e desconhecidos da História de Espanha.

Josep M. Colomer desvelou um estado de opiniom muito estendido entre as elites de Washington em relaçom com Espanha, à que freqüentemente se assemelha com Itália, "um país que era conhecido como umha "partitocracia", é dizer, por um grau de controlo das cúpulas dos partidos sobre as instituiçons públicas igual ou mesmo superior ao que adopta ser denunciado em Espanha". Colomer culpa veladamente a Juan Carlos de abdicar muito antes de fazer pública a sua decisom, o que levou ao país à ruína: "o chefe do Estado também deve arbitrar e moderar o funcionamento regular das instituiçons. Esta tarefa deitou-se muito em falta em Espanha nos últimos anos quando o Parlamento, o Governo e a justiça deixárom de funcionar de acordo com as suas missons constitucionais".

De acordo a este guiom, Felipe VI "talvez com a discreta ajuda do seu pai, como Juan III, quando se aproximou à Junta Democrática, fixo com o seu filho Juan Carlos I, que o fazia por sua vez ao regime de Franco" teria que "usar as suas prerrogativas para facilitar um novo impulso de recuperaçom e renovaçom". Para isso, recomenda usar o exemplo do sucedido em Roma: "Há dous anos e meio o Governo italiano, surrado por umha série de escândalos e a perseguiçom judicial do seu líder, estava paralisado ante a crise económica do país e as pressões da Uniom Europeia. O chefe do Estado tirou entom ao chefe do Governo e nomeou no seu lugar a um prestigioso profissional independente com experiência nas instituiçons europeias (Mario Monti), o qual formou um Governo com os melhores especialistas em cada tema, sem nengum membro de nengum partido político, que obtivo apesar disso o apoio de 90% do Parlamento. O novo Governo foi apoiar também polos líderes da Uniom Europeia e de Estados Unidos. Itália tivo desde entom o seu melhor período de governo na história moderna". Existe o "Mario Monti" espanhol" Um técnico europeísta que nom esteja contaminado polos partidos e que seja capaz de criar um governo técnico que, só com o seu prestígio, convencesse aos deputados para fazer-se um "harakiri" como o das Cortes de Franco"

Mario Monti (Varese, 1943), de acordo com o calendário eleitoral previsto, convocou novas eleiçons ao cabo de um ano e meio: "Mais ou menos o mesmo tempo que falta em Espanha para que se cumpra o prazo para umha nova convocaçom. Trás essas eleiçons, as resistências à mudança dos partidos políticos tradicionais fizeram impossível a formaçom de umha maioria parlamentar, a qual requereria umha grande coligaçom com membros dos dous partidos maiores. Mas esta acabou-se formando alguns meses depois, ao custo de umha reestruturaçom do sistema de partidos. Enquanto isso, o presidente Napolitano nomeara umha comissom para elaborar propostas de políticas públicas formada por 10 peritos, alguns dos quais passar a fazer parte do novo Governo. É muito notável que toda esta experiência tivesse lugar num país que era conhecido como umha "partitocracia", assinala Colomer.

E acrescenta: "A maior vantagem de umha iniciativa do chefe do Estado é que vem desde fora do sistema de partidos políticos, polo que pode ser especialmente eficaz em induzir reformas que afectem também ao sistema de partidos". Para isso, Felipe VI só teria que usar a mesma Constituiçom que fraguou o seu pai com a "caste": "De acordo com a Constituiçom espanhola, o chefe do Estado pode destituir ao chefe do Governo, dissolver o Parlamento, convocar eleiçons, nomear um novo presidente do Governo, assim como aos ministros que este proponha, presidir pessoalmente as reuniões do Conselho de Ministros, expedir os decretos governamentais, promulgar as leis e, de acordo com o chefe do Governo nomeado por ele, convocar referendos sobre decisões políticas de especial importância. Espera-se em geral que o chefe do Estado use estas capacidades de acordo com os resultados eleitorais. Mas numha situaçom de emergência "como sem dúvida é a espanhola", os poderes do chefe do Estado estám para usá-los "como no caso italiano" de acordo com a letra do texto legal".

Por último, Colomer conclui que trás esse período de ano e meio de profundas reformas constituintes levadas a cabo desde um Executivo sem pelame política, abocaria-se à formaçom "de um Governo de ampla coligaçom multi-partidista, o acordo com Catalunha, o envio de sinais de renovaçom e optimismo para que os capitais exilados regressem e cheguem novos investimentos estrangeiros, poderiam ser o 23-F do rei Felipe VI. É dizer, o seu legitimaçom, nom já dinástica ou constitucional, senom polos resultados da sua acçom. Como o seu pai, o novo chefe do Estado necessitará umha legitimaçom deste tipo por umha grande maioria da sociedade espanhola, assim como da cena internacional, para consolidar o seu reinado nos anos por vir".

É curioso porque esse "23-F" de Felipe VI é o que outros analistas do regime estám a começar a sugerir. Fernando Onega (RTVE), o jornalista que lhe escrevia os discursos a Adolfo Suárez, assim o mencionou expressamente, como também o fixo Arcadi Espada (O Mundo): "Que é, em mudança, o que o rei deixa ao seu filho, Felipe VI" Vou dizê-lo. umha Catalunha que seja a sua 23-F. E umha reforma da Constituiçom que seja o seu referendo legitimador. Que a força lhe acompanhe. A herança é envenenada porque situa à Coroa, e ao novo Rei, no centro do conflito político. Exibido e vulnerável. tom exibido e vulnerável como estivo o seu pai aquela afastada meia-noite de Fevereiro".

Desde as forças cidadás, todo vê se como umha operaçom de salom para evitar o referendum sobre o modelo de Chefatura de Estado: "Deixem de dizer mentiras, nom trouxo a democracia", haver replicado o escritor Suso de Toro, que se apercebeu de que a abdicaçom é "umha operaçom política muito calculada e na que participam directamente todos os poderes ademais da Casa Real: desde a banca e as grandes empresas até esses dous partidos e as grandes empresas de comunicaçom. Realmente todo o sistema económico e político espanhol está conjurado numha mesma operaçom para este trânsito entre pai e filho". Faltou-lhe incluir aos dous grandes sindicatos dependentes financeiramente do erário público (CC.OO e UXT) e foco permanente por isso de ineficácia e corrupçom.

Para Suso de Toro "pode-se ser a favor desta Monarquia ou de umha República, da continuidade do rei ou da sua abdicaçom; percebo que há razões para argumentar que seja conveniente a coroaçom do príncipe e que vai ser muito proveitoso para todos, mas o modo em que se está desenvolvendo essa operaçom política é perverso por dous motivos. Primeiro, porque se está executando como um plano militar de guerra lóstrego muito preciso, para que o adversário nom tenha tempo a reagir. Neste caso as armas nom som a aviaçom e as carros de combate senom os meios de comunicaçom, implicados numha asfixiante campanha publicitária do rei que abdicou e do herdeiro".

"Mas aqui o adversário nom é um inimigo exterior senom a opiniom pública, a própria cidadania, polo que é profundamente antidemocrático em origem. Se nom há nada que ocultar à cidadania, se nom há nada innoble nisso, nom se pode realizar esse acto tom transcendente desse modo porque demonstra umha desconfiança absoluta numha populaçom à que se considera súbditos sem capacidade nem responsabilidade. Para blindar a legitimidade da operaçom está a recorrer-se a argumentar essa incapacidade da cidadania espanhola dizendo-lhe que todo lhe o devem ao rei. Repete-se-nos insistentemente que "O rei trouxo-nos a democracia", "deu-no-la", "graças a ele temos liberdade"" Segundo isso este era um país de inúteis e idiotas e o rei foi o nosso redentor e guiou-os. E isso é umha grande mentira. Muitas pessoas que viviam entom podem testemunhar que nom foi assim, ao rei pô-lo Franco e reinou por imposiçom. E no que di respeito à sacra Constituiçom, redigiu-se submetendo às exigências por escrito da JUJEM", acrescenta.

"Se essa Constituiçom garantia liberdades apesar dessas imposiçons é porque houvo umha parte da sociedade que exigia democracia. E essa parte da sociedade tinha presos políticos nos cárceres do regime. E mortos nos cemitérios, quase sempre civis. Que nos digam que o rei nos trouxo a democracia é pior que faltar à verdade, é mentir. É umha ofensa para as pessoas que lutárom pola liberdade e é umha reiterada traiçom à memória. nom estamos loucos, temos memória ainda que nos chamem imbecis", queixa-se De Toro.

E conclui em Barcelona precisamente: "Em Catalunha deu-se um processo curioso na opiniom pública que registárom todos os inquéritos. Muitas pessoas que nom se tem por nacionalistas catalás e que vem demandando desde há tempo poder decidir o seu futuro como catalás acabárom chegando à conclusom de que a independência é a única soluçom à situaçom histórica de Catalunha. som pessoas que sem fazer ideologia do independentismo em sim mesmo hoje som independentistas por convicçom cívico. umha cousa parecida pode ocorrer com o republicanismo como ideologia e com a República como instituiçom. Há muitas pessoas a quem lhes parece natural poder decidir sobre a Chefatura do Estado em referendo, ainda que logo muitas dessas pessoas votariam a favor de conservar umha monarquia parlamentar, mas vendo que se lhes nega explicitamente e ante esta vergonhosa imposiçom estám balançando para a opiniom de que seria mais democrático e conveniente umha república. Em todo o caso, submeter à cidadania a algo assim é degradá-la e envilece-la. Esta é a democracia espanhola, e é o que deve mudar".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Capitalismo à deriva" O FMI insiste na confiscaçom da poupança privada para reduzir a dívida pública gerada por um modelo que nom funciona BASENAME: canta-o-merlo-capitalismo-a-deriva-o-fmi-insiste-na-confiscacom-de-poupanca-privado-para-reduzir-a-divida-publica-gerada-por-um-modelo-que-nom-funciona DATE: Sun, 19 Apr 2015 14:53:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Fonte: Libremercado " M Llamas


Capitalismo à deriva" O FMI insiste na confiscaçom da poupança privada para reduzir a dívida pública gerada por um modelo que nom funciona

Um novo documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) volta pôr a sobre o tapete a possibilidade de aplicar tiras soberanas e expropiar parte das poupanças das famílias para reduzir o ingente volume de dívida que acumulam os governos dos países desenvolvidos. No seu último relatório sobre Vigilância Fiscal (Fiscal Monitor), publicado o passado Outubro, dita entidade advertia da possibilidade de confiscar até o 10% do património que acumulam os fogares para reduzir a dívida pública a níveis de 2007, antes de de que estalasse a actual crise financeira.

Agora, som os destacados economistas Cármen M. Reinhart e Kenneth S. Rogoff -ex economista chefe do FMI- quem insistem num recente estudo publicado polo Fundo que, muito possivelmente, numerosos Estados verám-se obrigados, de umha ou outra forma, a aplicar diferentes fórmulas para reduzir o seu elevado endividamento público, desde a reestruturaçom (tiras e/ou espera) e reconversom de dívida, até elevada inflaçom, repressom financeira (impostos, taxas de interesse negativas,etc.) ou bem umha combinaçom de várias destas medidas.

A conclusom do informe é clara: a história demonstra que os governos adoptam optar por este tipo de saídas em caso de elevado endividamento público, e a situaçom actual nom será muito diferente. Deste modo, Reinhart e Rogoff prevêem a quebra parcial (default) de diversos países, referindo-se em particular à periferia do euro, e a reduçom de dívida pública mediante a transferência de recursos desde os aforradores privados para o Estado.

Segundo ambos os economistas, a combinaçom de crescimento e austeridade para reduzir o endividamento soberano é necessária, mas será insuficiente para resultar eficaz por duas razons: por umha banda, o PIB dos países ricos registará um tímido avanço nos próximos anos devido, precisamente, à elevada dívida pública; e, por outro, as medidas de austeridade som difíceis de aplicar porque adoptam ser muito impopulares. Conclusom" Os investidores em dívida pública e os aforradores pagarám a factura dos governos.

A dívida pública mais alta em 200 anos

Na actualidade, o conjunto das economias avançadas acumula o maior volume de dívida pública da história recente. Em concreto, aproxima-se de 100% do PIB, um nível nom visto desde o fim da Segunda Guerra Mundial. De facto, segundo o estudo, se se mira mais atrás no tempo, aproxima-se do seu ponto mais elevado dos dous últimos séculos.

A isso somar, igualmente, umha dívida externa (pública e privada) que também regista taxas marca, nom vistas nas últimas décadas, superando 250% do PIB dos países ricos. Trata-se de um indicador relevante, já que a separaçom entre dívida pública e privada é muito ténue durante as crises financeiras, como bem demonstram os numerosos resgates públicos de bancos levados a cabo nos últimos anos por multitude de países, de modo que a vulnerabilidade dos estados é ainda mais alarmante do que reflecte, simplesmente, o nível de dívida pública.

Vias para reduzir a dívida

Assim pois, os dados demonstram que o mundo desenvolvido atravessa umha grave crise de endividamento, similar à acontecida trás a Segunda Guerra Mundial ou a Grande Depressom dos anos 30. E por entom tal e como lembram Reinhart e Rogoff, a maioria de governos optou polo default e a expropiaçom de riqueza ao sector privado para reduzir as suas avultadas dívidas.

O estudo do FMI cita cinco possíveis vias para liquidar o sobre-endividamento:

Crescimento.

Austeridade.

Suspensom de pagos e reestruturaçom de dívidas.

Alta inflaçom.

Repressom financeira e umha constante dose de inflaçom.

A combinaçom de crescimento económico e austeridade é a excepçom. O habitual, contodo, é a terceira opçom (default) e a quinta (repressom financeira e inflaçom), segundo reflectem as experiências históricas de similar natureza à actual acontecidas nos dous últimos séculos.

Mais ali da mera suspensom de pagos, o relatório cita a possibilidade de aplicar umha intensa "repressom financeira" para que os estados reduzam as suas dívidas. Sob este termo englobam-se múltiplas medidas, desde a nacionalizaçom de fundos de pensons, até a posta em marcha de medidas fiscais para incentivar a compra de bónus estatais, a aprovaçom de novos impostos e taxas especiais sobre a poupança e o património das famílias (de umha vez ou constantes no tempo), assim como determinados controlos de capital para evitar ou limitar a saída de fundos do país, ou a instauraçom de tipos reais negativos durante vários anos (inflaçom superior ao tipo de interesse, com a conseqüente dissoluçom de dívidas e perda de poder adquisitivo em depósitos e outros activos).

Em todo o caso, esta particular fórmula de repressom financeira" consiste, basicamente, em redistribuir a riqueza mediante a transferência de fundos desde os aforradores (famílias e empresas) até os credores (estados e bancos).

Mas os analistas do FMI nom som os únicos que contemplam este tipo de opçons. Philipp Bagus, professor de Economia da Universidade Rei Juan Carlos e autor do livro A tragédia do euro, coincide em que alguns dos governos dos países ricos tentarám gerar inflaçom, impagar a sua dívida e, em última instância, aplicar um imposto único sobre a riqueza para liquidar a sua sobre-endividamento.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Montam umha "comédia" com Rodrigo Rato, preso trás o registo da sua habitaçom em Madrid BASENAME: canta-o-merlo-montam-umha-comedia-com-rodrigo-rato-preso-tras-o-registo-da-sua-habitacom-em-madrid DATE: Sat, 18 Apr 2015 19:20:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

El Espía Digital

Montam umha "comedia" com Rodrigo Rato, preso trás o registo da sua habitaçom em Madrid

Espanha espoliada: O Estado dá por perdidos 40.000 milhons de euros do resgate das caixas de poupança" mas montam umha ?comedia? com Rodrigo Rato

O presidente do FROB e sub-governador do Banco de Espanha, Fernando Restoy, deu a cifra das perdas que o Estado sofrerá polo resgate das caixas de poupanças: mais de 40.000 milhons de euros, quantidade que parece que o Governo nom poderá recuperar de 56.181 milhons de euros de fundos públicos que injectou durante a crise do sector financeiro.

Restoy, que compareceu na Comissom de Economia do Congresso, assegurou que até a data só recuperárom-se 3.092 milhons de euros. Deles, 1.884 milhons de euros correspondem à venda de Nova Caixa Galicia ao grupo venezuelano Banesco e à devoluçom por parte de CaixaBank da ajuda pública recebida por Banca Cívico trás a compra desta entidade polo grupo que preside Isidro Fainé. A esta cifra há que somar as recuperaçons previstas a meio e curto prazo pola venda de Catalunya Bank a BBVA, a previsível devoluçom dos bónus contingentes convertíveis (cocos) recebidos por Caixa3 agora em maos de Ibercaja, e de Ceiss, agora integrada em Unicaja e a já anunciada por Liberbank. Ademais, o grupo que preside José Ignacio Goirigolzarri tem pendente que BFA ingresse no FROB os 1.304 milhons obtidos pola venda de 7,5% de Bankia o passado ano, dos que 136 milhons som mais-valias.

A estas devoluçons haveria que somar, segundo explicou Restoy, a previsível venda do pacote de 62% que tem o Estado em Bankia, que a preço de mercado da segunda-feira estaria por volta dos 9.272 milhons de euros (o valor de mercado de 100% de Bankia é de 15.000 milhons) e a venda do pacote do FROB em BMN, cujo valor teórico contável será de 1.593 milhons de euros. O Estado recuperaria assim case 14.000 milhons, quantidade que nom cobre nem as ajudas totais de 22.424 milhons concedidas a BFA-Bankia.

A venda de Catalunya Bank a BBVA e da carteira de empréstimos hipotecários a Blackstone (cujos ingressos estám incluídos na soma dos fundos públicos a recuperar) só achegará um saldo positivo de 328 milhons de euros, que devem restar-se aos 12.000 milhons de euros que a entidade catalá recebeu em ajudas do Estado.

Restoy aproveitou a sua visita ao Congresso para destacar que no final mais de 300.000 clientes das entidades nacionalizadas recuperárom o dinheiro investido em participaçons preferentes e dívida subordinada, graças ao processo de arbitragem impulsionada polo Governo, o que supom 57% dos investidores comerciantes a varejo que tinham direito a estes procedimentos e 72% dos solicitantes. Restoy, que também é sub-governador do Banco de Espanha, destacou que o FROB seguiu adiante na sua denúncia de irregularidades e puxo como exemplo que recentemente remeteu à Promotoria um expediente sobre a extinçom de contratos da alta direcçom de Catalunya Banc entre 2008 e 2009. Esta denúncia soma-se aos 25 expedientes que o FROB já enviou ao fiscal por operaçons imobiliárias suspeitas da mesma entidade e de Nova Caixa Galicia, que suporiam um prejuízo de algo mais de 1.700 milhons; e as supostas irregularidades nos salários da antiga cúpula de Bankia ou os cartons black.

Sobre as críticas de alguns pequenos accionistas que reclamam que o FROB retire-se como acusaçom no caso Bankia, Restoy afirmou que o FROB guiou-se em todo momento "polos mesmos princípios que inspirárom a sua estratégia no resto de causas nos que está ou esteve involucrado: o contributo ao esclarecimento dos feitos e a defesa do interesse público".

O ex-vicepresidente do Governo, ex-presidente do Fundo Monetário Internacional, e ex-presidente de Bankia, Rodrigo Rato, foi detido durante o registo da sua habitaçom no número 33 de cale-a Dom Ramón da Cruz, no bairro de Salamanca de Madrid. Custodiado por numerosos agentes, Intre abandonou o seu domicílio pouco depois do oito da tarde num carro policial e foi transferido ao número 50 da rua Castelló, a escassos 200 metros do seu domicílio, onde tem o seu gabinete, para um novo registro.

A Fiscalia de Madrid, que actuou trás umha denúncia apresentada há uns dias pola Agência Tributária, segundo fontes governamentais, instou a investigar a Rato por supostos delitos de fraude, alçamento de bens e branqueio de capitais.

Fontes da Agência Tributária assinalam que "a actuaçom está a realizar-se por ordem judicial, o pedido da Promotoria". Fontes jurídicas precisam que o registro se produz com autorizaçom do titular do Julgado de Instruçom número 35 de Madrid, em funçons de guarda hoje.

As pesquisas, segundo as fontes consultadas, afectam a Rato e a "outras pessoas". À frente do Julgado 35 encontra-se um juiz substituto, Henrique da Fouce. Outras fontes, do próprio Julgado de Guarda, transferiram a eldiario.es que Da Fouce decretou o segredo das actuaçons.

Paralelamente à detençom de Rato, o Serviço de Vigilância Aduaneira também registou um bufete de advogados de Sotogrande, em Sam Roque (Cádiz), no marco da investigaçom a Rato. Fontes cientes da investigaçom confirmárom a Europa Press que vários funcionários realizam um registro na tarde desta quinta-feira no bufete de advogados Largo, do que tenhem requisitado "documentos e computadores".

As citadas fontes concretizam que o objectivo é pesquisar se as relaçons entre o mencionado bufete e Rodrigo Rato "tem que ver ou nom" com a investigaçom que se está desenvolvendo sobre este por supostos delitos de fraude, alçamento de bens e branqueio de capitais.

A ordem chega depois de transcender na passada terça-feira que Rato se acolheu à amnistia fiscal posta em marcha polo Governo em 2012, e de que, esta manhá, o ministro de Justiça, Rafael Catalá, confirmasse que o Serviço Executivo de Prevençom de Branqueio de Capitais (Sepblac), dependente do Ministério de Economia, investiga ao ex-vicepresidente por possível branqueio.

Rato está imputado já polo juiz da Audiência Nacional Fernando Andreu na causa sobre a fusom e a saída a Bolsa de Bankia e na peça separada na que se analisam as "cartons black" opacas ao fisco na que os ex-conselheiros desta entidade e de Caixa Madrid carregárom 15,5 milhons de euros, informárom fontes jurídicas.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O salário mínimo em Venezuela já supera ao de Espanha BASENAME: canta-o-merlo-o-salario-minimo-em-venezuela-ja-supera-ao-de-espanha DATE: Fri, 03 Apr 2015 00:30:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

El Espía Digital


O salário mínimo em Venezuela já supera ao de Espanha

O salário mínimo em Venezuela voltou a aumentar alcançando a cifra de 5.602 bolívares mensais, cujo equivalente em dólares é de 890.72 (dólares mensais). O salário mínimo em Espanha é de 654 ? mensais na actualidade (888.79 dólares).

O presidente da República, Nicolas Maduro Moros, anunciou nesta terça-feira, que incrementou 30 por cento o salário mínimo nacional e as pensons "para levá-los a níveis de defesa necessários para a vida do nosso povo".

O salário mínimo no país encontrava-se situado em 3 mil 270 bolívares mais mil 351 de cesta ticket e, com este novo aumento, situa-se em 4 mil 251, 71 cêntimos e, com o bono de alimentaçom, chega a 5 mil 602 bolívares.

"Estamos numha nova ofensiva para vencer com produçom, trabalho e lei de preços justos esses fenómenos da guerra económica contra o modelo de inclusom social".

Anunciou-o ao participar na primeira reuniom da Conferência de Paz da Classe Operária que se desenvolve no Palácio de Miraflores.

"Um dos sucessos que tivemos é fortalecimento do salário e do ingresso mínimo nacional. Demos aumentos em 15 anos 25 aumentos salariais e 25 aumentos de pensons", destacou.

O Chefe de Estado denunciou novamente que "a inflaçom é um mal estrutural da economia acentuada pola guerra económica permanente da burguesia contra o modelo socialista, o povo trabalhador".

"Avaliaremos também no último trimestre do ano outra vez", um novo aumento. "Confio, com a bençom de Deus, que no final de ano estejamos a estrangular e vencendo a perversa inflaçom induzida e estejamos a transitar um bom equilíbrio nos preços dos produtos e serviços".

"Se fai falta outro ajuste, tenha a segurança a classe operária que assim o farei porque som um presidente operário comprometido com a família trabalhadora venezuelana".

Por outra parte, a taxa de desemprego em Venezuela era de 14,6% em 1999 mas diminuiu até o 7,6% em Março de 2007. Actualizada para o presente momento de crise internacional desceu até o 6,6% (último dado do INE de Novembro de 2013). Em Espanha, o modelo neoliberal gerido primeiro polo PSOE e logo polo PP elevou a taxa de desemprego de 7,95% em 2008 ao 25,3% actual (maio 2014).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O lobby dos despejos: O fundo abutre de Aznar BASENAME: canta-o-merlo-o-lobby-dos-despejos-o-fundo-abutre-de-aznar DATE: Thu, 02 Apr 2015 19:10:11 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Vozpopuli

O lobby dos despejos: O fundo abutre de Aznar

No seu primeiro ano de existência como comissom, com 4,4 milhons de benefício. E todo isso para um fundo abutre estadounidense, Cerberus, que dirigem ao menos dous ex altos cargos -o ex-vice-presidente Dom Quayle e o ex-secretario do Tesouro, John Snow- de George W. Bush, amigo de Aznar sénior. O círculo fecha-se.

A génese de tal ganho segue a seguinte cronologia.

O 28 maio de 2013 lhe a gestom e comercializaçom de activos tóxicos de Bankia e Sareb reportou-lhe umha comissom de 39,3 milhons a umha firma de um fundo abutre em cujo conselho senta José María Aznar Botella. No seu primeiro ano de contrato com Bankia, os ingressos já supérom o preço fixo pactuado.

Dous amigos de José María Aznar viram afundar-se Bankia desde a sua presidência: Miguel Blesa e Rodrigo Rato. E um ex-ministro seu, Mariano Rajoy, nacionalizou-na e reabilitou com 23.000 milhons. Hoje, um filho do ex-presidente Aznar, José María Aznar Botella, fai caixa através de umha firma (Haya) com os activos tóxicos de Bankia mercê a um contrato com o supracitado banco: facturou-lhe 39,3 milhons acredite Promontoria Plataforma. Em agosto rebatiça-se como Haya Real Estate, que preside Juan Hoyos, casualmente também amigo e colega de colégio, como Blesa, de Aznar sénior. E nela figura como conselheiro o primogénito de Aznar desde Outubro de 2013, ao mês de conseguir-se o contrato com Bankia.

O 3 de Setembro de 2013, assina um contrato de adquisiçom ao Grupo Bankia "do negócio de gestom de determinados activos imobiliários e presta-mos a empresas do sector imobiliário (crédito promotor) que som propriedade do Grupo Bankia e da Sociedade de Gestom de Activos Procedentes da Reestruturaçom Bancária (SAREB, estes últimos geridos até a data de combinaçom de negócios polo Grupo Bankia", segundo explica a própria empresa. O ganhador de tal contrato era umha empresa com um capital ridículo: 3.000 euros. E trás garantir-se tam ambicioso projecto, em Outubro de 2013, Cerberus, através de Promontoria Holding 62, sócio único situado na Holanda, alargou o capital 833.000 acçons com valor de um euro e umha prima de emissom de nove euros. Em total injectou 8,3 milhons.

Haya, com o macro-contrato com Bankia no bolso, já lhe merecia a pena a Cerberus: já podia permitir-se superar os 3.000 euros iniciais. Haya admite tal incongruência ao admitir que a ampliaçom de capital foi realizada com a finalidade de fortalecer a estrutura patrimonial da sociedade e dotá-la de maior equilíbrio patrimonial". Em soma, Bankia contratou com umha firma débil que ficou desequilibrada trás alcançar tam ambicioso negócio.

As condiçons do contrato

O contrato de aquisiçom tinha duas cláusulas suspensivas:

- Emissom por parte do Ministério de Fazenda de um relatório para a operaçom.

- Concessom de determinado financiamento por parte de Bankia a Haya.

Ambas devérom de cumprir-se, porque o contrato saiu. O ministério de Fazenda, pilotado por um ex-ministro de Aznar, Cristóbal Montoro, deu a sua aprovaçom a que umha empresa privada vinculada ao filho do seu ex-presidente gerisse e vendesse os activos tóxicos da nacionalizada Bankia em lugar de comercializá-los directamente. E, por sua parte, a tenor do contrato, Bankia comprometeu-se a financiar à firma de Aznar Jr. para que pudesse sair airosa. umha curiosa operaçom circular: presto-te dinheiro para que gestons os meus activos tóxicos e os revendas com ganhos. No contexto de dita macro-operaçom assinaram-se quatro contratos:

Contrato de Prestaçom de Serviços por Haya de gestom dos activos do Grupo Bankia determinados no perímetro acordado no momento da operaçom da combinaçom de negócios por um período de dez anos.

Contrato de sub-contrataçom por parte do Grupo Bankia em favor de Haya como prestador de serviços de gestom de activos propriedade do SAREB por um período que finalizava o 31 de Dezembro de 2013, mas que foi renovado para o exercício de 2014. (A empresa confia em assumí-lo ao menos três anos).

Contrato de prestaçom por parte do Grupo Bankia a Haya de serviços informáticos, serviços de comercializaçom dos activos através da rede de escritórios do Grupo Bankia, assim como do financiamento a minorista em favor de potenciais adquirentes da activos propriedade de SAREB que actualmente gere Haya.

Contrato de prestaçom de serviços entre Haya e o Grupo Bankia (como prestador de serviços) em relaçom com outros serviços informáticos, arrendamentos e serviços administrativos.

Em soma, Haya comprava o negócio de gestom de imóveis e crédito promotor do Grupo Bankia, e, por riba, se subrogaba nos empregados do banco adscritos a tal área.

Haya tem um único cliente: Bankia. E o negócio estabelece-se assim: Haya factura a Bankia pola totalidade dos seus serviços de gestom e logo Bankia factura ao SAREB polos serviços de gestom dos seus activos. "Os serviços que presta a sociedade concentram na gestom de activos financeiros e imobiliários, polo que a sociedade cobra umha comissom, e nas actividades de comercializaçom ou recobro dos mesmos, polas que a sociedade cobra umha comissom adicional em funçom do volume de operaçons alcançado no período".

Trata-se dos activos tóxicos da Bankia afundida por dous presidentes do PP, mas umha firma governada por Aznar Jr. cobra umha dupla comissom por vendê-los. Os peritos bancários objectam a fórmula. "Esta dupla comissom poderia poupar-se de ficar esta operativa no seio de Bankia ou do SAREB, máximo quando se fai com os mesmos empregado que tinha Bankia". De facto, Haya começou com três empregado... e logo somava 403.

Haya compra a gestom dos activos tóxicos, mas nom o risco da sua titularidade

Bankia descreve assim a operaçom: "Com data 3 de setembro de 2013 Bankia assinou um acordo para vender a umha empresa do grupo investidor Cerberus Capital Management, LP denominada Promontoria Plataforma, S.L.0 ("Plataforma") o negócio de gestom e comercializaçom dos activos imobiliários e prestamos Ipromotor. Como parte da operaçom, acordou-se transmitir ao comprador a participaçom do Grupo Bankia nas sociedades Gesnova Gestom Imobiliária Integral, S.L. e Reser Leilons e Serviços Imobiliários, S.A., operaçom que se formalizou no mês de Dezembro desse ano.

O acordo de venda englobou a cessom de activos e passivos associados ao supracitado negócio de gestom (mas nom a titularidade dos innmóveis e créditos promotor geridos), assim como "a cessom dos empregados associados à supracitada actividade". Isto último acrescenta um dado relevante, porque Haya vende activos de Bankia, mas nunca assume o risco de comprá-los. O seu único risco estriba no equilíbrio preço do contrato e comissom.

"O preço da operaçom", acrescenta Bankia, "dependerá do grau de cumprimento do plano de negócio da actividade transpassada, e estima-se que estará entre 40 e 90 milhons de euros. A este contrato para a gestom externalizada da recuperaçom de créditos promotor e a comercializaçom de activos adjudicados, em ambos os casos tanto propriedade de Bankia como de SAREB, acrescentou-se a definiçom de um Plano Director de Segurança 2013-2016, ao objectivo de adequar o controlo e segurança da informaçom à nova realidade do banco".

Quanto lhe custou tal contrato a Haya": 38 milhons de euros de preço fixo. A fins de 2013 devia 17 milhons dessa parte, e ademais, deveria pagar umha parte variável se supera determinadas expectativas de aqui a 2016, e nunca por um montante maior de 12,5 milhons, mais outra comissom em funçom dos seus ingressos ainda nom determinada. Ao todo, Bankia calcula que a operaçom pode supor-lhe um preço dentre 40 e 90 milhons.

Por enquanto, o seis administradores de Haya embolsárom-se 1.055.000 euros. Mas três deles, ademais, somaram 966.000 euros mais por realizar tarefas de direcçom. Portanto, Aznar Jr. cobrou entre 175.000 e 497.000 euros segundo se actuou ou nom como directivo de alta direcçom.

Em todo o caso, no seu primeiro ano de vida, Haya cobrou 39,3 milhons de euros de comissom pola sua actividade. É dizer, já recebeu mais dinheiro do que lhe custa a parte fixa do contrato. Seica por isso, ainda que apresenta um fundo de manobra negativo que se corresponde com o pago da operaçom de compra de negócio, os administradores percebem que os "fluxos importantes" que tivérom em 2013 e teram em 2014 permitírom fazer frente a tal situaçom. Os benefícios podem-se multiplicar em anos próximos.

Haya declinou comentar com este diário as dúvidas subjacentes sobre Aznar Jr.: se cumpre funçons de directivo, se facturou assessorias e se é accionista da matriz. Bankia, por sua parte, afirma todo bom contrato se adjudicou "por concurso, como todos os que fai, mediante processos concorridos transparentes e abertos nos que se adjudica ao melhor ofertante, e neste caso o adjudicatório paga umha parte ao começo e logo segue pagando cada ano do contrato. Mas nom compram a imobiliária, que é nossa".

Os Aznar, pai e filho, convergírom por um negócio privado em 2009 sobre Bankia quando a presidia Miguel Blesa. Aznar sénior recomendou-lhe a compra de umha colecçom pictórica por 54 milhons que umha taxaçom interna cifrou em três milhons. Blesa rejeitou-a polo seu preço desorbitado. Aznar Jr. reprochou-lhe entom tal desaire: "Com os pêlos que se deixou por ti e foram muitos, parece-me impresentável o que fizeste ou nom fizeste. Nom se merecia esta decepçom". E Blesa saltou:"Possa que sejas muito novo para percebê-lo: algum dia nom te explicarás escrever esta mensagem. Eu nunca me arrependerei de actuar assim, a caixa [Caixa Madrid] tem os seus procedimentos, nom é o meu "cortijo. Ao teu pai nunca lhe decepcionou a seriedade e honestidade de um amigo", assinalava entom a mensagem de Blesa a José María Aznar Botella.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Semana Santa e a imaginaria franquista BASENAME: canta-o-merlo-a-semana-santa-e-a-imaginaria-franquista DATE: Tue, 31 Mar 2015 16:59:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Semana Santa e a imaginaria franquista

Antonio Mestre / La Marea

Desde que em 1937 publicasse-se a carta colectiva do Episcopado Espanhol em defesa da cruzada nacional, a uniom entre a dictadura e a Igreja católica foi férrea. No texto, publicado o 20 de agosto de 1937, a cúpula eclesial brindava um apoio total ao golpe de estado de Francisco Franco: "O Episcopado espanhol está na sua totalidade e sem reservas à beira do general e a favor do Movimento". A relaçom entre os estamentos católicos e o regime genocida do caudilho foi inseparável trás a missiva. A Igreja, o Exército e a Falange fôrom os alicerces com os que Franco pode sustentar os seus 36 anos de crueldade e repressom. No entanto, o serviço que a Igreja lhe prestou à dictadura nom foi em vao, e a mudança tivo a possibilidade de influir em Espanha para estabelecer a sua doutrina moral como parte indivisível da lei imperante no país. Esta simbiose pode verse ainda hoje em multidom de representaçons católicas. Umha delas é a Semana Santa e as suas procissons.

Sam Gonçalo e Santa Genoveva

A irmandade de Sam Gonçalo e a de Santa Genoveva, processionam em Sevilha, e tem umha história peculiar. Na sua página web pode-se ler a seguinte descriçom da origem do edifício no que umha das irmandades está com sede: "O templo leva em parte o nome de Genoveva, esposa de Gonçalo Queipo de Llano (político, orador e historiador espanhol de meados do século XIX), nome polo qual também é conhecida a Irmandade do bairro, Santa Genoveva". O nome da outra irmandade também tomada a Sam Gonçalo, um português do século XII, em recordo do General golpista Gonçalo Queipo de Llano, por ser o impulsor da construçom do bairro onde se situa e do que a sua esposa, Genoveva Martí Tovar, colocou a primeira pedra em 1938.

O orador e historiador que a irmandade define na sua igreja como promotor foi o general mais sanguinário da Guerra Civil. Sirva como exemplo o que o militar realizou em Triana, o mesmo bairro que ostenta a irmandade e o templo ao seu nome: as tropas do comandante Antonio Castejón, sob o mando do General Queipo de Llano, o dia 19 de Julho de 1936, começárom um duríssimo combate para conquistar os bairros contíguos ao Grande Largo e Cidade Jardim. Apesar da resistência da classe trabalhadora apostada em Triana, o general Queipo alcançou entrar utilizando como escudos humanos a mulheres e crianças (tal e como o contou Antonio Salgado na revista Mundo Gráfico). Depois da queda do bairro de Triana, Ramón de Carranza, presidente da Câmara nomeado por Queipo de Llano, passeou-se polo bairro com um megafone dando dez minutos para que se apagassem todas as pintadas antifascistas, o que na sua casa mantivesse um indício de tinta seria fusilado junto a toda a sua família.

O faixa de Queipo de Llano na Macarena

A crueldade de Queipo de Llano, agradecida posteriormente polas confrarias com o seu reconhecimento, nom foi exclusividade do bairro de Triana. O 22 de Julho de 1936 utilizou a aviaçom para arrasar o bairro da Macarena. Tivérom que passar 72 anos para que a irmandade da Virgem da Macarena deixe de tirar a imagem mariana com o faixa de capitam do general Queipo de Llano. Foi em 2011 quando a Esperança Macarena deixou de portar a insígnia militar, nom por consciência social ou a respeito da vítimas do bairro sevilhano que o general massacrou, senom porque se encontra deteriorado e é preciso conservá-lo. A forma em que a repressom e as confrarias encontravam-se coligadas fica em evidência num excepcional relato do actor Edmundo Barbeiro na revista política e cultural O Mono Azul. O texto, chamado Seis meses em terreno faccioso e publicado em Novembro de 1937 conta as andanças do actor em Sevilha, onde ficou atrapado trás o golpe até que pode fugir a Portugal. Assim narrava a uniom de fé processionaria e repressom:

"A questom religiosa em Sevilha absorve-o todo até o ponto de que eu, em oitenta dias da minha estância em Sevilha, presenciei vinte e duas procissons entre as quais houvo duas da Macarena"assistírom às duas procissons representaçons de todos os organismos oficiais assim como de todos os corpos de guarniçom; requetés e falangistas com armamento, bandeira e música e presidia as duas procissons, com um varal de irmao maior, Queipo de Llano. Enquanto sentiam como nos tempos de Rega, os mesmos berros da reacçom, especialmente das beatas, que diziam: Viva o salvador de Espanha!" Outra prova da influência religiosa é que a primeira preocupaçom que tem antes de fusilar é confessar e comungar".

Faixas e guions de Francisco Franco

A presença do dictador na semana santa era habitual em vida, mas trás a sua morte nom desapareceu e mantém multidom de honras e emblemas por toda a geografia processionaria espanhola. No ano 2000, Maria dele Carmen Franco polo doou umha faixa do Caudilho, o seu pai, à Irmandade do Baratillo no Arenal de Sevilha para que o portasse a Virgem da Caridade. Ademais, Franco foi nomeado Irmao Maior do Grande Poder e a Esperança Macarena. De facto na Igreja dos Terceiros exibe-se um guiom do caudilho com o que o Grande Poder processionava. nom há que esquecer que o dictador acudiu à coroaçom canónica da Esperança Macarena no ano 1964 como grande devoto da imagem que era.

Em Cartagena, a confraria de Califórnia sai em procissom com um guiom (emblema) de simbologia franquista, similar ao que o dictador levava desde 1940. A Associaçom Memória Histórica de Cartagena voltou a pedir ao Irmao Maior da confraria que deixe de portar o estandarte, em cumprimento da Lei de cor Histórica. Outra que tem a Franco entre os seus cargos honorários é a Confraria do Descendimento e Santíssimo Cristo da Boa Morte, que nomeou ao dictador Presidente de Honra da Confraria em 1940. Um dos passos, o do Monte Calvário, tem uns faróis doados por Franco com os que ainda se processiona.

O estandarte nazista da Irmandade das Angústias

Nom só a simbologia franquista adorna as procissons que percorrem o nosso país estes dias. Existem na imaginaria católica de Semana Santa mesmo estandartes com símbolos nazistas. É o caso da Irmandade das Angústias em Cidade Real que, devido à sua origem, fundada em maio de 1943 por ex-combatentes da Guerra Civil do bando golpista e a Divisom Azul, porta um estandarte com umha cruz celta nazista. Neste caso, contodo, o bispado foi sensível aos pedidos das associaçons de cor histórica e decidiu-se a retirar o emblema da procissom. A exigência do bispado a respeito disso provocou a crítica furibunda do presidente da Junta de Irmandades, que acusou o bispado de fazer caso "a membros da esquerda desnortada, trasnoitada e anticatólica da nossa regiom".

Para contextualizar a presença deste tipo de símbolos, há que lembrar que depois da Segunda Guerra Mundial era costume entre os membros da Divisom Azul doar as suas cruzes de ferro ganhadas em combate às virgens das suas cidades ou povos para que as levassem nos seus mantos. Sam exemplos desta prática o manto da divisom azul que porta a Virgem do Pilar cada dez de Fevereiro em comemoraçom da batalha de Krasny Bor.

A presença desta simbologia nas procissons de Semana Santa destes dias som umha amostra mais do caminho que fica a Espanha por percorrer na justa reparaçom das vítimas do franquismo, questom que abordamos no número deste mês da Marea: Um país sem memória.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Germanwings e Malaysia AirlinesERMANWINGS E MALAYSIA AIRLINES BASENAME: canta-o-merlo-germanwings-e-malaysia-airlinesermanwings-e-malaysia-airlines DATE: Sat, 28 Mar 2015 03:35:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info/

GERMANWINGS E MALAYSIA AIRLINES

Impressiona a velocidade com que autoridades foram capazes de descobrir as razões do acidente do avião da Germanwings nos Alpes franceses. Isto contrasta com a velocidade a que se arrastam há longos meses as investigações da queda do MH17 da Malaysia Airlines sobre a Ucrânia. Já há 99% de certeza de que o MH17 foi derrubado por caça(s) do regime nazi-fascista de Kiev ? mas esta conclusão é ocultada pela comissão investigadora presidida pela Holanda e da qual o regime ucraniano faz parte (com o direito de vetar a publicação de conclusões com que não lhe agradem). Recorde-se que a Malásia, o país vítima deste acto de terrorismo, foi deliberadamente excluída da comissão investigadora.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A ONU adverte a Espanha de que está obrigada a extraditar às autoridades franquistas BASENAME: canta-o-merlo-a-onu-adverte-a-espanha-de-que-esta-obrigada-a-extraditar-as-autoridades-franquistas DATE: Sat, 28 Mar 2015 02:09:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Público.es

GENEVE. 27-03-15.- Espanha está obrigada a extraditar aos responsáveis por violaçons graves dos Direitos Humanos enquanto nom se tomem medidas para garantir o acesso à justiça e o direito à verdade das vítimas ante as instâncias legais espanholas", assegurou nesta sexta-feira um grupo de peritos da ONU em Genebra.

O Alto Comisionado da ONU para os Direitos Humanos explicou, num comunicado, que a declaraçom emitida hoje pelo grupo alude à decisom do Governo espanhol de nom extraditar a 17 acusados pela justiça argentina de violaçons graves dos Direitos Humanos durante o regime franquista, incluídos vários ex-ministros.

"A denegaçom da extradiçom deixa em profundo desamparo às vítimas e aos seus familiares, negando o seu direito à justiça e à verdade", indicaram os peritos da ONU.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O capital fictício, como a finança se apropria do nosso futuro BASENAME: canta-o-merlo-o-capital-ficticio-como-a-financa-se-apropria-do-nosso-futuro DATE: Sun, 15 Mar 2015 21:30:35 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O capital fictício, como a finança se apropria do nosso futuro
por Daniel Vaz de Carvalho


A crise de 2007-2008 com as "políticas de rigor" e "reformas estruturais" fez cair a máscara à social-democracia. (?)
A soberania dos mercados sobrepõe-se à dos povos

Cédric Durand

http://resistir.info/

1 ? Natureza do capital fictício.

A austeridade já tem sido considerada como o "vírus capitalista". É uma imagem. Na realidade, trata-se do remédio errado, como uma seringa infetada. O capitalismo está de facto atacado de uma doença letal: o capital fictício. Sem eliminar este "vírus" nenhum remédio será verdadeiramente eficaz. É isto que Cédric Durand nos evidencia.

A importância deste livro reside na análise de um tema fundamental do marxismo, o capital fictício, aliado a uma linguagem simples, mas absolutamente rigorosa e factual, em que os dogmas do neoliberalismo são totalmente desmontados. Só a escandalosa censura existente impede a divulgação e discussão destas análises até nas universidades.

A natureza do capital fictício reside em que os títulos financeiros são apenas promessas de valorização real, o que destrói o mito da autonomia do sistema financeiro como variável determinante do sistema económico. O capital fictício é uma ilusão e um desvio de recursos. (p. 56, 57) Tem consistido no aumento vertiginoso da quantidade de valor validado por antecipação à produção de mercadorias. (p. 90)

O capital fictício, é de facto um produto de contradições económicas e sociais insolúveis. (p. 7) Encarna valor, mas não resulta da produção de valor, resulta de transferências de rendimentos a partir de atividades produtivas, isto é, rendimentos do trabalho e lucros tirados da produção de bens e serviços. (p. 105)

Marx identifica três formas de capital fictício: a moeda crédito, os títulos de dívida pública e as ações. Cédric Durand desenvolve este conceito aplicando-o à realidade atual, apresentando-o como uma apropriação da mais-valia produzida na esfera produtiva, desmontando o aparente enigma dos lucros sem acumulação, resultantes das operações financeiras e do controlo das redes produtivas internacionais. (p. 178)

Podem ser caracterizados como lucros financeiros os juros, os dividendos e as mais-valias realizadas com a venda de ativos. Como fontes dos juros distinguem-se os resultantes do endividamento das famílias para terem acesso ao consumo (lucros de alienação); os resultantes do endividamento das empresas, que se tornam críticos nos períodos de crise; os lucros políticos de dívida pública. (p. 106-112)

São também fontes de lucros financeiros a atividade como intermediários; o chamado lucro dos fundadores (diferença entre o preço dos ativos e valorização no mercado bolsista); os lucros políticos obtidos com recapitalização, nacionalização dos prejuízos, benefícios fiscais, etc. (p. 119, 123)

Nos EUA a parte dos 1% mais ricos na detenção de dívida pública passou de 16 para 40% entre 1970 e 2010. Em 1970 a dívida dos 11 países mais ricos representava 30% do PIB, em 2012, nos EUA 114%, no Reino Unido 137%. O valor financeiro obtido por antecipação do processo de valorização futura não cessou de aumentar (p. 75)

Um estudo sobre subvenções públicas implícitas nos lucros das grandes instituições financeiras concluía que existia uma subvenção implícita de 233 mil milhões de euros em 2012, 1,8% do PIB da UE e montantes da mesma ordem desde 2007. Sem isto os bancos registariam prejuízos consideráveis. Os seus lucros são portanto subvencionados. A privatização dos benefícios das atividades financeiras é, pois, perfeitamente ilegítima. (p. 122)

2 ? A financeirização e os "mercados eficientes"

A liberalização financeira conduziu à alta dos lucros financeiros, donde a uma taxa mínima de rentabilidade nos investimentos, ao aumento dos dividendos entregues aos acionistas, à diminuição dos lucros retidos pelas empresas e consequentemente ao abrandamento da acumulação, à sobreprodução e ao desemprego. (p. 154) A financeirização não conduziu (como propagandeado) ao aumento do investimento, ao "crescimento e emprego", mas ao seu declínio (p. 50). Os países da OCDE de rendimento elevado detinham em 1990, 80% do PIB mundial, em 2012 reduzira-se para 61% (p. 8, 9).

Numa estrutura Ponzi (especulativa) o fluxo de rendimento acaba por não permitir reembolsar nem os juros nem o principal da dívida. Por conseguinte, o endividamento não pode senão aumentar e conduzir a falências (p. 40). Algo de semelhante se passa com os Estados. Heyman Minsk passou a maior parte da carreira a defender a tese de que os sistemas financeiros estão por natureza sujeitos a acessos especulativos. Foi considerado um "radical" (p. 37).

O otimismo na financeirização, ao qual não foram poupados os reguladores, levou ao abrandamento das normas prudenciais e à desregulamentação, potenciando os riscos. O paradoxo da intervenção pública como tem sido realizada consiste em que os operadores financeiros são tanto mais inclinados a assumir riscos quando sabem que o banco central tudo fará para impedir o risco sistémico de se concretizar (p. 42, 43).

Os defensores da linha de Hayek de que o mercado é um processo de revelação de conhecimento disperso aplicável aos mercados financeiros, negligenciam a dinâmica da criação e preservação do capital fictício e os efeitos de distorção de informação que daí decorrem (p. 138). O que conduz a má apreciação dos riscos e más decisões de investimento. Desde 1980 a desregulação financeira, criou períodos de expansão financeira que terminaram sempre em crise (p. 45).

O capital fictício é tanto um acelerador do desenvolvimento capitalista como fautor de crises, esta ambivalência dá aos seus zeladores no dizer de Marx "o caracter híbrido de escroques e profetas". (p. 63) Grandes bancos manipularam em seu benefício durante mais de duas décadas as taxas Libor e as taxas de câmbio das principais moedas. A procura do desempenho a qualquer custo teve como corolário a fraude, a vigarice. "Os delitos estão presentes desde sempre no mercado e raramente são objeto de procedimento judicial" (B. Madoff, ex-presidente da NASDAQ) (p. 17).

A Golman Sachs que reconheceu ter cometido práticas fraudulentas, teve em 2010 uma multa de 550 milhões de dólares, cerca de 14 dias dos lucros desse ano (p. 19). Os sistemas de crédito paralelo contornam as normas sobre reservas obrigatórias, representam canais de difusão das crises a que as avaliações das agências de rating acrescentam riscos (p. 82).

A legitimação do liberalismo financeiro foi apoiada por economistas e universitários. Larry Summers [1] havia recebido 20 milhões de dólares em anos em que defendeu incansavelmente o liberalismo financeiro. Verificou-se que 19 eminentes universitários diretamente implicados nas reformas financeiras estavam também ligados ao sector privado sem nunca o terem declarado (p. 33).

Como aprendizes de feiticeiro os agentes financeiros foram apanhados na sua própria armadilha e não anteciparam o desastre. Porém (para eles) tudo continua como se nada se tivesse passado, continuando a serem considerados racionais e omniscientes, A cegueira ao desastre e ao conformismo dominam o sistema financeiro (p. 24).

3 ? A vingança dos rentistas

O aumento dos lucros financeiros poderia sugerir que a vingança dos rentistas era a explicação para o paradoxo dos lucros sem acumulação. Porém as (grandes) empresas também obtiveram rendimentos crescentes das suas atividades financeiras (p. 158). No entanto, em prejuízo da sua atividade produtiva, em detrimento do "crescimento e emprego", a fórmula com que a direita e a social-democracia procuram iludir as camadas proletárias.

A reconfiguração do tecido produtivo alinha-se em função do interesse dos acionistas em termos de rendimento a curto prazo. Consiste em "reestruturar e distribuir", isto é reduzir o emprego e separar-se de atividades menos rentáveis, estabelecendo subcontratos. O reforço do poder dos acionistas e a globalização afetou negativamente o investimento estabelecendo uma norma de rentabilidade mínima aquém da qual os projetos produtivos são eliminados. (p. 170) Esta reconfiguração visa libertar mais-valias bolsistas e dividendos, mais que o aumento da eficiência económica, modificando a relação de forças entre acionistas, gestores e trabalhadores (p. 158, 159). É uma lógica predadora: trata-se de garantir que o capital fictício seja sempre convertível em dinheiro, isto é, bens e serviços (p. 188).

Nas vésperas da crise atual, 147 sociedades controlavam 40% do valor do conjunto das TN, sendo elas próprias dominadas por 18 entidades financeiras (p. 114). Estabelece-se uma hierarquia de capitais, na qual os centros capitalistas diretamente ligados aos mercados financeiros dispõem de um poder de mercado que lhe permite transmitir os choques conjunturais às empresas da periferia com o objetivo de atingir e ultrapassar os rendimentos garantidos aos acionistas. A pressão traduz-se na degradação das condições salariais (p. 163).

O parasitismo dos países mais avançados estabelece como que um tributo aos países mais fracos, sob a forma de produtos, recursos naturais e lucros, verificando-se naqueles países uma parte crescente de lucros recebidos do estrangeiro (p. 181). Porém, simultaneamente cresce o peso de atividades cuja dinâmica tende a reduzir-se, crescendo aquelas em que a produtividade estagna (p. 173).

4 ? Uma transferência de riqueza organizada a nível global

Os grandes bancos de investimento e os fundos especulativos organizam a transferência de riqueza a nível global. Com a estabilidade financeira visa-se fazer prevalecer as exigências do capital financeiro sobre as aspirações das populações (p. 124).

Nos EUA os 1% mais rico apoderaram-se de 95% dos ganhos entre 2009 e 2013, aumentando os seus rendimentos em 31,4%. O total dos montantes despendidos pelos Estados para apoiar o sector financeiro (recapitalizações, compra de ativos, nacionalizações", garantias, injeções de liquidez) em 2008 e 2009 foi avaliado pelo FMI em 50,4% do PIB mundial! (p. 51)

Outro aspeto é a liberalização do comércio e dos fluxos de capitais, estabelecendo um exército de reserva do trabalho a nível global. A troca desigual proporciona a capacidade das TN dos países dominantes para remunerar os seus agentes financeiros através dos ganhos provenientes das relações mercantis assimétricas com os seus fornecedores dos países dominados (p. 128).

Com o enfraquecimento do movimento operário o imperialismo e a oligarquia financeira reforçaram o seu poder (p. 184). Em 2006 havia 66 milhões de trabalhadores, em países ou zonas em que impostos e regulamentações são quase inexistentes, em particular as do trabalho, com fiscalização submetida aos interesses e exigências do patronato e salários de 1 ? por dia (p. 177).

Para Hayek as crises não são produzidas por excesso de produção mas por excesso de consumo (p. 60). Justificando assim os planos de austeridade que não são mais que créditos sobre os montantes futuros dos impostos dos quais a finança se apropria (p. 66).

Ganha, pois, uma atualidade nova a famosa afirmação de Marx segundo a qual "numa certa fase do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais entram em conflito com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais tinham existido até então. De formas de desenvolvimento das forças produtivas estas relações tornam-se no seu entrave" (p. 133).

Perante as crises o sistema tem necessidade de relançamento para um rápido aumento dos lucros, recorrendo a choques exógenos, como guerras, contrarrevoluções, derrota dos assalariados, descoberta de novas fontes de matérias-primas (Ernest Mendel) (p. 139).

Esta política não conhece limites e só pode ser posta em causa pela combatividade das camadas populares (p. 190). Eis o que resume as mensagens que propomos reter do livro de Cédric Durand.
[1] Antigo presidente da Universidade de Harvard, conselheiro de Obama e secretário do Tesouro de Clinton.

Ver também:
O Inverno vem aí... , de Jacques Sapir

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
13/Mar/15

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As consequências laborais do TTIP: crónica de um desastre anunciado BASENAME: canta-o-merlo-as-consequencias-laborais-do-ttip-cronica-de-um-desastre-anunciado DATE: Fri, 13 Mar 2015 23:55:42 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As consequências laborais do TTIP: crónica de um desastre anunciado

Dumping social e desregulamentação são as primeiras consequências que se prevêem do que até agora se conhece do Tratado Transatlântico ? TTIP ? Transatlantic Trade and Investment Partnership ? Acordo de livre comércio entre os Estados Unidos da América e a União Europeia.

Face a essas novas reduções nos direitos laborais, a resposta das forças políticas e sindicais deve ser clara e rotunda para conseguir a sensibilização da sociedade e a mobilização contra o Tratado.

A sétima rodada de negociações do TTIP teve lugar há dois meses e as informações que temos sobre o futuro Tratado ainda são escassas e profundamente tendenciosas. O seu impacto, indubitável, sobre os direitos das(os) trabalhadoras(es) de ambos os lados do Atlântico, mantém-se oculto e silencioso.

Em matéria de direitos Laborais, o documento refere-se apenas à obrigação das partes de incluírem no acordo mecanismos para apoiar a promoção do trabalho decente e a implementação dos padrões fundamentais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sem grande concretização. Além deste documento, não é possível encontrar uma referência específica sobre os direitos laborais na informação que publica a UE.

A desclassificação desta escassa informação veio seguida de uma ampla campanha de promoção e justificação do Tratado por parte das instituições europeias. Uma série de relatórios apontam vantagens e o crescimento económico que levaria à assinatura do acordo com os Estados Unidos, indicando que a total abertura comercial geraria biliões de lucro em ambas as economias. Especificamente, afirma-se que 80% dos ganhos que implicaria o acordo, resultarão da redução dos "custos" impostos pela "burocracia e regulamentações", assim como da liberalização do comércio em serviços e na contratação pública, evidenciando que o principal objectivo do acordo não é a redução de tarifas, mas a redução das normas que regulam direitos, entre outros, os laborais.

Esta campanha de propaganda está a ser questionada em diversas áreas científicas, que assinalam, por sua vez, outras perguntas para a qual os economistas defensores do TTIP não têm resposta: quem vai beneficiar desta geração de riquezas? Que grau de afectação no bem-estar da população terão as medidas relativas aos serviços públicos? Pode causar o TTIP uma redução dos direitos laborais?

Centrando-nos nesta última questão, cabe lembrar que a assinatura de um tratado de livre comércio multiplica os casos de prestações transfronteiriças de serviços e de mobilidade transnacional de negócios, colocando em contacto de maneira habitual diferentes ordenamentos jurídicos laborais e diferentes níveis de protecção de direitos. Esta situação não acarretaria problemas se existissem duas circunstâncias: por um lado, o tratado incluir padrões comuns em relação aos direitos laborais (salário mínimo, jornada máxima, direitos colectivos, etc.); por outro lado, e mesmo sem se dar a primeira condição, o tratado incluir uma cláusula de intangibilidade ou não regressividade que obrigasse os Estados-Membros a manter os níveis laborais inalterados. Caso não se dê nenhuma das duas circunstâncias, a experiência diz-nos que, quando entram em contacto ordenamentos laborais díspares e se deixa à livre escolha do capital o lugar para sediar a empresa ou o local onde presta os serviços, produzem-se dois fenómenos já comuns no âmbito da União Europeia: o dumping social e a desregulamentação.

O dumping social é uma estratégia empresarial para baratear custos sociais transferindo a produção para o Estado com direitos laborais mais reduzidos (geralmente salariais). Também é possível que as empresas só desloquem os seus trabalhadores para prestarem serviços no Estado com padrões laborais mais altos, mas mantendo as suas condições de trabalho de origem, situando-se assim numa melhor posição em termos de custos sociais que as empresas nacionais. Por outro lado, a desregulamentação é um fenómeno que ocorre quando, na situação de disparidade normativa antes descrita, os governos pretendem atrair empresas estrangeiras através da redução de direitos laborais (salários inferiores ou facilitação do despedimento).

Todos esses fenómenos fazem parte da realidade da UE. É verdade que para controlar, minimamente, o dumping social e se calarem as críticas respeitantes ao déficit social da UE, se adoptaram diversas medidas de escasso resultado. Entretanto, o fenómeno de desregulamentação converteu-se na estratégia das autoridades financeiras internacionais estabelecida actualmente através dos mecanismos de governação económica da União Europeia. O resultado é evidente e só é necessário observar o agravamento das disparidades em matéria laboral e social no âmbito da União Europeia, com a Grécia, Portugal e Irlanda à frente do desemprego, da precarização, da pobreza e da exclusão.

Face a isto, para avaliar o impacto do TTIP sobre os direitos laborais devem ser tidas em conta duas premissas: em primeiro lugar, que a integração económica no âmbito europeu teve consequências negativas para uma maioria das(os) trabalhadoras(es), especialmente no Sul, apesar dos Estados-Membros da UE, pelo menos até às últimas adesões, ainda compartilharem tradições próximas em relação ao reconhecimento de direitos sociais e laborais; por outro lado, com o TTIP vão entrar em contacto dois sistemas basicamente opostos quanto ao reconhecimento e protecção de direitos laborais, como acontece com o norte-americano e europeu (pelo menos numa maioria dos Estados-Membros da UE). Um olhar pelo número de ratificações de convenções da OIT dá-nos uma ideia desta disparidade: Espanha ratificou 133, França 125, Alemanha 85 e Estados Unidos 14, entre os quais não aparecem as convenções relativas à liberdade sindical.

Perante esta situação, alguns propõem a via de forçar a inclusão no futuro Tratado de cláusulas de não regressividade, de reconhecimento de padrões laborais, de excepção das questões laborais do âmbito de actuação do sistema especial de resolução de controvérsias, etc. No entanto, nenhuma destas cláusulas, no caso duvidoso de se integrarem, evitaria a futura corrida à redução dos direitos laborais. A experiência da UE assim o demonstrou. Não cabem remendos no TTIP, nem em matéria de trabalho, nem meio ambiente, nem saúde. A única possibilidade que temos para manter os nossos direitos é a oposição frontal e terminante dos povos da Europa para mostrar, como já foi feito em frente àquela falsa "Constituição Europeia", que todo o embuste tem um limite. A realização de campanhas, como a da ATTAC, contra o Tratado é agora uma prioridade para sensibilizar as maiorias sociais e alcançar uma mobilização sustentada para fazer face ao antidemocrático e anti-social TTIP. Mais uma vez, a resposta deve vir das ruas e assumir-se como cavalo de batalha pelas forças políticas e sindicais que defendem os direitos das pessoas.
12/Março/2015

O original encontra-se em https://www.nao-ao-ttip.pt/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Obama falha o seu golpe de Estado na Venezuela BASENAME: canta-o-merlo-obama-falha-o-seu-golpe-de-estado-na-venezuela DATE: Wed, 25 Feb 2015 04:52:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

ww.voltairenet.org/article186839.html

Os Estados Unidos, a Alemanha, o Canadá, Israel e o Reino Unido lançam a «Operação Jericó»
Obama falha o seu golpe de Estado na Venezuela

Thierry Meyssan

Mais uma vez, a administração Obama tentou mudar pela força um regime político que lhe resiste. A 12 de fevereiro, um avião da Academi (ex-Blackwater), disfarçado como aeronave do exército venezuelano, devia bombardear o palácio presidencial e matar o presidente Nicolas Maduro. Os conspiradores tinham previsto colocar no poder a antiga deputada Maria Corina Machado e fazê-la aclamar, de imediato, por antigos presidentes latino-americanos.

O presidente Obama tinha prevenido. Na sua nova doutrina de Defesa (National Security Strategy), ele escreveu : «Nós ficaremos do lado dos cidadãos cujo exercício pleno dos direitos democráticos está em perigo, tal como é o caso dos Venezuelanos». Ora, sendo a Venezuela, desde a adopção da constituição de 1999, um dos mais democráticos Estados do mundo, esta frase deixava pressagiar o pior, no sentido de a impedir de prosseguir na sua via de independência e de redistribuição de riqueza.

Foi a 6 de fevereiro de 2015. Washington tinha acabado de terminar os preparativos para o derrube das instituições democráticas da Venezuela. O golpe de Estado tinha sido planificado (planejado-br) para 12 de fevereiro.

A «Operação Jericó» foi supervisionada pelo Conselho Nacional de Segurança (NSC), sob a autoridade de Ricardo Zuñiga. Este «diplomata» é o neto do presidente homónimo do Partido Nacional das Honduras, que organizou os ?putschs? de 1963 e de 1972 a favor do general López Arellano. Ele dirigiu a antena da CIA em Havana, (2009-11) onde recrutou agentes, e os financiou, para formar a oposição a Fidel Castro, ao mesmo tempo que negociava a retomada das relações diplomáticas com Cuba (finalmente concluída em 2014).

Como sempre, neste tipo de operação, Washington vela para não parecer implicado nos acontecimentos que orquestra. A CIA agiu através de organizações pretensamente não-governamentais para dirigir os golpistas : a National Endowment for Democracy (Contribuição Nacional para a Democracia- ndT) e as suas duas extensões, de direita (International Republican Institute) e de esquerda (National Democratic Institute), Freedom House (Casa da Liberdade), e o International Center for Non-Profit Law (Centro Internacional para Assistência Jurídica Gratuita- ndT). Por outro lado, os Estados Unidos solicitam sempre os seus aliados para sub-contratar certas partes dos golpes, neste caso, pelo menos, a Alemanha (encarregada da protecção dos cidadãos da Otan durante o golpe), o Canadá (encarregue de controlar o aeroporto internacional civil de Caracas), Israel (encarregue dos assassínios de personalidades chavistas) e o Reino Unido (encarregue da propaganda dos ?putschistas?). Por fim, mobilizam as suas redes políticas a estarem prontas ao reconhecimento dos golpistas : em Washington o senador Marco Rubio, no Chile o antigo presidente Sebastián Piñera, na Colômbia os antigos presidentes Álvaro Uribe Vélez e Andrés Pastrana, no México os antigos presidentes Felipe Calderón e Vicente Fox, em Espanha o antigo presidente do governo José María Aznar.

Para justificar o ?putsch?, a Casa Branca tinha encorajado grandes companhias venezuelanas a açambarcar, mais do que a distribuir, as mercadorias de primeira necessidade. A ideia era a de provocar filas de espera diante das lojas, depois infiltrar agentes nas multidões para provocar tumultos. Na realidade se existiram, de facto, problemas de aprovisionamento, em janeiro-fevereiro, e filas de espera diante das lojas, jamais os Venezuelanos atacaram os comércios.

Para reforçar a sua actuação económica o presidente Obama havia assinado, a 18 de dezembro de 2014, uma lei impondo novas sanções contra a Venezuela e vários dos seus dirigentes. Oficialmente, tratava-se de sancionar as personalidades que teriam reprimido os protestos estudantis. Na realidade, desde o princípio do ano, Washington pagava uma importância ?quatro vezes superior ao ordenado médio? a gangues para que eles atacassem as forças da ordem. Os pseudo-estudantes mataram, assim, 43 pessoas em alguns meses, e semearam o terror nas ruas da capital.

A acção militar era supervisionada pelo general Thomas W. Geary, a partir do SouthCom em Miami, e Rebecca Chavez, a partir do Pentágono, e sub-contratada ao exército privado da Academi (antiga Blackwater) ; uma sociedade actualmente administrada pelo almirante Bobby R. Inman (antigo patrão da NSA) e por John Ashcroft (antigo Attorney General?Procurador Geral? da administração Bush). Um avião Super Tucano, de matricula N314TG, comprado pela firma da Virgínia, em 2008, para o assassínio de Raul Reyes, o n°2 das Farc da Colômbia, devia ser caracterizado com um avião do exército venezuelano. Ele deveria bombardear o palácio presidencial de Miraflores e outros alvos, entre uma dezena deles pré- determinados, compreendendo o ministério da Defesa, a direcção da Inteligência e a cadeia de televisão da ALBA, a TeleSur. Dado o avião estar estacionado na Colômbia, o Q.G. operacional da «Jericó» tinha sido instalado na embaixada dos Estados Unidos em Bogotá, com a participação directa do embaixador Kevin Whitaker e do seu adjunto Benjamin Ziff.

Alguns oficiais superiores, no activo ou na reforma(aposentação-br), haviam registado, com antecedência, uma mensagem à Nação, na qual anunciavam ter tomado o poder a fim de restabelecer a ordem. Estava previsto que eles subscreveriam um plano de transição, publicado, a 12 de fevereiro, de manhã, pelo El Nacional e redigido pelo Departamento de Estado dos EUA. Um novo governo teria sido formado, dirigido pela antiga deputada Maria Corina Machado.

Maria Corina Machado foi a presidente da ?Súmate?, a associação que organizou e perdeu o referendo revogatório contra Hugo Chávez Frias, em 2004, já com o financiamento da National Endowment for Democracy (NED) e os serviços do publicitário francês Jacques Séguéla. Apesar da sua derrota, foi recebida com toda a pompa pelo presidente George W. Bush, no Salão oval, a 31 de maio de 2005. Eleita como representante pelo Estado de Miranda, em 2011, ela tinha aparecido de súbito, a 21 de março de 2014, como chefe da delegação do Panamá na reunião da Organização dos Estados Americanos (O.E.A). Ela fora, de imediato, demitida do seu lugar de deputada por violação dos artigos 149 e 191 da Constituição (da Venezuela- ndT).

Para facilitar a coordenação do golpe, Maria Corina Machado organizou, em Caracas, a 26 de janeiro, um colóquio, « O Poder da cidadania e a Democracia actual», no qual participaram a maior parte das personalidades venezuelanas e estrangeiras implicadas

Pouca sorte! A Inteligência Militar venezuelana vigiava as personalidades suspeitas de ter fomentado um complô, anterior, visando assassinar o presidente Maduro. Em maio último, o Procurador de Caracas acusava Maria Corina Machado, o governador Henrique Salas Römer, o ex-diplomata Diego Arria, o advogado Gustavo Tarre Birceño, o banqueiro Eligio Cedeño e o empresário Pedro M. Burelli, mas, eles negaram a autoria dos ?e-mails? alegando que tinham sido falsificados pela Inteligência Militar. Ora é claro, eles estavam todos conluiados.

Ao rastrear estes conspiradores a Inteligência Militar descobriu a «Operação Jericó». Na noite de 11 de fevereiro, os principais líderes do complô, e um agente da Mossad, foram presos e a segurança aérea reforçada. Outros, foram apanhados a 12. No dia 20, as confissões obtidas permitiram deter um cúmplice, o presidente da câmara (prefeito-br) de Caracas, Antonio Ledezma.

O presidente Nicolas Maduro interveio imediatamente, na televisão, para denunciar os conspiradores. Enquanto, em Washington, a porta-voz do departamento de Estado fazia rir os jornalistas, que se recordavam do golpe organizado por Obama nas Honduras, em 2009 ?quanto à América Latina?, ou mais recentemente da tentativa de golpe na Macedónia, em janeiro de 2015 ?quanto ao resto do mundo?, declarando a propósito: «Estas acusações, como todas as precedentes, são ridículas. É uma prática política estabelecida de longa data, os Estados Unidos não apoiam mudanças políticas por meios não constitucionais. As mudanças políticas devem ser realizadas por meios democráticos, constitucionais, pacíficos e legais. Nós temos verificado, em várias ocasiões, que o governo venezuelano tenta desviar a atenção das suas próprias acções, acusando para isso os Estados Unidos, ou outros membros da comunidade internacional, por causa de acontecimentos no interior da Venezuela. Estes esforços, reflectem uma falta de seriedade por parte do governo da Venezuela, em fazer face à grave situação com a qual está confrontado».

Para os venezuelanos este golpe, falhado, coloca uma questão séria: como manter viva a sua democracia se os principais líderes da oposição estão na prisão, pelos crimes que se aprestavam a cometer contra a própria democracia? Para aqueles que pensam, erradamente, que os Estados Unidos mudaram, que não são mais uma potência imperialista, e, que agora defendem a democracia no mundo inteiro a «Operação Jericó» é um tema de reflexão inesgotável.

Os Estados Unidos contra a Venezuela
- Em 2002, os Estados Unidos organizaram um golpe de Estado contra o presidente eleito, Hugo Chávez Frias [1], depois, eles assassinaram o juiz encarregado da investigação, Danilo Anderson [2].
- Em 2007, eles tentaram mudar o regime organizando, para tal, uma «revolução colorida» com grupos trotzkistas [3].
- Em 2014, deram a impressão de renunciar ao seu objectivo, mas apoiaram grupos anarquistas afim de vandalizar, e desestabilizar, o país. Foi a Guarimba [4].

Thierry Meyssan

Tradução
Alva

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Syriza: Quando eles dizem que carne na verdade é peixe BASENAME: canta-o-merlo-syriza-quando-eles-dizem-que-carne-na-verdade-e-peixe DATE: Sun, 22 Feb 2015 13:46:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

SYRIZA: Quando eles dizem que carne na verdade é peixe

por KKE [*]

http://resistir.info/grecia/syriza_18fev15.html

Ainda recordamos a imagem de monges na Idade Média, os quais diziam que a carne na verdade era peixe a fim de ultrapassar as dificuldades do jejum infindável. Esta imagem ajusta-se perfeitamente aos desenvolvimentos que nestes últimos dias se têm desdobrado na Grécia sob o governo SYRIZA-ANEL. Aqui estão alguns dados para confirmar isto:

O SYRIZA, como partido de oposição, prometera rasgar o memorando, o qual fora assinado pelos governos anteriores com prestamistas estrangeiros (a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) e que continha as medidas anti-trabalhadores e anti-povo. O SYRIZA como partido de governo revelou que concorda com 70% das "reformas" incluídas no memorando e discorda de 30%, as quais ele descreve como "tóxicas". Na verdade, ele declara que não actuará unilateralmente, mas que procura um novo acordo com os prestamistas o qual desta vez não será chamado de memorando, mas sim de programa, acordo ou ponte.

O SYRIZA, como partido da oposição, declarava guerra à troika de prestamistas estrangeiros e dizia que poria um ponto final a esta. O SYRIZA como partido de governo declara que conversará e responderá às "instituições". Quais instituições? A UE, o BCE e o FMI. Na verdade, exactamente as mesmas pessoas que constituem a troika estão a tomar parte nas conversações em Bruxelas em nome das "instituições".

O SYRIZA como partido da oposição era criticamente cáustico do governo ND-PASOK, o qual apoiava e participava das sanções da UE contra a Rússia e acusava-os de serem servis devido a esta posição. O SYRIZA como partido de governo apoiou as mesmas sanções da UE, assim como a sua escalada, caracterizando a posição do seu governo como sendo um "êxito significativo".

O SYRIZA como partido de oposição tomou posição contra privatizações. Agora, como governo, de acordo com declaração do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, ele declara que "Queremos mudar de posição (move on) da lógica de vendas a preços rebaixados (cut price) para a lógica do seu desenvolvimento em parceria com o sector privado e investidores estrangeiros"! Assim, ambos adoptam as privatizações a fim de reforçar o sector privado e também tentam apresentar outros métodos de privatizações, como parcerias público-privadas e concessões a grupos de negócios, etc, como sendo benéficas.

O SYRIZA como partido de oposição caracterizava a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) como sendo o "livro negro do neoliberalismo". O SYRIZA como partido de governo recebeu em Atenas, nos primeiros dias do seu mandato, Ángel Gurria, presidente da OCDE, o qual teve uma reunião com o primeiro-ministro A. Tsipras. A OCDE, de acordo com a coligação governamental SYRIZA-ANEL, é a organização que ajudará a formular uma lista de medidas a fim de salvaguardar o desenvolvimento (capitalista) na Grécia. Medidas que substituirão a parte "tóxica" do Memorando, os notórios 30%.

O SYRIZA como partido de oposição denunciou a decisão do governo anterior de pagar "dezenas de milhões de Euros a companhias fornecem serviços legais e conselho financeiro". O governo SYRIZA-ANEL contratou a companhia "Lazard" como consultora sobre questões de dívida pública e gestão orçamental, obviamente apreciando a perícia que esta providenciou a governos anteriores do PASOK sob G. Papandreu. Isto não é casual! Além disso o novo ministro das Finanças, Varoufakis (ele foi consultor de G. Papandreu) recorreu aos serviços dos antigos conselheiros de G. Papandreu, J. Galbraith e Elene Panariti, antiga deputada do PASOK. O primeiro é um economista americano, professor na Universidade do Texas, um responsável do Levy Institute, um bem conhecido apologista do capitalismo e apoiante de uma fórmula mais expansionista para a gestão da crise. A última trabalhou para o Banco Mundial. Por outras palavras, ambos servem o sistema e seus mecanismos.

Podíamos acrescentar mais à lista das retractações do SYRIZA e do seu governo "de esquerda", como o facto de que uma série de promessas feitas antes das eleições, com por exemplo o aumento do salário mínimo, foi adiada para o futuro distante. Do mesmo modo, podíamos apontar outros exemplos mais gritantes de responsáveis e conselheiros do social-democrata PASOK que agora estão a servir o governo "de esquerda". Contudo, a questão mais crucial é clarificar que espécie de negociações o actual governo grego está a conduzir com a UE e os outros credores.

As negociações têm um conteúdo concreto o qual não está relacionado com o "alegado fim da austeridade" na Grécia e na Europa, como afirmam o SYRIZA e os outros partidos que participam do Partido da Esquerda Europeia. Além disso, Varoufakis declarou claramente que nos próximos anos, sob o governo do SYRIZA o povo trabalhador deve continuar a viver "frugalmente". As negociações estão relacionadas com as necessidades dos grupos de negócios que decorrem das consequências da crise capitalista profunda bem como da rota da incerta recuperação capitalista na Grécia e na Eurozona como um todo.

Estas negociações estão a ter lugar num terreno hostil para o povo. Isto se prova pela identificação do governo grego com países tais como a França, Itália e acima de tudo os EUA, com todas as implicações negativas que esta posição implica. Estes países podem exercer pressão sobre a Alemanha para os seus próprios interesses mas continuam a mesma linha política hostil ao povo.

Apesar da sua propaganda ruidosa acerca das negociações com a UE e os credores, o SYRIZA declara ao mesmo tempo que partilha muito com eles e que continuará os compromisso anti-povo do país em relação à UE e à NATO.

Portanto, o povo grego e os demais povos não deveriam deixar-se cair na armadilha de serem separados entre "merkelistas" e "obamistas" e divididos numa luta sob falsas bandeiras. Eles têm de organizar sua luta e exigir a recuperação das perdas quando aos seu rendimento e seus direitos. Eles deveriam exigir a solução dos problemas dos trabalhadores e do povo de acordo com as suas necessidades contemporâneas. Devem lutar pela saída que trará esperança: a socialização dos monopólios, o desligamento das uniões imperialistas da UE e da NATO com o povo a tomar as rédeas do poder. Isto pavimentará o caminho para a única via oportuna e realista que leva à verdadeira emancipação do povo: a construção de uma nova sociedade, socialista.
Ver também:
La victoria de SYRIZA commociona Europa
Syriza nominating right-wing Pavlopoulos as presidential candidate
Grèce: pourquoi une dette à 100% du PIB avant la crise?
Ha empezado el pulso

[*] Partido Comunista Grego.

A versão em inglês encontra-se em inter.kke.gr/en/articles/SYRIZA-When-they-say-that-meat-is-actually-fish/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
19/Fev/15

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO:A Capitulação do Governo de Syriza BASENAME: canta-o-merlo-a-capitulacao-do-governo-de-syriza DATE: Sun, 22 Feb 2015 12:53:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info/

A CAPITULAÇÃO DO GOVERNO SYRIZA

No dia 20 de Fevereiro consumou-se a capitulação do governo grego diante do Eurogrupo. Ela só desilude aqueles que alimentavam ilusões. Ao contrário do que diz a desinformação dos media de referência, o Syriza nada tem de radical ? é apenas um partido social-democrata (herdeiro do apodrecido Pasok). Como sempre, o destino desta gente é capitular. Hoje já pouco ou nada distingue a social-democracia do neoliberalismo puro e duro. É o caso do Syriza, que nunca pôs em causa a saída do Euro, da UE ou da NATO e muito menos o capitalismo. Assim, bravatas à parte, a intransigência do Eurogrupo encontrou na verdade um governo grego submisso e cordato. Após as enormes cedências que já havia feito em relação ao seu programa eleitoral, o governo Syriza cedeu ainda mais durante as negociações e acabou por capitular em praticamente toda a linha. As "concessões" obtidas foram cosméticas. Exemplo: o que antes se chamava Troika agora passa a chamar-se "instituições" e estas são (adivinhem) o FMI, o BCE e a UE. Grande mudança! Os arraiais reformistas portugueses, que tão entusiasmados estavam com as ditas negociações, o que dirão agora?
A acta da capitulação está em www.consilium.europa.eu/...

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A "praga" PP-PSOE deixa à metade de Espanha na pobreza, mas gasta 137.000 " em comida para gatos BASENAME: canta-o-merlo-lbga-praga-pp-psoe-deixa-a-metade-de-espanha-na-pobreza-mas-gasta-137-000-em-comida-para-gatos-l-bg DATE: Wed, 18 Feb 2015 20:16:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.espiaenelcongreso.com/

A "praga" PP-PSOE deixa à metade de Espanha na pobreza, mas gasta 137.000 " em comida para gatos

"Espanha está a crescer", "Saímos da crise", "está a criar-se emprego"" Nada mais longe de umha realidade que nom escandaliza à imprensa, segundo o último relatório do European Anti Poverty Network (EAPN): os presidentes Zapatero (PSOE) e Rajoi (PP) deixárom entre 2009 e 2013 a arrepiante cifra de 12,8 milhons de pobres em Espanha, praticamente a metade da populaçom activa. A vergonha própria e alheia o oculta, mas há mais: 50% dos cidadás ganha entre 0 e 1.000 euros ao mês, o que significa que "67% das pessoas tem dificuldades para chegar o fim de mês". EAPN é concluí-te: Espanha ocupa já o quinto lugar na lista dos países europeus mais desiguais e pobres: só estám pior Bulgária, Grécia, Roménia e Letónia. Mas isso sim: existem 1 milhom de contratos públicos que nengum partido do regime pediu rever ou anular, sequer transitoriamente, ante esta catástrofe humanitária, o que dá lugar a gastos insultantes como que a alimentaçom dos animais da Casa Real custe anualmente 137.000 euros, entre ela a de vários "gatos adultos" de carácter doméstico. Rádio 3w aborda este assunto com Juan Carlos Llano, responsável por EAPN em Espanha, durante o seu programa de "Espia no Congresso" nesta quinta-feira 12 de Fevereiro em directo às 16.00 (hora peninsular espanhola). Também participa Ana Garrido, a funcionária de Boadilla del Monte (Madrid) que destapou a Gürtel e que está a ser perseguida e acurralada por isso: a notícia da sua acosso que proporcionou "Espia no Congresso" converteu-se num fenômeno viral. Por último, abordamos o caso da fraude fiscal do presidente do Senado, Pío García Escudeiro (PP), que foi "perdoado" polo ministro de Fazenda, Cristóbal Montoro.

O afundimento social que reflecte o relatório do European Anti Poverty Network (EAPN) exigisse severas medidas de choque a qualquer cargo público ou alto funcionário com um mínimo de decência e alcançaria a notícia de portada de qualquer meio com sensibilidade cidadá, por enzima das habituais corrupçons políticas, dado o elevado número de espanhóis aos que afecta. De facto, dá nas vistas internacional. Contodo, as honras de primeira notícia tenhem-las os novos Reis (Filipe VI e Leticia) porque se tenhem "baixado" o salário até os 360.000 euros anuais, enquanto se mantém a "pensom" dos antigos (Juan Carlos e Sofia) em quase 300.000 " anuais.

Por contra, a sociedade civil espanhola afunda-se economicamente mas dedicar 137.000 euros a comida de animais régios permite-o o facto de que cada ano se ratificam 1 milhom de contratos do Estado (desde Ministérios a Autonomias, Câmaras municipais, Deputaçons, Universidades ou Televisons públicas) que se renovam praticamente por inércia administrativa porque nengum político ou alto funcionário atreveu-se a questionar a sua necessidade. E como mostra esse botom: no dia em que a Casa Real anuncia em todos os diários que Filipe VI "baixa-se o salário 20%", o país dos dous reis (Juan Carlos I e a Rainha Sofia seguem cobrando como tais) mantém através de Património Nacional (um ente que se haver desgajado de Casa Real para que nom avultem demasiado os seus gastos) esse pago que resulta insultante: 137.000 euros anuais em "alimentaçom de espécies animais", entre eles vários "gatos adultos" régios.

E é que os animais da Casa Real gastam em comida bem mais que a maioria dos fogares espanhóis: concretamente 5.000 euros ao mês. A quantidade sube graças a um contrato que ademais subscreveu o Ministério da Presidência do Governo que dirige Soraya Sáenz de Santamaría, pois estes gastos separárom-se dos da Casa Real para que esta nom pareça cara ou caprichosa a olhos dos cidadás que a custeam. De facto, estes contratos "domésticos" dos palácios do rei assumiram-nos sempre tantos os Governos do PP como os do PSOE.

Vitaminas A, D e E, sulfato cúprico, proteico do nitrogênio, penso antiparasitario, "em nengum caso admitira-se subproductos cárnicos, farinhas de origem animal, nem de carne nem de peixe" e o fosfato será "de origem mineral, nom de ossos". "Aminoácidos protegidos, correctores térmicos e achegue de selenio encapsulado" som outros componentes alimentícios que Moncloa adquiriu para os animais da Casa Real que habitam os seus palácios de Verao e de Inverno. O contrato detalha a dieta dos jabarís, cervos e coelhos dos seus cotos de caça que logo serám abatidos polo monarca, pois especifica que o "ponto de subministraçom" é o Pardo: proteína, celulose, metionina, lisina, ademais de sódio, cálcio, fósforo e magnésio. O mesmo ocorre para os "faisanes, perus reais e ánades" do Palácio de Aranjuez, assim como para o seu "passaros exóticos diamantes". Inclusive os gatos que estám em nómina alimentícia da Casa Real no Campo do Mouro e outros que o contrato especifica que som "domésticos" som tratados a corpo de rei: proteína bruta, matérias gorduras brutas, celulosa bruta, cinzas brutas e cálcio e fósforo junto com pinto, proteínas desidratadas de ave, arroz, farinha de glute, proteínas de salmom e até cítricos ricos em bioflavonoides.

Mas se a imprensa coincide na sua portada aduladoras dos novos reis e a sua suposta austeridade, o verdadeiro é que o relatório EAPN documenta como as elites espanholas seguem desfrutando do seu nível de vida anterior à crise e mesmo o aumentárom ligeiramente. Para EAPN, ser "rico" em Espanha equivale a ter um salário público ou privado de ao menos 2.300 euros ao mês. E tem-no só 4.712.978 pessoas ("10% mais rico da populaçom", di EAPN), que possui ingressos superiores a 27.860,5 " ao ano.

Por baixo desses 4,7 milhons de "privilegiados" estám 42 milhons de cidadás: existem 4.712.978 pessoas (10% da populaçom em 2013) cujos ingressos anuais som inferiores a 5.567 "; outras 4.712.978 pessoas cujos ingressos anuais estám entre 5.568 " e 8.051,5 euros, que som as que conformam o decil 2, e assim sucessivamente até chegar a essa elites públicas ou privadas. "Com respeito ao último grupo, destacar que a média dos seus ingressos é de 38.753 ", mais de doce vezes superior à média de ingressos de 10% mais pobre da populaçom".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A União Europeia e o Euro serviram para enriquecer a Alemanha BASENAME: canta-o-merlo-a-uniao-europeia-e-o-euro-serviram-para-enriquecer-a-alemanha DATE: Sun, 08 Feb 2015 18:48:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A União Europeia e o Euro serviram para enriquecer a Alemanha

por Eugénio Rosa [*]

http://resistir.info/e_rosa/ue_alemanha_31jan15.html

Com a vitória do Syriza na Grécia uma santa aliança se levantou em toda a UE contra o povo grego. E como não podia deixar de ser os que, em Portugal, estão sempre com sra. Merkel e com Bruxelas, e têm acesso fácil aos media, levantaram-se em uníssono contra um povo que teve a coragem de desafiar os burocratas de Bruxelas e de Berlim, que vêm assim o seu poder antidemocrático e mordomias serem postas em causa.

E a santa aliança interna manifestou-se logo pela voz de Passos Coelho que, dando mais uma vez provas do seu primarismo, classificou o programa do Syriza, que visa acudir à tragédia humanitária que atingiu a Grécia e restabelecer a dignidade do povo grego, como um "conto de crianças". Na SIC, José Gomes Ferreira , o defensor da "austeridade que resulta", com o seu ar convencido e professoral, previu uma tragédia final para a Grécia e para a UE e com isso tentou, mais uma vez, amedrontar e imobilizar os portugueses. No semanário SOL, José António Saraiva considerou que a experiência grega, condenada ao fracasso, será a "vacina" necessária para todos aqueles que ousam por em causa a politica de empobrecimento imposta pela UE e que afirmam que existe uma alternativa a esta politica de destruição do país. No Expresso, Henrique Monteiro caracteriza o programa do Syriza como "um programa para desesperados, irresponsável e deve ser criticado" Na RTP, José Rodrigues Santos , em comentário de Atenas às eleições gregas, no seu ar brejeiro característico, procurando denegrir o povo grego, afirmou que os "gregos fazem-se de paralíticos para ter um subsidiozinho". Outros, embora não se atrevam a exteriorizar, desejam no seu interior o fracasso da experiencia grega para depois dizer que tinham razão, como se possuíssem a "solução milagrosa" e a alternativa não fosse lutar pela mudança.

É uma verdadeira santa aliança de todos que estão curvados perante os burocratas de Bruxelas e a sra. Merkel, procurando assim obter as suas graças, que se levantou contra os que ousam desafiar Bruxelas. E um dos argumentos mais utilizados nesta campanha, embora sem se darem ao trabalho de o provar, é que os outros países e, nomeadamente a Alemanha, não têm nem estão dispostos a pagar a fatura grega.

Interessa pois analisar com objetividade e profundidade este argumento, ou seja, se é a Alemanha que financia os outros países, ou se o nível de vida dos alemães é conseguido à custa da transferência de riqueza de outros países para a Alemanha. Para isso vamos utilizar dados da própria Comissão Europeia constantes da sua base de dados AMECO.

O BEM-ESTAR DOS ALEMÃES É CONSEGUIDO À CUSTA TAMBÉM DA RIQUEZA CRIADA EM OUTROS PAÍSES E TRANSFERIDA PARA A ALEMANHA

O quadro 1,construído com dados oficiais da Comissão Europeia, mostra de uma forma clara e sintética os resultados para três países ? Alemanha, Grécia e Portugal ? da criação da União Europeia e, nomeadamente, da Zona do Euro em 2002.

Para que os dados do quadro sejam mais claros interessa ter presente o significado dos conceitos que são utilizados nele: (1) PIB, ou seja, o Produto Interno Bruto , corresponde ao valor da riqueza criada em cada país em cada ano pelos que residem nesse país; (2) PNB, ou seja, Produto Nacional Bruto , corresponde à riqueza que os habitantes de cada país dispõem em cada ano que pode ser maior do que a produzida no país (no caso da transferência de riqueza do exterior ser superior à riqueza produzida no país em cada ano transferida para o exterior) ou então pode ser menor que a produzida no país (no caso de uma parte da riqueza produzida no país ser transferida para o exterior e não ser compensada pela que recebe do exterior).

E como os próprios dados divulgados pela Comissão Europeia mostram, antes da entrar para a União Europeia, o PIB alemão era superior ao PNB, o que significava que uma parte da riqueza criada na Alemanha era transferida para o exterior beneficiando os habitantes de outros países. No entanto, após a entrada para a União Europeia, o PNB alemão passou a ser superior ao PIB alemão. Isto significa que a riqueza que os alemães passaram a dispor após a criação da União Europeia, e nomeadamente da Zona Euro passou a ser muito superior ao valor da riqueza produzida no próprio país, o que é só possível por meio da transferência da riqueza criada pelos trabalhadores dos outros países para a Alemanha. Na Grécia e em Portugal aconteceu precisamente o contrário. Mas observem-se os dados do quadro que são extremamente claros.

Quadro 1 ? Transferência de riqueza criada em outros países para a Alemanha
e transferência de riqueza criada na Grécia e em Portugal para o exterior
a preços de mercado ? 1995/2015
'.

Observem-se com atenção os dados do quadro 1, mas recorde-se mais uma vez o seguinte: PIB é o valor da riqueza criada anualmente no país; o PNB é o valor da riqueza que o país tem ao seu dispor em cada ano. São duas coisas diferentes E quais as conclusões que se tiram dos dados da Comissão Europeia constantes do quadro 1?

Comecemos pela Alemanha. Até 2002, o PNB alemão era inferior ao PIB alemão, o que significava que uma parcela da riqueza criada na Alemanha ia beneficiar os habitantes de outros países. A partir da criação da Zona Euro em 2002, a situação inverte-se rapidamente: o PNB alemão passa a ser superior ao PIB alemão, ou seja, superior ao valor da riqueza criada na Alemanha. Isto significa que uma parcela da riqueza criada em outros países é transferida para a Alemanha indo beneficiar os habitantes deste país. Só no período 2003-2015 estima-se que a riqueza criada em outros países que foi transferida para Alemanha, indo beneficiar os seus habitantes, atingiu 677.945 milhões ?, ou seja, o correspondente a 3,8 vezes o PIB português.

Na Grécia e em Portugal aconteceu precisamente o contrário como mostram os dados da Comissão Europeia. Na Grécia até 2001, o PNB grego (a riqueza que o país dispunha anualmente) era superior ao PIB (o que era produzido no pais). No entanto, a partir de 2002, com a criação da Zona Euro, começa a verificar-se precisamente o contrário. Uma parcela da riqueza criada na Grécia é transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes dos outros países. Em Portugal aconteceu o mesmo mas logo após a entrada para a União Europeia em 1996.

Como revelam os dados da Comissão Europeia constantes do quadro 1, se consideramos o período que vai desde a criação da Zona do Euro (2002-2015) a riqueza criada na Grécia que foi transferida para o exterior, indo beneficiar os habitantes de outros países, já atinge 48.760 milhões ?.

Em Portugal tal situação começou poucos anos depois de entrar para a União Europeia. Em 1995, o PNB português, ou seja, a riqueza que o país dispôs nesse ano ainda era superior ao PIB, ou seja, à riqueza criada nesse ano em Portugal, em 353 milhões ?. A partir de 1996, o PIB passou a ser superior ao PNB, ou seja, uma parte crescente da riqueza criada em Portugal começou a ser transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes de outros países. No período 1996-2015, o valor do PIB deste período (20 anos) é superior ao valor do PNB deste período em 70.751 milhões ?. Tal é o montante de riqueza líquida criada em Portugal que foi transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes de outros países, incluindo os da Alemanha. E como mostram também os dados do quadro 1, após a entrada de Portugal na Zona Euro em 2002, a transferência da riqueza criada em Portugal para outros países aumentou ainda mais (só no período da "troika" e do governo PSD/CDS a transferência liquida de riqueza para o exterior que foi beneficiar os habitantes de outros países atingiu 20.807 milhões ?).

Portanto, afirmar como fazem os defensores em Portugal da sra. Merkel e dos burocratas de Bruxelas que é a Alemanha que financia tudo é não compreender os mecanismos de funcionamento atual da economia mundial; é no fundo mostrar ignorância ou mentir. Mas não é apenas neste campo que se verifica esta transferência de riqueza. Existem outros campos e outros mecanismos que abordaremos em estudos futuros.

MAIS DE DOIS MILHÕES DE PORTUGUESES NO LIMIAR DA POBREZA SEGUNDO O INE

Esta transferência maciça de riqueza criada em Portugal para outros países, associada à destruição nomeadamente da agricultura, das pesca e da indústria e, consequentemente, também do emprego, tem causado o aumento rápida da miséria como revelam os dados divulgados pelo INE em 30/1/2015 e constantes do quadro 2.

'.

Como revelam os dados do INE, em 2010, ano anterior à entrada da "troika" e do governo PSD/CDS, 42,5% dos portugueses, ou seja, 4.431.603 estariam no "limiar da pobreza" se não existissem prestações sociais; em 2013, essa percentagem já tinha aumentado para 47,8% dos portugueses, ou seja, para 4.984.250 (+552.647).

Mas mais grave é o aumento verificado após o pagamento das prestações sociais (pensões, Rendimento Social de Inserção, Complemento Solidário de Idoso, abono de família, etc.). Como consequência da politica da " troika " e do governo PSD/CDS de cortes na área das prestações sociais aos mais desfavorecidos, o numero de portugueses na pobreza aumentou, entre 2010 e 2013, de 1.876.914 (18% da população portuguesa) para 2.033.324 (19,5% da população portuguesa). Em Dezembro de 2014, 35% dos jovens portugueses estavam desempregados, e o desemprego oficial atingia 695 mil portugueses. E segundo o INE o desemprego é a maior causa da miséria em Portugal (40,5% dos desempregados viviam no limiar da pobreza já em 2013 segundo o INE). Passos Coelho, procurando desmentir os dados do INE afirmou em Fátima, em 31/1/2015, que os dados do INE " são um eco do que o país passou, mas não a situação atual " pois referem-se a 2013, como se a mentira pudesse alterar a realidade. A confirmar está o facto de ter sido incapaz de apresentar quaisquer outros dados

As desigualdades entre ricos e pobres aumentou muito nestes últimos anos em Portugal, como consequência da politica de austeridade recessiva, que agrava as desigualdades imposta pela "troika" e pelo governo PSD/CDS aos portugueses. Como revelam também os dados do INE constantes do quadro anterior, entre 2010 e 2013, o número de vezes que o rendimento dos 10% da população mais ricos é superior ao dos 10% mais pobres aumentou de 9,4 vezes para 11,1 vezes. O Coeficiente de Gini, um indicador das desigualdades atingiu, em 2013, 34,5%, muito superior à média da União Europeia, que é 30,5%, sendo mesmo o mais elevado em toda a Zona Euro.

Dizer neste contexto, como fazem Passos Coelho e Paulo Portas, e o PSD e o CDS, que estamos agora melhor que antes da entrada da "troika" e deste governo, é procurar enganar a opinião pública, é mentir descaradamente, pois as finanças e a economia devem servir as pessoas, e estas não devem ser sacrificadas no altar das finanças.
31/Janeiro/2015
[*] edr2@netcabo.pt

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Brasil e a política do neoliberalismo Presidente Rousseff declara guerra à classe trabalhadora BASENAME: canta-o-merlo-lbgo-brasil-e-a-politica-do-neoliberalismo-presidente-rousseff-declara-guerra-a-classe-trabalhadora-l-bg DATE: Fri, 30 Jan 2015 14:51:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O Brasil e a política do neoliberalismo
Presidente Rousseff declara guerra à classe trabalhadora

por James Petras

http://resistir.info/petras/petras_brasil_14dez14.html

A classe trabalhadora brasileira está a enfrentar o mais selvagem assalto aos seus padrões de vida em mais de uma década. E não são apenas os trabalhadores industriais que estão sob ataque. Os trabalhadores rurais sem terra, os empregados assalariados do sector público e privado, professores, profissionais da saúde, desempregados e pobres estão a enfrentar cortes maciços no rendimento, nos empregos e nos pagamentos de pensões.

Quaisquer que tenham sido os ganhos obtidos entre 2003-2013, serão revertidos. Os trabalhadores brasileiros enfrentam uma "década de infâmia". O regime Rousseff abraçou a política do "capitalismo selvagem" tal como personificado na nomeação de dois dos mais extremos advogados de políticas neoliberais.

O "Partido dos Trabalhadores" e a ascendência do capital financeiro

No princípio de Dezembro de 2014, a presidente Rousseff nomeou Joaquim Levy como o novo ministro das Finanças ? de facto o novo czar económico para dirigir a economia brasileira. Levy é um importante membro da oligarquia financeira brasileira. Entre 2010-2014 foi presidente do Bradesco Asset Management, um braço de gestão de activos do gigantesco conglomerado Bradesco que administra mais de 130 mil milhões de dólares. Desde os seus tempos de doutoramento na Universidade de Chicago, Levy é um leal seguidor do supremo neoliberal, o professor Milton Friedman, antigo conselheiro económico do ditador militar chileno Augusto Pinochet. Como antigo responsável de topo no Fundo Monetário Internacional (1992-1999), Levy foi um forte advogado de duros programas de austeridade os quais uma década depois empobreceram o Sul da Europa e a Irlanda. Durante a presidência de Henrique Cardoso, Levy actuou como estratega económico de topo, envolvido directamente na maciça privatização de empresas públicas lucrativas ? a preços de saldo ? e na liberalização do sistema financeiro, a qual facilitou a saída financeira ilícita de US$15 mil milhões por ano. A presença de Levy como membro eminente da oligarquia financeira do Brasil e seus profundos e antigos laços a instituições financeiras internacionais é precisamente a razão porque a presidente Rousseff o colocou como responsável da economia brasileira. A nomeação de Levy é parte integral da adopção por Rousseff de uma nova estratégia de aumentar amplamente os lucros do capital financeiro estrangeiro e interno, na esperança de atrair investimentos em grande escala e findar a estagnação económica.

Para a presidente Rousseff e seu mentor, o ex-presidente Lula da Silva, toda a economia deve ser direccionada para obter a "confiança" da classe capitalista.

As políticas sociais que foram implementadas anteriormente são agora sujeitas à eliminação ou redução, pois o novo czar financeiro, Joaquim "Jack o Estripador" Levy, avança na aplicação da sua "terapia de choque". Cortes profundos e abrangentes na parte do rendimento nacional que cabe ao trabalho estão no topo da sua agenda. O objectivo é concentrar riqueza e capital nos dez por centos superiores na esperança de que invistam e aumentem o crescimento.

Se bem que a nomeação de Levy represente decididamente uma viragem para a extrema-direita, as políticas e práticas económicas dos doze anos anteriores prepararam os fundamentos para o retorno de uma versão virulenta da ortodoxia neoliberal.

Os fundamentos económicos para o retorno de capitações selvagens

Durante a campanha eleitoral em 2001, Lula da Silva assinou um acordo económico com o FMI que garantia um excedente orçamental de 3%. Lula quis tranquilizar banqueiros, financeiros internacionais e multinacionais assegurando que o Brasil pagaria seus credores, aumentaria as reservas [de divisas] estrangeiras para remessa de lucros e fluxos financeiros ilícitos para o exterior.

A adopção por Lula de políticas orçamentais conservadoras foi acompanhada pelas suas políticas de austeridade, redução de salários de funcionários públicos e de pensões, bem como de proporcionar apenas aumentos marginais no salário mínimo. Acima de tudo, Lula apoiou todas as privatizações corruptas que tiveram lugar sob o anterior regime Cardoso. No fim do primeiro ano de Lula no governo, em 2003, a Wall Street louvou-o como o "Homem do ano" pelas suas "políticas pragmáticas" e a sua desmobilização e desradicalização dos principais sindicatos e movimentos sociais. Em Janeiro de 2003, o presidente Lula da Silva nomeou Levy como secretário do Tesouro, uma posição que ele manteve até 2006 ? o mais socialmente regressivo período da presidência Lula da Silva. Este período também coincidiu com uma série de escândalos de corrupção enormemente lucrativos, de muitos milhares de milhões de dólares, envolvendo dúzias de altos responsáveis do PT no regime Lula que recebiam comissões clandestinas das principais companhias de construção.

Dois acontecimentos em meados dos anos 2000 permitiram a Da Silva moderar suas políticas e introduzir reformas sociais limitadas. O boom das commodity ? um aumento agudo na procura e nos preços das exportações agro-minerais ? encheu os cofres do Tesouro. E a pressão acrescida dos sindicatos, dos movimentos rurais e dos pobres por uma fatia na prosperidade económica levou a aumentos em gastos sociais, salários e crédito fácil sem afectar a riqueza, propriedade e privilégios da elite. Com o boom económico, Lula podia também satisfazer o FMI, o sector financeiro e a elite dos negócios com subsídios, isenções fiscais, juros baixos nos empréstimos e lucrativos contratos estatais com "sobrepreços". Os pobres receberam 1% do orçamento através de uma "subvenção familiar", uma esmola de US$60 por mês, e trabalhadores mal pagos receberam um salário mínimo mais alto. O custo do bem-estar social (social welfare) foi uma fracção dos 40% do orçamento que os bancos receberam em pagamentos do principal e de juros na dúbia dívida pública incorrida pelos anteriores regimes neoliberais.

Com o fim do boom, o governo de Rousseff reverteu às políticas ortodoxas de Lula no período 2003-2005 e renomeou Levy para executá-las.

A terapia de choque de Levy e suas consequências

A tarefa de Levy de reconcentrar rendimento, ascender lucros e reverter políticas sociais será muito mais árdua em 2014-2015 do que foi em 2003-2005. Principalmente porque, anteriormente, ele estava simplesmente a continuar as políticas do regime Cardoso ? e Lula prometeu aos trabalhadores que isso era apenas temporário. Hoje Levy deve cortar e retalhar ganhos que os trabalhadores e os pobres consideravam como garantidos. De facto, em 2013-2014 movimentos de massa urbanos pressionavam por maiores despesas sociais em transportes, educação e saúde.

Para a terapia de choque de Levy avançar, em algum ponto será necessária repressão, como foi o caso no Chile e na Europa do Sul quando políticas de austeridade semelhantes deprimiram rendimentos e multiplicaram o desemprego.

Levy propõe resgatar os interesses do capital financeiro tomando várias medidas cruciais, as quais estarão alinhadas com a agenda da Wall Street, da City de Londres e dos potentados financeiros brasileiros. Consideradas na sua totalidade, as políticas financeiras de Levy equivalem a "tratamento de choque" ? medidas económicas duras e rápidas aplicadas contra os padrões de vida dos trabalhadores, o equivalente a choques eléctricos em pacientes com perturbações aplicados por psicólogos dementes a afirmarem que "sofrimento é ganho", mas que mais frequentemente transformam os pacientes em zumbis ou coisa pior.

A primeira prioridade de Levy é cortar e retalhar investimentos públicos, pensões, pagamentos por desemprego e salários do sector público. Sob o pretexto de "estabilizar a economia" (para os grupos financeiros) ele desestabilizará a economia familiar de dezenas de milhões. Ele cancelará isenções fiscais para a massa de consumidores que compra carros, electrodomésticos e "produtos da linha branca", aumentando portanto os custos para milhões de famílias da classe trabalhadora ou expulsando-as do mercado através dos preços. O objectivo de Levy é desequilibrar orçamentos familiares (aumento da dívida em relação ao rendimento) a fim de aumentar o excedente do orçamento do Estado e assegurar plenos e prontos pagamentos de dívidas a credores como o seu próprio conglomerado Bradesco.

Em segundo lugar, Levy "ajustará" preços. Mais especificamente o controle do preço final de combustíveis, energia e transportes de modo a que os oligarcas financeiros com milhões de acções naqueles sectores possam elevar preços e "ajustar" sua riqueza ascendente para os milhares de milhões de dólares. Em consequência, a classe trabalhadora e a média terão de gastar uma maior fatia do seu rendimento declinante com combustível, transporte e energia.

Em terceiro lugar, Levy provavelmente deixará a divisa enfraquecer a fim de promover exportações agro-minerais sob o disfarce da maior "competitividade". Mas uma divisa mais barata aumentará o custo de importações, especialmente de alimentos básicos e bens manufacturados. A desvalorização de facto atingirá mais duramente os milhões que não podem proteger suas poupanças e favorecerá os especuladores financeiros que capitalizarão nos movimentos da divisa. E estudos comparativos demonstram que uma divisa mais barata não aumenta necessariamente os investimentos produtivos.

Em quarto lugar, é provável que Levy afirme que as falhas de energia devidas à seca, a qual reduziu a produção das hidroeléctricas do Brasil, exigem "reforma" do sector da energia, eufemismo de Levy para privatização. Ele proporá a liquidação do gigante semi-público Petrobrás e acelerará a privatização da exploração de sítios offshore, em termos favoráveis a grandes bancos de investimento.

Em quinto lugar, é provável que Levy retalhe e incinere regulamentações ambientais e de negócios, incluindo aquelas que afectam a floresta tropical, direitos do trabalho e dos índios, a fim de facilitar a entrada e saída rápida de capital financeiro.

A "terapia de choque" de Levy terá um profundo impacto social e económico sobre a sociedade brasileira. Toda indicação, de experiências passadas e presentes, é que em todo o país onde "Chicago boys", como Levy, aplicaram sua fórmula de "choque", o resultado foi profunda recessão económica, regressão social e intranquilidade política.

Ao contrário das expectativas da presidente Rousseff, cortes em crédito, salários e investimento público deprimirão a economia ? remetendo-a da estagnação para a recessão. A retrógrada equilibragem do orçamento diminui a procura e não induz fluxos de capital produtivo. Os sectores de crescimento mais dinâmico na manufactura, indústria automobilística, serão drástica e adversamente afectados pelos aumentos nos impostos sobre compras. E o mesmo se passa quanto a electrodomésticos.

Até agora a expansão do investimento público fora a principal força condutora do magro crescimento económico. Não há razão racional para acreditar que vastos fluxos de capitais privados subitamente preencherão a lacuna, especialmente num mercado em contracção. Isto é especialmente verdadeiro se, como é provável que aconteça, o conflito de classe se intensificar na generalidade devido a reduções em salários e padrões de vida.

Levy, como todos os fanáticos do mercado livre, argumentará que a recessão e regressão é necessária a curto prazo e que "no longo prazo" terá êxito. Mas em todos os países contemporâneos que seguiram sua fórmula de choque, o resultado foi a regressão prolongada. A Grécia, Espanha, Itália e Portugal estão no sétimo ano de austeridade que induziu a depressão e a sua dívida pública está em crescimento .

As efectivas consequências reais da terapia de choque

Temos de por de lado as afirmações ideológica de "estabilidade e crescimento" dos Levyitas e olhar para os resultados reais das políticas que ele promete.

Em primeiro lugar e acima de tudo, as desigualdades aumentarão porque quaisquer ganhos no rendimento serão a seguir concentrados no topo. As políticas do governo de desregulamentação orçamental e das taxas de câmbio aprofundarão os desequilíbrios na economia, favorecendo credores em relação a devedores, a finança estrangeira em relação a manufacturas locais, os proprietários de capital em relação aos trabalhadores assalariados, o sector privado em relação ao sector público.

Levy na verdade "assegurará a confiança do capital" porque o que é alcunhado como "confiança do investidor" repousa sobre uma licença sem empecilhos para pilhar o ambiente, reduzir salários e explorar um crescente exército de reserva de desempregados.

Conclusão

A terapia de choque de Levy intensificará a tensão de classe e inevitavelmente resultará na ruptura do pacto social entre o regime do assim chamado Partido dos Trabalhadores e os sindicatos, os trabalhadores rurais sem terra e os movimentos sociais urbanos.

Rousseff e a liderança do pretenso "Partido dos Trabalhadores", confrontada com a estagnação económica resultante do declínio no preços das commodities e da decisão do capital privado de evitar investimentos, podia ter optado por socializar a economia, acabar com o capitalismo de compadrio (crony capitalism) e aumentar o investimento público. Ao invés disso, eles capitularam. Rousseff reciclou as políticas neoliberais ortodoxas que Lula implementou durante os primeiros dois anos do seu regime.

Ao invés de mobilizar trabalhadores e profissionais para mudanças estruturais mais profundas, Rousseff e Lula da Silva estão a contar com a "ala esquerda" do PT para lamentar, criticar e conformar-se. Eles estão a contar com líderes cooptados da confederação sindical (CUT) para hiper-ventilar e limitarem-se a protestos simbólicos inconsequentes os quais não abalarão a "terapia de choque" de Levy. Contudo, o âmbito, profundidade e extremismo do assim chamado programa de ajustamento e estabilização de Levy provocarão greves gerais, sobretudo no sector público. Os cortes na indústria automobilística e o aumento do desemprego resultarão em acções de protesto no sector manufactureiro. Os cortes no investimento público e a ascensão nos custos do transporte, cuidados de saúde e educação revitalizarão os movimentos de massa urbanos.

Dentro de um ano, as políticas de choque de Rousseff e Levy converterão o Brasil num caldeirão fervente de descontentamento social. Os gestos pseudo-populistas de Lula e a retórica vazia não terão efeitos. Rousseff não será capaz de convencer o povo trabalhador a aceitar o viés de classe do programa de "austeridade" de Levy, seus incentivos para "ganhar a confiança dos mercados internacionais" e sua política de contracção do rendimento da vasta maioria do povo trabalhador.

As políticas de Levy aprofundarão a recessão, não redespertarão os espíritos animais de empresários. Após um ano de "mais sofrimento e nenhum ganho" (excepto quanto a lucros mais altos para financeiros e exportadores agro-minerais), a presidente Rousseff enfrentará o inevitável resultado político negativo de ter perdido o apoio dos trabalhadores, da classe média e dos pobres rurais sem ganhar o apoio dos negócios e da elite financeira ? eles têm os seus próprios líderes confiáveis. Uma vez tendo posto em prática suas radicalmente regressivas políticas de mercado livre, e tendo provocado maciço descontentamento popular, Levy demitir-se-á e retornará à presidência do Bradesco, do fundo de investimento de muitos milhares de milhões de dólares, declarando "missão cumprida".

Rousseff pode substituir Levy e tentar "moderar" sua "terapia de choque". Mas nessa altura será demasiado pouco e demasiado tarde. O Partido dos Trabalhadores acabará no caixote de lixo da história. A decisão de Rousseff de nomear Levy como czar económico é uma declaração de guerra de classe . E a fim de vencer a guerra de classe, não podemos excluir que as políticas radicalmente regressivas serão impostas pela violência estatal ? a repressão de protestos da massa urbana, o desalojamento selvagem de pacíficos trabalhadores rurais sem terra que ocuparem terras devolutas.

A viragem do regime do "Partido dos Trabalhadores" do "neoliberalismo inclusivo" para o extremismo friedmanista do livre mercado radicalizará e polarizará a sociedade brasileira. A oligarquia pressionará pela remilitarização da sociedade civil. Isto por sua vez, estimulará o crescimento da consciência de classe dos movimentos sociais, como aqueles que terminaram vinte anos de domínio militar. Talvez desta vez a revolução social (social upheaval) possa não acabar numa democracia liberal, talvez a luta que vem aí traga o Brasil mais próximo de uma república socialista.
14/Dezembro/2014

Do autor sobre o Brasil:
A luta dos trabalhadores triunfa sobre o espectáculo
O capitalismo extractivo e o grande salto para trás

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: QE, uma medida de desespero e um fracasso reencenado BASENAME: canta-o-merlo-qe-uma-medida-de-desespero-e-um-fracasso-reencenado DATE: Fri, 23 Jan 2015 21:37:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info/

QE, UMA MEDIDA DE DESESPERO E UM FRACASSO REENCENADO

A quantitative easing (QE) agora lançada pelo Banco Central Europeu é uma medida de desespêro. Há um par de anos atrás seria impensável que o sr. Mario Draghi se atrevesse a propor, ou sequer a falar nisso. Se o faz agora, é porque todos os outros remédios, receitas & mezinhas fracassaram.   Mesmo analistas conservadores reconhecem-no sem rodeios. Wolfgang Münchau, escrevendo no Financial Times (19/Jan/15), considera que "Isto não vai ser uma versão preventiva do QE, mas uma versão pós-traumática. As expectativas inflacionárias afastaram-se do alvo faz tempo.   A inflação é negativa. A economia da Eurozona está doente" (sic).

Em tempos normais, a injecção monetária pode ser um estímulo ao investimento produtivo, via concessão de crédito. Mas os tempos actuais não são normais. As taxas de juro estão baixíssimas mas o investimento é mínimo ? não por escassez de crédito, mas por falta de procura efectiva.  
No caso de Portugal, Espanha, etc... a Formação Líquida de Capital Fixo é negativa. Isso significa que a capacidade produtiva do país não só não está a crescer como está mesmo a contrair. Diante disto, que sentido faz o BCE vir a comprar títulos da dívida pública dos países da Eurozona?   Assim, tudo indica que os 500 mil milhões anunciados pelo sr. Draghi não resolverão a crise das economias reais da zona Euro ? apenas alimentarão bolhas nos mercados financeiros.   O fracasso da QE nos EUA ? onde permitu o salvamento de bancos mas não o relançamento da actividade produtiva ? será agora reencenado na Europa.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os Aznar-Botella preparam as malas para EE.UU: o PP achança o terreno com subvençons milionárias BASENAME: canta-o-merlo-os-aznar-botella-preparam-as-malas-para-ee-uu-o-pp-achanca-o-terreno-com-subvencons-milionarias DATE: Sat, 17 Jan 2015 19:10:42 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.elespiadigital.com/index.php/noticias/politica

Os Aznar-Botella preparam as malas para EE.UU: o PP achança o terreno com subvençons milionárias

Felipe González marcha-se a Colômbia e para José María Aznar, em mudança, o paraíso perdido está em Nova Iorque, cidade na que tenta instalar-se quando tenha que sair de Espanha, segundo os jornalistas Jesús Cacho e Graciano Palomo, que o conhecem bem. Tanto Colômbia como EE.UU possuem convénio de extradiçom, polo que em caso que ambos pudessem ser processados, teriam que cumprir condenaçom em cárceres espanhóis. Mas eles preferem que, se isso ocorresse, surpreenda-lhes além de os mares. De facto, ao menos três dirigentes do Partido Popular tenhem subvencionado com fundos públicos espanhóis a empresas americanas das que Aznar beneficiou. E o seu filho José Maria Aznar Botella, residente em Nova Iorque, trabalha na empresa neoiorkina Cerberus Capital Management, à que Bankia cedeu mais de 12.000 milhons de euros de activos imobiliários.

José Maria Aznar planea ir-se de Espanha se se confirmam as fontes que lhe o desvelárom aos jornalistas Jesús Cacho e Graciano Palomo. "Os Aznar emigram de Espanha" Nom cairá essa breva!", escreveu este último: "Chama-me um veterano cargo bem abigarrado do Partido Popular que outrora se deixou a pele a tiras na sua demarcaçom eleitoral para que o entom frágil Aznar fizesse carreira com o minguadinho que era para perguntar-me se eu podo dar fé de que Fazmatella S.L. tem pensado escapar-se de Espanha porque na sua terra nom se reconhecem os méritos do leviatám político e da sua aguerrida esposa". Alude assim aos seus intuitos e às iniciais que recolhem o nome da empresa Família Aznar-Botella.

"Estou com as minhas dúvidas de que fagam as malas e instalem-se em Nova Iorque como maliciam alguns dos seus próximos. Aqui disponhem de viandas bem condimentadas, uns bons ingressos por partida dupla, bla, bla, bla. Se se vam vam-lhes a chorar poucos. Rajoi, nom; Cospedal, também nom. Entre outros", di Palomo. Com isso aludia à notícia proporcionada polo soado e anónimo "Buscón" do diário Vozpópuli, que dirige Jesús Cacho, onde se escreveu sobre o "saturaçom" do casal político, segundo um amigo da família", o que "levou-lhes a recapitular a situaçom" e a "estar a pensar muito seriamente em levantar o campo de Espanha para ir-se a viver a Estados Unidos, concretamente a Nova Iorque".

"Há tempo que os negócios passárom a converter no interesse prioritário do ex presidente, muitos de cujos amigos, alguns entre os mais influentes e poderosos, encontram nos Estados Unidos, porque é gente da direita norte-americana, o qual explicaria também o interesse por transferir o seu centro de operaçons a USA, fugindo do ninho de vespas espanhol e do que Aznar em concreto considera "uns maus tratos generalizados". No Partido Popular, contodo, nom acham que o sangue chegue ao rio, e pensam que o casal Aznar-Botella vai de farol: "A condiçom de lobista de José María, com a que se ganha tam estupendamente a vida, tem a sua razom de ser, a sua alavanca, a sua sustentaçom, na sua condiçom de presidente da Fundaçom FAES e na sua capacidade para abrir portas ante a Administraçom e ante o Governo do PP, e isso ia perdê-lo abandonando Madrid", assinalam estas fontes.

A saída de Espanha dos Aznar coincidiria com a residência do seu filho maior homónimo e com a prévia "semeia" de dinheiro público que fixo o seu pai durante o seu mandato neste território. Aznar foi acusado com provas de pagar com fundos estatais a um lobby de Washington para conseguir a medalha do Congresso da EE.UU. O contrato foi de 2 milhons de dólares com a empresa de advogados Piper Rudnick e pagárom-no os entom políticos do PP Ana Palácio e Ramón Gil Casares através do Ministério de Assuntos Exteriores. Jamais se abriu umha investigaçom a respeito disso e o beneficiado nem os pagadores nunca reintegrárom o dinheiro.

Entre os "amigos" norte-americanos de Aznar que alude a notícia e que lhe sugerem que fuja de Espanha estám o rabino Arthur Schneier, presidente da Fundaçom "Appeal of Conscience", G. Alhen Andreas, director geral da companhia Daniels Midland, o presidente de Boeing, Philip M. Condit, o ex presidente da Reserva Federal Paul A. Vokcker e o presidente da Corporaçom para o Desenvolvimento da Cidade, John C. Whitehead.

A jornalista Rocio Campos, de Informaçom Sensível, descobriu ademais que o seu filho, José Maria Aznar Botella, é conselheiro de Promontoria Plataforma S.L. filial de Cerberus Capital, um fundo abutre que compra activos tóxicos e bota aos inquilinos que nom podem pagar a hipoteca. Cerberus Capital Managament, com sede em Nova Iorque, criou umha rede de sociedades através de Promontoria Holding na Holanda, um paraíso fiscal, para entrar na Europa. Bankia cedeu-lhe mais de 12.000 milhons de euros de activos imobiliários à empresa de Aznar Botella em Setembro de 2013 num processo competitivo, mas a entidade nunca clarificou se houvo mais candidatos. Promontoria Plataforma S.L. conta com doce conselheiros entre os que também se encontra José Manuel Hoyos de Irujo, assessor económico e amigo pessoal do ex-presidente José María Aznar. Também nom se abriu nunca umha investigaçom parlamentar ou judicial sobre este trato entre Bankia e os Aznar.

O próprio Aznar foi contratado pola Universidade de Georgetown (Washington) mas previamente o seu amigo Alberto Ruiz Gallardón, também do PP, patrocinou a sua equipa de basquetebol universitário. Foram 1,1 milhons os que destinou a "actividades no estrangeiro", o que levou à jornalista Anjos Álvarez a perguntar por esta campanha com fundos públicos: "está desenhada para devolver à universidade de Georgetown o que Georgetown dá a Aznar via conferências"".

Para Anjos Álvarez "é evidente que mais que umha campanha para promover as vantagens da capital espanhola entre os estudantes americanos parece umha campanha com objectivos espúrios", já que "seria conveniente que Gallardón promove-se -por exemplo- às equipas madrilenas femininos no quanto de pagar encobertamente as conferências que o esposo de Ana Botella dá na Universidade de Georgetown". Ademais, a empresa eléctrica espanhola Endesa patrocinou igualmente a cátedra Príncipe das Astúrias neste mesmo centro académico, acordo que se subscreveu em 1999 com o PP de Aznar e prorrogou-se em 2005 com o PSOE de Zapatero. Posteriormente Endesa fichou a Aznar como "assessor" a razom de 200.000 euros anuais, que podem chegar aos 400.000 com os "prêmios" e "bonus". Nengum partido pediu jamais umha investigaçom nem também nom ninguém reintegrou o dinheiro público esfumado.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Paul Craig Roberts: "Ataque contra 'Charlie Hebdo' foi umha operaçom de falsa bandeira" BASENAME: canta-o-merlo-paul-craig-roberts-ataque-contra-charlie-hebdo-foi-umha-operacom-de-falsa-bandeira DATE: Sun, 11 Jan 2015 19:20:47 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://actualidad.rt.com/actualidad/162898-roberts-ataque-paris-falsa-bandera-francia-vasallo-eeuu

O ex-subsecretario do Tesouro de EE.UU., Paul Craig Roberts, assegura que o ataque terrorista contra a sede de 'Charlie Hebdo' em Paris foi umha operaçom de bandeira falsa "desenhada para apontoar o estado vassalo da França ante Washington".

"Os suspeitos podem ser tanto culpados como bodes expiatórios. Basta lembrar todos os complôs terroristas criados pola FBI que serviram para fazer a ameaça terrorista real para os estadounidenses", escreveu Roberts num artigo publicado no seu sitio web.

O politólogo afirmou que as agências estadounidenses ham planeado as operaçons de falsa bandeira na Europa para criar ódio contra os muçulmanos e reforçar a esfera de influência de Washington nos países europeus.

"A Polícia encontrou o documento de identidade de Said Kouachi na cena do tiroteio [perto da sede de 'Charlie Hebdo']. Soa-lhes familiar? Lembrem que as autoridades afirmaram encontrar o passaporte intacto de um dos presumíveis seqüestradores do11-S entre as ruínas das torres gémeas. umha vez que as autoridades descobrem que os povos ocidentais estúpidos vam acreditar qualquer mentira transparente, vam recorrer à mentira umha e outra vez", diceu Roberto.

O anúncio da Polícia do achado do documento de identidade claramente aponta a que "o ataque contra 'Charlie Hebdo' foi um trabalho interno e que as pessoas identificadas pola NSA como hostis às guerras ocidentais contra os muçulmanos vam ser incriminadas por um trabalho interno desenhado para devolver a França sob o polegar de Washington", diceu o politólogo.

Assim mesmo, Roberts falou que a economia francesa está a sofrer polas sançons impostas por Washington contra Rússia. "Os estaleiros vem-se afectados ao nom poder entregar os pedidos russos devido à condiçom de vassalagem da França ante Washington", explicou e agregou que "outros aspectos da economia francesa estám a ser impactados negativamente polas sançons que Washington obrigou aos seus Estados peleles da NATO a aplicar contra Rússia".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Felipe González vai-se a Colômbia nacionalizado com os seus amigos "narcopolíticos": umha comissom de 19 milhoes BASENAME: canta-o-merlo-felipe-gonzalez-vai-se-a-colombia-nacionalizado-com-os-seus-amigos-narcopoliticos-umha-comissom-de-19-milhoes DATE: Fri, 09 Jan 2015 21:15:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.elespiadigital.com/index.php/noticias/politica/7773-felipe-gonzalez-se-va-a-colombia-nacionalizado-con-sus-amigos-narcopoliticos-una-comision-de-19-millones

Felipe González vai-se a Colômbia nacionalizado com os seus amigos "narcopolíticos": umha comissom de 19 milhoes

Mariano Rajoy nom se move mas dous dos seus predecessores, Felipe González (PSOE) e José María Aznar (PP) planejam o seu futuro fora de Espanha. O dirigente socialista haver recebido por fim a nacionalidade colombiana que tanto ansiava e poderá desfrutá-la com os seus amigos, entre eles os Marulanda. Cecília Marulanda, viúva do seu lhe velho e incondicional construtor Enrique Sarasola, e Virginia Vallejo, amante e também hoje "viúva" do conhecido "narco" Pablo Escobar, citam-se entre eles. Virginia lembra aquela viagem do falecido mafioso colombiano a Madrid para festejar junto a Felipe González e Alfonso Guerra no Hotel Palace a vitória eleitoral de 1982 e como corria a "coca" na sua tomada de posse.

Em mudança, o ex ministro e ex embaixador Carlos Arturo Marulanda, irmao de Cecilia, foi preso e encarcerado em Madrid polo juiz Juan do Olmo (Audiência Nacional) a requirimento da Interpol, por formaçom de grupos armados, terrorismo e malversaçom de fundos públicos. Para tentar blindar-se, havia condecorado a quatro eurodeputados espanhóis: Manuel Medina (PSOE), Ana Miranda de Lage (PSOE), José Ignacio Salafranca (PP) e Gerardo Galeote (PP), este último implicado na máfia Gürtel. Também o tentou com o funcionário da Comissom Europeia, José Luís Trimiño Pérez, mas o escândalo fixo intervir ao próprio presidente europeu, entom Jacques Santer, que o impediu apesar das travas impostas polo comissário socialista Manuel Marín.

O presidente da República, Juan Manuel Santos Calderón, outorgou o passado 1 de Dezembro a nacionalidade colombiana ao ex presidente do Governo de Espanha, Felipe González, numha discreta cerimónia celebrada no Salom Protocolario da Casa de Narinho. "Acho que nom há presidente que nom possa dizer que em momento de angústia ou de dúvida, aí estava Felipe González listo a dar os seus conselhos, a ajudar, a pôr o seu granito de areia em forma muito efectiva, ademais; sempre em forma desinteressada polo seu agarimo com Colômbia, com os colombianos", disso Santos Calderón. E nom lhe faltava razom: os seus laços com Colômbia centram-se sobretodo com dous casais, segundo descreveram elas mesmas. E com muitos políticos do regime.

Virgínia Vallejo, amante de Pablo Escobar, conhece bem a Felipe González. De facto confessa que "eu creio no socialismo, num socialismo à moda de Felipe González". Ela é jornalista, chegou a entrevistar ao dirigente espanhol do PSOE e contou no seu livro "Amando a Pablo, odiando a Escobar" até onde se remonta a sua relaçom com o seu agora compatriota: "Poucos meses antes de conhecer-nos, Escobar e Santofimio assistiram com outros congressistas colombianos à posse do presidente de Governo espanhol, o socialista Felipe González, cujo homem de confiança, Enrique Sarasola, está casado com a colombiana Cecilia Marulanda".

"A Felipe González entrevistar eu para televisom em 1981 e a Sarasola conhecer em Madrid durante a minha primeira viagem de lua de mel. Com expressom terrivelmente séria, Pablo descreveu-me a cena na que os outros parlamentares da comitiva pediam-lhe cocaína de presenteio numha discoteca madrilena e ele reagia insultado. E eu confirmei o que já sabia: que o Rei da Coca parece detestar, quase tanto como eu, o produto de exportaçom sobre o qual está a construir um autêntico império livre de impostos. A única pessoa a quem Pablo Escobar presenteou rocas de cocaína sem que tivesse sequer que pedi-las é o anterior namorado da sua namorada. E nom o fixo precisamente por razoes humanitárias ou filantrópicas".

Noutra ocasiom, o cunhado de Sarasola tentou vender-lhe a Escobar umha faustosa leira: "A polvoreira na fazenda do cunhado de Enrique Sarasola estalaria em 1996, sendo Carlos Arturo Marulanda embaixador ante a Uniom Europeia durante o governo de Ernesto Samper Pizano. Por acçom de esquadroes como os daqueles chulavitas utilizados polo seu pai meio século atrás, case quatro centenas de famílias camponesas seriam obrigadas a fugir de Bellacruz trás o incendeio das suas casas e a tortura e assassinato dos seus líderes em presença do Exército".

"Marulanda, acusado de conformaçom de grupos para-militares e violaçons dos direitos humanos, seria arrestado em Espanha em 2001 e extraditado a Colômbia em 2002. Duas semanas depois seria liberar sobre a base de que os delitos foram cometidos polos grupos paramilitares que esperavam no César e nom polo milionário amigo do presidente. Para Amnistia Internacional, o ocorrido na fazenda Bellacruz constitui um dos episódios de impunidade mais aberrantes na história recente de Colômbia. Diego Londoño White, como o seu irmao Santiago, seria posteriormente assassinado. E case todos os demais beneficiários da rapina do Metro e dos crimes de Bellacruz, ou os seus descendentes, desfrutam hoje dos mais dourados retiros em Madrid e Paris". A operaçom de compra e venda finalmente frustrou-se pola negativa do "narco":

"Marulanda é o cunhado de Enrique Sarasola. Di ao emissário que eu se que Bellacruz é a fazenda mais grande do país depois de umhas que tem o Mexicano nos Llanos, onde a terra nom vale nada, mas que nom lhe dou nem um milhom de dólares por ela porque eu nom som um desalmado como o pai do ministro. E claro que vai valer o dobro, o meu amor! Mas primeiro tem que buscar-se a outro tipo sem escrúpulos, como ele e o seu irmao, para que tire daí aos descendentes de toda essa pobre gente a quem o seu pai expulsou das suas parcelas a sangue e lume aproveitando do caos da Violência."

Quando Virginia Vallejo e Pablo Escobar falavam da "rapina do Metro" de Medellín referem-se a umha história que corria por Espanha como lenda urbana mas que hoje tem nomes e apelidos: "Explica-me que em Bellacruz está a gestar-se umha polvoreira que tarde ou cedo terminará num massacre. O pai do ministro, Alberto Marulanda Grilo, comprou as primeiras 6000 hectares nos anos quarenta e foi dobrando o tamanho do latifúndio com a ajuda de chulavitas, polícias que incendiavam ranchos, violavam, torturavam e assassinavam por encargo de quem contratasse os seus serviços. A irmá de Carlos Arturo Marulanda está casada com Enrique Sarasola, vinculado à sociedade espanhola Ateinsa de Alberto Cortina, Alberto Alcocer e José Entrecanales".

"Sarasola, amigo próximo de Felipe González, ganhou $19.6 milhoes de dólares de comissom e geriu a adjudicaçom do chamado «Contrato de engenharia do século», o Metro de Medellín, ao Consórcio Hispano-Alemám Metromed e aos seus sócios, entre eles Ateinsa. Diego Londoño White, gerente do projecto do Metro, grande amigo de Pablo e dono, com o seu irmao Santiago, das mansioes que ele e Gustavo utilizam como escritórios, foi o encarregado de negociar o contrato e tramitar as zumentas comissons. Segundo umha testemunha da rapina e a voracidade do grupo encabeçado por Sarasola, a adjudicaçom do Metro " na que receberiam honorários extravagantes desde uns advogados colombianos de apelido Puyo Basco até o despia alemám Werner Mauss ", «mais que umha licitaçom por um contrato de engenharia civil, parecia umha película de gángsters», conceito que outro social-democrata como Pablo Escobar parece partilhar plenamente".
"Quase ao mesmo tempo que Felipe González em Madrid, chega ao governo em Colômbia o seu amigo Belisario Betancur graças ao dinheiro do narcotráfico, que lhe pagou a sua campanha eleitoral. Betancur nomeia presidente da Câmara de Medellín a Álvaro Uribe quando a cidade é um feudo de Pablo Escobar. Uribe reúne-se com os capos do cártel de Medellín e ao quatro meses do sua nomeaçom, Betancur tem-o que destituir da câmara municipal por causa disso. Em Medellín Betancur atira o projecto multimilhonario de construçom de um metro, cujas obras adjudica a Sarasola, quem leva um belisco de 20 milhoes de dólares, que se reparte com Felipe González".

No negócio reaparece o espia alemám Werner Mauss, implicado na tentativa de assassinato de Cubillo em Argel em 1978, quem também leva o seu belisco correspondente. Daquela o próprio Betancur tivo que nomear umha comissom especial para "investigar" o chanchulho. O primeiro gerente do metro de Medellín é Diego Londoño White, quem acabou condenado polos seus vínculos com Pablo Escobar, assim como seqüestro, sendo finalmente assassinado em 2002 num ajuste de contas".

Quem assim se expressa é a web "Amnistia Presos", que conseguiu um documento gráfico que testemunha o que di Virginia Vallejo: Pablo Escobar no Hotel Palace durante o jantar de celebraçom da vitória do PSOE em 1982. Ademais revela 13 vínculos entre Felipe González e as elites social-democratas de Colômbia: Belisario Betancur (embaixador em Madrid e logo presidente); o casal Enrique Sarasola Lertxundi-Cristina Marulanda, filha de Alberto Marulanda Grilo, latifundista agrícola e accionista da companhia aérea Avianca".

Pablo Escobar, no jantar do Hotel Palace que celebra a vitória do PSOE em 1982

Também Alberto Santofimio Botero, ministro de Justiça, senador, presidente da Câmara de Representantes, duas vezes candidato presidencial e condenado em 2006 como autor do assassinato do também candidato presidencial Luís Carlos Galã, cometido em 1989, em cumplicidade com o capo do narcotráfico Pablo Escobar; Virginia Vallejo, o casal de Escobar e jornalista que chega a entrevistar a Felipe González. A presença de Escobar, Santofimio e e Jairo Ortega Ramírez, outro narcopolítico colombiano, está documentada mesmo na sentença contra Santofimio por assassinato. Existem imagens na festa do PSOE celebrando a vitória de 1982 do três narcopolíticos colombianos, que sentárom juntos na mesa do hotel, junto ao toureiro Luís Miguel Dominguín.

"O jornalista colombiano Gonzalo Guillén, presente àquele acto, afirma que foi Pablo Escobar quem lhe apresentou a Felipe González para que lhe pudesse entrevistar. Logo foram a umha discoteca, onde seguiram celebrando-o toda a noite. A polícia espanhola, que tinha fichado a Escobar, soubo com antecipaçom que ia viajar a Madrid e o hotel no que se hospedava. Os antidisturbios rodeárom o edifício e detiveram a vários congressistas do Partido Conservador colombiano que se deitárom cedo. Vestidos com os seus pijamas, foram cacheados, junto com as suas equipagens", conclui esta web.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: CNAS, a versão democrata do imperialismo de conquista BASENAME: canta-o-merlo-cnas-a-versaa-771-o-democrata-do-imperialismo-de-conquista DATE: Tue, 06 Jan 2015 18:46:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.voltairenet.org/article186383.html

CNAS, a versão democrata do imperialismo de conquista
Thierry Meyssan

No momento em que Washington não tem nenhuma política externa, mas várias políticas contraditórias e simultâneas, os «falcões liberais» reagruparam-se em torno do general David Petraeus e do Center for a New American Security (Centro para uma Nova Segurança da América- ndT). Thierry Meyssan apresenta-nos este grupo de reflexão política ( ?think-tank? ), que agora desempenha o papel anteriormente atribuído ao Project for a New American Century (Projecto para um Novo Século Americano- ndT) na era Bush: promover o imperialismo expansionista e dominar o mundo.

A crise síria, para a qual a primeira conferência em Genebra já tinha encontrado uma solução, em junho de 2012, continua apesar de todos os acordos negociados com os Estados Unidos. É evidente que a administração Obama não obedece ao seu chefe, e que está, sim, dividida entre duas linhas políticas: de uma parte os imperialistas favoráveis a uma partilha do mundo com a China, e eventualmente a Rússia (é a posição Presidente Obama), e, por outro lado, os imperialistas expansionistas (reunidos à volta de Hillary Clinton e do general David Petraeus).

Para surpresa geral a destituição do director da CIA, e da secretário de Estado, aquando da reeleição de Barack Obama, não pôs fim à divisão da administração mas, pelo contrário, reforçou-a.

São de novo os imperialistas expansionistas quem relança a guerra contra a República Popular da Coreia sob o pretexto de um ataque cibernético contra a Sony Pictures, atribuída a Pyongyang contra toda a lógica. O Presidente Obama subscreveu, em última análise, o seu discurso e assinou um decreto de «sanções».

Parece que os partidários da expansão imperial se reagruparam, primeiro, para criar o Center for a New American Security (Centro para uma Nova Segurança da América), que jogou no Partido Democrata um papel equivalente ao do Project for a New American Century (Projecto para um Novo Século Americano), (e hoje da Foreign Policy Initiative-Iniciativa de Política Externa), no seio do Partido Republicano. Como tal, eles desempenharam um papel importante durante o primeiro mandato de Barack Obama e, para alguns, têm integrado o Estado profundo de onde continuam a puxar os cordelinhos.

Os falcões liberais

O Center for a New American Security (CNAS) foi criado em 2007 por Kurt Campbell e Michèle A. Flournoy.

Estes dois intelectuais haviam trabalhado, préviamente, em conjunto no Center for Strategic and International Studies -CSIS) (Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais- ndT). Aí, eles tinham editado, dois meses após os atentados de 11 de setembro de 2001, a publicação de To Prevail: An American Strategy for the Campaign Against Terrorism (Para Triunfar: Uma Estratégia Americana para a campanha contra o terrorismo) [1]. O livro glosava a decisão do presidente Bush de atacar não apenas os grupos terroristas mas também os Estados que os apoiavam, ou seja, os Estados falidos que fracassavam a combatê-los no seu solo. Inspirando-se nos trabalhos da Força Tarefa (Task Force) sobre o terrorismo do CSIS, a obra preconizava um desenvolvimento considerável das agências de inteligência afim de vigiar o mundo inteiro. Em suma, Campbell e Flournoy aceitavam a narrativa oficial dos atentados e justificavam a «guerra ao terrorismo», que iria enlutar o mundo durante mais de uma década.

Em 2003, Campbell e Flournoy assinavam, com mais treze outros intelectuais democratas, um documento intitulado Progressive Internationalism : A Democratic National Security Strategy (Internacionalismo Progressista : Uma Estratégia Nacional de Segurança Democrata- ndT) [2]. Este manifesto apoiava as guerras pós-11 de setembro, ao mesmo tempo que criticava a fraqueza diplomática do presidente Bush. Dentro da perspectiva da escolha do candidato democrata em 2004, os signatários entendiam promover o projecto imperial norte-americano, (defendido por George W. Bush), ao mesmo tempo que criticavam a forma como ele exercia a liderança, nomeadamente a dúvida que tinha semeado entre os aliados. Os signatários foram então rotulados «falcões liberais».

O CNAS

Aquando da sua criação, (2007), o CNAS afirmava querer renovar o pensamento estratégico norte-americano, após a Comissão Baker- Hamilton e a demissão do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld. O lançamento contou com a presença de numerosos dignitários, entre os quais Madeleine Albright, Hillary Clinton e Chuck Hagel. Na época, Washington buscava uma escapatória do seu atoleiro no Iraque. Campbell e Flournoy entendiam preconizar uma solução militar, que permitisse aos exércitos dos EU continuar a ocupar o Iraque sem ter que esgotar aí as suas forças. Para prosseguir a sua expansão mundial, o imperialismo norte-americano devia, primeiro, elaborar uma estratégia contra-terrorista que lhe permitisse levar as suas tropas no Iraque para um contingente de numero reduzido.

Logicamente, Campbell e Flournoy trabalham, portanto, com o general David Petraeus, que acabava de ser nomeado comandante da Coligação (coalizão-br) militar no Iraque, já que ele era o autor do manual contra-insurreição da infantaria do Exército dos EU. Eles contratam um especialista australiano, David Kilcullen, que se vai tornar o guru do general Petraeus, e conceber a Surge (pressão contínua -ndT)). Segundo ele, a reversão dos insurgentes iraquianos é possível pelo uso combinado de dois factores (o pau e a cenoura): por um lado, um pagamento será feito aos resistentes que mudarem de campo, e que velarão por estabelecer a ordem no seu território e, por outro lado, uma forte pressão militar será exercida sobre eles por um aumento temporário da presença militar dos EU. Esta estratégia será implementada com o sucesso que se sabe : o país atravessa primeiro uma fase de intensa guerra civil, em seguida retorna lentamente à calma depois de ter sido profundamente destruído. Na realidade, a reversão de uma parte da resistência iraquiana só foi possível porque ela se organizava sobre uma base tribal.

De facto, durante este período, a CNAS e o general Petraeus são indissociáveis. Kilcullen torna-se conselheiro de Petraeus, depois da secretária de Estado Condoleezza Rice. A fusão é tal que o coronel John Nagl, assessor de Petraeus, se tornou presidente do CNAS, assim que Campbell e Flournoy entram na administração Obama.

A originalidade do CNAS era a de ser um ?think-tank? (?centro intelectual de pressão política?- ndT) Democrata, que aceita a colaboração e integra falcões republicanos. Ele multiplica, aliás, as reuniões e debates com membros do Project for a New American Century (Projeto para um Novo Século Americano- ndT). Ele é financiado por industriais de armamento ou fornecedores da Defesa (Accenture Federal Services, BAE Systems, Boeing, DRS Technologies, Northrop Grumman), financeiros (Bernard L. Schwartz Investments, Prudential Financial), fundações (Carnegie Corporation of New York, Fundação William e Flora Hewlett, Fundo Ploughshares, Fundação Smith Richardson, Zak Família Charitable Trust) e governos estrangeiros (Israel, Japão, Taiwan).

Durante a campanha eleitoral, Campbell e Flournoy publicaram as suas recomendações para o próximo presidente: The Inheritance and the Way Forward (A Herança e a Via a seguir- ndT) [3]. Na era Bush, eles questionaram o princípio da «guerra preventiva» e a prática da tortura. Além disso, eles recomendam o reformular da guerra contra o terrorismo, de maneira a evitar o «choque de civilizações», que privaria Washington dos seus aliados muçulmanos.

A administração Obama

Eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama designa Michèle Flournoy para monitorizar a transição no Departamento de Defesa. Logicamente, ela foi nomeada sub-secretário da Defesa encarregue da política, quer dizer, ela devia elaborar a nova estratégia de Defesa. Ela é então o no 2 do departamento e gere um orçamento de $ 200 milhões de dólares.

Por seu lado, Kurt Campbell foi nomeado para o Departamento de Estado, afim de dirigir o gabinete do Extremo Oriente e do Pacífico.

Campbell e Flournoy vão, então, ser os promotores da estratégia de ?pivô?. Segundo eles, os Estados Unidos devem preparar-se para um confronto futuro com a China. Nesta perspectiva, eles devem, lentamente, fazer girar as suas forças armadas da Europa e do Médio Oriente alargado para o Extremo Oriente.

O CNAS torna-se tão popular que vários dos seus colaboradores vão entrar para a administração Obama :
- Rand Beers tornar-se-á secretário para a Segurança da Pátria,
- Ashton Carter, sub-secretário para a Defesa encarregue das aquisições, depois secretário para a Defesa,
- Susan Rice, embaixatriz nas nações unidas, depois conselheira nacional de segurança,
- Robert Work, adjunto do secretário da Defesa, e ainda :
- Shawn Brimley, conselheiro especial do secretário da Defesa para a estratégia, depois director da planificação no Conselho de segurança nacional,
- Price Floyd, assistente adjunto do secretário da Defesa para as relações públicas,
- Alice Hunt, assistente especial no departamento da Defesa,
- Colin Kahl, assistente adjunto do secretário da Defesa para o Próximo- Oriente, depois conselheiro de segurança nacional junto do vice- presidente,
- James Miller, sub-secretário da Defesa, adjunto para a política,
- Eric Pierce, adjunto do chefe do departamento da Defesa encarregue das relações com o Congresso,
- Sarah Sewall virá a ser, em 2014, sub-secretário de Estado para a Democracia e os Direitos do homem,
- Wendy Sherman virá a ser, em 2011, sub-secretário de Estado para os Assuntos políticos,
- Vikram Singh, conselheiro especial do secretário da Defesa para o Afeganistão e o Paquistão,
- Gayle Smith, directora para o Desenvolvimento e a Democracia no Conselho nacional de segurança,
- James Steinberg, adjunto da secretária de Estado,
- Jim Thomas, assistente adjunto do secretário da Defesa para os Recursos,
- Edward (Ted) Warner III, conselheiro do secretário da Defesa para o contrôlo de armamentos.

A influência do CNAS

Michèle Flournoy, que ambicionava tornar-se secretária da Defesa, foi afastada deste posto, em 2012, por ser considerada muito próxima de Israel. No entanto, ela está agora omnipresente nas instâncias de reflexão sobre a Defesa : é membro do Defense Science Board (Conselho Científico da Defesa), do Defense Policy Board (Conselho Político de Defesa) e do President?s Intelligence Advisory Board (Conselho Consultivo da Presidência para a Inteligência).

Salta à vista que as suas sugestões políticas são seguidas, tanto no que diz respeito ao «Médio-Oriente Alargado» como ao Extremo-Oriente.

O CNAS apoiou os esforços de Wendy Sherman para negociar a retoma das negociações diplomáticas com Teerão. De maneira bastante transparente, ela sublinhou que o problema com o Irão era menos a questão nuclear do que a exportação da sua Revolução. Ela preconiza, portanto, uma série de acções extremamente duras para destruir as redes iranianas em África, na América Latina e no Próximo-Oriente [4].

Em relação à Síria, o CNAS considera que será impossível derrubar a República a curto prazo. Aconselha pois a «estratégia do torniquete» : utilizar o consenso, que se criou contra o Emirado islâmico, para que todos os Estados implicados façam pressão sobre Damasco e sobre os grupos de oposição afim de se chegar a uma acalmia militar ?mas sem, no entanto, colaborar com o presidente el-Assad contra o Emirado islâmico?.

O esforço deverá, pois, ao mesmo tempo traduzir-se na obrigação da República integrar no governo elementos da oposição pró-atlantista, e, sobre a ajuda humanitária e logística providenciada às zonas rebeldes de modo a que elas se tornem atractivas. Uma vez os pró-atlantistas colocados no governo, eles serão encarregados de identificar as engrenagens do aparelho do Estado secreto de maneira a que ele, ulteriormente, possa ser destruído. A originalidade do plano é a de reivindicar o deserto sírio para os rebeldes que recusassem entrar no governo. Ora, este deserto representa 70% do território e abriga o essencial das reservas de gás [5].

O CNAS dirige uma atenção particular à Internet. Trata-se de limitar as críticas ao governo, de modo a que a espionagem da N.S.A. (Agência Nacional de Segurança- ndT) possa continuar com a mesma facilidade [6]. Simultaneamente, ele preocupa-se com a maneira como a China popular se protege da espionagem da N.S.A [7].

No Pacífico, o CNAS preconiza uma aproximação com a Índia, a Malásia e a Indonésia. Ele concebeu um plano de modernização do dispositivo contra a Coreia do Norte.
Os responsáveis actuais

Progressivamente, o CNAS ?que era uma iniciativa democrata contando com a colaboração de neo-conservadores republicanos? tornou-se o principal centro de estudos promovendo um imperialismo implacável.

Além de Kurt Campbell e Michèle Flournoy, salienta-se entre os seus dirigentes :
- o general John Allen, comandante da Coligação anti-Daesh,
- Richard Armitage, antigo adjunto da secretaria de Estado,
- Richard Dantzig, vice-presidente da Rand Corporation,
- Joseph Liberman, o antigo porta-voz israelita no Senado,
- o general James Mattis, antigo comandante do CentCom.

Entretanto, o CNAS é levado a um ainda maior desenvolvimento, já que, agora, ele é o principal ?think tank?, capaz de se opôr à baixa do orçamento da defesa dos E.U. e de relançar a indústria de guerra.
Thierry Meyssan

Tradução
Alva

Fonte
Al-Watan (Síria)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: ?Não queremos viver com migalhas? BASENAME: canta-o-merlo-nao-queremos-viver-com-migalhas DATE: Mon, 05 Jan 2015 12:33:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://es.kke.gr/pt/firstpage/

Milhares de pessoas de todas as partes da Grécia enviaram, na grandiosa manifestação, uma mensagem de luta e de reivindicação da vida que lhes pertence. Foi uma mensagem decisiva por uma outra sociedade, em que a classe operária pode usufruir da riqueza que produz.

Mais de 1000 organizações do movimento operário e popular (federações sindicais setoriais e de locais de trabalho, sindicatos, comissões de luta, organizações e associações de agricultores, associações de trabalhadores por conta própria, associações de estudantes e de jovens do ensino secundário, associações de mulheres, de reformados, comissões populares, etc.) participaram na iniciativa da Frente Militante de todos os Trabalhadores (PAME), na magnífica manifestação nacional, que se realizou no sábado, 1 de novembro, na praça Sintagma frente ao parlamento.

Dezenas de milhares de pessoas vieram de autocarro do continente, mas também de Creta, das Ilhas do Mar Egeu e das Ilhas Jónicas e concentraram-se em 9 pontos diferentes da capital grega. Desfilaram depois até à Praça Sintagma, que se tornou demasiado pequena para acolher todos os manifestantes (nota: ver a imagem do local que mostra a dimensão da manifestação2).

O Secretariado Executivo da PAME, na sua declaração, saudou o mar de gente ? nada menos de 100 000 pessoas ? que inundou o centro de Atenas.

Dirigindo-se à manifestação, Giorgos Perros, membro do Secretariado Executivo da PAME, referiu-se às questões ligadas ao desemprego, afirmando que ?nenhum desempregado pode ficar sozinho a enfrentar a pobreza e o desemprego?. Apelou ainda aos trabalhadores para porem fim ao roubo dos salários e dos rendimentos do povo. Apelou ainda à luta por aumentos reais dos seus rendimentos, nos salários e nas pensões.

Como o orador sublinhou: ?As reivindicações do movimento dos trabalhadores, como objetivo de recuperarem as perdas que sofreram, devem ser agressivas e baseadas nas nossas atuais necessidades. Para que tais reivindicações se concretizem e consolidem, devem estar paralelamente ligadas à luta contra os objetivos e as políticas da UE, o memorando e as dívidas que não contraímos?.

Sublinhou também que «o nosso dever é resistir ao ?realismo? a respeito dos limites da resistência da economia que está contido nas propostas do governo e na oposição oficial, que ajustam as nossas reivindicações às necessidades do capital. Dizem-nos que, se os patrões não existirem, se a rentabilidade não existir, não conseguiremos viver e seremos destruídos. Mas nós dizemos que podemos viver sem patrões, que somos nós que produzimos a riqueza, que ela tem de nos ser devolvida».

A luta pelo sucesso da greve geral de 27 de novembro começa com esta grandiosa manifestação nacional como ponto de partida.

A manifestação nacional aprovou duas resoluções, em resposta à solidariedade internacionalista que os manifestantes receberam de dezenas de organizações sindicais de todo o mundo. A primeira resolução é uma mensagem internacionalista de classe com a classe operária da Turquia, por ocasião do novo crime dos patrões numa mina da região de Karaman. A segunda resolução apelou às ?organizações sindicais e às organizações do movimento popular para condenarem a injusta e bárbara prisão dos 5 patriotas cubanos através resoluções, declarações, mensagens de solidariedade e outras iniciativas? e sublinhou a necessidade do fortalecimento do movimento de solidariedade que luta pela sua libertação.

Declaração do Secretário-geral do KKE

Dimitris Koutsoumpas, Secretário-geral do CC do KKE, fez a seguinte declaração na manifestação nacional na Praça Sintagma:

?Só há um caminho em frente para não perder tempo, para enfrentar a fraude, a desorientação, a linha política antipopular do governo e os vários truques do bipartidarismo. A magnífica manifestação da PAME, hoje, mostra esse caminho em frente. Esta manifestação desencadeou-se por iniciativa da PAME por todo o país e foi abraçada por mais de 1000 organizações de trabalhadores do setor público e privado, pelo movimento dos trabalhadores por conta própria nas cidades, pelos pequenos agricultores, a juventude, os estudantes e as mulheres. Este é o caminho que devemos seguir, esta é a nossa solução: resistência, luta, aliança popular para alcançar trabalho estável e permanente para todos, acabar com o saque dos impostos e recuperar as perdas que os salários, as pensões e os direitos da segurança social sofreram nos últimos anos. Temos de prosseguir neste caminho que começou com a iniciativa da PAME. Acabem as ilusões com os novos salvadores. Temos de virar as costas àqueles que supostamente prometem novas soluções governamentais, os novos salvadores que nos querem levar para outra espiral descendente antipopular. Voltaremos a encontrar-nos em 27 de novembro na greve geral nacional, nas manifestações e concentrações que ocorrerão nesse dia. Organizamos a nossa luta, cada pessoa no seu posto de trabalho, em todos os estabelecimentos de ensino, em todos os bairros, para aplanar o caminho que leva a novos desenvolvimentos a favor dos interesses do povo e do país?.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os perigos do fascismo na Europa BASENAME: canta-o-merlo-os-perigos-do-fascismo-na-europa-1 DATE: Mon, 05 Jan 2015 12:29:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://es.kke.gr/pt/articles/Os-perigos-do-fascismo-na-Europa/

Dimitris Koutsoumpas

Há 69 anos, neste mesmo dia, a Bandeira Vermelha foi hasteada no Reichstag apontando a vitória de uma batalha gigantesca dos povos, com a União Soviética e os comunistas da Europa na vanguarda, contra a mais terrível e desumana ideologia, a ideologia e prática fascista, nascida do próprio capitalismo que levou à maximização da exploração do homem pelo homem, à destruição absoluta da existência humana.

Milhões de pessoas se sacrificaram nesta batalha, nos campos de batalha e nos desumanos campos de concentração. Hoje, rendemos homenagem aos que perderam a vida nas trincheiras, nos campos de batalha, aos que desafiaram os pelotões de fuzilamento. Leningrado e Stalingrado na Rússia, Kokkiniá e Kesarianí na Grécia estão impressos na memória dos povos, da mesma forma que milhares de lugares, onde se determinou o resultado desta dura batalha. Lugares que, por um lado, foram marcados pela barbárie do capitalismo e, por outro, pela grandeza da luta popular contra esta criatura capitalista, o fascismo.

Quase 70 anos depois, alguns estão fazendo todo o possível para extinguir a chama da verdade histórica que foi escrita com o sangue dos povos. Estão fazendo todo o possível para distorcer a história, para justificar, de maneira direta ou indireta, a brutalidade fascista. Nesta propaganda negra das mentiras, os centros imperialistas e, em primeiro lugar, a UE, jogam um papel protagonista. A UE, inclusive, transformou o 9 de maio, que é o Dia da Vitória Antifascista dos Povos, em "Dia da Europa", tentando apagar da memória dos povos da Europa o caráter antifascista deste aniversário. Nesta missão ideológica e política caluniosa e suja, não hesita em equiparar o fascismo com o comunismo. Ao mesmo tempo, a UE, assim como os EUA, não titubeiam em confiar e apoiar as forças reacionárias mais obscuras que ascenderam ao governo da Ucrânia através de um golpe, como ocorreu anteriormente nos países bálticos, a fim de promover seus interesses geopolíticos na região da Eurásia. Nos últimos 25 anos, após da derrocada do socialismo e da dissolução da URSS, se leva a cabo uma sistemática "lavagem cerebral" ideológica anticomunista através da qual as "legiões SS" e os demais grupos armados pró-fascistas se apresentam como "libertadores" do país do bolchevismo.

No entanto, por mais rancor que exista, por mais tinta que seja gasta, a realidade objetiva não pode ser alterada. 69 anos após o fim da II Guerra Mundial, milhões de pessoas em todo o mundo reconhecem a contribuição do movimento comunista, com sacrifícios sem precedentes, para a derrota do fascismo. A força básica desta luta titânica, a alma e o líder foram os partidos comunistas, encabeçados pelo partido dos bolcheviques. Milhões de comunistas sacrificaram, inclusive suas vidas, por um mundo melhor.

O sistema capitalista, os antagonismos que, inevitavelmente, se manifestam entre os imperialistas e os monopólios, devem ser impressos e estigmatizados na consciência dos povos como os responsáveis pelas duas guerras mundiais, para os milhões de mortos, incapacitados, para as pessoas expulsas de seus lares. Não hesitaram em cometer qualquer crime com a finalidade de servir aos lucros, ao predomínio e ao poder capitalista. Esta realidade é ainda mais vigente hoje, dado que os antagonismos e os conflitos entre si estão se intensificando.

A verdade histórica não pode ser distorcida na consciência do povo, tendo sido escrita pela própria luta dos povos, com o sangue dos povos, dos movimentos pela Libertação Nacional e dos movimentos antifascistas nos países capitalistas, como os heroicos EAM (Frente pela Libertação Nacional), ELAS (Exército Nacional pela Libertação Nacional), EPON (Organização Nacional Unificada da Juventude) existentes em nosso país, que uniram e agitaram o povo a levantar-se.

Foi o resultado das grandes e titânicas batalhas do Exército Vermelho em Stalingrado, Kursk, em Leningrado, em Sebastopol, em todos os campos de batalha na União Soviética e em vários países da Europa capitalista. A grande vitória dos povos contra o eixo fascista-imperialista da Alemanha, Itália e Japão e de seus aliados foi obtida graças ao papel decisivo da União Soviética com sacrifícios incalculáveis e mais de 20 milhões de mortos.

Amigas e amigos, camaradas!

Atualmente, na Ucrânia, nos países bálticos, assim como em outros países da Europa, o fascismo tenta levantar a cabeça, da mesma maneira que em nosso país, onde surgiu uma organização nazista criminosa, o Amanhecer Dourado.

O terrível crime de sexta-feira passada em Odessa, onde os neonazistas do "Setor Direita" queimaram vivos alguns manifestantes de idioma russo e a operação sangrenta do governo de golpista de Kiev nas regiões orientais, têm grande impacto tanto sobre nosso povo como em toda pessoa consciente no planeta. O povo ucraniano está derramando seu sangue devido à intervenção aberta dos imperialistas dos EUA, da UE e da OTAN, que apoiam o governo dos nacionalistas e fascistas de Kiev e entram em conflito com a Rússia sobre o controle dos recursos energéticos, dos tubos e das cotas de mercado. Mais uma vez, é claramente demonstrado que as alianças imperialistas não apenas não garantem a paz e a segurança para nenhum povo, como o contrário, o conduz à guerra e à indigência.

Como no passado, o monstro fascista hoje é um produto do sistema capitalista; nasce das entranhas do sistema, não é algo que está fora do sistema como querem apresentá-lo. O fascismo é a expressão do capital que se utiliza como "ponta de lança" do poder capitalista contra o movimento trabalhador.

Utiliza as condições de democracia parlamentar burguesa para reforçar-se, contando com o apoio do capital ou de seções do capital, assim como do aparato estatal. Pretende exercer o poder dos monopólios de uma maneira mais dura, tal como fizeram no passado os partidos nacional-socialistas de Hitler e Mussolini, para subjugar o movimento trabalhador e popular. Esta foi e continua sendo sua característica básica; esta é a fonte da ira anticomunista aberta que caracteriza todas as forças fascistas desde sempre.

Certamente, os partidos nacional-socialistas, ainda que expressem os interesses do capital da mesma forma que os demais partidos burgueses, também aprisionam em suas fileiras as camadas populares, tratando de formar uma ampla base popular. Isto é conseguido a partir da utilização da "ferramenta" de intimidação aberta, da política racista, do chauvinismo e do irredentismo, da distorção da história, etc., lançando mão do empobrecimento abrupto das camadas populares, que é o resultado da crise econômica e da debilidade dos demais partidos burgueses em gerenciar o sistema, em arrastar para o âmbito de sua influência os setores populares politicamente atrasados.

O fortalecimento dos partidos fascistas na Ucrânia, do partido "Svoboda" e do "Setor Direita", assim como o Amanhecer Dourado na Grécia, têm alguns elementos similares, como por exemplo, o fato de se terem manifestado após o fracasso rotundo das promessas dos partidos social-democratas que estavam no poder. Por exemplo, todos recordam as promessas do PASOK na Grécia, pouco antes do estouro da crise. Porém, a social-democracia e os partidos liberais burgueses, todos eles típicos governos burgueses, prometem medidas favoráveis ao povo enquanto, na prática, seguem uma política antipopular dura, servindo aos monopólios. Então, dada a desilusão das camadas populares arruinadas, dos autônomos, dos camponeses, dos desempregados, de setores da classe trabalhadora sem experiência, sobretudo jovens, é possível que se dirijam para uma direção mais reacionária. Uma situação similar se deu na Ucrânia, com as promessas feitas pelo governo de Yanukovich.

Esta situação requer que prestemos atenção quando se fala muito no nosso país de um "governo patriótico de esquerda", o que promete o SYRIZA, e que, no marco da UE e da OTAN, na via de desenvolvimento capitalista, supostamente, serão aliviados os trabalhadores, serão solucionados os problemas populares. Não existe maior engano e, infelizmente, se demonstrou historicamente que um tal "governo de esquerda", segundo o modelo conhecido como social-democracia, pode constituir uma ponte para uma política ainda mais direitista, dura e antipopular.

Isto foi confirmado, também, pela experiência recente e passada, dado que as consignas e as promessas de mudanças favoráveis ao povo foram desmentidas na prática por uma ou outra forma de gestão dos interesses do capital, pela barbárie capitalista, pela estratégia da UE, levando a um retrocesso de coincidências.

Hoje em dia, quando as forças fascistas surgem, por exemplo, no governo da Ucrânia, foi demonstrado com provas convincentes que o fascismo, como há 80 anos, pode ser a opção das classes burguesas, não apenas como força de ataque e de intimidação contra o movimento popular, mas, além disso, como força de gestão do poder burguês.

Sabemos por nossa própria história que as forças políticas burguesas, tanto de direita como as social-democratas, em alguns momentos, apoiaram os fascistas, que foram bastante úteis ao sistema capitalista naquelas circunstâncias cruciais. Devido ao perigo de ascensão do movimento popular, ao perigo de que o capitalismo perdesse o poder, com critérios classistas, decidiram abandonar temporariamente a forma da democracia parlamentar burguesa e não tiveram dúvidas em apoiar a forma fascista de exercer o poder do capital.

Na prática, vemos, por exemplo, o presidente dos EUA, cuja eleição foi aclamada há alguns anos pelo jornal do SYRIZA e sua administração foi elogiada por este partido e seu líder, que apoia claramente os fascistas de Kiev com o objetivo de servir aos interesses dos monopólios estadunidenses e europeus na Ucrânia, no cenário da dura competição com a Rússia, sobre o controle das quotas de mercado, das rotas de transporte, dos recursos naturais da região.

A UE e o governo grego, que preside a UE, desempenham um papel ativo nestes planos. A UE, por um lado, caracteriza como "totalitarismo" qualquer mudança governamental que não se baseie nas opções burguesas, condena a violência, enquanto, por outro lado, não hesita em utilizar a violência na hora de derrotar governos que já não servem a seus interesses, tal como ocorreu na Ucrânia. Não tiveram dúvida em utilizar a atividade extrema dos nacionalistas-fascistas, anticomunistas, nostálgicos de Hitler e, é claro, a destruição de monumentos de Lenin, de monumentos soviéticos e antifascistas.

Em nosso país também existem muitas pessoas que nos últimos anos "trabalharam" para fortalecer o Amanhecer Dourado fascista. Não apenas via seu financiamento generoso, como através da preparação do "terreno" ideológico para seu desenvolvimento. Trata-se de todos aqueles que fomentaram o ódio contra o KKE e o PAME, contra a organização política e sindical coletiva e a resistência à política antipopular, enaltecendo a indignação "às cegas", a espontaneidade, absolvendo o sistema capitalista quanto às graves consequências da crise capitalista. Referimo-nos àqueles que, como se provou, criaram "canais de comunicação" políticos com esta formação fascista, prometendo inclusive postos no governo, enquanto fomentavam a inaceitável "teoria dos dois extremos".

Depois de tantos crimes, assassinatos de imigrantes, ataques assassinos contra sindicalistas do PAME, o assassinato de P. Fissas, podemos ver que o sistema segue uma política de "podar" o Amanhecer Dourado, mas não o confronta substancialmente. Isto não tem a ver apenas com o governo, mas, contudo, com outros partidos, como mostra a decisão do Conselho Municipal de Atenas sobre os processos eleitorais. Isto representa algo: que o sistema político burguês não possui o interesse de "erradicar", mas de embelezar esta organização e não descarta a possibilidade de utilizá-la no futuro contra o movimento operário e popular.

O KKE considera que sua tarefa imediata e imperativa é isolar o Amanhecer Dourado, inimigo jurado do povo e de suas lutas e pretende golpear o KKE e o movimento operário e popular. Não se pode confrontar o Amanhecer Dourado a partir do ponto de vista de defender supostamente a democracia burguesa, o sistema capitalista que a gera, mas pela Aliança Popular numa direção antimonopolista e anticapitalista, por um movimento popular que questionará e se oporá à estratégia dos monopólios.

Amigos e camaradas:

Tiramos lições e nos preparamos com um KKE que seja capaz de lutar sob todas as condições, sob todas as circunstâncias.

Os acontecimentos na região ampla (Oriente Médio, norte da África, Balcãs, Eurásia) são rápidos e é possível que nos próximos anos conduzam a novas guerras locais, regionais ou generalizadas. Em condições de preparação de guerras e, em geral, de intervenções imperialistas, a burguesia e seus governos tomam medidas contra o movimento trabalhador e, além disso, utilizam os partidos nacionalistas-fascistas. É possível que tentem impor medidas repressivas contra o movimento comunista e operário.

Por isso, o movimento operário, seus aliados e o Partido devem estar preparados a tempo, ser fortes, concentrados em elaborar e aplicar sua própria estratégia, que corresponderá à satisfação das necessidades trabalhistas e populares, através da ruptura do país com a UE e da OTAN, com todas as uniões imperialistas, com sua retirada dos planos imperialistas e da via de desenvolvimento capitalista.

Desta forma, a parada seguinte são as eleições locais e europeias.

Nestas eleições, deve-se condenar direta e claramente a UE, que apoiou os acontecimentos reacionários na Ucrânia. O apoio não foi acidental e nem por um descuido, mas com estimativas ruins ou devido a uma "correlação de forças negativa" ou por ser "submissa" aos EUA. O apoio foi dado porque é uma aliança a serviço dos monopólios europeus. Por sua natureza, é profundamente reacionária, já que tem como "pedra angular" a proteção dos lucros capitalistas. Pensa constantemente novos modos para explorar os trabalhadores, os trabalhadores autônomos, os aposentados, os jovens. Através do ataque contra os direitos trabalhistas e populares, os cortes de salários e pensões, a comercialização da Saúde e da Educação, através de formas de trabalho flexíveis, o desemprego, as privatizações, a PAC, etc. Esta natureza interna reacionária se reflete na política externa reacionária agressiva da UE. Por isto, por um lado, cria mecanismos de supervisão dos países, ou seja, memorandos permanentes e, por outro lado, forma o euro-exército e coopera estreitamente com a OTAN.

A conhecida "estabilidade" que invoca o governo de ND-PASOK não é nada mais que a continuidade desta política antipopular bárbara dentro e fora de suas fronteiras, num curso de estabilização e recuperação dos lucros da plutocracia. O povo não deve se deixar enganar. Qualquer que seja a recuperação dos lucros de uns poucos, isto não tem nenhuma relação com a maioria esmagadora de nosso povo.

Por outro lado, o dilema das eleições promovido pelo principal partido da oposição, "SYRIZA ou Merkel?", insinuando que sem afetar a UE e o capital, ou seja, sem afetar o caminho de desenvolvimento que nos trouxe até aqui, um governo do SYRIZA supostamente trará a "salvação", tem uma clara intenção de prender os trabalhadores dentro da UE, no marco reacionário de uma sociedade que se apoia no Minotauro dos lucros.

Estas falsas ilusões de que pode existir um capitalismo melhor, uma UE melhor, vêm sendo experimentadas pelos trabalhadores há anos e foram desmentidas plenamente. A UE não pode mudar para melhor. Está intrinsecamente ligada à decadência capitalista que não pode ser escondida pela "maquiagem" que o SYRIZA planeja fazer. Não se trata de um assunto de mudança de correlação em seu interior. A UE não se pode converter na Europa de paz, de solidariedade e de cooperação dos povos.

O SYRIZA semeou tais ilusões outra vez há dois anos, quando saudava a eleição de Hollande e a formação da chamada "frente do Sul", do "vento do Sul". Hoje em dia, o que dizia há dois anos sobre Hollande parece uma piada. Respectivamente, hoje a candidatura para o posto de chefe da Comissão Europeia, ou seja, do núcleo mais duro desta construção reacionária, supostamente mudará toda a construção. Estes "contos de fadas" dos representantes do SYRIZA defendem que se conseguirem o voto popular nas eleições iminentes, uma nova UE será construída, um capitalismo melhor será construído, não têm nenhuma base, são extremamente arbitrárias e perigosas para os interesses populares.

A UE é e se converterá num "inferno" ainda maior e mais cruel para os povos, quer o SYRIZA ocupe o primeiro ou o segundo lugar nas eleições. O único caminho é o fortalecimento da luta contra a UE, pelo desligamento desta, com o cancelamento unilateral da dívida, a socialização da riqueza, com o poder operário e popular.

Um passo nesta direção é a condenação decisiva da UE nas próximas eleições junto com a condenação do capitalismo, que gera o fascismo e a guerra imperialista. E isto só pode ser feito através do fortalecimento decisivo do KKE nas eleições europeias, através do fortalecimento do "Agrupamento Popular" nas eleições municipais e regionais.

É por isso que, a partir desta mesa redonda, dirigimos um chamamento de luta comum, de união de forças e de fortalecimento do KKE, que é a única garantia para que o povo seja forte e para poder determinar seu presente e futuro.

09/Maio/2014

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O fim do Muro da Paz e o que se seguiu BASENAME: canta-o-merlo-o-fim-do-muro-da-paz-e-o-que-se-seguiu DATE: Sun, 23 Nov 2014 19:34:53 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O FIM DO MURO DA PAZ E O QUE SE SEGUIU

http://resistir.info/

Hoje, com o pretexto do Muro de Berlim, a reacção festeja em triunfo e com fanfarras a derrota do socialismo.
Há que dizer que:

1) Hoje o mundo está muito pior do que há 25 anos atras, com guerras incessantes e a ameaça de uma guerra termonuclear;

2) Que a anexação da antiga República Democrática Alemã não beneficiou o seu povo, que hoje lamenta as benesses perdidas com a derrota do socialismo;

3) Que os trabalhadores do ocidente foram prejudicados com o fim do mundo socialista, pois agora os capitalistas consideram-se mais livres para explorá-los;

4) Que o imperialismo adquiriu uma nova agressividade após o desaparecimento do mundo socialista;

5) Que de 1961 a 1989 o Muro de Berlim, ou Muro da Paz, garantiu a tranquilidade na Europa, assim como a defesa da RDA contra a guerra implacável que sempre lhe foi movida com constante sabotagem económica, financeira, tecnológica, militar e psicológica;

6) Que esses clamores triunfantes da reacção fazem todos os possíveis por esquecer os tristes muros que hoje dividem o mundo, como as muralhas que retalham o estado nazi-sionista e encerram o povo palestino em guetos; a muralha mortal, física e electrónica, que assassina mexicanos pobres na fronteira com os EUA; o muro que o regime neo-nazi de Kiev agora está a construir nas fronteiras ucranianas, apesar da ruína económica em que está afundado;

7) Os palradores que hoje peroram na TV acerca do Muro de Berlim deveriam meditar, se fossem capazes disso, na desgraçada situação económica, financeira, social, política, ecológica e energética em que está hoje o mundo capitalista ? o seu triunfalismo seria arrefecido.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Guerra total na Ucrânia: "Ofensiva final" da NATO BASENAME: canta-o-merlo-guerra-total-na-ucrania-ofensiva-final-da-nato DATE: Sun, 23 Nov 2014 19:24:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Guerra total na Ucrânia: "Ofensiva final" da NATO

por James Petras

http://resistir.info/petras/petras_ucrania_21nov14.html

Há sinais claros de que uma grande guerra está prestes a estalar na Ucrânia. Uma guerra promovida activamente pelos regimes NATO e apoiada pelos seus aliados e clientes na Ásia (Japão) e no Médio Oriente (Arábia Saudita). A guerra na Ucrânia basicamente será executada no sentido de uma ofensiva militar em plena escala contra a região Sudeste do Donbass, tomando como alvo os russos étnicos da Ucrânia nas Repúblicas de Donetsk e Lugansk, com a intenção de depor os governos eleitos democraticamente, desarmar as milícias populares, matar os partisans da guerrilha de resistência e sua base de massa, desmantelar as organizações representativas populares e ocupar-se com a limpeza étnica de milhões de cidadãos bilingues ucranianos-russos. O ataque militar da NATO que está para vir na região do Donbass é uma continuação e extensão do seu violento putsch original em Kiev, o qual derrubou um governo ucraniano eleito em Fevereiro de 2014.

A junta de Kiev e seus governantes-clientes recém eleitos, bem como os seus patrocinadores da NATO, têm a intenção de efectuar um grande expurgo a fim de consolidar o domínio ditatorial do fantoche Poroshenko. As recentes eleições patrocinadas pela NATO excluíram vários grandes partidos políticos que tradicionalmente eram apoiados pelas grandes minorias étnicas do país, além de terem sido boicotadas na região do Donbass. Esta impostura eleitoral em Kiev marcou o tom para o movimento seguinte da NATO destinado a converter a Ucrânia numa gigantesca base militar multi-propósito dos EUA, abastecer Berlim com cereais e matérias-primas e ao mesmo tempo servir como um mercado cativo para bens manufacturados alemães.

Uma intensificação da febre da guerra está a varrer o ocidente; as consequências desta loucura parecem mais graves a cada hora que passa.

Sinais de guerra: A campanha de propaganda e sanções, a cimeira do G20 e a acumulação de equipamento militar

Os tambores da guerra oficiais a rufarem em prol de uma expansão do conflito na Ucrânia, encabeçados pela junta de Kiev e suas milícias fascistas, reflectem-se em todos os mass media ocidentais, todos os dias. Importantes meios de propaganda de massa e "porta-vozes" públicos governamentais publicam ou anunciam novos relatos inventados do crescimento de ameaças militares russas aos seus vizinhos e invasões transfronteiriças da Ucrânia. Novas incursões russas são "informadas" desde as fronteiras nórdicas e dos estados bálticos até o Cáucaso. O regime sueco atingiu um novo nível de histeria quanto um misterioso submarino "russo" ao largo da costa de Estocolmo, o qual nunca foi identificado ou localizado ? e muito menos confirmado o "avistamento". A Estónia e a Letónia afirmam que aviões de guerra russos violaram seu espaço aéreo, sem confirmação. A Polónia expulsa "espiões" russos sem prova ou testemunhos. Exercícios militares conjuntos em plena escala de estados clientes da NATO estão a ter lugar ao longo das fronteiras da Rússia nos Estados Bálticos, na Polónia, na Roménia e na Ucrânia.

A NATO está a enviar vastos carregamentos de armas para a junta de Kiev, juntamente com conselheiros de "Forças Especiais" e peritos em contra-insurgência em antecipação a um ataque em plena escala contra os rebeldes no Donbass.

O regime de Kiev nunca cumpriu o cessar-fogo de Minsk. Segundo o gabinete de Direitos Humanos da ONU, uma média de 13 pessoas ? principalmente civis ? tem sido morta a cada dia desde o cessar-fogo de Setembro. Em oito semanas, a ONU informa que 957 pessoas foram mortas ? esmagadoramente por parte das forças armadas de Kiev.

O regime de Kiev, por sua vez, cortou todos os serviços sociais e públicos básicos para as Repúblicas Populares, incluindo electricidade, combustível, salários de serviços civis, pensões, abastecimentos médicos, salários de professores e trabalhadores médicos, salários de trabalhadores municipais; a banca e os transportes foram bloqueados.

A estratégia é estrangular a economia, destruir a infraestrutura, forçar um ainda maior êxodo de refugiados desamparados das cidades densamente povoadas através da fronteira para dentro da Rússia e então lançar assaltos maciços pelo ar, com mísseis, com artilharia e no terreno a centros urbanos bem como a bases rebeldes.

A junta de Kiev lançou uma mobilização militar total nas regiões ocidentais, acompanhada por raivosas campanhas de doutrinação anti-russas e anti-ortodoxos do Leste destinadas a atrair os mais violentos brutamontes da extrema direita chauvinista e incorporá-los às brigadas militares estilo nazi para actuarem como tropas de choque na linha de fronteira. A utilização cínica de milícias fascistas irregulares "libertará" a NATO e a Alemanha de qualquer responsabilidade pelo terror e atrocidades inevitáveis na sua campanha. Este sistema de "negação plausível" reflecte as tácticas dos nazis alemães cujas hordas de fascistas ucranianos e ustachi croatas foram notórias na sua época de limpeza étnica.

G20 + NATO: Apoio ao blitz de Kiev

Para isolar e enfraquecer a resistência no Donbass e garantir a vitória do blitz iminente de Kiev, a UE e os EUA estão a intensificar sua pressão económica, militar e diplomática sobre a Rússia para abandonar as nascentes democracias populares na região Sudeste da Ucrânia, seu principal aliado.

Toda escalada de sanções económicas contra a Rússia destina-se a enfraquecer a capacidade dos combatentes da resistência no Donbass para defenderem seus lares e cidades. Todo despacho russo de abastecimento médico e alimentar essencial para as populações sitiadas incita a um novo acesso ainda mais histérico ? porque contraria a estratégia Kiev-NATO de esfaimar os partisans e sua base de massa ou provocar a sua fuga para a segurança através da fronteira russa.

Depois de sofrer uma série de derrotas, o regime de Kiev e seus estrategas da NATO decidiram assinar um "protocolo de paz", o chamado acordo de Minsk, para interromper o avanço da resistência do Donbass à regiões do Sul e proteger seus soldados de Kiev e milícias encravadas em bolsões isolados no Leste. O acordo de Minsk destinava-se a permitir à junta de Kiev reagrupar seus militares, reorganizar seu comando e incorporar as diferentes milícias nazis dentro das suas forças militares na preparação para uma "ofensiva final". A acumulação militar de Kiev no plano interno e a escalada de sanções da NATO contra a Rússia no plano externo seriam os dois lados da mesma estratégia: o êxito de um ataque frontal à resistência democrática da bacia do Donbass depende de minimizar o apoio militar russo através de sanções internacionais.

A virulenta hostilidade da NATO ao presidente russo, Putin, foi plenamente exibida na reunião do G20 na Austrália: presidentes ligados à NATO e primeiros-ministros, especialmente Merkel, Obama, Cameron, Abbott e as ameaças políticas de Harper e insultos pessoais abertos correram em paralelo com o crescente bloqueio de Kiev para esfaimar rebeldes e centros populacionais no Sudeste. Tanto as ameaças económicas do G20 contra a Rússia como o isolamento diplomático de Putin e o bloqueio económico de Kiev são prelúdios à Solução Final da NATO ? o aniquilamento físico de todos os vestígios de resistência no Donbass, de democracia popular e de laços culturais-económicos com a Rússia.

Kiev depende dos seus mentores da NATO para impor uma nova rodada de sanções severas contra a Rússia, especialmente se a sua planeada invasão deparar-se com uma resistência bem armada e robusta reforçada pelo apoio russo. A NATO está a contar com a restaurada e reabastecida capacidade militar de Kiev para efectivamente destruir os centros da resistência no Sudeste.

A NATO decidiu uma "campanha tudo-ou-nada": tomar toda a Ucrânia ou, se isto fracassar, destruir o Sudeste incontrolável, destruir sua população e capacidade produtiva e empenhar-se numa guerra económica total (e possivelmente com tiros) com a Rússia. A chanceler Angela Merkel embarcou neste plano apesar das queixas de industriais alemães sobre suas enormes perdas de exportações para a Rússia. O presidente Hollande, da França, descartou as queixas de sindicalistas sobre a perda de milhares de empregos franceses nos estaleiros navais. O primeiro-ministro David Cameron está ansioso por uma guerra económica contra Moscovo, sugerindo aos banqueiros da City de Londres que encontrem novos canais para lavar os ganhos ilícitos de oligarcas russos.


A resposta russa

Os diplomatas russos estão desesperados para encontrar um compromisso, o qual permitiria à população de etnia russa no Sudeste da Ucrânia reter alguma autonomia sob um plano federativo e recuperar influência dentro da "nova" Ucrânia pós-golpe. Estrategas militares russos têm proporcionado ajuda logística e militar à resistência a fim de evitar uma repetição do massacre de Odessa, no qual russos étnicos foram massacrados pelos fascistas ucranianos. Acima de tudo, a Rússia não pode permitir-se ter bases militares NATO-Nazis-Kiev ao longo do seu Sul "vulnerável", impondo um bloqueio da Crimeia e forçando um êxodo em massa dos russos étnicos do Donbass. Sob Putin, o governo russo tem tentado propor compromissos permitindo a supremacia económica do ocidente sobre a Ucrânia mas sem expansão militar da NATO e a absorção por Kiev.

Essa política conciliatória fracassou repetidamente.

O "regime de compromisso" democraticamente eleito em Kiev foi derrubado em Fevereiro de 2014 num golpe violento, o qual instalou uma junta pró NATO.

Kiev violou o acordo de Minsk com impunidade e o encorajamento das potências da NATO e da Alemanha.

A recente reunião do G20 na Austrália exibiu um coro demagógico contra o presidente Putin. A crucial reunião privada de quatro horas entre Putin e Merkel foi um fracasso quando a Alemanha imitou o coro da NATO.

Putin finalmente respondeu ao expandir a preparação das tropas russas de ar e terra ao longo das suas fronteiras enquanto acelerava o eixo económico de Moscovo na Ásia.

O mais importante: o presidente Putin anunciou que a Rússia não pode permanecer passiva e permitir o massacre de todo um povo na região do Donbas.

Será que a próxima blitz de Poroshenko contra o povo do Sudeste da Ucrânia se destina a provocar uma resposta russa ? à crise humanitária? Será que a Rússia confrontará a ofensiva de Kiev dirigida pela NATO e se arriscará a uma ruptura total com o ocidente?
21/Novembro/2014

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/all-out-war-in-ukraine-natos-final-offensive/5415354

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: PP, PSOE, UPyD e CiU rejeitam que o Governo demande a Israel por destruir o aeroporto de Gaza pago por Espanha BASENAME: canta-o-merlo-pp-psoe-upyd-e-ciu-rejeitam-que-o-governo-demande-a-israel-por-destruir-o-aeroporto-de-gaza-pago-por-espanha DATE: Fri, 24 Oct 2014 04:05:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.elespiadigital.com/

PP, PSOE, UPyD e CiU rejeitárom nesta quarta-feira no Congresso pedir ao Governo que demande a Israel danos e prejuízos por destruir o aeroporto de Gaza, que foi financiado por Espanha, durante a sua última ofensiva contra a Franja, tal e como expunha a iniciativa registada por oito partidos da oposiçom, que se debateu na Comissom de Assuntos Exteriores.

O texto apresentou-se baixo auspicio do Bloco Nacionalista Galego (BNG) e foi assinado também polo grupo da Esquerda Plural (EU-ICV-TE A) e Amaiur, Nova Canárias (NC), Compromís-Equo e Geroa Bai, adscritas ao Grupo Misto.

Em concreto, estes partidos propunham exigir a Israel danos e prejuízos pola destruiçom do aeroporto de Gaza por ser umha infra-estrutura "imprescindível para romper o isolamento que vive a populaçom na Franja".

Abstençom do PNV

Enquanto que PP, PSOE, UPyD e CiU optárom polo voto negativo, o PNV decantou-se pola abstençom, porque, segundo o seu porta-voz Aitor Esteban, "quiçá haja que exigir a Israel que participe na reconstruçom de Gaza", tendo em conta de que foi "a criança que rompeu o brinquedo".

As formaçons signatárias reclamavam também que o Executivo promovesse a suspensom do acordo de associaçom que a Uniom Europeia tem subscrito com Israel desde 1995 sobre a base de que este país incorre numha "vulneraçom flagrante do artigo 2" desse acordo que obriga aos seus assinantes "a respeitar os princípios democráticos e os Direitos Humanos". Contodo, este pedido nom contou com o apoio de nengum dos demais partidos.

E também nom saiu adiante --pola rejeiçom do resto de grupos, salvo o PSOE que optou pola abstençom-- a reclamaçom de que se suspenda o comércio de armas entre o Estado espanhol e o israelense, enquanto Israel nom cumpra com a legislaçom internacional estabelecida em matéria de Direitos Humanos, e com as disposiçons recolhidas nas Convençons de Genebra.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Geopolítica da Terceira Guerra Mundial BASENAME: canta-o-merlo-lbga-geopolitica-da-terceira-guerra-mundiall-bg DATE: Mon, 13 Oct 2014 17:45:45 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Geopolítica da Terceira Guerra Mundial

De scg.com

Tadução Anna Malm* - Correspondente de Pátria Latina na Europa

A verdadeira razão da Rússia e da Síria estarem sendo atacadas exatamente agora.

Contrariamente ao que as pessoas acreditam a conduta dos países na arena internacional quase nunca é motivada por considerações morais, mas por uma mistura de dinheiro e geopolítica. Sendo assim, logo que os portavozes das elites começarem a demonizar algum país a primeira pergunta que deveria vir a mente deveria ser:- Porque estão fazendo isso exatamente agor? - Qual é a finalidade real disso tudo?

Já a algum tempo a Rússia, a China, o Irã e a Síria tem estado em mira como alvo. Logo que se entenda o porque os acontecimentos a se desenrolarem no mundo começarão imediatamente a fazer mais sentido.

O dólar é uma moeda única. Na verdade a sua concepção, nos tempos atuais, assim como a sua relação com a geopolítica, não se assemelha a nenhuma outra moeda na história. Tem-se que não seria o fato do dolar ter sido desde 1944 a moeda de reserva internacional que o põe nessa situação única. Muitas moedas através da história, e dos séculos, tiveram esse papél. O que é único com o dólar é que ele desde 1970 tem sido, com muitas poucas exceções, a única moeda usada para a compra e a venda do petróleo no mercado internacional.

Antes de 1971 o dólar americano estava correlacionado ao ouro, pelo menos oficialmente, e de acordo com o Fundo Monetário Internacional, IMF, em 1966 os bancos centrais internacionais tinham conjuntamente $14 bilhões de dólares americanos. Entretanto, a essas alturas os Estados Unidos só tinham $3.2 bilhões, em ouro disponível, para cobrir os $14 bilhões de notas de dólares em circulação.

Trocado em miudos isso quer dizer que a Reserva Federal dos Estados Unidos estava imprimindo mais dinheiro do que podiam garantir, em ouro.

O resultado disso foi uma inflação desenfreada, assim como uma fuga do dólar.

Em 1971, no que depois veio a ser denominado como o "Choque Nixon", o presidente Nixon declarou o dólar como completamente desligado do ouro.

Depois disso o dólar tornou-se uma moeda completamente baseada no débito, ou seja na dívida. Com moedas baseadas no débito o dinheiro é literalmente levado a existência através de empréstimos.

Aproximadamente 70% do dinheiro em circulação é criado por bancos comuns. Tem-se então aqui que esses bancos são autorizados a emprestar mais do que eles realmente tem em dinheiro depositado, em outras palavras, emprestam o que não tem.

Dessa maneira segue que o resto é criado pela Reserva Federal. Criando dinheiro deveria significar que essa estaria também emprestando o que não tem. Entretanto tem-se aqui que a Reserva Federal empresta dinheiro principalmente ao governo.

Isso seria simplesmente como dar cheques sem fundo só que aqui, para os bancos, isso tornava-se legal. Essa prática veio a ser chamada de reserva bancária fraccional a ser regulada pela Reserva Federal, a qual é uma instituição que, como por nada, é controlada, assim como é uma propriedade, de um conglomerado de bancos particulares. A Reserva Federal não é uma agência ou ou ramo do governo. Se ela fosse um ramo do governo esse a poderia regular controlar.

Agora, para fazer as coisas ainda mais interessantes, esses empréstimos da reserva fracctional exigem juros, mas como visto acima o dinheiro para pagar esses juros não existe no sistema, uma vez que se empresta mais do que existe em depósitos. Um resultado disso é que sempre há mais dívidas do que dinheiro em circulação. Isso faz com que para se manter a tona a economia tem que estar em perpétuo crescimento, o que é insustentável.

Como terá o dólar conseguido se manter numa posição principal na arena internacional por mais de quarenta anos, se ele é na verdade pouco mais que um elaborado esquema Ponzi? ["Um esquema Ponzi é uma sofisticada operação fraudulenta de investimento do tipo esquema em pirâmide que envolve o pagamento de rendimentos anormalmente altos ("lucros") aos investidores, à custa do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente, em vez da receita gerada por qualquer negócio real. O nome do esquema refere-se ao criminoso financeiro ítalo-americano Charles Ponzi (ou Carlo Ponzi)." - Wikipédia]

É aqui que o dólar relata-se a geopolítica. Em 1973, nas águas da artificial crise OPEP do petróleo [onde o preço do petróleo subiu as alturas] a administração Nixon iniciou negociações secretas com o governo da Arábia Saudita para estabelecer o que se tornou conhecido como o sistema de reciclagem do petrodólar. Num documento, revelado pelo Serviço de Pesquisas do Congresso, mostrava-se que essas negociações tinham também um outro lado, uma vez que oficiais americanos estavam lá discutindo abertamente a possibilidade de tomar os campos sauditas de petróleo militarmente.

Nos Estados Unidos o choque devido ao alto preço do petróleo produziu inflação, novas preocupações a respeito de investimentos estrangeiros (vindos dos países produtores do petróleo) e uma aberta especulação não só a respeito da possibilidade como também de até que ponto poderia ser aconselhável o tentar uma tomada militar dos campos de petróleo da Arábia Saudita, assim como de outros países. Nesse contexto tinha-se dado um embargo, e nas águas desse embargo tanto a Arábia Saudita como oficiais dos Estados Unidos trabalharam para ancorar melhor as suas relações bilaterais, que então se baseavam num antagonismo ao comunismo, numa renovada cooperação militar, assim como em iniciativas econômicas que promoviam a reciclagem dos petrodólares sauditas, reciclagem essa que se daria via investimentos sauditas na infraestrutura, na expansão industrial e nos papéis de investimentos dos Estados Unidos.

Esse sistema foi, em 1975, expandido para incluir toda a OPEP.

Apesar de representar uma margem de segurança contra efeitos de recessão surgidos pelo aumento do preço do petróleo, esse arranjo teve um efeito marginal, menos aberto e mais escondido. Ele arranjo removia também as restrições inerentes as políticas monetárias dos Estados Unidos.

Mesmo que a Reserva Federal não fosse totalmente livre para aumentar a oferta do dinheiro completamente a sua vontade, agora tinha-se que a procura, como que ilimitada pelo petróleo, iria impedir uma fuga do dólar, conquanto distribuindo as consequências inflacionárias por todo o planeta [e não só para os Estados Unidos de quando "criando" mais e mais dinheiro, ou seja, imprimindo ou digitando mais e mais cédulas e ou dígitos num computador].

O dólar transformou-se numa moeda apoiada pelo petróleo em vez de apoiada pelo ouro.

Você alguma vez já se perguntou como pode a economia americana conseguir se manter a tona, por décadas, mesmo com débitos, ou seja dívidas, de multibilhões de dólares?

Você já alguma vez se perguntou como a economia dos Estados Unidos, que por 70% é baseada em bens de consumo, consegue manter uma tal desproporcional quantidade da riqueza mundial?

Hoje em dia combustíveis fósseis são como o alicerce do mundo. Eles se tornaram numa parte integral de todos os aspectos da civilização: agricultura, transporte, plásticos, aquecimento, defesa e medicina, e a sua procura só faz por aumentar.

Enquanto o mundo precisar de petróleo, e enquanto o petróleo só for vendido em dólares, o mundo vai querer ter dólares, e é essa procura que dá ao dólar o seu valor.

Para os Estados Unidos isso é um grande negócio. Os dólares saem, ou como papél ou como informação digital, e produtos e serviços reais vem para dentro do país. Entretanto, para o resto do mundo, essa é uma form vil de exploração em grande escala.

Tendo o comércio internacional principalmente em dólares também dá a Washington uma muito poderosa arma financeira através da possibilidade do peso das sanções. Isso se deve ao fato de que as transações em grande escala são forçadas a passar através dos Estados Unidos, por causa do dólar.

Esse sistema do petrodólar não tinha sido desafiado antes de setembro de 2000, quando Saddan Hussein anunciou sua decisão de vender o petróleo iraniano de maneira outra que através de dólares, voltando-se então ao euro. Esse foi um direto ataque ao dólar, assim como o evento geopolítico mais importante do ano. Entretanto, só um atigo apareceu na mídia ocidental mencionando isso.

No mesmo mês em que Saddam anunciou que ele estava deixando o dólar uma organização denominada "Projeto para um Novo Século Americano", no qual Dick Cheney era um membro, apresentou um documento com o título "Reconstruindo as Estratégias de Defesa, Forças e Recursos para um Novo Século". Esse documento requiria um enorme aumento das despesas militares, assim como uma muito mais agressiva política externa, com o objetivo de expandir a dominância americana pelo mundo inteiro. Entretanto, no documento lamentava-se que muitos anos seriam necessários para que esses objetivos fossem alcançados "na ausência de algum acontecimento catastrofal e catalisador - como por ex. um novo "Pearl Harbor" [Evento esse que como se sabe levou os Estados Unidos a entrar na segunda guerra mundial.]

Um evento desse tipo eles o conseguiram um ano mais tarde.

Aproveitando a reação emotional de 9/11 a administração de Bush pode então invadir o Afeganistão e o Iraque assim como decretar o chamado Ato Patriótico. Tudo isso, depois de 9/11, pode ser feito sem maiores resistências.

Não havia nenhuma arma de destruição maciça no Iraque e acreditar nisso não era uma consequência de informação deficiente. Essa foi uma mentira friamente premeditada, e a decisão de invadir o Iraque foi tomada muito conscientemente quanto ao disaster a ser esperado.

Eles sabiam exatamente o que iria acontecer, mas em 2003, isso eles o fizeram de qualquer maneira. De quando os campos de petróleo do Iraque cairam nas mãos dos Estados Unidos a venda do petróleo voltou imediatamente a ser feita sómente em dólares. Missão terminada e pronta. Ponto final.

Logo após a invasão do Iraque [na segunda guerra] a administração Bush tentou estender a guerra ao Irã. [Primeira guerra 1990-91; Segunda guerra 2003].

Desconfiavam que o governo do Irã estaria tentando construir uma arma nuclear. Depois do fiasco no Iraque a credibilidade de Washington estava num nível muito baixo o que fez com que esse não conseguisse levantar apoio internacional, ou mesmo nacional, para uma intervenção no Irã. Esses esforços ainda vieram a sofrer sabotagem por parte de elementos da CIA e Mossad, que se apresentaram dizendo que o Irã não tinha nem mesmo tomado qualquer decisão no sentido de construir uma arma nuclear, muito menos então para começar a construí-la. Entretanto, a demonização do Irã continuou e vem até hoje através da administração de Obama.

Porque?

Bem, será que isso se deveria ao fato de que desde 2004 Irã vem organizando uma bolsa de valores independent para o petróleo? Eles estavam construindo o seu próprio mercado para o petróleo, e esse nada tinha a ver com o dólar. O primeiro fornecimento de petróleo desse mercado foi vendido em julho de 2011.


Não tendo sido capazes de conseguir a guerra que queriam os Estados Unidos então usaram a ONU para impor sanções contra o Irã. O objetivo dessas sanções era o de derrubar o governo do Irã. Apesar dessas sanções terem causado problemas para a economia iraniana elas não conseguiram destabilizar o país. Isso se deveu em grande parte pelo fato da Rússia ter ajudado o Irã a ultrapassar as restrições bancárias dos Estados Unidos.

A intervenção da OTAN na Líbia foi seguida da guerra por procuração contra a Síria. Os depósitos de armamentos do governo da Líbia foram saqueados e as armas foram despachadas através da Turquia para os grupos rebeldes na Síria, trabalhando para derrubar Assad. Já estava claro a essas alturas que muitos desses rebeldes estavam ligados a organizações terroristas. Entretanto, o aparato da segurança nacional dos Estados Unidos viam isso como um mal necessário. A idéia era que o influxo de jihadistas extremistas iria trazer disciplina, fervor religioso e experiência em batalhas, vindas do Iraque. Tudo isso foi financiado pelos simpatizantes sunitas do Golfo, e mais importante, com resultados mortais. Enfim, isso queria também dizer que o Exército Livre da Síria, FSA na sigla inglesa, estava precisando da Al Qaeda.

Em fevereiro de 2009 Moamar Kadafi foi nominado como presidente da União Africana. Ele imediatamente propos a formação de um estado unificado, com uma moeda única. Foi a natureza dessa moeda que fez com que ele fosse assassinado.

Em março de 2009 a União Africana apresentou um documento entitulado "A caminho de uma moeda africana única". Nas páginas 106 e 107 desse documento se discutia principalmente os benefícios e a estrutura técnica de um Banco Central africano abaixo de um padrão correlacionado com o ouro. Na página 94 desse documento declarava-se explicitamente que a chave do sucesso da União Monetária Africana seria a ligação dessa moeda comum africana a mais monetária de todas as comodidades - o ouro. (Note-se que a numeração das páginas pode ser outra nas diferentes versões desse documento.)

Em 2011 a CIA entrou na Líbia e começou a apoiar grupos militantes em sua campanha para derrubar Kadafi. Os Estados Unidos, e a OTAN, por sua vez começaram depois a esticar a aplicação da autorização da ONU quanto a uma zona aérea interditada. Isso foi feito para dar vantagens aos grupos militantes através dos ataques aéreos US e OTAN. A presença de extremistas da Al Qaeda entre os grupos militantes foi varrida para baixo do tapete.

A Líbia assim como o Irã e o Iraque tinham cometido o crime imperdoável de desafiar o dólar.

Vamos agora falar português claro aqui. Foram os Estados Unidos que colocaram o Estado Islâmico (IS/ISIS/ISIL) no poder.

Em 2013 os mesmos elementos do hoje denominado Estado Islâmico que de então se apresentavam como Al Qaeda relacionados rebéis da Síria, lançaram dois ataques com o gás sarin, na Síria. Isso foi feito para acusar Assad de o ter feito e para conseguir então apoio internacional para uma intervenção militar. Entretanto, o contrário foi demostrado pela ONU e pelos investigadores da Rússia, e essa tentativa de conseguir os desejados ataques aéreos contra a Síria caiu por terra por assim dizer. A Rússia conseguiu uma solução diplomática dos acontecimentos.

A campanha americana para derrubar o governo na Síria, assim como também tinha sido feita na Líbia, foi apresentada em termos de "direitos humanos". É óbvio que esse não tinha sido o motivo real. Em 2009 Catar tinha apresentado uma proposta para um gasoduto através da Síria e da Turquia para a Europa. Assad rejeitou essa proposta. Depois disso ele fez um pacto com o Iraque e Irã para construir um gasoduto não indo para a Europa, mas para o oriente, tirando dessa maneira e completamente tanto a Arábia Saudita como a Turquia do negócio. Não é então surpreendente que tenha sido exatamente Catar, a Arábia Saudita e a Turquia que foram os mais agressivos atores regionais atiçando para a derrubada do governo da Síria. Entretanto, porque iria essa dispusta de gasodutos pôr os Estados Unidos tão ativo contra a Síria? Tem-se aqui três motivos:

1) O arranjo desejado pela Síria iria fortalecer, e de muito, a posição do Irã, porque esse permitiria ao Irã exportar para os mercados europeus sem ter que passar através de nenhum dos países aliados de Washington. Isso iria depois enfraquecer de muito o poder de Washington sobre o Irã.

2) A Síria é o aliado mais próximo do Irã e um seu colápso iria de certeza ajudar a enfraquecer o Irã.

3) A Síria e o Irã tem um acordo mútuo de defesa o que poderia fazer que uma intervenção na Síria abrisse as portas para um conflito com o Irã. Em fevereiro desse ano essa geopolítica complicou-se ainda mais por causa da Ucrânia. Aqui o alvo real era a Rússia, que realmente é o segundo maior exportador de petróleo do mundo. A Rússia é não só um espinho na coroa de Washington, visto de uma perspectiva diplomática, como também tem-se aqui que a Rússia abriu, em 2008, uma bolsa de valores energéticos com as vendas sendo denominadas em rublos e ouro. Esse projeto esteve sendo preparado desde 2006 . A Rússia e a China também estiveram se entendendo para fazer, se não todos, então muitos, dos seus próprios negócios bilaterais sem o uso do dólar.

Depois tem-se que a Rússia esteve organizando a União Econômica da Eurásia, a qual inclui planos para adotar uma moeda comum, prevista para um mercado energético independente.

De quando do começo da crise atual, a Ucrânia foi apresentada com duas opções: ou associar-se a União Européia ou entrar na União da Eurásia. A União Européia insistia que tinha que ser ou uma ou a outra. A Ucrânia não poderia entrar nas duas. A Rússia por seu lado dizia que afiliar-se as duas não seria nenhum problema. [Provavelmente por causa das muito melhores condições oferecidas] o Presidente Yanukovich decidiu-se pela Rússia.

Em resposta a isso o aparato da segurança nacional dos Estados Unidos fez uma das suas especialidades. Eles deram um golpe que derrubar o governo de Yanukovich e instalataram um governo com marionetes [só que dessa vez com neonazis na direção]. Para ver a inequívoca evidência do envolvimento de Washington nesse golpe de estado veja o vídeo "The ukraine crisis - what you´re not being told". [O /endereço/url do vídeo segue abaixo em referências e notas.]

This article - Esse artigo do Guardian também vale a pena ler.

Apesar de tudo parecer estar indo bem para os golpistas os Estados Unidos logo perderam o controle da situação. A Criméia fez um referendo no qual o povo votou esmagadoramente para uma secessão da Ucrânia e uma reunificação com a Rússia. A transição foi pacífica e feita ordenadamente. Ninguém foi morto. Entretanto, o ocidente imediatamente apresentou todo o acontecido em termos de uma agressão russa. Essa mentira foi depois repetida "ad nauseum", ou seja, até a náusea.

A Criméia é importante do ponto de vista geoestratégico por causa da sua localização no Mar Negro. Essa sua localização permite uma projeção de poder naval ao Mar Mediterrâneo. Tem-se depois que a Criméia fez parte da Rússia a maior parte da sua história moderna. [Já aqui nem se mencionando, entre outras coisas, que a grande maioria de sua população é de etnia russa.]

Já a anos que os Estados Unidos vem fazendo pressão para incluir a Ucrânia na OTAN. Um tal passo iria colocar as forças militares dos Estados Unidos nas portas da Rússia, o que poderia ter feito com que a Rússia perdesse a Criméia. Essa foi a razão pela qual a Rússia aceitou imediatamente o resultado do referendo e consolidou a Criméia como parte de seu território. [Do qual diga-se de passagem ela nunca deveria ter saído se todos os líderes soviéticos tivessem se mantido sóbrios e capazes de prognostizar hipotéticos, mas possíveis, cenários futuros mais acuradamente. Tem-se aqui também que durante o tempo soviético não seria tão importante abaixo de que jurisdição essa ou aquela região viesse a ser inscrita.]

Depois do caso da Criméia teve-se que no leste da Ucrânia duas regiões [também de tradição russa] vieram a declarar independência de Kiev depois de seus próprios referendos.

Kiev respondeu a isso com o que denominaram de uma operação anti-terrorista. Na prática essa foi uma maciça e indiscriminada campanha de bombardeamentos que veio a matar milhares de civís [entre homens, mulheres, crianças, e idosos, com enormes mísseis de distância, de 3-4 metros de comprimento, senão mais, sendo que cada um podendo ser de múltiplas funções com modernos sistemas de bombardeamentos múltiplos, o que incluiria também armas proibidas].

Tudo indica aqui que matar civís premeditadamente dessa maneira para os ocidentais não se qualificaria, nesse caso como em muitos outros semelhantes, como ato de agressão. Nesse contexto deu-se mesmo que o Fundo Monetário Internacional advertiu explicitamente o governo provisório ucraniano de que o seu pedido de empréstimo de $17 bilhões de dólares poderia estar em perigo se eles não conseguissem acabar com a sublevação no leste do país.

Enquanto a guerra no leste da Ucrânia estava em total vigor eleições presidenciais foram efetuadas e Petro Poroshenko foi eleito presidente. Mostrou-se , através dos telegrams expostos por Wikileaks em 2008, que Poroshenko tinha trabalhado como uma toupeira [trabalho de agente] para o Departamento do Estado dos Estados Unidos, desde 2006. Os americanos se referiam a ele como "o nosso homem na Ucrânia" e muitos dos telegramas se referiam a informações que ele tinha fornecido. Um específico telegrama mostrava que os Estados Unidos, mesmo a essas alturas, já sabia que Poroshenko era corrúpto.

Ter uma marionete a postos mostrou-se entretanto como insufuciente para dar a posição de vantagem para Washinton no decorrer da crise. O que costuma então Washington fazer nesse tipo de situações? Os Estados Unidos, representado em Washington impõem sanções, demonizam, avançam batendo as espadas, ou fazem algum sério ataque utilizando falsas bandeiras.

Essa não é uma boa estratégia em se tratando da Rússia. Na verdade o tiro já saiu pela culatra. As sanções só fizeram por estreitar os laços entre a Rússia e a China e acelerar a agenda de de-dolarização da Rússia. Apesar da retórica essa estratégia não fez com que a Rússia ficasse isolada. Os Estados Unidos e a OTAN colocaram uma distância entre si e a Rússia, mas não conseguiram colocar uma tal distância entre a Rússia e o mundo, o que pode ser provado por exemplo com o caso dos BRICS.

Hoje esse eixo ou centro anti-dólar vai além da economia. Esses países, ou seja, China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul [para aqui só ressaltar os BRICS] sabem o que está em jogo. Portanto nas águas do sucedido na Ucrânia a China propôs um novo pacto de segurança a incluir tanto a Rússia como o Irã.

Considere-se as implicações da administração de Obama a bombardear a Síria, uma vez que a Síria tem um pacto de defesa com o Irã.

Aqui já não se trata de uma segunda guerra fria mas de uma terceira guerra mundial. As massas podem ainda não ter compreendido o que se passa mas seguramente que a história irá lembrar-se disso dessa maneira.

Alianças estão sendo solidificadas e uma guerra está a caminho vindo de muitas frentes. Se as provocações e as guerras por procuração continuarem assim será sómente uma questão de tempo antes que os principais atores venham a se confrontar diretamente, o que é a receita para um desastre total.

Tudo isso lhe parece loucura? Tem razão. Os atuais dirigentes no cenário internacional não podem ser qualificados senão como loucos, enquanto o público vai como sonâmbulo direto para uma confrontação definitiva com a tragédia. Se você quiser alterar o curso dos acontecimentos o melhor será acordar esse público sonâmbulo. Tem-se depois também aqui que mesmo as mais poderosas armas de guerra serão neutralizadas se você conseguir encontrar a mente do homem atrás do gatilho.

Mas, como acordar essas massas? Não espere por ninguém para lhe explicar isso. Seja criativo. Pense nos seus filhos e netos e atue no mundo, porque a vida deles está, em sistema de urgência, dependendo de você mesmo.

Referências e Notas:

The Geopolitics of WW III, em Strategic Culture Foundation, 26-09-2014, EDITOR'S CHOICE | 26.09.2014 |www.strategic-culture.org

Texto original de scgnews.com - storm clouds gathering (nuvens tempestuosas aproximando-se) --

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sair do Euro para recuperar a soberania e desenvolver o País BASENAME: canta-o-merlo-sair-do-euro-para-recuperar-a-soberania-e-desenvolver-o-pais DATE: Fri, 10 Oct 2014 19:39:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Sair do Euro para recuperar a soberania e desenvolver o país
? Portugal precisa tomar o seu destino nas suas mãos

por Octávio Teixeira [*]

Considero a saída do Euro uma opção necessária e indispensável para se poder vislumbrar um futuro não ruinoso para o País. Por isso é com agrado que encaro a sua discussão à esquerda. Tal discussão começa finalmente a deixar de ser um tabu. Mas muitos continuam a acentuar essencialmente os custos, e muitas vezes a exagerá-los, omitindo as indiscutíveis vantagens absolutas e as relativas em comparação com a alternativa da permanência no Euro.

Nunca os defensores da saída, em que há muito me incluo, omitiram os custos objectivos associados a essa opção, ao mesmo tempo que mostraram que os benefícios são largamente superiores e que, mais cedo ou mais tarde, a saída se apresentará como uma inevitabilidade.

Por isso se me impõe voltar ao tema.

Razões para a saída do Euro

1- É necessário ter consciência de que a saída do Euro é, também, uma questão política, o que por vezes parece afastado das análises.

Porque sem soberania monetária não há efectiva soberania nacional e democrática, como a experiência tem demonstrado. A sujeição de Portugal à zona Euro não deixa qualquer margem de manobra para podermos decidir livremente ? designadamente em matéria orçamental, financeira, de projecto de desenvolvimento económico e social.

Se olharmos com atenção para o que se tem passado desde a criação da zona Euro, verifica-se que em resultado das regras, orientações e políticas dimanadas do seu directório e impostas aos Estados-membros, os países periféricos estão submetidos a uma dinâmica colonial: 1) acentuaram-se as divergências reais entre os Estados-membros tal como se acelerou a desindustrialização dos países periféricos em benefício dos países do centro; 2) reforçou-se a posição destes, a metrópole colonizadora, como exportadores de bens de equipamento e de consumo de maior valor acrescentado e como importadores da procura interna e dos baixos salários dos países periféricos, as colónias; 3) subjugaram-se os periféricos à eterna servidão da dívida e ao subdesenvolvimento relativo; e 4) reduziu-se a própria democracia política na perspectiva de os povos e países poderem definir o seu futuro e decidirem livremente as suas opções.

Ainda nesta perspectiva política, importa ter presente que o Euro é o instrumento essencial do neoliberalismo em que estamos atolados. Com o neoliberalismo, não há nem pode haver horizonte de progresso social, pois ele visa a redução dos custos do trabalho e o aumento da acumulação de capital. O capital financeiro que o comanda considera o trabalho como uma mera mercadoria sem qualquer dignidade e faz recair sobre os salários e o emprego todos os custos de ajustamentos a choques económicos, tendo por desígnio aumentar o "exército de reserva", reduzir direitos laborais e travar o crescimento dos salários, em benefício das oligarquias financeiras.

Isto significa que só com a libertação do jugo do Euro será possível implementar uma efectiva alternativa de esquerda. Sob a ditadura do Euro, objectivamente, a "alternativa" cinge-se a um pouco mais de sensibilidade social na governação. Mas não permite a implementação de uma política macroeconómica de ruptura com o neoliberalismo, de desenvolvimento, de progresso social, de valorização do trabalho e dos trabalhadores.

2- Por outro lado, nas perspectivas económica, financeira e social, a saída do Euro com a subsequente desvalorização da nova moeda permite recuperar a competitividade indispensável para sustentar o necessário aumento da produção nacional e das exportações e a redução das importações e do desemprego; eliminar a pressão que o Euro exerce sobre os salários, a precariedade do emprego e o Estado social; viabilizar uma política macroeconómica que assuma como prioridades o desenvolvimento e o bem-estar dos cidadãos; e contribuir de forma significativa para a redução real da dívida externa pois ela é maioritariamente emitida de acordo com a legislação nacional e, por isso, pode ser redenominada na nova moeda.

Acresce que a recuperação da soberania monetária permite o financiamento (em termos adequados) da dívida pública com recurso ao Banco de Portugal, eliminando a obrigatoriedade do Estado se financiar exclusivamente nos mercados financeiros com os consequentes efeitos de imposição da redução da despesa pública e a decorrente pressão em baixa sobre a procura agregada. Isto para além dos enormes efeitos negativos sobre a redistribuição do rendimento e a prestação de serviços públicos.

As "alternativas" que se ficam pela renegociação e consequente reestruturação da dívida e pela ruptura com o Tratado Orçamental, que se impõem e aliviam os constrangimentos que pesam sobre a economia e a população, são insuficientes e transitórias uma vez que não resolvem dois problemas de fundo e centrais:
? a necessidade de ruptura com o neoliberalismo, pois a admissão de que é possível uma alternativa ao neoliberalismo no quadro institucional da zona Euro é um erro tão crasso como o da criação da moeda única; e
? o aumento da competitividade capaz de gerar condições para o crescimento e o desenvolvimento, pois continuaríamos a ter uma taxa de câmbio sobrevalorizada, implicando défices e dívida externos permanentes e elevados, taxas de crescimento irrelevantes ou recessão, desemprego elevado, níveis de vida cada vez mais baixos.

Se todos estamos de acordo com a prioridade do aumento da produção, do crescimento, é necessário criar as condições objectivas e essenciais para que ele possa ocorrer.

Em suma, só a saída do Euro e a criação da nova moeda é passível de se inserir ? e dela ser um instrumento essencial ? num projecto de política macroeconómica de ruptura com o neoliberalismo, de reindustrialização do país, de defesa e aprofundamento do Estado-social, de aumento do emprego e de valorização do trabalho e dos salários reais.

Custos da saída do Euro

É evidente que existirão dificuldades políticas e, eventualmente, legais. Mas o país terá de as confrontar e mobilizar-se para isso. Teremos de competentemente nos prepararmos e motivar o povo para as ultrapassar. A saída do Euro deve ser preferencialmente uma saída acordada com as instâncias europeias, porém o seu abandono deve subsistir mesmo sem esse acordo. Para além de todas as razões essenciais que a justificam, essa determinação será uma arma negocial para influenciar a via da saída através de acordo.

E é certo que existem custos associados à recuperação da soberania monetária e consequente desvalorização da moeda. De qualquer modo esses custos são menores que os decorrentes da desvalorização interna e com a grande e determinante vantagem de permitirem uma saída da crise profunda em que estamos atolados. E são custos de muito curto prazo que se comparam favoravelmente com os da agonia muito prolongada da desvalorização interna devido à permanência no Euro.

Já por diversas vezes identifiquei os custos e sobre eles dei a minha opinião. Mas vale a pena a eles regressar, em particular aos mais vulgarmente suscitados.

Taxa de inflação.
Actualmente, com base nos dados do INE, é previsível que a taxa de inflação importada, em termos do índice de preços no consumidor, decorrente duma desvalorização da moeda de 30%, se situe em 7,5%. Convenhamos que é um custo suportável, até porque será de muito curto prazo (na Islândia, na sequência duma desvalorização acumulada superior a 50%, a inflação foi de 12% em 2009, baixando nos dois anos seguintes para 5 e 4%). Mas há quem suscite a questão de tal previsão ser demasiado optimista e mesmo irrealista, trazendo à colação a experiência que o País teve no início dos anos 80. Porém isso carece de fundamento sério. As condições de hoje e de há 30 anos são incomparáveis porque completamente diferentes. No início dos anos 80 a inflação importada decorrente da desvalorização determinada pelo FMI veio juntar-se à inflação interna que nessa altura rondava os 20%. Sucede que hoje a inflação interna é nula ou mesmo negativa. Situação que tende a manter-se. Nada há para acrescer à inflação importada e, por isso, não tem razão de ser qualquer alarmismo sobre o perigo de uma espiral inflacionista. E, num caso extremo como o dos combustíveis (com uma componente importada da ordem dos 80%) é possível, e impõe-se, controlar os efeitos através da compensação do aumento do preço das importações na nova moeda com a redução do imposto sobre os combustíveis.

Salários.
Os efeitos sobre os salários reais decorrem do nível de inflação. Numa leitura menos cuidada diz-se que eles cairiam tanto como a inflação, ou mais, o que penalizaria fortemente os trabalhadores. A verdade é que não tem que, e não deve, ser assim. Partindo duma inflação previsível de 7,5%, é possível e defensável que os salários nominais tenham um aumento suficiente para que não haja redução dos salários reais. Tendo presente que as remunerações (salários mais contribuições patronais para a Segurança Social) representam 25% do valor da produção, se os salários nominais forem aumentados em 10% teremos um agravamento da inflação de 2,5%. O que acrescido à inflação importada dá um total de 10% de inflação e, portanto, a manutenção dos salários reais.

No imediato, porque a seguir haverá condições para os aumentar com base no crescimento e numa mais justa repartição do rendimento. Porque com uma desvalorização de 30% e uma taxa de inflação de 10% resulta um aumento da competitividade-preço da nossa produção de 20%, o que não só permite num prazo muito curto um acréscimo das exportações de bens e serviços ? e nos serviços com realce particular para o turismo ? como uma apreciável substituição de importações por produção nacional. Com resultados muito positivos no emprego, nas receitas fiscais, nas contas externas, e nos salários.

Pensões e reformas.
Aqui não me parece haver alternativa: terá de (e deverá) ser o Estado a suportar os custos para que não haja redução real dos rendimentos provenientes das pensões e reformas, em particular das mais baixas. E no novo quadro os valores são absolutamente suportáveis pelo Orçamento.

Efeitos sobre as famílias nas relações com o sistema bancário
É de prever, será mesmo inevitável, que as taxas de juro aumentem para valores acima da inflação. Mas mais uma vez não há razão nenhuma que sustente visões catastrofistas. Desde logo porque sendo adequado que as taxas de juro reais sejam positivas tendo em vista a sustentabilidade do sistema bancário o seu nível não tem que ser elevado; e porque, com a recuperação da soberania monetária, o Banco de Portugal pode e deve controlar esse nível de forma globalmente adequada. E tendo em conta que os salários nominais aumentam 10%, os custos reais das prestações do crédito aumentarão, transitoriamente, em níveis relativamente reduzidos.

Quanto aos depósitos bancários, como a conversão das moedas se fará segundo o princípio da igualdade (1 por 1), para as famílias que os detenham não haverá perdas nominais mas apenas reais, via inflação. Porém as taxas de juro nominais internas aumentarão pelo que parcialmente compensarão essas perdas. (Considero errada a hipótese aventada por alguns de os depósitos poderem vir a ser mantidos em euros. Os custos seriam demasiado elevados e teriam de ser suportados pelo Estado.)

Sistema bancário
Os problemas colocam-se essencialmente face às responsabilidades dos bancos para com não residentes. Mas neste âmbito há que ter em conta que os bancos são devedores mas igualmente credores. De acordo com os dados do Banco de Portugal, em 31 de Agosto deste ano os passivos das instituições financeiras monetárias face aos não residentes (incluindo sedes e sucursais) ascendiam a 101.302 milhões de euros, dos quais 38.021 face ao BCE via Banco de Portugal. Por seu lado os activos atingiam os 75.886 milhões de euros. Os efeitos líquidos decorrentes da desvalorização rondam os 7,5 mil milhões. Um valor agregado que, sendo elevado, se apresenta como gerivel.

Mas a situação poderá ser muito diferenciada entre as diversas instituições. Por isso é evidente que a situação tem de ser conduzida com cuidado. Terão de ser calculados para cada um dos bancos o aumento em que os seus débitos incorrerão devido à desvalorização, mas igualmente os ganhos obtidos nos seus créditos. Uma ajuda do Estado sob a forma de participação no capital poderá ser necessária para os grandes bancos. Mas se o fôr, essa tomada de participação deverá prefigurar a recomposição do sistema bancário com a separação dos bancos comerciais dos de investimento, e eventual nacionalização, pelo que de facto não será um custo mas um ganho.

Eis pois uma contribuição para colocar objectivamente as vantagens e alguns dos custos ou problemas com a saída do euro, naturalmente sujeita a aprofundamentos e acertos. Custos que necessariamente devem ser comparados com os da manutenção no Euro e com os ganhos decorrentes do regresso à flexibilidade da taxa cambial, da recuperação da soberania nacional e democrática e da libertação do jugo colonial que o Euro impõe ao País.
07/Outubro/2014

[*] Economista.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Como sair do euro BASENAME: canta-o-merlo-como-sair-do-euro DATE: Sun, 05 Oct 2014 19:35:08 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Como sair do euro
? Breves considerações políticas, legais e práticas

por Manuel Brotas [*]

Partilho convosco uma reflexão pessoal, integrada, tal como outras, na análise e no debate partidários sobre o tema desta sessão.

Permitam-me começar com uma brincadeira, embora mais séria do que possa parecer à primeira vista.

É conhecido da literatura económica o chamado "triângulo das impossibilidades", cuja validade aqui não se discute, sobre a impossibilidade de ter simultaneamente uma taxa de câmbio fixa, livre circulação de capitais e uma política monetária independente. Segundo o enunciado, quaisquer duas destas três condições implicam que a terceira não se possa realizar.

No nosso caso também temos um triângulo, com a reestruturação da dívida, a saída do euro e a nacionalização da banca, só que, por contraste, devemos chamar-lhe o "triângulo das inevitabilidades ". Quaisquer duas destas três condições implicam que a terceira também se tenha que realizar.

A reestruturação (profunda) da dívida e a saída do euro implicam a nacionalização (do essencial) da banca, para assegurar a sua liquidez e solvência. A saída do euro e a nacionalização da banca implicam a reestruturação da dívida, para capacitar o Estado e o sistema bancário a cumprir as suas funções sociais. A nacionalização da banca e a reestruturação da dívida implicam a saída do euro, para se poder financiar, quanto mais não seja em último recurso, o Estado e a banca.

O PCP tem a compreensão de que estas três componentes, a reestruturação das dívidas pública e externa, a saída do euro e a nacionalização da banca, estão profundamente ligadas, influenciam-se reciprocamente e reclamam uma solução integrada, que seja pensada e preparada em conjunto. E articulada com as outras facetas da política patriótica e de esquerda que propomos para o país.

Sem prejuízo do entrosamento das medidas específicas das três componentes, a reestruturação da dívida, mais premente e consensualizada na sociedade portuguesa, deve preceder a saída do euro. Mas a evolução dos acontecimentos e a posta em marcha, ainda que preparatória, destes processos, pode levar à antecipação de medidas, nomeadamente de controlo público sobre o setor financeiro.

Nesta intervenção centramo-nos no abandono da moeda única, não tanto na sua necessidade e justeza, mas na sua viabilidade e concretização.

Não se nega a complexidade deste processo, mas importa não deixar no ar a ideia de que a saída do euro implica a saída da União Europeia. O argumento é conhecido. A saída não está contemplada, a UEM obriga todos os países a pertencer à zona euro, ou a ela aderir logo que reúnam os critérios, as exceções do Reino Unido e da Dinamarca são derrogações especiais explicitadas em tratado, obtidas na fase de negociação, novas exceções também teriam que ser consagradas em tratado, que necessitariam da morosa e implausível aprovação formal dos parlamentos de todos os 28 estados-membros. Se um país quiser sair da UE pode fazê-lo, não pode é sair da zona euro e ficar na UE, porque isso não depende só dele e precisa do consentimento de todos os outros, devidamente institucionalizado.

A questão é fundamentalmente política. Mas, ainda assim, convém recordar a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, que configura o padrão internacional e é aceite pela jurisprudência comunitária. Dois artigos são fundamentais, o 61º e o 62º. De acordo com o primeiro, os estados têm o direito de se retirar de tratados quando a sua pertença se tornou definitivamente insustentável; de acordo com o segundo, têm o direito de se retirar quando a mudança fundamental de circunstâncias põe em causa a base de vinculação e das obrigações assumidas. Um e outro podem ser invocados por Portugal em relação à zona euro, que em vez de estabilidade e desenvolvimento, o mergulhou numa insuportável degradação sem termo, modificando substancialmente o balanço de vantagens e desvantagens.

As disposições de Maastricht de progressiva euroização da UE assentavam numa conceção implícita de eternização da moeda única, hoje mais que posta em causa. E os próprios dirigentes políticos alemães e franceses, desde a crise irrompida em 2008, ameaçaram repetidamente a Grécia de expulsão da zona euro, sem que estivesse propriamente em causa a permanência na UE.

Note-se que as disposições dos tratados de nada valeram quando, por exemplo, se violou generalizadamente a limitação dos défices orçamentais ou quando se instaurou em Chipre o prolongado controlo de capitais que ainda perdura.

A verdade é que, ainda hoje, é normal estar dentro da UE e fora do euro, como sucede com dez países, e que a institucionalidade europeia é uma negociação permanente, determinada fundamentalmente pela necessidade, a relação de forças sociais e a determinação dos estados e dos povos.

Mais complicados podem ser os aspetos económicos e práticos do problema.

O abandono do euro é necessário, mas tem como condições indispensáveis a preparação do país, o respeito pela vontade popular, a condução por um governo patriótico e de esquerda. Um governo empenhado em defender os rendimentos, as poupanças, os níveis de vida e os direitos da generalidade da população.

A rutura com o euro deve processar-se da forma mais suave possível, com o propósito de preservar e melhorar a situação material do povo, de recuperar e acelerar o crescimento económico e de abrir potencialidades ao desenvolvimento do país. Uma saída forçada, involuntária, impreparada, catastrófica, precipitada pela degradação da situação nacional ou europeia, pela mão de um governo de direita, não defende nem interessa ao povo português.

Com o abandono do euro, esta moeda não desaparece. Conserva-se como a segunda moeda de reserva internacional, a moeda básica do espaço económico onde estamos integrados, dos nossos principais parceiros comerciais, dos nossos vizinhos espanhóis. Isso levanta problemas específicos no processo de transição, que exige respostas adaptadas a esse período, que não têm necessariamente que manter-se nas fases posteriores.

O período de transição dura enquanto não se consolidar a nova moeda, estabilizarem razoavelmente a inflação e o câmbio e subsistirem perturbações ou riscos elevados para o funcionamento regular das instituições.

É crucial minimizar a fuga de capitais. Não temos ingenuidade nenhuma e sabemos que pode começar bastante antes da introdução da nova moeda, desde logo com os preparativos, com a decisão ou até mesmo com a intenção.

Por isso se propõe a instituição excecional e transitória, aprovada por razões de ordem pública pelos órgãos de soberania competentes, desde o início da preparação da saída, de um controlo de capitais em escala móvel, caraterizado por uma aplicação expedita, pelo governo ou em sua representação, geral ou seletiva, de um conjunto de disposições, mais apertadas ou mais relaxadas quanto à severidade, sobre a movimentação de fundos, divisas e ativos financeiros, acompanhadas das sanções imediatas em caso de incumprimento.

Neste regime, proporcionado e flexível, que reforça a sua severidade na estrita medida em que a evolução da situação exigir, as regras do jogo são claras, transparentes, conhecidas e dissuasoras. Conforme a evolução da situação e o comportamento particular dos agentes económicos, as disposições, sob avaliação e revisão permanentes, podem variar, num sentido ou noutro, basicamente entre dois extremos. Desde a manutenção presente de livre circulação até fortíssimas limitações ao movimento de capitais.

Além do necessário acompanhamento e fiscalização, possibilita-se assim a restrição e sujeição a autorização prévia, pelo governo ou pelo Banco de Portugal, da transferência de fundos e ativos financeiros em euros e outras divisas para o estrangeiro, de levantamentos e transferências bancárias de divisas, da negociação de títulos na bolsa. O off-shore da Madeira é definitivamente encerrado.

A preocupação é de manter, a cada momento, o máximo de normalidade e o controlo mais leve possíveis, salvaguardando contudo a níveis seguros o estoque de capitais e de divisas do país.

No desligamento do euro, o Banco de Portugal, desprendido do BCE, reassume plenamente as suas funções de banco central, designadamente a de banco emissor, regulador e prestamista de último recurso.

Numa saída voluntária, a introdução formal da nova moeda só deve fazer-se depois de produzidas as novas notas e moedas (as notas pela Valora, as moedas pela Casa da Moeda).

Reintroduz-se o escudo, dividido em 100 centavos, com uma taxa de conversão inicial de 1 euro por 1 escudo. Os preços ficam, por isso, na mesma.

A partir desse momento, toda a vida económica e financeira do país é instantaneamente traduzida para escudos. Durante um mês, o euro ainda tem curso legal a par do escudo. Mas tudo passa a estar avaliado, apreçado e transacionado em escudos. As caixas multibancos só fornecem escudos.

O Banco de Portugal recolhe e adiciona à sua reserva internacional de divisas o máximo de numerário em euros em circulação no país, através da conversão para escudos.

A dívida emitida segundo a lei nacional, pública ou privada, como a dívida dos particulares aos bancos, é convertida para escudos, à taxa inicial de 1 para 1. O mesmo para as rendas de contratos, nomeadamente de arrendamento, e para os prémios e indemnizações dos seguros. Recupera-se a Lisbor como taxa interbancária de referência. A bolsa de valores passa a funcionar oficialmente em escudos e eventualmente separa-se do grupo Euronext.

A população pode serenar quanto às suas poupanças. Nesta proposta conservam-se os euros dos depósitos bancários, à ordem e a prazo, e doutras contas de particulares, empresas e instituições, sem qualquer penalização e sem conversão para escudos, salvo por vontade do proprietário.

Esta pode ser feita a qualquer altura, à taxa de câmbio do momento, como com qualquer outra divisa estrangeira. Por exemplo, nos levantamentos nas caixas multibanco e nos pagamentos automáticos, utilizam-se os euros da conta bancária, convertidos ao câmbio oficial presente, apenas depois de esgotados os escudos disponíveis.

Os juros dos atuais depósitos a prazo e de outras aplicações de poupança passam a ser atribuídos e capitalizados em escudos, mas no valor equivalente, ao câmbio presente, ao que seriam em euros e mantendo a respetiva indexação até ao final das maturidades.

A consolidação da nova moeda exige que o câmbio oficial seja reconhecido como válido. Doutro modo, surgiriam câmbios paralelos muito diferenciados e a população preferiria levantar os euros e trocá-los nos circuitos informais e clandestinos. Para evitar o mercado negro de euros e divisas e para se evitar o gasto de preciosas reservas internacionais do Banco de Portugal a defender câmbios que se podem revelar forçados e artificiais, sobretudo se as tensões de desvalorização forem, ainda que pontualmente, demasiado fortes, o regime de câmbio, nesta fase de transição, em que o país se pode defrontar com uma grande escassez de divisas, deve ser flexível.

O câmbio oficial é estabelecido pela média ponderada diária dos câmbios livremente praticados, apurada automaticamente por consulta aos principais agentes de câmbio, especialmente os bancos comerciais. E, reciprocamente, fornece a estes a bitola, tanto mais que é o aplicado pelo Banco de Portugal e na rede multibanco.

Ao início, designadamente no período em que o pagamento em euros ainda é aceite, os preços não tenderão a variar muito por efeito do câmbio, porque a procura de escudos, ditada pelas necessidades da vida corrente que se passou a fazer nesta moeda, contraria a depreciação face ao euro, que poderá evidenciar-se quando o escudo estiver generalizado na ordem interna e a influência externa, especialmente as necessidades do comércio, começar a fazer prevalecer a procura sobre a oferta de euros.

É necessário defender os rendimentos e o consumo popular, com a indexação do salário mínimo geral, do salário médio do setor público e das pensões e prestações sociais à inflação, com o tabelamento de preços de medicamentos, outros produtos e serviços, e defender as micro, pequenas e médias empresas com a imposição de preços máximos a fatores como o crédito, seguros, energia, telecomunicações e portagens.

Instrumentos fundamentais são o controlo público, preparatório da nacionalização definitiva e justificado pela defesa do interesse público num período excecional, do sistema financeiro e do essencial do setor energético, neste caso para garantir e racionalizar o abastecimento e consumo energético.

É difícil, numa curta exposição, explicar ao pormenor, mas espero ter fornecido uma ideia de como, apesar dos riscos, das complicações, das eventuais perturbações, a saída do euro, integrada coerentemente com a restruturação das dívidas pública e externa e a nacionalização da banca, necessária para recolocar o nosso país numa senda de crescimento e desenvolvimento, é, ao contrário do que auguram, não desinteressadamente, alguns profetas da desgraça, perfeitamente exequível. O que será uma evidência, quando o nosso povo a concretizar.
[*] Intervenção proferida na Sessão Pública "A Dívida, o Euro e os interesses nacionais", realizada a 287setembro/2014. Esta intervenção faz sequência à de João Ferreira . Esta última refere-se à necessidade de sair do Euro, ao passo que a de Brotas às possibilidades de saída.

Esta intervenção encontra-se em http://resistir.info/ .
03/Out/14

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Quem é que compõe o «Emirado islâmico»? BASENAME: canta-o-merlo-quem-ea-769-que-compoa-771-e-o-lemirado-islaa-770-micor DATE: Mon, 29 Sep 2014 12:56:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Quem é que compõe o «Emirado islâmico»?
por Thierry Meyssan

http://www.voltairenet.org/article185372.html

Enquanto a opinião pública ocidental é inundada com informação sobre a constituição de uma pretensa coligação internacional para lutar contra o «Emirado islâmico», este muda discretamente de forma. Os seus principais oficiais já não são, mais, árabes, mas sim Georgianos e Chineses. Para Thierry Meyssan, esta mutação mostra que, a termo, a Otan entende utilizar o «Emirado islâmico» na Rússia e na China. Portanto estes dois países devem intervir, agora, contra os jihadistas, antes que eles voltem para semear o caos no seu país de origem.

A princípio o «Emirado islâmico» apreguou a sua origem árabe. Esta organização surgiu da «Al-Qaida no Iraque» que combatia não os invasores norte-americanos, mas sim os Xiitas iraquianos. Ela tornou-se «Emirado islâmico no Iraque», depois «Emirado islâmico no Iraque e no Levante». Em outubro de 2007, o exército dos E.U. capturou em Sinjar perto de 606 fichas de membros estrangeiros desta organização. Elas foram depuradas e estudadas por peritos da Academia militar de West Point.

Não obstante, alguns dias depois desta apreensão, o emir al-Baghdadi declarou que a sua organização só incluia 200 combatentes e que eles eram todos Iraquianos. Esta mentira é comparável à das outras organizações terroristas na Síria que declaram não contar senão ocasionalmente com estrangeiros, enquanto o Exército árabe sírio avalia em, pelo menos, 250. 000 o número de jihadistas estrangeiros que terão combatido na Síria durante os últimos três anos. Porém, agora, o califa Ibrahim (novo nome do emir al-Baghdadi) reivindica que a organização dele é amplamente formada por estrangeiros, que o território sírio não é mais para os Sírios e o território iraquiano não é mais para os Iraquianos, mas, sim, que serão para os seus jihadistas.

Segundo as fichas apanhadas em Sinjar, 41% dos terroristas estrangeiros membros do «Emirado islâmico no Iraque» eram de nacionalidade saudita, 18,8% eram Líbios, e apenas 8,2% eram Sírios. Se relacionarmos estes números com a população de cada um dos países em questão, a população líbia forneceu, proporcionalmente 2 vezes mais combatentes que a da Arábia saudita e 5 vezes mais que a da Síria.

Em relação aos jihadistas sírios, a sua origem era dispersa pelo país, mas 34, 3% provinham da cidade de Deir ez-Zor que, depois da retirada do «Emirado islâmico» de Raqqa, se tornou na capital do Califado.

Na Síria, Deir ez-Zor tem a particularidade de ser povoada, maioritariamente, por árabes sunitas organizados em tribos, e por minorias curda e arménia. Ora, até ao presente, os Estados Unidos não conseguiram destruir senão Governos como o do Afeganistão, do Iraque, e da Líbia, quer dizer países onde a população está organizada em tribos. Pelo contrário, eles falharam por todo lado onde isto não se passava. Deste ponto de vista, Deir ez-Zor, em particular, e o Nordeste da Síria em geral, poderão, pois, ser potencialmente conquistados, mas não o resto do país, como se vê desde há três anos.

Tarkhan Batirashvili, sargento das informações militares georgianas, tornou-se um dos principais chefes do «Emirado islâmico» sob o nome de Abou Omar al-Shishani.

Desde há duas semanas uma purga atinge os oficiais magrebinos. Assim, os Tunisinos que capturaram o aeroporto militar de Raqqa, a 25 de agosto, foram detidos por desobediência, julgados e executados pelos seus superiores. O «Emirado islâmico» entende meter os seus combatentes árabes no devido lugar e promover oficiais tchetchenos, gentilmente fornecidos pelos serviços secretos georgianos.

Abou Anisah al-Khazakhi, primeiro jihadista chinês do «Emirado islâmico», morto em combate, (no centro da foto), não era Uígur mas sim Cazaque.

Uma outra categoria de jihadista fez a sua aparição: os Chineses. Desde junho, os Estados Unidos e a Turquia transportaram centenas de combatentes chineses, e suas famílias, para o Nordeste da Síria. Alguns de entre eles tornaram-se imediatamente oficiais. Trata-se sobretudo de Uígures, Chineses da China popular, mas que são muçulmanos sunitas e turcófonos.

Torna-se claro, desde logo que, a termo, o «Emirado islâmico» estenderá as suas actividades à Rússia e à China, e que estes dois países são os seus alvos finais.

Iremos seguramente assistir a uma nova operação de propaganda da Otan: a sua aviação expulsará os jihadistas para fora do Iraque, e deixará que se instalem em Deir ez-Zor. A CIA fornecerá o dinheiro, armamento, munições e as informações aos «revolucionários sírios moderados» (sic) do ESL (Exército sírio livre -ndT), que mudarão então de casaca e a utilizarão sob a bandeira do «Emirado islâmico», como tem sido o caso desde maio de 2013.

John McCain e o estado-maior do exército sírio livre. No primeiro plano à esquerda, Ibrahim al-Badri, com quem o senador está a iniciar a conversa. Logo em seguida, o brigadeiro- general Salim Idriss (de óculos).

À época, o senador John McCain veio ilegalmente à Síria econtrar-se com o estado- maior do ESL. De acordo com a fotografia difundida, então, para atestar a reunião, este estado-maior incluía um certo Abu Youssef (ou Ibraim al-Badri -ndT), oficialmente procurado pelo departamento de Estado dos E.U., sob o nome de Abu Du?a, na realidade o actual califa Ibrahim. Assim, o mesmo homem era? simultaneamente? um chefe moderado no seio do ESL e um chefe extremista no seio do «Emirado Islâmico».

Munidos com esta informação poderemos avaliar, pelo seu verdadeiro significado, o documento apresentado ao Conselho de Segurança, a 14 de Julho, pelo embaixador sírio Bashar Jaafari. Trata-se de uma carta do comandante-em-chefe do ESL, Salim Idriss, datada de 17 de janeiro de 2014. Nele pode ler-se : «Informo-vos, pela presente, que as munições enviadas pelo estado-maior aos dirigentes dos conselhos militares revolucionários da região Leste devem ser distribuídos, de acordo com o que foi acordado, por dois terços aos comandantes de guerra da Frente el-Nosra, o terço restante devendo ser repartido entre os militares e os elementos revolucionários para a luta contra os bandos do EIIL (Exército islâmico do Iraque e do Levante -ndT). Agradecemos-vos que nos enviem o comprovativo de entrega de todas as munições, especificando as quantidades, e a qualidade, devidamente assinados pelos dirigentes e pelos chefes de guerra em pessoa, afim de que possamos encaminhá-los para os parceiros turcos e franceses». Por outras palavras, duas potências da Otan (Turquia e França) entregaram munições, na quantidade de dois terços, à Frente Al-Nosra (classificado como membro da al-Qaida pelo Conselho de Segurança) e, de um terço, ao ESL para que este combata contra o «Emirado Islâmico», cujo chefe é um dos seus oficiais superiores. Na verdade, o ESL desapareceu no terreno (de operações-ndT) e as munições foram, portanto, em dois terços enviadas à al-Qaida e um por um terço ao «Emirado Islâmico».

Graças a este embrulho de dupla capa, a Otan poderá continuar a lançar as suas hordas de jihadistas contra a Síria, enquanto vai, ao mesmo tempo, fingindo assim estar a combatê-los.

No entanto, quando a Otan tiver instalado o caos por todo o mundo árabe, inclusive no seu aliado saudita, ela irá virar o «Emirado Islâmico» contra as duas grandes potências em desenvolvimento, a Rússia e a China. Por isso estas duas potências deveriam intervir desde já e exterminar, no ninho, o exército privado que a Otan está em vias de fabricar e de treinar no mundo árabe. Caso contrário, Moscovo (Moscou- Br) e Pequim, terão, em breve, de o enfrentar no seu próprio solo ..
Thierry Meyssan

Tradução
Alva

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Por quê o silêncio do Vaticano sobre Ucrânia? BASENAME: canta-o-merlo-por-que-o-silencio-do-vaticano-sobre-ucrania DATE: Tue, 16 Sep 2014 22:48:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.elespiadigital.com/

Por quê o silêncio do Vaticano sobre Ucrânia?

No momento em que Ucraniana está no centro de umha grande confrontaçom verbal e sançoes entre Ocidente (perceber Estados Unidos, a Uniom europeia, NATO) e Rússia, o Vaticano fica silencioso. Mas ainda, enquanto os ucranios do Sul-este estám submetidos a bombardeios criminais de parte do governo de Kiev, que os mortos se contam por centenas, os feridos por milhares, os expatriados por centenas de milhares de pessoas e que as populaçoes encontram-se em condiçoes inumanas de vida, o Vaticano cuida-se para nom dar nas vistas sobre essas condiçoes inumanas que se vive nesta regiom da Ucrânia. A crise no Iraque ocupa todo o terreno e Ucraniana nom é Venezuela.

O Vaticano nom pode dar como desculpa que nom sabe. Ele está ao tanto de todo e sabe muito bem de que se trata. Nom pode ignorar os interesses geopolíticos e militares que mobilizam a Estados-Unidos e à NATO para tomar o controlo da Ucrânia, isolando um pouco mais a Rússia. Já sabe desde tempo dessas acçoes levadas por és-te Ocidente para desfazer a um governo legítimo e muda-lo por outro que saiba responder melhor aos seus interesses. Quem nom se lembra está discussom entre Vitória Nuland, responsável por assuntos europeus no Departamento de Estado, e o embaixador de Estados Unidos na Ucrânia, Geoffrey R. Pyatt?

Quando sucedeu o ataque, o 17 de Julho, do voo DH17, provocando a morte de 298 mortos, o Vaticano lamentou, por suposto, o ocorrido e apresentou as suas condolências a todas as vítimas, mas guardou-se bem de chamar à Comunidade internacional (ONU) que faga um inquérito independente e transparente para que se conheça os verdadeiros autores deste crime. Nom fixo nada para denunciar aos acusadores que faziam,, sem provas algumhas, da Rússia e das milícias ucranias do Sul-este os responsáveis por este atentado enquanto que Rússia e muitos outros povos reclamavam um inquérito independente e transparente baixo a autoridade das Naçoes Unidas.

Quem nom se lembra de 280 camioes de ajuda humanitária que mandou a Rússia para os danificados da guerra na Ucrânia e que foram detidos mais de umha semana na fronteira antes de ter a aprovaçom do governo para levar esta ajuda humanitária a umha populaçom ao limite da sobrevivência? Nom houvo nem umha palavra de parte do Vaticano para que apressem a aprovaçom e que esta ajuda humanitária chegue o mais rápido à gente que a necessita de urgência.

Em todo este processo de guerra, nem umha palavra do Vaticano para pôr de relevo os esforços do presidente Putin para que se chegue a umha demissom de lume entre os Ucranios e a um dialogo entre as partes para conseguir a paz. Ontem, o 5 de Setembro, assinou-se um acordo de demissom de lume e é o actual presidente da Ucrânia que afirmou que isso foi possível graças à intervençom do presidente Putin.

Nota-se, através todos esses comportamentos, que o Estado do Vaticano actua coma se fosse parte da NATO. Neste sentido nom lhe convém pôr de relevo as acçoes positivas do presidente Putin e da Rússia também nom lhe convém denunciar a desinformaçom da qual Rússia e as milícias de Sul-Este som objectos e vítimas à vez.

Como perceber que umha Igreja que se di "católica" seja representada por um Estado que está pendente deste Ocidente político e militar e que nom tem nada de "católico"? Leste ultimo actua segundo os seus interesses, os quais nom tem nada que ver com o humanismo e ainda menos com a universalidade dos evangelhos e da Igreja. Para eles conta os recursos, a dominaçom e o militarismo.

Em todo casos, há que reconhecer que graças ao presidente Putin se se alcançou que o acordo de cesse de actividades militares seja assinado polas partes em conflito dentro da Ucrânia: o presidente do governo central de Kiev e os dous representantes dos Estados proclamados independentes. Estes dous últimos, como dizem os inimigos da paz, nom som terroristas senom representantes de comunidades que tem as suas características próprias. Trata-se do a respeito dessas características e disso tivérom que discutir dentro de um plano de paz.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A grande reviravolta saudita-Califato EIS BASENAME: canta-o-merlo-a-grande-reviravolta-saudita-califato-eis DATE: Thu, 04 Sep 2014 19:30:42 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A grande reviravolta saudita
Thierry Meyssan

http://www.voltairenet.org/article185136.html

Riade parece agora mudar, subitamente, de política, quando desde há 35 anos, a Arábia Saudita tem apoiado todos os movimentos jihadistas, incluindo os mais extremistas, Ameaçada na sua própria existência por um possível ataque do Emirado islâmico, a Arábia Saudita deu o sinal para a destruição da organização. Mas, contrariamente às aparências, o E.I. continua a ser apoiado pela Turquia e por Israel que comercializam o petróleo que ele pilha.

Preliminar: o E.I. é uma criação ocidental

A unanimidade no Conselho de segurança contra o Emirado islâmico (E.I.) e a votação da resolução 2170 não passam de uma atitude de fachada. Elas não conseguem fazer esquecer o apoio estatal de que o E.I. dispôs até agora, e dispõe ainda.

Olhando apenas para os recentes acontecimentos no Iraque, todos puderam constatar que os seus combatentes entraram no país a bordo de colunas de flamejantes Humvees, novos em folha, saídos directamente das fábrica norte-americanas da American Motors, e armados de material de guerra ucraniano, igualmente novíssimo. Foi com este equipamento que eles capturaram as armas americanas do Exército iraquiano. Do mesmo modo toda a gente ficou espantada por este E.I. dispôr de administradores civis capazes de tomar em mãos, instantaneamente, a gestão dos territórios conquistados, e de especialistas em comunicação aptos a promover a sua actuação na Internet e na televisão; um pessoal claramente formado em Fort Bragg.

Embora a censura norte-americana tenha interdito qualquer recensão sabemos, pela agência de notícias, britânica Reuters, que uma sessão secreta do Congresso votou, em janeiro 2014, o financiamento e armarmento do Exército Sírio livre (E.S.L.), da Frente Islâmica, da Frente Al-Nosra e do Emirado Islâmico até 30 setembro de 2014 [1]. Alguns dias mais tarde a Al-Arabiya vangloriava-se que o príncipe Abdul Rahman era o verdadeiro chefe do Emirado Islâmico [2]. Depois, a 6 de fevereiro, o secretário da Segurança Interna dos EUA reuniu com os principais ministros do Interior europeus, na Polónia, para lhes pedir para manter os jihadistas europeus no Levante, impedindo-lhes o regresso aos seus países de origem, de modo a que o E.I. tivesse suficientes efectivos para atacar o Iraque [3].

Finalmente, em meados de fevereiro, um seminário de dois dias juntou numa sessão do Conselho Nacional de Segurança dos EUA os chefes dos serviços secretos aliados implicados na Síria, claramente para preparar a ofensiva E.I. no Iraque [4].

É extremamente chocante observar os média (mídia-Br) internacionais, de repente, denunciarem os crimes dos jihadistas quando estes se verificam, sem interrupção, há três anos. Não há nada de novo nas degolas em público e nas crucificações: a título de exemplo, o Emirado Islâmico de Baba-Amr, em fevereiro de 2012, havia estabelecido um «tribunal religioso» que condenou à morte por degolamento mais de 150 pessoas, sem levantar a menor reacção ocidental, ou das Nações Unidas [5]. Em maio de 2013, o comandante da Brigada Al-Farouk do Exército sírio livre (os famosos «moderados») difundiu um vídeo no decorrer do qual ele esquartejava um soldado sírio e comia o seu coração. À época os Ocidentais persistiram em apresentar estes jihadistas como «oposicionistas moderados» mas, desesperados, batendo-se pela «democracia». A BBC ainda deu a palavra ao canibal para que este se justificasse.

Não há nenhuma dúvida que a diferença estabelecida por Laurent Fabius entre jihadistas «moderados» (o Exército Sírio livre e a Frente Al-Nosra, isto é a al-Qaida, até ao início de 2013) e jihadistas «extremistas» (a frente Al-Nosra a partir de 2013, e o E.I.) é um puro artifício de comunicação. O caso do califa Ibrahim é esclarecedor: em maio de 2013, aquando da visita de John McCain ao E.S.L, ele era ao mesmo tempo um membro do estado-maior «moderado» e líder da facção «extremista» [6]. Identicamente, uma carta do general Salim Idriss, chefe do estado maior do E.S.L, datada de 17 de janeiro de 2014, atesta que a França e a Turquia forneciam munições na quantidade de um terço para o E.S.L e dois terços para a al-Qaida, via ESL. Apresentado pelo embaixador sírio no Conselho de Segurança, Bashar Jaafari, a autenticidade deste documento não foi contestada pela delegação Francesa [7].

Dito isto, é evidente que a atitude de algumas potências da Otan e do CCG (Conselho de Cooperação do Golfo-ndT) mudou no decurso do mês de agosto de 2014, passando de um apoio secreto, maciço e contínuo, para uma hostilidade declarada. Porquê?
A doutrina Brzezinki do jihadismo

É preciso, aqui, voltar 35 anos atrás para compreender a importância da viragem que a Arábia Saudita e, talvez, os Estados Unidos estão fazendo. Após 1979, Washington por iniciativa do conselheiro de Segurança Nacional, Zbigniew Brzezinski, decidiu apoiar o Islão (Islã-Br) político contra a influência soviética, revivendo a política adoptada no Egipto de apoio à Irmandade Muçulmana contra Gamal Abdel Nasser.

Brzezinski decidiu lançar uma grande «revolução islâmica» do Afeganistão, (então governado pelo regime comunista de Muhammad Taraki), e do Irão, (onde ele próprio organizou o retorno do imã Ruhollah Khomeini).

Posteriormente esta revolução islâmica devia espalhar-se, por todo o mundo árabe, e varrer os movimentos nacionalistas associados com a URSS. A operação no Afeganistão foi um sucesso inesperado: os jihadistas da Liga anti- comunista mundial (WACL) [8], recrutados no seio dos Irmãos muçulmanos e dirigidos pelo bilionário anti-comunista Osama bin Laden, lançaram uma campanha terrorista que levou o governo a apelar para os soviéticos. O Exército Vermelho entrou no Afeganistão e ficou atolado lá por cinco anos, acelerando a queda da URSS.

A operação no Irão foi, pelo contrário, um desastre: Brzezinski ficou espantado ao constatar que Khomeini não era o homem que lhe tinham referido?um velho aiatola tentando recuperar as suas propriedades rurais confiscadas pelo Xá? mas, sim, um autêntico anti-imperialista. Considerando um pouco tardiamente que a palavra «islamista» não tinha, de todo, o mesmo sentido para uns e para outros, ele decidiu distinguir os bons sunitas (colaborantes) dos maus xiitas(anti-imperialistas) e confiar a gestão dos primeiros à Arábia Saudita.

Por fim, considerando a renovação da aliança entre Washington e os Saud, o presidente Carter anunciou, durante o seu discurso sobre o Estado da União a 23 de janeiro de 1980 que, daqui em diante, o acesso ao petróleo do Golfo era um objetivo da segurança nacional dos EUA.

Desde então, os jihadistas foram encarregados de todos os os golpes sujos contra os Soviéticos, (depois os Russos), e contra os regimes árabes nacionalistas ou recalcitrantes. O período indo da acusação lançada contra os jihadistas, de ter fomentado e realizado os atentados do 11 de setembro, até ao anúncio da pretensa morte de Osama bin Laden no Paquistão (2001-11) complicou as coisas. Tratava-se, ao mesmo tempo, de negar qualquer relação com os jihadistas e de usá-los como pretexto para intervenções. As coisas clarificaram-se em 2011, com a colaboração oficial entre os jihadistas e a Otan na Líbia e na Síria.
A viragem saudita de agosto de 2014

Durante 35 anos, a Arábia Saudita financiou e armou todas as correntes políticas muçulmanas desde que (1) fossem sunitas, (2) que afirmassem o modelo económico dos Estados Unidos compatível com o Islão, e (3 ) que?no caso em que o seu país tivesse assinado um acordo com Israel?eles não o questionassem.

Durante 35 anos, a grande maioria dos sunitas fechou os olhos para o conluio entre os jihadistas e o imperialismo. Ela manifestou a sua solidariedade com tudo o que eles fizeram e com tudo o que lhes atribuíram. Finalmente, legitimou o wahhabismo como uma forma autêntica do Islão, apesar da destruição dos locais santos na Arábia Saudita.

Observando com surpresa a «Primavera Árabe», para cuja preparação ela não fora convidada, a Arábia Saudita inquietou-se com o papel dado por Washington ao Catar e aos Irmãos muçulmanos. Riade não demorou a entrar em competição com Doha para patrocinar os jihadistas na Líbia e, sobretudo, na Síria.

Assim, tanto o rei Abdallah salvou a economia egípcia que, quando o general Abdel Fattah al-Sisi se tornou presidente do Egito, enviou-lhe, e aos Emirados Árabes Unidos, a cópia completa dos registos (registros-Br) policiais dos Irmãos Muçulmanos. Deste modo, no quadro da luta contra a Irmandade, o general Al-Sissi descobriu e transmitiu, em fevereiro 2014, o plano detalhado da Irmandade para tomar o poder em Riade e em Abu Dhabi. Em alguns dias os conspiradores foram presos e confessaram, enquanto a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos ameaçavam o Catar, o padrinho dos Irmãos, de o destruir, se ele não abandonasse imediatamente a irmandade.

Riade não demorou muito para descobrir que o Emirado Islâmico também estava contaminado e se aprestava a atacá-la, depois de se ter apoderado de um terço do Iraque.

O ferrolho ideológico, pacientemente construído durante 35 anos, foi pulverizado pelos Emirados Árabes Unidos e pelo Egito. A 11 de agosto, o grande imã da universidade Al-Azhar, Ahmad al-Tayyeb, condenou severamente o Emirado Islâmico e a al-Qaida. Ele foi seguido, no dia seguinte, pelo grande mufti do Egipto, Shawki Allam [9]

A 18 de agosto, e novamente a 22, o Abu Dhabi bombardeou, com a assistência do Cairo, terroristas em Tripoli (Líbia). Pela primeira vez, dois estados sunitas aliaram- se para atacar extremistas sunitas num terceiro Estado sunita. O seu alvo, não era outro senão, uma aliança incluindo Abdelhakim Belhaj, antigo número três da Al Qaida, nomeado governador militar de Trípoli pela Otan [10]. Parece que esta ação foi realizada sem Washington ter sido disso, préviamente, informado.

A 19 de agosto, o grande mufti da Arábia Saudita, o xeque Abdul-Aziz Al al-Sheikh, decidiu-se?por fim? qualificar os jihadistas do Emirado Islâmico e da al-Qaida «de inimigos número 1 do Islão» [11].
As consequências da reviravolta saudita

A reviravolta da Arábia Saudita foi tão rápida que os actores regionais não tiveram tempo de se adaptar e, portanto, apresentam posições contraditórias, segundo os diferentes dossiês. Em geral, os aliados de Washington condenam o Emirado Islâmico no Iraque, mas ainda não na Síria.

Mais surpreendentemente, enquanto o Conselho de Segurança condenava o Emirado Islâmico, na sua declaração presidencial de 28 de Julho e na sua resolução 2170 de 15 de Agosto, ficava claro que a organização jihadista dispunha, ainda, de apoios de Estados: em violação dos princípios anunciados, ou relembrados, por estes textos, o petróleo iraquiano pilhado pelo E.I. transita pela Turquia. Ele é bombeado no porto de Ceyhan para petroleiros que fazem escala em Israel e, depois, voltam a partir para a Europa. Por enquanto, o nome das sociedades comanditárias não foi estabelecido, mas a responsabilidade da Turquia e de Israel é óbvia.

Por seu turno, o Catar, que continua a acolher muitas personalidades da Irmandade Muçulmana, nega apoiar ainda o Emirado Islâmico.

Aquando das conferências de imprensa coordenadas, os ministros das Relações Exteriores(Negócios Estrangeiros-Pt) russo e sírio, Sergey Lavrov e Walid Moallem, apelaram para a construção de uma coligação (coalizão-Br) internacional contra o terrorismo. No entanto, os Estados Unidos, preparando operações terrestres em território sírio, junto com os britânicos (a «força de intervenção Negra-Black» [12]), recusou aliar-se com a República Árabe da Síria e persiste em exigir a demissão do presidente eleito Bashar al-Assad.

O choque que acaba de pôr fim a 35 anos de política saudita transforma-se em confronto entre Riade e Ancara. Desde logo o partido curdo turco e sírio, o PKK, que ainda é considerado por Washington e Bruxelas como uma organização terrorista, é apoiado pelo Pentágono contra o Emirado Islâmico. Com efeito, e contrariamente às apresentações equivocadas da imprensa atlantista, são estes combatentes do PKK turcos e sírios, e não os peshmergas(nome lendário dos combatentes curdos-ndT) iraquianos, do Governo Local do Curdistão, que repeliram o Emirado Islâmico nestes últimos dias, com a ajuda da Aviação norte-americana.
Conclusão provisória

É difícil saber se a situação actual é uma encenação ou é realidade. Têm os Estados Unidos realmente a intenção de destruir o Emirado Islâmico que eles próprios formaram, e que lhes teria escapado, ou será que eles vão, simplesmente, enfraquecê- lo e mantê-lo como um instrumento de política regional? Ancara e Telavive apoiam o E.I. por conta de Washington ou contra, ou, ainda, jogam eles com dissidências internas nos Estados Unidos? Irão os Saud, para salvar a monarquia, até à aliança com o Irão e a Síria derrubando o dispositivo de proteção de Israel?
Thierry Meyssan

Tradução
Alva

[1] ?Congresso dos Estados Unidos vota secretamente envio de armas para a Síria?, Tradução Alva, Rede Voltaire, 3 de Fevereiro de 2014.

[2] «L?ÉIIL est commandé par le prince Abdul Rahman » (Fr-«O ÉIIL é controlado pelo príncipe Abdul Rahman»-ndT), Réseau Voltaire, 3 fevereiro de 2014.

[3] ?Síria converte-se em «tema de segurança interna» para Estados Unidos e União Europeia?, Tradução Alva, Rede Voltaire, 12 de Fevereiro de 2014.

[4] «Washington coordonne la guerre secrète contre la Syrie» (Fr- «Washington coordena a guerra secreta contra a Síria»-ndT), Réseau Voltaire, 21 février 2014.

[5] «The Burial Brigade of Homs: An Executioner for Syria?s Rebels Tells His Story » (Ing-«A Brigada Enterro de Homs: Um Carrasco para os rebeldes da Síria conta a sua história»-ndT), por Ulrike Putz, Der Spiegel, 29 de março de 2012.

[6] ?John McCain, chefe de orquestra da «primavera árabe», e o Califa?, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 18 de Agosto de 2014.

[7] «Résolution 2165 et débats (aide humanitaire en Syrie)» (Fr-«Resolução 2.165 e debates (ajuda humanitária para a Síria)»-ndT), Réseau Voltaire, 14 juillet 2014.

[8] « La Ligue anti-communiste mondiale, une internationale du crime » (Fr-«A Liga Mundial Anti-Comunista, uma internacional do crime»-ndT), por Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 12 mai 2004.

[9] « Le grand mufti d?Égypte condamne l?État islamique en Irak» (Fr-«O Grande Mufti do Egito condena o Estado Islâmico no Iraque»-ndT), Rádio Vaticano, 13 de agosto.

[10] «Comment les hommes d?Al-Qaida sont arrivés au pouvoir en Libye» (Fr-«Como os homens da al-Qaida chegaram ao poder na Líbia»-ndT), por Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 6 septembre 2011.

[11] «Déclaration du mufti du Royaume sur l?extrémisme» (Fr-«Declaração do Mufti do Reino sobre o extremismo»-ndT), Agência Saudi Press,19 août 2014.

[12] «SAS and US special forces forming hunter killer unit to ?smash Islamic State? » (Ing-«Forças especiais inglesas,?SAS?, e dos E.U. formam unidade assassina de caça para ?esmagar Estado islâmico? »-ndT), por Aaron Sharp, The Sunday People (The Mirror), 23 de agosto de 2014.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "Kiev luita no Leste para obter gás de esquisto para EE.UU." BASENAME: canta-o-merlo-kiev-luita-no-leste-para-obter-gas-de-esquisto-para-ee-uu DATE: Sat, 16 Aug 2014 16:00:49 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://actualidad.rt.com/actualidad/view/137330-kiev-lutar gás-esquisto-eeuu

Para Kiev é importante controlar o Leste da Ucrânia ante todo polo gás de esquisto, cujo desenvolvimento está programado polas empresas ocidentais, opina o presidente do Comité de Assuntos Exteriores da Duma Estatal russa, Alexéi Pushkov.

"Kiev está a luitar no Leste da Ucrânia para obter reservas de gás:

Segundo os dados procedentes da Alemanha, trata-se de 5.578 milhons de metros cúbicos. E controlaria-se polos EE.UU.", escreveu o político russo na sua conta de Twitter.

Trata das reservas de gás de esquisto de Yuzovsky, que se acham na raia de Járkov e Donetsk. Os seus recursos estimam-se em mais de 4 bilions de metros cúbicos de gás. Em Maio de 2012, a empresa Shell ganhou a competiçom polo direito a explorar este jazimento.

Ademais, também tem permissons para as minas nesta bacia a companhia ucraniana Burisma, onde um dos membros do Conselho de Administraçom é o filho do vice-presidente de EE.UU. Joe Biden.

Na cidade de Slaviansk, que se encontra no centro do campo de Yuzovsky, produziram-se nos últimos anos em repetidas ocasiones grandes protestos em contra dos planos para o desenvolvimento deste projecto. Os residentes da cidade mesmo queriam celebrar um referendo sobre o tema, assinala o jornal russo 'Rossiskaya Gazeta'.

Desde o começo da severa operaçom militar por parte de Kiev contra o seu próprio povo, vários peritos expressárom em diferentes ocasions a ideia de que a objectivo chave da ofensiva no Leste é o controlo da zona para extrair o gás de esquisto sem obstáculos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As sanções contra Rússia e o pico petrolífero BASENAME: canta-o-merlo-as-sancoes-contra-russia-e-o-pico-petrolifero DATE: Fri, 15 Aug 2014 18:02:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As sanções contra Rússia e o pico petrolífero
por Jorge Figueiredo

http://resistir.info/ .

O governo Obama conseguiu arrebanhar os relutantes governos da União Europeia e obrigou-os a imporem sanções contra a Rússia. Contrariando os interesses dos seus próprios países, os governos da UE acataram servilmente o diktat estado-unidense. Assim, no fim de Julho, após longas negociações para o estabelecimento de "consenso", estes acordaram um esquema de sanções em Três Níveis : acesso ao mercado de capitais; embargo ao comércio de armas e bens que possam ser utilizados para fins militares; e acesso a tecnologias de produção e exploração de petróleo.

Neste artigo será analisado este último "nível", passando por cima do pretexto absurdo alegado pelos EUA/UE para aplicar as referidas sanções. Acusar a Rússia de um crime cometido pelos fantoches ucranianos dos EUA é uma monstruosidade. A verdade vem sempre ao de cima e hoje já está claro que o avião malaio foi derrubado por caças do regime de Kiev ? mas a máquina mediática prostituída, orquestrada pelo imperialismo, continua a insinuar a "culpa" russa e/ou das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Tal como na fábula do lobo e do cordeiro, o primeiro diz: "Não importa que você não tenha sujado a água do meu rio, se não foi você foi o seu pai ou seu primo e vou aplicar-lhe sanções". Este cinismo descarado é um indício do desespero da elite estado-unidense diante da perspectiva (próxima?) do fim da hegemonia do dólar. Ela tem de inventar crises políticas e militares a fim de fazer esquecer a crise da sua moeda. E os governantes europeus, tal como prescreveu a Sra. Nuland ("Fuck the UE"), abanam o rabo.

Entretanto, abstraindo aspectos conjunturais do caso, será mais interessante examinar as consequências a médio longo prazo no domínio da energia desta viragem nas relações internacionais. Tudo indica que a nova Guerra Fria agora iniciada poderá ter consequências profundas quanto aos hidrocarbonetos. O mundo ? a Europa em particular ? poderá ter de pagar um pesado preço pela guinada de Obama na política externa.

Os media corporativos, bem amestrados, desencadeiam agora uma histeria anti-russa. Até The Economist, considerada respeitável, já se comporta como imprensa amarela e publica uma foto de Putin com uma uma teia de aranha ao fundo. Pretendem eles que a Rússia seria severamente atingida pelo embargo a exportações de "tecnologias sensíveis" para a exploração e produção de petróleo. Mas não é verdade e é bem possível que o governo Obama tenha marcado um auto-golo.

Uma análise recente da Reuters apresenta três conclusões principais: a) a Rússia tradicionalmente dependeu da tecnologia ocidental por uma questão de comodidade, mas agora será obrigada a tomar outro caminho e desenvolver tecnologias por si própria, o que levará a uma gradual erosão do monopólio ocidental sobre as mesmas (no deep offshore, no Árctico, etc); b) a China aproveitará a situação e em última análise pode tornar-se a vencedora ? já se fala no petro-yuan ; c) as sanções podem significar o fim da liderança tecnológica ocidental no sector do petróleo.

Há muitos peritos que questionam o bom fundamento da política alardeada por Obama. Vale a pena citar a opinião da Peak Oil News:

"Os convencidos que elaboram a política externa no Departamento de Estado talvez não entendam que a produção de petróleo russa acaba de alcançar um pico pós-URSS e de qualquer forma terá de entrar em declínio. O efeito das sanções (dos EUA e UE) será acelerar o declínio [da produção] da Rússia, forçando em alta os preços mundiais do petróleo assim que o escasso petróleo dos EUA atingir o seu máximo e entrar na sua inevitável queda livre por volta de 2017-2020. A Rússia, nessa altura, ainda será um exportador de petróleo e beneficiará de preços mais elevados (talvez o suficiente para compensar a perda de produção resultante das sanções). Mas os EUA, que ainda continuarão a ser um dos principais importadores mundiais de petróleo, enfrentarão então uma repetição do choque petrolífero de 2008 que contribuiu para o seu crash financeiro.

"Não há dúvida de que os peritos do Departamento de Estado acreditam sinceramente na recente jactância da América como uma nova super potência energética capaz de abastecer a Europa com petróleo e gás para substituir as exportações da Rússia. Talvez os europeus tenham sido suficientemente loucos para caírem também nesta ilusão. Mas isto demonstrar-se-á serem apostas altamente arriscadas. Só se pode esperar que todos os actores acordem destas alucinações antes de o jogo se tornar realmente feio".

Assim, tudo indica que o Departamento de Estado e o governo dos EUA estão a acreditar na sua própria propaganda da "revolução" do shale oil e shale gas. Correndo o risco de repetições, convém recordar que a dita "revolução" tem pernas curtas pois 1) os custos de extracção do shale são elevados; 2) o esgotamento dos furos efectuados dá-se num prazo brevíssimo (pouco mais de um ano); 3) para manter os níveis de produção desejados é preciso estar constantemente a fazer novos furos; 4) a tecnologia exige grandes extensões de terra com baixa densidade demográfica; 5) os desastres ecológicos (poluição de lençóis freáticos) e sísmicos estão bem demonstrados. Assim, pode-se afirmar que dentro de poucos anos a tecnologia do shale será considerada passado, uma moda que não deu certo (a Shell já abandonou a sua pesquisa nos EUA, depois de mais de dez anos de esforços).

Na verdade, a auto-suficiência em petróleo dos EUA não passa de um mito e a auto-suficiência em gás natural é conjuntural. Quanto à possibilidade de um boom exportador americano de gás natural, trata-se de uma balela difundida pelo governo Obama e propalada por jornalistas ignorantes: a escassez de instalações de liquefacção e de terminais metaneiros de exportação veda tal possibilidade. Demora pelo menos oito anos a construção de cada uma destas instalações ? e possivelmente antes disso já terá declinado a "moda" do shale. Além disso, nos países receptores também seria preciso construir terminais metaneiros em quantidade suficiente (a Ucrânia, por exemplo, não dispõe de nenhum). Assim, do ponto de vista europeu, chega-se à conclusão de que não há nada que possa substituir o gás russo.

Ao aplicar sanções selectivas contra a Rússia ? tentando cuidadosamente excluir o gás natural ? a UE na verdade deu um tiro no seu próprio pé. Submeteu-se ao diktat imperial e abandonou quaisquer veleidades de autonomia. Ora, isto significa uma quebra de confiança entre parceiros comerciais, o que não pode deixar de trazer consequência (sem mencionar a ruptura com os tão apregoados princípios do livre comércio e com as disposições OMC). Tal quebra de confiança leva a Rússia a uma grande comutação, à procura de outros mercados. O recente acordo de longo prazo com a China, cujas negociações se arrastavam há anos, já é uma consequência da hostilidade europeia. E o mais importante neste acordo é que o dólar e o euro estão dele excluídos: as vendas do gás natural serão em rublos ou em yuan. Isto tem consequências no panorama energético, político e monetário mundial. Mas os aprendizes de feiticeiro que fazem a História nem sempre percebem o que estão a fazer. Isso é verdadeiro tanto para o Sr. Obama como para os seus pobres serviçais da Comissão Europeia.
Ver também:
Why Won?t Obama Just Leave Ukraine Alone?
American Intelligence Officers Who Battled the Soviet Union for Decades Slam the Flimsy ?Intelligence? Against Russia

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A estratégia russa ante ao imperialismo anglo-saxónico BASENAME: canta-o-merlo-a-estratea-769-gia-russa-ante-ao-imperialismo-anglo-saxoa-769-nico DATE: Tue, 12 Aug 2014 13:51:55 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A estratégia russa ante ao imperialismo anglo-saxónico
O início da viragem do mundo
Thierry Meyssan
Tradução : Alva

http://www.voltairenet.org/article185044.html

O ataque dos Anglo-Saxões contra a Rússia toma a forma de uma guerra financeira e económica. Entretanto, Moscovo prepara-se para as hostilidades armadas desenvolvendo a auto-suficiência da sua agricultura e multiplicando as suas alianças para o efeito. Para Thierry Meyssan, após a criação do califado do Levante, Washington deverá jogar uma nova cartada, em setembro, em São Petersburgo. A capacidade da Rússia em preservar a sua estabilidade interna determinará, então, a sequência dos acontecimentos.

A ofensiva conduzida pelos Anglos-Saxões (Estados-Unidos, Reino Unido e Israel) para dominar o mundo prossegue sobre dois eixos simultâneos: quer, por um lado, a criação do «Médio-Oriente alargado» (Greater Middle East), atacando simultaneamente o Iraque, a Síria, o Líbano e a Palestina, como, por outro, o afastamento da Rússia da União Europeia, através da crise que eles montaram na Ucrânia.

Nesta corrida de velocidade, parece que Washington quer impôr o dólar como moeda única no mercado do gaz, a fonte de energia do XXIo século, do mesmo modo que a impuseram sobre o mercado do petróleo [1].

Os média (mídia-Br) ocidentais quase que não cobrem a guerra do Donbass, e a sua população ignora a amplitude dos combates, a presença dos militares US, o número das vítimas civis, a vaga dos refugiados. Os média ocidentais focam pelo contrário, com detalhe, os acontecimentos no Magrebe e no Levante, mas apresentando-os seja como resultantes de uma pretensa «primavera árabe» (quer dizer, na prática, de uma tomada de poder pelos Irmãos muçulmanos), seja como o efeito destrutivo de uma civilização violenta em si mesma. Mais do que nunca, seria necessário vir em socorro de árabes incapazes de viver, pacificamente, na ausência de colonos ocidentais.

A Rússia é actualmente a principal potência capaz de conduzir a Resistência ao imperialismo anglo-saxónico. Ela dispõe de três ferramentas: os BRICS, uma aliança de rivais económicos que sabem não poder crescer senão uns com outros, a Organização de cooperação de Xangai, uma aliança estratégica com a China para estabilizar a Ásia central, e por fim a Organização do Tratado de segurança colectiva (OTSC-ndT), uma aliança militar dos antigos Estados soviéticos.

Na cimeira de Fortaleza (Brasil), que se desenrolou de 14 a 16 de julho, os BRICS deram o passo em frente anunciando a criação de um Fundo de reserva monetária (principalmente chinês) e de um Banco BRICS, como alternativas ao Fundo monetário internacional e ao Banco mundial, portanto ao sistema-dólar [2].

Antes mesmo deste anúncio, já os Anglo-Saxões haviam posto em acção a sua resposta: a transformação da rede terrorista Al-Qaida num califado, afim de preparar os conflitos entre todas as populações muçulmanas da Rússia e da China [3]. Eles prosseguiram a sua ofensiva na Síria e transbordaram-na quer para o Iraque, quer depois para o Líbano. Falharam, por outro lado, no expulsar de uma parte dos Palestinianos para o Egipto e a desestabilizar mais profundamente ainda a região. Por fim, eles mantiveram-se afastados do Irão(Irã-Br), para dar ao presidente Hassan Rohani a chance de enfraquecer a corrente anti-imperialista dos khomeinistas.

Dois dias após o anúncio dos BRICS, os Estados Unidos acusaram a Rússia de ter destruído o vôo MH17 da Malaysia Airlines por cima do Donbass, matando 298 pessoas. Sobre esta base, puramente arbitrária, impuseram aos Europeus a entrada em guerra económica contra a Rússia. Assumindo-se como um tribunal o Conselho da União europeia julgou e condenou a Rússia, sem a menor prova e sem lhe dar a oportunidade de se defender. Ele promulgou «sanções» contra o seu sistema financeiro.

Consciente que os dirigentes europeus não trabalham pelos interesses dos seus povos, mas sim pelos dos Anglo-Saxões, a Rússia mordeu o seu freio e interditou-se, até à data, de entrar em guerra na Ucrânia. Ela apoia com armas e com informação os insurgentes, e acolhe mais de 500. 000 refugiados, mas, abstêm-se de enviar tropas e de entrar na engrenagem. É provável que ela não intervenha antes que a grande maioria dos Ucranianos se revolte contra o presidente Petro Porochenko, mesmo que isso signifique não entrar no país senão após a queda da República popular de Donetsk.

Face à guerra económica, Moscovo escolheu responder por medidas similares, mas envolvendo a agricultura e não as finanças. Dois considerandos guiaram esta escolha: primeiro, a curto prazo, os outros BRICS podem mitigar as consequências das pretensas «sanções»; por outro lado, a médio e longo prazo, a Rússia prepara-se para a guerra e entende reconstituir completamente a sua agricultura, para poder viver em auto-suficiência.

Por outro lado, os Anglo-Saxões previram paralisar a Rússia pelo interior. Primeiro activando para tal, via Emirado islâmico (EI), grupos terroristas no seio da sua população muçulmana, depois organizando também uma contestação mediática aquando das eleições municipais de 14 de setembro. Consideráveis somas de dinheiro foram fornecidas a todos os candidatos da oposição, numa trintena de grandes cidades envolvidas, enquanto pelo menos 50. 000 agitadores ucranianos, misturados com os refugiados, estão em vias de se reagrupar em São Petersburgo. A maior parte de entre eles têm a dupla nacionalidade russa. Trata-se, com toda a evidência, de reproduzir na província as manifestações que em Moscovo (Moscou-Br) se seguiram ás eleições de dezembro de 2011 ?a violência sobretudo?; e de mergulhar o país num processo de revolução colorida ao qual uma parte dos funcionários e da classe dirigente é favorável.

Para o realizar Washington nomeou um novo embaixador na Rússia, John Tefft, que já preparara a «revolução das rosas» na Geórgia e o golpe de Estado na Ucrânia.

Será importante para o presidente Vladimir Putin poder confiar no seu Primeiro- ministro, Dmitri Medvedev, que Washington esperava recrutar para o derrubar.

Considerando a iminência do perigo, Moscovo teria conseguido convencer Pequim a aceitar a adesão da Índia contra a do Irão (mais, também, as do Paquistão e da Mongólia) à Organização de cooperação de Xangai (OCS em inglês-ndT). A decisão deveria ser tornada pública aquando da cimeira prevista para Duchambe (Tajiquistão) entre 12 e 13 de setembro. Ela deveria pôr um fim ao conflito que opõe, desde há séculos, a Índia e a China, e envolvê-los numa cooperação militar. Esta reviravolta, se se confirmar, terminaria igualmente com a lua de mel entre Nova Deli e Washington, que esperava afastar a Índia da Rússia dando-lhe acesso, por tal, nomeadamente a tecnologias nucleares. A adesão de Nova Deli é também uma aposta acerca da sinceridade do seu novo Primeiro-ministro, Narendra Modi, quando pesa sobre ele a suspeita de ter encorajado violências anti-muçulmanas, em 2002, em Gujarate, do qual era ministro-chefe.

Por outro lado a adesão do Irão, que constitui um desafio para Washington, deverá trazer ao OCS um conhecimento preciso dos movimentos jihadistas e das maneiras de combatê-los. Mais uma vez, se confirmada, tal reduziria a disposição iraniana para negociar uma trégua com o «Grande Satã», que a levou a eleger o Xeque Hassan Rohani para a presidência. Isto seria uma aposta quanto à autoridade do líder supremo da Revolução Islâmica, o aiatola Ali Khamenei.

De facto, estas adesões marcariam o início da viragem do mundo do Ocidente para o Oriente [4]. Ainda assim, esta evolução deverá ser protegida militarmente. É o papel da Organização do Tratado de Segurança Coletiva(OTSC), formado em volta da Rússia, mas do qual a China não faz parte. Ao contrário da Otan, esta organização é uma aliança clássica, compatível com a Carta das Nações Unidas, uma vez que cada membro conserva a opção de sair dela, se o desejar. É, pois, apoiando-se nessa liberdade que Washington tem tentado, no decurso dos últimos meses, comprar alguns membros, nomeadamente a Arménia. No entanto, a situação caótica na Ucrânia parece ter arrefecido aqueles que nela sonhavam com uma «proteção» norte- americana.

A tensão deverá pois subir nas próximas semanas.
Thierry Meyssan

[1] « Qu?ont en commun les guerres en Ukraine, à Gaza, en Syrie et en Libye ? »(Fr-«Que teêm em comum as guerras na Ucrânia, Gaza, Síria e na Líbia?»- ndT) , por Alfredo Jalife-Rahme, Traduction Arnaud Bréart, La Jornada (México), Réseau Voltaire, 7 août 2014.

[2] ?Cúpula do Brics: Sementes de uma nova arquitetura financiera?, Ariel Noyola Rodríguez, Rede Voltaire, 3 de Julho de 2014. ?Sixth BRICS Summit : Fortaleza Declaration and Action Plan? (Ing-«Sexta Cimeira do BRICS: Declaraçãode Fortaleza e Plano de Acção»-ndT), Voltaire Network, 16 July 2014.

[3] «Un djihad mondial contre les BRICS ?» (Fr-«Uma jihade mundial contra os BRICS?»-ndT), por Alfredo Jalife-Rahme, Traduction Arnaud Bréart, La Jornada (México), Réseau Voltaire, 18 juillet 2014.

[4] ?Russia and China in the Balance of the Middle East : Syria and other countries? (Ing-« Rússia e China no Balanço do Oriente Médio: Síria e outros países»-ndT), por Imad Fawzi Shueibi, Voltaire Network, 27 Janeiro de 2012.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O que as guerras na Ucrânia, em Gaza, na Síria e na Líbia têm em comum? BASENAME: canta-o-merlo-o-que-as-guerras-na-ucrania-em-gaza-na-siria-e-na-libia-tem-em-comum DATE: Sun, 10 Aug 2014 17:09:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O que as guerras na Ucrânia, em Gaza, na Síria e na Líbia têm em comum?
Alfredo Jalife-Rahme

Tradução : Marisa Choguill

http://www.voltairenet.org/article185048.html

Para o especialista mexicano em geopolítica Alfredo Jalife-Rahme, a simultaneidade dos eventos ilumina seu significado: logo depois de anunciar a criação de uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial, isto é, o dólar, a Rússia está tendo que enfrentar, ao mesmo tempo, a acusação de ter derrubado o jato da Malaysia Airlines; o ataque israelense em Gaza, apoiado pela inteligência militar dos EUA e do Reino Unido; o caos na Líbia; e a ofensiva do Estado Islâmico no Levante. Além disso, em cada um desses teatros de guerra, a luta gira em torno do controle dos hidrocarbonetos, que até agora foram negociados exclusivamente em dólares.

Calendários, fluxogramas, diagramas e índices genealógicos são muito úteis para se fazer uma análise geopolítica. Assim, dois dias antes de um misterioso míssil explodir o avião da Malaysia Airlines no céu ? um evento tão obscuro como as circunstâncias de ambos os seus voos recentes ?, a sexta cúpula do BRICS, incluindo um número de países membros da Unasul, como a Colômbia e o Peru, tinha terminado com sucesso. [1]

Um dia antes do ataque de míssil mortal, Obama fez uma elevada pressão sobre a Rússia e seus dois ativos inextricáveis: bancos e recursos energéticos. "Por pura coincidência", no dia em que o misterioso míssil foi disparado na Ucrânia, "Netanyahu, no leme de um estado com arsenal nuclear, ordenou que seu exército invadisse a faixa de Gaza", como Fidel Castro corretamente apontou quando denunciou o golpe de estado em Kiev, que ele acusou de ter realizado uma "nova forma de provocação" sob o patrocínio dos Estados Unidos. [2]

O que esse velho desmancha-prazeres do Caribe poderia saber sobre esse caso?

Enquanto o míssil misterioso estava destruindo o voo da Malaysia Airlines, Israel, um estado racista e segregacionista, invadia a faixa de Gaza, em violação das resoluções da ONU e "antagonizando a opinião pública internacional", conforme indicado pelo ex-presidente Bill Clinton. [3]

Simultaneamente com a "coincidência" (dixit Castro [dixit: Latin, as stated by? NT]) relativa aos objetivos geopolíticos na Ucrânia e na faixa de Gaza, confrontos de natureza declarada envolvendo o controle dos recursos de energia, tomaram o centro do palco nos três países árabes classificados como "Estados Fracassados" pelos estrategistas dos EUA: Líbia, Síria e Iraque, para não mencionar as guerras no Iêmen e na Somália.

Na Líbia, um estado balkanisado [dividido em pequenos ?principados? que frequentemente estão imersos em hostilidades ? NT] e dizimado como resultado da intervenção "humanitária", liderada pela Grã-Bretanha e pela França sob a supervisão hipócrita dos Estados Unidos, apenas dois dias antes do míssil misterioso na Ucrânia, as brigadas rebeldes de Zintan barraram todo o acesso ao Aeroporto Internacional de Trípoli (capital), enquanto confrontos entre clãs rivais aumentavam em Benghazi, de onde jihadistas na Síria e no Iraque foram fornecidos com armas e onde o embaixador dos EUA na Líbia foi assassinado sob circunstâncias bizarras.

Além da ligação entre o fluxo de armas na Líbia, Síria e Iraque, na região controlada pela Al-Qaeda/Al-Nusra e o novo Estado Islâmico (Daesh) [4], a questão crucial para as empresas de petróleo e gás dos E.U., britânicas e francesas é assegurar o controle da matéria prima (gás e água fresca) pertencente à Líbia, onde Rússia e China ingenuamente cairam numa armadilha [5].

Quanto à apropriação de petróleo iraquiano pelo duo imperialista EUA / UK, que também levou à balcanização e destruição do Iraque, mergulhando o país em uma "guerra de 30 anos", seria fútil e letalmente chato ter de rever as provas bem conhecidas.

Durante a minha recente visita a Damasco, onde eu fui entrevistado por Thierry Meyssan, presidente da Rede Voltaire, ele me disse que a repentina virada-de-face do "oeste (seja lá o que se entenda por isso)" contra Bashar al-Assad é devida em grande parte ? além dos campos de gás localizados ao longo da costa mediterrânica ? à profusão de depósitos de óleo que se encontram no interior da Síria, depósitos que agora são controlados pelo "Novo Califado (Daesh) do Século XXI ".

A interdependência entre petróleo e gás está no centro do atenções em Gaza cinco anos após a operação "Chumbo Fundido", cuja estratégia está sendo adotada pela operação "Borda Protetora" (sic), sem uma investigação para estabelecer conclusivamente quem foi responsável elo terrível assassinato dos três jovens israelitas ? que havia sido profeticamente anunciado por Tamir Pardo, o "visionário" chefe do Mossad [6] ? e serviu como pretexto para outra invasão israelita da faixa de Gaza que ceifou a vida de uma várias centenas de crianças.

De acordo com o geógrafo, Manlio Dinucci, escrevendo no jornal italiano Il Manifesto [7], a abundância de reservas de gás nas águas costeiras de Gaza é uma das razões para a intransigência israelense.

Da mesma forma, as substanciais reservas de gás de xisto, profundamente enterradas na República Autônoma de Donetsk, que visa separar-se ou tornar-se uma federação da Ucrânia, é a fonte da feroz guerra psicológica entre a mídia pro-UE e pró Rússia para fixar a responsabilidade do outro lado da explosão do avião da Malaysia Airlines. Será que não poderia ter sido uma operação sob falsa bandeira inventada pelo governo da Ucrânia para incriminar os separatistas usando "gravações" que podem muito bem ter sido adulteradas para acusá-los de "terrorismo" e assim aniquilá-los?

Há dois meses, as notícias do canal Rússia Hoje (RT ? Russia Today) ? que é cada vez mais visto na América Latina para combater a desinformação expelida pela mídia israelense-Anglo-americana controlada e que foi submetida à censura pública pelo Secretário de Estado John Kerry ? tinha já ressaltado a importância do gás de xisto na região de Donetsk (região no leste da Ucrânia que procura ganhar independência), e perguntava se "os interesses das companhias petrolíferas ocidentais não estariam por trás da violência" [8].

Com efeito, a parte oriental da Ucrânia, atualmente envolvida em uma guerra civil, está cheia "de carvão e uma miríade de depósitos de gás de xisto na bacia do Dnieper-Donets." Em fevereiro de 2013, a British Shell Oil assinou com o governo da Ucrânia (o anterior, que foi deposto por um golpe neo-nazista apoiado pela UE) um acordo de 50 anos para partilhar os lucros provenientes da exploração e extração de gás de xisto na região de Donetsk. [9]

De acordo com o RT, "os lucros que Kiev não quer perder" são tantos que fizeram o governo ucraniano a desencadear uma "campanha militar [desproporcional] contra seu próprio povo."

No ano passado, a Chevron assinou um acordo semelhante (com o mesmo governo) para 10 bilhões de dólares.

Hunter Biden, filho do Vice-Presidente do EUA, foi nomeado para o Conselho de Diretores da Burisma, a maior firma produtora de gás privada (supersic) na Ucrânia [10], a qual "abre uma nova perspectiva para a exploração de gás de xisto ucraniano" na medida em que "ela detém a licença abrangendo a bacia do Dnieper-Donets." John Kerry não será deixado para fora em relação à distribuição dos lucros, e Devon Archer, seu antigo conselheiro e colega de faculdade de seu enteado, juntou-se à controversa empresa em abril.

Pode uma ma licença de "desapropriação de imóveis" para explorar o gás de xisto na Ucrânia servir também como uma "licença para matar" inocentes?

Está o fraturamento hidráulico em processo de fraturar Ucrânia? Esta tem sido uma característica permanente da trágica história da exploração de hidrocarbonetos por companhias de petróleo "ocidentais" ao longo do século XX.

Não há dúvida de que os hidrocarbonetos são o denominador comum das guerras na Ucrânia, no Iraque, na Síria e na Líbia.

[1] ?Cúpula do Brics: Sementes de uma nova arquitetura financiera?, Ariel Noyola Rodríguez, Rede Voltaire, 3 de Julho de 2014. ?Sixth BRICS Summit: Fortaleza Declaration and Action Plan?, Voltaire Network, 16 July 2014. «Momento BRICS en Fortaleza», Alfredo Jalife-Rahme, 17 juillet 2014.

[2] «Fidel Castro: El derribo de avión malasio es una "provocación insólita" de Ucrania», Russia Today, 17 July 2014.

[3] AFP, 17/07/14.

[4] «¿Yihad global contra los BRICS?», por Alfredo Jalife-Rahme, La Jornada (México), Red Voltaire , 18 de julio de 2014.

[5] «El botín del saqueo en Libia: "fondos soberanos de riqueza", divisas, hidrocarburos, oro y agua», by Alfredo Jalife-Rahme, La Jornada, 28 August 2011.

[6] «El jefe del Mossad había vaticinado el secuestro de los tres jóvenes israelíes », por Gerhard Wisnewski, Red Voltaire , 11 de julio de 2014.

[7] «Gaza: el gas en la mirilla», por Manlio Dinucci, Il Manifesto (Italia), Red Voltaire , 18 de julio de 2014.

[8] «Shale gas and politics: Are Western energy giants? interests behind Ukraine violence?», Russia Today, 17 May 2014.

[9] « L?Ukraine brade son secteur énergétique aux Occidentaux », par Ivan Lizan, Traduction Louis-Benoît Greffe, Однако (Russie), Réseau Voltaire, 2 mars 2013.

[10] ?Na Ucrânia, filho de Joe Biden junta o útil ao agradável?, Tradução Alva, Rede Voltaire, 16 de Maio de 2014.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Cresce o petroyuan (e a lenta erosão da hegemonia do dólar BASENAME: canta-o-merlo-cresce-o-petroyuan-e-a-lenta-erosao-da-hegemonia-do-dolar DATE: Fri, 08 Aug 2014 22:24:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Cresce o petroyuan (e a lenta erosão da hegemonia do dólar

4/8/2014, Flynt Leverett e Hillary Mann Leverett,* World Financial Review
http://www.worldfinancialreview.com/?p=2621

Por 70 anos, um dos pilares mais criticamente determinantes do poder norte-americano tem sido a posição do dólar como mais importante moeda do mundo. Nos últimos 40 anos, um dos pilares do primado do dólar tem sido o papel dominante das notas verdes nos mercados internacionais de energia. Hoje, a China está alavancando seu crescimento como potência econômica, e como o mais importante mercado em desenvolvimento para exportadores de hidrocarboneto no Golfo Persa e na ex-URSS, para circunscrever a dominação do dólar na energia global - com ramificações potencialmente profundas para a posição estratégica dos EUA.

Desde a 2ª Guerra Mundial, a supremacia geopolítica dos EUA repousa não só na força militar, mas também na posição do dólar como principal moeda de negócios e de reserva do mundo. Economicamente, a primazia do dólar extrai "senhoriagem" - a diferença entre o custo de imprimir dinheiro e seu valor - de outros países e minimiza a taxa de risco cambial das empresas norte-americanas. Mas sua real importância é estratégica: a primazia do dólar permite que os EUA cubram seus déficits crônicos em conta corrente e fiscal, emitindo mais de sua própria moeda - precisamente como Washington financiou a projeção de poder militar por mais de meio século.

Desde os anos 1970s, um pilar da primazia do dólar tem sido o papel das notas verdes como moeda dominante na qual se fazem os preços de petróleo e gás, e na qual as vendas de hidrocarbonos são faturadas e pagas. Isso ajuda a manter alta a demanda mundial do dólar. Isso também alimenta a acumulação de excedentes em dólares pelos produtores de energia, o que reforça a posição do dólar como primeiro ativo de reserva do mundo, e que pode assim ser "reciclado" na economia dos EUA para cobrir os déficits norte-americanos.

Muitos assumem que a proeminência do dólar nos mercados de energia deriva de seu estado mais amplo como principal moeda de transações e de reserva do mundo. Mas o papel do dólar nesses mercados não é natural nem é função de sua dominância mais ampla. Na verdade, foi concebido e construído por políticos norte-americanos depois do colapso da ordem monetária de Bretton Woods no início dos anos 1970s, o que pôs fim à versão inicial da primazia do dólar ("hegemonia 1.0 do dólar"). Ligar o dólar ao mercado internacional de petróleo foi chave para criar uma nova versão da primazia do dólar ("hegemonia 2.0 do dólar") - e, por extensão, para financiar mais 40 anos da hegemonia dos EUA.

Ouro e hegemonia 1.0 do dólar

A primazia do dólar foi 'sacramentada' pela primeira vez na conferência de Bretton Woods de 1944, onde os aliados não comunistas dos EUA aceitaram a proposição de Washington para uma ordem monetária internacional pós-guerra. A delegação britânica - chefiada por Lord Keynes - e virtualmente todos os demais países participantes, exceto os EUA, prefeririam criam uma nova moeda multilateral através do nascente Fundo Monetário Internacional (FMI) como principal fonte de liquidez global. Mas isso poria abaixo as ambições norte-americanas, que queriam uma ordem monetária centrada no dólar. Apesar de praticamente todos os participantes preferirem a opção multilateral, o poder relativo vastamente superior dos EUA garantiu que, no final, sua preferência predominasse. Assim, sob o padrão ouro de troca de Bretton Woods, o dólar foi ligado ao ouro e as demais moedas foram ligadas ao dólar, gerando a forma principal de liquidez internacional.

Havia, contudo, uma contradição fatal na visão baseada-em-dólar, de Washington. O único modo pelo qual os EUA podiam distribuir dólares suficientes para atender à liquidez em todo o mundo era manter déficits em conta corrente sempre abertos. Com a Europa Ocidental e o Japão recuperados e reconquistando competitividade, aqueles déficits cresceram. Lançado na própria sempre crescente demanda por dólares nos EUA - para financiar o consumo crescente, a expansão do estado de bem-estar e a projeção global do próprio poder - e a oferta de dinheiro dos EUA rapidamente ultrapassou as reservas em ouro dos EUA. A partir dos anos 1950s, Washington trabalhava para persuadir ou coagir possuidores estrangeiros de dólares a não trocar as notas por ouro. Mas a insolvência só poderia ser mantida semiocultado por pouco tempo: em agosto de 1971, o presidente Nixon suspendeu a convertibilidade dólar-ouro, pondo fim ao fim ao padrão ouro de troca; em 1973, as taxas fixas também se foram.

Esses eventos levantaram questões de base sobre a firmeza, no longo prazo, de uma ordem monetária baseada no dólar. Para preservar seu papel como provedor chefe de liquidez internacional, os EUA teriam de continuar a manter déficits em conta corrente. Mas esses déficits cresciam como balões, porque o movimento de Washington de abandonar Bretton Woods entrecruzara-se com dois outros importantíssimos desenvolvimentos: os EUA tornaram-se importadores líquidos de petróleo no início dos anos 1970s; e o acesso ao controle do mercado de energia por membros chaves da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEC) em 1973-1974 causou aumento de 500% nos preços do petróleo, o que aumentou muito o estresse sobre a balança de pagamentos dos EUA. Com o elo entre o dólar e o ouro já rompido e as taxas de câmbio já não fixas, a prospectiva de déficits cada vez maiores nos EUA agravou as preocupações sobre o valor de longo termo do dólar.

Essas preocupações tiveram especial ressonância para os principais produtores de petróleo. O petróleo que ia para mercados internacionais recebia preço em dólar, pelo menos desde os anos 1920s - mas, por décadas, a libra esterlina foi usada pelo menos tão frequentemente quanto o dólar, para pagamentos de compras internacionais de petróleo, mesmo depois de o dólar ter substituído a libra como principal moeda de comércio e de reservas do mundo.[1] Desde que a libra andasse presa ao dólar, e o dólar fosse "bom como ouro", era processo economicamente viável. Mas depois que Washington abandonou a convertibilidade dólar-ouro e o mundo mudou-se de taxas fixas de câmbio, para taxas flutuantes, o regime de moeda para o comércio do petróleo estava muito vulnerável. Com o fim da convertibilidade dólar-ouro, os maiores aliados dos EUA no Golfo Persa - o Xá do Irã, o Kuwait e a Arábia Saudita - passaram a apoiar uma mudança no sistema de preços da OPEC de preços denominados em dólares, para passar a denominá-los numa cesta de moedas.

Nesse ambiente, vários dos aliados europeus dos EUA reviveram a ideia (introduzida por Keynes em Bretton Woods) de prover liquidez internacional na forma de uma moeda que o FMI lançaria e que seria governada multilateralmente - os chamados "Special Drawing Rights"[2] (SDRs). Depois que os preços do petróleo sempre em ascensão estrangularam suas contas correntes, Arábia Saudita e outros aliados árabes dos EUA no Golfo forçaram a OPEC para que começasse a faturar em SDRs. Também endossaram propostas europeias para reciclar os excedentes em petrodólares através do IMF, para encorajar que crescesse e emergisse como o principal provedor de liquidez internacional pós-Bretton Woods. Significaria que Washington não poderia continuar a imprimir quantos dólares bem entendesse para apoiar consumo crescente, gastos públicos sempre crescentes e projeção global constante de poder. Para impedir que acontecesse, políticos norte-americanos tiveram de encontrar meios novos para incentivar estrangeiros a continuar mantendo excedentes cada vez maiores do que, então, já eram dólares impressos em ar.

Ouro e hegemonia 2.0 do dólar

Para tanto, os governos dos EUA a partir de meados da década dos 1970s, conceberam duas estratégias. Uma foi maximizar a demanda por dólares como moeda transacional. A outra foi inverter as restrições de Bretton Woods aos fluxos de capitais transnacionais; com a liberalização financeira, os EUA puderam alavancar o escopo e a profundidade de seus mercados de capital, e ele pôde cobrir seus déficits crônicos de conta corrente e fiscal, atraindo capitais estrangeiros a custo relativamente baixo. Criar laços fortes entre as vendas de hidrocarbono e o dólar provou-se crítico nos dois fronts.

Para criar tais laços, Washington efetivamente extorquiu seus aliados árabes do Golfo, condicionando silenciosamente as garantias dos EUA à segurança deles à disposição deles para ajudar a financiar os EUA. Traindo promessas feitas aos seus parceiros europeus e japoneses, o governo Ford empurrou clandestinamente a Arábia Saudita e outros produtores árabes do Golfo a reciclar partes substanciais de seus excedentes dos petrodólares dentro da economia dos EUA através de intermediários privados (a maioria dos quais norte-americanos),[3] não através do FMI. O governo Ford também reforçou o apoio do Golfo às finanças apertadas de Washington, em vários acordos secretos com Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, pelos quais os bancos centrais desses países compravam grandes volumes de papéis do Tesouro dos EUA fora dos processos de leilões normais.[4]

Esses procedimentos ajudaram Washington a impedir que o FMI suplantasse os EUA como principal provedor de liquidez internacional; também deram impulso inicial e crucialmente importante para inflar as ambições de Washington de conseguir financiar os déficits dos EUA reciclando os excedentes de estrangeiros em dólares, via o mercado privado de capital e em vendas de papéis do governo dos EUA.

Poucos anos depois, o governo Carter concluiu mais um acordo secreto com os sauditas, pelo qual, dessa vez, Riad comprometia-se a exercer sua influência para garantir que a OPEC continuaria a precificar o petróleo, em dólares.[5] O compromisso da OPEC com o dólar como moeda de faturamento das vendas internacionais de petróleo foi chave para que o dólar se implantasse ainda mais firmemente como moeda reinante na compra e venda no mercado internacional de petróleo. Quando o sistema de preços administrados pela OPEC entrou em colapsou em meados dos anos 1980s, o governo Reagan encorajou a universalização do faturamento em dólares para vendas de petróleo transfronteiras em novos negócios de petróleo em Londres e New York. A universalização quase absoluta na precificação do petróleo - e, depois, também do gás -, sempre em dólares, reforçou a possibilidade de as vendas de hidrocarbonos seriam não só denominadas em dólares, mas também pagas em dólares - gerando crescente apoio mundial à demanda por dólares.

Em resumo, essas barganhas foram instrumentais para criar a "hegemonia 2.0 do dólar". E foram mantidas, apesar de surtos periódicos de insatisfação do Golfo Árabe contra a política dos EUA para o Oriente Médio; apesar, mais fundamentalmente, do distanciamento entre os EUA e outros grandes produtores do Golfo (o Iraque de Saddam Hussein e a República Islâmica do Irã); e de um rompante de interesse pelo "petroeuro", no início dos anos 2000s. Os sauditas, especialmente, defenderam vigorosamente que o petróleo continuasse a ser precificado exclusivamente em dólares.[6]

Enquanto Arábia Saudita e outros grandes produtores de energia aceitam agora em outras grandes moedas o pagamento pelo petróleo que exportam, a maior fatia das vendas mundiais de petróleo continua a ser paga em dólares o que perpetua o status do dólar como principal moeda mundial de negócios. Arábia Saudita e outros produtores árabes do Golfo suplementaram o apoio que dão ao nexo petróleo-dólar, fazendo grandes compras de armamento avançado dos EUA; muitos também ancoraram suas respectivas moedas ao dólar - compromisso que altos funcionários sauditas descrevem como "estratégico". Em momento em que o volume de dólares nas reservas globais já caiu, os árabes do Golfo a reciclar seus petrodólares ajudam a manter o mesmo dólar ainda como principal moeda de reserva.

O desafio chinês

Seja como for, história e cautela lógica ensinam que o que hoje é prática geral não é lei gravada em pedra. Com a ascensão do "petroyuan", já se constata que, sim, há movimento na direção de um regime de moeda menos dólar-cêntrico nos mercados internacionais de energia - com implicações potencialmente muito sérias para a posição mais ampla do dólar.

A China já emergiu como ator principal no cenário da energia global, e já embarcou numa extensiva campanha para internacionalizar[7] sua moeda.[8] Fatia crescente do comércio exterior da China já está sendo denominado e pago em renminbi; e cresce o lançamento de instrumentos financeiros denominados em renminbi. A China está conduzindo um processo distendido de liberalização do capital account essencial para a plena internacionalização do renminbi , e está permitindo mais flexibilidade na taxa de câmbio para o yuan. O Banco do Povo da China [orig. People's Bank of China (PBOC)] já tem acordos de swap com mais de 30 outros bancos centrais - o que significa que o renminbi já funciona efetivamente como uma moeda de reserva.

Os políticos chineses apreciam as "vantagens da liderança" [orig. "advantages of incumbency" (NTs)] de que o dólar goza; o objetivo deles não é que renminbis tomem o lugar dos dólares, mas posicionar o yuan ao lado das verdes como moeda de negócios e de reserva. Além dos benefícios econômicos (por exemplo, reduzir os custos cambiais das empresas chinesas), Pequim quer - por razões estratégicas - reduzir ainda mais o crescimento de suas gigantescas reservas em dólar. A China está vendo a tendência crescente de os EUA excluírem países do sistema financeiro dos EUA, como ferramenta de política exterior, e não quer ver Washington tentar ganhar alavancagem por essa via; a internacionalização do renminbi pode mitigar essa vulnerabilidade. Mais amplamente, Pequim compreende a importância, para o poder dos EUA, de o dólar ser dominante; contendo a dominância do dólar, a China pode conter o excessivo unilateralismo dos EUA.

Há muito tempo a China já incorporou instrumentos financeiros aos seus esforços para ganhar acesso a petróleo estrangeiro. Agora, Pequim quer que os principais produtores de energia aceitem renminbi como moeda de negócios - inclusive no pagamento das compras chinesas de petróleo - e que incorporem o renminbi nas reservas de seus respectivos bancos centrais. Há boas razões para que os produtores sejam receptivos à ideia.

A China é e assim continuará, em todo um vasto futuro que se pode antever, o principal mercado em expansão para produtores de hidrocarbonos no Golfo Persa e na ex-URSS. Expectativas muito difundidas de que o yuan se valorizará no longo prazo tornam a ideia de acumular reservas em renminbi ideia "óbvia", em termos de diversificação do portfólio. E com os EUA já vistos cada vez mais frequentemente como potência em declínio relativo, a China é vista como principal potência em ascensão. Até para os estados árabes do Golfo, que há tanto tempo só confiam em Washington para lhes garantir a própria segurança, os fatos já sugerem que seja imperativo, no campo estratégico, criar laços mais próximos com Pequim. Para a Rússia, a deterioração das relações com os EUA obrigam a gerar cooperação mais profunda com a China, contra EUA que ambas as capitais, Moscou e Pequim, veem potência em declínio lento, mas sempre hiperativa e dada a reações desproporcionais.[9]

Por muitos anos,[10] a China pagou suas importações de petróleo iraniano com renminbi;[11] em 2012, o Banco do Povo da China e o Banco Central dos Emirados Árabes Unidos fizeram acordo de swap de moeda no valor de $5,5 bilhões,[12] preparando o cenário para que as importações chinesas de petróleo possam ser pagas a Abu Dahbi em renminbi - importante expansão do uso do petroyuan no Golfo Persa. O negócio de gás entre China e Rússia, de $400 bilhões, concluído esse ano, incluiu cláusulas bem claras de que os russos aceitarão que os chineses paguem em renminbi pelo gás que comprarem; se o acordo for integralmente implementado, significará que o renminbi passa a ter papel muito considerável nas transações internacionais de gás.

Olhando à frente, o uso do renminbi para pagar por compras internacionais de petróleo e gás com certeza aumentará, o que fará declinar mais rapidamente a influência dos EUA em regiões chaves da produção de energia. Marginalmente, o mesmo processo irá tornando mais difícil para Washington financiar o que China e outras potências emergentes veem como políticas abertamente intervencionistas - perspectiva que a classe política nos EUA ainda sequer começou a ponderar com seriedade.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O chefe do SYRIZA oferece-se para colaborar com a UE BASENAME: canta-o-merlo-o-chefe-do-syriza-oferece-se-para-colaborar-com-a-ue DATE: Wed, 06 Aug 2014 19:58:41 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info

Com esta "esquerda radical" os capitalistas podem dormir tranquilos
O chefe do SYRIZA oferece-se para colaborar com a UE
? Carta de vassalagem a Barroso, Rompuy & Draghi

Alexis Tsipras é a nova coqueluche dos media franceses e europeus. Estranha complacência da parte dos media ao serviço da ideologia dominante para com um líder que se pretende da "esquerda radical".

É preciso dizer que as declarações e propostas do líder do SYRIZA não são para inquietar nem a classe dominante grega nem a europeia.

Para além das viragens tácticas e das posições cambiantes ao sabor das oportunidades políticas, o SYRIZA e o seu líder permanecem firmes acerca de certos princípios: a reforma do sistema capitalista e a defesa da União Europeia.

Sem tentar enumerar a lista das propostas oportunistas de Tsipras ao longo destes últimos anos ? um único artigo não seria suficiente ? se se limita às últimas semanas, é edificante a constatação da compatibilidade desta "esquerda radical" com o sistema dominante e o teor das propostas de "governo de esquerda" lançadas ao KKE:

UM GOVERNO DE ESQUERDA NO INTERESSE DO CAPITAL GREGO E EUROPEU

Um "governo de esquerda" em colaboração com o grande capital:
"Um governo de esquerda necessita dos industriais e dos investidores. Ele tem necessidade de um ambiente económico saudável. Tem necessidade de leis meritocráticas (...) Os investimentos podem ser positivos num quadro meritocrático, com leis neste sentido, e não num quadro gangrenado pela corrupção e as maquinações". (Tsipras, Alexis, na cadeia de TV pública NET, 05/Maio/2012).

Um governo de esquerda ampliado... até à direita:
"Se temos necessidade de cinco votos da parte do sr. Kammenos (presidente de uma nova formação direita neoliberal, os Gregos Independentes) e se ele vier para nós e nos der um sinal de abertura e de apoio, nós não o rejeitaremos; não lhe diremos que não o queremos". (Tsipras, Alexis, na cadeia TVXS, 25/Abril/2012)

Um "governo de esquerda" para salvar a Europa do capital:
"Só a esquerda europeia pode garantir uma União Europeia baseada na coesão social". (Tsipras, Alexis, no jornal TA NEA, 02/Maio/2012).

QUANDO O LÍDER DA "ESQUERDA RADICAL" PROPÕE SEUS SERVIÇOS AOS DIRIGENTES DA UNIÃO EUROPEIA PARA SALVAR A EUROPA !

Alexis Tsipras foi mais além das declarações de princípio quanto ao apoio à União Europeia. Numa carta dirigida pessoalmente a José Manuel Barroso ( aqui em grego no sítio web do Synapsismos ) , a Herman van Rompuy e a Mario Draghi, ele revela a sua verdadeira missão: a de participar no salvamento da União Europeia.

Com efeito, esta carta de queixas transforma-se rapidamente numa proposta de colaboração dirigida às altas instâncias da União Europeia.

Ele principia pela constatação: a da rejeição do Memorando, dos partidos que o defenderam nas eleições de 6 de Maio. A seguir, sublinha "o fracasso económico destas políticas, incapazes de tratar as desigualdades e desequilíbrios estruturais da economia grega".

Vem então a ocasião de propor os serviços do SYRIZA, única formação a ter "notado suas fraquezas inerentes à nossa economia", uma economia que afundou pois a classe dirigente grega "ignorou nossas recomendações em termos de reformas estruturais".

Ler entre as linhas: connosco no comando, a estabilidade da economia capitalista grega teria sido assegurada.

Que receita económica propõe o SYRIZA? Nenhuma medida precisa é evocada entre aquelas que por vezes o SYRIZA avança diante do povo grego (alta dos salários, das prestações sociais, etc). O Tsipras evoca apenas a necessidade de inverter a "dinâmica da austeridade e da recessão".

Qual a perspectiva para corrigir a austeridade de que é vítima o povo grego?

Primeiro, "Restaurar a estabilidade social e económica do país", dito de outra forma, restaurar a ordem capitalista na Grécia.

A seguir, numa perspectiva de restauração da estabilidade económica e social à escala europeia. Trata-se "de repensar toda a estratégia actualmente executada, pois ela ameaça não só a coesão e a estabilidade da Grécia como também é fonte de instabilidade para a União Europeia e a própria zona euro".

Tsipras acaba com um vibrante apelo à colaboração de todas as forças para salvar a Europa , e à concentração das decisões no escalão europeu:

"O futuro comum dos povos da Europa está ameaçados por estas escolhas desastrosas. É nossa convicção profunda que a crise económica é de natureza europeia e que a solução não pode ser encontrada senão ao nível europeu".

A habilidade dos media dominantes, na Grécia, em França e alhures, consiste e fazer passar um servidor zeloso da União Europeia do capital, a nova personagem de uma social-democracia de substituição, como o chefe da oposição de esquerda ao consenso liberal e europeísta dominante.

Com uma tal oposição oficial, a classe dominante europeia pode ao mesmo tempo continuar sua política de super-austeridade enquanto neutraliza a emergência de uma alternativa política a este sistema económico predador, que é o capitalismo, e esta construção política anti-democrática que é a União Europeia.
O original encontra-se em solidarite-internationale-pcf.over-blog.net/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
14/Mai/12

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sobre Gaza por Eric Hobsbawm BASENAME: canta-o-merlo-sobre-gaza-por-eric-hobsbawm DATE: Tue, 05 Aug 2014 22:36:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Eric Hobsbawm sobre Gaza

London Review of Books, vol. 31, n. 2, sessão "Cartas":
"Responses to the War in Gaza", 29/1/2009, pages 5-6 (traduzido)
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/11/eric-hobsbawm-sobre-gaza-2009_18.html

http://port.pravda.ru

Já há três semanas a barbárie está exposta aos olhos da opinião pública universal, que está vendo, julgando e, com poucas exceções, rejeitando o terrorismo armado que Israel emprega contra meio milhão de palestinos cercados, desde 2006, na Faixa de Gaza.

Jamais qualquer explicação oficial para a invasão foi mais patentemente refutada por uma combinação de imagens de televisão e aritmética; ou o papaguear dos jornais sobre "alvos militares", pelas imagens de crianças ensanguentadas e escolas incendiadas.

13 mortos de um lado, 1.360 do outro: não é difícil concluir quem são as vítimas. Nem é preciso dizer muito mais sobre a horrenda operação militar de Israel contra Gaza.

Mas para nós, judeus, é preciso, sim, dizer mais.

Numa história longa e sem segurança, de povo em diáspora, nossa reação natural a quase todos os eventos públicos inevitavelmente inclui a pergunta "Isso é bom ou é mau para os judeus?" E, no caso da violência de Israel contra Gaza, a resposta só pode ser uma: "é mau, para os judeus".

É muito evidentemente mau para os 5,5 milhões de judeus que vivem em Israel e nos territórios ocupados de 1967, cuja segurança é gravemente ameaçada pelas ações militares que o governo de Israel empreende em Gaza e no Líbano; ações que demonstram a incapacidade dos militares israelenses para trabalhar a favor do objetivos que eles mesmos declaram, e atos que só servem para perpetuar e intensificar o isolamento de Israel num Oriente Médio hostil.

O genocídio ou a expulsão em massa de palestinos do que resta de seu território nativo original é, nada mais nada menos, que adotar uma agenda prática que só pode levar à destruição do Estado de Israel. Só a convivência negociada em termos igualitários e justos entre os dois grupos é garantia de futuro estável.

A cada nova aventura militar de Israel, como a que se viu no Líbano e vê-se agora [2009; e vê-se, outra vez, hoje, em 2012, NTs] em Gaza, a solução torna-se mais difícil; e mais se fortalece, em Israel, o jugo da direita; e, na Cisjordânia, o mando dos colonos que, em primeiro lugar, nunca quiseram qualquer solução negociada.

Como aconteceu na guerra do Líbano em 2006, Gaza, agora, torna ainda mais obscuro o futuro de Israel. E o futuro se torna mais negro, também, para os nove milhões de judeus que vivem na diáspora.

Sejamos bem claros: criticar Israel não implica qualquer antissemitismo, mas as ações do governo de Israel cobrem de vergonha os judeus e, mais que tudo, fazem renascer o antissemitismo, em pleno século 21.

Desde 1945, os judeus, dentro e fora de Israel, beneficiaram-se enormemente da má consciência de um mundo ocidental que se recusou a receber imigrados judeus nos anos 1930, antes de ou cometer genocídio ou não se opor a ele. Quanto dessa má consciência, que virtualmente derrotou o antissemitismo no Ocidente por 60 anos e produziu uma era de outro para a diáspora, sobrevive hoje?

Israel em ação em Gaza não é o povo vítima da história. Não é sequer a "valente pequena Israel" da mitologia de 1948-67, um David derrotando vários Golias que o cercavam.

Israel está perdendo a solidariedade do mundo, tão rapidamente quanto os EUA perderam a solidariedade do mundo no governo de George W. Bush, e por razões semelhantes: cegueira nacionalista e a megalomania do poderio bélico.

O que é bom para Israel e o que é bom para os judeus como povo são coisas evidentemente associadas, mas até que se encontre solução justa para a questão palestina essas duas coisas não são nem podem ser idênticas. E é essencialmente importante que os judeus o declarem, bem claramente.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Presidente da Comissão Europeia é um espião norte-americano BASENAME: canta-o-merlo-o-presidente-da-comissao-europeia-e-um-espiao-norte-americano DATE: Tue, 05 Aug 2014 22:32:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Naufrágio dos governos europeus no seio da UE
Presidente da Comissão Europeia é um espião norte-americano

por Thierry Meyssan

http://resistir.info/europa/juncker_27jun14.html

Por trás da nomeação do presidente da Comissão encontra-se o dedo dos Estados Unidos, que esperam assim fazer avançar a sua agenda: limitação da soberania dos Estados aliados e criação de um vasto mercado transatlântico. Deste ponto de vista, a personalidade de Jean-Claude Juncker é a ideal. Ele foi, com efeito, forçado a renunciar no seu próprio país, o Luxemburgo, quando se demonstrou que era um agente operacional dos Serviços Secretos da NATO [1] . Assim, não só os chefes de Estado e de Governo afundam a sua própria autoridade, como colocam acima de si próprios um agente da Gládio.

Foi para um verdadeiro naufrágio que os governos europeus se encaminharam, sexta-feira, 27 de Junho de 2014: o Conselho de chefes de Estado e de governo ratificou a nomeação de Jean-Claude Juncker na presidência da Comissão Europeia, alegando que o seu partido (o Partido Popular Europeu) venceu as eleições para o Parlamento Europeu.

Consequentemente, o próximo presidente da Comissão será a única personalidade eleita pelo conjunto dos cidadãos da União, mesmo que o tenha sido por apenas 45% deles. Portanto, em caso de conflito entre ele e o Conselho, ser-lhe-á fácil remeter (politicamente, NT) a chanceler alemã e o presidente francês para as suas pequenas "regiões eleitorais", que são as Republicas alemã e francesa.

Alguns salientam que não designar o presidente da Comissão desta forma, quando tal "lhe" havia sido prometido, não poderá deixar de aparecer como uma negação da democracia e desencorajará os eleitores.

Ora, o modo de designação do presidente da Comissão jamais foi discutido antes da eleição do Parlamento. Ninguém sabe quem introduziu esta ideia que não figura nos Tratados, os quais prevêem que ele seja eleito por uma maioria qualificada de chefes de Estado e de Governo. Eì uma tremenda afronta que os apoiantes da NATO apresentem esta inovação como um "avanço democrático", confundindo um escrutínio eleitoral desprovido de eleitores com a democracia. Ora, a democracia, a única, a verdadeira é: "O governo do Povo, para o Povo e pelo Povo", segundo a fórmula de Abraham Lincoln.

Deve lembrar-se, por exemplo, que na República Checa a taxa de participação às urnas foi de apenas 13%! E é com uma tal taxa de participação que contam impor aos checos uma personalidade acima do seu governo.

Somente os antigos parlamentares eurocépticos da Aliança dos conservadores e reformistas Europeus, e os nacionalistas da Aliança Europeia para a Liberdade, contestaram este processo durante a campanha eleitoral. Os governos envolvidos só compreenderam a armadilha tarde demais. Angela Merkel tomou a cabeça da fronda, mas abandonou-a quando comparou os seus próprios resultados com os de Jean-Claude Juncker, sem se preocupar com a situação dos outros chefes de governo da União, nem do que acontecerá à Alemanha depois dela. Apenas o húngaro Viktor Orban e o britânico David Cameron se mantêm firmemente opostos a este precedente, mas por razões diferentes: o presidente Orban pensa na posição do seu pequeno país no seio da Grande União, enquanto o Primeiro-ministro britânico se dirige para uma retirada do seu país para fora da União, para regressar ao conceito europeu de Winston Churchill.

Por trás da nomeação do presidente da Comissão encontra-se o dedo dos Estados Unidos, que esperam assim fazer avançar a sua agenda: limitação da soberania dos Estados aliados e criação de um vasto mercado transatlântico. Deste ponto de vista, a personalidade de Jean-Claude Juncker é a ideal. Ele foi, com efeito, forçado a renunciar no seu próprio país, o Luxemburgo, quando se demonstrou que era um agente operacional dos Serviços Secretos da NATO [1] . Assim, não só os chefes de Estado e de Governo afundam a sua própria autoridade, como colocam acima de si próprios um agente da Gládio.

As consequências desta nomeação não se farão sentir de imediato, mas o verme já está no fruto. Elas se manifestarão quando surgir uma crise entre os diferentes protagonistas. Será, então, tarde demais.
[1] "Gladio en Luxemburgo: Juncker obligado a dimitir" ("Gládio no Luxemburgo: Juncker forçado a demitir-se"), Red Voltaire, 16/Julho/2013.

Ver também:
Os exércitos secretos da NATO (IX) , Daniele Ganser

O original encontra-se em www.voltairenet.org/article184485.html . Tradução de Alva (efectuadas pequenas alterações).

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Do gueto de Varsóvia ao gueto de Gaza BASENAME: canta-o-merlo-do-gueto-de-varsovia-ao-gueto-de-gaza DATE: Sun, 03 Aug 2014 15:22:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info/

DO GUETO DE VARSÓVIA AO GUETO DE GAZA
A resistência dos judeus do gueto de Varsóvia foi afogada em sangue pelos nazis alemães. Hoje, no gueto de Gaza, a entidade nazi-sionista afoga em sangue o povo palestino. A resistência heróica dos palestinos ? apesar dos seus fracos meios militares ? é um feito notável e heróico. O povo palestino desperta e merece a solidariedade universal. Por todo o mundo verificam-se manifestações de repúdio às atrocidades do Estado nazi-sionista. É preciso intensificá-las, apoiar a campanha Boicote, Desinvestimento, Sanções , não comprar nem importar produtos israelenses, cortar os laços económicos e militares com o Estado do apartheid sionista.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Gaza: o genocídio e suas (des)razões BASENAME: canta-o-merlo-gaza-o-genocidio-e-suas-des-razoes DATE: Wed, 30 Jul 2014 23:21:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Gaza: o genocídio e suas (des)razões

por Atilio A. Boron [*]

Em meio do espanto e do banho de sangue que inunda Gaza ouve-se uma voz, metálica, glacial. Pronuncia um solilóquio semelhante ao que William Shakespeare, na sua obra Henrique VI, pôs na boca de Ricardo, um ser disforme, monstruoso, mas aguilhoado por uma ambição ilimitada e orgulhoso da sua vilania:

"Sou o espírito do estado de Israel. Sim, agrido, destruo e assassino impunemente: crianças, anciãos, mulheres, homens. Porque em Gaza são todos terroristas, para além das suas aparências. Um dos hierarcas da ditadura genocida na Argentina, o general Ibérico Saint Jean , disse que "Primeiro vamos matar todos os subversivos, depois seus colaboradores, depois os indiferente e por último os tímidos". Nós invertemos essa sequência e começámos pela população civil, gente cujo crime é viver em Gaza. No processo cairão centenas de inocentes, gente que simplesmente tentava sobreviver nesse confinamento nauseabundo; a seguir iremos aos tímidos, os indiferentes e depois deste brutal e instrutivo escarmento chegaremos aos colaboradores e aos terroristas. Sei muito bem que o rudimentar e escasso armamento do Hamas só nos pode provocar um arranhão, como demonstram as estatísticas fúnebres dos nossos ataques periódicos às populações palestinas. Suas ameaças de destruir o estado de Israel são fanfarronadas sem sentido porque não têm a menor capacidade de levá-las à prática. Mas são-nos de enorme utilidade na guerra psicológica e na propaganda: servem-nos para aterrorizar nossa própria população e obter assim seu consentimento para o genocídio e a nossa política de ocupação militar dos territórios palestinos. E também servem para que os Estados Unidos e os países europeus, embarcados na "luta contra o terrorismo", nos facilitem todo tipo de armamentos e nos amparem politicamente.

Em Gaza não enfrento nenhum exército, porque não lhes permitimos que o tenham. Eu, em contrapartida, tenho um dos melhores do mundo, apetrechado com a mais refinada tecnologia bélica proporcionada pelos meus protectores: Washington e as velhas potências coloniais europeias e aquela que pude desenvolver, graças a eles, dentro de Israel. Os palestinos tão pouco têm uma aviação para vigiar seu espaço aéreo, nem uma frota que proteja seu mar e suas praias. Meus drones e helicópteros sobrevoam Gaza sem temor e disparam seus mísseis sem se preocuparem com o fogo inimigo, porque não há fogo inimigo. Aperfeiçoámos, com as novas tecnologias bélicas, o que Hitler fez em Guernica. Sou amo e senhor de vidas e fazendas. Faço o que quero: posso bombardear casas, escolas, hospitais, o que me der na gana. Meus poderosos amigos (e, sejamos honestos, cúmplices de todos os meus crimes) aceitarão qualquer atrocidade que decida perpetrar. Já o fizeram antes, em inúmeráveis ocasiões e não só connosco: fá-lo-ão quantas vezes for preciso. Sua má consciência ajuda-me: calaram envergonhadamente durante a Shoá, o sistemático genocídio perpetrado por Hitler contra os judeus perante a vista e a paciência de todo o mundo, desde o Papa Pio XII até Franklin D. Roosevelt e Winston Churchill. Calarão também diante do genocídio que metodicamente por etapas estou a realizar em Gaza, porque matar palestinos impunemente é isso, genocídio. Como fazia Hitler quando alguém da sua tropa de ocupação era feito prisioneiro ou morto pelos maquis da resistência francesa ou pelos partisans espanhóis: juntavam dez ou quinze pessoas ao acaso, que tivessem a desgraça de passar pelo lugar, e metralhavam-nos no acto, como escarmento e como advertência didáctica para que seus vizinhos não cooperassem com os patriotas. Nós nem sequer esperamos que matem um dos nossos para fazer o mesmo e fazemo-lo do modo mais covarde. Ao menos os nazis viam os rostos das vítimas cujas vidas cortariam em um segundo; nós não, porque disparamos mísseis a partir de aviões ou navios, ou projécteis a partir dos nossos tanques. Inquieta-nos recordar que tanta crueldade, tanto horror, foi em vão. Seis milhões de judeus sacrificados nos fornos crematórios e milhões mais que caíram por toda a Europa não foram suficientes para evitar a derrota de Hitler. Será diferente desta vez, será que agora nosso horror nos abrirá o caminho para a vitória?

Eufórica por ver tanto sangue árabe derramado uma das minhas deputadas extravasou e disse o que penso: que há que matar as mães palestinas porque engendram serpentes terroristas. Desgraçadamente nem todos em Israel pensam assim; há alguns judeus, românticos incuráveis, que acreditam que podemos conviver com os árabes e que a paz não só é possível como necessária. Dizem-nos que isso foi o que fizemos durante séculos. Não entendem o mundo de hoje, mortalmente ameaçado pelo terrorismo islâmico, e deixam-se levar pela nostalgia de uma época superada definitivamente. Não são poucos em Israel os que caem neste equívoco e preocupa-nos que seus números estejam em crescendo. Mas a partir do governo trabalhamos activamente para contrariar esse sentimentalismo pacifista e, para cúmulo, laico. Laico, num estado no qual para ser cidadão é preciso ser judeu (e temos cerca de 20% de árabes, que viveram na região durante séculos e não são cidadãos) e onde não existe o matrimónio civil, só o religioso!

Para combater estas atitudes contamos com os grandes meios de comunicação (os de Israel e os de fora) e nossas escolas ensinam nossas crianças a odiar nossos indesejáveis vizinhos, uma raça desprezível. Para envolve-los no nosso esforços militar os convidamos a escreverem mensagens de morte nos mísseis que, pouco depois, lançaremos contra essa gentalha amontoada em Gaza. Outras crianças serão as que cairão mortas por esses mísseis amorosamente dedicados pelos nossos. Não ignoro que com minhas acções lanço uma asquerosa escarrada à grande tradição humanista do povo judeu, que arranca com os profetas bíblicos, continua com Moisés, Abraão, Jesus Cristo e passa por Avicena, Maimónides, Baruch, Spinoza, Sigmund Freud, Albert Einstein, Martin Buber até chegar a Erich Fromm, Claude Levy-Strauss, Hannah Arendt e Noam Chomsky. Ou com judeus extraordinários que enriqueceram o acervo cultural da Argentina como León Rozitchner, Juan Gelman, Alberto Szpunberg e Daniel Barenboim, entre tantos outros que seria muito longo enumerar aqui. Mas esse romantismo já não conta. Deixámos de ser um povo perseguido e oprimido; agora somos opressores e perseguidores.

Utilizam-se duras palavras e frases para qualificar o que estamos a fazer. Covardia criminosa, delito de lesa humanidade, por agredir com armas mortíferas uma população indefesa, dia e noite, hora após hora. Mas por acaso não merece a mesma qualificação o que fizeram os Estados Unidos ao lançar bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki? E quem os reprova? Terrorismo de Estado? Digamos antes realpolitik, porque desde quando meus e amigos e protectores do Ocidente se preocuparam com o Terrorismo de Estado ou as violações dos Direitos Humanos que eles mesmo cometem, ou um aliado ou peão? Apoiaram durante décadas quantos déspotas e tiranos povoaram esta terra, sempre que fossem funcionais aos seus interesses: Saddam Hussein, Xá da Pérsi, Mubarak, Ali, Mobutu, Osama Bin Laden. E, na América Latina, Videla, Pinochet, Geisel, Garrastazú, Stroessner, "Papa Doc" Duvallier, Somoza, Trujillo, Batista e muitíssimos mais. Assassinaram centenas de líderes políticos anti-imperialistas e Obama continua a fazê-lo ainda hoje, onde todas as terças-feiras decide quem da lista de inimigos dos Estados Unidos, que lhe é apresentada pela NSA, deve ser eliminado com um míssil disparado de um drone ou mediante uma operação de comandos. Por que haveriam de se escandalizar com o que está a acontecer em Gaza? Além disso precisam de mim como gendarme regional e base de operações militares e de espionagem numa região do mundo com tanto petróleo como o Médio Oriente ? e sabem que para cumprir com essa missão não só não devem manietar-me como é preciso contar com seu inquebrantável apoio, o que até agora jamais me foi negado.

Sei também que estou a violar a legalidade internacional, que estou a desobedecer a resolução nº 242, Novembro de 1967, do Conselho de Segurança da ONU, que por unanimidade exige que me retire dos territórios ocupados durante a Guerra dos Seis Dias de 1967. Não cumpri essa resolução durante quase meio século, sem ter de enfrentar sanções de nenhum tipo como as que arbitrariamente se impõem a outros, ou as que aplicam a Cuba, Venezuela, Irão e, antes, ao Iraque depois da primeira guerra do Golfo. Razões desta tolerância? Meus lobistas nos Estados Unidos são poderosíssimos e têm um punho na Casa Branca, no Congresso e na Justiça. Segundo Norman Finkelstein (um mau judeu, inimigo do estado de Israel) a indústria do holocausto goza de tal eficácia extorsiva que impede perceber que quem agora está a produzir um novo holocausto somos nós, os filhos e netos daqueles que padeceram sob os nazis. Por isso, apesar de as vítimas mortais em Gaza já superarem os 500 palestinos (contra 25 soldados do nosso exército, um dos quais foi morto por erro pelas nossas próprias forças, segundo informou esta segunda-feira 22 de Julho o New York Times ) o presidente Obama fez um apelo estúpido para evitar que israelenses e palestinos ficassem presos nos "fogo cruzado" desta confrontação. Pobre dele se houvesse dito que aqui não há "fogo cruzado" nem confrontação alguma e sim um massacre indiscriminado de palestinos, uma horrível "limpeza étnica" praticada contra uma população indefesa! Nosso lobby o crucificaria numa questão de horas! Agora que nossas tropas entraram em Gaza teremos que sofrer algumas baixas, mas a desproporção continuará a ser enorme.

Claro, não posso evitar que me qualifiquem tecnicamente como um "estado canalha", porque assim se denominam os que não acatam as resoluções da ONU e persistem em cometer crimes de lesa humanidade. Mas como os Estados Unidos e o Reino Unido são violadores em série das resoluções da ONU, e portanto também eles "estados canalhas", seus governos foram invariavelmente solidários com Israel. Para além da perturbação que por momentos possam ocasionar estas reflexões, precisamos completar a tarefa iniciada em 1948 e apoderar-nos da totalidade dos territórios palestinos: iremos deslocá-los periodicamente, aterrorizando-os, empurrando-os para fora das suas terras ancestrais, convertendo-os em eternos ocupantes de infectos campos de refugiados na Jordânia, na Síria, no Iraque, no Egipto, onde seja. E se resistirem os aniquilaremos. Podemos fazer isso pela nossa esmagadora força militar, pelo apoio político do Ocidente e pela degradação e putrefacção dos corrupto e reaccionários governos do mundo árabe que, como era previsível (e assim nos haviam assegurado nossos amigos em Washington e Londres) não se importam minimamente com a sorte dos palestinos.

A tal extremo chega nossa barbárie que até um amigo nosso, Mario Vargas Llosa, se escandalizou quando em 2005 visitou e Gaza e surpreendeu-nos com críticas de insólita ferocidade. Chegou a dizer, por exemplo: "pergunto-me se algum país no mundo teria podido progredir e modernizar-se nas condições atrozes de existência da gente de Gaza. Ninguém me contou, não sou vítima de nenhum preconceito contra Israel, um país que sempre defendi ... Eu vi com meus próprios olhos. E sinto-me enojado e sublevado pela miséria atroz, indescritível, em que mofam, sem trabalho, sem futuro, sem espaço vital, nas covas estreitas e imundas dos campos de refugiados ou nessas cidades apinhadas e cobertas pelo lixo, onde passeiam ratos à vista, essas famílias palestinas condenadas só a vegetar, a esperar que a morte venha por fim a essa existência sem esperança, de absoluta desumanidade, que é a sua. São esses pobres infelizes, crianças e velho e jovens, privados já de tudo o faz humana a vida, condenados a uma agonia tão injusta e tão larvar como a dos judeus nos guetos da Europa nazi, os que estão agora a ser massacrados pelos caças e os tanques de Israel, sem que isso sirva para aproximar um milímetro a ansiada paz. Pelo contrário, os cadáveres e rios de sangue destes dias só servirão para afastá-la e levantar novos obstáculos e semear mais ressentimento e raiva no caminho da negociação" [1]

Mas nada do que diga Vargas Llosa, e tantos outros, nos fará mossa: somos o povo eleito por Deus (ainda que os iludidos estado-unidenses também acreditem nisso), uma raça superior e os árabes são uma pestilência que deve ser removida da face da terra. Por isso construímos esse gigantesco muro na Cisjordânia, ainda pior do que erigiram em Berlim e que foi apropriadamente caracterizado como o "muro da infâmia". Nossos lobbies foram muito eficazes ao tornar invisível esta monstruosidade e ninguém fala do nosso "muro da infâmia". Reconheço que nossa traição aos ideais do judaísmo nos inquieta. Não era isto o que queriam os pais fundadores. Convertemo-nos numa máquina de usurpação e despojamento colonial que já não mantém nenhuma relação com nossa venerável tradição cultural. Alguns dizem que Israel é o judaísmo como Hitler era o cristianismo. Por isso é que por vezes nosso sonho é perturbado e as mortes e sofrimentos que causámos durante tanto anos ? e que para sermos sinceros começaram muito antes de nascer o Hamas ? acossam-nos como o fantasma de Hamlet. Mas retrocedemos horrorizados diante da possibilidade de uma paz que não queremos porque perderíamos os territórios arrebatados durante tantos anos, encorajaríamos a turbamulta árabe que nos rodeia e faríamos perder milhares de milhões de dólares aos nossos amigos do complexo militar-industrial estado-unidense, que é o verdadeiro poder nesse país, assim como aos seus sócios israelenses que também lucram com este estado de hostilidades permanentes. Por isso continuaremos nesta guerra até o fim, ainda que com os riscos que esta atitude possa desencadear.

Ver também:
Carta aberta ao Governo Português sobre a ofensiva israelita contra o povo palestino
International Scientists and Doctors Denounce Israeli "Crimes Against Humanity" in Gaza

[*] Sociólogo, argentino.

O original encontra-se em www.resumenlatinoamericano.org

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Genocídio na Europa BASENAME: canta-o-merlo-genocidio-na-europa DATE: Fri, 20 Jun 2014 15:46:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

GENOCÍDIO NA EUROPA
http://resistir.info/

O governo neo-nazi de Kiev deu, dia 12 de Junho, um novo passo na escalada genocida contra o seu próprio povo: a utilização de bombas incendiárias de fósforo contra a população civil de Slavyansk . Os media corporativos, ditos de "referência", calam-se. Ocultam deliberadamente este novo acto de barbárie dos fascistas ucranianos patrocinados pelo governo Obama. E a União Europeia permanece de cócoras, também calada, subserviente aos EUA e conivente com os seus crimes.

----- COMMENT: AUTHOR: Pedro d' Ajuda [Visitante] DATE: Mon, 30 Jun 2014 23:41:45 +0000 URL:

Notícia para mim surpreendente.
Principalmente por a não encontrar, nem em vestígios, na Comunicação Social corrente.
Mas não a vou subestimar.
Desde a implosão da URSS, para a qual os USA em nada contribuiram, que tudo está a acontecer em decorrência dos interesses económicos e geoestratégicos da “potência única” ou seja o bloco anglo-americano.
Livre da potência concorrente (a URSS) os USA, sentiram-se de mãos completamente livres.
E na demarcação das fronteiras dos novos países, não se obedeceu nem á prudência nem há justiça.
Um fermento para futuras guerras. Civis e internacionais…

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Washington relança seu projecto de partição do Iraque BASENAME: canta-o-merlo-washington-relanca-807-a-seu-projecto-de-partica-807-aa-771-o-do-iraque DATE: Thu, 19 Jun 2014 12:11:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Washington relança seu projecto de partição do Iraque

por Thierry Meyssan

http://www.voltairenet.org/pt

Desde 2001, o estado-maior dos Estados Unidos tenta fracturar o «Próximo-Oriente alargado» numa multiplicidade de pequenos Estados etnicamente homogéneos. O mapa da região remodelada foi publicado em julho de 2006 [1]. Ele prevê a divisão do Iraque em três, um Estado sunita, um xiita e um curdo.

O falhanço de Israel diante ao Hezbolla, no verão de 2006 [2], e o da França e do Reino Unido diante à Síria em 2011-14, deixava supôr que este plano tinha sido abandonado.

Não é o caso: o estado-maior dos EU tenta retomá-lo por intermédio destes condottieres modernos que são os Jihadistas.

Os eventos surgidos no Iraque, na semana passada, devem ser vistos sob este ângulo. A imprensa internacional insiste na ofensiva do Emirado islâmico no Iraque e no Levante (EIIL ou «Daesh» em árabe), mas esta é apenas uma parte da vasta acção em curso.
A ofensiva coordenada do EIIL e dos Curdos

Numa semana, o EIIL conquistou o que deveria tornar-se um emirado Sunita, enquanto os peshmergas (combatentes curdos-ndT) conquistaram o que deveria ser o Estado curdo independente.

O exército iraquiano, formado por Washington, deu Niníve aos primeiros e Kirkuk aos segundos. A sua própria estrutura de comando facilitou a desintegração: os oficiais superiores, tendo que recorrer ao gabinete do Primeiro-Ministro antes de mover as suas tropas, eram ao mesmo tempo privados de iniciativa de jogo e instalados como reizinhos nas suas zonas de acção. Por outro lado, era fácil ao Pentágono corromper certos oficiais para que eles incitassem os seus soldados à deserção.

Os parlamentares, convocados pelo Primeiro-ministro Nouri-Al-Maliki, também desertaram e não votaram o estado de emergência por falta de quorum, deixando o governo sem possibilidades de resposta.

Sem outra escolha para salvar a unidade do seu país, al-Maliki apelou a todos os aliados possíveis e imagináveis. Primeiro apelou ao seu próprio povo em geral, e à milícia xiita do seu rival Moqtada el-sadr em particular (o Exército de Mahdi), depois aos guardas da Revolução iranianos (o general Qassem Suleimani, comandante da força Jerusalém está, no momento, em Bagdad), finalmente aos Estados Unidos a quem ele pediu para voltarem e bombardear os assaltantes.

A imprensa ocidental sublinha, não sem razão, que o modo de governar do Primeiro- ministro freqüentemente prejudicou, quer a minoria Sunita árabe, quer os laicos do Baas, tanto pareceu ser favorável sobretudo aos Shiitas. Porém, esta constatação é relativa: os Iraquianos reconduziram, aquando das eleições gerais de 30 de abril, a coligação (coalizão-Br) de Nouri al-Maliki. Esta obteve um quarto dos votos, ou seja três vezes mais que o movimento de Moqtada el-Sadr, tendo o resto dos votos ficado espalhado entre uma míriade de pequenos partidos.
A preparação da ofensiva contra a autoridade de Bagdad

A ofensiva do EIIL, por um lado, e dos Peshmergas por outro foi sendo preparada ao longo de muito tempo.

O Curdistão iraquiano começou a nascer, sob proteção dos Estados Unidos e do Reino Unido, com a zona de exclusão aérea decretada entre as duas invasões ocidentais (1991-2003). Depois com o derrube do presidente Saddam Hussein, ele adquiriu uma muito grande autonomia e entrou logo na esfera de influência israelita. Deste ponto de vista, é inconcebível que Telavive tenha estado ausente na tomada de Kirkuk. De facto, o actual governo regional de Erbil (capital curda-ndT) alargou a sua jurisdição, ao conjunto da zona iraquiana prevista pelo estado-maior Americano para formar o Curdistão independente.

O EIIL é uma milícia tribal Sunita, tendo integrado o grupo combatente da Al-Qaida no Iraque depois da partida de Paul Bremer III, e a entrega do poder político aos Iraquianos. A 16 de maio de 2010, um responsável da Al-Qaida no Iraque que tinha sido libertado em circunstâncias desconhecidas, Abou Bakr el-Baghdadi, foi nomeado emir e esforçou-se, posteriormente, por colocar a organização sob a autoridade da Al- Qaida.

No começo de 2012 combatentes do EIIL criam na Síria o Jabhat al-Nosra (quer dizer a Frente de apoio ao povo do Levante), como ramo sírio da Al-Qaida. Este grupo desenvolve-se com o relançamento do ataque franco-britânico contra a Síria, em julho 2012. É, finalmente, classificado como «organização terrorista» por Washington, no fim do ano, apesar dos protestos do Ministro francês das Relações exteriores (Negócos Estrangeiros-Lu), que saúda neles «o pessoal que faz o trabalho árduo no terreno» (sic) [3].

Os sucessos dos jihadistas na Síria, até à primeira metade do ano de 2013, modificaram a atratividade dos seus grupos. O projeto oficial da Al-Qaida de uma revolução islâmica global apareceu como utópico, enquanto a criação de um Estado islâmico num determinado território parecia ao alcance da mão. Daí a idéia de lhes atribuir a remodelagem do Iraque, que os exércitos dos EU não tinham conseguido realizar.

A operação plástica do EIIL foi realizada na Primavera de 2014, com a libertação de prisioneiros ocidentais, que ele detinha, Alemães, Britânicos, Dinamarqueses, Americanos, Franceses e Italianos. As suas primeiras declarações confirmavam, em todos os detalhes, as informações dos serviços secretos sírios: o EIIL é enquadrado por oficiais norte-americanos, franceses e sauditas. Entretanto, rápidamente os prisioneiros libertados faziam marcha-atrás e desdiziam as suas declarações sobre a identidade dos carcereiros. Foi neste contexto que o EIIL rompeu com a Al-Qaida, em maio de 2014, assumindo- se como rival, enquanto a Al-Nosra permaneceu como ramo oficial da Al-Qaida na Síria. Claro que, tudo isso nada mais é que uma fachada porque, na realidade, esses grupos são, desde a sua criação, apoiados pela CIA contra os interesses russos (Afeganistão, Bósnia-Herzegovina, Chechénia, Iraque, Síria).

Regressado em maio a organização regional, (e não mais a antena regional de uma organização global), o EIIL preparou-se para cumprir o papel que os seus comanditários lhe tinham atribuído há vários meses.

A organização é claro controlada, no terreno, por Abu Bakr al-Baghdadi, mas está sob a autoridade do príncipe Abdul Rahman al-Faisal, irmão do príncipe Saud al-Faisal (ministro das Relações Exteriores saudita desde há 39 anos) e do príncipe Turki al- Faisal (antigo diretor dos serviços Secretos e actual embaixador em Washington e Londres).

Em maio, os al-Faisal compraram uma fábrica de armamento na Ucrânia. Os depósitos(estoques-Br) de armas pesadas foram transportados por avião para um aeroporto militar turco, de onde o MIT (Serviço Secreto Turco ) os encaminhou por comboios (trens-Br) especiais para o EIIL. Parece pouco provável que esta cadeia logística possa ter sido implementada sem a Otan.
A ofensiva do EIIL

O pânico que tomou conta da população iraquiana é o reflexo dos crimes cometidos pelo EIIL na Síria: degolas, em público, dos «muçulmanos renegados» e crucificação de cristãos. Segundo William Lacy Swing (antigo embaixador dos EU na África do Sul, depois nas Nações Unidas, e actual diretor do Gabinete das Migrações internacionais), pelo menos 550 mil iraquianos teriam fugido diante dos jihadistas.

Estes números mostram a inépcia das estimativas ocidentais sobre o EIIL, segundo os quais ele não dispõe senão de 20 mil combatentes no total da Síria e do Iraque. A verdade é, provavelmente, três vezes superior, na ordem dos 60 mil combatentes; a diferença sendo feita exclusivamente por estrangeiros, recrutados no conjunto do mundo muçulmano e na maior parte das vezes não árabes. Esta organização tornou-se o maior exército privado do mundo, imitando no mundo moderno o papel dos condottieri da Renascença europeia.

Ela deverá desenvolver-se ainda mais considerando os seus espólios de guerra. Assim, em Mossul, ela capturou o Tesouro do distrito de Niníve, ou seja 429 milhões de dólares em dinheiro (o que chega para pagar os seus combatentes durante um ano completo). Além disso, apoderou-se de numerosos Humvees e de 2 helicópteros de combate que ela, imediatamente, integrou no seu dispositivo. Como os jihadistas não têm os meios para formar os pilotos, a imprensa internacional sugere que eles sejam antigos oficiais baasistas do regime do presidente Saddam Hussein. O que é altamente improvável, considerando que a guerra que opõe os baasistas laicos aos jihadistas define o cenário de fundo da guerra na Síria.
Reações internacionais

A ofensiva dos Peshmergas e do EIIL era esperada pelos partidários da Arábia Saudita na região. Assim, o presidente libanês Michel Suleiman (que tinha concluído uma alocução em janeiro por um ressonante «Viva a Arábia Saudita!», em vez de um «Viva o Líbano!») tentou, por todos os meios, obter uma extensão do seu mandato (expirando a 25 de maio) por mais seis meses, de modo a estar aos comandos durante a crise actual.

Em todo caso as reações internacionais quanto à crise iraquiana são incoerentes: todos os Estados, sem exceção, condenam o EIIL no Iraque e denunciam o terrorismo, enquanto alguns deles --- os Estados Unidos e os seus aliados--- consideram, no mesmo momento, o EIIL como um aliado objetivo contra o Estado sírio, e alguns comanditam esta ofensiva - os Estados Unidos, a Arábia Saudita, a França, Israel e a Turquia.

Nos Estados Unidos o debate político público opõe os Republicanos, que pedem um reenvolvimento militar no Iraque, aos Democratas, que denunciam a instabilidade provocada pela intervenção de George W. Bush contra Saddam Hussein. Este pequeno jogo oratório permite mascarar que os eventos em curso servem os interesses estratégicos do estado-maior. e que ele está ali directamente implicado.

Seria, porém, possível que Washington tivesse armadilhado Ancara. O EIIL teria, nesta mesma altura, tentado tomar o controlo do túmulo de Süleyman Sah, na Síria no distrito de Raqqa. Esta sepultura é propriedade da Turquia, que dispõe de uma pequena guarnição naquele lugar, em virtude da cláusula de extraterritorialidade do Tratado de Ancara (imposto pelo colonizador francês em 1921). Mas esta ação pode, também, ter muito bem sido comanditada pela própria Turquia, que teria assim pretendido achar um pretexto para uma intervenção aberta na Síria [4].

Mais grave, aquando do cerco de Mossul o EIIL fez prisioneiros 15 diplomatas turcos e suas famílias, além de 20 membros das forças especiais turcas, no seu consulado, provocando a ira de Ancara. O EIIL também havia preso motoristas de camião (caminhão-Br)de pesados, que foram depois libertados. A Turquia que assegurou a logística do ataque do EIIL sente-se traída, sem que se saiba, de momento, se o foi por Washington, Riade, Paris ou Telavive. Este assunto faz relembrar a detenção, a 4 de julho de 2003, de 11 membros das forças especiais turcas pelo exército dos Estados Unidos em Souleimanieh (Iraque), popularizada pelo filme O vale de lobos no Iraque [5]. Este episódio provocara a crise mais importante dos últimos sessenta anos entre ambos países.

A hipótese mais provável é que Ancara não previa participar numa ofensiva tão ampla, e descobriu, no caminho, que Washington programava a criação do Curdistão. Ora, sempre de acordo com o mapa publicado em 2006, este deverá incluir uma parte da Turquia, tendo os Estados Unidos previsto dissecar não só os seus inimigos, mas também os seus aliados. A prisão dos diplomatas turcos e dos elementos das forças especiais turcas seria um meio de impedir Ancara de sabotar a operação.

Chegando na quinta-feira a Ancara vinda de Amã, a representante especial dos Estados Unidos no Conselho de Segurança, a embaixatriz Samantha Power, hipócritamente condenou as ações do EIIL. A presença no Próximo-Oriente da turifirária do intervencionismo moral de Washington, deixa supôr que uma reação dos Estados Unidos foi prevista para este cenário.

Pelo seu lado o Irão disse estar pronto, para ajudar a salvar o governo do xiita al- Maliki, enviando armas e conselheiros militares, mas não combatentes. O actual derrube do Estado iraquiano aproveita à Arábia Saudita, grande rival regional de Teerão, no exacto momento em que o Ministro dos Negócios Estrangeiros(Relações exteriores-Br), o príncipe Saoud Al-Faiçal (o irmão do chefe do EIIL), a convidou para negociações.
Thierry Meyssan

Tradução
Alva

Fonte
Al-Watan (Síria)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "O Clube Bilderberg governa Espanha mediante a Troika" BASENAME: canta-o-merlo-o-clube-bilderberg-governa-espanha-mediante-a-troika DATE: Wed, 28 May 2014 21:50:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

"O Clube Bilderberg governa Espanha mediante a Troika"

O Clube Bilderberg sequestrou o poder do Estado espanhol mediante a Troika, afirmou a escritora e jornalista Cristina Martín Jiménez numha entrevista. Segundo a experto, a UE e o euro som criaturas nadas no seio do clube.

Numha entrevista com o portal ?Te interesa?, a jornalista sevilhana Cristina Martín Jiménez assegurou que os membros deste clube de poderosos que "pretende controlar e dirigir o mundo" som responsáveis de que Europa se mergulhara numha crise.

Injectárom medo e tensom psicológica à populaçom

"Injectárom medo e tensom psicológica à populaçom", assinalou a autora do livro ?Perdidos. Os planos do clube Bilderberg?, no que trata de explicar, entre outros assuntos, que planos tem este grupo secreto, assim como a sua influência na actual crise mundial.

Em Espanha o clube intervéu através da Troika. É mais, na sua opiniom, a Comissom, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional "seqüestrárom o poder do Estado espanhol, a soberania popular".

O seguinte objectivo de Bilderberg será a China

"Queriam fazer o mesmo que na Itália e Grécia, pôr um tecnocrata no Governo de Espanha", assinalou a investigadora. Contodo, tenhem ao ministro de Economia.

Segundo a escritora, Espanha está governada polo Clube Bilderberg, "Na actualidade a UE é um Governo mundial que preside o Clube Bilderberg. Há que lembrar que as actas das primeiras reunions já falavam da criaçom da UE e a criaçom do euro, som criaturas nadas no seio do Clube Bilderberg", asseverou Martín Jiménez, que afirma que com o jornalismo de investigaçom pode-se demonstrar que a existência do grupo é "algo completamente real".

A autora de ?Perdidos. Os planos do clube Bilderberg? sustivo durante a entrevista que os membros do controvertido grupo vem o mundo de maneira muito diferente a como o percebe um cidadao do montom e que opinam que no planeta sobram pessoas. Ademais, deu a conhecer que o seguinte objectivo de Bilderberg será a China.

Este ano o grupo programa reunir-se de 28 de maio ao 1 de Junho num luxuoso hotel de Copenhague, Dinamarca.

Texto completo em: http://actualidad.rt.com/economia/view/129255-clube-bilderberg-espana-ue-troika

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Guerra e morte do dólar americano? BASENAME: canta-o-merlo-guerra-e-morte-do-dolar-americano DATE: Sat, 24 May 2014 17:49:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Guerra e morte do dólar americano?
Os EUA ou o mundo estão a chegar ao fim?

por Paul Craig Roberts [*]

2014 está a perfilar-se como o ano de ajuste de contas para os Estados Unidos.

Duas pressões estão a acumular-se sobre o dólar americano. Uma decorre da declinante capacidade do Federal Reserve para manipular o preço do ouro quando as reservas ocidentais encolhem e se espalha no mercado o conhecimento da ilegal manipulação de preços feita pelo Fed. É inequívoca a evidência de quantidades maciças de vendas a descoberto a serem despejadas no mercado de futuros do ouro numa altura em que a comercialização é fraca. Tornou-se óbvio que o preço do ouro está a ser manipulado no mercado de futuros a fim de proteger o valor do dólar das consequências da quantitative easing (QE).

A outra pressão provém das loucas ameaças do regime de Obama, de sanções contra a Rússia. Outros países já não estão dispostos a tolerar o abuso de Washington quanto ao padrão dólar mundial. Washington utiliza os pagamentos internacionais com base no dólar para prejudicar as economias de países que resistem à hegemonia política de Washington.

A Rússia e a China já estão fartas. Conforme noticiei e conforme Peter Koenig noticia, a Rússia e a China estão a desligar do dólar o seu comércio internacional. Daqui em diante, a Rússia efectuará o seu comércio, incluindo a venda de petróleo e de gás natural à Europa, em rublos e nas divisas dos seus parceiros do BRICS.

Isto significa uma grande quebra na procura de dólares americanos e uma queda correspondente no valor cambial do dólar.

Conforme John Williams ( shadowstats.com ) deixou claro, a economia dos EUA não recuperou dos maus tempos de 2008 e tem continuado a enfraquecer. A grande maioria da população americana há anos que está a ser fortemente pressionada pela falta de crescimento dos rendimentos. Como actualmente os EUA são uma economia dependente quanto a importações, uma queda no valor do dólar aumentará os preços nos EUA e fará baixar o nível de vida.

Todos os indícios apontam para o fracasso económico dos EUA em 2014, e é essa a conclusão do relatório de John William, de 9 de Abril.

Este ano também pode vir a assistir ao colapso da NATO e talvez mesmo da UE. O golpe imprudente de Washington na Ucrânia e a ameaça de sanções contra a Rússia empurraram os estados marionetes da NATO para um terreno perigoso. Washington avaliou mal a reacção na Ucrânia quando derrubou o seu governo democraticamente eleito e impôs um governo fantoche. A Crimeia separou-se rapidamente da Ucrânia e juntou-se à Rússia. Poderão seguir-se em breve outros territórios outrora russos.

Os descontentes em Lugansk, Donetsk e Kharkov estão a exigir referendos. Os descontentes promulgaram a República Popular de Donetsk e a República Popular de Kharkov. O governo fantoche de Washington em Kiev ameaçou dominar os protestos com a violência. ( rt.com/news/eastern-ukraine-violence-threats-405/ )

Washington afirma que as manifestações de protesto são organizadas pela Rússia, mas ninguém em Washington acredita, nem mesmo os seus fantoches ucranianos.

Notícias na imprensa russa identificaram mercenários americanos entre as forças de Kiev enviadas para dominar os separatistas na Ucrânia oriental. Um membro da extrema-direita, o neo-nazi Partido Patriota no parlamento de Kiev defendeu que os manifestantes fossem abatidos a tiro.

A violência contra os manifestantes provocará provavelmente a intervenção do exército russo e o regresso da Rússia aos seus antigos territórios na Ucrânia oriental que foram anexados à Ucrânia pelo Partido Comunista soviético.

Com Washington a aventurar-se a proferir ameaças em crescendo, Washington está a empurrar a Europa para duas confrontações altamente indesejáveis. Os europeus não querem uma guerra com a Rússia por causa do golpe de Washington em Kiev e entendem que quaisquer sanções contra a Rússia, se concretizadas, serão muito mais prejudiciais para eles próprios. Na UE, a crescente desigualdade económica entre os países, o alto desemprego, e a rigorosa austeridade económica imposta aos membros mais pobres têm provocado enormes tensões. Os europeus não estão dispostos a suportar o fardo dum conflito com a Rússia orquestrado por Washington. Enquanto Washington oferece à Europa guerra e sacrifícios, a Rússia e a China propõem comércio e amizade. Washington fará os possíveis para manter os políticos europeus comprados-e-pagos e alinhados com as políticas de Washington, mas para a Europa os riscos de alinhar com Washington são agora muito maiores.

Em muitas frentes, Washington está a surgir aos olhos do mundo como aldrabão, inconfiável e completamente corrupto. James Kidney, promotor público da Securities and Exchange Comission [SEC], aproveitou a ocasião da sua aposentação para revelar que superiores seus haviam arquivado os seus processos da Goldman Sachs e de outros "bancos demasiado grandes para falir", porque os seus patrões da SEC não estavam preocupados com a justiça mas "em arranjar empregos com altas remunerações após o seu serviço público", protegendo os bancos contra processos pelas suas acções ilegais. ( www.counterpunch.org/2014/04/09/65578/ )

A Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional foi apanhada a tentar usar meios de comunicação sociais para derrubar o governo de Cuba. ( rt.com/news/cuba-usaid-senate-zunzuneo-241/ )

Esta imprudência audaciosa aparece a seguir ao derrube do governo ucraniano incitado por Washington, ao escândalo da espionagem da NSA, ao relatório de investigação de Seymour Hersh de que o gás sarin na Síria foi um incidente clandestino organizado pela Turquia, membro da NATO, a fim de justificar um ataque militar dos EUA à Síria, a seguir à imposição de Washington de fazer aterrar e passar busca ao avião presidencial do presidente boliviano Evo Morales, às "armas de destruição maciça" de Saddam Hussein, à má utilização da resolução de zona de exclusão aérea da Líbia para um ataque militar, etc. etc. Essencialmente, Washington conseguiu minar de tal modo a confiança de outros países quanto ao discernimento e integridade do governo americano que o mundo perdeu a fé na liderança dos EUA. Washington está reduzido a ameaças e subornos e aparece cada vez mais como um agressor.

Estes tiros no pé reflectiram-se na credibilidade de Washington. O pior de todos é a crescente percepção generalizada de que a louca teoria de conspiração de Washington sobre o 11/Set é falsa. Grande número de especialistas independentes, assim como mais de cem prestadores de primeiros socorros contradisseram todos os aspectos da absurda teoria da conspiração de Washington. Nenhuma pessoa esclarecida acredita que meia dúzia de árabes sauditas, que não sabiam pilotar aviões, e a funcionar sem a ajuda de qualquer agência de informações, pudesse iludir todo o estado de Segurança Nacional, não apenas as 16 agências de informações americanas, mas também todas as agências de informações da NATO e de Israel.

Nada funcionou no 11/Set. A segurança do aeroporto falhou quatro vezes numa hora, mais falhas numa hora do que ocorreram durante as 116.232 horas do século XXI, todas juntas. Pela primeira vez na história, a Força Aérea dos EUA não conseguiu interceptar inimigos no chão e nos céus. Pela primeira vez na história, o Controlo de Tráfego Aéreo perdeu aviões comerciais durante mais de uma hora e não o comunicou. Pela primeira vez na história, incêndios de baixas temperaturas, de vida curta, nalguns pisos, provocaram o enfraquecimento e colapso de estruturas de aço maciças. Pela primeira vez na história, três arranha-céus caíram em queda livre acelerada, sem o benefício de demolição controlada que eliminasse a resistência por baixo.

Dois terços dos americanos acreditaram nesta patranha. A esquerda acreditou porque encarou-a como uma história de oprimidos a vingarem-se do império maléfico da América. A direita acreditou na história, porque interpretaram-na como de muçulmanos diabólicos a atacar a boa América. O presidente George W. Bush exprimiu muito bem a visão da direita: "Eles odeiam-nos por causa da nossa liberdade e democracia".

Mas mais ninguém acreditou nela, muito menos os italianos. Os italianos tinham sido informados, anos antes, de incidentes secretos, quando o seu presidente revelou a verdade sobre a secreta Operação Gládio . A Operação Gládio foi chefiada pela CIA e pelos serviços secretos italianos durante a segunda metade do século XX, para colocação de bombas que mataram mulheres e crianças europeias a fim de acusar os comunistas e, a partir daí, minarem o apoio aos partidos comunistas europeus.

Os italianos foram dos primeiros a fazer apresentações em vídeo contestando a história bizantina de Washington sobre o 11/Set. A última desta contestação é o filme "Zero", de 1 hora e 45 minutos.

Podem vê-lo aqui: www.youtube.com/watch?v=QU961SGps8g&feature=youtu.be

"Zero" foi produzido pela companhia italiana Telemaco como um filme de investigação sobre o 11/Set. Nele aparece muita gente ilustre, juntamente com especialistas independentes. Em conjunto, contestam todas as afirmações feitas pelo governo dos EUA, relativas à sua explicação do 11/Set.

O filme foi exibido no parlamento europeu.

É impossível que alguém que veja este filme acredite numa só palavra da explicação oficial do 11/Set.
A conclusão é que cada vez é mais difícil desmentir que elementos do governo dos EUA tenham feito ir pelos ares três arranha-céus de Nova Iorque a fim de destruir o Iraque, o Afeganistão, a Líbia, a Somália, a Síria, o Irão, e o Hezbollah, e de lançar o programa dos neoconservadores dos EUA para uma hegemonia mundial dos EUA.

A China e a Rússia protestaram mas aceitaram a destruição da Líbia embora tenha sido em seu próprio prejuízo. Mas o Irão é uma linha vermelha. Washington ficou bloqueado, por isso decidiu provocar grandes problemas à Rússia na Ucrânia a fim de desviá-la do programa de Washington noutros locais.

A China tem estado hesitante sobre os compromissos entre os seus excedentes comerciais com os EUA e o crescente cerco de Washington que lhe é feito com as suas bases navais e aéreas. A China chegou à conclusão de que a China e a Rússia têm o mesmo inimigo ? Washington.

Pode acontecer uma de duas coisas: ou o dólar americano será posto de lado e o seu valor entra em colapso, acabando assim com a situação de superpotência de Washington e a ameaça de Washington à paz mundial, ou Washington empurrará os seus fantoches para um conflito militar com a Rússia e a China. O resultado duma guerra dessas será muito mais devastador do que o colapso do dólar americano.
10/Abril/2014
Do mesmo autor:
Washington Drives The World To War. CIA Intervention in Eastern Ukraine , 15/Abril/2014

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Regime de Kiev trava guerra para reduzir a população da Ucrânia BASENAME: canta-o-merlo-regime-de-kiev-trava-guerra-para-reduzir-a-populacao-da-ucrania DATE: Thu, 22 May 2014 10:19:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Regime de Kiev trava guerra para reduzir a população da Ucrânia
por Olga Shedrova [*]

O presidente em exercício da Ucrânia, Alexander Turchinov, recentemente apelou ao povo das auto-proclamadas repúblicas nacionais de Donetsk e Lugansk a que apoiasse a sua operação anti-terrorista e se pusesse ao lado do governo para liquidar "terroristas e separatistas". Kiev está a tentar fazer com que os outros acreditem que não há mais ninguém além de fictícios soldados russos e terroristas envolvidos em acções de combate no sudeste. O que mais pode ele dizer? Os governantes interinos de Kiev não podem contar a verdade e admitir que estão a matar os seus próprios cidadãos. Seria o equivalente a admitir que cometem crimes de guerra. Apesar disso, os factos reais começam a revelar-se. Uma equipe da Sky News não encontrou traços do Serviço de Segurança Federal Russo, do Directorado Principal de Inteligência (inteligência militar) ou de grupos armados a operarem localmente, as forças que os Estados Unidos estão tão vigorosamente a pedir que "se retirem". Os jornalistas notaram o facto de que o povo local chama aqueles que se levantam de "defensores".

A pista de aviação de Kharkov tornou-se uma base de transição para soldados mortos e feridos do exército ucraniano bem como de mercenários que tomam parte em acções de combate. Um bloguista com base em Kharkov informou que o povo olhava de modo pouco amistoso para o grupo de forças que voltava de Slavyanks. O povo murmurava: "os nazis estão vindo". Eles tinham pena mesmo dos alemães aprisionados, especialmente aqueles que estavam feridos. Mas estes parecem ser seus "irmãos".

Não é de estranhar, as acções de combate travadas pelo exército ucraniano fazem com que os civis sofram mais do que voluntários das auto-defesas armadas. Em Kramatorsk os militares ucranianos mataram uma enfermeira de 21 anos, Yulia Izotova, e três dos seus amigos que tentavam esconder-se. Uma mulher civil de 30 anos morreu depois de ser alvejada na cabeça por um fogo de franco-atirador (sniper) quando estava na sua varanda em Slavyansk, bairro de Khimki. Duas crianças foram mortas na aldeia de Semeonovka. Isto são apenas relatórios de rotina diária. Os militares tratam a população local se fossem ocupantes a operarem noutro país. Em Starobelsk, na região de Lugansk, uma loja foi saqueada e uma cabra roubada a uma mulher local. Os soldados mataram o animal para fazer um churrasco. Tendo bebido demais, eles organizaram corridas de veículos blindados e então começaram a atirar uns nos outros. Quinze pessoas foram feridas em consequência. Na região de Donetsk eles fizeram uma copeira executar uma dança de spriptease. Ela teve de cumprir receando pela sua vida.

A baixas entre os militares ucranianos estão a crescer. Segundo Vyacheslav Ponomarev, o representante do povo de Slavyansk, nos primeiros 10 dias de operação o número de mortos das forças pró-governo foi de 650, incluindo 250 de extremistas do Pravy Sector; 120 das unidades militares privadas Dnepr e Azov constituídas e financiadas pelo oligarca Igor Kolomoisky; 90 de forças especiais do Serviço de Segurança da Ucrânia; 40 da 95ª brigada aerotransportada do exército e 20 de operacionais do Ministério do Interior. A companhia militar privada polaca Analizy Systemowe Bartlomiej perdeu 6; as companhias de serviços de segurança estado-unidenses Greystone e Academi perderam 14 e 50, respectivamente. As baixas da Central Intelligence Agency e do Federal Investigations Bureau foram de 25, com 13 mortos. De 1 a 12 de Maio as forças de auto-defesa de Donetsk tiveram 8 baixas, com 3 feridos.

O Kiev Times , um jornal estabelecido com boa reputação, em 15 de Maio publicou uma notícia pormenorizada descrevendo como o governo interino de Kiev escondeu os factos acerca de baixas medidas em milhares . Segundo o jornal, os dados oficiais incluem somente os recrutas do exército regular e do Ministério do Interior, os quais sofrem poucas baixas por estarem localizados distantes da área de combate. Eis porque as fontes oficiais relataram apenas 21 homens mortos e 65 feridos desde o começo da operação. Eles não contam as perdas sofridas pela Guarda Nacional e os punidores (chasteners) das unidades armadas Kolomoisky. Em contrapartida os responsáveis de Kiev contam os mercenários mortos como desaparecidos em combate e desertores.

A junta trata aqueles que a defendem com pouco respeito. Segundo o Kiev Times, a princípio os cadáveres eram levados para um crematório em Kharkiv, a seguir quando o número de baixas crescia nos primeiros dias da operação, vieram escavadoras para Slavyansk e cavaram sepulturas comuns a encher posteriormente. Segundo as forças de auto-defesa do Donbasse, soldados da Guarda Nacional mataram todos os seus próprios feridos no campo de batalha.

Os insurrectos de Slavyansk dizem que a Guarda Nacional tem utilizado principalmente militantes do Pravy Sector e das unidades de defesa Maidan como fontes de recrutamento. Ela opera do mesmo modo como os fascistas alemães que ocuparam a Ucrânia em 1941-1944. Os soldados do exército regular recusam-se a matar o seu próprio pessoal, eles não apontam um alvo quando disparam. Mas eles receiam abandonar as posições que estão a manter sob a armas de guardas nacionais. Exemplo: em Starovarvarka, a 30 km de Slavyansk, militares ucranianos foram fuzilados pelo Pravy Sector por se recusarem a disparar sobre civis.

Sem se importar com as perdas enormes, a Guarda Nacional continua o recrutamento para enviar reforços para o Donbass. Uma das razões é constituída pelsos tumultos incontrolados que apareceram em Kiev em consequência do golpe. Eles ameaçam o poder de Timoshenko, Turchinov e Yatsenyuk. Os grupos que possuem armas continuam tentativas de atacar edifícios administrativos e estão na intenção de continuar a "revolução". Enviando-os para o Donbass eles morrem aos milhares enquanto matam também o povo local em Donetsk e Lugansk quando aumenta a resistência de civis ao regime baseado em Kiev.

A economia da Ucrânia está em depressão. Os membros da junta são bastante cínicos para fazer coisas tétricas ? eles estão a reduzir a população do país. Os cadáveres não precisam de empregos, salários, pensões e subsídios de desemprego. Os créditos concedidos pelo Fundo Monetário Internacional poderiam ser gastos em novas aventuras militares enquanto se reduz o número daqueles que precisam das verbas orçamentais.
20/Maio/2014
Ver também:
CIA, FBI Agents Dying for Illegal Junta in Ukraine

O original encontra-se em www.strategic-culture.org/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os perigos do fascismo na Europa BASENAME: canta-o-merlo-os-perigos-do-fascismo-na-europa DATE: Thu, 22 May 2014 10:09:21 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os perigos do fascismo na Europa
por Dimitris Koutsoumpas [*]

Há 69 anos, neste mesmo dia, a Bandeira Vermelha foi hasteada no Reichstag apontando a vitória de uma batalha gigantesca dos povos, com a União Soviética e os comunistas da Europa na vanguarda, contra a mais terrível e desumana ideologia, a ideologia e prática fascista, nascida do próprio capitalismo que levou à maximização da exploração do homem pelo homem, à destruição absoluta da existência humana.

Milhões de pessoas se sacrificaram nesta batalha, nos campos de batalha e nos desumanos campos de concentração. Hoje, rendemos homenagem aos que perderam a vida nas trincheiras, nos campos de batalha, aos que desafiaram os pelotões de fuzilamento. Leningrado e Stalingrado na Rússia, Kokkiniá e Kesarianí na Grécia estão impressos na memória dos povos, da mesma forma que milhares de lugares, onde se determinou o resultado desta dura batalha. Lugares que, por um lado, foram marcados pela barbárie do capitalismo e, por outro, pela grandeza da luta popular contra esta criatura capitalista, o fascismo.

Quase 70 anos depois, alguns estão fazendo todo o possível para extinguir a chama da verdade histórica que foi escrita com o sangue dos povos. Estão fazendo todo o possível para distorcer a história, para justificar, de maneira direta ou indireta, a brutalidade fascista. Nesta propaganda negra das mentiras, os centros imperialistas e, em primeiro lugar, a UE, jogam um papel protagonista. A UE, inclusive, transformou o 9 de maio, que é o Dia da Vitória Antifascista dos Povos, em "Dia da Europa", tentando apagar da memória dos povos da Europa o caráter antifascista deste aniversário. Nesta missão ideológica e política caluniosa e suja, não hesita em equiparar o fascismo com o comunismo. Ao mesmo tempo, a UE, assim como os EUA, não titubeiam em confiar e apoiar as forças reacionárias mais obscuras que ascenderam ao governo da Ucrânia através de um golpe, como ocorreu anteriormente nos países bálticos, a fim de promover seus interesses geopolíticos na região da Eurásia. Nos últimos 25 anos, após da derrocada do socialismo e da dissolução da URSS, se leva a cabo uma sistemática "lavagem cerebral" ideológica anticomunista através da qual as "legiões SS" e os demais grupos armados pró-fascistas se apresentam como "libertadores" do país do bolchevismo.

No entanto, por mais rancor que exista, por mais tinta que seja gasta, a realidade objetiva não pode ser alterada. 69 anos após o fim da II Guerra Mundial, milhões de pessoas em todo o mundo reconhecem a contribuição do movimento comunista, com sacrifícios sem precedentes, para a derrota do fascismo. A força básica desta luta titânica, a alma e o líder foram os partidos comunistas, encabeçados pelo partido dos bolcheviques. Milhões de comunistas sacrificaram, inclusive suas vidas, por um mundo melhor.

O sistema capitalista, os antagonismos que, inevitavelmente, se manifestam entre os imperialistas e os monopólios, devem ser impressos e estigmatizados na consciência dos povos como os responsáveis pelas duas guerras mundiais, para os milhões de mortos, incapacitados, para as pessoas expulsas de seus lares. Não hesitaram em cometer qualquer crime com a finalidade de servir aos lucros, ao predomínio e ao poder capitalista. Esta realidade é ainda mais vigente hoje, dado que os antagonismos e os conflitos entre si estão se intensificando.

A verdade histórica não pode ser distorcida na consciência do povo, tendo sido escrita pela própria luta dos povos, com o sangue dos povos, dos movimentos pela Libertação Nacional e dos movimentos antifascistas nos países capitalistas, como os heroicos EAM (Frente pela Libertação Nacional), ELAS (Exército Nacional pela Libertação Nacional), EPON (Organização Nacional Unificada da Juventude) existentes em nosso país, que uniram e agitaram o povo a levantar-se.

Foi o resultado das grandes e titânicas batalhas do Exército Vermelho em Stalingrado, Kursk, em Leningrado, em Sebastopol, em todos os campos de batalha na União Soviética e em vários países da Europa capitalista. A grande vitória dos povos contra o eixo fascista-imperialista da Alemanha, Itália e Japão e de seus aliados foi obtida graças ao papel decisivo da União Soviética com sacrifícios incalculáveis e mais de 20 milhões de mortos.

Atualmente, na Ucrânia, nos países bálticos, assim como em outros países da Europa, o fascismo tenta levantar a cabeça, da mesma maneira que em nosso país, onde surgiu uma organização nazista criminosa, o Amanhecer Dourado.

O terrível crime de sexta-feira passada em Odessa, onde os neonazistas do "Setor Direita" queimaram vivos alguns manifestantes de idioma russo e a operação sangrenta do governo de golpista de Kiev nas regiões orientais, têm grande impacto tanto sobre nosso povo como em toda pessoa consciente no planeta. O povo ucraniano está derramando seu sangue devido à intervenção aberta dos imperialistas dos EUA, da UE e da OTAN, que apoiam o governo dos nacionalistas e fascistas de Kiev e entram em conflito com a Rússia sobre o controle dos recursos energéticos, dos tubos e das cotas de mercado. Mais uma vez, é claramente demonstrado que as alianças imperialistas não apenas não garantem a paz e a segurança para nenhum povo, como o contrário, o conduz à guerra e à indigência.

Como no passado, o monstro fascista hoje é um produto do sistema capitalista; nasce das entranhas do sistema, não é algo que está fora do sistema como querem apresentá-lo. O fascismo é a expressão do capital que se utiliza como "ponta de lança" do poder capitalista contra o movimento trabalhador.

Utiliza as condições de democracia parlamentar burguesa para reforçar-se, contando com o apoio do capital ou de seções do capital, assim como do aparato estatal. Pretende exercer o poder dos monopólios de uma maneira mais dura, tal como fizeram no passado os partidos nacional-socialistas de Hitler e Mussolini, para subjugar o movimento trabalhador e popular. Esta foi e continua sendo sua característica básica; esta é a fonte da ira anticomunista aberta que caracteriza todas as forças fascistas desde sempre.

Certamente, os partidos nacional-socialistas, ainda que expressem os interesses do capital da mesma forma que os demais partidos burgueses, também aprisionam em suas fileiras as camadas populares, tratando de formar uma ampla base popular. Isto é conseguido a partir da utilização da "ferramenta" de intimidação aberta, da política racista, do chauvinismo e do irredentismo, da distorção da história, etc., lançando mão do empobrecimento abrupto das camadas populares, que é o resultado da crise econômica e da debilidade dos demais partidos burgueses em gerenciar o sistema, em arrastar para o âmbito de sua influência os setores populares politicamente atrasados.

O fortalecimento dos partidos fascistas na Ucrânia, do partido "Svoboda" e do "Setor Direita", assim como o Amanhecer Dourado na Grécia, têm alguns elementos similares, como por exemplo, o fato de se terem manifestado após o fracasso rotundo das promessas dos partidos social-democratas que estavam no poder. Por exemplo, todos recordam as promessas do PASOK na Grécia, pouco antes do estouro da crise. Porém, a social-democracia e os partidos liberais burgueses, todos eles típicos governos burgueses, prometem medidas favoráveis ao povo enquanto, na prática, seguem uma política antipopular dura, servindo aos monopólios. Então, dada a desilusão das camadas populares arruinadas, dos autônomos, dos camponeses, dos desempregados, de setores da classe trabalhadora sem experiência, sobretudo jovens, é possível que se dirijam para uma direção mais reacionária. Uma situação similar se deu na Ucrânia, com as promessas feitas pelo governo de Yanukovich.

Esta situação requer que prestemos atenção quando se fala muito no nosso país de um "governo patriótico de esquerda", o que promete o SYRIZA, e que, no marco da UE e da OTAN, na via de desenvolvimento capitalista, supostamente, serão aliviados os trabalhadores, serão solucionados os problemas populares. Não existe maior engano e, infelizmente, se demonstrou historicamente que um tal "governo de esquerda", segundo o modelo conhecido como social-democracia, pode constituir uma ponte para uma política ainda mais direitista, dura e antipopular.

Isto foi confirmado, também, pela experiência recente e passada, dado que as consignas e as promessas de mudanças favoráveis ao povo foram desmentidas na prática por uma ou outra forma de gestão dos interesses do capital, pela barbárie capitalista, pela estratégia da UE, levando a um retrocesso de coincidências.

Hoje em dia, quando as forças fascistas surgem, por exemplo, no governo da Ucrânia, foi demonstrado com provas convincentes que o fascismo, como há 80 anos, pode ser a opção das classes burguesas, não apenas como força de ataque e de intimidação contra o movimento popular, mas, além disso, como força de gestão do poder burguês.

Sabemos por nossa própria história que as forças políticas burguesas, tanto de direita como as social-democratas, em alguns momentos, apoiaram os fascistas, que foram bastante úteis ao sistema capitalista naquelas circunstâncias cruciais. Devido ao perigo de ascensão do movimento popular, ao perigo de que o capitalismo perdesse o poder, com critérios classistas, decidiram abandonar temporariamente a forma da democracia parlamentar burguesa e não tiveram dúvidas em apoiar a forma fascista de exercer o poder do capital.

Na prática, vemos, por exemplo, o presidente dos EUA, cuja eleição foi aclamada há alguns anos pelo jornal do SYRIZA e sua administração foi elogiada por este partido e seu líder, que apoia claramente os fascistas de Kiev com o objetivo de servir aos interesses dos monopólios estadunidenses e europeus na Ucrânia, no cenário da dura competição com a Rússia, sobre o controle das quotas de mercado, das rotas de transporte, dos recursos naturais da região.

A UE e o governo grego, que preside a UE, desempenham um papel ativo nestes planos. A UE, por um lado, caracteriza como "totalitarismo" qualquer mudança governamental que não se baseie nas opções burguesas, condena a violência, enquanto, por outro lado, não hesita em utilizar a violência na hora de derrotar governos que já não servem a seus interesses, tal como ocorreu na Ucrânia. Não tiveram dúvida em utilizar a atividade extrema dos nacionalistas-fascistas, anticomunistas, nostálgicos de Hitler e, é claro, a destruição de monumentos de Lenin, de monumentos soviéticos e antifascistas.

Em nosso país também existem muitas pessoas que nos últimos anos "trabalharam" para fortalecer o Amanhecer Dourado fascista. Não apenas via seu financiamento generoso, como através da preparação do "terreno" ideológico para seu desenvolvimento. Trata-se de todos aqueles que fomentaram o ódio contra o KKE e o PAME, contra a organização política e sindical coletiva e a resistência à política antipopular, enaltecendo a indignação "às cegas", a espontaneidade, absolvendo o sistema capitalista quanto às graves consequências da crise capitalista. Referimo-nos àqueles que, como se provou, criaram "canais de comunicação" políticos com esta formação fascista, prometendo inclusive postos no governo, enquanto fomentavam a inaceitável "teoria dos dois extremos".

Depois de tantos crimes, assassinatos de imigrantes, ataques assassinos contra sindicalistas do PAME, o assassinato de P. Fissas, podemos ver que o sistema segue uma política de "podar" o Amanhecer Dourado, mas não o confronta substancialmente. Isto não tem a ver apenas com o governo, mas, contudo, com outros partidos, como mostra a decisão do Conselho Municipal de Atenas sobre os processos eleitorais. Isto representa algo: que o sistema político burguês não possui o interesse de "erradicar", mas de embelezar esta organização e não descarta a possibilidade de utilizá-la no futuro contra o movimento operário e popular.

O KKE considera que sua tarefa imediata e imperativa é isolar o Amanhecer Dourado, inimigo jurado do povo e de suas lutas e pretende golpear o KKE e o movimento operário e popular. Não se pode confrontar o Amanhecer Dourado a partir do ponto de vista de defender supostamente a democracia burguesa, o sistema capitalista que a gera, mas pela Aliança Popular numa direção antimonopolista e anticapitalista, por um movimento popular que questionará e se oporá à estratégia dos monopólios.

Tiramos lições e nos preparamos com um KKE que seja capaz de lutar sob todas as condições, sob todas as circunstâncias.

Os acontecimentos na região ampla (Oriente Médio, norte da África, Balcãs, Eurásia) são rápidos e é possível que nos próximos anos conduzam a novas guerras locais, regionais ou generalizadas. Em condições de preparação de guerras e, em geral, de intervenções imperialistas, a burguesia e seus governos tomam medidas contra o movimento trabalhador e, além disso, utilizam os partidos nacionalistas-fascistas. É possível que tentem impor medidas repressivas contra o movimento comunista e operário.

Por isso, o movimento operário, seus aliados e o Partido devem estar preparados a tempo, ser fortes, concentrados em elaborar e aplicar sua própria estratégia, que corresponderá à satisfação das necessidades trabalhistas e populares, através da ruptura do país com a UE e da OTAN, com todas as uniões imperialistas, com sua retirada dos planos imperialistas e da via de desenvolvimento capitalista.

Desta forma, a parada seguinte são as eleições locais e europeias.

Nestas eleições, deve-se condenar direta e claramente a UE, que apoiou os acontecimentos reacionários na Ucrânia. O apoio não foi acidental e nem por um descuido, mas com estimativas ruins ou devido a uma "correlação de forças negativa" ou por ser "submissa" aos EUA. O apoio foi dado porque é uma aliança a serviço dos monopólios europeus. Por sua natureza, é profundamente reacionária, já que tem como "pedra angular" a proteção dos lucros capitalistas. Pensa constantemente novos modos para explorar os trabalhadores, os trabalhadores autônomos, os aposentados, os jovens. Através do ataque contra os direitos trabalhistas e populares, os cortes de salários e pensões, a comercialização da Saúde e da Educação, através de formas de trabalho flexíveis, o desemprego, as privatizações, a PAC, etc. Esta natureza interna reacionária se reflete na política externa reacionária agressiva da UE. Por isto, por um lado, cria mecanismos de supervisão dos países, ou seja, memorandos permanentes e, por outro lado, forma o euro-exército e coopera estreitamente com a OTAN.

A conhecida "estabilidade" que invoca o governo de ND-PASOK não é nada mais que a continuidade desta política antipopular bárbara dentro e fora de suas fronteiras, num curso de estabilização e recuperação dos lucros da plutocracia. O povo não deve se deixar enganar. Qualquer que seja a recuperação dos lucros de uns poucos, isto não tem nenhuma relação com a maioria esmagadora de nosso povo.

Por outro lado, o dilema das eleições promovido pelo principal partido da oposição, "SYRIZA ou Merkel?", insinuando que sem afetar a UE e o capital, ou seja, sem afetar o caminho de desenvolvimento que nos trouxe até aqui, um governo do SYRIZA supostamente trará a "salvação", tem uma clara intenção de prender os trabalhadores dentro da UE, no marco reacionário de uma sociedade que se apoia no Minotauro dos lucros.

Estas falsas ilusões de que pode existir um capitalismo melhor, uma UE melhor, vêm sendo experimentadas pelos trabalhadores há anos e foram desmentidas plenamente. A UE não pode mudar para melhor. Está intrinsecamente ligada à decadência capitalista que não pode ser escondida pela "maquiagem" que o SYRIZA planeja fazer. Não se trata de um assunto de mudança de correlação em seu interior. A UE não se pode converter na Europa de paz, de solidariedade e de cooperação dos povos.

O SYRIZA semeou tais ilusões outra vez há dois anos, quando saudava a eleição de Hollande e a formação da chamada "frente do Sul", do "vento do Sul". Hoje em dia, o que dizia há dois anos sobre Hollande parece uma piada. Respectivamente, hoje a candidatura para o posto de chefe da Comissão Europeia, ou seja, do núcleo mais duro desta construção reacionária, supostamente mudará toda a construção. Estes "contos de fadas" dos representantes do SYRIZA defendem que se conseguirem o voto popular nas eleições iminentes, uma nova UE será construída, um capitalismo melhor será construído, não têm nenhuma base, são extremamente arbitrárias e perigosas para os interesses populares.

A UE é e se converterá num "inferno" ainda maior e mais cruel para os povos, quer o SYRIZA ocupe o primeiro ou o segundo lugar nas eleições. O único caminho é o fortalecimento da luta contra a UE, pelo desligamento desta, com o cancelamento unilateral da dívida, a socialização da riqueza, com o poder operário e popular.

Um passo nesta direção é a condenação decisiva da UE nas próximas eleições junto com a condenação do capitalismo, que gera o fascismo e a guerra imperialista. E isto só pode ser feito através do fortalecimento decisivo do KKE nas eleições europeias, através do fortalecimento do "Agrupamento Popular" nas eleições municipais e regionais.

É por isso que, a partir desta mesa redonda, dirigimos um chamamento de luta comum, de união de forças e de fortalecimento do KKE, que é a única garantia para que o povo seja forte e para poder determinar seu presente e futuro.
09/Maio/2014

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=jGlrWCa9tMo

[*] Secretário-geral do KKE. Intervenção realizada numa mesa redonda em Atenas.

A versão em inglês encontra-se em inter.kke.gr/... e em português em pcb.org.br/...

Este discurso encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: 400 Mercanários da Blackwater na Ucrânia BASENAME: canta-o-merlo-400-mercanarios-da-blackwater-na-ucrania DATE: Sat, 17 May 2014 23:16:19 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

A junta neo-nazi de Kiev tem agora 400 mercenários da Blackwater e Greystone a operarem no terreno, anunciam os media alemães . São eles que conduzem os massacres de populações civis no leste da Ucrânia, enquadrando a tropa regular e os paramilitares neo-nazis (Svoboda e Right Sector). A contratação de mercenários estrangeiros constitui uma escalada para uma guerra civil generalizada e uma provocação contra uma potência nuclear. O jogo do imperialismo, ao animar os seus títeres de Kiev, é insano. Registe-se o papel subalterno e servil da UE, caudatária dos EUA mesmo contra os seus próprios interesses.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O golpe de Kiev: Trabalhadores rebeldes tomam o poder no leste BASENAME: canta-o-merlo-o-golpe-de-kiev-trabalhadores-rebeldes-tomam-o-poder-no-leste DATE: Sat, 17 May 2014 23:07:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por James Petras
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.

Nunca, desde que os EUA e a UE capturaram a Europa do Leste, incluindo os países bálticos, a Alemanha oriental, a Polónia e os Balcãs, e a converteram em postos avançados militares da NATO e em vassalos económicos, nunca os poderes ocidentais se movimentaram tão agressivamente para se apoderarem dum país estratégico, como a Ucrânia, ameaçando a existência da Rússia.

Até 2013, a Ucrânia era um 'estado almofada', basicamente um país não-alinhado, com laços económicos à UE e à Rússia. Governado por um regime estreitamente ligado à oligarquia local, ligada à Europa, Israel e Rússia, a elite política foi um produto duma sublevação política em 2004 (a chamada "Revolução Laranja"), financiada pelos EUA. Subsequentemente, durante a maior parte de uma década, a Ucrânia sofreu a experiência fracassada de uma política económica 'neoliberal' apoiada pelo ocidente. Depois de quase duas décadas de penetração política, os EUA e a UE ficaram entrincheiradas profundamente no sistema político, através do financiamento regular das alegadas organizações não-governamentais (ONG), partidos políticos e grupos paramilitares.

A estratégia dos EUA e da UE foi instalar um regime flexível que levasse a Ucrânia para o Mercado Comum Europeu e para a NATO, como estado cliente subordinado. As negociações entre a UE e o governo ucraniano decorreram vagarosamente. Acabaram por fracassar por causa das condições onerosas exigidas pela UE e pelas concessões económicas mais favoráveis e subsídios propostos pela Rússia. Depois do fracasso em negociar a anexação da Ucrânia à UE, e por não estarem dispostas a esperar pelas eleições constitucionais já marcadas, as potências da NATO activaram as suas ONG, bem financiadas e organizadas, líderes políticos seus clientes e grupos paramilitares armados para derrubarem pela violência o governo eleito. O golpe violento foi um êxito e a junta civil-militar nomeada pelos EUA assumiu o poder.

A Junta foi formada por 'ministros' neoliberais e chauvinistas submissos. Os primeiros foram escolhidos pelos EUA, para administrar e impor uma nova ordem política e económica, incluindo a privatização de empresas e de recursos públicos, cortando os laços comerciais e de investimento com a Rússia, eliminando um tratado que permitia a base naval russa na Crimeia e acabando com as exportações militar-industriais para a Rússia. Foram nomeados para posições ministeriais neofascistas e sectores das forças militares e policiais, a fim de reprimir violentamente qualquer oposição pró-democracia no ocidente e no leste. Supervisionaram a repressão dos bilingues (russos-ucranianos), de instituições e de práticas ? transformando a oposição contra o golpe de estado apoiado pelos EUA-NATO numa oposição étnica. Fizeram uma limpeza em todos os detentores de cargos opositores no ocidente e no leste e nomearam governadores locais de confiança ? criando assim um regime de lei marcial.

Os alvos estratégicos da NATO-Junta

A tomada de poder, violenta e de alto risco, da Ucrânia pela NATO foi motivada por diversos objectivos estratégico-militares, que incluíam:

1) A expulsão da Rússia das suas bases militares da Crimeia ? transformando-as em bases da NATO às portas da Rússia.

2) A transformação da Ucrânia num trampolim para a penetração no sul da Rússia e no Cáucaso; uma posição avançada para gerir e apoiar politicamente os partidos liberais pró-NATO e as ONG no interior da Rússia.

3) A destruição de sectores fundamentais da indústria de defesa militar russa, ligados às fábricas ucranianas, acabando com a exportação de maquinaria crítica e sobressalentes para a Rússia.

A Ucrânia foi durante muito tempo uma parte importante do complexo industrial militar da União Soviética. Os estrategas da NATO por detrás do golpe sabiam muito bem que um terço da indústria de defesa soviética se manteve na Ucrânia depois do desmantelamento da URSS e que quarenta por cento das exportações da Ucrânia para a Rússia, até há bem pouco tempo, consistiam em armamentos e maquinaria com isso relacionada. Mais especificamente, a instalação Motor Sikh na Ucrânia de leste fabricava a maior parte dos motores para os helicópteros militares russos, incluindo um contrato em vigor para fornecer motores para mil helicópteros de ataque. Os estrategas da NATO orientaram imediatamente os seus lacaios em Kiev para suspender todas as entregas militares à Rússia, incluindo foguetões de médio alcance ( Financial Times, 4/21/14, p.3). Os estrategas militares dos EUA e da UE encararam o golpe em Kiev como uma forma de sabotar as defesas russas no ar, no mar e nas fronteiras. O presidente Putin acusou o golpe mas insiste que a Rússia poderá substituir internamente a produção interna de peças críticas dentro de dois anos. Isso significa a perda de milhares de postos de trabalho especializados na Ucrânia de leste.

4) O cerco militar da Rússia com bases avançadas da NATO na Ucrânia, equiparáveis às do Báltico, até aos Balcãs, da Turquia até ao Cáucaso e depois a partir da Geórgia até à Federação Russa autónoma.

O cerco dos EUA-UE à Rússia destina-se a acabar com o acesso russo ao Mar do Norte, ao Mar Negro e ao Mediterrâneo. Cercando e confinando a Rússia a uma massa continental isolada sem 'saídas para o mar', os construtores do império EUA-UE procuram limitar o papel da Rússia enquanto potência rival central e, possivelmente, contrabalançar as suas ambições imperialistas no Médio Oriente, norte de África, sudeste de Ásia e Atlântico norte.

O golpe na Ucrânia: da expansão integral à imperial

Os EUA e a UE pretendem destruir governos independentes, nacionalistas e não-alinhados em todo o mundo e transformá-los em satélites imperialistas sejam quais forem os meios. Por exemplo, a actual invasão mercenária da Síria, armada pela NATO, é dirigida para o derrube do governo nacionalista e laico de Assad e para o estabelecimento de um estado vassalo pró-NATO, independentemente das consequências sangrentas para os vários povos sírios. O ataque à Síria serve múltiplos fins. Eliminando um aliado russo e a sua base naval mediterrânica; enfraquecendo um apoiante da Palestina e um adversário de Israel; cercando a República Islâmica do Irão e o poderoso Partido Hezbollah militante no Líbano e estabelecendo novas bases militares em solo sírio.

A conquista da Ucrânia pela NATO tem um efeito multiplicador que se estende 'para cima' na direcção da Rússia e 'para baixo' na direcção do Médio Oriente e consolida o controlo sobre a sua vasta riqueza petrolífera.

As recentes guerras da NATO contra os aliados russos ou seus parceiros comerciais confirmam este prognóstico. Na Líbia, destacavam-se as políticas independentes, não alinhadas do regime de Kadhafi em forte contraste com os servis satélites ocidentais como Marrocos, o Egipto ou a Tunísia. Kadhafi foi derrubado e a Líbia destruída através de um maciço ataque aéreo da NATO. A rebelião da massa popular do Egipto contra Mubarak e a democracia emergente foram subvertidas por um golpe militar e acabaram por fazer regressar o país à órbita dos EUA-Israel-NATO ? sob um ditador brutal. Todas as incursões armadas de Israel, amigalhaço da NATO, contra o Hamas em Gaza e contra o Hezbollah no Líbano, assim como as sanções EUA-UE contra o Irão, são dirigidas contra potenciais aliados ou parceiros comerciais da Rússia.

Os EUA foram obrigados a desistir de cercar a Rússia via 'eleições e mercados livres' na Europa de Leste, e a confiar na força militar, nos esquadrões da morte, no terrorismo e nas sanções económicas na Ucrânia, no Cáucaso, no Médio Oriente e na Ásia.

Mudança de regime na Rússia: de potência global a estado vassalo

O objectivo estratégico de Washington é isolar a Rússia do exterior, sabotar a sua capacidade militar e corroer a sua economia, a fim de reforçar os colaboradores políticos e económicos da NATO no interior da Rússia ? levando à sua maior fragmentação e ao regresso a um estatuto de semi-vassalo.

O objectivo da estratégia imperialista é colocar no poder em Moscovo amigos políticos neoliberais, como os que dirigiram a pilhagem e a destruição da Rússia durante a vergonhosa década de Yeltsin. A tomada do poder na Ucrânia pelos EUA-EU é um grande passo nessa direcção.

Avaliar a estratégia do cerco e da conquista

Até aqui, a conquista da Ucrânia pela NATO não tem avançado como planeado. Primeiro que tudo, a conquista violenta do poder pelas elites abertamente pró-NATO renegando abertamente os acordos e tratados militares com a Rússia sobre as bases na Crimeia, forçaram a Rússia a intervir em apoio da população local, de esmagadora etnia russa. Na sequência de um referendo livre e aberto, a Rússia anexou a região e assegurou a sua presença militar estratégica.

Enquanto a Rússia mantinha a presença naval no Mar Negro? a Junta da NATO em Kiev desencadeou uma ofensiva militar de grande escala contra a maioria de língua russa, a favor da democracia e anti-golpe, na metade oriental da Ucrânia, que tem exigido uma forma de governo federal, reflectindo a diversidade cultural da Ucrânia. Os EUA-UE promoveram uma "resposta militar" à dissidência popular de massas e encorajaram o regime golpista a eliminar os direitos civis da maioria de língua russa através de terrorismo neonazi e a forçar a população a aceitar os dirigentes regionais nomeados pela Junta em vez dos seus líderes eleitos. Em resposta a esta repressão, nasceram rapidamente comissões populares de autodefesa e milícias locais e o exército ucraniano foi inicialmente forçado a recuar com milhares de soldados a recusarem-se a disparar sobre os seus compatriotas por ordem do regime instalado em Kiev pelo ocidente. Durante algum tempo, a Junta de coligação neoliberal e neofascista, apoiada pela NATO, teve que lutar contra a desintegração da sua 'base de poder'. Ao mesmo tempo, a 'ajuda' da UE, do FMI e dos EUA não conseguiu compensar o corte do comércio russo e dos subsídios à energia. A conselho do director da CIA, Brenner, de visita, a Junta de Kiev enviou as suas "forças especiais" de elite, treinadas pela CIA e pelo FBI para executar massacres contra civis pró-democracia e milícias populares. Enviaram criminosos armados para a cidade de Odessa que encenaram um massacre "exemplar": Incendiaram a sede do principal sindicato da cidade e assassinaram 41 pessoas, na maioria civis desarmados que ficaram encurralados dentro do edifício com as saídas bloqueadas pelos neonazis. Os mortos incluíam muitas mulheres e adolescentes que tinham procurado abrigo dos ataques dos neonazis. Os sobreviventes foram brutalmente espancados e detidos pela 'polícia' que assistira impassível enquanto o edifício ardia.

O futuro colapso da junta golpista

A tomada do poder na Ucrânia, por Obama, e os seus esforços para isolar a Rússia provocaram alguma oposição na UE. Nitidamente, as sanções prejudicam grandes multinacionais europeias com profundas ligações à Rússia. O golpe militar dos EUA na Europa de Leste, nos Balcãs e no Mar Negro desperta tensões e ameaça uma conflagração militar de grande escala, prejudicando importantes contratos económicos. As ameaças dos EUA-UE na fronteira da Rússia aumentaram o apoio popular ao presidente Putin e reforçaram a liderança russa. A tomada estratégica do poder na Ucrânia radicalizou e aprofundou a polarização da política ucraniana entre as forças neofascistas e pró-democracia.

Enquanto os estrategas imperialistas alargam e aumentam a sua posição militar na Estónia e na Polónia e despejam armas na Ucrânia, toda a tomada de poder assenta em bases políticas e económicas muito precárias ? que podem desabar dentro de um ano ? no meio duma guerra civil sangrenta e/ou massacre interétnico.

A Junta da Ucrânia já perdeu o controlo político em mais de um terço do país, para movimentos pró-democracia e anti-golpe e milícias de autodefesa. Ao cortar exportações estratégicas para a Rússia para servir os interesses militares dos EUA, a Ucrânia perdeu um dos seus mercados mais importantes, que não pode ser substituído. Sob o controlo da NATO, a Ucrânia vai ter que comprar "hardware" militar especificado pela NATO, o que levará ao fecho das suas fábricas, viradas para o mercado russo. A perda do comércio russo já está a levar ao desemprego em massa, principalmente entre operários industriais especializados no leste que podem ser forçados a imigrar para a Rússia. O grande aumento dos défices comerciais e a erosão das receitas do estado conduzirão a um colapso económico total. Em terceiro lugar, em consequência da submissão da Junta de Kiev à NATO, a Ucrânia perdeu milhares de milhões de dólares em energia subsidiada da Rússia. Os altos custos de energia retiram competitividade às indústrias ucranianas nos mercados globais. Em quarto lugar, a fim de assegurar empréstimos do FMI e da UE, a Junta concordou em eliminar os subsídios aos preços dos alimentos e da energia, afectando gravemente os rendimentos familiares e mergulhando os pensionistas na pobreza. Cada vez há mais falências, à medida que as importações da UE e de outros locais desalojam as indústrias locais anteriormente protegidas.

Não se verificam novos investimentos, por causa da violência, da instabilidade e dos conflitos entre neofascistas e neoliberais no seio da Junta. Só para estabilizar as operações correntes do governo, a junta precisa rapidamente de um reforço de 30 mil milhões de dólares, sem juros, dos seus patrões da NATO, uma quantia que não vai aparecer nem agora nem no futuro imediato.

É óbvio que os 'estrategas' da NATO que planearam o golpe estavam apenas a pensar em enfraquecer militarmente a Rússia e não se preocuparam com os custos políticos, económicos e sociais de sustentar um regime fantoche em Kiev quando a Ucrânia estava tão dependente dos mercados, empréstimos e energia subsidiada da Rússia. Além disso, parece terem menosprezado a dinâmica política, industrial e agrícola das regiões do leste do país, previsivelmente hostis. Em alternativa, os estrategas de Washington podem ter baseado os seus cálculos na instigação à divisão, ao estilo da Jugoslávia, acompanhada por uma maciça limpeza étnica no meio das deslocações e massacres das populações. Sem se impressionar com os milhões de baixas civis, Washington considera que a sua política de desmantelamento da Jugoslávia, do Iraque e da Líbia foram grandes êxitos político-militares.

A Ucrânia, quase com certeza, vai entrar numa depressão prolongada e profunda, incluindo um declínio precipitado nas exportações, no emprego e na produção. Possivelmente, o colapso económico levará a protestos e desassossego social por todo o país: espalhando-se de leste para oeste, de sul para norte. Motins sociais e miséria generalizada podem aprofundar ainda mais a corrosão da moral das forças armadas ucranianas. Kiev já tem dificuldade em alimentar os seus soldados e tem que confiar nas milícias de voluntários neofascistas que podem ser difíceis de controlar. Os EUA-UE não deverão intervir directamente com uma campanha de bombardeamentos ao estilo da Líbia, dado que iriam enfrentar uma guerra prolongada na fronteira da Rússia numa altura em que a opinião pública nos EUA está a sofrer com a exaustão da guerra imperialista, e os interesses empresariais europeus com ligações a empresas de recursos russos estão a resistir às sanções em consequência.

O golpe dos EUA-UE deu origem a um regime fracassado e a uma sociedade minada por violentos conflitos ? em espiral para uma violência étnica aberta. O que de facto se tem seguido é um sistema de poder dual em que os contendores são transversais às fronteiras regionais A Junta de Kiev não tem coerência nem estabilidade para servir de elo militar fiável da NATO no cerco à Rússia. Pelo contrário, as sanções dos EUA-UE, as ameaças militares e a retórica belicosa estão a forçar os russos a repensar rapidamente a sua 'abertura' ao ocidente. As ameaças estratégicas à sua segurança nacional estão a levar a Rússia a rever os seus laços com bancos e empresas ocidentais. A Rússia pode ter que recorrer a uma política de expansão da industrialização, através de investimentos públicos e de substituição de importações. Os oligarcas russos, depois de perderem as suas posições além-mar, podem tornar-se menos centrais para a política económica russa.

O que é claro é que a tomada de poder em Kiev não resultará numa 'faca apontada ao coração da Rússia'. A derrota final e o derrube da Junta de Kiev podem levar a uma Ucrânia autónoma radicalizada, baseada nos crescentes movimentos democráticos e na crescente consciência de classe dos trabalhadores. Isso terá que surgir da sua luta contra os programas de austeridade do FMI e contra a espoliação de recursos e empresas da Ucrânia, feita pelo ocidente. Os operários industriais da Ucrânia que conseguirem libertar-se do jugo dos vassalos ocidentais em Kiev não têm intenção de se submeterem ao jugo dos oligarcas russos. A sua luta é por um estado democrático, capaz de desenvolver uma política económica independente, livre de alianças militares imperialistas.

Epílogo:
1º de Maio de 2014: Poder popular dual no leste, fascismo em ascensão no ocidente

O previsível falhanço entre os parceiros neofascistas e neoliberais na Junta de Kiev ficou evidenciado por motins de grande escala, entre gangues de rua rivais e a polícia no 1º de Maio. A estratégia dos EUA-UE pretendia usar os neofascistas como 'tropa de choque' e os combatentes de rua para derrubar o regime eleito de Yankovich e depois verem-se livres deles. Como exemplificado pela famosa conversa gravada entre a secretária de Estado adjunta, Victoria Nuland, e o embaixador americano em Kiev, os estrategas da UE-EUA promovem os seus amigalhaços neoliberais escolhidos a dedo para representar o capital estrangeiro, impor políticas de austeridade e assinar tratados para bases militares estrangeiras. Em contraste, as milícias e partidos neofascistas favorecem as políticas económicas nacionalistas, conservando as empresas estatais e provavelmente serão hostis a oligarcas, especialmente os de cidadania dupla "Israel-Ucrânia".

A incapacidade da Junta de Kiev para desenvolver uma estratégia económica, a tomada violenta do poder e a repressão de dissidentes pró-democracia no leste levou a uma situação de 'poder dual'. Em muitos casos, as tropas enviadas para reprimir os movimentos pró-democracia abandonaram as armas, abandonaram a Junta de Kiev e juntaram-se aos movimentos de emancipação no leste.

Para além dos seus padrinhos no exterior ? a Casa Branca, Bruxelas e o FMI ? a Junta de Kiev foi abandonada pelos seus próprios aliados de direita por ser demasiado subserviente à NATO e sofre a resistência do movimento pró-democracia no leste por ser autoritária e centralista. A Junta de Kiev está entre a espada e a parede: falta-lhe legitimidade entre a maior parte dos ucranianos e perdeu o controlo de tudo, com excepção duma pequena faixa de terreno ocupada pelos gabinetes governamentais em Kiev e mesmos esses estão cercados pela direita neofascista que aumenta à custa dos seus antigos apoiantes agora desiludidos.

Sejamos claros, a luta na Ucrânia não é entre os EUA e a Rússia, é entre a Junta imposta pela NATO, formada por oligarcas neoliberais e fascistas de um lado e os operários industriais e as suas milícias locais e conselhos democráticos por outro. Os primeiros defendem e obedecem ao FMI e a Washington; os últimos baseiam-se na capacidade produtiva da indústria local e reflectem a maioria.
07/Maio/2014
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A maioria dos venezianos vota por se independer da Itália BASENAME: canta-o-merlo-a-maioria-dos-venezianos-vota-por-se-independer-da-italia DATE: Sat, 22 Mar 2014 17:18:49 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org/internacionales/n247594.html

22 de Março de 2014.- Case 90% dos residentes das cidades de Veneza e Verona querem a secessom da sua província do território italiano, revelou umha votaçom em linha de 5 dias. Agora os activistas planejam organizar outra consulta popular, desta vez oficial.

A maioria dos residentes das cidades italianas de Veneza e Verona votaram por separar-se da Itália com o fim de estabelecer a república soberana de Véneto (nome da província actual). A votaçom, que levou a cabo entre o 16 de Março e 21 Março num sitio web e por telefone, só tem um carácter consultivo.

Segundo os resultados anunciados polos activistas na praça central de Treviso, onde se reunírom nesta sexta-feira multidons de pessoas para aplaudir o resultado, de um total de 2,3 milhons de votantes, a favor da separaçom da Itália pronunciaram-se 2,1 milhões, o que representa 89,10% dos participantes. A sondagem foi organizado por um grupo activista que busca o retorno da independência à província de Véneto e está com a intuito de pôr em prática os seus planos num futuro próximo organizando um referendo oficial.

Cabe mencionar que durante a sua independência, a República de Veneza era umha grande potência que controlava as principais rotas comerciais e tinha várias colónias no Mediterrâneo e fora dele. Em 1797, Napoleom Bonaparte derrocou ao último Dux (mandatário) veneziano e uniu a república a Áustria. Veneza foi unida a território italiano em 1866 no marco de um referendo, o qual é considerado polos activistas do Comité para a independência da regiom de Véneto como um "erro", já que os resultados da consulta popular, na sua opiniom, foram manipulados.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: EUA Instalou um Governo Neo-Nazi na Ukraina BASENAME: canta-o-merlo-eua-instalou-um-governo-neo-nazi-na-ukraina DATE: Sun, 09 Mar 2014 20:42:53 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.globalresearch.ca/eua-instalou-um-governo-neo-nazi-na-ukraina/5372156

By Prof Michel Chossudovsky
Global Research, March 06, 2014

De acordo com o New York Times, ?Os Estados Unidos e a União Européia abraçaram a revolução ucraniana como um novo florescer da democracia, como um golpe contra o autoritarianismo e a cleptocracia no ex- espaço soviético.? (Depois de um inicial triumfo os líderes da Ukraina estão face a uma batalha de credibilidade ? After Initial Triumph, Ukraine?s Leaders Face Battle for Credibility, NYTimes.com, 1 de março de 2014, ênfases acrescentadas)

?Democracia Florescendo e Revolução?? A cruel realidade é uma outra. O que está em jogo é um golpe de estado financiado pelos EUA-UE- OTAN, e isso em bramante violação da lei internacional.

A verdade, proibida de ser dita, é que o ocidente engendrou ? através de uma cuidadosamente encenada operação as encobertas ? a formação de um regime por procuração, regime esse integrado por Neo-Nazis.

Confirmado pela Adjunta Secretária do Estado Victoria Nyland, organizações chaves na Ukraina, incluindo-se aqui o partido Neo-Nazi Svoboda (Liberdade), foram generosamente apoiadas por Washington: ?Nós investimos mais do que 5 bilhões de dólares para ajudar a Ukraina a atingir esses e ainda outros objetivos. ? Nós iremos continuar a promover a Ukraina ao futuro que ela merece.?

A mídia ocidental evita, de maneira casual, uma análise da composição e dos fundamentos ideológicos da coalisão governamental. A palavra ?Neo-Nazi? é um tabú. Ela foi excluida do dicionário e dos comentários da mídia, que não alternativa ou independente. Essa palavra não irá aparecer nas páginas do New York Times, do Washington Post ou The Independent. Os jornalistas foram instruidos a não usar o termo ?Neo-Nazi? para designar os partidos Svoboda [Svoboda lendo-se então Svaboda] e o Sector de Direita.

Composição da Coalisão Governamental

Não estamos tratando aqui com um governo de transição no qual os Neo-Nazis integram os flancos mais afastados da coalisão, formalmente dirigida pelo partido Fatherland (Pátria).

O Cabinete Ministerial não só é integrado pelos partidos Svoboda e Sector de Direita (para aqui já nem se mencionar ex-membros da defunta fascística UNA-UNSO). Para essas duas principais entidades Neo-Nazis, Svoboda e Sector de Direita, foram confiadas posições chaves que garantem a elas o, de-facto, control das Forças Armadas, da Polícia, da Justiça e da Segurança Nacional.

Enquanto o partido Fatherland ? Pátria, de Yatsenuyk controla a maioria das pastas, o partido Svoboda, do líder Neo-Nazi Oleh Tyahnybok, não ganhou nenhum posto importante no cabinete ministerial (a julgar pelas aparências isso teria sido a pedido da Assistente Secretária do Estado Victoria Nyland). Entretanto, membros do Svoboda e do Sector de Direita ocupam agora posições chaves nas áreas da Defesa, da Aplicação da Lei, da Educação e da Economia.

US Assistente Secretára do Estado Victória Nyland juntamente com o líder do Neo Nazi Svoboda Oleh Tuahnybok (a esquerda)

FOTO: Andriy Parubiy [a direita] co-fundador do Partido Neo-Nazi Social-Nacional da Ukraina ? (posterioemente denominado Svoboda) ? foi apontado como Secretário do Comité da Segurança e da Defesa Nacional da Ukraina (RNBOU) ? (Рада національної безпеки і оборони України&#59;), uma posição chave. O RNBOU supervisiona e inspeciona o Ministério da Defesa, as Forças Armadas, a Aplicação da Lei, a Segurança Nacional e os Serviços de Inteligência. O RNBOU é um corpo deliberativo de central importância. Conquanto formalmente dirigido pelo presidente, ele é administrado pelo Secretariado, o qual tem uma força de trabalho de 180 pessoas, o que inclui especialistas da defesa, inteligência e segurança.

Parubiy foi um dos principais líderes da Revolução Orange de 2004. A sua organização foi financiada pelo ocidente. A mídia ocidental refere-se a ele como o ?comandante? do movimento EuroMaidan. Andriy Parubiy assim como o líder do partido Svoboda, Oleh Tyahnybok, é um adepto do nazista ucraniano Stepan Bandera, o qual colaborou nos assassinatos em massa de judeus e polacos durante a Segunda Guerra Mundial.

Reuters / Gleb Garanich

Passeata Neo-Nazi em honra de Stepan Bandera.

Por seu lado, Dmytro Yarosh, líder da delegação do Sector de Direita no parlamento, foi apontado como vice Secretário do RNBOU.

Yarosh era o líder dos paramilitares Neo-Nazis, ?Brown Shirts?, durante o movimento de ?protesto? na EuroMaidan. [Brown Shirt significando Camisa Marrom]. Ele convocou a ação para o desmantelar do Partido das regiões [o partido do presidente] e do Partido Comunista.

partido Neo Nazi também passa a controlar o judicial com o apontar de Oleh Makhnitsky, do partido Svoboda, para a posição de promotor-geral da Ukraina. Que tipo de justiça irá prevalecer com um reconhecido Neo-Nazi como encarregado da Procuradoria-Geral da República / Ministério Público da Ukraina?

Postos no Cabinete também foram alocados a ex-membros de uma organização Neo-Nazi periférica, a Nacional Assembléia Ucraniana ? Defesa Pessoal Nacional Ucraniana (UNA-UNSO):

?Tetyana Chernovol é apresentada na mídia ocidental como uma jornalista de investigação em cruzada, sem que referências sejam feitas ao seu passado na anti-semítica UNA-UNSO. Ela foi nomeada presidente do comité governamental anti-corrupção.

Dmytro Bulatov, conhecido pelo seu alegado sequestramento pela polícia, também tem conexões com a UNA-UNSO. Ele foi apontado como o ministro responsável pelo sector juvenil e de esportes.

Yegor Sobolev, líder de um grupo cívico na Independence Maidan e politicamente na mesma linha que Yatsenyuk. Ele foi apontado presidente do Comité de ?Lustration? [limpeza-purificação?oferenda-sacrifício/étnico-religioso], encarregado com o purgar da vida pública e do governo os seguidores do Presidente Yanukovych. (Veja Ukraine Transition Government: Neo-Nazis in Control of Armed Forces, National Security, Economy, Justice and Education, Global Research, 2 de março de 2014.

O Comité de Lustration ? irá organizar a perseguição Neo-Nazi e a investigação (caça as bruxas) contra todos os oponentes do novo regime Neo-Nazi. Os alvos dessa campanha serão as pessoas em posição de autoridade no serviço público, nos governos regionais, municipais, na educação, assim como nas áreas de pesquisa, etc. O termo lustration, limpeza-purificação, refere-se aqui a uma ?desqualificação massiva? de pessoas associadas com o ex-governo. Esse termo também tem um sentido racial. Com todas as probabilidades isso irá ser virado contra comunistas, russos e membros da comunidade judia.

É importante que se reflita no fato de que o ocidente, formalmente tendo comitimentos a valores democráticos, não só dirigiu o lançamento do golpe contra um presidente eleito, como também depois instalou em seu lugar um governo constituido de Neo-Nazis.

Esse é um governo por procuração, que permite aos Estados Unidos, a OTAN e a União Européia a interferir nos negócios internos da Ukraina, assim como desmantelar as suas relações bilaterais com a Federação Russa. Entretanto, deveria ser entendido que os Neo-Nazis, em última instância, não são os que realmente estão em comando: Abaixo de um ?regime de governo indireto? eles recebem suas ordens quanto a questões cruciais nas esferas dos assuntos militares e dos negócios estrangeiros ? incluindo-se aqui então o colocamneto de tropas dirigidas contra a Rússia ? do Departamento do Estado dos EUA, do Pentágono, e da OTAN.

O mundo está numa encruzilhada perigosa: A estrutura e a composiçäo do governo por procuração, instalado pelo ocidente, não favorece um diálogo nem com o governo, nem com os militares russos.
FOTO ? John McCain e o líder do partido Svoboda, Oleh Tyahnybok

Um cenário de escalação militar a qual poderia levar a uma confrontação entre a Rússia e a OTAN é uma clara possibilidade. O Comité da Segurança e da Defesa Nacional da Ukraina (RNBOU) o qual como foi dito acima é controlado pelos Neo-Nazis, tem um papél central em questões militares. Numa eventual confrontação com Moscou, decisões tomadas pela RNBOU dirigida pelo Neo-Nazi Parubiy e seu vice, brown shirt Dmytro Yarosh ? em consultação com Washington e Bruxelas ? poderia vir a ter consequências potencialmente devastadoras.

Entretanto, nem precisaria de ser dito que o ?apoio? a formação do governo Neo-Nazi, de maneira nenhuma implicaria nesse caso , o desenvolvimentos de ?tendências fascistas? dentro do contexto da Casa Branca, do Departamento do Estado e do Congresso dos Estados Unidos.

?O florescer da democracia? na Ukraina ? para usar as palavras do New York Times ? é endossada pelos Republicanos e Democratas. Esse é um projeto bipartisan. Caso tenhamos esquecido, o senador John McCain é um firme apoiante e amigo do líder Oleh Tyahnybok, do Neo Nazi Svoboda. (Veja foto acima).

Michel Chossudovsky

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A guerra pela controle da Ukraina: Porque essa é uma estratégia de tensão BASENAME: canta-o-merlo-a-guerra-pela-controle-da-ukraina-porque-essa-e-uma-estrategia-de-tensao DATE: Sun, 09 Mar 2014 20:36:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

By Manlio Dinucci
Global Research, March 06, 2014
ilmanifesto.it

A guerra para o controle da Ukraina começou com um poderoso psyop, ou seja, operação de guerra psicológica, onde se utilizam armas de distração de massas já experimentadas. As imagens com as quais a televisão bombardeia nosso espírito nos mostram os militares russos que ocupam a Criméia. Nenhuma dúvida, portanto, sobre quem é o agressor. Contrariamente, conosco permaneceram outras imagens, como aquela do secretário do partido comunista ucraniano de Leopoli, Rotislav Vasilko, torturado pelos neo-nazis que brandiam mesmo frente aos seus olhos uma cruz de madeira [1] (veja comunicado de Contropiano). Esses eram os mesmos que assaltam as sinagogas e gritam ?Heil Hitler?, em de quando ressucitando o pogrom de 1941. Os mesmos financiadores e os mesmos treinadores durante os anos, através de serviços secretos e seus NGOs, através dos Estados Unidos e da OTAN. Eles fizeram a mesma coisa na Líbia e estão a caminho de o fazer o mesmo na Síria, utilizando grupos de islamistas recentemente definidos como terroristas. Há dez anos que nós estivemos documentando no il manifesto (cf. Ukraine, le dollar va aux élections- o dólar vai as eleições, 2004) como Washington financiou e organizou a ?revolução orange?, ou seja o golpe de estado de 2004, e a ascensão à presidência de Victor Yushchenko, o qual tinha a intenção de levar Ukraina a OTAN. Já a seis anos vínhamos descrevendo as manobras militares denominadas como ?Brisa do Mar? a qual operava na Ukraina sob as diretivas da ?Parceiros para a Paz? dizendo que ?a brisa do mar? que sopra sobre o Mar Negro está a prenunciar os ventos de guerra? [cf. Jogos de guerra no Mar Negro, 2008 [2].

Rotislav Vasilko, torturado por néo-nazis que brandiam uma cruz de madeira frente a seus olhos

Para se comprender o que está para se passar na Ukraina não é suficiente de se olhar só para as imagens de hoje. É necessário que se veja todo o filme. Tem-se que observar a sequência da expansão da OTAN ao Leste, que em 10 anos, 1999-2009, abrangeu todos os países do ex-pacto de Varsóvia, antigamente aliados da União Soviética, URSS. Três países da ex-URSS e dois da ex-Yugoslávia deslocaram suas bases e forças militares e com elas a capacidade nuclear, sempre mais para junto da Rússia, armando-se em um ?círculo? ou colar anti-mísseis os quais não são instrumentos de defesa, mas de ofensiva. Isso sendo feito apesar dos repetidos avisos e advertências de Moscou, os quais são ignorados ou tornados em charadas do tipo ?esses são passados estereótipos da guerra fria??. O verdadeiro fim nessa escalada não é a adesão da Ukraina na União Européia, mas a anexação da Ukraina na OTAN.

A estratégia da EUA/OTAN é uma real estratégia de tensão que, além do problema da Europa, tem o fim de redimensionar o poder que conservou a maior parte do território e dos recursos da URSS, ou seja, a Rússia, a qual se restabelece da crise econômica do pós-guerra fria, relançou sua política exterior, veja-se aqui o papél feito na Síria, e que se virou a China para criar uma aliança que potencialmente pudesse contrabalançar o super-poder dos Estados Unidos.

Mas, através da estratégia de tensão se coagiu a Rússia, como dantes foi feito com a URSS, a um curso de maiores e maiores despesas com armamentos, e isso tendo como objetivo o de aumentar-lhe as dificuldades econômicas internas, o que ainda pressionaria a maioria da população. Estão aqui fazendo o que podem para que a Rússia reaja militarmente e possa então abaixo desse pretexto ser afastada do grupo das ?grandes democracias?. Aqui se ameaça então com a exclusão da G8.

A representante dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, galopando na ?responsabilidade de proteger? outorga aos Estados Unidos o poder divino, e exige o envio de observadores (Osce) na Ukraina. Os mesmos que dirigidos por William Walker, antigamnete dirigiram os serviços secretos americanos dos Estados Unidos em El Salvador e serviram 1998-99 de cobertura a CIA no Kosovo, em fornecendo a UCK instruções e telefonia por satélite. Isso sendo para a guerra que a OTAN estava a ponto de deslanchar. Durante 78 dias, levantaram voo, principalmente de bases italianas. 1100 aviões de guerra efetuaram 38.000 saídas e lançaram 23.000 bombas e mísseis. A guerra terminou com o acordo de Kumanovo, o qual previa um Kosovo em grande medida autônomo, com uma garnisão da OTAN, mas sempre ainda dentro da soberanidade de Belgrado. Esse acordo foi anulado com a independência autoproclamada do Kosovo, a qual foi reconhecida pela OTAN e quase por toda a União Européia, A Espanha, a Grécia, a Eslováquia, a Romênia e Chipre não reconheceram essa autoproclamação. Essa é a mesma OTAN que hoje, através das boca de Rasmussen, acusa a Rússia de violar na Ukraina os direitos internacionais.

Manlio Dinucci

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Vitória do Povo Cipriota BASENAME: canta-o-merlo-vitoria-do-povo-cipriota DATE: Wed, 05 Mar 2014 18:15:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

Chipre derrotou as privatizações imposta pela UE. Sexta-feira, 28 de Fevereiro, o Parlamento de Chipre ? após enormes manifestações populares ? recusou-se a autorizar as privatizações selvagens impostas pela Troika. O plano de privatizações de três grandes empresas públicas teve 25 votos contra dos comunistas (AKEL) e outros partidos democráticos, 25 votos a favor e 5 abstenções. O plano de privatizações era um elemento chave do acordo com o FMI e a UE. Em consequência, após a rejeição do plano, o governo reaccionário local pediu a demissão. "Não aceitaremos a dilapidação do património nacional" , declara o AKEL. O AKEL recusa com firmeza as privatizações, defende a saída de Chipre do Euro e o abandono da UE.

Notícias como esta não são divulgadas na TV portuguesa... tampouco na TVG, nos jornais,nas emissoras de rádio. Só comunicam o que o amo lhes permite.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Ex-jurista do Banco Mundial revela como a elite domina o mundo BASENAME: canta-o-merlo-ex-jurista-do-banco-mundial-revela-como-a-elite-domina-o-mundo DATE: Mon, 03 Mar 2014 20:27:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Karen Hudes, ex membro do Banco Mundial, despedida por revelar informaçom sobre a corrupçom no banco, explicou com detalhe os mecanismos bancários para dominar o nosso planeta.

Karen Hudes é licenciada da escola de Direito de Yale e trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial durante 20 anos. Em qualidade de assessora jurídica superior, tivo suficiente informaçom para obter umha visom global de como a elite domina ao mundo. Deste modo, o que conta nom é umha 'teoria da conspiraçom' mais.

De acordo com a especialista, citada polo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo hermético de instituiçons financeiras e gigantes corporaçons para dominar o planeta.

Citando um explosivo estudo suíço de 2011 publicado na revista 'Plos One' sobre a "rede de controlo corporativo global", Hudes assinalou que um pequeno grupo de entidades, na sua maioria instituiçons financeiras e bancos centrais, exercem umha enorme influência sobre a economia internacional entre bastidores. "O que realmente está a suceder é que os recursos do mundo estám a ser dominados por este grupo", explicou a perito com 20 anos de antigüidade no Banco Mundial, e agregou que os "capturadores do poder corruptos" alcançaram dominar os meios de comunicaçom também. "Está-se-lhes permitido fazê-lo", assegurou.

O estudo suíço que mencionou Hudes foi levado a cabo por umha equipa do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zúric. Os investigadores estudaram as relaçons entre 37 milhons de empresas e investidores de todo mundo e descobriram que existe umha "super-entidade" de 147 mega-corporaçons muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.

Mas as elites globais nom só controlam estas mega-corporaçons. Segundo Hudes, também dominam as organizaçons nom eleitas e que nom rendem contas mas sim controlam as finanças de quase todas as naçons do planeta. Trata do Banco Mundial, o FMI e os bancos centrais, como a Reserva Federal estadounidense, que controlam toda a emissom de dinheiro e a sua circulaçom internacional.

O banco central dos bancos centrais

A cima deste sistema é o Banco de Pagos Internacionais (BPI): o banco central dos bancos centrais.

"Umha organizaçom internacional imensamente poderosa da qual a maioria nem sequer ouviu falar controla secretamente a emissom de dinheiro do mundo inteiro. É o chamado o Banco de Pagos Internacionais [Bank for International Settlements], e é o banco central dos bancos centrais. Está situado em Basileia, Suíça, mas tem sucursais em Hong Kong e em Cidade de México. É essencialmente um banco central do mundo nom eleito que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (...). Hoje, 58 bancos centrais a nível mundial pertencem ao BPI, e tem, com muito, mais poder na economia dos Estados Unidos (ou na economia de qualquer outro país) que qualquer político. Cada dous meses, os banqueiros centrais reúnem-se em Basileia para outra 'Cimeira de Economia Mundial'. Durante estas reunions, tomam-se decisons que afectam a todo o homem, mulher e criança do planeta, e nengum de nós tem voz no que se decide. O Banco de Pagos Internacionais é umha organizaçom que foi fundada pola elite mundial, que opera em benefício da mesma, e cujo fim é ser umha das pedras angulares do próximo sistema financeiro global unificado".

Segundo Hudes, a ferramenta principal de escravizar naçons e Governos inteiros é a dívida.

"Querem que mos seja todos escravos da dívida, querem ver a todos os nossos Governos escravos da dívida, e querem que todos os nossos políticos sejam adictos aos gigantes contributos financeiros que eles canalizam nas suas campanhas. Como a elite também é dona de todos os meios de informaçom principais, esses meios nunca revelárom o segredo de que há algo fundamentalmente errado na maneira em que funciona o nosso sistema",

Texto completo em: http://actualidad.rt.com/economia/view/121399-jurista-banco-mundial-revela elite-domina mundo

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Jogos para crianças, gratis. BASENAME: canta-o-merlo-jogos-para-criancas-gratis DATE: Tue, 18 Feb 2014 11:37:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Aqui tedes um endereço de jogos para crianças. Som gratis

http://www.pandajogosgratis.com/

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Protestos orquestrados por Washington desestabilizam a Ucrânia BASENAME: canta-o-merlo-protestos-orquestrados-por-washington-desestabilizam-a-ucrania DATE: Tue, 18 Feb 2014 11:27:21 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Paul Craig Roberts [*]

Os protestos no ocidente da Ucrânia são organizados pela CIA, pelo Departamento de Estado dos EUA e por organizações não governamentais (ONGs) financiadas pela UE que trabalham em conjunto com a CIA e o Departamento de Estado. A finalidade dos protestos é anular a decisão do governo independente da Ucrânia de não aderir à UE.

Os EUA e a UE inicialmente estavam a cooperar no esforço para destruir a independência da Ucrânia e torná-la uma entidade subserviente ao governo da UE em Bruxelas. Para o governo da UE, o objectivo é expandir a UE.

Para Washington as finalidades são tornar a Ucrânia disponível para o saqueio por bancos e corporações dos EUA e trazer a Ucrânia para dentro da NATO de modo a que Washington possa ganhar mais bases militares na fronteira da Rússia.

Há três países no mundo que estorvam o caminho da hegemonia de Washington sobre o mundo ? a Rússia, a China e o Irão. Cada um destes países é atacado por Washington para derrube ou para que a sua soberania seja degradada pela propaganda e bases militares dos EUA que deixam os países vulneráveis a ataque, portanto coagindo-os a aceitar a vontade de Washington.

O problema que se levanta entre os EUA e a UE em relação à Ucrânia é que os europeus perceberam que a tomada da Ucrânia é uma ameaça directa à Rússia, a qual pode cortar o petróleo e gás natural à Europa, e se houver guerra destruir a Europa completamente. Consequentemente, a UE tornou-se mais favorável a parar de provocar protestos na Ucrânia.

A resposta da neoconservadora Victoria Nuland, nomeada secretária de Estado Assistente pelo Obama de duas caras, foi "F**-se a UE", quando tratava de descrever os membros do governo ucraniano que Washington pretendia impor sobre um povo tão inconsciente a ponto de acreditar que estão a alcançar a independência ao precipitar-se nos braços de Washington. Outrora eu pensava que nenhuma população do mundo podia ser tão inconsciente quanto a população dos EUA. Mas eu estava errado. Os ucranianos ocidentais são ainda mais inconscientes do que os americanos.

A orquestração da "crise" na Ucrânia é fácil. A neoconservadora secretária de Estado Assistente Victoria Nuland contou no National Press Club, em Washington, dia 13/Dezembro/2013, que os EUA "investiram" US$5 mil milhões em agitação na Ucrânia.

A crise assenta essencialmente na Ucrânia ocidental, onde ideias românticas acerca da opressão russa são fortes e a população é menos russa do que na Ucrânia oriental.

O ódio da Rússia na Ucrânia ocidental é tão disfuncional que os ludibriados protestantes não percebem que aderir à UE significa o fim da independência da Ucrânia e o domínio por parte dos burocratas da UE em Bruxelas, do Banco Central Europeu e de corporações dos EUA. Talvez a Ucrânia seja dois países. A metade ocidental poderia ser dada à UE e a corporações dos EUA e a metade oriental poderia ser reincorporada como parte da Rússia, onde assentava toda a Ucrânia desde que os EUA existem.

A insatisfação para com a Rússia que existe na Ucrânia ocidental torna fácil para os EUA e a UE provocar perturbações. Aqueles em Washington e na Europa que pretendem destruir a independência da Ucrânia retratam-na como uma refém da Rússia, enquanto a Ucrânia na UE estaria alegadamente sob a protecção dos EUA e da Europa. As grandes somas de dinheiro que Washington despeja em ONGs na Ucrânia propagam esta ideia e trabalham a população para uma inconsciência frenética. Nunca na minha vida testemunhei um povo tão inconsciente como os protestantes ucranianos que estão a destruir a independência do seu país.

As ONGs financiadas pelos EUA e UE são quinta colunas destinadas a destruir a independência dos países nos quais operam. Algumas pretendem ser "organizações de direitos humanos". Outras doutrinam pessoas sob a capa de "programas de educação" e de "construção da democracia". Outras ainda, especialmente aquelas dirigidas pela CIA, especializam-se em provocações, tais como as "Pussy Riot". Poucas, se é que alguma, destas ONGs são legítimas. Mas elas são arrogantes. O chefe de uma da ONGs anunciou antges das eleições iranianas na qual Mousavi era o candidato de Washington e da CIA que a eleição resultaria numa Revolução Verde. Ele sabia antecipadamente, porque havia ajudado a financiá-la com dólares do contribuinte estado-unidense. Escrevi acerca disso na altura. Isso pode ser encontrado no meu sítio web, www.paulcraigroberts.org , e no meu livro que acaba de ser publicado, How America Was Lost.

Os "protestantes" ucranianos têm sido violentos, mas a polícia tem sido contida. Washington tem um interesse oculto em manter os protestos em andamento na esperança de transformá-los numa revolta de modo a que possa apossar-se da Ucrânia. Esta semana a Câmara de Deputados dos EUA aprovou uma resolução a ameaçar sanções se os protestos violentos fossem sufocados pela polícia.

Por outras palavras, se a polícia ucraniana comportar-se com protestantes violentos do mesmo modo como a polícia dos EUA comporta-se com protestantes pacíficos, isso é uma razão para Washington interferir nos assuntos internos da Ucrânia. Washington está a utilizar os protestos para destruir a independência da Ucrânia e já tem pronta uma lista de fantoches que pretende instalar como o próximo governo do país.
[*] Ex secretário Assistente do Tesouro para Política Económica e editor associado do Wall Street Journal. Colaborou na Business Week, Scripps Howard News Service e Creators Syndicate. Seu livro mais recente é The Failure of Laissez Faire Capitalism and Economic Dissolution of the West .

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Ucrânia e o renascimento do fascismo na Europa BASENAME: canta-o-merlo-a-ucrania-e-o-renascimento-do-fascismo-na-europa DATE: Sat, 15 Feb 2014 15:21:35 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Eric Draitser [*]

A violência nas ruas da Ucrânia é muito mais do que uma manifestação da ira popular contra um governo. É, ao invés, simplesmente o exemplo mais recente da ascensão da mais insidiosa forma de fascismo que a Europa já viu desde a queda do Terceiro Reich.

Os últimos meses assistiram a protestos regulares da oposição política ucraniana e seus apoiantes ? protestos ostensivamente em resposta à recusa do presidente Yanukovich a assinar um acordo comercial com a União Europeia, encarado por muitos observadores políticos como o primeiro passo rumo à integração europeia. Os protestos foram razoavelmente pacíficos até 17 de Janeiro, quando manifestantes armados com paus, capacetes e bombas improvisadas desencadearam uma violência brutal sobre a polícia, atacando edifícios governamentais, batendo em quem fosse suspeito de simpatias pelo governo e provocando destruição generalizada nas ruas de Kiev. Mas quem são estes extremistas violentos e qual é a sua ideologia?

A formação política conhecida como "Pravy Sektor" (Sector Direita) é basicamente uma organização chapéu para um certo número de grupos ultra-nacionalistas (ler fascistas) incluindo apoiantes do Partido "Svoboda" (Liberdade), "Patriotas da Ucrânia", "Ukrainian National Assembly ? Ukrainian National Self Defense" (UNA-UNSO) e "Trizub". Todas estas organizações partilham uma ideologia comum que entre outras coisas é veementemente anti-russa, anti-imigrantes e anti-judia. Além disso, partilham uma reverência comum pela chamada "Organização de Nacionalistas Ucranianos" liderada por Stepan Bandera, os infames colaboradores dos nazis que combateram activamente contra a União Soviética e cometeram algumas das piores atrocidades da II Guerra Mundial.

Apesar de forças políticas ucranianas, oposição e governo, continuarem a negociar, uma batalha muito diferente está a ser travada nas ruas. Utilizando intimidação e força bruta mais típica dos "Camisas castanhas" de Hitler ou dos "Camisas negras" de Mussolini do que de um movimento político contemporâneo, estes grupos conseguiram transformar um conflito sobre política económica e alianças políticas do país numa luta existencial pela própria sobrevivência da nação que estes assim chamados "nacionalistas" afirmam amar tão ardentemente. As imagens de Kiev a queimar, as ruas de Lvov cheias de brutamontes e outros exemplos assustadores do caos no país ilustram sem sombra de dúvida que a negociação política com a oposição do Maidan (a praça central de Kiev e centro dos protestos) já não é a questão central. É, antes, a questão de apoiar ou rejeitar o fascismo ucraniano.

Pelo seu lado, os Estados Unidos lançaram-se no lado da oposição, sem considerar o seu carácter político. No princípio de Dezembro, membros do establishment dirigente dos EUA, tais como John McCain e Victoria Nuland, foram vistos no Maidan a apoiar os manifestantes. Entretanto, quando nos últimos dias o carácter da oposição se tornou evidente, os EUA e a classe dominante ocidental e sua máquina dos media pouco fizeram para condenar o levantamento fascista. Ao invés disso, seus representantes encontraram-se com representantes do Sector Direita e consideraram que não eram "ameaça". Por outras palavras, os EUA e seus aliados deram aprovação tácita à continuação e proliferação da violência em nome do seu objectivo final: a mudança de regime.

Numa tentativa de arrancar a Ucrânia da esfera de influência russa, a aliança EUA-UE-NATO aliou-se, não pela primeira vez, com fascistas. Naturalmente, durante décadas, milhões na América Latina foram desaparecidos ou assassinados por forças militares fascistas armadas e apoiadas pelos Estados Unidos. Os mujahideen do Afeganistão, os quais depois transmutaram-se na Al Qaeda, também reaccionários ideológicos extremos, foram criados e financiados pelos Estados Unidos com o objectivo de desestabilizar a Rússia. E naturalmente há a penosa realidade da Líbia e, mais recentemente da Síria, onde os Estados Unidos e seus aliados financiam e apoiam extremistas jihadistas contra um governo que se recusa a alinhar com os EUA e Israel. Há um padrão perturbador aqui que não tem sido compreendido por observadores políticos: os Estados Unidos sempre fazem causa comum com extremistas de direita e fascistas para ganho geopolítico.

A situação na Ucrânia é profundamente perturbadora porque representa uma conflagração política que poderia muito facilmente dilacerar o país menos de 25 anos depois de se tornar independente da União Soviética. Contudo, há outro aspecto igualmente perturbador na ascensão do fascismo naquele país ? ele não está só.

Ameaça fascista por todo o continente

A Ucrânia e a ascensão do extremismo de direita não pode ser vista, muito menos entendida, isoladamente. Deve, ao invés, ser examinada como fazendo parte de uma tendência crescente através da Europa (e na verdade do mundo) ? uma tendência que ameaça os próprios fundamentos da democracia.

Na Grécia, a austeridade selvagem imposta pela troika (FMI, BCE e Comissão Europeia) arruinou a economia do país, levando a uma depressão tão má, se não pior, quanto a Grande Depressão nos Estados Unidos. É contra este pano de fundo do colapso económico que o partido Aurora Dourada cresceu até se tornar o terceiro maior partido político do país. Esposando uma ideologia de ódio, o Aurora Dourada ? efectivamente um partido nazi que promove o chauvinismo anti-judeu, anti-imigrante e anti-mulher ? é uma força política que o governo de Atenas entendeu ser uma grave ameaça ao próprio tecido da sociedade [NR] . Foi esta ameaça que levou o governo a deter a liderança do partido depois de um nazi da Aurora Dourada ter esfaqueado um rapper anti-fascistas. Atenas lançou uma investigação ao partido, embora os resultados desta investigação e o processo permaneçam pouco claros.

O que torna o Aurora Dourada uma ameaça tão insidiosa é o facto de que, apesar da sua ideologia central nazista, sua retórica anti-UE e anti-austeridade atrai muita gente na Grécia economicamente devastada. Tal como muitos movimentos fascistas no século XX, o Aurora Dourada transforma em bodes expiatórios os imigrantes, muçulmanos e africanos por muitos dos problemas que os gregos enfrentam. Em circunstâncias económicas terríveis, tal ódio irracional torna-se atraente; uma resposta à questão de como resolver problemas da sociedade. Na verdade, apesar de líderes do Aurora Dourada estarem presos, outros membros do partido ainda estão no parlamento, ainda concorrem a funções como à presidência de Atenas. Embora uma vitória eleitoral seja improvável, outra mostra de força nas eleições tornará muito mais difícil a erradicação do fascismo na Grécia.

Se este fenómeno estivesse confinado à Grécia e à Ucrânia, ele não constituiria uma tendência continental. Contudo, tristemente vemos a ascensão, embora menos abertamente fascista, de partidos políticos por toda a Europa. Na Espanha, o Partido do Povo, governante e pró austeridade, avançou com leis draconianas restringindo o protesto e a liberdade de palavra, bem como fortalecendo e aprovando tácticas policiais repressivas. Em França, o partido da Frente Nacional, de Marine Le Pen, que veementemente transforma imigrantes muçulmanos e africanos em bodes expiatórios, ganhou aproximadamente vinte por cento dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais. Analogamente, na Holanda, o Partido pela Liberdade ? que promove políticas anti-muçulmanas e anti-imigrantes ? cresceu a ponto de se tornar o terceiro maior partido no parlamento. Por toda a Escandinávia, partidos ultra-nacionalistas que outrora totalmente irrelevantes e obscuros são agora actores significativos em eleições. Estas tendências são preocupantes, para dizer o mínimo.

Também deveria ser observado que, para além da Europa, há um certo número de formações políticas quase-fascistas que são, de uma maneira ou de outra, apoiadas pelos Estados Unidos. O golpe de direita que derrubou os governos do Paraguai e de Honduras foram tacitamente e/ou abertamente apoiados por Washington no seu objectivo aparentemente infindável de suprimir a esquerda na América Latina. Naturalmente, também deveria ser lembrado que o movimento de protestos na Rússia foi encabeçado por Alexei Navalny e seus seguidores nacionalistas que adoptam uma ideologia racista e anti-muçulmana que encara imigrantes do Cáucaso russo e de outras antigas repúblicas soviéticas como inferiores a "russos europeus". Estes e outros exemplos pintam um retrato muito feio de uma política externa estado-unidense que tenta utilizar a adversidade económica e a reviravolta política para estender a hegemonia dos EUA por todo o mundo.

Na Ucrânia, o "Sector Direita" retirou o combate da mesa de negociação para as ruas numa tentativa de cumprir o sonho de Stepan Bandera ? uma Ucrânia livre da Rússia, de judeus e de outros vistos como "indesejáveis". Animatdo pelo apoio contínuo dos EUA e da Europa, estes fanáticos representam uma ameaça mais grave para a democracia do que Yanukovich e o governo pró russo. Se a Europa e os Estados Unidos não reconhecem esta ameaça no seu início, quando o fizerem poderá ser demasiado tarde.
31/Janeiro/2014

Ver também:
O movimento anti-UE propaga-se por toda a Europa ... excepto na Ucrânia
Ucrânia: "A opção europeia será também a opção militar a favor da NATO"
Washington Collaborates with Ukrainian Neo-Nazis
Ukraine ?Color Revolutions?: At the Crossroads of Euro-Atlantic and Eurasian Power Politics

[NR] É muito discutível que o actual governo de Atenas tenha esse entendimento. A sua atitude é, antes, de conivência passiva e omissão. Forças policiais gregas pouco ou nada fazem para reprimir o Aurora Dourada, só actuando em casos extremos.

[*] Fundador do StopImperialism.com , analista geopolítico independente residente em Nova York, ericdraitser@gmail.com .

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/ukraine-and-the-rebirth-of-fascism-in-europe/5366852

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A filha menor do Rei tomou-os o pelo a todos e confirmou que a Família Real nom é de fiar BASENAME: canta-o-merlo-a-filha-menor-do-rei-tomou-os-o-pelo-a-todos-e-confirmou-que-a-familia-real-nom-e-de-fiar DATE: Sat, 08 Feb 2014 21:44:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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Por Fernando de Silva

No "dia D" para a Infanta Cristina, cumpre-se o guiom previsto, e assistimos à negaçom da evidência

Com a presença de muitas bandeiras republicanas, sem surpresas, com um desdobramento policial inaudito e desproporcionado, que nos custará aos contribuintes muitos milhares de euros, a imputada Infanta Cristina acedeu ao Julgado de Palma em carro, privilégio do que se encontram privados o resto dos mortais. Trata-se de brinda-la e escondê-la para impedir que possa ser legitimamente reprochada por quem duvidam da sua inocência, que nom som outros que muitos dos sofridos cidadaos que sentem escandalizados pola corrupçom generalizada, e que afecta de forma especial à Família Real. Muito logo teve lugar o seu segundo privilégio, ao nom passar polo arco de segurança, como é de obrigado cumprimento para todos os que acedem ao interior de um Julgado.

Mas nom acabam aqui as concessons especiais porque, à margem dos exaustivos registros para impedir a existência tabletas e telemóvel no interior da Sala, decidiu-se que a sua declaraçom só possa ser gravada em áudio, impedindo que o vídeo, que se utiliza habitualmente neste tipo de actuaçons judiciais, possa reflectir a linguagem do rosto, que tanto pode delatar a quem mente com a palavra mas é incapaz de dissimulado com os seus gestos. Precisamente para dar mais autenticidade às declaraçons, a que fosse Ministra de Justiça, Margarida Marechal de Gante, introduziu há anos na justiça a gravaçom em vídeo, da que inexplicavelmente se livra agora a Infanta Cristina.

Nom pudemos ver à Infanta mais de cinco segundos, mas foi capaz de saudar aos jornalistas com um sorriso forçado e nervoso, imprópria de quem sente inocente. Isso sim, aos cidadaos se impediu achegar-se a menos de 100 metros da porta do Julgado, o que resulta inaudito num estado democrático, ainda que sim se pudérom escutar os berros de indignaçom ao longe. E nom é bom, senom todo o contrário, que una membro da Família Real esquive a presença dos seus súbditos, ou lacaios, porque isso é no que nos convertérom, que alimentárom durante anos os seus caprichos e alto nível económico. O único detalhe de normalidade que se viu é a chegada do Juiz Castro, que acudiu ao Julgado em moto, como nele é habitual.

A Infanta, seguindo o guiom, ante o exaustivo interrogatório de 400 perguntas ao que foi submetida polo juiz Castro durante mais de duas horas e média, limitou-se a negar a sua participaçom em Nóos e Aizoon com respostas evasivas, assumindo o papel de esposa parva e submissa, que nom se dava conta de nada, e que nunca se perguntava como era possível manter um nível de vida incompatível com os ingressos do casal. Isso sim, foi explícita à hora de insistir em que ?eu confiava no meu marido?, o que resulta contraditório com o feito de nom interpretar o papel de esposa enganada e defraudada polo seu esposo, com o que convive dentro da normalidade e mantém umha evidente cumplicidade. Também nom se comprometeu a devolver o dinheiro, que agora já sabe era de procedência ilícita, o que demonstra que nom tem um pêlo de parva.

Dando por suposto que se negará a contestar as perguntas das acusaçons, que o Fiscal se limitará a ocupar um papel testemunhal, e que as respostas às perguntas do seu advogado de jeito nengum a comprometérom, nem tam sequer é necessário esperar no final da sua declaraçom para extrair as conclusons finais.

Em resumo, hoje a Infanta Cristina, acolhendo-se ao seu direito a nom declarar contra sim mesma, tomou-nos o pêlo a todos, e confirmou que a Família Real nom é de fiar. Durante anos investiu-se muito dinheiro público na sua preparaçom, que se supom é superior à ignorância demonstrada esta mesma manhá, polo que os cidadaos sentir enganados mais umha vez por umha família que vive à conta dos nossos impostos. Parece evidente que, seja qual for a decisom judicial final, a monarquia está hoje ainda mais desprestigiada e tem os dias contados neste país, polo bem da decência colectiva.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A ONU denuncia ao Vaticano por permitir aos sacerdotes violar a milhares de crianças BASENAME: canta-o-merlo-a-onu-denuncia-ao-vaticano-por-permitir-aos-sacerdotes-violar-a-milhares-de-criancas DATE: Wed, 05 Feb 2014 23:25:47 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://actualidad.rt.com/

A ONU denunciou ao Vaticano por permitir "sistematicamente" aos sacerdotes violar a milhares de crianças, informa a corrente BBC.

A organizaçom mundial também exigiu ao Vaticano "expulsar de imediato" aos clérigos suspeitos de abusar sexualmente a menores.

O Comité de Direitos Humanos da ONU criticou a adopçom por parte do Vaticano de políticas que permitiram aos sacerdotes violar e abusar sexualmente a dezenas de milhares de crianças, e instou a abrir os arquivos vaticanos sobre os pedófilos e os eclesiásticos que ocultavam os seus delitos.

No seu relatório, emitido nesta quarta-feira, o comité da ONU também criticou fortemente à S. Sé polas suas atitudes para a homosexualidade, a anticoncepçom e o aborto e instou-a a rever as suas políticas para garantir os direitos das crianças e o seu acesso à atençom sanitária.

O comité emitiu as suas recomendaçons depois de submeter o Vaticano a um interrogatório o mês passado sobre a aplicaçom da Convençom da ONU sobre os Direitos da Criança, o principal tratado internacional que garante os direitos de menores.

Por sua parte, o serviço de imprensa da Santa Sé publicou um comunicado na sua página web oficial no que afirma que o Vaticano "terá em conta" o relatório, mas assegura que "alguns artigos do documento som umha tentativa de interferir nos ensinos da Igreja católica sobre a dignidade humana e a liberdade religiosa".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O pragmatismo terrorista do império BASENAME: canta-o-merlo-o-pragmatismo-terrorista-do-imperio DATE: Sat, 25 Jan 2014 22:34:08 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.odiario.info/

por José Goulao

A Turquia está a braços com um caso de alta corrupção governamental. Trata-se nem mais nem menos do canal através do qual milhares de milhões de dólares são enviados para a Al-Quaeda, o expoente máximo ? segundo os EUA ? do terrorismo mundial. Quer dizer: expoentes da NATO financiam um grupo que se destaca na guerra contra a Síria enquanto a estrutura sustentada pela rede da NATO o combate no Iraque.

A vaga de instabilidade política na Turquia decorrente de um caso de alta corrupção governamental não é assunto que nos seja alheio.
A Turquia é, há muito, um pilar estratégico da NATO e nem as mais cruéis ditaduras militares fascistas dissuadiram a aliança, tão luminoso farol da democracia, de manter estreitos laços com Ancara.

A Turquia é um candidato à União Europeia e sejamos claros: a razão para não integrar ainda o grupo não se relaciona com as suas insuficiências democráticas mas sim porque os interesses que mandam na congregação não se entendem quanto às consequências económicas, migratórias, e até religiosas, da adesão de mais um grande país.

Além disto, o actual escândalo turco é expressão - e prova ? de comportamentos muito mais graves de gentes de quem depende a vida no planeta.

O caso tem sido abafado mas nem a vocação censória global consegue ter êxito a cem por cento. Inicialmente explicou-se o escândalo e a revolta popular contra o governo islamita pela existência de negócios ilegais e clandestinos de milhões de dólares entre círculos do executivo turco e instituições petrolíferas iranianas, violando as sanções internacionais contra Teerão. Isto é verdade; porém, não passa de uma ínfima parte da verdade.

O que a polícia de investigação e a magistratura turca puseram à luz do dia foi o canal através do qual círculos do governo turco, envolvendo o próprio primeiro-ministro, encaminham centenas de milhões de dólares para a Al Qaida. Não, não é engano: o governo da Turquia, pilar estratégico da NATO, financia o expoente máximo do terrorismo mundial, todos os dias demonizado em Washington e outras capitais como a causa da maioria dos males no planeta e arredores.

Acontece que o primeiro ministro da Turquia, o Sr. Erdogan, é amigo do Sr. Yassin al-Qadi, um banqueiro saudita, alta figura da Irmandade Muçulmana, também amigo do Sr. Cheney, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, e conhecido pelo FBI como ?o tesoureiro da Al Qaida?. A espionagem interna norte-americana tem obrigação de saber do que fala uma vez que o Sr. Al-Qadi viveu em Chicago, onde foi proprietário da empresa de informática Ptech, fornecedora de software para a aviação civil dos Estados Unidos por alturas do 11 de Setembro de 2001. Também segundo o FBI, o ?Tesoureiro da Al Qaida? foi, antes disso, financiador, quiçá um dos responsáveis, dos atentados nas embaixadas norte-americanas na Quénia e na Tanzânia, em 1998.

Poderia continuar a desenrolar o novelo de cumplicidades, mas é mais importante reter neste momento que o canal de financiamento entre o Sr. Erdogan/Turquia/NATO e o ?tesoureiro da Al Qaida? abastece prioritariamente a guerra internacional contra a Síria mantida através de uma miríade de grupos terroristas onde o de maior capacidade operacional é o ramo da organização fundada por Bin Laden designado ?Estado Islâmico do Iraque e do Levante?. Por sinal a mesma entidade que tomou conta da cidade de Fallujah, no Iraque, onde é combatida pelo exército iraquiano e respectivos operacionais norte-americanos.

Assim sendo, expoentes da NATO financiam um grupo que se destaca na guerra contra a Síria enquanto a estrutura sustentada pela rede da NATO o combate no Iraque. Todas as grandes famílias têm as suas desavenças, até a família terrorista imperial. Também há quem lhe chame ?pragmatismo.?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A questão do Estado operário no marxismo BASENAME: canta-o-merlo-a-questao-do-estado-operario-no-marxismo DATE: Sat, 25 Jan 2014 20:19:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://port.pravda.ru/

O texto de György Lukács, "O Estado como arma" , entra, de forma seminal, no debate sobre os conselhos operários apresentando uma posição: o cenário da luta de classes cresce e compreende o conjunto desbloqueado dos espaços onde ela pode se revelar, contribuindo, assim, para explodir as cidadelas do Estado e suas fronteiras. Na posição de Lukács, agora se luta contra o Estado, mas também o Estado se manifesta enquanto "arma da luta de classes".

Milton Pinheiro

O filósofo húngaro localiza em Marx e Engels, distanciando-os dos oportunistas da Segunda Internacional, a tese de que a questão do Estado é extremamente relevante para as possibilidades da re¬volução proletária, utilizando-se dessa abordagem como referencial para enfrentar a "essência revolucionária" de sua época. Lukács qualificou os pensadores reformistas do período em questão como sendo aqueles que capitularam ao modelo de Estado desenvolvido na sociedade burguesa, e essa crítica se dirige essencialmente a Kautsky e a Bernstein.

Neste texto inédito encontramos, ainda, a notável influência de Lenin. Lukács reconhece a relação teórica daquele com Marx na interpretação de uma "posição proletário-revolucionária sobre o problema do Estado", salientando que Lenin não fez uma abstração sobre a questão, mas levantou o problema a partir das tarefas dos trabalhadores que faziam o enfrentamento na luta de classes, tendo como eixo central a direção da tomada do poder.

Na interpretação de Lukács, Lenin rompeu com o programa de uma teoria geral do Estado baseada em postulados diletantes e, pautado pelas análises concretas feitas por Marx sobre a Comuna de Paris, avançou no debate sobre a questão do Estado, como afirmei, a partir das con¬tradições do momento histórico em que as lutas do proletariado se projetavam em um cenário em aberto. Transparece nos estudos de Marx, Engels e, principalmente, em Lenin - chamado à aten-ção por Lukács - que a questão do Estado é o objetivo que deve movimentar os trabalhadores nas tarefas cotidianas, e não apenas quando se apresentar o "objetivo final".

Para Lukács, Lenin deu a importância devida ao papel do Estado no tempo presente, o que contribuía para educar os traba¬lhadores em sua luta pelo poder. Mas isso ocorria, principalmente, porque ele acentuava em suas análises o papel do "Estado como arma da luta de classes". Nessa contenda sobre o Estado, Lukács avança, antecipando um grande debate contemporâneo, ao sinalizar que os instrumentos de luta em curso (partido, sindicato e cooperativas) são, já naquele momento, "insuficientes para a luta revolucionária do proletariado". A perspectiva projetada pelo autor é a construção de uma representação que unifique todo o proletariado às amplas massas, ainda dentro da sociedade burguesa, para pôr a revolução "na ordem do dia" - e, para ele, esse instrumento seria os conselhos operários.

Nas formulações de G. Lukács, os conselhos aparecem como "organização de toda a classe". Eles devem agir para desorganizar "o aparelho de Estado burguês". Nessa conjuntura de desorgani¬zação, eles, enquanto representação de classe, deverão entrar em choque com a possível tentativa da burguesia de impor uma ampla repressão para recompor seu poder.

É diante desse cenário que os conselhos operários se apresentam como aparelhos de Estado na perspectiva da "organização da luta de classes". A partir de sua aná¬lise sobre a Rússia em 1905, os conselhos "são um contragoverno" que enfrenta o "poder estatal da burguesia".

É importante salientar ainda a crítica de Lukács a Martov: este último compreende os conselhos "como um órgão de luta", sem necessariamente transformar-se em aparelho de Estado, enquanto, para o primeiro, essa posição afastaria os trabalhadores da revolução e da "real conquista do poder pelo proletariado".

Nesse debate, surge uma polêmica sobre o papel do sindicato e do partido. Lukács criticou aqueles que queriam substituir de forma permanente esses dois instrumentos pelos conselhos, confundindo o entendimento do que seja, ou não, uma situação revolucionária. Ele afirma que o conselho operário, enquanto aparelho de Estado, "é o Estado como arma na luta de classes do proletariado".

Mas, para fazer a defesa dessa posição leniniana, Lukács ataca o reformis¬mo oportunista e sua "capitulação ideológica à burguesia". Ainda nesse debate, critica a ideia de democracia da social-democracia e seu projeto de "agitação pacífica" para a modificação da sociedade de forma não revolucionária, ao considerar que, para se chegar ao socialismo, as ideias dos trabalhadores irão num crescendo até a conquista do poder.

Os reformistas se mantêm no campo da "democracia pura, formal", e se iludem com o voto do cidadão abstrato, considerado por Lukács como "átomos isolados do todo estatal", na contramão das pessoas concretas, "que assumem um lugar na produção social, que seu ser social (que articula o seu pensamento etc.) é determi¬nado por essa posição".

Dentro dessa temática (democracia), o crítico húngaro identifica o "domínio minoritário da burguesia" na "desorganização ideológica" para transformar a democracia pura e formal em um instrumento de regulação da vida social. Para responder a essa situação (desorganização), os conselhos devem ser reconhecidos como o "poder de Estado do proletariado", ao passo que avançam para destruir "a influência material e ideológica da burguesia" sobre as massas. Garantir o contrafogo ideológico é contribuir para o surgimento de condições de direção do prole¬tariado "no período de transição". Agora o proletariado, tendo os conselhos como sistema de Estado, deve marchar para continuar destruindo a burguesia em todas as suas frentes.

Neste sentido, o sistema de conselhos, agindo de forma edu¬cativa e autônoma, deve incentivar uma participação que articule "uma unidade indivisível entre economia e política, ligando, desse modo, a existência imediata das pessoas, os seus interesses cotidia¬nos etc. com as questões decisivas da totalidade" e contribuindo assim para evitar a burocratização. Para Lukács, esse movimento do sistema de conselhos e do Estado proletário "é um fator decisivo na organização do proletariado em classe", permitindo que, agora, o tornar-se consciente e classe para si se efetive.

Para Lukács, com base em Lenin, o Estado proletário é aber¬tamente um Estado de classe, sem a farsa montada pela burguesia para transformar seu Estado em Estado de todos. Mais uma vez, esse debate teórico demonstra que a atualidade da revolução ainda hoje passa pela problemática do Estado e do socialismo. Portanto, os conselhos operários estão na gênese dessas possibilidades.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A familia Aznar fai-se de ouro graças à agenda de papai e a hipotecas "a preço de saldo" BASENAME: canta-o-merlo-a-familia-aznar-fai-se-de-ouro-gracas-a-agenda-de-papai-e-a-hipotecas-a-preco-de-saldo DATE: Thu, 23 Jan 2014 07:07:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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O Aznar ?Novo? fai-se de ouro graças à agenda de papai e a hipotecas "a preço de saldo"

O primogénito do ex-presidente é conselheiro da sociedade que gere 12.000 milhões de euros em activos imobiliários da pública Bankia

Nos últimos meses estám circular numerosas notícias sobre como os Aznar estám em primeira linha de quem estám conseguir réditos desta ?crise? económica. Desde logo o ex-presidente Aznar, que trabalha entre outras muitas empresas para umha multinacional do ouro que se disparou com as turbulências do euro ou para o presidente em Espanha da consultora KPMG que gere desde preferentes de Bankia até ERes do Canal 9.

A sombra do pai e dos seus amigos

Porém nom se trata unicamente do pai porque o primogénito do ex-presidente, José Maria Aznar Botella, também está a dar muito que falar graças aos contactos do seu pai. La Voz da Galiza já informou de que este jovem ?empresário? participa na gestom dos activos imobiliários de Bankia -a entidade resgatada com mais 20.000 milhoes de euros públicos-através de Promontoria Plataforma, sociedade da que é conselheiro e que está presidida por Juan Manuel Hoyos Martínez de Irujo. Hoyos foi colega de Aznar no elitista colégio madrileno do Pilar e já estivo perfeitamente situado durante o boom das tele-comunicaçons trabalhando para Telefónica através da consultora McKinsey. Foi ademais um dos assessores na sombra do ex-presidente na sua carreira presidencial e depois, ainda que nunca quis incorporar ao Governo, como explicou Voz Populi.

Fundo abutre vinculado ao Partido Republicano Norteaméricano

Promotoria Plataforma é por outra parte umha sociedade instrumental do fundo abutre de investimento Cerberus Capital Management, de marcado cor de dólares estadounidenses e mais em concreto vinculado a ?popes? do Partido Republicano.

Activos desvalorizados com a crise

Agora através da diário Informaçom Sensível difundírom-se dados contundentes sobre a gestom que fai Promontoria dos activos imobiliários desvalorizados que compra a entidades de crédito. O método de trabalho basicamente é comprar hipotecas de risco por muito menos do valor nominal que assinaram no seu dia os hipotecados e executar o embargo, combinando-se com o piso e obtendo umha mais-valia depois com a venda do imóvel. A web recupera vários exemplos concretos de pessoas em risco de perder as suas casas.
?Cerberus compra a preço de saldo, mas nunca se mostra. Sempre o fai através de Promontoria Holding. Eles podem negociar umha daçom em pago, mas nunca o aluguer da habitaçom?, explica um letrado que tivo que negociar com eles umha execuçom hipotecaria.

Comissons a cambio de ?ajudar? à pública Bankia

No que di respeito ao contrato em ?exclusiva? com Bankia para gerir durante 10 anos o seu mais de ?12.000 milhões de euros brutos de activos imobiliários e de parte da dívida derivada de empréstimos a promotores?, o diário informa que Promontoria Plataforma recebe umha comissom por colocá-los. Apesar de que Bankia é umha entidade pública sustida com o dinheiro de todos, nom oferecêrom explicaçons sobre por que se elegeu à empresa do Aznar ?Novo? -quase nom falam de um ?processo competitivo?- ou de quanto se lhe pagou de momento em conceito de comissons. Perguntado polo seu papel na sociedade, o filho do ex-presidente nom quis oferecer nengum tipo de declaraçom sobre o labor que realiza para Cerberus.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Federal Reserve - Agonia mortal no seu 100º aniversário BASENAME: canta-o-merlo-federal-reserve-agonia-mortal-no-seu-100o-aniversario DATE: Wed, 15 Jan 2014 22:28:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Valentin Katasonov [*]

http://www.resistir.info/financas/agonia_mortal.html

O Federal Reserve Act foi promulgado em 23 de Dezembro de 1913 quando, há uma centena de anos, a lei foi assinada pelo presidente Woodrow Wilson. Desde então o Federal Reserve System tornou-se um factor determinante da economia e da política estado-unidense.

Um Federal Reserve System ilegítimo

Muitos americanos acreditam que um bando de banqueiros internacionais alcançou o poder quando o Federal Reserve System (FRS) entrou em vigor. O presidente e o Congresso tornaram-se servos dos principais accionistas do FRS. A Federal Reserve Corporation, de propriedade privada, pertencente a um grupo de banqueiros, tornou-se o único poder real na América o qual começou então a competir pela dominância mundial. Numerosas publicações dedicaram-se ao assunto.

O livro Secrets of the Federal Reserve, de Eustace Mullins, foi o primeiro a vir a lume no fim da década de 1940. Foi seguido por The Federal Reserve Conspiracy de Antony Sutton; The Syndicate: The Story of the Coming World Government de Nicholas Hagger, The Unseen Hand de A. Ralph Epperson e The Gods of Money de William Engdahl. Há um bestseller recente do antigo deputado Ron Paul chamado End the Fed . O poder do Federal Reserve no século XX instilou um falso sentimento da sua eternidade tal como o da emissão do dólar. Estas ilusões evaporaram-se gradualmente quando eventos no princípio do século XXI começaram a desdobrar-se... Ron Paul enumera muitos casos em que o Federal Reserve System tem estado em directa violação do Federal Reserve Act. O mais chocante é a concessão pelo Federal Reserve System de créditos incrivelmente gigantescos na quantia total de US$ 16 milhões de milhões (trillion) aos maiores bancos da América e da Europa durante a recente crise financeira. Não me refiro ao facto de que o próprio estabelecimento do Federal Reserve System foi uma flagrante violação da Constituição americana, a qual afirma claramente que só o Congresso está autorizado a emitir moeda, não um grupo de proprietários privados.

Cenário da "fuga do dólar"

O Federal Reserve System preservou sua influência ao longo de todo o século porque houve procura do US dólar produzido pelas suas impressoras, no país e além das suas fronteiras. Todos os esforços da política externa dos EUA desde o começo do século XX até o princípio do XXI centraram-se na promoção da mercadoria produzida pelas máquinas de impressão do Federal Reserve. Foi isto que levou ao desencadeamento de duas guerras mundiais e a um bocado de conflitos locais. Não era difícil manter a produção do Federal Reserve System com a procura pós II Guerra Mundial, quando o mundo obtinha a maior proporção de bens comprando-os aos EUA e dando dólares em contrapartida. Os EUA eram o maior accionista do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que promoviam o processo de "dolarização". Isto constituía o cerne do Plano Marshall com o lançamento de múltiplos programas de ajuda externa estado-unidenses.

Graças à política de Kissinger para o Médio Oriente, apoiada pelo poder militar dos EUA, em 1973-1975 Washington conseguiu introduzir as bases do padrão petróleo-dólar. O mundo começou a vender o "ouro negro" apenas por dólares. Os mercados financeiros mundiais começaram a prosperar na segunda metade do século XX e os "instrumentos financeiros" eram predominantemente vendidos também em US dólares.

A procura pelo dólar começou a cair nos últimos anos. A competição com outras divisas começou. O euro, o yuan e as divisas alheias à lista das moedas de reserva desafiaram a nota verde. Tentando livrar-se da dependência do dólar, líderes de outros países muitas vezes faziam declarações extremas as quais são percebidas pelos donos do Federal Reserve System como apelos ao boicote do padrão petróleo-dólar. No seu tempo, Saddam Hussein recusou-se a vender o "ouro negro" por dólares e comutou para pagamentos em euro. Washington respondeu imediatamente; a revolta resultou no derrube de Saddam Hussein e a sua posterior execução. Algum tempo depois o mesmo destino foi reservado a Muammar Qaddafi, o qual havia planeado abandonar o dólar pelo dinar dourado. Os planos de Washington fracassaram quando chegou a vez do Irão. As sanções estado-unidenses foram impostas há longo tempo (1979). Mas o país era um osso duro de roer. O Irão recusou-se terminantemente a utilizar o US dólar para transacções externas (deveria ser notado que todas as transacções tramitam através do sistema bancário dos EUA e são controladas pelo Federal Reserve System). Isto é um precedente perigoso, um exemplo que pode ser seguido por outros estados. Passos cautelosos para gradualmente afastar-se do dólar começaram a ser tomados pela China. Pequim concluiu uma série de acordos com outros países para utilizar divisas nacionais no comércio externo. Exemplo: está em vigor um acordo entre Pequim e Tóquio que prevê a utilização do yuan e do yen para as transacções comercias China-Japão pondo de lado todas as outras divisas, incluindo o US dólar. Estes eventos poderiam ser caracterizados como uma emancipação gradual em relação ao US dólar, processo que a qualquer dado momento pode tornar-se uma fuga da divisa dos Estados Unidos. Neste caso, o Federal Reserve System pode não morrer de imediato, mas tornar-se-á nada mais do que um banco central comum com operações limitadas apenas pelos desenvolvimentos económicos internos.

O cenário do "Federal Reserve System" fora do negócio

Alguns anos atrás ninguém poderia imaginar um cenário que considerasse a bancarrota do Federal Reserve System. Mas os apuros do FRS começaram a agravar-se rapidamente a partir de 2010 devido à implementação da política da facilidade quantitativa (quantitative easing). Anunciando o objectivo de restaurar a economia nacional e promover o emprego após a crise financeira, o Federal Reserve System continuou a aumentar a produção das suas impressoras. O mecanismo é tão simples quanto podia ser: o Federal Reserve System troca a sua produção de papel por diferentes espécies de títulos oferecidos por bancos americanos (US$85 mil milhões por mês durante o ano passado). Os papéis incluem títulos do Tesouro dos EUA ou títulos hipotecários. Estes últimos não são senão pedaços de papel que os financeiros chamam "activos tóxicos" no seu jargão profissional. O preço de mercado é extremamente baixo (de vez em quando flutua em torno de zero), mas o Federal Reserve System adquire-os ao seu valor facial ou quase ao custo nominal. O FRS só pode vender "activos tóxicos" a operar com prejuízo. A acumulação de tais "activos" criará uma bolha inchada de forma monstruosa. Há bolhas imobiliárias e cambiais, agora emergirá um novo tipo de bolha. Não se trata apenas dos papéis hipotecários; os títulos do tesouro também podem causar problemas. Hoje o Federal Reserve System paga um alto preço por títulos do tesouro mas amanhã o seu preço de mercado pode afundar. Assim o FRS terá prejuízo ao vendê-los. Qualquer organização comercial utilizará o seu próprio capital como uma reserva de prontidão para cobrir perdas. O mesmo se passa para o Federal Reserve System. Mas neste caso é apenas um capital simbólico representando apenas 3-4 por cento dos activos actuais do FRS. A propósito, ele deve cumprir exigências de capital inicial mínimo (as exigências estão definidas e os procedimentos estipulados por documentos especiais do Comité de Supervisão Bancária do Banco de Pagamentos Internacional (Bank for International Settlements) ). Actualmente o Federal Reserve System está longe de cumprir com estas exigências. Os peritos sabem bem disto mas as discussões nunca saem do círculo estreito de iniciados que traram do negócio. Ninguém entre os peritos pode propor algo como um plano significativo para resgatar o Federal Reserve System da bancarrota iminente.

Cenário "bancarrota do governo"

O Federal Reserve System tem actuado como o salvador do governo estado-unidense. O FRS concede empréstimos ao Tesouro ao comprar títulos de dívida. Naturalmente, ele não é a única entidade a salvar o governo. Muitas outras organizações dos EUA têm adquirido títulos do tesouro ? bancos comerciais e de investimento, fundos de investimento, companhias de seguros, fundos de pensão. Os bancos centrais de outros países e ministérios das finanças até recentemente representavam metade das aquisições dos títulos do tesouro. Hoje a China, Japão, Arábia Saudita e alguns outros países com enormes reservas de ouro e divisas estrangeiras são os principais credores do governo dos EUA. A China e outros estão gradualmente a perder o desejo de acrescentar "papel verde" às suas reservas internacionais. No fim de 2013 um vice-governador do Banco da China fez uma declaração sensacional dizendo que a China já não era favorável à acumulação de reservas cambiais estrangeiras.

O Federal Reserve System tornou-se o principal prestamista (doador) do Tesouro dos EUA. No terceiro round da facilidade quantitativa, "QE3", o Federal Reserve System começou a comprar a fatia do leão dos papéis utilizados pelo governo para cobrir os buracos orçamentais (a fim de pagar o défice orçamental). Um círculo vicioso começou: o Federal Reserve dá ao Tesouro a "nota verde"; em retorno o Tesouro dá os títulos ao Federal Reserve. Isso parece-se a um moto perpétuo monetário. Este mecanismo "fechado" priva a economia americana e mundial da divisa necessária, funciona só para si mesmo. A falta da "nota verde" será exponencialmente compensada por outras divisas e seus substitutos.

Além disso, há mais uma armadilha à espera do governo dos Estados Unidos e do Federal Reserve System. O governo americano tem de utilizar o orçamento para amortizar a sua dívida. As taxas de juro actualmente estabelecidas pelo Federal Reserve System são cerca de zero. As taxas de juro dos títulos do tesouro (orientada pelas taxas do Federal Reserve System) também são extremamente baixas. Cerca de 7 por cento do dinheiro do orçamento é gasto com o reembolso das dívidas do governo. É aceitável. Mas vamos imaginar que as taxas de juro começam a crescer (mais cedo ou mais tarde elas inevitavelmente subirão). A percentagem do orçamento gasto no reembolso da dívida (pagamentos de juros) também aumentará. Peritos acreditam ser possível que 50 por cento do total do orçamento seria gasto para cobrir juros. Neste caso o moto perpétuo financeiro cessará porque atingirá um obstáculo natural como as receitas de impostos que abastecem o orçamento de estado dos EUA. Então o único cliente do Federal Reserve System ? o governo americano ? irá à bancarrota. Depois disso o próprio Federal Reserve System terá de abandonar o espectro.

Há outros cenários a serem considerados, todos eles relacionados com o Federal Reserve System, o dólar e os Estados Unidos ? os três pilares do sistema financeiro e político integrado. Todos eles são desfavoráveis aos proprietários do Federal Reserve System. Na verdade, exactamente a mesma situação foi enfrentada na primeira metade do século XX pelos proprietários do Banco da Inglaterra quando o US dólar começou a rivalizar com a todo-poderosa libra esterlina. A última oportunidade para os donos do Banco da Inglaterra preservarem "um lugar ao sol" foi desencadear uma guerra em grande escala. Receio que seja exactamente isso o que os actuais donos do Federal Reserve System tenham em mente.
23/Dezembro/2013

Nestes links podem ser descarregados gratuitamente os seguintes livros mencionados pelo autor:
Secrets of the Federal Reserve Bank
The Federal Reserve Conspiracy
The Unseen Hand. An Introduction to the Conspiratorial View of History

[*] Economista.

O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Uma estratégia que contemple a saída do euro BASENAME: canta-o-merlo-uma-estrategia-que-contemple-a-saida-do-euro DATE: Wed, 15 Jan 2014 22:13:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Salvador López Arnal
http://www.resistir.info/europa/lapavitsas_resenha_jan14.html

Um livro indispensável, assegura Alex Callinicos, para toda pessoa que tente compreender a implosão da União Europeia. Será que o professor do European Studies at King's College, de Londres, exagera? Não parece.

No mesmo sentido se pronuncia Stathis Kouvelakis na introdução do ensaio: "Isto nos leva ao ponto final mas provavelmente também o mais crucial do material reunido neste volume: não satisfeitos em oferecer uma análise pioneira das particularidades da crise capitalista dentro da eurozona, Lapavitsas e seus colaboradores do RMF foram um passo além, proporcionando o guião de uma estratégia alternativa. Este resumo começa com o incumprimento da dívida soberana... e amplia-se a uma saída unilateral do euro por parte dos países que não possam evitar o incumprimento, o que lhes permitiria recuperar o controle de uma parte da sua soberania nacional e escapar do cataclismo da desvalorização interna imposta pelas terapias de choque concebidas pela UE". (p. 25).

Crisis en la Eurozona [*] é uma versão revista de três relatórios sobre a crise da eurozona publicados online pelo Research on Money and Finance em Março e Setembro de 2010 e em Novembro de 2011 com os títulos "Empobrecendo-te a ti e ao teu vizinho", "A eurozona entre a austeridade e o incumprimento" e "Ruptura? Uma drástica saída da crise da eurozona".

Pode-se ler, se se considerar adequado, como um comentário crítico documentado a posições como aquelas defendidas por Yanis Varoufakis ? em entrevista realizada por Alessandro Bianchi [1] ? , compartilhada por amplos sectores da esquerda europeia, respondendo a uma pergunta sobre o "actual estado de coisas" na zona euro e se a melhor solução para os países europeus do Sul seria sair da moeda única. "Se pudéssemos voltar atrás no tempo, a melhor opção teria sido que os países meridionais, além da Irlanda, tivessem ficado fora da eurozona". Indubitavelmente, admite YV, "o comportamento dos poderes de facto, tanto no Norte como no Sul da Europa, dissiparam a fantasia, a que assistimos em torno de 2000, de que a eurozona evoluiria rumo a uma entidade federal, possivelmente depois de uma crise existencial ameaçar sua integridade". Dito sem rodeios, prossegue o economista grego, "nossas elites cometeram um pecado capital metendo nossas nações periféricas numa versão europeia do padrão ouro que, tal como o padrão ouro original, primeiro provocou entradas maciças de capital nas regiões de défice que incharam gigantescas bolhas e, segundo, provocou uma depressão permanente nos mesmos países do défice uma vez que arrebentaram as bolhas após o 1929 da nossa geração (ou seja, 2008)".

Aceite o anterior, admitindo o assinalado, "sair da nossa horrorosa união monetária não nos devolverá, nem sequer a longo prazo, aonde teríamos estado sem a princípio tivéssemos ficado fora". Uma vez dentro, pode ser que a fuga "empurre nossas cambaleantes economias para um precipício escarpado. Sobre tudo se se faz descoordenadamente, país por país". Por que? Porque ao contrário da Argentina em 2002 ou da Grã-Bretanha em 1931, sair da eurozona não é só questão de romper o ajuste entre nossa própria moeda e outra estrangeira. Não temos uma moeda com que desemparelharmos". Ter-se-ia necessariamente que criar "uma moeda (uma tarefa que leva no mínimo de 8 a 10 meses para completar) com o objectivo de desemparelhá-la ou desvalorizá-la". Esse atraso entre o anúncio de uma desvalorização e seu cumprimento efectivo "bastaria para devolver nossas economias à Idade da Pedra".

À Idade da Pedra é expressão de YV.

Crisis en la eurozona pretende corroborar, pois, a consideração de Vicenç Navarro na sua coluna "Domínio Público" de 31/Outubro/2013 [2] . Este escrito, aponta o professor da UPF, "assinala a necessidade e urgência de debater os méritos e deméritos de permanecer no euro, com a análise dos benefícios e custos que isso implicaria, comparando-o com os custos e benefícios de nele se manter". É urgente que se abra um debate na Espanha sobre o mérito ou demérito de sair do euro. É muito criticável, assinala VN, "que apenas exista debate sobre este tema. Inclusive em amplos sectores da esquerda apenas aparecem artigos que questionam a permanência da Espanha no euro. Daí que tal debate deveria verificar-se com ênfase especial entre as esquerdas, sem insultos, sarcasmos ou sectarismos". Entre nós, Pedro Montes ou Alberto Montero Soler (e em algumas ocasiões Juan Torres López) apoiam esta consideração.

Do mesmo modo, sustenta o doutor Navarro, "aqueles da esquerda que se opõem a sair do euro não estão a indicar como o maior problema económico (além de social) que a Espanha tem, ou seja, o desemprego, poderá ser resolvido neste país". As propostas mais avançadas neste sentido, prossegue VN, "são as propostas da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), que avançam políticas públicas de clara orientação expansiva" com as quais ele está totalmente de acordo. Para realizá-las e levá-las a cabo, conclui, "exigem-se mudanças substanciais no contexto político do establishment que governo tanto a eurozona como o euro". A arquitectura institucional da eurozona é, por concepção e vontade dos seus dirigentes, "liberal, e é dificílimo que isso mude, condenando a Espanha ao desemprego e precariedade por muitíssimos anos". Se alguém se opõe a sair do euro, "deveria explicar como pensa resolver o enorme desemprego e a grande descida dos salários na Espanha".

Não é o único a pensar assim. Luciano Canforam transita por um caminho quase idêntico em "Cómo salir vivos de la trampa", um texto recolhido em La historia falsa y otros escritos [3] . Agora que o processo foi completado, assinala o estudioso italiano, com a criação do novíssimo Sistema Autoritário Europeu e o partido orgânico subdividido em fracções devidamente "coesionadas" não tem motivos para labutar demasiado em contendas eleitorais, a pergunta essencial é saber "sobre que ombros recairá a tarefa de propor de novo a defesa da justiça social (art. 3 da nossa Constituição) contra a lógica do lucro?" LC recorda o comentário do ex-ministro Tremonti: uma vez escritas as regras de Maastricht, Jacques Attali, um dos seus autores, comentou: "escrevemo-las de tal maneira para que ninguém possa tentar sair da moeda única". Depois de 12 anos de tudo isso, e visto que a moeda única, com tudo o que implica de carnificina social, "defende-se com a força pública e com a chantagem, a pergunta colocada anteriormente parece não só necessária como premente" na sua mais que razoável opinião.

Em termos simples, o grande classicista italiano assim resume o estado da questão: "é indispensável que renasça uma esquerda, ainda que isto corra o risco de acontecer (se acontecer) no pior contexto possível... Uma vez que o problema mais grave e urgente como sairmos vivos da armadilha do euro e dos "parâmetros de Maastricht", é evidente que um eventual ressurgimento da esquerda deveria ser cimentado sobre este terreno difícil, propor soluções factíveis, lutar para levá-las a cabo".

Voltemos pois ao texto de Costas Lapavitsas. Não é possível aqui fazer um relato pormenorizado dos conteúdos e teses deste ensaio. Como ilustração resumo o conteúdo do segundo capítulo: "A crise da eurozona tem muitos aspectos, mas é também sem dúvida uma crise de dívida". Nesta parte do livro analisam-se "as fontes, a natureza e as razões da acumulação de dívida na eurozona, especialmente depois do começo da crise financeira global". Argumenta-se a seguir que, perante uma enorme e crescente montanha de dívida, "os governo têm duas opções: deixar de pagar os serviços públicos e reduzir a despesa pública (austeridade) ou deixar de pagar aos possuidores de títulos. A última alternativa significa o incumprimento, que além disso poderia verificar-se segundo as condições ditadas pelo credor ou pelo devedor" (p. 115). Não é preciso indicar a opção tomada ? ou que foram obrigados a tomar ? pela maioria dos governos europeus.

Sobre a situação actual e as apostas das classes dirigentes europeias assinala-se o final do primeiro capítulo: "Não há sinais de que os capitalistas dos países periféricos sejam capazes de tal actuação. Trata-se de uma tarefa especialmente complicada devido ao facto de que os referidos países normalmente têm estruturas produtivas de tecnologia intermédia, ao passo que os salários reais estão acima dos seus competidores na Ásia e em outros lugares". Em consequência, existe o risco de que uma saída conservadora da situação somada a uma (neo)libertação conduza "a um estancamento prolongado acompanhado de episódios de inflação, desvalorizações sucessivas e uma lenta erosão dos rendimentos do trabalho. Daí que, na periferia, as classes dirigentes tenham em geral preferido a opção de permanecer na eurozona e transferir os custos para os trabalhadores" (p. 109).

A saída progressista da zona euro ? "uma saída sujeita a uma reestruturação drástica da economia e da sociedade" ? é vista nos seguintes termos (uma opção que não se nega que naturalmente implicaria um importante choque económico): "verificar-se-ia uma desvalorização, a qual descarregaria parte da pressão do ajuste ao melhorar a balança comercial, mas também dificultaria muito enfrentar a dívida externa". Por tudo isso seria necessário a suspensão de pagamentos e a reestruturação da dívida. "O acesso aos mercados internacionais tornar-se-ia extraordinariamente complicado. Os bancos ficariam sob uma forte pressão e tendo que enfrentar a quebra. A questão, contudo, é que estes problemas não têm que ser enfrentados da habitual maneira conservadora" (p. 110).

Não, é claro que não têm de sê-lo. "A combinação de banca pública e controles sobre a conta de capital colocaria de imediato a questão da propriedade pública sobre áreas da economia. Os pontos fracos subjacentes à produtividade e à competitividade já ameaçam a viabilidade de sectores completos de actividade económica nos países periféricos". A propriedade pública, uma velha identidade da esquerda transformadora não cooptada pelo neoliberalismo, seria necessária para evitar o colapso. "Os âmbitos específicos que se colocariam sob propriedade pública e inclusive a forma que esta tomaria dependeriam das características de cada país. Mas os serviços públicos, o transporte, a energia e as telecomunicações seriam os principais candidatos, pelo menos com o objectivo de apoiar o resto da actividade económica" (p. 111).

OS CUSTOS DE PERMANECER NA EUROZONA

De facto, tal como se assinalou, a maneira correcta de tratar o tema do euro não passa por perguntar os custos económicos e sociais de sair da moeda única. Não, não é este o ponto. "Essa é a colocação das forças conservadoras e em particular dos poderes económicos. Temos que começar por analisar os custos de permanecer na eurozona porque depois de aceitar a dura medicina dos cortes salariais, da redução da despesa pública, da subida de impostos, das privatizações e da destruição do Estado de bem-estar continuamos com uma perspectiva de estagnação económica a longo prazo". Para CL é imprescindível abandonar o euro para evitar esta estagnação, "o aumento da pobreza, a perda de direitos democráticos e de soberania nacional nos países periféricos". Não há nenhuma dúvida do seu ponto de vista de que o euro é insustentável a longo prazo. "A União Económica e Monetária representa um fracasso histórico gigantesco, que se tentou manter assumindo enormes custos sociais ao longo dos três últimos anos". Em lugar de continuar a adoptar medidas baseadas na austeridade (neoliberal) e contra o interesse dos trabalhadores e trabalhadoras, "há que tomar o controle da banca e dos fluxos de capital, o que é perfeitamente possível porque a própria UE o fez no caso de Chipre". Pode-se, pode-se. Uma medida, acrescenta, que evitaria também os ataques dos mercados e a fuga de capitais, "uma ameaça real mas com a qual tão pouco se deve exagerar".

CL insta as organizações de esquerda que pretendam continuar a ser de esquerda a que corrijam sua visão sobre a Europa, assim como também sobre o papel dos Estados modernos e a forma mais adequada para criar "um internacionalismo mais eficaz para enfrentar este ataque, sem precedentes, do capitalismo". O internacionalismo, outra noção chave da esquerda. Há mais de trinta anos, Manuel Sacristán exprimia-se nestes termos:

"O marxismo converteu-se num fenómeno universal, mais como método de solução de todos os problemas. Neste momento, a tendência é para uma interiorização, para uma nacionalização da política... No entanto, marxismo não entendeu nem as autonomias, nem os nacionalismos e muito menos os elementos subjectivos, psicológicos das sociedades. Acredita que esta crise do marxismo é definitiva?", foi-lhe perguntado. A sua resposta:

"A nacionalização da política é um dos processos que mais depressa podem levar-nos à hecatombe nuclear. O internacionalismo é um dos valores mais dignos e bons para a espécie humana com que conta a tradição marxista. O que passa é que o internacionalismo não se pode praticar realmente senão sobre a base de outro velho princípio socialista, que é o da auto-determinação dos povos... Tudo o mais que diz o Sr. nesta pergunta é pura moda neo-romântica irracionalista, efeito da perda de esperanças revolucionárias".

Na página final do livro acolhe-se uma citação de David Graeber: "Se a História mostra algo é que não há melhor maneira de justificar as relações baseadas na violência, de fazê-las que pareçam mortais, do que redefini-las na linguagem da dívida, sobretudo porque imediatamente faz com que pareça que é a vítima que está a fazer algo mau". Não está mal, nada mal, para encerrar este excelente ensaio nem sequer esta pobre aproximação que aspira, basicamente, chamar a atenção sobre a importância deste trabalho de Costas Lapavitsas e dos seus companheiros do RMF.

PS: Permito-me recomendar como leitura complementar, mais essencial e frutífera que este comentário, o artigo recente de Alberto Montero Soler: Salir de la pesadilla del euro , outro dos nossos economistas essenciais, outro dos economistas-mais-que-economistas hispânicos que navegam lucidamente contra a corrente (por enquanto) ainda maioritária.
05/Janeiro/2014

Notas
[1] www.lantidiplomatico.it, 13 de octubre de 2013 (Traducción: Lucas Antón). www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=6370
[2] www.vnavarro.org/?p=9952
[3] Luciano Canfora, La historia falsa y otros escritos. Capitán Swing, Madrid, 2013 (Traducción de Inés Campillo Poza, Antonio Antón y Regina López Muñoz), pp. 33-34.

[*] Costas Lapavitsas, Crisis en la eurozona , Capitán Swing, Madrid, 2013, 320 p., ISBN: 978-84-941690-2-1

Lapavitsas em resistir.info:
Crise na Zona Euro , 02/Jul/12
"A Grécia tem de sair do euro e declarar a moratória da dívida" , 12/Jun/12,
A saída do euro como solução para a crise da dívida pública , 07/Jul/10
A crise do euro e a crise sistêmica global , 15/Jun/13
A crise sistémica do euro , 17/Jul/13
Para Portugal, o tempo está a esgotar-se , 11/Abr/12
Ruptura ? Uma via para sair da crise da Eurozona , 11/Nov/11
"O BCE não é a solução mágica para a crise da eurozona" , 03/Jan/12
Depois da Europa connosco , 18/Ago/12

O original encontra-se em http://www.lahaine.org/index.php?p=74246

Esta resenha encontra-se em http://resistir.info/ .

----- COMMENT: AUTHOR: Francisco [Visitante] DATE: Wed, 15 Jan 2014 23:43:53 +0000 URL: https://www.facebook.com/groups/escudocplp/?bookmark_t=group

Talvez o problema da esquerda seja mesmo essa fixação quase traumática com o “internacionalismo” e é exactamente nessa fixação que a cegueira face aos problemas locais e nacionais surge. Só existe democracia na localidade, entre as pessoas que se conhecem e compratilham laços de agregação e esses são a nível nacional nas pequenas nações a a nível regional nas grandes nações advindas de impérios idos.

A esquerda deve-se não nacionalizar mas perceber a proponderância da comunidade onde está fundamentada a democracia e os laços que a sustentam, i.e., a Nação.

A esquerda faria uma revolução se se unisse aos argumentos da direita na luta por derrubar o ultraliberalismo pagão ancorado à manipulação financeira da emissão monetária…

Há que ter coragem para exigir um sistema monetário integro à comunidade. Diga-se este é o argumento liberal para contestar os ultraliberais.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sair do pesadelo do euro BASENAME: canta-o-merlo-sair-do-pesadelo-do-euro DATE: Fri, 03 Jan 2014 22:27:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=178915&titular=salir-de-la-pesadilla-del-euro-
por Alberto Montero Soler

I

Passam os meses, convertem-se em anos e as possibilidades de que os países periféricos da Euro-zona superem esta crise por umha via que nom seja umha soluçom de ruptura se afastam cada vez mais do horizonte.

Fronte a quem mantem que existem vias de reforma capazes de enfrontar a actual situaçom de estrago económico e social, a realidade empenha-se em demonstrar que a viabilidade dessas propostas requer de umha condiçom prévia inescusável: a modificaçom radical da estrutura institucional, das regras de funcionamento e da linha ideológica que guia o funcionamento da Euro-zona.

O problema de fundo é que esse marco resulta funcional e essencial para o processo de acumulaçom do grande capital europeu; mas, também, e é algo que devemos manter permanentemente presente, para que Alemanha consolide tanto o seu papel protagónico na Europa como ao que aspira na nova geopolítica multipolar em construçom. Neste sentido, podem expor-se ao menos dous argumentos básicos que reforçam a tese da necessidade da ruptura do marco restritivo imposto polo euro se se deseja abrir o leque de possibilidades para optar a umha saída desta crise que permita umha mínima possibilidade emancipatória para o conjunto dos povos europeus.

O primeiro argumento é que a soluçom que se está impondo fronte a esta crise desde as elites dominantes a nível europeu é, em sim mesma, umha soluçom de ruptura por sua parte e ao seu favor. As políticas de austeridade constituem a expressom palmaria de que essas elites se encontram em tal posiçom de força com respeito ao mundo do trabalho que podem permitir-se romper unilateral e definitivamente o pacto implícito sobre o que se criaram, crescido e mantido os Estados de bem-estar europeus. Essas elites sabem perfeitamente que umha classe trabalhadora em precaridade, dês-ideologizada, dês-estruturada e que perdeu amplamente a sua consciência de classe é umha classe trabalhadora indefesa e sem capacidade de resistência real para preservar as estruturas de bem-estar que a protegiam das inclemências da mercantilizaçom dos satisfactores de necessidades económicas e sociais básicas. As concessons feitas durante o capitalismo fordista de postguerra estám em transo de ser revertidas porque, ademais, na privatizaçom dessas estruturas de bem-estar existe um nicho de negócio capaz de facilitar a recuperaçom da queda na taxa de ganho.

O segundo argumento é que nom pode se esquecer, como parece que se fai, a natureza adquirida polo projecto de integraçom monetária europeu desde que se criou e começaram a actuar as dinâmicas económicas que o mesmo promovia ao seu interior. O problema essencial é que a Euro-zona é um híbrido que nom avança no federal, com e por todas as conseqüências que isso teria em matéria de cessom de soberania, e mantém-se exclusivamente no terreno do monetário porque essa dimensom, junto à liberdade de movimentos de capitais e bens e serviços, basta para configurar um mercado de grandes dimensons que permite umha maior escala de reproduçom dos capitais, que elimina os riscos de desvalorizaçons monetárias competitivas por parte dos Estados e que facilita a dominaçom de uns Estados sobre outros sobre a base da aparente neutralidade que se lhe atribui aos comprados.

Portanto, Europa -e, com ela, a sua expressom de ?integraçom? mais avançada que é o euro- converteu-se num projecto exclusivamente económico posto ao serviço da oligarquias industriais e financeiras europeias com o agravante de que, no processo, tenhem cooptado ao estamento político, tanto nacional como supranacional, seqüestrando com isso os mecanismos de intervençom política sobre a dinâmica económica e restringindo as margens para qualquer tipo de reforma que nom actue no seu benefício. Em conseqüência, este espaço dificilmente pode ser identificado e defendido polas classes populares europeias como a Europa dos Cidadaos à que em algum momento aspirou a esquerda.

II

De facto, existe umha série de elementos que explicam por que o euro fosse, desde a perspectiva dos povos europeus, um projecto errado desde o seu mesmo início: por umha banda, tanto as políticas de ajuste permanente que se articularam durante o processo de convergência prévio à introduçom do euro como as políticas que se mantivérom desde a sua entrada em vigor restringiram as taxas de crescimento económico com o conseqüente impacto sobre a criaçom de emprego; por outra parte, a ausência de umha estrutura fiscal de redistribuiçom da renda e a riqueza ou de qualquer mecanismo de solidariedade que realmente responda a esse princípio dificultou a reduçom dos desequilíbrios das condiçons de bem-estar entre os cidadaos dos Estados membros; e, finalmente, também deve ressaltar-se que as assimetrias estruturais existentes entre as diferentes economias ao começo do projecto tenhem-se agravado durante estes anos, reforçando a estrutura centro-periferia ao interior da Euro-zona e apontoando a dimensom produtiva da crise actual.

Se a todo isso se acrescenta o que as políticas encaminhadas a salvar o euro som políticas dirigidas a preservar os interesses da elite económica europeia em contra do bem-estar das classes populares, a resultante é que se reafirma a ideia do distanciamento acelerado da possibilidade de identificar à Euro-zona com um processo de integraçom que os povos europeus podam reconhecer como próprio e construído à medida das suas aspiraçons.

Pode concluir-se, entom, que o euro -e perceba-lho nom só como umha moeda em sim mesma, senom como todo um sistema institucional e umha dinâmica funcional posta ao serviço da reproduçom alargada do capital a escala europeia- é a síntese mais crua e acabada do capitalismo neo-liberal. Um tipo de capitalismo que se desenvolve no marco de um comprado único dominado polo imperativo da competitividade e no que, ademais, produziu-se um esvaziado das soberanias nacionais -e nom digamos das populares-, em benefício de umha tecnocracia que actua politicamente a favor das elites europeias quebrando as condiçons de bem-estar das classes populares.

E se coincidimos em que para estas últimas a criaçom do euro trata-se de um projecto errado, a questom que imediatamente se expom é que podem fazer, ao menos as dos países periféricos sobre os que está a recair com maior intensidade o peso do ajuste, fronte a um futuro tam pouco esperançado e no que as opçons de reforma num sentido solidário vam-se bloqueando com cadeados cada vez mais férreos. A resposta a esta questom vai depender de qual seja a concepçom que se tenha da crise actual, das dinâmicas que a mantem activa e das perspectivas de evoluçom das relaçons políticas e económicas ao interior da Euro-zona que pudessem reverter a situaçom actual ou, em sentido contrário, consolidá-la.

III

Ao meu modo de ver, a crise apresenta nestes momentos duas dimensons dificilmente reconciliáveis e que facilitam a consolidaçom do status quo actual.

A primeira dimensom é financeira e centra no problema do endividamento generalizado que, no caso da maior parte dos países periféricos, iniciou-se como um problema de dívida privada e converteu-se num de dívida pública quando se resgatou -e, portanto, se socializar- a dívida do sistema financeiro. Os níveis que alcançou o endividamento, tanto privado como público, som tam elevados que é impossível que essa dívida possa se reembolsar completa, e isso é algo do que se deve ser plenamente consciente polas suas conseqüências práticas. Disso, e do feito de que, privados de moeda nacional e com umhas taxas de crescimento do cociente dívida/PIB muito superiores às da taxa de crescimento económico, o ónus da dívida fai-se insustentável e converte numha bomba de relojoaria que em algum momento estalará sem remédio.

A segunda dimensom é real e concretiza nas diferenças de competitividade entre as economias centrais e as economias periféricas. Essas diferenças encontram-se, entre outros factores, na origem da crise e o problema de fundo é que nom só nom estám a diminuir senom que se estám alargando. É mais, a leitura da reduçom dos desequilíbrios externos das economias periféricas ao interior da Euro-zona como um sintoma de que estamos em trânsito de superaçom da crise é manifestamente perversa porque desconsidera a tremenda repercussom do estancamento económico sobre as importaçons.

O vínculo de conexom entre ambas as dimensons da crise constitui-o a posiçom dominante alcançada polos países centrais fronte aos periféricos e, em concreto, a posiçom alcançada por Alemanha no conjunto da Euro-zona, nom só relevante polo seu peso económico senom também polo seu controlo político das dinâmicas de ré-configuraçom da Euro-zona que se estám desenvolvendo com a escusa de ser soluçons fronte à crise mas que actuam, aliás, reforçando a sua hegemonia.

Se a isso se acrescentam as peculiaridades da sua estrutura produtiva, caracterizada pola debilidade crónica da sua demanda interna -e, portanto, pola existência recorrente de excesso de poupança nacional- e a potência da sua demanda externa -fundamento dos seus superavit comerciais contínuos-, comprovaremos como o que parecia um círculo virtuoso de crescimento para toda a Euro-zona acabou-se convertendo num jugo sobre as economias periféricas, principal destino dos fluxos financeiros através dos que Alemanha rendibilizava os seus excedentes de poupança interno e comerciais reciclándo-los em forma de dívida externa que colocava nas supra-citadas economias.

Dessa forma, Alemanha reconverteu a sua posiçom credora numha posiçom de dominaçom case hegemónica que lhe permite impor as políticas necessárias aos seus interesses. Isto implica, na prática, que qualquer soluçom de natureza cooperativa para resolver a crise é automaticamente rejeitada enquanto que se reforçam, ao invés, as formulaçons de natureza competitiva entre economias cujas desigualdades em termos de competitividade já se demonstraram insustentável num marco tam dissímil e assimétrico como o da Euro-zona.

E, assim, resulta tam trágico como desolador assistir à aquiescência com a que os governos da Euro-zona periférica assumem e aplicam políticas que estám a agravar as diferenças estruturais preexistentes e que, portanto, nom fai senom acentuar as diferenças em termos produtivos e de bem-estar entre o centro e a periferia sem que possa existir nengum viso de soluçom através das mesmas: os processos de deflaçom interna nom só minguam a capacidade adquisitiva das classes populares senom que, ademais, elevam o ónus real da dívida a nível interno tanto da dívida privada (pola via da deflaçom salarial) como da dívida pública (polo diferencial entre as taxas de crescimento do produto interno bruto e da dívida pública), com o agravante acrescentado de que qualquer apreciaçom do tipo de mudança do euro traduz numha erosom dos ganhos de competitividade espúrias conseguidas pola via da deflaçom salarial. Trata-se, portanto, de um caminho para o abismo do sub-desenvolvimento.

É por isso que, se nom se produzem mudanças estruturais radicais (que passam todos eles por mecanismos de transferências fiscais redistributivas), a Euro-zona consolidará-se como um espaço assimétrico de acumulaçom de capitais no que as economias periféricas se verám condenadas a desenvolver-se em algumha das soluçons de equilíbrio sem crescimento possíveis, por utilizar um eufemismo economicista, ou, no pior dos casos, aquela acabará saltando parcial ou totalmente polo ar.

O problema é que essas reformas radicais nom só nom aparecem na agenda europeia, senom que som sistematicamente vetadas por Alemanha. De facto, acho que é facilmente constatável como nestes momentos, no seio da Euro-zona, existem tensons entre os interesses das elites económicas e financeiras europeias e os das classes populares do conjunto da Euro-zona, mais intensas no caso das dos Estados periféricos; entre os interesses da Alemanha e outros Estados do centro e os dos Estados da periferia; e entre as propostas de soluçom das crises impostas polas supra-citadas elites e Estados e a lógica económica mais elementar, a que fica expressada nas principais identidades marco-económicas que recolhem a interrelaçom entre os balanços dos sectores privado, público e externo das economias da Euro-zona. Todas essas tensons, devidamente geridas por quem possuim o poder nos diferentes âmbitos de expressom do mesmo, som funcionais à consolidaçom de umha Euro-zona assimétrica, no sentido já assinalado, e dominada por Alemanha.

IV

Mas, ademais, essas tensons cegam a possibilidade de umha saída à crise para as classes populares que nom seja de ruptura, tal e como se apontou ao começo deste texto. O problema apresenta-se quando quem unicamente estám a expor essa possibilidade de ruptura unilateral, de saída do euro, somos partidos nacionalistas de extrema direita, apropriando-se de um sentimento de insatisfaçom popular crescente contra o euro, fronte a umha esquerda que segue invocando a opçom por umhas reformas que confrontam directamente com os interesses de quem pugérom ao seu serviço as potencialidades de dominaçom imperial pola via económica que facilita o euro. Desde esse ponto de vista, seria oportuno deixar de visualizar ao euro meramente como umha moeda e passar a assimilá-lo a umha arma de destruiçom maciça que está a destruir nom só o bem-estar dos povos europeus senom, também, o sentimento europeísta baseado na fraternidade entre esses povos que tanto trabalho custou construir.

O problema de credibilidade agrava-se para a esquerda quando, para promover as reformas necessárias, apela-se à activaçom de um sujeito, a ?classe trabalhadora europeia?, que actue como vanguarda na transformaçom da natureza da Euro-zona. E é que a situaçom da classe trabalhadora na Europa nunca se encontrou mais deteriorada no que a consciência e identidade de classe refere-se, sem que isso mingüe um pisco o facto incontestável de que a relaçom salarial segue sendo a pedra de toque essencial do sistema capitalista. Como escrevia recentemente Ulhrich Beck, vivemos a tragédia de estar em momentos revolucionários sem revoluçom e sem sujeito revolucionário. Aí é nada.

Em todo o caso, o horizonte clarificar-se-ia se a esquerda fosse capaz de dar umha resposta crível a umha questom que se nega a considerar e que, contodo, pode manifestar-se mais pronto que tarde no palco europeu e, concretamente, na Grécia: que poderia fazer um governo de esquerdas que alcançasse o poder num único país da periferia- Deveria esperar a que estivessem dadas as condiçons objectivas no resto da Euro-zona para proceder à sua reforma, sendo conscientes que isso exige o voto unânime de 27 Estados, ou deveria aproveitar a janela de oportunidade que a história lhe permitiu abrir e promover a saída desse Estado do euro-

Evidentemente, a resposta nom é fácil mas também nom cabe fazer-se armadilhas ao solitário. Para isso é necessário reconhecer de partida que, no marco do euro, nom há margem algum para políticas realmente transformadoras que actuem em benefício das classes populares. É mais, atrever-me-ia a afirmar que nesse marco nom há margem algum para a política porque esta foi seqüestrada polo tipo de institucional idade desenvolvida para dar carta de natureza a umha moeda que carece detrás de qualquer tipo de projecto de construçom de umha comunidade política integradora dos povos da Europa. É por isso que resulta um contra-senso reclamar processos constituintes quando a condiçom de possibilidade prévia para que esse processo possa realizar-se com plenitude é a ruptura com o marco institucional, político, económico e legal que impom o euro. umha comunidade só pode refundar-se através de um processo constituí-te se o fai sem restriçons de partida prévias, impostas desde fora e que actuam, para mais inri, em detrimento dos interesses das mesmas classes populares que reclamam esse processo constituinte.

Ou, por dizê-lo noutros mos ter, a ruptura com o euro nom é condiçom suficiente mas sim necessária para qualquer projecto de transformaçom social emancipatório ao que poda aspirar a esquerda. Portanto, reivindicar a revoluçom em abstracto e, simultaneamente, tratar de preservar a moeda europeia e as instituiçons e políticas que lhe som consubstanciais nesta Europa do Capital até que se dem as condiçons europeias para a sua reforma, constitui umha contradiçom nos termos que resta credibilidade ante umhas classes populares que parecem identificar ao inimigo com maior claridade que os dirigentes da esquerda.

É por isso que até que essa contradiçom nom seja assumida e superada e os discursos políticos e económicos sejam ambos de ruptura e corram em paralelo; até que a saída do euro seja percebida nom só como um problema, senom também como parte da soluçom à situaçom dependente das economias periféricas ao abrir o horizonte de possibilidades para se recompor como economias e buscar a sua senda de desenvolvimento na produçom e provisom de bem-estar de umha forma mais auto-centrada e menos dependente da sua inserçom na economia mundial; até que deixe de atenazar-nos o medo a romper as correntes do euro por carecer de certezas absolutas sobre como poderia ser a vida fosse do mesmo, da mesma forma que atenazava a quem se negavam a romper com o patrom ouro trás a Grande Depressom dos anos trinta do século passado; até que todo isso nom ocorra só me fica prognosticar, com pesar, um comprido período de sofrimento social e económico para os povos e trabalhadores da periferia europeia.

Alberto Montero Soler (Twitter: @amonterosoler) é professor de Economia Aplicada da Universidade de Málaga. Podes ler outros textos seus no seu blog A Outra Economia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Galiza: O saqueio do dinheiro público converte as máfias familiares em milionárias. BASENAME: canta-o-merlo-galiza-o-saqueio-do-dinheiro-publico-converte-as-mafias-familiares-em-milionarias DATE: Sun, 22 Dec 2013 18:55:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Escandalosas adjudicaçons de Feijóo à empresa da sua irmá
Eulen foi beneficiada durante todo 2013 com contratos de diferentes conselharias da Junta e a Televisom Galega

O Governo de Alberto Núñez Feijóo mantém as suas adjudicaçons milionárias à empresa Eulen, da que é apoderada Micaela Núñez Feijóo, irmá do presidente autonómico. Segundo reflecte a web da Junta www.contratosdegalicia.es, o citado grupo de empresas recebeu este ano contratos desde diferentes conselharias e da Televisom galega.

Perto de 800.000 euros em Janeiro e Março

Em Janeiro, a empresa da irmá de Feijóo foi adjudicaria de um contrato de 207.940,00 euros sem IVE da Conselharia de presidência para o serviço de vigilância e segurança em vários edifícios judiciais da Junta. Três meses depois, em Março conseguiu o contrato de serviços de portaria , manutençom e limpeza das instalaçons desportivas autárquicas da Câmara municipal de Fene, por 577.025,48 euros sem IVE.

Maio, um mês de ouro

Em maio passado, a Televisom da Galiza adjudicou-lhe a Eulen o contrato para o serviço de segurança por perto de um milhom de euros sem IVE, exactamente, de 930.000 euros. Nom foram as únicas adjudicaçons desse mês. Também conseguiu o serviço de limpeza de edifícios e locais autárquicos da Câmara municipal de Sada por 709.061 euros e o contrato da conselharia de Trabalho e Bem-estar para a gestom do serviço público denominado Pontos de Encontro Familiar de Pontevedra e Vigo", por um custo de 357.000 euros.

Mais contratos em Setembro

Em Setembro, Eulen foi beneficiada com a manutençom do edifício administrativo da Escola Galega de Administraçom Pública (EGAP), por 41.500 euros e, ademais, recebeu da Conselharia de Trabalho e Bem-estar a adjudicaçom do serviço de controlo das instalaçons do Centro Coordenador de Informaçom e Documentaçom Juvenil, por 21.340, 80 euros.

As polémicas adjudicaçons à sobrinha de Romay Beccaría

Feijóo manteve as adjudicaçons à empresa da sua irmá depois dos contratos milionários que lhe concedeu em 2012, como informou ELPLURAL.COM.

Nom som as únicas adjudicaçons questionáveis do presidente galego, que em Janeiro deste ano deu o contrato para o desenvolvimento do portal das entidades locais da Galiza, um plano cofinanciado polo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, à empresa Atos Origin, da que é apoderada a sobrinha de José Manuel Romay Beccaría, presidente do Conselho de Estado. umha adjudicaçom de 455.000 euros.

Umha empresa com sede em Madrid

Segundo denunciou a Galiza Confidencial, a empresa da sobrinha de Romay Beccaría, com sede em Madrid, recebeu quase meio milhom de euros por actualizar umha web já existente.

Há um mês, a mesma agência da Junta contratava a Atos para um "serviço complementar de evoluçom e manutençom de sistema de gestom de pessoal da Junta" por 135.755 euros sem IVE. Segundo comprovou o citado diário, no Registro Mercantil, Cármen Martin de Pozuelo Romay é a apoderada desta consultora, que suma 4,6 milhões em contratas do Governo galego, 312.000" mediante encargos adjudicados a dedo.

Colaboradora de Feijóo em Correios

Martin de Pozuelo é sobrinha de Romay Beccaría, presidente do Conselho de Estado. Feijóo fichou-na para a sua equipa quando dirigia Correios e também quando esteve como conselheiro de Política Territorial.

A Junta de Galicia, quanto menos, deu cinco contratos a Atos Origin a dedo desde que governa Alberto Nuñez Feijóo. No últimos quatro anos, a consultora alcançou ao todo mais de 4.5 milhões da administraçom autonómica.
----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Como as embaixadas ocidentais limitam as viagens dos cubanos BASENAME: canta-o-merlo-como-as-embaixadas-ocidentais-limitam-as-viagens-dos-cubanos DATE: Sat, 23 Nov 2013 06:26:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Viajar para o exterior é uma via-crúcis para os cubanos; mas não necessariamente pelos motivos que você imagina...

Por Salim Lamrani

Para viajar, cubanos são obrigados por embaixadas a ter uma quantidade de dinheiro muito acima do salário mínimo

Como todos os povos, os cubanos têm vontade de viajar e descobrir o mundo, seja como simples turistas ou para realizar um projeto pessoal ou profissional. Os obstáculos são numerosos quando se é procedente de um país do terceiro mundo, e ainda mais quando se vem dessa ilha do Caribe. Mas, ao contrário do que se pode pensa, as dificuldades não são de caráter financeiro ou político.
De fato, mesmo antes da reforma migratória adotada pelo governo de Raúl Castro em janeiro de 2013, que permite aos cubanos viajar sem autorização das autoridades, a imensa maioria das pessoas que solicitam essa permissão recebe uma resposta positiva de Havana. Assim, entre 2000 e 31 de agosto de 2012, de um total de 941.953 solicitações, 99,4% foram atendidas. Somente 0,6% das pessoas não obtiveram tal autorização.

Por outro lado, a imensa maioria dos cubanos que viaja ao exterior escolhe voltar ao país. Assim, das 941.953 pessoas que saem do território nacional, somente 12,8% decidiram se estabelecer no exterior, contra 87,2% que regressaram a Cuba (1).

A eliminação dos trâmites administrativos e burocráticos ? como a permissão de saída do território e a custosa carta-convite ?, assim como a ampliação da permanência de 11 a 24 meses, renovável indefinidamente por meio de uma simples petição em um consulado cubano no exterior, foram benéficas. Assim, de janeiro a outubro de 2012, 226.877 cubanos viajaram para o exterior, ou seja, um aumento de 35% em relação ao ano anterior (2).

Mas, agora, outro revés espera os cubanos: conseguir um visto. De fato, a obtenção do precioso documento é uma via-crúcis e constitui, hoje, a principal barreira para uma estada no exterior. As exigências são draconianas e as rejeições, numerosas.

Assim, um cubano que deseja viajar para a França tem de conseguir uma entrevista no consulado do país em Havana pelo menos um mês antes da partida, levando uma lista de documentos bastante precisa. São necessários ?uma carta de motivação por parte da pessoa que convida?, um ?atestado de acolhida da prefeitura ou a reserva do hotel com todos os gastos pagos?, uma ?cópia das últimas folhas de pagamento do garantidor ou uma declaração de imposto de renda recente?, ?toda prova de laço familiar com o hóspede?, ?cópia da carteira de identidade ou da permissão de residência na França do garantidor?, ?seguro de viagem válido durante toda a estadia?, ?confirmação da reserva de uma viagem organizada ou qualquer outro documento apropriado que indique o programa da viagem prevista?, e 60 euros para gastos administrativos, ou seja, o equivalente a três meses de salário em Cuba, não reembolsáveis.

As autoridades diplomáticas logo avisam ao potencial solicitante: ?a embaixada se reserva o direito de outorgar ou não o visto e não tem, de nenhuma forma até que o dossiê esteja completo, a obrigação de conceder um visto? (3).

As exigências são semelhantes para viajar para a Espanha. Também é necessária ?uma carta-convite de uma pessoa física, se [o turista] vai se hospedar em sua residência, expedida pela Delegacia de Policia correspondente ao lugar de residência?, a passagem de avião da volta e o mínimo de 64,53 euros diários (4).

Para os Estados Unidos, as restrições são ainda mais severas. O número de vistos concedidos é irrisório em relação às solicitações. No entanto, existe uma solução para os que não têm visto: a imigração ilegal. De fato, a Lei de Ajuste Cubano, de 1966, estipula que todo cubano que entre legal ou ilegalmente no território dos Estados Unidos, a partir de 1 de janeiro de 1959, consegue automaticamente o status de residente permanente, depois de um ano e um dia.

Durante anos, as potências ocidentais criticaram as autoridades de Havana, acusando-as de frear a liberdade de ir e vir dos cubanos. Agora vejam, enquanto Cuba suprimiu os obstáculos burocráticos como a permissão de saída e a carta-convite com a finalidade de facilitar as viagens de seus cidadãos, as embaixadas estrangeiras ergueram novas barreiras e exigem agora dos cubanos, além dos documentos habituais? uma carta-convite.

Referências bibliográficas:

(1)Cubadebate, «Cuba seguirá apostando em uma imigração legal, ordenada y segura», 25 de outubro de 2012
(2)Andrea Rodríguez, «Cubanos mais ao exterior por causa da reforma», The Associated Press, outubro de 2012.
(3)Ambassade de France à Cuba, «Les différents types de visas et les documents à présenter». http://www.ambafrance-cu.org/Les-differents-types-de-visas-et (site consultado no dia 7 de novembro de 2013
(4)Ministerio de Relaciones Exteriores, «Requisitos de entrada». http://www.exteriores.gob.es/Consulados/LAHABANA/es/InformacionParaExtranjeros/Paginas/RequisitosDeEntrada.aspx (site consultado no dia 7 de novembro de 2013).
*Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor-titular da Universidade de la Reunión e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se chama Cuba. Les médias face au défi de l?impartialité, Paris, Editions Estrella, 2013, com prólogo de Eduardo Galeano.

Contato: lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr
Página no Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sair do Euro, para sair do capitalismo BASENAME: canta-o-merlo-sair-do-euro-para-sair-do-capitalismo DATE: Mon, 04 Nov 2013 20:22:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/europa/sair_do_euro_decaillot.html
por Maurice Decaillot [*]

A zona em que o Euro foi imposto como moeda única hoje está claramente em dificuldade profunda, ameaçadora, provocando entre as populações inquietações gravosas. Generaliza-se a exigência de nos desembaraçarmos do fardo de pressões associados ao Euro.

Chegou o momento de olhar de frente as causas desta situação. Estas ultrapassam amplamente as origens que são geralmente admitidas, tais como a dominação dos mercados financeiros e suas crises, a ambição alemã de dominação europeia, às quais acrescentam-se as críticas, muitas vezes dirigidas aos eurocépticos, de fuga egoísta ou de utopismo.

AS CAUSAS DESTA SITUAÇÃO

Uma primeira causa, fundamental mas muito frequentemente mascarada, é procurar na prática generalizada da troca mercantil, cujos desequilíbrios seculares provocam hoje as diversas distorções económicas, sociais e políticas que se verificam. Esta troca mercantil foi objecto de consagrações institucionais sem precedente ao longo das últimas décadas, particularmente a partir do Tratado de Roma assinado em 1957 pelos promotores da Europa mercantil. Ele legitimou a concorrência livre descarada em toda a actividade social, a qual foi retomada e agravada desde então pelos outros tratados europeus, descrevendo como benéfica a pressão em baixa dos preços que dela resulta, com desprezo para com o reconhecimento social, humanamente fundamental, do trabalho das pessoas activas, e reduzindo a transacção da troca a uma relação entre o decisor poderoso e o destituído subordinado constrangido à aceitação do desequilíbrio.

Este desequilíbrio resultou, em cada país, ao longo dos anos, no agravamento das distorções sociais. O mesmo desequilíbrio resultou, nas relações entre países com características económicas e sociais diferentes, no aprofundamento das distorções económicas, afundando os países desfavorecidos na dependência, em benefício de oligarquias mundiais reforçadas.

Na mesma lógica, uma causa suplementar agravou a situação. Na Europa, após décadas de reforço destas tendências, o abandono das moedas nacionais e a passagem ao Euro pôs em concorrência directa, brutal, as pessoas de países com níveis de actividade visivelmente já diferentes, com a concorrência acentuada conduzindo os mais fracos, nomeadamente no Sul da Europa, a uma deterioração agravada da sua situação.

A concorrência mercantil não limita seus efeitos ao acentuar das distorções entre actores sociais. Ela também tem como efeito, ao desvalorizar amplamente as produções ditas competitivas, promover a guerra de todos contra todos, reduzir os rendimentos de actividades, sufocar produções, levar a reduções de salários, às eliminações de actividades e de empregos, ao enfraquecimento das remunerações e, assim, à deficiência dos mercados solváveis e ao seu próprio agravamento, ao esmagamento dos recursos necessários aos indispensáveis serviços públicos, em seguida ao recurso paliativo aos financiamentos especulativos considerados arriscados, às monopolizações (accaparements) oligárquicas de mercados e de posições dominantes por parte dos grupos poderosos. Recordemos desde já: longe da ideia por vezes afirmada de uma "destruição criadora", a ligeira vantagem momentânea de uma baixa de preço paga-se com pesados danos em perdas de salário, de emprego, de rendimento, de solvabilidade; cada ganho em partes de mercado, depois em tarifas de posição dominante, tem como pesada contrapartida os numerosos perdedores da competição mercantil capitalista.

Assim, a acentuação brutal pelo Euro da concorrência na Europa mercantil aumentou fortemente em cada país os desequilíbrios sociais. Ela também, de modo cada vez mais visível, cavou os fossos entre os diferentes países.

Ainda na mesma lógica, uma causa suplementar foi acrescentada às anteriores. A unificação da moeda foi acompanhada de uma monopolização do controle da estratégia monetária exclusivamente pelo Banco Central Europeu. Este, conforme um princípio defendido há séculos pelos meios mercantis, escapa a todo controle político e conforma a sua acção apenas às expectativas do mundo comercial e financeiro. Devido a esta aceitação, por parte das instituições europeias, desta subtracção da moeda à vontade democrática, os povos são assim privados de uma ferramenta essencial, que deveria ser a adaptação da emissão monetária às evoluções da actividade real que permite aos povos viverem. Assim foi instituído o absolutismo mercantil, impondo automaticamente aos Estados que conformassem sua acção às exigências do mercado dos negócios.

Destas mesmas causas resultam as pressões que, ao comprimirem os salários e as despesas públicas, pressionam à intensificação da exploração dos trabalhadores, ao seu despojamento e à sua dependência e, dessa forma à acentuação em circuito fechado da própria concorrência, inclusive entre trabalhadores, à escala nacional e mundial. Já se vê, com a frequência e a amplitude acrescidas dos protestos em diversos países, que esta evolução não pode conduzir, sob formas diversas, senão a movimentos sociais importantes, obscurecendo danosamente suas perspectivas.

Na mesma linha, uma quarta causa acrescenta-se às anteriores. Abandonando o terreno europeu minado pela sua dominação, os capitais europeus são investidos amplamente no exterior, tanto para os países tornados "emergentes" e, para alguns, excedentários por força (provisória) dos baixos preços e baixos salários, como para a economia americana mantida por uma bolha financeira em dólares alimentada por excedentes chineses da mesma proveniência. Esta exportação de capitais europeus multiplicou assim a concorrência mundial e dessa forma, entre outras, sufoca a própria economia europeia.

Eis porque a saída do Euro deveria ter como objectivo não a atracção de capitais vindos daqui e de outros lados em busca de oportunidades de extorsão, mas sim a mobilização dos trabalhadores de todos os domínios, com a perspectiva de dotá-los dos meios necessários para realizar o aumento necessário das actividades socialmente úteis.

Parece portanto necessário prever um escape aos desequilíbrios, distorções e danos que hoje se agravam.

COMO ENFRENTAR?

Vamos mostrar que é necessário, como preconizam actores cada vez mais numerosos, sair do Euro. Tentaremos também mostrar que isso estaria longe de ser suficiente; que as apostas de hoje são mais importantes e devem conduzir ao esboço a partir de agora das vias para uma saída do capitalismo.

O objectivo de uma saída do Euro deveria ser permitir aos povos reencontrarem aquilo que construíram na sua longa história e de que foram privados pela sua imersão na guerra económica mundial: sua capacidade social de assegurar duradouramente e solidariamente a sua vida. Esta seria a verdadeira condição para um acesso do mundo às cooperações necessárias, bem mais que "governações" oligárquicas, para o futuro da humanidade e do planeta.

Convém para isso que surjam as práticas que assegurem um equilíbrio coerente entre os povos ou, disto de outra forma, uma equidade entre povos. Evocaremos as exigências para tal.

A SAÍDA DO EURO O PERMITIRIA?

Esta saída, para o Franco ou para uma nova moeda, acompanhada da sua desvalorização, por vezes proposta, não faria senão recolocar o país na concorrência mundial, na mesma posição que experimentam países em "desenvolvimento" como a China e outros, onde os dominantes ganham mercados e fazem lucros vendendo sob moeda fraca, e portanto a baixo preço para os compradores, os produtos de assalariados fortemente sub-remunerados, que trabalham arduamente para a exportação desvalorizada, em detrimento das actividades úteis aos seus concidadãos. O custo acrescido das importações evitaria, é verdade, importações inúteis, injustamente invasivas, mas encareceria também importações úteis e assim impulsionaria as empresas capitalistas importadoras a procurar mercados externos vantajosos, ao preço de uma compressão dos salários nacionais.

As experiências passadas mostram que se as desvalorizações competitivas puderam, nos tempos da concorrência ainda limitada, permitir alguns períodos de ascensão capitalista em certos países (Estados Unidos, Japão, Coreia, ...), elas relançaram a concorrência no campo nacional, tendo por consequência desequilíbrios sociais acrescidos. A estratégia de uma desvalorização competitiva no contexto actual da concorrência mundial intensificada não poderia senão conduzir, sob formas modificadas, aos mesmos danos económicos e sociais já sofridos.

Sublinhemos a propósito que as isenções de impostos e encargos reclamados pelo patronato, não podendo nunca comparar-se aos efeitos dos ganhos de produtividade dos rebaixamentos salariais, não permitem senão vantagens concorrenciais marginais e momentâneas, contribuindo para acelerar a corrida guerreira para uma competitividade destruidora de rendimentos, em detrimento dos assalariados e das populações, que arcam com o peso.

A dominação do Euro pelas actuais autoridades europeias serve de base às estratégias europeias. Observam-se suas profundas contradições internas.

Por um lado, são tomadas todas as disposições para impor cada vez mais fortemente o dogma da concorrência, como se vê por exemplo na obrigação estabelecida ao governo francês de impor à EDF, por uma lei aplicada em 1 de Janeiro de 2011, a revenda a baixo preço aos seus concorrentes, pretensamente desfavorecidos, de uma parte da sua produção supostamente para restabelecer sua capacidade concorrencial. As consequências, brutalmente destrutivas de rendimentos, empregos, serviços público e por isso de riqueza social, as quais muitas vezes são negadas, estão na origem dos danos económicos e sociais constatados. Ao mesmo tempo, as autoridades europeias, em nome do pretenso equilíbrio dos orçamentos públicos nacionais de cujo controle se arrogam, recusam os meios para reparar os desgastes assim provocados, nomeadamente aos membros mais fracos.

O autoritarismo europeu, de que o Euro é um meio essencial, cava o fosso onde se afunda a Europa, impedindo qualquer saída do impasse. Um federalismo europeu, acentuando o autoritarismo oligárquico, não poderia senão endurecer.

Sublinhemos a respeito que o remédio por vezes preconizado ? a alimentação por um orçamento federal de grandes obras europeias que supostamente estimulariam um crescimento pós keynesiano ? não poderia resultar, no ambiente concorrencial, senão num desperdício suplementar faraónico não procurando, sob o pretexto do "desencravamento", senão novos apoios aos fluxos mercantis dominantes, bem distante das necessidades sociais.

A necessidade de sair do Euro está portanto bem presente, pelas razões que se seguem. Diz-se: um efeito do Euro foi por em concorrência directa e brutal os países europeus, num quadro que faz deste estado de coisas um constrangimento incondicional para os Estados participantes. A isto acrescentam-se os outros constrangimentos associados, ligados aos tratados e às instituições da Europa mercantil oficial. Uma conclusão a tirar de tudo isto é que uma evolução eficaz para o equilíbrio viável entre os povos deveria visar a saída das práticas mercantis concorrenciais, para por no seu lugar modos de cooperação internacional que visem a equidade.

DEIXAR O EURO, UMA RETIRADA NACIONAL ESTÉRIL?

Qual seria a situação de um país tendo deixado o Euro a fim de equilibrar seus intercâmbios? O que deveria ele fazer para isso e o que teria de enfrentar?

Ninguém hoje pode esperar ? quando os grandes fluxos internacionais de riqueza são controlados pelos grandes grupos capitalistas mercantis mundiais ? uma evolução mundial geral para a equidade internacional num prazo visível.

Um novo actor que, por opção democrática, se orientasse para a equidade deveria portanto, para enfrentar os problemas actuais, avançar para as seguintes acções:

Aceitar encarar frontalmente o facto de que os eventuais parceiros dos intercâmbios internacionais podem reagir com duas lógicas muito diferentes. Certos parceiros, inteiramente acantonados na lógica mercantil concorrencial e oligopolista, recusarão toda parceria, afastando-se, e estarão prontos a aplicar aos seus adversários procedimentos hostis: normas constrangedoras fortemente desequilibrantes, recusa de parceira... Outros parceiros aceitarão acordos fundamentados no equilíbrio de todos, definidos com reciprocidade, propondo modalidades de intercâmbio específicas.

Tomar as disposições necessárias para que as medidas hostis, mal intencionadas, fundamentadas no agravar do afrontamento comercial e oligopolístico, sejam contrapostas por medidas em relação a estes interlocutores. Estas disposições poderiam consistir nomeadamente em direitos alfandegários modulados, se necessário elevados, mesmo dissuasivos, em quotas por domínios, em controles estritos dos fluxos financeiros de saída e de entrada com o parceiro em causa.

Estabelecer com os parceiros favoráveis relações de reciprocidade, de equidade, tendo como fim explícito o equilíbrio dos intercâmbios e a possibilidade para cada parceiro de escolher livremente, neste quadro, os intercâmbios que lhe forem úteis. Uma tal opção poderia comportar, por acordo comum:

? Um acordo monetário estabelecendo uma taxa de câmbio entre parceiros, fundada na relação entre produtividades médias dos conjuntos afectados, assegurando as condições médias da equidade entre parceiros.

? Em caso de défice com o parceiro, direitos alfandegários adaptados a cada produto tendo em conta a importância e a utilidade reconhecida do produto nos intercâmbios, e o peso do défice, estimulando os actores a aproximarem-se da situação de equilíbrio.

? Um controle dos fluxos monetários entre parceiros, emitindo para os actores, para um período definido, autorizações de compra junto ao parceiro, tendo em conta vendas observadas ou previstas.

Ao contrário das alegações muito frequentemente repetidas, tais disposições não conduziriam a um "recuo egoísta" dos seus promotores, mas facilitariam ? ao mesmo tempo que a renovação de actividades locais, nomeadamente industriais, mas também outras ? a reequilibragem de todos os participantes, em benefício de todas as populações locais que poderiam ser melhor remuneradas e beneficiar de actividades que correspondessem às suas necessidades. Assim seria reencontrado o caminho real para o que constrói as nações: não primeiro a "identidade" hoje reciclada, mas primeiro a solidariedade entre cidadãos, de que os Estados nacionais se assumem como responsáveis; devendo este ser apoiado na equidade entre parceiros sociais, assim como entre povos. Poderiam assim dissipar-se as cegueiras que hoje alimentam as opiniões de extrema-direita na Europa.

MAS SERIA ISTO SUFICIENTE?

Uma moeda nacional permitiria financiar as capacidades nacionais hoje sufocadas para responder de modo equitativo às necessidades nacionais. Isto seria indispensável, mas bastante insuficiente.

a) As lutas necessárias e as mudanças possíveis

É manifesto que os grupos dominantes mercantis capitalistas não aceitarão nunca as regulações aqui encaradas e que, enquanto mantiverem sua dominação, manterão igualmente as pressões ideológicas inculcando nas populações a ideia de que não há nenhuma alternativa.

Evocam-se certas esperanças por vezes exprimidas de um domínio da moeda nacional que, por si só, permitiria um desenvolvimento dos serviços públicos e, por isso, criaria empregos e assim reanimaria um sector capitalista que se tornaria capaz de relançar o crescimento e o emprego. Isto deixa de lado, como é o caso frequente, a pressão concorrencial que alimenta os capitais e os seus efeitos comerciais, sociais, orçamentais, financeiros na actual economia capitalista mundializada.

Sublinhemos que, ao contrário de certos pontos de vista, muitas vezes inspirados em Keynes, um domínio soberano da moeda é certamente muito necessário ao acompanhamento das actividades, mas também muito insuficiente para assegurar o equilíbrio dos intercâmbios, a ausência de inflação ou de deflação. A moeda, mesmo nacional, torna os bens em oferta aparentemente comparáveis entre si, mas não assegura por si mesma a equidade das transacções e portanto não sana as práticas mercantis concorrenciais, fontes reais da violência dos negócios.

A este respeito, formulamos aqui algumas precisões breves sobre questões de fundo. A vida humana pereniza-se permitindo a cada um viver do trabalho dos outros na sua diversidade. Isto necessita de um equilíbrio dos intercâmbios sociais, difíceis de encontrar e de construir, procurado ao longo dos séculos e dos milénios. A transacção mercantil é uma das ferramentas surgidas nesta função. Ela é marcada por forte defeito, pois dissocia o trabalho feito da sua avaliação, acantonada na estimativa monetária aparente, sob a influência da potência dos parceiros, dessolidarizando assim as pessoas e as sociedades. Apesar disso ela pôde, nas sociedades antigas que viviam próximas umas das outras, contribuir para manter, muitas vezes de modo caótico, vidas sociais ainda fortemente convencionais. Contudo, no decorrer do tempo, e à medida da complexificação da vida social, as práticas mercantis provocaram ao longo da história crescentes distorções económicas, sociais, políticas e as crises associadas. No nosso tempo, quando a prática mercantil invadiu o mundo inteiro, suprimindo as escapatórias de antigamente, e quando as tecnologias aceleraram a ritmos sem precedente tanto as mudanças técnicas como os intercâmbios sociais, as taras do afrontamento concorrencial de todos contra todos tornam-se insuportáveis para as sociedades humanas. Uma nova necessidade profunda é a de avaliações dos bens e serviços, não mais privados, subordinados às relações de poder dos parceiros mas sim avaliações fundamentalmente equitativas, respeitando o trabalho de cada um, admitidas em comum, para vantagem de todos.

Eis porque a colocação em prática de actividades económicas novas, instalando a equidade nos intercâmbios e o domínio dos seus meios pelos trabalhadores, é um elemento essencial de uma transformação.

Eis porque se propõe aqui que ? sem esperar um consenso internacional hoje visivelmente inacessível, e igualmente sem esperar que triunfem, ao nível nacional, as ideias da possibilidade de uma mudança profunda, e sem esperar tão pouco que seja adoptado o conjunto, inevitavelmente complexo, das leis e regulamentos para isso necessários, inclusive os novos "direitos" muitas vezes reclamados ? sejam tomadas iniciativas, em proximidade com a população, pelos actores motivados da vida económica essencialmente da economia social, da vida associativa e mutualista, e da vida política, nomeadamente local, que desemboquem, com os inevitáveis limites iniciais, em realizações concretas, visíveis, colectivas.

b) intervir não só nos intercâmbios mundiais mas também nos intercâmbios interno ao conjunto nacional

Eis porque propomos que, desde já, sejam tomadas iniciativas populares de estabelecimento de redes de vida económica e social solidária, equitativa, democrática, concretizando para as populações a possibilidade de uma outra vida social, desembaraçada das devastações do afrontamento mercantil e da exploração capitalista, reavivando a aspiração humana multi-milenar à reciprocidade, a convivialidade, à viabilidade social.

Sabemos pois que para alcançar o êxito não bastará alimentar estas iniciativas em meios financeiros, ainda que saídos do negocismo e modulados de acordo com boas intenções, mas que para isso o estabelecimento de novos modos de intercâmbio é indispensável. Isso implica que os intercâmbios internacionais não sejam os únicos que devem se transformar, mas também os intercâmbios internos, locais e nacionais, que deverão também eles escapar à guerra concorrencial e aceder, sob formas a elaborar em comum, à equidade respeitadora do trabalho feito.

Esta é igualmente a condição para que reapareça uma moeda nacional emitida à medida das necessidade sociais democraticamente definidas e geridas, não submetidas às flutuações e inchaços especulativos, à inflação dos preços, aos inchaços das bolhas financeiras e aos mergulhos dos crashs financeiros, às distribuições tecnocráticas, estatistas autoritárias, e que permita uma reavaliação profunda das dívidas externas, incluindo a anulação de todas as dívidas financeiras ligadas ao círculo vicioso do endividamento financeiro tendo pretendido salvar o Estado, e também as empresas públicas, dos défices induzidos pelo negocismo mercantil e financeiro. Isto implica a utilização da economia de critérios e objectivos sociais democraticamente definidos.

Estes novos intercâmbios são necessários para assegurar o acesso a uma nova via das actividades económicas, e igualmente para permitir, por uma justa valorização dos recursos criados pelo trabalho, o avanço cada vez mais necessário de serviços públicos democratizados, à medida das necessidades sociais.

É para aceder a esta nova via que é desde hoje necessário sair do Euro, não só da ordem liberal mas, ainda mais, da lei de ferro da concorrência mercantil agonística, do confisco capitalista dos meios de actividade e da dominação exploradora dos homens, da monopolização oligárquica dos poderes, do sufocamento dos serviços públicos, da desumanização da cultura, da subjugação negocista das comunicações e dos lazeres, a fim de devolver ao povo da França e de alhures a soberania que garante, através da equidade, a solidariedade, a democracia, sua capacidade fundamental para construir sua vida social, em benefício de toda a humanidade.
13/Agosto/2013

Economista, membro do PCF, autor de:
Le Juste Prix. Etude sur la Valeur-travail et les Echanges équitables. Editions L'Harmattan, 2003;
L'Economie équitable, un nouveau Projet de Société. Editions L'Harmattan, 2010.

O original encontra-se em http://lepcf.fr/SORTIR-DE-L-EURO-OUI-POUR-SORTIR

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Menina foi introduzida em Reino Unido para extrair os seus orgaos para receptores ricos BASENAME: canta-o-merlo-menina-foi-introduzida-em-reino-unido-para-extrair-os-seus-orgaos-para-receptores-ricos DATE: Thu, 31 Oct 2013 20:52:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org/internacionales/n239072.html
Por: Natural News

31 de Outubro de 2013.- As autoridades de Gram-Bretanha confirmaram pola primeira vez que umha menina foi introduzida no país especificamente para que os seus orgaos pudessem ser extraídos e vendidos a receptores ricos.

Segundo o diário britânico The Telegraph, a menina anónima foi levada ao Reino Unido desde Somália, com o intuito de eliminar os seus orgaos e vendê-los a quem buscam desesperadamente um transplante.
Organizaçons de protecçom da infância advertiram que era pouco provável que o caso seja um facto isolado já que os traficantes eram propensos a passar de contrabando a um grupo de crianças no país.
O terrível caso saiu à luz através de um relatório do governo que mostrou que o número de vítimas de trânsito humano no Reino Unido haver aumentado mais de um 50 % desde o ano passado, e agora chegou a níveis marca.
Ao todo, 371 crianças foram exploradas em várias formas, com a maioria sendo utilizado como escravos - para o sexo e de outras maneiras.
O relatório do governo indicou que 95 crianças procediam de Vietname, 67 da Nigéria e 25 da China. Mais crianças foram introduzidas de contrabando desde Rumania e Bangladesh, entre outros países.
"As cifras também detalham como 20 jovens britânicas foram vítimas de trânsito humano", di o diário. "Isto ocorre depois de umha série de casos judiciais nos que jovens britânicas foram violadas e exploradas por bandas de homens asiáticos".

Organizaçons britânicas de protecçom da infância advertiram que bandas criminais estám a tratar de explorar a demanda de transplantes de orgaos no país.
"Traficantes estám a explorar a demanda de orgaos e a vulnerabilidade das crianças. É pouco provável que um traficante vai tomar este risco e trazer umha só criança no Reino Unido. É provável que foi um grupo", expressou Bharti Patel, chefa executiva de ECPAT UK, umha organizaçom de protecçom infantil.
A Organizaçom Mundial da Saúde di que até 7.000 riles obtém-se ilegalmente cada ano em todo mundo polos traficantes.
E ainda que existe um mercado negro para outros orgaos - coraçons, pulmons, fígados - os riles som os mais cobiçados, porque um rim pode ser retirado de um paciente sem que sofram muitos efeitos nocivos (a menos que, por suposto, mais adiante na sua vida o ril restante lese-se ou falhe).

O processo implica a umha série de pessoas, entre elas o recrutador que identifica à vítima, a pessoa que organiza o transporte, os profissionais médicos que realizam a operaçom e o vendedor que comercia o orgao.
Todo isto requer infra-estrutura - e muito dinheiro.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: EE.UU. necessita de outra guerra para prosperar BASENAME: canta-o-merlo-ee-uu-necessita-de-outra-guerra-para-prosperar DATE: Thu, 24 Oct 2013 17:55:55 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://actualidad.rt.com/economia/view/109469-eeuu-necesitar-guerra-prosperar-economia

EE.UU. alcançou evitar umha falta de pagamento, mas isso nom significa que vá a prosperar. A sua economia experimenta a segunda pior década desde há 200 anos e para remediar a situaçom necessitaria umha guerra para a que nom tem recursos.

EE.UU. arrasta muitos problemas económicos. A semana passada o presidente de EE.UU., Barack Obama, assinou o projecto de lei que elevou o teito da dívida estadounidense e pôr fim ao feche parcial do Governo federal. Ademais, apesar de que se evitou a queda do PIB em 10%, como prognosticava o economista Paul Krugman, quase nom se pode dizer que a economia de EE.UU. mostre um rápido crescimento e experimente umha recuperaçom completa, indicam expertos de Finmarket.

O blogue ZeroHedge sabe que pode acelerar dramaticamente o crescimento do PIB de EE.UU., mas é pouco provável que este método seja de interesse para os cidadaos do país: outra guerra.

Em 223 anos o crescimento média do PIB em EE.UU. foi de 3,8%. Com 1,9%, a década 2000-2010 foi a segunda pior na história de Estados Unidos no que di respeito a crescimento do PIB.

"A pior desde 1790 foi a década de 1930 que foi seguida -algo que muitos esperam agora- por umha explosom de crescimento que se produziu na década de 1940", explicam os peritos de ZeroHedge.

Mas, que foi o que contribuiu à recuperaçom económica? "A triste, mas muito certa realidade da guerra", contestam os peritos de ZeroHedge que, no entanto, concretizam: "O financiamento será desta vez um problema".

O volume da dívida pública de EE.UU. superou pela primeira vez na história os 17 bilions de dólares. Nem sequer o compromisso sobre a elevaçom do teito de dívida salvará a EE.UU. das conseqüências da falta de pagamento, afirmam os analistas. De facto, EE.UU. vai voltar ao mesmo ponto morto o próximo 7 de Fevereiro, quando tenha que aprovar a sua próxima elevaçom do teito de dívida.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A nova Roma - a UE e a pilhagem dos países endividados BASENAME: canta-o-merlo-a-nova-roma-a-ue-e-a-pilhagem-dos-paises-endividados DATE: Sun, 20 Oct 2013 17:35:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por C. J. Polychroniou [*]

A União Europeia (UE) é uma organização baseada num tratado que foi estabelecido após a II Guerra Mundial como meio de pôr fim à prática favorita dos europeus: dirimir as suas diferenças nacionais através de guerras sangrentas. A experimentação europeia ? a formação de um Mercado Comum, [1] que conduziria à união económica e monetária ? ficou ligada a alguns resultados notáveis: a Europa experimentou seu mais longo período de paz desde o fim da II Guerra Mundial e a guerra entre estados-membros europeus agora parece altamente improvável. Naturalmente, altos responsáveis da UE nunca perdem uma oportunidade para recordar ao público este feito sempre que as políticas da "nova Roma" são questionados por uma cidadania europeia já farta de processos autoritários de tomada de decisão, salvamentos de bancos mascarados como salvamentos nacionais, políticas de austeridade e a pilhagem dos países devedores pelo centro. [2]

A ausência de guerra entre países europeus na era do pós guerra e os movimentos históricos rumo à integração europeia que levaram à formação da eurozona apontam, no entanto, na direcção de uma correlação e não de uma relação causal entre estas duas variáveis. Indiscutivelmente, a própria natureza e estrutura do sistema mundial que emergiu na era do pós guerra ? com os Estados Unidos alcançando o status de super-potência, a ameaça soviética, a formação da NATO e a utilização de armas nucleares para manter um equilíbrio de poder ? minimizou substancialmente as perspectivas de novas guerra entre inimigos tradicionais da Europa. Talvez haja mesmo algo a ser dito aqui acerca do impacto muito profundo que a II Guerra Mundial deve ter tido sobre as consciências de líderes da Europa e o seu público.

A experimentação europeia de integração ? desde a Comunidade Económica Europeia (CEE) à UE de hoje ? alegadamente também fez uma grande diferença positiva no desenvolvimento económico e social de estados-membros europeus, incluindo os da periferia. Esta afirmação é altamente discutível, se não mesmo um exagero absoluto. O livre movimento de capitais, trabalho e bens dentro da UE funcionou bem por algum tempo ? para o capital financeiro, por um lado, e, por outro, para o núcleo de países que tinham uma vantagem competitiva desde o princípio. Embora grandes benefícios se hajam acumulado para aqueles que se aproveitaram plenamente (capitalistas internos também) da era da financiarização, a ilusão da convergência e de padrões de vida mais elevados para todos foi estilhaçada, com tendências de desigualdade a crescerem substancialmente tanto dentro como entre estados-membros.

Para que não esqueçamos: as fraquezas económicas da Europa já eram evidentes na década de 1970, apesar da explosão de acordos intra-CEE durante este período. O Acto Único Europeu (AUE) de 1986 foi uma reacção política da parte da CEE à crise estrutural que então confrontava os 12 estados-membros em vias de ser tornarem "um mercado sem um estado". Com a maior parte dos estados-membros tendo já abandonado o keynesianismo (Jepsen e Pascual 2006, 52), o AUE era uma tentativa desesperada de aumentar a "competitividade" e promover lucros corporativos, e cimentou o fim da era do "capitalismo administrado" na Europa. [3] Ao invés de protecções sociais e crescimento através de políticas tributárias orientadas, foi a mentalidade de mercado que passou a dominar. A estabilidade de preços substitui a ênfase nos empregos e a "reforma do mercado de trabalho" tornou-se a nova doutrina. O AUE também abriu o caminho para a privatização maciça e a liberalização dos mercados financeiros.

O "capitalismo de livre mercado" chegou à Europa. O capitalismo de livre mercado é, naturalmente, um dos grandes mitos do nosso tempo (Chang 2008, 2012). O neoliberalismo ? a formulação político-ideológica e o projecto económico para o avanço de mercados "livres" ? é acima de tudo um assalto corporativo/financeiro ao estado previdência e ao padrão de vida das classes trabalhadoras, baixa tributação para as corporações e os ricos, aumento da exploração do trabalho, mobilidade irrestrita do capital e posicionamento estratégico do capital para novas oportunidades de mercados através da remoção de barreiras políticas e económicas internas. O neoliberalismo não acaba com o estado, mas ao invés disso posiciona o estado para servir exclusivamente os interesses do capital. Ao nível global, o objectivo do neoliberalismo é enfraquecer o poder do estado em economias periféricas através da assistência e colaboração da elite política interna, a qual, em contrapartida, ganha acesso mais directo aos recursos e riquezas das economias em questão. Essencialmente, portanto, o neoliberalismo representa uma doutrina ideológica propagada e imposta pelos países do núcleo sobre os da periferia, enquanto o "núcleo" reserva-se o direito de praticar políticas proteccionistas em casa (e muitas vezes o faz) em benefício das suas próprias indústrias favoritas e negócios oligopólicos. Portanto, o AUE não deveria ser visto como uma estratégia de "livre mercado" super abrangente da parte da CEE. Sua remoção de barreiras para a expansão do "livre comércio" era limitada a países europeus; países de fora do mercado europeu foram excluídos. Mesmo hoje, países pobres da América Latina e da África consideram quase impossível penetrar o mercado europeu com seus produtos agrícolas.

Além disso, tal como com a promoção de qualquer projecto neoliberal, e em agudo contraste com a retórica oficial, às instituições a que falta qualquer responsabilidade e legitimidade foi atribuída importância fundamental desde o princípio do movimento rumo a uma "Europa anti-social" (Parsons 2010). Portanto não é um acidente que a UE se tenha tornado um enorme labirinto burocrático, completamente afastada do escrutínio público e totalmente irresponsável perante os seus cidadãos. Sua natureza não democrática (se não anti-democrática) é especialmente gritante e tem piorado ao longo do tempo. [4] O Parlamento Europeu é uma instituição politicamente impotente pois todas as principais actividades legislativas são empreendidas pelo Conselho de Ministros ? uma instituição com nenhuma legitimidade democrática qualquer que seja uma vez que os seus membros exercem um papel no interior da UE para o qual não foram eleitos nem mesmo indirectamente. A Comissão Europeia é outra instituição não eleita que possui muito poder político.

A UE está concebida de modo a facilitar a satisfação directa das necessidades e preocupações de interesses poderosos e não os do cidadão comum. Tal como o famoso "princípio da subsidiaridade", introduzido como artigo 3b no Tratado Estabelecendo a Comunidade Europeia e posteriormente incorporado no Tratado de Maastricht (ver abaixo) como artigo 5 ? e que muitos continuam a tratar como prova da natureza democrática do processo decisional na UE ? é mais uma ilusão de óptica do que qualquer outra coisa. O "princípio da subsidiaridade" não assevera, como muitas vezes é afirmado, que as decisões serão tomadas no nível mais baixo possível, mas sim que "a Comunidade entrará em acção, de acordo com o princípio da subsidiaridade, somente se e na medida em que os objectivos da acção proposta não possa ser suficientemente alcançado pelos Estados Membros e possam portanto, devido à escala ou efeitos da acção proposta, ser melhor atendidos pela Comunidade".

O que agora está a tornar-se muitíssimo claro é que todas as principais decisões da UE são tomadas ao nível de topo por responsáveis não eleitos ao passo que os cidadãos nacionais são relegados a um status igual ao desfrutado pelos súbditos da antiga Roma. Na actual crise de dívida da eurozona, mesmo os chefes dos estados-membros endividados têm muito pouco a dizer no processo de tomada de decisão, com o ministro alemão das Finanças a comportar-se como um César.

O tipo de processo de europeização que foi desencadeado desde a assinatura do Tratado de Maastricht em 1992 é completamente alheio à visão de uma Europa social e democrática. Este desenvolvimento também tem tido um impacto catastrófico sobre a capacidade de governos nacionais tratarem eficazmente as necessidades específicas das suas próprias economias e sociedades, como se confirma brutalmente pela actual crise económica global.

O Tratado de Maastricht incorporou as ideias e princípios chave que estavam incluídos no AUE e prosseguiu com a institucionalização formal de um quadro neoliberal para a direcção futura das economias europeias, incluindo o estabelecimento de uma união monetária e um Banco Central Europeu (BCE). [5] Na essência, o tratado formalizou o impulso rumo à "Europa anti-social" e esboçou de uma maneira específica os passos a serem dados para a adopção de uma moeda única (a transição para a formação de uma União Monetária Europeia [UME] devia envolver três etapas entre 1993 e 1999, quando ocorreu o lançamento oficial da eurozona). De acordo com o tratado, o qual procurava permitir que apenas bons candidatos aderissem à UME, qualquer economia europeia em convergência tinha o direito de adoptar o Euro, desde que:

- sua taxa de inflação não estivesse mais do que 1,5 por cento acima da média das três taxas de inflação mais baixas entre países da UE;
- sua dívida e défice governamental não fossem mais do que 60 por cento e 3 por cento do seu PIB, respectivamente;
- houvesse aderido ao mecanismo de taxa de câmbio do Sistema Monetário Europeu e mantivesse margens de flutuação normal das taxas de câmbio durante dois anos sem que disso decorressem tensões graves; e
- sua taxa de juro a longo prazo não estivesse mais do 2,0 por cento acima daquela dos três países com a mais baixa taxa de inflação. (Ver Mulhearn 2005, 59.)

Todos estes números foram obtidos de modo arbitrário. Por que deveriam os défices terem sido de 3 por cento e a dívida nacional de menos de 60 por cento do PIB? Dado o papel dominante do deutsche mark na época, provavelmente é uma boa suposição imaginar que os números foram uma invenção do Bundesbank ? assim como a concepção do BCE, com sua gritante omissão da função de prestamista de último recurso. De certo modo, no entanto, estes números também eram virtualmente sem significado pois foram sistematicamente violados pelos estados que procuravam aderir à UME ? incluindo, em primeiro lugar e acima de tudo, a própria Alemanha. Mas pelo caminho, quando as coisas se encaminharam para o Euro, estas referências para rácios de défices e dívida em relação ao PIB demonstrar-se-iam como ferramentas muito úteis para impor a ortodoxia económica alemã.

A adopção de uma moeda única foi saudada pelos defensores do Euro como a maior experimentação da história financeira. Deveria na verdade ter sido apregoada como a mais selvagem experimentação da história financeira: a eurozona devia incluir estados independentes, com sistema económicos e padrões culturais altamente diversos, aos quais foi exigido abandonar a soberania monetária nacional substituindo-a por uma divisa "estrangeira" sem o apoio de um Tesouro ou um Banco Central pronto para actuar como prestamista de último recurso no caso de uma crise financeira.

Wynne Godley, aliás um advogado da integração política europeia, de modo sagaz apontou as deficiência incluídas no Tratado de Maastricht num ensaio em 1992 na London Review of Books:

A ideia central do Tratado de Maastricht é que os países da CE deveriam caminhar para uma união económica e monetária, com uma moeda única administrada por um banco central independente. Mas como será dirigido o resto da política económica? Como o tratado não propõe novas instituições além de um banco europeu, seus promotores devem supor que nada mais é necessário. Mas isto só poderia ser correcto se as economias modernas fossem sistemas auto-ajustados que não precisassem de todo de qualquer gestão.

Sou levado à conclusão de que uma tal visão ? de que economias são organismos auto-correctores que em quaisquer circunstâncias precisam de serem administrados ? na verdade determinou o modo pelo qual o Tratado de Maastricht foi estruturado. Trata-se de uma versão bruta e extrema da visão que desde há algum tempo tem constituído a sabedoria convencional da Europa (embora não a dos EUA ou do Japão), de que governos são incapazes e, portanto, não deveriam tentar, alcançar quaisquer dos objectivos tradicionais da política económica, tais como crescimento e pleno emprego. Tudo o que pode ser feito legitimamente, de acordo com esta visão, é controlar a oferta de moeda e equilibrar o orçamento. Isso levou a que um grupo em grande medida composto por banqueiros (o Comité Delors) chegasse à conclusão de que um banco central independente era a única instituição supra-nacional necessária para dirigir uma Europa integrada e supra-nacional.

Mas há muito mais quanto a isto tudo. É preciso enfatizar à partida que o estabelecimento de uma moeda única na CE na verdade poria fim à soberania dos seus países componentes e ao seu poder para tomar uma acção independente sobre grandes questões. Como o sr. Tim Congdon argumentou muito convincentemente, o poder para emitir a sua própria moeda, para se financiar no seu próprio banco central, é a principal coisa que define independência nacional. Se um país abandona ou perde este poder, adquire o status de uma autoridade local ou colónia. Autoridades locais e regionais obviamente não podem desvalorizar. Mas elas também perdem o poder de financiar défices através da criação de moeda ao passo que outros métodos de obter financiamentos são sujeitos à regulação central. Nem tão pouco pode alterar taxas de juro. Como autoridades locais não possuem nenhum dos instrumentos de política macroeconómica, sua opção política está confinada a assuntos relativamente menores quanto à ênfase ? um bocado mais de educação aqui, um bocado menos de infraestrutura acolá. Penso que quando Jacques Delors coloca uma nova ênfase sobre o princípio da "subsidiaridade", ele está realmente a contar-nos que nos permitirão tomar decisões acerca de um grande número de assuntos relativamente menos importantes do que podíamos ter imaginado anteriormente. Talvez ele nos deixe ter pepinos enrolados afinal de contas. Grande coisa! (Godley 1992)

A chamada arquitectura "enviesada" da UME não se deveu a um "erro técnico". Como já argumentei, ela tem origem nas próprias premissas do pensamento económico fundamentalmente neoliberal que se apossou da mentalidade dos decisores políticos europeus na década de 1980 no seu esforço aparente por encontrar um meio de acabar com a "euro-esclerose" (Miller 1997) e promover os lucros corporativos europeus. A súbita mudança de uma economia social de mercado, a qual ganhou raízes na década de 1940 e prevaleceu até o princípio da de 1980, para uma economia de mercado laissez-faire foi demasiado flagrante para ser ignorada. No momento em que o Tratado de Maastricht foi assinado, círculos europeus de decisores políticas haviam-se tornado obcecados com a crença em que as variáveis críticas para o crescimento, fidedignidade e convergência eram encontráveis no comércio e na concorrência livres (artigo 102a), profunda integração financeira e nenhumas restrições a movimentos de capitais (artigo 73b).

O Tratado de Maastricht deveria ser entendido como a expressão política de uma inclinação socializada da elite europeia em favor da internacionalização do capital. Para além de toda a conversa cerca do "livre comércio" estava o desejo inequívoco de satisfazer as necessidades das multinacionais e indústrias oligopolistas europeias. [6] A década de 1980 foi de megafusões e aquisições e isto reflectiu-se na crescente excitação que um mercado comum produzia no mundo europeu dos negócios. Na década de 1990, houve uma nova e muito mais explosiva onda de fusões e aquisições na Europa cujo valor "era quase tão grande quanto os negociados nos Estados Unidos" (Gaughan 2007, 63). Finalmente, a mania da desregulamentação que irrompeu levou a um enorme processo de consolidação por parte do sector bancário.

Foi no contexto destes desenvolvimentos económicos que o Tratado de Maastricht foi moldado, assentando a fundação da estrutura altamente problemática da União Europeia que temos hoje. O movimento rumo à adopção de uma moeda única é consistente com a visão da criação de um mercado europeu unificado com um estado reduzido, com base na crença de que menos "interferência" do estado abre o caminho para operações de negócios mais eficientes e custos unitários do trabalho mais baixos. Não é uma crença que promova desenvolvimento sustentável ou sociedades que funcionem bem e decentes. Com a adopção de uma moeda única, o espaço para a tomada de decisão política nacional foi gravemente constrangido e, na ausência de um governo federal para atender questões de pleno emprego e convergência, a austeridade tornou-se, como que por padrão, uma componente integral da nova economia política europeia, proporcionando uma parceria perfeita para a flexibilidade do trabalho e outras medidas de reformas anti-sociais ? privatização, a mercantilização da saúde e da educação, pensões de reforma ? todas elas direccionadas para a completa mercantilização da sociedade.

O processo de uma plena integração capitalista europeia, tal como iniciada pelo AUE e formalizada pelo Tratado de Maastricht, não é um fenómeno novo em si mesmo. O crescimento da integração económica mundial teve um ímpeto tremendo desde meados do século XIX até o estalar da I Guerra Mundial (O'Rourke e Williamson 1999). Os processos de integração europeia também não são qualitativamente diferentes dos processos de integração regional que tiveram lugar em outras partes do mundo ? embora seja verdade que não temos estudos comparativos adequados envolvendo a UE e outras espécies de organizações regionais. Mas mesmo se a encararmos como uma entidade política (polity) ao invés de um regime regional ou mesmo internacional, a UE ainda não é única, uma vez que já temos para fins de comparação os casos federais ou semi-federais dos Estados Unidos, Canadá e Suíça. De facto, se há algo gritante acerca dos fundamentos da União Monetária Europeia é quão pouco imaginativos e puramente tecnocráticos eles são: simplesmente repousam no muito admirado modelo alemão de estabilidade monetária e financeira, o qual é destituído de quaisquer mecanismos de prevenção ou administração de crise (Borges 2012; Balcerowicz 2012). Sua concepção demonstrou-se ser mais do que defeituosa, pois a crise em curso na eurozona aponta claramente para problemas subjacentes de desequilíbrios na área euro bem como para fraquezas estruturais generalizadas no modelo de governação.

Ao invés de ser única, a UE é realmente uma excentricidade ? uma criação como o Frankenstein. E tal como o Dr. Frankenstein, a Alemanha recusa-se a aceitar a responsabilidade pela sua criação ao impedir a UE de seguir um caminho de desenvolvimento adequado que contribuísse para as necessidades e bem-estar de todo o corpo político, com ênfase especial sobre as partes mais fracas, tratando-as ao contrário como meios para satisfazer seus próprios desejos e ambições económicas. A concepção do BCE na base dos estatutos do Bundesbank, por exemplo, reflecte não só a mentalidade económica alemã como também aspirações da Alemanha pela dominação económica da eurozona. Na verdade, o Bundesbank não é a autoridade monetária mais conservadora do mundo por acidente: ela ajusta-se aos interesses económicos e corporativos da Alemanha.

A abordagem anti-crescimento e não democrático que está incorporada no Tratado de Maastricht e é reforçada por virtualmente todos os outros tratados ? desde os Tratados de Amsterdam (1997), Nice (2002) e Lisboa (2007) ? assegura desenvolvimento desigual e tomada de decisão autoritária no funcionamento do projecto de integração europeu. O Tratado de Lisboa, em particular, fortaleceu ainda mais a componente de "défice democrático" na estrutura da UE (embora seus apoiantes argumentem, perversamente, que este foi o tratado que realmente tratou do problema do "défice democrático"), com a maior parte das leis sendo agora feitas em Bruxelas sob o comando de uma Alemanha imperial.

Tanto a natureza conservadora e não democrática da UE como o papel imperial da Alemanha tornaram-se perfeitamente claros desde o irromper da crise da eurozona três anos atrás, quando a Grécia, com seu elevado défice orçamental e dívida pública inchada, foi excluída dos mercados internacionais de crédito procurou refúgio num acordo intermediado pela UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) de modo a não incumprir suas obrigações de dívida e provocar um efeito contágio por toda a área Euro. O manuseamento do problema de dívida da Grécia não foi baseado sobre qualquer princípio de solidariedade da parte da UE mas, ao invés, medido exclusivamente com base no seu impacto sobre bancos da Europa, os quais estavam altamente expostos à dívida grega. Os termos do salvamento (bailout) procuravam assegurar que os reembolsos de dívida continuassem pela sujeição da sociedade grega a medidas de austeridade implacáveis e ao mais violento programa de consolidação orçamental imposto a uma economia europeia desde a II Guerra Mundial. Em coerência com as premissas originais do Tratado de Maastrichet e a mentalidade anti-crescimento do projecto de integração europeu como um todo, não foi oferecido à Grécia um caminho viável de saída da sua crise mas, ao invés, transformada numa cobaia para a área Euro, com dois objectivos primários em mente: (1) intimidar os outros países mediterrâneos do Sul apregoando o destino que os esperava se falhassem em colocar na ordem seus orçamentos, e (2) transformar a Grécia num laboratório para uma transformação neoliberal radical.

Como documentámos alhures (Polychroniou 2012a, 2013a), a catástrofe económica e social que se abateu sobre a Grécia por conta dos programas de "resgate" dos "gémeos monstros" do neoliberalismo contemporâneo (isto é, a UE e o FMI) é de proporções sem precedentes para uma economia em condições de paz ? e está agora a transformar-se numa crise humanitária dentro da mais rica região económica do mundo. Mas isto não é o resultado acidental de uma política enviesada: é o resultado de uma política consciente da UE sob o comando de uma Alemanha imperial para a pilhagem dos países endividados do Mediterrâneo (Grécia, Portugal, Espanha, Chipre ? e Itália, se tiverem êxito) e sua transformação em colónias do centro imperial. O Euro tornou-se um garrote em torno do pescoço dos países periféricos, com a Alemanha a arrastá-los como escravos no caminho para o mercado.

A Alemanha adoptou em relação aos endividados estados-membros da eurozona a mesma política executada em relação à Alemanha do Leste após a unificação: a destruição da sua base industrial e a conversão do antigo país comunista num satélite de Berlim. Os resgates bancários mascaram-se como resgate de países e são seguidos pela imposição de medidas de austeridade insuportáveis para assegurar o reembolso dos empréstimos do "resgate". A seguir vem a implementação de políticas económicas estratégicas destinadas a reduzir o padrão de vida para a população trabalhadora e a contracção do estado de bem-estar social, a flexibilização total do trabalho e a venda de activos públicos, incluindo companhias de energia e portos controlados pelo estado. Isto constitui a estratégia alemã para pilhar as economias carregadas de dívidas da região mediterrânea.

Na Grécia, a estratégia para a pilhagem da economia interna levou mesmo à criação de uma agência especial de privatização (TAIPED) para a administração da venda de activos públicos. A única coisa que está a faltar é um sinal anunciando: GRÉCIA: UM PAÍS À VENDA . A decisão do Eurogrupo (tomada por insistência da Alemanha e com o apoio do FMI e de países do núcleo da eurozona) de mobilizar contas bancárias pessoais como parte de um acordo para "resgatar" Chipre destruiu um pilar chave da economia da ilha e estabeleceu um precedente para tratar futuras crises bancárias na eurozona. A busca da Alemanha de dominação financeira marcha em frente.

Como as coisas se posicionam, os "bailouts" representam a melhor solução possível para a Alemanha e seus bancos, assim como para as tesourarias dos países núcleo da eurozona, por várias razões. Primeiro, porque permitem que o jogo do Euro continue uma vez que há muitos interesses especiais em causa e a dissolução da eurozona pode ter consequências apocalípticas. Segundo, porque os empréstimos para o "resgate" estão muito bem segurados, graças à implementação de programas extremos de consolidação orçamental: eles são reembolsados prontamente pelos países endividados e com juros maciços. Ao mesmo tempo, a austeridade e as políticas de ajustamento orçamental impostas pelos prestamistas internacionais realmente aumentam ao invés de diminuir os rácios dívida-PIB dos países endividados pois eles contraem a actividade económica e portanto reduzem receitas do estado, mantendo-os com isso num círculo vicioso de dependência. Terceiro, porque o colapso das economias dos países endividados produz uma fuga de capital que acaba principalmente na Alemanha, a qual é vista cada vez mais como o lugar mais seguro para estacionar Euros enquanto a crise na eurozona se aprofunda. [7] A perda de fundos por bancos na Espanha, Itália, Grécia, Portugal e Irlanda é espantosamente alta, montando a centenas de milhares de milhões de euros (o que significa que estes países são devedores líquidos do BCE), ao passo que o Deutsche Bank e a maior parte dos outros bancos alemães estão inundados de dinheiro. Quarto, sob os esquemas de salvamento externo (bailout), os países endividados abdicam da soberania nacional e são forçados a vender activos públicos (principalmente aos invasores do Norte) a preços de liquidação, enquanto a redução nos custos do trabalho devido à contenção salarial abre novas oportunidades para a exploração agravada do trabalho e acelera o processo de conversão dos países em repúblicas das bananas. [8]

Não pode haver dúvida acerca disto: as políticas neocolonialistas seguidas pela Alemanha e a UE estão a converter a maior parte da Europa numa devastação económica (Polychroniou 2012b). Salários e pensões estão a ser severamente cortados; a procura interna foi drasticamente reduzida; o desemprego atingiu níveis estratosféricos (27 por cento na Grécia, 26 por cento na Espanha, 17 por cento em Portugal); o padrão de vida foi revertido aos níveis da década de 1960; serviços públicos estão a ser entregues ao sector privado; activos do Estado e empresas públicas estão a ser vendidos a preços vis.

Em todos os países endividados da eurozona, jovens educados estão a abandoná-los à procura de trabalho nos países do núcleo, privando portanto as economias periféricas do activo mais importante que possuem ? capital humano qualificado ? enquanto mais uma vez promove o potencial económico dos países do núcleo. [9] Logo, a região mediterrânea Sul consistirá em economias onde a maior parte dos postos de trabalho serão de empregados e empregadas de mesa.

Em suma, o que está a acontecer na periferia da eurozona desde que irrompeu a crise financeira global é um processo de pilhagem e perda completa de soberania nacional. Devido aos "bailouts", os países endividados têm sido sujeitos a um sistema contemporânea de servidão neo-feudal como parte de uma "solução" alemã para uma mal concebida união monetária europeia em paralelo com a busca de um eurozona Reich.

O que o futuro reserva para a eurozona é, naturalmente, impossível prever. O que é certo, entretanto, é que está aproximar-se rapidamente o momento em que a opinião pública na periferia se volta contra o Euro e a UE. Cenários alternativos para a saída da crise muito provavelmente ganharão terreno, [10] e é altamente improvável que contenham a marca da política actualmente vigente e da elite política interna dos países endividados. Na Grécia, Espanha, Portugal e Chipre as elites internas e os chamados tecnocratas acrescentaram por sua conta as medidas de austeridade e demonstraram serem verdadeiros servos da nova Roma. Portanto, a mudança só virá de baixo para cima e a única pergunta é se será numa direcção progressista ou reaccionária ? isto é, envolvendo o restabelecimento de uma "Europa social" ou mesmo a dissolução da eurozona e o retorno do estado-nação democrático, ou um afundamento no extremismo de direita e no nacional chauvinismo.
Notas
1. O projecto de integração europeu foi concebido como uma experimentação puramente económica, mas com esperanças e expectativas de que os "excedentes económicos" finalmente levariam também à integração política. Esta abordagem é consistente com a teoria neofuncionalista da integração, a qual foi formulada originalmente pelo cientista político germano-americano Ernst Haas (1958).
2. O mais recente responsável europeu a embarcar nesta linha de raciocínio é Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro do Luxemburgo e, até recentemente, como chefe do Euro Grupo, o patrão das finanças da Europa. Em meados de Março, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel (2013), ele exprimiu preocupação sobre desenvolvimentos políticos na Itália e Grécia e levantou o espectro de uma outra guerra na Europa.
3. Para uma discussão do papel dos negócios e dos grupos de interesse dos negócios no projecto de integração europeia, ver Franko (1989).
4. Ver, por exemplo, The Economist (2012).
5. Delors, como chefe da Comissão Europeia, desempenhou um papel chave nestes desenvolvimentos, mas foi naturalmente o consenso que emergiu entre o presidente francês François Mitterrand, um forte advogado do projecto da integração europeia que abandonou objectivos históricos do socialismo em favor do neoliberalismo, e Helmut Kohl, chanceler de uma Alemanha unificada, que tornou possível o acordo.
6. A European Round Table of Industrialists, fundada em 1983, foi instrumental em influenciar líderes europeus a embarcarem num caminho neoliberal. Ver Apeldoorn (2002).
7. A destruição líquida de riqueza na eurozona é realmente um processo em curso devido às distorções da utilização do euro como uma moeda única numa zona monetária não óptima: para a Alemanha, o Euro está subvalorizado, o que lhe permite ter uma vantagem comparativa no preço das exportações; para todos os países na periferia, entretanto, o Euro está supervalorizado, o que prejudica suas indústrias exportadoras, tornando-as na generalidade altamente não competitivas.
8. Esta secção da análise apareceu originalmente em Polychroniou (2013b).
9. Na Grécia, milhares de jovens emigrara, principalmente para a Alemanha e os outros países do Norte. Indicativo da tendência esmagadora à emigração que está a ocorrer na Grécia, a percentagem de jovens que submetêm CVs para emprego no exterior aumentou em mais de 450 por cento entre 2009 ? o ano anterior ao princípio da crise ? e 2012. Um fuga de cérebros ("brain drain") verificou-se em Portugal, onde mais de 100 mil portugueses, principalmente jovens, emigraram em 2012, um aumento de aproximadamente 60 por cento em relação a 2011 (Peláez 2013). Na Irlanda, nesse ínterim, a emigração atingiu níveis nunca vistos desde a Grande Fome dos meados do século XIX (Sheehan 2012).
10. Numa entrevista recente ao diário grego Ethnos, Dimitri B. Papadimitriou (2013) propôs a criação de um sistema de moeda paralela como um componente potencialmente necessário de qualquer plano alternativo para a saída da Grécia e de Chipre da crise.

Referências
van Apeldoorn, B. 2002. Transnational Capitalism and the Struggle over European Integration . New York: Routledge.
Balcerowicz, L. 2012. "On the Prevention of Crises in the Eurozone." In F. Allen, E. Carletti, and S. Simonelli, eds. Governance for the Eurozone: Integration or Disintegration? Philadelphia: The FIC Press.
Borges, A. 2012. "The Role of Public Financial Institution." In F. Allen, E. Carletti, and S. Simonelli, eds. Governance for the Eurozone: Integration or Disintegration? Philadelphia: The FIC Press.
Chang, H.-J. 2008. Bad Samaritans: The Myth of Free Trade and the Secret History of Capitalism . London: Bloomsbury Press.
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Franko, L. G. 1989. "Europe 1992: The Impact on Global Corporate Strategy and Multinational Corporate Strategy." Mimeograph, University of Massachusetts, Boston, September.
Gaughan, P. A. 2007. Mergers, Acquisitions and Corporate Restructurings . 4th ed. Hoboken: John Wiley & Sons, Inc.
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Hass, E. B. 1958. The Uniting of Europe: Political, Social and Economic Forces 1950?1957 . Stanford: Stanford University Press.
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Miller, M. H. 1997. "Eurosclerosis, Eurochicken and the Outlook for EMU." Warwick Economics Research Paper Series, No. 482. Coventry, UK: Warwick University, Department of Economics.
Mulhearn, C. J. 2005. Euro: Its Origins, Development and Prospects . Cheltenham, UK: Edward Elgar Publishing.
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Peláez, M. W. 2013. "Emigration: 'Brain Drain' as Young People Look for Opportunities Abroad." Portugal Daily View , January 18.
Polychroniou, C. J. 2012a. "Greece's Bailouts and the Economics of Social Disaster." Policy Note 2012/11. Annandale-on-Hudson, N.Y.: Levy Economics Institute of Bard College.
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Sheehan, A. 2012. "Emigration 'at Famine Levels' as 200 Leave Country Each Day." Independent , December 31.

Do mesmo autor:
resistir.info/grecia/polychroniou_mar13.html , 04/Abr/13
resistir.info/grecia/polychroniou_set12.html , 08/Set/12
resistir.info/europa/polychroniou_set11_p.html , 21/Jan/12
resistir.info/crise/polychroniou_06dez11.html , 12/Jan/12
resistir.info/europa/eurozone_crisis_17abr12.html , 17/Abr/12
resistir.info/grecia/polychroniou_24mai12.html , 04/Jun/12

[*] Investigador associado do Levy Economics Institute of Bard College.

O original encontra-se em www.levyinstitute.org/pubs/pn_13_5.pdf

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Começou a desamericanização do mundo BASENAME: canta-o-merlo-comecou-a-desamericanizacao-do-mundo DATE: Sun, 20 Oct 2013 17:32:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/crise/geab_78.html

? A emergência de soluções para um mundo multipolar daqui até 2015
por GEAB [*]

Há momentos em que a história se acelera. Seja qual for o desfecho das negociações sobre o shutdown e o tecto da dívida, Outubro de 2013 é um deles. O bloqueio levado demasiado longe abriu os olhos daqueles que ainda apoiavam os Estados Unidos. Um líder é seguido quando nele se acredita, não quando é ridículo.

"Construir um mundo desamericanizado": há alguns anos, a afirmação teria provocado um sorriso. No máximo, teria passado por uma provocação de Hugo Chavez. Mas quando se assiste em directo à falência dos Estados Unidos, e é uma agência de notícias oficial da China que o diz [1] , o impacto já não é o mesmo. Na realidade a notícia descreve em voz alta um processo já amplamente iniciado: simplesmente, agora é tolerado que se fale disso publicamente. O bloqueio do governo americano pelo menos teve o mérito de desatar as línguas [2] . Que ninguém se engane, esta análise não apareceu num media chinês por acaso, ela reflecte o endurecimento de tom de Pequim.

Com efeito, se o mundo inteiro retém a respiração diante do jogo patético das elites estado-unidenses, não é por compaixão ? é para evitar ser arrastado na queda primeira potência mundial. Cada um tenta desligar-se do império americano e afastar-se dos Estados Unidos, desacreditados definitivamente pelos recentes episódios sobre a Síria, o tapering, o shutdown e agora o tecto da dívida. O poder lendário dos Estados Unidos agora é apenas um poder de perturbação e o mundo compreendeu que já era tempo de se desamericanizar.

Esta perspectiva e a verbalização do indizível [3] libertam finalmente todo um conjunto de soluções que até então estavam nos primórdios e ainda eram até mesmo repelidas por alguns. Estas soluções aceleram a construção do mundo posterior e abrem-se sobre um mundo multipolar organizado em tornos dos grandes blocos regionais. Após um exame dos infortúnios americanos, nossa equipa analisa neste número do GEAB as forças que moldam este mundo em mutação. Na parte "Telescópio" retornaremos igualmente ao estado real da sociedade estado-unidense que, por trás da miragem da bolsa e da finança, explica o fracasso do american way of life e participa neste distanciamento em relação ao modelo americano. Finalmente, actualizamos nossa avaliação anual dos riscos-país a fim de completar este panorama mundial, assim como apresentamos as recomendações tradicionais e o GlobalEuromeÌtre.

Plano do artigo completo:
1. "No we can't"
2. Crises em rajada
3. Shutdown: a risada do mundo, mas com um riso amarelo
4. Desamericanisação em todos os níveis
5. O petrodólar está morto, viva o petroyuan
6. A China toma a Eurolândia pela mão
7. Rússia, America do Sul: sequência da desocidentalisação

Apresentamos neste comunicado público as partes 1, 2 e 4.

"No we can't"

Como os tempos mudam. O mundo inteiro esqueceu as palavras freedom, hope ou o famoso slogan "Yes we can", representativos da sociedade americana aos olhos de gerações anteriores, e passou agora a falar de taper, shutdown e tecto [da dívida]. Não se trata exactamente da mesma dinâmica e a imagem, de positiva, tornou-se francamente negativa.

É impressionante constatar a que ponto a actual situação americana confirma o provérbio de que uma infelicidade nunca vem só. Num período de mês e meio, primeiro uma humilhação sobre o dossier sírio por parte da própria Rússia. Depois um banco central que confessa a impossibilidade de diminuir a quantitative easing [4] . A incapacidade de votar um orçamento, o que implica o encerramento do Estado federal. Um shutdown que se prolonga bem para além do razoável [5] . Uma negociação sobre o tecto da dívida em impasse a dois dias da data limite. Os Estados Unidos pressionados pelo G20 a ratificar a reforma do FMI que eles bloqueiam desde há três anos, e pelo Banco Mundial e o FMI a porem na ordem suas finanças [6] . E agora o tiro de aviso chinês.

Crises em rajada

Esta sucessão de crises é absolutamente inquietante para o país e testemunha uma aceleração sem precedentes e um choque iminente. Há fatalidade nestas crises. Mas há também uma dose de recuperação estratégica. O shutdown pôde assim ser instrumentalizado por Obama para fazer pressão sobre os republicanos a fim de que eles votem a elevação do tecto da dívida, compromisso bem mais importante para os Estados Unidos. Isto não é visivelmente senão um êxito parcial, mas pode-se na mesma esperar uma elevação provisória, que adia todos os problemas por algumas semanas [7] ; entretanto não é de excluir que a via trágica seja escolhida, pois não se trata mais de uma decisão racional e que poderia ser antecipada.

Com efeito, se os comentaristas se concentram no Tea Party o qual, do mesmo modo como accionistas minoritários chegam a controlar uma sociedade através de uma holding, conseguiu sequestrar o Partido Republicano e a sociedade americana, uma outra leitura também pode ser efectuada. Agora numerosos americanos vêm a realidade de frente: seu país está na falência. Portanto, será melhor retardar a confrontação com a realidade, deixando que se ampliem os problemas, ou mais vale resolvê-los agora? Uma grande parte da população não vê com maus olhos um incumprimento de pagamento [8] . Além disso, que outro solução há, a prazo? Não haverá vontade dos republicanos em precipitar a crise? Esta é a ocasião sonhada uma vez que eles sempre podem culpar o Tea Party que declara sem rodeios que "nenhum acordo vale mais do que um mau acordo" [9] . O que queremos dizer é que desta vez, ou provavelmente numa outra ocasião num futuro próximo, eles poderiam ser tentados a cortar o nó górdio.

Da mesma forma, uma recuperação estratégica certamente teve lugar quando o Fed fez marcha-atrás quanto à redução da sua facilidade quantitativa. Por que terá ele dado a entender até o fim que diminuiria a QE3, sem o fazer no final? É a primeira vez que o Fed provoca uma surpresa nos investidores, todos 100% convencidos da diminuição gradual, pois havia feito da forward guidance um princípio bem estabelecido. Não haverá realmente nenhuma ligação com os grosseiros delitos de iniciados verificados no momento do anúncio do Fed [10] , que proporcionaram milhares de milhões aos seus autores? Tudo isso apoia a nossa hipótese de estabelecimentos financeiros americanos em estado de desespero que devem ser postos a flutuar discretamente por operações deste género, deixando em má situação a credibilidade do Fed. Mais uma vez soluções de curto prazo que pioram a situação mas adiam um pouco o desenlace fatal. Acerca destes bancos americanos, não somos mais os únicos a puxar a campainha de alarme: o Banco da Inglaterra aguarda falências de grandes bancos que teriam, segundo ele, perdido o estatuto de "too big to fail" [11] . Reiteramos portanto nossa advertência a respeito.

Tal como um boxeur, todos estes golpes encaixados tornaram o país grogue e não é preciso senão um último para o derrubar no chão. Se ele não vier de um incumprimento de pagamento americano em Outubro, isto acontecerá com algum outro compromisso que tiver sido adiado mas que, desta vez, não cederá.

Shutdown: a risada do mundo, mas com um riso amarelo

Quando escrevíamos no GEAB nº 77 a respeito da votação do orçamento: "não há dúvida que um compromisso será encontrado no último minuto ou, mais provavelmente, algumas horas ou mesmo alguns dias após a data limite", é forçoso constatar que ainda subestimávamos as divergências políticas em Washington uma vez que o "alguns dias" que tínhamos em mente transformaram-se em semanas. O diário Le Monde tinha como título do seu sítio web "o lamentável espectáculo de Washington" [12] . Mas finalmente este shutdown não tem um impacto desmedido sobre os mercados financeiros [13] , portanto tudo vai bem, parecem pensar numerosos republicanos que se acomodam muito bem a uma paralisia do Estado Federal e à redução das despesas públicas que se seguem.

Esta não é a opinião dos países que possuem um montante elevado de títulos do tesouro dos EUA, que se sentem lesados [14] pelos Estados Unidos. Eles estão estupefactos pela insustentável ligeireza dos EUA e pela atitude irresponsável daquele que ainda recentemente era "o patrão". Se o país entra em incumprimento em relação à sua dívida, a onda de choque será certamente terrível. Entretanto, isto não seria o fim do mundo uma vez que um eventual incumprimento poderia simplesmente assumir a forma de um atraso de pagamento de alguns dias; além disso, as diferentes regiões do mundo seriam afectadas muito desigualmente conforme o seu grau de desligamento da economia estado-unidense. Não, o país que mais sofrerá com esta solução (e qualquer outra, igualmente) será certamente os próprios Estados Unidos. Para registo: recordamos que eles detêm dois terços da sua própria dívida pública.

Eis porque os países melhor governados já começaram este grande desligamento, à cabeça dos quais está a China que sabe, desde Sun Tzu, que "quando o trovão explode já é demasiado tarde para tapar os ouvidos". [15]
Notas:

(1) Fontes: Xinhuanet (agence Chine Nouvelle, 13/10/2013), RFI (13/10/2013).

(2) Mesmo o Financial Times corrobora (02/10/2013): "o sistema actual baseado no dólar é intrinsecamente instável". Confissão incrível da parte de um jornal financeiro anglo-saxónico.

(3) A repercussão mundial recebida pelo artigo chinês mencionado acima mostra o interesse atribuído a esta declaração da segunda potência mundial e confirma que ela rompeu um tabu que vai permitir por em acção soluções longamente esperadas pela maioria dos países. Ler por exemplo a excelente análise do Asia Times , 15/10/2013.

(4) Fonte: Bloomberg , 18/09/2013.

(5) Fonte: CNN , 14/10/2013.

(6) Fonte: por exemplo PressAfrik , 12/10/2013.

(7) Fonte: New York Times , 15/10/2013.

(8) 58% dos americanos votariam contra a elevação do tecto da dívida. Fonte: Fox News , 08/10/2013.

(9) Fonte: Le Monde , 15/10/2013.

(10) Fonte: USA Today , 24/09/2013.

(11) Fonte: The Telegraph , 12/10/2013.

(12) Fonte: Le Monde , 14/10/2013.

(13) Evidentemente, uma vez que o Fed prossegue sua quantitative easing desenfreada.

(14) São ainda assim refens consentidos uma vez que financiaram maciçamente e voluntariamente este país...

(15) Sun Tzu, A arte da guerra , século VI AC.

15/Outubro/2013
[*] Global Europe Anticipation Bulletin.

O original encontra-se em www.leap2020.eu/...

Este comunicado público encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A maldição do Euro BASENAME: canta-o-merlo-a-maldicao-do-euro DATE: Mon, 07 Oct 2013 13:24:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/europa/maldicao_do_euro.html

por David Cronin [*]

Tive um professor odioso na escola primária. Aquele bruto gostava de sovar seus alunos com duas varas castanhas que havia baptizado como Katie e Maggie. Quando não estava a infligir sofrimento às nossas palmas das mãos, o sr. C dava-nos lições de moral acerca do erro da violência.

José Manuel Barroso recorda-me o sr. C ? ainda que não haja semelhança física um com o outro. O chefe da Comissão Europeia está a supervisionar um experimento sádico que castiga milhões de pessoas, as quais não foram responsáveis pela crise financeira. E agora ele pretende ter descoberto uma consciência social.

Barroso e seus colegas começaram este mês um exercício cínico de recobri de açúcar a austeridade. Um documento de nova política da Comissão advoga que deveria haver mais acompanhamento das políticas de emprego dentro dos países da zona Euro. Isto está a ser apresentado como um grande esforço a fim de dar à moeda única uma dimensão social .

Não espere que o sadismo seja abandonado. Hoje todos os governos da eurozona estão sob tutela e têm de submeter seus orçamentos nacionais ao escrutínio de Bruxelas até 15 de Outubro. As regras de despesas que estão a levar ao estripamento de muitos estados de bem-estar social estão a ser impostas com rigor.

Dar uma "dimensão social" ao euro ignora que este é um projecto fundamentalmente anti-social. Não peço desculpas por procurar repetidamente chamar a atenção para o facto de que o plano de 1988 para a criação desta moeda foi formulado por um conluio de grandes corporações com mandato democrático zero. A Association for the Monetary Union of Europe , como aquele conluio era conhecido, incluía representantes da Goldman Sachs, Deutsche Bank, Total e British American Tobacco. Sua agenda era realizar as fantasias dos gatos gordos, e não, como nos dizem assessores de imagem, unir mais estreitamente os povos da Europa.

Um quarto de século depois, um conluio semelhante está a ditar as políticas económicas da UE. Em Junho, os governos da União comprometeram-se a proporcionar a todos os jovens um emprego ou estágio de aprendizagem dentro de quatro meses após o fim da faculdade ou de ficarem desempregados. Elementos chave desta proposta de garantia jovem foram copiados e colados de recomendações feitas pela Mesa Redonda Europeia de Industriais (European Roundtable of Industrialists, ERT), a qual reúne presidentes e executivos chefe da Shell, BP, Volvo, Nestlé e Heineken.

Longe de ser altruísta para com os nossos jovens, a ERT quer proporcionar-lhes um futuro de tensão, incerteza e empregos de pacotilha. Uma ladainha de exigências do grupo declara que as "medidas de protecção do emprego devem ser redesenhadas e modernizadas" na maior partes dos países da UE.

A ideia deles de "modernização" significa recuar a uma era anterior em que o trabalho organizado não havia alcançado avanços significativos. Se a ERT conseguir avançar, grandes companhias poderão dar pré avisos mais curtos antes de despedirem trabalhadores e pagarem indemnizações aos que perdem empregos quando estes forem cortados drasticamente. Pagamentos por horas extras e feriados não utilizados podem ser abolidos em nome da "flexibilidade".

Aqui em Bruxelas, Jacques Delors muitas vezes é louvado como uma espécie de visionário. Se o seu objectivo fosse ampliar a desigualdade e fazer milhões de miseráveis, então imagino que fosse um visionário. Pois foi exactamente isso o que este francês conseguiu ao apoiar veementemente o projecto da moeda única quando era presidente da Comissão Europeia.

Hoje Delors dirige um think tank chamado Notre Europe que é parcialmente financiado pelo gigante da energia GDF Suez. Seus devotos continuam a dar a impressão de que vale a pena salvar o Euro, desde que a sua fachada seja um pouco lavada.

Um novo documento do Notre Europe argumenta que a regra de despesas subjacente ao Euro deveria permanecer baseada no princípio de que aqueles que a desobedeçam serão punidos. Qualquer "dimensão social" que seja introduzida, por outro lado, deveria confiar em incentivos, ao invés de sanções.

Isso resume tudo, realmente. Governos ainda podem ser intimidados e coagidos a retalhar despesas em saúde e educação. Mas quaisquer medidas para amortecer a bofetada serão consideradas opcionais.

Seria encorajante se os sindicatos estivessem a combater esta agenda anti-social. Se bem que numerosos activistas estejam nas linhas de frente da resistência, alguns grandes actores no movimento trabalhista estão demasiado ocupados a aconchegaram-se aos patrões.

A Confederação Europeia dos Sindicatos associou-se recentemente à coligação corporativa BusinessEurope para emitir uma proposta conjunta para travar o desemprego juvenil. Com sua ênfase sobre "reformas" e "competitividade" ? ambas sinónimos de enfraquecimento de direitos trabalhistas ? a proposta lê-se como uma versão diluída da já mencionada ladainha da ERT.

O Euro tem sido uma maldição para as pessoas comuns. É necessário enterrá-lo se pretendemos uma Europa mais justa.
01/Outubro/2013

[*] Jornalista, irlandês, vive em Bruxelas, autor de Corporate Europe: How Big Business Sets Policies on Food, Climate and War , publicado pela Pluto Press.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- COMMENT: AUTHOR: Valentim [Visitante] DATE: Tue, 08 Oct 2013 19:50:22 +0000 URL: http://martinsmallinjod.neuf.fr

Prosseguindo o meu comentaio anterior, o euro não foi criado para facilitar a vida dos cidadãos, mas sim os movimetos de capitais e o aumento dos preços em todos os paises da Europa.
Penso e desejo o fim do euro proximo. Uma moeda so pode subsistir numa zona onde a fiscalidade,Qouseud as regras sociais e o nivel de vida sejam equivalentes.

----- COMMENT: AUTHOR: Valentim [Visitante] DATE: Tue, 08 Oct 2013 17:25:39 +0000 URL: http://martinsmallinjod.neuf.fr

Entràmos para a Europa como se fossemos à festa. As ajudas comunitarias serviram para fazer muitas obras, frequentemente injustificadas, elevando o nivel de vida dos paises e alimentando ao mesmo tempo a corrupção. Os paises continuaram a endividar-se tornando-se dependentes da finança mundial. Enquanto as cadeias de supermercados, os fabricantes de automoveis enriqueceram a nossa industria foi destruida pelas importaçéoes chinesas. Tudo isto foi calculado e previsto pelos lobings que se escondem por tràs dos deputados europeus.
Agora hà que pagar as vacas ao dono.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Alemanha exporta bancarrota e desemprego BASENAME: canta-o-merlo-alemanha-exporta-bancarrota-e-desemprego DATE: Sat, 28 Sep 2013 22:41:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

"Mas um grande país [a Alemanha] com um enorme excedente estrutural de transacções corrente não exporta apenas produtos. Exporta também bancarrota e desemprego, particularmente se o fluxo de capital correspondente consiste em dívida a curto prazo". Quem o diz é Martin Wolf, colunista do Financial Times, a propósito da política económica do sr. Schäuble, ministro das Finanças alemão. Ver o seu artigo "O estranho universo paralelo da Alemanha ? Plano de Merkel para a zona Euro é profundamente depressivo" .
Com tal política a sobrevivência da zona Euro é impossível. Donde se conclui que, para os países do Sul da Europa, o melhor caminho para evitar serem arrastados no naufrágio do Euro (e da UE) é a saída unilateral. Quanto mais cedo melhor.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Dissolver o Euro: uma ideia que se imporá BASENAME: canta-o-merlo-dissolver-o-euro-uma-ideia-que-se-impora DATE: Sat, 28 Sep 2013 06:12:43 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Jacques Sapir [*]

http://www.resistir.info/europa/sapir_16set13.html

Desde o fim da Primavera, chega-nos dos países do Sul da Europa um concerto de "boas notícias". O crescimento estaria a retornar em Portugal, na Espanha e até mesmo na Grécia. As taxas mantêm-se a um nível considerado como "razoável". Em resumo, a crise da zona Euro estaria nas nossas costas. Contudo, ao olhar melhor, pode-se seriamente duvidar da realidade destas afirmações.

Será que saímos da Crise?

Há muito de manipulação, mas um pouco de verdade, nestas afirmações. Comecemos pelo pouco de verdade que contêm. Sim, a crise está em vias de atingir um patamar. Isto é evidente em Espanha onde o desemprego parece doravante estabilizado, ainda que a um nível muito elevado (25% da população activa). A crise não parece agravar-se mais nestes últimos meses, mas isso está longe de ser equivalente a uma saída da crise. Acrescentemos que nuvens cada vez mais negras se acumulam no horizonte: o crédito está em vias de se contrair (em particular na Itália e em França), o investimento reduz-se sempre (e com ele as perspectivas de crescimento futuro). Nada permite dizer que os países do Sul da Europa irão encontrar nos próximos meses o impulso de um crescimento que lhes permita apagar a crise que experimentam. A perspectiva de uma nova crise política na Itália, vindo acrescentar-se às dificuldades económicas, é uma forte probabilidade. [1]

Pode-se igualmente constatar (gráfico 1) que a melhoria da balança comercial neste país [Itália] está ligada à queda das importações e não a uma alta das exportações.

Da mesma forma, a subida dos créditos não pagos no balanço dos bancos é um indicador muito seguro da acumulação de problemas (gráfico 2).

Tendo em conta a importância da economia italiana, que é a terceira economia da zona Euro, é claro que a zona Euro está longe, muito longe, de estar livre de problemas.

No melhor dos casos, a crise vai durar ao mesmo nível que hoje. No pior ? e é isto que se pode temer quando se olha a evolução do crédito e do investimento ?, após esta pausa provisória, os resultados deveriam recomeçar a degradar-se a partir do segundo semestre de 2014. Já está claro que será preciso um novo plano de salvamento para a Grécia daqui até ao fim de 2013. [2]

Isto nos conduz às manipulações, amplamente evidentes num certo número de medias. Não se fala mais senão da "retomada" enquanto o conjunto dos indicadores permanece muito inquietante. Há um consenso numa parte da imprensa, essencialmente por razões políticas, que a leva a proclamar este retorno ao crescimento quando tudo o desmente. Houve um exemplo destas práticas a propósito das estatísticas do desemprego em França. Isso é instrutivo, tanto quanto ao estado de certos media em França quanto do ponto de vista mais geral da atitude das elites sobre este problema. Enquanto se continua a discutir a crise do Euro na Alemanha, na Itália e em Espanha, o tema parece ter desaparecido em França.

A crise em perspectiva

A zona Euro tem sofrido de vários males: a ausência de fluxos financeiros maciços para equalizar as estruturas económicas dos países membros; um Banco Central independente fixado numa política inoperante [3] ; e uma política de deflação salarial iniciada pela Alemanha, que tem a aparência de uma política de "passageiro clandestino" [4] ? também qualificada de "oportunista" ou de "não cooperativa" ? que exacerbou as tendências pré existentes às evoluções desiguais dos salários e da produtividade.

É preciso aqui lembrar que a crise da zona Euro não data dos anos 2010-2011, mas que tem raízes bem mais antigas. A introdução do Euro implicava também uma política monetária única para os países da zona. Ora, tanto as conjunturas económicas como os determinantes estruturais da inflação ? os problemas de repartição dos rendimentos, mas também a presença de cadeias logísticas mais ou menos sensíveis a altas de preços susceptíveis de serem adiadas ? implicam taxas de inflação estrutural diferentes conforme os países. Esta situação resulta da presença de rigidezes importantes na economia que invalidam a tese de uma "neutralidade" da moeda. [5]

Entretanto, no quadro de uma moeda única, as divergências de inflação não podem ser demasiado importantes devido a problemas de competitividade interna na zona. Um certo número de países teve então de ter uma inflação inferior ao seu nível estrutural. Isso, em consequência, levou-os a ter uma taxa de crescimento inferior à sua taxa de crescimento óptima e explica porque certos países como a Itália ou Portugal experimentaram um crescimento muito fraco. De facto, estes países perderam em dois tabuleiros: na competitividade e no nível de crescimento. [6]

Tabela 1? Taxas de crescimento dos países da zona Euro comparadas com países externos à zona (%)

1986/2012

1986/1999

2000/2007
Canadá 2,48 2,75 2,84
França 1,81 2,30 2,06
Alemanha 1,86 2,36 1,67
Itália 1,24 2,00 1,56
Japão 1,70 2,44 1,52
Grã-Bretanha 2,45 3,07 3,16
EUA 2,59 3,30 2,59
Suécia 2,31 2,21 3,23
Fonte: FMI, Outlook Database, Abril 2013

Se a economia europeia se arrasta na recessão desde 2000, isto verifica-se exactamente por causa do Euro. O facto de a Alemanha ter tirado proveito confirma isso, tanto devido às vantagens comparativas específicas deste país como à política que foi efectuada desde 2002 (as "reformas" Harz-IV). O Euro está no cerne do problema da Europa. Ele condena a maioria dos países que o adoptaram à recessão ou à crise, como na Europa do Sul. A Alemanha "exportou" para estes países entre 4 e 5 milhões de desempregados.

A opção de um federalismo europeu [7] , outro dos problemas políticos que ela introduz, choca-se com a amplitude dos fluxos de transferências a que a Alemanha deveria consentir em benefício dos países da Europa do Sul [8] . A Alemanha suportaria efectivamente 90% do total destas transferências líquidas, ou seja, entre 220 e 232 mil milhões de euros por ano (o que equivale 2200 a 2320 mil milhões em dez anos), entre 8% e 9% do seu PIB. Outras estimativas dão níveis ainda mais elevados, atingindo 12,7% do PIB. [9] . Convém portanto extrair todas as consequências: o federalismo não parece uma opção realista para os países da Europa do Norte e em primeiro lugar para a Alemanha. É irrelevante apresentá-lo como uma possível solução. [10]

A dissolução, único horizonte razoável?

A amplitude da recessão que atinge numerosos países anuncia um retorno da crise. A solvabilidade dos Estados não está mais garantida. O colapso dos recursos fiscais em numerosos países constitui um acelerador da crise. Esta situação testemunha perfeitamente a presença de defeitos estruturais na concepção e na execução da moeda única. [11] Estes últimos, desde há muito negados ou minimizados [12] , estão hoje em vias de serem reconhecidos.

SOLUÇÃO SALVADORA PARA A EUROPA DO SUL

Uma dissolução da zona Euro não seria uma "catástrofe" como muitas vezes se pretende, mas pelo contrário uma solução salvadora para a Europa do Sul e a França. É isto que mostra o estudo "Les Scénarii de Dissolution de l'Euro", publicado no princípio de Setembro. [13] Ali se pode ler, seguindo as diferentes hipóteses estudadas, não só o efeito muito benéfico das desvalorizações sobre a economia francesa como também sobre aqueles países hoje devastados pela crise, como a Grécia, Portugal ou Espanha. Naturalmente, segundo as hipóteses retidas, quanto ao carácter mais ou menos cooperativo desta dissolução mas também quanto à política económica seguida, as estimativas do crescimento divergem. Na pior, será preciso esperar um crescimento acumulado de 8% no terceiro ano após o fim do Euro e na melhor um crescimento de 20%. Para a Europa do Sul, o crescimento acumulado é em média de 6% para a Espanha, de 11% para Portugal e de 15% para a Grécia na hipótese mais desfavorável para estes países. Uma primeira lição se impõe então: a dissolução da zona Euro restauraria o crescimento em TODOS os países da Europa do Sul e provocaria uma baixa maciça e rápida do desemprego. Para a França, pode-se estimar a baixa do número de desempregados entre 1,0 e 2,5 milhões em três anos. Além disso, restabelecer-se-ia o equilíbrio dos regimes de reformas e de protecção social. No caso da França, este retorno ao equilíbrio seria muito rápido (em dois anos). Haveria efeitos importantes sobre as antecipações das famílias cujo horizonte seria libertado das inquietações provocadas por reforma em repetição. O consumo aumentaria e com ele o crescimento, mesmo que não se possa estimar este efeito. Esta dissolução daria outra vez à Europa do Sul sua vitalidade económica, mas seria lucrativa também para a Alemanha, pois uma Europa do Sul em expansão continuaria a comerciar com o seu vizinho do Norte após um reajustamento das competitividades. [14]

Os inconvenientes seriam muito limitados. Tendo em conta os impostos, o impacto de uma desvalorização de 25% em relação ao Dólar sobre o preço dos combustíveis não provocaria senão uma alta de 6% a 8% do produto "na bomba". Desaparecido o Euro, as dívidas dos diferentes Estados seriam redenominadas em moeda nacional.

Uma tal política imporia também controles de capitais em cada país. Notemos que este já é o caso em Chipre! Estes controles, além do facto de que contribuiriam para desfinanciarizar estas economias, limitariam consideravelmente a especulação e permitiriam aos Bancos Centrais visar objectivos de paridade. Uma vez atingidas estas paridades, um sistema de flutuações coordenadas das moedas, como no tempo do ECU, poderia ser posto em acção. Historicamente, o que desferiu o golpe mortal neste sistema foi a especulação monetária. Suprimida esta, ou fortemente reduzida, o sistema poderia funcionar novamente.

Da "moeda única" à "moeda comum"?

Esta ideia atrai um certo número de homens (e de mulheres) políticos. E ela está longe de ser absurda, muito pelo contrário. De facto, uma moeda comum deveria ter sido adoptada desde o princípio.

Do que se trata? Pode-se imaginar que o sistema monetário europeu reconstituído que se teria após a dissolução do Euro desemboque numa "moeda comum" vindo acrescentar-se às moedas existentes, a qual seria utilizada para o conjunto das transacções (bens e serviços mas também investimentos) com os outros países.

Esta dissolução da zona Euro, se ela resultar de um acto concertado da parte dos países membros, deveria dar nascimento a um sistema monetário europeu (SME) encarregado de garantir que a necessária flexibilidade dos câmbios não se transforme em caos. Se um tal sistema for posto em acção, haveria necessariamente consequências importantes sobre o sistema monetário internacional. Este novo SME deveria, para poder funcionar correctamente, ter as seguintes características:

(i) As paridades entre as moedas dos países que fazem parte deste SME devem ser fixas, ainda que permanecendo revisáveis de maneira regular para evitar que se reproduzam os desequilíbrios que hoje devastam o Euro. Isto implica a constituição de uma unidade de conta europeia e a regulamentação dos movimentos de capitais no interior da zona. Se os movimentos de capitais para fins de investimento não colocam problemas devido à fixação das paridades, não deve haver senão um mercado muito reduzido das opções, ele próprio severamente regulamentado. De resto, o mercado monetário não deve ser feito senão à vista (au comptant) com interdição absoluta das posições descobertas.

(ii) A fixação das paridades deve-se fazer de maneira coordenada , no quadro de um conselho financeiro europeu, tendo em conta as evoluções da produtividade e da inflação em cada país. O objectivo sendo reduzir fortemente as posições seja credoras seja devedoras em matéria de balança de pagamentos. Os défices como os excedentes internos no SME deveriam então ser transferidos para uma conta especial do BCE ? que desempenharia assim o papel de instituição de clearing ? e deveriam ser tributados proporcionalmente (prorata) à sua importância (por tranche) e a sua duração.

(iii) É importante que a legislação bancária, em particular para os bancos de retalho, seja harmonizada. Deste ponto de vista, um mecanismo de união bancária é tão importante quanto o era sob o Euro. Esta união bancária deveria ser administrada pelo BCE, cujas competências e papel seriam então redefinidos por um novo estatuto.

(iv) O Banco Central Europeu terá a responsabilidade da gestão da unidade de conta em relação a países "fora da zona". Isso implica que ele teria a responsabilidade de ter um objectivo de taxa de câmbio da unidade de conta em relação às outras moedas (fora do SME) e que deveria poder intervir para defender este objectivo nos mercados financeiros. As transacções tanto comerciais como financeiras fora do SME seriam feitas só em unidade de conta.

(v) Neste sistema monetário europeu, não é necessário nem desejável que o estatuto actual dos Bancos Centrais seja conservado. Convém aproximar os Bancos Centrais dos governos ? passando de uma "independência" a uma "autonomia" na aplicação das políticas decididas pelos governos ? e permitir-lhes cobrir por empréstimos e adiantamentos mínimos a parte não estrutural do défice (peso dos juros da dívida, medidas orçamentais especiais para enfrentar crises ou qualquer outro imprevisto).

(vi) A dívida dos países, no momento detida de 30% a 65% por não residentes (maioritariamente europeus) seria progressivamente renacionalizada. As emissões de dívidas não poderiam ser feitas senão na moeda nacional, salvo acordo europeu para manter uma moeda comum externa, que deveria oferecer activos de aplicações internacionais e que justificaria que uma parte mínima das dívidas seja denominada nesta moeda comum. De facto, a utilização de mecanismos como os patamares mínimos de efeitos públicos nos activos dos bancos forneceria os recursos necessários.

(vii) A unidade de conta funcionaria como um "cabaz" de moedas, onde as proporções de cada moeda, assim como suas paridades, poderiam ser revistas.

Este sistema corresponderia na realidade à existência de uma moeda concebida como uma unidade de conta vindo acrescentar-se às moedas nacionais existentes. Esta situação seria muito propícia à ressurreição do Euro, mas sob a forma de uma moeda comum.

Isto daria à Europa em simultâneo a flexibilidade interna de que tem necessidade e a estabilidade em relação ao resto do mundo. Sendo um "cabaz de moeda" intrinsecamente mais estável que uma moeda isolada, esta moeda comum poderia a prazo tornar-se um poderoso instrumento de reserva, correspondendo aos desejos expressos pelos países emergentes dos BRICS.

A dissolução do Euro, nestas condições, assinalaria não o fim da Europa como pretendem alguns mas sim, ao contrário, seu retorno vencedor na economia mundial. E, além do mais, um retorno que beneficiaria maciçamente, tanto pelo crescimento como pela emergência a prazo de um instrumento de reserva, os países em desenvolvimento da Ásia e da África.
Notas
[1] Thelier C., "Italie, une rentrée agitée", NATIXIS Special Report , n° 155, 13 septembre, Paris.
[2] Artus P., "En quoi pourrait consister une nouvelle aide à la Grèce?" FLASH-ECONOMIE Natixis , n° 598, 30 août 2013, Paris.
[3] Biböw J., "The Euro and Its Guardian of Stability" in Rochone L-P et S. Yinka Olawoye (edits), Monetary Policy and Central Banking : New Directions in Post-Keynesian Theory , Edwrd Elgar, Cheltenham et Northampton, 2012, pp. 190-226.
[4] Flassbeck H., "Wage Divergence in Euroland : Explosive in the Making" in Biböw J. et A. Terzi (edits.), Euroland and the World Economy ? Global Player or Global Drag ? , Palgrave MacMillan, Londres, 2007.
[5] B.C. Greenwald et J.E. Stiglitz, "Toward a Theory of Rigidities" in American Economic Review , vol. 79, n°2, 1989, Papers and Proceedings , pp. 364-369. L. Ball et D. Romer, "Real Rigidities and the Nonneutrality of Money" in Review of Economic Studies , 1990, vol. 57, n°1, pp. 183-203.
[6] Voir sur ce point Biböw J. et A. Terzi (edits.), Euroland and the World Economy ? Global Player or Global Drag ? , op.cit..
[7] Artus J., Trois possibilités seulement pour la zone euro , NATIXIS, Flash-Économie , n°729, 25 octobre 2012.
[8] Sapir J., "Le coût du fédéralisme dans la zone Euro", billet publié sur le carnet Russeurope le 10/11/2012, URL: http://russeurope.hypotheses.org/453
[9] Artus P., "La solidarité avec les autres pays de la zone euro est-elle incompatible avec la stratégie fondamentale de l'Allemagne : rester compétitive au niveau mondial ? La réponse est oui", NATIXIS, Flash-Économie , n°508, 17 juillet 2012.
[10] Comme le fait Michel Aglietta, Zone Euro : éclatement ou fédération , Michalon, Paris, 2012
[11] Sapir J., Faut-il Sortir de l'Euro ? Le Seuil, Paris, 2012.
[12] Des travaux comme ceux collationnés dans Biböw J. et A. Terzi (edits.), Euroland and the World Economy ? Global Player or Global Drag ? , Palgrave MacMillan, Londres, 2007.
[13] Sapir J., et P. Murer (avec la contribution de C. Durand), Les scenarii de la dissolution de l'Euro , Étude de la Fondation Res Publica , septembre 2013, Paris, 88p.
[14] Artus P. (red), "C'est la compétitivité-coût qui devient la variable essentielle" in Flash-Economie , Natixis, note n° 596, 30 août 2013, Paris.
16/Setembro/2013

[*] Economista.

O original encontra-se em russeurope.hypotheses.org/1526

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O valor do dinheiro BASENAME: canta-o-merlo-o-valor-do-dinheiro DATE: Fri, 27 Sep 2013 16:39:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://agal-gz.org/blogues/admin.php?ctrl=items&action=new&blog=12

"O sistema monetário pós Bretton Woods pode ser caracterizado não como um padrão dólar, mas mais rigorosamente como um padrão petro-dólar".
por Prabhat Patnaik [*]

Introdução

Um aspecto intrigante da nossa vida quotidiana é que uns pequenos pedaços de papel que intrinsecamente não valem nada, e a que chamamos dinheiro, pareçam ter valor e possam ser trocados por objectos úteis. O propósito deste livro é examinar a organização social subjacente a este facto. Embora esta organização social não seja mais do que toda a organização social subjacente ao capitalismo, há uma razão para começarmos a nossa investigação pelo "lado do dinheiro". Isto porque uma parte importante da organização social, que nem sempre é aparente quando começamos pelo conceito de "capital", surge com maior nitidez quando consideramos o dinheiro como ponto de partida para a nossa análise. Esta parte prende-se ao facto de o capitalismo não poder existir, e nunca ter existido, isolado como um sistema fechado, contido em si mesmo, conforme se pressupõe habitualmente em grande parte da análise económica. Por outras palavras, a melhor via para entender a totalidade da organização social subjacente ao capitalismo é começar por uma pergunta muito simples: O que é que insufla o valor a estes pedaços de papel que não têm qualquer valor intrínseco? Esta pergunta, por seu turno, faz parte duma pergunta mais abrangente: O que é que determina o valor do dinheiro, quer ele consista de bocados de papel sem valor intrínseco ou de metais preciosos? Para estas perguntas tem havido duas respostas básicas em economia. A primeira proposta deste livro é que uma dessas respostas, a que é dada pela actual economia "predominante" (mainstream), não resiste a uma avaliação lógica. Portanto vou começar com uma crítica da economia "predominante" e, em especial, da noção de "equilíbrio" que lhe é central.

Uma crítica da noção predominante de equilíbrio

A teoria económica predominante toma a compensação do mercado (market clearing) como ponto de referência. Na sua percepção, a flexibilidade de preços que caracteriza os mercados no tipo ideal de economia capitalista, garante a equiparação da oferta e da procura num conjunto de preços de equilíbrio. As dotações que uma economia dispõe e cuja propriedade é distribuída de determinada maneira entre os agentes económicos são plenamente utilizadas para produzir um conjunto de bens cuja oferta é exactamente igual à sua procura neste conjunto de preços de equilíbrio. Decorre daí que numa economia dessas não existe a questão de qualquer desemprego involuntário, no sentido de uma oferta excessiva de mão-de-obra à taxa salarial prevalecente, em equilíbrio. Gostos, tecnologia, a dimensão das dotações e a sua distribuição pelos agentes económicos e as "condições de frugalidade" (para usar uma frase de Joan Robinson), ou aquilo a que alguns chamariam a "preferência no tempo" dos agentes económicos, determinam os preços de equilíbrio e os produtos neste mundo de agentes "racionais", onde as empresas maximizam lucros e indivíduos maximizam utilidades.

Mas esta noção predominante de equilíbrio só é logicamente sustentável num mundo sem dinheiro, razão por que não pode ser uma descrição logicamente válida para uma economia capitalista. Isto porque num mundo com dinheiro, de acordo com esta concepção, o mercado do dinheiro deve "compensar" a um determinado preço do dinheiro em termos dos bens não monetários. Isso só pode acontecer se o excesso na curva da procura de dinheiro tiver uma inclinação descendente em relação ao "preço do dinheiro". Por outras palavras, para uma dada oferta de dinheiro a procura por dinheiro tem que variar em proporção inversa ao preço do mesmo. Sendo o preço do dinheiro a recíproca do nível de preço das mercadorias em termos de dinheiro, isso implica que a procura de dinheiro tem que variar em proporção directa com o nível do preço das mercadorias. A economia predominante considerava isto como garantido, porque via o dinheiro apenas como um meio de circulação, de modo que quanto maior fosse o valor dos bens que têm de circular, maior seria a procura de dinheiro. Logo, com a produção ao nível do pleno emprego, o valor dos bens (e portanto o valor dos bens a circular) depende do seu nível de preço, a procura por dinheiro tem de estar relacionada positivamente ao nível de preços.

O papel do dinheiro como meio de circulação assegurava isso. O problema, contudo, é que o dinheiro também é uma forma de riqueza. Ele não pode ser um meio de circulação sem ser uma forma de riqueza, visto que até mesmo o anterior papel exige que o dinheiro seja mantido, mesmo que fugazmente, como riqueza. E quando o papel do dinheiro enquanto forma-de-riqueza é reconhecido, torna-se claro que a procura de dinheiro também depende dos retornos esperados de outras formas de riqueza. Se a procura de dinheiro depende das expectativas quanto ao futuro, então não há nenhuma razão para que a curva da procura do dinheiro deva ser inclinada em sentido ascendente em relação ao nível de preços, conforme exigido pela teoria "predominante", visto que qualquer alteração no nível de preços não pode deixar de alterar as expectativas.

Para sair deste atoleiro, a teoria predominante arranjou dois caminhos alternativos. Um deles é recusar, muito teimosamente, o papel do dinheiro como forma-de-riqueza e ver o dinheiro só como meio de circulação. O outro é reconhecer o papel do dinheiro como forma-de-riqueza mas assumir que as expectativas são sempre de um tipo que não cria qualquer problema à teoria, pelo menos no que se refere à existência e à estabilidade do equilíbrio. O primeiro é o caminho ortodoxo da constante k de Cambridge ou, o que de facto vem a dar na mesma, uma velocidade de circulação do dinheiro constante (sujeita a alterações autónomas a longo prazo), a qual é amplamente usada ainda hoje em trabalho empírico corrente do género monetarista. O segundo é o caminho do efeito de "equilíbrio real", cuja validade depende, entre outras coisas, do pressuposto de expectativas de preços não elásticos.

No entanto, estes dois caminhos estão bloqueados por contradições lógicas. O caminho da constante-Cambridge está bloqueado pela contradição óbvia de que o dinheiro não pode ser assumido logicamente como um meio de circulação a não ser que também possa funcionar como forma de riqueza. E se pode, então não há razão para que não o faça. E se o faz, então não podemos assumir uma constante k de Cambridge. O segundo caminho está bloqueado pela contradição de que expectativas de preços não elásticos pressupõem uma certa fixação aos preços, ou seja, a existência de alguns preços que estão colados, e num mundo de preços flexíveis não há razão para que seja este o caso. Segue-se que pura e simplesmente não há forma logicamente sustentável de construir uma estrutura teórica em conformidade com a percepção "predominante" num mundo com dinheiro e portanto para uma economia capitalista.

Por causa disso existe uma tradição alternativa na economia, a que eu chamo a tradição "proprietarista" ("propertyist"), que sempre considerou o valor do dinheiro como sendo fixado fora do reino da oferta e da procura. A este valor, fixado fora do reino da oferta e da procura, indivíduos habitualmente mantêm saldos de dinheiro a mais para além do que é exigido para efeitos de circulação: O dinheiro constitui tanto um meio de circulação como uma forma de manter riqueza. Neste caso, é impossível manter a lei de Say. Se a riqueza pode ser mantida sob a forma de dinheiro, então surge a possibilidade de superprodução ex-ante das mercadorias não monetárias. E esta superprodução ex-ante dá origem a uma verdadeira contracção da produção, não apenas das mercadorias não monetárias mas do dinheiro e das mercadorias não monetárias no seu conjunto, precisamente porque o preço do dinheiro em termos de mercadorias é fixado no exterior do reino da oferta e da procura, de modo que não se pode assumir que a flexibilidade do preço elimine essa sobreprodução ex-ante.

Segue-se, pois, que o reconhecimento do papel do dinheiro como forma de retenção de riqueza, o reconhecimento do facto de que o seu valor não pode ser determinado no interior do reino da oferta e da procura mas tem que ser fixado no exterior desse reino, e o reconhecimento da possibilidade de superprodução generalizada ou ? o que vem a dar na mesma ? do desemprego involuntário no sentido keynesiano, estão logicamente interligados e constituem a tradição proprietarista. Em contraste, a negação de cada um destes fenómenos também está interligada logicamente e constitui a tradição monetarista-walrasiana que se mantém predominantemente.

Dentro da tradição proprietarista, há duas contribuições principais. Uma é de Marx, que não só assinalou explicitamente a insustentabilidade de explicar o valor do dinheiro em termos de oferta e procura, mas também forneceu uma explicação alternativa para isso através da sua teoria do valor-trabalho. Sublinhou a existência em todas as épocas de uma "acumulação" ("hoard") de dinheiro como forma de guardar riqueza numa sociedade capitalista, e reconheceu, contra Ricardo, que fora um crente na lei de Say, a possibilidade da superprodução generalizada ex-ante como consequência desse facto. Mas nem Marx nem os seus seguidores aprofundaram essa contribuição fundamental de Marx; preferiram, em vez disso, seguir exclusivamente a outra importante descoberta teórica de Marx, nomeadamente a que se relaciona com a sua teoria da mais-valia. É por isso que se passaram três quartos de um século antes de os mesmos temas terem voltado à superfície durante a revolução keynesiana através dos escritos de Kalecky e de Keynes, entre outros, que constituíram o segundo principal grupo de contribuidores dentro da tradição proprietarista.

Claro que houve diferenças importantes entre Marx e Keynes na especificação das suas teorias. Enquanto Marx invocava a teoria do valor-trabalho para explicar a determinação do valor do dinheiro, Keynes achava que o valor do dinheiro em relação ao mundo das mercadorias era fixado através da fixação do valor do dinheiro em relação uma determinada mercadoria, nomeadamente o poder da força-de-trabalho (para usar a expressão de Marx). O facto de o custo hora do trabalho ser fixado num período específico, que foi o foco de análise de Keynes, foi o que deu ao dinheiro um valor finito e positivo em relação a todo o universo das mercadorias. E a fixidez dos salários em dinheiro não foi a causa do fracasso do mercado, como se tem admitido genericamente, mas o modus operandi do próprio sistema de mercado numa economia capitalista que necessariamente usa dinheiro. A superioridade da tradição proprietarista ao analisar o funcionamento da economia capitalista sobre a tradição monetarista-walrasiana deriva pois não só do seu maior "realismo" (por exemplo, o facto de o capitalismo sofrer crises de superprodução) mas também de aquela estar liberta das debilidades lógicas que afectam o monetarismo walrasiano.

Uma crítica da noção de capitalismo enquanto sistema isolado

Este livro apresenta também uma segunda proposta. O proprietarismo, apesar da sua superioridade sobre o monetarismo, continua incompleto. Não apresenta nenhum mecanismo convincente para assegurar que o nível de actividade duma economia capitalista se mantenha dentro dos limites que a tornem viável. A propensão duma economia capitalista para a superprodução generalizada torna-a essencialmente um sistema de constrangimento da procura (em que o constrangimento da oferta só se torna relevante em períodos excepcionais duma procura excepcionalmente alta). Mas se o capitalismo é um sistema de procura constrangida, então o que é que garante o facto de ele se manter viável, ganhando genericamente uma taxa de lucro que os capitalistas considerem adequada? As operações espontâneas dum sistema de procura constrangida não vão assegurar que ele funcione genericamente acima de um determinado grau de capacidade de utilização, que constitui o limiar da sua viabilidade. Conforme mostrou a discussão harrodiana sobre o crescimento, uma economia capitalista, entregue aos seus próprios dispositivos, não tem os meios para voltar atrás se entrar numa desaceleração. E como mostrou Kalecki no contexto dum sistema de procura constrangida, de que o universo harrodiano foi um exemplo específico, a tendência a longo prazo num sistema desses, na ausência de estímulos exógenos, é zero, o que certamente minaria a viabilidade dessa economia.

Ora bem, uma economia capitalista isolada, funcionando espontaneamente, não tem nenhuns estímulos exógenos. A inovação, o principal estímulo exógeno realçado por autores tão diferentes como Schumpeter e Kalecki, não é verdadeiramente um estímulo exógeno, visto que o ritmo de introdução da inovação em si mesmo não é independente do crescimento esperado da procura. E as despesas estatais, o outro principal estímulo exógeno que pode surgir numa economia capitalista isolada, não fazem parte verdadeiramente do funcionamento espontâneo do capitalismo (para além de ser um fenómeno que só adquiriu importância especial nos últimos anos). Daí que, até mesmo o proprietarismo continua incompleto. Depois de reconhecer correctamente que o sistema capitalista é propenso a uma deficiência da procura agregada, não oferece qualquer explicação sobre como, apesar disso, o sistema conseguiu sobreviver e prosperar durante tanto tempo.

Há aqui uma segunda questão com ela relacionada. Para a esclarecer, esqueçamos por instantes a primeira questão. Aceitemos que um estímulo exógeno sob a forma de inovações consegue sempre manter o nível da procura e portanto o nível de actividade na economia capitalista que constitui o nosso universo. Ora bem, mesmo que o valor do dinheiro em termos de mercadorias não monetárias seja dado do exterior do reino da oferta e da procura em qualquer período, se esse valor continuar a variar de forma ilimitada ao longo de períodos, através, por exemplo, duma inflação acelerada, então a existência continuada duma economia monetária normal mais uma vez é inexplicável. E se o nível de actividade tiver que se ajustar para manter os movimentos de preços "ao longo de períodos" dentro de limites, então esse nível pode muito bem cair abaixo do limiar que torna viável a economia, apesar da presença do estímulo exógeno. Segue-se que uma economia monetária tem que ter não apenas uma determinação "exterior" do valor do dinheiro em qualquer período, mas também qualquer mecanismo, que não seja o de ajustamentos no nível de actividade, para manter os movimentos de preço ao longo de períodos dentro de limites estritos. Um mecanismo óbvio é a fixidez de algum preço não só dentro do período mas também ao longo de períodos. Ou, dizendo de outro modo, o preço que é dado do "exterior" em qualquer período também deve estar a mudar lentamente ao longo de períodos. O proprietarismo continua incompleto porque não apresenta nenhuma razão para que isso aconteça. Daí que, apesar da sua superioridade sobre o monetarismo e o walrasianismo, o proprietarismo, tal como se apresenta, também não está isento de problemas lógicos.

A única forma de ultrapassar todos estes problemas é conceber o capitalismo como um modo de produção que nunca existe isoladamente, que está obrigatoriamente ligado aos modos pré-capitalistas que o rodeiam e que se mantém continuamente viável por se intrometer nos mercados pré-capitalistas. A limitação do proprietarismo é que, apesar de rejeitar o monetarismo por razões perfeitamente válidas, se manteve refém do mesmo pressuposto, de uma economia capitalista isolada e fechada, que caracterizava o monetarismo. Em resumo, a sua rejeição da perspectiva predominante não foi suficientemente radical e exaustiva.

Dizer que a economia capitalista precisa de se intrometer em mercados pré-capitalistas não é o mesmo que dizer, como o fez Rosa Luxemburgo, que ela precisa de "realizar" toda a sua mais-valia em cada período através de vendas ao sector pré-capitalista. Na verdade, o papel dos mercados pré-capitalistas nem sequer tem que ser quantitativamente significativo. Durante a maior parte do tempo a economia capitalista pode crescer pelos seus próprios meios, enquanto puder usar os mercados pré-capitalistas como meio de poder funcionar sempre que estiver num movimento descendente. E mesmo para este funcionamento, a dimensão quantitativa de vendas aos mercados pré-capitalistas não precisa de ser significativa. Com efeito, em rigor, enquanto a disponibilidade dos mercados pré-capitalistas possa instilar nos capitalistas suficiente confiança para fazerem investimentos, qualquer abrandamento pode ser travado ou mesmo abortado, sem interferência visível nos mercados pré-capitalistas. Por outras palavras, o que logicamente se exige é a existência de mercados pré-capitalistas em que se possa intrometer e não uma real intromissão significativa nesses mercados. Em resumo, constituem "mercados de reserva" a par do exército de reserva da força de trabalho. E assim é porque os bens do sector capitalista podem sempre desalojar a produção local na economia pré-capitalista, provocando nela a desindustrialização e o desemprego.

Essa deslocação periódica deixa atrás de si uma massa empobrecida na economia pré-capitalista, que constitui para o sector capitalista um segundo exército de reserva, situado à distância, para além do que existe dentro do próprio sector capitalista. Esse exército de reserva situado à distância garante que o custo hora do trabalho dos trabalhadores situados no meio desse exército de reserva só varie lentamente com o tempo. Em resumo, esses trabalhadores são "aceitadores de preços" (price-takers) ? ou, mais rigorosamente, as suas reivindicações ex ante de salários reais são esmagadas precisamente porque estão situados no meio de amplas reservas de mão-de-obra. Como os produtos que eles produzem entram nos custos de salários e matérias-primas do sector capitalista no seu âmago, desempenham o papel de "pára-choques" do sistema capitalista. Por causa deles, a economia capitalista mantém-se viável tanto no sentido de ter um nível de actividade que ultrapassa o nível do limiar que lhe fornece a taxa de lucro mínimo aceitável, como no sentido de que o seu sistema monetário pode ser sustentado sem qualquer receio de aceleração da inflação.

Em resumo, o modo de produção capitalista precisa de estar sempre rodeado por modos pré-capitalistas que não são deixados na sua pureza preservada, mas são modificados e alterados de um modo que faz com que sirvam melhor as necessidades do capitalismo. O carácter incompleto do proprietarismo pode ser ultrapassado através do reconhecimento de que o capitalismo tem sempre integrada esta condição.

Esta percepção, embora tenha alguma afinidade com a de Rosa Luxemburgo, difere da dela de modo crucial. Primeiro, conforme já referido, realça mais o papel qualitativo dos mercados pré-capitalistas do que o seu papel quantitativo, e evidentemente não os considera como o local para a realização de toda a mais-valia do sector capitalista em cada período. Segundo, não considera o sector pré-capitalista como sendo assimilado pelo sector capitalista e portanto desaparecendo com o tempo como uma espécie distante; pelo contrário, mantém-se como uma economia devastada e degradada, local duma ampla massa empobrecida de pequenos produtores desalojados, uma reserva de trabalho longínqua, que serve as necessidades do capitalismo garantindo a estabilidade do sistema monetário.

Relações sociais subjacentes ao dinheiro

Assim, subjacente a uma economia monetária moderna, existe um conjunto de relações sociais que são necessariamente desiguais e opressivas. A estabilidade do valor do dinheiro baseia-se na persistência dessas relações. Claro que isso não significa que cada economia capitalista utilizadora de dinheiro tenha que impor essas relações desiguais e opressivas em determinado segmento especial do seu ambiente pré-capitalista. Habitualmente essas economias capitalistas estão interligadas num sistema monetário internacional e a potência capitalista dominante na altura assume a tarefa de impor as relações desiguais requeridas ao mundo "exterior" das economias pré-capitalistas e semi-capitalistas. Assim, a estabilidade do valor do dinheiro fica ligada à estabilidade do sistema monetário internacional, assumindo sobretudo a forma da manutenção da confiança dos detentores da riqueza do mundo capitalista na divisa da economia dominante como um meio estável para a detenção da riqueza.

Nem sempre é óbvio que esse papel da divisa do país dominante decorra da sua capacidade de sustentar um conjunto de relações globais desiguais e opressivas. Por vezes pensa-se que esse papel decorre de a divisa dominante estar ligada a metais preciosos. Mas isso é um erro. A ligação aos metais preciosos, por si só, não pode ser sustentada na ausência de tais relacionamentos. A estabilidade do sistema monetário internacional durante os anos do padrão ouro verificou-se não devido ao apoio do ouro às divisas, incluindo em especial a libra esterlina, que era a divisa dominante da época; resultou de a Grã-Bretanha poder impor um conjunto de relações opressivas e desiguais sobre grandes faixas do globo que constituíam o seu império formal e informal. A manutenção da ligação ao ouro era um sinal para os detentores de riqueza de que essas relações continuavam. E quando essas relações foram desgastadas no período entre guerras, apesar de a libra esterlina estar formalmente ligada ao ouro novamente, essa ligação não pôde ser sustentada.

Segue-se daqui que, mesmo na ausência de qualquer ligação anterior a metais preciosos, enquanto a potência capitalista dominante puder estabelecer essas relações globais, a sua divisa continua a ser considerada "tão boa como o ouro"; ou seja, mesmo um padrão puro do dólar só pode constituir o sistema monetário internacional enquanto os Estados Unidos puderem estabelecer a hegemonia global exigida para instilar a confiança entre os detentores de riqueza do mundo capitalista de que a sua divisa é "tão boa como o ouro". No entanto, uma pré-condição para isso é que o valor da sua força de trabalho, em termos da sua divisa, tem que ser relativamente estável (o que exclui uma inflação significativa, quanto mais uma inflação acelerada no seu próprio território); e, relacionado com isso, o valor das importações cruciais que entram no custo de salários e no custo dos materiais, também tem que ser relativamente estável. Com efeito, enquanto esta última condição se cumprir e as reservas de mão-de-obra internas forem suficientemente grandes para impedir qualquer aumento autónomo de salários, a inflação pode ser excluída como fonte de desestabilização do papel da sua divisa como meio estável de detenção de riqueza. Como a contribuição mais significativa é a importação do petróleo, um padrão dólar pode funcionar enquanto o preço em dólares do petróleo for relativamente estável. Portanto, o que parece à primeira vista ser um padrão dólar puro, se olharmos mais de perto tem que ser um patrão petro-dólar. O sistema monetário pós Bretton Woods pode ser caracterizado não como um padrão dólar, mas mais rigorosamente como um padrão petro-dólar. Segundo todas as aparências, o mundo pode ter acabado com o dinheiro mercadoria com a separação do dólar do ouro. Mas o ponto crucial da argumentação deste livro é que nunca pode ser assim. O valor do dinheiro, mesmo o dinheiro papel ou crédito, deriva da sua ligação ao mundo das mercadorias.

A procura mundial de petróleo e gás natural que ocorre presentemente, liderada pelos Estados Unidos, não é alimentada apenas pelo desejo de adquirir estes recursos para utilização. É alimentada muito mais fortemente pela necessidade de preservar o padrão petro-dólar. Até Alan Greenspan reconheceu abertamente que a invasão do Iraque foi feita para assumir o controlo sobre as suas imensas reservas petrolíferas; sem dúvida há motivos semelhantes subjacentes à ameaça de acção contra o Irão. Uma percepção comum é que essa aquisição do controlo é necessária aos Estados Unidos e a outros países avançados porque são os principais consumidores deste recurso, que actualmente está em mãos alheias. Pode ser que assim seja. Mas um motivo extremamente significativo que quase invariavelmente é esquecido é que o controlo do petróleo é essencial para a preservação do actual sistema monetário internacional.

Isto à primeira vista pode parecer estranho porque a tentativa desse controlo tem sido acompanhada por um aumento maciço do preço em dólares do petróleo. Mas isso é porque a invasão do Iraque não ocorreu de acordo com o planeado. E, de resto, o aumento do preço do petróleo, per se, não é desestabilizador se não provocar persistentemente uma inflação mais alta e se não der origem a expectativas de aumentos persistentes no preço do petróleo ou no nível de preços em geral no país dominante. Os obituários ao sistema monetário internacional dominante, relativos à hegemonia do dólar, são prematuros. Mas, embora possa ser assim, há a importante sensação de que o mundo capitalista está cada vez mais acossado por dificuldades.

O capitalismo na maturidade

Rosa Luxemburgo extraiu da sua análise a conclusão de que o sistema capitalista estava confrontado com a inevitabilidade do "colapso", quando todo o sector pré-capitalista fosse assimilado ao sector capitalista. Essa conclusão não se segue da argumentação apresentada neste livro; e nenhuma conclusão assim pode ser retirada validamente acerca do capitalismo. O capitalismo contemporâneo, porém, está confrontado com graves dificuldades, muitas das quais surgem do avanço do próprio capitalismo.

São óbvias duas consequências da maturidade. Primeiro, o peso do sector pré-capitalista, e portanto do mercado pré-capitalista, diminui ao longo do tempo em relação à dimensão do sector capitalista, de modo que já não consegue desempenhar o mesmo papel de fornecer um estímulo exógeno ao sector capitalista como fazia anteriormente. Segundo, o declínio na quota das importações (excluindo o petróleo) das mercadorias primárias no valor bruto da produção da metrópole capitalista, em si mesmo uma herança do esmagamento dos produtores primários, implica que qualquer outro esmagamento se torna cada vez mais infrutífero. A compressão das reivindicações ex ante desses produtores deixa de ser uma arma potente para impedir a aceleração da inflação no nível de actividade prevalecente.

O primeiro destes problemas pode ser ultrapassado através da "gestão da procura" pelo estado. Mas com a globalização da finança, nem todos os estados podem fazer isso, visto que esse activismo estatal assusta os especuladores. O governo do país capitalista dominante, os Estados Unidos (cuja divisa é considerada "tão boa como o ouro") ainda consegue aguentar um défice fiscal para estimular a procura mundial, e um défice corrente em relação às potências capitalistas suas rivais por lhes oferecer um mercado maior. Em resumo, pode agir como estado mundial substituto, expandindo o nível de actividade na economia capitalista mundial.

Há dois obstáculos óbvios para isso. Primeiro, o governo dos EUA, que pode agir como estado mundial substituto, é apesar de tudo um estado nação. Dificilmente se pode esperar que venha a ser suficientemente altruísta para estimular o nível de actividade no mundo capitalista no seu conjunto, e não unicamente dentro das suas fronteiras, aumentando a dívida externa da sua economia (que essa intervenção expansionista provocaria). Segundo, mesmo a um nível de actividade relativamente baixo no mundo capitalista, a economia dos EUA já está a ficar cada vez mais endividada. Dificilmente se pode esperar que este problema se agrave ainda mais por razões altruístas, o que implica que o estímulo da procura no mundo capitalista, e daí a tendência da taxa de crescimento, continuará a manter-se baixa.

A crescente dívida dos EUA, mesmo ao actual nível de actividade, representa uma ameaça potencial para a sua hegemonia, e é na verdade um desenvolvimento único. A ideia de a potência capitalista dominante ser também a mais endividada representa uma situação sem precedentes na história do capitalismo. A bem dizer, a principal potência capitalista, a fim de preservar o seu papel de liderança satisfazendo as ambições das potências suas recém industrializadas potências rivais novamente, tem necessariamente numa determinada fase da sua carreira que gerir um défice de transacções correntes com elas. A Grã-Bretanha, a potência capitalista dominante no seu tempo, teve que fazer o mesmo nos finais do século XIX e início do século XX, um período de difusão significativa do capitalismo. Mas a Grã-Bretanha não se endividou nesse processo; pelo contrário, tornou-se a mais importante nação credora do mundo exactamente durante esse mesmo período. Hoje, o caso com os Estados Unidos é exactamente o oposto.

A principal razão para essa diferença é que a Grã-Bretanha usou as suas colónias e semi-colónias tropicais para encontrar mercados para os seus produtos, que estavam a ser cada vez mais desdenhados na metrópole; e como as mercadorias primárias produzidas por essas colónias e semi-colónias eram procuradas pelas suas rivais recém-industrializadas, eram produzidas para ganhar um excedente de exportação em relação a estas últimas, o qual não só equilibrou o défice de contas correntes da Grã-Bretanha com elas, mas ainda forneceu uma quantia extra para exportação de capital para essas economias recém-industrializadas. A Grã-Bretanha não teve que pagar por essa quantia extra, uma vez que se apropriava pura e simplesmente de graça de uma parte da mais-valia produzida nessas colónias e semi-colónias que financiava essas exportações de capital. Hoje aos Estados Unidos faltam tais colónias; e, conforme já mencionado, a importância relativa em termos de valor de exportações de mercadorias primárias para a metrópole diminuiu de tal forma que tal arranjo já não funcionará por muito tempo. O controlo político sobre os países ricos em petróleo oferece algumas perspectivas de ressuscitar com êxito o antigo arranjo colonial ao estilo britânico para pagar as contas correntes sem ficar endividado. E é isso, conforme já vimos, exactamente o que os Estados Unidos tencionam obter.

Assim, o que se perfila no horizonte é um prolongado período de crescimento lento para a metrópole capitalista, o crescente endividamento da principal potência capitalista e a ameaçadora incerteza quanto à continuação do padrão petrodólar e quanto à saúde geral do sistema monetário internacional. Tudo isto está a suceder em meio a "abertura" do terceiro mundo ao movimento desenfreado da finança globalizada e das operações sem restrições das corporações multinacionais, e de tentativas da potência capitalista dominante para a reconquista política dos países do terceiro mundo ricos em petróleo. Na ausência de um esforço consciente para transcender esta situação, a humanidade ficará presa nas garras viciosas de uma dialéctica de engrandecimento imperialista, tanto engendrando como derivando legitimidade a partir de um terrorismo destrutivo como contrapartida. Ninguém pode acreditar honestamente que é este o destino final da humanidade. Para ultrapassar esta conjuntura, contudo, temos primeiro de nos libertar das viseiras da teoria económica dominante.
[*] Economista, responsável pela cadeira Sukhamoy Chakravarty na Universidade Jawaharlal Nehru, Nova Delhi. Autor de numerosas obras, dentre as quais: Accumulation and Stability Under Capitalism , The Retreat to Unfreedom , Lenin and Imperialism: An Appraisal of Theories and Contemporary Reality , Marx's Capital: An Introductory Reader e The Value of Money , do qual foi extraído o presente excerto.

O original encontra-se em http://cup.columbia.edu/book/978-0-231-14676-0/the-value-of-money/excerpt . Tradução de Margarida Ferreira.

Este excerto encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A natureza da actual crise capitalista BASENAME: canta-o-merlo-a-natureza-da-actual-crise-capitalista DATE: Fri, 27 Sep 2013 16:37:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Prabhat Patnaik [*]

http://www.resistir.info/crise/natureza_da_crise_capitalista.html

Toda a gente concorda em que o capitalismo está a atravessar uma crise grave, mas diferentes pessoas lêem esta crise diferentemente. A visão mais comum, mantida mesmo por economistas progressistas como Paul Krugman e Joseph Stiglitxz, é de que a crise é inteiramente uma consequência do colapso da "bolha" habitacional. Uma vez que nesta situação de crise é improvável que a despesa privada (tanto em consumo como em investimento) aumente no futuro previsível, uma revitalização só é possível através de um aumento da despesa do Estado, o que significa que tanto nos Estados Unidos como na Europa, ao invés de adoptarem medidas de austeridade, o Estado deveria pelo contrário estar a aumentar a sua despesa.

O facto de esta panaceia para a crise não estar a ser adoptada é então explicado pela "má teoria económica" dos formadores de opinião, a "má fé" dos republicanos, a insensibilidade da direita e assim por diante. Esta visão, em suma, encara a crise como um fenómeno isolado, único, uma situação difícil na qual a economia dos EUA, e portanto a economia mundial, aconteceu ter caído devido ao colapso de um boom baseado na "bolha", a qual a anterior política monetária irresponsável do Federal Reserve Board sob a presidência de Alan Greenspan coniventemente estimulou.

O problema com esta visão é ser extremamente limitada; ela não vê a verdade toda. A crise provocada pelo colapso da "bolha" habitacional é apenas uma parte da história; ela própria está localizada dentro de uma crise estrutural fundamental do capitalismo. Na verdade, as "bolhas" "dotcom" e habitacional mantiveram oculta esta crise estrutural. Com o seu colapso temos não só a crise causada pelo próprio colapso, como também a sua sobreposição em cima da crise estrutural básica que agora fica igualmente revelada. Uma vez que esta crise estrutural está incorporada na lógica do sistema capitalista, o que temos é uma crise sistémica, não uma crise esporádica ou cíclica, da qual não há caminho de saída fácil. Em suma, entrámos num período de crise prolongada do capitalismo, reminiscente da década de 1930, a qual abrirá ? não imediatamente mas através de toda uma cadeia de desenvolvimentos políticos que desencadeará, tal como nas décadas de 30 e 40 ? possibilidades revolucionárias reais de transcender o sistema.

Vamos começar por formular a pergunta: por que tanto nos Estados Unidos como na Europa há tanta oposição à despesa do Estado como meio de ultrapassar a crise? Por que há uma exigência persistente de "austeridade", a qual necessariamente agrava a crise? Dizer que é apenas "má teoria económica" não é suficiente. A "teoria económica" que adquire hegemonia em qualquer época é aquela que a classe hegemónica endossa (uma proposição particularmente verdadeira porque tem uma influência directa sobre o Estado). A "má teoria económica" é um dos mecanismos através dos quais os interesses corporativos-financeiros que dominam o capitalismo contemporâneo exercem a sua pressão. A "austeridade" está a ser imposta porque o capital financeiro se opõe à despesa do Estado em grande escala para estimular a economia.

Ele não se opõe ao activismo do Estado como tal, mas quer que esse activismo assuma a forma de proporcionar incentivos para si próprio, de promover seus próprios interesses, como o meio de revitalizar a economia. Ele não quer acção directa do Estado para este objectivo através de despesa pública mais ampla. Qualquer acção do Estado que opere independentemente do capital financeiro, que procure trabalhar directamente ao invés de trabalhar através da promoção dos interesses corporativos-financeiros, mina a legitimidade social do capitalismo, e especialmente dos interesses corporativos-financeiros, pois levanta a questão: Se o Estado é exigido para consertar o sistema então porque é que precisamos do sistema, por que o Estado não tem a própria propriedade? O capital financeiro nos EUA não tem objecções aos US$13 milhões de milhões (trillion) de apoio do Estado para a estabilização do sistema financeiro; mas no momento em que a questão da despesa do Estado para revitalizar a economia é levantada, ele começa a pregar as virtudes da "austeridade". A era da hegemonia da finança é portanto uma era em que "a intervenção do Estado na administração da procura", estilo Keynes, recua para o segundo plano.

No entanto, o capitalismo exige sempre algum estímulo exógeno para sustentar o seu crescimento. Ele pode sustentar crescimento através do seu próprio "vapor" por algum tempo, mas se por qualquer razão o crescimento se extingue, incluindo a emergência de obstáculos decorrentes do próprio crescimento, inicia-se então uma espiral oposta de investimento cada vez mais baixo e crescimento declinante, a qual transporta-o na direcção de um estado estacionário, isto é, na direcção de um estado de reprodução simples. Destrinçar o sistema para fora da reprodução simples e assegurar que o crescimento não perca vapor e não entre outra vez em colapso num estado de reprodução simples é algo que é assegurado pela operação de um conjunto de estímulos externos.

Historicamente dois conjuntos de estímulos exógenos desempenharam este papel. O primeiro foi todo o sistema colonial que o exerceu até a primeira guerra mundial. A expressão "sistema colonial" é aqui utilizada não apenas para referir as possessões coloniais e semi-coloniais como a Índia e a China como também as chamadas "colónias de povoamento" de onde a "população activa" foi afastada a fim de acomodar imigrantes do núcleo capitalista. O "sistema colonial" apoiou o crescimento sob o capitalismo da seguinte maneira: juntamente com a migração de população para as "colónias de povoamento" ou para as regiões temperadas de povoamento branco, havia também uma migração paralela de capital para estas regiões a partir do núcleo capitalista, mas esta "exportação de capital" do núcleo era tornada possível através de uma apropriação do excedente das possessões coloniais e semi-coloniais. Assim a "drenagem" de excedente sem qualquer contrapartida da Índia e de outras colónias financiou as exportações de capital do núcleo capitalista para as colónias de povoamento.

Mas subjacentes a estes movimentos de grandes magnitudes de "valor" havia também importantes mudanças relacionadas com a composição das mercadorias: a Grã-Bretanha, o principal país capitalista e também o principal país exportador de capital, não produzia bens que tivessem alta procura nas colónias de povoamento como os Estados Unidos. A procura ali era substancialmente por matérias-primas, isto é, minerais e commodities primárias, as quais eram produzidas nas possessões coloniais. Assim, as exportações de capital britânicas foram tornadas possíveis primeiro por bens britânicos como têxteis a serem vendidos nos mercados indiano e asiáticos, e bens destes últimos países a serem exportados para uma contrapartida, ou, onde se verificava "drenagem", em ainda maior medida a partir destes países. Bens britânicos podiam ser vendidos em países coloniais e semi-coloniais porque eles eram mercados à disposição (on "tap"): os seus mercados podiam ser utilizados para descarregar bens britânicos, na medida necessária, a qualquer momento.

Todo este padrão de movimento global de capital e commodities, que era muito conveniente do ponto de vista do núcleo capitalista, sustentava o prolongado boom que o capitalismo testemunhou desde os meados do século XIX até a primeira guerra mundial. Após a primeira guerra mundial este padrão entrou em colapso. Burguesias internas nas colónias queriam o seu próprio espaço; o Japão emergiu como um rival da Grã-Bretanha nos mercados asiáticos; o âmbito para investimento no "novo mundo" ficou esgotado com o "fechamento da fronteira"; e o espaço para nova desindustrialização em economias como a Índia também começou a ficar cada vez mais limitado. A Grande Depressão da década de 1930 foi uma manifestação do facto de que o velho mecanismo para estimular a flutuabilidade no capitalismo já não podia mais funcionar.

A Depressão acabou só quando o segundo grande estímulo exógeno para o capitalismo, nomeadamente a despesa do Estado, se tornou efectivo, inicialmente pelos preparativos de guerra e depois pela guerra, sob o impacto da pressão da classe trabalhadora e da ameaça do socialismo, pela introdução de algumas medidas de "estado social" ("welfare state"). Mas a "intervenção do Estado na administração da procura" também agora se esgotara: a emergência do capital financeiro internacional como a força hegemónica sob o capitalismo, pelas razões antes mencionadas, atenuou o espaço para isso. Ao capitalismo, em suma, falta agora qualquer mecanismo que lhe transmita crescimento sustentado.

Além disso, isto está a acontecer num contexto em que a necessidade de um tal mecanismo está a tornar-se mais aguda. Vamos ver porque. Com a globalização tem havido um fluxo muito mais livre de capital, inclusive na forma financeira, e também de bens e serviços, por todos os países, do que em qualquer momento anterior na história do capitalismo. Em consequência, o capital das metrópoles (e o grande capital interno também) podem localizar produção nos países do terceiro mundo, onde os salários são baixos devido à existência de reservas de trabalho maciças, e exportar para os mercados metropolitanos. Isto por sua vez torna os salários dos trabalhadores nos países metropolitanos vulneráveis ao arrastamento descendente exercido pelas reservas de trabalho existentes em países do terceiro mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, nas últimas três décadas a taxa de salário real dos trabalhadores caiu em termos absolutos aproximadamente trinta por cento.

Nos países do terceiro mundo por sua vez os salários reais não aumentam. Ao contrário, a pauperização e deslocação de pequenos produtores, incluindo camponeses, que é uma outra característica da globalização, implica um inchaço do exército de trabalho de reserva que também exerce uma pressão descendente sobre os salários reais dos trabalhadores que constituem o exército de trabalho activo do capitalismo. Tomando a economia mundial como um todo, há portanto uma tendência para que a taxa dos salários reais dos trabalhadores decline ou, no mínimo, para que não aumente. Ao mesmo tempo, contudo, há uma ascensão firme na produtividade do trabalho, a qual significa que aumenta a parte do valor excedente no produto total.

Assim, desde que uma rupia de produto atribuída aos trabalhadores provoca um montante de consumo muito maior do que uma rupia atribuída aos capitalistas, qualquer aumento na parte do valor excedente no produto tem, tudo mais permanecendo constante, um efeito de depressão da procura. Se o investimento do capitalista aumentasse quando a rupia extra lhe é atribuída, então este efeito de depressão da procura podia ser ultrapassado e todo o output produzido poderia ser realizado. Mas já vimos que a tendência para o investimento dos capitalistas, muito longe de aumentar, é para permanecer reduzida ou deprimida na ausência de qualquer mecanismo para o crescimento sustentado. O resultado líquido é portanto uma tendência pronunciada rumo a crises de super-produção. O Estado capitalista que podia ter proporcionado um antídoto a esta tendência para a super-produção através da subida na sua despesa, e dessa forma absorver uma maior fatia do valor excedente e ajudar a sua realização, não pode fazer isso por causa da oposição do capital financeiro a maior despesa do Estado.

Segue-se portanto que a incapacitação do Estado capitalista como fornecedor de procura não só deixa o capitalismo mundial sem o requisito do estímulo exógeno para a manutenção do crescimento sustentado como também empurra-o ainda mais para a estagnação devido a uma razão adicional, nomeadamente a tendência de aumento da parte do valor excedente no produto mundial. O capitalismo mundial está portanto preso numa profunda crise estrutural da qual não há caminhos óbvios de escape. Isto não quer dizer que o capitalismo entrará em colapso, pois isso nunca acontece. Mas, tal como nos anos trinta, está a emergir uma nova conjuntura prenhe de possibilidades históricas para a transcendência do sistema.
04/Fevereiro/2012

[*] Economista, indiano, ver Wikipedia

O original encontra-se em www.networkideas.org/news/jan2012/news06_Nature.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O estado espanhol (colónia USA) aceita no G20 actuar na Síria à margem da ONU BASENAME: canta-o-merlo-o-estado-espanhol-colonia-usa-aceita-no-g20-actuar-na-siria-a-margem-da-onu DATE: Fri, 06 Sep 2013 18:03:49 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.eldiario.es/internacional/Espana-comunicado-Siria-G20-EEUU_0_172533293.html

A Casa Branca inclui a Espanha na listagem de países que apoia as suas teses sobre Síria

A declaraçom considera responsável a Síria do ataque com armas químicas

Ainda que Rajoi (o mentireiro) voltou a subordinar em público toda a decisom do Governo espanhol sobre Síria aos resultados da investigaçom dos inspectores da ONU, Espanha somou-se abertamente às principais teses de Washington com a firma de umha declaraçom conjunta de onze dos países assistentes à cimeira do G20 de Som Petersburgo.

O documento, que foi difundido na web da Casa Branca e foi subscrito por Austrália, Canada, França, Itália, Japom, a República da Coreia, Arábia Saudita, Turquia, o Reino Unido e Estados Unidos, ademais de Espanha; considera "que as provas apontam claramente ao governo sírio como responsável polo ataque".

Ainda que os assinantes nom pedem umha intervençom armada na Síria à margem das Naçons Unidas, sim reclamam "umha forte resposta internacional a esta grave violaçom das normas mundiais que implique umha clara mensagem de que este tipo de atrocidades nom se podem repetir".

O texto considera dá praticamente por perdida a opçom de um ataque amparado polo Conselho de Segurança. "Os assinantes levam reclamando umha contundente, dadas as suas responsabilidades para liderar umha resposta internacional", contodo, reconhecem que o organismo leva dous anos e meio "paralisado". "O mundo nom pode esperar a processos errados intermináveis que só conduzem a um incremento do sofrimento na Síria e a instabilidade regional", assinalam.

O texto conclui lembrando que os assinantes europeus seguiram trabalhando para "promover umha posiçom europeia comum".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Importantes preparativos militares da Síria, Rússia, China, Hezbollah e curdos BASENAME: canta-o-merlo-importantes-preparativos-militares-da-siria-russia-china-hezbollah-e-curdos DATE: Fri, 06 Sep 2013 17:25:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Al Mukawama
Agencia de Noticias de la Resistencia de los Pueblos

Últimas Informaçons

Em previsom de um ataque total por ar e terra, com mísseis e bandas de criminoso treinados pola CIA desde Jordânia, Líbano e Turquia observam-se importantes preparativos militares de defesa e contra-ataque por parte dos exércitos da Síria, Rússia, China, Hezbollah libanesa e as milícias curdas YPG.

Dá nas vistas que está em rota para as costas sírias o grande navio russo de desembarco de tropas Nikolai Flitchenkov o que permite pensar na possível entrada em combate de forças russas de infantaria em resposta a ataques terrestres coordenados polo Pentágono. As fontes russas ham manifestado que som capazes "de reagir" a todo o movimento do inimigo imperialista.

A web Telegrafist.org informa que através do Canal de Suez achega às costas sírias um navio do Exército Popular de Libertaçom (EPL) da China que quando menos busca assegurar o rol da China Popular como potência mundial nom disposta a deixar-se novamente assovalhar polos bandidos norte-americanos.

O deputado sírio Walid Ao Zaabi comentou a possibilidade de que o exército sírio dispare os seus mísseis contra Tel Aviv, Ancara e Ammán em caso de ser atacados polo imperialismo. Os mísseis sírios apontariam a campos de treino das bandas criminais em território jordano dirigidos pola CIA mas sob autorizaçom do rei desleal Abdalhah.

Certos apontamentos informam a que já se despregaram em Damasco 10 mil combatentes de Hezbollah para reforçar ao Exército Árabe Sírio, às milícias populares e ao povo em caso de ataque inimigo.

Para terminar as milícias curdas de autodefensa YPG seguem infligindo baixas aos terroristas de Al-Qaeda no norte iraquiano. Tomam previsons defensivas em caso que o Exército turco e os mercenários terroristas de Al-Qaeda aliados seus ataquem o norte sírio.

As notícias recentes nom incluem os preparativos defensivos do poderoso Exército iraniano que evidentemente nom espera passivo o discorrer dos acontecimentos nem as decisons que poda tomar o inimigo imperialista. É provável assim mesmo que as milícias palestinianas estejam a se incorporar à coordenaçom defensiva geral da Frente da Resistência.

O Mundo achega-se a umha situaçom perigosa pola vontade imperialista norte-americana de destruir a Síria baasista, laica, progressista e antisionista.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A economia, o capitalismo e a guerra BASENAME: canta-o-merlo-a-economia-o-capitalismo-e-a-guerra DATE: Fri, 06 Sep 2013 16:51:12 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=173532

Juan Torres López

"Nom podemos construir um automóvel decente, nem um televisom? já nom temos siderúrgicas, nom podemos outorgar serviços de saúde aos nossos idosos, mas isso sim, podemos bombardear o teu país até fazê-lo merda, especialmente se o teu país está cheio de morenos?" (George Carlin).

Muita gente identifica o capitalismo com a existência dos mercados e mesmo das empresas mas isso é um grave erro. Ambos os existírom desde muito antes que o capitalismo e seguiram existindo quando desapareça, ainda que sim é em verdadeiro que em cada sistema económico funcionam com características e funçons diversas.

O traço distintivo do capitalismo é que, primeiro, incorporou à órbita do mercado recursos que antes se utilizavam fora dele, como o tempo de trabalho e a terra. Antes podia-se comprar ou vender às pessoas mas nom se adquiria a sua força de trabalho a mudança de um salário e a terra conquistava-se ou transmitia mas nom se intercambiava em mercados como se fai no capitalismo. Esse facto, e o que mais adiante se hajam mercantilizado mesmo até as expressons mais íntimas da vida humana e social, fam com que o capitalismo se distinga nom por criar, como as vezes acreditasse erroneamente, a economia de mercado, senom a sociedade de mercado. E, portanto, submeter a vida social no seu conjunto à vontade do lucro.

A utilizaçom do trabalho assalariado e de grandes volumes de capital (físico e financeiro) no seio das empresas permite multiplicar a capacidade de produçom e gerar umha grande acumulaçom que derivou, justo é dizê-lo, num progresso inegável. Mas, ao mesmo tempo, acredite fortes contradiçons e problemas sociais muito graves.

Ainda que possa parecer um simples jogo de palavras o que ocorre no capitalismo é que para poder obter benefícios há que obter cada vez mais benefícios, o que leva a produzir sem cessar e a fazer com cada vez menos custo. Só com que nom cresça o investimento, mesmo ainda que nom caia, nom só se estancam os ingressos e os benefícios senom que se reduzem de jeito multiplicado.

Mas para obter cada vez mais benefícios produzindo sem parar é preciso reduzir ao máximo o custo salarial. Isso provoca muito a miúdo a falta de sintonia entre o preço que se quereria pagar polo trabalho e a possibilidade de vender todo o que se pom à venda. Se os capitalistas fossem tam numerosos como para comprar a totalidade do que produzem poderia-se pagar umha miséria aos trabalhadores, mas se estes som os que compram a maior parte da produçom, como em realidade ocorre, resulta que à medida que se lhes paga menos é menor a capacidade global da economia para comprar a produçom. Isso quer dizer que, queiram-no ou nom, quando os capitalistas reduzem o salário pode ser que algum ganhe mais individualmente mais; porém, a nível geral, o que provocam é que se esgote a capacidade geral de absorver a produçom que entre todos geram. E daí vem a maior parte das crises que de forma recorrente vem produzindo desde que o capitalismo existe.

Para evitar isso os capitalistas tem que recorrer a diversos remédios (que nom vou comentar aqui) e um deles é alcançar que a sua produçom se adquira por quem nom depende do salário para poder comprar, concretamente polo sector público. É outro paradoxo mais do capitalismo: os capitalistas rejeitam a actividade do Estado mas só quando favorece a outros porque constantemente reclamam ao sector público que adquira a maior parte possível da sua produçom ou que salve às empresas quando a sua estratégia de poupar salário produz umha crise.

Umha dessas vias é o gasto militar. Praticamente todas as grandes empresas mundiais sem excepçom tem umha boa parte da sua actividade dedicada a fornecer bens ou serviços ao Estado e mais concretamente aos seus exércitos. É umha forma muito rendível e nom dependente dos salários de realizar a sua produçom. E nom importa que a produçom militar as vezes simplesmente se vá armazenando ou que destrua recursos quando se utiliza, porque no capitalismo a produçom nom leva a cabo em funçom de que seja mais ou menos útil o que se produz, senom de que proporcione benefícios.

É por isso que se alenta o crescimento continuado do gasto militar, ainda que já seja tam alto (1,33 bilions de euros em 2012) que até resulta claramente inecessário, pois com muitíssimo menos dessa quantidade seria suficiente para destruir várias vezes a todo o planeta. Um gasto tam elevado, irracional e desproporcional (ou melhor supracitado, um negócio tam redondo) que só se pode justificar se se generaliza a ideia e convence à populaçom de que vivemos em permanente perigo e de que há múltiplos inimigos prestes a atacar-nos, quando em realidade o que há polo meio nom é outra cousa que o desejo incontrolado de ganhar cada vez mais dinheiro das grandes empresas multinacionais.

Todos sabemos que a imensa maioria dos conflitos bélicos que se produziram na história da humanidade deveram-se a motivos económicos e também agora ocorre assim. As últimas guerras do Iraque ou Afganistám ou as que a menor escala desenvolvem noutros lugares do mundo tem a sua origem, cada vez com menos dissimulo, em interesses económicos. Mas, ademais disso, o que ocorre no capitalismo é que a guerra e o gasto militar nom só servem a interesses económicos senom que se convertêrom num interesse económico em sim mesmos.

No capitalismo, a guerra nom é só um modo de produzir satisfaçom e dar poder a quem a gana, como sempre, senom que também se recorre a ela para resolver os problemas que produzem o acostumam de lucro que lhe é consubstancial e as contradiçons que se derivam da tentativa continuada de reduzir o salário.

A conclusom é evidente. Ainda que para saber que há detrás e o por que das guerras sempre houvo que descobrir com nomes e apelidos a quem beneficiam dela, hoje dia também é necessário perceber como funciona umha economia que só busca o benefício privado de umha parte da sociedade à conta dos ingressos dos demais. E a prediçom subseguinte é igual de obvia: enquanto que isto último produza-se, enquanto perviva o capitalismo e a estratégia económica dominante seja poupar-se salários, nom deixaram de soar os tambores de guerra nem se acabaram de contar os mortos que produz.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Capitalismo contemporâneo, imperialismo e agressividade BASENAME: canta-o-merlo-capitalismo-contemporaneo-imperialismo-e-agressividade DATE: Fri, 06 Sep 2013 15:12:47 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Edmilson Costa [*]

O imperialismo é um fenômeno identificado pelos clássicos desde a segunda metade do século XIX e significou a passagem do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista e a emergência de uma nova classe social, a oligarquia financeira [1] . Nessa nova fase do capitalismo, onde os trustes e cartéis passaram a dominar as economias de cada País e, posteriormente, a economia mundial, um conjunto de fenômenos novos vêem marcar esta fase do desenvolvimento deste modo de produção, especialmente a partilha econômica e territorial do mundo entre os principais centros imperialistas, quando as potencias capitalistas ocuparam e passaram a colonizar parte considerável da África, Ásia e América Latina.

Esse movimento do capital monopolista tinha como objetivo transformar essas regiões em retaguarda especial do imperialismo, fonte de matérias-primas, mercados para a venda de mercadorias, esferas de aplicação do capital, fonte de rendimentos monetários, espaços militares estratégicos e reserva de mão de obra para as metrópoles. Com essa estratégia, as regiões colonizadas se transformaram em pilares fundamentais para o desenvolvimento da produção capitalista.

Com o domínio econômico e político do mundo, tornou-se mais fácil ao grande capital monopolista hegemonizar o aparelho de Estado, que passou a realizar sua política levando em conta fundamentalmente os interesses dessa nova classe social. Em outras palavras, o Estado relevou a um segundo plano os interesses gerais do capital para se transformar em instrumento da oligarquia financeira e de seus monopólios.

Mas o desenvolvimento do capitalismo e a consolidação dos monopólios não eliminou a concorrência, apenas a colocou em novo patamar. Os monopólios continuaram a travar uma dura luta pela partilha das esferas de influência. Essa luta por mercados e controle das fontes de matérias primas se tornou a causa principal causa das guerras, pois os monopólios pressionavam seus respectivos governos para aventuras militares visando uma nova correlação de força na partilha econômica do mundo. A primeira e a segunda guerra mundial foram em grande parte fruto da ganância do capital monopolista.

Após a segunda guerra mundial e, especialmente a partir dos anos 60, com a descolonização, o capital monopolista passou por transformações extraordinárias, pois a própria necessidade de expansão o impulsionou a uma nova relação entre centro e periferia. A partir de então, as corporações transnacionais, mediante a implantação de filiais produtivas na periferia, começaram a extrair generalizadamente o valor fora de suas fronteiras nacionais, ou seja, passaram a produzir fisicamente nas regiões até então produtoras de matérias primas, enquanto o sistema bancário também se internacionalizava.

Esse fenômeno da mundialização da economia, conhecido como globalização, transformou o capitalismo num sistema mundial completo, constituindo-se assim uma nova fase do imperialismo, pois agora o capital monopolista tornaria o planeta numa esfera única de produção, financiamento e realização das mercadorias, e a própria oligarquia financeira passaria a explorar diretamente os trabalhadores do centro e da periferia. Com a apropriação do valor fora das fronteiras nacionais a burguesia imperialista tornou-se uma classe exploradora direta do proletariado mundial.

"Até o período anterior à globalização, o capitalismo era completo apenas em relação a duas variáveis da órbita da circulação ? o comércio mundial e a exportação de capitais. Mas, ao expandir a globalização para as esferas produtiva e financeira, bem como para outros setores da vida social, o sistema unificou globalmente o ciclo do capital, fechando assim um processo iniciado com a revolução inglesa de 1640" (Costa, 2002).

Esta nova fase do imperialismo viria a ganhar contornos mais definitivos com a ascensão dos governos Reagan e Tatcher, respectivamente nos Estados Unidos e Inglaterra. Aproveitando-se da crise do keynesianismo, desenvolveram uma ofensiva mundial no sentido de impor ao mundo a agenda neoliberal, que rapidamente se transformou em política oficial nos países centrais e, posteriormente, se espalhou para os outros países capitalistas.

A nova agenda invertia os fundamentos típicos da regulação keynesiana e em seu lugar colocava na ordem do dia o mercado como instrumento regulador das novas relações econômicas e sociais, a desregulamentação da economia, as privatizações das empresas estatais, liberalização dos mercados e dos fluxos de capitais, cortes nos gastos públicos e nos fundos previdenciários, além de uma ofensiva contra direitos e garantias dos trabalhadores.

Essas novas diretrizes produziram enorme impacto na dinâmica do capitalismo: o setor mais parasitário do imperialismo passou a hegemonizar as relações econômicas e políticas no interior dos governos neoliberais e impor ao mundo o primado das finanças globalizadas, estimuladas pela liberalização financeira e irrestrita mobilidade dos capitais. A partir daí este setor da oligarquia financeira subordinou todas as outras frações do capital e impôs a lógica das finanças não só para os negócios financeiros, mas também para as empresas produtivas e para o Estado, cujas receitas orçamentárias foram capturadas em grande parte por essa fração do capital.

Ancorados pelas tecnologias da informação cada vez mais desenvolvidas, pela generalização dos computadores e da internet, o pólo financeiro do capital imperialista transformou o mundo num imenso cassino especulativo, no qual os novos produtos financeiros foram sendo criados numa velocidade proporcional à criatividade do sistema liberalizado, num frenesi especulativo que se retroalimentava como numa dança de doidivanas.

Nessa nova lógica, a captura da renda mundial deveria encilhar todos os setores da economia, que agora passariam a operar a partir da lógica das finanças. Assim, as empresas consolidaram a reestruturação produtiva, com produção sem gordura, círculos de controle de qualidade, qualidade total, restrição à atividade sindical, tudo isso para ampliar as taxas de lucro e aumentar a distribuição de dividendos para os acionistas, ávidos por lucros semelhantes aos da órbita financeira.

Os Estados também caíram na malha da apropriação financeira, em função do endividamento realizado a taxas de juros elevadas. Dessa forma, foram obrigados a comprometer parcelas cada vez maiores dos orçamentos para pagar os serviços da dívida. Como esses serviços exigiam cada vez mais recursos, os Estados cortaram os gastos públicos, salários de funcionários e verbas sociais para atender o apetite voz do pólo financeiro do imperialismo.

Imperialismo, crise e guerra

Essa conjuntura em que as finanças hegemonizaram a dinâmica da nova fase do imperialismo criou uma enorme desproporção entre o setor real da economia, aquele que produz e gera valor, e a órbita financeira, que não cria riqueza nova. Para se ter uma idéia, antes da crise sistêmica global que emergiu com a queda do Lehmann Brothers, o volume de recursos que circulava na órbita financeira era mais de 10 vezes maior que a produção mundial, fato que por si só já prenunciava uma crise de grandes proporções, uma vez que uma situação dessa ordem não poderia se sustentar por muito tempo, afinal a produção do mais-valor era deveras insuficiente para remunerar os lucros do setor financeiro.

Ao mesmo tempo em que avançava sobre os arcabouços do Estado do Bem Estar Social, o patrimônio público e os direitos e garantias dos trabalhadores, o imperialismo incrementava sua política agressiva, buscando combinar aceleradamente uma recuperação das taxas de lucro na área produtiva, a apropriação da renda mundial pelas finanças e o fortalecimento do complexo industrial militar, conjuntura que foi facilitada pelo colapso da União Soviética.

Assim, Reagan invadiu Granada, o Panamá, onde depôs e prendeu o presidente local e insuflou guerras regionais como na Nicarágua. A política guerreira continuou nas outras administrações, independentemente se democratas ou republicanas, uma vez que o desenvolvimento do complexo industrial militar é condição imprescindível para a manutenção do imperialismo. A escalada guerreira continuou com a invasão ao Iraque, sob o pretexto de que Saddan Hussein possuía armas de destruição em massa, o que depois se verificou que era uma falsidade. Na verdade, o que os Estados Unidos objetivavam era se apossar das imensas jazidas de petróleo daquele país.

Vale ressaltar que o imperialismo está tão dependente da indústria armamentista que, sem a produção de armas, não só o complexo industrial militar iria à falência, mas o próprio sistema imperialista entraria em colapso, uma vez que parcela expressiva de sua indústria está ligada à cadeia de produção das armas. Isso demonstra também o nível de degeneração a que chegou o imperialismo contemporâneo: só consegue continuar respirando se mantiver e desenvolver a indústria da morte.

Mas o acontecimento que proporcionou as condições objetivas para um salto de qualidade na agressividade imperialista dos Estados Unidos foi o ataque às torres gêmeas. Este atentado foi o mote que o governo Bush encontrou para institucionalizar e desenvolver novas facetas de sua política guerreira, agora sob o pretexto de combate ao terrorismo. Na verdade, com a chamada política antiterrorista o imperialismo militarizou a política e impôs ao mundo uma agenda de luta antiterrorista que se desdobrou não apenas na invasão ao Afeganistão, mas também na violação ao direito internacional, à soberania dos países, a construção de exércitos privados para realizar o trabalho sujo nas guerras contra povos e organizações contrárias à política norte-americana no mundo.

O mundo tomou conhecimento estarrecido das torturas nas prisões de Abu Ghriab e de Guantánamo, dos seqüestros e assassinatos de líderes contrários à política norte-americana e das prisões clandestinas ao redor do mundo. Ao contrário do que se poderia imaginar, o governo norte-americano justificava essas ações como parte da luta anti-terrorista, necessário para a proteção de seus cidadãos. O então vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, afirmou sem cerimônia em entrevista aos meios de comunicação que os métodos utilizados para obter informações (as mais bárbaras torturas) livraram o povo norte-americano de vários atentados.

O ensandecimento chegou a tal ponto que o secretário de Justiça dos Estados Unidos não só justificou abertamente a tortura como buscou fórmulas para legalizá-la. Todas essas ações eram de conhecimento do ex-presidente Bush, que inclusive assinava resoluções secretas para que os agentes pegos em flagrante não fossem punidos judicialmente. Por essas medidas se pode avaliar o nível de degeneração moral a que chegou o imperialismo: não se tratava de ações isoladas de funcionários estressados no teatro de operações, mas de ordens da própria cúpula imperialista que nesta fase do capitalismo perdeu qualquer referência em relação à humanidade.

Quem imaginava que o imperialismo iria reduzir sua máquina militar com a queda da União Soviética se enganou. O imperialismo está muito mais agressivo atualmente que no passado e possui hoje a mais poderosa e sofisticada máquina militar que o planeta já teve conhecimento. Porta-aviões gigantescos, submarinos atômicos, aviões invisíveis, bombas guiadas a laser, superbombardeiros, frota de aviões não tripulados (drones), helicópteros sofisticados, tanques de última geração, além de mais de 500 bases militares espalhadas pelo mundo e um aparato de espionagem maior do que as pessoas que vivem hoje em Washington. Tudo isso para sustentar a política do grande capital.

No entanto, a crise sistêmica mundial veio adicionar mais um ingrediente fundamental para a política agressiva do imperialismo. Desesperado diante da dramática situação econômica, da recessão, do desemprego crônico e dos protestos que estão ocorrendo pelo mundo contra a os ajustes determinados pelo capital, o governo norte-americano vem realizando provocações contínuas contra o Irã, a Coréia do Norte e, recentemente, conseguiu envolver vários países da União Européia em sua aventura militar na Líbia, onde destruíram fisicamente o País, mataram seus principais dirigentes e agora começam a se apossar das imensas jazidas de petróleo locais, sob o olhar complacente dos títeres que colocaram no poder.

Agora os Estados Unidos se voltam para Síria. O cenário foi montado para que a história se repetisse, mas a resistência do exército sírio, que desalojou os mercenários de várias regiões do País, derrotou essa primeira ofensiva imperialista. Derrotado o campo de batalha, os Estados Unidos tentaram legalizr a invasão, mas a Rússia e a China vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que abria espaço para a intervenção no País. Agora, estamos na iminência de uma invasão da Síria, sob o pretexto bizarro de que o governo teria lançado armas químicas contra a população, quanto se sabe que este episódio foi montado pela CIA para justificar a agressão. Desesperado, sem apoio internacional que esperava, o imperialismo pode realizar a intervenção a qualquer momento, mas as consequências podem ser dramáticas, tanto para o povo sírio, quanto para o Oriente Médio e para o próprio imperialismo, inclusive com o aprofundamento da crise sistêmica global no interior dos Estados Unidos.

Como a política guerreira já é uma necessidade do imperialismo para desenvolver suas forças produtivas, nas épocas de crises profundas como a que estamos presenciando agora, a fúria belicista do imperialismo se torna ainda maior. Por isso, pode-se esperar tudo nesta conjuntura, pois o imperialismo está ferido e vai querer sair da crise de qualquer forma, nem que para isso coloque em xeque a existência da própria espécie humana. Para a humanidade, resta uma saída que vai significar sua própria sobrevivência: derrotar o imperialismo, superar o capitalismo e construir uma outra sociabilidade sobre os escombros desta velha ordem.
Bibliografia consultada
Bukharine, N. O imperialismo e a economia mundial. Coimbra: Centelha, 1976.
Costa, E. A globalização e o capitalismo contemporâneo. (São Paulo: Expressão Popular, 2009)
--------------- Imperialismo. São Paulo: Global Editora, 1986.
Lênin, V. Imperialismo fase superior do capitalismo. Lisboa: Avante, 1976.
Luxemburg, R. A acumulação do capital. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
Hilferding, R. O capital Financeiro. São Paulo: Abril Cultural, 1985
Hobson, J. A. A evolução do capitalismo. São Paulo: abril cultural, 1985

[1] Para uma melhor compreensão dos clássicos do imperialismo, consultar: Hobson, A Evolução do capitalismo (Nova Cultural, 1983); Hilferding, O capital financeiro (Nova Cultural, 1938); Lênin, Imperialismo, fase superior do Capitalismo (Avante, 1984); Rosa de Luxemburg, A acumulação do Capital (Nova Cultural, 1983);e Bukharin, O imperialismo e a economia mundial (Centelha, 1976). Para uma versão mais popular, consultar Edmilson Costa, Imperialismo (Global, 1989).

[*] Doutorado em Economia pela Unicamp, com pós-doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da mesma instituição. É autor de Imperialismo (Global Editora, 1987), A política salarial no Brasil (Boitempo Editorial, 1987), Um projeto para o Brasil (Tecno-Científica, 1988), A globalização e o capitalismo contemporâneo (Expressão Popular, 2009) e A crise econômica mundial, a globalização e o Brasil (no prelo), além de ter ensaios publicados no Brasil e exterior.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As chaves do conflito na Síria: BASENAME: canta-o-merlo-as-chaves-do-conflito-na-siria DATE: Wed, 04 Sep 2013 12:49:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/

As chaves do conflito na Síria:

Alberto J. Miranda

Trás os últimos acontecimentos vividos na Síria, nom me vou a centrar na grande mentira mundial que supom o uso de armas químicas por parte do governo de Al-Assad, que lembra de maneira obscena às famosas armas de destruiçom maciça. Prefiro centrar-me em qual é o motivo oculto da guerra contra Síria, o papel dos EEUU e os seus aliados, e as mudanças globais que está a implicar a ameaça de imperialista em Oriente Meio.

O único aliado ocidental com o que nestes momentos conta EEUU para atacar a Síria é o governo francês. O parlamento britânico rejeitou a proposta de Cameron de intervir militarmente na Síria, nom porque a democracia burguesa funcione, é mais que provável que a inteligência britânica haja estudado as possibilidades de ataque e concluísse que de intervir em Oriente Meio nas actuais condiçons seriam maiores as perdas que os benefícios.

Há que ter em conta vários feitos determinantes, por umha banda nom há que esquecer que os principais aliados de Al-Assad, a organizaçom islamita libanesa Hezbollah, que conta com um poderosíssimo braço armado, ameaçou com reduzir Israel a cinzas em caso de ataque a Síria. No mesmo sentido expressou-se Irám, que conta com um do dez exércitos mais poderosos do mundo.
Por outra parte, o chamado "Exército sírio livre" e a frente "Al-Nusra" vinculado a Al-Qaeda, estám a se matar entre sim e ao mesmo tempo estám a ser reduzidos de maneira letal polo exército sírio, que a diferença dos terroristas, mantem a unidade, organizaçom e disciplina necessários para vencer a guerra.

Mas a linha vermelha "por usar o fala-barato ao gosto de Obama" marcaram-na internacionalmente Rússia e China, e esta é a chave do conflito na Síria, este é o motivo polo que a NATO nom intervém, polo que Inglaterra deu um calculado passo atrás, polo que Alemanha e Itália rejeitárom intervir e polo que Israel e Turquia pressionam sem descanso a EEUU para que intervenha de maneira iminente.

Mais umha vez, para perceber como funciona o mundo, é case suficiente com ler a Lenine, quem ajeitadamente dixo sobre o imperialismo no seu livro "O imperialismo, fase superior do capitalismo" que "este sistema económico obriga a qualquer potência a deslocar ou submeter a outros países (ou a outras potências) se pretende obter mais matérias primas ou alargar o seu mercado. E se nom o fai as que sim o fagam acabaram-se fazendo mais poderosas".

Este é exactamente o motivo polo que se desenvolve o conflito na Síria, o controlo de matérias primas, em este caso controlo energético, mas nom de petróleo, desta vez falamos de gás natural. Quem controle o mercado energético do gás, é dizer, a extracçom e o transporte, será a potência que exercerá a hegemonia mundial no século XXI. Tentemos resumir o conflito do gás da mao do professor Imad Fawzi Shueibi[x], Presidente do Centro de Estudos Estratégicos e Documentaçom de Damasco, que é quem sob o meu ponto de vista em diferentes artigos de investigaçom achega as chaves deste conflito:

As principais potências mundiais mantenhem umha peleja desapiedada polo controlo energético, luita esta que está a assassinar por centos de milhares de pessoas inocentes desde há anos já que o imperialismo norte-americano nom sabe estender a sua hegemonia se nom é a base de reduzir países a cinzas. Aqui é onde entra em jogo o conhecido projecto Nabucco de Estados Unidos[xi]. É um projecto para o transporte do gás, principal fonte energética do século XXI, polo que se está construindo um gasoduto que recolhe o gás do Mar Morto, passa por Turquia "onde se armazenaria", e percorre sete países da Uniom Europeia até chegar a Itália. Este é o projecto que fai
Turquia seja cada dia um país mais dependente das decisons de Estados Unidos, pois o emprazamento no seu território das instalaçons para o armazenamento fariam de Turquia a principal potência energética e económica de Oriente Meio. Por outra parte, deste projecto também dependeu a satanizaçom de Mahmud Ahmadineyad e o seu suposto programa atómico. O projecto Nabucco pretendia conectar o gasoduto com Irám, e deste modo unir ao país árabe ao festim energético e às ingentes quantidades de benefícios que suporia extrair o seu gás e uni-lo a Nabucco, contodo, o governo iraniano optou por assinar um protocolo com Iraque e Síria convertendo-se automaticamente em terrorista inimigo do mundo ocidental. Este facto, somado à crescente influência da Rússia em Oriente Meio graças à "inadequadas" actuaçons de EEUU na zona "por chamar de algumha maneira" que descrevemos, condenaram o projecto Nabucco, que estava previsto concluir-se para 2014, mas já se atrasou até 2017, se é que chegasse a terminar-se.[xii]
Por outra parte estám os projectos russos conhecidos como Nord Stream e South Stream, que conta com a participaçom económica e o apoio da Alemanha, "lembrar que o capitalismo alemám tem umha importante participaçom em Gazprom".[xiii] O projecto Nord Stream, já concluído, conecta a Alemanha e Rússia através do Mar Báltico e constitui a principal fonte de subministraçons energéticas para Europa, vendendo a empresa russa Gazprom 41% do consumo de gás europeu. A principal fonte de gás natural para o gasoduto Nord Stream é o Campo de Yuzhno-Russkoye, na Rússia.[xiv]

E por outra parte está o projecto South Stream[xv], bem mais conflituoso se cabe já que compete directamente com o projecto Nabucco e tem a grandes linhas o mesmo percurso. Este gasoduto parte de novo da Rússia, se ramifica em Bulgária, para o sul passa por Grécia e Itália e para o norte passa por Sérvia, Hungria Áustria e Eslovénia. Com este segundo projecto Moscovo pretendeu deixar em ridículo ao projecto Nabucco e conseguiu-o, assegurando-se o abastecimento energético da Europa por enzima do projecto norte-americano graças a uns melhores preços e a umhas melhores alianças em Oriente Meio, e conseguiu acordar a venda de gás a países tam importantes como Inglaterra, Bélgica, Grécia e mesmo Turquia e França, ainda que estes últimos com evidentes reticências já que apostárom por Nabucco, e por isso é polo que sejam os principais aliados de EEUU na guerra contra Síria.

Nom podemos obviar que China tem acordos económicos com Rússia na participaçom da ampliaçom do South Stream para o imenso mercado chinês, e por suposto nom tem interesse algum em conectar-se ao inconcluso Nabucco, já que energéticamente passaria a depender de Estados Unidos, ideia que gosta pouco ao gigante asiático.

Nom podemos passar por alto também no que segundo fontes do governo norte-americano, Síria e o Líbano possuem nos seus territórios as maiores jazidas de gás do mundo, descobriu-se há poucos anos um poço de gás em Qara, perto de Homs, que contaria com as maiores reservas sírias, por isso é polo que os principais combates dos terroristas desenvolvam nesta cidade e que os principais analistas assegurem que os intuitos de EEUU na zona nom é derrocar Al-Assad se nom dividir o país.

Mas umha vez assinado um convénio Irám, Iraque, Síria, Líbano para o transporte do gás, existem duas opçons, e estas duas opçons som a chave da actual guerra e a que determinou o posicionamento de todos os actores no cenário bélico mundial:
Que o gás da contorna de Zagros no Irám, Iraque, Síria e o Líbano alimente o South Stream russo, ou que alimente o Nabucco norte-americano. Daí o interesse de Washington, Israel e Turquia de invadir Síria, e a defesa sem concessons da mesma da Rússia, China, Irám e Hezbolla no Líbano. Portanto e resumindo os cenários som os seguintes:
1) Se Irám une um futuro gasoduto ao South Stream através do mar Cáspio com Rússia e para o oeste passando por Iraque, Síria e o Líbano, recolhendo o gás destes, e através do Mediterrâneo une-se na Grécia de novo ao South Stream, Rússia se converteria como principal potência energética em gás natural do mundo, Gazprom provavelmente transformaria na empresa mais grande do planeta, e os países polos que passa o seu gasoduto veriam-se enormemente beneficiados economicamente.
2) Contodo, se Estados Unidos conseguisse invadir a Síria e combinar gás, logo o Líbano seria também invadido, e o gás de ambos os países conectaria-se em Turquia com Nabucco, sendo o Irám o derradeiro passo para conectar com as jazidas do Mar Cáspio, por isso é polo que todos falem de que se invade Síria para logo invadir o Irám. Por suposto Israel teria a subministraçom assegurada graças à sua conexom com Nabucco e os benefícios económicos para os sionistas graças à venda do seu gás a Europa seriam ingentes.

Conclusons:

Como vimos, Estados Unidos quer manter-se custe o que custe como primeira potência mundial, e para isso, como bem descrevesse Lenine, nom tem nengum reparo em invadir países e utilizar o seu exército como chave do controlo de matérias primas no mundo. Contodo, as actuaçons de Estados Unidos nos últimos anos no Iraque, Afeganistám, Líbia ou Egipto alastrárom enormemente a capacidade de influência de USA em Oriente Meio, zona fundamental graças às grandes jazidas de gás.

Pola sua parte, o imperialismo russo está a actuar de maneira mais inteligente que o norte-americano, e está a ser capaz de traçar alianças ali onde Estados Unidos só sabe impor pola força, o caso do Iraque é o exemplo mais acabado disto. Graças a isso, Vladimir Putin foi capaz de dobregar os interesses de Washington na guerra polo controlo energético mundial, e o conflito na Síria nom é mais que a prova mais evidente de que nos penetramos pouco a pouco no século no que o imperialismo anglo-saxom cederá o seu posto a outras grandes potências, e provavelmente quando esteja contra as cordas, gerará a terceira guerra mundial como último recurso ante a iminente queda. A dúvida é, deu EEUU por perdida a hegemonia energética do gás" chegou o momento de iniciar essa terceira guerra mundial" no feito de que se desenvolver ou nom o ataque a Síria está a chave.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Síria: As armas químicas foram fornecidas pelos sauditas BASENAME: canta-o-merlo-siria-as-armas-quimicas-foram-fornecidas-pelos-sauditas DATE: Tue, 03 Sep 2013 16:36:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/moriente/armas_quimicas_31ago13.html

Síria: As armas químicas foram fornecidas pelos sauditas
? "Rebeldes" e residentes locais em Ghouta acusam o príncipe saudita Bandar bin Sultan de fornecer armas químicas a um grupo ligado à al-Qaida
por Dale Gavlak e Yahya Ababneh [*]

Ghouta, Síria ? Quando a maquinaria para uma intervenção militar dos EUA na Síria ganha ritmo após o ataque de armas químicas da semana passada, os EUA e seus aliados podem estar a visar o culpado errado.

Entrevistas com pessoas em Damasco e Ghouta, um subúrbio da capital síria, onde a agência humanitária Médicos Sem Fronteiras disseram que pelo menos 355 pessoas morreram na semana passada devido ao que acreditaram ser um agente neurotóxico, parecem indicar isso.

Os EUA, Grã-Bretanha e França bem como a Liga Árabe acusaram o regime sírio do presidente Bashar al-Assad de executar o ataque com armas químicas, o qual atingiu principalmente civis. Navios de guerra dos EUA estão estacionados no Mediterrâneo para lançar ataques militares contra a Síria como punição por executar um ataque maciço com armas químicas. Os EUA e outros não estão interessados em examinar qualquer prova em contrário, com o secretário de Estado John Kerry a dizer que a culpa de Assad era "um julgamento ... já claro para o mundo".

Contudo, das numerosas entrevistas com médicos, residentes em Ghouta, combatentes rebeldes e suas famílias, emerge um quadro diferente. Muitos acreditam que certos rebeldes receberam armas químicas através do chefe da inteligência saudita, príncipe Bandar bin Sultan, e foram responsáveis pela execução do ataque com gás.

"Meu filho procurou-se há duas semanas perguntando o que eu pensava que eram as armas que lhe fora pedido para carregar", disse Abu Abdel-Moneim, o pai de um combatente rebelde que vive em Ghouta.

Abdel-Moneim disse que o seu filho e 12 outros rebeldes foram mortos dentro de um túnel utilizado para armazenar armas fornecidas por um militante saudita, conhecido como Abu Ayesha, que estava a liderar um batalhão de combate. O pai descreveu as armas como tendo uma "estrutura como um tubo" ao passo que outras eram como uma "enorme garrafa de gás".

Os habitantes de Ghouta disseram que os rebeldes estavam a usar mesquitas e casas privadas para dormir enquanto armazenavam suas armas em túneis.

Abdel-Moneim disse que o seu filho e outros morreram durante o ataque de armas químicas. Naquele mesmo dia, o grupo militante Jabhat al-Nusra, o qual está ligado à al-Qaida, anunciou que atacaria da mesma forma civis no território [apoiante] do regime de Assad de Latáquia, na costa ocidental da Síria, em retaliação.

"Eles não nos disseram o que eram estas armas ou como utilizá-las", queixou-se uma combatente mulher chamada "K". "Nos não sabíamos que eram armas químicas. Nunca imaginámos que fossem armas químicas".

"Quando o príncipe saudita Bandar dá tais armas a pessoas, ele deve dá-las àqueles que sabem como manejá-las e utilizá-las", advertiu ela. Ela, tal como outros sírios, não querem usar seus nomes completos por medo de retaliação.

Um bem conhecido líder rebelde em Ghouta chamado "J" concordou. "Os militantes do Jabhat al-Nusra não cooperam com outros rebeldes, excepto com combate no terreno. Eles não partilham informação secreta. Simplesmente utilizaram alguns rebeldes comuns para carregar e operar este material", disse ele.

"Nós estávamos muito curiosos acerca destas armas. E infelizmente alguns dos combatentes manusearam as armas inadequadamente e começaram as explosões", disse "J".

Médicos que tratavam as vítimas do ataque de armas químicas aconselharam os entrevistadores a serem cautelosos acerca de perguntas respeitantes a quem, exactamente, era o responsável pelo assalto mortal.

O grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras acrescentou que trabalhadores da saúde cuidando de 3.600 pacientes também relataram experimentar sintomas semelhantes, incluindo espuma na boca, sofrimento respiratório, convulsões e visão turvada. O grupo não foi capaz de verificar a informação de modo independente.

Mais de uma dúzia de rebeldes entrevistados informaram que os seus salários vêem do governo saudita.

Envolvimento saudita

Num recente artigo no Business Insider, o repórter Geoffrey Ingersoll destacou o papel do príncipe Bandar nos dois anos e meio da guerra civil síria. Muitos observadores acreditam que Bandar, com seus laços estreitos a Washington, tem estado no próprio cerne do impulso para a guerra dos EUA contra Assad.

Ingersoll referiu-se a um artigo no Daily Telegraph britânico acerca de conversações secretas russo-sauditas alegando que Bandar propôs ao presidente Vladimir Putin petróleo barato em troca do abandono de Assad.

"O príncipe Bandar comprometeu-se a salvaguardar a base naval russa na Síria se o regime Assad fosse derrubado, mas ele também aludiu a ataques terroristas chechenos aos Jogos Olímpicos de Sochi, na Rússia, se não houvesse acordo", escreveu Ingersoll.

"Posso dar-lhe uma garantia de proteger os Jogos Olímpicos no próximo ano. Os grupos chechenos que ameaçam a segurança dos jogos são controlados por nós", disse alegadamente Bandar aos russos.

"Juntamente com responsáveis sauditas, os EUA alegadamente deram ao chefe da inteligência saudita o sinal de aprovação para efectuar estas conversações com a Rússia, a qual não foi surpresa", escreveu Ingersoll.

"Bandar tem uma educação americana, tanto militar como em faculdade [civil], actuou como um embaixador saudita altamente influente nos EUA e a CIA ama completamente este rapaz", acrescentou.

Segundo o jornal britânico Independent, foi a agência de inteligência do príncipe Bandar que pela primeira vez trouxe alegações da utilização de gás sarin pelo regime à atenção de aliados ocidentais, em Fevereiro último.

O Wall Street Journal informou recentemente que a CIA percebeu que a Arábia Saudita era "séria" acerca do derrube de Assad quando o rei saudita nomeou o príncipe Bandar para liderar esse esforço.

"Eles acreditam que o príncipe Bandar, um veterano das intrigas diplomáticas de Washington e do mundo árabe, podia entregar aquilo que a CIA não podia: cargas por avião de dinheiro e armas e, como disse um diplomata americano, intermediação (wasta), a palavra árabe para influência debaixo da mesa".

Bandar tem avançado o objectivo de política externa da Arábia Saudita, informou o WSJ, de derrotar Assad e seus aliados iraniano e Hezbollah.

Para esse objectivo, Bandar actuou em Washington para respaldar um programa de armar e treinar rebeldes a partir de uma planeada base militar na Jordânia.

O jornal informa que ele deparou-se com "jordanianos constrangidos acerca de uma tal base".

Sua reunião em Amman com o rei Abdullah da Jordânia por vezes demoravam oito horas numa única sessão. "O rei brincaria: Oh, o Bandar vem outra vez? Vamos reservar dois dias para a reunião", disse uma pessoa habituada às reuniões.

A dependência financeira da Jordânia em relação à Arábia Saudita pode ter dado forte influência aos sauditas. Um centro de operações na Jordânia começou a funcionar no Verão de 2012, incluindo uma pista de aviação e armazéns para armas. Os AK-47s e munições encomendados pelos sauditas chegaram, informou o WSF, citando responsáveis árabes.

Embora a Arábia Saudita tenha oficialmente sustentado que apoiava rebeldes mais moderados, o jornal informou que "fundos e armas estavam a ser canalizados para radicais ao lado, simplesmente para conter a influência de islamistas rivais apoiados pelo Qatar".

Mas rebeldes entrevistados disseram que o príncipe Bandar é tratado como "al-Habib" ou "o amado" pelos militantes al-Qaida que combatem na Síria.

Peter Oborne, no Daily Telegraph de quinta-feira, acautelou que a corrida de Washington para punir o regime Assad com os chamados ataques "limitados" não significava derrubar o líder sírio mas sim reduzir a sua capacidade de utilizar armas químicas:

Considere-se isto: os únicos beneficiários da atrocidade foram os rebeldes, anteriormente a perderem a guerra e que agora têm a Grã-Bretanha e a América prontas a intervirem ao seu lado. Se bem que pareça haver pouca dúvida de que foram utilizadas armas químicas, há dúvida acerca de quem as disponibilizou.

É importante recordar que Assad foi acusado antes de utilizar gás venenoso contra civis. Mas naquela ocasião, Carla del Ponte, comissária da ONU para a Síria, concluiu que os rebeldes, e não Assad, foram provavelmente os responsáveis.

Alguma informação neste artigo não pôde ser verificada de modo independente. Mint Press News continuará a proporcionar nova informação e actualizações.
29/Agosto/2013

Ver também:
Chemical Hallucinations and Dodgy Intelligence
(Alucinações químicas e inteligência trapalhona), William Bowles
"We Informed US of Chemical Weapons Transfer to Syria 9 Months Ago"
("Informámos os EUA da transferência de armas químicas para a Síria nove meses atrás"), Javad Zarif
Did the White House Help Plan the Syrian Chemical Attack?
(Será que a Casa Branca ajudou a planear o ataque químico sírio?), Yossef Bodansky

[*] Dale Gavlak: correspondente da Mint Press News no Médio Oriente com base em Amman, Jordânia, dgavlak@mintpressnews.com ; Yahya Ababneh: jornalista jordano.

O original encontra-se em www.mintpressnews.com/... e em www.silviacattori.net/article4776.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Um conhecido ?gusano-agente da Cia" é quem fichou a Carme Chacón para que de classes em Miami BASENAME: canta-o-merlo-um-conhecido-gusano-agente-da-cia-e-quem-fichou-a-carme-chacon-para-que-de-classes-em-miami DATE: Mon, 02 Sep 2013 10:55:08 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=173311

Ramón Pedregal Casanova.
Rebeliom

A ex ministra de defesa Carme Chacón será professora em residência de Direito Público Comparado no Miami Dai College (MDC), em Flórida (Estados Unidos).

Chacón partilhará tarefas de docência e orientaçons no Campus Wolfson com o reitor do Miami Dade College.

Eduardo J. Padrón, é o principal responsável pola oferta que recebeu a ex-deputada e encarregado de fechar a sua contrataçom. Esta personagem anti-comunista é um líder destacado da contra cubana. Desde 1995 está à frente do MDC ,Eduardo J. Padrón tem estreita relaçom com o movimento das Damas de Branco, conhecido por receber milhares de dólares da CIA.

Padrón reconheceu ao grupo (que na actualidade mantém intensas rifas internas polo compartimento do dinheiro) o passado Maio com o galardom Guardias da Liberdade, e a medalha presidencial da instituiçom académica. A este acto, acudírom tanto a líder e porta-voz das Damas de Branco, Berta Soler, que recolheu o distintivo do próprio reitor, como Guillermo Farinhas, outro dos assalariados desde EE.UU. À cerimónia também assistiu a cantora Glória Estefan, conhecida polas suas ideias contra-revolucionarias. Também estivérom presentes no Miami, Dade College significados opositores e ganhadores do Prêmio Sájarov à Liberdade de Pensamento que outorga o Parlamento Europeu. O mês anterior, em Abril, foi a bloguera e articulista Yoani Sánchez quem recebeu este galardom por parte da universidade que dirige Padrón.

É dizer, o melhor de cada casa. Um bom sítio para que Chacón trabalhe.

Nota de Canta o Merlo: Nom esqueçamos que os ministros de defesa do Estado espanhol os designa o Pentágono.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os cenários de dissolução do Euro BASENAME: canta-o-merlo-os-cenarios-de-dissolucao-do-euro DATE: Fri, 30 Aug 2013 17:30:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/europa/dissolucao_do_euro.html

por Jacques Sapir

Este estudo foi realizado por Philippe Murer e por mim próprio com a colaboração de Cédric Durand.
Ele estará disponível a 2 de Setembro de 2013 na Fundação Res Publica
(52, rue de Bourgogne, 75007 Paris, info@fondation-res-publica.org).

Extracto

"Supusemos nestes estudo que as tensões no seio da zona Euro possam atingir um nível tal que os países afectados decidam, por um acordo comum ou de maneira dispersa, renunciar à moeda única.

Neste caso, os países da ex-zona Euro deverão adoptar, ainda que de maneira transitória, medidas drásticas de controle dos capitais a fim de poder "pilotar" a depreciação ou a apreciação da sua moeda. Supõe-se também que mecanismos residuais de coordenação se mantêm ? ao nível dos Ministérios das Finanças e dos Bancos Centrais ? e que cada país pode colaborar com os seus vizinhos para evitar uma explosão dita desordenada da moeda única. Quanto à evolução da dívida, ela é regida pela jurisprudência do direito internacional que pretende que em caso de desaparecimento de uma moeda comum a vários países, estas dívidas sejam redenominadas na moeda de cada país, para aquelas que foram emitidas neste país [1] . Isso implica que as taxas de câmbio efectivas correspondam a taxas de câmbio "alvos" que permitam aos países da Europa do Sul reequilibrar o mais rapidamente possível a sua balança comercial.

Estes dois postulados correspondem ao que chamamos uma dissolução "controlada" da zona Euro (hipótese H1 ). Não nos limitamos ao estudo deste caso limite e estudamos também a possibilidade de uma cisão da zona Euro em duas (hipótese H2 conhecida sob o nome dos "dois Euros" ou combinação Euro do Sul / Euro do Norte), assim como encaramos a possibilidade de uma dissolução "não controlada" da zona Euro (hipótese H3 ). No caso de uma cisão da zona Euro em duas, consideramos que a França seria o país central (pivot) da zona "Euro do Sul". Para cada um dos três cenários assim retidos, testámos três opções de política económica: a opção a será qualificada de "pró consumo"; a opção b chamada "pró investimento"; e a opção c de "pró redução dos défices". Obtemos portanto um conjunto de nove trajectórias que serão em seguida comparadas sob os seus diferentes aspectos.

A partir da estrutura do comércio exterior, do montante das importações e das exportações no PIB e das elasticidades, recalcula-se para uma taxa de desvalorização ? ou de revalorização ? dada, a variação da balança comercial e sua contribuição para o PIB tendo em conta a existência da ex-zona Euro, de uma zona Dólar e de uma zona intermédia. Entretanto corrigiu-se em alta as importações a partir da constatação de que um forte aumento das exportações implicará necessariamente o aumento das importações tendo em conta o fenómeno da reexportação das matérias-primas importadas (energia e matérias-primas) e também de certos subconjuntos. Corrigiu-se também as importações e as exportações em função do crescimento ou da recessão dos países parceiros na zona Euro.

Obtém-se assim um primeiro nível de PIB. Este nível de PIB faz aparecer um ganho fiscal potencial, do qual se estima que uma parte será redistribuída à economia (em função das hipóteses definidas mais acima). Entra em conta então o multiplicador das despesas públicas, que foi estimado em 1,4 com base em trabalhos recentes. A aplicação deste multiplicador nos dá então um segundo estádio do PIB. Entretanto, seguindo os cenários, tem-se também uma alta mais ou menos forte do investimento produtivo. Ora, esta alta implica mecanicamente uma alta do PIB, o que nos fornece um terceiro, e definitivo, estado do PIB e portanto, por comparação, um esboço do crescimento total que se pode esperar de uma tal desvalorização.

Obtemos portanto um conjunto de nove trajectórias que serão em seguida comparadas sob seus diferentes aspectos. Esta acumulação dos efeitos tem resultados espectaculares. Constata-se então que a opção ( b ) dita "pró investimento" é aquela que engendra o crescimento mais forte nas três hipóteses ( H1 , H2 e H3 ) de taxa de câmbio. A maior diferença de crescimento é entre a opção ( b ) e a opção ( c ) que surge no médio prazo (cinco períodos de doze meses cada um) como a pior.

O efeito do forte crescimento do PIB engendrado pela acumulação dos efeitos directos e indirectos de uma forte desvalorização deveria ser muito importante sobre o emprego e o desemprego. Adoptámos aqui a hipótese de que todo crescimento superior a 1,3% no primeiro ano e a 1,5% nos anos seguintes induzia criações de emprego proporcionais ao crescimento. Estas hipóteses implicam movimentos de redução do desemprego que são muito fortes no decorrer dos dois primeiros períodos. A criação de emprego pode mesmo, em alguns dos cenários, esgotar as reservas de trabalho existentes. É uma mudança radical considerável para a sociedade francesa que reencontraria assim uma situação de desemprego moderado e mesmo fraco que já não conhece desde o fim dos anos 1970. As consequências desta mudança radical sobre o equilíbrio dos diferentes orçamentos sociais ? doença, aposentação ? são potencialmente consideráveis.
26/Agosto/2013

[1] O que é o caso, concretamente, de 85% da dívida pública francesa.

O original encontra-se em http://russeurope.hypotheses.org/1486

Este extracto encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As forças armadas sírias e a Frente da Resistência preparam-se para a defesa antimperialista BASENAME: canta-o-merlo-as-forcas-armadas-sirias-e-a-frente-da-resistencia-preparam-para-a-defesa-antimperialista DATE: Thu, 29 Aug 2013 16:34:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

agosto 29, 2013

"A naçom e o Exército sírios esperavam a ofensiva dos estrangeiros desde o princípio da crise, e sabiam que chegará um momento em que o verdadeiro inimigo da Síria se ia mostrar e entraria em acçom", segundo afirmou Al-Asad citado nesta quinta-feira pola agência libanesa Al-Akhbar.

O titular sírio acrescentou que todos estám ao tanto de que o Exército possui umha moral inquebrantável, ademais de que está completamente preparado para enfrontar qualquer tipo de violaçom e proteger o país.

Neste sentido, Al-Asad pediu às autoridades com os que se reuniu para que transfiram essa boa moral existente entre os militares aos cidadás sírios.

"A eventual guerra contra o país, é umha luta histórica e Síria será o vencedor", sublinhou o presidente. Fonte http://www.hispantv.com/detail/2013/08/29/238612/asad-siria-saldria-victoriosa-ante-eeuu-sus-aliados

O diário inglês The Guardian informa que segundo fontes fiáveis o Exército sírio dispom de 8 mil pilotos kamikazes dispostos a atirar-se imediatamente contra os portaavións e outros barcos imperialistas que ataquem à Pátria. Fonte http://actualidad.rt.com/actualidad/view/104239-pilotos-kamikaze-ataque-siria-guardian

O diário Al-Alam assinala que os serviços de inteligência imperialistas foram completamente incapazes de estabelecer a localizaçom dos sistemas de defesa anti-mísseis da Síria, nem a localizaçom dos mísseis sírios nem também nom a dos mísseis iranianos emprazados na Síria. Os peritos consultados polo diário assinalam que se Síria pode rejeitar eficazmente a primeira onda de ataque, estará em condiçons de golpear objectivos em Israel, Turquia e outras partes. Fonte http://french.irib.ir/info/moyen-orient/item/272356-la-puissance-balistique-syrienne,-un-%C3%A9nigme-pour-l-occident

Síria já tem preparados para os portaavións, fragatas e destruidores imperialistas os mísseis supersónicos ultra-precisos Yakhont que som os mas rápidos do Mundo. Os navios inimigos e os mísseis Scud som incapazes de interceptá-los. Nom serám pequenas as perdidas dos imperialistas. Fonte http://french.irib.ir/info/moyen-orient/item/271959-les-missiles-yakhont-syriens-guettent-les-navires-us

Rússia ordenou reforçar a sua frota nas proximidades de Síria com um barco de luta antisubmarinos e um barco antimísseis com a clara intençom de dissuadir aos imperialistas de todo ataque criminal, ilegal e terrorista. Fonte http://www.almanar.com.lb/french/adetails.php?eid=127499&cid=18&fromval=1&frid=18&seccatid=37&s1=1

Comandante iraniano: Qualquer acçom militar contra Síria incinerará aos sionistas. Fonte http://es.irna.ir/News.aspx?Nid=80794552

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A República Islâmica do Irám afirma que jamais sob nengumha circunstância abandonará a sua sorte a Síria BASENAME: canta-o-merlo-a-republica-islamica-do-iram-afirma-que-jamais-sob-nengumha-circunstancia-abandonara-a-sua-sorte-a-siria DATE: Thu, 29 Aug 2013 08:20:31 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.almanar.com.lb/french/adetails.php?eid=127323&cid=86&fromval=1&frid=86&seccatid=28&s1=1

É nos momentos de crises quando se descobre a verdade confrontada ante a História e a dureza dos feitos. Enquanto se cerne sobre a heróica República Árabe Síria a feroz ameaça dos bandidos e cruéis imperialistas, Irám emerge como umha roca firme no combate a vida ou morte entre a espécie humana a besta degenerada dos monopólios de Wall Street e da City londrina.

Segundo o diário libanês Al-Safir as autoridades iranianas ham feito saber aos governos da China e Rússia que estarám com Síria até o seu "derradeiro suspiro" mesmo em caso que estes decidissem abandonar à Pátria árabe de Jesús o Damasceno, Sultán o Atrach e Hafez ao Assad.
A fonte iraniana analisa que os imperialistas já elaborárom há tempo planos de invasom e ataque total mas necessitavam umha escusa e como esta nom chegava rematárom por fabricar umha, igual de basta e ridícula que as anteriores que servírom para atacar a Vietname, Iraque, Líbia e Afeganistám.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Síria: Mais um crime de guerra ocidental em preparação BASENAME: canta-o-merlo-siria-mais-um-crime-de-guerra-ocidental-em-preparacao DATE: Wed, 28 Aug 2013 22:31:11 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Paul Craig Roberts [*]

Os criminosos de guerra em Washington e outras capitais ocidentais estão determinados a manter a sua mentira de que o governo sírio utilizou armas químicas. Tendo fracassado nos esforços para intimidar os inspectores químicos da ONU na Síria, Washington pediu que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon retirasse os inspectores de armas químicas antes que eles possam avaliar a evidência e fazer seu relatório. O secretário-geral da ONU enfrentou os criminosos de guerra de Washington e rejeitou o pedido.

Os governos dos EUA e Reino Unidos não revelaram nenhumas das "evidências conclusivas" que afirmam ter de que o governo sírio utilizou armas químicas. Ao ouvir suas vozes, observar sua linguagem corporal e fitar os seus olhos, é completamente óbvio que John Kerry e seus fantoches britânico e alemão estão a mentir com todos os seus dentes. Isto é uma situação muito mais vergonhosa do que as mentiras maciças que o antigo secretário de Estado Colin Powell disse na ONU acerca de armas iraquianas de destruição maciça. Powell afirma que foi enganado pela Casa Branca e que não sabia que estava a mentir. Kerry e os fantoches britânico, francês e alemão sabem muito bem que estão a mentir.

A cara que o Ocidente apresenta ao mundo é a cara cínica de um mentiroso.

Washington e seus governos fantoches britânico e francês estão prontos para revelarem mais uma vez a sua criminalidade. A imagem do Ocidente como Criminoso de Guerra não é uma imagem de propaganda criada pelos seus inimigos, mas o retrato que o Ocidente pintou de si próprio.

O Independent britânico informa que durante este último fim de semana Obama, Cameron e Hollande concordaram em lançar ataques com mísseis de cruzeiro contra o governo sírio dentro de duas semanas apesar da falta de qualquer autorização da ONU e apesar da ausência de qualquer evidência que corrobore a afirmação de Washington de que o governo sírio utilizou armas químicas contra os "rebeldes" apoiados por Washington, amplamente apoiadas forças externas americanas, que procuram derrubar o governo sírio.

Na verdade, uma razão para a corrida à guerra é impedir a inspecção da ONU que Washington sabe que refutaria sua afirmação e possivelmente implicaria a capital estado-unidense no ataque de bandeira falsa por parte dos "rebeldes", os quais reuniram um grande número de crianças numa área para serem quimicamente assassinadas com a culpa atribuída por Washington ao governo sírio.

Outra razão para a corrida à guerra e que Cameron, o primeiro-ministro britânico, quer obter a guerra antes que o parlamento britânico possa bloqueá-lo por proporcionar cobertura aos crimes de guerra de Obama do mesmo modo que Tony Blair proporcionou cobertura a George W. Bush, pela qual Blair foi devidamente premiado. O que faz com que Cameron [não] se preocupe com vidas sírias pois quando puder deixar o gabinete terá à sua espera uma fortuna de U$50 milhões.
www.independent.co.uk/...

O governo sírio, sabendo que não é responsável pelo incidente das armas químicas, concordou em que a ONU enviasse inspectores para determinar a substância utilizada e o método de entrega. Contudo, Washington declarou que é "demasiado tarde" para inspectores da ONU e que aceita a afirmação em causa própria de "rebeldes" filiados à al Qaeda de que o governo sírio atacou civis com armas químicas.
news.antiwar.com/...
Ver também news.antiwar.com/...

Numa tentativa de impedir os inspectores químicos da ONU que chegaram ao local de fazerem o seu trabalho, os inspectores foram alvejados por franco-atiradores (snipers) no território mantido pelos "rebeldes" e forçados a saírem dali, embora uma informação posterior da RT diga que os inspectores retornaram ao sítio para efectuar sua inspecção.
rt.com/news/un-chemical-oservers-shot-000/

O corrupto governo britânico declarou que a Síria pode ser atacada sem autorização da ONU, assim como a Sérvia foi atacada militarmente sem autorização da ONU.

Por outras palavras, as democracias ocidentais já estabeleceram precedentes para violar o direito internacional. "Direito internacional? Nós não precisamos nenhum fedorento direito internacional!" O Ocidente conhece apenas um direito: O Poder é Razão (Right). Enquanto o Ocidente tiver o Poder, o Ocidente tem a Razão.

Numa resposta às notícias de que os EUA, Reino Unido e França estão a preparar-se para atacar a Síria, o ministro russo dos Estrangeiros, Lavrov, disse que tal acção unilateral é uma "grave violação do direito internacional" e que a violação era não só legal como também ética e moral. Lavrov referiu-se às mentiras e enganos utilizados pelo Ocidente para justificar suas graves violações da direito internacional em ataques militares à Sérvia, Iraque e Libia e como o governo dos EUA utilizou movimentos preventivos para minar toda esperança por acordos de paz no Iraque, Líbia e Síria.

Mais uma vez Washington preveniu qualquer esperança de acordo de paz. Ao anunciar o ataque vindouro, os EUA destruíram qualquer incentivo para os "rebeldes" participarem nas conversações de paz com o governo sírio. À beira de estas conversações terem lugar, os "rebeldes" agora não têm incentivo para participarem pois os militares do Ocidente estão a vir em sua ajuda.

Na sua conferência de imprensa Lavrov falou do como os partidos dirigentes nos EUA, Reino Unido e França instigam emoções entre pessoas fracamente informadas que, uma vez excitadas, têm de ser satisfeitas pela guerra. Isto, naturalmente, foi o meio como os EUA manipulam o público a fim de atacar o Afeganistão e o Iraque. Mas o público americano está cansado das guerras, cujos objectivos nunca são esclarecidos, e tem crescentes suspeitas em relação às justificações do governo para mais guerras.

Um inquérito Reuters/Ipso descobriu que "americanos opõem-se à intervenção estado-unidense na guerra civil da Síria e acreditam que Washington deveria permanecer fora do conflito mesmo se informações de que o governo da Síria utilizou armas químicas mortais para atacar civis forem confirmadas.
news.yahoo.com/

Contudo, Obama não se importa que menos de 9 por cento do público apoie o seu belicismo. Como declarou recentemente o antigo presidente Jimmy Carter: "A América não tem democracia em funcionamento".
rt.com/usa/carter-comment-nsa-snowden-261/

Ela tem um estado policial no qual o ramo executivo se colocou acima de toda a lei e da Constituição.

Este estado policial está agora em vias de cometer mais outro crime de guerra estilo nazi de agressão não provocada. Em Nuremberg os nazis foram sentenciados à morte precisamente por acções idênticas às que estão a ser cometidas por Obama, Cameron e Hollande. O Ocidente está a confiar no poder, não no direito, para manter-se fora do tribunal criminal.

Os governos dos EUA, Reino Unido e França não explicaram porque interessa se pessoas nas guerras iniciadas pelo Ocidente são mortas por explosivos feitos de urânio empobrecido ou com agentes químicos ou qualquer outra arma. Era óbvio desde o princípio que Obama estava determinado a atacar o governo sírio. Obama demonizou armas químicas ? mas não as nucleares destruidoras de bunkers ("bunker busters") que os EUA podem utilizar contra o Irão. Portanto Obama traçou uma linha vermelha, dizendo que a utilização de armas químicas pelos sírios era um grande crime que obrigaria o Ocidente a atacar a Síria. Os fantoches britânicos de Washington, William Hague e Cameron, simplesmente têm repetido esta afirmação sem sentido.
rt.com/news/uk-response-without-un-backing-979/

O passo final na trama era orquestrar um incidente químico e culpar o governo sírio.

O que é a agenda real do Ocidente? Esta é a pergunta não formulada e não respondida. Claramente, os governos dos EUA, Reino Unido e França, os quais têm exibido continuamente seu apoio a regimes ditatoriais que sirvam os seus propósitos, não estão minimamente perturbados com ditadura. Eles estigmatizam Assad como ditadora como um meio de diabolizá-lo para as mal informadas massas do Ocidente. Mas Washington, Reino Unido e França apoiam qualquer número de regimes ditatoriais, tais como aqueles no Bahrain, Arábia Saudita e agora a ditadura militar no Egipto que está implacavelmente a mater egípcios sem que qualquer governo ocidental fale de invadir o país por "matar o seu próprio povo".

Claramente também, o ataque ocidental à Síria que está para acontecer não absolutamente nada a ver com levar "liberdade e democracia" à Síria, não mais do que liberdade e democracia foram razões para os ataques ao Iraque e à Líbia, nenhum dos quais ganhou qualquer "liberdade e democracia".

O ataque do Ocidente à Síria não tem relação com direitos humanos, justiça ou qualquer das causas altissonantes com as quais o Ocidente encobre a sua criminalidade.

Os media ocidentais, e menos ainda os presstitutes americanos, nunca perguntam a Obama, Cameron ou Hollande qual é a agenda real. É difícil acreditar que qualquer repórter seja suficientemente estúpido ou crédulo para acreditar que a agenda é levar "liberdade e democracia" à Síria ou punir Assad por alegadamente utilizar armas químicas contra bandidos assassinos que tentam derrubar o governo sírio.

Naturalmente, a pergunta não seria respondida se fosse feita. Mas o acto de perguntar ajudaria o público a tornar-se consciente de que há mais em andamento do que o que está à vista. Originalmente, a desculpa para as guerras de Washington era manter os americanos seguros em relação a terroristas. Agora Washington está a esforçar-se por entregar a Síria a terroristas da jihad, ajudando-os a derrubar o governo laico e não terrorista de Assad. Qual é a agenda por trás do apoio de Washington ao terrorismo?

Talvez o objectivo das guerras seja radicalizar muçulmanos e, dessa forma, desestabilizar a Rússia e mesmo a China. A Rússia tem grandes populações de muçulmanos e faz fronteiras com países muçulmanos. Mesmo a China tem alguma população muçulmana. Quando a agitação radical se propagar aos dois únicos países capazes de constituírem um obstáculo à hegemonia mundial de Washington, à propaganda dos media ocidentais e ao grande número de ONGs financiadas pelos EUA, a posarem como organizações de "direitos humanos", Washington pode nelas confiar para diabolizar os governos russo e chinês por medidas duras contra "rebeldes".

Outra vantagem da radicalização de muçulmanos é que isto deixa países muçulmanos em perturbações ou guerras civis prolongadas, como é actualmente o caso no Iraque e na Líbia, impedindo portanto qualquer poder de estado organizado de obstruir objectivos israelenses.

O secretário de Estado John Kerry está a trabalhar nos telefones utilizando subornos e ameaças a fim de construir aceitação, se não apoio, ao crime de guerra em preparação contra a Síria.

Washington está a conduzir o mundo para mais perto do que nunca da guerra nuclear, mesmo em relação aos períodos mais perigosos da Guerra-fria. Quando Washington acabar com a Síria, o alvo seguinte será o Irão. A Rússia e a China já não serão mais capazes de enganarem-se a si próprios com a ficção de que há qualquer sistema de lei internacional ou restrição à criminalidade ocidental. A agressão ocidental já está a forçar ambos os países a desenvolverem suas forças estratégicas nucleares e a restringir as ONGs financiadas pelo Ocidente que posam como "organizações de direitos humanos", mas na realidade constituem uma quinta coluna que Washington pode utilizar para destruir a legitimidade dos governos russo e chinês.

A Rússia e a China têm sido extremamente descuidadas nos seus relacionamentos com os Estados Unidos. Essencialmente, a oposição política russa é financiada por Washington. Mesmo o governo chinês está a ser minado. Quando uma corporação estado-unidense abre uma companhia na China, ela cria uma directoria chinesa na qual são colocados parentes das autoridades políticas locais. Estas directorias criam um canal para pagamentos que influenciam as decisões e lealdades dos membros locais e regionais do partido. Os EUA penetraram universidades chinesas e atitudes intelectuais. Estão a ser criadas vozes dissidentes que são perfiladas contra o governo chinês. Pedidos de "liberalização" podem ressuscitar diferenças regionais e étnicas e minar a coesão do governo nacional.

Uma vez que a Rússia e a China percebam que são dilaceradas por quintas colunas americanas, isoladas diplomaticamente e ultrapassadas militarmente, as armas nucleares tornar-se-ão a única garantia das suas soberanias. Isto sugere ser provável que a guerra nuclear termine com a humanidade bem antes de esta sucumbir ao aquecimento global ou à ascensão das dívidas nacionais.
27/Agosto/2013

[*] www.paulcraigroberts.org/

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/syria-another-western-war-crime-in-the-making/5347038

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Egipto fecha Canal de Suez aos destruidores estadounidenses e britânicos que se dirijam a Síria BASENAME: canta-o-merlo-egipto-fecha-canal-de-suez-aos-destruidores-estadounidenses-e-britanicos-que-se-dirijam-a-siria DATE: Wed, 28 Aug 2013 22:06:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.hispantv.com/

O ministro de Defesa e chefe do Exército egípcio, o general Abdel Fatah Al-Sisi, assegurou nesta quarta-feira que o seu país fechará o Canal de Suez aos destruidores estadounidenses e britânicos que navegam rumo a Síria.

Al-Sisi salientou em que o seu país nom repetirá os erros da guerra no Iraque, ressaltando o compromisso a cumprir com o acordo de defesa conjunta entre Egipto e Síria, polo que nom permitirá que os navios de guerra atravessem o Canal de Suez para levar a cabo umha ingerência bélica no país árabe.

Assim mesmo, o chefe da Diplomacia egípcia, Nabil Fahmi, expressou na terça-feira a sua oposiçom a umha ofensiva belicista na Síria e reclamou umha soluçom política ao conflito.

Fahmi afirmou que umha resposta ao suposto uso de armas químicas em Síria deve acordar nos organismos internacionais, em especial, no Conselho de Segurança das Naçons Unidas (CSNU).

A semana passada, os terroristas, apoiados por países estrangeiros, acusaram o Governo sírio de empregar armas químicas nos subúrbios de Damasco, umhas alegaçons que fôrom rejeitadas contundentemente polas autoridades sírias.

Os países ocidentais, especialmente EE.UU., o Reino Unido e França, valendo-se de falsas alegaçons, buscam executar umha ofensiva militar contra Síria.

mkh/ybm/hnb

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O público ocidental assustado pelo general Al-Sissi BASENAME: canta-o-merlo-o-publico-ocidental-assustado-pelo-general-al-sissi DATE: Wed, 28 Aug 2013 19:04:48 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Thierry Meyssan

Enquanto os Egípcios apoiam a 95 % o golpe de Estado militar que derrubou o presidente Morsi, a imprensa ocidental grita contra o retorno da ditadura e chora os mortos civis da repressão. Para Thierry Meyssan, esta atitude tem origem na atitude efeminada das populações ocidentais que esqueceram as lições dos seus antepassados e pensam que todos os conflitos podem ter soluções pacíficas

A imprensa nos Estados-Unidos e na Europa faz causa comum contra o golpe de Estado militar no Egipto e lamenta-se pelo milhar de mortos que se seguiu. É evidente para ela que os Egípcios, que derrubaram a ditadura de Hosni Moubarak, serão hoje em dia vítimas de uma nova ditadura e que Mohamed Morsi, eleito «democraticamente», é o único com legitimidade para exercer o poder.

Ora, esta visão das coisas é contradita pela unanimidade na sociedade egípcia apoiando o seu exército. Abdelfatah Al-Sissi anunciou a destituição do presidente Morsi na presença dos representantes de todas as sensibilidades do país, incluindo o reitor da universidade Al-Azhar e o chefe dos salafistas, que vieram apoiá-lo. Ele pode-se gabar de ser apoiado, no seu combate, pelos representantes de 95 % dos seus compatriotas.

Para os Egípcios, a legitimidade de Mohamed Morsi não se mede pelo modo como foi designado presidente, com ou sem eleições, mas pelos serviços que prestou ou não ao país. Ora, os Irmãos (muçulmanos-ndT) mostraram, acima de tudo, que o seu slogan «O islão, é a solução!» mascarava mal a sua impreparação e a sua incompetência.

Para o homem da rua, o turismo rarefez-se, a economia regrediu, e a libra caiu 20 % de valor .

Para a classe média, Morsi jamais foi eleito democraticamente. A maior parte dos gabinetes de voto estiveram ocupados por bandos armados dos Irmãos e 65 % dos eleitores abstiveram-se. Esta mascarada foi sancionada pelos observadores internacionais, despachados pelos Estados-Unidos e União Europeia que apoiavam a Confraria. Em Novembro, o presidente Morsi revogou a separação de poderes interditando os tribunais de contestar as suas decisões. Depois, ele dissolveu o Supremo Tribunal e revogou a Procuradoria Geral. Suspendeu a Constituição, e fez redigir uma nova por uma comissão nomeada, para o efeito, por ele, antes de fazer adoptar esta lei fundamental aquando de um referendo boicotado por 66 % dos eleitores.

Para o exército, Morsi caiu ao anunciar a sua intenção de privatizar o canal do Suez, símbolo da independência económica e política do país, e de o vender aos seus amigos cataris. Ele iniciou a venda de terrenos públicos do Sinai a personalidades do Hamas, afim de permitir que eles transferissem para o Egipto os trabalhadores de Gaza e possibilitando assim a Israel acabar com a sua «questão palestina». Mas, sobretudo, declarou guerra contra a Síria, posto-avançado histórico do Egipto no Levante, colocando em perigo a segurança nacional que lhe incumbia proteger.

Entretanto, o problema de fundo dos Ocidentais face à crise egípcia tem a ver com o uso da força. Visto de Nova Iorque ou de Paris, um exército que usa balas reais contra manifestantes é tirânico. E, a imprensa trata de sublinhar, para aumentar o horror, que numerosas vítimas são mulheres e crianças.

É uma visão pusilânime das relações humanas, em que supostamente uma pessoa estaria pronta para o debate pacífico só pelo simples facto de estar desarmada. Mas, o fanatismo é um modo de comportamento que não tem nenhuma relação com o facto de se estar armado ou não. Os Ocidentais enfrentaram, exactamente, este problema há 70 anos atrás. Na época, Franklin Roosevelt e Winston Churchill fizeram arrasar cidades inteiras, como Dresden (na Alemanha) e Tóquio (no Japão), cujas populações civis estavam desarmadas. Ora, estes dois líderes não são por isso considerados como criminosos, mas sim celebrados como heróis. Era evidente e indiscutível que o fanatismo dos Alemães e dos Japoneses tornava qualquer solução pacífica impossível.

São os Irmãos muçulmanos terroristas, e deverão ser aniquilados? Toda a resposta cega estará errada, já que existem numerosas tendências no seio da Confraria internacional. No entanto, há um balanço que fala por si próprio: eles têm um pesado passado de putschismo em numerosos Estados árabes. Em 2011, organizaram a oposição a Mouamar el-Kadhafi e aproveitaram-se do seu derrube pela Otan. Continuam a fomentar o ataque para se apoderarem do poder na Síria. Em relação à Confraria no Egipto, o presidente Morsi reabilitou os assassinos do seu predecessor Anouar el-Sadate, e libertou-os. Também nomeou governador de Luxor o segundo cabeça do comando que aí massacrou 62 pessoas, principalmente turistas, em 1997. Além disso, durante o simples apelo dos Irmãos à manifestação para o restabelecimento do «seu» presidente, eles usaram de vingança queimando 82 igrejas coptas (minoria cristã- ndT).

A repulsa dos Ocidentais pelos governos militares não é partilhada pelos Egípcios, único povo no mundo a ter sido exclusivamente governado por militares ? com excepção do ano de Morsi ? durante mais de 3 000 anos.
Thierry Meyssan

Tradução
Alva

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Se EEUU atacasse a Síria, Rússia faria-o com Arábia Saudita BASENAME: canta-o-merlo-se-eeuu-atacasse-a-siria-russia-faria-o-com-arabia-saudita DATE: Wed, 28 Aug 2013 15:55:41 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.hispantv.com/

Arábia Saudita converteria no alvo dos mísseis russos em caso que Ocidente, encabeçado por EE.UU., materialize umha opçom militar contra Síria, sob pretexto de que o Exército sírio haver usado armas químicas.

Assim informou na terça-feira EU Times, citando um "memorándum de acçom urgente" do escritório do presidente russo, Vladimir Putin, que autoriza o bombardeio de vários objectivos dentro do território saudita.

Esta decisom de Moscovo emite-se, depois de que altos funcionários estadounidenses anunciassem na terça-feira que Washington poderia dar início a um ataque misilístico contra Síria "em seguida que como na quinta-feira".

Neste sentido, o diário libanês As-Safir justificou esta postura de Moscovo ante Riad pola visita que realizou o chefe dos serviços de inteligência saudita, Bandar bin Sultan, a Rússia para convencer ao presidente russo que retire o seu apoio ao Governo de Damasco.

Conforme As-Safir, o príncipe saudita havia advertido que se Rússia nom aceitava a derrota da Síria, Arábia Saudita desataria terroristas chechenos sob o seu controlo para que provocassem o caos durante os Jogos Olímpicos de Inverno que se celebrarám entre os dias 7 e 23 de Fevereiro do ano 2014 em Sochi, Rússia.

Também existiam rumores de que o titular saudita oferecera um contrato armamentístico a mudança de que Rússia desse as costas a Síria, o que foi desmentido posteriormente polo mandatário russo.

A escalada de tensons entre Rússia e Ocidente deve-se a umha possível intervençom militar de EE.UU. e os seus aliados na Síria, com o objectivo de atirar umha mensagem ao presidente, Bashar Al-Asad, acusado polos ocidentais de autorizar um presumível ataque químico a semana passada, algo rejeitado energicamente polo Governo de Damasco.

Ante esta situaçom, Síria permitiu aos inspectores de Naçons Unidas que acedam ao sítio onde supostamente produziu-se o ataque com armas químicas.

O 23 de agosto, o secretário de Defesa de EE. UU., Chuck Hagel, assegurou que o Pentágono já começara a mobilizar as suas forças navais com o fim de situar-se para um possível ataque contra Síria, em caso que o presidente norte-americano, Barack Obama, tomasse tal decisom.

Por sua parte, o Parlamento britânico tem previsto reunir-se na quinta-feira desta semana para debater e votar sobre umha intervençom militar no país árabe.

Anteriormente, o ministro britânico de Assuntos Exteriores, William Hague, desafiando ao direito internacional, afirmou na segunda-feira que umha intervençom estrangeira na Síria é possível, sem o respaldo unânime de todos os membros do Conselho de Segurança de Naçons Unidas (CSNU).

Esta postura bélica de Londres produz-se apesar de que nem sequer existem provas que evidenciem o uso de armas químicas por parte do Exército sírio.

No sábado, umha unidade do Exército sírio irrompeu num armazém situado no bairro de Dobar, em Damasco, onde encontrou barris de gás tóxico com etiquetas na que se especificava que eram de fabricaçom saudita.

Nom é a primeira vez que os grupos terroristas na Síria utilizam armas químicas no país árabe, para depois pretender apresentar ao Governo de Damasco como autor de tais ataques químicos, ajeitando assim o caminho para que Ocidente, encabeçado por Washington, atire umha possível intervençom no país árabe.

msh/ybm/hnb

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A inauguração do Estado Policial ? EUA : A caminho de uma ditadura democrática? BASENAME: canta-o-merlo-a-inauguracao-do-estado-policial-eua-a-caminho-de-uma-ditadura-democratica DATE: Tue, 27 Aug 2013 22:38:52 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

By Prof Michel Chossudovsky
Global Research, July 12, 2013

Notas do Autor:

O artigo que segue [1] foi publicado em janeiro de 2012 e focaliza uma importante lei legislativa (Lei ? Autorização de Defesa Nacional ? ?National Defense Authorization Act? (NDAA) HR 1540).

Quase que nem notada na comprometida corrente da mídia estabelecida, a HR 1540 (assinada como lei efetiva pelo presidente Obama em 31 de dezembro de 2011) apresentou as condições para uma anulação de um governo constitucional como ato de lei, já aqui nem se mencionando as condições para um desenvolvimento de um ?Estado de Vigilância? ??Surveillance State?, o qual está sendo objeto de muito debate [näo só nacional como também internacionalmente, dadas as revelações recentes dos atos de espionagem do governo americano].

A república americana está fraturada. A tendência é para o estabelecimento de um estado totalitário, um governo militar em vestimentas civís.

A adoção da Lei ? Autorização de Defesa Nacional (NDAA), (HR 1540) corresponde a militarirazão da polícia, ou seja, a anulação da lei regulando a atuação independente dos municípios e regiões: ?Municípios podem atuar?? ? ?Posse Comitatus Act?- e assim então, a inauguração em 2012, dos Estados Unidos como EUA: Estado Policial.

Da mesma maneira como aconteceu na chamada República Weimar, na Alemanha de 1930, liberdades e direitos fundamentais estão agora sendo anulados abaixo do pretexto de que a democracia estaria sendo ameaçada e precisaria de ser protegida.

Grupos radicais e ou ativistas trabalhistas constituem aos olhos da administração de Obama uma ameaça ao estabelecimento econômico assim como a ordem política nacional americana [tem-se calafrios em lembrar-se do DOPS ? Departamento de Ordem Pública e Social dos tempos da ditadura brasileira?]

A mídia sempre comprometida está agora sendo cúmplice da morte do governo constitucional americano.

Todos os componentes de um Estado Policial nos EUA já se encontram nos seus devidos lugares. Esses componentes incluem:

Assassinatos extrajudiciais de supostos terroristas, o que incluiria cidadãos americanos. Isso está em alarmante violação da Qinta Lei da constituição americana, que afirma que ?Nenhuma pessoa deverá ter?. sua vida tomada? sem os devidos processos judiciais. ?No person shall.. be deprived of life without due process of law.? [observe-se que nos Estados Unidos a pena de morte ainda faz parte do sistema jurídico, mas aqui não se trata de penas de morte mas sim de assassinatos premeditados, sem os devidos processos legais, os quais poderiam ou não levar a uma pena de morte, em cada caso específico].

Prisão indefinida sem julgamentos de cidadãos americanos, isso é nominadamente a anulação do sistema de ?Habeas Corpus?.

O estabelecimento de ?Campos de Concentração? ? ?Internment Camps? [literalmente Campos de Internamento] em bases militares americanas abaixo da legislação adoptada em 2009.

Abaixo da ?Lei de Estabelecimento de Centros Nacionais de Emergência? ? ?National Emergency Center Establishment Act? (HR 645) os ?Campos de Internamento? poderão ser usados para ?acomodar outras necessidades apropriadas, como determinadas pela Secretaria da SegurançaNacional ? Secretary of Homeland Security.?

Os Campos de Internamento da FEMA fazem parte da chamada ?Continuidade de Governo? ? ?Continuity of Government?, COG na sigla inglesa, o qual seria ativado no caso de lei marcial, ou seja, lei de guerra, estado de sítio, ou de emergência. Esses campos de internamento tem como propósito o ?proteger o governo? contra seus cidadãos, encarcerando os oposicionistas assim como os ativistas políticos que desafiassem a legitimidade da políticas de segurança nacional, da política econômica ou o programa de ação militar [como por ex. guerras] do governo.

Michel Chossudovsky, 12 de Junho de 2013 ? A Ser Continuado.

Original : The Inauguration of Police State USA. Towards a Democratic Dictatorship? Global Research, 12 de junho de 2013 e 1 de janeiro de 2012.

Tradução Anna Malm

Referências e Notas:

[1] Prof. Michel Chossudovsky, The Inauguration of Police State USA. Towards a Democratic Dictatorship? Global Research, 12 de junho de 2013 e 1 de janeiro de 2012. Essa é a parte I ? A ser continuada em breve. O original encontra-se emwww.globalresearch.ca
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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Marinha e o Exército da Rússia mobilizados a favor da Síria BASENAME: canta-o-merlo-a-marinha-e-o-exercito-da-russia-mobilizados-a-favor-da-siria DATE: Tue, 27 Aug 2013 15:33:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Marinha e o Exército da Rússia mobilizados a favor da Síria

agosto 26, 2013

Segundo fontes militares russas umha frota de guerra russa entre a que está o barco Chabanenko se achega ao porto sírio de Tartús. A web israelense Debka informa que desde o sábado passado o exército russo está em estado de alerta frente à eventualidade de um ataque imperialista dos EEUU, Gram-Bretanha e França contra a República Árabe Siria.

Constam-nos que nom somente o povo russo senom de todas as repúblicas que um dia estivérom juntas na Uniom Soviética apoiam em massa estes decisivos movimentos destinados a dar protecçom à gloriosa Pátria de Juan El Damasceno, El Attrach, Michel Aflaq e Hafez Al Assad.

Esperamos que barcos ucranianos, iranianos, libaneses e chineses unam ao esforço russo

Fonte http://french.irib.ir/info/moyen-orient/item/271896-lhes-navires-de-guerre-russes-appareillent-vers-tartous

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "Zero, a possibilidade de um ataque a Síria" BASENAME: canta-o-merlo-zero-a-possibilidade-de-um-ataque-a-siria DATE: Tue, 27 Aug 2013 12:05:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.hispantv.com/detail/2013/08/26/238282/cero-posibilidad-ataque-siria

"Qualquer intervençom militar estrangeira em Síria poderia acabar numha catástrofe no Oriente Meio com conseqüências imprevisíveis e amplas", assim o confirmou nesta segunda-feira o parlamentar iraniano, Mehdi Sanai.

O membro da Comissom da Segurança Nacional e a Política Exterior da Assembleia Consultiva Islâmica do Irám (Mayles) considerou "improvável" a possibilidade de um ataque militar a Síria por parte da EE.UU.

"Os ataques com armas químicas na Síria som artimanhas de alguns países da regiom que vem fracassados os seus planos. Estados Unidos ainda está a duvidar a respeito da postura política que quer tomar a respeito disso", sublinhou.

"A situaçom da Síria é difícil. Os conflitos já tem um aspecto étnico e religioso e os países da regiom como Jordânia, Turquia, O Líbano e até verdadeiro ponto, Iraque vem influídos pola crise da Síria", acrescentou

Noutra intervençom, o embaixador do Irám na Síria, Mohámede Reza Rauf Sheibani, aconselhou a Washington a tomar liçom das conseqüências das suas intervençons em Afeganistám, Iraque, Líbia e África do Norte e ter em conta o preço que pagou com o fim de medir os seus passos no futuro.

Assim mesmo, tachou de irrealizável as ameaças estadounidenses a respeito da intervençom militar na Síria" nom é a primeira vez que usam umha literatura ofensiva. Todo mundo sabe que é o instrumento que tem para chegar aos seus objectivos e pôr sob pressom à frente opositor".

"Muitos peritos em assuntos militares na regiom consideram nula a possibilidade de um ataque desta índole por diferentes razões entre elas, as forças de resistência na regiom, a situaçom estratégica da Síria assim como a opiniom pública dos mesmos estadounidenses a respeito disso", concluiu.

ym/rh/msf

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Rússia assegura que Washington deve respeitar o Direito Internacional a respeito de Síria BASENAME: canta-o-merlo-russia-assegura-que-washington-deve-respeitar-o-direito-internacional-a-respeito-de-siria DATE: Tue, 27 Aug 2013 11:07:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Rússia assegura que Washington deve respeitar o Direito Internacional a respeito de Síria

Moscovo - Washington, Sana

O Ministério de Exteriores da Rússia afirmou que Washington deve ser cauteloso e tem que respeitar o Direito Internacional sobre Síria.

Chancelería russa acrescentou que as tentativas de fabricar pretextos para a intervençom militar na Síria fora do Conselho de Segurança, poderia conduzir a um desastre.

Rússia lamenta que Washington tenha postergado a reuniom da Haia

Por outra parte, o Vice-ministro de Exteriores russo, Gennady Gatilov, dixo que o seu país lamenta que Estados Unidos adiasse a mencionada reuniom sobre Síria, prevista para manhá quarta-feira na Haia.

Na sua conta na rede social Twitter, Gatilov dixo: "é lamentável que os nossos sócios decidam cancelar a reuniom bilateral russo-estadounidense para discutir a questom de convocar a conferência internacional sobre Síria", sublinhando que "o trabalho para encontrar critérios para umha soluçom política na Síria era algo útil, sobretodo porque no horizonte vem-se nuveiros de umha campanha militar".

Cabe salientar que o Departamento de Estado de EE.UU. anunciara o adiamento da reuniom prevista com Rússia na Haia para discutir os preparativos para a celebraçom da conferencia internacional sobre Siria em Genebra, sem especificar um calendário claro para a sua celebraçom, tomando como pretexto as noticias sobre um ataque com armas químicas na zona rural de Damasco.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A histeria belicista contra a Síria BASENAME: canta-o-merlo-a-histeria-belicista-conta-a-siria DATE: Mon, 26 Aug 2013 22:37:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

Em 2003 o imperialismo promoveu uma campanha histérica acerca de supostas armas de destruição maciça possuídas pelo Iraque. Como se viu, aquela mentira flagrante, cínica e deliberada do governo dos EUA destinou-se a justificar a invasão e ocupação daquele país. Hoje, mais uma vez, o imperialismo encena uma campanha mundial acerca de supostas "armas químicas" que teriam sido utilizadas pelas Forças Armadas sírias. Obama não apresentou uma única prova que corroborasse tal afirmação, mas a campanha prossegue. Destina-se a preparar a opinião pública para uma eventual agressão directa contra a República Síria à semelhança daquela desencadeada contra a Líbia. Diz-se a agressão directa porque a indirecta começou há vários anos com o armamento, treino e incentivo a bandos terroristas, os quais estão a ser derrotados pela Forças Armadas sírias. Tal como em 2003, os cães amestrados de Londres, Paris e Ancara ladram furiosamente a atiçar.
Por outro lado, a crise financeira capitalista intensifica-se. O seu sistema bancário está em ruínas, tanto nos EUA como na Europa. Os monstruosos resgates governamentais com o dinheiro dos contribuintes e com emissões monetárias (bail-outs) fracassaram, tendo desaparecido no buraco negro da banca ? agora já planeiam resgates internos (bail-ins) com o dinheiro dos depositantes. O que tem isto a ver com uma eventual agressão à Síria? Muito. Historicamente o imperialismo sempre procurou na guerra a saída para as suas crises.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Lavrov tacha de falsas acusaçons contra governo sírio sobre uso de armas químicas BASENAME: canta-o-merlo-lavrov-tacha-de-falsas-acusacons-contra-governo-sirio-sobre-uso-de-armas-quimicas DATE: Mon, 26 Aug 2013 15:39:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://sana.sy/spa/213/2013/08/26/499279.htm
Moscovo, Sana

O ministro de Exteriores da Rússia, Sergi Lavrov, sublinha que as acusaçons dirigidas contra o governo de Síria sobre o uso de armas químicas som falsas e usam-se como pretexto para recorrer ao uso da força contra Síria, asseverando que "quem dirigem essas acusaçons nom possuem provas".

Numha conferência de imprensa hoje, o chefe da diplomacia russa denúncia que tanto Washington como Londres e Paris dérom declaraçons oficiais para dizer que possuem fortes provas que inculpam às autoridades da Síria, mais até agora nom pudérom apresentar ditas provas e contodo aumentam o seu tom e dizem que a linha vermelha foi transgrida e já nom é possível demorar as cousas.

Lavrov asseverou que estas declaraçons "contradim os acordos confirmados polos líderes do G-8 na declaraçom final da cimeira de Oraornoa no passado mês de Junho, que sublinha que qualquer caso de uso de armas químicas em Síria deve ser investigado escrupulosamente e apresentassem-se os resultados das investigaçons ao Conselho de Segurança".

Lavrov denuncia que esses países do Grupo do Oito abandonárom este acordo e que, aliás, atribuem-se a sim mesmos o papel dos investigadores e o papel do Conselho de Segurança".

O chanceler russo explicou que experto e especialistas de Grm-Bretanha, França, Rússia e outros países ocidentais tenhem critérios que indicam a invalidez das imagens que se comercializam através de Internet para acusar o governo da Síria de usar armas químicas, revelando que existem informaçons que afirmam que estas imagens se publicárom horas antes de ser anunciado o ataque com substâncias químicas o passado 21 de agosto.

Lavrov pergunta-se.. "Por que essas partes rejeitam os pactos e alegam que já é tarde e obstaculizam todas as provas sobre o uso de armas químicas"... por que nom falavam os nossos sócios ocidentais da mesma maneira quando se discutia sobre a investigaçom de uso de armas químicas em Khan Asal no campo de Alepo na passada Primavera"".

Lavrov: Rússia mira com profunda preocupaçom anúncios estadounidenses de intervençom militar na Síria

Sergei Lavrov afirmou antes durante umha conversaçom telefónica com o seu homólogo de EE.UU., John Ferry, que "os anúncios oficiais de Washington sobre a preparaçom das suas Forças Armadas para "intervir" no conflito sírio foram recebidos por Moscovo com profunda preocupaçom".

Segundo um comunicado oficial da Chanceleria russa, publicado na página web do Ministério russo de Exteriores, Lavrov dixo na conversaçom telefónica que umha intervençom na Síria produziria graves conseqüências em Oriente Meio, e agregou que "os telefonemas de EE.UU. a intervir na Síria som umha tentativa de apagar os esforços bilaterais encaminhados à celebraçom da conferência de Genebra.

O comunicado destacou que "Moscovo está preocupada "polas declaraçons de alguns representantes da Administraçom estadounidense sobre a suposta "prova" que tenhem da participaçom do Governo sírio num presumível uso de armas químicas da semana passada em Ghouta Oriental".

Rússia instou a EE.UU. a nom usar a força na Síria e a tentar criar as condiçons propícias para que a missom de peritos da ONU que se encontra agora em Damasco tenha a possibilidade de "realizar umha investigaçom escrupulosa, objectiva e imparcial".

Segundo Lavrov, estas condiçons fam-se imprescindíveis devido aos numerosos testemunhos existentes de que o incidente em Ghouta Oriental poderia ser resultado de umha acçom da "oposiçom irreconciliável" síria no sua tentativa por acusar a Damasco.

Fady M. & Eba Kh.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Atopam em Síria barris de gás tóxico fabricados na Arábia Saudita BASENAME: canta-o-merlo-atopam-em-siria-barris-de-gas-toxico-fabricados-na-arabia-saudita DATE: Sat, 24 Aug 2013 21:25:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.hispantv.com/

Umha unidade do Exército sírio irrompeu num armazém situado no bairro de Jobar em Damasco (capital de Síria), onde atopou barris de gás tóxico com etiqueta de fabricaçom saudita, informárom neste sábado fontes oficiais do país árabe.

Segundo o relatório, um grande número de máscaras e medicamentos utilizados contra produtos químicos fórom atopados no lugar, que pertence a empresas e companhias farmacêuticas de Catar e Alemanha.

De igual maneira, umha autoridade governamental tem revelado que vários soldados apresentaram sintomas de asfixia ao entrar no bairro de Jobar, nos subúrbios de Damasco, controlados polos grupos terroristas.

Vários dos afectados, segundo comunicou-se, encontravam-se em estado grave, assim que foram transferidos a um centro de saúde.

O achado deste material químico, armazenado nos subúrbios de Damasco, tivo lugar uns dias depois de que os grupos terroristas que lutam contra o Governo de Bashar al Asad acusassem o Exército do país árabe de usar armas químicas num recente ataque.

Estas alegaçons levárom às autoridades do Pentágono a estudar a possibilidade de analisar a opçom militar contra Síria como umha resposta ao tema.

Contodo, Washington anunciou que nom dispom de provas para determinar a veracidade dessa afirmaçom.

Por sua parte, o Governo e o Exército sírios tenhem negado categoricamente qualquer tipo de participaçom neste presumível ataque químico.

msh/ybm/msf

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Teeram: os grupos terroristas usárom as armas químicas se de verdade fórom utilizados em Damasco-campo BASENAME: canta-o-merloteeram-os-grupos-terroristas-usarom-as-armas-quimicas-se-de-verdade-foram-utilizados-em-damasco-campo DATE: Thu, 22 Aug 2013 16:14:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://sana.sy/spa/213/2013/08/22/498552.htm

O chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif, afirmou que o "Governo sírio nom pode ser responsável polo possível ataque com armas químicas contra Damasco-campo ontem quarta-feira", assinalando que "se é verdade, fórom utilizadas armas químicas, seriam os grupos terroristas que os utilizárom"".

Zarif dixo numha conversaçom telefónica com o seu homólogo turco, Ahmet Davutoglu ontem à noite, que "no momento em que se encontram os inspectores da ONU em Damasco e os grupos terroristas sofrem derrotas, como se poderia recorrer à supracitada acçom"", afirmando que este acto criminal foi perpetrado por grupos terroristas porque os seus interesses estám na escalada da crise na Síria e a sua internacionalizaçom.

O chanceler iraniano agregou que "se o tema da utilizaçom de armas químicas na Síria foi verdadeiro, está claro que se utilizou polos grupos terroristas takfiríes porque esses grupos demonstrárom que som capazes de cometer semelhantes crimes".

Assim mesmo, assinalou que o governo sírio condenou este incidente e dixo: "A República Islâmica do Irám esta realizando contactos com o governo sírio para estudar as diferentes dimensons deste incidente".

O chefe da diplomacia iraniana fixo ênfase nas posturas cruciais do Irám em rejeiçom às armas de destruiçom maciça, assim como condenou firmemente o uso de qualquer tipo de armas químicas.

China exorta aos inspectores da ONU na Síria a ser imparciais ao investigar no suposto uso de armas químicas

China chamou aos inspectores da ONU na Síria a adoptar umha atitude imparcial e profissional, assim como a consultar plenamente com o Governo sírio ao investigar o uso de armas químicas que se produziu supostamente ontem quartas-feiras no campo de Damasco"

A Cancilhería chinesa citada por Reuters nesta quinta-feira, declarou que China adopta umha postura clara em contra do uso de armas químicas, independentemente de quem o cometeu.

A postura da China vem depois de que o Conselho de Segurança Internacional exigisse ontem num comunicado de imprensa emitido trás umha sessom a portas fechadas, que se desvele a verdade acerca de um suposto uso de armas químicas em Damasco-campo, acolhendo com beneplácito o início de umha investigaçom a respeito disso.

Fady M., Lynn A.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A verdade proibida: Os EUA estão a canalizar armas química para a Al Qaeda na Síria BASENAME: canta-o-merlo-a-verdade-proibida-os-eua-estao-a-canalizar-armas-quimica-para-a-al-qaeda-na-siria DATE: Wed, 21 Aug 2013 21:13:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por Prof Michel Chossudovsky

Estará o presidente Obama a preparar o cenário para uma ?intervenção humanitária? ao acusar displicentemente o presidente sírio de matar o seu próprio povo?

?Na sequência de uma revisão deliberativa, nossa comunidade de inteligência estima que o regime Assad utilizou armas químicas, incluindo o agente de nervos sarin, em pequena escala contra a oposição múltiplas vezes durante o ano passado?

O vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, afirmou numa declaração: ?Nossa comunidade de inteligência tem alta confiança naquela estimativa devido a múltiplas e independentes fontes de informação?.

?Obama avisou o presidente Bashar Al Assad das ?enormes consequências? de ter cruzado a ?linha vermelha? ao alegadamente utilizar armas químicas.

Dinheiro e armas para a Al Qaeda

A saga das armas de destruição maciça (ADM) no Iraque, com base em provas falsificadas, está a desdobrar-se. Os media ocidentais em coro acusam implacavelmente o governo sírio de assassínio em massa premeditado, conclamando a ?comunidade internacional? a vir resgatar o povo sírio.

?A Síria transpõe a ?linha vermelha? sobre armas químicas. Como responderá Obama?

A ?oposição? síria está clamar junto aos EUA e seus aliado para que implementem uma zona de interdição de voo (no fly zone).

A Casa Branca por sua vez reconheceu que a linha vermelha ?fora cruzada?, enfatizando ao mesmo tempo que os EUA e seus aliados ?aumentarão o âmbito e a escala da assistência? aos rebeldes.

O pretexto das armas químicas está a ser utilizado para justificar ainda mais ajuda militar aos rebeldes, os quais em grande parte foram liquidados pelas forças do governo sírio.

Estas forças rebeldes derrotadas ? em grande parte compostas pela Al Nusrah, associada à Al Qaeda ? são apoiadas pela Turquia, Israel, Qatar e Arábia Saudita.

Os EUA-NATO-Israel perderam a guerra no terreno. Seus combatentes da Frente Al Nusrah, os quais constituem a infantaria da aliança militar ocidental, não podem, sob quaisquer circunstâncias, serem repostos através de um fluxo renovado de ajuda militar dos EUA-NATO.

A administração Obama está num impasse: a sua infantaria foi derrotada. Uma ?zona de interdição de voo?, nesta etapa, seria uma proposta arriscada dado o sistema de defesa aérea da Síria, o qual inclui o sistema russo S-300 SAM.

Os EUA-NATO estão a treinar rebeldes da ?oposição? na utilização de armas químicas

As acusações de armas químicas são falsificadas. Numa ironia amarga, as provas confirmam amplamente que as armas químicas estão a ser utilizadas não pelas forças do governo sírio mas sim pelos rebeldes da Al Qaeda apoiados pelos EUA.

Numa lógica enviesada pela qual as realidades são invertidas, o governo sírio está a ser acusado pelas atrocidades cometidas pelos rebeldes associados a Al Qaeda patrocinados pelos EUA.

Os media ocidentais estão a introduzir desinformação nas cadeias de notícias, refutando despreocupadamente as suas próprias reportagens. Como confirmado por várias fontes, incluindo a CNN, a aliança militar ocidental não só disponibilizou armas químicas para a Frente Al Nusrah como também enviou empreiteiros militares (military contractors) e forças especiais para treinar os rebeldes.

O treino [em armas químicas], o qual está a ter lugar na Jordânia e na Turquia, envolve como monitorar e acumular stocks com segurança,além do manuseamento destas armas em sítios em materiais, segundo as fontes. Alguns dos empreiteiros estão sobre o terreno na Síria a trabalhar com os rebeldes para monitorar alguns dos sítios, segundo um dos responsáveis.

A nacionalidade dos treinadores não foi revelada, embora os responsáveis advirtam contra a suposição de que todos eles sejam americanos. ( CNN , 09/Dezembro/2012, ênfase acrescentada)

Se bem que as notícias e reportagens não confirmem a identidade dos empreiteiros da defesa, as declarações oficiais sugerem um estreito vínculo contratual com o Pentágono.

A decisão estado-unidense de contratar estranhos empreiteiros de defesa para treinar rebeldes sírios a manusearam stocks acumulados de armas químicas parece perigosamente irresponsável ao extremo, especialmente quando se considera quão inepta Washington foi até agora para garantir que apenas rebeldes laicos e confiáveis ? na medida em que existam ? recebam a sua ajuda e as armas que aliados nos estados do Golfo Árabe têm estado a fornecer.

Isto também corrobora acusações feitas recentemente pelo Ministério das Relações Exteriores sírio de que os EUA estão a trabalhar para compor o quadro de que o regime sírio como tendo utilizado ou preparado a guerra química.

?O que levanta preocupações acerca desta notícia circulada pelos media é o nosso sério temor de que alguns dos países apoiando o terrorismo e terroristas possam proporcionar armas químicas aos grupos terroristas armados e afirmar que foi o governo sírio que utilizou tais armas? , (John Glaser, Us Defense Contractors Training Syrian Rebels , Antiwar.com, December 10, 2012, ênfase acrescentada).

Não tenhamos ilusões. Isto não é um exercício de treino de rebeldes em não proliferação de armas químicas.

Enquanto o presidente Obama acusa Bashar Al Assad, a aliança militar EUA-NATO está a canalizar armas químicas para a Al Nusrah, uma organização terrorista na lista negra do Departamento de Estado.

Com toda a probabilidade, o treino dos rebeldes da Al Nusrah na utilização de armas químicas ficou a cargo de empreiteiros militares privados.

A Missão Independente das Nações Unidas confirma que forças rebeldes estão na posse do gás de nervos Sarin

Enquanto Washington aponta o dedo ao presidente Bashar al Assad, uma comissão de inquérito independente das Nações Unidas em Maio de 2013 confirmou que os rebeldes, ao invés do governo, têm armas químicas na sua posse e estão a utilizar gás de nervos sarin contra a população civil:

Investigadores de direitos humanos da ONU reuniram testemunhos das baixas da guerra civil da Síria e de equipes médicas indicando que forças rebeldes utilizaram o agente de nervos sarin, disse domingo um dos principais investigadores.

A comissão independente de inquérito das Nações Unidas sobre a Síria ainda não viu provas de que forças governamentais tenham utilizado armas químicas, as quais estão proibidas pelo direito internacional, disse Carla Del Ponte, membro da comissão. (ver imagem)

?Nossos investigadores estiveram em países vizinhos a entrevistas vítimas, médicos e hospitais de campo e, segundo o seu relatório da semana passada que vi, há fortes e concretas suspeitas, mas não ainda prova incontroversa, da utilização do gás sarin, a partir do modo como as vítimas foram tratadas ?, disse Del Ponte numa entrevista à televisão suíça-italiana.

?Isto foi utilizado por parte da oposição, os rebeldes, não pelas autoridades governamentais?, acrescentou ela, a falar em italiano. (? U.N. has testimony that Syrian rebels used sarin gas: investigator ,? Chicago Tribune, May, 5 2013, ênfase acrescentada)

Relatório da polícia turca: Terroristas do Al Nusrah apoiados pelos EUA possuem armas químicas

Segundo a agência de notícias estatal turca Zaman, o Diretorado Geral Turco de Segurança (Emniyet Genel Müdürlügü):

[A polícia] apreendeu 2 kg de gás sarin na cidade de Adana nas primeiras horas da manhã de ontem. As armas químicas estavam na posse de terroristas do Al Nusra que se acredita terem ido para a Síria.

O gás sarin é incolor, uma substância inodoro que é extremamente difícil de detectar. O gás é proibido pela Convenção das Armas Químicas de 1993.

A EGM [polícia turca] identificou 12 membros da célula terrorista Al Nusra e também apreendeu armas de fogo e equipamento digital. Esta é a segunda confirmação oficial importante da utilização de armas química por terroristas da Al Qaeda na Síria após recentes declarações da inspectora Carla Del Ponte confirmando a utilização de armas químicas pelos terroristas na Síria apoiados pelo Ocidente.

A política turca está actualmente a efectuar novas investigações quanto às operações de grupos ligados à Al Qaeda na Turquia. (Para mais pormenores ver Gearóid Ó Colmáin, Turkish Police find Chemical Weapons in the Possession of Al Nusra Terrorists heading for Syria, Global Research.ca, May 30, 2013 )

Quem cruzou a ?Linha vermelha?? Barack Obama e John Kerry estão a apoiar uma organização terrorista na lista do Departamento de Estado.

O que se está a desenrolar é um cenário diabólico ? o qual faz parte integral do planeamento militar dos EUA ?, nomeadamente uma situação em que terroristas da oposição da Frente Al Nusrah aconselhados por empreiteiros ocidentais da defesa estão realmente na posse de armas químicas.

O Ocidente afirma que está vindo em resgate do povo sírio, cuja vidas alegadamente são ameaçadas por Bashar Al Assad.

Obama não só ?Cruzou a linha vermelha? como está a apoiar a Al Qaeda. Ele é um Mentiroso e um Terrorista.

A verdade proibida, que os media ocidentais não revelam, é que a aliança militar EUA-NATO-Israel não só está a apoiar a Frente Al Nusrah como tambémestá a disponibilizar armas química para forças rebeldes da sua ?oposição? proxy.

A questão mais ampla é: Quem constitui uma ameaça para o povo sírio? O presidente Bashar al Assad da Síria ou o presidente Barack Obama da América, que ordenou o recrutamento e treino de forças terroristas que estão na lista negra do Departamento de Estado dos EUA?

Numa ironia amarga, segundo o Bureau of Counter-terrorism do Departamento do Estado dos EUA, o presidente Obama e o secretário de Estado John Kerry, para não mencionar o senador John McCain, podiam ser considerados responsáveis por ?conscientemente proporcionar, ou tentar ou conspirar para isso, apoio material ou recursos para, ou envolver-se em transacções com, a Frente al-Nusrah?.

O Departamento de Estado emendou o Foreign Terrorist Organization (FTO) e a Executive Order (E.O.) 13224 com as designações da al-Qaida no Iraque (AQI) a fim de incluir os seguintes novos pseudônimos: al-Nusrah Front, Jabhat al-Nusrah, Jabhet al-Nusra, The Victory Front, e Al-Nusrah Front for the People of the Levant. As consequências de acrescentar a Frente al-Nusrah como nova denominação para a Al Qaida incluem uma ?proibição contra conscientemente proporcionar, ou tentar ou conspirar para proporcionar, apoio material ou recursos para, ou envolver-se em transacções com a Frente al-Nusrah, e o congelamento de toda propriedade e interesses na propriedade da organização que estão nos Estados Unidos, ou venham a estar dentro dos Estados Unidos ou controle de pessoas dos EUA. (ênfase acrescentada)

O conselho do Departamento de Estado reconhece que de Novembro de 2011 a Dezembro de 2012:

?A Frente Al-Nusrah reivindico aproximadamente 600 ataques ? que vão de mais de 40 ataques suicidas a armas pequenas e operações com dispositivos explosivos improvisados ? em centros de cidade principais incluindo Damasco, Alepo, Hamah, Dara, Homes, Idlib e Dayr al-Zawr. Durante estes ataques numerosos sírios inocentes foram mortos.

O conselho também confirma que ?os Estados Unidos efectuam esta acção [de por a Frente Al Nusrah na lista negra] no contexto do nosso apoio geral ao povo sírio. ?

O que se deixa de mencionar é que a administração Obama continua a canalizar dinheiro e armas para a Al Nusrah em desobediência flagrante da legislação contra-terrorismo dos EUA.

O ?intermediário? de Washington: O general Salim Idriss

O ?intermediário? de Washington é o Chefe do Supremo Conselho Militar da FSA, general de brigada Salem Idriss (v. foto), o qual está em ligação permanente com comandantes militares da Al Nusrah.

O secretário de Estado John Kerry reúne-se com representantes da oposição síria. Responsáveis dos EUA reúnem-se com o general Idriss. Este último, a actuar por conta do Pentágono, canaliza dinheiro e armas para os terroristas. Este modelo de apoio ao Al Nusra é semelhante àquele aplicado no Afeganistão pelo qual o governo militar paquistanês do general Zia Ul Haq canalizou armas para os jihadistas ?Combatentes a liberdade? no auge da guerra soviética-afegã.

O apoio dos EUA a terroristas é enviado sempre através de um intermediário de confiança. Segundo um responsável da administração Obama: ?Se bem que os Estados Unidos possam ter influência sobre o general Idris, não têm capacidade para controlar alguns jihadistas ? como a Frente Nusra, a qual também está a combater forças do governo sírio?. ( New York Times, May 23, 2013 )

John McCain entra na Síria, em mistura com terroristas patrocinados pelos EUA

Enquanto isso, o senador John McCain ?entrou na Síria [no princípio de Junho] a partir da fronteira turca do país e permaneceu ali por várias horas ? McCain encontrou-se com líderes reunidos de unidades do Free Syrian Army tanto na Turquia como na Síria?. Ver imagem de John McCain junto com o general Salem Idriss).

O papel contraditório do Conselho de Segurança das Nações Unidas

No fim de Maio de 2013 o Conselho de Segurança da ONU acrescentou a Al Nusrah à Lista de sanções da Al Qaida do UNSC. Mas ao mesmo tempo, a decisão do Conselho de Segurança despreocupadamente descartou o facto, amplamente documentado, de que três membros permanentes do Conselho, nomeadamente a Grã-Bretanha, a França e os EUA, continuam a proporcionar ajuda militar à Frente Jabbat Al Nusrah, em desafio ao direito internacional e à Carta das Nações Unidas.

ANEXO 1
THE TERRORIST DESIGNATION OF AL NUSRAH BY THE US STATE DEPARTMENT
U.S. DEPARTMENT OF STATE
Office of the Spokesperson December 11, 2012
STATEMENT BY VICTORIA NULAND, SPOKESPERSON
Terrorist Designations of the al-Nusrah Front as an Alias for al-Qa?ida in Iraq

ANEXO 2
UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL
Department of Public Information ? News and Media Division ? New York
Security Council Al-Qaida Sanctions Committee Amends Entry of One Entity on Its Sanctions List

ANEXO 3
TRANSCRIPT OF STATE DEPARTMENT PRESS BRIEFING CONCERNING AL NUSRAH
Senior Administration Officials on Terrorist Designations of the al-Nusrah Front as an Alias for al-Qaida in Iraq
Special Briefing Senior Administration Officials
Via Teleconference
Washington, DC
December 11, 2012

Ver também:

Deleted Daily Mail Online Article: ?US Backed Plan for Chemical Weapon Attack in Syria to Be Blamed on Assad?

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/?

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O mundo sob a vigilância do governo estado-unidense e dos bancos BASENAME: canta-o-merlo-o-mundo-sob-a-vigilancia-do-governo-estado-unidense-e-dos-bancos DATE: Wed, 07 Aug 2013 14:45:36 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O mundo sob a vigilância do governo estado-unidense e dos bancos

por Valentin Katasonov [*]

O mundo financeiro como sistema de informação

O mundo contemporâneo das finanças é sobretudo acerca da informação, os dados sobre clientes de bancos, companhias de seguros, pensões e investimentos, bem como outras entidades que tratam de negócios financeiros, devem ser recolhidos, armazenados, processados e utilizados. As várias peças e informações esparsas de diferentes fontes são reunidas. No caso de indivíduos tudo se reduz a dinheiro, propriedade, trabalho, saúde, parentes e condições de vida. No caso de entidades legais a esfera de interesse abrange fundos e acordos de negócios, historial de crédito, investimentos planeados, principais líderes, accionistas e administradores, contratos, fundos de capital de companhias, etc. Estas são as coisas para as quais os bancos e outros agentes financeiros têm os seus próprios serviços. Além disso, as estruturas de informação incluem gabinetes de crédito, agências de classificação e informação especial. Alguns bancos ou firmas podem criar centrais (pools) de informação que armazenam a informação sobre clientes. Bancos centrais tornaram-se poderosas agências de informação, os quais executam funções de supervisão bancária, aproveitam o acesso praticamente ilimitado aos dados dos bancos comerciais. Além disso, alguns bancos centrais reúnem informação por sua própria iniciativa. O Banco da França, por exemplo, monitora empresas manufactureiras sob o pretexto da necessidade de aperfeiçoar sua política de crédito. Fluxos portentosos de informação financeira e comercial passam através de terminais de pagamentos, os quais são constituídos por sistemas de telecomunicações que transmitem dados. Sistemas de informação separados, mas estreitamente entrelaçados e inter-actuantes, fiscalizam vastas quantidades de fluxos de informação.

O grosso dos bancos e companhias financeiras opera seus próprios serviços de segurança. Formalmente sua missão é proteger a informação, a qual é propriedade das empresas. Não oficialmente muitos serviços obtêm informação adicional acerca de clientes e rivais. Naturalmente isso pressupõe que efectuem actividades encobertas utilizando equipamento técnicos especial e inteligência humana (HUMINT).

A informação recolhida é confidencial e exige procedimentos legais para a ela ter acesso. O facto de adquirirem informação confidencial e desfrutarem de independência significativa do estado traz os bancos mais perto de serviços secretos. Realmente, a cúpula da vigilância global da informação é operada em conjunto por bancos e serviços especiais. De facto, a fusão orgânica dos serviços especiais ocidentais e do sector financeiro e bancário aconteceu resultando num sombrio Leviatã gigante com vastos recursos financeiros e de informação para controlar todos os aspectos da vida humana.

O SWIFT como "cúpula" da vigilância financeira e de informação global

Estou certo de que a sigla SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication) é algo de novo para muitos. Trata-se de uma cooperativa possuída por membros do mundo financeiro que efectua suas operações de negócios. Mais de 10 mil instituições financeiras e corporações em 212 países confiam nela diariamente para intercambiar milhões de mensagens financeiras padronizadas. Esta actividade envolve o intercâmbio seguro de dados do proprietário enquanto assegura formalmente sua confidencialidade e integridade. Do ponto de vista legal é uma sociedade anónima (joint-stock company) constituída por bancos de diferentes países. Foi fundada em 1973 por 240 bancos de 15 Estados para enviar e receber informação acerca de transacções financeiras num ambiente seguro, padronizado e confiável. A Sociedade tem estado a funcionar desde 1977. O US dólar é utilizado para o grosso das transacções SWIFT. O SWIFT é uma sociedade cooperativa sob o direito belga e é possuído pelas suas instituições financeiras membro. Tem escritórios por todo o mundo. A sede do SWIFT, desenhada pelo Gabinete de Arquitectura Ricardo Bofill, está em La Hulpe, Bélgica, próximo de Bruxelas. O organismo governante máximo é a Assembleia-Geral. A decisão é tomada na base de "uma acção, um voto". Os bancos europeus ocidentais e estado-unidenses dominam os gabinetes de direcção. Os EUA, Alemanha, Suíça, França e Grã-Bretanha são os principais accionistas e decisores. As acções são distribuídas de acordo com o volume do tráfego transportado.

Qualquer banco que desfrute do direito de efectuar operações bancárias internacionais de acordo com a lei nacional pode aderir ao SWIFT. Desde o fim do século XX o SWIFT tornou-se indispensável no caso de alguém que queira enviar dinheiro para outro país. Uma vez que a fatia de leão das transacções internacionais era feita em dólares, todos os pagamentos foram-no através de contas abertas em bancos dos EUA, os quais, por sua vez, têm contas no Federal Reserve System (FRS). Portanto, sendo um organismo internacional, o SWIFT está atado ao FRS, mesmo que os bancos dos EUA não tenham qualquer controle accionário. Os servidores do SWIFT estão situados nos Estados Unidos e na Bélgica. Em meados da década passada a Sociedade serviu 7800 clientes em 200 países. O fluxo financeiro diário é de 6 milhões de milhões (trillion).

O SWIFT como empreendimento conjunto do FRS e da CIA

No Verão de 2006 aconteceu o SWIFT estar no centro de um escândalo sumarento provocado pelos jornais New York Times, Wall Street Journal e Los Angeles Times.

Eis como foi a história. Os acontecimentos do 11/Set estimularam a ideia de colocar sob controle todas as transacções financeiras dentro do país, especialmente aquelas transnacionais. Formalmente, o objectivo era impedir o financiamento de organizações terroristas. Quase de imediato a CIA estabeleceu contactos com o SWIFT para vigiar informação de pagamentos indo e vindo. A agência não tinha base legal para isso. Mesmo seus antigos empregados não estavam conscientes destas actividades. Houve uma tentativa para de certo modo justificar as operações, de modo que em 2003 a Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication e algumas agências estatais dos EUA, FBI e CIA inclusive, bem como o FRS (o seu presidente, Alan Greenspan, estava ali), mantiveram conversações sobre a questão em Washington.

As partes concordaram em continuar a cooperação sob a condição de que Washington observaria algumas regras. Consideraram que os EUA fortaleceriam o controle sobre a parte do Departamento do Tesouro e limitariam as actividades exclusivamente às actividades financeiras suspeitas de terem relação com o financiamento ao terror. Os Estados Unidos prometeram manter-se afastados de outros pagamentos, incluindo aqueles relacionados com evasão fiscal e tráfico de droga.

Nas conversações os EUA avançaram o argumento de que formalmente o SWIFT não era um banco mas sim uma ligação entre bancos. Assim, o acesso aos seus dados não era uma violação das leis estado-unidenses do segredo bancário. Foi afirmado que os bancos centrais da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Suécia, Suíça e Japão estavam informados acerca das práticas da CIA. O Banco Central da Rússia não foi incluído na mencionada lista dos que estavam cientes...

Em alguns casos a informação do SWIFT e sua cooperação com os EUA era classificada e aos bancos centrais não era permitido que dessem conhecimento ao público, ao governo e ao parlamento (ainda que conscientes, eles nunca deixariam transpirar). Foi assim na Grã-Bretanha. No Verão de 2006 o Guardian publicou a notícia contando que o SWIFT partilhava com a CIA a informação relacionada com milhões de transacções bancárias. Segundo o Guardian, a partilha de dados classificados é uma violação do direito do Reino Unido e europeu (em particular, a convenção europeia sobre direitos humanos).

Um porta-voz do director de informação contou ao Guardian que a questão da privacidade estava a ser tomada de modo "extremamente sério". Se a CIA havia acessado dados financeiros pertencentes a indivíduos europeus então isto era "provavelmente uma quebra da legislação de protecção de dados da UE2, disse ele, acrescentando que as leis de protecção de dados do Reino Unidos também podem ter sido infringidas se transacções bancárias britânicas houvesse sido entregues [à CIA]. O director requereu mais informação do SWIFT e de autoridades belgas antes de decidir como proceder.

O Banco da Inglaterra, um dos 10 bancos centrais com assento no conselho de administração do SWIFT, revelou ter informado o governo britânico acerca do programa no ano de 2002. "Quando descobrimos informámos o Tesouro e passámos o caso para eles", disse Peter Rogers do Banco. "Também dissemos ao SWIFT que tinham de falar eles mesmo ao governo. Isto nada tem a ver connosco. Era um assunto de segurança e não de finança. Era uma questão entre o SWIFT e o governo".

Numa resposta parlamentar por escrito, Gordon Brown confirmou que o governo estava consciente do esquema. Contudo, mencionando a política do governo de não comentar sobre "questões de segurança específicas", o chanceler recusou-se a dizer se haviam sido tomadas medidas para "assegurar a privacidade de cidadãos do Reino Unidos que possam ter tido suas transacções financeiras visionadas como parte das investigações de contra-terrorismo dos EUA em conjunto com o SWIFT". Ele também se recusou a dizer se o programa SWIFT fora "legalmente reconciliado" com o Artigo 8 da Convenção Europeia de Direitos Humanos.

Finanças, a "cúpula" da informação hoje

Realmente não sabemos nada acerca da cooperação entre o SWIFT e os serviços especiais dos EUA. A questão parece ser mantida fora do conhecimento dos media. As apostas são altas e ainda estão em curso, suponho. Pelo menos, os Estados Unidos têm tudo o que precisa para fazê-lo (um dos dois servidores está localizado em solo estado-unidense). Há muitos sinais indirectos de que o SWIFT, uma entidade formalmente não estatal, está sob forte pressão de Washington. Um dos exemplos recentes foi a expulsão do Irão em 2012. É de conhecimento comum que a decisão foi tomada sob a pressão dos EUA.

Finalmente, utilizar o SWIFT não é o único meio de exercer controle sobre fluxos financeiros internacionais. O US dólar é a principal divisa internacional. Isto significa que todas as transacções se verificam através de contas baseadas nos EUA, mesmo se entidades legais e individuais estão situadas fora do país. Os dados são acumulados por bancos comerciais e pelo Federal Reserve System dos EUA.

A criação da base de informação consolidada, enorme e pormenorizada, do Departamento do Tesouro dos EUA está a aproximar-se da fase final. Ela utilizará a informação de bancos, companhias de seguros, fundos de pensões e outras organizações financeiras dos EUA. No princípio de 2003 os media informaram que todos os serviços especiais dos EUA, incluindo a Central Intelligence Agency, o Federal Bureau of Investigation, a National Security Agency e outros, teriam acesso a esta base de dados para proteger a segurança e os interesses nacionais.

O ritmo acelerado da criação da base de dados de informação para servir os banksters e os serviços especiais dos EUA faz com que outros países procurem protecção em relação ao controle invasivo exercido pelo Big Brother... Nos dias de hoje fala-se muito acerca da conveniência de comutar as transacções internacionais do US dólar para outras divisas. Normalmente isto é encarado como o meio para escapar da dependência financeira e económica dos Estados Unidos. Trata-se da coisa certa a fazer porque esta mudança também criará uma alternativa a confiar na informação controlada pelos EUA.

16/Julho/2013
[*] Economista, presidente da S.F. Sharapov Russian Economic Society

O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Mafia PPSOE ocupa o Estado espanhol BASENAME: canta-o-merlo-a-mafia-ppsoe-ocupa-o-estado-espanhol DATE: Sat, 20 Jul 2013 16:06:57 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O artigo 570 bis do Código Penal espanhol é o seguinte a respeito das organizações criminais:

1.- Quem promoverem, constituírem, organizarem, coordenarem ou dirigirem umha organizaçom criminal serám castigados com a pena de prisom de quatro a oito anos se aquela tiver por finalidade ou objecto a comissom de delitos graves, e com a pena de prisom de três a seis anos nos demais casos; e quem participarem activamente na organizaçom, fazerem parte dela ou cooperarem economicamente ou de qualquer outro modo com a mesma serám castigados com as penas de prisom de duas a cinco anos se tiver como fim a comissom de delitos graves, e com a pena de prisom de um a três anos nos demais casos. Aos efeitos deste Código percebe-se por organizaçom criminal a agrupamento formado por mais de duas pessoas com carácter estável ou por tempo indefinido, que de maneira concertada e coordenada repartam-se diversas tarefas ou funções com o fim de cometer delitos, assim como de levar a cabo a perpetraçom reiterada de faltas.

Que aguarda a A.N. para dissolver estes dous partidos?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Mafioso financista do Vaticano detido BASENAME: canta-o-merlo-mafioso-financista-do-vaticano-detido DATE: Fri, 28 Jun 2013 16:21:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org/internacionales/n231630.html

Detenhem a Monsenhor Nunzio Scarano, funcionário do Vaticano que tratou de introduzir ilegalmente ao país 26 milhons de dólares

Nunzio Scarano, funcionário do Vaticano foi arrestado pola polícia italiana por presumivelmente tratar de introduzir ilegalmente ao país 20 milhons de Euros ($ 26 milhons) em efectivo desde Suíça num jet privado. O Fiscal Nello Rossi disse que Monsenhor Nunzio Scarano está acusado de corrupçom e calunias derivadas da trama e encontra-se preso numha prisom de Roma. Solicitou a uns amigos trazer de volta o dinheiro que lhe foi entregado ao financista Giovanni Carenzio na Suíça. Scarano supom-se que lhe pediu a Giovanni Maria Zito, um oficial militar e agente do serviço secreto italiano, que trouxesse o dinheiro num aviom desde Suíça, evitando a alfandega.
Scarano supostamente tinha que pagar-lhe a Zito umha comissom de 600.000 euros polo trabalho. Somente deu-lhe um pago inicial de 400.000 euros antes de ser preso. Carenzio e Zito também foram arrestados

Monsenhor Nunzio Scarano, já estava sob investigaçom pola suposta participaçom do Banco do Vaticano, no branqueio de dinheiro. Está acusado de fraude, corrupçom e calunia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Vaticano: A corte dos pedófilos BASENAME: canta-o-merlo-o-vaticano-a-corte-dos-pedofilos DATE: Thu, 27 Jun 2013 18:18:36 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://actualidad.rt.com/actualidad/view/98499-igreja-catolica-pedofilia-curia-romana

Um novo escândalo de pedofilia sacode à cúria romana depois de abrir-se umha investigaçom contra um ex carabineiro que supostamente organizou umha rede de exploraçom sexual infantil para oferecê-la a clérigos.

O denunciante, o ex sacerdote Patrizio Poggi, afirma que no mínimo nove prelados católicos, entre eles o secretário de um bispo, "compravam os serviços" de menores por 150-500 euros cada visita. Supostamente, os encontros realizavam nas igrejas do norte de Roma.

Segundo o diário italiano 'Correr della Sera', a Promotoria de Roma abriu a investigaçom, mas os prelados acusados ainda nom foram interrogados e somente falaram três acodes que oficialmente nom tem vínculos com a Igreja católica.

O próprio Poggi assegura que decidiu denunciar os factos por "ser consciente dos incidentes graves que pom em perigo a integridade e as normas canónicas". Segundo as declaraçons de Poggi, os organizadores da rede recrutavam a crianças e jovens "com os olhos belos" nas ruas, piscinas públicas e agências de modelos.

Ademais da rede de exploraçom sexual, o ex carabineiro acusado também estava "involucrado no comércio ilegal de hóstias consagradas, adquiridas por membros de seitas satânicas", assegura Poggi.

Enquanto isso, os médios italianos nom confiam muito nas suas palavras, já que em 1999 foi condenado por violar a dous adolescentes de 14 e 15 anos na sua igreja de Santo Filipe Neri no norte de Roma. Trás cumprir a sua condenaçom, o sacerdote tentou voltar ao Vaticano, mas foi-lhe recusado o reingresso.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O aprendiz de "Harry Potter" e a Turquia BASENAME: canta-o-merlo-o-aprendiz-de-harry-potter-e-a-turquia DATE: Tue, 18 Jun 2013 22:28:31 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://pt.kke.gr/news/news2013/2013-06-10-harry-potter-turkey/

O "treino intensivo" que o partido da "oposição oficial" (SYRIZA) efectuou ao longo dos últimos meses continua a um ritmo frenético. Neste, a dita esquerda "governamental" está a prometer tirar a Grécia da crise capitalista, sem perturbar a participação do país no Euro, na UE, na NATO, sem perturbar os monopólios e o seu poder.

Toda a linha de argumentação recorda-nos a do homem que prometia fazer uma omeleta sem partir quaisquer ovos! Bom material para os aprendizes de Harry Potter desta "esquerda" governamental! O SYRIZA aumentou o seu "contacto" não só com círculos da Federação Helénica de Empresas (SEB) como também com os chamados "think tanks", os quais tem sede nos EUA. Numa recente conferência sobre energia, o representante do SYRIZA admirou-se: "É curioso que companhias estado-unidenses estejam mais interessadas na independência da Europa em relação ao gás natural russo do que a própria Europa". Em suma, ele tomou o lado dos americanos contra o capital russo-alemão-italiano com o qual o gasoduto deveria ser construído na nossa região. Por outras palavras, quanto mais o SYRIZA cheira o poder governamental, mais abana a sua cauda.

Mas a própria vida, que é claramente mais risca do que a imaginação humana, provoca os seus próprios... acontecimentos "não previstos" durante este processo. Foi isto o que aconteceu quanto à posição dos partidos gregos em relação às grandes mobilizações populares que estão a ocorrer na Turquia contra o governo Erdogan.

O que é que o SYRIZA dizia até hoje? Vamos ver algumas das declarações de Rena Dourou, um dos quadro do SYRIZA responsáveis pela política externa:

"Graças ao primeiro-ministro Erdogan, que fez um grande progresso ao criar um novo modelo político, não é de estranhar que hoje o povo no Egipto, Tunísia e Líbia estejam a sonhar com o modelo turco" (entrevista no ano passado em Zaman ).

"O partido governamental teve uma importante vitória, a terceira seguida, pois obteve 50% dos votos: a falta de desgaste num partido no poder impressiona. Resumidamente, os elementos deste desempenho excepcional estão relacionados com a democratização que tem sido promovida pelo governo, seu desempenho económico (o crescimento está em dois algarismos), bem como sua ousada e multi-facetada política externa, a qual estabelece pontes com o mundo árabe, o qual por sua vez, após os levantamentos democráticos da Primavera, considera ser a Turquia um modelo a imitar" (jornal Epohi, 20/6/2011).

"A Turquia hoje possui todas as pré-condições para constituir um modelo para os povos da "Primavera Árabe" " ( Modern Diplomacy, 30/12/2011).

Naturalmente, as manifestações populares em massa e militantes na Turquia, bem como a posição do KKE, que imediatamente tomou o lado da luta do povo turco e dos comunistas da Turquia, puderam mudar um bocadinho a postura do SYRIZA quanto à sua posição de admiração, mantida no período anterior, quanto ao "milagre" da Turquia e do seu primeiro-ministro R. T. Erdogan. Assim, o SYRIZA condenou a violência por parte do governo Erdogan, enquanto o quadro acima mencionado exprimia "questões legítimas acerca das suas reais intenções em relação a que modelo de sociedade o primeiro-ministro turco quer impor". Ou seja, se bem que tantas coisas tenham acontecido nos últimos dias a "esquerda governamental" ainda procura descobrir as intenções e o "modelo" de Erdogan e pede-lhe para preencher os "critérios de acesso à UE" como uma... solução. A UE, que é uma união do capital, um união que demonstrou ser uma "cova de leões" para direitos e liberdades do trabalho e do povo.

Na Grécia dizemos: "não se pode esconder a tosse ou o amor". E, realmente, o amor que o SYRIZA tem pela UE e também por Erdogan não pode ser escondido...
[*] Secção de Relações Internacionais do CC do KKE,

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Reflexões sobre a crise BASENAME: canta-o-merlo-reflexoes-sobre-a-crise DATE: Wed, 12 Jun 2013 14:33:24 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Um dos erros mais frequentes nas interpretações habituais da crise actual é que seria uma crise financeira que contaminaria a esfera real da economia. Na verdade, é uma crise do capital

http://www.terraetempo.com/artigo.php?artigo=3033&seccion=6

Por Rémy Herrera

I. Introdução

Um dos erros mais frequentes nas interpretações habituais da crise actual é que seria uma crise financeira que contaminaria a esfera real da economia. Na verdade, é uma crise do capital, em que um dos fenómenos mais visíveis e mediatizados surgiu na esfera financeira devido à extrema financiarização do capitalismo contemporâneo. Vemo-la como uma crise sistémica, que afecta o próprio coração do sistema capitalista, o centro de poder das altas finanças, que controla a acumulação há mais de três décadas. Não é um fenómeno conjuntural e sim estrutural. A série de repetidas crises monetário-financeiras que golpeou sucessivamente diferentes economias desde há 30 anos faz parte da mesma crise ? desde o "golpe de Estado financeiro" dos Estados Unidos em 1979: o México em 1982, crise da dívida nos anos 80, Estados Unidos em 1987, União Europeia, incluindo a Grã-Bretanha, em 1992-1993, México, em 1994, Japão, em 1995, a chamada Ásia "emergente" em 1997-1998, Rússia e Brasil, em 1998-1999, bem como a Costa do Marfim nesse mesmo momento, novamente os Estados Unidos em 2000, com o estouro da bolha da "nova economia", depois a Argentina e Turquia em 2000-2001... Crise que se agravou recentemente, especialmente desde 2006-2007, a partir do centro hegemónico do sistema, e que se generalizou como uma crise multidimensional; sócio-económica, energética, política, climática, alimentar, inclusive humanitária e, claro, também financeira: na Islândia, na Grécia, na Irlanda, em Portugal ... Não é o " beginning of the end of crisis " entendido pelos conselheiros do presidente Barack H. Obama. Não é uma crise de crédito normal e corrente, nem tão pouco uma crise de liquidez passageira, mediante a qual o sistema encontraria o modo de se recompor, reforçar-se-ia e recomeçaria "normalmente" ? com um novo auge das forças produtivas e no quadro das relações sociais modernizadas. Tudo isto parece mais grave, realmente muito mais grave...

II. Parte Um: a referência a Marx

A. Começo por dizer que, para analisar esta crise capitalista em particular, assim como as crises capitalistas em geral, a referência a Marx continua a ser, hoje, absolutamente fundamental.

1. Porque o marxismo, ou os marxismos (incluindo certas mesclas marxizantes), nos fornecem para esta análise, ferramentas, conceitos, métodos, teorias, assim como soluções políticas muito poderosas ? e isto apesar das dificuldades e incertezas. É o quadro teórico mais poderoso e mais útil para compreender e analisar a crise e, especialmente, para apreender as transformações actuais do capitalismo e tentar explicar as transições pós-capitalistas que se abrem e iniciam ? pelas razões e nas condições que aqui mencionarei.

2. Para aquelas e aqueles que ? num determinado seminário ? tiveram o desplante de não se convencerem e também de tratarem os marxismos como coisa pouca, acrescentaria que pouca coisa é melhor do que nada; porque o facto (incrível) é que não existe uma teoria da crise na corrente actualmente dominante em economia, ou seja, a mainstream neoclássica. Ou pior: para esta, a crise não existe como elemento da teoria. É tão verdade que a maioria das grandes enciclopédias "ortodoxas" não têm nem capítulo nem nenhuma entrada para "crise". Na teoria (para a economia padrão: formalização matemática) ou no empirismo (para esta mesma economia padrão: a econometria), o tema da crise pouco interessa: têm-lhes dedicado muito poucos trabalhos académicos da corrente neoclássica ? incluídasas suas fronteiras (internas) "neo- keynesianas".

Para a corrente mainstream , a moeda não está integrada no circuito, nem na dinâmica de reprodução do capital: valor igual a preço; taxa de lucro igual à taxa de juros; em microeconomia, não existe moeda no equilíbrio geral versão Arrow-Debreu; em macroeconomia, a moeda em geral é considerada como neutra, de modo que o equilíbrio é automático e a crise está proibida por definição. É importante, pois, reter no espírito, e desde o início, que a ideologia científica do capitalismo não toma a crise como objecto de estudo e, portanto, não pode entender a crise do capitalismo realmente existente. Isso não quer dizer que, sobre este ou aquele assunto, certas análises neo-neoclássicas, não sejam, infelizmente, melhores do que as marxistas, pois, sobre estes pontos, os ortodoxos podem entender melhor o que se passa (por exemplo: quanto às transmissões dos efeitos da esfera financeira para a esfera real), ou inclusive em finanças [finanças matemáticas], onde os marxistas estão pouco presentes).

Portanto, há que ler Marx para não nos desconectarmos, mas, igualmente, há que ler a literatura dos nossos inimigos, incluindo a imprensa do establishment , e ainda mais quando as fracções das classes dominantes discutem entre si, como se os povos não estivessem ali ou não entendessem nada, e quando, ao contrário da maioria das direcções partidárias e sindicais "de esquerda", não abandonaram a defesa das suas posições de classe, nem uma certa solidariedade internacional (digamos antes, inter-imperialista).

Mas, como a crise é um facto muito difícil de negar na prática, aqueles dentre os neoclássicos que se interessam por ela, analisam-na a partir de factores externos aos mercados e perturbadores dos mecanismos automáticos de correcção pelos preços: as intervenções do Estado, os "bugs" informáticos (visto que a maioria das ordens de transacções financeiras passam por computadores, com tempos de reacção medidos em micronésimos de segundo (em nano-segundos), ou os excessos no comportamento de determinados agentes (as fraudes Ponzi estilo Madoff ou o buraco do Sr.Kerviel).

Mas, de facto, a especulação não é um excesso ou um erro da corporate governance ; é uma poção mágica contra o mal estrutural do capitalismo, um remédio para contrabalançar a tendência à queda da taxa de lucro e proporcionar saídas para as massas de capital que já não consideram rentável o investimento na produção ? sendo a explosão das "bolhas" o preço a ser pago (ou seja, que os povos têm de pagar). Na visão ortodoxa, a concentração da propriedade privada e a lógica de maximização do lucro individual não são considerados problemáticos. A concepção neoclássica do Estado é a de uma entidade separada da esfera económica e não dominada pelos interesses do capital. Existem sindicatos, pelo menos em teoria, mas não a luta de classes.

Obviamente temos de nos afastar de tais interpretações, porque sabemos que as crises fazem parte integrante da dinâmica contraditória da reprodução ampliada do capital.

3. Provoquemos um pouco: as heterodoxias voltam a ganhar força logo que regressam a Marx. É o caso de Keynes. Na sua crítica aos neoclássicos, Keynes extraiu algumas das suas ideias de um fundo teórico comum a Marx. Os dois se encontram numa rejeição comum da Lei de Say. Keynes, em certo sentido, volta a uma teoria do valor-trabalho, mas sem a desenvolver, nem falar de exploração. Inclusive chega a retomar, no Treatise on Money , os esquemas de reprodução do Livro II (provavelmente sem o saber, porque na verdade nunca leu Marx, mas conhecia o russo Tugan-Baranovsky especialmente a sua Crises industriais na Inglaterra ), para abordar o problema da crise sob o ângulo monetário, à maneira das teorias do ciclo de negócios da época (e, portanto, de uma maneira muito diferente de Marx), e tudo para concluir que é a insuficiência do investimento (e não da poupança) que gera a crise.

Tal como Marx, Keynes vê o capitalismo desembocar num colapso por razões endógenas ao sistema. E olhando um pouco mais de perto, a causa última da crise, segundo Keynes, confirma a análise marxista: o que explica a crise para além da insuficiência do investimento (devido a uma diminuição na eficácia marginal do capital, ela própria ligada à obsolescência do capital e eventualmente acentuada pelo aumento da taxa de juros) é, em última análise, a concorrência capitalista ? ou seja, o que Marx chamou as contradições internas do capitalismo. Em Keynes, a definição do lucro é muito mais próxima de Marx do que dos neoclássicos, num esquema em que, se o lucro baixa, as antecipações degradadas fazem baixar o investimento (Kalecki teria tido razão em corrigir dizendo: as antecipações fazem baixar os planos de investimento), que é o que faz entrar a economia em crise, a qual é caracterizada por um equilíbrio sem pleno emprego e sem mecanismos de ajuste espontâneo do mercado.

Portanto, convém ir mais além do exame da questão da repartição do valor adicionado (entre salários e lucros), tal como faz a maioria dos ?verdadeiros ou falsos ? keynesianos.

B. Que interpretação marxista da crise?

1. A crise em termos marxistas interpreta-se como uma crise de sobre-acumulação de capital. Desde há vários anos, alguns de nós têm sustentado a inevitabilidade de uma desvalorização do capital (brutal e de grande amplitude). Esta crise tinha que chegar... Fundamentalmente, pode ser explicada por uma sobre-acumulação de capital decorrente da própria anarquia da produção, que leva a uma pressão para a baixa tendencial da taxa de lucro quando as contra-tendências (incluindo as novas contra-tendências, ligadas, como se verá, aos novos instrumentos financeiros) acabam por se esgotar. E esta sobre-acumulação manifesta-se através de um excesso da produção vendável, não por causa de uma escassez de pessoas com a necessidade (ou o desejo) de consumir, mas porque a concentração das riquezas tende a excluir da possibilidade de aquisição de bens a uma proporção cada vez maior da população. Mas em vez de as vermos como uma superprodução padrão de mercadorias, o auge do sistema de crédito permite ao capital acumular-se sob a forma de capital-dinheiro, o qual pode apresentar-se sob formas cada vez mais abstractas, irreais, fictícias.

2. O conceito de "capital fictício" parece-me ser o mais importante para a análise da crise. Tanto o seu princípio básico ? a capitalização de rendimentos decorrentes de uma mais valia a receber ? como algumas formas sob as quais pode ser encontrado (capital bancário, acções da bolsa, dívidas públicas ...) já foram identificados por Marx na sua época. Marx esboçou o seu estudo, relacionado com os do capital portador de juros e o do desenvolvimento do sistema de crédito capitalista, na secção 5 do Livro III de O Capital , especialmente a partir do capítulo XXV, e especialmente no capítulo XXIX ("componentes do capital bancário "), e até ao capítulo XXXIII.

As ideias não estão acabadas ? nunca estão. Apesar dos trabalhos dos grandes autores; as coisas mudaram muito (a moeda mudou de forma para se tornar ainda mais imaterial; o mercado de câmbios ou divisas expandiu-se extraordinariamente num regime desligado do ouro). Mas Marx deixou-nos elementos que permitem apreender os movimentos fictícios do capital, que integram o sistema de crédito e o capital monetário, cuja análise conduz aos da reprodução ampliada em estreito contacto com o desenvolvimento exorbitante de formas cada vez mais irreais do capital, enquanto fontes de valorização autonomizadas, aparentemente separadas da mais-valia, ou apropriadas sem trabalho, como "por artes mágicas". Marx falará aqui de capital a funcionar como um "autómato" ? talvez se pudesse dizer como um "autocrata" ? tal como disse [Marx entenda-se], em outro lado, sobre a máquina do Estado.

O lugar de formação por excelência do capital fictício situa-se no sistema de crédito, que liga a empresa capitalista ao Estado capitalista; e o que se encontra nesta intersecção são as bolsas, os bancos, mas também os fundos de pensões, fundos de investimento especulativos (ou hedge funds , localizados em paraísos fiscais) e outras entidades similares. Os actuais vectores privilegiados do capital fictício são a titularização (que transforma activos [por exemplo, créditos] em títulos financeiros) e os intercâmbios de produtos derivados, que são "potências" do capital fictício.

3. Porém, aqui, temos que resolver muitos e delicados problemas teóricos e empíricos. Problemas teóricos. Exemplos: distinguir as várias fontes de capital fictício, segundo o seu suporte e grau de desvinculação da esfera real. Ou para mostrar que os benefícios de capital fictício também são reais. Ou mostrar que os lucros do capital fictício também são reais. Ou mostrar como estes "lucros fictícios" (reais) podem ser assimilados à acção de uma contra-tendência à queda da taxa de lucro. Problemas empíricos: demonstrar igualmente a origem dos lucros fictícios. Ou chegar a recalcular as taxas de lucro e saber qual é o lugar do capital fictício na correcção das taxas de lucro. Ou como é repartida a mais-valia entre as diferentes fracções capitalistas...

O capital fictício é de natureza complexa, dialéctica, ao mesmo tempo real e irreal. A sua natureza é em parte parasitária, mas este capital beneficia de uma distribuição de mais valia (a sua liquidez dá ao seu titular o poder de convertê-la, sem perda em capital, em moeda, a "liquidez por excelência"). E este capital alimenta uma acumulação de capital fictício adicional como meio da sua própria remuneração.

De um modo mais geral, um dos problemas mais graves a este respeito é a quase impossibilidade de formalização (seja-se marxista ou não em economia), sem se ser forçado a separar as esferas real e financeira; o que, na verdade, não é muito satisfatório. Mesmo que seja verdade que a forma-mercadoria e a forma-moeda devem ser separadas para acabar por tornarem-se inseparáveis. Voltemos às origens da crise ...

III. Parte dois: origens, manifestações e efeitos da crise

1. As origens da crise A. As origens financeiras

a) A crise que eclodiu no sector subprime do mercado imobiliário dos EUA havia sido preparada por décadas de super-acumulação de capital fictício. É necessário apreender esta crise numa perspectiva de longo prazo no agravamento das disfunções dos mecanismos de regulação do sistema mundial sob a hegemonia dos Estados Unidos, pelo menos desde a sobre-acumulação de capital-dinheiro dos anos 1960, ligada ao défice dos EUA (causado, em parte, pela Guerra do Vietname), até às insustentáveis tensões sofridas pelo dólar e a multiplicação de eurodólares (depois petrodólares) nos mercados interbancários.

b) Neste processo, certos acontecimentos tiveram um papel fundamental, entre os quais podemos encontrar, no mercado de câmbios, o desmantelamento dos acordos de Bretton Woods com a decisão dos Estados Unidos em 1971-1973 de não os respeitar mais, abandonar a conversibilidade do ouro e desmonetizar o ouro, portanto, desmantelar o sistema do padrão-ouro no tempo de Nixon (e Paul Volcker, hoje conselheiro do presidente Barack Obama), e flexibilizar os regimes de taxas de câmbio.

Daí as grandes ondas de desregulamentação dos mercados monetários e financeiros do final dos anos 70, especialmente com a "liberalização" das taxas de câmbio e taxas de juros. A crise da dívida dos países do Sul resulta da subida das taxas de juro por parte do Fed em 1979, o "golpe de Estado financeiro", pelo qual as altas finanças, principalmente norte-americana voltam a tomar o poder da economia do mundo.

Nas origens profundas da crise estão actuando todos estes processos de desregulamentação (e, portanto, de re-regulação pelos oligopólios financeiros) e de integração dos mercados financeiros no seio de um mercado globalizado, os quais deslocarão o centro de gravidade do poder mundial para a alta finança, e lhe permitem impor os seus ditames a toda a economia.

c) Nesta nova era "neoliberal", os mercados financeiros foram modernizados, particularmente através do desenvolvimento de instrumentos de cobertura; instrumentos que se fizeram necessários devido à flexibilização dos intercâmbios e das taxas de juro nos mercados cada vez mais integrados. Quero mencionar aqui os produtos mundiais derivados, ou seja, de contratos que suportam transacções, sejam contratos firme (organizados a longo prazo [os futures ]), de contratação directa, ou contratos de comum acordo ou por adiantado [os forwards ]), por intercâmbio de fluxo, ou seja, contratos de permuta financeira [os swaps ] ...), sejam opcionais, e que fixam os futuros fluxos financeiros em função das variações de preço dos activos subjacentes, que podem ser uma taxa de câmbio, uma taxa de juros, o curso de acções ou de matérias-primas, ou um evento futuro probabilizável. São ferramentas de cobertura ( hedge em inglês), mas que de facto servem, na maioria das vezes, como estratégias de especulação, jogando com o "efeito de alavanca" ao correr riscos a partir de investimentos conjuntos limitados; especialmente quando se trata de híbridos e dão lugar a vendas a descoberto sem contrapartidas (ou short sells ) ? em teoria, as operações mais arriscadas podem levar a perdas matematicamente infinitas (por exemplo, com opções de venda ou put ).

De onde se depreende que os montantes correspondentes à criação desse capital fictício superaram muito depressa e amplamente os destinados à reprodução do capital produtivo. Exemplo: em 2006, o valor anual das exportações era igual a três dias de intercâmbios de OTC ou over-the-counter, contratos " off-exchange " negociados sem intermediários com antecedência, portanto fora da bolsa ? 420 mil milhões de dólares intercambiados diariamente. Este valor não significa nada, ou pelo menos, não nos diz nada. Mas estes 4,2 teradólares são movimentados por um número muito restrito de oligopólios financeiros, os primary dealers a que o Fed chama o G15: Morgan Stanley, Goldman Sachs e outros 13.

São, acima de tudo, o que se chama de desvios de crédito, com montagens muito complexas de tipo swaps de dívida de crédito (CDS) ou dívidas ligadas a activos (CDO), que levantaram problemas, transformando completamente a visão tradicional do crédito e pondo em jogo vários graus ou vários "potências" de capital fictício [as CDO de CDO ou CDO²]) ?? problemas dos quais, obviamente, ainda não saímos uma vez que uma das últimas e mais recentes inovações em finanças tem sido as CDO de CDO ², ou seja, as CDO ao cubo; as quais, obviamente, vão ser trocadas fora da bolsa, registadas fora do balanço e criadas quase sem regras prudenciais.

B. As origens reais

a) Mas, também e acima de tudo, convém entender a crise na articulação das esferas financeira e real: a longo prazo, as contradições que revelou mergulham as suas raízes no esgotamento dos motores de expansão após a Segunda Guerra Mundial, que trouxe consigo estas profundas transformações financeiras. Na esfera real, as formas de extracção de mais-valia e de organização da produção haviam chegado aos seus limites e tiveram que ser substituídas por novos métodos (do tipo Kanban) e re-impulsionadas pelo progresso tecnológico (informática, robótica), que transformou profundamente as bases sociais da produção ? sobretudo, por uma substituição do trabalho pelo capital. Após a longa sobre-acumulação cada vez mais concentrada na esfera financeira, sob a forma de capital-dinheiro, o excesso de oferta acentuou a pressão para a baixa da taxa de lucro observada desde final dos anos 1960.

b) E para tentar resolver ? na ficção ? este problema, nos EUA, o Fed, onde dominavam as teorias monetaristas, aumentou as suas taxas de juros de forma unilateral nos finais dos anos 1970, marcando a entrada na chamada era do "neoliberalismo" (que continua a ser uma palavra vazia se não estiver dotada com um conteúdo de classe e relacionada com o poder dos oligopólios das altas finanças modernas).

Alguns dos principais factores da crise são de natureza "real" e estão ligados à austeridade: a crise das subprimes , pela qual muitas famílias pobres se depararam com dívidas impagáveis, também se explica pelas políticas neoliberais levadas a cabo desde há mais de 30 anos e agora crescem com todo o seu rigor, desfazendo os salários, flexibilizando o emprego, massificando o desemprego, degradando as condições de vida; políticas que têm destruído a procura e accionado as molas que a tornam artificial e insustentável.

c) Portanto, o crescimento no regime neoliberal só pode ser mantido estimulando fortemente a procura do consumo privado e disparando ao máximo as linhas de crédito ? e é este pico exorbitante do crédito que acaba por revelar a crise de super-acumulação na sua versão actual. Numa sociedade em que massas de indivíduos cada vez mais numerosas são excluídas e sem direitos, a ampliação de saídas proporcionadas aos proprietários do capital só pode retardar a desvalorização do excedente dos capitais colocados nos mercados financeiros, mas certamente não pode evitá-la.

É no centro da lógica da dinâmica da economia dos EUA que nasce a crise. Por um lado, com um realinhamento dos equilíbrios internos e externos realizado por drenagem de capitais sustentáveis estrangeiros, o que pode ser interpretado como uma punção operada pelas classes dominantes dos Estados Unidos sobre as riquezas do resto do mundo. Por outro lado, no interior dos Estados Unidos, a mais forte concentração de riqueza desde há um século. Alguns dados: a parte de rendimentos apropriados pelos 1% mais ricos no produto total era de 10% há 30 anos, hoje é de 25%; a parte dos que estavam entre os 10% dos mais ricos era de um terço em 1979, hoje é de 50%. Tudo isso, devido ao extraordinária inchaço de benefícios financeiros (do capital fictício) das classes dominantes que distorcerá macroscopicamente a economia dos Estados Unidos, particularmente a taxa de poupança que se torna negativa pouco antes da crise. Desta forma, via esfera real, a actual catástrofe.

Como se manifesta?

2. As manifestações da crise

A. As manifestações financeiras e reais

a) A primeira manifestação da crise foi uma brutal destruição de capital fictício: até 2008, a capitalização total das bolsas mundiais passou de 48,3 para 26,1 milhões de milhões de dólares. Esta espiral descendente no valor dos activos é acompanhada por uma perda de confiança e falta de liquidez no mercado interbancário, num mundo que, no entanto, seria super-líquido, sendo o cenário mais provável o de uma insolvência de numerosos bancos.

Consequentemente, num contexto em que os títulos compostos e os riscos que os caracterizam estão cada vez pior avaliados (uma vez que não são mensuráveis ? para não falar das aberrações de funcionamento de agências de notação tipo Moody's), os problemas deslocaram-se do compartimento subprimes para o dos créditos de créditos imobiliários (capital fictício de grau um para capital fictício de segundo grau), e depois para os créditos solventes (os primes ), antes que a implosão da bolha de instrumentos ligados a hipotecas de casas chegasse a contaminar os outros segmentos dos mercados financeiros e, a partir daí, o mercado monetário propriamente dito.

E foi então que todo o sistema de financiamento da economia ficou bloqueado.

b) A desvalorização do capital teve uma dimensão real, por via do credit crunch , pelo desaparecimento do crédito, principalmente empréstimos ao consumo. As economias entraram em depressão, conjunturalmente desde 2007, mas também estruturalmente, num mundo em que caem a pique alguns recursos estratégicos naturais (petróleo em primeiro lugar) e em que a busca de novas fontes de energia estabelece limites objectivos para o crescimento ? e introduz pressões para entrar em guerra.

Resultado: os indicadores económicos são desregulamentados: queda das taxas de crescimento, dos intercâmbios comerciais, do consumo das famílias, perdas operacionais de empresas industriais, desemprego, perda de moradia, de poupança ...

c) Finalmente, uma dimensão extremamente preocupante desta crise é o endividamento dos poderes públicos, em particular dos Estados (que, em parte, "nacionalizaram" a dívida privada), e as dificuldades consequentes em matéria de finanças públicas, até em instituições locais, especialmente no que diz respeito aos gastos sociais (educação, saúde, pensões) ...

Daí as reestruturações (através de resgate-reagrupamento) das dívidas soberanas que se discutem actualmente.

B. E depois há a guerra ...

a) Crise e guerra estão interligadas. Primeiro, economicamente, porque a guerra está integrada no ciclo, como uma forma de destruição de capital, mas também politicamente, para a reprodução das condições de manutenção e continuidade na liderança das fracções dominantes das classes dominantes ? as altas finanças ? sobre o sistema global.

Durante a Guerra Fria, o desenvolvimento das forças produtivas deu um grande impulso aos EUA. Em parte, deveu-se a gastos militares e ao complexo militar-industrial, através da corrida armamentista e aos progressos técnicos induzidos (sistemas informatizados, robôs dirigidos por computadores, internet ...). Hoje, os gastos militares continuam sendo consideráveis (um quinto do orçamento federal, mais de metade dos gastos militares globais, com mais de mil bases no mundo) e o complexo militar-industrial continua a desempenhar um papel fundamental, mas agora sob o controlo das finanças. A influência das finanças sobre as empresas de armas dos EUA está a crescer e manifesta-se sob a forma da tomada de controlo da estrutura de propriedade do seu capital por investidores institucionais, aí colocados pelos grandes monopólios financeiros: no início dos anos 2000, essa proporção chegou a 95% do capital da Lockheed Martin, a 75% da General Dynamics, a 65% da Boeing... Igualmente para as empresas militares privadas, passando uma parte cada vez maior delas para as mãos das finanças, à medida que o Estado "externaliza" as suas actividades de defesa: a MPRI foi resgatada pela L-3 Communications, a Vinnell pela Carlyle, a DynCorp pela Veritas ...

b) Num contexto em que o uso da força armada é a estratégia imposta ao mundo pela alta finança norte-americana como condição para sua reprodução, e em que a militarização é um modo de existência do capitalismo, em que o papel do Estado (neoliberal) é fundamental para o capital (já que é o Estado que vai para a guerra por conta do capital, e são as agências governamentais as que atribuem as quantias astronómicas de contratos militares às firmas transnacionais de armamento, através de lobbying: General Electric, ITT ...), neste contexto, então, os gastos militares tornam-se uma importante fonte de rentabilidade para o capital. E, por acréscimo, pode ainda aumentar mais o capital fictício, sobretudo quando está financiado pela dívida pública.

c) Deve-se assinalar além disso, que as guerras no Afeganistão e no Iraque foram lançadas num tempo muito preciso ? numa altura que já era de crise: a partir de 2001 (como 1913 e 1938 também foram anos de crise), crise que já havia surgido no momento das mudanças na política monetária nos EUA, em consequência do agravamento dos défices internos e externos no país ? o primeiro por causa da necessidade de financiamento associada, em grande parte, às guerras imperialistas; o segundo, também em grande parte devido ás deslocalizações, especialmente para a China.

Assim, como resultado da redução do crescimento em 2000, o Fed reduziu muito fortemente a sua taxa de juros (6,5% em Dezembro de 2000 para 1,75% em Dezembro de 2001 e para 1%, em meados de 2003), e manteve-o neste nível baixo até meados de 2004. É precisamente durante este período, um período em que as taxas de juros reais se tornaram negativas, que se localizam os mecanismos da crise das subprime , correndo riscos cada vez maiores, especialmente no sector imobiliário. Devido ao peso do esforço de guerra, em particular, mas também, principalmente, o Fed foi obrigado a elevar a taxa de juros a partir de 2004, ou seja, um ano após o início da guerra do Iraque, para 5,5% em meados de 2006. E um pouco mais tarde, desde o final de 2006, os devedores começaram a interromper em massa os pagamentos dos empréstimos hipotecários ? vendo-se agravado o número de não pagamentos pela contracção do crescimento e a estagnação dos salários.

E o Fed manteve essa taxa bem alta, acima de 5%, até meados de 2007, quando já surgiam todos os sinais da crise. Será só depois de 2007, portanto, muito tardiamente, que o Fed começa a fornecer aos bancos quantidade de crédito a taxas reduzidas, muito perto de 0% ? sem, por outro lado, evitar os pânicos financeiros (pânicos modernos, não de gritos dos traders financeiros, mas dos seus ratos de computador). E a crise explode quando uma massa critica de devedores encontra dificuldades para reembolsar os empréstimos; o que foi o caso desde o fim do ano de 2006, depois de o Fed ter voltado a subir a sua taxa de juros para atrair capitais destinados a financiar os orçamentos militares dilatados pelas novas guerras imperialistas. E tudo isso sem a vitória militar dos Estados Unidos, nem reactivação da acumulação pelas destruições levadas a cabo por estas guerras imperialistas. E o prosseguimento destas guerras exacerba ainda mais as contradições capitalistas...

3. Quais são os efeitos da crise?

A. No Norte

a) Primeiro, num ambiente de grande incerteza, a criação maciça de moeda e a fixação de taxas de juro pouco acima de zero, por um lado; a erosão do défice orçamental (cerca de 10% do produto interno bruto nos Estados Unidos), por outro lado; e o desmedido crescimento da dívida pública, provocaram uma depreciação do dólar e uma "guerra de moedas".

Guerra monetária ganha por agora (mas por quanto tempo?) pelo dólar, pela simples razão de que os Estados Unidos dispõem de uma arma extraordinária, uma arma "de destruição em massa": o seu banco central pode criar ? sem limites ? moeda que é aceite por todos os outros países, porque o dólar continua a ser a reserva de valor internacional, o que permite aos Estados Unidos impor ao mundo os termos de uma capitulação que o obriga (ao mundo) a continuar com as políticas neoliberais, mas também a aumentar a taxa de câmbio do dólar que melhor convenha à estratégia de dominação dos EUA, mesmo que isso signifique uma forte desvalorização das reservas cambiais em poder das autoridades monetárias de outros países, entre os quais a China.

Os Estados Unidos acreditam que um dólar desvalorizado reabsorverá o seu défice comercial e estimulará a sua produção interna. Isso é um erro, pois que desde há vários anos que se observa que essas variáveis reagem muito pouco e cada vez menos, às baixas do dólar. O resultado é, na verdade, um crescimento muito fraco para os Estados Unidos, que estão numa quase estagnação. Mas poderá dizer-se: o crescimento do regime neoliberal já era de baixa intensidade; é verdade, mas a situação agrava-se, porque as causas agora são devidas a problemas do conjunto de todo o sistema de financiamento das economias.

Em paralelo, outra perturbação induzida opera sobre os mercados de matérias-primas, e, muito particularmente, sobre o do petróleo, sobre o fundo de esgotamento de reservas energéticas mundiais, que provoca o aumento disparado das cotações.

b) Sabe-se que as piores consequências dos efeitos reais da crise são suportadas pelos mais pobres entre as classes populares, com danos enormes, incluindo os Estados Unidos, que são sempre a primeira economia do mundo, mas com muito maus indicadores sociais em comparação com outros países ricos do Norte (no que respeita à expectativa de vida, à taxa de mortalidade infantil, ao direito à saúde ou mesmo á educação).

Os danos incluem, igualmente, no Norte, o mal-estar generalizado, particularmente em relação ao trabalho (aqueles que ainda o têm ...), incluindo fenómenos individuais de depressões psicológicas, constatados especialmente pela medicina do trabalho, chegando até ao suicídio. Quero falar aqui dos efeitos combinados da ameaça de desemprego e dos métodos de avaliação individual, que envolvem a competitividade entre os trabalhadores dentro da mesma unidade de produção. Daí a quebra dos laços de respeito, lealdade, solidariedade, convivência, daí a desconfiança entre os trabalhadores, a vigilância, o auto-controle, o medo do trabalho, o surgimento de patologias da solidão, acompanhada por sentimentos de traição moral a si próprio, a tomada de consciência da mentira da qualidade total e a certificação pelo mercado, em universos onde se reduzem os espaços colectivos para pensar e actuar em conjunto, a perda de sentimentos morais, a perda do sentido de responsabilidade, e para recuperar os instrumentos de transformação das relações com o trabalho. Assim se chega a depressões, já não económicas, mas psicológicas ? nas fronteiras da psicanálise.

c) E no plano político, creio verdadeiramente não ter necessidade de insistir nos riscos da ascensão das extremas direitas, nas suas diversas variantes, assumindo um aspecto desde o religioso até ao neo-fascismo, passando pelas derivas da chamada direita "tradicional". E tudo isso sem excluir, infelizmente, o risco de novas guerras...

B. Efeitos da crise no Sul.

a) Em primeiro lugar, o agravamento de transferências do Sul para o Norte, através dos vários canais conhecidos: repatriamentos de lucros sobre investimentos directos ou de carteira, pagamento da dívida externa, conversão das reservas cambiais em empréstimos (concedidos em seguida aos Estados Unidos), mas também intercâmbio desigual, fugas de capital, etc. E essas transferências para o Norte vão ter, mais uma vez, que se acelerar para tentar financiar o salvamento do sistema capitalista central ? sabendo que a hegemonia dos EUA dispõe da divisa chave do sistema internacional e do arsenal militar que o acompanha, para impor esta drenagem de capitais do resto do mundo. Até hoje, os Estados Unidos foram capazes de o impor a todos, tanto os seus parceiros imperialistas como potenciais rivais (especialmente a China) ? mas por quanto tempo?

b) Os efeitos da crise são variáveis, dependendo das características das economias do Sul e da sua inserção no sistema mundial. Alguns países estão tão excluídos deste sistema global e afogados na miséria que a crise parece não os tocar. Mas tocará a todos eles, sejam "emergentes" ou não.

O sector agrícola, por exemplo, deve ser levado muito em conta na maioria das economias; mas as disfunções e paradoxos neste sector são gravíssimas: na verdade, três mil milhões de pessoas sobre a Terra padecem de fome ou carências alimentares, enquanto que a produção agrícola excede em muito (pelo menos em 50%) as necessidades alimentares (também aí há crise de superprodução). Por outro lado, três quartos dessas pessoas são também agricultores. A expansão das áreas cultivadas em todo o mundo é inversamente proporcional ao retrocesso das populações rurais em relação ao das cidades. Uma proporção crescente de terras é cultivada por transnacionais que não destinam a produção ao consumo, mas a saídas industriais ou energéticas. Na maioria dos países do Sul que estão excluídos dos benefícios da "globalização", um dinamismo "relativo" das exportações agrícolas derivadas das culturas comerciais, coexiste com importações de produtos alimentares de base.

E até mesmo sugeriria aqui interpretar (sem, é claro, querer reduzir a sua complexidade) os acontecimentos que estão abalando o mundo árabe-muçulmano, à luz de um capitalismo que destrói as suas estruturas a longo prazo e na forma neoliberal deste capitalismo que colocou, sob a alçada de uma good governance , as bases da explosão social actual; particularmente com o aumento dos preços dos produtos alimentícios ? e durante todo esse tempo, o imperialismo anda à espreita.

c) Mas acima de tudo, parecem criadas as condições para que uma das principais consequências da crise seja o confronto Norte-Sul, apesar das cooptações dos 'G20'. Confronto Norte-Sul num mundo onde os níveis de contradições se tornam mais complexos: contradições entre as classes dominantes e as classes dominadas, contradições entre as diferentes classes dirigentes que dirigem os Estados, contradições entre os próprios países do Sul...; mas com uma predominância relativa das contradições entre as classes dirigentes, ligadas ao surgimento dos chamados países "emergentes".

A via interna dirigida por uma grande maioria dessas classes dirigentes é o caminho capitalista, ou alguma das variantes da via capitalista. Mas esta via, não só não tem saída, pois a resolução das contradições produzidas pelo capitalismo é absolutamente impossível no Sul, como também leva a entrar em conflito com as potências imperialistas do Norte. Assim, um dos riscos que pesa sobre as lutas populares no Sul é o de ver as suas resistências confiscados, neutralizadas, transformadas em forças pro-sistémicas pelas classes dirigentes; mesmo quando estas classes dirigentes do Sul, especialmente aquelas cuja estratégia é mais coerente e consequente (como na China), provavelmente, não chegarão a avançar sem transformações internas, no sentido de uma modificação na relação de forças a favor das classes populares.

E isso vale para a América Latina ? na Venezuela bolivariana, por exemplo.

IV. Terceira parte: Quais têm sido, são e serão as políticas anti-crise?

A. Críticas das políticas ortodoxas

1. As políticas anti-crise, acima de tudo, têm consistido em coordenar as acções dos bancos centrais para injectar liquidez no mercado interbancário pela criação de moeda "primária", oferecer linhas de crédito especiais aos bancos e reduzir as taxas de juros. Na verdade, o objectivo era evitar o afundamento total do sistema, e também limitar a desvalorização do capital fictício, travando a queda dos mercados (em especial para que os derivados fossem pagos o mais próximo possível do seu valor facial), mas isso não resolveu nenhuma das contradições fundamentais do sistema.

Um momento crucial foi, como se sabe, a não intervenção das autoridades monetárias ? neoliberalismo obriga... ? quando da quebra do Lehman Brothers em meados de Setembro de 2008. Obviamente, ainda não se mediram as implicações deste imobilismo, pelo menos não em termos de redução dos riscos de desestabilização de todo o sistema, incluindo através da dívida do Estado.

Daí, em poucas horas, a mudança de direcção de 180º do Tesouro e do Banco Central: várias instituições financeiras em risco (como a seguradora AIG) foram nacionalizadas (geralmente sem direito a voto ou novos critérios de controle); as short sells foram temporariamente suspensas; depois o Fed abriu linhas de crédito para primary dealers em condições especiais (a taxas de juros próximas de zero); o Estado ajudou estes dealers na montagem de resgates aos grupos em quebra e recapitalizou-os ? ou seja, susteve, e muito fortemente, o processo de hipercentralização do poder dos oligopólios financeiros em estruturas de propriedade do capital cada vez mais concentradas (o Lehman Brothers foi retomado pelo Citigroup, o Merrill Lynch pelo Bank of America, o Washington Mutual pelo Morgan ...); criava-se uma estrutura de "despoupança", uma separação de activos contaminados para fornecer uma garantia do Estado aos títulos "tóxicos"; e, medida crucial, em Outubro de 2008, o Fed estendeu o seu dispositivo de swap lines (ou "acordos temporários recíprocos sobre divisas") aos bancos centrais do centro e dos principais países do Sul, tornando-os quase "ilimitados" ...

Em seguida, houve os planos 1 e 2 de Paulson e os planos de apoio generalizado à economia (incluindo o da General Motors e outros, sem impedir os despedimentos maciços...), aliás, com recapitalizações do Fed, que já estava sem fôlego. E, finalmente, no início de 2011, o presidente do Fed preveniu o Tesouro de que não continuaria a financiar os défices públicos, que era necessário voltar ao rigor, que havia que aumentar as taxas de juro; com dois grandes riscos aqui: que nos EUA o fardo da dívida pública se tornaria ainda mais pesado; e, para o resto do mundo, que os fluxos de capital iriam servir de novo para financiar os défices dos EUA, e permitir-lhes novamente voltar a viver acima das suas possibilidades...

E tudo isso sob o olhar dos povos, que compreendem não só que o Estado se voltou contra os serviços públicos, mas que também os faz pagar o resgate das altas finanças ? que dominam tudo.

2. Face a isso, uma parte ? minoritária, mas significativa ? das correntes liberais continua radicalizando-se, na direcção das teses ultra-liberais inspirada em Hayek, Mises e Rothbard. As suas análises da crise, por exemplo, por Rockwell e Rozeff do Instituto von Mises, baseiam-se numa fé reafirmada na natureza automática do reequilíbrio dos mercados.

Obviamente são aborrecidas para os neoliberais, na medida em que defendem que a crise viria do excessivo intervencionismo e que o Estado não tem que salvar os bancos e empresas em dificuldades. O que deveria ser feito, dizem, é acabar com os regulamentos estatais que limitam a liberdade dos agentes no mercado. Exemplo: enquanto as políticas públicas de habitação pretendiam que todos os cidadãos tivessem acesso ao imobiliário, os mercados (que não são "populistas") têm mostrado que não. Estes ultraliberais estão, portanto, contra todo o plano anti-crise, e em particular contra qualquer regulamentação das taxas de juro pelo banco central.

Os mais extremistas chegam inclusive a reclamar a abolição pura e simples das instituições do Estado ? incluindo a militar ? bem como a privatização da moeda. Naturalmente que eles estão conscientes de que estas medidas levariam o capitalismo ao caos, mas pensam que, graças aos mecanismos de mercado, este caos seria benéfico para o capital e que o capitalismo se reconstruiria mais rápidamente e melhor do que através de intervenções do Estado em forma de ajuda pública artificial a empresas que de qualquer forma estariam condenadas à falência.

3. E as posições reformistas? A gravidade da crise levou a um retorno das teses de Keynes: "Keynes está agora, mais do que nunca, na ordem do dia", escreve Paul Krugman ? que é um economista neoclássico! Na verdade, mesmo que se oponham aos neoclássicos tradicionais no que respeita às intervenções do Estado, as interpretações keynesianas participam da mesma matriz teórica, diríamos, "burguesa".

Mesmo os mais avançados entre eles, apesar de nuances, variações, subtilezas, não formulam senão visões apenas "reformistas", que consistem em introduzir modificações mínimas no funcionamento do capitalismo para sobreviver o máximo de tempo possível.

O relatório da Comissão Stiglitz pode dar-nos uma boa ilustração disso. O documento final, elaborado em 2009 a pedido do presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, não questiona de forma alguma a ideologia dominante. As velhas certezas neoliberais estão justamente em revisão, mas não para abandono: as taxas de câmbio devem ser flexíveis, reafirmam-se as virtudes do livre comércio versus "proteccionismo"; as falhas da corporate governance estão por corrigir, mas a gestão de riscos continua sendo confiada aos oligopólios financeiros e a regulação do sistema mundial permanece sob a hegemonia do dólar dos EUA.

Estamos muito longe da rejeição da liberalização financeira globalizada expressa por cada vez mais países do Sul ? e, não sem contradições, é verdade ? da China popular e da Venezuela bolivariana ...

B. Keynes

1. Sejamos claros: as políticas anti-crise não são keynesianas. Embora sejam perceptíveis medidas "keynesianas" ? desde o plano de G.W. Bush em 2008 (com reversões de uma parte dos impostos, por exemplo) e, principalmente, com o programa do presidente Barack H. Obama (com obras de infra-estrutura, etc.) ?, a prevalência é ainda para o neoliberalismo para salvar o máximo de capital fictício sobre-acumulado. A conversão de emergência de planos de resgate do capital num intervencionismo dos Estados accionados de maneira tão perfeitamente antidemocrática pelos governos do Norte não pode servir de ilusão. As políticas anti-crise e os seus iniciadores não foram extraídos dos dogmas da ortodoxia.

O Fed e outros bancos centrais do Norte continuam a criar moeda primária maciçamente, como muito recentemente, com o quantitative easing 2. Mas essa política monetária "keynesiana" aparentemente afundou-se na realidade numa "armadilha de liquidez", de onde a estratégia de redução de taxas de juros reais não ser capaz de redireccionar a eficácia marginal do capital e transferir capital monetário da esfera financeira para a esfera da produção.

Daí a preocupação actual nos Estados Unidos desde o início de 2011, que é o endividamento do Estado: do Tesouro, do estado Federal, mas também dos Estados federados e das colectividades locais. O presidente do Fed (Bernanke) advertiu recentemente o ministro das Finanças (Geithner) e o Congresso que era chegada a hora do ajuste orçamental; é claro, que tinha que fazer exactamente o oposto do que Keynes defendia, quer dizer "limpar a casa": reabsorver o défice aumentando os impostos e reduzindo os gastos, através de cortes de pessoal e de salários; ou seja, voltar a carregar todo o peso sobre os trabalhadores ? incluindo a via saúde, as reformas, etc. Idem para nós na Europa.

Não há, portanto, retorno a políticas "keynesianas", nem nos Estados Unidos nem na Europa, e a concepção dominante do Estado continua a ser a do Estado neoliberal, ao serviço do capital, particularmente no que diz respeito ao sistema de crédito.

2. E mesmo se houvesse (o que é muito improvável) um "retorno a Keynes" não desapareceriam os problemas.

Em primeiro lugar, os problemas teóricos. Não há em Keynes uma teoria "geral da crise "; há numerosos elementos teóricos dispersos, parciais, muitas vezes opostos e que muitas vezes têm dado lugar a confusões e mal-entendidos por alguns comentadores ou seus discípulos ? começando pelo conceito, complexo, de "procura efectiva" (que melhor seria entender como uma oferta, enquanto valor esperado das vendas). Keynes sobretudo procurou uma estratégia de saída da crise para tentar salvar o capitalismo, encontrando o segredo de um "capitalismo sem crises", regulamentado, onde a solução é a criação de uma procura efectiva através de um factor exógeno, o Estado, cuja intervenção poderia, nas fases de contracção dos ciclos, minimizar o impacto da crise. Ele compreendeu, tal como também alguns outros, nomeadamente Schumpeter, que o curso da história ia no sentido da superação do capitalismo. Mas a sua teoria era confrontada com as dificuldades em lidar com a moeda e o sistema financeiro em particular.

Estes limites de Keynes para entender a crise, quero dizer, limites em relação a Marx, foram observados por alguns keynesianos lúcidos e honestos, como o genial Joan Robinson, que cito aqui: "a teoria keynesiana elabora inúmeros refinamentos e complexidades negligenciadas por Marx, mas o essencial encontra-se na análise marxista do investimento como "compra sem venda" e da poupança como uma "venda sem compra." Ao que Keynes teria respondido, quando Joan Robinson tentou aproximá-lo de Marx num ensaio publicado em 1942, que: seria inútil "querer dar um significado aquilo que não o tem".

Mas, acima de tudo, é a propriedade fundamental da moeda para funcionar como capital, analisada por Marx, que não figura de uma maneira desenvolvida, nem sequer clara, em Keynes ? e obviamente, ainda menos, na teoria quantitativa da ortodoxia.

3. Esta análise limitada do sistema de crédito em Keynes, e a falta de diferenciação entre moeda estatal e moeda de crédito, levou logicamente ? mas também abusivamente ? a atribuir demasiada importância à moeda, mas especialmente uma responsabilidade excessiva ao Estado na determinação das taxas de juro. Segundo ele, o banco central reduz a taxa de juro graças ao aumento da oferta de dinheiro, pela via da criação "primária" de moeda para estimular o investimento nos activos onde a eficácia marginal do capital é mais elevada ? e isso, até, supostamente, fazer desaparecer o que chamam os "aspectos mais chocantes do capitalismo" (o desemprego, as desigualdades, etc.). Ora bem, sabemos que a política monetária aplicada pelos bancos centrais, cujos objectivos são estabilizar a moeda e a luta contra a inflação, subverteu completamente o processo pelo qual se determinava a taxa de juros no mercado. Usam a taxa de juros como instrumento principal, com efeitos financeiros e reais sobre toda a economia. E sabemos que a taxa de juros do banco central é influenciada principalmente pelas taxas fixadas pelos grandes oligopólios financeiros sobre cada um dos segmentos de mercado nos quais dispõem de uma posição dominante.

Daí, problemas ou ilusões políticas transmitidas pela concepção do Estado de Keynes ? a crença keynesiana numa capacidade todo-poderosa do Estado, muito diferente da de Marx. Pois, apesar dos limites da teoria marxista do Estado, mesmo aí, ela é superior à de Keynes.

O que é hoje o Estado? Não é suportado pelo capital através da dívida pública, por exemplo? A criação monetária não é, essencialmente, de origem privada? As taxas de juros do Fed não dependem em grande medida das determinadas pelos oligopólios? Será que o próprio Fed não é penetrado pelos interesses particulares dos oligopólios? Não é o Estado que concede contratos militares a empresas controladas pelas finanças? Não é o Estado neoliberal tanto ou mais activo do que se estivesse submetido á alta finança?

Em suma, o Estado keynesiano é uma ficção! E o seu "reformismo" não faz senão espalhar ilusões, falsas esperanças.

Então, quais são as alternativas?

V. Conclusão

A probabilidade de um agravamento da crise actual, enquanto crise sistémica do capital, é hoje extremamente elevada, dado que se reúnem todas as condições para tal agravamento. Recentemente as finanças inventaram as CDOs de CDOs de CDOs ou CDO 3 ? mas este jogo de elevações ao cubo vai afundar-se. Vimos já que a unidade de medida, aqui, é o milhão de milhões de dólares ou teradólar (10 12 ); penso que "tudo isso vai acontecer" e chegará antes do petadólar (10 15 ) ! O capitalismo está em perigo e, especialmente, no centro do sistema. Dirão: houve outras crises, muitas outras, e o capitalismo sempre saiu delas, mais reforçado, mais monstruoso, mais monstruosamente concentrado. Sim, também houve, antes do capitalismo crises pré-capitalistas. Não estou anunciando o fim do mundo. É uma ilusão, talvez devido à impaciência, acreditar que o capitalismo entrará em colapso sob o efeito da actual crise: o monstro vai sobreviver e vai prosseguir matando mais ainda.

Ao longo da história, especialmente desde a Grande Depressão dos anos 30, o capital foi capaz de forjar instituições e instrumentos de intervenção pública, essencialmente ligados às políticas dos bancos centrais, permitindo, em alguma medida, "gerir" as crises e mitigar seus efeitos mais devastadores, pelo menos no Norte, no centro do sistema mundial; mas sem que nunca estas reorganizações de dominação do capital suprimissem as suas contradições. Portanto, ainda vamos sofrer por um longo tempo, até envelhecer, os males do capitalismo e, no Sul, o " silencioso genocídio dos mais pobres", do qual este é responsável...

Eu diria, antes, que a situação actual se parece, não com o início do fim da crise, mas com o início de um longo período de colapso do actual estádio do capitalismo, oligopolista e financeirizado. E esse processo de afundamento abre amplas perspectivas de transição, em que a luta de classes vai endurecer e complicar-se; obrigando-nos a repensar as alternativas de transformações sociais pós-capitalistas ? porque somos cada vez mais, para lá das nossas diferenças, no querer socialista (e, como se diz, ainda mais... se há afinidades).

Ora bem, se o problema estrutural para a sobrevivência do capitalismo é uma pressão descendente sobre a taxa de lucro e se, para ele, a financeirização não é uma solução sustentável, a única coisa que este sistema vai oferecer, até à sua agonia, é o agravamento da exploração da força de trabalho.

Para chegar a reactivar um ciclo de expansão no centro do sistema mundial, a crise que vivemos deveria destruir quantidades absolutamente gigantescas de capital fictício, extraordinariamente parasitário; mas as contradições do sistema capitalista mundial tornaram-se agora tão profundas e difíceis de resolver que tal desvalorização correria o risco de o empurrar para o fundo.

Por outro lado, alguns ortodoxos acreditam que a actual crise vai levar ao colapso do capitalismo, por exemplo, os analistas de conjuntura do GEAB ou Global Europe Anticipation Bulletin, cujas previsões de agravamento da situação desembocam num deslocamento geopolítico no sistema, no colapso do dólar, no desaparecimento das bases do sistema financeiro globalizado; ou as previsões da Money & Markets nos Estados Unidos, que também prevêem o próximo agravamento da crise mas por encadeamentos muito mais tradicionais: o agravamento do défice orçamental, o aumento da dívida pública, uma def

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O que se discutirá à porta fechada? Quem assiste à reunião de Bilderberg? BASENAME: canta-o-merlo-o-que-se-discutira-a-porta-fechada-quem-assiste-a-reuniao-de-bilderberg DATE: Sun, 09 Jun 2013 19:38:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.odiario.info/?p=2900

Todos os anos o encontro de Bildergberg reúne membros destacados da elite financeira e empresarial, políticos, técnicos, jornalistas e cientistas cuidadosamente seleccionados.

É uma reunião anglo-ocidental ? europeia e norte-americana, com participantes de 21 países ocidentais (Europa Ocidental, EUA e Canadá). Com excepção do ministro das Finanças polaco, Jacek Rostowski, nascido na Grã-Bretanha, não há participantes da Europa Oriental, das Balcãs, da Ásia, América latina, África e Médio Oriente (com excepção da Turquia [1]). Há 14 mulheres entre os 140 participantes.

O sítio oficial do Bilderberg descreve a reunião como «um fórum de discussões informais, extra-oficiais, sobre mega-tendências e os principais temas que o mundo enfrenta ».

Prevalece um semi-segredo: enquanto têm lugar negociações cruciais que levam a decisões transcendentais, primeiros-ministros e ministros das finanças participam individualmente: não informam os gabinetes nem os órgãos legislativos.

A reunião deste ano, a 61ª, deve ter lugar no Grove Hotel, cerca de Watford, Hertfordshire, Reino Unido, de 6 a 9 de Junho de 2013.

Vários temas da Nova Ordem Mundial incluindo a crise económica global, as guerras do Médio Oriente, a biotecnologia, a ciberguerra e a segurança interna serão discutidas à porta fechada.

«Graças à natureza privada da conferência, os participantes não estão limitados por convenções, cargos ou posições previamente acordadas. Assim, podem gastar o tempo necessário para pensar, reflectir e acumular perspectivas.

Não há uma ordem do dia detalhada, não se propõem resoluções, não se realizam votações, e não se emitem declarações políticas» (www.bilderbergmeetings.org/)

A reunião agrupará 140 participantes que incluem George Osborne, ministro da Economia do Reino Unido, Henry Kissinger, Timothy Geithner, ex-secretário do Tesouro dos EUA, Gen. David Petraeus, ex-chefe da CIA, Christine Lagarde, Presidenta do Fundo Monetário Internacional, Richard N. Perle, destacado conselheiro do governo Bush filho, Jeff Bezos, fundador e director executivo de Amazon.com, Eric Schmidt, de Google, dois ex-presidentes do Banco Mundial, James D. Wolfensohn e Robert B. Zoellick, entre outros.

Destacados membros do establishment financeiro anglo-estadunidense que inclui David Wright, vice-presidente do Barclays, J. Michael Evans, vice-presidente do Goldman Sachs, Douglas J. Flint, presidente do grupo HSBC, Kenneth M. Jacobs, presidente e director executivo da Lazard, Peter D. Sutherland, presidente de Goldman Sachs International, Edmund Clark, presidente e director executivo de TD Bank Group, do Canadá. O establishment banqueiro suíço, que supervisiona milhares de milhões de dólares em «contas bancárias cifradas», é representado por Dr. Thomas Jacob Ulrich Jordan, o recentemente nomeado presidente do conselho de administração do Schweizerische Nationalbank (Banco Nacional Suiço).

Alguns jornalistas do establishment (Washington Post, Finantial Times, Economist), professores de economia, representantes de think-thanks empresariais incluindo o American Institute, Carnegie e o Conselho de Relações Externas também assistirão.

Da indústria petrolífera, Simon Henry, principal responsável financeiro da Royal Dutch Shell e Robert Dudley, chefe executivo da BP, estão na lista de participantes.

O Primeiro-ministro de Saskatchewan, Brad Wall, também estará presente. O Canadá é o segundo produtor mundial de urânio e a maior parte desta actividade é em Saskatchewan. O urânio é um importante componente da produção de ogivas nucleares.

A ordem do dia também inclui importantes ramos da investigação médica. Destacados dirigentes da indústria farmacêutica como Mark C. Fisman, presidente do Instituto Novartis para a investigação biomédica, juntamente com o Dr. John Bell, Professor de Medicina em Oxford, uma importante autoridade em biotecnologia que trabalha em estreita cooperação com a grande indústria farmacêutica.

Os Bilderberg confirmaram que se discutirão os bancos de dados globais pertencentes á segurança interna sob o título de «grandes dados» e que Eric Schmidt, da Google, falará sobre este tema.

A lista oficial não está completa. É muito provável que os nomes de vários destacados participantes não sejam sequer divulgados.

Um informe anterior de Infowars.com citando «fontes bem informadas» afirmou que as discussões sobre a guerra do Médio Oriente concentrar-se-ão «no prolongamento da guerra contra a Síria, através do armamento de elementos contra Asad», assim como a destruição das instalações nucleares do Irão num futuro próximo de 3 anos.

De acordo com o sítio dos Bilderberg na web, serão discutidos os seguintes tópicos vagamente definidos:

? Podem os EUA e a Europa crescer mais rapidamente e criar postos de trabalho?
? Empregos, titularidade e dívida.
? Como os grandes dados estão mudando quase tudo.
? Nacionalismo e populismo.
? Política externa dos EUA.
? Desafios em África.
? Ciberguerra e proliferação de ameaças assimétricas.
? Importantes tendências da investigação médica.
? Educação em linha: promessa e impactes.
? Os acontecimentos no Médio Oriente.
? Temas de actualidade.

A lista completa de participantes e do Comité de Direcção do Bilderberg encontram-se em http://www.bilderbergmeetings.org/governance.html

Nota do tradutor:
[1] A Turquia é membro da NATO, organização internacional militar de agressão ao serviço do imperialismo norte-americano.

Este texto foi publicado em www.globalresearch.ca/who-will-be-attending-the-bilderberg-meeting-what-will-be-discussed-behind-closed-doors/5337453

* Michel Chossudowsky é Professor da Universidade de Otawa, e amigo e colaborador de odiario.info.

Tradução de José Paulo Gascão

----- COMMENT: AUTHOR: Valmar [Visitante] DATE: Tue, 11 Jun 2013 20:26:26 +0000 URL:

Por traz deste fraseado, utilisado pelo grupo Bilderberg, esconde-se a estratégia dos maiores grupos financeiros mundiais para se apropriarem a riqueza. O lobi que eles exercem, consegue desviar as leis da UE e de todos os paises em beneficio dos proprios interesses, como foi demonstrado por uma reportagem passada na TV Arte em França e Alemanha. Aquilo que não dizem é que favorisam sobretudo os interesses dos EU e de Israel. O grupo é dominado, basta ver os nomes dos participantes, por uma minoria cosmopolita que não pode ser invocada sem que sejamos considerados racistas. Mesmo perante a informação alguns são mais iguais que outros, os povos africanos por exemplo.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: História Criminal do Cristianismo - Umha enxurrada de sangue BASENAME: canta-o-merlo-historia-criminal-do-cristianismo-umha-enxurrada-de-sangue DATE: Sun, 09 Jun 2013 19:33:24 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Diálogo com Grabriele Röwer sobre a obra de Karlheinz Deschner, autor da "História criminal do cristianismo" (10 volumes)
?Fio vermelho" Nom, enxurrada de sangue!

Stefan Huth
Die Junge Welt

Traduzida em castelá para Rebeliom por Mikel Arizaleta.

Gabriele Röver (nada em 1944) trás estudar teologia evangélica saiu da Igreja, logo estudou filosofia, filologia germânica e psicologia, realiza em Maguncia umha actividade pedagógico-terapeuta. Desde 1977 colaboradora com Karlheinz Deschner.
***

Nom há muito Joseph Ratzinger renunciou a seguir sendo o papa Benedito XVI. Olhando a história dos papas, um crítico da Igreja como Karlheinz Deschner onde situaria nela ao papa Benedito XVI?

Como expom Deschner na sua obra de mais de 1000 páginas "Die Politik der Päpste im 20. Jahrhundert" (A política dos papas no século XX) [i] , os papas mais importantes do S. XX fôrom Leom XIII (1878-1903, muito marcado politicamente ""Ergo sum Petrus, "eu quero pilotar umha grande política"), os papas fascistas Pio XI e Pio XII e ultimamente Joám Paulo II. O seu sucessor, Joseph Ratzinger, antes professor em Tubinga de dogmática e teologia fundamental, logo prefeito da congregaçom da fé (em tempos "a santa Inquisiçom"), como papa, Benedito XVI, nom seguiu a política imperialista dos seus predecessores. Mais bem buscou mediante a sistematizaçom e consolidaçom do corpus dogmático erigir-se em baluarte contra o perigo de erosom crescente na sua Igreja, que na Europa ocidental haver ir perdendo cada vez mais membros a favor de correntes seculares e que no resto do mundo tenhem ido engrossar sobretodo as filas evangélicas.
Em vao tentou conjurar o primeiro perigo mediante o projecto da "unidade de razom e fé", naturalmente com o primado da fé. Ao começo a tam ansiada "nova evangelizaçom da Europa" fracassou ante a grande secularizaçom existente, difamada por Benedito como "ditadura do relativismo" ou também "cultura da morte" (pola regulaçom da natalidade e a eutanásia), a difamaçom da homossexualidade e da emancipaçom das mulheres, sobretodo no sacerdócio. A conseqüência foi que a Igreja continuou perdendo imagem no nosso mundo. Em mudança este papa sim pode actuar em contra da marcha triunfal dos evangélicos em todos os continentes, sobretodo na América do Norte do Norte e do Sul (que nom por casualidade prove de aqui o novo papa) reclamando para a sua Igreja em grande parte as suas posiçons ideológicas (a confiança na Bíblia, o pecado mortal do ateísmo que o invade todo, a salvaçom mediante a missom e a vida em comunidade).
Mas com a sua negativa a modernizar a Igreja desde dentro, sem dúvida mais previdente que os seus críticos, porque toda a modernizaçom segundo Deschner a longo prazo aceleraria mais que reteria ou pararia o derrubamento desta instituiçom.
Polo que sabemos Benedito XVI fracassou ante a prepotência dos funcionários da Igreja, que boicotárom propostas prudentes sobre umha maior transparência na explicaçom dos escândalos dentro da Igreja nos últimos tempos, em primeiro lugar sobre os abusos sexuais (sobretodo em USA) e as finanças da Igreja. A dimensom de conflito pugeram às descoberto publicaçons como Vatileaks, provavelmente o motivo decisivo da sua renúncia.

Karlheinz Deschner acaba de finalizar o seu "História criminal do cristianismo" em dez tomos. Que fontes utilizou? Tivo acesso aos arquivos eclesiásticos?

Um dos reproches mais frequentes contra o trabalho de crítica à Igreja de Deschner aponta à sua suposta "falta de método científico" e a que "nom é aceite polo mundo científico" por carecer de umha análise própria das fontes. À parte de que ele as utiliza na medida em que estas estám disponíveis e acessíveis para ele sobretodo nas bibliotecas universitárias, este reproche nom tem em conta a realidade da investigaçom. E é que se ele mesmo tivesse que levar a cabo em cada tema umha análise profunda das fontes com segurança que nom passaria do primeiro volume da "História do cristianismo". Um trabalho sério de investigaçom é também aquele que é capaz de valorizar, analisar e recolher com objectividade os resultados de modo amplo e substancioso de outros, em especial as análises critico-históricos das fontes dos demais, e sabe-los transmitir ao leitor. Professores de teologia evangélica e católica, que merecem grande respeito polo seu trabalho, documentam-se ademais dentre outras muitas opinions também na sua página Web. Pars pro Toto, neste ponto poderia-se citar o parecer do professor doutor D. Julius Groos: "O que se negou aos nossos livros científicos, bem pudesse alcançá-lo a sua obra: Dar a conhecer à massa de intelectuais os resultados da investigaçom moderna sobre o cristianismo". Também um transmissor, um mediador dos resultados da investigaçom de outros pode ser de grande ajuda para estes, admitido que também a sua linguagem serve para o que a Deschner seja reconhecido a miúdo mesmo até polos seus inimigos "isso sim, freqüência e acto seguido acusa-lo por esta linguagem, de ser a sua escrita demasiado emotiva, de escrever "cum ira et studio"-, o seu trabalho seria espelho da sua óptica uni-dimensional, historicamente subjectiva. Coma se existisse a objectividade pura na classificaçom e valoraçom da história, crítica levada por Deschner ad absurdum na sua introduçom ao tomo I da "História criminal do cristianismo".

Uni-dimensional? Subjectivo, parcial? Analisemos este veredicto que quer ser demonstraçom da sua "falta de método científico". Deschner nom escreve e pensa mais subjectiva e unilateralmente que os incontáveis apologistas do poder eclesial no grémio da história eclesial. A eles contrapom Deschner desde o inicio a sua visom desde abaixo. Com o pároco pacifista Johannes Ude, que reconhecia "nom poder suportar a injustiça", Deschner elegeu sofrer empáticamente, sofrer desde a perspectiva das vítimas, dos que padecem todo o tipo de barbaridades: dos milhons de pagaos,de bruxas, dos milhons de indianos, dos milhons de africanos, dos milhons de cristaos, até dos 700 000 ortodoxos sérvios que fôrom enterrados, queimados, crucificados vivos ainda nos nossos dias, na Croácia católica fascista sob Ante Pavelic, e todo isso com ajuda de umha clerezia muito activa, que ela mesma matava e descabeçar os franciscanos!, e isso com a bençom e o consentimento de Eugénio Pacelli, desde 1939 Pio XII, aquele papa de figura tam ascética, tam seráfica, tam venerada, tam endeusada.

Umha nova ediçom da obra de Deschner "A política dos papas" aparece proximamente na editora Alibri. Que relaçom tem esta obra com a História criminal do cristianismo?

Os nom bem intencionados acusam agora a Deschner, trás a apresentaçom do tomo 10, o último da sua História criminal, de nom penetrar no S. XIX e XX, portanto nom poderia cumprir o seu propósito. A nova ediçom actualizada da "Política dos papas em tempos das Guerras Mundiais" de 1982/83 e 1991 agora na editora Alibri com um epílogo extenso de Michael Schmidt-Salomon, porta-voz da fundaçom Giordano Bruno, a cujo valente editor Gunnar Schedel e ao sua equipa só cabe agradecer-lhes por este imenso trabalho, empalma de algumha maneira ali onde termina o tomo 10, no âmbito da Revoluçom francesa. Deschner considera esta obra o tomo 11 da sua História criminal do cristianismo, ainda que de modo nom oficial. Em mais de 1000 páginas constata, demonstra e comprova no S. XIX e XX o vê-lho emaranhamento conhecido do papado nom tanto com os poderes do mais ali quanto com os deste mundo, sempre adornado e debruado de transcendência e em clara contradiçom com a ética da paz e da pobreza do Jesus sinóptico. A cima desta hipocrisia alcança no S. XX com o pontificado de Pio XI e Pio XII.

Deschner ocupou-se muito intensamente do papel da Igreja no fascismo "agora apareceu umha nova ediçom do seu memorável livro de 1965 "Mit Gott und dêem Fachisten" (Com Deus e os fascistas), no que detalha e demonstra, como ninguém depois de 1945, a colaboraçom do papa Pío XI e Pío XII com os fascistas daqueles anos na Itália, Alemanha, Espanha e Croácia. Sobre Pío XII escreveu noutro lugar: "Sim, nom faltou um (um") no patíbulo de Nuremberg"" Nom se deu um escândalo jurídico?

Nom! As suas palavras pronunciadas na Meistersingerhalhe de Nuremberg fôrom motivo para incoar querela por "injuria à Igreja", desistida em 1971 "por insignificancia". A terrível contradiçom entre o ideal do cristianismo primigénio e a realidade clerical foi o tema desta conferência, do mesmo modo que foi de quase todo o que ele vem escrevendo desde há meio século contra a Igreja. Nos inícios da História criminal do cristianismo rondou-lhe a ideia de intitular a obra "Deus caminha nas sandálias do demónio". Nom polas palavras senom polas obras mede ele aos "representantes de Deus": "Deverdes conhecer-los polos seus frutos". Frase que é guia nos seus trabalhos.

A frase "História criminal do cristianismo" supom algo assim como continuidade, realmente constitui esta actuaçom criminal umha espécie de linha vermelha através da história da Igreja?

Linha vermelha" Deschner diria que mais bem constitui "umha cascata de sangue", umha verdadeira cascata de sangue que roda e precipita polos reinos cristaos através do século; observe-se, como o autor desta História criminal, que as linhas directrizes dos apoderados da Igreja determinam a política e nom o protesto daqueles que se alçam contra ela mesmo jogando-se a vida, mais tarde utilizada como folha de parra para tampar os crimes cometidos e abençoados polos clérigos. E que som legiom. Cito aqui frases daquele discurso de Deschner em Nuremberg: "A linha central: com Deus o Senhor" Com Deus contra os pagás, contra os judeus, com Deus contra os lombardos, os sajones, os sarracenos, os húngaros, os ingleses, os poloneses; com Deus contra os albigenses, os valdenses, os Stedinger, contra os husitas, os Gueux, os hugonotes, os camponeses, com Deus na Primeira Guerra Mundial, com Deus na Segunda, e com Deus seguro também na Terceira; festas ecuménicas de matança sem igual.

Objecto fundamental das análises de Deschner é a Igreja católica. Em que medida tem em conta também os crimes do protestantismo?

Nos assassinatos maciços desde a Reforma -pense-se tam só nas guerras camponesas, na Guerra do Trinta Anos que Deschner documenta muito detidamente- participárom também os protestantes, mas em conjunto nom se pode comparar com o poder e a influência do império da Igreja católica, ainda que dispunham de um grande património e governavam numha série de países. O capítulo mais escuro da história protestante sem dúvida escreveu-o a sua colaboraçom dos cristaos alemáns com os nacional-socialistas. Nom esqueçamos, os inícios da Igreja protestante, na Reforma iniciada por Martim Lutero -cujos 500 ano vai ser celebrado com profussom- arrojam muitas sombras, cujos traços mais característicos estám expostos no capítulo 12 do volume 8 da História criminal do cristianismo, recopilado num dos seus aforismos: "Martim Lutero desmascarou as lendas como contos, mas Lutero aferrou-se às lendas da Bíblia, também à crença do demónio, também ao delírio das bruxas, também à eliminaçom dos hereges, também ao anti-semitismo, ao serviço da guerra, à escravatura, aos príncipes. E a isto chama-se Reforma".

Nom só os escândalos de abusos sexuais, também o despedimento de umha mulher de Colónia violada por clínicas católicas enfadou à opiniom pública, há príncipes da Igreja que se sentem expostos a umha espécie de progrom. Tenhem razom"

Como historiador crítico da Igreja e autor de umha História sexual do cristianismo ""Dás Kreutz mit der Kirche", 1974 (Em castelhano: História sexual do cristianismo) [ii] , Deschner vê os casos nomeados, do mesmo modo que todos aqueles numerosos casos de maes solteiras, massacradas há tempo em todos os sítios, como foram afogadas ou elas mesmas afogárom no contexto de umha repressom sexual de séculos da massa dos crentes, sem prejuízo de um em todos os sentidos libertinagem desbocado por parte dos seus governantes de dentro e fora das Igrejas. Já este contraste amostra para que serviu de facto a moral sexual especificamente cristá e a inimizade do prazer: como afirma Deschner nom tanto para a protecçom da vida embrionária, como afirmam "que umha vez desenvolvida termina sendo carne de canhom-, quando como criaçom e canteira de súbditos. Freud pode confundir-se gravemente neste sentido, o verdadeiro é que se se embrida e reprime este impulso elementar prazenteiro da vida, si se o difama, si se tacha de animal, si se endemoninha e se envolve e besunta desde pequeno com um sentimento de culpabilidade -sabem-no todos os ditadores do mundo terreno e espiritual- encarcera-se e embrida à pessoa, impede-se o seu desenvolvimento e assim se conseguem súbditos submissos, dispostos e capazes de humilhar-se ante os de arriba e a patear aos de abaixo, assim se acreditem combatentes fanáticos sobretodo na guerra, esse sempre "Deus connosco": Também, segundo Deschner, é o que se busca com a congestom e repressom do impulso dos celibatários, que tem que terminar buscando umha válvula de escape.

Que reacçons deram nos círculos eclesiais sobre a obra de Karlheinz Deschner"

Muito diferentes como mostra já o tomo de cartas "Vostede chefe dos demos". Desde a teologia da Igreja tentou-se ignorá-la, nom falar do seu trabalho, e na imprensa conservadora despachou-no com os "argumentos" antes mencionados (subjectivo, pouco científico). Um simposium em 1993 na academia católica Schwerte para demonstrar a falta de seriedade da "Criminalizaçom do cristianismo" por ?entendidos? nom encontrou o amplo eco esperado. Na obra extensa de um só como ele, sem equipa colaborador, obrigado ademais a dar conferências para assegurar-se o sustento vital e à ajuda de amigos como Herbert Steffen, o fundador do GBS, sem dúvida que sempre se encontram algumhas falhas de detalhes. Mas o decisivo é que foi confirmado até o dia de hoje por teólogos e historiadores da Igreja, mas nom excessivamente submissos à mesma, o valor científico do aproveitamento dos estudos de fontes assim como a legitimaçom da sua crítica de domínio referida às vítimas, e isto é a regra geral e nom a excepçom.

Deschner foi educado nas salas de aulas de um convento católico, que lhe empurrou a se dedicar de cheio à história da Igreja"

Entre os seus 50 livros existem alguns de muito outro conteúdo, ademais da crítica literária e a poesia paisagista cabe destacar sobretodo o seu amor polos animais, aos que começaria de novo a dedicar toda a sua capacidade de escritor. O que sacrificasse à crítica da Igreja por volta de 50 anos da sua vida em nada corresponde, como afirma, a umha infância ou mocidade eclipsada ou obscurecida por influências eclesiais, em privado tivo por entom as melhores experiências com representantes de Igreja local. Separou-se religiosamente da fé muito pronto, sendo aluno, pola leitura de Schopenhauer e Nietzsche, mais tarde de Kant e Lichtenberg, cortando o cordom umbilical emocional com o catolicismo tradicional da sua terra mediante um estudo autodidacta de cinco anos dos fundamentos do cristianismo, e com a sua primeira crítica da Igreja "Abermals krähte de Hahn" (E de novo cantou o galo) em 1962 rematou totalmente o tema Igreja e fé para sim pessoalmente. Desde entom agnóstico com sempre crescente dúvida metódica frente a perguntas sem resposta para nós, impulsionou-lhe a seguir no tema sobretodo um sentimento arraigado pola verdade e a justiça, expressado e manifestado já como crítico literário e agora como historiador: a denúncia da profunda contradiçom entre as altas exigências morais dos "representantes de Cristo" e a sua praxe verdadeiramente lamentável, desprezadora dos direitos humanos com palavras embelecidas, e mais tarde negada mesmo por historiadores submissos.

Que espera Karlheinz Deschner do papa Francisco que saiu elegido?

Deschner pessoalmente nada, vê no papado umha instituiçom totalmente superada. O que nom exclui que como sempre se aferre ao poder sobretodo coligándosse em política e economia com aqueles poderes terrenais dos que espera vantagens, sobretodo em luta conjunta e já experimentada através dos séculos contra todo que seja crítico. Nom nos devem enganar nem os anúncios de Francisco de um feche do Instituto per le Opere di Religione (IOR), conhecido como Banco Vaticano "umha reacçom às acusaçons de lavagem de dinheiro- nem as afirmaçons de estar perto dos pobres seguindo o exemplo do patrom do seu nome, Francisco de Agarrais, com censuras aos super-ricos. Francisco como papa será, como já o foi antes como Jorge Mario Bergoglio, sacerdote, cardeal e arcebispo de B. Aires "nos anos 70 provincial dos jesuítas, ordem que segue dispondo de um enorme capital e de pacotes de acçons em empresas multinacionais. Possivelmente queira perceber por estar perto dos pobres o que já percebeu no seu dia Leom XIII na seu "encíclica aos trabalhadores", com a que esperava durante a industrializaçom ganhar de novo para a Igreja a aquelas massas que ameaçavam com ir aos socialistas e comunistas, sempre hostilizadas polos gerifaltes da Igreja. Também Francisco é possível que perceba por estar "perto dos pobres" ser caritas, sedante da miséria de massas num mundo com cada vez mais partes depauperadas em lugar de comprometer-se em luta eficaz e combativa contra as causas desta crescente depauperaçom. Mas isto exige mudanças estruturais numha economia orientada exclusivamente ao benefício sem o qual nom pode haver um mínimo de justiça nem nacional nem globalmente. Por suposto, com as organizaçons argentinas de direitos humanos e familiares bem inter-comunicadas Deschner nom descarta que Francisco frente aos governos de esquerda latino-americanos pudesse jogar um papel semelhante ao jogado polo papa polonês Joám Paulo II face a representantes do socialismo real. O cepticismo de Deschner frente à ofensiva de atracçom dos coraçons de muitas gentes por parte do novo papa e as suas numerosas promessas de reforma será que basicamente na Igreja católica todo seguirá sendo como sempre foi, sobretodo essa hierarquia rígida. Porque Francisco, apesar do novo grémio de cardeais assessores, segue sendo o pontifex maximus, é dizer em todas as decisons tem a última palavra. Lembra Deschner que na sua crónica crítica do Vaticano durante os Séculos XIX e XX escreveu sobre as bases religiosas podrecidas deste império: "Se este instituto de quase dous mil anos de crimes um dia, polas razons que fora, nom só predicasse a paz senom que mesmo a praticasse, e se para isso padecesse, perdesse poder e minguasse seguiria sendo desprecíavel porque dogmaticamente é mentira. umha Igreja edificada na fraude e a mentira jamais se mostrará como eticamente servível.

Notas:

[i] Publicado em castelhano em dous tomos pola editora zaragozana Yalde e magnificamente traduzido por Anselmo Sanjuán Nájera.

[ii] Publicada pola editora Yalde

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Preso banqueiro espanhol BASENAME: canta-o-merlo-preso-banqueiro-espanhol DATE: Sun, 19 May 2013 16:43:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Jean-Guy-Allard - www.aporrea.org
18/05/13 - www.aporrea.org/internacionales/n229106.html

Blesa, financeiro de exito em grande parte pola sua aliança com a rede de chefes do Partido Popular espanhol, dirigiu a compra por parte de Caixa Madrid do City National Bank of Flórida, polo que se pagou um sobre-preço multimilionário que terminou acordando a atençom de autoridades judiciais.

Entre os conspiradores designados polo juiz encarregado do caso, numha primeira etapa da investigaçom, sobresaíu a figura de Guillermo Martínez Lluch, director da representaçom em Miami de Banacaja, entidade bancária valenciana associada à figura de José María Aznar.

É conhecido como Aznar construiu desde os anos 90 umha aliança com a Fundaçom Nacional Cubano Americana e o seu chefe, o oficial CIA Jorge Mais Canosa, cuja generosidade ajudou o político espanhol a fazer-se com uns saborosos fundos de campanha.

Sabe-se hoje que, no desenvolvimento dos seus laços com Miami " cidade pola qual ficou fascinado " involucrou a Esperança Aguirre, a ex presidenta da Comunidade de Madrid e "prima donna" do PP, que realizou várias viagens à Flórida que lhe permitiu comprometer com a fauna local.

A designaçom de Lluch como cúmplice da colossal estafa apoiou-se entom sobre os negócios sulfurosos do "conseguidor" Francisco Correa quem -segundo suspeita-se- manejava pessoalmente na entidade bancária de Miami as contas de vários politiqueros e, segundo testemunha alardeava da sua amizade com José María Aznar e o PP para abrir-se as portas melhor fechadas.

Gravaçons de conversaçons telefónicas confirmam os laços de Correa com o casal Alejandro Agag e Ana Aznar, filha do ex presidente do Governo. Na Flórida, viveu também o financeiro Juan Villalonga, amigo íntimo de José María Aznar. O seu nome aparece numha destas conversaçons

Caixa Madrid destinou mais de 1.000 milhons de euros ao desenvolvimento dos seus projectos sujos na Flórida, e à compra do City National Bank of Flórida, à conta de um enorme buraco que termina com Blesa no cárcere,

Os planos do banqueiro para casar o próximo 8 de Junho numha grande finca dos arredores de Madrid ficam suspendidos.

A ALIANÇA COM A REDE DE MAS CANOSA

Em Março de 2009, larepublica.es publicou um comentário sobre as relaçons de Esperança Aguirre com a fauna terrorista cubano-americana de Miami e sobre as ramificaçons da rede espanhola em Flórida no que se precisava que "o director da sucursal de Bancaja em Miami, umha entidade bancária espanhola vinculada a Aznar, é umha personagem que entre os seus muitos (dês) atributos tem o de umha estreita relaçom com a Fundaçom Nacional Cubano Americana desde a época da sua agora falecido titular e agente da CIA estadounidense, Jorge Mas Canosa".

O 29 de Janeiro último, faleceu em Bayamón, Puerto Rico, Antonio "Toñin" Llama, padrinho desta aliança de Aznar e o seu clam com a máfia miamense, concluída em Novembro de 1995. Llama organizou logo em Madrid a criaçom da chamada Fundaçom Hispano-Cubana, umha sucursal da sua organizaçom miamense, à qual se associou Esperança Aguirre nas suas manifestaçons de histeria anti-cubana.

Numha foto famosa, tomada durante um das suas viagens a Miami, Aznar exibe à beira das suas novas e milionárias amizades: Jorge Mais Canosa, entom capo da FNCA, e ao próprio Llama.

Mas faleceu de cancro em Novembro de 1997. Mas Aznar, agradecendo a sua generosa amizade, favoreceu a aquisiçom polos seus filhos, Jorge e Juan Carlos Mas Santos, da firma SINTEL, filial da estatal Telefónica.

A operaçom, propriamente escandalosa, converteu-se num mega-fraude que provocou a quebra da empresa privatizada e condenou ao desemprego aos seus 1,828 trabalhadores

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Harragas espanhóis interceptados em Orán. Quem, antes, acreditaria? BASENAME: canta-o-merlo-harragas-espanhois-interceptados-em-oran-quem-antes-acreditaria DATE: Sun, 19 May 2013 15:59:12 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=7316

Quatro imigrantes espanhóis ilegais interceptados na costa da Argélia

Pergunta: o leitor algum dia ouviu a palavra harraga? Resposta: Não, nunca. A variante dialetal do árabe marroquino chama de harragas os africanos que queimam os próprios documentos de identidade, antes de emigrar para a Europa em balsas, para dificultar a repatriação. Mas não têm nome na Espanha pós-colonial, pois os jornais e televisões, lá, chamam-nos simplesmente de ?imigrantes ilegais? ou ?sem papéis?.

Até há poucos dias, a viagem desses sem papéis e sem nome era sempre para o norte. Pois eis que a crise econômica que assola a Europa acaba de nos oferecer uma notícia que é como uma revanche histórica: dia 17 de abril, o jornal argelino Liberté publicou notícia sobre quatro imigrantes ilegais espanhóis, interceptados pela polícia costeira da Argélia. Dessa vez, haviam partido do norte, rumo ao sul. O curioso é que já lá vai quase um mês do acontecido, sem que nenhum jornal ou rede de televisão na Espanha ou no resto da Europa tenha noticiado. Vergonha? Sabe-se lá. Façamos votos de que os quatro rapazes tenham melhor sorte na próxima tentativa, talvez rumo à Argentina, Venezuela ou Cuba.

Aqui, a notícia publicada no Liberté, de Alger

Harragas espanhóis interceptados em Orán
Quem, antes, acreditaria?
Reguieg-Issaad, K., Liberté, Alger, Argélia,

A informação é uma bomba e não passou inadvertida, pois são... harragas espanhóis recentemente detidos pela polícia argelina, na costa ocidental do país.

A crise econômica mundial, que afeta a Espanha e alguns países europeus sugeriu uma via a quatro jovens espanhóis, que decidiram procurar trabalho em terras africanas. O que poderia ser mais natural, uma vez que a Argélia negou-lhes os vistos, que tentassem cruzar o mar em sentido oposto?

Os harragas espanhóis foram interceptados num barco, quando desembarcavam na costa da Argélia. Viajaram atraídos pelas oportunidades de trabalho nas muitas empresas espanholas que operam em Orán. Segundo nossas fontes, os jovens espanhóis, demitidos dos respectivos empregos em empresas que fecharam na Espanha, solicitaram visto de entrada na Argélia, sem sucesso. Os jovens espanhóis, agora, serão repatriados.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "Em Cuba a palavra desafiuzamento nom existe, e tem um desemprego de 3,8 por cento " BASENAME: canta-o-merlo-em-cuba-a-palavra-desafiuzamento-nom-existe-e-tem-um-desemprego-de-3-8-por-cento DATE: Mon, 13 May 2013 16:17:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.publico.es/internacional/455097/el-desahucio-no-existe-en-cuba
Sergio León
Público.es

Umha delegaçom cubana atende ao diário "Público" para falar dos avanços económicos na ilha. Rejeitam que o socialismo cubano haja fracassado e destacam que a política do Governo de Raúl Castro enfoca-se em modernizar as conquistas da revoluçom.

Eles também estám de passagem por Espanha, ainda que a sua visita nom fai parte de nengumha gira mundial. O Congresso dos Deputados nom abrirá as suas portas para receber-lhes. Nom se farám fotos com segundo que personalidades. Mas nem falta que fai. "Nom vamos seguir os passos dessa personagem".

Quem fala é Iroel Sánchez, engenheiro e jornalista cubano autor do blogue "A Pupila Insomne" e do livro "Suspeitas e dissidências" que apresenta estes dias em Espanha. Junto ao doutor em economia e vice-presidente da Associaçom de Economistas e Contadores de Cuba, Hugo Pons, percorreram Barcelona, Valencia e Madrid para realizar umha série de encontros para falar sobre a ilha. Viajaram acompanhados de Mirtha Rodríguez, mae de um do Cinco e que leva a história do seu filho por todo mundo, e do alto funcionário Alberto González.

A embaixada cubana na capital recebeu a "Público" para charlar de todo um pouco e, sobretodo, das mudanças que se estám produzindo no país caribenho. Mudanças, sim, mas concretizam: "Cuba nom muda, Cuba muda-se".

Há dous anos, o Governo de Raúl Castro começou a implementar novas medidas económicas: desde a concessom de créditos para criar e fomentar novos negócios e a promoçom do trabalho autónomo e cooperativista, passando pola cessom de terrenos agrícolas para incrementar a produçom e o levantamento da proibiçom de compra-a-venda de casas e automóveis. Passos significativos para modernizar e fazer sustentável num novo contexto internacional os sucessos e conquistas alcançadas com a revoluçom, defende Sánchez.

Ambos destacam os resultados conseguidos até agora, ainda que também som conscientes de que o caminho é comprido e o processo, lento. O economista pom 2030 como "horizonte temporário" para a transformaçom das actividades económicas que, em nengum caso, destaca, esqueceram-se de apoiar um gasto social orientado a garantir o bem-estar da populaçom. Pons sublinha que "a primeira directriz -termo empregue para as medidas económicas- que aparece aí, que é trabalhar em funçom da construçom do socialismo, nom se modificou. O objectivo segue sendo o mesmo. Poderá-se falar de umha falência do socialismo na Europa, mas o socialismo cubano aí está".

Sánchez fai finca-pé aqui na utilizaçom que se fai deste processo em alguns médios para anunciar a quebra do sistema cubano. Di-o alto e claro: "Cuba nom vai para o capitalismo". O economista alarga: "Cuba nom está a entregar a propriedade das terras, nom as está entregando, as propriedades e serviços seguem sendo públicos. Entrega-se a gestom. O peso fundamental da actividade económica cubana vai seguir sendo a empresa estatal. umha cousa é que se privilegie a actividade cooperativa, que é colectiva, nom privada, e que se alargue o trabalho por conta própria como umha forma de soluçom. Aí é onde entra a deturpaçom".

Pons, neste ponto, fai umha defesa das políticas cubanas, e nom só as actuais: "Em 2008, num contexto de crise financeira, a economia de Cuba seguia crescendo. Nom é magia, é o fruto do desenho de umhas políticas que, ainda que, nom alcança os níveis de eficiência que potencialmente poderiam ter, sim chega a oferecer umha melhora relativa do estándar de vida da populaçom".

Os dous celebram o reconhecimento que o director geral da ONU para a Alimentaçom e a Agricultura (FAO) fixo do trabalho realizado na ilha para erradicar a fame. José Graziano da Silva felicitou por carta ao ex-presidente Fidel Castro e ao povo cubano por "o importante sucesso" ao cumprir de maneira antecipada a meta traçada de reduzir à metade o número de pessoas desnutridas em cada país antes de 2015. "Cuba, com as suas políticas, alcançou bem mais que outros países que nom tenhem bloqueio, que tenhem petróleo, que som grandes produtores de alimento, que tenhem boas condiçons climatológicas" Segundo UNICEF, Cuba é o único país que acabou com a desnutriçom infantil", acrescenta Sánchez.

"Nom quer dizer que os cubanos comam o que quereriam comer. Quando Cuba compra arroz, fá-lo para 11 milhons de pessoas. Nom é umha realidade paradisíaca, mas também nom é a realidade que se fabrica nos laboratórios da guerra psicológica de EEUU", continua. Reconhecem que nada é perfeito. E Cuba, com todos os seus problemas, tampouco. "Há muitas cousas que resolver. É necessário elevar os níveis de produçom alimentícia para reduzir as importaçons. Na medida que se consiga, esse financiamento, que em 2011 supom 1.500 milhons de dólares, pode ser utilizada para outro tipo de investimentos, para, em definitiva, melhorar a qualidade de vida da populaçom", assinala Pons.

Lento, mas seguro. Tanto o economista como o bloguero defendem que é a forma para sentar as bases desta transformaçom económica, para que permaneça e seja sustentável. E de fundo, nom esquecer nunca a política social. Num panorama no que Ocidente se afoga na crise financeira e na política de recortes, Cuba, tem um desemprego de 3,8 por cento. A palavra desafiuzamento nom existe, e nom só que nom exista, senom que também nom fai parte do seu marco regulatório". Sánchez incide no tema dos desaloxos com umha frase singela, mas clarificadora: "Nom podem botar-te da tua casa, os cubanos nom o percebem porque isso nom fai parte da sua cultura".

É inevitável que, durante a conversaçom, EEUU e o seu embargo à ilha apareça de forma assídua. A chegada de Barack Obama em 2008 à Casa Branca fixo pensar que a situaçom pudesse mudar. Mas nada mais longe da realidade. "Obama é o presidente que mais travas impujo ao levantamento do bloqueio". Sánchez critica ao mandatário estadounidense e a sua imagem oferecida de "aparente abertura", por nom ser conseqüente com as promessas fixo quando era senador. "Cuba já demonstrou a sua disponibilidade a sentar a discutir. Nom é só o bloqueio, é um problema que transcende as relaçons bilaterais", assinala, por sua parte, Pons.

O ferrolhamento custou-lhe a Cuba dezenas de milhares de milhons de euros. A ilha necessita que o seu sistema seja mais eficiente, aponta o economista. Por isso expôs-se a necessidade de pôr em marcha novas medidas económicas. Sánchez destaca que essas directrizes fôrom fruto do consenso de um amplo debate da populaçom cubana. "Cuba muda para adaptar-se, mas sem esquecer da justiça social e a preservaçom da sua soberania. As mudanças levaram-se a cabo com a presença da geraçom histórica da revoluçom para dar-lhes sustentabilidade". E quando Raul Castro retire-se" "As instituiçons som mais importantes que as pessoas. O povo cubano é o que garante os objectivos", conclui o bloguero.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Fascismo BASENAME: canta-o-merlo-fascismo DATE: Mon, 06 May 2013 21:41:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://luisbrittogarcia.blogspot.com.es/

1
Hollywood representa o fascismo como quadrilha de mal-encarados em uniforme que agitam estandartes e gritam ordens. A realidade é mais perversa. Segundo Franz Leopold Neuman em Behemoth: The Structure & Practice of National Socialism, 1933-1944, o fascismo é a complicidade absoluta entre o Gram capital e o Estado. Quando os interesses do grande capital passam a ser os da política, anda perto o fascismo. Nom é casual que este surja como resposta à Revoluçom comunista da Uniom Soviética.

2
O fascismo nega a luita de classes, mas é o braço armado do capital nela. Aterroriza às classes trabalhadoras, média e a marginalidade, com o pavor à crise económica, à esquerda, e à proletarizaçom, Alista-as como paramilitares para reduzir pola força bruta a comunistas, socialistas, sindicalistas, operários e movimentos sociais. Mussolini foi subvencionado pola fábrica de armas Ansaldo e o Serviço Secreto inglês; Hitler financiado polas indústrias armamentistas do Ruhr; Franco, apoiado por terratenentes, industriais,e a Igreja; Pinochet por Estados Unidos e a oligarquia chilena.

3
A crise económica, filha do capitalismo, é pola sua vez a mae do fascismo. Apesar de estar no bando vencedor na Primeira Guerra Mundial, Itália sai dela tam destruída que a classe média se arruina e participa em massa na Marcha sobre Roma de Mussolini. Na eleiçom de maio de 1924, Hitler obteve só 6,5% dos votos. Nas de Dezembro desse ano, só 3,0%. Mas nas de 1928, quando rebenta a grande crise capitalista, obtém 2,6%, em 1930 gana 18,3%, e em 1932, 37,2%, com o qual acede ao poder e utiliza-o para anular aos restantes partidos. Mas o fascismo nom atalha a crise: piora-a. Durante Mussolini o custo da vida triplicou-se sem nengumha compensaçom salarial nem social. Hitler empregou aos parados em fabricar armamentos que conduzírom à Segunda Guerra Mundial, a qual devastou Europa e causou sessenta milhons de mortos. Franco inicia umha Guerra Civil que custa mais de um milhom de mortos e várias décadas de ruína; os fascistas argentinos eliminam um trinta mil compatriotas, Pinochet assassina uns cinco mil chilenos. Tam mau é o remédio como a doença.

4
O fascismo convoca às massas, mas é elitista. Corteja e serve às aristocracias, os seus dirigentes venhem das classes altas e instauram sistemas hierárquicos e autoritários. Charles Maier, historiador, salienta que para 1927, 75% dos membros do partido fascista italiano vinha da classe média e média baixa; só 15% era operário, e 10% procedia das elites, os quais contodo ocupavam as altas posiçons e eram quem em definitiva fixavam os seus objectivos e políticas. Hitler estabelece o "Fuhrer-Prinzip": cada funcionário usa aos seus subordinados como lhe parece para alcançar a meta, e rende contas só ao superior. O Caudilho falangista responde só ante Deus e a História, vale dizer, ante ninguém.

5
O fascismo é racista. Hitler postulou a superioridade da "raça" ária, Mussolini arrasou com líbios e abissínios, e planeou o sacrifício de meio milhom de eslavos "bárbaros e inferiores" a favor de 50.000 italianos superiores. O fascismo sacrifica aos seus fins aos povos ou culturas que despreza. Os falangistas tomaram Espanha com tropas mouras de Melilla. Albert Speer, o ministro de Indústrias de Hitler, alargou a Segunda Guerra Mundial de dous a três anos mais com a produçom armamentista activada por três milhons de escravos de raças "inferiores".

6
Fascismo e capitalismo tenhem rostos aborrecíveis que necessitam máscaras. Os fascistas copiam consignas e programas revolucionários. Mussolini dizia-se socialista, o nazismo usurpou o nome de socialismo e proclamava-se partido operário (Arbeite); no seu programa sustinha que nom se devia tolerar outra renda que a do trabalho. Pola sua falta de criatividade, roubam os símbolos de movimentos de signo oposto. Os estandartes vermelhos comunistas e a cruz gamada, símbolo solar que em Oriente representa a vida e a boa fortuna, foram confiscados polos nazistas para o seu culto da morte.

7
O fascismo é beato. Os curas apoiaram aos falangistas que saíam a matar próximos e fusilar poetas. O Papa abençou as tropas que Mussolini mandou à guerra; nunca denunciou as tropelias de Hitler. Franco e Pinochet fôrom idolatrados pola Igreja.

8
O fascismo é misógino. A missom das mulheres resume-se em Kirche, Kuchen, Kinder, vale dizer, igreja, cozinha, crianças. Nunca figurou publicamente umha colega à beira dos seus líderes; quem as tiveram, esconderam-nas ou relegárom minuciosamente. Nunca aceitaram que umha mulher ascendesse por próprio mérito ou iniciativa. Hitler encerrou-as em granjas de criaçom para parir arios; Mussolini asignou-lhes o papel de ventres para incrementar a demografia italiana, Franco e Pinochet confinárom-nas na igreja e a sala de partos.

9
O fascismo é anti-intelectual. Todas as vanguardas do século passado fôrom progressistas: a relatividade, o expressionismoo, o dadaísmo, o surrealismo, o constructivismo, o cubismo, o existencialismo, a nova figuraçom. A todas, salvo ao futurismo, tratou-as como "Arte Degenerado". O fascismo nom inventa, recicla. Só crê no ontem, um ontem imaginário que nunca existiu. O fascismo assassinou a Matteotti, encarcerou a Gramsci, fusilou a Garcia Lorca e fixo morrer no cárcere a Miguel Hernández. Pinochet assassinou a Victor Jara. Quando ouço falar de cultura, saco a minha pistola, dizia Goering. Quando ouçamos falar de fascismo, extraiamos a nossa cultura.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Irám representa umha ameaça mortal para a hegemonia global de Estados Unidos BASENAME: canta-o-merlo-iram-representa-umha-ameaca-mortal-para-a-hegemonia-global-de-estados-unidos DATE: Fri, 19 Apr 2013 22:02:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=166971

Irám representa umha ameaça mortal para a hegemonia global de Estados Unidos

Finian Cunningham
Information Clearing House

Traduzido do inglês para rebeliom por Beatriz Morais Bastos

Estados Unidos de América converteu-se em sinónimo de guerra. Nengum outro Estado naçom iniciou tantas guerras ou conflitos na época moderna como Estados Unidos de Armagedón.

Baixo a fachada que oferecem os meios ocidentais de umha Coreia do Norte "imprevisível" e "agressiva", a verdadeira fonte de conflitos nas tensons actuais de guerra na Península da Coreia é Estados Unidos. Apresenta-se a Washington como umha força contida e defensiva mas, em realidade, este perigoso confronto nuclear há que ver no contexto do histórico apetito de Washington pola guerra e a hegemonia em cada recanto do mundo.

Coreia do Norte pode apresentar um desafio imediato às ambiçons hegemónicas de Washington. Contodo, como vejamos a ver, Irám representa um desafio muito maior e potencialmente fatal para o império global estadounidense.

Graças ao trabalho de escritores e pensadores como William Blum e Noam Chomsky documentou-se que no sete últimas décadas desde a Segunda Guerra Mundial Estados Unidos estivo implicado em mais de 60 guerras, ademais de em muitos outros conflitos por intermediaçom, subterfúgios e golpes. Nengumha outra naçom da terra aproxima-se deste historial estadounidense de beligerância e ameaças à segurança do mundo. Nengumha outra naçom tem tanto sangue nas maos.

Aos estadounidenses gostam de pensar que o seu país é o primeiro do mundo em liberdade, princípios humanitários e destrezas tecnológicas e económicas. A verdade é mais brutal e prosaica: Estados Unidos é o primeiro no mundo em belicismo e em semear a morte e a destruiçom noutros países.

Se Estados Unidos nom perpetra directamente umha guerra, como no genocídio de Vietname, entom estabelece a violência através de outros, como ocorreu com as ditaduras e esquadrons da morte em América do Sul ou com a sua maquinaria militar por intermediaçom em Oriente Próximo, Israel.

Esta tendência belicosa parece acelerar desde o desaparecimento da Uniom Soviética há mais de duas décadas. Nada mais desmoronar-se a Uniom Soviética, Estados Unidos encabeçou a Primeira Guerra do Golfo contra Iraque em 1991. A isto seguiu-lhe rapidamente umha sangrenta intervençom em Somália com o nome aparentemente encantador de "Operaçom Restaurar a Esperança".

Desde entom vimos como Estados Unidos via-se involucrado em cada vez mais guerras, em ocasiom sob camada de "coligaçons de voluntários", as Naçons Unidas ou a NATO. Também se mencionaram toda umha variedade de pretextos: guerra contra a droga, guerra contra o terrorismo, Eixo do Mal, a responsabilidade de proteger, polícia do mundo, manter a paz e a segurança mundial, impedir as armas de destruiçom maciça, etc. Mas estas guerras estám dirigidas por Estados Unidos e os pretextos sempre som umha mera fachada formosa dos brutais interesses estratégicos de Washington.

Parece que agora chegamos a umha fase da história na que o mundo é testemunha de um estado de guerra permanente empreendida por Estados Unidos e os seus subalternos: Jugoslávia, Afeganistám, Iraque (outra vez), Líbia, Paquistám, Somália (outra vez), Mali e Síria, por mencionar só algumhas. Estes cenários de criminais operaçons militares estadounidenses somam-se a umha lista de guerras encobertas em curso contra Palestina, Cuba, Irám e Coreia do Norte.

Afortunadamente, um giro do destino provocado polo defunto dirigente venezuelano Hugo Chávez garantiu que grande parte de América do Sul (a mais importante do telefonema esfera de influência estadounidense) permaneça fosse dos limites dos estragos de Washington, ao menos por enquanto.

A pergunta é por que Estados Unidos tem esta desmesurada propensom à guerra. A resposta é poder. A economia capitalista global exige umha fatal luita de poder polo controlo dos recursos naturais. Para manter a sua posiçom histórica única de controlo do benefício e os privilégios capitalistas a elite corporativa estadounidense (o executivo do sistema capitalista mundial) deve ter a hegemonia dos recursos naturais do mundo.

Em 1948 George F Kennan, planificador estatal, expressou claramente a fria lógica desta propensom: "Devemos deixar de falar de objectivos vagos e irreais como direitos humanos, aumentar o nível de vida e democratizaçom. Nom está longe o dia em que teremos que abordar conceitos de poder puro. Quanto menos entorpeçam-nos entom as consignas idealistas, melhor".

Noutras palavras, Kennan estava a admitir com franqueza o que os dirigentes políticos estadounidenses a miúdo encobrem com falsa retórica, isto é, que a elite dirigente estadounidense nom tem interesse algum em defender a democracia, os direitos humanos ou o direito internacional. O que lhe interessa é o controlo do poder económico de acordo com as leis capitalistas.

Kennan, que foi um dos principais artífices da política exterior estadounidense na era posterior à Segunda Guerra Mundial, também assinalou com sinceridade e presciencia: "Se a Uniom Soviética afundasse-se manhá nas águas do oceano, a classe dirigente militar-industrial estadounidense teria que seguir adiante sem mudar substancialmente até que se pudesse inventar algum outro adversário. Qualquer outra cousa seria um shock inaceitável para a economia estadounidense".

Por conseguinte, vemos como umha vez que se desmoronou o "Império do mal" da Uniom Soviética, Estados Unidos nom alcançou encontrar um "inimigo" que a substitua nem um pretexto para o seu militarismo essencial. Os atentados terroristas de 11 de Setembro e a subseguinte "guerra contra o terrorismo" satisfigérom até verdadeiro ponto este propósito, apesar de estar cheios de contradiçons que ocultam a sua fraudulenta, como o apoio que brinda actualmente a elementos terroristas de Al-Qaeda para derrocar ao governo da Síria.

A actual ameaça de umha guerra nuclear na Península da Coreia em realidade nom tem que ver com Coreia de Norte ou com o Estado da Coreia do Sul ao que apoia Estados Unidos. Como em 1945, Coreia foi um cenário para que Estados Unidos mostrasse o seu poderio militar a quem considerava os seus principais rivais globais, Russa e China. Quando estava a terminar a Segunda Guerra Mundial os avanços da URSS e a Chinesa comunistas no Pacífico contra o Japom imperialista preocupavam muito a Washington à hora de pensar no compartimento global posterior à guerra.

Essa é a razom pola que Estados Unidos deu o passo sem precedentes de arrojar bombas atómicas sobre Japom. Foi a mais transcendental demonstraçom de poder puro e no duro por parte de Estados Unidos aos seus rivais. O duplo holocausto nuclear de Hiroshima e Nagasaki detivo imediata e completamente os avanços soviéticos e chineses na Península da Coreia contra os japoneses, aos que a populaçom coreana haviam dado a bem-vinda.

A divisom da Coreia em 1945 a instâncias de Washington também fazia parte da demarcaçom da influência global e da vigilância do controlo dos recursos que se produziram depois da guerra. A Guerra da Coreia (1950-1953) instigada por Estados Unidos e as subseguintes décadas de tensom entre os Estados do Norte e do Sul permitiram a Washington manter umha permanente presença militar no Pacífico.

A retórica acerca de "defender aos nossos aliados" que voltou a reiterar esta semana o secretário de Defesa estadounidense Chuck Hagel nom é senom umha cínica quimera do propósito e a razom verdadeiros da presença de Washington na Coreia: o controlo estratégico da Rússia e China pola hegemonia sobre os recursos naturais, transporte-los, a logística e, em última instância, o benefício capitalista.

Trágicamente Coreia do Norte e do Sul continuam atrapadas no ponto de mira da guerra geopolítica de Washington contra Rússia e China. Isto é o que fai que as actuais tensons na Península sejam tam perigosas. Estados Unidos poderia considerar que um ataque devastador contra Coreia do Norte fosse a melhor maneira nesta conjuntura histórica de enviar outra mensagem brutal aos seus rivais. Por desgraça, a capacidade nuclear da Coreia do Norte e a sua atitude hostil (que exageram os meios dominantes ocidentais) poderiam servir de escusa política superficial para que Washington adoptasse de novo a opçom militar.

Contodo, Irám apresenta um desafio muito maior e mais problemático para a hegemonia global estadounidense. Em 2013 Estados Unidos é um animal muito diferente do que era em 1945. Agora parece-se mais a um gigante torpe. Desapareceu a sua antiga destreza económica e as suas artérias estám esclerosadas pola sua decadência e mal-estar internos. O que também é de crucial importância é que o torpe gigante estadounidense malgastou toda a força moral que pudesse ter a olhos do mundo. Poda que o seu halo de moralidade e de princípios democráticos parecesse crível em 1945, mas as incontáveis guerras e as fatais intrigas ao longo das décadas subseguintes desgastárom esta aparência até revelar a um belicista patológico.

Por suposto, o poderio militar estadounidense segue sendo umha força extremosamente perigosa, ainda que agora se assemelha mais a um avultado músculo que colga no que polo demais é um corpo esquálido. Esta potência torpe e moribunda tem ante sim a Irám como um desafio fatal. Para começar, Irám nom tem armas ou ambiçons nucleares e afirmou-no muitas vezes, com o que conseguiu ganhar-se a boa vontade da comunidade internacional, incluída a opiniom pública da América do Norte e da Europa. Por conseguinte, Estados Unidos ou os seus substitutos nom podem justificar de maneira crível um ataque militar a Irám, como poderia fazer contra Coreia do Norte, sem se arriscar a umha avalanche de violentas reacçons políticas.

Em segundo lugar, Irám exerce umha influência determinante sobre o fármaco vital que mantém vivo o sistema económico estadounidense: a subministraçom mundial de petróleo e gás. Em caso que Estados Unidos fosse tam tolo como para se embarcar nisso, qualquer guerra contra Irám teria como resultado um golpe mortal para a languida economia estadounidense e global.

Umha terceira razom pola que Irám representa um desafio mortal para a hegemonia global estadounidense é que a República Islâmica é umha potência militar formidável. A sua populaçom de 80 milhons de pessoas está comprometida com o antiimperialismo e qualquer ataque de Estados Unidos ou os seus aliados teria como resultado umha guerra a escala regional que deitaria abaixo os alicerces da estrutura geopolítica ocidental, incluído o colapso do Estado de Israel e o derrocamento da Dinastia Saud e de outras ditaduras do Golfo.

Os estrategos estadounidenses sabem-no e por isso nom se atrevêrom a se enfrontar frontalmente com Irám. Mas isto expom um dilema fatal ao império estadounidense. O seu beligerância congénita procedente do seu ADN situa à elite dirigente estadounidense num ponto morto em relaçom com Irám. Quanto mais tempo persista este ponto morto, mais poder global irá perdendo o cadáver de Estados Unidos. Por conseguinte, como muitos outros impérios antes, o império estadounidense poderia afundar-se nas rocas do antigo império persa.

Contodo, a história nom acabará aí. Para alcançar a paz, a justiça e a sustentabilidade mundiais nom se necessita unicamente o colapso da hegemonia estadounidense. Necessitamos derrotar o sistema económico capitalista subjacente que dá lugar a estes poderes hegemónicos destrutivos. Irám representa um golpe mortal para o império estadounidense, mas os povos do mundo terám que edificar sobre as ruínas.

Finian Cunningham (1963) escreveu por extenso sobre questons internacionais e os seus artigos publicam em vários idiomas. Tem um Mestrado em Agricultura Química e antes de dedicar ao jornalismo trabalhou como editor científico da Real Sociedade de Química de Cambridge, Inglaterra. Também é músico e compositor. Foi expulso de Bahrein em Junho de 2011 polos seus artigos críticos nos que punha de relevo as violaçons de direitos humanos por parte do regime apoiado por Ocidente.

Fonte: http://www.informationclearinghouse.info/article34586.htm

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Capriles, o PP e o fascismo de sempre BASENAME: canta-o-merlo-capriles-o-pp-e-o-fascismo-de-sempre DATE: Fri, 19 Apr 2013 00:10:12 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Capriles, o PP e o fascismo de sempre

Juan Carlos Moedeiro
público.es

A direita pensa que o poder pertence-lhe. Quando saem eleitoralmente dos palácios de governo, adoptam desconhecer as eleiçons. Primo de Rivera, Franco, Pinochet, Salazar, Videla, Carmona... Desde que desapareceu a URSS, a direita do fim da história achou que já nom tinha adversários. Chávez lhes desquadrou as contas. Por isso aplicárom em Venezuela todas as artimanhas. Mas o processo bolivariano derrotou-as todas, incluído o golpe tradicional. Tivérom que se pôr a máscara de democratas. Quando lhes tiras dez pontos, parece que nom lhes fica outra que suportar. Isso sim, nom sem tentar enturbar os processos eleitorais. Quando as cifras som mais apertadas, dam umha patada à mesa. Algo que nunca ocorre quando o mesmo caso acontece na direcçom contrária.

Todos os grupos de observaçom internacional em Venezuela expressárom este 15 de Abril as suas conclusons sobre as eleiçons presidenciais: fôrom eleiçons limpas, transparentes, fiáveis, em conclusom, expressom verdadeira da vontade popular. Todos os grupos coincidiram. Observaçons internacionais onde estám ex Presidentes dos tribunais eleitorais da América do Norte Latina. Incluídos os de países onde se desenvolvem sistema políticos bem diferentes, como Colômbia ou México. Capriles quer desconhecer estas declaraçons colectivas prestigiosas, e apoiou-se em individualidades (um eurodeputado do PP que leva dez anos fazendo as mesmas declaraçons), ou num par de governos que adoptam pecar dos mesmos excessos. Que curioso, os dos dous países que reconheceram como Presidente ao golpista Carmona em Abril de 2002. O governo espanhol de Aznar (hoje do seu afilhado, Mariano Rajoy) e os Estados Unidos da doutrina Monroe (dá igual que o inquilino da Casa Branca seja Bush ou seja Obama).

Capriles desconheceu a vitória de Nicolás Maduro, quem lhe tirou os votos que lhe tirou Aznar a Felipe González ou Felipe Calderón a Andrés Manuel López Obradoiro. Por suposto, mais dos que lhe tirou Bush a Al Gore. Mas a Capriles deu-lhe o mesmo e chamou às suas hostes à insurreçom. E fizérom-lhe caso: queima de Centros de Diagnóstico Integral (ambulatorios), de sedes de partidos (do Partido Socialista Unido de Venezuela), assédio às televisons públicas (VTV e TeleSur), perseguiçom de médicos cubanos, queima de casas sociais e assassinato de chavistas (disparados desde veículos). Azuzados polos que, há quase nom dous dias, sorriam dizendo que para chavistas, eles. Que iam respeitar as missons, que iam nacionalizar aos médicos cubanos, que iam defender os logros dos últimos anos, que estavam com o povo. Sai-lhes o golpista em canto juntam-se três ou quatro.

E o governo do Partido Popular, apoiando. Que bochorno. Coma se nom nos bastasse o dano que nos fai dentro, também nos envergonham fora.

Venezuela aprendeu do golpe de 2002. Também América Latina. Sabe que os que agora desconhecem o resultado, som os fascistas de sempre. Um jornalista venezuelano do Opus Dei, destacado por matar a Chávez dez ou doce vezes antes de tempo, afirmou nesta segunda-feira 15 que num centro médico escondiam-se caixas com papeletas eleitorais. Turbas da oposiçom tomárom esse centro, despedaçando todo, agredindo aos médicos, seqüestrando a pacientes. Uns atiçam o ódio e outros o executam. Nom som menos culpáveis.

Capriles pede o cálculo de 100% dos votos. Nom haveria problema, salvo que é mentira que lhes interesse o resultado. Sabem que perdêrom. Dixo-lho, mesmo, o reitor eleitoral que tem no CNE. Todos os peritos do mundo sabem que auditar 54% dos votos é bem mais do necessário. É a proporçom que se audita em Venezuela. Essa auditoría demonstrou que o reconto manual das papeletas e o resultado da máquina coincidem. 15 auditorías prévias haviam blindado previamente o procedimento. O sistema venezuelano é o mais auditado do mundo. Capriles quer agora que se contem 100% dos votos. E exige desde os seus meios de comunicaçom. O único que busca é desconhecer ao Conselho Nacional Eleitoral (se quer esse cálculo, devesse impugnar as eleiçons, mas nom o fai porque ficaria como um imbecil depois das auditorias já efectuadas). Querem tempo e ruído. polo mesmo mostram fotos de destruiçom de material eleitoral de outros comícios (de 2010) coma se fossem actuais, para excitar aos seus já abduzidos fanáticos. Nom é um delito incitar ao ódio e a violência através de mentiras?

Noutros países, o que fixo Capriles e os meios de comunicaçom que lhe apoiam significar-lhes-ia cárcere. Som comportamentos insurreccionais que desconhecem as leis aplicando violência. Nom é desobediência civil pois é violenta e nom busca generalizar nengum direito. Que hipócrita o PP que apoia estes comportamentos e quer encarcerar aos indignados, aos desafiuzados, aos estudantes aos que se lhes nega o direito a estudar. O fascismo de sempre, que nom crê na democracia.

Há pouco Aznar esteve no continente organizando umha direita ibero-americana. Aqui vemos-lhes actuando. O fascismo de sempre dando-lhe um tiro na cabeça a um trabalhador enquanto lhe grita: Para que aprendas, fascista! Capriles, o PP e o fascismo de sempre.

Fonte: http://www.comiendotierra.es/2013/04/16/capriles-o-pp-e-o-fascismo-de-sempre/

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O fascismo "made in USA" aterroriza aos venezuelanos BASENAME: canta-o-merlo-o-fascismo-made-in-usa-aterroriza-aos-venezuelanos DATE: Tue, 16 Apr 2013 23:45:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A direita venezuelana ataca canais de TV, centros médicos, sedes do partido socialista e casas particulares

Agências / teleSUR / aporrea

Simpatizantes de Capriles, demonstrando as suas convicçons "pacíficas e democráticas", incendiárom a noite da segunda-feira vários centros médicos, sedes do Partido Socialista Unido de Venezuela, petro-casas, sedes de Mercal, habitaçons de militantes do Partido Socialista Unido de Venezuela, entre outros actos vandálicos.

Em Sam Cristóbal, queimárom a sede do PSUV, atacárom várias emissoras comunitárias e provocárom umha morte em Santa Ana. "atacárom CDIS, Mercales e atacárom hopedagens de militantes do Psuv em várias localidades do Estado Táchira", denunciou o governante Vielma Moura.

Grupos afectos ao ex-candidato presidencial anti-chavista Henrique Capriles rodeárom a noite da segunda-feira a sede do canal de televisom teleSUR e ameaçárom aos seus trabalhadores, informou a presidenta do canal, Patricia Villegas.

"Ameaçárom ao nosso pessoal, os trabalhadores do canal estám nos seus postos de trabalho (...) ameaçárom de maneira permanente", denunciou a presidenta de teleSUR Patricia Villegas.

"Nom se sabe se som as mesmas pessoas (que assediárom fai uns instantes ao canal do Estado Venezuelana de Televisom), mas sim respondem ao mesmo movimento político que chamou à desestabilizaçom", detalhou Villegas.

Do mesmo modo que teleSUR, a sede da estatal Venezuelana de Televisom (VTV), também foi assediada por seguidores do candidato opositor Henrique Capriles Randonski, o que foi rejeitado polo presidente da planta de televisom, William Castelo.

Assim mesmo, também fôrom accosadas as casas da presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, e dos pais do ex-ministro de Comunicaçom e Informaçom e membro do comando de campanha Hugo Chávez, Andrés Izarra.

Enquanto isso, o correspondente de teleSUR, William Parra, reportou desde o nordés de Caracas que ''há um grande sector de seguidores de Hugo Chavez que vinhérom a resguardar a casa do chefe de campanha, Jorge Rodríguez''. A residência de Jorge Rodríguez, chefe do Comando de Campanha Hugo Chávez, foi também rodeada nesta segunda-feira.

Os protestos repetirom-se em várias cidades do país sob a mesma consigna: rejeitar o resultado das presidenciais, tal como pedira o líder opositor, Henrique Capriles. O candidato realizou um chamado aos seus votantes para que se o acto de proclamaçom celebrava-se saíssem à rua como forma de protesto. "Temos a convicçom de que nós ganhamos", afirmou.

Nicolás Maduro acusou a Capriles dos incidentes e do incêndio de duas sedes do Partido Socialista Unido de Venezuela. "Queimárom a casa do PSUV no estado Anzoátegui e em Táchira com gente dentro", dixo Maduro durante umha conferência de imprensa.

"Essa é a Venezuela que vocês querem", essa é a Venezuela que tu vais promover candidato perdedor" tu és responsável por esta queima, fago-te responsável por esta queima (...) e se há feridos ou morridos tu és responsável", afirmou, dirigindo-se a Capriles. Maduro chamou a seguir "ao povo ao combate em paz". "A mobilizar-se manhá em todo o país pola paz, mobilizaçons em todo o país, e na quarta-feira e na sexta-feira, todos a Caracas", indicou em alusom ao acto de juramento presidencial. "Que saiba o mundo que classe de direita há em Venezuela", agregou.

Em Barinas, denunciou o governante Adán Chávez um grupo de manifestantes queimou dous automóveis face à sede do Psuv em Barinas, quando se encontravam pessoas dentro. "Tentárom penetrar ao local, tentárom violentar a porta, tínhamos 10 mulheres que estavam a trabalhar aí sem nengum tipo de protecçom, estám tolos, seguimos chamando à calma e reflexom", salientou.

Informou que resultárom gravemente feridos quatro funcionários policiais produtos das pedras, bombas molotov e objectos contundentes. Também queimárom vários contentores de lixo de umha empresa regional para a colheita de refugalhos sólidos. "Responsabilizo directamente a Júlio César Reyes e César Azuaje, quem estám a dirigir esta barbárie, som ademais traidores à revoluçom, estivérom durante vários anos disfarçados dentro das nossas forças e agora som os mais violentos e mais fascistas que temos em Barinas", indicou.

Manifestantes anti-chavistas arremetérom nesta segunda-feira contra o Centro de Diagnóstico Integral (CDI) Pedra Azul, situado em Baruta, Miranda. Com caçarolas, pancartas a favor do candidato derrotado, Henrique Capriles Radonski, e consignas como "fora os cubanos", o grupo chegou ao CDI perto das 4:30 da tarde exigindo o desalojo dos galenos do centro de saúde e forçando a entrada do mesmo, de acordo a umha informaçom fornecida por Lila Muñoz, pertencente aos Cuidadores da Saúde do CDI.

Ao conhecer a notícia, vizinhos da Urbanizaçom Socialista A Limonera achegárom-se para brindar o seu apoio e apoiar aos médicos cubanos que trabalham ali desde o passado Dezembro, quando foi inaugurado o CDI. Muñoz informou que o grupo de manifestantes atirou umha bomba molotov ao Centro de Reabilitaçom, onde afortunadamente nom havia pacientes. Acrescentou que no CDI estám laborando 10 médicos cubanos, quem prestam o seu serviço à comunidade. Por sua parte, Marienela Aular, quem se encontra hospitalizada no centro de saúde, relatou que umha das pessoas identificada com a oposiçom ameaçou com umha pistola.

Fontes:

http://aporrea.org/oposicion/n226961.html

http://aporrea.org/oposicion/n226952.html

http://www.elmundo.es/america/2013/04/15/venezuela/1366062632.html

http://www.telesurtv.net/articulos/2013/04/15/grupos-violentos-rodeiam sede-de-telesur-a-ameaçam-a-os seus-trabalhadores-2533.html

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Hordas fascistas de Capriles assassinam a quatro chavistas BASENAME: canta-o-merlo-hordas-fascistas-de-capriles-assassinam-a-quatro-chavistas DATE: Tue, 16 Apr 2013 23:15:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Hordas fascistas de Capriles assassinam a quatro chavistas e incendeiam sedes do PSUV, petro-casas e centros médicos

Por: Aporrea.org

15 de Abril.- Ao melhor estilo do incêndio do Reichstag em 1933 levado a cabo por hordas de Hitler, hordas fascistas de Capriles começaram a incendiar vários Centros de Diagnóstico Integral (CDI), sedes do Partido Socialista Unido de Venezuela PSUV, Petro-casas, habitaçons de militantes do PSUV, entre outros actos vandálicos.

Em Táchira, resultou assassinado o activista chavista Henry Rangel Aroza, segundo revelou o governante Vielma Moura.

Em Miranda, hordas opositoras assassinaram ao chavista Luís Ponce.

Na Limonera, município Baruta, outro militante revolucionário faleceu como resultado de ataques perpetrados por hordas pro-Capriles.

Em Pau Verde, ao lês-te de Caracas, resultou incendiado outro CDI.

Nos sectores Oropeza e Trapichito de Guarenas, opositores atacaram um CDI e aos médicos cubanos de guarda.

A ordem de ataque a CDIs veio do jornalista opositor Nelson Bocaranda, quem ordenou aos seus 1.2 milhons de seguidores atacar um CDI baixo o suposto pretexto de que médicos cubanos ocultam caixas com votos.

Segundo denúncia vizinhos, a polícia de Baruta está a pôr-se flanelas vermelhas para matar gente e acusar aos chavistas.

Também estám a incendiar petro-casas em Flor Amarelo, Maracay, CDIs., sedes de Mercal, hordas fascistas lideradas por Richard Mardo, denunciou Mario Silva.

Na Trigaleña entraram mas de 150 pessoas ao CDI, denunciou o governante Ameliach, quem despregou um operativo anti-golpista.

Em Sam Cristóbal, queimárom a sede do PSUV, atacaram várias emissoras comunitárias e provocaram umha morte em Santa Ana, do militante do Psuv, Henry Rangel, atacaram CDIS, Mercales e atacárom hopedagens de militantes do Psuv em várias localidades do Estado Táchira, denunciou o governante Vielma Moura.

Em Anzoátegui queimárom a casa do Psuv em Barcelona, logo passaram motorizados e disparárom.

Asediam os CDIs., os Simomcitos.

Aristóbulo Isturiz, responsabiliza destes actos a Capriles Radonski.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Coreia-Agenda oculta e desinformação BASENAME: canta-o-merlo-coreia-agenda-oculta-e-desinformacao DATE: Tue, 16 Apr 2013 22:52:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

A campanha de desinformação acerca da Coreia continua intensa nos media que se auto-proclamam como "referência". A generalidade deles recorre a explicações do foro psico-patológico para definir o comportamento do governo norte coreano. Contudo, nenhum deles sequer aflora a agenda oculta do imperialismo. O objectivo não confessado do governo Obama é efectuar uma mudança de regime na Coreia do Norte ? tal como as mudanças de regime que os EUA efectuaram no Iraque, na Líbia e na Jugoslávia e tal como as que está a tentar efectuar na Síria, Irão e Venezuela. Daí toda a série de provocações deliberadas, cuidadosamente medidas e calculadas, efectuadas pelo governo Obama. Elas estão a ser feitas nos planos económico, bancário, diplomático e militar. O objectivo é arruinar a economia coreana e fazer sofrer o seu povo a fim de gerar insatisfação contra o regime. Recorde-se que no momento da criminosa invasão do Iraque, em 2003, aquele país já havia sofrido dez anss de sanções económicas que o debilitara profundamente. Já não tinha meios nem forças para resistir. Por isso foi invadido e ocupado. Assim, o comportamento corajoso e combativo do governo e do povo norte-coreano tem lógica e racionalidade. Eles estão a lutar pela sobrevivência. Os coreanos sabem bem das atrocidades de que foi capaz de cometer o imperialismo na década de 1950, quando aviões da USAF espalhavam tapetes de napalm sobre aldeias camponesas, quando as cidades coreanas foram arrasadas, quando efectuaram ensaios de guerra bacteriológica e quando o general MacArthur ameaçou recorrer à bomba atómica para vencer a guerra (só por isso é que foi demitido por Truman, não pelos crimes anteriores).
A solidariedade para com os países agredidos pelos imperialismo é um dever

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Encruzilhadas Perigosas: A ameaça de uma guerra nuclear preventiva dirigida contra o Irã BASENAME: canta-o-merlo-encruzilhadas-perigosas-a-ameaca-de-uma-guerra-nuclear-preventiva-dirigida-contra-o-ira DATE: Sun, 07 Apr 2013 12:16:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

By Prof Michel Chossudovsky
Global Research, March 28, 2013

Por mais de uma década Irã vem sendo obstinadamente acusado de estar desenvolvendo armas nucleares, e isso sem evidências. A República Islâmica do Irã é continuamente representada pela mídia ocidental como uma ameaça a segurança de Israel e do mundo ocidental.
Numa amarga ironia, a Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos em relação a alegada capacidade de armas nucleares do Irã, vem refutando as barragens de desinformação, assim como as declarações belicosas provenientes da Casa Branca. A Avaliação do Serviço de Inteligência Nacional de 2007, NIE na sigla inglesa, declarava que: ?julga-se com grande confiança que no outono de 2003, Teerã  tenha suspendido seu programa de armas nucleares.? (2007 Avaliação do Serviço de Inteligência Nacional   Irã: Intenções e capacidades nucleares; Novembro de 2007, Veja também ?Departamento do Diretor de Inteligência Nacional?, ODNI na sigla inglesa. [1]
?Nós avaliamos com uma certa confiança que Teerã não tenha retomado seu programa de armas nucleares, até quando dos meados de 2007, mas não sabemos se atualmente tenha intenção de desenvolver armas nucleares.
- Nós continuamos a avaliar com uma confiança indo de moderada a alta, que Irã não possue atualmente uma arma nuclear.
- A decisão de Teerã de suspender seu programa de armas nucleares sugere que os iranianos estarão menos determinados a desenvolver armas nucleares do que nós estivemos julgando desde 2005.  A nossa avaliação de que o programa tivesse sido suspendido em resposta as pressões internacionais, sugere que o Irã poderia ser mais vulnerável a influências, na questão, do que tinhamos julgado préviamente.? (2007 Avaliação do Serviço de Inteligência Nacional, Irã: Intenções e capacidades nucleares; Novembro de 2007) [2]
Em fevereiro de 2011, o Diretor da Inteligência Nacional James R. Clapper (foto)
- quando da apresentação da Avaliação do Serviço de Inteligência Nacional de 2011 (NIE) para o Comité de Inteligência do Senado ? foi confidenciado ? com alguma hesitação ? que a República Islâmica do Irã não estaria procurando desenvolver uma capacidade para armas nucleares: ?nós não sabemos se depois de um tempo Irã irá decidir-se por construir armas nucleares.?
O NIE de 2011 confirma em grande parte os resultados obtidos pela comunidade dos serviços de inteligência dos Estados Unidos no seu NIE de 2007, que continuava, de acordo com o ?The New York Times?, a ser de que ?a perspectiva das 16 agências dos serviços de inteligência, age em consenso geral.?
A doutrina da guerra nuclear preventiva do pós- 9/11
Tendo sido primeiramente formulada na administração de Bush, através da ?Revisão da Postura Nuclear? de 2002,  a doutrina da guerra nuclear preventiva, que se integra na Guerra Global ao Terrorismo, começou a tomar forma imediatamente depois da guerra do Iraque.  Um ataque nuclear de prevenção `defensiva´ contra o Irã, e isso através de usar armas nucleares táticas, foi apresentado como uma forma de destruir o não-existente programa de armas nucleares da República Islâmica do Irã.
Os chamados `mini nukes´, ou seja, pequenas armas nucleares possíveis de serem transportadas numa mala, numa mochila, ou em qualquer outro compartimento pequeno, foram caracterizados como a `arma ideal´ para se conduzir ataques nucleares preventivos.
Em 2003 os mini nukes, constituidos de bombas contendo ogivas ou pontas nucleares capazes de arrebentar abrigos antiaéreos de grande solidez e de maior ou menor profundidade, foram re-categorizadas pelo Senado dos Estados Unidos como bona fide armamentos convencionais. [Bona Fide sendo usado como um conceito que indica intenções honestas  independentemente dos resultados que essas possam trazer]. A nova definição de ogivas nucleares obscureceu a distinção entre armamentos convencionais e nucleares.
O Senador Edward Kennedy, na ocasião, acusou a administração de Bush por ter desenvolvido ?uma generação de armas nucleares mais usáveis?. Através de uma campanha que enlistou o apoio de cientistas nucleares ?de autoridade?, os mini-nukes foram apresentados como instrumentos de paz, em vez de instrumentos de guerra.
?Administradores oficiais argumentam que armas nucleares de baixo rendimento, como os mini nukes, seriam necessárias como ameaças dignas de crédito a poderem ser usadas contra estados ?sem eira nem beira? [Irã, Coréia do Norte]. A lógica é de que as armas nucleares existentes são muito destrutivas para serem usadas, excepto numa guerra nuclear total. Potenciais inimigos compreendem isso e portanto não consideram uma ameaça de retaliação nuclear como dígna de crédito. Entretanto, armas nuclares de baixo rendimento, como os mini nukes, sendo menos destrutivas, poderiam ser concebidas como usáveis. Isso as faria mais efetivas como ameaça credível.? (Opponents Surprised By Elimination of  Nuke Research Funds, Defense News, 29 de Novembro, 2004)
Numa lógica extremamente contorsida armas nucleares são apresentadas como meios de construção da paz e de prevenção contra `estragos colaterais´. O Pentágono confidenciou a esse respeito, que os mini-nukes seriam `inofensivos aos civís´ porque a explosão iria `ser feita abaixo da terra´. No entanto, cada um desses mini-nukes constitue em termos de explosão e de potencial chuva radioativa  ? uma grande parcela da bomba que caiu sobre Hiroshima em 1945.
Avaliações dos rendimentos das bombas de Nagasaki e Hiroshima indicam que esses seriam de 21.000, e de 15.000 toneladas, respectivamente. Mini-nukes tem um rendimento, quanto a capacidade explosiva, entre 1/3 e 6 vezes a bomba de Hiroshima.
Seguindo a ?luz verde? do Senado em 2003, o qual apresentou os mini nukes como `bombas humanitárias´ uma mudança importante na doutrina das armas nucleares foi desenvolvida. Os nukes de baixa-rentabilidade foram aceitos para `uso em campos de batalha´. Em contraste com os avisos em maços de cigarros (veja a foto proposta para a marca da Administração para Alimnetos e Drogas), os elementos `consultivos´ sobre os `perigos das armas nucleares para a saúde humana´ já não são mais incluidos nos manuais militares. Esses manuais foram revisados. Essa `nova´generação de armas nucleares táticas é considerada como segura, sem perigo, assim como inócua. Os perigos da radiação nuclear já não são mais reconhecidos como tal. Não há mais impedimentos, ou obstáculos políticos para o uso de bombas termonucleares de baixo rendimento.
A `comunidade internacional´ endorssa a guerra nuclear em nome de uma Paz Mundial.
Mini-nukes: O sistema preferido de armamentos para uma `guerra nuclear preventiva´
Enquanto relatórios apresentam uma tendência de descrever as bombas B61 como uma relíquia da guerra fria, a realidade se apresenta de maneira diferente: os mini-nukes são os sistemas de armamentos preferidos da doutrina da guerra nuclear preventiva. Eles deverão ser usados em teatros de guerras convencionais, contra terroristas e `estados patrocinadores de terrorismo´, inclusive a República Islâmica do Irã.
Planos concretos para deslanchar um ataque nuclear preventivo contra o Irã tem estado na mesa de projetos do Pentágono desde 2004. Um ataque nuclear preventivo consistiria em dispor armas nucleares táticas B61 dirigidas contra o Irã. Planeja-se que o ataque deverá ser ativado a partir de bases militares na Europa Ocidental, Turquia e Israel.
Em 2007  a OTAN confirmou seu apoio à doutrina nuclear preventiva dos Estados Unidos num relatório entitulado `A caminho de uma grande estratégia para um mundo incerto: Renovando associações transatlânticas´. [3]
O relatório (que tem como autores os ex- chefes de equipe dos sectores de defesa dos EUA, Reino Unido, Alemanha, França e Países Baixos e que foi patrocinado pela Fundação Noaber da Holanda) propõe o uso de armas nucleares num ataque preventivo, de carácter não-retaliatório mas sim de carácter ofensivo iniciador (`first strike´)  contra países não-nucleares. Declaravam então que esse seria:
?o  intrumento ideal para uma resposta assimétrica ? ao mesmo tempo também que o melhor instrumento  para uma escalação. Eles são também mais do que um instrumento, porque transformam a natureza de um conflito e alargam o seu alcance do regional para o global. Lamentávelmente, armas nucleares ? e com elas a opção de usá-las pela primeira vez ? são indispensáveis,  uma vez que simplesmente não há prospectos para um mundo não-nuclear.? (Ibid, p. 96-97, ênfases acrescentadas)
De acordo com os autores Irã constitui uma ameaça estratégica de principal importância ? não só para Israel, ?o qual ameaçou de destruir, mas também para toda a região.? (Ibid, p.45) O que é necessário é que Aliança Atlântica ?restaure através de uma  escalação [militar] a capacidade de dissuasão.?
Nesse contexto o relatório endossado tanto pela OTAN como pelo Pentágono, contempla:
?a dominância da escalação, o uso de um saco cheio de cenouras e cacetetes ? e realmente de todos os instrumentos suaves e severos,  indo de protestos diplomáticos a armas nucleares.? (Report, p.96, ênfases acrescentadas)
Em dezembro de 2011, menos de um ano depois da publicação da Avaliação do Serviço de Inteligência Nacional (NIE) de 2011, avaliação essa que sublinhava que Irã não tinha um programa de armas nucleares, uma `não opção para fora da mesa de projetos´ numa agenda dirigida contra o Irã, foi avançada pela administração de Obama.
O que representavam-se aqui mentalmente era uma postura militar planejada e coordenada pelo conjunto EUA-OTAN-Israel em relação ao Irã. Foi entendido, como foi confidenciado pelo ex Secretário da Defesa Leon Panetta, que Israel não iria agir unilateralmente contra o Irã. No caso de um ataque ao Irã, a ?luz verde? deveria ser garantida por Washington.
?Qualquer operação militar contra o Irã por parte de Israel precisa de ser coordenada com os Estados Unidos e ter seu apôio?, disse Panetta.
Os vários componentes da operação militar iriam estar firmemente abaixo do Comando dos Estados Unidos e ser coordenados pelo Pentágono e pelo USSTRATCOM, na base Offutt da Força Aérea em Nebrasca. [4]
Ações militares por parte de Israel seriam levadas a cabo em estreita coordenação com o Pentágono. A estrutura de comando da operação é centralizada e ao fim e ao cabo, Washington decide se, e quando deslanchar uma ofensiva militar.
Em Março de 2013  a resolução em relação ao Irã de `todas as opções´ estava na agenda durante a visita oficial a Israel. Enquanto uma abordagem integrada EUA-OTAN-Israel em resposta `aos perigos de um Irã armado com armas nucleares´ tenha sido reafirmada, o tom da discussão ia na direção de uma ação militar contra o Irã.
A visita de Obama a Israel foi precedida por altos níveis de consultações bi-laterais, incluindo a visita do Chefe de Equipe da IDF Benny Gantz a Washington, em fevereiro, para discussões relacionadas ao Irã e a Síria com o Presidente do Conjunto dos Chefes de Equipe dos Estados Unidos, o General Martin Dempsey. Benny Gantz foi acompanhado pelo Major General Aviv Kochavi, diretor do Serviço de Inteligência Militar da IDF, no encontro com os seus contrapartes americanos. O novo chefe do Pentágono, Chuck Hagel, estará visitando Israel em abril, como parte de um encontro-de-continuação.
?Tweeters apontaram para o fato de que quando Obama tirou o seu paletó, Netanyahu imediatamente imitou o presidente. Tudo parecia muito bem coordenado. (Foto de twitter.com user @netanyahu)
No curso da visita de Obama, o primeiro-ministro Netanyahu reiterou a necessidade para ?uma ameaça de ação militar clara e dígna de crédito [contra o Irã],? enquanto confidenciando que Israel poderia agir unilateralmente. A esse respeito vale a pena notar que em agôsto de 2012, uns poucos meses antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, uma fuga de informação vinda de um documento de instruções e informações da IDF (traduzido do hebraico) tinha revelado os detalhes do  ?ataque de choque e pavor?  proposto por Netanyahu contra o Irã.
?O ataque de Israel será aberto por um ataque coordenado, que inclui um cyber-ataque sem precedentes ? Uma barragem de dezenas de mísseis balísticos seriam lançados de Israel em direção ao Irã ? vindos dos submarinos de Israel na vizinhança do Golfo Pérsico. Os mísseis estariam armados com elementos altamente explosivos equipados com pontas reforçadas, projetadas especialmente para penetrar alvos robustos e de grande dureza. ? Uma barragem de centenas de mísseis de diversas distâncias irá abater sistemas de comando e controle, instalações de pesquisa e desenvolvimentos de projetos, ? entre os alvos aprovados para ataque ?   Shihab 3 e Sejil,  silos de mísseis balísticos, tanques de armazenamento para componentes químicos dos combustíveis para foguetes, instalações industriais que produzam sistemas para controle de mísseis, plantas de produção de centrífugas e outros.? ? ênfases acrescentadas. [5]
Os detalhes do ataque mencionado na fuga de informação do documento de informações e instruções da IDF acima mencionado, pertencem sómente ao uso de sistemas de armamentos convencionais.
Esse artigo foi originalmente publicado em RT Op- Edge.
Michel Chossudovsky
Global Research 26 de março de 2013
RT Op- Edge 25 de Março de 2013
 
Tradução Anna Malm ? *Licenciatura: Economia e Psicologia; Bacharelado: Ciência Política e Economia.Notas.
[1] (2007 National Intelligence Estimate Iran: Nuclear Intentions and Capabilities; November 2007, See also Office of the Director of National Intelligence (ODNI)
[2] (2007 National Intelligence Estimate Iran: Nuclear Intentions and Capabilities; November 2007)
[3] ?Towards a Grand Strategy for an Uncertain World: Renewing Transatlantic Partnership?
[4] US Strategic Command Headquarters (USSTRATCOM) at the Offutt Air Force base in Nebraska
[5] (Quoted in Richard Silverstein, Netanyahu?s Secret War Plan: Leaked Document Outlines Israel?s ?Shock and Awe? Plan to Attack Iran, Tikun Olam and Global Research, August 16, 2012, emphasis added).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Francisco I e a repressão: algo a esconder? BASENAME: canta-o-merlo-francisco-i-e-a-repressao-algo-a-esconder DATE: Fri, 29 Mar 2013 10:28:21 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.outraspalavras.net/2013/03/17/francisco-i-e-a-repressao-algo-a-esconder/

Francisco I e a repressão: algo a esconder?
By
Amy Goodman
17/03/2013

Jornalista argentino que investigou relações entre ditadura e Igreja revela papel real de Bergoglio. Também prevê: Papa será um ?conservador-populista?
Entrevista a Amy Goodman e Juan González, em Democracy Now | Tradução: Gabriela Leite
No início desta semana, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito por seus pares como novo Papa da Igreja Católica. Assumiu o posto sob o título de Francisco. Imediatamente, vieram à tona os laços de cumplicidade mantidos entre a cúpula eclesiástica argentina e a ditadura militar, no poder entre 1976 e 83. Qual teria sido o papel de Bergoglio nestas relações perigosas?
Um dos principais jornalistas investigativos da Argentina, Horacio Verbitsky (hoje no diário ?Pagina 12?) escreveu extensivamente sobre a carreira do Cardeal Bergoglio e suas ações no período, em que mais de 30 mil pessoas foram sequestradas e assassinadas. Uma ação judicial de 2005 acusou Jorge Bergoglio de estar conectado aos sequestros de dois padres jesuítas em 1976, Orlando Yorio e Francisco Jalics. A ação foi protocolada após a publicação do livro de Verbitsky, ?O Silêncio: De Paulo VI a Bergoglio: As Relações Secretas entre a Igreja e a ESMA?. ESMA é a antiga Escola Superior de Mecânica da Marinha argentina, transformada em um centro de detenção onde prisioneiros eram torturados pela ditadura militar.
Bergoglio negou as acusações. Ele invocou duas vezes seu direito, sob a lei argentina, de recusar-se a depor no processo aberto para apurar os fatos. Quando finalmente o fez, em 2010, os ativistas de direitos humanos caracterizaram suas respostas como evasivas. Na última quarta-feira (13/3), Verbitsky falou a ?Democracy Now? sobre o passado do novo Papa, e também sobre seu perfil.

Amy Goodman: Para começar, gostaria que você nos contasse o que acha importante para entendermos o perfil do novo Papa, Francisco.
O principal a se entender sobre Francisco I é que ele é um conservador populista, ao mesmo estilo de João Paulo II. É um homem de posições conservadoras fortes em questões de doutrina, mas com um toque popular. Prega em estações de trem, nas ruas. Vai até os bairros pobres para rezar. Não espera as pessoas irem até a igreja, vai até elas. Mas a mensagem é absolutamente conservadora. Ele opôs-se ao aborto, à lei do casamento homoafetivo. Lançou uma ?cruzada contra o mal?, quando o Congresso estava aprovando esta lei, exatamente no mesmo estilo de João Paulo II. Isso é o que considero ser a característica principal do novo papa.
Juan González: Bem, talvez este conservadorismo seja característica comum de muitos cardeais consagrados nos dois últimos papados. Mas no caso de Bergoglio, existe também a questão de seu papel, ou das acusações sobre seu envolvimento na ?Guerra Suja?, na Argentina. Você, que fez diversas reportagens investigativas sobre o tema, poderia nos dizer algo a respeito?
É claro. Ele foi acusado por dois padres jesuítas de tê-los denunciado aos militares. Faziam parte de um grupo sob direção de Bergoglio. Ele tornou-se o superior provincial da ordem, na Argentina, quando ainda muito jovem. Foi o provincial jesuíta mais novo da história: aos 36 anos [em 1972]. Durante um período de grande atuação política na Companhia de Jesus, ele estimulou o trabalho social dos jesuítas. Mas quando o golpe militar derrubou o governo de Isabel Perón, ele mantinha contato com os militares e pediu aos jesuítas para interromperem a ação social. Como recusaram-se a fazê-lo, deixou de protegê-los, e permitiu que os militares soubessem que eles não estavam mais sob proteção da Companhia de Jesus. Eles foram sequestrados e o acusam por esta ação. Ele nega. Ele disse a mim que tentou libertá-los, que falou com os ex-ditadores Videla e Massera para libertá-los.
Durante um longo período, ouvi duas versões: a versão dos dois padres sequestrados, que foram soltos depois de seis meses de tortura e cativeiro, e a versão de Bergoglio. Essa foi uma questão controversa e divisiva no movimento de direitos humanos a que pertenço, o Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS). O presidente fundador do CELS, Emilio Mignone, afirmou que Bergoglio era cúmplice dos militares. Uma advogada do CELS, Alicia Oliveira, que era amiga de Bergoglio, conta outra parte da história, que Bergoglio os ajudou. Essas são as duas versões.
Mas durante a pesquisa para um dos meus livros, encontrei, no arquivo do ministério de Relações Exteriores da Argentina, documentos que, segundo entendo, encerram o debate e mostram o duplo padrão que orientou Bergoglio. O primeiro documento era uma nota na qual ele pedia ao ministro a renovação do passaporte de um desses jesuítas, sem que tivesse necessidade de voltar à Argentina. O segundo, é uma nota do oficial que recebeu a petição, recomendando a seu superior, o ministro, a recusa da renovação do passaporte. E o terceiro documento é uma nota do mesmo oficial, dizendo que esses padres tinham ligação com a subversão ? era assim que os militares caracterizavam qualquer pessoa envolvida com a oposição do governo, política ou armada ?; que ele havia sido preso na ESMA; e que essa informação fora dada pelo Padre Jorge Mario Bergoglio, provincial superior da Companhia de Jesus.
Isso significa, no meu entendimento, um duplo padrão. Ele pediu o passaporte para o padre em uma nota formal, com sua assinatura; mas, em privado, disse o oposto, e repetiu as acusações que fizeram os padres ser sequestrados.
Amy Goodman: Você pode explicar o que aconteceu a estes padres, Orlando Yorio e Francisco Jalics?
Ambos, quando soltos, estavam drogados, confusos. Foram transportados de helicóptero para a periferia de Buenos Aires e abandonados. Quando encontrados, dormiam sob efeito de drogas, em péssima condição. Haviam sido interrogados e torturados. Um dos interrogadores aparentava ter conhecimento de questões teológicas, o que levou um dos padres, Orlando Yorio, a pensar que seu próprio provincial, Bergoglio, estivesse envolvido no interrogatório.
Amy Goodman: Segundo este padre, o próprio Bergoglio teria feito parte de seu interrogatório?
Ele me disse que teve a impressão de que seu próprio provincial, Bergoglio, estava presente durante o interrogatório, no qual um dos interrogadores sabia bastante sobre questões teológicas. Quando solto, ele foi a Roma, onde viveu sete anos, antes de voltar à Argentina. Ao regressar, ligou-se à diocese de Quilmes, na Grande Buenos Aires, cujo bispo era um dos líderes do ramo progressista da igreja argentina, oposto ao de Bergoglio. Então, Orlando Yorio denunciou Bergoglio. Eu recebi seu testemunho quando Bergoglio foi eleito arcebispo de Buenos Aires. E também entrevistei Bergoglio, que negou as acusações, dizendo que defendeu os padres.
Orlando Yorio colocou-me em contato com o outro padre, Francisco Jalics, que vivia na Alemanha. Ele confirmou a história, mas não quis ser mencionado em minha matéria, porque preferia, segundo disse, não lembrar dessa triste parte de sua vida e perdoar. Acrescentou que havia passado muitos anos ressentido com Bergoglio, mas estava disposto a perdoar e esquecer. Quando publiquei meu livro sobre o caso, um jornalista argentino que havia sido discípulo de Jalics falou com ele e pediu que contasse a verdadeira história. Jalics respondeu que não iria nem afirmá-la, nem negá-la.
Juan González: Gostaria de indagar sobre outro padre que se envolveu com a Guerra Suja, Christian von Wernich, um antigo capelão do Departamento de Polícia na Argentina.
Ele foi condenado, e ele está na cadeia, em prisão comum. Mas a igreja argentina, durante o mandato de Bergoglio, não o puniu, em termos canônicos. Ele foi condenado pela justiça humana mas, pelos padrões da igreja, continua a ser um padre. Isso também diz algo sobre Bergoglio e a igreja argentina.
Juan González: Von Wernich estava envolvido em assassinatos, torturas e sequestros. Você poderia detalhar alguns dos crimes pelos quais foi condenado?
Von Wernich era parte ativa nas torturas e assassinatos. Foi condenado não apenas como cúmplice, mas como participante dos crimes. Estava presente durante sessões de tortura. E não há apenas um capelão envolvido, existem alguns outros que estão sob julgamento nesse momento. O capelão Regueiro está sob prisão domiciliar, por ser idoso. O capelão Zitelli, da província de Santa Fé, esteve presente em sessões de tortura. Vários capelões foram parte da Guerra Suja.
Amy Goodman: Gostaria de ler parte de um despacho do Departamento de Estado dos EUA, revelado pelo WikiLeaks, que faz referências ao padre Christian von Wernich, condenado em 2007 por cumplicidade em muitos casos de assassinato, tortura e prisões ilegais na Argentina durante o período militar. O texto observa que a condenação deu-se, cito, ?no momento em que alguns observadores consideraram o Cardeal Primaz Católico Romano Bergoglio um líder da oposição ao governo de Kirchner, devido a seus comentários sobre questões sociais; o caso von Wernich poderia também ter efeito, alguns acreditam, de minar a autoridade moral de Igreja (e, por extensão, do Cardeal Bergoglio), ou sua capacidade de comentar questões políticas, sociais ou econômicas?. Horacio, você poderia comentar?
Podemos analisar este documento por partes. Primeiro, o Departamento de Estado considerou Bergoglio o chefe da oposição ao governo Kirchner. Eu concordo com esta avaliação. O Departamento de Estado também fala sobre a condenação do padre von Wernich ter, como possível objetivo, o de minar a posição de Bergoglio. Isso não é verdade, no meu entendimento. A condenação do padre von Wernich é uma consequência de um movimento que começou muito antes dos Kirchner chegarem ao poder e tem sua própria lógica judicial, não se subordina a um calendário político.
Amy Goodman: Gostaria de perguntar sobre o tema do ocultamento de prisioneiros políticos, quando uma delegação de direitos humanos foi à Argentina. Você pode relatar o episódio, as alegações e o eventual papel de Bergoglio?
Não, neste episódio Bergoglio não teve intervenção alguma. Quem agiu foi o cardeal que chefiava a igreja em Buenos Aires. À época, Bergoglio não era arcebispo. Quando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos veio à Argentina, para investigar alegações de violação de direitos humanos, a marinha retirou 60 prisioneiros da ESMA e os levou a uma vila, usada pelo Cardeal Aramburu nos fins de semana. Este imóvel, na periferia de Buenos Aires, era também o local onde se celebrava, a cada ano, o final dos estudos, no seminário católico. A Comissão Interamericana visitou a ESMA, e não encontrou os prisioneiros que supostamente estariam lá.
Bergoglio não teve intervenção alguma no episódio. Na verdade, ele ajudou-me a investigar o caso. Deu-me a informação precisa sobre onde estavam os documentos atestando que a vila era propriedade do Arcebispado de Buenos Aires.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Intensificar a campanha pela ruptura com a UE e as políticas do capital BASENAME: canta-o-merlo-intensificar-a-campanha-pela-ruptura-com-a-ue-e-as-politicas-do-capital DATE: Wed, 27 Mar 2013 21:04:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Acontecimentos em Chipre
Intensificar a campanha pela ruptura com a UE e as políticas do capital

por KKE

O KKE exprime sua solidariedade com o povo cipriota contra a chantagem e as medidas anti-populares brutais impostas pela União Europeia e o FMI com a cumplicidade dos governos burgueses, inclusive o grego e o cipriota, a fim de preservar os interesses do capital. O "Não" ao plano da UE não é único. Há o "Não" do povo e o "Não" daqueles que desejam servir os interesses particulares dos monopólios.

Os diversos planos alternativos para o financiamento da economia cipriota (com a participação da Rússia e de outros Estados ou com uma tomada de empréstimo nacional, que terá um impacto negativo sobre as caixas da segurança social ou retornando à moeda nacional, como várias forças propõem), mesmo se fossem postos em prática constituiriam igualmente um impasse para os interesses do povo.

Eles apoiam-se na tomada de controle pelos monopólios de uma parte das riquezas energéticas do país. A luta entre estas duas fórmulas no quadro da UE nada tem a ver com os interesses do povo.

Verifica-se que a gestão da crise capitalista, com os monopólios a adquirirem uma posição dominante na economia e pela participação da UE ou outras alianças imperialistas, faz-se sempre em detrimento dos trabalhadores.

As medidas anti-populares não afectam somente a taxa sobre a poupança dos cipriotas mas põem em causa os direitos dos trabalhadores em Chipre, propõem privatizações e as mesmas medidas que esmagam o povo grego e os outros povos da UE. O facto de o plano do Eurogrupo referente à tributação da poupança dos cipriotas ter sido rejeitado pelo Parlamento não deve conduzir a uma posição de complacência no futuro. O povo cipriota deve utilizar este acontecimento para reforçar sua luta contra as medidas anti-populares.

Os acontecimentos em Chipre, com a escalada da ofensiva anti-popular, demonstram mais uma vez a amplitude da manipulação orquestrada por estas forças que difundiram no seio dos povos a ideia de que o acesso à UE traria prosperidade, convergência, solidariedade em favor dos povos. Eis o que é a União Europeia ? e ela não poderá mudar.

A sua essência permanece a mesma, qualquer que seja a força que tenda a impor-se no seio da UE ? a Alemanha e os países que com ela se alinham, ou então outros eixos e alianças como a aliança dos países do Sul como pretende o SYRIZA. Dito de outra forma, a UE é uma aliança predatória que ataca os trabalhadores no seu conjunto a fim de garantir a taxa de lucro dos grandes grupos económicos.

As últimas evoluções confirmam que hoje, nas condições de uma crise muito profunda, reforçam-se tendências centrífugas no seio da UE e da zona euro assim como a competição entre os países e as fracções do capital para saber que vai aproveitar mais com a crise, que vai sofrer as perdas menos importantes. A competição pelo controle dos recursos naturais e as vias de transporte energético reforça-se, em particular na região do Mediterrâneo oriental, o que implica perigos imprevisíveis para as populações.

O povo grego, o povo cipriota e os outros ovos da Europa podem e devem colocar sua marca sobre os acontecimentos. Devem rejeitar a chantagem do capital, da UE e do FMI. Não devem alinhar-se por trás de qualquer potência imperialista que seja. Devem seguir a via da retirada da UE e das alianças imperialistas.
Gabinete de imprensa do Comité Central do KKE

Ver também:
Statement of Andros Kyprianou, General Secretary of the C.C. of AKEL , 22/Mar/13
Statement by Andros Kyprianou, General Secretary of the C.C. of AKEL , 21/Mar/13
Statement of the Secretariat of the C.C. of AKEL , 16/Mar/13
Speech of Andros Kyprianou, General Secretary of the C.C. of AKEL, to the plenary of the House of Representatives in the debate on the bill for the haircut on deposits agreed between the Government and the Eurogroup , 19/Mar/13
"The unacknowledged secret" By Costas Christodoulides, Head of the European Affairs Department and member of the C.C. of AKEL , 08/Mar/13

Este comunicado encontra-se em solidarite-internationale-pcf.over-blog.net/...

Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: ?O Papa de Washington?? Quem é o Papa Francis I? Cardinal Mario Bergoglio e a ?Guerra Suja? da Argentina. BASENAME: canta-o-merlo-o-papa-de-washington-quem-e-o-papa-francis-i-cardinal-mario-bergoglio-e-a-guerra-suja-da-argentina DATE: Tue, 26 Mar 2013 22:56:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

By Prof Michel Chossudovsky
Global Research, March 21, 2013

O conclave do Vaticano elegeu o Cardinal Jorge Mario Bergoglio como o Papa Francis I
Quem é Jorge Mario Bergoglio?
Em 1973 ele foi nomeado o ?provincial? da Argentina para a Companhia dos Jesuitas.
Nessa capacidade Bergoglio foi o mais alto dignitário da Ordem Jesuíta da Argentina durante a ditadura militar liderada pelo General Jorge Videla (1976-1983).
Mais tarde ele foi nomeado bispo e depois arcebispo de Buenos Aires. O Papa João Paulo II o consagrou Cardinal em 2001.
Quando a junta militar abandonou o poder em 1983, o devidamente eleito presidente Raúl Alfonsin abriu um inquérito, a Comissão da Verdade, para investigar os crimes relacionados com que ficou conhecidos como a Guerra Suja ? ?La Guerra Sucia?.
A junta militar tinha sido encobertamente apoada por Washington.
O Secretário do Estado norteamericano, Henry Kissinger, fez o seu papel nos bastidores do golpe militar de 1976.
O vice-representante mais importante de Kissinger na América Latina, William Rogers, o informou dois dias depois do golpe que ?teremos que esperar uma quantia considerável de repressão, provávelmente muita sanguenta, dentro em pouco tempo.??(Arquivo da Segurança Nacional, 23 de março, 2006)
 
?Operação Condor?
Um grande julgamento foi ironicamente aberto em 5 de março 2013, uma semana antes da investidura do Cardinal Bergoglio como Pontífice. O processo sendo desenvolvido em Buenos Aires tem em vista:
 ?uma avaliação da totalidade dos crimes cometidos abaixo da Operação Condor, uma campanha coordenada por vários ditadores da América Latina, apoiados pelos Estados Unidos nos anos de 1970 e 1980, para caçar, torturar e matar dezenas de milhares de oponentes desses regimes militares?
Para mais detalhes veja Operation Condor: Trial On Latin American Rendition and Assassination Program By Carlos Osorio and Peter Kornbluh,,March 10, 2013.
(Foto acima: Henry Kissinger e General Jorge Videla (anos de 1970)

 
NÃO CLASSIFICADO     8/3/76
DEPARTAMENTO DO ESTADO
Washington D.C.
DO:  Secretariado
PARA: ARA ? Harry W. Shlaudeman
ARA RELATÓRIO MENSAL( JULHO)
A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL E A AMÉRICA LATINA
Os regimes militares do cone sul da América do Sul veêm-se
como tendo que pôr-se em ordem de batalha:
?  de um lado pelo marxismo internacional e seus exponentes terroristas, e
? do outro lado pela hostilidade das democracias industriais que são enganadas pela propaganda marxista.
Em resposta eles estão se unindo no que se poderá tornar num bloco político de uma certa coesão. Mas, mais importante, eles estão juntando forças para erradicar a ?subversão?, uma palavra que mais e mais vem se tornando num sinônimo de oposição não-violenta de esquerda, e de centro-esquerda. As forças de segurança do cone sul
?  agora estão a coordenar mais estritamente suas atividades de inteligência;
?  estão também operando nos territórios dos países uns dos outros em busca de ?subversivos?;
? eles estabeleceram a Operation Condor para achar e matar terroristas do ?Comité Revolucionário de Coordenação? nos seus próprios países, e na Europa. O Brazil está cooperando, mas não em operações homicidas.
 
A junta militar liderada pelo General Jorge Videla (a esquerda) foi responsável por incontáveis assassinatos, incluindo assassinatos de  sacerdotes e freiras que se opuseram ao domínio militar que acompanhou  o golpe patrocinado pela CIA, golpe esse que derrubou  o governo de Isabel Peron,  em 24 de março de 1976.
?Videla estava entre os generais que foram condenados por crimes contra os direitos humanos, crimes esses que incluiam  ?desaparecimentos?, tortura, assassinatos, e sequestramentos. Em 1985, Videla foi sentenciado a prisão perpétua, na prisão militar de Magdalena.
Wall Street e a Agenda Econômica Neoliberal
Uma das nomeações mais importantes da junta militar (como consequência das intruções de Wall Street) foi a do Ministro da Economia, José Alfredo Martinez de Hoz, um membro do estabelecimento de negócios, comércio e investimentos da Argentina; um amigo íntimo de David Rockefeller.
O pacote neoliberal da política macro-econômica adotada sob Martinez de Hoz foi uma ?cópia-carbono? daquela imposta em outubro de 1973 no Chile pela ditadura de Pinochet abaixo dos conselhos vindos dos ?Meninos de Chicago?- ?Chicago Boys?; política essa imposta depois do golpe de estado de 11 de setembro de 1973, e do assassinato do presidente Salvador Allende.
Os salários foram imediatamente congelados, por decreto. O poder aquisitivo real no país caiu em colápso por mais de 30 porcento, nos tres meses que se seguiram ao golpe militar de 24 de março de 1976. (Avaliações do autor, Cordoba, Argentina, julho de 1976). A população argentina ficou repentinamente empobrecida.
Abaixo da direçäo do Ministro da Economia José alfredo Martinez de Hoz, a política monetária do banco central foi em grande parte determinada por Wall Street e pelo  FMI, o Fundo Monetário Internacional. O mercado de câmbio foi manipulado. O Peso argentino foi propositadamente posto acima do seu valor real, o que levou a um débito exterior insuperável. Toda a Economia Nacional foi precipitada à falência.
 
 
(Foto acima: Da esquerda para a direita: José Alfredo Martinez de Hoz, David Rockefeller e General Jorge Videla)
Wall Street e a Hierarquia da Igreja Católica  
Wall Street esteve sólidamente apoiando a junta militar que empenhava-se na ?Guerra Suja? em benefício da mesma. Por seu turno, a hierarquia da Igreja Católica teve o papel, um papel central, de manter a legitimidade da junta militar.
A Ordem dos Jesuitas  ?que representava a Conservadora, mas no entanto a mais influente facção da Igreja Católica-  estava intimamente associada com a elite econômica da Argentina, e isso contra os chamados ?de esquerda? do movimento Peronista.
?A Guerra Suja?: Alegações dirigidas contra o Cardinal Jorge Mario Bergoglio
Condenar a ditadura militar (inclusive suas violações dos direitos humanos) era um tabú na Igreja Católica. Enquanto os altos escalões da Igreja apoiavam a junta militar, a base popular da mesma estava firmemente contra a imposição do governo militar.
Em 2005  a advogada de direitos humanos Myriam Bregman entrou com um processo judicial contra o Cardinal Jorge Bergoglio, acusando-o de conspirar com a junta militar quando do sequestro de dois padres jesuítas em 1976.
Alguns anos mais tarde, os sobreviventes da ?Guerra Suja? acusaram abertamente o Cardinal Jorge Bergoglio de cumplicidade nos sequestros dos padres Francisco Jalics e Orlando Yorio, assim como nos sequestros de seis membros de suas paróquias, (El Mundo, 8 de novembro de 2010)
 
 
(Foto acima: Jorge Mario Bergoglio e General Jorge Videla)
Bergoglio, que na época era o ?provincial? da Companhia dos Jesuitas, tinha dado ordens para que os dois padres, jesuitas, ?de esquerda?,  e oponentes do governo militar ?deixassem seus trabalhos paroquiais?, o que quer dizer que foram despedidos. Isso acompanhando divisões na Companhia dos Jesuitas quanto ao papel da Igreja Católica em relação a junta militar.
Enquanto os dois padres ? Francisco Jalics e Orlando Yorio ? sequestrados pelos esquadrões da morte em maio de 1976 foram soltos cinco meses mais tarde depois de terem sido torturados; outras seis pessoas relacionadas a paróquia, pessoas essas que também tinham sido sequestradas na mesma operação, foram dadas como ?desaparecidas?. Esses sequestrados desaparecidos eram quatro professores e dois dos maridos de duas das professoras do grupo dos seis.
De quando de sua libertação o padre Orlando Yorio acusou Bergoglio de efetivamente os terem entregue [incluindo as seis outras pessoas] para os esquadrões da morte ? Jalics se recusou a discutir a queixa depois de ter entrado em reclusão num monastério alemão.? (Associated Press, 13 de março de 2013, ênfases acrescentadas).
?Durante o primeiro julgamento da junta militar em 1985, Yorio declarou: ?Eu tenho certeza de que ele mesmo deu uma lista com os nossos nomes para a Marinha.? Os dois padres tinham sido levados para o centro de tortura da Escola de Mecânica da Marinha (ESMA na sigla inglesa) e mantidos lá por cinco meses antes de serem arrastados e jogados numa cidade dos subúrbios. (Veja Bill van Auken, ?The Dirty War? Pope, World Socialist Website and Global Research, March 14, 2013)
Entre aqueles ?desaparecidos? pelos esquadrões da morte estavam Mónica Candelaria Mignone e María Marta Vásquez Ocampo. Mónica Mignone era filha do fundador do Centro de Estudos Legais e Sociais, CELS, e María Marta Ocampo era filha da presidente das Madres de Plaza de Mayo, Martha Ocampo de Vásquez (El Periodista Online, março 2013).
María Marta Vásquez, seu marido César Lugones (veja foto)  e Mónica Candelaria Mignone alegadamente ?entregues aos esquadrões da morte? pelo provincial? jesuita Jorge Mario Bergoglio estão entre os milhares de ?desaparecidos da ?Guerra Suja? da Argentina, a qual foi encobertamente apoiada por Washington, abaixo da ?Operação Condor?.  (Veja memorialmagro.com.ar)
No decorrer do julgamento iniciado em 2005:
 ?Bergoglio [Papa Francis I] por duas vezes invocou seu direito abaixo da lei argentina de poder se recusar a apresentar-se em tribunal público, e quando ele afinal testemunhou em 2010 suas respostas foram evasivas?. ?Pelo menos dois casos envolviam Bergoglio diretamente. Um examinava a tortura de dois dos seus padres jesuitas ? Orlando Yorio e Francisco Jalics ? que tinham sido sequestrados em 1976 em bairros pobres onde eles defendiam a teologia da liberação. Yorio acusou Bergoglio de efetivamente os terem entregue aos esquadrões da morte ? do quando recusando-se a declarar ao regime que ele endossava o trabalho desses dois seus padres.  Jalics recusou-se a comentar o caso depois de ter se retirado para um monastério alemão.? (Los Angeles Times, 1 de abril, 2005)
?Santa comunhão para os ditadores?
As acusações dirigidas contra Bergoglio em relação aos dois padres jesuitas e aos seis membros das paróquias dos mesmos, seriam sómente a ponta do icebergue. Conquanto Bergoglio fosse uma pessoa importante da Igreja Católica, ele não seria o único a apoiar a junta militar.
De acordo com a advogada Myriam Bregman:   ?As próprias declarações de Bergoglio provam que representantes oficiais da igreja sabiam, e isso logo do começo que a junta estava torturando e matando seus cidadãos? e ainda assim endossaram publicamente os ditadores. ?A ditadura não poderia ter agido dessa maneira sem esse apoio chave,? (Los Angeles Times, 1 abril de 2005, ênfases acrescentadas.
(Foto acima: General Jorge Videla comungando. A data e o nome do padre não confirmados)
Toda a hierarquia católica estava apoiando a ditadura militar patrocinada pelos Estados Unidos. Vale a pena recordar que em 23 de março de 1976, na véspera do golpe militar:
?Videla e outros conspiradores receberam a benção do arcebispo do Paraná, Adolfo Tortolo, que também serviu como o vigário das forças armadas. No próprio dia da tomada do poder, os líderes militares tiveram um longo encontro com os líderes da conferência dos bispos. Quando ele saiu dessa conferência o arcebispo Tortolo declarou que mesmo que ?a igreja tenha sua própria missão específica ? há circunstâncias nas quais ela não pode deixar de participar, mesmo quando isso relacione-se a problemas da ordem específica do estado.? Ele fez mesmo pressão moral para que os argentinos ?cooperassem duma maneira positiva? com o novo governo.?   (The Humanist.org, janeiro de 2011, ênfases acrescentadas)
Numa entrevista conduzida pelo El Sur, o General Jorge Videla, que agora está servindo uma pena de prisão perpétua, por causa dos seus crimes contra a humanidade confirmou que:
 ?Ele tinha mantido a hierarquia católica do país informada quanto a ?fazer desaparecer? oponentes políticos, e que os líderes católicos tinham oferecido conselhos de como ?conduzir? a política de desaparecimentos.
Jorge Videla disse que ele tinha tido ?muitas conversações? com o Cardinal Raúl Francisco Primatesta, da Argentina, a respeito da guerra suja do governo contra os ativistas da esquerda. Ele disse que também havia havido conversações com outros bispos líderes da conferência episcopal na Argentina, assim como com o núncio papal do país na época, Pio Laghi. ?Eles nos aconselharam a respeito da maneira de como lidar com a situação,? disse Videla? (Tom Henningan, Former Argentinian dictator says he told Catholic Church of disappeared, Irish Times, 24 de julho de 2012, ênfases acrescentadas)
É de valor o observar-se, que de acordo com uma declaração do arcebispo Adolfo Tortolo, os militares deveriam sempre consultar com alguma membro da alta hierarquia católica no caso de ?prisão? de algum membro nas alas mais baixas da hierarquia do cléro. Essa declaração foi feita especialmente em relação aos dois padres jesuitas sequestrados, dos quais as atividades pastorais estavam abaixo da autoridade do ?provincial? da Companhia Jesuita, Jorge Mario Bergoglio. (El Periodista Online, março de 2013).
Em endossando a junta militar, a hierarquia católica foi cúmplice de tortura e de morte de massas, num estimado de ?22.000 mortos e desaparecidos, de 1976  a 1978. ?  Milhares de outras vítimas foram mortas entre 1978 e 1983, quando os militares foram forçados a deixar o poder.? (Arquivo da Segurança Nacional, 23 de março de 2006).
O papel do Vaticano
O Vaticano abaixo da direção do Papa Paulo VI e do Papa João Paulo II fez um papel central em apoiando a junta militar argentina.
Pio Langhi, o Núncio Apostólico do Vaticano na Argentina admitiu o conhecimento a respeito de tortura e massacrres.
Langhi tinha contatos pessoais com membros da direção da junta militar incluindo o General Videla e o Almirante Emilio Eduardo Massera.
O Almirante Emilio Massera, em próximo contacto com seus dirigentes americanos, foi o mentor ?Da Guerra Suja?. Abaixo dos auspícios do regime militar ele estabeleceu:
?um centro de interrogatório e tortura na Escola Naval de Mecânica ? Naval School of Mechanics, ESMA [perto de Buenos Aires], ? Esse era um estabelecimento sofisticado, para muitos fins, vital ao plano militar de assassinar cerca de 30.000 ?inimigos do estado?. ?Muitos milhares dos prisioneiros da ESMA, incluindo, por exemplo, duas freiras francesas, foram de maneira rotineira torturados brutalmente sem misericórdia, antes de serem assassinados ou jogados de algum avião no Rio de la Plata.
(Veja foto acima: O Nuncio do Vaticano Pio Langhi e o General Jorge Videla)
Massera, o membro mais vigoroso do triunvirato, fez o seu melhor para manter seus elos com Washington. Ele participou no desenvolvimentoo do Plano Condor, que era um plano de colaboração para coordenar o terrorismo sendo praticado pelos regimes militares sulamericanos. (Hugh O´ Shaughnessy,   Amiral Emilio Massera: Naval officer who took part in the 1976 coup in Argentina and was later jailed for his part in the junta?s crimes,  The Independent, 10 de novembro de 2010, ênfases acrescentadas)
Relatórios confirmam que o representante do Vaticano Pio Laghi e Amiral Emilio Massera eram amigos.
(Foto: Almirante Emilio Massera, o arquiteto da ?Guerra Suja? sendo recebido pelo Papa Paulo VI, no Vaticano)
A Igreja Católica: Chile vs Argentina
Tem valor por si mesmo o notar-se que nas águas do golpe militar no Chile, em 11 de setembro de 1973, o Cardinal de São Tiago do Chile,  Raul Silva Henriquez, tinha condenado abertamente a junta militar liderada pelo General Augusto Pinochet. Em forte  contraste com a Argentina, a posição da hierarquia católica no Chile foi eficaz em pôr freio as ondas de assassinatos polítiocs, assim como conter a extensão das violações dos direitos humanos cometitas contra os apoiantes de Salvador Allende e os oponentes do regime militar.
O homem atrás do ecumênico, e não-partidário, Comité Pro-Paz era o Cardinal Raúl Silva Henríquez. Logo depois do golpe, Silva? tomou o papel de ?atores? ? ?upstander?, esse sendo um termo em inglês que a autora e ativista Samantha Power criou para distinguir pessoas que se levantavam contra a injustiça ? muitas vezes a custo de grandes riscos pessoais ? dos que denominava então, de ?expectadores?.
? Logo após o golpe, Silva e outros líderes da igreja do Chile publicaram uma declaração condenando as ações dos golpistas e exprimindo dor e desgosto pelo derramamento de sangue. Esse foi um ponto fundamental de reversão para muitos membros do cléro chileno ? O Cardinal Raul Silva Henriquez visitou o Estádio Nacional, e escandalizado pela escala da violência desintegradora, instruiu seus auxiliares a começarem a documentar os acontecimentos reunindo informação das milhares de pessoas que voltavam-se as igrejas, para refúgio.
As ações do Cardinal  Silva o levaram a um conflito aberto com Pinochet, que não hesitou em ameaçar a igreja e o Comité Pro-Paz (Taking a Stand Against Pinochet: The Catholic Church and the Disappeared ? pdf)
Se a hierarquia católica na Argentina e Jorge Mario Bergoglio tivessem tomado uma posição semelhante a do Cardinal Raul Silva Henriquez, milhares de vidas teriam sido salvas, também na Argentina.
Jorge Mario Bergoglio não era, nas palvras de Samantha Powers um expectador, ?bystander?. Ele foi cúmplice em crimes contra a humanidade, crimes esses que foram muito abrangentes.
O Papa Francis I não é ?um homem do povo? cometido a ?ajudar os pobres? nas pegadas de São Francisco de Assis, como retratado em côro pela mantra da mídia ocidental. Muito pelo contrário: os seus esforços durante a junta militar, consistentemente atacando progressivos membros do cléro católico, assim como os ativistas empenhados em salvaguardar dos direitos humanos, ativistas esses envolvidos em implementar programas contra a grande miséria e pobreza.
Em apoiando a ?Guerra Suja? argentina, José Mario Bergoglio violou abertamente os próprios dogmas e doutrinas da moralidade cristã, dogmas e doureinas esses que dão grande valor a vida humana.
?Operação Condor? e a Igreja Católica
A eleição do Cardinal Bergoglio pelo conclave do Vaticano para servir como Papa Francis I terá repercussões imediatas em relação ao corrente julgamneto  ?Operação Condor?, em Buenos Aires.
A Igreja estava envolvida em apoiar a junta militar. Esse é um fator que irá emergir no decorrer dos procedimentos do processo judicial. Não há dúvidas de que lá haverá esforços para obscurecer o papel da hierarquia católica e a recente nomeação do Papa Francis I, que serviu como chefe da Ordem Jesuita da Argentina durante a ditadura militar.
Jorge Mario Bergoglio: O Papa de Washington no Vaticano?
A eleição do Papa Francis I tem grandes implicações para toda a região da América Latina
Nos anos de 1970, Jorge Mario Bergolio apoiou a ditadura militar patrocinada pelos Estados Unidos.
A hierarquia católica da Argentina apoiou o governo militar. O programa militar de tortura, assassinatos e ?desaparecimentos? de milhares de oponentes políticos foi apoiada e coordenada por Washington, durante a ?Operação Condor?, da CIA.
Os interesses da Wall Street foram sustentados através do gabinete de Jose Alfredo Martinez de Hoz no Ministério da Economia.
A Igreja Católica na América Latina tem influência política. A Igreja também exerce um  controle sobre a opinião pública. Isso é sabido e compreendido pelos arquitetos da política exterior dos Estados Unidos, assim como dos sectores de inteligência dos mesmos.
Na América Latina onde governos estão agora desafiando a dominância dos EUA, se pode esperar ? dado os antecedentes de Bergoglio ?  que o novo Pontífice Francis I, como líder da Igreja Católica na América Latina irá, de facto,  desempenhar um papel político discreto e as encobertas, mas a favor de Washington.
Com Jose Mario Bergoglio, Papa Francis I no Vaticano ? homem esse que fielmente serviu os interesses dos Estados Unidos no dias de apogeu do Generla Jorge Videla e Almirante Emilio Massera ? a hierarquia da Igreja Católica na América Latina poderá mais uma vez ser efetivamente manipulada para underminar governos ?progressistas?, ou seja, de esquerda, não só na Argentina (em relação ao governo de Cristina Kirschner) como também através de toda a região sulamericana, incluindo Venezuela, Equador e Bolívia.
A instalação de ?um papa pro-EUA? ocorreu uma semana após a morte do presidente Hugo Chavez.
?Troca de Regime? no Vaticano  
O Departamento do Estado dos Estados Unidos como uma questão de rotina faz pressão sobre membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas com o fim de influenciar os votos pertencentes as resoluções do Conselho de Segurança.
Também como uma questão de rotina as operações encobertas assim como as campanhas de propaganda dos Estados Unidos são empregadas com o objetivo de influenciar eleições nacionais, em diferente países ao redor do mundo.
A CIA de maneira similar também tem tido uma longa relação encoberta de afinidade com o Vaticano.
Teria o governo dos Estados Unidos tentado influenciar o resultado da eleição do novo pontífice?
Fortemente envolvido em servir os interesses da política exterior dos Estados Unidos na América Latina, Jorge Mario Bergoglio era o candidato preferido de Washington.
Teriam discretas pressões encobertas sido exercidas por Washington dentro da Igreja Católica, pressões essas que direta ou indiretamente, poderiam ter caido sobre os 115 cardinais, membros do conclave do Vaticano?
 
Notas do Autor
No começo do regime militar em 1976, eu estava trabalhando como professor visitante no Instituto de Política Social da Universidade Nacional de Cordoba, Argentina. O ponto focal da minha pesquisa, nesse tempo, era a investigação dos impactos sociais das mortais reformas macro-econômicas adotadas pela junta militar.
Eu era professor na Universidade de Cordoba  durante a onda inicial dos assassinatos, a qual também mirava membros progressivos da bases populares do cléro católico.
A cidade industrial de Córdoba, localisada no norte da Argnetina,  era o centro do movimento de resistência. Eu fui testemunha de como a hierarquia católica, activa e de maneira rotineira apoiava a junta militar, criando uma atmosfera de intimidação e medo através de todo o país. O sentimento geral nesse tempo era de que a Argentina tinha sido traida pelos altos escalões da Igreja Católica.
Tres anos antes quando do golpe militar no Chile em 11 de setembro de 1973,  o qual levou a derrubada do governo da Unidade Popular de Salvador Allende, eu estava trabalhando como professor visitante no Departamento de Economia da Universidade Católica do Chile, em Santiago do Chile.
Nas imediatas consequências do golpe do Chile eu fui testemunha de como o Cardinal de Santiago, Raul Silva Henriquez ?  agindo em nome da Igreja Católica -  confrontou a ditadura militar.
Michel Chossudovsky
Global Research (atualizado em 16 de março de 2013)
14 de março de 2013-03-18
 
Artigo em inglês :

?Washington?s Pope?? Who is Pope Francis I? Cardinal Jorge Mario Bergoglio and Argentina?s ?Dirty War?, March 16, 2013
 
Tradução Anna Malm ? *Licenciatura: Economia e Psicologia; Bacharelado: Ciência Política e Economia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Acelera-se o descalabro da União Europeia BASENAME: canta-o-merlo-acelera-se-o-descalabro-da-uniao-europeia DATE: Sun, 24 Mar 2013 18:05:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/europa/chipre_20mar13.html

Chipre: Draghi utiliza o bloqueio monetário
? Medida equivale a um "acto de guerra"

por Jacques Sapir

O "bloqueio monetário" de Chipre que acaba de ser posto em acção pelo BCE é um acto de uma gravidade extraordinária, cujas consequências devem ser cuidadosamente estudadas. A decisão do sr. Mario Draghi abrange dois aspectos: em primeiro lugar o BCE não alimenta mais o Banco Central de Chipre com papel-moeda (ponto que não parece essencial pois as reservas de cash parecem importantes) e além disso interrompe as transacções entre os bancos cipriotas (assim como as empresas baseadas em Chipre, sejam ou não cipriotas) pois doravante já não podem fazer transacções com o resto da zona Euro. Por outro lado, a decisão equivale a um "bloqueio" económico, ou seja, nos termos do direito internacional a uma acção equivalente a "acto de guerra". É portanto terrível a gravidade da decisão tomada por Mario Draghi. Ela poderia também prestar-se a contestação diante dos tribunais internacionais. Mario Draghi poderia, por isso, encontrar-se um dia diante de um tribunal, internacional ou não.

Sobre a interrupção das relações entre bancos cipriotas e a zona Euro, o argumento invocado é a "dúvida" sobre a solvabilidade dos ditos bancos cipriotas. Isto é evidentemente um puro pretexto pois há "dúvidas" desde Junho último. Todo o mundo sabe que com as consequências do "haircut" imposto sobre os credores privados da Grécia foram fragilizados consideravelmente os bancos de Chipre. O BCE não havia reagido na ocasião e não considerava o problema da recapitalização destes bancos como urgente. O BCE decidiu-se a fazê-lo no dia seguinte à rejeição pelo Parlamento cipriota do texto do acordo imposto a Chipre pelo Eurogrupo e a Troika. Não era possível ser mais claro. A mensagem enviada por Mario Draghi é portanto a seguinte: ou vocês se dobram ao que NÓS decidimos ou sofrerão as consequências. Isto não é apenas uma mensagem, é um ultimato. Verifica-se aqui que todas as declarações sobre o "consenso" ou a "unanimidade" que teria presidido à decisão do Eurogrupo não são senão máscaras frente ao que é realmente um Diktat .
20/Março/2013

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A igreja Bergoglio e a sua cumplicidade com o plano sistemático de roubos de bebés BASENAME: canta-o-merlo-a-igreja-bergoglio-e-a-sua-cumplicidade-com-o-plano-sistematico-de-roubos-de-bebes DATE: Sun, 24 Mar 2013 17:36:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Declaçons de umha neta recuperada polas Avós. A igreja e a sua cumplicidade com o plano sistemático de roubos de bebés

A poucos dias de se cumprire um novo aniversário do golpe genocida, Maria Vitória Moyano, neta recuperada, integrante do CeProDH (Centro de Profissionais polos Direitos Humanos) e quereladora nos julgamentos polo Plano Sistemático de Roubo de Bebés e Plano Condor, fizo questom de sacar à luz a denúncia que desde esse organismo vem realizando sobre os laços da Igreja católica e a ditadura, em particular sobre um facto muito concreto: o Plano Sistemático de Roubo de Bebés.

A respeito disso, María Vitória lembrou que "nom se pode assinalar ao papa Bergoglio somente polas suas omissons ou polo silêncio cúmplice da máxima hierarquia da Igreja com o genocídio, senom também porque quando foi consultado nos julgamentos sobre se conhecia ou nom a existência de crianças roubados às presas desaparecidas, e logo apropriados, mentiu ao dizer que se deu conta no ano 2000, para logo ratificar e afirmar que o fixo desde o Julgamento às Juntas. Ademais, no ano 1977 estava dar conta também do caso de Elena de la Cuadra, o que consta em documentaçom e polo testemunho dos familiares. Acha-o que está mais que claro que Bergoglio mentiu e segue mentindo".

Assim mesmo, Moyano concretizou que "a Igreja nom só abençoou os crimes da ditadura, senom que colaborou activamente. Devemos lembrar ao fatal Movimento Familiar Crista (MFC), umha entidade que operou activamente na apropriaçom dos filhos de desaparecidos durante a última ditadura militar. A sua actuaçom nom era autónoma, estava legitimada por ser umha organizaçom acreditada polo Episcopado, o que lhe permitiu entregar em adopçom aos bebés através de um convénio com a Secretaria do Menor. Leste "branqueio" dos seqüestros de crianças ocorreu dezenas de vezes, com o MFC actuando como agência e medianeiro".

Por sua vez, lembrou que "esta entidade facilitava os trâmites para os pais candidatos, em geral donos ou pessoal hierárquico de grandes empresas, mesmo multinacionais e famílias acomodadas que elegiam os bebés mascotes, como revelou umha investigaçom da jornalista alemá Gaby Weber na que saiu à luz que gerentes de empresas multinacionais alemás como a farmacêutica Bayer e a automotriz Mercedes Benz apropriaram-se de bebés com o Movimento Familiar Crista como intermediário". Ademais, Maria Vitória explicou que na actualidade o MFC está a ser investigado polo Julgado Federal N.º 3 de Jorge Ballesteros, já que se suspeita que tivo participaçom no roubo em mais de 70 casos de bebés dos 119 que se investigam.

Finalmente, Maria Vitória denunciou: "Também aqui Bergoglio está estreitamente entrelaçado: os actuais presidentes do MFC foram designados polo saliente papa Benedito XVI como membros do Conselho Pontifício para a Família. O Conselho Pontifício para a Família tem no seu comité de presidência ao ex cardeal e agora máximo chefe da Igreja católica, Jorge Mário Bergoglio".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O que em verdade busca a Troika - Fame e Miséria graças a estafa dos banqueiros europeios BASENAME: canta-o-merlo-o-que-em-verdade-busca-a-troika-fame-e-miseria-gracas-a-estafa-dos-banqueiros-europeios DATE: Sat, 23 Mar 2013 17:16:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.voltairenet.org/article177927.html

O que em verdade busca a Troika

por Xavier Caño Tamayo

Apesar dos milhares de milhons de euros já desembolsados para salvar a banca, a crise que estremece as economias da Uniom Europeia nom mingua de nengumha maneira. Ou nom seria mais justo denominá-la estafa?

Europa vai de mal a pior e até Alemanha vê as orelhas ao lobo com a travada nas suas exportaçons. Em Espanha, o incremento do IVE [o imposto sobre o valor acrescentado] foi letal para o consumo interno. Como mortais som também as rebaixas dos salários dos empregados públicos, os despedimentos, a congelaçom das pensons e os recortes em prestaçons para desempregados, que alcançam agora 26%. Enquanto, a segurança social perde e perde filiados e cotizaçons mês trás mês.
Em Portugal, consolida-se a tendência ao pago de umha série de serviços da saúde pública, o qual fai muito vulnerável à cidadania, enquanto que outra reforma laboral abarata mais o despedimento e a alça dos impostos empobrece mais à cidadania comum (nom aos ricos). Todas essas medidas, às que se agrega a privatizaçom de diversas empresas públicas, som puro saque. E que dizer da Grécia?

Umha recente investigaçom do Center for Economic and Policy Research de Estados Unidos demonstra que as políticas de austeridade que o Fundo Monetário Internacional (FMI) impom a Europa som muito prejudiciais para a imensa maioria da cidadania, porque provoca efeitos contrários aos que di buscar. Talvez por isso quase nom começam a se ouvir algumhas vozes críticas contra a política de austeridade.

O próprio Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, reconheceu que é um erro recomendar, sem matizes, recortes orçamentais aos governos europeus, porque isso pode travar o crescimento económico. Mas os economistas do FMI teimam em manter essa política, no quanto de emenda-la, e mesmo insistem em que os funestos resultados actuais nom significam que a política de austeridade seja «má». Apesar da ruína do povo português, o FMI aconselha a Passos Coelho, lhe primeiro-ministro de Portugal, que despede a mais funcionários, que alargue o horário laboral dos empregados públicos (pagando-lhes o mesmo salário), que reduza ainda mais as prestaçons por desemprego e que rebaixe ainda mais as pensons ?para ser competitivos?.

Talvez para o FMI seja irrelevante que o desemprego alcance já 17% e que o PIB (produto interno bruto) já vá a retroceder em 1,5 em 2013. Que significa ser «competitivo» se a maioria de cidadaos afundam-se na pobreza?

Tam estúpida é a Troika? A soluçom está na história muito recente.

Em 1953, só 4 anos depois da sua fundaçom, a República Federal da Alemanha sumia-se sob o peso das suas dívidas e ameaçava com arrastar na sua derrube aos demais naçons europeias. Naquele entom, os 21 países credores da RFA reunírom-se em Londres e decidiram ajustar as suas exigências à capacidade de pago do país devidor. Reduziram a dívida acumulada em 60% e concederam umha moratória de 5 anos mais um adiamento de 30 anos para a reembolsar e, ademais, incluírom nos acordos umha cláusula de desenvolvimento que estabeleceu que o país devidor -lembremos que se tratava da República Federal da Alemanha- dedicaria ao pago da dívida só a vigésima parte dos seus ingressos por conceito de exportaçons.

Por que Europa nom actua hoje da mesma maneira?

Talvez porque o objectivo real prioritário da Troika nom seja cobrar a dívida. Talvez porque o que se busca é desmantelar os direitos sociais na Europa (o mal chamado Estado de bem-estar, porque podem-te pedir que tenhas menos bem-estar, mas nom que renuncies aos teus direitos). Talvez porque esta crise permite à minoria rica aumentar obscenamente os seus benefícios, como o demonstram os dados.

Mas o que toca é anular a maior parte da dívida porque se trata, ademais, de umha dívida impagável. Como explica John Ralston, há que acabar com toda a dívida porque essa dívida está a afundar a Europa. E, metaforicamente, propom Ralston que «guardemos» a dívida num sobre, que escrevamos no sobre «muito importante», que o metamos numha gaveta, fechemos-la com chave e... chimpemos a chave.

Se nom se anula grande parte da dívida, à vez que se refai os sistemas fiscais progressivos e começa-se a arrombar em toda a regra aos paraísos fiscais, e também à banca na sombra, a Europa nom a salva nem a misericórdia divina. Se a houvesse.

Xavier Caño Tamayo

Fonte
Contralínea (Mexico)
----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Reino Boubónico-Mais de médio milheiro de mortos e perto de cinco mil tolheitos em acidentes laborais durante 2012 BASENAME: canta-o-merlo-reino-boubonico-mais-de-medio-milheiro-de-mortos-e-perto-de-cinco-mil-tolheitos-em-acidentes-laborais-durante-2012 DATE: Thu, 21 Mar 2013 18:34:21 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/2013/03/

Mais de médio milheiro de mortos e perto de cinco mil tolheitos em acidentes laborais durante 2012

Nem as altas taxas de desemprego entre a populaçom, nem que os sectores mais afectados pola reduçom drástica da actividade sejam os que tradicionalmente acumulam mais mortes no trabalho, pairam esta sangria permanente da que nom se fam eco nem os empresários, nem o Governo nem os grandes meios de comunicaçom escrita ou audiovisual, parece ser que que o imaginário popular ainda contempla como normal que os trabalhadores perdam vida no trabalho, sem que isso desate os alarmes, nem os tertulianos dos médios polemizem sobre as suas causas.

Durante o ano 2012. CINCO CENTOS E CINQÜENTA E CINCO (555) pessoas perdêrom a vida enquanto tentavam ganhar-se o pam de cada dia, enquanto tentavam pagar escrupulosamente as suas hipotecas, a luz, a água, a roupa das suas famílias e todo aquilo que cada dia vemos subir de valor salvo os salários.

Mas a sinistralidade laboral, nom só reflecte pola quantidade de trabalhadores que morrem, se nom também polos que perdem a sua saúde e a sua capacidade de seguir trabalhando como conseqüência da sua actividade laboral. QUATRO MIL SEISCENTOS E VINTE TRÊS (4.623) trabalhadores sofreram acidentes graves durante o trabalho este ano, dos que umha boa parte padecêrom lesons irreversíveis que lhes impedirá levar nom só umha vida laboral normal, senom umha vida pessoal auto-suficiente.

O Governo do Partido Popular do mesmo modo que o seu antecessor, o PSOE, descargárom nas sendas reformas laborais que legislárom, todas as suas iras e as dos patrons contra o absentismo laboral, culpabilizando aos trabalhadores dos custos laborais polo absentismo no trabalho. A reforma aumentou os descontos salariais por absentismo laboral, do mesmo modo que reforça os instrumentos de controlo (seria mais apropriado dizer "perseguiçom") para a ratificaçom, verificaçom e autorizaçom da incapacidade laboral, de tal modo que quando um trabalhador enfermo, nom é suficiente com que o seu médico estenda-lhe o pertinente e obrigatório parte de baixa. A empresa poderá utilizar mecanismos de contraste próprios (empresas médicas privadas especializadas) para reverter a incapacidade laboral do trabalhador e em qualquer caso a empresa se reserva a potestade de despedir por causas objectivas com umha indemnizaçom de 20 dias por ano por muito justificada que este a doença.

Contodo nada se achega sobre segurança e saúde no trabalho, eterna batalha dos representantes dos trabalhadores nas empresas e causa principal de umha boa parte do absentismo laboral pola falta de investimento dos empresários nestas medidas, os mesmos que nom som sancionados polos seus permanentes nom cumprimentos em matéria de prevençom causa principal dos acidentes laborais no trabalho.

A perdida da vida de um trabalhador durante a sua actividade laboral leva praticamente na sua totalidade, o afundimento económico da família, que nom só tem que enfrentar a perdida de um ser querido e parte da unidade familiar.

Os trabalhadores devem perceber que quando assinam um contrato de trabalho nom vendem nele nem a sua saúde nem a sua vida, a que lhes pertence por eles mesmos, por isso devem fortalecer a sua organizaçom nas empresas rejeitando as actuais reformas dos direitos dos trabalhadores que se propiciaram com as últimas reformas laborais, nom devem deixar-se apavorar por este submetemento patronal que pretende justificar a aceitaçom de qualquer condiçom laboral por ruim e miserável que seja.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Bergoglio, o papa da CIA BASENAME: canta-o-merlo-bergoglio-o-papa-da-cia DATE: Tue, 19 Mar 2013 00:19:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.argenpress.info/
Vicky Peláez

. . . . . .

A designaçom do cardeal argentino Jorge Bergoglio como o papa Francisco é umha necessidade do Vaticano como parte do poder mundial globalizado, para solidificar a sua posiçom na América Latina que cada ano está a adquirir umha maior importância estratégica no planeta.

E nom se trata somente dos seus abundantes recursos naturais e a sua capacidade de tomar medidas para nom se contagiar da crise que está a mergulhar no desespero à Uniom Europeia e aos Estados Unidos, senom dos seus processos de integraçom e transformaçons sociais e económicas que fam perigar a actual Ordem Mundial Globalizado estabelecido polas transnacionais.

A Igreja católica, igual como a única super-potencia no mundo descuidou a Latinoamérica onde está a crescer cada vez mais a simpatia e o apoio ao projecto do Socialismo do Século XXI como alternativa ao neo-liberalismo imposto polos globalizadores iluminados. Agora chegou o momento para fazer todo o possível e parar este processo, é-lhes urgente fazer retornar às ovelhas descarriadas da ALBA, UNASUR e CELAC para o seu antigo amo que está a estranhar recuperaçom do poder sobre o seu "pátio traseiro" perdido.

Um papa jesuíta é ideal para esta missom. Durante o pontificado de Joám Paulo II e do Benedito XVI, o Vaticano foi dominado polo poder financeiro do Opus Dei que contodo nom tivo o poder político internacional da Companhia de Jesús..

Nos Estados Unidos, vários directores da CIA e do Departamento de Defesa fôrom jesuítas: William Casey (director da CIA 1981-1987), Robert Gates (CIA 1991-1993, Secretário de Defesa 2006-2011), George Tenet (CIA 1997-2004), Leon Panetta (CIA 2009-2011, Secretário de Defesa 2011-2013), John Brennan- o actual director da CIA. Em realidade esta lista poderia ser infinita mas isto pertence a outro tema.

O que nos interessa é para onde irá na sua gestom o papa Francisco I. É considerado como um sacerdote sério, austero e humilde. Viveu sempre num modesto departamento, o mesmo cozinhava a sua comida, tomava o transporte público em Bos Aires. Lavava pés aos leprosos e aos enfermos da sida. Também falava da necessidade de pôr fim à pobreza, mas ao mesmo tempo nom escatimou os seus esforços para se opor aos programas sociais progressistas dos presidentes Nestor Kirchner e Cristina Fernandez mas ao mesmo tempo defendeu ardentemente as reformas neoliberais de Carlos Menem que levaram ao país a um colapso económico.

Retornando ao passado, o arquivo fotográfico mostra-o junto com o ex presidente Rafael Videla durante a ditadura militar (1976-1983) dando-lhe comunhom ao homem acusado do desaparecimento de 30,000 pessoas. O jornalista argentino Horacio Verbitsky pom em causa no seu livro "A mao esquerda de Deus. A última ditadura (1976-1983)" as actuais declaraçons de Francisco sobre o seu desconhecimento sobre a repressom durante a ditadura militar.

O sacerdote Bergoglio foi acusado inclusive de ser colaboracionista da repressom militar aos sacerdotes Orlando Yorio e Francisco Jalics quem lhe imputam entregar aos militares assim como o desaparecimento de vários catequistas que trabalhavam na vila miséria de Flores em 1976. Devido a esta denúncia o cardeal foi chamado a declarar na "Causa ESMA" ante o Tribunal Federal " 5. Yorio e Jalics sustenhem que Bergoglio tirou-lhes a protecçom da Companhia de Jesús ao negar-se eles a sua ordem de abandonar o trabalho social. Os dous fôrom seqüestrados em 1976 ao perder o apoio eclesiástico e foram torturados na ESMA durante seis meses. Posteriormente lhes drogárom e deixárom num escampado nos arredores de Bos Aires. Os dous alcançárom sobreviver o seu martírio mas nunca perdoárom ao provincial da Companhia de Jesus a sua traiçom.

As Maes do Largo Maio, organizaçom que lutou durante décadas para dar com o paradeiro de milhares de desaparecidos, pedindo ajuda entre outras muitas à igreja, declararam há uns dias que para elas era difícil aceitar que um "homem dessa natureza este sentado na cadeira papal".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Bergoglio foi cúmplice com a ditadura genocida BASENAME: canta-o-merlo-bergoglio-foi-cumplice-com-a-ditadura-genocida DATE: Mon, 18 Mar 2013 00:30:24 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.argenpress.info/2013/03/declaraciones-de-la-abogada-que.html

Myriam Bregman, advogada do CeProDH (Centro de Profissionais polos Direitos Humanos), do PTS e da querela no julgamento da ESMA (Escola de Mecânica da Armada), referiu-se a Jorge Mario Bergoglio, recentemente elegido o Vaticano como Papa Francisco. Durante um dos julgamentos aos militares genocidas da ESMA (desenvolvido entre os anos 2010 e 2011), Bregman representou a Patricia Walsh, filha do jornalista e escritor desaparecido Rodolfo Walsh, e tivo a oportunidade de interrogar ao entom arcebispo primado de Bos Aires. Jorge Bergoglio. Foi umha das advogadas que exigiu ao Tribunal que o cite a declarar em qualidade de testemunha a partir da denúncia feita pola catequista Maria Elena Funes, quem o acusou de facilitar o seqüestro dos cregos jesuítas Francisco Jalics e Orlando Yorio, que integravam a mesma ordem que Bergoglio.

Sobre aquele acontecimento, a advogada relatou: "Contrariamente à imagem que hoje se dá dele como umha pessoa humilde, Bergoglio nom tivo empacho em utilizar todos os privilégios que lhe dava a sua investidura, negando-se a ir declarar como qualquer pessoa aos Tribunais, polo que se fixo transferir todo o julgamento à sede da Cúria em Bos Aires e tivemos que fazer o interrogatório ali mesmo. Durante a sua declaraçom, o hoje Papa contestou com evasivas e contradixo o que dixera a testemunha anterior. Tratou de fazer umha defesa formal do seu accionar durante o período que durou o seqüestro dos curas jesuítas por parte dos militares, afirmando que ao se dar conta que foram seqüestrados lhe informou aos seus superiores. Fixo também algumhas afirmaçons muito graves, como que dous ou três dias depois de perpetrar-se este seqüestro ele já sabia que estavam na ESMA. Algo que até o dia de hoje nem muitas Maes do Largo de Maio sabem a respeito dos seus filhos, apesar da sua intensa procura. Como se deu conta" Relatou que se entrevistou com Videla e Massera, mas bastante tempo depois. Também reconheceu que quando Jalics e Yorio fôrom liberados contárom-lhe que ficava gente seqüestrada na ESMA, e ainda assim fixo nada".

Mas o que lembra com maior detalhes a advogada Myriam Bregman daquele interrogatório é quando lhe perguntou sobre a apropriaçom bebés durante a ditadura: "Jamais esquecerei a cara que pujo Bergoglio quando lhe perguntamos polas crianças apropriadas [...]. contestou que se deu conta há pouco, fai uns dez anos, ou seja, no 2000, quando toda a sociedade sabia da procura das Avoas da Praça de Maio ao menos desde o ano 1983, e alguns familiares da Prata afirmam que conhece o caso de Ana Liberdad Baratti dde la Cuadra desde 1977".

Por último, Bregman assinalou: "A actitude reticente de Bergoglio a contestar e o acoutado das suas respostas naquele entom tivo coerência com a linha de silêncio e encobrimento adoptada pola hierarquia eclesiástica durante todos os anos posteriores à ditadura, negando-se sistematicamente a achegar arquivos e documentos com que contam. É parte da política da cúpula da Igreja católica, que abençoou e colaborou directamente com a ditadura iniciada na Argentina em 1976. Nom me estranha que a sacerdotes como Christian Von Wernich, que estám condenados por ser autores do genocídio, do plano de tortura e extermínio da ditadura, nom tenham sido excomungados e podam seguir dando missa como qualquer outro cura. O mesmo sucedeu com o cura Grassi, condenado por abusar de crianças, e por cuja expulsom a Igreja que Bergoglio comandava até ontem nom moveu um dedo. Ninguém pode negar que o hoje Papa Francisco I encobriu a genocidas e pederastas nas filas da Igreja".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Marx e a crise: os fantasmas, agora, são eles BASENAME: canta-o-merlo-marx-e-a-crise-os-fantasmas-agora-sao-eles DATE: Sat, 16 Mar 2013 18:42:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Mauro Luís Iasi [*]

http://www.resistir.info/crise/marx_crise_mar13.html

"Marx, hoje, volta a rondar a Europa, os EUA, a Ásia, nossa América Latina. Não somos mais um mero espectro. Somos cada vez mais de carne, osso, sangue e sonhos, enquanto eles se transformam a cada dia em fantasmas."

A atual crise do capitalismo mundial, além das graves consequências que traz para os trabalhadores, acabou por propiciar um efeito direto no debate teórico e acadêmico: uma retomada das ideias de Marx. Por que isso ocorre? Que tipo de previsão foi realizada por Marx que o faz tão maldito, perseguido e tão renitente em nascer e renascer cada vez que o julgam morto em definitivo?

Passamos, nós marxistas, pelas décadas de 1980 e 1990 resistindo no universo acadêmico como se fôssemos dinossauros anacrônicos, insistindo em teses que desmoronam diante das "evidências" pós-modernas, que afirmavam o fim da validade da teoria do valor, o fim da centralidade do trabalho, das classes e, por consequência, das formas organizativas e dos projetos políticos próprios da classe trabalhadora.

Karl Offe [2] chegou a afirmar que, depois das ideias de Touraine, Foucault e Gorz, o pensamento marxista não teria mais muita "respeitabilidade cientítico-social". O próprio Keynes, que alguns se preparam para resgatar como balsamo benígno contra os males da desregulação, sobre O Capital de Karl Marx decretou:

"Como posso aceitar uma doutrina que estabelece como bíblia, acima e além de qualquer crítica, um manual econômico obsoleto que reconheço não só como científicamente errôneo, mas também sem interesse ou aplicação para o mundo moderno?" [3]

Logo na sequência do mesmo texto, Keynes confirmará sua postura "científica" ao declarar preferir a burguesia que "apesar de suas falhas, representa a prosperidade" e certamente leva as "sementes de todo avanço humano", criticando aqueles que "preferem a lama ao peixe" e "exaltam o proletariado rude" contra a burguesia.

Parece que a burguesia continua, em sua incansável rota em direção ao avanço humano, cometendo "algumas falhas", que ameaçam a humanidade para garantir o avanço do capital. O proletariado rude, imerso na lama na qual tem que viver, mais uma vez tenta compreender a natureza da vaga que ciclicamente o afoga e, mais uma vez, o velho Karl Marx se levanta de seu descanso no cemitério de Londres para assombrar os respeitáveis senhores da ciência.

Qual seria o elemento teórico que encontramos em O Capital que permite que Marx seja ainda tão contemporâneo? Primeiro, poderíamos dizer que Marx era, de certa forma, mais anacrônico em sua época do que agora. Como pensa o capital como um conceito, um movimento do real que dialeticamente transita através de suas formas e, sendo histórico, nasceu, se desenvolveu e um dia irá ser superado, Marx projeta, pela análise precisa do ser do capital, aquilo que denomina de modo de produção especificamente capitalista, ou seja, um mundo subsumido inteiramente ao metabolismo do capital, no qual reina a subordinação real do trabalho ao capital, no qual a mercadoria e o dinheiro são realidades universais, subordinando o valor de uso ao valor de troca.

Ao projetar o capital maduro e completo é que Marx pode avaliar o processo possível de sua superação. Um procedimento que os antigos, antes que os pós-modernos convencessem o mundo acadêmico a aderir a um novo agnosticismo, chamavam de ciência. Ora, este capital maduro estava longe de corresponder à realidade de meados do século XIX; no entanto, para desespero da respeitável intelligentsia, o capitalismo contemporâneo se parece muito mais com a previsão de Marx do que com a projeção mítica anunciada pelos arautos do liberalismo e da economia política.

Apesar de autores como Boaventura de Souza Santos afirmarem que, considerando os três gigantes clássicos do pensamento social (Marx, Durkheim e Weber), Marx teria sido entre eles o que "errou de forma mais espetacular" [4] . Mas o desfecho do mundo burguês no inicio do século XXI se caracteriza inequivocamente por uma constatação: o mito liberal morreu!

Qual é a essência do mito liberal e como Marx se contrapôs a ele? O fundamento do mito liberal pode ser resumido da seguinte maneira: o capitalismo é um sistema virtuoso, pois permite que cada um, buscando seu próprio interesse egoísta, contribua para o estabelecimento do bem comum. Dessa maneira, é o único que pode articular de maneira eficiente os valores do indivíduo, da liberdade, da propriedade e da igualdade. O capitalista busca lucro, mas para obtê-lo produz mercadorias e para tanto gera emprego. O trabalhador quer pagar suas contas e viver e por isso vende sua força de trabalho. Com seu salário compra as mercadorias oferecidas pelos capitalistas e assim se fecha o ciclo. O burguês tem seu lucro, o trabalhador seu salário e a sociedade cada vez mais mercadorias com que satisfazer suas necessidades.

O sistema capitalista seria, ainda, virtuoso não apenas pelo equilíbrio entre interesses individuais egoístas e interesse geral, mas por sua dinâmica: quanto mais o capital produz mercadorias, mais contrataria, mais salários distribuídos intensificariam o consumo, que levaria a nova produção, mais contratações e novos salários que induziriam ao aumento do consumo e assim por diante, da melhor forma possível e no melhor dos mundos.

Recentemente, o presidente Lula conjurou o mito com todas suas letras ao afirmar que diante da crise os trabalhadores em vez de pedir aumento deveriam fazer com que suas empresas produzissem mais, para aquecer o Mercado, atender as necessidades do mercado consumidor e daí garantir, não apenas empregos como a possibilidade futura de melhores salários.

Apesar da fé consagrada de muitos ao mito, Marx escreveu O Capital para comprovar a falácia deste argumento central do pensamento burguês. Podemos resumir desta forma as principais conclusões do pensador alemão para contrapor uma visão científica à ideologia liberal: a) quanto mais cresce a concorrência entre os capitalistas, menor é a livre concorrência e maior é a tendência ao monopólio; b) nas condições de uma concorrência entre monopólios, os capitalistas tendem sempre a investir mais em capital constante (máquinas, instalações, novas matérias primas, etc) para aumentar a produtividade do trabalho, do que em capital variável (a compra da força de trabalho) alterando drasticamente a composição orgânica do capital em favor do trabalho morto; c) o resultado aparentemente paradoxal desse processo é uma tendência à queda na taxa de lucro, ou seja, quanto mais o capital cresce, maior é a produtividade do trabalho pela aplicação consciente da técnica e da ciência ao processo de trabalho, quanto mais o capital se torna monopolista e mundial, menor é a taxa de lucro.

Na verdade, a tautologia liberal afirma que quanto mais o capital cresce, mais ele cresce. O que Marx anunciou pela dialética do capital, compreendido pela minuciosa análise que se nega a permanecer na superfície aparente dos fenômenos, é que quanto mais o capital cresce, mais ele produz a crise que é própria à sua natureza, ou seja, de ser valor em constante processo de valorização, ou seja, uma crise de superacumulação que se combina de forma explosiva com manifestações de superprodução, subconsumo e queda tendencial da taxa de lucro.

O fato desconcertante para os adeptos dos planos de aceleração do crescimento, ou da irracionalidade exuberante como batizou Greenspan (ex-presidente do Banco Central norte-americano), é que o que causa a crise não é a carência, mas a abundância, a pletora. Um raciocínio típico de Marx, isto é, não argumenta com o adversário teórico pela negação de sua tese, mas pela suposição de sua plena realização. No caso concreto de nossa análise, afirma que a dinâmica do capital leva à aparente confirmação do mito liberal, levando a sociedade a uma espiral irresistível de produção, consumo e reinvestimento; no entanto este reinvestimento sempre se dá, pela própria concorrência, seja livre ou monopólica, alterando a composição orgânica em favor do capital constante e, portanto, alimentando a queda tendencial da taxa de lucro.

No momento agudo deste processo, o capital realizado ao final do ciclo, e que deveria voltar ao início como novo capital inicial, encontra todo o metabolismo do capital saturado de investimentos, muitos meios de produção instalados, muitos trabalhadores empregados, muitas mercadorias produzidas, e tudo isso com taxas de lucro menores. Em momentos normais, o capital migra para outra área, seja para produzir outro tipo de mercadoria, seja para outra região em busca de elementos que possam baratear seus custos com força de trabalho, matérias primas ou outros elementos do capital constante. No entanto, nas épocas que antecedem às crises, considerando o capital total, é como se o capital não encontrasse onde aportar e começa a parar.

Como o capital é, antes de qualquer coisa, movimento do valor em constante processo de valorização, sua crise ocorre quando este movimento se paralisa em algum ponto do ciclo do capital: como dinheiro que não consegue virar crédito, como capacidade instalada e ociosa, como força de trabalho contratada e impedida de trabalhar, como mercadoria produzida e que não encontra o consumo na proporção de sua oferta, ou ainda pior, como consumo realizado que alimenta a fogueira da superacumulação.

Para que possamos entender o desfecho da crise e, principalmente, os efeitos sobre a classe trabalhadora, é necessário recorrer a um raciocínio essencial que Marx desenvolve ao tratar de sua tese sobre a queda tendencial da taxa de lucro no Livro III de O Capital: as contratendências.

Marx precisava defender sua tese em um momento no qual o mito liberal esbanjava saúde. A primeira grande crise do capital, entre os anos 1870 e 1880, ofereceu para o autor os elementos centrais de sua afirmação. No entanto, o capital estava destinado a sair dessa crise e de outras. É preciso não confundir a teoria de Marx sobre a crise com qualquer afirmação messiânica sobre uma crise final catastrófica que levaria por si mesma ao fim do capitalismo [5] . Para o autor, o capital desenvolveria elementos contra-tendenciais que fariam da queda na taxa de lucro uma tendência e das crises uma realidade cíclica, ou seja, em outras palavras, não se trata de uma linha descendente que culmina no fim do poço, mas de um movimento de crescimento, auge, crise e retomada até novo ápice que leva a uma nova crise.

As chamadas contratendências [6] seriam todas as ações empreendidas pelo capital no sentido de se contrapor à queda na taxa de lucro. Podemos resumi-las da seguinte maneira: a) aumento do grau de exploração da classe trabalhadora, seja pelo aumento da jornada de trabalho, seja pela intensificação do trabalho; b) redução dos salários; c) redução dos preços dos elementos do capital constante, tais como buscar matérias-primas mais baratas, máquinas mais eficientes, subsídios para insumos e serviços essenciais como aço, mineração, energia, armazenamento, transporte e outros; d) formação de uma superpopulação relativa, ou seja, reunir um contingente de força de trabalho muito além das necessidades do capital e mesmo além do exército industrial de reserva como forma de pressionar o valor da força de trabalho para baixo; e) ampliação e abertura de mercado externo como forma não apenas de desovar o excedente produzido, como de encontrar fontes de matéria prima e recursos abundantes, barateando seus custos; d) o aumento do capital em ações, isto é, buscando compensar a queda na taxa de lucro com juros oferecidos pelo mercado de papéis oferecidos por empresas ou por títulos do Estado.

Notem que todas as contratendências escondem um sujeito oculto. Trata-se, já no final de O Capital, de mais um embate, este decisivo, contra a ideologia liberal. Quem administra os limites da exploração do trabalho, seja pelo tamanho da jornada, seja pelas condições gerais da contratação? Quem determina os limites legais da compra da força de trabalho e seu valor? Quem pode baratear os elementos do capital constante por meio de subsídios, créditos facilitados, isenções e outros meios conhecidos? Quem assume o custo de administração, manutenção e controle sobre uma superpopulação relativa cujo papel é nunca entrar no mercado e trabalho? Quem representa os interesses das corporações monopólicas na ampliação, conquista e manutenção de mercados em disputa com outros monopólios? Finalmente, quem se presta ao papel de oferecer títulos que remuneram com taxas de juros generosas sem se preocupar em perder dinheiro ou comprar de volta títulos podres e sem valor?

Esse sujeito, que mal se oculta, só pode ser o Estado! Eis que se desmorona a mãe de todos os mitos liberais: o Estado não deve intervir na livre concorrência entre os indivíduos pela disputa de riquezas e propriedades, resumido na tese da não intervenção estatal na economia. Para Marx, o Estado sempre foi um fator determinante no sociometabolismo do capital, em seu nascimento na acumulação primitiva de capitais, na garantia das condições gerais chamadas de extraeconômicas (garantia da propriedade, subordinação legal e institucional da força de trabalho ao capital, defesa da ordem, etc.) no período de ouro do liberalismo, na representação dos monopólios na partilha e repartilha do mundo, fazendo dos interesses das corporações o interesse nacional; e, por fim e mais importante, nos momentos de crise em que o custo da exuberância irracional, que levou à apropriação indecente da riqueza socialmente produzida na forma de acumulação privada, tem que ser socializado por toda a Nação.

Além do evidente papel do Estado no comando e gerenciamento das contratendências, fica evidente o caráter de classe destes mecanismos, o que nos ajuda a entender os efeitos que recairão sobre os trabalhadores. A intensificação da exploração, que leva ao aumento do desgaste da força de trabalho e à intensificação dos acidentes e das doenças profissionais; a redução de salários, assim como a precarização das condições de contratação, com relativização e perda de direitos; o aumento da superpopulação relativa, que tem por base a intensificação da expropriação dos camponeses e de todos que ainda conseguem manter seus meios diretos de trabalho, e que leva à explosão urbana com todas suas consequências conhecidas no campo da habitação, dos serviços essenciais como educação e saúde, mas também no que se refere a questão da violência e da criminalidade.

Mesmo as ações que aparentemente não se relacionam diretamente com o agravamento das condições de exploração e a precarização das condições de vida dos trabalhadores acabam por ter efeitos muito sérios sobre a vida de quem trabalha. Os subsídios e isenções ao capital, para baratear os elementos do capital constante ou ajudá-los a manter seus patamares de venda, só podem sair do fundo comum do Estado e, portanto, à custa de cortes dramáticos em serviços públicos duramente conquistados. Só em uma semana, o governo brasileiro gastou R$50 mil milhões para manter o valor do dólar, enquanto durante todo o ano anterior foram gastos um pouco mais de R$ 20 mil milhões com a saúde, apenas para ficar em um exemplo. As fortunas gastas para manter bancos em funcionamento só podem sair do recurso público numa clara expressão de privatizar a pequena parte da produção social da riqueza que ficou no espaço publico, sem que em nenhum momento se questione o volume da riqueza que no ciclo de crescimento permaneceu na esfera da acumulação privada.

Talvez o mais grave quanto aos efeitos da ação do Estado na gestão das contratendências para os trabalhadores e a própria humanidade seja um aspecto para o qual Marx não deu maior atenção: a expansão do mercado externo. Quando Marx escrevia o último livro de O Capital, a ordem monopolista mal fazia sua estreia histórica. Para o autor, tratava-se apenas de encontrar mercados para os produtos e encontrar fontes de matérias-primas. Ocorre que, com o pleno desenvolvimento dos monopólios, passa a ser decisivo, como estudou mais tarde Lenin, a exportação de capitais, e daí a necessidade de controle das áreas de influência, levando a constante partilha e repartilha do globo, primeiro entre os monopólios e depois entre as nações que os representam, levando à Guerra.

A fase imperialista e a prática da guerra, que lhe é inseparável, fizeram desta contratendência quase que a síntese da ação do Estado em defesa do capital e da manutenção de suas taxas de lucro contra a tendências das mesmas em cair. Não apenas pela enorme destruição material que a Guerra causa, abrindo campo para novas inversões em condições de lucratividade retomada em patamares aceitáveis para o capital, como pelo próprio estabelecimento de um complexo industrial-militar que vende ao Estado mercadorias que terão que ser substituídas quer sejam ou não usadas (como no caso do arsenal nuclear), como teorizou de forma precisa Mészáros.

Podemos resumir, afirmando que, na dinâmica das contratendências, as vítimas são os trabalhadores, os beneficiários a burguesia monopolista e o instrumento o Estado, não apenas como aparato técnico jurídico-adiministrativo, mas também e principalmente pela capacidade que lhe é própria de apresentar como universal um interesse que é particular. Nesse campo, o da luta política, a crise é o momento de retirar da gaveta do arsenal da política burguesa a tese do pacto social.

No momento da crise se reapresentam todas as alternativas em disputa. Podemos resumi-las em três posições: a) a afirmação de que tudo não passa de um incidente, mais ou menos grave, mas de qualquer forma um incidente que não compromete a estrutura do mito, ou seja, basta voltar a crescer que os empregos voltam, o consumo cresce, e tudo volta ao círculo virtuoso do capital; b) a retomada da crítica keynesiana, que aparece simultaneamente como afirmação da ordem do capital com todos os elementos que lhe são próprios (inclusive a livre concorrência), mas que afirmará a necessidade de retomar mecanismos de regulação, ou seja, não se trata de evitar a livre concorrência, mas de regular certos aspectos para que suas consequências inevitáveis não gerem condições catastróficas que possam levar ao questionamento do sistema; c) a alternativa socialista, ou seja, aquela que se fundamenta na afirmação sobre a necessidade da produção social da riqueza ser gerida também de forma social, levando à acumulação social da riqueza ser concebida como valor de uso e não mercadoria.

No presente quadro, a primeira, um pouco na defensiva e sem a arrogância que caracterizou o último ciclo, não desaparecerá. Ela se inscreverá na afirmação que basta o Estado dar os elementos para que o capital volte a crescer, sem que interfira na disputa econômica direta, por exemplo, através das estatizações. A segunda, de corte keynesiana, será a mais ativa e, portanto, mais enganosa e perigosa para os trabalhadores. Sob o manto de uma necessidade comprovada de maior regulação, que deverá se inscrever nos limites do mundo financeiro, pode chegar até a defender, como aliás já está acontecendo, algumas ações estatizantes. No entanto, esta opção mal esconde uma enorme luta política que marcou o século XX. Foi preciso ceder a determinadas demandas dos trabalhadores, por direitos e condições de vida, frente à ameaça de superação revolucionária da ordem, representada pelo advento da revolução Russa de 1917.

A solução keynesiana, que não se revestiu no século XX necessariamente com a forma de um Welfare State social democrata de perfil europeu, nos EUA prevaleceu com o New Deal, mantendo a base de uma economia de mercado fundada na livre concorrência, e na América Latina, por exemplo, a regulação estatal se deu na forma de ditaduras militares mais preocupadas com o Estado do que com o bem-estar. No quadro conjuntural atual, de inflexão política, de desmonte e isolamento das tímidas alternativas de transição socialista iniciadas no século XX, os regulacionistas tendem a se comportar mais como liberais contidos e responsáveis do que como social democratas.

Aos trabalhadores cabe uma outra ordem de tarefas. Primeiro: resistir, não aceitando que o ônus da crise recai sobre o setor que mais se penalizou no ciclo de crescimento. Não apenas lutando para que nenhum direito lhe seja retirado, como se recusando a proposta do tipo redução de jornada com redução de salário ou qualquer precarização de suas já precárias condições de contrato e de trabalho. Segundo: forçar o Estado para que se recuse a usar o recurso público para dirimir perdas ou incentivar produtividade de um setor da economia monopolizada, que lucrou fortunas e as acumulou privadamente. Enquanto o governo se regojiza com a informação de que os 20% mais pobres passaram de U$1,00 por dia para U$2,00 de maneira que saíram de uma posição que os colocava abaixo da linha da miséria para uma condição de dignidade duvidosa na linha da miséria, as 500 maiores empresas do Brasil, entre 2002 e 2007 viram seus lucros saltarem de R$ 2,9 mil milhões para R$43 mil milhões.

Em terceiro lugar, está na hora de a classe trabalhadora deixar de optar entre qual é a ortodoxia burguesa que mais lhe convém, se a liberal ou a keynesiana, e dizer a pleno pulmões que as previsões liberais ou regulacionistas, que prometiam que o crescimento econômico levaria a uma paulatina diminuição das desigualdades sociais e a um mundo justo e equilibrado, naufragaram triunfalmente. Depois os marxistas é que são acusados de "determinismo econômico"! O que é a tese de que os problemas sociais só se resolverão com o crescimento econômico de tipo capitalista senão a mais mecânica afirmação economicista?

O Brasil tinha como modelo os EUA e a Europa. Queríamos, na expressão de Galeano, ser como eles. Pois bem, já somos. Somos parte integrante do sistema capitalista mundial, no papel que nos cabe, como área de saque do imperialismo. Uma área especial que, devido ao grau de investimento imperialista dos grandes monopólios, constituímos como uma formação social com um capitalismo moderno e completo que inclusive ensaia seus primeiros movimentos no sentido do imperialismo tupiniquim, como tem teorizado Virgínia Fontes, sem, contudo, nunca sair de baixo das asas dos centros hegemônicos do imperialismo mundial.

Devemos recusar o papel miserável de entrar no debate que busca "como sair da crise". Devemos pautar o debate, o único que interessa aos trabalhadores, sobre qual forma de sociabilidade atende os interesses reais dos trabalhadores e da humanidade e pode, de quebra, evitar que ciclicamente todo o esforço produtivo seja destruído por uma nova crise que, para salvar o capital e suas taxas de lucro, destrói produtos, fábricas e seres humanos em uma escala genocida. Para nós, marxistas, existe essa alternativa: é necessário e urgente que a produção social da vida liberte-se das relações sociais de produção de tipo capitalista, superando a propriedade privada dos meios de produção e desenvolvendo as forças produtivas materiais como recursos coletivos e patrimônio da humanidade, e não propriedade dos monopólios burgueses, de maneira que possamos caminhar para a superação da forma mercadoria e afirmar a centralidade do valor de uso.

Nossa meta socialista pode ser compreendida por aqueles que nos interessam que a compreendam? Em grande parte esta é a arte da política, como disse Bourdieu: a política é a arte de "fazer crer que se pode fazer o que se diz" [7] . Nós acreditamos que sim e que podemos expressar os fundamentos de nossa proposta através de três afirmações muito simples: 1) ninguém pode se apropriar de recursos necessários à produção das condições que garantem a existência coletiva da humanidade; 2) ninguém pode se apropriar em caráter privado da força de trabalho humana, pois ela é a principal força de produção e o principal recurso comum da espécie para garantir sua existência, não podendo assumir a forma de uma mercadoria; e 3) a riqueza coletivamente produzida não pode ser acumulada privadamente.

Como dizia Brecht, "uma coisa muito simples, dificílima de ser feita". No entanto, nesse ponto a crise nos ajuda, Nunca ficou tão didático o caráter destrutivo da atual forma do capitalismo monopolista e imperialista, nunca ficou tão evidente a falácia do mito liberal, nunca foi tão urgente dotar a humanidade de uma alternativa para além da ordem do capital.

Os liberais, velhos, neos e recentes; os pós-modernos, pós-industriais, pós-socialistas; todos timidamente voltam ao "refugo das livrarias vermelhas", ao qual Keynes havia condenado a leitura marxista como nada tendo de aplicabilidade prática para os tempos modernos, para discretamente voltar a ler Marx e entender o que se passou e o que seus ideólogos não conseguem lhes explicar. Marx, hoje, volta a rondar a Europa, os EUA, a Ásia, nossa América Latina. Não somos mais um mero espectro. Somos cada vez mais de carne, osso, sangue e sonhos, enquanto eles se transformam a cada dia em fantasmas.
Notas

1 Apresentado inicialmente no Seminário sobre a Crise Econômica Mundial, promovido pelo PCB São Paulo em novembro de 2008 e modificado para a publicação.

2 Offe, Claus. Capitalismo desorganizado. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 195.

3 Keynes, John Maynard. A short view of Rússia [1925]. Apud Meszáros, Istvan. Para além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2002, p. 16.

4 "Max Weber e Durkheim falharam menos estrondosamente que Marx nas suas previsões". (Santos, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1999, p. 34.) Do mesmo autor podemos citar a seguinte passagem: "Se o marxismo é uma ciência tem que se submeter à prova dos fatos e os fatos não vão no sentido previsto por Marx" (idem p. 25)

5 Para uma análise crítica sobre a tese da crise final, ver O encontro da revolução com a História, de Valério Arcary (São Paulo: Xamã/ Institute Rosa Sundermann, 2006)

6 Ver o capítulo XIV, do livro III, volume 4 de O Capital de Karl Marx.

7 Bourdieu, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertran Brasil, 1998, p. 185.

[*] Membro do Comitê Central do PCB .

O original encontra-se em pcb.org.br/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: USA-Vaticano, o novo genocido programado BASENAME: canta-o-merlo-usa-vaticano-o-novo-genocido-programado DATE: Sat, 16 Mar 2013 09:56:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

EEUU e Vaticano aliados contra a Nossa América Bolivariana

Carlos Antón e Carlos Vélez - www.aporrea.org
15/03/13 - www.aporrea.org/internacionales/a161448.html

No primeiro parágrafo do 18 Brumario, Marx expressa: "Hegel di em algumha parte que todos os grandes factos e personagens da história universal aparecem, coma se dixéssemos, duas vezes. Mas esqueceu-se de agregar: umha vez como tragédia e a outra como farsa".

Talvez na América Latina toca-nos viver duas vezes (ou mais) a tragédia.

A entronizaçom do cardeal de Bos Aires, Jorge Bergoglio como o papa Francisco, nom pode ser tomada "ainda polos cristaos católicos argentinos- com veemência chauvinista. Ao invés, o drama ao que assistimos é que, mais umha vez a maridagem CIA"Vaticano refunda-se para acometer com a sua fúria aos povos em revoluçom. A ALBA, a CELAC, a UNASUR, a revoluçom bolivariana estám na mira dos seus mísseis e da sua cruz. Como há 500 anos a espada e a cruz contra os povos.

EEUU-Vaticano um velho maridagem

A finais da Segunda Guerra Mundial, depois de invadir a Itália, aos EEUU criou-se-lhe um problema, como reconstruir o Estado italiano ao serviço do capital. O caso é que o único sector cujo prestígio era reconhecido polo povo italiano eram os comunistas. O PCI, que ganhara as suas medalhas na luta antifascista, ademais foram os que ajustiçárom a Benito Mussolini, il Ducce. E para complicar mais a questom estavam armados.

De ali que os ianques conceberam um plano que descansou sobre três eixos: o Vaticano, a máfia e eles mesmos. Washington proveu o dinheiro, a máfia italiana os sicários para assassinar comunistas e semear o terror e o Vaticano santificou a cruzada à vez que rearmava a velha Democracia Cristá. Eram os tempos do papa Pio XII, também conhecido como o papa-nazista.

Anos mais tarde mais tarde, a fins dos anos ´70 chega ao Vaticano Joám Paulo II (1978) em tanto que Ronald Reagan o fai à presidência dos EEUU (1980).

A entronizaçom do cardeal polonés, foi um acto mais da Guerra Fria e da ofensiva ianque contra a Uniom Soviética e o comunismo. A aliança entre a CIA e o Opus Dei permitiu que, à morte de Paulo VIM depositassem a Karol Wojtyla -o homem que o Opus elegeu para ser papa- na "cadeira de Som Pedro". A tal ponto era um soldado fiel Karol Wojtyla, que na Vila Tevere, esquadra geral do Opus Dei em Roma baixou a rezar ante a tumba de monsenhor Escrivá de Balaguer (criador da ordem) antes de entrar no conclave do que sairia Papa.

A luta contra o comunismo de Joám Paulo II tivo um capítulo especial na América Latina. Por esses anos os sandinistas derrocaram ao dictador nicaraguano Anastasio Somoza, e contra todas as possibilidades da época erigírom um governo popular (1979) na Nicarágua de Sandino. No governo vermelho e preto, quatro sacerdotes católicos eram ministros. A influência da chamada igreja dos pobres, que se sustinha na Teologia da Libertaçom, cresceu por Centro América e o resto da América Latina.

Entom o Vaticano e Washington decidiram que algo havia que fazer.

Enquanto Reagan instalava aos contras na fronteira entre Honduras e Nicarágua para atacar aos sandinistas, o Vaticano organizou a viagem de Wojtyla a Nicarágua, como umha nova cruzada. Agora contra a heresia comunista. Muito já se escreveu sobre esses factos e deixamos aí a crónica.

Finalmente a igreja alcançou domesticar e emudecer aos curas dos pobres, em tanto um dos períodos mais reaccionários do século XX expandia-se sobre o planeta e a América Latina. A maridagem entre EEUU e o Vaticano, colheitava seus frutos.

Os povos latino americanos rebelam-se

Trás a denominada Década perdida os povos latino-americanos retomaram a iniciativa nas lutas sociais e políticas. Da pouco tenhem-se conformando governos populares, e em Venezuela um coronel do exército chegou à presidência. Com Hugo Chávez Frias, o continente encontrou um líder revolucionário, que sintetizou os sentimentos populares, inclusive os religiosos com a teoria do socialismo. E nasceu a revoluçom bolivariana cujo exemplo se expandiu polo continente e polo planeta.

Com altibaixo a revoluçom foi-se consolidando, mas o 5 de Março, sofremos um terrível golpe. Faleceu o comandante Chávez. E ainda que o povo venezuelano está galvanizado e se apresta a dar duras batalhas para fortalecer a revoluçom, todos fomos impactados por esta morte.

Na outra ponta do mundo, outra notícia comoveu à freguesia católica. O papa Benedito XVI, o cardeal Ratzinger (ex membro das mocidades hitlerianas nos anos ´40) renunciou ao papado.

Foi-se.

As razons ainda som motivo de especulaçom. Mas mais ali de qualquer que se poda esgrimir, o verdadeiro é que este bispo ultra conservador nom pudo suster a batalha contra os povos do Terceiro Mundo. Este mundo de indigentes e rebeldes continua tentando revoluçons.

Mudar o libreto e dar de novo

Como com Wojtyla, o Vaticano e o imperialismo jogam umha carta forte. Hoje acabam de eleger a um papa latino-americano, argentino. Jorge Bergoglio, arcebispo da Cidade Autónoma de Bos Aires, será o próximo em sentar na cadeira de Sam Pedro. A missom nom pode ser mais clara, a mesma que lhe encarregaram ao polonés: acabar com os comunistas latino-americanos.

E o novo papa tem currículo para mostrar neste caso. Pertence à ordem das jesuítas que durante a ditadura genocida foram cúmplices com as sucessivas Juntas Militares e fundamentalmente colaboraram com o almirante Emílio Massera. A Bergoglio imputa-se-lhe um papel especial no operativo militar que culminou com o seqüestro dos religiosos Orlando Yorio e Francisco Jalics, em maio de 1976, que foram presos-desaparecidos durante cinco meses. Junto a eles também fôrom seqüestrados quatro catequistas e dous dos seus esposos. Entre eles estavam Mónica Candelária Mignone, filha do fundador do CELS (Centro de Estudos Legais e Sociais), Emílio Mignone, e Maria Marta Vázquez Ocampo, (filha) da presidenta das Maes da Praça de Maio. Isto foi detalhado polo jornalista Horácio Verbitsky, em dous livros e vários artigos jornalísticos.

Com a volta à democracia, e durante o governo do presidente Cristina Fernández de Kirchner, o arcebispo portenho enfrontou medidas progressistas impulsionadas polo governo nacional como o casal igualitário e o aborto terapêutico. Com respeito ao primeiro ponto expressou: "Nom sejamos ingénuos: nom se trata de umha simples luta política é a pretensom destrutiva ao plano de Deus. Nom se trata de um mero projecto legislativo (este é só o instrumento) senom de umha "movida" do pai da mentira que pretende confundir e enganar aos filhos de Deus". Ao ser regulamentado o aborto nom punível na Cidade, o entom arcebispo de Bos Aires deu a conhecer um comunicado, expressando que "avança-se premeditadamente em limitar e eliminar o valor supremo da vida e ignorar os direitos das crianças por nascer".

Em tanto os jornalistas chauvinistas, afirmam que o Bergoglio é o homem mais importante da história argentina.

Um mar de mortos separam-nos. Enquanto de um lado está a Igreja católica e o papa Francisco -cúmplices e encobridores da ditadura genocida na Argentina- do outro está o povo, a classe trabalhadora e heróis verdadeiros da talha do Ché, Sam Martín, Mariano Moreno, Juana Azurduy e outros tantos e tantas que lutárom por umha pátria sem opressores.

Ninguém pode chamar-se a engano, Francisco será um papa reaccionário como o que mais e o seu papel é combater aos povos latino-americanos em revoluçom. O Vaticano tomou devida conta de que Chávez e a revoluçom bolivariana nom é o cuco comunista que "fusila curas" contra o que eles estavam acostumados combater. O chavismo -mais ali das crenças pessoais de cada pessoa- alcançou que o cristianismo seja visto novamente polos crentes como a religiom dos pobres, dos deserdados, dos que lutam pola sua redençom cá na terra apontando com a sua rebeldia aos poderosos e os capitalistas. Para o imperialismo e o Vaticano, isso é mais perigoso que o velho comunismo ateu ao que combateram por décadas.

Para os povos, os militantes, os revolucionários da América Latina nom pode haver confusom. O imperialismo vem por nós, vem exterminar as revoluçons em marcha, a esmagar toda a semente de rebeldia. Ademais da IV frota, as bases militares, a ONG desestabilizadoras, agora trai-se um papa debaixo do braço.

Fechar fila contra o imperialismo e os seus lacaios é consigna da hora.

Viveremos e venceremos

Até o socialismo sempre

*antonfoyel@gmail.com

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Habemus Papam Criminalis BASENAME: canta-o-merlo-habemus-papam-criminalis DATE: Thu, 14 Mar 2013 20:44:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.rebelion.org

Martin Bedrossian
Periódico Pachakutiq


Foi-se um criminoso que integrou as mocidades hitlerianas
, Ratzinger o papa xenófobo, homofobo e encobridor de pederastas, umha ofensa à figura -ao menos a idealizada polos crentes- de Jesus, que nom pode tampar os progressivos escândalos da maior organizaçom mafioso-terrorista de todos os tempos, filtrados graças à novas tecnologias de informaçom. A Igreja católica com os seus centros de doutrinaçom e lavagem político de cérebros, valeiradores de conteúdo, está presente a cada físgoa do planeta. Seguindo a mesma lógica nomeou-se a outro criminoso, Jorge Mário Bergoglio com o seu alter-ego Francisco, nome de origem germánico que poda se perceber seica como um continuismo simbólico com o seu antecessor, certamente aquilo que nom representa dúvida é o conservadorismo agoirento ideológico, posto que se fora de outra maneira a chegada às rendas da Igreja, os grupos de poder ocultos, ainda que cada vez menos, detrás do báculo papal, nom o deixariam chegar nem à porta de bronze do palácio pontifício.

O Bergoglio

já histórico, acusado de promover, ocultar e amparar desaparecimentos de pessoas, seqüestros, torturas inclusive de outros curas, de entregar fiéis ao Terrorismo de Estado para a sua posterior tortura e assassinato, de ser parte do mecanismo de roubo de bebés durante a ditadura, de operar como lobbista político em favor do stablishment e a oligarquia em particular, um fervente activista em contra de qualquer tipo de conquista no que a direito humano, chame-se este, casal igualitário, eutanásia, aborto, despenalizaçom de tenencia de estupefaciente, ou da tam esperada separaçom Estado-Igreja, uniom que nom está consentida na Constituiçom Nacional Argentina operando de facto, crego máximo desestabilizador trabalhando de modo conjunto com a gauchocracia abigetária e instigador golpista, ideólogo de campanhas mediáticas em contra de períodos democráticos, o seu passado perde-se na noite da história, amante das prebendas e privilégios dos que desfruta a Igreja à conta de um estado laico, extorsionário incansável perturbando o desenvolvimento e a implementaçom de políticas de inclusom social implacável opositor raivoso das democracias participativas todo o supracitado escudado numha imagem de conciliador e perdoador compulsivo.


O crego Bergoglio

exponente máximo da ultra-direita assassina vernácula, como vaticinavam alguns suspicazes analistas, ganhou, cientes da grande máfia eclesiástica, quiçais a mais grande organizaçom criminal indo desde convénios políticos para dar a verdadeiros giros históricos reaccionários a investidura moral para arrulhar dessa maneira as mentes dos membros do seu grei, isto último como o mais suave passando por lavagem de dinheiro, desvio de fundos, utilizaçom política do despropósito do poder real baseado na virtualidade de umha ficçom para influenciar quando nom extorsionar governos progressistas ou inclusive quaisquer que poda se achegar a estándares medianamente aceitáveis de democracia, sempre jogando a pontas diversas com a ambigüidade vouga da prosa clerical tam bem usufructada. Custando-lhe a vida a aqueles que se opugérom à desigualdade social, aos que lutaram polos direitos políticos, morrendo muitos por alçar a sua voz polos direitos humanos, nesse lavrar intenso da história encontra-se como contra-força as elites mundiais e na sua pata fundamental de dominaçom e doutrinamento, a igreja católica. Bergoglio é simplesmente o que devia ser, o que devia ocupar essa funçom do monopólio da fé.


O CÉU

O Vaticano nom se dorme, sabe perfeitamente quem é Bergoglio e justamente por isso é eleito para liderar a corporaçom eclesiástica. Em 2010 numha reportagem de Vertbitsky para Pagina/12 a Graciela e Rodolfo Yorio irmaos do crego do terceiro mundo Orlando Yorio quem foi seqüestrado polos grupos de tarefas do terrorismo de Estado durante ultima-a ditadura militar que durou de 76 ao 83, numha entregue do actual papa Francisco, para que o torturem. Por entom, Francisco, mantinha contactos estreitos e umha colaboraçom muito activa com os militares genocidas. Do mesma reportagem desprende-se que colegas jesuítas daquele Bergoglio elevárom ao Vaticano um dossier no que se plasmava o comportamento escuro do presbítero, com isso ilusoriamente sentiam seguros -nesse tempo- que umha personagem dessa laia jamais ocuparia um rol tam central para a religiom católica. Qualquer mortal com algumha leitura da realidade compreenderá que umha pessoa com esse arrojo perverso é cobiçada por qualquer organizaçom mafiosa, seja como elemento ofensivo que opera na clandestinidade, seja como líder.

Este crego devindo em sumo pontífice, a sua afinidade e contacto com os militares genocidas, o serviço secreto do Estado à vez que de tanto em tanto intercedia por algumha vítima seqüestrada pola ditadura, geralmente algum filho "transviado" de um poderoso, o que demonstra o seu total conhecimento do que nessa época acontecia à vez que o seu nível de contactos para o interior do averno militar, um uso de duplo cara que executou com mestria e que à luz do resultado do conclave, pode-se afirmar que ainda nom perdeu as suas manhas.

Maltrador profissional, fustigador daqueles que antepunham o social aos seus interesses imediatos, os seus vínculos com o desaparecimento forçado de pessoas vê-se reforçado por testemunhos como os da teóloga Marina Rubino quem denuncia a Bergoglio por despojar da protecçom que pretendia conceder o bispo de Morón Miguel Raspanti em 1976 aos curas dos pobres Orlando Yorio e Francisco Jalics, por que considerava que corriam perigo; ao pouco tempo foram seqüestrados e torturados. Marina Rubino estudou com os curas Yorio e Jalics e foi coordenadora no colégio Sacro Coraçom de Castelar, província de Bos Aires onde estava a religiosa francesa Leonie Duquet, desaparecida, torturada no centro clandestino de detençom ESMA e chimpada desde um aviom militar ao mar, o seu corpo logo atopado na costa de Santa Teresita. Naqueles sombrios momentos com um uso atroz de humor macabro que desgarra qualquer consciência, os oficiais torturadores adoptavam chamar "as monjas voadoras" às duas religiosas francesas torturadas e tiradas às águas desde as alturas, Leonie Duquet e Alice Domon. Bergoglio adoptava fazer insinuaçons e solapadas ameaças a maneira de conselhos para debilitar a membros de movimentos sociais dentro da Igreja, desbarata-los, como lembra Rodolfo Yorio algo que sentiu como umha ameaça "Vos cuida-te, porque à irmá de Fulano que nom tinha nada que ver seqúestrárom-na e a torturaram", cabe destacar que isto o dizia Francisco I em plena ditadura militar, quando parte da sociedade desconhecia as atrocidades e o carácter abominável da eliminaçom sistemáticas de pessoas, clandestinidade explorada polos genocidas de entom. Os curas seqüestrados, freqüentemente descreviam ao actual Francisco I como umha personagem "ávida de poder".

A delaçom de Francisco

O sacerdote Alejandro Dausa seqüestrado a meses do golpe militar em 1976 que instaura a ditadura, é torturado durante seis meses pola polícia de Córdoba, soltam-no e alcança exiliarse nos EEUU onde se dá conta por organismos de direitos humanos que o cura Jalics reside nesse país, tem certo contacto e em cada oportunidade lembra Dausa: "Como é natural, conversamos sobre os seqüestros respectivos, detalhes, características, antecedentes, sinais prévios, pessoas involucradas, etc. Nessas conversaçons indicou-os que os entregou ou denunciado Bergoglio". Em cartapacio Nº 6328 da justiça sobre o cura Jalics reza: "Jalics, Francisco.- Sacerdote jesuíta, foi seqüestrado o 23 de Maio de de 1976 no Bairro Rivadavia (no limite com a vila do baixo Flores). Estivo prisioneiro em E.S.M.A. e posteriormente numha casa de Dom Torcuato. Foi liberado o 23 de Outubro de 1976 junto ao cregoYorio, sacerdote da mesma Comunidade. Saiu do país.".

A Igreja cúmplice

Francisco I, no ano 2006 edita o seu livro "Igreja e democracia em Argentina" onde prologou "nom devemos ter medo aos documentos", omitindo aspectos craves de um documento que esta guardado nos arquivos da cúria onde ele era arcebispo ao qual tivo acesso o jornalista Horacio Verbitsky; documentos com dimensom reveladora sobre a participaçom central da igreja durante a repressom di em algum das suas passagens "de nengumha maneira pretendemos expor umha posiçom de crítica à acçom de governo (militar)" dado que "um insucesso levaria, com muita probabilidade, ao marxismo", polo qual "acompanhamos ao actual processo de ré-organizaçom do país ("processo de reorganizaçom nacional": assim chamavam os ditadores ao terrorismo de estado)". Em forma explícita menciona a "adesom e aceitaçom" episcopal.

Desestabilizador profissional

Os meses prévios ao golpe de estado de 1976, começou-se gestando um lockout patronal, com a ideia efectiva de desestabilizar ainda mais o governo de Rega-Estela Martinez de Perón, o mesmo modus operandi executaram a direita e a igreja quando o governo nacional durante 2008 tentou aplicar segundo constava no seu plano de governo, a redistribuiçom da riqueza, atendendo à renda obscena que deixava sobretodo a exploraçom soiera e a modo também de reparaçom e ligeira compensaçom polo impacto que deixa o mono cultivo, o uso de agro químicos grandemente tóxicos e a brutal iniquidade estatística de 80% das terras mais produtivas em maos de um 20% concentrado e portanto muito rico. Francisco I, nesses dias, alinhar automaticamente, como era de esperar com o sector concentrado do "campo" escondendo-se detrás de um chamariz que o para passar como de "todo o campo", manipulando a opiniom publica a tal ponto que tivo em alvas ao governo democrático kirchnerista, seguido por cans ofegantes que pretendiam um golpe, talvez mas ao estilo destas épocas, um golpe cívico-eclesiástico- empresarial. Bergoglio reunia-se insistentemente com os representantes das patronais latifundiários, históricos golpistas e oligarcas, sob o nome de ?Mesa de ligaçom" fazendo Francisco I as vezes de guia", enquanto por esse lockout dos pooles especuladores de semeia entrava num perigoso desabastecemento Argentina. Os seus sócios ou acólitos do campo VIP enquanto isso tiravam estrondosas quantidades de leite ao costado das estradas numha acçom ominosa pola fame mundial simultaneamente cortava-se o acesso das principais vias provocando falta de medicamentos nas cidades principais que custaram a vida de compatriotas.

Um papa terreal

Se se sustém ideais, costa com dureza reconhecer que a modo de espiral a verdade das cousas termina por cair num centro de gravidade que nom é outra cousa que o dinheiro. Este parágrafo serve de introduçom para o que se desvela ante os olhos como aquilo que em definitiva é do interesse das máfias, afinal de contas mencionar o poder em qualquer das suas formas é umha referência directa ou indirecta ao vil metal, ali, nesse lugar de submetemento simbólico sempre se chega seja um verduleiro ou papa, Bergoglio, Francisco I nom é a excepçom, a tal ponto que aquele que possui obsessivamente o poder à conta de dor de outros fai do pecúlio -sobretodo alheio- o leitmotiv da obra da sua vida. Os mafiosos de toda a raça amam esta lógica e sentem que lhes dá sentido. O ex monge da Companhia de Jesus Mom Debussy denunciou a Bergoglio em 1990 por um faltante de $ 6.000.000 (seis milhons de dólares) provenientes de achegues e doaçons durante a gestom deste como administrador dessa organizaçom católica que nom se registou em livros com a sobreentendida evasom impositiva. Mom Debussy caio no engano no que induzem muitas ordenes aos seus seminaristas, o acto solene do "voto de pobreza", para acentuar a coerência espera-se que os bens possuídos polos discípulos provenientes da sua vida mundana sejam entregues em oferenda, podem ser os que se originam no esforço do trabalho ou bens herdados; é o que lhe sucedeu a Debussy, com um passado familiar folgar herda do seu avô o equivalente a um departamento de três ambientes no selecto enclave de La Recoleta em Bos Aires, contado por ele mesmo: "Quando morreu o meu avô, a herança repartiu-se entre as minhas duas irmás e eu. Entreguei-lhe o meu parte a Bergoglio, no seu gabinete do Colégio Máximo, em bilhetes, e nem sequer deu-me um recebo", di. Quando se retirou da Companhia soubo polo provincial Zorzín que também nom o registou nos livros contáveis da Cúria Provincial. Entre 1988 e 1989, Zorzín devolveu-lhe 7300 dólares, em três entregas. O retorno ao mundo real de Debussy estivo infestado de privaçons quem tivo que oficiar de pintor, empregado, até chegar a hoje que vive em casal e trabalha como acompanhante terapêutico.

Di numha nota que lhe fizérom ao ex novicio: «No momento da demissom deveria restituir-se íntegro esse e qualquer outro dinheiro que fosse depositado na conta. "De saber a existência da conta e dos fundos, nom esperaria quase quatro anos para demitir", di Mom Debussy ... Bergoglio deixou umha contabilidade "infestada de omissons e ocultamentos de ingressos (doaçons de particulares e achegues da Cúria Geral da Companhia, da Igreja alemá e do Estado Nacional destinados ao sustimento dos noviços e estudantes jesuítas). Por auditorias internas e recolecçom de dados entre doadoras e aportantes, calculavam um faltante de quase seis milhons de dólares".»

Uns parágrafos adiante, um tanto mais desgarrador, Mom Debussy escreve que deveu suportar "opressom, falsidade e desprezo". O seu ingresso à Companhia e a sua ordenaçom sacerdotal foram erros influenciados ?pola minha falta de liberdade e a opressom "paternal" e "lavagem de cérebro" provocados com o consentimento da minha debilidade, confusom e temor à soidade e o desprezo do p. Bergoglio", a quem "considero um doido no melhor dos casos e umha má pessoa em muitos outros". Depois de dous anos de afastamento, nos que "pudem conhecer-me melhor, sentir-me um ser humano e um ser livre", Mom Debussy di que "prefiro este mundo pecador, onde os corruptos nom passam por virtuosos, ou ao menos, buscando fama, dinheiro e poder, nom se escondem detrás de profissons de pobreza nem proclamam a virtude suprema da caridade, enquanto impunemente destroem a outros seres humanos, tam filhos de Deus como eles. Fora da ilha eclesiástica as cousas som chamadas polo seu nome e finalmente ninguém engana a ninguém".

Finaliza a nota com umha pérola numha sorte de síntese que descreve à personagem Francisco I: Quando Ubaldo Calabresi sucedeu como Núncio apostólico a Laghi, em 1981, Bergoglio levou-o ao Máximo e convidou-no a celebrar a missa em latim (em flagrante atitude conservadora e excluí-te). "Ninguém percebeu nada", di Mom Debussy. Quando o seu colega Jorge Seibold foi designado Reitor de Filosofia da sede Sam Miguel da Universidade do Salvador, Bergoglio fai-no se ajoelhar na capela do Máximo e dizer o juramento contra o modernismo que Pio X estabeleceu em 1910 e que estava em completo desuso. (O conteúdo desse juramento é muito similar aos questionamentos do cardeal António Caggiano ao Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo). "Bergoglio jactava-se de obrigá-lo a esse juramento, e um dos seus livros de cabeceira era O Príncipe de Maquiavelo", lembra Mom Debussy.

Um papa muito paternal

A trama de impunidade, cumplicidade e silêncios da Igreja com a ditadura nom é nengumha novidade, há pouco o próprio genocida Videla dava conta disso. Bergoglio, Francisco I, tivo que declarar como testemunha por pedido do Tribunal Oral e Federal polo plano sistemático de subtracçom de bebés que eram arrincados das suas maes em cativeiro as quais sofriam compridas sessons de tormentos próprios do medievo. Ainda que utilizou a prerrogativa que lhe dava o benefício como alto cargo da Igreja de nom fazê-lo nos julgados, o que constituiu um facto agre para a consciência colectiva sobre o terrorismo de estado. Foi convocado e declarou por escrito na sede da cúria da capital em qualidade de testemunha a partir do testemunho de Estela de la Cuadra, filha de umha das fundadoras de Aboas da Praça de Maio, quem ademais segue buscando à sua sobrinha, Ana. Francisco I estava ao tanto, conta Estela, quem o entrevistou para que intercedesse na procura da sua sobrinha nada num centro clandestino de detençom. Por escrito e desde um gabinete eclesiástico, o entom cardeal fujo assim mais umha vez da justiça. Os arquivos desclassificados complicam e implicam ao actual papa relacionando com o seqüestro dos seus discípulos jesuítas. Existe umha constelaçom de factos relacionados a Bergoglio e o seu escuro passado e presente, como o desaparecimento de sete catequistas militantes da Mocidade Peronista, entre os quais havia duas grávidas que passaram polo emblema da tortura, a ESMA.

Conclusom

Se queredes chegar a papa e ostentar poder sem arriscar um cêntimo, pois já sabedes filhos meus o que tendes que fazer.

Referências:

http://www.pagina12.com.ar/diário/ultimas/20-167837-2011-05-09.html

http://www.desaparecidos.org/arg/conadep/nuncamas/353.html

http://www.pagina12.com.ar/diário/elpais/1-144965-2010-05-02.html

http://tiempo.infonews.com/notas/revelam-que-ditadura-bergoglio-sábia-de-as-apropiaçoms-de-bebes

http://www.pagina12.com.ar/diário/elpais/subnotas/1-46189-2010-04-11.html

Fonte: http://pachakutiq.com.ar/notícias.php"ide=2017

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Um terrorista no Cortelho Vaticano BASENAME: canta-o-merlo-um-terrorista-no-cortelho-vaticano DATE: Thu, 14 Mar 2013 11:09:36 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Um Ersatz

Por Horacio Verbitsky

http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-215796-2013-03-14.html

Entre as centenas de chamados telefónicos e correios recebidos, elejo um. "Nom o podo acreditar. Estou tam angustiada e com tanto boureio que nom sei que fazer. Alcançou o que queria. Estou a ver a Orlando na sala de jantar de casa, já há uns anos, dizendo "ele quer ser Papa". É a pessoa indicada para tampar a podremia. É o perito em tampar. O meu telefone nom para de soar, Fito falou-me chorando." Assina-o Graciela Yorio, a irmá do sacerdote Orlando Yorio, quem denunciou a Bergoglio como o responsável polo seu seqüestro e das torturas que padeceu durante cinco meses de 1976. O Fito que a chamou desconsolado é Adolfo Yorio, o seu irmao. Ambos dedicárom muitos anos da sua vida a continuar as denúncias de Orlando, um teólogo e sacerdote terceiro-mundista que morreu em 2000 sonhando o pesadelo que ontem se fixo realidade. Três anos antes, o seu incubo fora designado arcebispo coadjutor de Bos Aires, o qual pré-anunciava o resto.

Orlando Yorio nom chegou a conhecer a declaraçom de Bergoglio ante o Tribunal Oral Federal 5. Ali dixo que recentemente soubo da existência de bebés roubados depois de terminada a ditadura. Mas o Tribunal Oral Federal 6, que julgou o plano sistemático de roubo de filhos de presos-desaparecidos, recebeu documentos que indicam que já em 1979 Bergoglio estava bem ao tanto e intervéu ao menos num caso a solicitude do superior geral, Pedro Arrupe. Depois de escutar o relato dos familiares de Elena da Cuadra, seqüestrada em 1977, quando atravessava o quinto mês de gravidez, Bergoglio entregou-lhes umha carta para o bispo auxiliar da Prata, Mario Picchi, pedindo-lhe que intercedera ante o governo militar. Picchi pesquisou que Elena dera a luz umha menina, que foi presenteada a outra família. "Tem-na um casal bem e nom há voltada atrás", informou à família. Ao declarar por escrito na causa da ÉSMA, polo seqüestro de Yorio e do também jesuíta Francisco Jalics, Bergoglio dixo que no arquivo episcopal nom havia documentos sobre os presos-desaparecidos. Mas quem o sucedeu, o seu actual presidente, José Arancedo, enviou à juíza Martina Forns cópia do documento que publiquei aqui, sobre a reuniom do ditador Videla com os bispos Raúl Primatesta, Juan Aramburu e Vicente Zazpe, na que falaram com extraordinária franqueza sobre dizer ou nom dizer que os presos-desaparecidos foram assassinados, porque Videla queria proteger a quem os mataram. No seu clássico livro Igreja e ditadura, Emilio Mignone mencionou-o como paradigma de "pastores que entregaram as suas ovelhas ao inimigo sem defendê-las nem resgatá-las". Bergoglio contou-me que numha das suas primeiras missas como arcebispo divisou a Mignone e tentou se achegar para dar-lhe explicações, mas que o presidente fundador do CELS alçou a mao indicando-lhe que nom avançasse.

Nom estou seguro de que Bergoglio fosse eleito para tampar a podremia que reduziu à impotência a Joseph Ratzinger. As lutas internas da cúria romana seguem umha lógica tam inescrutável que os factos mais escuros podem atribuir ao espírito santo, já sejam os manejos financeiros polos que o Banco do Vaticano foi excluído do clearing internacional porque nom cumpre com as regras para controlar a lavagem de dinheiro, ou as práticas pedófilas em quase todos os países do mundo, que Ratzinger encobriu desde o Santo Oficio e polas que pediu perdom como pontífice. Nem sequer estranhar-me-ia que, brocha em maos e com os seus sapatos gastados, Bergoglio empreendesse umha cruzada moralizadora para branquear os sepulcros apostólicos.

Mas o que tenho por seguro é que o novo bispo de Roma será um Ersatz, essa palavra alemá à que nengumha traduçom fai honra, um sucedáneo de menor qualidade, como a água com farinha que as maes indigentes usam para enganar a fame dos seus filhos. O teólogo brasileiro da libertaçom Leonardo Boff, excluído por Ratzinger do ensino e do sacerdócio, tinha a ilusom de que fosse eleito o franciscano de devanceiros irlandeses Sean O'Malley, que carrega com a diocese de Boston, crebada por tantas indemnizaçons que pagou a crianças violados por sacerdotes. "Trata de umha pessoa muito vinculada aos pobres porque trabalhou muito tempo na América do Norte Latina e as Caraíbas, sempre no meio dos pobres. É um sinal de que pode ser um papa diferente, um papa de umha nova tradiçom", escreveu o ex sacerdote. Na Cadeira Apostólica nom sentará um verdadeiro franciscano senom umha jesuíta que se fará chamar Francisco, como o pobrinho de Agarrais. umha amiga argentina, escreve-me azorada desde Berlim que para os alemans, que desconhecem a sua história, o novo papa é terceiromundista. Miúda confusom.

A sua biografia é a de um populista reaccionário, como o fôrom Pio XII e Joám Paulo II: inflexíveis em questoes doutrinarias mas com umha abertura para o mundo, e sobretodo, para as massas despojadas. Quando reze a sua primeira missa numha rua do Trastevere ou na Stazione Termini de Roma e fale das pessoas exploradas e prostituídas polos poderosos insensíveis que fecham o seu coraçom a Cristo; quando os jornalistas amigos contem que viajou em subte ou colectivo; quando os fiéis escutem as suas homilias recitadas com os gestos de um actor e nas que as parábolas bíblicas coexistem com a fala chá do povo, haverá quem delirem pola almejada renovaçom eclesiástica. No três lustros que leva à frente da Arquidioceses portense fixo isso e bem mais. Mas ao mesmo tempo tentou unificar a oposiçom contra o primeiro governo que em muitos anos adoptou umha política favorável a esses sectores, e acusou-o de crispado e confrontativo porque para fazê-lo deveu lidar com aqueles poderosos fustigados no discurso.

Agora poderá fazê-lo noutra escala, o qual nom quer dizer que se esqueça da Argentina. Se Pacelli recebeu o financiamento da Inteligência estadounidense para apontoar à democracia cristá impedir a vitória comunista nas primeiras eleições da post-guerra e se Wojtyla foi o aríete que abriu o primeiro oco no muro europeu, o papa argentino poderá cumprir o mesmo rol em escala latino-americana. A sua passada militância em Guarda de Ferro, o discurso populista que nom esqueceu, e com o que poderia mesmo adoptar causas históricas como a das Malvinas, habilitam-no para disputar a orientaçom desse processo, para apostrofar aos explotadores e predicar mansidade aos explorados.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Vaticano, fonte do fascismo BASENAME: canta-o-merlo-o-vaticano-a-fonte-do-fascismo DATE: Thu, 14 Mar 2013 10:17:23 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Francisco vem disputar o consenso social
por Julio C. Gambina [*]

A Igreja é parte do poder mundial, e não só do poder económico. A Igreja disputa historicamente o consenso da sociedade. É uma realidade a considerar em tempos de crise capitalista, considerada também uma crise de civilização uma vez que esta civilização contemporânea está ordenada pelo regime do capital, ou seja, pela exploração do homem pelo homem, pela depredação da Natureza.

Quando o sistema mundial era desafiado pelo avanço dos povos e pelo socialismo (como forma que tentava ser alternativa da ordem mundial) abriu-se caminho a teologia da libertação, em aberta confrontação com o poder institucional de uma Igreja retrógrada. Assim, a Igreja dos pobres mostrava-se a partir do Sul do mundo, mais precisamente da Nossa América. A Igreja oficial não podia negar este rumo que abria passagem entre os padres de base e permitiu um grande debate mundial no seio da Igreja.

Os rumos da ofensiva popular batiam à porta da instituição. A resposta contemporânea da instituição Igreja foi acompanhando a ofensiva capitalista para recuperar o poder do regime do capital. Essa ofensiva materializou-se nos anos 80 contra o socialismo e os povos, abrindo o caminho ao poder reaccionário dos Ratzinger e dos Bergoglio.

Há 40 anos o neoliberalismo foi ensaiado em nossos territórios com as ditaduras e o terrorismo de Estado, para a seguir estender-se por toda a orbe. A Igreja da Argentina, salvo honrosas e escassas excepções, acompanhou a ditadura genocida nesse parto neoliberal, ainda que agora fale contra a pobreza e a ética.

Um PAPA polaco chegou à Igreja para acompanhar o princípio do fim da experiência socialista, ainda que se discuta o próprio carácter daquela experiência. O capitalismo mundial necessitava do Leste da Europa. A Alemanha assim o entendeu. Os EUA também. Sem o Leste da Europa, já abandonado o projecto socialista original, o mundo deixou de ser bipolar e constituiu-se o rumo unipolar do capitalismo, transnacional e neoliberal.

O rumo unipolar está a ser desafiado pela mudança política na Nossa América e o ressurgir do socialismo, seja pela mão da revolução cubana ou pelos processos específicos que emergem em alguns países (Venezuela ou Bolívia), inclusive em variados movimentos políticos, sociais, intelectuais, culturais, na nossa região.

Com a morte de Chávez e milhões mobilizados para constituírem-se em sujeitos pelo cumprimento do legado revolucionário e socialista de Hugo Chávez, a Igreja lança à arena o símbolo de um chefe da Igreja nascido no Sul e compenetrado com o projecto do Norte.

O PAPA argentino, Francisco, vem cumprir o projecto do poder mundial para disputar o consenso da sociedade, especialmente dos povos. Não só se trata de sustentar posições contrárias ao matrimónio igualitário, ou contra o aborto, amplamente difundidas pelo bispo Bergoglio, como de gestar uma consciência de disciplinamento para com a ordem contemporânea, reaccionária, de dominação transnacional.

Nossa América é hoje laboratório de mudança política. A Igreja instituição quer intervir neste processo ? não para pressionar essas mudanças e sim para travá-las. A disputa é pelas consciências. É uma batalha de ideias, pela mudança, ou pelo retrocesso. Preocupa-os o efeito Chávez na região. Preocupa-os a sucessão política na Venezuela e a capacidade de estender o rumo socialista. Necessitam disputar o consenso.

Mas, apesar das tentativas institucionais para acompanhar a ofensiva do capital contra o trabalho, os trabalhadores e os sectores populares, incluída a igreja dos pobres, o movimento religioso popular, persiste na busca pela organização da sociedade do viver bem (Bolívia), do bom viver (Equador), do socialismo cubano, ou da luta pela emancipação social de grande parte da sociedade dos de baixo na Nossa América.

O PAPA Francisco I vem com a sua. Nós os povos devemos continuar nossa busca e experimentação em favor de uma nova sociedade, por outro mundo possível, esse que se constrói na luta contra a exploração, pela emancipação social, contra o capitalismo e o imperialismo, pelo socialismo.
13/Março/2013

Ver também:
juicioesma.blogspot.pt/2010/11/el-cardenal-bergoglio-que-tanto-sabe.html
www.infoeducasares.com.ar/?p=1223
www.taringa.net/...

[*] Presidente da Fundación de Investigaciones Sociales y Políticas, FISYP .

O original encontra-se em http://www.argenpress.info/2013/03/francisco-i-viene-disputar-consenso.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O crescimento e a inflação contra a dívida BASENAME: canta-o-merlo-o-crescimento-e-a-inflacao-contra-a-divida DATE: Sat, 02 Mar 2013 20:02:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Jacques Sapir [*]

http://resistir.info/europa/sapir_10fev13_p.html

Não é preciso ser marxista para constatar que a pertença à zona Euro constitui uma grilheta que tolhe o desenvolvimento da maioria dos países europeus. Isso pode ser visto por qualquer economista sem viseiras, como é o caso do keynesiano Jacques Sapir. Neste artigo ele demonstra, e bem, que até mesmo a França seria beneficiada se abandonasse o euro e retornasse à sua antiga moeda nacional, o franco.

Se isto é verdadeiro até para a França, o que dizer em relação a Portugal? Galiza? Neste país submetido aos tratos brutais da troika FMI/BCE/UE, a recuperação da soberania monetária constituiria uma verdadeira libertação nacional. Esta é a condição necessária e indispensável (mas não suficiente) para o desendividamento e para qualquer desenvolvimento digno desse nome.
Quanto mais tarde isso for percebido e quanto mais tarde forem dados passos nesse sentido, mais escravizado e depauperado estará o país. Pretender um novo governo mas sem dar este passo fundamental ? mesmo que o dito governo se diga "de esquerda" ? é enganar os outros e enganarmos a nós próprios.
resistir.info

A questão da dívida pública é objecto de confusões importantes. Na realidade, ela gira inteiramente em torno da questão do crescimento nominal (crescimento real + taxa de inflação) e não da questão da pressão fiscal. A questão da pressão fiscal é importante para determinar o nível do défice orçamental que poderá ser aceitável.

Dívida e crescimento nominal

A fórmula utilizada para medir o peso da dívida ou Dívida/PIB contém já uma confusão. Compara um stock (a dívida) com um fluxo, a riqueza criada num período de referência (neste caso um ano) e medida pelo PIB (soma dos valores acrescentados). Uma medida mais coerente seria comparar a dívida com o stock das imobilizações e do capital (infra-estruturas) que o Estado possui. Este stock é largamente superior ao valor anual do PIB. Se conservarmos a fórmula Dívida/PIB , que é uma fórmula de análise estática, a fórmula dinâmica (derivada) escreve-se Défice Orçamental/Crescimento Nominal do PIB.

Sendo o défice orçamental (numerador) medido aos preços correntes, é preciso evidentemente que o denominador também o seja. Recorde-se que o crescimento nominal é o produto do crescimento do PIB em termos reais pela taxa de inflação. O nível do crescimento nominal depende pois daquilo a que chamamos "crescimento" (na realidade, o crescimento do PIB em termos reais) e do nível da taxa de inflação. O nível da taxa de inflação aceitável depende da competitividade da França em relação aos seus principais concorrentes. Marcaremos com (f) os números relativos à França e com (c) os que são relativos aos países concorrentes. Neste caso, e tudo o mais permanecendo igual, a competitividade é medida pelo diferencial da inflação (lf/lc) que mostra o crescimento comparado da produtividade do trabalho entre a França e os países concorrentes (Prodf/Prodc).

Temos portanto um limite fixado pelos ganhos de produtividade . Se a França tivesse ganhos muito grandes em relação aos dos países concorrentes, podia permitir-se ter uma inflação igualmente superior na mesma proporção. Quando isso não acontece, a taxa de inflação potencial é limitada pela competitividade. Mas, temos vindo a raciocinar até aqui com taxas de câmbio fixas. Quando um país (como o Japão) provoca uma depreciação da sua moeda em relação ao Euro, isso equivale a um ganho em produtividade aparente, e naturalmente o nível de inflação que o Japão pode suportar aumenta.

Se passarmos a raciocinar considerando que a França recupera a sua soberania monetária, uma desvalorização do franco em relação às moedas dos países que são nossos concorrentes permitiria ter uma taxa de inflação superior à desses países.

O nível de inflação natural da França

Publicámos um " working paper " sobre este assunto em Junho de 2012. [1] Nele demonstra-se que em TODAS as inflações há uma componente monetária e uma componente real, a que chamamos taxa de inflação "natural". Os determinantes dessa inflação "real" devem ser procurados nas estruturas económicas. Esses determinantes decompõem-se em factores "estruturais-técnicos", em factores "institucionais" e em factores "sociais" (ver a tabela 1). Um dos principais resultados demonstrados foi que toda a política que visa aproximar a inflação do zero, teria um efeito tanto mais deletério sobre o crescimento económico quanto mais alta fosse a inflação "natural" dessa economia.

Tabela 1- Elementos da taxa de inflação dita "natural"
Determinantes

Categoria

Elementos de activação
(1) Mudanças internas no seio do aparelho produtivo tornando necessárias variações dos preços e dos rendimentos relativos. Estrutural - Técnica - Progresso técnico e tecnológico, ritmo da inovação
- Introdução de novos métodos de gestão e de organização
- Mudanças institucionais
(2) Desequilíbrio forte entre a estrutura técnica necessária do capital produtivo e a estrutura presente que pode necessitar uma recuperação de investimento. Estrutural - Técnica - Ruptura importante nos equilíbrios entre diversas tecnologias
- Inovação radical
- Atraso acumulado do investimento em períodos anteriores
(3) Forte rigidez das estruturas de consumos intermédias ligada à forte especificidade dos activos Estrutural - Técnica - Aumento acentuado dos custos de consumos intermédios (preço da energia e das matérias-primas).
(4) Forte dependência das fontes internas de financiamento devido tanto ao mau estado das instituições financeiras como a assimetrias de acesso a estas instituições. Institucional - Alta acentuada das necessidades de investimentos para enfrentar uma grande mutação ou uma forte expansão da procura.
- Deterioração no acesso às fontes externas de financiamento devido tanto a uma crise das instituições financeiras como a assimetrias fortes induzidas pelo racionamento do crédito.
(5) Comportamentos de curto-prazo privilegiando a maximização do rendimento imediato e a detenção da liquidez. Institucional - Agravamento brutal da incerteza institucional e contextual.
- Erros e perversõos da política monetária
(6) Conflito de repartição Trabalhadores/Gestores ou Gestores/Proprietários Social - Existência de desequilíbrios na repartição do rendimento nacional
- Crise de legitimidade das formas de repartição devido às condições de formação de certos rendimentos
(7) Desequilíbrio entre consumo e poupança na procura nacional ou no próprio interior da estrutura de consumo Social - Bloqueios no acesso dos agentes nacionais aos bens de consumo e apoios da poupança.
- Incerteza grave sobre o futuro, criando um pico contextual na necessidade de financiamento.

No caso da França, os factores ditos "estruturais-técnicos" desempenham um papel evidente, assim como alguns dos factores sociais. É pois lógico que a taxa de inflação em França seja mais elevada do que em determinados países vizinhos. Os economistas do BCE afirmam há muito que a melhor taxa de inflação é a mais baixa possível. Sustentam este objectivo com a afirmação de que os agentes económicos não são minimamente sensíveis à ilusão nominal. Por outras palavras, que os agentes estão plenamente conscientes das modificações presentes e futuras dos preços de todos os produtos e de todos os activos, e que determinam a sua atitude em relação à sua riqueza real. Recordemos que era a mesma hipótese que um dos pais teóricos do Euro, Mundell, tinha mobilizado. Em meados dos anos 90, George Akerlof e os investigadores da Brookings Institution nos Estados Unidos demonstraram a persistência dessa ilusão nominal tão referida nos escritos monetaristas. [2] Isso levou-os a reconhecer que era necessária uma certa inflação para o desenvolvimento económico. Deduziram que a importância da rigidez resultante do sector real e das instituições económicas tinha consequências importantes sobre a taxa de inflação. Esta rigidez traduz a individualidade da trajectória social e histórica de cada país. [3] Ora, constata-se que, mesmo com uma política monetária uniforme (levada à prática pelo BCE), as diferenças de taxas de inflação entre os países da zona Euro não são negligenciáveis.

Tabela 2- Variação das taxas de inflação médias nos países da zona Euro

Média 2001-2007

Média 2007-2011
Áustria 1,7 1,4
Bélgica 2,2 1,7
Dinamarca 2,2 2,0
Finlândia 1,2 1,8
França 2,1 1,4
Alemanha 1,1 1,2
Grécia 3,2 2,7
Irlanda 3,2 -1,1
Itália 2,6 1,9
Luxemburgo 3,6 1,8
Países Baixos 2,6 1,4
Portugal 3,0 1,5
Espanha 4,1 1,4
Zona Euro 2,2 1,4
Total OCDE 2,6 1,8
Fonte : OCDE via J. Sapir, Faut-il sortir de l'Euro , Le Seuil, Paris, 2012.

Um estudo realizado sobre as dinâmicas da inflação nos países da zona Euro reveste-se aqui duma importância especial. [4] O trabalho de Christian Conrad e Menelaos Karanasos, com data de 2004, demonstra dois resultados essenciais. Primeiro, não há uma dinâmica única da inflação no seio da zona Euro e esta não influencia sempre negativamente o crescimento económico. Estamos na presença de dinâmicas diferenciadas e, em certos casos, a inflação aparece mesmo como necessária ao crescimento. Segundo, o trabalho deles mostra que a heterogeneidade dos sistemas produtivos e das estruturas sociais se reflecte nas dinâmicas monetárias. A moeda é um espelho, ou mesmo uma lente de aumentar, das dinâmicas do mundo real. Podemos pois pensar que uma taxa de inflação correspondente àquela a que chamamos inflação "natural", ou seja, uma taxa não penalizadora do crescimento e correspondente à maximização do crescimento potencial (com um "intervalo de crescimento" ou output gap nulo), seria para a França na ordem dos 3%, e isso sem um choque inflacionista exógeno.

Os factores de crescimento

É necessário determinar agora quais são os factores que influenciam mais o crescimento. O investimento, em capital fixo, em infra-estruturas, mas também na educação, determina globalmente o crescimento potencial máximo. O crescimento também é sensível, sabe-se, a uma sobrevalorização ou a uma desvalorização da moeda em relação às divisas dos países concorrentes (efeito de competitividade). Finalmente, está ligado a curto prazo à evolução da procura tanto no interior do país como no exterior. Mas estes diferentes factores são interdependentes. Uma subvalorização da moeda e o crescimento da procura interna aumentam o nível dos investimentos, o que se traduz depois de um certo prazo num aumento do potencial de crescimento a longo prazo. Inversamente, se a procura se contrai e se a taxa de câmbio é sobrevalorizada durante um período relativamente longo, isso arrasta uma baixa do investimento e portanto uma baixa do crescimento potencial. É de resto o que observamos actualmente em Espanha, em Itália e em França. Os factores sobre os quais podemos agir imediatamente são o valor da moeda e a procura. Diversos estudos feitos, em particular no INSEE, mostram que uma variação de 10% na taxa de câmbio (neste caso a taxa de câmbio do Euro) arrasta uma flutuação em sentido inverso do crescimento real de 0,6% no primeiro ano e de 1,2% no segundo ano. Há a tendência para considerar actualmente que estes números até estão subavaliados porque a procura interna está relativamente deprimida, o que aumenta a importância potencial da procura externa (as exportações).

Se supusermos, no quadro de uma saída do Euro, uma desvalorização do franco de 20% em termos reais, isso implica um crescimento suplementar de 1,2% no primeiro ano e de 2,4% no segundo ano. Mas a desvalorização implica também um choque inflacionista, que pode ser estimado, neste nível de desvalorização, em 5% no primeiro ano e em 3% no segundo ano. O ganho de competitividade assim conseguido pode ser mantido se o Banco da França adoptar uma política direccionada para uma taxa de câmbio de referência. Mas, para tal, serão certamente necessários controlos de capitais .

Movimentos da dívida em simulação

Vamos agora comparar as trajectórias da dívida seguindo, por um lado, as hipóteses do governo e, por outro lado, considerando a hipótese da saída do Euro. Na hipótese H1, supomos a saída do Euro, acompanhada por uma desvalorização de 28%. O impacto desta desvalorização sobre a dívida será limitado aos 14% desta última que estão sob contratos de direito estrangeiro. O défice [orçamental] é de 3,7% do PIB no primeiro ano, de 3,5% nos dois anos seguintes e de 3% no resto do período. O crescimento real é estimado em +1,2% no primeiro ano, +2,4% no segundo ano e mantém-se em 2% nos anos seguintes. Isto provavelmente é pessimista, porque subavalia o impacto do choque de competitividade na economia francesa. Adoptemos então uma hipótese H1' que tem em conta um efeito positivo mais importante da desvalorização sobre o crescimento e uma taxa de crescimento residual de 2,3% no final do período. Quanto à taxa de inflação supõe-se que ela se mantém constante em 3% por ano (taxa natural) à qual se junta um choque de 5% no primeiro ano e de 3% no segundo ano para ter em conta os efeitos da desvalorização. Supõe-se que o Banco de França deixa deslizar cerca de 2% por ano o valor do franco durante dois anos para manter o efeito positivo da desvalorização.

Na hipótese H0, o défice atinge 3,7% no primeiro ano, 3,5% nos dois anos seguintes e seguidamente estabiliza em 3% do PIB. O crescimento é nulo no primeiro ano (o que actualmente parece ser optimista), depois é igual a 0,5% nos três anos seguintes e a 1% no resto do período. A taxa de inflação é de 1,4% ao ano o que corresponde à média do período 2007-2011. Segundo esta hipótese, o endividamento da França continua a aumentar.

Constata-se no gráfico 1 a divergência das trajectórias. Aquela que corresponde às hipóteses do governo mostra-se incapaz de travar o movimento da dívida. Quando muito, atrasa-o. As hipóteses H1 e H1' permitem verificar ao longo de 10 anos o decrescimento do peso da dívida relativamente ao PIB e isso sem ter em conta hipóteses especiais sobre a dimensão do défice.

A evolução do défice orçamental

Constatamos que seria possível atingir um decrescimento da dívida expressa em percentagem do PIB sem mobilizar novas hipóteses quanto ao défice orçamental e sem aplicar à França um choque fiscal demasiado forte. Mas se observarmos as receitas, as despesas e os benefícios fiscais e parafiscais, constata-se que:

(i) Há cerca de 75 mil milhões (3,75% do PIB) em "nichos fiscais" diversos. Uma série deles estão ligados à necessidade de a França compensar o seu diferencial de competitividade com os outros países. No caso de uma forte desvalorização, uma parte destes nichos fiscais torna-se supérflua. O ganho estimado é de 25 mil milhões de Euros (orçamento de 2012), ou seja, de 1,25% do PIB.

(ii) O crescimento implica automaticamente uma subida das receitas fiscais (em especial via IVA). A diferença entre o crescimento na hipótese H0 e a hipótese H1 é em média de 1,5 pontos do PIB para os primeiros 4 anos e de 1 ponto para os anos seguintes. Isso implica um ganho de 0,67 pontos do PIB em receitas suplementares nos primeiros 4 anos e de 0,45 pontos do PIB nos anos seguintes.

(iii) Com o regresso a um crescimento superior a 1,5%, como se simulou nas trajectórias H1 e H1', observa-se uma descida do desemprego e portanto uma baixa dos encargos ligados aos subsídios de desemprego. A recuperação desses encargos pelas empresas e assalariados poderá ser equivalente a 0,2% de crescimento suplementar a partir do terceiro ano.

Chegamos pois, no quadro da hipótese H1 a um crescimento suplementar e a receitas de 1,92 pontos do PIB para os primeiros quatro anos [isto é, 1,25 da alínea i, mais 0,67 de ii] e de 1,7 pontos para os anos seguintes. Se aplicarmos estas vantagens na trajectória H1, chamando H2 à nova trajectória, constata-se uma baixa muito mais acentuada do peso da dívida pública.

Conclusão

Não há qualquer necessidade de considerar hipóteses extremas do ponto de vista das receitas e das despesas fiscais para obter uma baixa do peso da dívida pública. A variável principal é o crescimento nominal. Deste ponto de vista, uma saída do Euro acompanhada por uma forte desvalorização dá já resultados importantes. Se juntarmos a esta hipótese o efeito fiscal do crescimento reencontrado, supondo ajustamentos marginais (1/3 dos "nichos fiscais), os efeitos, bem entendido, multiplicam-se. Podemos assim fazer baixar a dívida pública para menos de 65% do PIB sem exigir sacrifícios suplementares aos contribuintes e diminuindo o desemprego.
1. Jacques Sapir, Inflation monétaire ou inflation structurelle? Un modèle hétérodoxe bi-sectoriel, FMSH-WP-2012-14, juin 2012. URL: http://russeurope.hypotheses.org/61
2. G. A. Akerlof, W. T. Dickens et G. L. Perry, "The Macroeconomics of Low Inflation" in Brookings Papers on Economic Activity, n°1/1996, pp. 1-59.
3. B.C. Greenwald e J. E. Stiglitz, "Toward a Theory of Rigidities" in American Economic Review, vol. 79, n°2, 1989, Papers and Proceedings, pp. 364-369. J.E. Stiglitz, "Toward a general Theory of Wage and Price Rigidities and Economic Fluctuations" in American Economic Review, vol. 79, n°2, 1989, Papers and Proceedings, pp. 75-80.
4. C. Conrad e M. Karanasos, "Dual Long Memory in Inflation Dynamics Across Countries of the Euro Area and the Link between InflationUncertainty and Macroeconomic Performance", Studies in Nonlinear Dynamics & Econometrics, vol. 9, n°4, nov. 2005 (publicado por The Berkeley Electronic Press e consultável em http://www.bepress.com/snde )
10/Fevereiro/2013
Do mesmo autor em resistir.info:
Flexibilidade e desvalorização interna: Ideias perigosas na moda , 24/Jan/13

[*] Doctorat d'État em economia, autor de Faut-il sortir de l?euro? e de La Démondialisation . Actualmente dirige o Centre d'Études des Modes d'Industrialisation (CEMI-EHESS).

O original encontra-se em http://russeurope.hypotheses.org/855 . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A necessária saída da zona euro BASENAME: canta-o-merlo-a-necessaria-saida-da-zona-euro DATE: Sat, 02 Mar 2013 19:54:45 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

? Ler Sapir para entender porque é preciso sair

por João Carlos Graça [*]

http://www.resistir.info/europa/ler_sapir_26fev13.html

Ler Jacques Sapir ? o "indispensável" Jacques Sapir, como lhe chama, e bem, o João Rodrigues nos Ladrões de Bicicletas ? constitui cada vez mais uma forma de "lavar a alma", permitindo-nos ver um pouco mais além daquilo que as viseiras estreitas do europeísmo, incluindo o "europeísmo de esquerda", nos autorizam e se autorizam. Para não ser repetitivo em relação ao que já escreveu Octávio Teixeira , permitam-me que trate agora de sublinhar, no artigo do Sapir publicado por resistir.info :

1) A assunção, da escola dita das "expectativas racionais", em que está fundada a União Económica e Monetária (UEM). Ou seja, e nas palavras de Sapir: "Os economistas do BCE afirmam há muito que a melhor taxa de inflação é a mais baixa possível. Fundam este objetivo na afirmação de que os agentes económicos não seriam de todo sensíveis à ilusão nominal. Por outras palavras, que os agentes estariam plenamente conscientes das modificações presentes e futuras dos preços de todos os produtos e de todos os ativos, e que determinariam a sua atitude reportando-se à sua riqueza real".

Deve destacar-se que, para além de profundamente irrealista, esta assunção é quintessencialmente constitutiva da oposição de direita ao keynesianismo, ou ao Estado social. Trata-se de reaganomics em estado puro: Robert Lucas, Robert Barro e afins, os restauradores "água doce" da ortodoxia neoclássica na mainstream economics, e assumidamente à custa do keynesianismo. Face a isto, e desde logo, a presença mesmo de uma "oposição de esquerda" adentro do "europeísmo realmente existente" torna-se de todo em todo irrelevante. Noutros termos, os economistas do Bloco de Esquerda e do Syriza, precisamente em virtude do seu "europeísmo" (e mesmo sendo ele oficialmente "crítico"), estão constitucionalmente à direita e mesmo muito à direita de Lord Keynes.

Isto não é um acidente de percurso. Não estamos perante um "oops!", uma coisa que até teria sido bem-intencionada, apenas depois um pouco menos bem esgalhada na prática. Não se trata aqui do dito de que "de boas intenções está o Inferno cheio", de que "a vida é bela, os homens é que dão cabo dela", ou coisa semelhante. Não, nada disso! O "projeto europeu" é, já ao nível mesmo das intenções conscientes, um projeto constitucionalmente visando comprimir o montante da intervenção estatal na economia, o nível geral da incidência fiscal, a progressividade desta e, naturalmente, junto com tudo isso, também o nível dos salários. É um projeto não de "salários mínimos" internacionais, ou transnacionais, mas pelo contrário de "plafonamento" dos salários, de compressão e indução generalizada da baixa destes. É também um projeto de "plafonamento do Estado", de compressão da intervenção económica deste último através da concorrência fiscal, e naturalmente de ampliação da esfera dita "do mercado", isto é, dos lucros, e sobretudo dos lucros financeiros. A "Europa social" nunca acontecerá! ? como aliás parece ter compreendido bem o João Rodrigues (aqui) .

2) Depois, vale também a pena destacar, no artigo do Sapir , a noção da importância dos "efeitos em cascata" nos processos de crescimento, e em particular a do investimento. O crescimento, "Finalmente, está ligado a curto prazo à evolução da procura tanto no interior do país como no exterior. Mas estes diferentes fatores são interdependentes. Uma subvalorização da divisa e um aumento da procura interna vão aumentar o nível dos investimentos, o que vai traduzir-se depois de um certo período num aumento do potencial de crescimento a longo prazo".

Este aspeto merece ser sublinhado. O Eugénio Rosa, por exemplo, tem toda a razão ao enfatizar, em artigo no resistir.info , a importância do afundar do investimento na nossa evolução económica. Mas note-se que um dos "cancros" da nossa adesão ao Euro foi precisamente a quebra da FBCF, "formação bruta de capital fixo", na primeira década do século XXI. A baixa produtividade do nosso trabalho, obviamente (mas não é demais repetir), não é "mandrionice" dos nossos assalariados: é afundamento continuado da FBCF, com os recursos entretanto a fugirem sistematicamente para os sectores ditos "não-transacionáveis" (construção civil, restauração, sector financeiro?), ou seja, não sujeitos à concorrência internacional, e por isso sofrendo menos com a sobrevalorização cambial de que toda a economia portuguesa tem sido continuadamente vítima.

Tudo isso, ainda por cima, agravado pela orientação "rent-seeker" dos nossos patrões e dos nossos gestores, a qual entre outras coisas impede políticas visando, por exemplo, a redução do nosso défice energético, antes as reforça. Mas para tal, notemo-lo aqui também, seria preciso haver políticas económicas ativas neste país, políticas discricionárias, visando fazer o que o legislador ou o decisor político querem, não o que "o mercado" (mais ou menos "espontaneamente") prefere. Ora isso, também isso, ou sobretudo isso, leva a um conflito direto com outra das vacas sagradas da "construção europeia": a noção de que deve ser "o mercado" a decidir, não os políticos, não os eleitos pelos povos.

De resto, a própria noção "maastrichtiana" de que o défice orçamental deve ser tão reduzido quanto possível, visando uma inflação tão baixa quanto possível, para além de estar assente no pressuposto de que os tais "agentes racionais", face a uma inflação nula, procederiam da melhor maneira imaginável (o que, para além de grotescamente irrealista, é também manifestamente falso), assume igualmente, e de forma muitíssimo arrogante, que os bancos centrais estão e devem estar ao-abrigo-de-eleições; devem ser "independentes" no sentido de que não devem depender do sufrágio popular, o qual é explicitamente, para a mainstream economics (em particular, neste caso, a chamada escola da "teoria da escolha pública"), um estorvo a evitar, a contornar e, quando as outras opções forem inviáveis, a suprimir. Quanto a isto, atentar na arrepiante confissão cândida de Jacques Nikonoff, no debate com Annie Lacroix-Riz, aos minutos 1:03 e seguintes (ver aqui ). Há decerto muito a debater quanto à natureza social e nacional da "construção europeia"; aliás, ver também, de Annie Lacroix-Riz ( aqui ). Mas que um político oficialmente "de esquerda", um membro fundador e dirigente da ATTAC, como Nikonoff, assuma isto com esta tranquilidade constitui já, em si mesmo, um facto bastante perturbador e inquietante?

Dado que a trajetória em Portugal, já ao longo de toda a primeira década de vida do Euro (e não apenas nestes últimos anos de crise manifesta), foi a de dar cabo da chamada FBCF, e agora, como resultado da suposta terapia que seriam as medidas de "austeridade", é também a de dar cabo da procura efetiva global, com a produção dum tremendo "desemprego keynesiano" nos últimos meses (desemprego diretamente por falta de procura interna, ao que as exportações já não conseguem compensar, menos ainda estando nós amarrados ao Euro e com os outros europeus também a patinarem), estamos mesmo a seguir o rumo oposto em 180 graus ao que o Sapir sugere.

Em suma, estamos numa trajetória perigosíssima de "efeitos de bola de neve", de "causalidade circular cumulativa", ou em espiral, mas para baixo. Se saíssemos melhoraríamos sem dúvida a nossa situação. Ah, mas praticaríamos então uma desvalorização competitiva que seria danosa para os demais europeus, como alguns argumentam? Não! Nem isso, dado que, como Mark Weisbrot sublinha (ver infra), pelo caminho atual, lesando-se cada um a si mesmo, a verdade é que também estamos ipso facto a lesar os outros, porque cada país gera menos procura para os produtos dos demais.

Depois disso lá vem a tropa do costume (FMI, BCE, Comissão Europeia e tutti quanti ) dizer que "descobriu" que o "multiplicador da despesa pública", afinal, é não 0,5, mas 1,5. Dito de outro modo, por cada 100 unidades que o Estado gasta a menos, ou cobra a mais de impostos (ou um "mix" disso), supostamente para combater o défice orçamental, "consolidar as finanças públicas", etc., há um resultado que consiste em 150 unidades de PIB a menos. Se a isso aplicarmos uma taxa de incidência fiscal de 40 por cento, temos que o Estado, mantendo constante o quadro da fiscalidade, vai ter 60 unidades de receita fiscal a menos no período subsequente. Dito de outro modo: a maior parte do próprio resultado orçamental direto da terapia "austeritária" foge pelo ralo dos efeitos deprimentes que isso tem sobre o nível da atividade económica. A realidade económica, se se quiser, é de facto muito mais "keynesiana" do que "neoclássica". Mas muita atenção, que esse pessoal, ao contrário do que proclama, não "descobriu" nada, de facto soube-o ou deve tê-lo calculado desde o princípio, mas fez que não sabia. Essa malta não é parva; faz é de nós parvos, que é coisa diferente. E assim continuaremos, para falar com franqueza, enquanto continuarmos no Euro, e com medo de lá sair...

Face a isso, tem completamente razão Mark Weisbrot ao comparar (ver aqui ) o destino da Argentina, que "desdolarizou" e desvalorizou, e muito bem, com o da Grécia, e o nosso, continuando ligados ao Euro, e sendo pois empurrados, pela lógica da respetiva ação constritora, para o caminho da chamada "desvalorização interna": a inexorável "desvalorização interna" que está não só a destruir a vida dos assalariados e dos pensionistas dos países europeus periféricos, mas em boa verdade a destruir os países periféricos na sua totalidade, enquanto tais, enquanto sociedades politicamente organizadas, como estados-nação soberanos, etc., para além de, bem entendido, lesar os interesses dos próprios assalariados dos países centrais. (Mark Weisbrot depois equivoca-se, sim, ao atribuir ao Syriza uma atitude de mera prudência, ou de simples "pausa pedagógica", que lhe evitaria afastar-se demasiado da opinião maioritária dos eleitores gregos. Nesse ponto, é o próprio Weisbrot que é vítima duma ilusão. Mas esse é outro assunto. Quanto a isso, ver o meu comentário aqui .

E nisso, nessa trajetória de "desvalorização interna", sejamos claros duma vez por todas, são responsáveis, objetiva ou subjetivamente, são cúmplices, objetiva ou subjetivamente: já não apenas os partidos do "arco da Troika", todos eles (mais carta, menos carta) explicitamente "no bolso de Don Corleone", mas até mesmo (embora apenas passivamente) as oposições genuínas. E refiro-me quanto a isso aos que, seja por "europeísmo de esquerda" opiáceo-alucinado, como acontece com o BE, seja por conduta titubeante e evasiva, como aparentemente acontece com o próprio PCP, evitam apontar à opinião pública aquilo que são os traços fundamentais do diagnóstico que importa fazer. Diagnóstico que inclui antes de mais, numa caminhada para a qual importa construir consensos que rapidamente se tornem maioritários na sociedade portuguesa: sair do Euro e recuperar a nossa soberania monetária.

Trata-se de um projeto eminentemente popular, porque corresponde aos interesses da esmagadora maioria da população portuguesa; e eminentemente patriótico, porque na verdade se trata basicamente de salvar Portugal: de resgatar Portugal, reconciliando-o consigo mesmo.

Depois disso haverá decerto um oceano de problemas a resolver, de questões a debater. Claro que sim. Mas cada coisa de sua vez, e em tempo próprio. A vida é mesmo assim. Só nos cemitérios é que não há problemas e questões à nossa espera.
[*] Economista e sociólogo, jogra1958@netcabo.pt

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Ferrín BASENAME: canta-o-merlo-ferrin DATE: Wed, 27 Feb 2013 11:19:21 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Tal vez... CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Escassamente tinha dezoito anos quando encetei a minha andadura nos eidos da resistência cultural contra o nacional-catolicismo (franquismo) em parelho na política clandestina contra o mesmo; nessas regas conhecim a Ferrin. Ainda que nom estivemos militando na mesma organizaçom sempre mantivemos a nossa amizade e contactos abertos pola emancipaçom das classes populares galegas e a cultura galega. Assim quando estivo na cadeia no Penal de Santoña... e em outros que-fazeres da clandestinidade. Hoje, eu estou na corrente reintegracionista; Ferrin nom, mas o seu manantio segue a regar a Nossa Terra e a sua cultura, porque como vem dim os crioulos do Caribe, ninguém tem a deus agarrado polas bolas, e o importante nom é a tua nacente senom que as tuas augas construam o grande Orinoco. E a conduta cívica, política, e cultural de Ferrin ao longo da sua existência ajudárom e ajudam a construir a emancipaçom de Nós como povo e cultura, e a sua demissom como Presidente da Academia Galega é umha peja na nossa liberaçom como Naçom.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "O rei conhecia o golpe do 23F com antelaçom e brindou com champanha" BASENAME: canta-o-merlo-o-rei-conhecia-o-golpe-do-23f-com-antelacom-e-brindou-com-champanha DATE: Sun, 24 Feb 2013 14:28:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/2013/02/el-rey-conocia-el-golpe-del-23f-con-antelacion-y-brindo-con-champan/

"O rei conhecia o golpe do 23F com antelaçom e brindou com champanha"

Segundo o senador do PNV Iñaki Anasagasti, citando as supostas memórias de Sabino Fernandez Campo (entom Secretário da Casa do Rei), Juan Carlos I conhecia com antelaçom que se ia a produzir um golpe de estado o 23 de Fevereiro de 1981 e, aos poucos minutos de conhecer-se o assalto ao Congresso dos Deputados, chegou a brindar com champanha junto aos seus familiares.

Segundo estes "recordos" de Fernández Campo desvelados agora polo parlamentar basco, foi o secretário geral dela Casa do Rei quem aconselhou ao Monarca de que devia condenar com rotundidade a tentativa que encabeçaram Alfonso Armada, Jaime Milans do Bosch e Antonio Tejero Molina, porque, ao invés, a Monarquia voltaria a desaparecer de Espanha.

Segundo este relato, que contradiria absolutamente a versom conhecida até agora daqueles acontecimentos, Fernández Campo quase chegou a gritar a Juan Carlos para que se desse conta da gravidade da situaçom: "Senhor!" Está vostede tolo" Estamos ao bordo do precipício e vostede brindando com champanha Senhor!, nom se dá conta de que a Monarquia está em perigo" Nom se dá conta que pode ser o final do seu reinado" Lembre o que lhe passou ao seu avô!!!"

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Vaticano-A Corte do crimem e a corrupçom BASENAME: canta-o-merlo-o-vaticano-a-corte-do-crimem-e-a-corrupcom DATE: Sun, 17 Feb 2013 12:12:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Eduardo Febbro
Página/12

http://www.pagina12.com.ar/diário/elmundo/4-213961-2013-02-16.html

As verdadeiras razons da renúncia do papa Benedito XVI: Corrupçom, lavagem de dinheiro e as luitas internas mais ferozes

Um relatório elaborado por três cardeais terminou-o de convencer de que era impossível limpar o Vaticano, onde até a Cosa Nostra guarda os seus fundos. A abdicaçom como maneira de sacudir o tabuleiro na Igreja.

Os experto vaticanistas alegam que o papa Benedito XVI decidiu renunciar em Março do ano passado, depois de regressar da sua viagem a México e a Cuba. Nesse entom, o Papa que encarna o que o especialista e universitário francês Philippe Portier chama "umha continuidade pesada" com o seu predecessor, Joám Paulo II, descobriu a primeira parte de um informe elaborado polos cardeais Julián Herranz, Jozef Tomko e Salvatore de Giorgi. Ali estavam resumidos os abismos nada espirituais nos que caíra a Igreja: corrupçom, finanças escuras, guerras fratricidas polo poder, roubo maciço de documentos secretos, pugna entre facçons e lavagem de dinheiro. O resumo final era a "resistência na cúria à mudança e muitos obstáculos às acçons pedidas polo Papa para promover a transparência".

O Vaticano era um ninho de hienas excitadas, um pugilato sem limites nem moral algumha onde a cúria faminta de poder fomentava denúncias, traiçons, cambadelas, lavagem de dinheiro, operaçons de Inteligência para manter as suas prerrogativas e privilégios à frente das instituiçons religiosas e financeiras. Muito longe do céu e muito perto dos pecados terrestres. Baixo o mandato de Benedito XVI, o Vaticano foi um dos Estados mais escuros do planeta. Josef Ratzinger tivo o mérito de destapar o imenso buraco negro dos curas pedófilos, mas nom o de modernizar a Igreja e dar volta a página do legado de assuntos turvos que deixou o seu predecessor, Joám Paulo II.

Esse primeiro relatório do três cardeais desembocou, em agosto do ano passado, na nomeaçom do suíço René Brülhart, um especialista em lavagem de dinheiro que dirigiu durante oito anos a Financial Intelhigence Unit (FIU) du Liechtenstein, ou seja, a agência nacional encarregado de analisar as operaçons financeiras suspeitas. Brülhart tinha como missom pôr ao Banco do Vaticano em sintonia com as normas europeias ditadas polo GAFI, o grupo de acçom financeira. Desde logo, nom o pode fazer. O passado turvo fechou-lhe o passo.

Benedito XVI foi, como o assinala Philippe Portier, um continuador da obra de Joám Paulo II: "Desde 1981 seguiu o reino do seu predecessor acompanhando vários textos importantes que ele mesmo redigiu às vezes, como a Condenaçom das teologias da libertaçom dos anos 1984-1986, o Evangelium Vitae de 1995, adrede da doutrina da Igreja sobre temas da vida, ou Splendor Veritas, um texto fundamental redigido a quatro maos com Woxtyla". Estes dous textos citados polo experto francês som um compendio prático da visom reaccionária da Igreja sobre as questons políticas, sociais e cientistas do mundo moderno.

A segunda parte do relatório do três cardeais foi-lhe apresentada ao Papa em Dezembro. Desde entom, a renúncia expós-se de forma irrevogável. Em pleno marasmo e com umha cheia de corredores que conduziam ao inferno, a cúria romana actuou como o faria qualquer Estado. Buscou impor umha verdade oficial com métodos modernos. Para isso contratou ao jornalista norte-americano Greg Burke, membro do Opus Dei e ex membro da agência Reuters, a revista Time e a corrente Fox. Burke tinha por missom melhorar a deteriorada imagem da Igreja. "A minha ideia é achegar claridade", falou Burke ao assumir o posto. Demasiado tarde. Nada há de claro na cima da Igreja católica.

A divulgaçom dos documentos secretos do Vaticano orquestrada polo mordomo do papa, Paolo Gabriele, e muitas outras maos invisíveis foi umha operaçom sabiamente montada cujos recursos seguem sendo misteriosos: operaçom contra o poderoso secretário de Estado, Tarcisio Bertone, conspiraçom para empurrar a Benedito XVI à renúncia e pôr a um italiano no seu lugar, ou tentativa de frear a purga interna em curso e a avalanche de segredos, os vatileaks mergulharam a tarefa limpadora de Burke. Um inferno de paredes pintadas com anjos nom é fácil de redesenhar.

Benedito XVI foi esmagado polas contradiçons que ele mesmo suscitou. Estas som tais que, umha vez que fixo pública a sua renúncia, os tradicionalistas da Fraternidade de Som Pio X fundada por monsenhor Lefebvre saudaram a figura do Papa. Nom é para menos: umha das primeiras missons que empreendeu Ratzinger consistiu em suprimir as sançons canónicas adoptadas contra os partidários fascistoides e ultrarreaccionarios de monsenhor Lefebvre e, por conseguinte, legitimar no seio da Igreja essa corrente retrógrada que, de Pinochet a Videla, soubo apoiar a quase todas as ditaduras de ultradereita do mundo.

Philippe Portier assinala a respeito disso que o Papa "deixou-se exceder pola opacidade que se instalou sob o seu reino". E a primeira delas nom é doutrinal, senom financeira. O Vaticano é um tenebroso gestor de dinheiro e muitas das querelas que se destapárom no último ano tem que ver com as finanças, as contas maquilhadas e as operaçons ilícitas. Esta é a herança financeira que deixou Joám Paulo II e que para muitos especialistas explica a crise actual. O Instituto para as Obras de Religiom, é dizer o banco do Vaticano, fundado em 1942 por Pio XII, funciona com umha escuridade tormentosa. Em Janeiro, a pedido do organismo europeu de luta contra o branqueio de dinheiro, Moneyval, o Banco da Itália bloqueou o uso das cartas de crédito dentro do Vaticano devido à falta de transparência e a falha-las manifestas no controlo de lavagem de dinheiro. Em 2011, o cinco milhons de turistas que visitaram a Santa Sé deixaram 93,5 milhons de euros nas caixas do Vaticano, agora deverám pagar em mao. O IOR gere mais de 33.000 contas polas que circulam mais de seis mil milhons de euros. A sua opacidade é tal que nom figura na "lista branca" dos Estados que participam no combate contra as transacçons ilícitas.

Em Setembro de 2009, Ratzinger nomeou ao banqueiro Ettore Gotti Tedeschi à frente do Banco do Vaticano. Próximo do Opus Dei, representante do Banco de Santander na Itália desde 1992, Gotti Tedeschi participou na preparaçom da encíclica social e económica Caritas in veritate, publicada polo Papa em Julho. A encíclica exige mais justiça social e expom regras mais transparentes para o sistema financeiro mundial. Tedeschi tivo como objectivo ordenar as turvas águas das finanças vaticanas. As contas da Santa Sé som um labirinto de corrupçom e lavagem de dinheiro cujos origens mais conhecidas remontam-se a finais dos anos "80, quando a justiça italiana emitiu umha ordem de detençom contra o arcebispo norte-americano Paul Marcinkus, o chamado "banqueiro de Deus", presidente do Instituto para as Obras da Religiom e máximo responsável polos investimentos vaticanos da época.

Marcinkus era um adepto aos paraísos fiscais e muito amigo das máfias. Joám Paulo II usou o argumento da soberania territorial para evitar a detençom e salvar do cárcere. Nom estranha, devia-lhe muito, xá que nos anos "70 e "80 Marcinkus utilizara o Banco do Vaticano para financiar secretamente ao filho predilecto de Joám Paulo II, o sindicato polonês Solidariedade, algo que Woxtyla nom esqueceu jamais. Marcinkus terminou os seus dias jogando ao golfe em Arizona e no meio ficou um gigantesco buraco negro de perdas (3,5 mil milhons de dólares), investimentos mafiosos e também vários cadáveres

O 18 de Junho de 1982 apareceu um cadáver aforcado na ponte londrina de Blackfriars. O corpo pertencia a Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano e principal sócio do IOR. O seu aparente suicídio correu o lenço de umha imensa trama de corrupçom que incluía, ademais do Banco Ambrosiano, a logia massónica Propaganda 2 (mais conhecida como P-2), dirigida por Licio Gelli, e o mesmo Banco do Vaticano dirigido por Marcinkus. Gelli refugiou-se um tempo na Argentina, onde já operara nos tempos do general Lanusse mediante um operativo chamado "Gianoglio" para facilitar o retorno de Perón.

A Gotti Tedeschi encomendou-se-lhe umha missom quase impossível e só permaneceu três anos à frente do Instituto para as Obras de Religiom. Foi despedido de forma fulminante em 2012 por supostas "irregularidades na sua gestom". Entre outras irregularidades, a promotoria de Roma descobriu um giro suspeito de 30 milhons de dólares entre o Banco do Vaticano e o Credito Artigiano. A transferência fizo-se desde umha conta aberta no Credito Artigiano mas bloqueada pola Justiça por causa da sua falta de transferência. Tedeschi saiu do banco poucas horas depois de que se detivesse ao mordomo do Papa e justo quando o Vaticano estava a ser investigado por suposta violaçom das normas contra o branqueio de capitais. Em realidade, a sua expulsom constitui outro episódio da guerra entre facçons. Em canto fizo-se cargo do posto, Tedeschi começou a elaborar um relatório secreto onde consignou o que foi descobrindo: contas cifradas onde se escondia dinheiro suxo de "políticos, intermediários, construtores e altos funcionários do Estado". Até Matteo Messina Denaro, o novo chefe da Cosa Nostra, tinha o seu dinheiro no IOR. Ali começou o infortúnio de Tedeschi. Quem conhecem bem o Vaticano alegam que o banqueiro amigo do Papa foi vítima de um complô armado por conselheiros do banco com o respaldo do secretário de Estado, monsenhor Bertone, um inimigo pessoal de Tedeschi e responsável pola comissom cardinalicia que vigia o funcionamento do banco. A sua destituiçom veio acompanhada pola difusom de um "documento" que o vinculava com a fuga de documentos roubados ao Papa.

Mais que as querelas teológicas, é o dinheiro e as suxas contas do Banco do Vaticano o que parecem compor a trama da inédita renúncia do Papa. Um ninho de corvos pedófilos, complotistas reaccionários e ladrons, sedentos de poder, impunes e capazes de todo com tal de defender a sua facçom, a hierarquia católica haver deixado umha imagem terrível do seu processo de descomposiçom moral. Nada muito diferente ao mundo no que vivemos: corrupçom, capitalismo suicida, protecçom dos privilegiados, circuitos de poder que se auto-alimentam e protegem, o Vaticano nom é mais que um reflexo pontual da própria decadência do sistema.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Reino Boubónico-A lei para o parvo e o cárcere para o pobre BASENAME: canta-o-merlo-reino-boubonico-a-lei-para-o-parvo-e-o-carcere-para-o-pobre DATE: Wed, 23 Jan 2013 20:45:41 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.info/

Ramón Jorge Rios Salgado, o ?kamikaze? foi indultado polo ministro de Justiça do Reino Boubónico, A. Ruiz Gallardón O PP impediu ontem com os seus votos que o ministro de Justiça, Alberto Ruiz Gallardón, explicasse esta medida no Congresso.

Rios Salgado foi condenado a treze anos de prisom por causar a morte em Dezembro de 2003 a José Dolz Espanha, de 25 anos, e graves ferimentos à jovem que lhe acompanhava, ao estrelar o seu carro contra o do casal trás circular durante cinco quilómetros em sentido contrário por umha auto-estrada valenciana.

Gallardón, mudou esta pena por umha coima de 4.380 euros, que terá que pagar a razom de seis euros diários durante dous anos. Ante a indignaçom que causou o indulto, o Governo está molesto com a medida adoptada pelo seu ministro de Justiça.

O indultado foi defendido polo bufete de advogados no que trabalha o filho de Gallardón, um dos gabinetes mais caros do país e inacessível para a imensa maioria dos mortais. Ademais, o seu advogado defensor Esteban Artarloa, irmao do que fosse secretário de Estado de Segurança com Aznar, Ignacio Astarloa.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sair do euro, a melhor opção BASENAME: canta-o-merlo-sair-do-euro-a-melhor-opcao DATE: Sat, 19 Jan 2013 18:43:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/europa/sair_do_euro_pmontes.html

por Pedro Montes [*]
entrevistado por Miguel Riera

Entre os economistas começam a ouvir-se vozes que apresentam o abandono da moeda única como a única saída realista ? e dolorosa ? para a crise. Pedro Montes foi um dos primeiros, senão o primeiro, a advertir das graves consequências que a Espanha enfrentaria após a adopção do euro e a forma exclusivamente mercantil com que se estava a construir a União Europeia. Está à vista que a Europa constitui o nó da questão da complexa crise espanhola. Esta entrevista tem um carácter polémico, mas muito necessário.

Há anos, numa entrevista publicada na revista El Viejo Topo, assegurou que a Espanha se encaminhava ou para o caos ou para a catástrofe. Naquela época, num artigo, também utilizava a expressão "beco sem saída". Pergunto o que pensa agora a respeito. Caos, catástrofe, ou beco sem saída?

Não fazem tantos anos, Miguel, foi em Março de 2010. O que acontece é que a crise económica é voraz e anda muito depressa. Tentei dizer naquela ocasião que, tendo em conta a evolução da economia espanhola após a criação do euro, quando já se havia incorrido num défice enorme da balança de pagamento em conta corrente e, portanto, havia-se acumulado uma dívida externa insustentável, o país enfrentava um dilema: ou se mantinha no euro e encaminhava-se para o desastre ou assumia o passo convulsivo de se desligar da moeda única. Caos e catástrofe, ou catástrofe e caos. Dizer então que o país se encontrava num beco sem saída era uma forma de destacar a situação angustiante. É claro que as sociedades sempre encontram uma saída, por dramáticas que por vezes possam ser as soluções. O dilema continua em vigor, mas o seu carácter peremptório é mais agudo e agora tudo se clarificou. Em Maio de 2010, como toda gente sabe, Zapatero deu uma guinada radical na sua política, com cortes e ajustes, um reforma laboral e a frágil reforma das pensões, que contou, não se deve esquecer, com o apoio das direcções das Comisiones Obreras (COO) e da UGT. Posteriormente, e apenas em poucos meses, burlando os cidadãos, o governo do PP empreendeu um conjunto de reformas que, além de acentuar a política do PSOE, são de uma agressividade, poder-se-ia dizer crueldade, que dinamitaram o pacto social surgido da transição após a morte do ditador. Sobreveio um desastre económico, social e também político, de modo que a disjuntiva neste momento é se continuamos directos pelo caminho para o inferno, a Grécia já está nele, ou recuperamos uma moeda própria e um banco central próprio para enfrentar a crise. A UE traçou-nos uma rota sinistra que se a aceitássemos isso implicaria uma espécie de suicídio colectivo.

Vamos por partes. Parece evidente que as forças políticas maioritárias (para não dizer todas, porque ainda não se ouve nenhuma delas exigir a saída do euro) estão [dispostas] a engolir o que haja a engolir para se manter na moeda única. Se finalmente se decidir continuar na eurozona, que futuro fica reservado aos espanhóis? Quantos anos de sofrimento nos esperam?

Com efeito, há muitos dados, declarações e factos ? não esqueçamos a nocturna e infame reforma da Constituição ? que deixam assente que tanto o PP como o PSOE consideram o euro como irreversível, o que constitui o fundamento da estratégia política que seguem. É o acordo básico que compartilham entre si, ao qual se somam sem restrição alguma ? fora das manobras políticas diante de tal ou qual assunto ? a CiU e o PNV. A partir daí entramos num grande problema político: a posição da esquerda diante do dilema da crise. E digo da esquerda nela incorporando os sindicatos maioritários.

Nosso país não pode sobreviver no euro e, independentemente do que queira o centro direita e pense a maioria da esquerda e muitos dos seus dirigentes, a desvinculação da moeda única é inexorável.

Não se deram conta do que implicava, económica e socialmente, a moeda única e continuam sem querer saber as consequências que terá. Vivem a pensar que a crise actual é um acidente que terá pronto remédio, que o passado voltará e que tudo o que é necessário é aplicar-lhe um bocadinho de política social à política económica estrita necessária para diminuir o défice público, como se isso fosse a questão fundamental. A Izquierda Unida, que teve a honra de se opor a Maastricht com um debate muito dilacerador no seu seio, defende agora uma saída progressista para a crise. Mas permanece sem resposta, como aconteceu no debate da investidura, quando Rajoy contestou que está bem, mas que os investidores estrangeiros não nos emprestavam dinheiro se não efectuassem ajustes e recortes. Se a saída progressista da crise, que também desejam os sindicatos, fosse possível e simples de praticar, alguém pensa que o PSOE não a teria aplicado? E inclusive o PP, ainda que neste caso seja preciso introduzir outras considerações políticas? As perspectiva, do meu ponto de vista, são muito negras, ao ponto de que chegue a escrever um artigo afirmando que a crise ainda não começou.

Pois...

Estamos não à beira e sim a cair por um precipício cuja profundidade não se conhece. Não é possível fazer prognóstico sobre o tempo, de modo que todos os anúncios de rebentos verdes são mentira. Pois bem, tenho a convicção de que o nosso país não pode sobreviver no euro e que, independentemente do que queira o centro direita e pense a maioria da esquerda e muitos dos seus dirigentes, a desvinculação com a moeda única é inexorável. Como e quando se verificará, não sei. Já deixei de discutir se a alternativa melhor da esquerda é procurar uma Europa que corrija os principais defeitos e carências de Maastricht. A unidade construída não é reformável e as consequências que comportou não são superáveis. O tempo, creio que em breve, dirimirá a questão.

Tentemos ver do ponto de vista dos que querem continuar no euro. Imaginemos que fosse possível. Qual seria o custo? No fim, há que pagar as dívidas... Quanto nos tocaria por cabeça?

O núcleo do problema é o endividamento de todos os agentes económicos, ou o seu alto "alavancamento", como também se diz. As famílias devem muito em relação ao seu rendimento disponível. As empresas têm uma relação muito desequilibrada entre o seu capital próprio e alheio. A banca tem muitas dívidas contraída e seus activos, muito ligados à habitação, solo e promotores estão sobrevalorizados, são muito ilíquidos, têm pouca rentabilidade e seus prazos de amortização estão desajustados ao calendário dos seus passivos. As instituições públicas não têm rendimentos suficientes para cobrirem seus gastos e os compromissos das dívidas que contraíram. E o país no seu conjunto, resultado dos grandes défices da balança de pagamentos e de uma actividade financeira global disparata, tem um passivo frente ao exterior que superar os 2,3 milhões de milhões de euros, isto é, quase 2,3 vezes o PIB.

E como chegámos a isso?

A origem desta situação tem a ver com o euro. Uma vez implantado e conectados aos mercados financeiros obtinha-se financiamento em torrente nos mercados internacionais e a taxas de juro muito baixas, uma vez que todas as emissões faziam-se numa moeda comum que não fazia distinções por países, pois já não havia que cobrir os riscos de desvalorização das moedas dos países mais fracos. As taxas de juros da dívida pública alemã e da dívida pública espanhola eram parecidas. Esta situação durou até a explosão da grande crise financeira internacional que desencadeou a quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. Durante esse tempo ninguém deu atenção a que se estavam a verificar desequilíbrios muito profundos nas relações económicas dos países euro e, portanto, que alguns deles estavam a acumular dívidas insustentáveis. Os mais iludidos, e houve muitos, chegaram a pensar que com o euro havia-se inventado algo maravilhoso: podia-se crescer e acumular défices porque com a moeda comum não havia problemas de financiamento.

Havia-se encontrado a lâmpada de Aladim...

Tudo mudou radicalmente com a crise financeira. Os canais de financiamento fecharam-se, os mercados deixaram de operar, do clima de euforia passou-se a outro tormentoso e a situação de cada agente económico e de cada país passou a ser examinada à lupa. Os prémios de risco da dívida soberana dos países do euro começaram a ampliar-se, dependendo da solvência que os mercados atribuíam a cada um deles. E, naturalmente, os mais endividados tiveram a existência complicada, uma vez que lhes foi encarecido brutalmente o financiamento. Tudo é conhecido, Grécia, Portugal, Irlanda... Espanha. Há um momento na dívida dos devedores em que a dívida os devora. Por ser elevada e custa já não podem fazer-lhe frente e isto vale para famílias, empresas, bancos, Estados e países. Na minha opinião, nosso país já está devorado pela dívida e, por isso, não consigo imaginar que continuemos no euro com normalidade. Repare b em que para enfrentar a dívida externa, para pagá-la pouco a pouco seria preciso que o nosso país tivesse um excedente da balança de pagamento em conta corrente, e ainda temos um défice apesar do afundamento da economia e dos milhões de desempregados acumulados.

Do mesmo modo, o sector público para reduzir a sua dívida precisaria ter superávite e já se vê como é difícil reduzir o défice e o círculo vicioso em que se entra quando se impõem os ajustes e cortes, pois aprofunda-se a recessão e diminui-se a arrecadação fiscal. Agora, enganosamente, a política económica está destinada e equilibrar as contas públicas e contam-nos até à saciedade que a redução do défice é condição necessária para ultrapassar a crise e, como não, para começar a criar emprego. Digo enganosamente, porque sendo verdade que há problemas para financiar o défice e que enquanto existir se agrava o endividamento do sector público, as quantidades em que se pode reduzir são insignificantes em relação à dívida acumulada. O debate entre o governo da União Europeia quanto à fixação do montante do défice público uma décimas acima ou abaixo, que acabou por ficar nos 5,3% do PIB neste ano, é ridícula quando se pensa que o endividamento público equivale ? mais ou menos, os números reais são um mistério ? ao PIB anual. Algo assim como discutir de 10 mil euros quando se deve 1 milhão de milhões.

Tenho a impressão de que as pessoas sabem que estamos perante uma crise grave, mas que desconhecem a magnitude da tragédia

É evidente que se manipula a opinião pública e que se aproveita o problema marginal do défice público para justificar a brutal política de cortes que se está a executar e que é inútil porque deixa o problema de fundo intacto, se não agravado. Tudo isto que conto torna sem interesse a pergunta de quanto teremos que contribuir para a dívida, cada um de nós. A crise não é um quociente, com um numerador que, além disso, não saberíamos qual é: os passivos externos? a dívida pública? Isso do "per capita" em sociedades tão profundamente desiguais é uma enteléquia . . A crise é um clima, uma situação, onde o sofrimento pessoal atinge uma casuística tão enorme que não há comparações possíveis. Um desempregado pagará pouca dívida. Um despejado da sua casa é possível que se livre da hipoteca, mas ficou sem casa. Um imigrante irregular não teria que se preocupar com o défice público, mas pode morrer na rua sem assistência. Mais vale ver a crise com este prisma do que fazer operações aritméticas cujos resultados não dizem nada. Disseste-me antes isso de que afinal há que pagar as dívidas. A dívida abre questões cruciais nestes momentos, que certamente desejas que comentemos. Avanço já: as dívidas há que pagá-las se se puder.

Mas não se pode, isso depreende-se nitidamente do que acabas de dizer. Avance com essas questões cruciais...

Vejamos. A economia espanhola não pode gerar os recursos para fazer frente à sua posição devedora externa, já te indiquei que seria preciso registar superávite da balança de pagamentos. O Estado a duras penas corrige o seu défice e cada vez lhe é mais difícil encontrar financiamento para tapar os muitos buracos que deve cobrir para que o país não seja declarado em bancarrota (aí está o caso do Bankia e os 23 mil milhões, ou mais, para resgatá-lo). As emissões de muitas comunidades autónomas estão valorizadas como títulos lixo.

O sistema bancário está em quebra. A qualificação das emissões dos títulos e acções das empresas importantes rebaixa-se a cada dia. A mora cresce e os despejos também. Este é o quadro actual, mas longe de ser estático tende a piorar com a recessão e porque a desconfiança que a economia espanhola provoca é completa, dentro e fora do país. O prémio de risco da dívida pública cresce de forma incontível e com isso as taxas de juros aplicadas às empresas e entidades espanholas, que são as que suportam a maior parte da dívida externa. Dos 2,3 milhões de milhões que citei, 2 milhões de milhões cabem ao sector privado.

Com esta perspectiva, os defensores da permanência no euro, entre eles a cúpula do governo ? para Rajoy o euro é irreversível, para o ministro das Finanças, Montoro, a solução é mais euro e mais Europa ? , buscam desesperados fundos, pela Europa e agora também por Washington, para sustentar a situação. Mostram-se renitentes em utilizar a palavra resgate, mas no fundo sabem que qualquer contribuição financeira significa estar sob intervenção e submeter-se às directrizes que provenham dos prestamistas. De facto, desde Maio de 2010 a política económica depende das instituições europeias e das pressões dos mercados, e tudo indica que se acentuará no imediato. Sermos resgatados não é fácil pela enorme quantidade de euros que são precisos mas, fazendo da necessidade virtude, é possível, com o argumento de que a Espanha é demasiado grande para deixá-la cair, que transitoriamente se evite a catástrofe.

Transitoriamente?

Transitoriamente, porque a palavra ?resgate? é enganosa ou, mais duramente, falsa. Aí está outra vez a Grécia como caso pioneiro. Quando "resgatam" um país não o salvam da sua precariedade e angústia, prendem-no, manietam-no, aprisionam-no e submetem-no a todo tipo de humilhações e barbaridades, inclusive a de passar por cima dele e desprezar as instituições democráticas. Sempre ameaçados, continuamente vigiados, os países resgatados vão-se afundando económica e socialmente num abismo que não parece ter fundo. Não terá que se diferente no caso da Espanha e cabe acrescentar uma nuance a esta degradação.

O melhor para o nosso país, para a imensa maioria dos cidadãos, seria desvincular-se do euro e recuperar soberania e instrumentos de política económica.

O país "resgatado" não se liberta das suas dívidas, que na verdade aumentam e tornam-se mais onerosas. O "resgate", por assim dizer, implica uma agonia sem fim. A outra alternativa, a de desligar-se do euro e recuperar muitos dos instrumentos com que historicamente contava a política económica para executar as políticas necessárias que pede a sociedade, sem dúvida alguma abalará o país.

É muito difícil calibrar todas as consequências que essa saída desencadeará, mas frente ao resgate, após um período difícil, muito difícil e complexo se se quiser, não podemos nos enganar, abrem-se todas as oportunidades para recuperar e refazer o país. Algum leitor sagaz perguntará imediatamente: e o que acontecerá com a dívida externa que além disso se elevará consideravelmente em termos da nossos nova peseta após a desvalorização que terá lugar? Pela minha parte, não posso afirmar outra coisa senão que a saída do euro implica inevitavelmente o não pagamento da dívida, com as nuances que possam incorporar-se. Palavras de peso, um grave problema, mas irresolúvel de outra forma.

E qual seria o impacto na UE de uma saída do euro por parte da Espanha? Seria seguida por outros países? Poderia significar o fim do euro?

Sem dúvida muito importante pelo peso económico e financeiro do nosso país. As peças do dominó não são todas iguais e, após a Grécia, Portugal e Irlanda, a queda da Espanha, seja na versão resgate seja com a saída do euro, abalaria os fundamentos da união monetária, tanto mais quando se sabe que quando o nosso caso for resolvido aguarda-se o da Itália. O disparatado projecto do euro ainda dará muitas dores de cabeça aos dirigentes europeus. Acabo de ler uma entrevista com Jacques Sapir , um crítico reconhecido da união monetária e um defensor da "desglobalização", cujas palavras a uma pergunta sobre se a crise financeira da UE poderia afectar a França podem ser compartilhadas e são as seguintes (resumo): "A crise financeira já contaminou a França. O prémio de risco com a Alemanha atinge agora mais de 1,3% ou 130 pontos básicos. É uma diferença idêntica, e inclusive superior, à que existia antes de ser criada a zona euro. De facto, a única vantagem do euro ? poder pedir emprestado a taxas globalmente equivalente às alemãs ? desapareceu.

A cadeia de contaminação da crise é bem conhecida. A situação na Grécia exerca uma influência directa sobre Portugal. Uma degradação da situação portuguesa tem consequências nefastas para a Espanha e isso implica a degradação da situação financeira da Itália. Contudo, as situações nesses países são muitos diferentes e essas diferenças fazem que, estruturalmente, não deveria haver contaminação porque os problemas dos países são diferentes, inclusive ainda que tenham a mesma origem: o euro. O euro foi o causador do facto de a Espanha se haver desindustrializado e especializado nos serviços e na construção; e de que a Itália padeça uma taxa de câmbio sobrevalorizada. As taxas de juros são importantes na Espanha e cruciais para a Itália. Por isso os mercados financeiros reagem, percebem essas diferenças e surge a cadeia de contaminação". Sapir conclui: "Está claro que quando a Espanha e a Itália tomarem dinheiro emprestado acima dos 6%, terá chegado o momento de questionar a França. Todos sabem, ainda que agora não se diga, que se a Espanha e a Itália se virem forçadas a sair da zona euro, a França tão pouco nela poderia permanecer". Creio que a pergunta fica assim respondida. Podem-se fazer muitas hipóteses sobre como decorrerão os acontecimentos, mas talvez a única coisa certa é que ninguém nem nenhum país está em condições de controlá-los e que com a tormenta desencadeada a zona euro não sobreviverá com a configuração actual, podendo chegar a desaparecer.

O desaparecimento do euro ou de uma eurozona não qual o Sul houvesse sido podado, que efeitos produziria no dólar e na economia estado-unidense?

Entramos num terreno mais especulativo e sigo uma regra que seria: quanto melhor vá o euro e as moedas mais fortes que o formam pior irá o dólar americano. Não é algo surgido de nenhuma lei mecânica e sim da interpretação de que o capitalismo está a sofrer um desequilíbrio económico-financeiro mundial que será resolvido por um reequilíbrio que terá consequências geopolíticas. Por outro lado, os Estados Unidos em particular, devido às enormes emissões de dívida pública financiadas pela Reserva Federal para enfrentar a crise terrível que a quebra do Lehman abriu nas finanças e na indústria do país, alimentou uma bolha dos seus títulos que em algum momento terá de explodir.

Dizendo isso de outra maneira, está pendente uma crise do dólar cuja explosão pode acontecer por diversos motivos, um dos quais naturalmente é como se resolva a crise do euro. Os Estados Unidos são de longe o primeiro país devedor externo líquido do mundo ? o segundo, certamente, é a Espanha ?, e quando se têm passivos brutos que superam os 18 milhões de milhões de dólares é para ficar intranquilo, eles como país e o resto do mundo pelos contágios possíveis.

Os principais credores externos líquidos do mundo são Japão, China e Alemanha, este último um país que, pela sua força económica, pode ter veleidades de todo tipo e não é descartável que o euro implique um estorvo para os seus planos, se bem que, como especulamos, haverá quem sustente que é o primeiro país interessado em manter o euro como uma moeda débil que facilite suas exportações e o excedente da sua balança comercial. Digo para concluir: havia uma corrida entre o euro e o dólar para ver a qual moeda a crise chegava antes e nós, os europeus, nos adiantámos. Alguns perversos opinam inclusive que os norte-americanos açulam a crise do euro ? até se cita o professor Krugman pelas suas análises críticas sobre a união monetária ? para distrair os mercados.

Voltemos às consequências de permanecer no euro. Os eurotítulos, a união bancária, a cessão de mais soberania, uma mudança na política do BCE, a concepção europeia de políticas de crescimento, o resgate bancário... Tudo isso seria suficiente para que a crise que atravessa a Espanha fosse resolvida a médio prazo?

Reafirmo minha opinião. Creio que o melhor para o nosso país, para a imensa maioria dos cidadãos, seria desligar-se do euro e recuperar soberania e instrumentos de política económica. Confio além disso em que isto acontecerá inevitavelmente e seria muito conveniente que a Izquierda Unida e os sindicatos maioritários adoptassem como estratégia essa alternativa. A sociedade tem muito medo, a opinião pública está muito manipulada, ao ponto de que, apesar dos grandes sofrimentos que já padecemos e das ameaças que se discernem no horizonte, ainda se sente pânico perante a ideia de abandonar, não a Europa e sim a união monetária. Passa-se aqui e está a passar-se na Grécia.

Contudo, os inquéritos já falam de quase um terço da população que culpa o euro pela crise e desejariam dele se desligar. Ninguém representa politicamente essa minoria significativa que poderia ampliar-se com facilidade com uma boa explicação do que acontecer e se se trabalhasse com seriedade nessa alternativa. Todos estamos a opinar acerca da crise europeia quando, nas actuais circunstâncias, seria conveniente e legítimo que nos dedicássemos a pensar, ainda que fosse como hipótese improvável, no cenário de não permanecer no euro. Quero acrescentar que o tempo é um dado da situação que é preciso levar em conta. Quanto mais se prolongue a queda nesta fase destrutiva do tecido produtivo, do desaparecimento de empresa, de ruína económica, de acumulação de desemprego ? um problema terrível sob todos os pontos de vista ? e de degradação social, será muito mais difícil e complicado de todos os pontos de vista recuperar o país e refazê-lo. Pois bem, esta é uma versão espanhola, considerando o mais desejável para o nosso país e nossa gente. Mas cabe perguntar o que pensa a Europa da crise do euro, dos perigos que a Espanha provoca e do que conviria fazer. Há muito ruído, propostas, ocorrências, disputas e controvérsias, o que prova que também há muito desespero e poucas ideias claras.

Queiramos ou não, a união monetária é formada por um conglomerado de países, com diferentes forças, interesses contrapostos, situações económicas, sociais e políticas muito diferentes e todos, em geral, com problemas sérios, cujas sociedades reclamam aos seus governos soluções que no fundamental respeitem os interesses nacionais. Acrescente-se que há regras, compromissos, pactos e quase uma constituição para compreender que nem tudo é possível e que algumas mudanças que se reclamam contradizem a essência do projecto de Maastricht, que é uma união monetária sem fiscalidade comum. O aparecimento de Hollande agravou os contrastes existentes e a divisão potencial entre França e Alemanha, se bem que possamos estar de acordo em que a quebra do euro seria um grande fracasso da burguesia "europeia" que está a apostar neste projecto da Europa há mais de 30 anos.

De modo que o fiasco é inevitável?

Sim. O fracasso abre uma variante especulativa na qual não entro. Mas apanha a Europa numa posição fraca perante as mudanças mundiais que se estão a verificar. Suponhamos, pois, que se quer conseguir com os meios disponíveis o "resgate" do nosso país, para além do actual resgate bancário. Isso significa que os países fortes estão dispostos a pagar os custos de "salvar-nos" nestes momentos.

Com os eurotítulos, para a Alemanha, o país em melhor posição, seriam encarecidas suas emissões actuais de dívida pública, coisa pela qual não sentem nenhuma paixão. E como se distribuem os fundos obtidos com os eurotítulos? Quanto para a Espanha, quanto para Portugal, quando para a França? E por que? Mais para a Espanha uma vez que o seu défice pública é maior porque os espanhóis em média pagam muito menos impostos que os franceses e os alemães? E se o BCE oferecer liquidez generosamente no estilo do Federal Reserve, ainda que contradizendo os fundamentos do Tratado de Maastricht e passando por cima da vontade da Alemanha, novamente: Que critérios se seguem ou que limites para cada país, tendo em conta que os mais incumpridores fiscalmente são os que mais necessitam ou que a banca espanhola alimentou uma bolha imobiliária disparatada que enriqueceu muitos, dentre outros os próprios bancos? Não continuo, isto é uma entrevista e não um livro.

Simplesmente direi que não sei em que consiste a "unidade bancária" e algo fundamental: mesmo que se superem estes momentos de extrema tensão em Espanha, se for resgatada, ainda assim o problema da sua enorme dívida como país permanece intacto e a dívida pública continuará a crescer na parte designada dos eurotítulos ou monetizada pelo BCE. Como vê, tudo muito simples, rápido e sem contra-indicações. Para terminar: isso da austeridade e do crescimento é outra ocorrência, um engana tolos: é impossível, com os brutais ajustes e cortes decretados e os que serão determinados para que a UE nos "resgate", pensar no crescimento. Exactamente ao contrário: os números do desemprego continuarão a aumentar de modo pavoroso durante muito tempo.

A ideia de sair do euro, contudo, provoca o pânico tanto entre a classe dirigente como na imensa maioria da população. Como seria preciso fazer, quais seriam os passos?

Sim, é verdade. Mas dá muito mais medo à classe dirigente do que aos cidadãos, como comentei ao referir-me aos inquéritos. E isto por vários motivos: tanto o PSOE como o PP fizeram e continuam a fazer do tema da Europa a espinha dorsal da sua política, sem nunca avaliar o seu significado e as suas consequências, quando estava claro que Maastricht era a chave de abóbada de um modelo neoliberal extremo da construção europeia. Competitividade sem limite e, ao mesmo tempo, sem taxa de câmbio para enfrentar as diferenças entre países, portanto condições imelhoráveis para cortar salários, desmontar o estado previdência... Enquanto o PP se sentia no seu meio natural, entende-se menor que o PSOE tenha acabado por estar abraçado com a mesma paixão à união monetária ? daí a crise ideológica da social-democracia e o ridículo que acabar por fazer entre os eleitores.

As camadas dirigentes não se inclinam a reconhecer erros e menos ainda a desaparecer quando se equivocam tão radicalmente. Outro motivo está implícito no que acabo de comentar: que maravilha de projecto! Uma década a impor políticas regressivas no económico e no social para cumprir as condições de convergência e poder fazer parte da zona euro desde o princípio, a seguir a necessidade imperiosa de efectuar cortes para não perder competitividade e já com a crise o sonho tornado realidade, com o PP a travar uma guerra económica contra os trabalhadores e as camadas sociais mais desfavorecidas com laivos fascistas.

E todo o mundo calando...

Surpreende, certamente, o silêncio cúmplice que mantiveram muitos peritos e analistas perante o que ocorreu, bem como o pânico que se instalou na sociedade. Há uma covardia manifesta, como se não se quisesse afrontar a realidade e se preferisse descer aos infernos ao invés de parar e ver se há outra alternativa. Todos os que compõem a ordem estabelecida ? as tertúlias são um bom indicador ? falam da necessidade inevitável dos ajustes e da redução do défice público como se fossem obrigações impostas pela natureza, como se o mundo acabasse onde eles conseguem ver, quando basta só olhar um pouco e compreender que há outra opção que consiste em voltar à situação anterior ao euro tal como a conhecíamos há apenas 14 anos.

Tenho confiança em que a luta e a necessidade de oferecer uma alternativa acabem por tornar evidente que romper com a união monetária é inevitável. Estamos na barbárie.

Não é a volta à idade média nem à autarquia. Posso reconhecer que as mudanças verificadas complicam essa volta, mas não ao ponto de que a sociedade se condene a um período indefinido de sacrifícios e desolação por não querer rectificar uns passos em falso. A complexidade técnica disso é inegável, mas do mesmo modo que as dificuldades técnicas não impediram de adoptar o euro, tão pouco agora poderiam impedir a implantação da peseta. A nova moeda teria que sofrer uma desvalorização e o Banco da Espanha poderia recuperar o seu prestígio perdido voltando às suas velhas tarefas de emitir e distribuir a moeda nacional. Se a Grécia tiver sorte, sempre poderá servir-nos de modelo.

Ao passar do euro para a peseta, as dívidas em euros cresceriam devido à desvalorização?

Sim, a montanha da dívida aí está e vejo dois problemas fundamentais. Um é se poderá fazer frente à dívida externa que tem fundamentalmente o sector privado da economia ? ainda que também haja uns 300 mil milhões de euros de dívida pública em mãos de estrangeiros ?, sobretudo depois de o seu montante ser elevado com a desvalorização indicada da peseta. Os euros que se devem valerão mais peseta. Não será possível e aqui, numa economia de mercado, cada credor e devedor terá que incorrer com as consequências de suas decisões no passado. Haverá muita agitação nos mercados, desconfiança generalizada no país e sem dúvida muitos não pagamentos, razão pela qual se pensa que o nosso país não a deixará cair.
19/Julho/2012

Acerca da saída do euro, ver também:
Que alternativa à não saída do euro? , Octávio Teixeira
Os Hamlets portugueses e a saída do euro , João Carlos Graça
Acerca dos custos e benefícios da saída do euro , Jorge Figueiredo
A armadilha do crescente endividamento do Estado, das empresas e do país com o governo PSD/CDS e com a "troika", e a opção de sair do euro , Eugénio Rosa
Sair do euro é preciso , Octávio Teixeira
O euro e as escolhas , Daniel Vaz de Carvalho
Ficar ou sair da zona euro? , Daniel Vaz de Carvalho
Sair do euro ? e depois? , Rudo de Ruijter
Um espectro assombra a Europa: a saída do euro! , Jacques Nikonoff

[*] Economista, catalão, foi membro do Serviço de Estudos do Banco de Espanha, autor de Historia inacabada del Euro e de Pero?no seria millor sortir de l'euro? . Actualmente é presidente de SocialismoXXI . O original encontra-se em http://www.espai-marx.net/admin?id=7384

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Para dominar-te melhor - Controlam-te: O teu pior inimigo é a tua cabeça BASENAME: canta-o-merlo-para-dominar-te-melhor-controlam-te-o-teu-pior-inimigo-e-a-tua-cabeca DATE: Sun, 06 Jan 2013 23:38:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.iarnoticias.com/2012/secciones/contrainformacion/0030_para_dominarte_mejor_18dic2012.html

Todos os dias, durante as 24 horas, há um exército invisível que aponta ao teu cérebro: nom utiliza tanques, avions nem mísseis, senom informaçom direccionada e manipulada por meio de imagens e intitulares. Nom o sabes, nem sequer o suspeitas, mas estás metido dentro de umha guerra. Invisível, cruenta, devastadora, silenciosa, que todos os dias converte-te em vítima e em victimário de um sistema que já nom necessita matar fisicamente para dominar.

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com

Vigiam-te, a tua conduta está a ser chequada, monitorizada, e controlada por peritos. Bombardeiam-te, a diário, nom para matar-te senom para colonizar os teus pensamentos e as tuas emoçons. Nom o sabes, mas és o novo soldado, e por sua vez o branco táctico das operaçons psicológicas pensadas para vender produtos, és o indivíduo-massa da ideologia consumista nivelada planetariamente como estratégia de mercado polas transnacionais capitalistas. Vigiam-te, manejam as tuas emoçons por controlo remoto, vendem-te desde adrenalina e pensamento positivo até produtos e entretenimento pola tela de TV. Fam-te sentir livre roubando a tua liberdade. És um branco telemóvel, querem exterminar o teu cérebro, querem castrar a tua capacidade reflexiva, querem matar o teu pensamento crítico, querem blindar a tua liberdade de eleger, converter-te num consumidor mudante.

Nom o sabes, mas estás em guerra, e as batalhas já nom se desenvolvem em espaços afastados, senom na tua própria cabeça. O objectivo já nom é matar-te, senom controlar-te para converter-te num zombie da sociedade de consumo. As balas já nom apontam ao teu corpo, senom às tuas contradiçons e vulnerabilidades psicológicas. Os intitulares, as imagens direccionadas, a informaçom manipulada, som os mísseis de última geraçom que as grandes correntes mediáticas e a publicidade disparam com demolidora precisom sobre o teu cérebro convertido em teatro de operaçons da sociedade de consumo. Buscamos protecçom, buscamos informaçom, eles controlam, manejam satélites, tecnologia informática, manejam a imagem, manejam o poder, imponhem a sua visom coma se fosse a do conjunto, vendem a sua realidade coma se fosse o teu, o mundo é este, as tuas percepçons som falsas, consome, a tecnologia ama-te.

És rastejado e espiado a diário, buscam as tuas pegadas para conhecer-te, exploram as tuas emoçons, os teus medos, buscam pontos débis, querem implantar-te o seu mundo coma se fosse o teu, converter-te num cobaia domesticada da sua sociedade de consumo. Despiam-te, rastéjam-che, som os vigilantes do cíberespacio, podem-te fazer umha foto por satélite a dous mil quilómetros com se estivessem a um metro teu. O planeta é umha grande prisom controlada polas suas computadoras, a tua vida nom tem secretos, devem saber como pensas, para converter-te num cidadao politicamente correcto, num pacifista tolerante que só relata e consome a verdade oficial.

Nom o sabes, mas quando consumes sociedade de consumo por coaçom psicológica convertes-te num indivíduo-massa, convertes-te num "soldado cooperante" dos planos de domínio e controlo social estabelecidos polo capitalismo transnacional que se inventou umha "civilizaçom" só para vender produtos. Nom o sabes, mas és o branco de operaçons psicológicas extremas que buscam converter-te num alienado programado (AP), cujo cérebro nom está desenhado para pensar senom para consumir. Compra, compra, eles necessitam vender para seguir dominando, compra, compra, se o teu nom compras, se o teu nom consumes eles nom existem. No capitalismo todo compra se e vende-se, mesmo o teu cérebro, que tem um valor de mercado nas estatísticas do controlo mental.
Estás no meio de umha guerra e és o branco principal, mas nom o sabes. As operaçons já nom se traçam a partir da colonizaçom militar para controlar um território, senom a partir da colonizaçom mental para controlar as tuas emoçons e direccionar a tua conduta.

Os objectivos já nom som militares: Na guerra em que estás metido, já nom se se peleja por territórios senom por mercados. O teu cérebro é a matéria prima. E quem se apodera dos cérebros, apodera-se dos comprados. O planeta já nom se divide por fronteiras territoriais, senom por fronteiras comerciais. Compra, compra, controlam-te para que consumas, enquanto o sistema engorda, nutre-se do que o ti consumes. Se o ti nom compras, se o ti nom votas periodicamente, se ti nom legitimas a sua sociedade de consumo, derruba-se o seu império, derrubam-se os seus bancos, estouram as suas corporaçons, ficam sem gasolina os seus tanques, avions e submarinos, paralisam-se as suas metrópoles, colapsam as suas sociedades de consumo, derruba-se a sua decadente civilizaçom da compra e venda. Consome, consome, o teu cérebro nom está programado para pensar senom para consumir.

Os donos do manicómio capitalista vigiam-te, doutrinam-che sem que te dês conta, imponhem os seus objectivos coma se fossem os teus, a sua sobrevivência depende de que estejas adoutrinado, com o teu cérebro lavagem, que compres segurança e adrenalina coma se fossem o teu alimento diário. Controlam-te, compra, compra, eles vendem e o teu compras, desde produtos até a sua visom macrocósmica do mundo que luzes coma se fosse tua. És um branco telemóvel da sociedade de consumo, da sobredose de informaçom e entretenimento orientados a reduzir cérebros e a engordar a rendabilidade das grandes corporaçons que a diário te convertem num nicho de oferta e demanda, num segmento mais do comprado.

A equaçom é simples, o teu compras e eles vendem. Para isso devem sobre-imprimir o seu programa na tua mente, devem re-desenhar a tua psicologia, as tuas crenças, as tuas emoçons, devem converter-te num zombie saturado de tecnologia digital. Nom deves pensar, só consumir, consumir, programas, música fashion, presidentes, sabons, ídolos mediáticos que te doutrinem, que te reafirmem na manda, és um zombie, a tua liberdade nom existe, estás sob controlo. Compra, compra, essa é a ideia força que a "sociedade da informaçom" imprimiu na tua psicologia ao nascer. Eles nom te necessitam para que penses senom para que consumas, produtos, teorias de domínio brando, democracia, presidentes, necessitam o teu cérebro, para consumir a tempo completo, até que substituam-te definitivamente por um microchip.

Nom o sabes, nem sequer o suspeitas, mas estás metido dentro de umha guerra. Invisível, cruenta, devastadora, silenciosa, que todos os dias converte-te em vítima e em victimário de um sistema que já nom necessita matar fisicamente para dominar. A máxima conspiraçom histórica fixo-se realidade: O dominador desapareceu de cena, podes fazer o que queiras, a tua prisom é a tua própria liberdade.

Nom o sabes, mas estás metido dentro da Guerra de Quarta Geraçom. Bem-vindo ao mundo Orwell.

(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.
Ver os seus trabalhos em Google e em IAR Notícias

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O enganoso abismo fiscal dos EUA BASENAME: canta-o-merlo-o-enganoso-abismo-fiscal-dos-eua DATE: Mon, 31 Dec 2012 22:02:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/crise/hudson_28dez12.html

Como a austeridade orçamental de hoje recorda os mal entendidos económicos da I Guerra Mundial

O enganoso abismo fiscal de 2012 dos EUA

por Michael Hudson

Quando a I Guerra Mundial estalou em Agosto de 1914, economistas de ambos os lados previram que as hostilidades não poderiam perdurar mais do que cerca de seis meses. As guerras haviam-se tornado tão caras que o dinheiro dos governos rapidamente ficaria esgotado. Parecia que se a Alemanha não pudesse derrotar a França na Primavera, as potências aliadas e central teriam as suas poupanças esgotadas e atingiriam o que hoje é chamado de precipício orçamental (fiscal cliff) e seriam forçadas a negociar um acordo de paz.

Mas a Grande Guerra arrastou-se durante quatro anos destrutivos. Os governos europeus fizeram o mesmo que os Estados Unidos após o estalar da Guerra Civil em 1861, quando o Tesouro imprimiu o papel-moeda, os chamados greenbacks . Eles pagavam por mais combate simplesmente com a impressão da sua própria moeda. Suas economias não cederam e não houve grande inflação. Isso aconteceu só após o término da guerra, devido à tentativa da Alemanha de pagar reparações em divisas estrangeiras. Foi o que provocou o afundamento da sua taxa de câmbio, elevando preços de importação e portanto preços internos. A culpa não foi da despesa do governo com a própria guerra (muito menos com programas sociais).

Mas a história é escrita pelos vitoriosos e a última geração assistiu à emergência dos bancos e do sector financeiro como os grandes vitoriosos. Mantendo os 99% da base em dívida, os 1% do topo estão agora a criar uma teoria económica enganosa para persuadir os eleitores a seguirem políticas que beneficiam o sector financeiro a expensas do trabalho, da indústria e do governo democrático tal como o conhecemos.

Os lobbystas da Wall Street atribuem a culpa do desemprego e da perda de competitividade industrial aos gastos do governo e aos défices orçamentais ? especialmente com programas sociais ? e à reivindicação do trabalho em participar da produtividade crescente da economia. O mito (talvez devêssemos chamá-lo teoria económica lixo) é que (1) governos não deveriam incidir em défices (pelo menos, não através da impressão da sua própria moeda), porque (2) a criação de moeda pública e impostos elevados (pelo menos sobre a riqueza) provoca ascensão de preços. Eles dizem que a cura para o mal-estar económico (o qual foi provocado por eles próprios) é menos despesa pública, bem como mais cortes fiscais para a riqueza, a qual eufemizam como "criadores de emprego". Reivindicando excedentes orçamentais, lobbystas dos bancos prometem que estes proporcionarão à economia bastante poder de compra para crescer. Então, quando isto acaba em crise, eles insistem em que a austeridade pode espremer suficiente rendimento para permitir que dívidas do sector privado sejam pagas.

A realidade é que quando bancos sobrecarregam a economia com dívida isto deixa menos para gastar com bens e serviços internos ao mesmo tempo que conduz para a alta os preços da habitação (e portanto o custo de vida) com criação imprudente de crédito em condições de empréstimo frouxas. Mas no topo desta deflação da dívida, os lobbystas dos bancos pressionam por deflação fiscal: excedentes orçamentais ao invés de défices com a criação de frentes de trabalho. O efeito é mais uma vez reduzir a procura de mercado do sector privado, contraindo mercados e emprego. Os governos caem mais profundamente em aflições e dizem-lhes então para liquidar ao desbarato terras e recursos naturais, empresas públicas e outros activos. Isto cria um mercado lucrativo para empréstimos bancários financiarem privatizações a crédito. O que explica porque os lobbystas financeiros apoiam os direitos dos novos compradores a elevarem os preços que cobram por necessidades básicas, criando uma frente unida para endossar a extracção de renda. O efeito é enriquecer o sector financeiro possuído pelos 1% de maneiras que endividam e privatizam a economia como um todo ? indivíduos, negócios e o próprio governo.

Esta política foi denunciada como destrutiva no fim dos anos 1920 e princípio da década de 1930 quando John Maynard Keynes, Harold Moulton e alguns outros contestaram as afirmações de Jacques Rueff e Bertil Ohlin de que dívidas de qualquer magnitude podiam ser pagas se os governo impusessem austeridade e sofrimento suficientemente profundos. Esta é a doutrina adoptada desde a década de 1960 pelo Fundo Monetário Internacional para ser imposta sobre devedores do Terceiro Mundo e pelos neoliberais europeus que defendem credores impondo austeridade à Irlanda, Grécia, Espanha e Portugal.

Tal mitologia pró austeridade destina-se a desviar o público a fim de que não pergunte porque em tempo de paz os governos não podem simplesmente imprimir o dinheiro de que precisam. Dada a opção de imprimir dinheiro ao invés de tributar, por que tantos políticos só criam novos gastos com o objectivo de travar guerra e destruir propriedade, não para construir ou reparar pontos, estradas e outras infraestruturas públicas? Por que deveriam os governos tributar empregados para futuros pagamentos de aposentações, mas não a Wall Street por comissões e seguros financeiros a fim de construir um fundo para pagar por futuras crises de empréstimos excessivos dos bancos? A propósito, por que o Governo dos EUA não imprime o dinheiro para pagar a Segurança Social e cuidados médicos, da mesma forma como criou nova dívida no montante de US$13 milhões de milhões (trillion) após o salvamento bancário de 2008? (Voltarei a esta questão mais abaixo).

A resposta a estas questões tem pouco a ver com mercados, ou com teoria monetária e fiscal. Os banqueiros afirmam que se têm de pagar mais comissões de utilizador para pré-financiar futuras reclamações por maus empréstimos e seguros de depósito para poupar o Tesouro ou os contribuintes de serem cravados pela conta, terão de cobrar mais aos clientes ? apesar dos seus presentes historiais de lucros, que parecem agarrar tudo quanto podem. Mas eles apoiam um duplo padrão quando se trata de tributar o trabalho.

A comutação do fardo fiscal para o trabalho e a indústria é conseguida mais facilmente através do corte nas despesas públicas para os 99%. Aqui está a raiz do confronto de Dezembro de 2012 sobre as políticas anti-défice propostas pela comissão Bowles-Simpson de cortes orçamentais que o presidente Obama nomeou em 2010. Derramando lágrimas de crocodilo sobre o fracasso do governo em equilibrar o orçamento, os bancos insistem em que os 15,3% de hoje de retenção salarial do FICA (Federal Insurance Contributions Act) seja elevado ? como se isto não elevasse o custo de vida e não drenasse a economia do consumidor de poder de compra. Ao patronato e sua força de trabalho dizem para poupar antecipadamente para a Segurança Social ou outros programas públicos. Isto é um imposto sobre rendimento disfarçado sobre os 99% da base, cujas receitas são utilizadas para reduzir o défice orçamental de modo a que possam ser cortados impostos sobre as finanças e os 1%. Para parafrasear um dito de Leon Helmley, de que "Só o povo miúdo paga impostos", a palavra de ordem pós 2008 é de que só os 99% têm de sofrer perdas, não os 1% quando a deflação da dívida afunda os preços do imobiliário e do mercado de acções para inaugurar uma economia de Situação Líquida Negativa (Negative Equity) enquanto as taxas de desemprego levantam voo.

Não há mais necessidade de poupar antecipadamente para a Segurança Social do que há para poupar antecipadamente para pagar uma guerra. Vender títulos do Tesouro para pagar pensões tem efeito monetário e fiscal idêntico de vender títulos recém impressos. Trata-se de uma farsa ? para comutar o fardo fiscal para cima do trabalho e da indústria. Os governos precisam proporcionar à economia dinheiro e crédito para expandir mercados e emprego. Eles fazem isso incidindo em défices orçamentais e isso pode ser feito pela criação da sua própria moeda. É a isto que os bancos se opõem, acusando-os de levar à hiper-inflação ao invés de ajudar as economias a crescerem.

A sua motivação para esta acusação errada é em causa própria e a sua lógica é enganadora. Banqueiros sempre combateram a fim de impedir governos de criarem a sua própria moeda ? pelo menos em condições normais de paz. Durante muitos séculos, títulos governamentais foram o maior e mais seguro investimento para as elites financeiras que possuíam a maior parte das poupanças. Banqueiros de investimento e correctores monopolizaram as finanças públicas, com comissões substanciais de subscrição. O mercado para acções e títulos corporativos era abundante em fraudes, dominado por iniciados (insiders) ao serviço das ferrovias e grandes trusts organizados pela Wall Street e empreendimentos de canais organizados por correctores franceses e britânicos.

Contudo, quando os custos de travar uma guerra internacional excediam muito o volume da poupança nacional ou a receita fiscal disponível, havia pouca alternativa para governos senão criarem a sua própria moeda. Esta necessidade óbvia aplacava a oposição habitual levantada pelos banqueiros a fim de limitar a opção monetária pública. O que mostra que governos podem fazer mais sob condições de emergência de force majeur do que sob condições normais. E a crise financeira de Setembro de 2008 proporcionou uma oportunidade para os governos estado-unidense e europeus criarem nova dívida para salvamentos bancários. Isto revelou-se ser tão caro quanto travar uma guerra. Era na verdade uma guerra financeira. Os bancos já haviam capturado as agências reguladoras para entrarem em empréstimos temerários e numa onda de fraude e corrupção nunca vista desde a década de 1920. E agora eles estão a manter economias reféns de uma ruptura na cadeia de pagamentos se não forem salvos dos seus jogos especulativos, das suas hipotecas lixo e do seu fraudulento empacotamento de empréstimos.

A primeira vitória foi neutralizar a capacidade ? ou pelo menos a vontade ? do Tesouro, da Reserva Federal e do Controlador da Moeda (Comptroller of the Currency) de regular o sector financeiro. A Goldman Sachs, o Citicorp e seus companheiros gigantes da Wall Street mantinham poder de veto na nomeação de administradores chave destas agências. Eles utilizaram esta cabeça de ponte para eliminar candidatos que pudessem não favorecer os seus interesses, preferindo desreguladores ideológicos do tipo de Alan Greenspan e Tim Geithner. Como disse satiricamente John Kenneth Galbraith, uma pré condição para obter um posto num banco central é visão em túnel quando chega a entender que governos podem criar o seu crédito tão prontamente quanto os bancos o fazem. O que é necessário sã lealdades políticas para deitarem-se na cama com os bancos.

Na ruína financeira pós 2008 bastou apenas uma série de toques no teclado do computador para o governo dos EUA criar US$13 milhões de milhões de dívida a fim de salvar bancos de sofrerem perdas com os seus empréstimos imobiliários imprudentes (os quais modelos de computadores pretendiam que tornariam os bancos tão ricos que poderiam pagar aos seus administradores enormes salários, bónus e opções de acções), apostas em seguros que resultaram más (subvalorizando o risco para ganhar negócios a fim de pagar aos seus administradores enormes salários e bónus), jogos de arbitragem e fraude absoluta (dar a ilusão de rendimentos que justificassem enormes salários, bónus e opções de acções). Os US$800 mil milhões do Troubled Asset Relief Program (TARP) e os US$2 milhões de milhões dos swaps "caixa por lixo" ("cash for trash") do Federal Reserve permitiram aos bancos continuar a sua remuneração de executivos e possuidores de títulos sem um soluço ? enquanto os rendimentos e a riqueza afundavam para os 99% restantes dos americanos.

Uma nova expressão, Capitalismo de Casino, foi cunhada para descrever a transformação do capitalismo financeiro que estava na era da desregulamentação pós 1980 que abriu as portas a bancos para fazerem o que governos até agora faziam em tempo de guerra: criar moeda e nova dívida pública simplesmente "imprimindo-o" ? neste caso, electronicamente nos seus teclados de computador.

Levar as agências de financiamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, insolventes, para o balanço público por US$5,2 milhões de milhões representou mais de um terço do salvamento de US$13 milhões de milhões. Isto salvou os possuidores dos seus títulos de terem de sofrer perdas com as avaliações fraudulentas das hipotecas lixo com as quais o Countrywide, Bank of America, Citibank e outros bancos "demasiado grandes para falir" as haviam entupido. Este enorme aumento de dívida foi feito sem elevar impostos. De facto, a administração Bush cortou impostos, efectuando os maiores cortes para os mais altos rendimentos e escalões de riqueza que foram os seus grandes contribuidores de campanha [eleitoral]. Privilégios fiscais especiais foram dados a bancos de modo a que eles pudessem "ganhar o seu caminho para sair da dívida" (e, na verdade, da situação líquida negativa). [1] O Federal Reserve deu uma linha gratuita de crédito (Quantitative Easing) ao sistema bancário a apenas 0,25% de juro anual em 2011 ? ou seja, um quarto de um ponto percentual, sem perguntar questões acerca da qualidade das hipotecas lixo e outros títulos penhorados como colateral ao seu valor facial pleno, o qual estava muito acima do preço de mercado.

Esta criação de uma dívida de US$13 milhões de milhões (trillion) para salvar bancos a fim de que não sofressem perdas não foi acusada de ameaçar a estabilidade económica. Ela permitiu [aos banqueiros] continuar a pagar salários e bónus exorbitantes, bem como dividendos a accionistas e pagar também contrapartes nas apostas de arbitragem do casino capitalista. Estes pagamentos ajudaram os 1% a receberem uns confirmados 93% dos ganhos em rendimento desde 2008. O salvamento portanto polarizou a economia, dando ao sector financeiro mais poder sobre o trabalho e os consumidores, sobre a indústria e o governo do que até então desde a Era Dourada do século XIX.

Tudo isto torna a guerra financeira de hoje muito semelhante ao período pós I Guerra Mundial e a incontáveis guerras anteriores. O efeito é empobrecer os perdedores, apropriar activos até então públicos em benefício dos vitoriosos e impor serviço de dívida e impostos pela tributação. "As crises financeiras têm sido tão devastadoras economicamente quanto uma guerra mundial e podem ser ainda um fardo para os nossos netos", observou recentemente Andrew Haldane, responsável do Banco da Inglaterra. "Em termos de perda de rendimento e produção, isto é tão mau quanto uma guerra mundial", disse ele. A ascensão da dívida governamental estimulou apelo à austeridade ? sobre a parte daqueles que não receberam a dádiva. "Seria espantoso se o povo não estivesse a formular grandes questões acerca de onde é que as finanças deram para o torto" [2] .

Mas enquanto o sector financeiro estiver a vencer a sua guerra contra a economia como um todo, ele prefere que as pessoas acreditem que Não Há Alternativa. Tendo capturado a teoria económica dominante (mainstream) bem como a política governamental, as finanças procuram dissuadir estudantes, eleitores e os media de perguntarem se o sistema financeiro realmente precisa ser organizado do modo como é. Uma vez que uma tal linha de questionamento seja empreendida, o povo pode perceber que os sistemas bancário, de pensões, de Segurança Social e de financiamento do défice público não têm de ser organizados do modo como são agora. Há melhores alternativas à estrada actual para a austeridade e a servidão da dívida.

A continuar.
Notas
[1] Tais benefícios não foram concedidos aos proprietários de casas cujo valor imobiliário caiu em situação líquida negativa. Para os poucos que receberam amortizações parciais (write-downs) de dívida para o valor corrente de mercado, o crédito foi tratado como rendimento normal e tributado!
[2] Philip Aldrick, " Loss of income caused by banks as bad as a 'world war' , afirma BoE's Andrew Haldane," The Telegraph, December 3, 2012. O sr. Haldane é o director executivo do banco para a estabilidade financeira.

[*] O livro The Bubble and Beyond resume as teorias económicas de Michael Hudson. O seu livro mais recente é Finance Capitalism and Its Discontents . Ele contribuiu para Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion , publicado pela AK Press. mh@michael-hudson.com

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/2012/12/28/americas-deceptive-2012-fiscal-cliff/ . Tradução de JF.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As Preferentes - A Banca coloca ao seu advogado de confiança no Supremo Espanhol para decidir sobre as preferentes e nengum médio o publica BASENAME: canta-o-merlo-a-banca-coloca-ao-seu-advogado-de-confianca-no-supremo-espanhol-para-decidir-sobre-as-preferentes-e-nengum-medio-publica-o DATE: Mon, 31 Dec 2012 21:46:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://josecosin.blogspot.com.es/

A Banca coloca ao seu advogado de confiança no Supremo Espanhol para decidir sobre as preferentes e nengum médio o publica

Nengum médio o publica, todos devem dinheiro à Banca. Ninguém duvida que Sebastián Sastre é muito eficaz no que defender a Banca se refere. O passado 30 de Novembro foi eleito magistrado da Sala do Civil do Tribunal Supremo, que entre outros casos, terá que decidir sobre as estafas das preferentes. A maior estafa da história espanhola, com 20,000 milhons de euros estafados a dezenas de milhares de humildes aforradores.

Este grande amigo de Gallardón, em Abril concedeu-lhe a Cruz de Som Raimundo de Peñafort, máxima distinçom jurídica, e mao direita do presidente da Caixa, Fainé, acede ao cargo de magistrado polo turno de juristas de reconhecida competência".

Vejamos qual é a "reconhecida competência" deste advogado defensor de banqueiros. Começou com Ruiz Mateos, no Banco Atlântico, onde trabalhou até 1973. Entom abriu o seu bufete, onde passavam consulta toda a flor e nata da Banca espanhola. Em 1985 é nomeado Secretário do Conselho de Administraçom da Caixa, mas isto nom lhe impede seguir assessorando desde o seu gabinete, a todo o banqueiro que estivesse em apertos.

O Xastre que sem dúvida lhe fará um fato sob medida a toda a banca, foi proposto por CiU, e apoiado polos vogal elegidos polo Partido Popular, porque quando dos seus chefes trata-se, sempre obedecem os ditados do seu amo; apesar de que José Manuel Gómez Benítez ( o vogal que denuncio ao ex presidente) propujo a Pablo Salvador Coderch, quem unanimemente é considerado melhor jurista e com melhor currículo que Sastre. Mas claro, nom seria tam obediente. É que 20,000 milhons de euros, é muito tecido como para que se busque Justiça...

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O KKE nega-se a que o PCE organize o próximo EIPCO no Reino Boubónico de Espanha BASENAME: canta-o-merlo-o-kke-nega-se-a-que-o-pce-organize-o-proximo-eipco-no-reino-boubonico-de-espanha DATE: Sat, 29 Dec 2012 17:52:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://elpravda.blogspot.pt/

Giorgos Marinhos, membro do Buró Político do CC do KKE, deu um discurso vibrante que levantou ao auditório em várias ocasions, mas ademais deixo claro que o KKE nom vai permitir que os Partidos oportunistas e euro-comunistas tentem lavar-se a cara dentro do movimento comunista internacional, carregando de jeito duro contra o oportunismo do PCE.

Desta maneira, no meio da sua intervençom, Giorgos Marinhos fixo umha rotunda declaraçom:

No encontro de Partidos Comunistas e Operários celebrado em Beirut há umhas semanas algum partido propujo que o PCE organizasse o próximo encontro em Espanha. Queremos que saibam que o KKE expressou a sua oposiçom a essa proposta e que lutará para que o PCE nom organize este encontro.

Os motivos som mais que evidentes, o KKE identifica ao PCE como um partido instalado dentro da 1ª fila do oportunismo político e com umha linha claramente euro-comunista, que pactua com a social-democracia do PSOE em Espanha e fai campanha por Syriza na Grécia.

Nom é a primeira vez que o KKE mostra publicamente as suas diferenças com o PCE/EU, já que justo há um ano o KKE mandou umha carta explicando claramente o que pensava sobre o programa eleitoral de EU. Mas o anunciou de que o KKE lutará activamente por impedir que o próximo encontro celebre-se baixo a direcçom do PCE, supom o mais duro golpe do Partido Comunista mais forte da Europa à linha política reformista levada a cabo pola direcçom do PCE, e que tantas vezes foi denunciada polos comunistas coerentes que ainda militam nele.

----- COMMENT: AUTHOR: manuel [Membro] DATE: Wed, 02 Jan 2013 18:13:31 +0000 URL: https://www.rtp.pt/play/direto/antena1fado

O estalinismo ainda…

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A luta anti-imperialista é anticapitalista BASENAME: canta-o-merlo-lbg-a-luta-anti-imperialista-e-anticapitalistal-bg DATE: Fri, 28 Dec 2012 18:53:01 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A luta anti-imperialista é anti-capitalista

http://www.resistir.info

por Aleka Papariga [*]

Gostaríamos de vos agradecer por acolherem este encontro num país e numa região que sofre desde há anos ? e, também, nos últimos dias ?, já que a intervenção e a invasão imperialistas são elementos quase permanentes, que registam todos os níveis de barbaridade e autoritarismo. A Grécia também faz parte desta região e por isso sentimos sempre como nosso dever, não só expressar a nossa solidariedade internacionalista mas também considerar seriamente os acontecimentos, que têm igualmente impacto no nosso país - país capitalista plenamente assimilado pelos objetivos estratégicos da UE, da NATO dos Estados Unidos, com o acordo assumido da grande maioria das forças políticas. Condenámos o acordo estratégico assinado entre a Grécia e Israel por, sem qualquer dúvida, não ter nada a ver com os interesses comuns dos povos mas, sim, com os objetivos antipopulares da burguesia, tanto do nosso país como de Israel. Trata-se de uma cooperação estratégica, tanto militar como económica, que tem como objetivo a participação na luta incondicional e implacável pelos recursos energéticos e os recursos da região em geral. A Grécia está disposta a dar o seu contributo nas intervenções militares, sobretudo se Israel decidir atacar o Irão. De facto, estão a realizar-se exercícios conjuntos com Israel que incluem exercícios idênticos às operações militares contra a Síria ou contra o Irão.

Não é por acaso que o governo grego não expressou formalmente qualquer simpatia pelo martirizado povo palestiniano, que está mais uma vez a ser bombardeado, enquanto os restantes partidos da oposição se mantêm basicamente em silêncio.

Apesar de a região ter vindo a sofrer durante muitos anos a intervenção imperialista multifacetada em proveito dos governos e dos regimes reacionários, a situação que vivemos nos últimos anos e hoje em dia está, contudo, diretamente relacionada com o desenvolvimento da profunda e prolongada crise económica capitalista na zona euro, que tem um impacto directo tanto a nível mundial como nos centros e potências imperialistas estabelecidas e emergentes.

A crise que estamos a viver ? que teve como ponto de partida os Estados Unidos ? é a continuação da crise que estalou em finais da década de 1990 nos chamados tigres asiáticos, na Rússia e em países da América Latina. A recuperação que ocorreu não atingiu as taxas anteriores. Não excluímos a possibilidade de uma recuperação anémica, que será seguida de uma crise mais profunda e sincronizada na UE, nos EUA e no Japão.

O sistema capitalista não pode gerir a crise com a mesma facilidade com que o fazia antes. Não pode gerir as consequências da pobreza e da indigência como o fazia antes. Claro, isto não significa que o sistema vá entrar em colapso por si mesmo, devido às suas contradições, a menos que se forme em cada país um poderoso movimento operário, capaz de levar a cabo um assalto geral e de estar preparado para quando ocorrer a situação revolucionária, ou quando se apresente como iminente. O movimento revolucionário não brotará de repente; está a ser preparado, está a ser educado, está a adquirir experiência nas lutas diárias.

O estouro da generalizada e sincronizada crise económica capitalista pôs em relevo o caráter historicamente antiquado e inumano do sistema capitalista contemporâneo, a atualidade e a necessidade do socialismo, a necessidade do reagrupamento do movimento comunista internacional.

A questão é a de saber que movimento operário, que movimento popular pode avançar na dura vereda cheia de curvas, subidas e descidas, sem ficar preso, sem degenerar? A experiência anterior e a recente proporcionou-nos uma grande quantidade de exemplos sobre esse perigo. Que movimento operário e popular se levantará contra a agressividade imperialista, abrirá uma frente contra a guerra e a paz imperialistas para que os povos não derramem o seu sangue pelos interesses dos imperialistas?

A linha para o fortalecimento do movimento operário, da sua aliança com os setores populares, só pode ser testada se se preparar e travar batalhas diariamente no caminho da luta emancipadora, com objetivos antimonopolistas e anticapitalistas, a nível nacional e em termos de cooperação internacionalista e ação conjunta.

Hoje em dia, o patriotismo contemporâneo expressa-se com a luta pelo derrube do capitalismo, pelo socialismo. Nenhum país capitalista, por muito avançada que seja a democracia parlamentar, pode garantir a independência nacional do seu povo, o respeito pelos direitos soberanos, exceto num sentido meramente formal e sem conteúdo substancial.

Acompanhamos de perto as reflexões e os debates no movimento comunista sobre o imperialismo, a estratégia do movimento, as acusações dirigidas contra a política liberal de gestão do sistema capitalista. Em nossa opinião, tal como é importante dar passos e progredir na atividade prática, no esforço para reunir amplas massas populares e operárias, é igualmente importante esclarecer questões sérias da ideologia e da teoria, que têm que ver com a estratégia e a tática do movimento contra o imperialismo.

A linha política que, hoje, predomina a nível mundial não é simplesmente uma receita de gestão liberal, como se costuma afirmar. Independentemente de certas diferenças entre as receitas liberais e social-democratas, elas consubstanciam a estratégia contemporânea a favor dos monopólios, que foi elaborada depois da crise de 1971-1973, como uma resposta ao problema da tendência decrescente da taxa de lucro em condições de antagonismo imperialista, enquanto o desenvolvimento desigual se agudizava, pois é inerente ao sistema capitalista internacional.

Uma componente da política contemporânea a favor dos monopólios é a força de trabalho barata, as reestruturações reacionárias, as "liberalizações", as privatizações, a intervenção imperialista e a guerra pela redistribuição dos mercados.

Esta política a favor dos monopólios foi e continua a ser seguida por forças governamentais burguesas liberais e social-democratas, assim como por governos do centro-esquerda, nos últimos trinta anos. Começou nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, estendendo-se de imediato à UE. No século XX, tanto a gestão liberal como a gestão keynesiana não puderam, nem podem, eliminar a crise económica e a guerra imperialista.

Uma questão fundamental é convencer a maior parte possível da classe operária, do povo trabalhador, sobre o verdadeiro carácter da crise, como uma crise de sobre-acumulação na base da propriedade capitalista e da exploração de classe; confrontar com argumentos o esforço sistemático de desinformar e ocultar, para encobrir as verdadeiras causas e os fatores da crise, as teorias sobre o "capitalismo de casino", a teoria de que a crise se deve exclusivamente ao sistema financeiro, ao "consumo excessivo", assim como ao seu contrário, ao "subconsumo".

O movimento operário e os seus aliados não devem ficar presos nas diversas fórmulas de gestão da crise que aparecem hoje na UE e a nível internacional, porque não existe uma fórmula de saída da crise a favor do povo. Todas as fórmulas que foram claramente expressas assentam na força de trabalho barata, afetam um grande número de sectores pequenos e médios e apoiam as reestruturações capitalistas.

Hoje em dia há um intenso debate e existem sérios desacordos entre os estados membros da UE, entre setores da burguesia de cada país, entre os partidos políticos burgueses, sobre se uma quebra controlada é solução, sobre se a zona euro deve permanecer intacta, sobre se a UE deve transformar-se numa federação que possivelmente levará à expulsão de alguns Estados, etc.

Além disso, círculos políticos burgueses e empresariais fomentam a teoria de que a saída da zona euro ou mesmo da UE ajudaria um governo burguês a libertar-se dos compromissos da moeda única, a imprimir o seu próprio dinheiro, a atrair investidores que apostam numa moeda nacional barata, etc.

Esta posição tem um carácter de classe, na medida em que é promovida por sectores da burguesia e especuladores, não tem nada que ver com a posição de classe do KKE sobre o poder operário e popular, a saída da UE, o cancelamento unilateral da dívida e a socialização dos monopólios, ou sobre as cooperativas populares de produção agrícola que estejam integradas em certa medida na planificação central.

As forças oportunistas que tomam uma posição contra a receita alemã, apoiam o relaxamento da política fiscal e a falência controlada, assim como a ideia de que existe um programa de transição política, de luta e poder, que pode equilibrar os interesses dos monopólios e do povo trabalhador. Tal programa governamental que tem resultados favoráveis tanto para os monopólios como para os povos nunca existiu em lugar algum, nem existe hoje, isto é, no sentido de ter sido confirmado no âmbito nacional ou num grupo de países. Não é por casualidade que não se menciona nem um país como exemplo da aplicação desta opção.

Estamos num período em que as contradições inter-imperialistas, em crise profunda, estão a empurrar setores da burguesia, toda a burguesia de um ou outro país, para decidir se permanecem num campo imperialista ou se vão para outro, para decidir ao lado de que potência imperialista lhes convém estar. Além disso, nas alianças imperialistas produzem-se realinhamentos ? é um assunto fluido ? o que, em nossa opinião, está também relacionado com a região mais ampla do Mediterrâneo Este e mesmo do Norte de África.

A identificação do movimento operário e dos seus aliados com uma ou outra fórmula de gestão, com uma ou outra potência imperialista, significa submissão e alistamento sob uma bandeira alheia. Vejamos como são as coisas na zona euro.

A burguesia alemã e a burguesia francesa enfrentam dilemas sérios quanto ao futuro da zona euro. Apesar das suas contradições, chegaram a um frágil compromisso temporal, como aconteceu no passado, que não alivia a barbaridade das medidas antitrabalhadores e das reformas reacionárias, e que também não nega as causas da agudização das contradições interimperialistas.

A tendência dominante da burguesia alemã coloca como prioridade o fortalecimento do euro, a estabilidade monetária, e recusa assumir o custo da depreciação do capital nos países altamente endividados. Uma segunda tendência que se está a fortalecer na UE é a que quer manter intacta a zona euro, para que o mercado europeu não se contraia perante o duro antagonismo internacional. Uma terceira tendência questiona a forma actual da zona euro no seu conjunto e dá prioridade à aproximação ao eixo China-Rússia.

Os governos burgueses, os partidos liberais e social-democratas, assim como os chamados partidos da esquerda, da renovação, alinham atrás das forças que expressam as contradições e procuram absorver o movimento operário e os seus aliados para uma ou outra versão de gestão que, esquematicamente, se caracterizam como restritiva e como expansiva.

Estamos certos de uma coisa, sem subestimar as dificuldades que as ilusões e as visões utópicas trazem ao fortalecimento do movimento: que, objetivamente, cada vez mais sectores da classe operária entrarão em conflito com as soluções burguesas de gestão, que procuram controlar a extensão da depreciação do capital e a distribuição do prejuízo entre os seus diferentes setores.

Os partidos comunistas e a vanguarda radical não devem perder a independência de julgamento e ação face aos vários blocos que estão do lado de uma ou outra potência imperialista, com um sector da burguesia contra outro, a favor dos estratos médios altos.

O carácter anticapitalista e antimonopolista da luta tem de se fortalecer e é a partir deste ponto de vista que se deve tratar os compromissos e a dependência que sofrem os países e os povos que estão integrados nas uniões imperialistas como a NATO e a UE.

O caráter do patriotismo contemporâneo coincide com o derrube do poder burguês e da propriedade capitalista dos meios de produção e a saída de qualquer coligação interestatal capitalista e aliança imperialista.

Portanto, a chamada frente antialemã ou a frente antiamericana, ou seja, contra os Estados Unidos, não pode, por si só, expressar ou fazer frente à luta contra o imperialismo, contra as consequências da crise. Também não devemos ignorar que o capitalismo monopolista, ou seja, o imperialismo, determina o destino e o curso dos estados que não pertencem organicamente a uniões imperialistas. Hoje não existem países que não estejam ligados, de uma maneira ou de outra, ao sistema global e regional do imperialismo, quer dizer, ao mercado capitalista mundial, aos seus mercados regionais. A via do desenvolvimento capitalista é a via que conduz à mais fraca, ou mais estreita, assimilação no sistema do imperialismo e, por esta razão, a luta anti-imperialista é anticapitalista, dado que nos encontramos na fase imperialista do capitalismo.

Os povos não se tornam mais combativos quando se deixam influenciar por opiniões que separam a política imperialista do capitalismo monopolista, quando identificam o imperialismo só com as relações internacionais desiguais, com a intervenção imperialista e a guerra, ou seja, quando separam as contradições internas das interimperialistas.

O Partido Comunista deve ter um papel dirigente na organização independente da resistência operária e popular em todas as suas formas, para que a resistência se ligue à luta pela derrota completa da burguesia, doméstica e estrangeira, como um invasor, para ligar na prática a luta contra a guerra à tomada do poder. Por iniciativa e com a direção do Partido deve-se formar uma frente operária e popular sob o lema: o povo proporcionará a liberdade e a saída do sistema capitalista, que, enquanto predomina, traz a guerra e a paz com uma pistola na cabeça do povo.

Hoje, na Grécia, apoiamos a Aliança Popular, que expressa os interesses da classe operária, dos semiproletários, dos trabalhadores autónomos pobres e dos camponeses, assim como dos intelectuais que trabalham por conta própria que, ainda que tenham maior liberdade do que os trabalhadores assalariados, se converterão cada vez mais em assalariados em grandes empresas capitalistas, com baixos rendimentos, ou em desempregados ou semidesempregados. Deste ponto de vista, repudiamos todo o apoio às forças políticas que apoiam uma ou outra fórmula de gestão.

Hoje, na Grécia, são levados a cabo processos de reforma do sistema político, pois o sistema de alternância bipartidária da ND liberal e do PASOK social-democrata já não funciona mais, sobretudo devido à desintegração do PASOK. Uma grande parte do aparelho do PASOK, de setores da aristocracia operária e do sindicalismo pactuante, de sectores das camadas médias que operavam como satélites dos monopólios e geriam uma parte dos subsídios da UE mudaram de partido, transferiram-se para o SYRIZA, que se está a transformar de um partido oportunista no sucessor da social-democracia, mantendo algumas consignas, a fim de manter o seu perfil de esquerda comunista renovada.

O KKE resistiu à grande pressão que foi exercida para tomar parte num governo com o SYRIZA no seu núcleo, ou seja, num governo cujas posições programáticas teriam uma clara direção de apoio ao desenvolvimento capitalista, com contradições que determinam de antemão a sua plena assimilação quando se converte em maioria governamental. Esta posição trouxe um custo eleitoral mas não privou o partido da sua capacidade de, depois das eleições, mobilizar e organizar as massas populares. É um legado para o futuro, para um movimento que evitará as armadilhas perigosas e os erros que podem prejudicar os interesses populares e que finalmente o esmagariam por um longo e crucial período de tempo.

O KKE deixou clara a sua posição desde o início das mobilizações nos países do Norte de África, assim como do início do conflito armado na Síria. Qualquer que tenha sido a participação popular, em particular no Egipto e na Tunísia, expressou certamente os problemas populares do povo, os direitos dos trabalhadores, o desejo de uma mudança da linha política. Mas não podemos fechar os olhos ao facto de que foram provocados ou utilizados pelas fortes potências imperialistas, encabeçadas pelos Estados Unidos e seus antagonistas, pelo controlo dos recursos naturais, a fim de mudar o governo por forças que eles melhor podiam controlar. Dissemos claramente que foi parte de um plano que Bush tinha proclamado como de "democratização" dos países e do mundo árabes. Os acontecimentos na Síria têm as suas raízes nos problemas económicos, sociais e políticos que a classe operária e as outras camadas sociais estão a viver. Mas nós opomo-nos a qualquer tentativa de uma intervenção imperialista dos Estados Unidos, da UE, da NATO, de Israel, da Turquia, do Qatar, da Arábia Saudita. Temos mostrado ao povo grego que os EUA, a UE e Israel estão interessados em desestabilizar e debilitar a correlação de forças no regime burguês sírio, porque a sua liderança é uma aliada da Palestina e do Líbano, opõe-se às posições e aos planos imperialistas dos EUA, da NATO e de Israel, que hoje está a bombardear Gaza sem piedade e a ocupar territórios palestinianos, libaneses e sírios. O enfraquecimento e o derrube do regime sírio abre o apetite dos imperialistas para atacar o Irão, para proceder a novos desmantelamentos de estados na região, ou seja, um efeito dominó de desestabilização e de derramamento de sangue, que trará novas guerras e intervenções imperialistas.

Consideramos que todos devemos trabalhar na luta comum anti-imperialista e antimonopolista, pelo desmantelamento das organizações imperialistas, a eliminação das bases militares estrangeiras e do armamento nuclear, pelo regresso das forças militares das missões imperialistas e pela integração desta luta na luta pelo poder.
[*] Secretária-geral do KKE. Discurso no 14.º Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários, em Beirute, 22-25/Novembro/2012

O original encontra-se em es.kke.gr/news/news2012/2012-11-13-omilia-kke-14imcwp
e a tradução para português em www.pelosocialismo.net/

Este discurso encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A banca imune no tráfico de drogas. BASENAME: canta-o-merlo-a-banca-imune-no-trafico-de-drogas DATE: Fri, 28 Dec 2012 18:44:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Acordo ultrajante com o HSBC prova que a guerra à droga é uma piada

por Matt Taibbi

http://resistir.info/ .

Se alguma vez foi preso por posse de droga, se alguma vez passou um dia na prisão por ter um bocado de marijuana no seu bolso ou "equipamentos de droga" na sua mochila, o procurador-geral assistente e amigo de longa de data de Bill Clinton, Lanny Breuer, tem uma mensagem para si: Suma daqui.

Breuer concluiu esta semana um acordo com o gigante bancário britânico HSBC que é o insulto final a toda pessoa comum que alguma vez na vida teve a sua vida alterada por uma acusação de narcóticos. Apesar do facto de o HSBC ter admitido que lavava milhares de milhões de dólares para cartéis de droga colombianos e mexicanos (entre outros) e violava um conjunto de importantes leis bancárias (desde o Bank Secrecy Act até o Trading With the Enemy Act), Breuer e seu Departamento da Justiça preferiu não efectuar processamentos criminais do banco, optando ao invés por um acordo financeiro recorde de US$1,9 mil milhões, que um analista observou corresponder a cerca de cinco semanas de rendimento do banco.

As transacções de lavagem dos bancos eram tão descaradas que a National Security Agency provavelmente podia tê-las detectado do espaço. Breuer admitiu que os traficantes de droga por vezes vinham a agências mexicanas do HSBC e "depositavam centenas de milhares de dólares em cash, num único dia, numa única conta, utilizando caixas concebidas para ajustarem-se às dimensões precisas das janelas dos caixas".

Isto importa repetir: a fim de movimentar mais eficientemente tanto dinheiro ilegal quanto possível para a instituição bancária "legítima" do HSBC, traficantes de droga conceberam caixas destinadas a passar através das caixas receptoras. O homem de confiança do [personagem] Tony Montana a marchar com sacos de cash no [filme de ficção] "American City Bank", em Miami, era realmente mais subtil do que aquilo que faziam os cartéis quando lavavam o seu dinheiro por meio de uma das mais célebres instituições financeiras britânicas.

Embora não seja declarado explicitamente, a lógica do governo para não avançar com processos criminais contra o banco aparentemente estava enraizada em preocupações de que colocar executivos de uma "instituição sistemicamente importante" na cadeia por lavagem de dinheiro da droga ameaçaria a estabilidade do sistema financeiro. O New York Times colocou isto desta forma:

Autoridades federais e estaduais optaram por não acusar o HSBC, o banco com sede em Londres, por ampla e prolongada lavagem de dinheiro, por receio de que a acusação criminal derrubasse o banco e, no processo, pusesse em perigo sistema financeiro.

Não é preciso ser um génio para ver que o raciocínio aqui é altamente enviesado. Quando se decide não processar banqueiros por crimes de milhares de milhões de dólares conectados com o tráfico de droga e o terrorismo (alguns clientes sauditas e bangladeshis do HSBC tinham ligações terroristas , segundo uma investigação do Senado), isso não protege o sistema bancário, faz exactamente o oposto. Aterroriza investidores e depositantes por toda a parte, deixando-os com a impressão clara de que mesmo os bancos mais "reputados" podem de facto ser instituições capturadas cujos executivos sénior estão ao serviço de (isto não pode ser repetido demasiado repetido) assassinos e terroristas. Ainda mais chocante, a resposta do Departamento da Justiça ao saber acerca de tudo isto foi fazer exactamente a mesma coisa que os executivos do HSBC fizeram em primeiro lugar para se meterem em perturbações ? tomaram o dinheiro a olhar para o outro lado.

E eles não só liquidaram-se aos traficantes de droga, eles liquidaram-se barato. Pode-se ouvir esta semana jactâncias da administração Obama de que conseguiram uma penalidade recorde do HSBC, mas isso é uma piada. Algumas das penalidades envolvidas são literalmente de dar gargalhada. Isto é do anúncio de Breuer:

Em consequência da investigação do governo, o HSBC ... "recuperou" bónus previstos para dar como compensação a alguns dos seus mais importantes responsáveis nos EUA anti-lavagem e concordou em adiar bónus de compensação para os seus principais responsáveis sénior durante o período de cinco anos do acordo de acusação adiado.

Uau. Então os executivos que passaram uma década a lavar milhares de milhões de dólares terão de adiar parcialmente os seus bónus durante os cinco anos do acordo de acusação adiada? Estão a brincar comigo? Isso é lá punição? Os negociadores do governo não podiam manter-se firmes forçando os responsáveis do HSBC a esperar para receber os seus mal fadados bónus? Eles tinham de decidir fazê-los esperar "parcialmente"? Todo promotor honesto na América tem de estar a vomitar as suas entranhas diante de tais tácticas de negociação. Qual foi a oferta de abertura do Departamento de Justiça ? pedir aos executivos para restringirem sua temporada de férias no Caribe para nove semanas por ano?

Então, pode-se perguntar, qual é a penalidade apropriado para um banco na posição do HSCB? Exactamente quanto dinheiro deveria ser extraído de uma firma que desavergonhadamente ao longo de anos e anos lucrou de negócios com criminosos? Recorde-se, estamos a falar acerca de uma companhia que admitiu um vasto conjunto de graves crimes bancários. Se você fosse o promotor, teria o banco preso pelos colhões. Assim, quanto dinheiro deveria ser tomado?

O que acha de tudo isto? O que acha de cada dólar que o banco ganhou desde que começou a sua actividade ilegal? O que acha de mergulhar em cada conta bancária de cada simples executivo envolvido nesta sujeira e tomar até o último dólar de bónus que eles alguma vez ganharam? A seguir tomar suas casas, carros, as pinturas que compraram em leilões do Sotheby's, as roupas nos seus armários, os trocos soltos nos jarros sobre os balcões das suas cozinhas, tudo o que restasse. Tome isso tudo e não pense duas vezes. E a seguir lance-os na prisão.

Soa duro? Assim parece, não é? O único problema é que se trata exactamente do que o governo faz todos os dias a pessoas comuns envolvidas em casos de droga habituais.

Será interessante, por exemplo, perguntar a residentes em Tenaha, Texas, o que pensam acerca do acordo HSBC. É a cidade onde a polícia local rotineiramente detém motoristas (sobretudo negros) e, sempre que encontram dinheiro, propõem uma escolha aos motoristas: Poderiam deixar a polícia tomar o dinheiro ou enfrentar acusações de droga e lavagem de dinheiro.

Ou podiam perguntar a Anthony Smelley , residente em Indiana, que ganhou US$50 mil num acordo de acidente de carro e estava a transportar US$17 mil em cash no seu carro quando foi detido pela polícia. Os polícias revistaram o seu carro e tinham cães para cheirar droga. Os cães alertaram duas vezes. Não foram encontradas drogas, mas a polícia ficou com o dinheiro na mesma. Mesmo depois de Smelley ter apresentado documentação provando onde obtivera o dinheiro, responsáveis do Putnam County tentaram manter o dinheiro com base no argumento de que ele podia ter utilizado o dinheiro para comprar drogas no futuro.

Sem brincadeira, isso aconteceu. Isso acontece o tempo todo, e mesmo o próprio Departamento da Justiça de Lanny Breuer envolve-se nestes actos. Só em 2010, gabinetes de Procuradores dos EUA depositaram aproximadamente US$1,8 mil milhões em contas do governo em consequência de casos de apreensão, a maior parte deles casos de droga. Pode ver neste gráfico as estatísticas do próprio Departamento da Justiça:

Se nos EUA for detido na estrada levando cash consigo e o governo pensar que é dinheiro de droga, esse cash vai servir para comprar ao seu chefe de polícia local uma nova Ford Expedition na tarde do dia seguinte.

E isso é só a cobertura do bolo. O prémio real que você obtém por interagir com um responsável pela aplicação da lei, se acontecer estar conectado de qualquer forma às drogas, é uma ridícula e descomunal penalidade criminal. Mesmo aqui em Nova York, um em cada sete casos que acaba em tribunal é um caso de marijuana.

Noutro dia, enquanto Breuer anunciava seu tabefe no pulso dos mais produtivos lavadores de dinheiro do mundo, eu estava num tribunal no Brooklyn a observar como eles tratam pessoas reais. Um defensor público explicou o absurdo das prisões por droga nesta cidade. Nova York realmente tem leis razoavelmente liberais acerca da marijuana ? não se supõe que a polícia o prenda se possuir a droga em privado . Então como é que a polícia consegue fazer 50.377 prisões relacionadas a marijuana num único ano só nesta cidade? (Isso foi em 2010, o número em 2009 era de 46.492).

"O que ele fazem é pará-lo na rua e dizer-lhe para esvaziar os seus bolsos", explicou o defensor público. "Então, no instante em que um cachimbo ou uma semente está fora do bolso ? bum, é de "uso público". E você fica preso".

Pessoas passam noites na prisão, ou pior. Em Nova York, mesmo se eles o deixam sair com uma contravenção e tempo passado, você tem de pagar US$200 e tem o seu DNA extraído ? um processo que tem de ser pago por si (custa 50 dólares). Mas além disso não é preciso investigar muito para encontrar casos de sentenças draconianas, idiotas por crimes de droga não violentos.

Peça só a Cameron Douglas, o filho de Michael Douglas, que foi condenado a cinco anos de prisão pela simples posse. Seus carcereiros mantiveram-no em solitária durante 23 horas por dias durante 11 meses e negaram-lhe visitas de família e amigos. Embora o típico condenado não violento não o filho branco de uma celebridade, ele é habitualmente o utilizador que obtém sentenças mais duras do que os garotos brancos ricos obtém por cometerem os mesmos crimes ? todos nós recordamos a controvérsia crack versus coca na qual orientações federais e estaduais de sentenciamento deixavam que os utilizadores de crack (uma minoria) obtivessem sentenças 100 vezes mais duras do que aquelas administradas aos utilizadores predominantemente brancos da coca em pó.

O viés institucional nas orientações das sentenças por crack eram um ultraje racista, mas este acordo do HSCB deixa aquilo longe. Ao abster-se de processos criminais de grandes lavadores de dinheiro da droga com o argumento (claramente absurdo, a propósito) de que o seu processamento põe em perigo o sistema financeiro mundial, o governo acabou de formalizar o duplo padrão.

O que eles agora estão a dizer é que se você não for um dente importante na engrenagem do sistema financeiro global, você não pode escapar impune de coisa alguma, nem mesmo pela simples posse. Você será encarcerado e qualquer dinheiro que eles encontrem consigo será apreendido na hora, e convertido em novos cruzadores ou brinquedos para a sua equipe local de agentes aplicadores da lei (SWAT team), a qual estará pronta a arrombar as portas de casas onde vivem dentes da engrenagem tão pouco essenciais como você. Se não tiver um emprego sistemicamente importante a posição do governo é, por outras palavras, de que os seus activos podem ser utilizados para financiar a sua própria privação de direitos políticos.

Por outro lado, se você for uma pessoa importante e trabalhar para um grande banco internacional, você não será perseguido mesmo se lavar nove mil milhões de dólares. Mesmo se se conluiar activamente com as pessoas no topo máximo do comércio internacional de narcóticos, a sua punição será muito mais pequenas do que aquela na base da pirâmide mundial da droga. Você será tratado com mais deferência e simpatia do que um drogado desmaiado numa carruagem do metro em Manhattan (utilizar dois assentos numa carruagem de metro é um delito comum processável nesta cidade). Um traficante internacional de droga é um criminoso e habitualmente um assassino; um viciado em droga a passear na rua é uma das suas vítimas. Mas graças a Breuer, agora estamos no negócio, oficialmente, de encarcerar as vítimas e deixar os criminosos.

Isto é a desgraça das desgraças. Não faz mesmo qualquer sentido. Não havia razão para que o Departamento da Justiça não pudesse ter agarrado toda a gente no HSBC envolvida com o tráfico, processado criminalmente e actuado com reguladores bancários para assegurar que o banco sobrevivesse à transição para nova administração. Nessas circunstâncias, o HSBC não teve virtualmente de substituir ninguém na sua administração de topo. As partes culpadas aparentemente eram tão importantes para a estabilidade da economia mundial que tiveram de ser deixados nas suas mesas de trabalho.

Não há absolutamente nenhuma razão para que eles não pudessem enfrentar penalidades criminais. Que não estejam a ser processados é covardia e corrupção pura, nada mais. E ao aprovar este acordo, Breuer removeu a autoridade moral do governo para processar qualquer um por qualquer delito de droga. Não é que a maior parte das pessoas já não soubesse que a guerra à droga é uma piada, mas isto torna-a oficial.
O original encontra-se em www.rollingstone.com/...

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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O papel da social-democracia na luta de classes BASENAME: canta-o-merlo-o-papel-da-social-democracia-na-luta-de-classes DATE: Wed, 26 Dec 2012 18:37:36 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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O papel da social-democracia na luta de classes

por Francisco José Soares Teixeira [*]

I. As origens política da crise social
1. A social-democracia e a desconstrução da luta de classes: Breve digressão histórica
2. Os herdeiros da República de Weimar: Construtores da obediência de classe
II. A ofensiva ideológica da social-democracia na periferia capitalista: o caso Brasil e a ação do Partido dos Trabalhadores (PT)
1. A "social-democracia" petista: breves considerações históricas
2. "O jeito petista de governar"
3. A questão Brasil: Lições de Caio Prado Júnior

I. As origens política da crise social

1. A social-democracia e a desconstrução da luta de classes: Breve digressão histórica

Frankfurt, 1951. Naquele ano, os principais líderes da social-democracia europeia resolvem criar a Internacional Socialista (IS), considerada como herdeira da II Internacional, que, no início da Primeira Guerra Mundial, abandona a luta pelo socialismo e adere à política de colaboração de classes. Na verdade, a IS é uma criação da Fundação Friedrich Ebert (FFS), assim denominada em homenagem ao social-democrata alemão Friedrich Ebert, um dos fundadores da república de Weimar (1919-1933), criada pela revolução de 1918/1919.

Num breve registro histórico, Friedrich Ebert assumiu a presidência do Partido Social-Democrata Alemão (SPD), em 1913. Pertencia a ala direita do Partido, explicitamente contrarrevolucionária. Seus integrantes eram muito diferentes dos social-democratas históricos do século XIX [1] . Há tempo haviam abandonado a estratégia revolucionária do marxismo e as tarefas históricas da classe operária, em nome da preservação das instituições e valores da sociedade capitalista. Seu objetivo histórico se era tornar representantes de um partido operário-burguês, como de fato assim aconteceu.

Durante a revolução alemã que começa de 1918 e se estende, segundo alguns historiadores, até o ano de 1923, o SPD, de Friedrich Ebert, desempenha papel fundamental como agente contrarrevolucionário. A Revolução, que começara em janeiro daquele ano, quando um movimento grevista exigindo a paz une mais de um milhão de trabalhadores, agrava-se com o passar do tempo. Em agosto, o alto comando do exército imperial, certo de que a Alemanha sairia derrotada da Primeira Grande Guerra, propõe um governo de união nacional para que começasse a negociar a paz com os países aliados: França, Inglaterra, Rússia e os Estados Unidos.

Vã tentativa! Em outubro, estoura a revolta dos marinheiros que se recusaram a combater os ingleses. São violentamente reprimidos e jogados nas prisões. A resposta à ação do Exército contra os marinheiros veio no mês seguinte, quando eclode, em Kiel, um movimento em prol da libertação dos insurretos de outubro. A partir de então a Alemanha torna-se um palco de várias manifestações insurrecionais, que culminam na greve geral na cidade de Berlim, no dia 9 de novembro. O imperador renuncia e Ebert assume a chefia do governo, na condição de primeiro ministro [2] .

Cai a coroa; em seu lugar, vem a faixa presidencial. Em fevereiro de 1919, na pacata cidade de Weimar, instala-se a assembleia constituinte. Friedrich Ebert é eleito provisoriamente para ocupar o cargo até que seja promulgada a Constituição.

Foi uma simples troca de ornamentos: a faixa presidencial substituiu a coroa. Realmente, com Ebert à frente do novo governo, a burguesia podia dormir tranquila, segura de que os alicerces que sustentam seu domínio de classe não seriam abalados, como de fato não o foram. Ardoroso defensor da ordem e dos valores burgueses, Ebert nunca quis a revolução e de tudo fez para evitá-la. Como ressalta Montagny, o senhor Ebert

[...] não queria a revolução, odiava-a como um pecado, mas quando se desencadeou em 1918 e 10 mil conselhos operários e de soldados detiveram o poder real em quase todo o país, tudo fez para desviá-la do seu verdadeiro objetivo: deu seu apoio aos revolucionários, não hesitando em utilizar as palavras de ordem para se eleger a frente dos conselhos e os controlar. O dia em que a República foi proclamada e ele foi designado Primeiro-Ministro, fez um apelo aos manifestantes para deixarem as ruas e assegurarem a calma e a ordem. Durante a noite faz um acordo secreto com os chefes do exército imperial para "lutar em conjunto contra o bolchevismo". [3]

Quanta estreiteza de espírito a do senhor Friedrich Ebert! O compromisso que celebra na calada da noite foi um compromisso, como diria Lênin, de traidores que dissimulam sob a capa de pseudocausas objetivas o seu egoísmo e covardia. Um compromisso feito com um claro intuito de conquistar as boas graças dos capitalistas em troca de algumas esmolas do grande capital. Isso não significa que a classe trabalhadora não deve assumir compromissos com os representantes ou os donos do capital. Mas há compromissos e compromissos. Que o diga Lênin, para quem,

[...] é preciso saber analisar a situação e as condições concretas de cada compromisso ou de cada variedade de compromissos. É preciso saber distinguir o homem que deu aos bandidos o dinheiro e as armas para diminuir o mal causado pelos bandidos, do homem que dá aos bandidos e o dinheiro e as armas para participar da partilha do saque. Em política, isto está longe de ser sempre tão fácil como este pequeno exemplo de uma simplicidade infantil. Mas seria simplesmente um charlatão quem pretendesse inventar para os operários uma receita que desse antecipadamente soluções prontas para todos os casos da vida ou prometesse que na política do proletariado revolucionário não haveria nenhumas dificuldades e nenhumas situações complicadas [4] .

Aí está o tipo de compromisso que a ala direita da social-democracia alemã, liderada pelo senhor Ebert, celebra com os "bandidos" (atente-se para as aspas, pois a exploração não pode ser confundida com um simples roubo [5] ) do imperialismo. Não se trata, pois, de um compromisso temporário, um recuo da classe trabalhadora para restabelecer suas forças e, assim, voltar à luta [6] , mas, sim, de um compromisso anticomunista com o fim de canalizar a mudança para a política de colaboração de classes; um compromisso, portanto, de deliberada renúncia ao socialismo.

Esse registro histórico é importante porque, a partir dele, pode-se compreender melhor a natureza da política praticada pela social-democracia, notadamente a alemã. Para tanto, vale a pena acompanhar, ainda que de forma extremamente breve, os tumultuados acontecimentos da revolução e da república de Weimar.

Entre os anos de 1919-1923, várias revoltas eclodem por toda a Alemanha. Todas debeladas com a ajuda direta ou indiretamente da social-democracia. Mas é com a chegada do chamado "terrível" ano de 1923 que o movimento revolucionário atinge seu ápice. Loureiro descreve a atmosfera econômica, social e política daquele ano, nos seguintes termos:

[...] para a maioria dos alemães, 1923 foi o ano da fome e da mais violenta crise social até então. Os trabalhadores tiveram seus salários reduzidos a menos da metade do que recebiam em 1914, a pequena burguesia viu suas economias evaporarem pela inflação. A sociedade burguesa parecia à beira do colapso: a especulação, a corrupção e a prostituição triunfavam. 1923 também foi o ano em que a unidade do Reich se viu ameaçada: os franceses dominavam as regiões do Reno e do Ruhr, a extrema direita na Baviera, a extrema esquerda na Alemanha Central, e o governo oficial no Norte. 1923 foi o ano em que a extrema esquerda e a extrema direita planejaram golpes para tomar o poder. Foi por fim o ano em que pagando um preço altíssimo, a democracia burguesa conseguiu sobreviver. E ela se manteve, a duras penas, por mais dez anos, até a chegada de Hitler ao poder [7] .

A desestruturação econômica da sociedade durante o ano de 1923 teve como resultado político, de um lado, a exacerbação das paixões nacionalistas da extrema direita; de outro, um notável crescimento do Partido Comunista Alemão (KPD). Acuado, Friedrich Ebert faz uso do artigo 48 [8] da Constituição e declara estado de sítio para todo o país, transferindo o poder executivo para as mãos do ministro do Exército. Instaura-se, assim, uma ditadura militar, que foi de grande utilidade, principalmente, contra a esquerda [9] .

Mais uma vez a social-democracia revela sua aversão a quaisquer ações de massa, principalmente quando promovidas pela esquerda comunista, em nome da ordem e da legalidade constitucional. E é sob essa ditadura militar, e também econômica, que a República conseguiu se impor no outono de 1923, contra a esquerda e a direita. De acordo com Loureiro,

[...] as tentativas de golpe de ambos os lados foram reprimidas, a inflação contida com uma reforma fiscal, os conflitos na política externa começaram a diminuir, a política interna foi se acalmando lentamente, é claro que à custa dos trabalhadores: a maior conquista de novembro de 1918, a jornada de oito horas, acabou sendo suprimida [10] .

Essa é a herança que a social-democracia deixa para seus contemporâneos do pós Segunda Grande Guerra. Sua ojeriza ao comunismo e a qualquer movimento de massa, sempre identificado como ataque à ordem constituída, mergulhou a República num mar de sangue. Sua obstinação obsessiva em combater os comunistas acabou por deixar as portas abertas para o nazismo. Quando Hitler assumiu o poder em 1933, o SPD, para se manter na legalidade, mostrou mais uma vez seu oportunismo. Não mediu as consequências dos efeitos de suas ações, para falar numa linguagem weberiana: propôs uma série de concessões ao Partido Nacionalista, e até mesmo chegou a prometer expulsar os judeus de suas fileiras, justamente a quem o SPD tanto devia e que tiveram marcante influência no crescimento e fortalecimento do Partido. De nada lhe adiantou tanto servilismo. Em fevereiro, o Partido e os sindicatos foram fechados, e seus dirigentes presos.

Igualmente, não se pode eximir o KPD da responsabilidade pela ascensão do nazismo. Em sua luta contra os social-democratas não percebeu, ou não levou na devida conta o crescimento das forças do nacionalismo, que iria jogar a Alemanha em mais uma guerra mundial que deixou um saldo de mais de 50 milhões de mortos.

E assim chega ao fim a tumultuada república de Weimar. A Alemanha saía de um estado de sítio para mergulhar numa ditadura que duraria até a queda de Hitler em 1945. Mesmo assim, o maior vencedor de Weimar foi, sem dúvida, o grande capital.

2. Os herdeiros da República de Weimar: Construtores da obediência de classe

Com o fim da Segunda Grande Guerra, social-democratas e comunistas [11] elaboram suas interpretações da república de Weimar. Os primeiros entendem que a colaboração da social-democracia com o Exército Imperial não foi uma traição dos seus líderes, mas, sim, uma ação necessária e impreterível que impediu a "bolchevização" da Alemanha.

Com o fim do nazismo, essa interpretação, na avaliação de Loureiro,

[...] era bem-vinda, pois ligava a RFA aos democratas de Weimar. O comportamento de Ebert e da social-democracia majoritária era julgado de forma positiva, algo perfeitamente compreensível depois da difamação que haviam sofrido durante o período nazista. Ao mesmo tempo, essa avaliação positiva também tinha implicações políticas atuais: o início da guerra fria oferecia a oportunidade de mostrar o vínculo entre proteção da democracia e rejeição do comunismo ? daí o paralelo entre 1918- 1919 e 1945 [12] .

É sob essa atmosfera político-ideológica que é reconstituída, em 1947, a Fundação Friedrich Ebert (FES), que havia sido fundada em 1925 e fechada pelos nazistas em 1933. Seu documento de apresentação expressa que seu objetivo é 1) educar politicamente os homens de todas as origens; 2) promover a cooperação entre os povos; e 3) ajudar os estudantes mais destacados, sejam alemães ou estrangeiros. Infere-se daí que a formação política é, portanto, o centro de atuação da Fundação. A realização de seminários, dirigidos a todas as categorias da população (operários, funcionários, mulheres, jovens e até mesmo famílias inteiras), ocupa uma considerável parte de todas as suas atividades. Avaliando o sucesso alcançado por esse tipo de atividade, Montagny constata que o número de seminários passou

[...] de 410 em 1974 a mais de 1.100 em 1977 (isto é, cerca de 30.000 participantes em 1977). Eles se dirigem, antes de tudo, aos operários das grandes regiões industriais, como Ruhr, assim como aos sindicalistas. Tratam de assuntos diretamente relacionados com a atualidade: como, por exemplo, impedir a eleição de comunistas nos conselhos das empresas. O relatório anual de 1977 estima que são 'os seminários de preparação desse gênero que permitiram reduzir a influencia da juventude comunista nos órgãos regionais de co-gestão dos alunos' [13] .

Outro tipo de atividade é a distribuição de bolsas de estudos para alunos alemães e estrangeiros. No final dos anos 1970, de acordo com Montagny, foram distribuídas 1200 bolsas: 800 para estudantes alemães e 400 para estrangeiros. A Fundação espera que esses alunos venham a ocupar cargos importantes nos setores de economia, ensino e pesquisa.

Trata-se, portanto, de formar na Alemanha e no resto do mundo quadros fiéis aos ideais da social-democracia. Nesse sentido,

[...] um exame do programa de seminários previstos para uma das escolas da fundação é revelador. Seu tema principal: a social-democracia e as reformas. Outros assuntos: os meios de comunicação de massa, a Internacional Socialista; a Comissão Norte-Sul e o Terceiro Mundo; ampliação CEE; a situação na África do Sul; Oriente Médio [...] etc [14] .

Outro setor de destaque da FFE é o de pesquisa e de publicações, que absorvem mais da metade do orçamento da fundação, com mais de 300 pessoas ocupadas em tais atividades, das quais uma centena delas operando no exterior. No que concerne às publicações, todas têm como tema central o KPD e a RDA. Mais uma vez valendo-se de Montagny, este constata que

[...] até o fim de 1977 o grupo de trabalho sobre as relações RFA-RDA elaborou 42 cadernos na série 'RDA-realidade ? argumento', assim como 45 fichas na série 'informações rápidas sobre o diálogo interalemão'. Nenhuma outra instituição política é capaz, na RFA, de proporcionar um material de propaganda sobre todas essas questões [15] .

Trata-se de uma grande ofensiva ideológica cujo conteúdo é sempre definido contra o comunismo. Com efeito, seus principais temas são questões que abordam temáticas tais como "reforma ou revolução", "partido do povo ou partido de classe", "democracia parlamentar ou sistema de conselhos", "controle democrático da economia ou nacionalização dos meios de produção", "a co-gestão como forma de humanização do trabalho", dentre outros temas do gênero.

Essa ofensiva ideológica não é somente uma construção ideal. Ela tem uma base material, produto da práxis dos partidos e sindicatos social-democratas. Desde o Congresso de Bad Godesberg, 1959, as lideranças do SPD e da Confederação dos sindicatos alemães, conhecida pela sigla DGB [16] , resolvem abandonar toda referência à luta de classes, às nacionalizações e à concepção de classe do Estado. É, portanto, significativo, como afirmam Cornillet e Montagny,

[...] que tais opções tenham sido tomadas naquela época: o 'milagre' alemão havia espalhado a ilusão de um eterno consenso social no interior do sistema capitalista. A guerra fria era violenta. O Partido Comunista Alemão (KPD) estava interditado desde 1956, seus militantes atirados na prisão. Tudo o que estava um pouco à esquerda, inclusive nos sindicatos, [era] impiedosamente perseguido e frequentemente arrastado aos tribunais [17] .

Em 1969, Willy Brandt é eleito primeiro-ministro da Alemanha. Em suas promessas de campanha, comprometia-se a construir o "socialismo", porém se recusou a nacionalizar os setores chaves da economia porque isso, segundo ele, seria adotar o coletivismo da República Democrática Alemã (RDA). Sua intenção era clara: não tocar nos meios de produção nem atacar o capital. Com o advento da crise de 1973-1974, quando o preço do petróleo atinge patamares estratosféricos, seu discurso muda de tom: as palavras "mudanças", "inovação", "modernização", "reformas" deram lugar ao realismo e ao necessário. De acordo com Cornillet e Montagny,

[...] as reformas que tiveram lugar no período de Brandt se dedicaram essencialmente a tornar mais flexível a legislação (divórcio, aborto, extensão do seguro doença, introdução de um critério de idade para aposentadoria) [...] e não a introduzir verdadeiras modificações. Henry Ménudier, especialista da RFA, que não esconde suas simpatias pela social-democracia, reconhece encantado: 'o desejável cedeu o passo ao possível. A história da coalizão social-liberal poderia ser escrita através do abandono progressivo das reformas mais do que sob o ângulo de sua realização efetiva' [18] .

É que faz o Partido Trabalhista Britânico a partir da crise de 1973. Substitui seu discurso otimista pelo realista. Isso significou como afirma Bernas

[...] abandonar ou colocar em segundo plano todo o lirismo dos anos 60 sobre as 'ideias novas' e 'dinâmicas' do partido, sobre seus 'dirigentes novos e viris' que saberão 'criar no país um estado de espírito empreendedor e inventivo que [...] aconteça o que acontecer, impedirá qualquer retorno à política desacreditada dos Tories, qualquer retorno a uma estagnação crescente, ao crescimento intermitente de um desemprego agudo, um aumento contínuo dos preços'. É desenvolver, ao lado do discurso da 'revolução tecnológica' e a necessária 'modernização' a 'racionalização da indústria britânica, toda uma retórica de acordo de planificação, compreendidos como 'uma estreita cooperação entre governo e os dois sócios da indústria, tendo como objetivo o desenvolvimento de um novo tipo de relações que permite uma harmonização crescente dos planos futuros do governo e da indústria, no interesse do crescimento econômico [19] .

Tal como fizera o SPD, o Partido Trabalhista Britânico, em nome da racionalidade do mercado, substituiu seu programa de reformas por uma política incentivadora do crescimento econômico. O bipartidarismo britânico ajudou a realização desta guinada praticada pelos trabalhistas que, para se manterem no poder, sempre recorreram ao uso de "chantagens políticas" do tipo "eles" (conservadores) ou "nós".

Podem fazer isso até com certa facilidade. Afinal, somente o Partido Trabalhista tem experiência para realizar uma colaboração estatal não conflitante com os aliados da indústria (trabalho e Estado). Com efeito,

[...] é o Partido trabalhista que, com toda a evidência, goza de uma posição privilegiada no dispositivo das forças sindicais e políticas. Somente ele pode harmonizar e fazer convergir interesses que o Partido Conservador, em seu dogmatismo, sempre jogou uns contra os outros. Somente ele pode 'fazer da economia britânica um sistema econômico responsável' e assegurar 'o consenso nacional' sem o qual não haverá saída [20] .

Aliás, foi o que fizeram os trabalhistas quando chegaram ao poder. No tempo que estiveram à frente do executivo, "não derrubaram nada",

[...] nem antes nem depois da guerra. Houve certamente algumas nacionalizações e importantes reformas sociais que melhoraram efetivamente a sorte dos trabalhadores. Mas as bases do capitalismo britânico não ficaram abaladas [21] .

Poderia o capital sonhar com melhor parceiro? O governo de Willy Brandt não deixa dúvidas quanto a isso. Com efeito, quando foi discutida a lei de co-gestão, Brandt prometia a igualdade de direitos e de peso nas decisões dos conselhos entre os trabalhadores e os donos do capital. Quando a lei foi aprovada em março de 1976, assegurava a maioria de votos para o capital daquelas empresas com mais de dois mil funcionários.

Bela reforma que dá ao capital a última palavra! Não sem razão, entre 1970 e 1976, os encargos fiscais, que recaem sobre o trabalho, aumentaram duas vezes mais rapidamente do que os salários. Os impostos sobre os salários financiavam, no final dos anos 1970, 31% das receitas fiscais em comparação aos 9% de 1950 [22] . Daí a razão por que a participação dos salários no rendimento nacional vem caindo não só na Alemanha, como também em toda comunidade europeia. O caso da França é emblemático. Em 1925-1995, os salários representavam 66,4% do rendimento, cai para 54,8% no período 2004-2007 [23] . Esses dados seriam aplicáveis a qualquer outro país capitalista.

Mesmo assim, com exceção das revoltas dos trabalhadores na França e em outros poucos países europeus, nos anos de 2009 e 2010, não se tem notícias de greves de massas e perturbações sociais na Europa significativas. Afinal, a função do SPD, como também de todos os partidos social-democratas, é

[...] trabalhar para a integração da classe operária, impedi-la de combater a política que está sendo realizada. O autor dessa declaração é o presidente do SPD e da Internacional Socialista, o próprio Willy Brandt [24] .

Falar de democracia num país em que o capital sempre tem a última palavra é, no mínimo, uma hipocrisia. Em 1972, Willy Brandt instaura os famosos "Berufsverbote", um verdadeiro atentado à democracia, como assim afirmam Cornillet e Montagny, para os quais os Berufsverbote proíbem

[...] de exercer a profissão como professores, magistrados ou mesmo funcionários dos correios ou ferroviários, aos comunistas e também, em medida crescente, aos membros 'críticos do SPD, assim como a outros democratas. Isto em nome de uma 'ordem livre e democrática', que assimila falsamente a Constituição ao sistema capitalista! [25]

E complementam seu raciocínio:

[...] esses 'Berufsverbote' são apenas a ponta visível de um iceberg que abrange ainda muitas outras disposições antidemocráticas: a legislação de exceção, que autoriza especialmente o exército a intervir contra manifestantes, a restrição aos direitos de defesa, a extensão do direito de investigação que torna possível tal medida sem testemunhas e sem ordem escrita, segundo a apreciação da situação da polícia [...]. [26]

Mas nada disso põe em cheque o "modelo" social-democrata. Afinal, instituições como a Fundação Friedrich Ebert existem para convencer os trabalhadores de que o capitalismo é o melhor dos mundos possíveis. Não sem razão, os sindicatos são os seus principais interlocutores. Sendo a principal financiadora do SPD, a Fundação procura impedir desejos de mudanças que possam pôr em risco a política de colaboração de classes, com o intuito de desviá-los de seu curso normal e, consequentemente, assegurar a continuidade do "pacto social". Sua ação é, portanto, assegurar ou preservar o domínio da grande burguesia ? as reações das massas contra os donos do capital.

Não sem razão, na direção, o "Kuratorium", da Fundação Friedrich Ebert estão presentes vários representantes dos trustes das maiores empresas alemães tais como o senhor

[...] Friedrich Thomee, membro da direção da Volkswagem, ou ainda de Herald Koch, Vice-Presidente do Conselho Fiscal do truste siderúrgico Hoesch, e também ErnstWolf Mommsen, antigo Presidente do Comitê Diretor da sociedade Friedrich Krupp. Em outras palavras, a fina flor do capital germânico-ocidental. Também está presente Walter Hesselbach, Presidente do Bank Für Gemeinwirtshaft ou, como se diz, 'o banco dos Sindicatos', que é o principal instituto financeiro do SPD e da DGB [27] .

A social-democracia tornou-se um partido da ordem, no governo ou fora dele; sócia do capital. Não é de admirar que os sindicatos, particularmente na Alemanha, há muito perderam seu caráter de classe e se transformaram em grandes empresas. É o caso da Confederação dos Sindicatos Alemães, conhecida pela sigla DGB. Essa Central possui "empresas comunitárias", que lhe asseguram um considerável poder financeiro. De acordo com Montagny, a DGB é dona

[...] de um dos bancos mais importantes da RFA, com mais de cem filiais, uma das mais importantes sociedades de seguros (Volksfürsorge), a maior empresa de construção de habitações na Europa ocidental (Neue Heimat), uma cadeia de lojas de alimentação considerada como a maior empresa do gênero no país (co op ag), uma casa editora em Colônia (Bund-Verlag) [28] .

Ainda assim, quando a social-democracia falava às grandes massas sob o verniz de "esquerda revolucionária", conseguiu várias vitórias que melhoraram a vida da classe trabalhadora. Conseguiu transformar o voto censitário num direito universal; em muitos países europeus, reduziu a semana de trabalho de 72 para 35 horas; ampliou o sistema de proteção social e, hoje, os inválidos e doentes contam com serviços de assistência médica e aposentadoria; criou o seguro-desemprego; universalizou a educação; além de outros direitos sociais e políticos.

Mas é preciso considerar o reverso da medalha. Não se pode esquecer que todas essas conquistas foram realizadas a um preço muito alto, cujas cifras estão registradas na história com números indeléveis de sangue e fogo. O balanço é de Mandel [29] , para quem a social-democracia internacional, com honrosas exceções, justificou e facilitou a carnificina de dez milhões de seres humanos durante a Primeira Guerra Mundial, em nome de pretensas razões de defesa nacional. Os governos social-democratas, ou com a participação da social democracia, organizaram ou defenderam guerras na Indochina, Malásia, Indonésia e Argélia. Foram mais longe ainda. Defenderam práticas de torturas e limitaram as liberdades democráticas na Índia, Indonésia, Egito, Iraque e Singapura. Protegeram o regime do apartheid na África do Sul. Participaram da Guerra Fria, além de se tornarem cúmplices das políticas imperialistas. Em nome do grande capital, apoiaram e organizaram as políticas de austeridade monetárias e fiscais, que tiveram como consequência o desmantelamento do Estado Social, que ajudaram a construir.

Os social-democratas contemporâneos não são diferentes dos seus consortes da república de Weimar. Destes herdaram o mesmo ódio visceral ao comunismo e a quaisquer manifestações de massa. Como aqueles, os representantes da social-democracia de hoje são amigos da ordem e da disciplina (de mercado). Tão logo começa a crise dos anos 1970, abandonaram o seu programa de reforma e passaram a adotar uma política de austeridade, jogando o ônus da conta nos ombros da classe trabalhadora. Ressuscitaram o liberalismo tal como fizeram Reagan e Margaret Thatcher, considerados, principalmente pela esquerda, como os vilões da desregulamentação da economia internacional.

A social-democracia é parte integrante da implementação das políticas neoliberais em todo o mundo. Como apropriadamente esclarece Fiori,

[...] a derrota dos social-democratas e o declínio da esquerda, já vinha de antes (sic), e não reverteu nestas últimas eleições por uma razão muito simples: os social-democratas são parte essencial da própria crise. Relembrando uma história conhecida: a social-democracia europeia abandonou a "utopia" socialista, depois da II Guerra Mundial, e só se converteu às teses e políticas keynesianas, no final da década de 1950. Mas, em seguida, a partir dos anos 1970, aderiu às novas teses e políticas neoliberais hegemônicas até o início do século XXI. E até hoje, na burocracia de Bruxelas, e dentro do Banco Central Europeu, são os social-democratas e os socialistas que em geral defendem com mais entusiasmo a ortodoxia macroeconômica e liberal. Neste momento, por exemplo, o ministro das Finanças alemão, o social-democrata Peer Steinbruech, é considerado por todos como a autoridade financeira mais ortodoxa e radical, nos governos das grandes potencias capitalistas. Além disto, os social-democratas e socialistas europeus não participaram da origem do projeto de integração europeia, e nunca conseguiram formular uma visão consensual do projeto de unificação. Portanto, nestas últimas eleições parlamentares, os social-democratas e socialistas europeus não podiam ser vistos como uma alternativa frente à crise do modelo neoliberal, porque eles são de fato uma parte essencial da própria crise e, além disto, não dispõem de nenhuma proposta específica para os impasses atuais da União Europeia [30] .

Ora, se os social-democratas e os socialistas europeus são também sócios na construção das políticas neoliberais; são direta ou indiretamente responsáveis pela crise que se arrasta desde a década de 1970, quer dizer, então, que não existem mais alternativas políticas para enfrentar as mazelas do capitalismo? Até quando vai durar a passividade da classe trabalhadora, educada e disciplinada pela social-democracia, para conviver em harmonia com os donos do grande capital? Como enfrentar o seu discurso hegemônico de que não há saídas para além do capital? Como, então, combater a ideia que propaga a ideologia de que a história da humanidade chegou ao fim? De que tudo se passa como se o antes e o depois tivessem se dissolvido para dar lugar unicamente ao presente, e que o mundo de hoje não tem mais relação com o passado e não traz mais em suas entranhas o devir de uma sociedade diferente da imediatamente existente? Ainda há perspectivas para a reconstrução de uma esquerda revolucionária?

Que fazer, então? Essa é uma questão para a qual o autor do presente texto não tem uma resposta pronta e acabada. Mas uma coisa é certa: o que se está a fazer, (salvação de bancos falidos, arrocho salarial, cortes dos gastos públicos etc.), certamente não é o que se deve fazer. Já é muita coisa saber o que não se quer. Não é?

II. A ofensiva ideológica da social-democracia na periferia capitalista: o caso Brasil e a ação do Partido dos Trabalhadores (PT)

1. A "social-democracia" petista: breves considerações históricas

A política social-democrática, que sempre se pautou como alternativa ao comunismo, aliou-se ao grande capital e se tornou defensora dos seus interesses. Como visto antes, tem sido esse o papel adotado pela Fundação Friedrich Ebert (FES), uma das principais instituições defensora e financiadora do SPD. Mesma orientação adotada pela Internacional Socialista (IS) ? forma organizada da social-democracia em escala internacional e de caráter supranacional, cuja política adota a ideologia da colaboração de classes.

Colaboradora direta da IS, a FES conta atualmente com centena de filiais instaladas na África, na Ásia e na América Latina [NR] . As questões discutidas nesses países têm o mesmo conteúdo ideológico divulgado e propagandeado na Europa: difundir os valores e crenças da democracia como alternativa ao comunismo. Não sem razão, esse trabalho de propaganda ideológica, na periferia capitalista, como apropriadamente lembra Montagny, começa nos anos 1960, justamente quando têm início as lutas pela emancipação dos povos oprimidos. Obviamente, o objetivo da atuação da Fundação nesses países é mais do que claro: propagar as idéias do chamado "socialismo democrático", com a intenção deliberada de combater qualquer investida comunista.

Não sem razão, é justamente no período em que começa a abertura política, durante o Governo Geisel, que a FES, sigla pela qual é conhecida no Brasil, se instala no país, na cidade do Rio de Janeiro, em 1976. Adota o nome de Instituto Latino Americano de Desenvolvimento Econômico e Social (ILDES), desde a sua chegada até os anos 2000. A partir de então, a Fundação tem utilizado os dois nomes, com a tendência de permanecer somente o nome original da fundação. Sua ação segue os mesmos parâmetros da matriz alemã: lutar para consolidar na periferia capitalista o chamado socialismo democrático.

A Fundação chega ao Brasil, portanto, num momento de efervescência política. Partidos e movimentos sociais começam a jogar fora a mordaça que lhes fizeram calar a voz por mais de dez anos. Era o início da luta pela volta da democracia, das eleições diretas e das liberdades de pensamento e de expressão. Mas nem tudo parecia caminhar sob a bandeira da "ordem e progresso". A esquerda se fortalecia e fazia eco no seio da sociedade com suas palavras de ordem de "não pagamento da dívida externa", "reforma agrária já", "acabar com a fome e a miséria", "igualdade social e política para todos", dentre outras questões.

É nessa atmosfera de inquietação social que nasce o PT, em 1980. Define-se como um partido marcadamente anticapitalista31. Desde os seus primeiros documentos e manifestações, o Partido dos Trabalhadores defende a construção de uma sociedade na qual não haja explorados nem exploradores. É o que afirma seu manifesto de lançamento, aprovado pelo movimento pró-PT, em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion (SP), e publicado no Diário Oficial da União de 21 de outubro de 1990. Nesse documento, declara que

[...] o PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores. O PT manifesta sua solidariedade à luta de todas as massas oprimidas do mundo.

31 Pelo menos é o que diz, ainda que de forma não muito precisa, a Tese de Santo André-Lins, em janeiro de 1979, no IX Congresso dos Trabalhadores Metalúrgicos e de Material Elétrico do Estado de São Paulo, berço do qual surgiria, em 1980, o Partido dos Trabalhadores. Literalmente: "[...] Enquanto vivermos sob o capitalismo, este sistema terá como fim último o lucro, e para atingi-lo utiliza todos os meios: da exploração desumana de homens, mulheres e crianças até a implantação de ditaduras sangrentas para manter a exploração. Enquanto estiver sob qualquer tipo de governo de patrões, a luta por melhores salários, por condições dignas de vida e de trabalho, justas a quem constrói todas as riquezas que existe neste País, estará colocada na ordem do dia a luta política e a necessidade da conquista do poder político" A TESE DE SANTO ANDRÉ-LINS, 1979. In: Fundação Perseu Abramo. www.fabramo.org.br.

Esta passagem do Manifesto é nitidamente marcada por um corte de classe. Aliás, esse documento faz da classe trabalhadora a protagonista da luta pela construção de uma sociedade socialista. Com efeito, noutra passagem desse documento, lê-se que

[...] o Partido dos Trabalhadores nasce da vontade de independência política dos trabalhadores, já cansados de servir de massa de manobra para os políticos e os partidos comprometidos com a manutenção da atual ordem econômica, social e política. Nasce, portanto, da vontade de emancipação das massas populares. Os trabalhadores já sabem que a liberdade nunca foi nem será dada de presente, mas será obra de seu próprio esforço coletivo. Por isso protestam quando, uma vez mais na história brasileira, vêem os partidos sendo formados de cima para baixo, do Estado para a sociedade, dos exploradores para os explorados. Os trabalhadores querem se organizar como força política autônoma. O PT pretende ser uma real expressão política de todos os explorados pelo sistema capitalista. Somos um Partido dos Trabalhadores, não um partido para iludir os trabalhadores. Queremos a política como atividade própria das massas que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade. O PT quer atuar não apenas nos momentos das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias.

Seria o PT um partido nitidamente obreirista, uma vez que seu Manifesto de lançamento é dirigido preferencialmente à classe trabalhadora? Essa questão é enfrentada por Lula em seu discurso por ocasião da realização da 1ª Convenção Nacional do Partido, em setembro de 1981. Depois de comentar que Partido nasceu pelas mãos dos operários de macacão, e que disso se orgulha, afirma que tinha

[...] consciência de que, independentemente do setor social a que pertencesse, os que acreditavam na classe trabalhadora, mais cedo ou mais tarde, estariam ao nosso lado. Foi com imensa alegria que recebemos, como primeiro intelectual a aderir ao Partido, este trabalhador das artes chamado Mário Pedrosa, há mais de 50 anos dedicando sua atividade à luta dos trabalhadores brasileiros [...]. Bastou que isso acontecesse para que surgissem os eternos descrentes, dizendo que o PT, embora nascido dos trabalhadores, se convertia em partido de intelectuais [...].

E conclui declarando que

[...] o Partido dos Trabalhadores não pede atestado de ideologia ou caráter profissional a quem quer que seja, mas sim disposição de luta, fidelidade ao nosso programa e ao nosso estatuto. Dentro do Partido, somos to dos iguais, operários, camponeses, profissionais liberais, parlamentares, professores, estudantes etc.

Lula não deixa dúvidas. Embora construído pelas mãos de sindicalistas [32] , que por mais de duas décadas formariam o núcleo duro do Partido [33] , o PT surge como um partido de massa. Além dos sindicalistas, sua formação contou com a participação ativa da Igreja, de intelectuais marxistas e diversos movimentos sociais.

Que o diga Lula, para quem o Partido não pode se confundir com o sindicato. Para ele, a atividade partidária deve completar a sindical, sem que isto signifique a sua exclusão. Concedendo-lhe a palavra, declara que

[...] o sindicato é a ferramenta adequada para melhorar as condições do trabalhador explorado pelo capitalista. Queremos mudar a relação entre capital e trabalho. Queremos que os trabalhadores sejam donos dos meios de produção e dos frutos do seu trabalho. E isso só se consegue com a política. O Partido é a ferramenta que nos permitirá atuar e transformar o poder neste país. Em nossa luta, a atividade partidária deve completar a sindical, sem que uma queira substituir ou excluir a outra [34] .

Quando Lula diz que " queremos que os trabalhadores sejam donos dos meios de produção e dos frutos do seu trabalho " , está a afirmar que o Partido nasce para lutar pela construção de uma sociedade socialista, na qual não hajam explorados nem exploradores. Mas como construir o socialismo, se o Partido, desde o seu nascedouro, declara-se como um Partido eminentemente legal, que visa à tomada do poder unicamente pela via parlamentar?

Ainda que reconheça que as ações ilegais (extra-parlamentares) de vários movimentos políticos, Lula deixa claro que o Partido de tudo fará para que esses movimentos se submetam ao "veredicto popular". Não seria isso, eleger a via parlamentar como único caminho para se chegar a uma sociedade sem classes? A história do Partido não deixa dúvidas. Vale a pena ouvir, do próprio Lula, essa preferência que faz exclusivamente do parlamento o palco da ação política. É o que diz em seu discurso, quando reconhece que

[...] as tendências políticas encontram-se em nossa sociedade. Reconhecemos o direito desses companheiros se organizarem em torno de suas visões e de suas propostas. Lamentamos que, por força do regime repressivo em que vivemos, essas tendências atuem na ilegalidade , embora sejam justas e legítimas as suas bandeiras. Lutamos e lutaremos pela legalização de todas elas , a fim de que suas práticas sejam comprovadas pelo veredicto popular. Preocupa-nos, entretanto, se um militante veste, por baixo de nossa camisa, outra camisa. Nunca pedimos nem pediremos atestado ideológico de ninguém [35] .

Não seria, portanto, o PT um partido social-democrata, que luta pela construção do socialismo democrático, a exemplo do SPD e outros do gênero? Essa questão é levantada pelo próprio Lula em seu discurso e para qual oferece resposta. Mas é somente no VII Encontro Nacional do PT, em junho de 1990, que são dissipadas as dúvidas sobre a linha política do Partido. Na Resolução que define o chamado "socialismo petista", depois de afirmar o caráter anticapitalista do Partido, lê-se que

[...] frentes social-democratas não apresentam, hoje, nenhuma perspectiva real de superação histórica do capitalismo. Elas já acreditaram, equivocadamente, que a partir dos governos e instituições do Estado, sobretudo o Parlamento, sem a mobilização das massas pela base, seria possível chegar ao socialismo. Confiavam na neutralidade da máquina do Estado e na compatibilidade da eficiência capitalista com uma transição tranquila para outra lógica econômica e social. Com o tempo, deixaram de acreditar, inclusive, na possibilidade de uma transição parlamentar ao socialismo e abandonaram não a via parlamentar, mas o próprio socialismo. O diálogo crítico com tais correntes de massa é, com certeza, útil à luta dos trabalhadores em escala mundial. Todavia o seu projeto ideológico não corresponde à convicção nem aos objetivos emancipatórios do PT [36] .

Assim como rejeita a ideologia social-democrata, o PT nega o projeto do chamado socialismo real. Na mesma Resolução, declara que

[...] o PT identificou na maioria das experiências do chamado socialismo real uma teoria e prática incompatíveis com o nosso projeto de socialismo. A sua profunda carência de democracia, tanto política quanto econômica e social; o monopólio do poder por um único partido, mesmo onde formalmente vigora o pluralismo partidário; a simbiose Partido/Estado; o domínio da burocracia enquanto camada ou casta privilegiada; a inexistência de uma democracia de base e de autênticas instituições representativas; a repressão aberta ou velada ao pluralismo ideológico e cultural; a gestão da vida produtiva por meio do planejamento verticalista, autoritário e ineficiente ? tudo isso nega a essência do socialismo petista [37] .

Nessas duas passagens, a Resolução do VII EN deixa claro que o PT se constitui como um partido que rejeita tanto a vida trilhada pela social-democracia como também a do socialismo real. Refuta esses dois caminhos em nome da construção de uma democracia radical, na qual não haja nenhum tipo de repressão aberta ou velada, como diz na citação anterior, ao pluralismo ideológico e cultural, como também refuta a prática do planejamento centralizado da economia e a ausência de uma democracia de base.

Qual é, então, o projeto de socialismo defendido pelo PT? Na mesma Resolução do VII EM, o Partido define que seu projeto socialista deverá buscar a efetiva democracia econômica. Para tanto, afirma que tal democracia somente será viável

[...] a partir da propriedade social dos meios de produção . Propriedade social que não se confunda com a propriedade estatal, gerida pelas formas (individual, cooperativa, estatal etc.) que a própria a sociedade, democraticamente, decidir. Democracia econômica que supere tanto a lógica perversa do mercado capitalista quanto o intolerável planejamento autocrático estatal de tantas economias ditas socialistas. Cujas prioridades e metas produtivas correspondam à vontade social e não a supostos interesses estratégicos do Estado. Que busque conjugar ? desafio dos desafios ? o incremento de produtividade e a satisfação das necessidades materiais com uma nova organização de trabalho , capaz de superar a sua alienação total. Democracia que vigore tanto para a gestão de cada unidade produtiva ? os conselhos de fábricas são referência obrigatória ? quanto para o sistema no seu conjunto, por meio de um planejamento estratégico sob controle social [38] .

" Propriedade social dos meios de produção "? Mas o Partido não define nenhuma medida concreta para organizar e efetivar essa chamada propriedade social dos meios de produção. " Nova organização do trabalho "? Novamente, deixa-se em aberto essa questão, não se diz o que o Partido chama de nova forma de organização do trabalho. Seria um modelo de autogestão do trabalho? Cooperativas de produção? Co-gestação das empresas nas quais trabalhadores e empresários teriam iguais direitos de votos? " Planejamento estratégico sob controle social "? De quem ou de quais instituições? Das já existentes ou de novas instituições que deverão ser criadas?

Para essas questões o PT não tem respostas, nem tampouco se preocupa em respondê-las. Como declarou Lula em seu discurso por ocasião da 1ª Convenção Nacional do Partido, já referido antes, tais questões, diria, só "[...] servem para expressar a desconfiança em relação à capacidade política dos trabalhadores brasileiros em definirem o seu próprio caminho".

É assim mesmo que o VII EN do Partido se expressa. Tal como diz Lula, para a extinção do socialismo e a construção da sociedade socialista,

[...] será necessária uma mudança política radical; os trabalhadores precisam transformar-se em classe hegemônica na sociedade civil e no poder de Estado. Outros aspectos do nosso projeto socialista são desafios em aberto, para os quais seria presunçoso e equivocado supor que podemos dar respostas imediatas. Sua superação demandará, provavelmente, insuspeitada fantasia política e criatividade prática, legitimadas não apenas pelas nossas opções ideológicas, mas pela aspiração concreta das massas oprimidas a uma existência digna [39] .

No plano estritamente teórico, tudo indica que tanto Lula quanto os delegados do VII EN estão certos em não definir a priori o "modelo" de socialismo que perseguem, como se este pudesse ser introduzido da noite para o dia, e sem oferecer nenhuma dificuldade. Ora, não existem receitas prontas e acabadas para se chegar ao socialismo. Querer defini-lo como uma questão que depende unicamente da um ato de decisão tomado num belo dia, seria o mesmo que apresentar a impaciência como argumento teórico, como assim se manifesta Engels contra o voluntarismo blanquista [40] .

A julgar pelo que expressam os documentos do PT, o Partido está certo em não oferecer uma receita pronta e acabada para alcançar o socialismo. Os avanços e retrocessos da Revolução de Outubro revelaram para Lênin que a construção do socialismo exige a travessia de um longo caminho, que não está pronto para ser trilhado como se fosse um passeio numa avenida num dia de domingo. A experiência de anos de militância política mostrou que, na luta pela construção do socialismo, não existem receitas prontas. Para ele,

[...] seria simplesmente um charlatão quem pretendesse inventar para os operários uma receita que desse antecipadamente soluções prontas para os casos da vida ou prometesse que na política do proletariado revolucionário não haveria nem dificuldades, nem situações complicadas [41] .

É complicado porque, acrescenta Lênin,

[...] a força de hábito de milhões e dezenas de milhões de homens é a força mais terrível. Sem um partido férreo e temperado na luta, sem um partido que goze da confiança de tudo quanto há de honrado dentro da classe, sem um partido que saiba acompanhar o estado de espírito das massas e influenciá-lo, é impossível travar essa luta com êxito. É mil vezes mais fácil vencer a grande burguesia centralizada do que vencer milhões e milhões de pequenos patrões, e eles, com a sua atividade cotidiana, corriqueira, imperceptível, invisível, desagregadora, realizam os mesmos resultados que são necessários à burguesia, que restauram a burguesia [42] .

Talvez seja essa a razão por que o PT se nega a definir seu projeto de construção de uma sociedade socialista, como se fora uma receita pronta e acabada. Será que sim? Em seu VII EN, 1993, enfatiza que é preciso ganhar o imaginário da população para engajá-la na luta contra o capitalismo. Textualmente, declara, ainda com tintas moralizantes, que aqueles

[...] que lutam por mudanças precisam ganhar o coração de cada brasileiro para as ideias da democratização da propriedade, do rendimento, da terra, da comunicação e o do poder.

Mas a teoria nem sempre, ou quase sempre, andou de mãos dadas com prática política do PT. A história seguiu outro curso, bem diferente daquele do discurso expresso nos documentos e manifestações do Partido. A Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais (ANAMPOS), braço sindical do PT, e a igreja católica assumiram a hegemonia na condução do futuro rumo político do partido. Aliás, não se pode esquecer que a ANAMPOS foi, desde então, a corrente diretamente responsável pela integração do PT com as centrais sindicais europeias, anticomunistas de berço, que contribuíram com vultosas soma de recursos para o caixa do partido, bem como prestando assessoria direta ao seu principal líder ? Luís Inácio Lula da Salva. Tudo isso com o claro objetivo de não deixar Lula enveredar pelos caminhos da esquerda revolucionária do partido.

Quando surgiu a CUT, em 1983, nasce como uma verdadeira instituição do Partido dos Trabalhadores, a exemplo do que ocorre com a Confederação dos Sindicados Alemães (DGB), que chega até mesmo a se confundir com o SPD e com a Fundação Friedrich Ebert, uma vez que todos esses institutos estão empenhados na luta contra qualquer possibilidade de revolução, que possa pôr em risco a política de colaboração de classe.

A CUT não somente seguiu a linha política da social-democracia, como também foi financiada e assessorada pelas centrais sindicais ligadas ao imperialismo norte-americano. Com efeito, aquela Central sempre contou com o apoio direto da AFL-CIO43, organização que sempre acobertou as atividades criminosas da CIA em várias partes do mundo, notadamente na periferia capitalista [44] .

Para não revelar a sua face oculta, a CUT adota o mesmo discurso das centrais sindicais europeias e norte-americanas. Assume posições combativas para atrair seguidores, arrastar as massas e ganhar força. Promove e apóia greves em nome da defesa de reajustes salariais, promove passeatas para exigir do governo uma reforma agrária radical sobre o controle dos trabalhadores, repudia a ingerência do FMI na economia nacional e declara guerra ao sindicalismo amarelo, de pelegos.

Esse discurso radical é a forma como a Central se apresenta para a sociedade. Na verdade, sua intenção é outra: é manter o movimento dos trabalhadores sob sua tutela, tal qual assim age a social-democracia nos países ricos. Com efeito,

[...] a social-democracia é, de certa maneira, uma expressão das relações suscitadas hoje nas massas populares pelas consequências da crise. Leva em conta e reflete as questões reais que foram resolvidas. Apóia-se no descontentamento, ou melhor, sobre esse desejo de mudança. Por outro [...], ela drena, canaliza, num sentido muito preciso, este impulso popular para a mudança, com o intuito de desviá-la de seu curso normal e impedi-la de chegar a seu fim. Em outras palavras, ela conduz a um impasse. Contribui assim para preservar o domínio atual da grande burguesia eliminando ? ao mesmo provisoriamente ? o perigo que a ameaça, e permitindo aos detentores do capital prosseguir, sem receio de reações populares, em sua política de adaptação à situação criada pela crise, a fim de poderem defender seus próprios interesses, em detrimento dos interesses da população [45] .

Esse é o caminho que PT e a CUT seguem quando Lula assume a presidência do País. Já era de se esperar. Uma leitura dos documentos do PT, desde a Tese de Santo André-Lins, de 1979, até os mais recentes¸ deixa claro que o caráter de classe do Estado nunca foi questionado. Muito pelo contrário, em toda a produção documental do Partido, o Estado é chamado a exercer importante papel na regulação da economia, seja normatizando os investimentos, seja intervindo diretamente em determinadas áreas estratégicas. Além disso, o Estado é visto como importante instrumento de realização de uma profunda redistribuição do rendimento, de combate à inflação e ao desemprego, de pôr fim a ciranda financeira e, acima de tudo, como única instituição capaz de realizar uma reforma tributária progressiva.

Ora, para um Partido que nasce para destruir o capitalismo, age justamente ao contrário, quando procura reforçar o poder Estado, dessa instituição de dominação de classe. Ainda que em seus documentos afirme, com certa insistência, que o PT não se confunde com o governo, mas este deve estar a serviço da construção de uma nova sociedade, as propostas que apresenta, para quando assumir o poder, são extremamente tímidas; não questionam a lógica do mercado. Fala-se em quebrar ou limitar o poder dos grupos dominantes, em democratizar a propriedade privada, em desprivatizar a máquina estatal, democratizá-la, como isso significasse um passo em direção ao socialismo.

2. "O jeito petista de governar" [46]

Quando chega ao poder, em 2003, o Partido dos Trabalhadores traz de sua bagagem de campanha a promessa de que é capaz de assumir não somente a sua função de contestação, de combater o capitalismo, como também de gerir o sistema melhor do que os outros partidos conservadores. O resultado é conhecido: nada de substancial foi mudado, nem antes nem depois do governo Lula. É claro que foram implementadas algumas "políticas públicas", que melhoram a sorte de quem vivia a passar fome. Mas as bases do capitalismo brasileiro não foram abaladas; muito pelo contrário, foram reforçadas. Com efeito,

[...] entre o início de 1975 e o final de 2004, as despesas anuais do país com serviços de fatores de produção (lucros e dividendos de investimentos diretos e juros de empréstimos intercompanhia; lucros, dividendos e juros de investimentos em carteira; e juros de empréstimos convencionais) cresceram 1.085% (passaram de US$ 2 mil milhões para US$ 23,7 mil milhões), enquanto, no mesmo período, o PIB cresceu 129% e o PIB per capita 42%. Assim, enquanto o envio de rendimentos para o exterior cresceu nesse período 10,9 vezes, o PIB cresceu 1,3 vezes e o PIB per capita apenas 0,4 vezes [47] .

Acrescente-se a isso o fato de que, hoje, as multinacionais respondem por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e por quase metade das exportações brasileiras48. E com uma agravante: a desnacionalização da economia e a sua consequente dependência de decisões de investimentos tomadas fora de suas fronteiras domésticas. Dependência que também afeta a política econômica, à medida que o capital externo, investido no país, precisa ser remunerado. Por isso, o Estado é obrigado a concentrar esforços para promover as exportações e assim gerar divisas necessárias para o pagamento de lucros, dividendos, royalties (direito de patentes) juros, etc. às empresas estrangeiras.

O PT nada fez para mudar esse quadro. Pelo contrário, reforçou-o à medida que aprofundou a política econômica herdada do governo anterior. Fez a reforma da previdência que outros partidos não teriam condição de fazê-la. Com isso, deu ao capital financeiro mais um nicho de mercado: os fundos de pensões, que são verdadeiros adeptos da política de juros elevados. Afinal, esses fundos dependem, em grande parte, dos rendimentos gerados pelos títulos da dívida pública.

O PT segue, assim, a mesma política da social-democracia. Poderia o capital financeiro contar com melhor parceiro?

3. A questão Brasil: Lições de Caio Prado Júnior

O Brasil não rompeu, portanto, com sua condição de país periférico. Continua sendo um país dependente, embora sua dependência tenha passado por profundas transformações. Nesse sentido, é interessante entender as razões dessa dependência secular. Trinta e cinco anos depois da publicação do seu clássico Formação do Brasil Contemporâneo , num adendo escrito em A Revolução Brasileira , 1977, Caio Prado Júnior escrevia que o Brasil é um

[...] país que no contexto do mundo moderno [...] não representa mais do que um setor periférico e dependente do sistema econômico internacional sob cuja égide se instalou e originalmente organizou como colônia a serviço dos centros dominantes do sistema. E em função dessa situação se estruturou econômica e socialmente. É certo que deixamos de ser, em nossos dias, o engenho e a "casa grande e senzala" do passado, para nos tornamos a empresa, a usina, o palacete e o arranha-céu; mas também o cortiço, a favela, o mocambo, o pau-a-pique, mal disfarçados, aqui e acolá, por aquele moderno, em que minorias dominantes e seus auxiliares mais graduados se esforçam com maior ou menos sucesso por acompanhar aproximadamente, com o teor de suas atividades o trem da vida, a civilização de nossos dias [49] .

E prossegue com seu exame da perspectivação do Brasil. Afirma que, apesar das

[...] adaptações necessárias determinadas pelas contingências de nosso tempo, somos o mesmo passado. Se não quantitativamente, na qualidade. Na "substância", diria a metafísica de Aristóteles. Embora em mais complexa forma, o sistema colonial brasileiro se perpetuou e continua muito semelhante. Isto é, na base, uma economia fundada na produção de matérias-primas e gêneros alimentares demandados nos mercados internacionais [50] .

Se vivo fosse, hoje, Caio Prado certamente não mudaria muita coisa do que escreveu em 1977; pelo menos, qualitativamente. A economia brasileira é a maior exportadora mundial de oito commodities agrícolas, tais como açúcar, café, suco de laranja, soja, carne bovina, carne de frango, fumo e etanol. É o maior produtor mundial de minério de ferro e de castanha-do-pará. Hoje, quase 2/3 de suas exportações são do commodities (agrícolas, minerais e metálicos), oriundas de setores em recursos naturais. Os restantes 35% representam a participação de manufaturas; mesmo assim, com poucos itens de alta tecnologia, aptos a competirem em mercados internacionais mais dinâmicos. Com efeito, em 1989, 45,28% de sua pauta de exportação eram de commodities primárias. De alta tecnologia, o país exportava apenas 10,88%. Quase quinze anos depois, em 2006, a participação dos produtos agrícolas subiu para 48,40% e a participação de produtos de alta tecnologia permaneceu baixa: subiu de 10,88%, em 1989, para 12,15% [51] . Comparada com a China, cuja pauta de exportação é composta por 93% de produtos manufaturados, o Brasil está longe de ingressar no rol das economias exportadoras de mercadorias intensivas em tecnologia. Na Índia, o percentual de manufaturados responde por 80% por cento de suas exportações.

Tais condições explicam porque, hoje, a economia brasileira é marcada por profundas desigualdades sociais. Para se ter uma ideia das disparidades sociais, a parcela da riqueza produzida no país, que cabia à classe trabalhadora, cai de quase 60%, nos anos 1950 e 1960, para um pouco menos de 30%, em 2004. Noutras palavras, os ricos ficaram mais ricos e os pobres, mais pobres, a despeito da comemorada redução das desigualdades sociais realizada pelo governo Lula [52] .

De acordo com pesquisa realizada por Márcio Pochmann, hoje,

[...] somente 5 mil clãs apropriam-se de 45% de toda a riqueza e rendimento nacional, embora o país tenha mais de 51 milhões de famílias. Se considerar somente a parcela da população que se concentra nos 10% mais ricos, verifica-se que 75% de toda a riqueza contabilizada são por ela absorvida. Em outras palavras, restam para 90% da população brasileira somente 25% da riqueza e do rendimento nacional [53] .

Essa concentração do rendimento não é uma consequência das políticas neoliberais, que tomaram conta do país nos últimos 20 anos. Muito pelo contrário. Ainda de acordo com Pochmann,

[...] já no período da colônia portuguesa durante o século XVIII havia 10% da população responsável pela absorção de cerca de 2/3 da riqueza. Mesmo com o abandono da condição colonial, passando para a situação de Independência nacional e pelo regime imperial, o país continuou a registrar uma incrível estabilidade no padrão excludente de repartição do rendimento e riqueza [54] .

A ironia desse processo secular de concentração do rendimento reside no fato de que graças a essa apropriação extremamente desigual da riqueza, mais de 30% das ocupações no Brasil dependem do trabalho prestado às famílias ricas. Valendo-se mais uma vez de Pochmann, este constata que

[...] 20,5 milhões de famílias no Brasil possuem pelo menos um membro desenvolvendo atividades de prestação de serviços às famílias. Há o caso, por exemplo, de 4,3 milhões de famílias (7,3% do total) que possuem dois ou mais membros ocupados no trabalho para famílias. No ano de 1996, o universo de unidades familiares com a presença de um ou mais membros exercendo atividades de prestação de serviços às famílias era de 13,1 milhões, o que equivaleu a 30,6% do total. Em dez anos, a quantidade de famílias dependentes da prestação para famílias aumentou 56,5% [55] .

Um verdadeiro retrato do Brasil dos barões do café e do açúcar, que dependiam de uma enorme criadagem para servir a si e a sua família. Fenômeno que se reproduz no Brasil do século XXI. Atualmente, há famílias que contam com até 20 empregados, que vão desde o jardineiro, esteticista, passando pelo motorista, piloto de helicóptero, caseiros, personal trainers , guarda-costas, etc.

Até mesmo a tão decantada geração de empregos, de que tanto se gaba Lula, não é lá essas coisas. Mesmo a economia crescendo a uma taxa de 4 a 5% ao ano, como aconteceu em 2007 e 2008, mal consegue gerar um número suficiente de postos de trabalho, para empregar a mão de obra que chega ao mercado de trabalho pela primeira vez [56] . E com uma agravante. Como observa Pochamn em um artigo de jornal, além das elevadas taxas de desemprego, no Brasil, cerca de dois milhões de pessoas, crianças com menos de 14 anos, que deveriam estar na escola, estão trabalhando ou procurando trabalho. Não só este contingente deveria estar fora do mercado de trabalho, como também seis milhões de aposentados e pensionistas que continuam trabalhando. Para piorar a situação, mais de três milhões de pessoas têm mais de um emprego, o que reduz as oportunidades de trabalho para aqueles que chegam ao mercado de trabalho a procura do primeiro trabalho.

Esse retrato de extrema exclusão social não parece ser muito diferente daquele registrado e analisado nas páginas de Formação do Brasil Contemporâneo e de A Revolução Brasileira . Neste último livro, Caio Prado, acusado pela crítica de não ter olhado para o mercado interno, enxergou muito bem que o padrão de acumulação que se instaurou no país foi o de um crescimento econômico sem desenvolvimento. Com razão, afirma que as

[...] atividades econômicas expressivas [...] permanecerão restritas a reduzidos setores que constituem o pequeno núcleo significativo da economia brasileira [...]. O surto relativamente vigoroso observado nos pós-guerra, gerador de tantas ilusões "desenvolvimentistas", e que se alimentou, sobretudo, da industrialização na base da produção substitutiva de artigos antes importados, alcançou seu limite muito cedo [...] [57] .

E não poderia ser diferente, como diz em seguida, pois

[...] o progresso conseguido, na perspectiva do mundo moderno e dos padrões de uma economia realmente desenvolvida, é mínimo. Tanto mais que o sentido que assume esse progresso, é o mais precário e insatisfatório. O que efetivamente se encontra na sua base e essência é uma produção orientada para o atendimento de um consumo que, nas condições do Brasil, se pode dizer suntuário e conspícuo, de reduzidas parcelas da população [58] .

Caio Prado tem razões de sobra, quando destaca as disparidades desse modelo de acumulação sem desenvolvimento. "Para não falar em coisa muito pior", diz ele,

[...] considere-se, por exemplo, o caso da maior, mais opulenta e industrializada cidade brasileira, São Paulo, onde alguns reduzidos setores ostentam seus modernos arranha-céus de arrojadas linhas arquitetônicas, e seus luxuosos bairros residenciais, em tão violento contraste com o restante da cidade, e, sobretudo, seus bairros periféricos onde se concentra a massa da população, e que nem mesmo se podem dizer propriamente urbanizados, com suas rudimentares construções servidas com água de poço em comunicação com as fossas que fazem às vezes de esgoto, e plantadas ao longo de pseudo-ruas, ou antes, "passagens" desniveladas onde ao sabor do tempo uma poeira sufocante alterna com lodaçais intransponíveis. É isso a maior parte de São Paulo, e não como estágio inicial e momentâneo com perspectivas de modificações em prazos previsíveis, e sim como situação que considera mais ou menos definitiva. Que dizer então do Rio de Janeiro com suas favelas, Recife e seus mocambos, Salvador, com seus aglomerados de casebres dispersos por morros e brejos, e outras capitais de quase todo Brasil com suas multidões andrajosas e depauperadas que rondam luxuosos palacetes e clubes de piscinas ultramodernas de água filtrada [...]. [59]

Cabe ainda observar o que dizia Caio Prado, em 1977. A lição que ele deixou permanece tão atual que parece estar a escrever nos dias de hoje. Com efeito, como negar, como assim escrevia naquele ano, que

[...] nos encontramos em fase de nossa história na qual se fazem profundamente e cada vez mais sentir as contradições entre uma nação e nacionalidade que procura se libertar de seu passado, e esse passado que lhe pesa ainda consideravelmente nos ombros. Por mais que um atroador neo-ufanismo, misto de publicidades comerciais e de ingenuidade desprevenida e mal-informada a respeito da realidade desse mundo em que vivemos, procure impingir ideias de que somos um país em desenvolvimento e prestes a alcançar os altos níveis de progresso e civilização contemporâneas, o fato é que infelizmente estamos bem longe disso [...]. Temos uma fachada, não há dúvida, que apresenta certo brilhantismo. Mas é uma tênue fachada apenas, que disfarça muito mal, para quem procura verdadeiramente enxergar e não tenta iludir-se, o que vai por detrás dela neste imenso país de desnutridos, doentes e analfabetos onde se dispersam ilhados alguns medíocres arremedos da civilização do nosso tempo [60] .

Para ir além dessa fachada, o Brasil precisa, dizia Caio Prado, em seguida, [...] de uma sólida base sobre que assentar a nossa nacionalidade, e que vem a ser uma população liberta da miséria física e cultural, e capacitada, no seu conjunto, para usufruir alguma coisa do conforto, bem-estar e elevação do espírito que a ciência moderna proporciona [61] .
Notas

1 Em 1869, August Bebel (1840-1913) e Wilhelm Liebknecht fundam o Partido Operário Social-Democrata alemão (SDAP). Vinte anos depois, 1890, o partido suprime o nome "operário" e passa a ser designado apenas como Partido Social-Democrata Alemão (SPD), nome que se conserva até hoje. O programa aprovado no Congresso de Eisenach, proposto por Bebel, defendia a abolição da dominação de classe; era um programa eminentemente revolucionário e anticapitalista. No Congresso de Gotha, 1875, os lassalleanos elegem a maioria dos delegados: 75 seguidores de Lassalle contra 56 participantes marxistas. As duas correntes se unem e adotam, então, um programa reformista centrado nas reivindicações imediatas: sufrágio universal, voto secreto, liberdades democráticas e melhoria das condições de vida dos trabalhares pela via parlamentar. Como se pode notar, o programa não faz menção à revolução nem ao caráter de classe do Estado. Daí a crítica impiedosa de Marx contra o programa aprovado. Cf. Crítica ao Programa de Gotha. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Obras Escolhidas . São Paulo: Alfa-Ômega, Tomo 2. Mesmo assim o partido não só experimentou um crescimento exponencial, como também foi um importante instrumento eleitoral de conscientização política das massas. Com efeito, "[...] nas eleições gerais de 1877, a social-democracia obteve quinhentos mil votos, e com seus 12 deputados eleitos para o Reichstag, tornou o quarto partido político do Reich. Contra o perigo representado pela social-democracia, Bismarck fez promulgar a lei de exceção (21 de outubro de 1878), que proibia o funcionamento das associações e a publicação dos jornais socialistas. Apenas um exemplo: na Prússia, de outubro 1879 a novembro de 1880, mais de 11 mil pessoas foram presas por motivos políticos. Foi a fase heróica da social-democracia alemã que, apesar da repressão e das medidas de política social com o objetivo de afastar os operários do socialismo, sobreviveu e cresceu camuflada em associações eleitorais e culturais diversas. De 1887 a 1890, a social-democracia duplicou seus votos levando 35 deputados ao Reichstag. Quando Bismarck quis prorrogar a lei de exceção e fortalecê-la, o Reichstag recusou, e o partido voltou à legalidade, com 1,5 milhões de eleitores (18% do total)". LOUREIRO, Isabel Maria. 0p. cit., p. 34.

2 Antes de assumir a presidência da republica, o príncipe Max de Bade, temendo pela sorte do imperador e de toda a nobreza, faz um acordo com Ebert e lhe transfere o cargo de chanceler. Era novembro de 1918. No dia 9 daquele mês, "[...] a onda revolucionária atinge Berlin, capital do Império. Por vota do meio-dia, manifestações gigantescas coroadas de milhares de bandeiras vermelhas enchem as ruas da capital. Muitos estão armados com pistolas, fuzis e granadas. Os soldados nas casernas aderem ao movimento e o príncipe Max de Bade, ao ver que a situação foge ao controle, anuncia, mesmo sem ser autorizado, a abdicação do imperador, transferindo o cargo de chanceler a Ebert e propondo a convocação de uma Assembléia Nacional com poderes constituintes. Pela primeira vez, um 'homem do povo' estava no comando do Reich". LOUREIRO, Isabel Maria. A Revolução Alemã, 1918-1923. ? São Paulo: Editora UNESP, 2005, p. 55-56 (Revoluções do século XX).

3 Montagny, Claude. A Fundação Friedrich Ebert: agente eficaz da social-democracia alemã. In: A Social-Democracia na atualidade . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 95.

4 LÉNINE, V.I. A doença infantil do esquerdismo no comunismo. In: Obras Escolhidas . Lisboa: Edições Avante, Tomo 3, 1979, p. 291.

5 A esse respeito ver TEIXEIRA, Francisco José Soares. Pensando com Marx : uma leitura crítico-comentada de O Capital. São Paulo: Ensaio: 1996, notadamente o capítulo 7.

6 A respeito da tática recuo-avanço, ver LÊNIN, A doença infantil do esquerdismo no comunismo ; op. cit.

7 Idem, Ibidem, p. 138.

8 O artigo 48 da Constituição de Weimar foi uma iniciativa de Max Weber que havia participado do anteprojeto constitucional com o jurista liberal Hugo Preuss. Esse artigo "[...] dava ao presidente do Reich (diretamente eleito pelo povo para um mandato de sete anos e podendo se reeleito) poderes excepcionais, 'caso a segurança e a ordem públicas sejam gravemente afetadas ou ameaçadas no Reich alemão', o que significava poder decretar o estado de sítio, suspender os direitos fundamentais, instituir tribunais de exceção, dissolver o Reichstag, autorizar o chanceler a governar por decretos-lei. Em suma, o presidente tinha poderes ditatoriais que foram utilizados mais tarde, de 1930 a 1933. Foi utilizando o artigo 48 que o marechal Hindenburg, então presidente da República, nomeou Hitler para o cargo de chanceler em janeiro de 1933, Segundo o historiador Pierre Broué, todas as disposições democráticas da Constituição não passavam de cláusulas secundárias em face o artigo 48, que dava ao Estado instrumentos para aniquilar toda tentativa revolucionária ou mesmo toda evolução democrática inquietante no interior constitucional'" (Loureiro, p. 112-113).

9 Ver Loureiro, p. 152-153.

10 Idem, Ibidem, p. 164.

11 Do lado dos comunistas, a Republica Democrática Alemão considera que "[...] a Liga Spartakus figurava como a força principal. Essa historiografia analisava a revolução de 1918-1919 em função do presente: seu objetivo era tirar 'lições' visando a orientar a luta contra o imperialismo naquele momento. Por isso a direção do Partido Socialista Unificado (SED, nome do KPD na época da RDA) já nos anos 1950 elegeu a revolução de novembro como modelo, para que os historiadores da RDA demonstrassem o papel dirigente do partido naqueles acontecimentos".
"[...] Em 1958, o comitê do SED elaborou 'teses' sobre a revolução de novembro. Enquanto anteriormente
alguns historiadores comunistas interpretavam essa revolução como uma revolução proletária derrotada, nas 'teses' de 1958 ela foi assim definida: 'de acordo com seu caráter a revolução de novembro é uma revolução democrático-burguesa, que em certa medida foi conduzida como meios e métodos proletários'. Se não houve na Alemanha uma 'revolução proletária', embora existissem as condições objetivas para isso, a responsabilidade recai sobre a falta de maturidade do 'fator subjetivo': as massas não estavam satisfatoriamente organizadas para a luta pela tomada do poder. Em outras palavras, o que (ainda) faltava naquela época na Alemanha era um 'partido marxista-leninista combatente'" (Loureiro, Isabel Maria, op. cit., p. 172).

12 Idem, Ibidem., p. 171.

13 MONTAGNY, Cloude. Op. cit., p. 99.

14 Idem, Ibidem, p. 109-110.

15 Idem, Ibidem, p. 100.

16 A DGB responde por quase 99% dos sindicatos. É considerada praticamente como um sindicato único na Alemanha (Ver Cornillet, Gérard & Montagny, Claude. República Federal da Alemanha: o "modelo". In: A social-democracia na atualidade . Op. cit.

17 Idem, Ibidem, p. 71.

18 Idem, Ibidem, p. 73.

19 BERNAS, Colette. Grã-Bretanha, O Socialismo de Sua Majestade. In: A social-democracia na atualidade . Op. cit., p. 50-51.

20 Idem, Ibidem., p. 53-54.

21 Idem, Ibidem., p. 47.

22 Cornillet, Gérard & Montagny, Claude. Op. cit. p. 74.

23 Apuntos teóricos para entender La crisis, Seminário Taifa, junio de 2009, disponível na Internet.

24 Cornillet e Montagny. Op. cit., p. 77.

25 Idem, Ibidem, p. 75.

26 Idem, Ibidem, p. 75.

27 POULAIN, Jean Claude. Pontos de Referência Sobre a Atualidade. In: Atualidades da social-democracia . Op. cit., p. 27. (Os grifos são de nossa responsabilidade).

28 MONTAGNY, Claude, Op., cit., p. 104.

29 MANDEL, Ernest. Situação e futuro do socialismo. In: O Socialismo do Futuro : revista de debate político, Lisboa, Publicações Dom Quixote Ltda. Vol. I, n. 1, 1990, p. 84/86.

30 Fiori, José Luis. Entre Berlim e o Vaticano . ? Carta Maior, 16 de junho de 2009.

31 Pelo menos é o que diz, ainda que de forma não muito precisa, a Tese de Santo André-Lins, em janeiro de 1979, no IX Congresso dos Trabalhadores Metalúrgicos e de Material Elétrico do Estado de São Paulo, berço do qual surgiria, em 1980, o Partido dos Trabalhadores. Literalmente: "[...] Enquanto vivermos sob o capitalismo, este sistema terá como fim último o lucro, e para atingi-lo utiliza todos os meios: da exploração desumana de homens, mulheres e crianças até a implantação de ditaduras sangrentas para manter a exploração. Enquanto estiver sob qualquer tipo de governo de patrões, a luta por melhores salários, por condições dignas de vida e de trabalho, justas a quem constrói todas as riquezas que existe neste País, estará colocada na ordem do dia a luta política e a necessidade da conquista do poder político" A TESE DE SANTO ANDRÉ-LINS, 1979. In: Fundação Perseu Abramo. www.fabramo.org.br.

32 Faziam parte da Comissão Nacional Provisória, de 1979, os seguintes nomes: Jacó Bitar (Presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas), Arnóbio Silva (Presidente do Sindicato dos Bananeiros da Região do Vale do Ribeira), Edson Khair (Deputado Federal pelo MDB), Henos Amorina (Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco), José Ibrahim (ex-Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco), Luiz Inácio Lula da Silva (Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo), Manoel da Conceição (Ex-Presidente dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais Pindaré-Mirim), Olívio Dutra (Presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre), Paulo Skromov (Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Couro e Luva de São Paulo), Wagner Benevides (Presidente do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais), Ignácio Hernandez (Metalúrgico ? oposição sindical ? de Belo Horizonte) Luiz Soares Dulci (Presidente da União dos Trabalhadores de Ensino de Minas Gerais), Francisco Auto Filho (Jornalista de Fortaleza), Firmo Trindade (Economiário em Porto Alegre), Carlos Borges (Gráfico em Porto Alegre), Godolfredo Pinto (Diretor do Centro Estadual dos Professores do Rio de Janeiro) e Sidney Lianza (Rio de Janeiro). www.fpabramo.org.br.

33 SILVA, Antônio Ozaí da. Ruptura e tradição na organização política dos trabalhadores (Uma análise das origens e evolução da Tendência Articulação ? PT. Revista Espaço Acadêmico , ano II, n. 22, março de 2003. Revista Eletrônica: www.espacoacademico.com.br, p. 19, nota [1. "[...] Um dado que permite mensurar o peso real desse setor (sindical) é a composição da direção nacional: a primeira Comissão Nacional Provisória, de 1979, era composta por doze dirigentes sindicais, num total de 16 membros. Entre 1979 e 1981, esse setor sempre foi majoritário na composição da direção. Essa não é uma questão que se resuma aos números. Ainda que tenha diminuído a participação de lideranças de origem sindical na composição da direção petista, sua influência se manteve, por muito tempo, inabalável".

34 Discurso de Lula durante a 1ª Convenção Nacional do Partido dos Trabalhadores, 1981, op. cit.

35 As passagens sublinhas são de minha responsabilidade.

36 O Socialismo Petista, VII Encontro Nacional do PT , Anhembi, SP, 31/5 a 03/6/90. In: www.fpabramo.org.br.

37 Idem, Ibidem.

38 Idem, Ibidem. (As passagens sublinhadas são por minha conta).

39 O Socialismo Petista , op., cit.

40 Os blanquistas se diziam comunistas porque acreditavam que poderiam chegar ao socialismo num passo de mágica: sem se deterem em estações intermediárias que, para eles, apenas afastam o dia da vitória e faz prolongar o período de servidão. É então que brada Engels num tom de sarcasmo: "Que pueril ingenuidade a de apresentar a própria impaciência como argumento teórico!". F. Engels apud LÊNIN, V.I. A doença infantil do esquerdismo no comunismo, op. cit., p. 312.

41 Idem, Ibidem, p. 291.

42 Idem, Ibidem, p. 298.

43 "Ciosl (Confederação Interamericana das Organizações dos Sindicatos Livres). Já em 1949 financiada pelo USA como dissidência pelo USA como dissidência da Federação Sindical Mundial (FSM). A Cosl é junção da AFL (American Federation os Labor Unions), TUC (Trades Union Congress) e CIO (Congress of Industrial Organizations). Seu braço (secretariado) para a América Latina é a ORIT (Organização Regional Interamericana de Trabalhadores) fundada em 1951, ligada ao Iadesil (Instituto Americano de Desenvolvimento dos Sindicatos Livres), que administra cursos contra-revolucionários de 'liderença sindical'. A CUT, a Força Sindical, a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) etc, são filiadas à CIOSL" [Silveira, Gustavo. 8º Congresso Nacional da CUT: o fim de um ciclo de traição do sindicalismo amarelo . Acessado da Internet em 4/01/11].

44 Idem, Ibidem.

45 POULAIN, Jean-Claude, op. cit., p. 17-18.

46 Para uma análise mais aprofundada do governo Lula, ver PAULO NETTO, José. Uma face contemporânea da barbárie. In: III Encontro Internacional "Civilização ou Barbárie" . Serpa, 30-31 de outubro/1º de novembro de 2010 (mimeo).

47 PAULANI, Leda Maria; PATO, Christy Ganzert. Investimentos e servidão financeira: o Brasil do último quarto de século. In: Adeus ao desenvolvimento ? a opção do governo Lula . Belo Horizonte: Autêntica, 2005., p. 40.

48 Os dados são do economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, retirados da internet: www.Fenafisco.org.br; acesso em 30.08.09.

49 PRADO JÚNIOR, Caio. A Revolução Brasileira . 7. ed. São Paulo: Brasiliense, p. 239-240.

50 Idem, Ibidem, p. 240.

51 Ver DIAS, Rodnei Fagundes; PINHEIRO, Bruno Rodrigues. Análise da pauta de exportações brasileiras com base nos critérios da UNCTAD para os anos de 1989-1996-2006 : como tem sido a inserção brasileira no comércio internacional. ? Curso de mestrado da Universidade Federal da Bahia (artigo). In: www.nec.ufba.br, 19/8/2009.

52 A redução na desigualdade do rendimento, de acordo com um estudo realizado pela FGV, refere-se à distribuição do rendimento dentro do universo dos que vivem do trabalho. Noutros termos, refere-se à desigualdade de remuneração entre o maior e o menor rendimento auferido pelos trabalhadores. Bem diferente é a participação dos rendimentos (dos salários) no total do rendimento nacional ou do produto interno bruto (PIB). Visto desta perspectiva, os pobres ficaram mais pobres. Com efeito, em 1964, os salários representavam 62,3% de todo o rendimento gerada na economia. A partir de 1990, os trabalhadores passaram a se apropriar de uma fatia cada vez menor de toda riqueza gerada: 45,4%, em 1990; 37,2%, em 2000; 36,1%, em 2001; 31,5%, em 2003 e 29,4%, em 2004.

53 POCHMANN, Marcio. Qual desenvolvimento? : oportunidades e dificuldades do Brasil contemporâneo. São Paulo: Publisher Brasil, 2009., p.114.

54 Idem, Ibidem, p. 114.

55 Idem, Ibidem, p. 149.

56 Cláudio Dedecca, do Instituto de Economia da UNICAMP, em entrevista a Álvaro Kassab, publicada no jornal da UNICAMP ? 23 de junho de 2008, afirma que "[...] a geração de empregos formais tem sido expressiva, mas é preciso ter ciência que é insuficiente para alterar esse quadro estrutural socioeconômico. É verdade que o país gerou mais empregos, mas temos que analisar outros componentes". Indagado sobre quais componentes, o economista declara que "o país tem criado anualmente entre 1,6 e 1,8 milhão postos de trabalho formal, e tudo indica que o país vai gerar, este ano, dois milhões. Ocorre que a nossa população economicamente ativa ainda cresce dois milhões de pessoas por ano. A geração de empregos formais mal dá conta do crescimento da PEA. Portanto, o aumento do emprego é insuficiente para provocar uma queda significativa do desemprego. Em segundo lugar, continua praticamente intocado o estado de precariedade que predomina no mercado nacional de trabalho. Não adianta aplaudir este crescimento, ignorando os seus limites para modificar positivamente a precariedade da nossa estrutura econômica".

57 PRADO JÚNIOR, Caio. A Revolução Brasileira , op. cit., p. 160.

58 Idem, Ibidem, p. 160.

59 Idem, Ibidem, p. 161.

60 Idem, Ibidem, p. 228.

61 Idem, Ibidem, p. 229.

[NR] E na Europa também. O Partido Socialista de Portugal foi constituído no dia 19 de Abril de 1973, na cidade alemã de Bad Münstereifel, sob os auspícios da Fundação Friedrich Ebert. Um dos seus fundadores, Rui Mateus , escreveu Contos Proibidos - Memórias de um PS desconhecido, que revela muito dos métodos da social-democracia europeia e rapidamente desapareceu da circulação. Para descarregar o livro clique contos_proibidos_rui_mateus.pdf com o botão direito do rato e faça Save As... (49 MB).

[*] Professor da Universidade Regional do Cariri (URCA), acopyara@uol.com.br .

O original encontra-se na revista Novos Temas , nº 3, pgs. 75-102 (foram efectuadas pequenas alterações terminológicas)

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Arábia Saudita envia para a Síria os seus condenados à morte a fim de travarem a "jihad" BASENAME: canta-o-merlo-a-arabia-saudita-envia-para-a-siria-os-seus-condenados-a-morte-a-fim-de-travarem-a-jihad DATE: Wed, 26 Dec 2012 18:26:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Arábia Saudita envia para a Síria os seus condenados à morte a fim de travarem a "jihad"

Um documento oficial inquietante, com o carimbo de "muito confidencial", datado de Abril de 2012, que seria proveniente do Ministério do Interior da Arábia Saudita, confirma o envio de condenados à morte para combater na Síria.

Muito confidencial [*]

Reino da Arábia Saudita

Ministério do Interior

Sua excelência o general Seoud al Thounayane

Gabinete secreto do Ministério do Interior

25/05/1433 hégira

Saudação e benção de Alá

Sequência do telegrama do gabinete real nº 112 com data de 19/04/1433 hégira.

Nas prisões do reino detidos (105 iemenitas, 21 palestinos, 212 sauditas, 96 sudaneses, 254 sírios, 82 jordanos, 68 somalis, 32 afegãos, 194 egípcios, 203 paquistaneses, 23 iraquianos e 44 kuwaitianos) acusados de tráfico de droga, de assassínio, de violação, merecendo o castigo da charia islâmica e da execução pela espada serão ? em acordo com eles ? agraciados com a contrapartida de irem combater pela jihad na Síria após treino e equipamento. Um salário mensal será pago aos seus familiares e seus próximos que se verão proibidos de viajar para fora da Arábia Saudita.

Queira receber as minhas saudações.

Abdallah ben Ali al Rmeizan
Director do gabinete de acompanhamento no Ministério do Interior

- Cópia ao director do Comité para ordenar o Bem e proibir os actos ímpios.
- Cópia às informações gerais

[Fim]

11/Dezembro/2012

O original encontra-se em http://www.silviacattori.net/article4033.html

Este texto encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Reino Boubónico de Espanha a nível de Niger em compartimento da riqueza e à cola da Europa em gasto social BASENAME: canta-o-merlo-o-reino-boubonico-de-espanha-a-nivel-de-niger-em-compartimento-da-riqueza-e-a-cola-da-europa-em-gasto-social DATE: Mon, 17 Dec 2012 16:55:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=160915

Diminuiçom drástica da igualdade de oportunidades em dados como conseqüência da crise provocada polo capital e a contra-revoluçom neo-fascista (ajustes neo-liberais) de Rajoy e a troika: 26'5% de abandono escolar, gasto social de quase nom 30%, crescimento da desigualdade social e aumento da pobreza.

A igualdade de oportunidades em Espanha retrocedeu a níveis de 1998, segundo denunciou um relatório publicado pola Fundaçom Ideias, que trata a evoluçom da desigualdade económica e social no país desde 1995.

No estudo, que analisa diversos indicadores sociais como nível educativo, salários ou redistribuiçom de impostos aos grupos mais desfavorecidos, mostra-se que a igualdade de oportunidades no Reino Boubonico de Espanha em 2010 quase nom chegava a um 33 sobre 100, um resultado similar aos 30 pontos registados em 1998. Este dado supom umha queda muito pronunciada com respeito aos 72 pontos alcançados só dous anos antes, em 2008, que se mantem como o registro mais alto da série que arrinca em 1995. Entre os dados analisados polo estudo, Espanha nom resulta favorecida em comparaçom com os 15 países da Europa ocidental que faziam parte da Uniom Europeia antes da ampliaçom aos países do lês-te em 2004 e 2007 (UE-15).

Assim, segundo o escritório de dados europeia Eurostat, Espanha é o país com a maior taxa de abandono escolar, chegando a 26,5 por cento face ao 14 em media da UE-15, e a sua taxa de desemprego entre intitulados universitários é superior em sete pontos (12,7 por cento face a 5,7 por cento na UE-15).

Em gasto social, Espanha é o penúltimo do ranking, sem chegar a 30 por cento do produto interno bruto (PIB), só por diante de Luxemburgo e longe de 35 por cento de investimento que realizam a França e Dinamarca. A respeito da desigualdade de ingressos entre os cidadaos mais ricos e mais pobres que estuda o índice Gini da ONU, Espanha alcança os 340 pontos, empatada com Niger, e 38 pontos por enzima da média da zona Euro, que fica em 302. Esta diferença reflecte-se no feito de que no Estado Espanhol, em 2010, 20 por cento mais rico da populaçom tivesse 6,9 vezes mais ingressos que 80 por cento da populaçom restante, face a 5 vezes em media na UE. Todos estes indicadores fam com que a taxa de risco de pobreza alcançasse o maior nível desde o inicio da série: 21,8 por cento em 2011 face a 19 por cento em 1995, segundo Eurostat.

Na sua análise, a Fundaçom Ideias pediu proporcionar "alternativas e soluçons que se adiantem às possíveis situaçons de desigualdade" e advogou por manter ao Estado como "um instrumento ao serviço de todos" que gere crescimento económico e coesom social.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os Banqueiros Centrais manipulam a economia mundial BASENAME: canta-o-merlo-os-banqueiros-centrais-manipulam-a-economia-mundial DATE: Sat, 15 Dec 2012 23:01:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org/actualidad/a155992.html
Por: Raúl Crespo

Umha vez cada dous meses num domingo mais de umha dúzia de banqueiros reúnem-se em Basilea, num edifício com vista ao Rhim no piso 18 para conversar de economia, da estafa bancária e de como amarrar aos governos com ela, estas reunions som secretas e as conversaçons nom só se centram nas agressivas medidas que os bancos centrais adoptam para chuchar as economias nacionais desde a crise que começou em 2007-2008.

Desde a crise financeira tenhem injectado ao sistema milhares de milhons de dólares, euros, yenes, yuanes, libras esterlinas em bancos e mercados em crises por mais de 11 bilions de dólares e programam injectar milhares de milhons mais em bônus soberanos, hipotecas e presta-mos comerciais.

Porém, em realidade, estes banqueiros centrais professores do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts) nos 70 e 80 seguem um experimento de alto risco que aparentemente nom dá resultado. O trabalho académico de Ben Bernanke (FED) Mervyn Kin Governador do Banco Central da Inglaterra e Mario Droghi do Banco Central da Europa (BCE) som as cabeças visíveis do três Bancos Centrais mais poderosos do mundo com os seus 51 bilions de dólares, três quartas partes da economia mundial do produto interno bruto anual.

Este três presidentes dos Bancos Centrais mais grandes do mundo nom só dérom classes senom que partilhárom escritórios num edifício conhecido como E52 sede do departamento de economia do MIT. É indiscutível que o Instituto Tecnológico de Massachusetts, é umha das Universidades que estivo e está muito ligado como assessor ao Complexo Militar Industrial, ao dinheiro, e às finanças mundiais. Também é óbvio as suas ligames nas constantes projecçons globais o aquecimento global, a pobreza, as mudanças climáticas, a corrupçom bancária e a estupidez de EEUU polas contínuas e prolongadas guerras passar por alto e aceleraram a recessom global.

Três e meses leva a banda do MIT com os seus bancos centrais injectando capital especulativo enquanto os políticos da Europa, EEUU, Japom, China, nom se pom de acordo, na Itália, o primeiro-ministro Monti renunciou porque os banqueiros centrais tenhem-os arrincoado, estám a destruir o poder político com os ?Mercados Financeiros? que manipulam aos governos, assustam-nos umha vez cada mês para que o FMI e o BM com as suas análises sombrias dirijam os giros que está a tomar a geopolítica mundial desde a economia, enquanto EEUU, Israel, NATO, ONU entrete-nos com Síria, Irám, Coreia do Norte, peons que esperam ser comidos polos cavalos de Troia, situados em pontos estratégicos dessas geografias.

EEUU está a aproveitar o saqueio dos grandes banqueiros para se situar no mundo militarmente como nunca antes, demonstra-se quando os políticos europeus continuam com as suas lerdezas, agora, estes medíocres políticos buscam criar um orçamento comum com um supervisor comum quando o BCE fabrica euros para ajudar ao espólio; EEUU atiro um plano para restabelecer o emprego comprando valores apoiados por hipotecas a um custo de 40.000 milhons de dólares mensais vigente até superar a crise mas nada comparado com os 1.25 bilions atirados pola FED no 2009.

Todo o ano 2012 a economia mundial haver estado prestes a voltar à recessom. ?As reacçons tardias à crise em especial à zona euro produziram acumulaçom de problemas difíceis de resolver? manifestou o ministro de fazenda do Brasil, Guido Mantega.

Os planos de austeridade provocaram danos irreversíveis aos povos da Grécia, Espanha, Itália, Portugal. O conflito territorial entre China e Japom, segunda e terceira economia mundiais e se a primeira economia EEUU nom soluciona os recortes orçamentais antes que as reduçons automáticas de gastos e alças de impostos e, se China nom reverte o resfriado e Japom nom termina por recuperar-se a balança da economia global inclina-se a outra mortal recessom.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Islândia mostrou o caminho ao rechaçar a austeridade BASENAME: canta-o-merlo-lbgislandia-mostrou-o-caminho-ao-rechacar-a-austeridadel-bg DATE: Fri, 14 Dec 2012 21:05:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Islândia mostrou o caminho ao rechaçar a austeridade

por Salim Lamrani

http://www.voltairenet.org/article176311.html

Quando, em setembro de 2008, a crise econômica e financeira atingiu a Islândia ? pequeno arquipélago no norte da Europa, com uma população de 320 mil habitantes ?, o impacto foi desastroso, tal como no resto do continente. A especulação financeira levou os três principais bancos à falência, de modo que seus ativos representavam uma soma dez vezes superior ao PIB do país, com uma perda líquida de 85 bilhões de dólares. A taxa de desemprego se multiplicou por nove entre 2008 e 2010, ao passo que, antes, o país gozava de pleno emprego.

A dívida da Islândia representou 900% do PIB e a moeda nacional se desvalorizou 80% em relação ao euro. O país caiu em uma profunda recessão, com uma diminuição do PIB em 11% em dois anos. [1]

Diante da crise

Em 2009, quando o governo quis aplicar as medidas de austeridade exigidas pelo FMI em troca de uma ajuda financeira de 2,1 bilhões de euros, uma forte mobilização popular o obrigou a renunciar. Nas eleições antecipadas, a esquerda ganhou a maioria absoluta no Parlamento. [2]

No entanto, o novo poder adotou a lei Icesave ? cujo nombre provém do banco online que quebrou e cujos correntistas eram, na maioria, holandeses e britânicos ? com a finalidade de reembolsar os clientes estrangeiros. Essa legislação obrigava os islandeses a reembolsar uma dívida de 3,5 bilhões de euros (40% de seu PIB) ? nove mil euros por habitante ? em quinze anos e com uma taxa de juros de 5%. Diante dos novos protestos populares, o presidente se recusou a assinar o texto parlamentar e o submeteu a um referendo. Em março de 2010, 93% dos islandeses rechaçaram a lei sobre o reembolso das perdas do Icesave. Quando foi submetida novamente a referendo em abril de 2011, 63% dos cidadãos voltaram a rechaçá-la. [3]

Uma nova Constituição, redigida por uma Assembleia Constituinte de 25 cidadãos eleitos por sufrágio universal entre 522 candidatos, composta por nove capítulos e 114 artigos, foi adotada em 2011. Ela prevê o direito à informação, com acesso público aos documentos oficiais (Artigo 15), a criação de uma Comissão de Controle da Responsabilidade do Governo (Artigo 63), o direito à consulta direta (Artigo 65) ? 10% dos eleitores podem pedir um referendo sobre as leis votadas pelo Parlamento ?, assim como a nomeação do primeiro-ministro pelo Parlamento. [4]

Assim, ao contrário das outras nações da União Europeia na mesma situação, que aplicaram escrupulosamente as recomendações do FMI que exigiam medidas de austeridade severas, como na Grécia, Irlanda, Itália ou Espanha, a Islândia escolheu uma via alternativa. Quando, em 2008, os três principais bancos do país ? Glitnir, Landsbankinn e Kaupthing ? desmoronaram, o Estado islandês se negou a injetar neles fundos públicos, tal como havia feito o resto da Europa. Em vez disso, realizou sua nacionalização.

Do mesmo modo, os bancos privados tiveram que cancelar todos os créditos com taxas variáveis que superavam 110% do valor dos bens imobiliários, o que evitou uma crise de subprime, como nos Estados Unidos. Por outro lado, a Corte Suprema declarou ilegais todos os empréstimos ajustados a divisas estrangeiras que foram outorgados a particulares, obrigado assim os bancos a renunciarem a seus créditos em benefício da população. [5]

Quanto aos responsáveis pelo desastre ? os banqueiros especuladores que provocaram o desmoronamento do sistema financeiro islandês ?, não se beneficiaram da mansidão que se mostrou diante deles no resto da Europa, onde foram sistematicamente absolvidos. Com efeito, Olafur Thor Hauksson, Procurador Especial nomeado pelo Parlamento, os perseguiu e prendeu, inclusive ao ex-primeiro-ministro Geir Haarde. [6]

Uma alternativa à austeridade

Os resultados da política econômica e social islandesa têm sido espetaculares. Enquanto a União Europeia se encontra em plena recessão, a Islândia se beneficiou de uma taxa de crescimento de 2,1% em 2011 e prevê uma taxa de 2,7% para 2012, além de uma taxa de desemprego de 6%. [7] O país até se deu ao luxo de realizar o reembolso antecipado de suas dívidas ao FMI. [8]

O presidente islandês Olafur Grímsson explicou este milagre econômico: ?A diferença é que, na Islândia, deixamos os bancos quebrarem. Eram instituições privadas. Não injetamos dinheiro para salvá-las. O Estado não tem por que assumir essa responsabilidade?. [9]

Agindo contra qualquer prognóstico, o FMI saudou a política do governo islandês ? o qual aplicou medidas totalmente contrárias às que o Fundo preconiza ?, que permitiu preservar ?o precioso modelo nórdico de proteção social?. De fato, a Islândia dispõe de um índice de desenvolvimento humano bastante elevado. ?O FMI declara que o plano de resgate ao modo islandês oferece lições nos tempos de crise?. A instituição acrescenta que ?o fato de que a Islândia tenha conseguido preservar o bem-estar social das unidades familiares e conseguir uma consolidação fiscal de grande envergadura é uma das maiores conquistas do programa e do governo islandês?.

No entanto, o FMI omitiu omitiu a informação de que esses resultados só foram possíveis porque a Islândia rechaçou sua terapia de choque neoliberal e elaborou um programa de estímulo econômico alternativo e eficiente. [10]

O caso da Islândia demonstra que existe uma alternativa crível às políticas de austeridade que são aplicadas na Europa. Estas, além de serem economicamente ineficientes, são politicamente custosas e socialmente insustentáveis. Ao escolher colocar o interesse geral acima do interesse dos mercados, a Islândia mostra o caminho ao resto do continente para escapar do beco sem saída.

Salim Lamrani Professor. Ensina nas universidades Paris-Descartes e Paris-Est Marne-la-Vallée. Último livro publicado : Cuba. Ce que les médias ne vous diront jamais (Estrella, 2009).

Tradução
Alva

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sair do euro? BASENAME: canta-o-merlo-sair-do-euro DATE: Thu, 13 Dec 2012 23:41:19 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Vicenç Navarro, Juan Torres López e Alberto Garzón [*]

Até este ponto apostámos por reformas dentro da União Europeia que permitam construir uma verdadeira união da população europeia. Contudo, nem todos os economistas consideram que seja a única ou inclusive a melhor opção que resta aos países que agora estão a ser arrasados pelos planos de ajuste e pelos mercados financeiros que os impõem. Uma das visões alternativas é a da saída do euro.

Com efeito, não cabe a menor dúvida a ninguém das vantagens que dispor de uma união monetária na Europa pode trazer para todos. Mas são vantagens que só podem ser desfrutadas quando esta está bem concebida e quando dispõe dos necessários mecanismos compensatórios para evitar que as diferenças que costumam haver entre os países ou territórios que a componham se convertam numa ameaça para a própria união e numa fonte de desigualdades sociais e pessoais, de desequilíbrios territoriais, de conflitos económicos e, em suma, de empobrecimento para alguns deles.

Contudo, todos percebem que sair do euro é uma opção de custos extraordinários que levaria o país que o fizesse a sofrer agressões sem precedentes na Europa e a viver alguns anos de caos financeiro e de empobrecimento [3] . Nada mais certo.

Mas por acaso está a propiciar outra coisa melhor um euro ao serviço exclusivo do capital financeiro e das grandes empresas? Por acaso deu segurança e bem estar à Grécia, Portugal ou Irlanda? Por acaso a Espanha não fez os deveres do euro e não pôs sem reclamar nas mãos do capital alemão e europeu suas maiores empresas e centros de produção? Por acaso está a proteger-nos da extorsão e dos ataques especulativos? O euro não alentou, em benefício da banca europeia, o endividamento privado impondo os cortes salariais ao invés da estabilidade financeira?

"... E A SAÍDA DO EURO SERÁ A ÚNICA OPÇÃO"

Se se mantiverem as políticas que se têm aplicado e não se puser fim aos sofrimentos extraordinários que agora padecem países como a Grécia mas que em breve podem estender-se a outros mais, será impossível garantir a mínima estabilidade económica e social e a saída do euro será a única opção. Na nossa opinião, se não houver uma viragem urgente na política europeia, se não se impuser a cooperação, a harmonia e a repartição equitativa da riqueza, se não se admitir que quem deve governar a Europa é a cidadania mediante seus representantes e não os grupos de pressão e os poderes financeiros, não restará outro remédio senão reclamar a saída de um euro convertido num inferno para as classes trabalhadoras e que no futuro só serviria para que a Europa ficasse como parque de atracções dos endinheirados de outros continentes.

PARA ALÉM DA GLOBALIZAÇÃO NEOLIBERAL

A crise financeira voltou a por sobre a mesa, mais uma vez, a necessidade de enfrentar a situação de um planeta à deriva onde, segundo o Banco Mundial, hoje há 1.200 milhões de pessoas que vivem no umbral da pobreza, e mais ou menos o mesmo número de pessoas famintas, e onde não há maneira de os governos cumprirem seus compromissos de ajuda e reformas para evitar tudo isso.

Os resgates bancários destacaram o duplo critério para medir os poderes económicos dos países desenvolvidos, que sempre haviam justificado sua falta de acção contra a pobreza, a fome e a desigualdade com a falta de dinheiro. Só em 2007, o Banco Central Europeu injectou nas entidades financeiras um total de 645 mil milhões de euros e a Reserva Federal dos Estados Unidos. só no mesmo mês em que começou a crise, mais de 200 mil milhões de dólares ? e não se importou em nacionalizar entidades com grandes custos para salvar o lixo dos banqueiros que arriscaram demasiado com o dinheiro alheio. Ainda que seja difícil calcular, entre a Europa e os Estados Unidos foram gastos mais de 15 milhões de milhões de dólares para enfrentar a crise ajudando as empresas e os bancos que a haviam provocado. Contudo, não se pode dizer que com isso se hajam solucionado os problemas porque, como comentámos, estes têm carácter estrutural e, além do dinheiro, necessitam reformas profundas.

(...)
[3] Na realidade, conforme as normas legais europeias, nenhum país pode sair do euro uma vez que esta possibilidade não é contemplada (o que por si mesmo diz muito do carácter do clube de que fazemos parte). Seria uma possibilidade que só poderia ser levada a cabo mediante procedimentos extraordinários.

[*] Excerto de Hay alternativas (pgs. 180-183), de Vicenç Navarro, Juan Torres López e Alberto Garzón Espinosa, ed. Sequitur , Madrid, 2011, 224 p., ISBN: 978-84-95363-94-7.

Para descarregar o livro clique com o botão direito do rato em Hay alternativas e faça Save As... (PDF, 1,7 MB).

Este excerto encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os sionistas empregam armas químicas enquanto Obama ameaça a Síria se as emprega BASENAME: canta-o-merlo-lbgos-sionistas-empregam-armas-quimicas-enquanto-obama-ameaca-a-siria-se-as-empregal-bg DATE: Thu, 13 Dec 2012 09:55:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os sionistas empregam armas químicas enquanto Obama ameaça a Síria se as emprega

Dezembro 12, 2012

http://resistencialibia.info/?p=5341

O plano criminal de Washington para justificar a sua agressom contra Síria baseou-se nos últimos dias num "eventual perigo" de que as forças armadas sírias empregariam armas químicas contra os esquadrons da morte enviados a semear o terror e derrocar ao governo sírio. Acusaçons sem a menor base nem fundamento como o fôrom as que justificárom a criminal invasom e destruiçom do Iraque em 2003 pola administraçom imperialista de entom.
Em troques quem empregou impunemente armas químicas e outras armas proibidas de destruiçom maciça contra a populaçom civil é o regime sionista de Israel dirigido por Netanyahu. Os médicos de Gaza descobrírom arrepiados nos corpos dos palestinianos assassinados polas bombas e mísseis sionistas queimaduras desconhecidas que penetravam profundamente no organismo e voltavam-no de cor azul, corpos completamente queimados ou completamente esquartejados, queimaduras que destroem até a terceira camada de pele, ferimentos que provocam mutilaçons de braços e pernas. Os sionistas empregárom armas recobertas de urânio empobrecido e armas de tungsténio (chamadas DIME) que provocam ao explorar temperaturas de 6 mil graus centígrados e outras armas mas perfeccionadas que na agressom de 2009. Duas varas de medir, dupla medida. Os sionistas apoiados pola NATO, Uniom Europeia e até polos cínicos da liga árabe e Turquia, enquanto crescem os ataques terroristas contra Síria

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os Governos do PSOE e a miseralizaçom das classes trabalhadoras BASENAME: canta-o-merlo-os-governos-do-psoe-e-a-miseralizacom-das-classes-trabalhadoras DATE: Wed, 05 Dec 2012 18:31:57 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por Ossiám

Mais de 4.000.000 pessoas desempregadas, com o PSOE.

380.000 Famílias desafiuzadas, com o PSOE.

Subida da idade de jubilaçom aos 67 ANOS, e 37,5 de cotizaçom para os trabalhadores, para os POLÍTICOS com só 8 ANOS de estar sentados chegam para PAGAS VITALICIAS. (BINGO), com o PSOE

Congelaçom das pensons dos trabalhadores, com o PSOE.

Rebaixa do 5% dos salários dos empregados públicos, com o PSOE.

Menos 8.1% em educaçom, com o PSOE.

Rebaixa de 31,3% no meio ambiente, com o PSOE.

Recorte de 7% em I +D+I, com o PSOE.

Subida do IVA a 18%, com o PSOE.

Baratear o Despedimento, com o PSOE.

O PSOE regala-lhe 40 mil milhons (40.000.000.000) euros à BANCA.

Benefícios da BANCA: 32.000.000.000 de euros 2008/09, com o PSOE

Rebaixas fiscais para os patrons em 1.000.000.000 de euros no 2011, com o PSOE

Ajuda para os despedimentos: 8 dias de indemnizaçom por cada despedimento, com o PSOE.

Mudança da Constituiçom para favorecer aos especuladores financeiros, com o PSOE.

Limpa cu da NATO. Pôr escudos anti-missís em Rota e Moron, com o PSOE

Felipe González contratam-no numha empresa que ele mesmo privatizou (saqueou) e ganha 200.000,.- euros ao ano na mesma. Nom é estranho?

Indulto a banqueiro do BANCO SANTADER quando o PSOE era Governo provisional. Nom é estranho?

Roubam UM MILHOM DOUS CENTOS MIL (1.200.000.000) euros do ERE em Andaluzia com os governos do PSOE

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Felipe Gonzalez: homenagem à corrupçom, a NATO e à amnesia da Memória Histórica BASENAME: canta-o-merlo-felipe-gonzalez-homenagem-a-corrupcom-a-nato-e-a-amnesia-da-memoria-historica DATE: Wed, 05 Dec 2012 17:31:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/

Antonio Romero Ruiz
Coordenador da Rede de Municípios pola III República

Celebrou-se em Madrid umha homenagem com motivo do 30 aniversário de toma-a posse de Felipe González como Presidente do Governo. ?Ganhou Felipe". Esse era o titular mais destacado ilustrado com umha foto na que Felipe e Guerra saudam desde umha janela do hotel aos militantes e votantes do PSOE que celebrassem a sua contundente vitória.

A UCD era derrotada, dinamitada desde dentro com a ajuda da embaixada de EEUU que forçou a demissom de Adolfo Suárez por negar à entrada de Espanha na NATO. Ainda hoje nom conhecemos dezenas de cintas gravadas das conversas do palácio da Zarzuela com a embaixada estadounidense durante o golpe de estado do 23F

A transiçom da ditadura à democracia fechava a sua página fundamental e fazia-o com a alternância com Felipe no poder, atrás ficavam os consensos, a constituiçom de 1978, a lei eleitoral fraudulenta e canalha deita para reduzir a força do PCE que com mais de dous milhons de votos corresponderam-lhe 47 escanos e ficou em 21, desenhando-se assim um bi-partidismo que apresentava o PSOE como alternativa de poder real, culminando assim a carreira de Felipe González que contara com o apoio da social democracia alemá, da CIA e dos poderes facticos.
A ilusom da gente incluindo o milhom de votos comunistas que o apoiaram e também dos que nom o votamos da esquerda em geral era enorme "homem algo notará-se dizia a gente".

Transcorridos este trinta anos com o balanço sobre a mesa há muitas e poderosas razons para nom fazer esta homenagem porque na prática também se fixo a:

A traiçom à palavra dada de que tiraria a Espanha da NATO. Felipe González é o máximo responsável pola entrada de Espanha na NATO e dos nom cumprimentos de todas as condiçons estabelecidas num referendo arranjado em todos os seus resultados.
A criaçom dos GAL, o enterro em qual vivo de Lasa e Zabala, o seqüestro de Segundo Maray e todos os episódios da guerra suja baixo o seu mandato. Felipe González, por acçom ou omissom consciente é o Sr. X.
A reconversom industrial selvagem, o plano de emprego juvenil, as reformas laborais (estatutos dos trabalhadores, segurança social, pensons") enfrontárom-no a Camacho e a Redondo, as greves gerais". A equipa de González Solchaga e Boyer saqueárom (privatizárom) mais de quarenta empresas de sectores estratégicos muitas delas. A maior privatizaçom da história de Espanha.
Nicolás Redondo dixo deste equipo que tinha a mesma sensibilidade social que umha ameixa.
A UVI para os bancos com dinheiro público da época permitiu que Felipe González e os grandes banqueiros desenhassem numha mesa de padiola, o modelo financeiro que hoje tem o Reino Boubónico de Espanha e que produz os actuais abusos e vexaçons.
A amnesia sobre a memória histórica há em Espanha 150,000 mil pessoas enterradas nas gáveas e nas oliveiras. Nom fixo nada entre os seus governos contra a ideologia fascistas, blindando o franquismo numha democracia de vencedores.
A ajuda Europeia aos terratenentes que levam 80% das subvençons à agricultura entre eles a duquesa de Alba e o sete magníficos,
Mantivo o tratado (concordato) preconstitucional com o Estado Vaticano, cheio de privilégios para a eireja católica, incumprindo com o mandato constitucional da aconfessionalidade e da laicidade do Estado.
Traio ao povo saarauí e participou da primeira guerra do Golfo da mao de Bush pai.

Felipe González afirmo fazer a revoluçom burguesa em Espanha, repartiu os refugalhos de Rumasa entre os ricos e pujo tapete às grandes fortunas do franquismo.

Agora é um pensionista de ouro, à pensom de OITENTA E DOUS MIL EUROS anuais como ex presidente de governo suma-lhe o mais de CENTO VINTE E SEIS MIL euros como membro do Conselho de administraçom Gás Natural, e a assessoria a governos e empresas estrangeiras. Total DOUS CENTOS MIL EUROS anuais como mínimo, que se saiba. À vez que se apertam a cravelha aos trabalhadores e autónomos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Governo do Reino Boubónico de Espanha e o terrorismo internacional BASENAME: canta-o-merlo-governo-do-p-p-e-o-terrorismo-internacional DATE: Fri, 30 Nov 2012 09:23:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistencialibia.info/?p=5270

Na conferência de imprensa realizada em Caracas durante a sua gira por Cuba, Nicarágua, Equador e Venezuela em resposta a umha pergunta da agência espanhola EFE, o vice-ministro sírio de assuntos exteriores Faisal Ao Mokdad denunciou a "posiçom irresponsável do governo espanhol que colabora com terroristas" em referência às hordas criminais treinadas pola CIA que desde fai 20 meses sementam o terror e a morte na populaçom civil síria, exterminam às minorias com especial sanha com cristians, drusos e alauitas, assassinam de jeito bárbaro a soldados e polícias, destroem edifícios oficiais, afectam à infra-estrutura económica do país árabe. Imediatamente a autoridade síria assegurou que já "conhecem as razons" de tal conduta.

O vice-ministro informou que já som 10 mil as vítimas sírias da ofensiva criminosa, entre civis e militares. Assegura que se o governo sírio resiste é polo enorme apoio que recebe do povo. A tirania tunisiana tardou 17 dias em cair, a egípcia de Mubarak-CIA caiu rápido apesar de dispor de milhom de polícias na sua defesa, o regime líbio caiu trás 8 meses de conflito e o assassinato por parte da NATO de 80 mil cidadaos, o que imprensa internacional silencia. Mas Síria resiste trás 20 meses de ataque infernal.

O vice-ministro assinala que a situaçom geral é de calma relativa e que as operaçons militares vam bem apesar de que vam lentamente porque o Exército e as forças de segurança esforçam-se em preservar a vida e integridade da populaçom civil síria.

Afirma que a situaçom mas tensa e perigosa produz na fronteira com Turquia já que o regime e exército turcos tentam repetir a operaçom "Bengasi", é dizer, instalar em Alepo a ponta de terroristas, assassinatos, bombas e violência umha cidade "liberta" desde a que a NATO poderia atirar ataques generalizados contra todo o país.

O dirigente afirmou que nom é secreto que o governo sírio apoia à resistência palestiniana já que é "umha questom de princípios". Reiterou que o governo e o povo resistirám e fixo umha chamada aos alçados em armas para que se incorporem ao diálogo e deixem de matar.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Eleições em Cuba: Quem indica os candidatos é o povo BASENAME: canta-o-merlo-eleicoes-em-cuba-quem-indica-os-candidatos-e-o-povo DATE: Mon, 12 Nov 2012 00:53:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

De acordo com o estabelecido na Constituição da República e na Lei Eleitoral nº 72, de 29 de outubro de 1992, o Conselho de Estado de Cuba convocou, no último 5 de julho, eleições gerais para delegados às Assembleias Municipais, Provinciais e Nacional do Poder Popular.

http://port.pravda.ru
Por Vânia Barbosa *

Em uma primeira etapa, no dia 21 de outubro os eleitores elegem, para um mandato de dois anos e meio, os delegados às Assembleias Municipais, e em 28 de outubro, em segundo turno, nas localidades onde nenhum dos candidatos tenha obtido 50% dos votos válidos mais um. Os delegados às Assembleias provinciais e à Assembleia Nacional do Poder Popular serão eleitos por um período de cinco anos, em uma nova data a ser estabelecida. Está prevista a participação de cerca de 8,5 milhões de cubanos.

Desvinculado do modelo partidarista o sistema eleitoral cubano possibilita o exercício livre da cidadania com a escolha dos candidatos pelos próprios eleitores, o que incentiva o alto índice de comparecimento às eleições, mesmo que o voto não seja obrigatório. Os candidatos não são indicados por partidos e sim pelos cidadãos maiores de 16 anos que automaticamente são inscritos no Registro Eleitoral, sem custos ou burocracia. Conforme o Artigo 3º da Lei Eleitoral, o voto é livre, igualitário e secreto, e o cidadão está protegido contra punições, multas ou sanções no trabalho caso se abstenha de votar, ao contrário do que ocorre em outros países. Os membros das Forças Armadas têm direito a votar, eleger e a ser eleitos.

Após a convocação das eleições, no início de julho, mais de 170 mil cubanos - representantes de todos os setores sociais do país - se qualificaram como autoridades eleitorais para integrar as comissões provinciais, municipais e de circunscrição que conduzem o processo de escolha dos delegados e, posteriormente, validam os resultados. Desde o último dia 3 de setembro e até o dia 29, a população participa das mais de 50.900 assembleias - organizadas também pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN) - e ali indica, abertamente, os delegados que concorrem às Assembleias Municipais e Provinciais e à Assembleia Nacional do Poder Popular, eleitos mediante voto em urna, direto e secreto.

Os encontros são realizados em cerca de 29.500 circunscrições eleitorais e cada eleitor pode indicar um candidato entre os moradores residentes na área e, inclusive, de outra área pertencente à mesma circunscrição, caso seja necessário. Seguindo a legislação eleitoral - dependendo do número de habitantes - cada área terá entre dois e oito candidatos, tudo para garantir outras opções aos votantes e a indicação de pessoas com "méritos, capacidade, condições e possibilidades de representar a população". A circunscrição eleitoral é uma divisão territorial do município a partir do número de seus habitantes, e se constitui em célula fundamental do Sistema do Poder Popular.

Desde o dia 22 de setembro foram divulgadas as listas dos candidatos para que a população as revise e, caso necessário, solicite adequações ou emendas, através das autoridades eleitorais. As alterações poderão ser feitas até a primeira quinzena de outubro e a partir daí tem inicio os preparativos para a etapa inicial das eleições, no dia 21 do mesmo mês.

Segundo dados da CEN, desde 1976, quando entrou em vigor a atual Constituição, mais de 95 por cento dos eleitores inscritos têm participado das eleições. Nas últimas eleições para deputados votaram cerca de 8 milhões de cubanos, cifra que superou 98 por cento de participação e com baixo índice de votos nulos ou em branco. Em Cuba, o registro de eleitores para as eleições gerais 2012-2013 conta com cerca de 8,5 milhões de cubanos, em um país de 11 milhões de habitantes.

A propaganda eleitoral

Outra característica no processo eleitoral cubano é a ausência de marketing e custos com propaganda, fatores que em outros países favorecem candidatos com maior poder econômico ou implicam na necessidade de obtenção de fundos para eleger um representante. As praças e as ruas são limpas de painéis ou panfletos e os candidatos não precisam disputar ou pagar espaços nos jornais, rádios e televisões. Também não ocorrem campanhas difamatórias entre os candidatos. A propaganda é feita pelas autoridades eleitorais que são responsáveis por publicar, na área de residência dos eleitores, as foto dos candidatos - todas em um mesmo formato e tamanho - e uma síntese da sua biografia.

Para concorrer não é necessário que o candidato seja filiado a qualquer partido político e as regras são as mesmas para todos os cargos do Poder Popular. As candidaturas deverão ser antes apresentadas por alguma organização ou movimento social e submetidas à consideração da Assembleia do Poder Popular da circunscrição correspondente, além de aprovadas pelos delegados. Será considerado eleito aquele que obtenha mais da metade dos votos válidos dos eleitores. 50% das vagas são garantidas às mulheres.

Após eleger o seu representante a população participa das discussões e decisões mais importantes. Também, a qualquer momento o mandato poderá ser revogado pela maioria dos eleitores caso o eleito não cumpra com as obrigações assumidas em sua base eleitoral. Não existe remuneração para o exercício do mandato e os eleitos permanecem exercendo suas profissões e recebendo o salário correspondente ao seu trabalho.

A Composição atual do Poder Popular se dá da seguinte forma: Assembleia Nacional do Poder Popular; Assembleias Provinciais do Poder Popular, em cada uma das 15 províncias, além do município especial da Isla de la Juventud; Assembleias Municipais, nos 169 municípios; 1540 Conselhos Populares, cada um agrupando várias circunscrições eleitorais e integrados pelos seus delegados, dirigentes de organizações de massas e representantes de entidades administrativas; circunscrições eleitorais, ainda que não pertençam de forma orgânica à estrutura do sistema do Poder Popular ou do Estado são fundamentais antes e após o processo eleitoral.


O Presidente, o Conselho de Estado e o Conselho de Ministros.

Tanto os membros do Conselho de Estado como os do Conselho de Ministros são indicados pelos delegados eleitos para a Assembleia Nacional do Poder Popular. Considerando o Art.74 da Constituição da República de Cuba, o Conselho de Estado é formado por um presidente, um Primeiro Vice-Presidente, cinco Vice-Presidentes e um Secretário.Para ser Presidente do Conselho de Estado é necessário antes ser eleito deputado com mais de 50% dos votos válidos, diretos e secretos da população e, em nova votação, deverá alcançar mais de 50% dos votos secretos dos parlamentares.

O Partido Comunista Cubano

Há muitas dúvidas ou distorções que pairam sobre a existência de um partido único em Cuba, o Partido Comunista Cubano, e a relação que isso tem com a democracia. De acordo com a Constituição cubana, durante o processo eleitoral o PCC não indica candidatos e nem faz campanha a favor de seus militantes. Por se diferenciar do conceito clássico de partidos políticos se mantém em sua condição de força dirigente superior da sociedade com a missão de representar os interesses de todo o povo e não somente os da sua militância.

O Partido não tem ingerência na Assembleia Nacional do Poder Popular e nem no governo, e só após consulta à população, via assembleias, apresenta propostas para serem apreciadas nestas instituições. Em processos eleitorais ocorridos até hoje já foram eleitos inúmeros militantes do PCC, indicados pelas assembleias populares em razão dos seus méritos pessoais e compromissos com a sociedade, e não pela sua militância no Partido. Um importante papel exercido pelo PCC é o de acompanhar e garantir o cumprimento das leis do país, entre elas, a Lei Eleitoral.

*Jornalista e presidente do Conselho Deliberativo da ACJM/RS
Timothy Bancroft-Hinchey

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Social-democracia - Notas sobre um percurso desonroso* BASENAME: canta-o-merlo-social-democracia-notas-sobre-um-percurso-desonroso-1 DATE: Sun, 11 Nov 2012 13:00:35 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Social-democracia - Notas sobre um percurso desonroso*

Albano Nunes
http://www.odiario.info

Ao procurar responder à pergunta «o que é a social-democracia hoje?» há uma questão prévia de lucidez e pura higiene mental: rejeitar liminarmente a caracterização desta corrente política como força «de esquerda» e, do mesmo passo, rejeitar uma «unidade de esquerda» que, em nome de um pretenso combate a uma direita «ideológica» e «ultraliberal», apenas serviria para atrasar a unidade necessária e iludir questões de fundo da luta de classes.

Faz ainda algum sentido falar em «social-democracia»?
Se sim, o que é a «social-democracia» hoje?
Como caracterizá-la de um ponto de vista de classe?
Que lugar ocupa no xadrez político internacional?
Como se posiciona em relação aos grandes problemas do nosso tempo?
No quadro da política de alianças da classe operária como encarar a «social-democracia»?
Estas são questões a que um partido revolucionário tem de dar resposta para determinar com rigor a sua posição no combate ideológico e também eventuais convergências e alianças, por mais limitadas e conjunturais que possam ser. Resposta que é tanto mais necessária quando o mundo está confrontado com a ameaça de uma regressão de dimensão civilizacional em que a social-democracia está profundamente comprometida e se impõe unir na resistência e na luta todas as forças que, pela sua situação social e prática política, se integram de facto na ampla frente anti-monopolista e anti-imperialista que, só ela, poderá inverter o rumo destruidor que o capitalismo está a impor à Humanidade.
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A questão da «social-democracia» é uma questão actual e em certo sentido crucial. Os partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas, não obstante a sua reconhecida evolução direitista, continuam a reclamar-se de «esquerda» e a dispor de apreciável expressão eleitoral e real influência em importantes segmentos da classe operária e camadas populares. A luta dos comunistas pela unidade da classe operária e pela hegemonia politica e ideológica da classe operária na luta contra o grande capital, encontra pela frente esta realidade na generalidade dos países capitalistas desenvolvidos, nomeadamente da Europa onde a social-democracia nasceu e mais fortemente se enraizou, mas também na América Latina, África e Ásia. O combate à ideologia da colaboração de classes, ao divisionismo e ao anti-comunismo, perdura como uma exigência central do nosso tempo.
Por outro lado a social-democracia, que surgiu como corrente reformista e revisionista no seio do movimento operário e se desenvolveu como força anti-revolucionária, hostil à Revolução de Outubro e aos países socialistas, transformou-se em força abertamente contra-revolucionária, em componente fundamental do sistema de exploração capitalista e pilar do imperialismo. O «bloco central» («centro-direita» e «centro-esquerda»), a «bipolarização», a «alternância» (do «ora agora governo eu, governas tu, governas tu mais eu»), espelham bem esta realidade. A cavalgada da social-democracia para a direita neoliberal (que mais que «rendição» foi opção consciente e deliberada) aproximou-a, confundiu-a e em certos casos fundiu-a com a própria direita burguesa, de que se tornou uma simples variante. Os entendimentos de incidência governamental ou parlamentar, e em qualquer caso as convergências e coincidências em todas as questões fundamentais ? como no caso da integração capitalista europeia, da NATO e sua estratégia agressiva planetária, das políticas de apoio ao capital monopolista contra os trabalhadores ? tornaram-se uma banalidade. Os acordos são formais e informais, selados à luz do dia em nome do «interesse nacional» ou em (nem sempre) discretas comezainas de troca de favores. O que não dispensa o habitual recurso e manipulação do binómio «esquerda/direita» sempre que tal sirva para enganar a opinião pública e manter sob a sua influência massas descontentes, sobretudo em períodos eleitorais.
O caso porventura mais evidente de «partido único» bicéfalo é o norte-americano com a dupla Partido Republicano/Partido Democrático, este último erigido, com Clinton, em exemplo da família social-democrata, mesmo não sendo membro da Internacional Socialista. Mas a tendência é geral como, nomeadamente, acontece na Grã-Bretanha, na Alemanha, na Espanha, na Grécia (1) ou Portugal, e procura-se impô-la e institucionalizá-la com leis que marginalizem os chamados «pequenos partidos» e facilitem a bipolarização, num jogo perverso que visa confundir «alternância» no governo com «alternativa» política, e assim fechar a porta a alternativas verdadeiras.
A verdade é que, no governo ou na «oposição», a social-democracia se tornou parte integrante do sistema de poder capitalista, uma força que, como sublinhou a Resolução Política do XVIII Congresso do PCP, está hoje «estruturalmente comprometida» com os interesses do grande capital. É desta realidade que o movimento comunista e revolucionário tem de partir para concretizar a política de alianças da classe operária.
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Sem qualquer pretensão de fazer aqui a história da social-democracia, é indispensável assinalar alguns momentos marcantes da sua evolução: de corrente do movimento operário (assim nasceu) a instrumento da grande burguesia; de produto da influência da ideologia burguesa no mundo do trabalho a simples variante do pensamento da classe dominante; de defensora da liquidação («pacífica» e «democrática», claro) do capitalismo e propagandista de um socialismo «democrático» e de «rosto humano», a defensora do capitalismo («humanizado», com «consciência social» e «inclusivo», naturalmente) e do imperialismo, com tudo quanto tal significa de reaccionário e criminoso.
Falamos da social-democracia, claro está, em termos gerais, globais. Falamos da posição política e ideológica adoptada e posta em prática pelos seus chefes e ideólogos. É grande a diversidade dos partidos que a compõem. As condições de lugar e tempo talham em grande medida o perfil dos partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas. A social-democracia sempre teve rostos diferentes na Europa Ocidental (há muito hegemonizada pelo SPD alemão e pelo Partido Trabalhista britânico), ou na América Latina, onde, conforme as circunstâncias, tanto adquiriu tonalidades «revolucionárias» de fachada nacionalista, como constituiu instrumento decisivo para servir o imperialismo ianque e derrotar o desenvolvimento de processos democráticos, anti-imperialistas e revolucionários.
Um dos «segredos» da social-democracia reside nas suas características camaleónicas, no seu ecletismo, na sua composição inter-classista, na sua heterogeneidade, na existência no seu interior de diferentes alas e correntes, na capacidade para, segundo as circunstâncias e necessidades, ser um pouco de tudo e o seu contrário. Aquilo que para um partido comunista é mortal (correntes de opinião cristalizadas, grupos, fracções, polémicas públicas) para a social-democracia é um modo natural de ser, indispensável para alimentar a ideia de que a alternativa às políticas de direita se encontra dentro dos próprios partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas, mesmo quando praticam uma política claramente de direita e o seu programa é abertamente capitalista. É essa a missão de todos os Alegres deste mundo.
Em qualquer caso a social-democracia não existe nem age no vácuo da luta de classes. Posiciona-se desde sempre, desde o histórico corte revisionista simbolizado por Bernstein (2) («o movimento é tudo, o objectivo final não é nada»), do lado da adaptação, consolidação e reprodução do capitalismo e não hesitou diante dos maiores crimes para cortar o passo a transformações sociais profundas, como aconteceu com a traição da revolução alemã de Novembro de 1918 e a abertura do caminho ao nazismo pela política conciliadora dos dirigentes social-democratas da República de Weimar. O cruel assassinato de Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht fica a assinalar uma das páginas mais negras do reformismo contra-revolucionário social-democrata.
Mas o posicionamento prático da social-democracia foi também influenciado pela luta popular de massas, pela pressão das suas bases operárias e pela acção independente dos comunistas. Assim foram possíveis, por exemplo, os grandes êxitos das Frentes Populares, como nos casos da Espanha e da França. Assim foram possíveis, com a projecção poderosa das realizações da URSS e dos países socialistas, os avanços do chamado «Estado social», que nos países nórdicos chegaram a cobrir-se abusivamente com o epíteto de «socialismo nórdico». Foi a acção revolucionária da classe operária e das massas trabalhadoras, antes e depois do 25 de Abril, que empurrou Mário Soares e o PS, entretanto fundado na República Federal Alemã, para posições e convergências à esquerda, que, como rapidamente se veio a comprovar, contrariavam a sua natureza liberal-burguesa.
Porém, sem o envolvimento das massas e o empurrão das suas bases atraídas à unidade da acção com os comunistas, tirando raras e honrosas excepções configuradas por percursos de luta peculiares (como o velho Partido Socialista Italiano de Pietro Nenni, ou o Partido Socialista do Chile de Salvador Allende), a opção das cúpulas social-democratas foi invariavelmente por alianças com os partidos da direita e da reacção para impedir qualquer avanço revolucionário e preservar o sistema capitalista em qualquer das suas variantes, keynesiana, liberal ou mesmo fascista, neste caso até ao momento em que os próprios partidos social democratas se tornaram também vítimas da perseguição e ilegalização, que, numa primeira fase, se direccionara fundamentalmente contra os comunistas.
No que respeita à experiência portuguesa é oportuno recordar ? sem ir aos tempos da auto-dissolução do velho e desacreditado Partido Socialista e da colaboração de um seu chefe, Ramada Curto, com Salazar na elaboração da Carta do Trabalho fascista e a posição da direcção do PS português. Passado o curto período de colagem à Revolução, Mário Soares rapidamente se transformou em bóia de salvação do grande capital e pólo aglutinador de todas as forças contra-revolucionárias, e a política de alianças do PS, com excepções localizadas e pontuais, fez-se sempre à direita (3). A assinatura do pacto de agressão pelo PS, PSD e CDS com a troika estrangeira é o corolário lógico da enraizada posição de classe de um partido que, depois de ter «metido o socialismo na gaveta», se tornou uma força política profundamente identificada com os interesses do grande capital e do imperialismo estrangeiro.
Claro que a capacidade, cada vez mais questionada, de haver forças que, como o PS, conseguem ano após ano recuperar o descontentamento de largos sectores da população não vai durar sempre. São previsíveis situações de conflito, enfraquecimento e divisão, e o aparecimento de novas forças talhadas pela agudização da luta de classes. São inevitáveis processos de recomposição do quadro político-partidário, impulsionados pelo desenvolvimento da luta de massas, que abram a possibilidade de a arrumação de forças no plano social encontrar correspondência no plano político.
Em qualquer caso não é com este PS e a sua continuada orientação e prática políticas que pensamos ser possível a política patriótica e de esquerda que preconizamos como via para romper com trinta e seis anos de políticas de direita e avançar na solução dos problemas dos trabalhadores, do povo e do país.
Para concretizar a unidade que a situação reclama não basta uma «guinada à esquerda» num corpo apodrecido pelo oportunismo e pela identificação com o poder económico. Nem sequer, como pretendem o BE, em Portugal, ou o «partido da esquerda europeia» («pee») na Europa, a simples apropriação do espaço eleitoral alienado pela correria para a direita das actuais cúpulas social-democratas. Na prática isso representaria fundamentalmente o fortalecimento de uma «ala esquerda» da social-democracia (que é aquilo que na Grécia, o Syriza é) com a missão de ganhar tempo para travar o avanço de forças anti-capitalistas e revolucionárias, e não a emergência de forças realmente comprometidas com a ruptura com o sistema, ainda que influenciadas por maiores ou menores ilusões reformistas. Nem é preciso ir mais longe do que a questão da integração capitalista europeia ? com o «europeísmo de esquerda» do BE, ou a umbilical ligação do «pee» à UE ? para rejeitar a ilusão de que seja por aí que possa ultrapassar-se a alienação eleitoral de amplas massas entretanto objectivamente interessadas em politicas anti-monopolistas e na transformação socialista da sociedade.
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Ao procurar responder à pergunta «o que é a social-democracia hoje?» há uma questão prévia de lucidez e pura higiene mental: rejeitar liminarmente a caracterização desta corrente política como força «de esquerda» e, do mesmo passo, rejeitar uma «unidade de esquerda» que, em nome de um pretenso combate a uma direita «ideológica» e «ultraliberal», apenas serviria para atrasar a unidade necessária e iludir questões de fundo da luta de classes.
É ver, aliás, como por essa Europa fora os partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas, sem excepção, estão comprometidos até ao tutano com a ofensiva do capital visando arrebatar aos trabalhadores direitos e conquistas alcançadas por muitas décadas de duras lutas e à custa de pesados sacrifícios. E como desenvolvem uma cooperação estruturada e oficial com os partidos da direita ? veja-se o binómio Partido Socialista Europeu/Partido Popular Europeu ? para congeminar estratégias comuns e repartir pastas e postas nas estruturas da UE. E por aí abaixo, ao nível dos diferentes países, é o que se vê.
Para chegar até aqui foi preciso percorrer um longo caminho desde o tempo em que, desmascarados por Lénine e pelos jovens partidos comunistas, os velhos partidos da II Internacional se consideram eles os genuínos intérpretes de Marx e Engels, cuja obra entretanto falsificam e despojam da sua essência revolucionária (4).
Neste processo, há momentos paradigmáticos de que aqui se deixam alguns exemplos: a condenação da Revolução de Outubro; a política de «não intervenção» contra a República espanhola capitaneada por Léon Blum; a recusa à cooperação com os comunistas para fazer frente ao ascenso do nazi-fascismo; a ruptura da unidade democrática anti-fascista depois da Vitória na II Guerra Mundial; a activa participação na construção do edifício imperialista da «guerra fria» com o «socialista» belga Paul-Henry Spaak escolhido para primeiro Secretário-geral da NATO; a política colonialista da SFIO em França profundamente responsável pelas guerras da Indochina e da Argélia (1956); o Congresso de Bad-Godesberg do SPD alemão, que, em 1959, oficializa a sua ruptura com o marxismo e o repúdio da luta de classes; a guinada direitista e anti-comunista ligada com as derrotas do socialismo na URSS e no Leste da Europa e a empenhada participação no salto imperialista da União Europeia de Maastricht; a «terceira via» de Tony Blair, liquidando o que ainda pudesse restar da referência operária e da política social do Partido Trabalhista britânico, e a introdução do Partido Democrático dos EUA no redil social-democrata; a conspiração aberta contra a revolução portuguesa sob o disfarce hipócrita da «Europa connosco»; o percurso emblemático de Javier Solana, de dirigente do PSOE espanhol e do poderoso movimento contra a entrada da Espanha na NATO a Secretário-geral desta aliança agressiva; a brutal ofensiva do Governo do SPD Gerard Schröder, «o amigo dos patrões», contra os salários e direitos dos trabalhadores alemães através da «Agenda 2010» e do «Hartz IV» (5); a activa participação dos respectivos partidos socialistas, PS e PASOK respectivamente, no impiedoso processo de extorsão de que os povos português e grego estão a ser vítimas.
A deriva direitista da social-democracia internacional não é um processo linear. Lá onde os partidos comunistas e o movimento operário e popular eram fortes foram possíveis momentos de convergência e cooperação progressista. Mas a contradição entre social-democratas e comunistas que, simplificadamente, era na altura da cisão do movimento operário «reforma/revolução», tornou-se nos dias de hoje «gestão do capitalismo/revolução» e a ideologia da colaboração de classes típica do reformismo acabou por conduzir a social-democracia a tomar partido aberto pelo capital em geral e pelo grande capital monopolista em particular. E nem mesmo nas diferentes formas de gestão do capitalismo ? como sucede com a «liberal» ou a «keynesiana» ? é já fácil distinguir a social-democracia da direita propriamente dita.
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Este desonroso percurso da social-democracia internacional é afinal consequência lógica do pecado original seu: o desprezo pelas massas, o temor e negação da revolução, a rejeição da conquista do poder pela classe operária como condição necessária para a liquidação do capitalismo e daí a negação revisionista e oportunista do pensamento de Marx, a começar pela rejeição do conceito de «ditadura do proletariado». Pecado que contaminou importantes partidos comunistas, nomeadamente aqueles que nos anos 70 desenvolveram a linha do «eurocomunismo» e que, começando também eles por abandonar o conceito de ditadura do proletariado, de abandono em abandono ? centralismo democrático, papel da classe operária, marxismo-leninismo, internacionalismo proletário ? caíram no mais vulgar parlamentarismo e chegaram mesmo à auto-liquidação, como no dramático caso do Partido Comunista Italiano.
A questão do poder e da sua natureza de classe é a questão central da revolução (6). Abandonando o objectivo da conquista do poder pelos trabalhadores e declarando guerra à Revolução de Outubro, os partidos revisionistas da II Internacional colocaram-se objectivamente do lado da contra-revolução. Na época da passagem do capitalismo ao socialismo e em tempos de aprofundamento da crise do capitalismo e agudização da luta de classes, é compreensível que a opção fundadora da social-democracia tenha conduzido à sua transformação em instrumento do capital e pilar do imperialismo.

Notas

(1) Onde sofreu um golpe muito sério em 6 de Maio com o descalabro eleitoral dos dois partidos do «centrão» responsáveis pela tragédia que se abateu sobre o povo grego: o PASOK e a Nova Democracia que nas anteriores eleições somavam 77,5% tombaram para 32,1%.
(2) Bernstein (1850/1932), destacado teórico da II Internacional, pai do «revisionismo», revisão oportunista das teorias de Marx e Engels. Kautsky, que inicialmente o criticou duramente de um ponto de vista marxista, tornou-se por sua vez expoente do revisionismo, tendo sido combatido por Lénine, nomeadamente em A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky, que se tornou num clássico do marxismo-leninismo. Ver Obras Escolhidas em 6 tomos, t. 4 Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1986.
(3) Ver a obra do camarada Álvaro Cunhal, A Verdade e a Mentira sobre a Revolução Portuguesa, A Contra-Revolução Confessa-se, Edições «Avante!», Lisboa,1999
(4) O grande momento de clarificação entre a corrente oportunista e a corrente revolucionária marxista no movimento operário dá-se quando em vésperas da I Guerra Mundial, traindo as próprias orientações e decisões da II Internacional, os deputados da social-democracia alemã votam os créditos de guerra, enquanto na Duma russa os deputados bolcheviques votavam contra e eram deportados para a Sibéria.
(5) Ver em O Militante n.º 308, de Setembro-Outubro de 2010, o artigo «Alemanha, 20 anos de contra-revolução».
(6) Recomenda-se vivamente a leitura e estudo de O Estado e a Revolução, de V. I. Lénine, Edições «Avante!», Lisboa, 2011; e de A Questão do Estado, Questão Central de cada Revolução, de Álvaro Cunhal, 2º de., Edições «Avante!», Lisboa, 2007

*Este artigo foi publicado em ?O Militante? nº 319, Julho/Agosto 2012

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Siria - Esquadrões da morte promovidos pelos EUA-NATO integram as ?forças da oposição? BASENAME: canta-o-merlo-siria-esquadroes-da-morte-promovidos-pelos-eua-nato-integram-as-forcas-da-oposicao DATE: Sat, 10 Nov 2012 09:53:45 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Esquadrões da morte promovidos pelos EUA-NATO integram as ?forças da oposição?

Michel Chossudovsky

http://www.globalresearch.ca

Modelado nas operações encobertas dos EUA na América Central, a ?Opção salvadorenha para o Iraque?, iniciada pelo Pentágono em 2004 foi executada sob o comando do embaixador dos EUA no Iraque John Negroponte (2004-2005) em conjunto com Robert Stephen Ford, que em Janeiro de 2011 foi nomeado embaixador dos EUA na Síria, menos de dois meses antes de começar a insurgência armada contra o governo de Bashar Al Assad.
?A opção salvadorenha? é um ?modelo terrorista? de assassinatos em massa por esquadrões da morte patrocinados pelos EUA. Ela foi aplicada primeiramente em El Salvador, no auge da resistência contra a ditadura militar, resultando em cerca de 75 mil mortes.
John Negroponte foi embaixador dos EUA em Honduras de 1981 a 1985. Como embaixador em Tegucigalpa ele desempenhou um papel chave no apoio e supervisão dos mercenários Contra nicaraguenses que estavam baseados em Honduras. Os ataques além fronteiras dos Contra, na Nicarágua, ceifaram cerca de 50 mil vidas civis.
Em 2004, John Negroponte foi nomeado embaixador dos EUA no Iraque, com um mandato muito específico.
A opção salvadorenha para a Síria: O papel central do embaixador estado-unidense Robert S. Ford
O embaixador estado-unidense na Síria (nomeado em Janeiro de 2011), Robert Stephen Ford, fez parte da equipe de Negroponte na Embaixada dos EUA em Bagdad (2004-2005). A ?Opção salvadorenha? para o Iraque estabeleceu as bases para o lançamento da insurgência na Síria, em Março de 2011, a qual começou na fronteira Sul, na cidade de Daraa.
Em relação a acontecimentos recentes, as matanças e atrocidades cometidas que resultaram em mais de 100 mortes incluindo 35 crianças na cidade fronteiriça de Houla, em 27 de Maio, eles foram, com toda a probabilidade, executados sob o que pode ser descrito como uma ?Opção salvadorenha para a Síria?.
O governo russo apelou a uma investigação
?À medida que a informação goteja de Houla, Síria, próxima à cidade de Homs e da fronteira sírio-libanesa, torna-se claro que o governo sírio não foi responsável por bombardear até à morte cerca de 32 crianças e seus pais, como é periodicamente afirmado e negado pelos media ocidentais e mesmo a própria ONU. Parece, ao invés, que havia esquadrões da morte em quarteirões próximos ? acusados por ?activistas? anti-governo como sendo ?bandidos pro regime? ou ?milícias? e pelo governo sírio como trabalho de terroristas Al Qaeda ligados a intrusos estrangeiros?. (Ver Tony Cartalucci, Syrian Government Blamed for Atrocities Committed by US Sponsored Deaths Squads , Global Research, May 28, 2012)
O embaixador Robert S. Ford foi despachado para Damasco no fim de Janeiro de 2011 no momento do movimento de protesto no Egipto. (O autor estava em Damasco em 27/Janeiro/2011 quando o enviado de Washington apresentou as suas credenciais ao governo Al Assad).
No princípio da minha visita à Síria, em Janeiro de 2011, reflecti sobre o significado desta nomeação diplomática e o papel que poderia desempenhar num processo encoberto de desestabilização política. Não previ, contudo, que esta agenda de desestabilização seria implementada dentro de menos de dois meses a seguir à posse de Robert S. Ford como embaixador dos EUA na Síria.
O restabelecimento de um embaixador dos EUA em Damasco, mas mais especificamente a escolha de Robert S. Ford como embaixador dos EUA, dá azo a um relacionamento directo com o início da insurgência integrada por esquadrões da morte em meados de Março de 2011, contra o governo de Bashar al Assad.
Robert S. Ford era o homem para este trabalho. Como ?Número Dois? na embaixada do EUA em Bagdad (2004-2005) sob o comando do embaixador John D. Negroponte, ele desempenhou um papel chave na implementação da ?Opção salvadorenha no Iraque? do Pentágono. Esta consistiu em apoiar esquadrões da morte e forças paramilitares iraquianas modeladas na experiência da América Central.
Desde a sua chegada a Damasco no fim de Janeiro de 2011 até ser chamado de volta a Washington em Outubro de 2011, o embaixador Robert S. Ford desempenhou um papel central em preparar o terreno dentro da Síria bem como em estabelecer contactos grupos da oposição. A embaixada do EUA foi a seguir encerrada em Fevereiro. Ford também desempenhou um papel no recrutamento de mercenários Mujahideen junto a países árabes vizinhos e na sua integração dentro das ?forças de oposição? sírias. Desde a sua partida de Damasco, Ford continua a supervisionar o projecto Síria fora do Departamento de Estado dos EUA.
?Como embaixador dos Estados Unidos junto à Síria ? uma posição que o secretário de Estado e o presidente estão a manter-me ? trabalharei com colegas em Washington para apoiar uma transição pacífica para o povo sírio. Nós e nossos parceiros internacionais esperamos ver uma transição que estenda a mão e inclua todas as comunidades da Síria e que dê a todos os sírios esperança de um futuro melhor. O meu ano na Síria diz-me que uma tal transição é possível, mas não quando um lado inicia constantemente ataques contra pessoas que se abrigam nos seus lares?. ( US Embassy in Syria Facebook page )
?Transição pacífica para o povo sírio?? O embaixador Robert S. Ford não é um diplomata vulgar. Ele foi o representante dos EUA em Janeiro de 2004 na cidade xiita de Najaf, no Iraque. Najaf era a fortaleza do exército Mahdi. Poucos meses depois ele foi nomeado o ?Homem Número Dois? (Ministro Conselheiro para Assuntos Políticos) na embaixada dos EUA em Bagdad no princípio do mandato de John Negroponte como embaixador no Iraque (Junho 2004 ? Abril 2005). Ford a seguir serviu sob o sucessor de Negroponte, Zalmay Khalilzad, antes da sua nomeação como embaixador na Argélia em 2006.
O mandato de Robert S. Ford como ?Número Dois? sob o comando do embaixador Negroponte era coordenar fora da embaixada o apoio encoberto a esquadrões da morte e grupos paramilitares no Iraque tendo em vista fomentar a violência sectária e enfraquecer o movimento de resistência.
John Negroponte e Robert S. Ford, na embaixada dos EUA, trabalhavam em estreita colaboração no projecto do Pentágono. Dois outros responsáveis da embaixada, nomeadamente Henry Ensher (vice de Ford) e um responsável mais jovem na secção política, Jeffrey Beals, desempenharam um papel importante na equipe ?conversando com um conjunto de iraquianos, incluindo extremistas?. (Ver The New Yorker, March 26, 2007). Outro actor individual chave na equipe de Negroponte era James Franklin Jeffrey, embaixador dos EUA na Albânia (2002-2004).
Vale a pena notar que o recém nomeado chefe da CIA nomeado por Obama, general David Petraeus, desempenhou um papel chave na organização do apoio encoberto a forças rebeldes da Síria, na infiltração da inteligência síria e nas forças armadas.
Petraeus desempenhou um papel chave na Opção salvadorenha do Iraque. Ele dirigiu o programa ?Contra-insurgência? do Comando Multinacional de Segurança de Transição em Bagdad em 2004 em coordenação com John Negroponte e Robert S. Ford na Embaixada dos EUA.
A CIA está a supervisionar operações encobertas na Síria. Em meados de Março, o general David Petraeus encontrou-se com seu confrades da inteligência em Ancara, para discutir apoio turco ao Free Syrian Army (FSA) ( CIA Chief Discusses Syria, Iraq With Turkish PM , RTT News, March 14, 2012)
David Petraeus, o chefe da CIA, efectuou reuniões com altos oficiais turcos ontem e em 12 de Março, soube o Hürriyet Daily News. Petraeus encontrou-se ontem com o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoðan e seu confrade turco, Hakan Fidan, chefe da Organização de Inteligência Nacional (MIT), no dia anterior.
Um responsável da Embaixada dos EUA disse que responsáveis turcos e americanos discutiram ?muito frutuosamente as mais prementes questões da cooperação na região para o próximos meses?. Responsáveis turcos disseram que Erdoðan e Petraeus trocaram pontos de vista sobre a crise síria e o combate anti-terror. ( CIA chief visits Turkey to discuss Syria and counter-terrorism | Atlantic Council , March 14, 2012)
28/Maio/2012
Ver também:
Dr Bashar Al-Ja?afari?s Press Conference at the UN (resposta do embaixador da Síria à declaração da ONU acerca do massacre de Hula)
Phony ?Houla Massacre?: How Media Manipulates Public Opinion For Regime Change in Syria
SYRIA: Guardian?s Houla Massacre Propaganda Stunt Uses ?Little Kid?. Another case of reckless journalism aimed at selling war
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=31096
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Assimilação ou Rotura ? A posição dos Partidos Comunistas frente à crise capitalista BASENAME: canta-o-merlo-lbgassimilacao-ou-rotura-a-posicao-dos-partidos-comunistas-frente-a-crise-capitalistal-bg DATE: Fri, 09 Nov 2012 08:44:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Assimilação ou Rotura
? A posição dos Partidos Comunistas frente à crise capitalista

por Aleka Papariga [*]

http://www.resistir.info/grecia/papariga_01out12_p.html

São hoje bem conhecidas as trágicas consequências da crise económica na vida da classe operária e dos trabalhadores visto que a crise já dura há mais de cinco anos enquanto, em todos os países afectados, todas as medidas bárbaras seguem na mesma direcção e todas elas têm o mesmo objectivo: reduzir o preço da mão-de-obra a um nível extremamente baixo, abrir novas oportunidades de rentabilidade no período da crise, sobretudo após a esperada recuperação que será débil e mais ou menos de curta duração.

Actualmente temos uma experiência ainda mais rica, não só por causa da Grécia mas também dos estados-membros da UE, em especial dos membros da zona do euro, e ainda da crise nos EUA em 2008 e não só. Além disso, temos a experiência bem recente das crises na Rússia, na Argentina e nos chamados tigres asiáticos.

Consideramos que o movimento dos trabalhadores e os partidos comunistas em todos os países devem lutar a fim de que o povo clarifique o carácter da crise e, em simultâneo, seja detida a deterioração da vida das populações, para uma saída em prol do povo.

O facto de a crise, em 2008-2009, se ter manifestado no sistema financeiro, na esfera da circulação do capital, ou o facto de na Grécia a crise estar relacionada com a dívida e os défices não significa de modo algum que temos uma crise de um tipo novo. Desde o início definimos que é uma crise de sobre-acumulação do capital, cujas raízes residem na relação da exploração da força de trabalho pelo capital, i.e., na esfera da produção capitalista. A contracção da produção industrial, tanto nos EUA como na UE, assim como nos países que ainda não entraram no ciclo da crise são peças de uma prova irrefutável. Observamos todas as características que são inerentes ao capitalismo: anarquia, desigualdade no desenvolvimento de sectores e ramos, uma competição feroz que é promovida por meios político-económicos e também pelas armas.

Em todo o mundo capitalista estão a ser tomadas as mesmas medidas e a ser usados os mesmos argumentos, quer a dívida seja maior ou menor, quer o défice esteja inflacionado em maior ou menor extensão, quer os países participem ou não no mecanismo de estabilização com o acordo da UE-BCE-FMI. Além disso, é sintomático que as zonas de pobreza não aparecem apenas nos países capitalistas menos desenvolvidos, nos países que têm uma posição intermédia no sistema imperialista, mas também nos países capitalistas mais poderosos e desenvolvidos.

Consideramos que, devido ao desenvolvimento desigual, a crise explodirá noutros países da zona do euro, já que até mesmo a Alemanha mostra sinais de fadiga e esses sinais também estão a começar a aparecer na China.

A questão do carácter da crise não é meramente uma questão teórica. É claramente uma questão prática porque determina a especialização da linha política dos partidos comunistas em condições de crise.

Portanto, quaisquer peculiaridades na manifestação, na intensidade ou na duração da crise, de país para país, não determinam o carácter da crise nem deverão influenciar a estratégia e as tácticas do partido comunista.

A história provou que, quando os estados capitalistas não conseguem gerir a crise e sobretudo as suas consequências, também recorrem ao uso das armas, ou seja à guerra imperialista, não para venderem armas claro, como alguns pacifistas afirmam, mas porque, na específica conjuntura, o uso das armas é mais eficaz para a redistribuição dos mercados.

A crise e a guerra-paz imperialistas estão inextricavelmente ligadas e é assim que devemos considerá-las. Isto é verdade em especial para nós na Grécia que está situada numa região em ponto de ebulição, uma região que inclui o Médio Oriente e o norte de África.

Além disso, a prolongada crise capitalista está a apresentar uma outra coisa que é muito importante para a estratégia e as tácticas dos partidos comunistas. Mostra que a política de gestão burguesa enfrenta novas dificuldades, que não teve em períodos anteriores, na gestão para a saída da crise, entrando num novo ciclo de produção capitalista alargada, pondo um travão na pobreza absoluta e relativa das massas, fazendo mesmo algumas manobras. Surgiram duas receitas para gerir a crise, embora cada uma delas apareça em várias versões. Na essência, temos que lidar com a gestão burguesa expansiva e restritiva com o objectivo de controlar a dimensão da depreciação do capital e de efectuar a necessária distribuição de prejuízos e do capital acumulado. Estas duas formas de gestão conduzem aos mesmos resultados bárbaros para as populações e para os seus direitos. A disputa sobre uma ou outra forma de gestão, que é particularmente aguda na Europa, não tem nada a ver com a disputa a favor ou contra os interesses das populações, não é uma disputa entre uma linha política conservadora e uma de esquerda progressista, como o Partido Europeu de Esquerda vem afirmando actualmente.

A defesa de um ou do outro tipo de gestão baseia-se nos interesses da burguesia de cada estado membro, das alianças que ele pretende formar no quadro da competição. Os movimentos dos trabalhadores e das populações não podem assumir o partido de um ou do outro rival, será a perda de tudo.

De acordo com a nossa avaliação, o que tem prevalecido até agora é a visão da UE de que a Europa unificada e a zona do euro têm que permanecer intocáveis apesar das diferenças e da competição, enquanto a longo prazo não se exclui a possibilidade de uma separação. Por essa razão, cada governo e os principais sectores do capital estão a preparar a possibilidade de um país poder regressar à sua divisa nacional, depois de escolher o bloco da coligação imperialista com que desejam alinhar.

Os reformistas-oportunistas

Tanto mais que, agora melhor do que nunca, também podemos ver na Grécia que os partidos burgueses, velhos e novos, os reformistas-oportunistas, como a SYRIZA, estão a formular posições estranhas, concentrando-se em alianças, até mesmo uma aliança transatlântica ou procurando alianças com a Rússia, ou a China. Isso tornou-se bem aparente na disputa entre a UE e os EUA que se manifestou durante as eleições nacionais com a ajuda tanto do bloco da direita como do da ?esquerda?. Hoje as contradições inter-imperialistas dizem respeito ao sistema político burguês no seu todo e até ameaçam a unidade de qualquer partido nessa base.

Em conclusão, consideramos que a crise se vai prolongar e aprofundar e que também vai afectar outros países. Mesmo que um país, por exemplo a Grécia, entre numa fase de recuperação, essa recuperação será temporária, débil, com níveis de desemprego incomportáveis que nos transportarão ao final do século XIX. Irromperá um novo ciclo de crise antes de essa recuperação se consolidar. Isto não é válido apenas para a Grécia mas também para outros países. Haverá realinhamentos nas alianças e temos que ter em consideração uma nova vaga de guerras locais, não excluindo a possibilidade de uma guerra imperialista generalizada.

A experiência também confirma a posição que o nosso partido formulou logo aos primeiros sinais da crise, i.é., que a pobreza, a crise económica não conduz automaticamente ao desenvolvimento da luta de classes, da organização, do desenvolvimento da consciência política. Há duas opções possíveis neste caso: ou o movimento recua e é derrotado por um período mais curto ou mais longo ou passa à ofensiva e amadurece o entendimento da necessidade de derrubar o sistema capitalista. Ainda nada está resolvido.

Na Grécia, apesar de terem ocorrido lutas importantes e prolongadas, apesar de o movimento grego ter evoluído para um dos movimentos mais fortes do mundo e não apenas na Europa, vemos que no final todas essas medidas não foram travadas. Claro que o movimento lhes impôs um certo atraso mas, se nada mais mudar imediatamente, todas elas serão aprovadas dentro de pouco tempo. E todos sabemos muito bem que as lutas que não trazem alguns resultados cansam e desmotivam o povo.

O nosso partido considera que as suas deficiências e fraquezas, que não pretende esconder, têm tido algum impacto no atraso do contra-ataque da população e dos trabalhadores, embora não tenham desempenhado um papel decisivo. Assim como não desempenharam um papel decisivo na redução da sua força eleitoral. Isso não significa que não devamos colocar uma ênfase especial no desenvolvimento da competência e da resistência do partido.

Temos enfrentado uma frente unida a nível político e social que, apesar das divergências nas suas fileiras, têm uma posição comum no que se refere ao carácter da saída da crise, nomeadamente a mudança na fórmula para a gestão do sistema. Prevaleceu a política de assimilação e, claro, teve um impacto negativo na orientação da classe trabalhadora e seus aliados. Apesar disso, existe no movimento uma corrente radical, com orientação de classe que nesta fase tem que ultrapassar as consequências das eleições, avançar para a linha da frente e mobilizar forças mais alargadas de trabalhadores e da população.

As lutas provocaram abalos no sistema político burguês da Grécia e inviabilizaram a possibilidade de servir o sistema com a sucessão de governos de um só partido, entre o partido liberal e a social-democracia.

Ilusões parlamentares

Mas estes abalos não se transformaram em fendas profundas. Predominaram as ilusões parlamentares de que pode haver uma solução governativa alternativa de esquerda, i.e., reformista-oportunista. Deste modo, tornou-se claro que o sistema político burguês também tem outras ferramentas para gerir esses abalos. Actualmente na Grécia o sistema bipolar da ND liberal e do PASOK social-democrata está a ser substituído por outro sistema bipolar: de um lado o polo centro-direita-direita e do outro um polo de ?esquerda? que se formou com o synaspismos [1] oportunista no seu núcleo e com a transferência maciça do principais funcionários e mecanismos do PASOK, em especial dos estratos médios, dos trabalhadores do sector público, estreito ou mais alargado, do aparelho ideológico do estado, etc.

Claro que o processo ainda não terminou, está a ser preparada uma nova cena política de transição, ou uma mais permanente, a fim de impedir a radicalização, para quebrar o movimento antes que este recupere de modo maciço, e obviamente para desferir um golpe contra o KKE.

Sobre a Aurora Dourada

As duas batalhas eleitorais elevaram a Aurora Dourada a uma força parlamentar com 19 deputados. É uma formação criminosa, nazi, racista que se concentra principalmente na perseguição de imigrantes, em especial os asiáticos, com espancamentos, ataques assassinos, actos de violência, extorsão e ameaças. O seu apoio eleitoral, principalmente entre grupos mais jovens, foi formado com base nos seus slogans falsos, visto que se apresenta como um partido anti-sistema.

A nossa apreciação é que esta formação se desenvolve em paralelo com os esquadrões da morte do período de Hitler e que o objectivo básico é ser usado para quebrar o movimento dos trabalhadores e da população e desferir um golpe contra o KKE. Por detrás da Aurora Dourada há serviços secretos e secções do aparelho de estado e, muito provavelmente, ligações internacionais. É apoiada por células do sistema no interior das forças de segurança e do exército, enquanto, em termos políticos, é de grande ajuda ao sistema, na medida em que a maior parte dos partidos invocam o perigo dos chamados dois extremos, comparando o fascismo ao comunismo. Não pode ser considerada na base de uma frente anti-fascista nem de uma frente contra a violência em geral qualquer que seja a sua origem, porque essa atitude leva a um ataque ao próprio movimento. A Aurora Dourada tem que ser considerada pelo movimento organizado, nos locais de trabalho, nos sectores, nas organizações populares, denunciando o seu papel como apoiante do sistema, e as ofensas criminais que eles praticam com os seus ataques assassinos a que eles chamam agarrar na lei com as próprias mãos. Os outros partidos tratam a Aurora Dourada numa perspectiva de legalidade burguesa e de condenação da violência que, para eles, inclui as greves e as manifestações militantes.

O KKE ajustou as suas posições e reivindicações, a sua estratégia e tácticas às condições da crise.

Nas condições actuais, não só porque é a nossa escolha, mas porque objectivamente a questão amadureceu, apresentamos à população a linha de contra-ataque que tem o seu ponto de partida na luta contra as medidas, na luta por medidas de alívio, assim como no caminho para uma saída através da luta pelo poder da classe trabalhadora e da população em geral.

A política de alianças que propomos à população está relacionada com a formação da aliança do povo que tem uma clara orientação anti-monopólios (que, claro, na essência é anti-capitalista porque o capitalismo evoluiu para o capitalismo de monopólio). Nestas condições, a aliança da população organiza e coordena a resistência, a luta pela sobrevivência, está dirigida segundo uma linha de rotura com as uniões imperialistas, a guerra imperialista, pelo derrube do capitalismo, pelo poder da classe trabalhadora e da população em geral.

Apresentamos abertamente à população a necessidade de lutar pelo cancelamento unilateral da dívida, i.e., não a reconhecer, porque reconhecê-la leva a negociações, o que significa novos memorandos e novas medidas. Em simultâneo, sublinhamos a necessidade de a população lutar pela saída da União Europeia. Explicamos as razões porque é que esta saída e o cancelamento da dívida implicam a luta pelo poder do povo, com a socialização dos monopólios, um desenvolvimento planeado que vai utilizar o potencial de crescimento existente do país, a retirada das guerras imperialistas e os acordos da paz internacional, a saída da NATO, a luta por relações económicas internacionais mutuamente benéficas.

Apresentamos o caminho de desenvolvimento em prol da população contra a via de desenvolvimento capitalista. Expomos o conteúdo real da chamada reconstrução produtiva que está a ser promovida por todos os partidos burgueses incluindo a SYRIZA cujas propostas se enquadram dentro da UE. Esta via de desenvolvimento está a tentar transformar a Grécia num elo para o transporte de energia e mercadorias. Leva à exploração conjunta das reservas energéticas do Egeu, da Jónia e do Sul de Creta através de acordos com os monopólios.

Nesta perspectiva analisamos e tratamos da posição das forças políticas e alianças a um nível nacional e europeu. A formação de um programa mínimo não está alicerçada na realidade objectiva do ponto de vista das relações entre política e economia como a saída da crise a favor do povo, é antes uma questão estratégica.

O papel do Partido de Esquerda Europeu (ELP, na sigla em inglês) está a tornar-se ainda mais negativo e corrosivo para o movimento europeu porque, clara e inequivocamente, escolhe uma das diversas formas de gestão, seguindo fórmulas semelhantes às que são apoiadas pelos governos e forças sistémicas em geral da UE a nível nacional e continental. Está envolvido nas contradições inter-burguesas e inter-imperialistas.

Hoje a prioridade é que a população impeça uma destruição ainda maior e tenha melhores perspectivas para o futuro. Isso exige antecipadamente:

Primeiro

Compreender que tipo de crise estamos a viver, nomeadamente uma crise da via capitalista para o desenvolvimento e para a assimilação na UE, ou seja, a importância da luta contra os monopólios e o seu poder.

Segundo

A organização dos trabalhadores nos locais de trabalho, nos sectores, nos bairros.

Terceiro

O reforço e a consolidação da aliança da população entre a classe trabalhadora e as forças sociais que têm interesse em lutar contra os monopólios e o capital independentemente das diferenças entre eles, com a participação reforçada das mulheres e dos jovens dos referidos estratos. O movimento tem que ser dirigido para o derrube do poder dos monopólios.

O KKE, com clareza e também com argumentos específicos, recusou-se a participar num governo de gestão burguesa proposto pelo novo pólo de oportunismo que está a cooperar com uma grande parte do PASOK. A proposta inicialmente visava exercer pressão política sobre o KKE, e principalmente roubar votos à esfera de influência do KKE. Nem sequer tinha uma base aritmética porque não havia número de deputados suficiente para formar um governo. Claro, conforme já sublinhámos, não foi por não ser suficiente o número de deputados que dissemos NÃO. Mas o facto de essa proposta não ter o número necessário de deputados prova o seu carácter demagógico e o facto de que tinha como alvo a estratégia do KKE.

Tivemos perdas nas eleições, mas consideramos que as perdas para a população teriam sido muito maiores e irreversíveis por muito tempo se o KKE tivesse decidido apoiar um governo de gestão burguesa e aceitado a assimilação da Grécia na UE e o poder dos monopólios na área da economia. No período entre as primeiras e as segundas eleições, a SYRIZA abandonou alguns dos slogans radicais que tinha e por isso conquistou um maior número de votos, o que o colocou em segunda posição, votos esses principalmente das massas populares que tinham medo de ser afastadas do euro, e que achavam ser possível uma melhor negociação para restringir as medidas sem ter que partir ovos. Agora a Syriza está a intitular-se melhor negociadora em comparação com o governo da ND-PASOK-Esquerda Democrática e está a aproximar-se de um partido centrista contemporâneo.

A esquerda governante não vai mudar a linha política geral nem desferir nenhum golpe contra o apodrecido sistema político. Nenhum governo, por mais que se intitule de esquerda, comunista, ou mesmo revolucionário, irá respeitar as suas proclamações se os meios de produção e a riqueza continuarem nas mãos dos monopólios, se o povo não detiver nas suas mãos a posse e o poder do estado.

Em termos genéricos, não é por causa da correlação negativa de forças que a batalha na Grécia é difícil. Seria mais correcto dizer que se tornou mais complexa no terreno da correlação negativa de forças. Exige um alto nível de competência e de estabilidade do partido de modo a que este esteja em posição de penetrar mais alargadamente na classe trabalhadora e nas massas populares, de gerir a situação de modo adequado sem alterar a sua linha política geral ou de se desligar dos trabalhadores e empregados que têm ilusões e ainda não adquiriram experiência política.

Para concluir esta questão, o que pretendemos sublinhar é que tanto a nossa teoria como a nossa experiência histórica demonstram que por mais forte que um PC possa ser eleitoralmente, se assumir posições governativas no quadro do sistema burguês acaba inevitavelmente por ser assimilado. Esta questão tem que ser discutida atempadamente entre o povo, a fim de que compreenda que as margens para viver uma vida melhor encolheram dramaticamente em comparação com o passado, não só nas condições da crise, mas também na fase de recuperação. Objectivamente as condições para um derrube radical amadureceram ainda mais quando os monopólios penetraram muito profundamente na economia e em todos os outros aspectos da vida social.

Claro que o factor subjectivo, ou seja, o movimento dos trabalhadores, a força do PC está muito atrasada e temos que avançar rumo ao seu fortalecimento.

Não devemos abandonar a luta contra a guerra imperialista e a paz imperialista em nome da crise económica.

Por conseguinte, temos que realçar as razões e os modos como a intervenção imperialista pode ser executada com base nos exemplos e evidências da chamada Primavera Árabe, da Líbia e da Síria. Como se forma uma oposição interna no exterior do país, como é armada, como tenta o derrube mesmo de governos burgueses devido a contradições inter-imperialistas e inter-burguesas. Temos que discutir sistematicamente com argumentos porque a arena internacional de luta se mantém crucial e decisiva e, ao mesmo tempo, a importância da cooperação e solidariedade internacionalista. O movimento também pode utilizar as contradições inter-imperialistas de dois modos: denunciar o elemento básico da internacionalização capitalista e, por outro lado, preparar a população para que não apoie a classe burguesa do seu país na competição inter-imperialista e na guerra pela redistribuição de mercados.

O KKE está a tentar estudar, cientificamente e através da experiência do movimento, o desenvolvimento no seu todo para que as fendas no sistema político burguês sejam reforçadas, o que contribuirá para uma maior emancipação do movimento.

Tanto mais porque actualmente o curso dos desenvolvimentos a um nível nacional é determinado pela correlação de forças internacional e regional assim como pelo dinamismo e pela linha revolucionária do movimento dos trabalhadores e dos comunistas. Cada êxito num país produz impacto noutros movimentos europeus, e os desvios em compromissos ou o recuo colocarão os movimentos de muitos países numa situação difícil. Claro que os desenvolvimentos serão determinados pelo nível das lutas e da aliança social, mas hoje tem que haver uma intensa luta ideológica contra as visões burguesas dominantes, reformistas e oportunistas. Sem uma tal luta a nível ideológico será difícil às massas populares serem orientadas para a luta por medidas de alívio e pelo cancelamento e derrube das piores medidas. As lutas, ainda que adquiram um carácter de massas, não terão o nível de organização necessário e uma orientação política bem dirigida sem a confrontação ideológica no interior do movimento.
[1] O Synaspismos surgiu inicialmente como uma coligação eleitoral nos finais da década de 80, com os dois partidos comunistas gregos (o Partido Comunista da Grécia 'KKE' e a Esquerda Grega, sucessora do Partido Comunista da Grécia, eurocomunista, como principais membros [N.T.]

SIGLAS
BCE ? Banco Central Europeu
ELP ? Partido da Esquerda Europeia
FMI ? Fundo Monetário Internacional
ND ? Nova Democracia
PASOK ? Movimento Socialista Pan-helénico
SYRISA ? Coligação da Esquerda Radical ? Frente Social Unida
UE ? União Europeia

[*] Secretária-geral do CC do KKE. Discurso Introdutório na Conferência Comunista Europeia, Bruxelas, 1-2/Outubro/2012

O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-10-01-ecm-omilia-kke
Tradução de Margarida Ferreira.


Este discurso encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Islândia mostrou o caminho: Chimpar na cadeia aos banqueiros BASENAME: canta-o-merlo-a-islandia-mostrou-o-caminho-recusar-o-saqueio-dos-banqueiros DATE: Thu, 08 Nov 2012 06:20:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Islândia mostrou o caminho: recusar a austeridade
? Recusou receituário do FMI, deixou bancos falirem e condenou responsáveis pela crise
? Por que pouco se fala da Islândia nos media galegos que se auto-proclamam como "referência"?

por Salim Lamrani [*]

http://resistir.info/

Quando, em Setembro de 2008, a crise económica e financeira atingiu a Islândia ? pequena ilha no Atlântico com 320 mil habitantes ?, o impacto foi desastroso, tal como no resto do continente. A especulação financeira levou à falência os três principais bancos, cujo total de activos era dez vezes superior ao PIB do país. A uma perda líquida foi de 85 mil milhões de dólares. A taxa de desemprego aumentou nove vezes entre 2008 e 2010, ao passo que antes o país gozava de pleno emprego.

A dívida da Islândia representava 900% do PIB e a moeda nacional desvalorizou-se 80% em relação ao euro. O país caiu numa profunda recessão, com uma diminuição do PIB de 11% em dois anos. [1]

Diante da crise

Em 2009, quando o governo pretendeu aplicar as medidas de austeridade exigidas pelo FMI em troca de uma ajuda financeira de 2,1 mil milhões de euros, uma forte mobilização popular o obrigou a renunciar. Nas eleições antecipadas, a esquerda ganhou a maioria absoluta no Parlamento. [2]

No entanto, o novo poder adoptou a lei Icesave ? cujo nome provém do banco online que foi à bancarrota e cujos depositantes eram, na maioria, holandeses e britânicos ? destinada a reembolsar os clientes estrangeiros. Essa legislação obrigava os islandeses a reembolsarem uma dívida de 3,5 mil milhões de euros (40% de seu PIB) ? nove mil euros por habitante ? ao longo de quinze anos e com uma taxa de juros de 5%. Diante dos novos protestos populares, o presidente recusou-se a promulgar a lei aprovada pelo parlamento e submeteu-a a um referendo. Em Março de 2010, 93% dos islandeses recusaram a lei do reembolso das perdas do Icesave. Quando submetida novamente a referendo, em Abril de 2011, 63% dos cidadãos voltaram a rejeitá-la. [3]

Uma nova Constituição, redigida por uma Assembleia Constituinte de 25 cidadãos eleitos por sufrágio universal entre 522 candidatos, composta por nove capítulos e 114 artigos, foi adoptada em 2011. Ela prevê o direito à informação, com acesso público aos documentos oficiais (Artigo 15), a criação de uma Comissão de Controle da Responsabilidade do Governo (Artigo 63), o direito à consulta directa (Artigo 65) ? 10% dos eleitores podem pedir um referendo sobre as leis votadas pelo Parlamento ?, assim como a nomeação do primeiro-ministro pelo Parlamento. [4]

Assim, ao contrário das outras nações da União Europeia na mesma situação, que aplicaram ao pé da letra as instruções do FMI exigindo medidas de austeridade severas, como na Grécia, Irlanda, Itália ou Espanha, a Islândia escolheu uma via alternativa. Quando, em 2008, os três principais bancos do país ? Glitnir, Landsbankinn e Kaupthing ? desmoronaram, o Estado islandês recusou-se a neles injectar fundos públicos, tal como havia feito o resto da Europa. Em vez disso, efectuou sua nacionalização.

Do mesmo modo, os bancos privados tiveram que cancelar todos os créditos hipotecários com taxas variáveis que superassem 110% do valor dos bens imobiliários, o que evitou uma crise de subprime como nos Estados Unidos. Por outro lado, a Corte Suprema declarou ilegais todos os empréstimos indexados a divisas estrangeiras que haviam sido concedidos a particulares, obrigando assim os bancos a renunciarem a seus créditos em benefício da população. [5]

Quanto aos responsáveis pelo desastre ? os banqueiros especuladores que provocaram o desmoronamento do sistema financeiro islandês ?, não foram beneficiados com a mansidão verificada no resto da Europa, onde foram sistematicamente absolvidos. Com efeito, Olafur Thor Hauksson, Procurador Especial nomeado pelo Parlamento, processou-os e prendeu-os, inclusive ao ex-primeiro-ministro Geir Haarde. [6]

Uma alternativa à austeridade

Os resultados da política económica e social islandesa têm sido espectaculares. Enquanto a União Europeia se encontra em plena recessão, a Islândia apresentou uma taxa de crescimento de 2,1% em 2011 e prevê uma taxa de 2,7% para 2012, além de uma taxa de desemprego de 6%. [7] O país até se deu ao luxo de realizar o reembolso antecipado de suas dívidas ao FMI. [8]

O presidente islandês Olafur Grímsson explicou este milagre económico: "A diferença é que, na Islândia, deixamos os bancos quebrarem. Eram instituições privadas. Não injectámos dinheiro para salvá-las. O Estado não tem porque assumir essa responsabilidade". [9]

Agindo contra seus próprios prognósticos, o FMI saudou a política do governo islandês ? o qual aplicou medidas totalmente contrárias àquelass que o Fundo preconiza ?, que permitiu preservar "o precioso modelo nórdico de protecção social". De fato, a Islândia dispõe de um índice de desenvolvimento humano elevado. "O FMI declara que o plano de resgate ao modo islandês oferece lições nos tempos de crise". A instituição acrescenta que "o facto de que a Islândia tenha conseguido preservar o bem-estar social das unidades familiares e conseguir uma consolidação fiscal de grande envergadura é uma das maiores conquistas do programa e do governo islandês".

No entanto, o FMI omitiu a informação de que tais resultados só foram possíveis porque a Islândia recusou sua terapia de choque neoliberal e elaborou um programa de estímulo económico alternativo e eficaz. [10]

O caso da Islândia demonstra que existe uma alternativa crível às políticas de austeridade que são impostas na Europa. Estas, além de serem economicamente ineficazes, são politicamente custosas e socialmente insustentáveis. Ao colocar o interesse geral acima do interesse dos mercados, a Islândia mostrou ao resto do continente o caminho para escapar do beco sem saída.
11/Outubro/2012

Referências bibliográficas
(1) Paul M. Poulsen, ''Como a Islândia, uma vez à beira do precipício, se restabeleceu'', Fundo Monetário Internacional, 26/Outubro/2011. http://www.imf.org/external/french/np/blog/2011/102611f.htm (site acessado em 11/Setembro/2012).
(2) Marie-Joëlle Gros, ''Islândia: a retomada de uma dívida suja'', Libération, 15/Abril/2012.
(3) Comissão de cancelamento da dívida do Terceiro Mundo, "Quando a Islândia reinventa a democracia", 4/Dezembro/2010.
(4) Constituição da Islândia, 29/Junho/2011. http://stjornlagarad.is/other_files/stjornlagarad/Frumvarp-enska.pdf (site acessado em 11/Setembro/2012).
(5) Marie-Joëlle Gros, "Islândia: a retomada de uma dívida suja", op. cit.
(6) Caroline Bruneau, "Crise islandesa: o ex-primeiro-ministro não está aprovado", 13/Maio/2012.
(7) Ambrose Evans-Pritchard, "A Islândia ganhou no fim", The Daily Telegraph, 28/Novembro/2011.
(8) Le Figaro, "A Islândia já reembolsou o FMI", 16/Março/2012.
(9) Ambrose Evans-Pritchard, "Islândia oferece uma tentação arriscada à Irlanda terminada a recessão", The Daily Telegraph, 8/Dezembro/2010.
(10) Omar R. Valdimarsson, "FMI diz que resgate ao estilo da Islândia traz lições em tempos de crise", Business Week, 13/Agosto/2012.

[*] Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos pela Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, professor responsável por cursos na Universidade Paris-Sorbonne-Paris IV e na Universidade Paris-Est Marne-la-Valée, jornalista especializado nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro é Etat de siège. Les sanctions économiques des Etats-Unis contre Cuba, Paris, Ed. Estrella, 2011. Contacto: Salim.Lamrani@univ-mlv.fr. Página no Facebook:
https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel

O original encontra-se em operamundi.uol.com.br/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: ?Os amos do mundo. As armas do terrorismo financeiro BASENAME: canta-o-merlo-os-amos-do-mundo-as-armas-do-terrorismo-financeiro-1 DATE: Fri, 02 Nov 2012 17:45:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Cousas do dinheiro que vostede quiçá nom sabia
22/10/2012

Pascual Serrano/Mundo Obrero

Sabia vostede que a empresa Exxon-Mobil ganhou 9.907 milhons de euros em dous anos com um só empregado em Espanha e nom tivo que pagar um só euro em impostos? Ou que a empresa Foxconn, que fabrica os cristais endurecidos para as marcas mais conhecidas de smartphones, tivo que pôr redes nas suas indústrias para impedir que os seus empregados, desesperados polas condiçons em que se lhes obriga a trabalhar, tirassem polas janelas.

Conhecia que o valor das acçons do quinze empresas mais grandes do mundo é equivalente ao PIB dos 27 países da Uniom Européia e que o valor dos activos do Banco de Santander (1,6 bilions) é maior que o PIB de Espanha(1,3)? Ou que só nove pessoas controlam um mercado que mobiliza nada menos que 700 bilions de dólares.

Sabia que actualmente os Estados só criam directamente menos de 10% do dinheiro circulante porque o resto criam-no de forma intangível principalmente os bancos, e é por aceder a esse dinheiro virtual polo que as economias europeias estám endividadas e pagam em juros mais que o salário de todos os seus empregado? E que por cada euro que os bancos recebem em depósito eles criam novos meios de pago -é dizer, inventam-se- por valor dentre cinco ou mais dez euros. E esse é o dinheiro que prestam.
No caso da França, leva pagos 1,1 bilions de euros em juros desde 1980 a 1996 para umha dívida que era de 229.000,.-?. É dizer, se esse dinheiro o tivesse financiado o seu banco central em lugar dos bancos privados aforraria-se 914.000 milhons de euros.
Que o Reino ?boubónico?espanhol pagou já três vezes a dívida pública que tinha em 2000 e ainda segue devendo case o dobro. Em toda a Uniom Europeia pagam-se 350.000 milhons de euros à banca privada em interesses.

Sabia que na época de George Bush, entre 2002 e 2006, só 1% dos estadounidenses recebeu 78% da renda que se criou em todo o país?

Sabia que num só edifício do paraíso fiscal das ilhas Caimám estám registadas 18.000 sociedades? E que esses paraísos fiscais utilizam-nos para evitar impostos 83% das grandes corporaçons de Estados Unidos, 99% das europeias e 86% das 35 maiores empresas espanholas que cotam em Bolsa.

Sabia que segundo um estudo de umha das revistas científicas mais acreditadas em saúde morrêrom 4,47 milhons de crianças durante o período 1990-2002 como conseqüência das políticas de austeridade promovidas polo Fundo Monetário Internacional, quase tantos como judeus morreram no holocausto? E que quinze anos depois das políticas privatizadoras nos países que pertenciam à Uniom Soviética, onze deles nom recuperárom a esperança de vida que tinham durante o comunismo.

Pois todo isso pudem descobrir eu com o livro de Vicenç Navarro e Juan Torres López ?Os amos do mundo. As armas do terrorismo financeiro (Espasa)?. Imaginem-se quantas cousas mais se podem saber se o livro tem duzentas páginas e o que eu contei cabe numha.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO:A CIA e o PSOE BASENAME: canta-o-merlo-a-cia-e-o-psoe DATE: Wed, 31 Oct 2012 23:46:45 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.insurgente.org

A CIA e a re-fundaçom do PSOE corresponde ao contido de um capítulo do livro de Alfredo Grimaldos intitulado:
«La CIA en España» foi publicado pelo editorial DEBATE. Neste rigoroso trabalho de trabalho de investigaçom, Grimaldos desvela quem som e como actuam alguns dos que participaram nas acçons que nele se descrevem, que conexons tivérom e tenhem com a cúpulas militares e civis do poder, assim como qual é a sua presença, até o dia de hoje , nas instituiçons espanholas. Documentado de forma irrefutável e escrito como um ?thriller? político, este é um trabalho repleto de informaçom e nomes próprios que provocará calafrios a quem se atreva a mergulhar-se nas suas páginas.

Acede à sua leitura aqui: http://es.scribd.com/doc/21982417/CIA-y-PSOE

«La CIA en España» pode baixa-se na rede

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: González e Aznar- Como se converter de advogado trabalhista ou de funcionário da Fazenda em oligarcas. BASENAME: canta-o-merlo-saiamos-do-1 DATE: Wed, 31 Oct 2012 22:37:12 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/
www.publico.es

Aznar e González: mais de 500.000 euros ao ano em salários e duas pensons de 80.000 euros brutos ao ano para sempre.

Nom lhes vai nada mal aos dous ex presidentes do Governo do Reino boubónico de Espanha. Um revejo aos emolumentos públicos de Felipe González e José María Aznar mostra como entre os dous conseguem ingressos superiores aos 500.000 euros ao ano, ainda que o político fascista ingressa ao menos 50% mais que o post-moderno.

José María Aznar foi fichado pola mineira Barrick Gold Corporation, a maior companhia do mundo na extracçom de ouro, com muita presença na América do Norte Latina onde controla umhas 25 minas. O amigo de Bush também está fichado por Endesa como assessor externo centrado concretamente em temas latino-americanos a razom de 200.000 euros anuais. O pruri-emprego nom remata nisto, porque ademais assessora em News Corporation, empresa do magnata Rupert Murdoch, A notável subida de salário que o polémico magnata dos médios Rupert Murdoch concedeu ao ex presidente do PP pola sua condiçom de conselheiro do império News Corporation, proprietário entre outros dos jornais The Wall Street Journal, The Times ou as cadeias CNBC e Fox News, situa as suas retribuiçons totais polos cargos que desempenha por enzima dos 300.00 euros brutos anuais.

À margem, o ex presidente conta com outras actividades profissionais, como conferências, assessorias, livros ou artigos que desenvolve habitualmente através de umha sociedade familiar, denominada Famaztella, acrónimo de Família Aznar-Botella, através da qual factura também os serviços para News Corporation. Essas actividades reportam-lhe ingressos adicionais nom conhecidos polo miúdo. Por exemplo, em 2010 Famaztella declarou um benefício de 225.000 euros e o ano anterior tinha ganhado quase o duplo.

Só pola sua condiçom de vogal do conselho do império mediático de ideologia conservadora, e trás a subida de salário de 7,6%, Aznar cobra uns 198.000 euros. Deles, 86.000 euros som em efectivo e 112.000 em acçons. À margem desta tarefa, o ex presidente é desde 2010 assessor externo da eléctrica Endesa, controlada pola italiana Enel. Ao nom exercer como conselheiro, a sua retribuiçom nom aparece nos dados oficiais que facilita Endesa ao organismo regulador do comprado. Publicaram-se cifras que situam esta compensaçom na contorna dos 200.000 euros. Como referência, a retribuiçom dos conselheiros nom executivos desta empresa foi em 2011 superior a 320.000 euros, exercício no que o actual ministro de Economia do Reino boubónico, Luís De Guindos, desempenhava essa funçom.

Estas retribuiçons privadas som compatíveis, ao menos por enquanto e do mesmo modo que em muitos países ocidentais, com umha pensom pública vitalícia como ex presidente do Governo. No reino boubónico de Espanha ascende a 80.000 euros brutos ao ano.

Pola sua banda, Felipe González, que ocupa um posto no conselho de outra das grandes eléctricas do país, Gás Natural Fenosa, recebe por esta funçom 126.000 euros brutos anuais sem dietas, já que os membros deste organismo nom as recebem, aos que se suma a pensom vitalícia como antigo chefe do Governo à que também tem direito. Ao todo, algo mais de 200.00 euros aos que teríamos que acrescentar ingressos pontuais polas actividades profissionais que desenvolve, também circunscritas ao mundo das conferências, os livros e as assessorias. É membro assessor de um dos grupos de pressom económica e política do mundo o do oligarca mexicano Carlos Slim.

As perguntas que nos devemos fazer som: Que entregárom estes dous sujeitos quando eram chefes de governo ao capitalismo internacional para converter-se em parte da sua oligarquia? A quanto ascende o saqueio (as privatizaçons) e as suas mais-valias dos bens públicos (Telefónica, Campsa, Endesa, Argentaria, Banesto, Galerias Prezados, etc...) que agora estám em maos da oligarquia à qual estes dous "chantas" hoje pertencem?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: ? Só 147 corporaçons controlam o mundo ocidental" BASENAME: canta-o-merlo-147-corporacons-mandam-no-mundo DATE: Wed, 31 Oct 2012 15:01:47 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Hegemonia globalizadora

147 corporaçons controlam a economia do mundo ocidental

(IAR Notícias) 25-Outubro-2012

Um estudo da Universidade de Zúrich revelou que um pequeno grupo de 147 grandes corporaçons transnacionais, principalmente financeiras e mineiro-extractivas, na prática controlam a economia global. O estudo foi o primeiro em analisar 43.060 corporaçons transnacionais e desentranhar a teia de aranha da propriedade entre elas, alcançando identificar a 147 companhias que formam umha ?super entidade? que controla 40 por cento da riqueza da economia global.

Por Ernesto Carmona - Mapocho Press (*)

O pequeno grupo está estreitamente interconectado através das juntas directivas corporativas e constitui umha rede de poder que poderia ser vulnerável ao colapso e propensa ao "risco sistémico", segundo diversas opinions. O Projecto Censurado da Universidade Sonoma State de Califórnia desclassificou esta notícia sepulta polos médios e o seu ex director Peter Phillips, professor de sociologia nessa universidade, ex director do Projecto Censurado e actual presidente da Fundaçom Média Freedom /Project Censored, citou-a no seu trabalho "The Global 1%: Exposing the Transnational Ruling Class" (1%: Exposiçom da Classe Dominante Transnacional), assinado com Kimberly Soeiro e publicado em ProjectCensored.org.

Os autores do estudo som Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston, investigadores da Universidade de Zúrich (Suíça), quem publicaram o seu trabalho o 26 de Outubro 2011, baixo o título "A Rede de Controlo Corporativo Global" (The Network of Global Corporate Controlo) na revista científica PlosOne.org.

Na apresentaçom do estudo publicado em PlosOne, os autores escreveram: "A estrutura da rede de controlo das empresas transnacionais afecta à competência do comprado mundial e a estabilidade financeira. Até agora, foram estudadas só pequenas amostras nacionais e nom existia umha metodologia adequada para avaliar o controlo a nível mundial. Apresenta-se a primeira investigaçom da arquitectura da rede de propriedade internacional, junto com o cálculo da funçom mantida por cada jogador global".

"Encontramos que as corporaçons transnacionais formam umha gigantesca estrutura como gravata de laço e que umha grande parte dos fluxos de controlo conduzem a um pequeno núcleo muito unido de instituiçons financeiras".

O diário conservador britânico Daily Mail foi talvez o único do mundo que recolheu esta notícia, o 20 de Outubro 2011, apresentada por Rob Waugh baixo o altissonante manchete "Existe umha "super-corporaçom que dirige a economia global" O estudo clama que poderia ser terrivelmente instável. A investigaçom encontrou que 147 empresas criaram umha "super entidade" dentro o grupo, controlando 40 por cento da riqueza".

Waugh explica que o estudo da Universidade de Zúrich "experimenta" que um pequeno grupo de companhias -principalmente bancos- exerce um poder enorme sobre a economia global. O trabalho foi o primeiro em examinar um total de 43.060 corporaçons transnacionais, a tela de aranha da propriedade entre elas e estabeleceu um "mapa" de 1.318 empresas como coraçom da economia global.

"O estudo encontrou que 147 empresas desenvolveram no seu interior umha "super entidade", controladora de 40 por cento da sua riqueza. Todos possuem parte ou a totalidade de um e outro. A maioria som bancos "os 20 top, incluídos Barclays e Goldman Sachs. Mas a estreita relaçom significa que a rede poderia ser vulnerável ao colapso", escreveu Waugh.

Mapa-mundi da riqueza (ver imagem)

O tamanho dos círculos representa os ingressos. Os círculos vermelhos som "corporaçons super-conectadas" enquanto os amarelos som "corporaçons muito conectadas". As 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia globalizada, mostram as suas conexons de propriedade parcial entre uns e outros, e o tamanho dos círculos corresponde aos ingressos. Através das empresas os seus proprietários controlam a maior parte da economia "real" (Ilustraçom dos autores, PlosOne, 26/10/2012).

"Em efeito, menos de 1% das empresas foi capaz de controlar 40 por cento de toda a rede", dixo-lhe ao Daily Mail James Glattfelder, teórico de sistemas complexos do Instituto Federal Suíço de Zúrich, um do três autores da investigaçom.

Alguns dos supostos que subjacem no estudo foram criticados, como a ideia de que propriedade equivale a controlo. "Contodo, os investigadores suíços nom tenhem nengum interesse pessoal: limitaram-se a aplicar à economia mundial modelos matemáticos utilizados habitualmente para modelar sistemas naturais, usando Orbis 2007, umha base de dados que contém 37 milhons as companhias e investidores", informou Waugh.

Economistas como John Driffil, da Universidade de Londres, perito em macro-economía, dixo à revista New Scientist que o valor do estudo nom consistia em ver quem controla a economia global, mas mostra as estreitas conexons entre as corporaçons mais grandes do mundo. O colapso financeiro de 2008 mostrou que este tipo de redes estreitamente unidas pode ser instável. "Se umha empresa sofre angústia, esta propaga-se", dixo Glattfelder.

A riqueza global do mundo estima-se que ronda os 200 bilions de dólares, ou seja, dous centenas de milhons de milhons. Segundo Peter Phillips e Kimberly Soeiro, 1 por cento mais rico da populaçom do planeta agrupa, aproximadamente, a 40 milhons de adultos. Estas pessoas constituem o segmento mais rico das primeiras bancadas da populaçom dos países mais desenvolvidos e, intermitentemente, noutras regions.

Segundo o livro de David Rothkopf "Super-classe: a Elite de Poder Mundial e o Mundo que Está a Criar", a super elite abrangueria aproximadamente a 0,0001 por cento (1 milionésima) da populaçom do mundo e compreenderia a umhas 6.000 a 7.000 pessoas, ainda que outros assinalam 6.660. Entre esse grupo haveria que buscar aos donos das 147 corporaçons que cita o estudo dos investigadores de Zúrich.

(*)Ernesto Carmona, jornalista e escritor chileno
Fontes e referências:
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, and Stefano Battiston, "The Network of Global Corporate Controlo," Public Library of Science, October 26, 2011, http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.põe.0025995
Rob Waugh, "Dóis One "Super Corporation" Run the Global Economy" Study Claims it Could bê Terrifyingly Unstable," Daily Mail, October 20, 2011, http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2051008/Dóis-super-corporation-run-global-economy.html.
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston, Revista PlosOne, 26 de octure 2011
http://www.mediafreedominternational.org/2012/04/04/small-network-of-corporations-run-the-global-economy/
Peter Phillips e Kimberly Soeiro, "The Global 1%: Exposing the Transnational Ruling Class"

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: ?Os amos do mundo. As armas do terrorismo financeiro" BASENAME: canta-o-merlo-os-amos-do-mundo-as-armas-do-terrorismo-financeiro DATE: Tue, 30 Oct 2012 10:19:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Cousas do dinheiro que vostede quiçá nom sabia
22/10/2012

Pascual Serrano/Mundo Obrero

Sabia vostede que a empresa Exxon-Mobil ganhou 9.907 milhons de euros em dous anos com um só empregado em Espanha e nom tivo que pagar um só euro em impostos? Ou que a empresa Foxconn, que fabrica os cristais endurecidos para as marcas mais conhecidas de smartphones, tivo que pôr redes nas suas indústrias para impedir que os seus empregados, desesperados polas condiçons em que se lhes obriga a trabalhar, tirassem polas janelas.

Conhecia que o valor das acçons do quinze empresas mais grandes do mundo é equivalente ao PIB dos 27 países da Uniom Européia e que o valor dos activos do Banco de Santander (1,6 bilions) é maior que o PIB de Espanha(1,3)? Ou que só nove pessoas controlam um mercado que mobiliza nada menos que 700 bilions de dólares.

Sabia que actualmente os Estados só criam directamente menos de 10% do dinheiro circulante porque o resto criam-no de forma intangível principalmente os bancos, e é por aceder a esse dinheiro virtual polo que as economias europeias estám endividadas e pagam em juros mais que o salário de todos os seus empregado? E que por cada euro que os bancos recebem em depósito eles criam novos meios de pago -é dizer, inventam-se- por valor dentre cinco ou mais dez euros. E esse é o dinheiro que prestam.
No caso da França, leva pagos 1,1 bilions de euros em juros desde 1980 a 1996 para umha dívida que era de 229.000,.-?. É dizer, se esse dinheiro o tivesse financiado o seu banco central em lugar dos bancos privados aforraria-se 914.000 milhons de euros.
Que o Reino ?boubónico?espanhol pagou já três vezes a dívida pública que tinha em 2000 e ainda segue devendo case o dobro. Em toda a Uniom Europeia pagam-se 350.000 milhons de euros à banca privada em interesses.

Sabia que na época de George Bush, entre 2002 e 2006, só 1% dos estadounidenses recebeu 78% da renda que se criou em todo o país?

Sabia que num só edifício do paraíso fiscal das ilhas Caimám estám registadas 18.000 sociedades? E que esses paraísos fiscais utilizam-nos para evitar impostos 83% das grandes corporaçons de Estados Unidos, 99% das europeias e 86% das 35 maiores empresas espanholas que cotam em Bolsa.

Sabia que segundo um estudo de umha das revistas científicas mais acreditadas em saúde morrêrom 4,47 milhons de crianças durante o período 1990-2002 como conseqüência das políticas de austeridade promovidas polo Fundo Monetário Internacional, quase tantos como judeus morreram no holocausto? E que quinze anos depois das políticas privatizadoras nos países que pertenciam à Uniom Soviética, onze deles nom recuperárom a esperança de vida que tinham durante o comunismo.

Pois todo isso pudem descobrir eu com o livro de Vicenç Navarro e Juan Torres López ?Os amos do mundo. As armas do terrorismo financeiro (Espasa)?. Imaginem-se quantas cousas mais se podem saber se o livro tem duzentas páginas e o que eu contei cabe numha.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A dissolução da zona euro e o futuro das divisas de reserva BASENAME: canta-o-merlo-a-dissolucao-da-zona-euro-e-o-futuro-das-divisas-de-reserva DATE: Sun, 28 Oct 2012 19:00:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Jacques Sapir [*]

http://resistir.info

Uma possível dissolução da zona Euro, solução agora defendida por um número cada vez maior de economistas, coloca o problema das divisas de reserva que viriam a ser utilizadas quer pelos Bancos Centrais, quer por agentes privados. O sistema monetário internacional passou duma situação de oligopólio, dominada pelo dólar, a uma situação de quase-duopólio, também ainda dominada pelo dólar, com a introdução do Euro. É esta situação que está em vias de se desmoronar.

A introdução do Euro, em 1999, foi acompanhada inicialmente por uma acentuada subida do dólar nas reservas dos Bancos Centrais e pelo afundamento das "outras divisas". Esse afundamento deve-se essencialmente à queda do yen japonês e de outras divisas europeias que serviam de divisas de reserva (franco suíço, libra esterlina). Foram estas as divisas que mais sofreram com a introdução do Euro.

Quadro 1 ? Proporção das diversas divisas nas reservas de câmbios dos Bancos Centrais (%)

Dólar americano

Euro

Marco alemão

Franco francês

Outras
(incl. libra e yen)
1995 59,0 ? 15,80 2,40 22,50
1996 62,1 ? 14,70 1,80 21,10
1997 65,2 ? 14,50 1,40 18,60
1998 69,3 ? 13,80 1,60 15,00
1999 71,0 17,9 ? ? 10,90
2000 70,5 18,8 ? ? 10,50
2001 70,7 19,8 ? ? 9,10
2002 66,5 24,2 ? ? 8,80
2003 65,8 25,3 ? ? 8,60
2004 66,0 24,9 ? ? 9,00
2005 66,4 24,3 ? ? 9,20
2006 65,7 25,2 ? ? 8,90
2007 64,1 25,8 ? ? 9,80
2008 64,1 26,4 ? ? 9,90
2009 62,1 27,6 ? ? 10,40
2010 61,8 26,0 ? ? 12,10
2011 62,1 25,0 ? ? 12,80
Fonte: FMI, Composição de Divisas das Reservas de Câmbio Estrangeiro Oficial, Washington DC, 2012

A situação criada pela instituição do Euro caracterizou-se portanto pela subida do poder desta última divisa e, ao mesmo tempo, pelo reforço do dólar. Foram as "outras divisas" que sofreram com a criação do Euro. Em 2007, na véspera da crise, a porção do dólar nas reservas dos Bancos Centrais ainda se mantinha em 65,7 %, enquanto era apenas de 59 % em 1995. A criação do Euro conduziu pois à criação de um duopólio assimétrico dólar-euro.

A partir de 2007, na sequência da crise dos " subprimes ", a porção do dólar começou a baixar paulatinamente. Mas essa baixa pouco aproveitou ao Euro, até 2010. Na sequência da "revelação" da crise no seio da zona Euro pelo encadeamento da crise grega, e depois da irlandesa, e depois da portuguesa e, finalmente, da espanhola, o Euro, que tinha atingido uma porção de 27,6 % regrediu para 25 %.

Com efeito, o aspecto mais interessante da evolução actual é que a queda do Euro a partir de 2010 não se faz tanto a favor do dólar, como seria natural esperar e talvez mesmo temer, mas a favor das "outras divisas". Mas, a composição desse grupo alterou-se radicalmente.

Quadro 2 ? Composição do grupo "outras moedas" (%)

Libra esterlina (BP)

Yen japonês (JPY)

Franco suíço (CHF)

Outros
1999 2,9 6,4 0,2 1,6
2000 2,8 6,3 0,3 1,4
2001 2,7 5,2 0,3 1,2
2002 2,9 4,5 0,4 1,4
2003 2,6 4,1 0,2 1,9
2004 3,2 3,8 0,2 1,9
2005 3,6 3,7 0,1 1,9
2006 4,2 3,2 0,2 1,5
2007 4,7 2,9 0,2 1,8
2008 4,0 3,1 0,1 2,2
2009 4,3 2,9 0,1 3,1
2010 3,9 3,7 0,1 4,4
2011 3,9 3,7 0,1 5,1
Fonte: FMI, Composição de Divisas das Reservas de Câmbio Estrangeiro Oficial, Washington DC, 2012

A proporção da libra aumentou de 1999 até 2007, mas depois essa evolução parou e acabou mesmo por diminuir. A proporção do franco suíço manteve-se marginal e foi o yen quem mais enfraqueceu desde a criação do Euro. Pelo contrário, as "outras divisas", grupo que engloba essencialmente divisas da zona Ásia-Pacífico, aumentou muito acentuadamente desde a crise de 2007/2008.

O fenómeno político a que se chama a emergência do grupo dos "BRIC", ou mesmo dos "BRICs" [1] tinha que ter uma tradução no seio das divisas de reserva.

Não é porque a China se recusa a deixar que a sua divisa se torne totalmente convertível, o que impede a sua constituição como divisa de reserva, nem porque o rublo russo, apesar das importantes reservas de câmbio da Rússia, se mantém como possivelmente perigoso. De resto, os esforços do governo russo para promover o rublo como divisa de reserva são frustrados pela fraqueza da dívida pública russa, o que limita os instrumentos de entesouramento em rublos. A evolução faz-se pois, quanto ao essencial, em proveito das "outras divisas" e, dentro delas, das "novas divisas" (dólar australiano, dólar canadiano, dólar de Singapura).

É assim claro que, no caso da dissolução da zona Euro, voltaremos rapidamente a uma situação de oligopólio. O medo na zona do Euro, que se manifesta agora nos operadores públicos [2] , só tem paralelo com o medo na zona do dólar.

Convém pois fazer justiça a certas crenças que rodearam a criação do Euro.

A ? A criação do Euro enfraqueceu a posição do dólar? Isto é obviamente falso, pois que vimos acima que a porção do dólar aumentou fortemente com a criação do Euro. Quando essa porção diminuiu, manteve-se sempre muito superior, até 2007, ao seu valor de 1995.

B ? O enfraquecimento do Euro reverte a favor do dólar e da libra esterlina? Também isso é falso. O Euro enfraquece a partir de 2010, mas esse enfraquecimento é acompanhado por uma estagnação das porções do dólar e da libra.

C ? As mudanças na economia mundial repercutem-se nas divisas? Isso é verdade, mas mesmo assim muito lentamente. Vemos, a partir de 2010, um movimento de contestação do duopolo assimétrico, constituído pelo par dólar-euro, em proveito das "novas divisas", mas também, e isso é importante para os agentes privados, uma nova subida dos metais preciosos como vectores de entesouramento.

D ? O papel do Euro nas transacções comerciais mantém-se importante ? É verdade, por enquanto, mas tendo em conta os movimentos que se observam nas divisas de reservas, podemos pensar que isso traduz uma forma da "Lei de Gresham" [3] , ou seja, que a divisa em que se tem mais confiança é utilizada como reserva de valor, enquanto que a divisa em que se tem menos confiança é utilizada para as transacções.

No caso de uma dissolução da zona Euro, e extrapolando a partir destes resultados, devemos pois esperar um retorno a uma situação de oligopólio no domínio das divisas de reservas. Se a parte do dólar americano poderá, sem dúvida, aumentar a curto prazo (6 a 12 meses), deverá estabilizar num espaço de 24 meses ? no máximo ? no seu nível actual e muito provavelmente voltar ao seu nível de 1995, ou mesmo abaixo, dados os problemas estruturais da economia americana. Quanto ao marco alemão, deverá voltar à sua posição de 1995 e mesmo melhorá-la e representar entre 16% a 18% das reservas. As "outras divisas" poderão atingir cerca de 18% a 20% das reservas de câmbio com uma forte subida das "novas divisas", e poderão representar até 11-13% do total.
[1] O "S" significa República da África do Sul.
[2] LINGLING WEI, ANDREW BROWNE e ALMAR LATOUR, "China CIC Chief Sees Rising Risk of Euro Breakup", The Wall Street Journal, 7/Junho/2012.
[3] Nome do economista britânico que constatou que "a moeda má afasta a boa da circulação".

[*] Economista francês. Ensina na EHESS-Paris e na Faculdade de economia de Moscovo (MSE-MGU). Especialista dos problemas da transição na Rússia, é também um especialista dos problemas financeiros e comerciais internacionais. É autor de numerosos livros, sendo o mais recente La Démondialisation (Paris, Le Seuil, 2011).

O original encontra-se em http://fr.rian.ru/tribune/20120825/195752559.html . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Para uma melhor compreensão da crise do capitalismo BASENAME: canta-o-merlo-saiamos-do DATE: Fri, 26 Oct 2012 18:23:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: Novas TAGS: ----- BODY:

por Manuel Brotas
http://resistir.info/

A dinâmica intrínseca da acumulação capitalista conduz a grandes e recorrentes perturbações e interrupções do crescimento. A crise actual é essencialmente uma crise de sobreacumulação de capital. A razão mais profunda é a tendência para a baixa da taxa geral de lucro. Marx considerou esta a lei mais importante da economia política.

Simplifico, esquematizo, para ir à essência da questão [1] .

Qualquer sociedade, para sobreviver e desenvolver-se, necessita de garantir a produção de uma certa quantidade de bens e serviços. Essa produção ? e mais geralmente o funcionamento do organismo social ? exige que as forças de trabalho disponíveis se distribuam mais ou menos em certas proporções, que vão evoluindo, pelos diversos ramos de actividade económica. No socialismo, essa distribuição é, no fundamental, feita conscientemente, decidida de modo planificado, com o objectivo de satisfazer da melhor maneira possível as necessidades e aspirações da população. No capitalismo, a distribuição é, no fundamental, o resultado espontâneo das decisões independentes das empresas, com o objectivo de obter o maior lucro possível para os seus donos. A lei que, no capitalismo, assegura e regula a necessária distribuição do trabalho social (e dos recursos materiais) pelas várias actividades é a lei do valor.

O trabalhador não é uma bateria, que fornece no máximo tanta energia como aquela com que foi carregada. Em geral, um homem é capaz de trabalhar durante mais tempo do que o tempo que necessita para assegurar a sua sobrevivência. Essa diferença, desde que se tornou historicamente possível, é a origem de todos os sobreprodutos sociais que, quando apropriados privadamente por um grupo humano em detrimento de outros, constituem as sociedades de classe. Em particular, no capitalismo, a diferença entre o valor criado pelo esforço dos trabalhadores e o valor que recebem nos salários de que vivem chama-se mais-valia e é a fonte dos lucros dos capitalistas. A lei que o descreve é a lei da mais-valia.

A concorrência entre os capitalistas das várias esferas de actividade tende, sempre de modo muito turbulento, a uniformizar as rentabilidades entre elas. Quando a taxa de lucro sobe (desce) num ramo, os investimentos aumentam (diminuem), a respectiva oferta de produtos cresce mais (menos) rápido que a procura, os preços diminuem (aumentam) e volta a baixar (subir) a taxa de lucro. Nunca há equilíbrio. Nunca se consegue um nivelamento perfeito entre os vários ramos. Mas as taxas de lucro aproximam-se e oscilam em torno de um nível que permite falar numa taxa geral de lucro, para o conjunto da sociedade.

É através desta competição entre os vários capitais que a mais-valia arrancada aos trabalhadores da produção se reparte pelos capitalistas das várias áreas (incluindo o comércio e a banca), de modo a proporcionar taxas de lucro semelhantes aos novos investimentos em cada uma delas. Não é verdade que o sistema financeiro, ou mesmo os investimentos especulativos, proporcionem em geral taxas de lucro superiores. Isso pode suceder com vários capitais individuais por exemplo durante uma bolha especulativa, mas as bolhas desincham ou rebentam. Durante uma escalada especulativa, activos financeiros podem valorizar-se artificialmente com o disparar da procura e as mudanças de umas mãos para outras ? nesse caso, o que umas possam vir a ganhar com a compra perderam as outras com a venda e o presumível lucro não é mais do que uma transferência de umas para outras. Mas basta que, por algum motivo, como quando a desconfiança se insinua, os actuais proprietários queiram massivamente vender os activos para realizar os pretensos lucros, que logo precipitam a queda dos preços e evidenciam que se tratava tudo, afinal, de ganhos fictícios de capital fictício. Em média, se tomarmos um período suficientemente prolongado, pode mostrar-se que as rentabilidades não são maiores nestes sectores. Doutro modo, com a enorme mobilidade de capitais e facilidade de investir especulativamente, nem se perceberia por que os empresários não abandonariam os seus ramos e desatariam todos a investir na bolsa e noutras especulações.

Mas atenção. A competição capitalista tende a igualizar a taxa de lucro entre os vários ramos, mas a desigualizar a taxa de lucro dentro de cada um. Na produção e venda das mesmas mercadorias ou serviços, grandes capitais, tecnologicamente mais avançados, têm taxas de lucro maiores que pequenos capitais, tecnologicamente mais atrasados. É o movimento destes grandes capitais, mais avançados, que têm a capacidade de incrementar rápida e significativamente a oferta, que homogeneíza aproximadamente as taxas nos vários sectores.

O declínio da taxa geral de lucro

A taxa de lucro é a relação entre o que o capitalista ganha e aquilo que investiu. Tendo percebido que o lucro dos capitalistas não é senão uma forma transformada da mais-valia extorquida aos trabalhadores da produção, Marx mostrou que a taxa geral de lucro era dada pela relação entre a mais-valia globalmente produzida e o capital globalmente investido na produção, que se divide entre o que compra força de trabalho (capital variável) e o que compra equipamentos, matérias-primas, materiais auxiliares (capital constante). Desta forma, a taxa geral de lucro fica formulada em termos de valor [2] .

O desejo de extraírem o máximo benefício da exploração dos seus trabalhadores, leva os capitalistas a procurarem aumentar a produtividade do trabalho com a utilização de melhores equipamentos. A necessidade de defenderem e incrementarem a sua quota de mercado na concorrência com os outros capitalistas, obriga-os a procurar baixar os custos de produção, especialmente através da substituição de trabalhadores por máquinas. Aumenta a maquinaria (e a matéria prima processada) em relação ao número de trabalhadores. Mas com isso tende a diminuir a mais-valia obtida ? que provém exactamente da parte não paga do trabalho dos operários ? relativamente ao capital empregue. Ou seja, a taxa geral de lucro tende a diminuir. Marx considerou a lei do declínio tendencial da taxa geral de lucro como a mais importante da economia política [3] .

O lucro é o objectivo da produção capitalista. Sem lucro, não há produção capitalista. Esse é, aliás, dito de forma simples, o grande erro, ou a grande insuficiência, dos keynesianos, quando explicam a crise com a quebra da procura. Identificando correctamente que as mercadorias não se vendem se não houver interessados com capacidade de adquiri-las, esquecem, além disso e mais profundamente, que, para usar a sua linguagem, a procura só é efectiva se for lucrativa, isto é, se proporcionar lucros ao capitalista que as produziu.

Compreende-se, por conseguinte, a necessidade imperiosa do capitalismo em contrariar o declínio da taxa de lucro. Só o pode fazer aumentando a produção de mais-valia para o mesmo capital ou reduzindo o capital para a mesma produção de mais-valia. Todas as formas concretas de contrariar o declínio se reduzem às maneiras como se asseguram estas condições.

Contratendências

Uma maneira é intensificar a exploração, aumentar a mais-valia extorquida aos trabalhadores, aumentar a parte não paga em relação à parte paga do trabalho (ou seja, aumentar a taxa de mais-valia ). Pode-se mostrar facilmente que, embora isso contribua para enfraquecer e possa deter o declínio da taxa de lucro, esta tendência acaba sempre por se impor. Porque, sendo a mais-valia necessariamente inferior ao valor novo criado (de que é uma parte) e sendo o capital investido necessariamente superior à sua parte constante, a taxa de lucro há-de ser sempre menor que a relação entre o novo valor criado (o trabalho vivo) e a parte constante do capital investido (o trabalho morto); mas é exactamente esta relação que, como se viu atrás, a produção e a competição capitalista obrigam a diminuir, com o aumento da maquinaria por trabalhador e a substituição de trabalhadores por máquinas (o trabalho vivo por trabalho morto) [4] .

Outra maneira de procurar deter o declínio é aumentar a rotação do capital, que permite reduzir o capital destacado inicialmente para assegurar o pagamento da força de trabalho, das matérias-primas e dos materiais auxiliares ao longo da produção. Por exemplo, em igual período de tempo, com duas rotações em vez de uma, a mesma mais-valia é produzida com metade do capital variável, com menor investimento. Mas é evidente que esta aceleração da rotação do capital tem limites bem estreitos e, por conseguinte, a tendência para o declínio acaba sempre por triunfar.

Outra maneira ainda é a desvalorização do capital constante (mais geralmente, a depreciação do capital constante). O aumento da produtividade, com a mecanização, diminui a quantidade de trabalho necessária para produzir as mercadorias (o seu valor). Mas então o aumento dos meios de produção pode eventualmente ser mais do que compensado pela diminuição do seu valor, o que aumenta a taxa de lucro. Pode-se no entanto mostrar, o que não se fará aqui, que se não houver no longo prazo um enviesamento significativo do crescimento da produtividade entre o sector que produz os meios de produção e o sector que produz os meios de vida dos trabalhadores ? o que tem sido comprovado estatisticamente e é compreensível, visto que o estímulo desse crescimento, a pressão para os lucros e a competição entre os capitalistas, não é dissemelhante nos dois sectores ?, então diminuem os custos com capital variável e aumentam os custos com capital fixo (máquinas, equipamentos, instalações) por unidade de produto e a taxa de lucro desce.

A queda da taxa geral de lucro não é progressiva. Manifesta-se, com imensas irregularidades, sob a forma de uma tendência, que é contrariada de várias formas, que pode até durante certo tempo ser invertida, mas que vence no final.

Numa análise mais fina, o empresário capitalista está interessado em conseguir um lucro maior do que obteria se pusesse o dinheiro a render juros, de contrário não faz o investimento (Marx chamou a essa diferença o lucro da empresa ). A diminuição das taxas de juro pode permitir, então, até para uma taxa geral de lucro declinante, a conservação do lucro das empresas não financeiras (a diferença que Marx falava). Mas não para sempre, porque aquela diminuição está limitada pelo zero. A taxa de lucro das empresas tem que acabar por diminuir.

Com a queda da taxa de lucro, grandes massas de capitais ficam desocupados, adormecidos, simplesmente a capitalizar juros, o que fornece desde logo uma enorme base para os investimentos especulativos. Muitos outros, sem rentabilidades suficientemente atractivas no investimento produtivo, tentam as aventuras especulativas. Mas já vimos que, ao longo do tempo, em média, não se saem melhor. E compreendemos que os seus lucros, quando são reais, representam um punção ainda mais intensa da mais-valia produzida no sector produtivo, que aliás prejudica o reinvestimento e a produção de nova mais-valia. A especulação financeira não inverte, não detém, nem sequer enfraquece o declínio da taxa geral de lucro. Isto é, não contraria esse declínio. Se faz alguma coisa, é agravá-lo. Pode aproveitar a capitalistas individuais, mas prejudica o conjunto do sistema. Não é desta forma que o capitalismo procura, e menos ainda consegue, deter a taxa geral de lucro. Fá-lo fundamentalmente pela intensificação da exploração do trabalho e pela desvalorização do capital (que é uma forma da sua destruição). Em última instância, só a crise, com a sua aniquilação massiva de capitais e o reforço brutal da exploração, restaura a rentabilidade suficiente para que o capitalismo possa funcionar e prosseguir. A eliminação de capitais mais fracos e menos lucrativos aumenta a concentração e centralização nos mais fortes.

A concentração monopolista do capital não eliminou a competição capitalista. Muito pelo contrário, intensificou-a, exacerbou-a, dando-lhe uma expressão agravada à escala mundial. As contradições imperialistas por mercados, mão-de-obra barata, recursos naturais, esferas de investimento, domínio geo-estratégico, engendram o militarismo e a guerra. Mas nem as despesas militares, ainda que colossais, adquirem uma dimensão suficiente no PIB das sociedades contemporâneas para tirá-las da depressão económica, nem as guerras se fazem propriamente para acabar com as depressões [5] (estas é que acirram as contradições e podem originar guerras horrorosas). Quem tem o papel de destruir capital, de revigorar a taxa de lucro e retomar o crescimento é a crise, com o seu efeito simultaneamente devastador (para os trabalhadores) e saneador (para o capitalismo).

A sobreacumulação de capital

A massa de lucros no conjunto da sociedade é dada pelo produto do capital social pela taxa média de lucro. Por um lado, parte daqueles lucros são reinvestidos, aumentam o capital total (chama-se a isto acumulação de capital) e, dessa forma, contribuem para aumentar ainda mais a massa de lucros. Por outro lado, a taxa de lucro declinante contribui para diminuir essa massa de lucros. Os dois factores opõem-se, mas, durante certo tempo, o primeiro prevalece, embora cada vez menos, à medida que a taxa de lucro declina, porque, quando a rentabilidade diminui, os investimentos diminuem também. Se a taxa de lucro continua a cair, chega-se a um ponto em que os lucros adicionais resultantes da acumulação (desacelerada) de capital já não compensam as reduções resultantes da menor taxa de lucro. O capital total pode aumentar mas não origina mais lucro. Se alguns novos capitais dão lucros, muitos outros dos antigos passam a dar prejuízos, porque a soma de todos os lucros daí em diante reduz-se. É o ponto da sobreacumulação de capital. É nesta altura que se desencadeiam as grandes depressões económicas, como a que estamos a viver (e que importa não confundir com as oscilações típicas do ciclo de negócios capitalista, reconhecíveis por exemplo nas variações da utilização da capacidade instalada e que originam perturbações mais frequentes mas muito menos devastadoras do crescimento económico). É a irrupção violenta de uma gigantesca e demorada crise, com o seu enorme cortejo de falências, de quebra acentuada e prolongada dos rendimentos e do investimento, com o aumento vertiginoso e persistente do desemprego e da pobreza. A sobreacumulação de capital exprime-se, desde logo, numa enorme sobreprodução de mercadorias, que se amontoam, invendáveis, a par de massas necessitadas, e mesmo esfomeadas, lançadas na miséria pelo desemprego, pela destruição dos seus trabalhos, pelos despedimentos, pelos salários em atraso, pelas reduções dos ordenados e das reformas, pelo reforço da precariedade, pelo corte de subsídios e apoios sociais, pelo desmantelamento e encarecimento de serviços públicos, pelo aumento da desprotecção social. É a crise de sobreprodução ou, dito com mais profundidade, a crise de sobreacumulação de capital, originada pelo declínio da taxa geral de lucro.

A presente crise tem, no entanto, características inéditas. A necessidade do capitalismo retomar a acumulação colide com a saturação e o declínio próximo da sua principal fonte energética (pico petrolífero), cuja oferta, devido a constrangimentos físicos, deixou de poder acompanhar a procura (o que é disfarçado pela quebra desta durante a crise). Colide também com a progressiva escassez de outras matérias-primas naturais, cuja produção é insuficiente para as necessidades do crescimento. Pode-se observar, com pertinência, que a crise actual é uma crise de sobreprodução ensarilhada com uma crise de subprodução.

O capitalismo não oferece o socialismo

A crise é profunda, demorada (nunca menos de uma década a contar do início) e deixará muitas sequelas. Mas não é eterna e passará. Provavelmente com grandes mudanças na organização económica, social e institucional da sociedade. Não necessariamente num sentido favorável aos trabalhadores. A impossibilidade de continuar como dantes fornece a consciência aguda da necessidade e da premência das grandes mudanças.

Quando as contradições de classe se desenvolvem e agudizam podem reunir-se, no chavão bem intencionado de tantos camaradas, ?as condições objectivas e subjectivas? da revolução. Melhor diria o Lénine: chegar o momento em que os de cima já não podem manter a dominação (condições objectivas) e os de baixo já não querem aceitar a dominação (condições subjectivas). Uma coisa, no entanto, é certa. A alternativa é o socialismo, mas este não resultará espontaneamente do capitalismo (por exemplo, da descida mecânica, ainda que muito irregular, da taxa geral de lucro). Só a intervenção organizada e consciente dos trabalhadores e das massas populares pode transformar as possibilidades em aberto na realidade por que lutam os comunistas e a que aspiram os povos.
Notas de rodapé:

[1] Texto publicado no Avante!, órgão oficial do PCP, a 11 de Outubro de 2012. A limitação do espaço levou a simplificações. Nomeadamente, não se atende à diferença entre taxa geral de lucro, resultado do nivelamento, e taxa média de lucro. Nem se desenvolveu a articulação do declínio da lucratividade e da sobreacumulação com os problemas da realização da mais-valia.

[2] A sua tradução para o sistema de preços, como é observada empiricamente, não é imediata, mas basta aqui dizer que está estreitamente ligada e evolui da mesma maneira (é o chamado problema da transformação, dos valores em preços e da mais-valia em lucro).

[3] Nos Grundrisse der Kritik der Politischen Ökonomie, Caderno VII. Esta lei complementa e desenvolve, requerendo-as, a lei do valor e a lei da mais-valia, acima mencionadas, insuficientes por si só para demonstrar que o capitalismo não tem solução (a grande tese do Capital ).

[4] Uma conta elementar pode ajudar a compreender. Taxa lucro = mv / K = mv / ( c + v ), com K capital investido, mv mais-valia, c capital constante, v capital variável. Dado que mv < l , com l valor novo criado, e c < K , então Taxa lucro < l / c . Como a competição capitalista obriga esta fracção a diminuir, a mesma tendência acaba por impor-se à taxa de lucro, qualquer que seja a taxa de mais-valia.

[5] As guerras podem estimular a produção e o emprego, nomeadamente à custa de gigantescos défices orçamentais, mas o aumento da lucratividade é geralmente conjuntural. É pertinente recordar que a recuperação dos Estados Unidos da grande depressão económica do começo da década de 30 começou nove anos antes da sua entrada na guerra mundial.

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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Saiamos do euro para ceivar das amaralhas da miséria às classes trabalhadoras. BASENAME: canta-o-merlo-saiamos-do-euro-para-ceivar-das-amaralhas-da-miseria-as-classes-trabalhadoras DATE: Fri, 26 Oct 2012 18:04:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

"Saiamos do euro para conduzir verdadeiras políticas de esquerda"
por Jacques Nikonoff [*]

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Os países que quiserem acabar com a hiper-austeridade e efectuar verdadeiras políticas de esquerda não têm outra opção senão mobilizar os cidadãos para sair do euro.

1. A zona euro não foi e nunca será uma "zona monetária óptima".

Cinco critérios sobre os quais concordam os economistas são necessários. Nenhum deles foi reunido na criação do euro e nem dez anos depois: acordo político (ampla convergência sobre as prioridades da política macroeconómica); estruturas económicas suficientemente próximas; diversificação da produção; mobilidade geográfica dos factores de produção; orçamento central importante e mecanismos de redistribuição.

2. O euro não cumpriu nenhuma das promessas feitas pelos seus defensores e nem as cumprirá mais no futuro.

Inflação e taxa de câmbio euro/dólar instável. O euro "forte" divide a Alemanha (que nele tem interesse) e os outros países (que procuram fazê-lo baixar). Não o conseguindo, eles esmagam os salários e o emprego, deslocalizam, transformam o euro em cilindro compressor da protecção social para serem "competitivos". Uma política monetária única é aplicada a situação nacionais diferentes. As taxas de juro vão do simples ao quíntuplo conforme os países. "Couraça" de papelão, o euro atrai a especulação pois está empenhado numa corrida desenfreada pela atracção de capitais. A união monetária devia desembocar na união política; na realidade verificou-se o inverso, por toda a parte as forças nacionalistas, xenófobas, racistas, de extrema-direita avançam na União Europeia (UE).

3. O euro confirma todas as taras que haviam sido denunciadas por aqueles que haviam defendido o "não" de esquerda à moeda única aquando do referendo sobre o tratado de Maastricht em 1992.

O euro não tinha uma vocação monetária, ele era um pretexto para forçar os Estados e constrangê-los a empenharem-se numa via federalista. Ele devia ser a peça central da "ditadura" dos mercados financeiros e da instauração de uma ordem monetária neoliberal. Com o Banco Central Europeu (BCE) escapando a todo controle democrático, o euro foi concebido como vector da aceleração da circulação do capital ao serviço exclusivo dos interesses das classe dirigentes.

As más "soluções".

Alguns querem um novo tratado para que, nomeadamente, o BCE compre directamente obrigações dos Estado. Isto não é crível, pelo menos num prazo breve. Pois para mudar os tratados é preciso obter o acordo dos vinte e sete. Como acreditar que estes países, dirigidos pela direita ou pela "esquerda" social-liberal, se transmutem brutalmente para conduzir uma política de esquerda à escala europeia quando conduzem políticas muito à direita nos seus respectivos países?

Não deixar a batalha pela saída do euro nas mãos da extrema-direita e dos gaullistas de direita.

A esquerda deve combater claramente e frontalmente a UE que faz parte dos pilares da ordem neoliberal mundial, da mesma forma como combate a NATO, o Banco Mundial, o FMI, a OMC e a OCDE. A saída do euro é uma reivindicação de esquerda que permite sair da ordem monetária neoliberal e repolitizar a política monetária. Ela é a sequência lógica dos combates de 1992 e 2005.

Se bem que a saída do euro seja a condição necessária para políticas de esquerda, ela não é suficiente.

Será preciso:

Anunciar o incumprimento de pagamentos e reestruturar a dívida.
Desvalorizar.
Financiar uma parte da dívida política pela política monetária.
Nacionalizar os bancos e as companhias de seguros.
Desmantelar os mercados financeiros especulativos, fechar os mercados obrigacionistas, organizar o enfraquecimento da bolsa.
Controlar os câmbios e os movimentos de capitais.
Lançar uma nova polícia económica fundada sobre o direito oponível ao emprego, medidas proteccionistas no quadro universalista da Carta de Havana, uma mutação ecológica do modo de produção.
Actuar para uma moeda comum.
Desobedecer à UE.

Um país que aplicasse este programa suscitaria o entusiasmo e um poderoso efeito de treino.

[*] Porta-voz do Movimento Político de Educação Popular (MPEP) e ex-presidente do Attac. Antigo adido financeiro em Nova York. Autor de "Sortons de l'euro, vite !", ed. Mille-et-une-nuits (princípio de Março 2011), ISBN 978-2-7555-0601-3.

O original encontra-se em reveilcommuniste.over-blog.fr/...

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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As medidas de Rajoy: O rei celebra-as enquanto o povo se suicida polas mesmas-À hora do brinde um homem aforcáva-se antes de ser desalojado BASENAME: canta-o-merlo-as-medidas-de-rajoy-o-rei-celebra-as-enquanto-o-povo-se-suicida-polas-mesmas-a-hora-do-brinde-um-homem-aforcava-se-antes-de-ser-desalojado DATE: Thu, 25 Oct 2012 15:23:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As medidas de Rajoy: O rei celebra-as enquanto o povo se suicida polas mesmas.
À hora do brinde um homem aforcáva-se antes de ser desalojado

Por: Agências- Público.es- Aporrea.org

O rei aproveitou a sua viagem a Bombai para apoiar publicamente as políticas de austeridade que está a impulsionar o executivo de Mariano Rajoy em Espanha. Rodeado de grandes empresários espanhóis e indianos reunidos na capital da India, Juan Carlos manifestou que as "sérias medidas de política económica já começárom a dar os seus frutos melhorando a produtividade e competitividade", assim como a tendência das exportaçons de bens e serviços, que este ano terám um "superavit significativo".

Um dos frutos é o suicídio dos pobres.

Enquanto o rei celebrava o brinde o cadáver de um homem de 53 anos foi achado hoje num pátio interior de um imóvel de Granada umha hora antes de que fosse desalojado da sua vivenda, pola que formalizara umha hipoteca em 2007 de 240.000 euros, segundo fontes da Polícia Nacional.

Estas fontes informárom que a Polícia foi alertada sobre as 9 de horas desta manhá do achado do falecido, aforcado. Umha hora depois, as dotaçons policiais que já estavam no lugar dos feitos encontraram-se com agentes da Unidade de Prevençom e Reacçom (UPR), também do Corpo Nacional de Polícia, que se deslocaram ao domicílio do falecido para executar umha ordem de desafiuzamento (desalojo).

A Polícia Nacional, comprovou que a pessoa que se suicidou era a mesma à que iam a desalojar esta manhá da sua habitaçom em cumprimento de umha ordem judicial.

O rei nem se deu conta. Aproveitava de perguntar por alguns elefantes...

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Predadores financeiros contra o trabalho, a indústria e a democracia? A crise da dívida soberana na Europa em perspectiva histórica BASENAME: canta-o-merlo-predadores-financeiros-contra-o-trabalho-a-industria-e-a-democracia-a-crise-da-divida-soberana-na-europa-em-perspectiva-historica DATE: Wed, 24 Oct 2012 18:30:55 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Michael Hudson [*]

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O euro invalidado desde o início, financeira e fiscalmente
Sob as presentes condições, o colapso da Eurozona é inevitável
O encargo das poupanças é o problema, porque é sinónimo de encargo de dívida
Como a inflação do preço de activos leva à deflação da dívida
Atar as mãos do governo privando-o de um banco central para criar dinheiro
Por que os ganhos de produtividade dos últimos 50 anos não nos tornaram todos ricos?
Os banqueiros são os novos planeadores centrais ? e o seu plano é pela austeridade
Um recomeço: Pensar acerca do impensável
Um realinhamento político europeu?
O desafio neoliberal
Capitalismo financeiro versus capitalismo industrial
A tradição de banca central da Europa comparada com a da banca mercantil anglo-americana

Falta à Eurozona um banco central para fazer o que se supõe que faça a maior parte dos bancos centrais: financiar défices do governo. Para tornar as coisas pior, o Acordo de Lisboa limita estes défices a 3% ? demasiado pouco para retirar economias da depressão compensando a deflação da dívida do sector privado.

Mesmo se os bancos centrais pudessem monetizar níveis mais altos de gastos deficitários, há boas razões não para subsidiar sistemas fiscais injustos e cortes fiscais sobre o imobiliário e inesperados ?almoços grátis? financeiros que os economistas clássicos instavam a que fosse a base fiscal. Sob uma política fiscal clássica, a Europa não teria tido uma bolha do preço da terra em primeiro plano. A renda económica do "almoço grátis" ter-se-ia tornado a base fiscal, não capitalizada em empréstimos bancários a serem pagos como juros. Os orçamentos governamentais teriam sido financiados de um modo que manteria baixos os preços da propriedade.

Mas os lobistas bancários impediram a Eurozona de criar um verdadeiro banco central para financiar os défices dos orçamentos públicos. Eles também viraram do avesso a política fiscal clássica ao desonerar fiscalmente o imobiliário e as finanças enquanto colocavam o fardo sobre o trabalho, os lucros corporativos e os consumidores através do imposto sobre as transacções (IVA). Estas políticas gémeas, financeiras e fiscais, fortaleceram os sectores errados e tornaram a actual crise de dívida soberana inevitável, transformando-a numa crise económica e política geral.

Tendo criado esta crise, os interesses rentistas procuram agora utilizá-la como uma oportunidade para desmantelar os gastos sociais (social welfare spending), romper o poder dos sindicatos de trabalhadores e transferir as suas perdas para o sector público. A privatização dos lucros e a "socialização" das perdas ameaçam mergulhar a Eurozona na austeridade e contracção económica ? a menos que a má dívida e os maus empréstimos sejam parcialmente reduzidos ou totalmente cancelados.

Dívidas que não podem ser pagas, não o serão. A questão é se o seu não pagamento assumirá a forma de reduções parciais (writedowns) para o nível em que possam ser pagos ou se a Europa será sujeita a uma onda de execuções, privatizações e cortes na despesa pública em infraestruturas e programas sociais. Na discussão de alternativas, pode ser uma ajuda recordar que o Milagre Económico da Alemanha teve por base a Reforma Monetária Aliada de 1947, a qual foi um cancelamento de dívida de extremo alcance. Um cancelamento de dívida semelhante é necessário para permitir à Europa que recomece com uma posição limpa (Clean Slate, Schuldenstreichung) e um sistema financeiro e fiscal mais sadio. Esta necessidade tornou-se agora urgente.

Tal reforma financeira precisa ser acompanhada por uma reforma fiscal para arrecadar renda da terra, renda de recursos naturais e restabelecer os monopólios da infraestrutura básica no sector público ao invés de deixá-los como um ganho inesperado ou "gratuito" a ser capitalizado numa nova onda de empréstimos bancários.

Quero começar por dizer quão chocado fiquei uns poucos anos atrás ao descobrir que os alemães estão a receber propaganda de uma história travestida quanto à hiper-inflação de Weimar na década de 1920. Quando estudei ? e depois ensinei ? teoria económica na década de 1960, o problema era entendido claramente. Os estudantes aprendiam como a Alemanha estava sobrecarregada com reparações da I Guerra Mundial muito além da sua capacidade de pagar. Já em 1919, John Maynard Keynes, em Economic Consequences of the Peace, advertia que estabelecer estas reparações em níveis tão altos provocaria um colapso dos pagamentos internacionais. Durante a década de 1920 ele definiu os limites de quanta dívida externa ou outras "transferências de capital" podiam ser pagas ao estrangeiro.

Seguido por alguns economistas como Harold Moulton e Allyn Young nos Estados Unidos, a análise "estrutural" da balança de pagamentos elaborada por Keynes foi ensinada a uma geração de estudantes e analistas de crédito. Tornou-se conhecimento corrente que o que governos podem tributar em moeda nacional não estava necessariamente disponível para ser pago em divisas estrangeiras. A Alemanha só podia pagar dólares ou ouro exportando mais ? ou pela venda de propriedade, ou tomando de empréstimo divisas fortes. O que levou ao colapso sua taxa de câmbio e inflacionou os seus preços foi a tentiva desesperada de pagar dívida externa, não imprimindo dinheiro para gastos internos. Percebo que os alemães estejam traumatizados pela inflação. Mas, ao invés de serem arrastados pelas emoções, agora é tempo de darem um passo atrás e reconhecerem as razões reais que provocaram o trauma.

Keynes e os seus colegas não conseguiram os convencer governos a rejeitar os argumentos de Jacques Rueff em França, Bertil Ohlin nos Estados Unidos e outros economistas orientados para os credores que afirmavam não haver limites para a quantidade de dinheiro que podia ser extorquido simplesmente através da imposição de austeridade financeira e fiscal. As suas visões tacanhas receberam um apoio poderoso dos interesses dos credores, apoiados por uma diplomacia americana nacionalista. A sua lógica de vingança não constituiu um guia responsável para a política. Mas isto sobreviveu em pouco emotivos mas igualmente frios, na forma calculada de programas de austeridade racionalizados pelo Fundo Monetário Internacional, impostos à América Latina e outros devedores do Terceiro Mundo desde a década de 1960.

O que é notável é que a consciência do lado empiricamente válido do debate alemão das reparações alemãs da década de 1920 desapareceu da discussão de hoje. Os perdedores naquele debate ? os advogados da austeridade ? inundaram os media populares, os governos e mesmo as universidades com aquilo a que os psicólogos chamam uma memória implantada: uma condição na qual o paciente é convencido de que sofreu um trauma que parece real, mas que na realidade não existe. Ao povo alemão foi dada uma falsa memória da sua traumática hiper-inflação. O fingimento é que esta resultou do financiamento pelo Reichsbank da despesa doméstica. A verdadeira explicação deve ser encontrada no colapso das divisas externas ? ao tentar pagar dívidas externas muito para além da sua capacidade.

Toda a hiper-inflação na história foi provocada pelo serviço da dívida externa que provocou o colapso da taxa de câmbio. O problema quase sempre resultou de tensões na divisa externa geradas em tempo da guerra, não na despesa doméstica. A dinâmica da hiper-inflação investigada em clássicos como The Reichsbank and Economic Germany (1931), de Salomon Flink, foi confirmada por estudos da inflação chilena e de outras inflações do Terceiro Mundo. Primeiro a taxa de câmbio afunda quando as economias pagam gastos militares externos durante a guerra e depois ? no caso da Alemanha ? com as reparações depois de a guerra terminar. Estes pagamentos levam à queda da taxa de câmbio, aumentando o preço em moeda doméstica das importações com preços em divisas fortes Esta ascensão de preços para bens importados cria um preço protector para os preços internos fazerem o mesmo. Mais dinheiro doméstico é necessário para financiar a actividade económica com um nível de preço mais elevado. Esta experiência alemã proporciona o exemplo clássico.

Em 1919 os Aliados impuseram à Alemanha elevadas reparações impagáveis ? em grande parte para pagar as dívidas Inter-Aliadas de armas que o governo dos EUA insistia em cobrar da Grã-Bretanha e da França por fornecimento de armas antes de os Estados Unidos entrarem na guerra. Tais dívidas tradicionalmente eram dadas como esquecidas entre os aliados depois de alcançada a vitória. Mas o governo dos EUA recusou-se a fazer isso, de modo que os clientes do tempo da guerra viraram-se para a Alemanha a fim de pagá-las.

A sua responsabilidade era ilimitada à luz do Tratado de Versalhes. Para começar, a Alemanha foi despojada das suas reservas de carvão, siderurgias e outros activos valiosos. Isto deixava pouca alternativa para o Reichsbank criar marcos alemães para lançar nos mercados de divisas a fim de obter divisas externas para pagar as reparações. Isto fez elevar o preço das importações e, portanto, o nível de preços interno. Era preciso mais dinheiro para transaccionar compras e vendas com um nível de preços mais alto. Assim, a linha causal foi da balança de pagamentos e depreciação da moeda para o aumento dos preços das importações. Bens importados caros fizeram também elevar os preços internos. Foi isto que criou a necessidade de uma oferta monetária mais alta, não foi o dinheiro doméstico que forçou preços mais altos. [1]

O marco alemão foi estabilizado e as reparações da Alemanha foram pagas tomando empréstimos no exterior, não pela tributação do rendimento interno. As suas cidades tomavam empréstimos em dólares em Nova York e o Reichsbank convertia-nos em moeda nacional (cujo gasto não causava inflação nos preços domésticos). O Reichsbank pagava estes dólares aos Aliados ? estes faziam-nos circular e pagavam ao governo dos EUA pelas suas dívidas de armas numa circulação triangular.

A Reserva Federal inundou Wall Street com bastante crédito a fim de manter as taxas de juro baixas o suficiente para encorajar a concessão de empréstimos externos a obter taxas de juro mais altas no exterior. Isto parecia fazer o sistema funcionar ? pelo financiamento de serviço da dívida com novos empréstimos. Os economistas chamam a isto esquema Ponzi (Schneeballsystem). Aquilo que promete ser o "milagre do juro composto" não pode perdurar muito sem auto-destruição. As baixas taxas dos EUA que tornavam os empréstimo ao estrangeiro lucrativos alimentaram uma bolha interna do mercado imobiliário e de títulos que em 1929 entrou em crash.

Pode parecer estranho para um americano como eu ser convidado para vir à Alemanha falar-vos acerca da vossa própria história. Mas isto é o que acontece quando os lobistas da banca exploram habilmente um trauma colectivo para despojarem um país do conhecimento da sua história e substituí-la com um travestido da realidade. Esta distorção da história é uma pré condição para propagar a ideologia orientada para o credor, advogada pela Comissão da UE, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Esta "troika", capturada e enjaulada pela ideologia neoliberal, está a utilizar uma visão histórica falsa para mergulhar a Europa na austeridade e pobreza desnecessárias.

A decisão mais imediata foi fazer à Grécia o que o Tratado de Versalhes fez à Alemanha: impor o serviço da dívida externa muito para além da sua capacidade de pagar. Politicamente, isto exige a suspenção da democracia e a aceitação da possibilidade de a Grécia deslizar outra vez para a ditadura militar, pela insistência de que às populações não seja uma oportunidade de aprovação do compromisso do governo em pagar. O verdadeiro golpe de estado é culminado pela substituição de governos eleitos na Grécia e na Itália por "tecnocratas", o termo europeu para aquilo a que nós americanos chamamos lobistas de bancos de investimentos ou seus serventes (factotums).

Quando temos ideologia económica errada promovida ano após ano como uma ladainha, há sempre um interesse especial a actuar. Hoje, o mais poderoso interesse especial é o sector financeiro. Ele procura extrair ganhos mesmo ao custo de impor a austeridade e a bancarrota final a economias nacionais inteiras. O lobing pró credor ganhou suficiente subsídio e poder para despojar do curriculum académico a história do pensamento económico, ao ponto de suprimir a memória de debates monetários que remontam a dois séculos. A insistência monetarista actual sustentando que dívidas externas podem ser pagas sem limites está, por exemplo, enraizada na lógica Bulionista de David Ricardo apresentada na década de 1820. Ela foi controvertida pelos anti-Bulionistas, contudo universidades ainda ensinam pontos cegos da Escola de Chicago de Milton Friedman, e bancos centrais por todo o mundo impõem seus erros de omissão e comissão.

Esta censura da história intelectual passada não é ciência, nem tem base empírica. É ideologia que reflecte o auto-interesse selvagem dos credores. Mas a sua racionalização nas restrições da Eurozona contra bancos centrais financiarem despesa pública é utilizada para lavar o cérebro de economistas profissionais e colocar os banqueiros centrais submissos aos banqueiros de investimento. Há mesmo uma ideologia de que orçamentos governamentais deveriam ser equilibrados em vez de proporcionarem à economia dinheiro e poder de compra para crescer. A conclusão política revela a motivação porque este erro tem sido popularizado com tanto êxito: Se bancos centrais não proporcionarem dinheiro à economia (na forma de dinheiro-dívida que ninguém realmente espera que seja pago ao logo do tempo, ao contrário do crédito bancário comercial), então isto deixa os bancos do sector privado como a única fonte de moeda e crédito ? e cobrança de juros. O seu objectivo é manterem para si próprios o monopólio da criação de moeda que governos poderiam fazer muito bem por si próprios nos seus próprios teclados de computador.

Os bancos demonstraram ser irresponsáveis ao financiar a forma característica de inflação dos preços do mundo de hoje: uma bolha financeira alimentada pelo crédito em condições mais fáceis e mais folgadas para a compra de imobiliário, acções e obrigações, para comprar empresas inteiras. Dificilmente se poderia esperar que governos alimentassem a inflação de preços de activos. O seu interesse é tributar os "almoços grátis" inesperados proporcionados pela ascensão do valor da terra e dos recursos naturais, e providenciar serviços básicos de infraestrutura a preços subsidiados ou gratuitos, assim como oferecem estradas sem encargos de acesso ou portagem. Os bancos procuraram fazer com que os devedores hipotecários e os atacantes (raiders) de empresas pudessem pagar os seus juros através de reduções de impostos, deixando mais renda da terra e rendimento corporativo "liberto" para ser pago a banqueiros e possuidores de títulos em vez do colector de impostos.

O resultado é elevar preços de duas formas. A primeira delas, "renda é para pagar juros", e assim o fluxo de caixa corporativo no mundo de hoje das compras alavancadas por dívida (debt-leveraged buyouts), compras por fundos de risco (hedge funds takeovers), fusões e aquisições. Tudo o que o colector de impostos renuncia fica ?livre? para ser capitalizado em empréstimos bancários, elevando o preço dos activos. Isto eleva preços da habitação, das fábricas e outros meios de produção. As economias polarizam-se entre credores no topo de uma pirâmide cada vez mais íngreme e devedores na base a afundarem na servidão da dívida (debt peonage). A classe média desaparece.

Os cortes fiscais sobre a renda da terra, os recursos naturais e os escalões com mais altos rendimentos forçam governos a transferir o fardo fiscal para o trabalho, a indústria e os consumidores. Isto eleva o ponto de equilíbrio entre o custo de viver e o de empregar trabalho. Isto põe fora dos mercados mundiais economias tributadas regressivamente e com preços infestados pela dívida.. O efeito deve ser a contracção económica ? a menos que todo o mundo adira a esta corrida para o fundo.

O mito de que a hiper-inflação da Alemanha na década de 1920 foi provocado pelo Reichsbank a utilizar a impressora de papel-moeda para financiar o défice do orçamento público alemão sobreviveu para justificar o Tratado de Lisboa a impedir o Banco Central Europeu de criar moeda para emprestar a governos. Os bancos levaram uma geração inteira a plantar esta história falsa para forçar governos a tomarem empréstimos em condições comerciais, com juros, presumivelmente livres de risco. O BCE foi sequestrado para servir a banca comercial, não o interesse público. Os bancos querem forçar os governos a contraírem empréstimos comercialmente, a juros, presumivelmente em condições livres de risco. O objectivo é monopolizar a criação de dinheiro que governos puderiam criar simplesmente a teclar nos seus próprios computadores.

Já no século XVIII, economistas britânicos tais como Sir James Steuart, Rev. Josiah Tucker e mesmo David Hume reconheceram que moeda adicional e despesa normal (desde que o desemprego existisse) ajudavam mais a aumentar a produção do que os preços. O corolário é que a deflação monetária em condições de desemprego tende a restringir a produção mais do que as importações ? sem falar na transferência da propriedade dos credores via execuções. Assim, a moeda é muito mais do que um "véu". Ela é dívida, não meramente um conjunto de "guichets". A austeridade desencoraja novo investimento de capital, levando a mais profunda dependência de importações, piorando a balança de pagamentos bem como o défice orçamental.

Ao privar a economia dos fundos para aumentar o emprego e a produção ? enquanto apoia bancos que passaram a geração passada a inflacionar preços imobiliários e a bolha financeira ? a política do BCE promoveu a inflação de preços de activos para a habitação, o custo de vida e portanto os custos do emprego. Isto dificilmente constitui uma recomendação para o deixar com o poder do planeamento central que ele procura para impor austeridade para extorquir pagamentos de dívida pela sua anterior política de crédito irresponsável.

Alguma coisa tem de ceder. Se as dívidas não forem reduzidas ? e, de facto, canceladas ? então as economias terão de utilizar o seu excedente para pagar aos credores do passado e seus herdeiros, em vez de o investir no crescimento económico e na elevação dos padrões de vida. O plano financeiro é desmantelar gastos sociais e o investimento em infraestruturas governamentais, privatizando isto ? a crédito, embutindo os pesados encargos do serviço de dívida nos preços dos serviços públicos até agora proporcionados a taxas subsidiadas ou gratuitamente, pagos por uma combinação de tributação progressiva do rendimento e da riqueza e pela criação de dinheiro novo pelo governo. O efeito será aumentar estrutura nacional de preços, enquanto torna se tornam credores e privatizadores ricos mesmo quando a economia geral se afunda.

Um golpe de estado (coup d'état) político e ideológico está a substituir a democracia pela oligarquia financeira, transferindo poder do governo para bancos e possuidores de títulos. A nova política não é para os governos tributarem a riqueza, mas sim para tomarem dela empréstimos ? a juros, os quais devem ser pagos por ainda mais tributação sobre o trabalho, os consumidores e a indústria. Prosseguir neste caminho contrariaria o Iluminismo da Europa e os últimos três séculos de economia. Chamam a isto economia clássica ? e mesmo "economia do mercado livre" ? mas é um travestismo impor esta política em nome dos santos patronos da economia política clássica. Os fisiocratas, Adam Smith, John Stuart Mill, Wilhelm Roscher, Friedrich List e reformadores da Era Progressista instavam exactamente ao caminho oposto daquele que está agora a ser tomado, e na verdade aquele que o mundo parecia estar a seguir até a I Guerra Mundial e durante umas poucas décadas após a II Guerra Mundial.

O euro foi invalidado desde o início, financeira e fiscalmente

A União Europeia foi criada em grande medida como um projecto para pôr fim à guerra, mas o modo como a Eurozona foi moldada abriu uma forma inesperada de campanha militar e de busca de tributos: uma conquista empreendida por banqueiros e seus grandes clientes rentistas a fim de criar uma oligarquia financeira dominando através de "tecnocratas" instalados mais como procônsules usados para servir o Império Romano. A actuarem sob a directiva primária de que todas as dívidas devem ser pagas, quer se queira quer não, esta classe administrativa está desejosa de mergulhar as economias em austeridade e depressão para criar a oportunidade de quebrar o poder dos sindicatos de trabalhadores e reverter os gastos sociais na condição de force majeure. Ao reverter os últimos dois séculos de Iluminismo Europeu, os interesses financeiros estão a lutar para reverter as reformas da Era Progressista de um século atrás e a democracia social que se seguiu à II Guerra Mundial.

A Europa está a ser empurrada para a depressão, mas não se trata de uma recessão cíclica dos negócios ou um resultado de fenómenos naturais. Ela não é economicamente necessária e certamente não resulta de o trabalho estar a ser pago em demasia ? excepto na medida em que é pago mais para cobrir os seus pagamentos aos bancos. A crise de dívida soberana está a ser utilizada como uma oportunidade para forçar a privatização em liquidações e desmantelar o poder de governos para regulamentarem e tributarem a riqueza. Défices orçamentais estão a ser utilizados não para ressuscitar o emprego, em estilo keynesiano, mas para salvar bancos e possuidores de títulos de terem de assumir perdas.

A primeira dimensão do problema da Eurozona é financeira. Lobistas da banca invalidaram (crippled) o euro desde o seu nascimento. Ao contrário da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, falta à Eurozona um banco central para fazer o que supõe que façam bancos centrais: criar dinheiro para financiar défices governamentais. O dinheiro e o crédito necessários para alimentar a economia estão a ser criados por bancos comerciais, a juros. Aqui simplesmente não está a ideia de um banco central continental europeu a emprestar directamente a governos.

Eis porque George Soros recentemente descreveu o próprio euro como uma bolha ? uma reacção positiva à crença de que ele funcionaria foi seguida por uma súbita percepção da sua deficiência estrutural. "A principal fonte de perturbação", explicou ele, "é que os estados membros do euro capitularam diante do Banco Central Europeu nos seus direitos de criar moeda fiduciária (fiat money) [2] Impedido de emprestar a governos, o BCE na sua forma actual estava destinado a falhar no momento em que governos precisassem resgatar economias da deflação da dívida.

O euro foi criado sem um organismo capaz de monetizar despesa pública independentemente de bancos comerciais. Mas os bancos não perderam demasiado [tempo] para retomar os empréstimos. Desregulamentação, supervisão laxista e rematada prática fraudulenta tornaram-se tão comuns, especialmente a que vinha de bancos estado-unidenses e britânicos e seus correspondentes, que a confiança foi rompida. Sem fé, o crédito desaparece, porque a palavra crédito significa, literalmente, "eu acredito [que serei reembolsado]". Os banqueiros, correctamente, receiam estender crédito a outros bancos.

Isto é o resultado final do facto de o plano de negócio do sistema bancário não ter sido para financiar nova formação de capital para criar fluxos futuros de rendimento a partir da economia real, mas sim encontrar activos e fluxos de rendimento para servirem como colateral de novos empréstimos. Quando bancos competem para emprestar contra o imobiliário (o qual representa uns 80 por cento dos novos empréstimos bancários nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha), para o controle corporativo ou para acções e obrigações, o efeito é carregar estes activos e seus fluxos de rendimento com mais dívida, sugando capital para longe do investimento produtivo para pagar juros e amortização aos bancos. Isto é predatório, mas basicamente um plano de negócio preguiçoso.

Ao invés de financiar défice público, a banca comercial incha os preços ? preços de activos. Os bancos emprestam principalmente contra activos que extraem rendas, a começar pelo imobiliário, petróleo e gás, indústria mineira e extracção de renda de monopólio ? precisamente a renda de "almoços grátis" que os economistas clássicos instavam a que fosse a base fiscal. As terras ancestrais já não pertencem à nobreza hereditária, elas foram democratizadas, mas com o endividamento dos novos proprietários (a crédito). Reconhecendo que as quantias libertas pelo fisco ficam "livres" para pagar aos bancos sob a forma de juros, a banca apoiou a política de não tributação das terras, dos combustíveis e dos minerais.

A dimensão fiscal é a segunda carga de profundidade na má estruturação económica da Europa. Um preço de propriedade acaba por ser em grande medida o quanto um banco emprestará. Como os bancos procuram emprestar tanto quanto os mutuários puderem, eles aliviam as condições, emprestando uma proporção crescente do preço de compra dos imóveis ou de outras propriedades. Isto eleva os preços dos activos ? o resultado da alavancagem de maior dívida, realmente não de maior rendimento ou de mais produção. Assim mais tomadores de crédito compram propriedades simplesmente à espera de fazer uma mais-valia com o preço do activo ("capital"). Eis porque banqueiros comerciais gostam da inflação no preço dos activos. Ela amplia o mercado para a sua criação de crédito.

Ao considerar o juro como fiscalmente dedutível, como se fosse uma despesa necessária do negócio (e mesmo sobre o imobiliário residencial ocupado pelo proprietário na maior parte dos países de língua inglesa), a tendência pró divida de hoje, o código fiscal pró banco, subsidia uma proporção crescente da economia a ser excedente pago como juros aos banqueiros. Isto provoca uma perda não só para o colector fiscal como também para a economia como um todo. Novos compradores de casas ou de propriedade comercial, por exemplo, concorrem com outros compradores potenciais para verem quem comprometerá o maior rendimento após impostos a fim de obter um empréstimo bancário. O resultado é que embora os governos não alimentem bolhas imobiliárias e financeiras através de empréstimos ou da criação de dinheiro pelo banco central, eles ajudam a inflacionar preços de activos ao garantir que os empréstimos hipotecários e as rendas não tributadas paguem hipotecas mais elevadas.

Para tornar as coisas pior, os governos devem completar a perda da receita fiscal sobre a propriedade pela tributação de salários e lucros, ou pelas vendas via Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA). Estes impostos aumentam o custo de vida e de fazer negócio na economia, pela elevação do preço de oferta do trabalho e do capital tangível e pela elevação dos preços de venda no montante do imposto de consumo. Assim, o que inflaciona preços de activos é o favoritismo fiscal para a alavancagem de dívida, não a criação de dinheiro pelo banco central.

Isto significa que se as economias tiverem de ser mais competitivas, elas precisam de minimizar o grau em que os preços da habitação, educação e serviços de utilidade pública são alavancados por dívida e portanto forjar encargos de juros dentro dos seus preços. Ao longo de mais de dois séculos, economistas instaram a tributar rendimento "não ganho" que não tivesse contrapartida em custos reais de produção ("renda económica") e a manter monopólios naturais no domínio público ou pelo menos a regular os seus preços para os manter alinhados com os custos de produção tecnologicamente necessários.

Explicar esta lógica era que o tratava a economia política clássica do livre mercado ? e que não está mais a ser ensinada nos curricula académicos de hoje dirigidos pelo travestismo financeirizado da ideologia do "mercado livre" actual. O primeiro acto dos Chicago Boys no Chile depois de a junta militar de Pinochet tomar o poder em 1973, por exemplo, foi encerrar todos os departamentos de teoria económica do país, excepto na Universidade Católica onde monetaristas da Escola de Chicago dominavam. O ensino da teoria económica tornou-se um exercício de censura e lavagem cerebral, não um esforço científico ou empírico. A economia do Chile tornou-se "livre" para ser saqueada no resto da década de 1970, com quase todos os fundos de pensões sendo esvaziados quando companhias iam à falência pelo lucro.

Os romancistas franceses Honoré de Balzac (Le Père Goriot) e Émile Zola (L'Argent) entenderam a dimensão disfuncional da procura de riqueza melhor do que os manuais de teoria económica de hoje. E a maior parte das pessoas de hoje intuitivamente sentem que a banca e a alta finança se tornou predatória. Bill Blac (da UMKC) descreveu o "controle de fraude" como uma combinação de contabilidade tortuosa, compra de políticos, calúnia de quem quer que revele a fraude e apoio a economistas de "livre mercado" para assegurar ao público de que Wall Street regular-se-á a si própria sem qualquer necessidade de supervisão regulamentar. Mas isto não era politicamente correcto dizer até que George Ackerlof ganhou o Prémio Nobel da Economia de 2001 em grande medida pelo seu artigo de 1993 com Paul Romer sobre "Saqueio: O submundo económico da bancarrota pelo lucro" ("Looting: The Economic Underworld of Bankruptcy for Profit"). A sua tese era cristalina: "A bancarrota pelo lucro ocorrerá se má contabilidade, regulação laxista ou penalidades baixas por abuso derem aos proprietários um incentivo para obterem mais do que as suas firmas valem e então incumprirem as suas obrigações devedoras. A bancarrota pela obtenção de lucro ocorre mais habitualmente quando um governo garante obrigações de dívida de uma firma".

Os manuais de teoria económica tratam isto como uma anomalia ? como se não devesse existir e, portanto, possa ser ignorada como uma falha acidental no sistema, não a sua intenção, foco e na verdade a sua própria essência. Nenhum manual explica como foram feitas as fortunas mais recentes através da apropriação (grabbing) das poupanças de outras pessoas ? poupanças de fundos de pensões e especialmente aquelas de instituições financeiras rivais. Mas a corrupção da Arthur Andersen pela Enron revelou-se sintomática das Cinco Grandes (Big Five) firmas de contabilidade, seguida pelas agências de notação financeira (rating) quando todas deram notações de crédito AAA para aquilo que se revelou serem hipotecas subprime tóxicas. Os textos de teoria económica nem mesmo explicam (ou defendem a ideia) de que o modo de ficar rico é tomar dinheiro emprestado para comprar uma propriedade que está a subir de preço ? e porquê a inflação de preços de activos alavancados pela dívida devem necessariamente entrar em colapso numa onda de falências.

O plano de negócios do sector financeiro é impor por toda a Europa o que o Banco Central Europeu e seus parceiros das "troikas" estão a fazer à Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha. Eles dizem: "Dêem-nos vossos portos e vossa terra, os vossos sítios turísticos e vossos sistemas de águas e esgotos. Vamos colocar portagens nestas privatizações para arrecadar rendas". Os compradores vão voltar-se e utilizar as receitas para pagarem aos seus banqueiros ? enquanto os governos que recebem o pagamento da venda destas propriedades dão uma volta e pagam aos possuidores de títulos de obrigações, incluindo os banqueiros que possuem estes títulos como reservas.

Actuando por conta destes banqueiros e possuidores de obrigações, os apparatchiks do banco central dizem, com efeito: "Desculpem o nosso conselho anterior para desregulamentar mercados financeiros e desonerar fiscalmente a riqueza não terem resultado melhor. Mas vocês devem assumir a responsabilidade pelas consequências das suas decisões políticas".

Em tempos passados esta espécie de tomada de activos impondo um tributo rentista exigia um exército para impô-la. O que torna a situação de hoje tão notável é que isto é alcançado sem necessidade de intervenção militar ? na medida em que as populações permanecem passivas e acreditam que o mundo funciona do modo como os bancos descrevem. A sua promessa é que a "Austeridade irá torná-lo rico", como se a auto-privação o tornasse sagrado. O corolário é que para se tornar rico ? ou mesmo para manter a economia a funcionar ? os bancos têm de ser salvos de assumirem uma perda. E a inferência não declarada é que os governos devem absorver a perda e passá-la aos "contribuintes".

A realidade é que as perdas são inevitáveis quando dívidas apodrecem e conduzem uma parte vasta da economia à situação líquida negativa (dívida em excesso face aos activos). Isto é inerente à matemática do juro composto e o resultado do constante afrouxamento dos padrões de empréstimo para elevar o grau de alavancagem da dívida. Desactivar a opinião popular da percepção deste facto faz parte da "armamentização" (weaponization) da teoria económica, transformando-a numa combinação de distracção, diversão e completo logro.

As coisas ficam ainda piores pelo lobing do sector financeiro para desonerar fiscalmente o sector das finanças, dos seguros e do imobiliário, bem como desonerar os ganhos por mais-valias em preços de activos ("capital") e os escalões mais altos de rendimento. Tomando tudo em conjunto, estas políticas dirigiram o crédito bancário para financiar uma bolha imobiliária e do mercado de acções, não para a criação de novo capital industrial, infraestruturas ou outras actividades produtivas.

Posso entender a relutância alemã em financiar défices orçamentais de governos tais como o da Grécia que são incapazes ou não desejosos de tributar a riqueza e cujos privilegiados (insiders) controlam a despesa pública e os contratos. Isto meramente subsidiaria a evasão fiscal e a política fiscal errada com o crédito do BCE ? proporcionado em última análise pelos contribuintes europeus. O problema profundo ? o qual pouco tem sido discutido ? é que a política fiscal da Eurozona é o oposto do que economistas clássicos definiram como mercados livres ? mercados livres de rendimento não ganho, a começar pelo valor da terra oriundo do que é proporcionado pela natureza e cada vez mais valorizado pelos gastos em infraestruturas públicas (ex.: em serviços de transportes, águas e esgotos) e o nível geral de prosperidade. A renda económica é independente do próprio investimento ou dos custos do proprietário da terra, da habitação ou da mina. O que torna isto um almoço grátis é que, por definição, ele não tem contrapartida nos desembolsos do próprio beneficiário ? excepto para financiar a compra de um privilégio ou activo com extracção de renda.

Ao invés da tributação progressiva da terra, dos recursos naturais e do "rendimento não ganho" (renda económica), o sistema fiscal subsidia a criação de dívida e promove a inflação do preço de activos ao favorecer ganhos de preços por dívida alavancada e tornar os pagamentos de juros isentos de tributos. Isto significa que a reforma fiscal é necessária para avançar com a reforma financeira. O problema com a Grécia não é meramente a sua evasão fiscal generalizada pela camada mais rica da economia, a qual normalmente pagaria a maior parte dos impostos (como por muito tempo foi o caso nos principais países industriais). Governos estão a tributar as fontes erradas de rendimento: salários e lucros, em vez de renda.

Sob as presentes condições, o colapso da Eurozona é inevitável

O colapso económico da Eurozona não é acidental. Os lobistas bancários que capturaram a política financeira e fiscal do continente plantaram as raízes dos problemas da dívida da Grécia, Irlanda, Espanha, Itália e Portugal no momento da criação do euro,

1. ao não permitir à União Europeia criar um banco central adequado para monetarizar défices governamentais. Isto obriga governos a tomarem empréstimos de bancos a juros para criar um crédito que os bancos centrais públicos poderiam fazer muito facilmente nos seus próprios teclados de computador. Os credores utilizam a necessidade do governo para rolar (roll over) a dívida pública como uma alavanca para impor austeridade, eufemizada como "confiança". Ao invés de estimular confiança, a subida das taxas de juro e as crises políticas estimulam fugas de capitais e corridas bancárias (ex.: Grécia e Espanha). 2.

2. ao forçar governos a minimizarem estes défices para apenas 3% do PIB ? demasiado baixo para estimular a recuperação face à deflação da dívida de hoje.

3. ao promover uma mudança fiscal anti-progressisva afastando-a do imobiliário e das finanças (e em geral dos escalões mais altos de rendimento) para salários e lucros. Isto eleva o custo de vida e de fazer negócio ? enquanto impostos mais baixo sobre a propriedade deixam mais renda a ser capitalizada em empréstimos bancários. 4.

4. ao desonerar fiscalmente ganhos de capital e considerar pagamentos de juros como fiscalmente dedutíveis. Isto encoraja a alavancagem de dívida para fazer aumentar os preços da habitação e outros activos. Desviar poupanças para a especulação torna as economias rentistas menos competitivas, e também menos justas. 5.

5. ao afrouxar regulamentações bancárias para permitir que empréstimos bancários improdutivos inchem preços de activos ao invés de financiar novos meios de produção. Uma corrida para a base comutou o centro financeiro para Londres, onde a desregulamentação levou a uma competição plena de irresponsabilidade (ex: a derrocada do Icesave), enquanto nos Estados Unidos a fraude financeira foi efectivamente descriminalizada. 6.

6. ao salvar bancos e possuidores de títulos quando chegou o momento de finalmente os governos criarem nova dívida em resposta à crise financeira. Ao invés de aumentar a despesa social ou reduzir a dívida e empréstimos podres, os governos (por pressão do BCE) assumiram as dívidas podres nos balanços públicos, deixando o encargo da dívida no lugar. Isto exacerba a deflação da dívida, contraindo ainda mais as economias, reembolsando os 1% a custas do empobrecimento dos 99%. Isto coloca o sector financeiro não só contra o trabalho como também contra a economia produtiva em geral.

As instituições financeiras tornaram-se mais extractivas do que produtivas, não só directamente como credores e administradores do dinheiro mas também como lobistas por regras fiscais que subsidiam dívida ao invés do investimento directo. Uma vez iniciado, o encargo da dívida cresce exponencialmente até um ponto em que contrai a capacidade da economia para pagar e investir produtivamente, provocando incumprimentos e execuções. A resposta política dos bancos é insistir em que os governos substituam empréstimos podres do sector privado por dívida pública.

Isto significa criar dinheiro só para beneficiar os bancos e outros credores, não para ajudar a economia produtiva não financeira. Quase sem que os eleitores percebam, o papel tradicional do governo foi invertido para servir credores, não a economia "real". Em princípio (pelo menos tal como é entendido popularmente), supõe-se que bancos centrais gastem para promover crescimento económico e pleno emprego, não para ganhar retornos financeiros carregando economias com dívida. Mas desde 2008 a Reserva Federal dos EUA quis inchar outra vez a bolha financeira, não estimular a economia "real". Aos governos da UE, tendo as suas mãos monetárias amarradas enquanto os bancos comerciais inchavam os preços dos activos muito para além da capacidade dos devedores pagarem, é-lhes agora dito para assumir dívidas podres nos suas contas (ex.: Irlanda, Grécia, Portugal e Espanha) e extorquir bastante receita fiscal adicional a fim de pagar juros aos felizes possuidores de títulos que obtiveram "dinheiro por lixo" ("cash for trash"). A ficção que opera aqui é que austeridade pode extorquir mais dinheiro, ao invés de piorar o défice. O ultraje moral é que os 99% devem ser tributados para fazer os 1% íntegros ? na sua fatia de riqueza, a qual duplicou durante a bolha financeira, como se esta estivesse construída dentro da estrutura moral da própria natureza! Isto é ultrajante.

A magnitude impagavelmente elevada das dívidas não é acidental e não pode ser sanada meramente por reformas marginais sem cancelamento do encargo da dívida. Não é possível preservar a actual estrutura financeira e deixar o encargo da dívida no seu lugar. Isto significa que os salvamentos bancários são em vão ? excepto para permitir aos especuladores existentes, depositantes e investidores apanharem o seu dinheiro e fugirem. Em contraste com a história contada como cobertura política de que salvá-los "restaurará a confiança", banqueiros estão a utilizar subsídios do banco central para abandonarem o navio económico. Analistas financeiros refinados sabem que no fim o encargo da dívida deve tornar-se incobrável. Esta é a realidade que os bancos desejam expurgar do curriculum académico e, ainda mais importante, da consciência pública ? porque mostra que em última análise os salvamentos serão vãos.

A ilusão de restaurar a estabilidade pode ser sustentada só pela criação de nova dívida governamental e salvamentos para alimentar o crescimento exponencial do encargo da dívida. O BCE está a proporcionar bastante liquidez a bancos para emprestarem a governos devedores o suficiente para mantê-los a pagar seus detentores de títulos e salvar banqueiros. Isto cria uma câmara de eco financeira. Bancos financiam governos, os quais financiam os bancos. A Reserva Federal dos EUA abriu o caminho ao inundar os mercados de dinheiro com liquidez de modo a que banqueiros pudessem emprestar a devedores hipotecários o suficiente para pagarem suas dívidas vencidas, mesmo para a propriedade em situação líquida negativa (com hipotecas que excedem o preço de mercado).

O objectivo é manter viva a ilusão de que dívidas podem ser pagas ao ajudar a economia a "tomar emprestada a sua saída da dívida". Enquanto isso, a deflação da dívida impede a economia de "ganhar a sua saída da dívida". Em economias infestadas de austeridade, a concessão de empréstimo dificilmente pode ser produtiva, porque há pouco motivo para investir quando as vendas caem, as lojas de retalho fecham e mais devedores entram em incumprimento.

Portanto parece absurdo pensar que propagandistas da banca possam progredir muito com a sua afirmação de que o sistema financeiro entrará em colapso a menos que governos os salvem. O que eles realmente querem é simplesmente salvar seus accionistas e possuidores de títulos de perderem os ganhos descomunais que obtiveram ao longo da última década. Cenários assustadores são pintados acerca de como liquidar reservas bancárias porá em perigo poupanças de depositantes, porque poupanças de uma parte são a dívida da outra afinal de contas. Assim, os 1% devem ser salvos como se isto fosse para o bem dos 99% ? as proverbiais viúvas e órfãos e, especialmente, aposentados e seus fundos de pensões, todos os quais são conceptualizados como a viverem de depósitos investidos em títulos bancários e fundos de risco (hedge funds).

O que é preciso reconhecer é que mesmo se os governos financiarem mais gastos deficitários a este ponto, é difícil ver como isto pode ascender a uma magnitude suficiente para compensar o impacto da deflação da dívida ? isto é, os juros e amortizações para arcar com dívidas do passado, cujos pagamentos deixam menos rendimento disponível para gastar em bens e serviços.

O encargo das poupanças é o problema, porque é sinónimo de encargo de dívida

É tempo de perguntar se é desejável que as economias poupem, pelo menos que poupem de acordo com as linhas actuais ? mesmo poupar para aposentadoria. O problema é que poupanças tendem a concentrar riqueza no topo da pirâmide económica e fazem isto parasitariamente quando são emprestadas para se tornarem dívidas de outras partes. Reestruturar o sistema financeiro é especialmente importante para financiar pensões e a Segurança Social, para reorganizá-los mais de acordo com as linhas do sistema alemão do pagamento imediato (pay-as-you-go) a invés daquele financeirizado por fazer dinheiro através do empréstimo e especulação como nos Estados Unidos.

O problema com o nosso sistema actual é que quase todas as poupanças financeiras de hoje são emprestadas, ao invés de tomarem a forma de novo investimento directo para aumentar os meios de produção ou elevar padrões de vida. A maior parte do investimento corporativo é feito com ganhos retidos. Empréstimos bancários afectam o sector corporativo principalmente pela alimentação de aquisições ( takeovers) e aquisições alavancadas ( leveraged buyouts) de companhias já existentes ? e maduras para o despojamento de activos.

Este não é o quadro feliz pintado pelos manuais de teoria económica, com bancos a emprestarem poupanças para fábricas com chaminés e fumo a delas saírem e trabalhadores a andarem com as suas marmitas do almoço, presumivelmente para receberem os cheques de pagamento. Tais diagramas enganosos (pelo menos nos manuais americanos) são destinados a lavar o cérebro de estudantes levando-os a acreditar que as finanças desempenham um inerente papel simbiótico com a indústria e a economia em geral, ao invés de ser uma intrusão externa ? algo que se assemelha mais ao relacionamento entre gafanhotos e quinta agrícola do que a um sistema mutuamente benéfico. Quando devedores pagam aos seus banqueiros, eles têm menos para gastar na economia real da produção e do consumo. E quando banqueiros fazem os empréstimos que extraem este rendimento, o crédito não é o que as pessoas pouparam, mas sim o que os banqueiros criaram nos seus próprios teclados. "Empréstimos criam depósitos", não ao contrário. E a vasta maioria destes empréstimos são para comprar activos já existentes: para transferir a propriedade de imóveis, acções e títulos com crédito, elevando os seus preços no processo ? enquanto deflacionam a "economia real". Eis porque a inflação de preços de activos encontra o seu complemento natural na deflação da dívida da economia em geral.

O que os manuais deveriam explicar é que sob o sistema financeiro de hoje, quanto mais uma economia poupa, mais ela deve. Isto não seria um problema se as poupanças fossem emprestadas produtivamente, de maneira que permitissem ao tomador do empréstimo ganhar o rendimento para reembolsar a dívida com o seu juro. Mas o plano de negócios do sistema bancário é convencer os tomadores de empréstimos de que podem pagar dívidas pela compra de activos cujo preço está a ser elevado pelo aumento exponencial do crédito bancário. A ideia é emprestar mais contra todo o activo e fluxo de rendimento, exigindo entradas mais pequenas e amortização mais lenta do saldo em dívida. O truque é convencer tomadores de empréstimos que estão a ficar mais ricos na medida em que os preços das casas, acções e títulos estão a subir mais depressa do que a dívida está a aumentar.

Esta ascensão de preços de activos aumenta o rácio da propriedade em relação ao nível salarial do trabalho. E quando os preços afundam, as dívidas permanecem intactas. Isto é o que a ortodoxia económica e seus manuais deixam de fora da história. Mas é o modelo paradigmático das bolhas financeiras.

O que é necessário ? depois de deixar a bolha actual explodir e com isso liquidar o encargo das dívidas podres ? é impedir a recorrência da Economia da Bolha, através da reestruturação do sistema financeiro de acordo com linhas mais produtivas. Mas os bancos estão a combater com unhas e dentes contra uma tal reestruturação, porque ela significa rejeitar a época Thatcher-Reagan do neoliberalismo da Escola de Chicago patrocinado pelos bancos a expensas da economia como um todo.

De modo mais imediato, este entendimento da dinâmica da dívida sugere uma necessidade de os governos proporcionarem uma "opção pública" para a poupança bem como para a criação de dinheiro, cartões de crédito e outra infraestrutura financeira que na verdade é necessária para a economia quotidiana funcionar eficientemente. O objectivo deveria ser promover a formação de capital tangível e minimizar o custo de vida e de fazer negócio, não o crédito improdutivo baseado na inflação do preços de activos e em bolhas imobiliárias financeirizadas, assim como em bolhas do mercado do mercado de acções.

As políticas da Quantitative Easing rebaixaram as taxas de juro para apenas 1% nos Estados Unidos e Grã-Bretanha. Isto levou planos de pensão e companhias de seguros a procurarem desesperadamente taxas de retorno mais elevadas ? e eles assim o fizeram através de jogos arriscados em derivativos. Tipicamente estes têm perdido dinheiro, não dando os ganhos esperados, pois vivaços de Wall Street impingiram seus clientes com maus swaps de taxas de juro e outros negócios com mau resultado. A desculpa habitual é que "Ninguém podia ter antecipado estes problemas. Ninguém podia ter previsto o crash". Mas grandes porções dos fundos de pensões e sector dos seguros foram deixados com situação líquida negativa ? enquanto os seus administradores pagaram a si próprios enormes bónus e os seus accionistas receberam enormes dividendos durante a corrida.

Como a inflação do preço de activos leva à deflação da dívida

As dívidas devem ser pagas com rendimentos ganhos algures. E como o volume da dívida aumenta, os pagamentos de juros e outros encargos desvia rendimento pessoal e corporativo afastando-o do gasto em bens e serviços. (Estes pagamentos também reduzem receitas fiscais, porque foi definido os juros serem uma despesa fiscalmente dedutível). Os mercados contraem-se, o investimento e o emprego desaceleram e os devedores têm menos capacidade para pagar o seu serviço da dívida (ou os impostos). A deflação da dívida acontece, juntamente com um esmagamento fiscal ? e isto é considerado uma crise.

O que é exactamente esta crise? Da perspectiva privilegiada dos credores de riqueza no topo da pirâmide económica, o problema é simplesmente de como os 1% mais ricos da população ? os quais duplicaram sua fatia de riqueza ao longo da última geração ? podem evitar ter de abandonar os seus ganhos notáveis. Estes ganhos foram obtidos devido ao endividamento dos 99% da base e recebendo a fatia do leão dos ganhos de preços de activos alavancados por dívida. Para evitar a recessão aparentemente normal destes ganhos, os governos e a população como um todo deve suportar a perda. Famílias devem perder, negócios devem ir abaixo, governos locais e nacional podem entrar em colapso e sociedades devem sofrer níveis salariais mais baixos, de modo a que bancos e outros credores não percam nem um cêntimo.

O narcisismo da riqueza induz os credores a pretenderem que a fluorescência da Bolha da Economia era normal, não uma distorção. Os ricos e as suas instituições financeiras querem duplicar outra vez a sua fatia do rendimento e da propriedade, e depois continuar a aumentar mesmo até ao ponto em que o resto da sociedade esteja mergulhada na miséria, o trabalho emigre, as taxas de natalidade caiam e a economia morra.

Este é o resultado do "crescimento" do sistema financeiro a aumentar preços de activos pela alavancagem da dívida. Isto não é realmente novidade no mundo. Isaías [NT 1] descreveu credores e latifundiários que obtinham casa a casa e terreno a terreno até que já não havia espaço restante para o povo na terra.

Atar as mãos do governo privando-o de um banco central para criar dinheiro

A Era Progressista anterior à I Guerra Mundial, e mesmo a democracia económica após a II Guerra, imaginavam uma economia mista público/privada na qual os governos proporcionariam infraestrutura básica numa base subsidiada e regulava mercados para orientar poupanças e dinheiro fresco ou criação de crédito de acordo com linhas produtivas. Mas o Artigo 123 do Tratado de Lisboa assinala este papel a bancos comerciais ? incluindo o de financiar défices orçamentais do governo, ao impedir bancos centrais de emprestarem a governos.

Este constrangimento impede governos de monetizarem o gasto necessário para puxarem as economias de hoje para fora da depressão pós 2008. Ele impõe uma mudança da criação pública de dinheiro para a do crédito da banca comercial ? e como foi observado acima, este crédito bancário assume a forma de irresponsavelmente inchar preços de activos e fazer soçobrar o crédito. Nesta nova abordagem "neoliberal", o papel do governo não é fornecer a economia com dinheiro, mas deixa isto aos bancos ? e então actuar como fiadores (guarantors) da dívida mesmo quando os bancos emprestam mais do que os seus devedores são capazes de pagar.

Os lobistas da banca defendem estas algemas monetárias com a afirmação obscena e historicamente falsa de que o financiamento público é inerentemente inflacionário, mesmo hiper-inflacionário. A implicação é que bancos comerciais são mais responsáveis do que bancos centrais e que a sua criação de crédito nos seus próprios teclados é menos inflacionista do que quando os governos fazem isto para despesas sociais ou investimento em infraestruturas. Porém os bancos comerciais alimentaram a mais rápida e maior inflação de preços de activos na história! Ao afrouxarem os termos do crédito hipotecário e mesmo obtendo garantias públicas para empréstimos irresponsáveis ? e nos Estados Unidos, fazem lobing para descriminalizar a fraude financeira ou pelo menos para desregulamentá-la e para insistir na nomeação de responsáveis legais que se recusam a processá-los ? obrigaram compradores de casa a pagar mais por habitação alavancada por dívida e os investidores a pagarem mais por activos que vão desde edifícios de escritórios até acções e títulos, elevando dessa forma o preço de aquisição de um rendimento para a aposentação ou, para fundos de pensões, de pagar uma pensão.

O objectivo deste jogo financeiro é transferir o excedente económico para as mãos de uma neo-oligarquia emergente composta por banqueiros, possuidores de títulos e outros credores. A sua estratégia é emprestar contra o imobiliário e activos corporativos e fluxos de rendimento, enquanto fazem lobing para fazer com que os códigos fiscais sirvam interesses rentistas ao favorecer a extracção de renda ao invés de investimento novo. A especulação com ganhos nos preços dos activos obtém preferência fiscal em relação ao financiamento produtivo. Os tomadores dos empréstimos são capazes de reembolsar o seu empréstimo com juros principalmente pela contracção de mais empréstimos contra o imobiliário, acções ou títulos cujo preço está a ser inflacionado pela criação de crédito da banca comercial.

Enquanto isso, a economia como um todo perde quando o produto e o emprego afundam ? enquanto sobem os preços para o consumidor de bens e serviços. Esta é a fase pós crash do ciclo da dívida. Assim, exactamente como eles receberam o rendimento que foi transmutado em pagamentos de juros sobre empréstimos bancários durante a fase de ascensão, eles arrestam propriedade durante a fase de declínio. A crise decorrente também se torna uma oportunidade para credores talharem activos públicos, em programas de privatização ditados pelo FMI, Banco Mundial e burocracias da UE a actuarem por conta dos credores globais.

Sob tais condições o grande problema é saber como a economia pode evitar a contracção, se o serviço da dívida está a retirar mais receita do que o défice do sector público está a proporcionar para o sector privado. Mas nenhum governo calcula esta escolha (tradeoff) entre a retirada de rendimento da produção e dos mercados de consumo em comparação com o défice fiscal necessário para restaurar o poder de compra geral que está a ser drenado. Os interesses financeiros consideram qualquer tentativa de análise a sugerir que o seu comportamento é extractivo ao invés de produtivo como um ataque potencial e mesmo uma "guerra de classe". Lobistas bancários preferem popularizar o mito de que as economias podem ficar ricas com o aumento dos preços do imobiliário, das acções e dos títulos a crédito mais rápido do que o crescimento da dívida ? como se pagar juros não contraísse o mercado para bens e serviços e, portanto, o emprego.

A falha em tratar esta dinâmica da dívida ? a tendência do crédito bancário para inchar preços de activos e dos juros para drenarem poder de compra da economia ? é a razão principal porque investidores globais, bem como os gregos e outros eleitores perderam a fé na Eurozona. Ela foi sequestrada por planeadores centrais retirados do sector financeiro. Eles têm-se mostrado incompetentes no melhor dos casos e, no pior, deliberadamente enganosos quando impedem bancos centrais de criarem dinheiro para emprestarem a governos ? ao atribuírem as culpas da hiper-inflação alemã à impressão de dinheiro pelo Reichsbank para gastos internos ao invés da sua tentativa de pagar dívidas com divisas estrangeiras ao exterior.

Levar a divisa ao colapso pela tentativa de pagar credores estrangeiros é o que países do Terceiro Mundo foram obrigados a fazer durante muitas década sob a tutela do FMI. Isto é o destino que confronta a Grécia se não houver anulação da dívida e o país reverter ao dracma. Isto tornaria dívidas em euros ou outra moeda estrangeira mais caros para pagar em moeda interna, elevando preços de importação proporcionalmente ? pouco importando o ritmo da criação de moeda interna ou os défices do governo.

Porquê os ganhos de produtividade dos últimos 50 anos não nos tornaram todos ricos?

A austeridade de hoje não é o resultado de tecnologia, rendimentos decrescentes ou esgotamento de recursos. O que impede ganhos de produtividade de serem traduzidos em padrões de vida ascendentes é o sector financeiro anexar dívida aos activos e fluxos de rendimento da economia a uma taxa em expansão exponencial. Isto desvia a renda da terra, a renda de recursos, lucros industriais, rendimento pessoal disponível e receita fiscal para um fluxo de juros a pagar a banqueiros e portadores de títulos ? cujos empréstimos elevam preços de activos, de modo que comprar uma casa, por exemplo, exige afundar ainda mais em dívida.

O plano de negócios dos banqueiros é criar crédito até ao ponto em que todas as receitas disponíveis "livres" estejam comprometidas no pagamento de juros. O objectivo não é ajudar economias a crescerem ou financiar nova formação de capital. Isso é incidental para o objectivo de capitalizar renda, lucro e rendimento pessoal disponível para dentro de empréstimos bancários. O problema é que isto é destrutivo para a economia como um todo e, portanto, para a própria viabilidade do sistema bancário. Sugar financeiramente do excedente leva a arrestos de propriedades, incluindo privatizações de empresas públicas e infraestruturas a crédito, permitindo aos seus compradores evitar pagarem impostos, graças à dedutibilidade fiscal de pagamentos de juros observada acima. A partir de então, aos serviços gratuitos ou subsidiados devem ser impostas portagens para extracção de rendas.

Nunca desde a Idade Média e a colonização do Novo Mundo, da África e da Ásia o mundo assistiu a uma guerra económica tão agressiva. O plano concebido em 2011 para a Grécia tornar-se uma pagadora de tributos confronta os eleitores com uma condição para permanecer como parte da Eurozona que ninguém esperava há uma década atrás: substituir a democracia por uma oligarquia rentista administrada por tecnocratas financeiros. O governo é para servir banqueiros e possuidores de títulos pela actuação como seu colector de dívida.

A conquista de hoje, portanto, é financeira e não militar. E o que é tão notável é que está a ser travada na arena ideológica, como se fosse tudo para o bem! A ilusão de que ela abre caminho para melhor crescimento envolve o expurgo da memória da teoria económica clássica. Rentistas reconhecem que a maior defesa contra o seu ataque é restaurar a distinção clássica entre rendimento ganho e rendimento não ganho, e entre crédito produtivo e improdutivo. Estas são as ferramentas analíticas mais eficazes para guiar a reforma fiscal e financeira e a economia equilibrada entre público/privado imaginada na Era Progressista a fim de conter os interesses especiais e suas garras privatizadoras.

Os banqueiros são os novos planeadores centrais ? e o seu plano é a austeridade

Quando a Grécia, Itália e Espanha aderiram à Eurozona, muitos eleitores esperavam que além do objectivo óbvio de acabar com muitos séculos de guerra, o projecto europeu criaria uma economia mais justa pelo saneamento da corrupção política local e travagem da evasão fiscal notoriamente generalizada por parte dos ricos. Tenho ouvido italianos a dizerem que um controle mais activo da UE deveria tê-los salvo de Berlusconi, ao passo que em Espanha os bascos esperavam que o pan-europeísmo tornaria as suas tensões regionais com o governo nacional uma coisa do passado.

Tal optimismo não era justificado, porque a constituição da UE não proporciona limpeza da corrupção ou cobrança eficiente de impostos ? nem mesmo um código fiscal uniforme. Mesmo assim, poucos eleitores anteciparam que neoliberais sequestrariam a governação da UE para proteger banqueiros de perdas, a expensas públicas com um aprofundamento da austeridade sendo a "solução" para uma década de empréstimos irresponsáveis dos bancos.

Porque é que os eleitores deveriam aprovar uma União Europeia assim estruturada? Se ela não pode limpar corrupção local e promover rendimento justo e tributação sobre a propriedade, e se não pode criar um banco central ajudar a retirar economias da depressão, então qual é o seu apelo? O que é que uma Europa unida tem para oferecer aos consumidores ou aos negócios se ela sujeita o continente à austeridade financeira e fiscal até países inteiros tais como a Irlanda?

A Grécia e outros países da "orla Sul" não estão a rejeitar a sua identidade europeia como tal. Estão a rejeitar a austeridade. A Eurozona está em perigo de romper porque se tornou um meio de banqueiros fazerem planeamento central, ou pelo menos por sua conta. Neoliberais acusam o planeamento governamental de ser ineficiente, mas o planeamento central por banqueiros ameaça resolver a crise actual pela imposição da depressão. Isto é o que a Eurozona acabou por significar quando os 1% no topo da pirâmide económica procuram aumentar o seu poder sobre uma força de trabalho, indústria e governos cada vez mais endividados.

Parece inevitável que a Europa continental acabe por alterar a política do seu banco central para monetizar défices orçamentais de acordo com as linhas que a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, a Coreia e outras economias industriais têm estado a praticar. Mas mesmo assim, não é desejável imprimir dinheiro simplesmente para financiar défices orçamentais que decorrem da não tributação da terra, de monopólios, das finanças e outros actividades extractivas de renda. Também é insensato criar bastante dinheiro para emprestar ao público para pagar o encargo de uma dívida insolvente pela contracção de mais empréstimo.

Um modelo a ser evitado é a política do Reserva Federal dos EUA de levar as hipotecas lixo dos bancos para dentro do seu balanço ? sem reduzir as dívidas dos proprietários de casas em situação líquida negativa. Quando o financiamento de salvação do governo excede o valor líquido das reservas da banca, então o governo tornou-se efectivamente o seu proprietário. Os accionistas são eliminados, o que dá ao governo uma oportunidade para possuir e operar o sistema financeiro como uma opção pública.

Um recomeço: Pensar acerca do impensável

A austeridade financeira pode ser evitada através do corte da sua raiz principal: dívidas que foram criados pela (1) não tributação do "almoço grátis" da renda económica da terra, recursos minerais e monopólios para capitalizá-la em empréstimos bancários; e (2) não tributação da riqueza herdada, dos escalões mais altos de rendimento e dos ganhos de capital. A "libertação" do rendimento rentista da tributação permitiu aos bancos capitalizá-la em empréstimos maiores para aumentar preços da propriedade, ao passo que cortes fiscais levaram a défices do governo tão grandes quanto uma guerra costumava provocar. Os défices orçamentais resultantes são utilizados como uma oportunidade para credores exigirem a privatização da infraestrutura pública.

Recuperar confiança fiscal sobre a terra e outros activos que proporcionam renda ? e recuperar infraestrutura básica para o domínio público ou, pelo menos, regular seus preços para alinhá-los com os custos de produção tecnologicamente necessários ? é tornado problemático pelo facto de que a sua renda já ter sido comprometida pelos bancos como serviço da dívida. Assim, a política de livre mercado de hoje implica incumprimentos, reduções de dívida e mais profunda insolvência da banca. O raio de esperança é que esta situação abre o caminho para fazer do sistema financeiro um serviço de utilidade pública tal como originalmente pretendido!

Os benefícios que a Alemanha recebeu da sua Reforma Monetária de 1947 proporcionam uma lição objectiva. Permitir à Alemanha começar livre de dívida permitiu à sua indústria começar sem encargos financeiros, acelerando a sua recuperação económica ? e servir de baluarte contra o comunismo. Foi fácil para os Aliados anular dívidas alemãs em 1947 porque eram devidas principalmente a antigos nazis. É mais difícil cancelar dívidas devidas aos que hoje têm direitos adquiridos (vested interests), especialmente a fundos de pensões e poupanças populares. Eis como o profundo alavancamento de dívida se tornou entrelaçado com a economia da produção-e-consumo para tornar um Recomeço (Clean Slate) mais politicamente radical hoje do que um século atrás.

Todos os países emergiram da II Guerra Mundial com relativamente pouca dívida do sector privado. Porém cada recuperação desde aquele tempo começou de um nível mais elevado de dívida. Isto tem actuado como um travão, fazendo cada nova recuperação mais fraca do que a anterior ? como a tentar conduzir um carro com o travão cada vez mais pressionado e mais rente ao chão.

O que torna o cancelamento de dívida politicamente problemático é que ele implica cancelar poupanças num lado do balanço. A dívida de uma parte é a poupança de outra. Mais especificamente, as dívidas dos 99% são as poupanças dos 1% ? e apesar dos enfeites democráticos de hoje, os 1% controlam o governo. Bancos e outros credores agora estão muito mais fortemente posicionados para se oporem a reduções das suas pretensões (claims) sobre a economia não financeira. E eles estão desejosos de impor a depressão na Europa a fim de colectá-las plenamente. Mas em última análise devem perder quando economias caem na depressão. Isto é que é tão auto-destrutivo na sua posição. Reservas bancárias são liquidadas quando o fardo da dívida cede e as dívidas ficam por pagar.

Isto não precisa ser uma tragédia para a sociedade como um todo. Alguém deve arcar com a perda e é preferível para o sector financeiro renunciar aos seus enormes ganhos recentes do que para a economia parar de labutar. As economias podem recuperar quando os bancos reabrirem sob administração pública nos seus mesmo gabinetes físicos, ao passo que o governo deixa os depositantes assegurados com um mínimo de fundos operacionais.

Assim como o seu Milagre Económico começou com um cancelamento de dívida, um Euro viável começaria melhor com um Recomeço (Clean Slate) semelhante para ressuscitar hoje a economia. Tal como em 1947, o governo poderia reembolsar depositantes para fundos operacionais básicos. Ao tornar a sua economia livre de dívida como foi o caso após a II Guerra Mundial, a Europa pode tornar a criar o boom de setenta anos atrás. O papel de um Recomeço, afinal de contas, é restaurar a normalidade do status quo ante. Ela não distorce tanto pois revertem recentes distorções financeiras. Sob este aspecto é mais conservadora do que radical.

Um Recomeço tem o efeito positivo de eliminar a explosiva alavancagem de dívida que conduziu governos europeus, negócios, imobiliário e famílias ao seu buraco actual. "Desalavancagem" ? pagar à vista uma dívida a partir do rendimento actual ? teria um efeito semelhante à poupança keynesiana na forma de "entesouramento". Impediria o rendimento de ser gasto na produção actual, exacerbando com isso a deflação da dívida e a depressão. Uma redução organizada de dívidas é menos destruidor do que não cancelá-las. Apesar dos uivos do sector financeiro de que liquidá-las é desestabilizar (um eufemismo para fazê-los assumir uma perda numa sistema financeiro que foi mal estruturado desde o princípio), a realidade é que deixar estas dívidas na contabilidade é ainda mais desestabilizador ? porque o encargo da dívida simplesmente não pode ser pago. Tentar hoje manter dívidas do sector público e privado na contabilidade provocará perdas ainda mais drásticas e polarização económica entre credores e devedores.

Um realinhamento político europeu?

Bancos repetem a afirmação censórea de Margaret Thatcher de que "Não há alternativa" ao seu plano de negócios de anexar dívida ao todo o excedente económico. O objectivo ? conclusão lógica da inexorável matemática do juro composto ? é para que todo fluxo de caixa corporativo, renda imobiliária além dos custos de equilíbrio e rendimento pessoal disponível além da subsistência básica seja pago como juros. Quando estas dívidas se acumulam para além da capacidade de serem pagas, a "troika" do BCE, UE e FMI insistem em que o trabalho deve reduzir o seu consumo e abandonar direitos e privilégios que conquistou ao longo do século passado. Os consumidores devem ser tributados mais pesadamente e os gastos públicos devem ser reduzidos para extorquir mais excedente fiscal para pagar aos banqueiros e possuidores de títulos. Em suma, a Europa deve ser sujeita à mesma espécie de austeridade que arruinou devedores latino-americanos e outros devedores do Terceiro Mundo durante tantas décadas perdidas.

Esta criação de privilégios rentistas de tipo feudal reverteria muitos séculos de reforma. É uma versão financeira do apresamento militar que tomava a terra e impunha tributos há um milénio atrás.

Há uma alternativa, naturalmente, a Europa não precisa empobrecer-se. Ela pode criar um banco central real e uma "opção pública" na banca. Pode renovar os séculos de reformas de mercado livre para tributar terra e direitos do subsolo, monopólios naturais e privilégios especiais ou retorná-los para o domínio público pela desprivatização ao invés de deixar esta extracção de renda "gratuita" ser capitalizada em empréstimos bancários. A Europa colocou um sistema tributário financeiro em vigor e absorveu mesmo pensões e poupanças populares neste sistema.

A guerra financeira está a afundar a Europa sem que a maior parte das populações perceba mesmo que está a ser travada contra ela e também contra a indústria. Acima de tudo, os interesses financeiros procuram desqualificar os governos, os quais são o único poder com força suficiente para tributar e impor o seu poder via regulamentação pública e um banco central com uma opção pública para proporcionar serviços monetários básicos.

Para resistir a este ataque, os partidos políticos da Europa precisam reviver o caminho ao longo do qual a maior parte viajava antes da I Guerra Mundial. Isto exige a reintrodução da história da teoria económica clássica no curriculum académico para contrapor-se à censura que a ideologia neoliberal impôs à educação e discussão política nos media populares.

Uma estratégia neoliberal paralela foi transformada em religião seguindo linhas não económicas de modo a impedi-la de desempenhar o papel político que teve em séculos passados, desde os Escolásticos do século XIII e à denúncia da usura de Martinho Lutero até ao socialismo cristão, encíclicas papais e naturalmente a Teologia da Libertação. Adam Smith era professor de Filosofia Moral e ao longo de grande parte do século XIX as universidades continuaram a ensinar o pensamento económico como ramo da filosofia moral. A chave comum para esta longa tradição era ligar valores éticos à ciência económica pela teoria do valor e do preço: a ideia de que pessoas ganhariam rendimento ao providenciarem um serviço produtivo para a sociedade, não simplesmente tomando-o ou pela usura, a extracção de renda ou outro rendimento injusto.

O desafio neoliberal

Ao rejeitarem esta teoria do valor e do preço, os advogados rentistas distorcem o foco histórico da religião. Negar que qualquer rendimento é não merecido (unearned) ou que renda económica e juros são pagamentos de transferência ? definidos como rendimento não baseados em qualquer custo necessário de produção ? os neoliberais substituem a filosofia moral clássica por uma caricatura de ciência favorável aos rentistas. A Contabilidade Nacional do Rendimento e do Produto de hoje omite ganhos de "capital" da inflação do preço dos activos, mas isto representa a maior parte da acumulação de riqueza da Bolha Económica. (A minha recente colecção de ensaios, The Bubble and Beyond, revê o modo como a teoria económica foi transformada num conjunto de tautologias). Mais gravemente, a falha em perceber que o volume total de dívidas não pode ser pago ? e na verdade colocar isto no próprio centro da lógica económica ? é como negar o aquecimento global [NT 2] .

O termo "neoliberalismo" rapta a ideia liberal clássica de mercados livres que pretendia erguer defesas contra o privilégio especial e o rendimento não merecido. Para os economistas clássicos um mercado livre significa aquele livre de rendimentos não merecidos, definidos como renda da terra, renda de recursos naturais, renda de monopólio e renda extraída do privilégio. Os neoliberais invertem esta ideia. Tal como utilizado por eles, um mercado livre é aquele livre de impostos ou regulamentações de tais rendimentos rentistas, dando a tais receitas (e ganhos de capital) favoritismo fiscal em relação aos salários e aos lucros. As finanças são portanto livres para operarem sem peias quando governos são tratados como o inimigo, não como protectores da prosperidade comum.

Ao libertarem mercados da regulamentação e tributação pública ? isto é, pelo desmantelamento de sistemas de verificações e limitações (checks and balances) contra a exploração e almoços grátis ? o neoliberalismo torna-se uma doutrina de planeamento central. O efeito é substituir o poder público para proteger o público por um poder oligárquico para oprimi-lo, desqualificando a autoridade pública para regular e tributar as finanças e seus clientes dedicados à extracção de renda. Chamar a isto "liberdade", "livre escolha" ou "mercados livre" é um exercício de duplo pensamento Orwelliano.

Quanto a isto, o neoliberalismo é uma doutrina de poder e autocracia, uma preparação da teoria económica para a guerra financeira de hoje contra a economia como um todo. O seu programa fiscal é não tributar bancos e companhias de seguros, imóveis e monopólios. O resultado é uma guerra financeira não só contra o trabalho como também ? na verdade, acima de tudo ? contra a indústria e o governo, porque é ali que está o dinheiro. Ao ganhar o poder para endividar economias a velocidade crescente, o sector bancário e financeiro está a sugar recursos desviando-os para longe da economia real. O seu plano de negócio não é empregar trabalho e expandir produção, mas transferir tanto quanto possível do fluxo de receitas existente para as suas próprias mãos, capitalizando-o em pagamentos de juros.

Tal como a democracia romana organizava a votação por "centúrias" classificadas por riqueza da terra, do mesmo modo nos Estados Unidos de hoje os votos são simplesmente comprados por dólares, vindos principalmente do sector financeiro. O resultado deve ser polarização económica rumo a uma oligarquia rentista. Tal como a classe credora de Roma reduziu o Império a uma Idade Média de subsistência e comércio por troca (barter), as dinâmicas financeiras de hoje estão a globalizar a polarização entre credores e devedores, impondo austeridade em nome de mercados livres. Tal como em Roma, a etapa final do neoliberalismo ameaça tornar-se servidão da dívida (debt peonage).

Capitalismo financeiro versus capitalismo industrial

Esta não é a luta prevista entre capitalismo e socialismo. Ela está a verificar-se dentro do próprio capitalismo ? entre a indústria e a finança. O capital financeiro conquistou o capital industrial. Se bem que a social-democracia tenha ultrapassado a familiar guerra de classe entre patrões e trabalhadores, ela não foi capaz de enfrentar o golpe de estado financeiro contra a indústria e igualmente o trabalho. Bens de capital utilizados para finalidades produtivas no lado do activo do balanço constituem o objectivo do capital financeiro ao conceder empréstimos sobre o lado do passivo. O capital tangível tem um custo (em última análise redutível àquele do trabalho) e é limitado na oferta. A criação de crédito bancário portador de juros ("dívida de outras pessoas") é potencialmente ilimitada. Ele tornou-se portanto o almoço gratuito paradigmático.

O que é limitada é a capacidade de pagar e é aqui que o capitalismo industrial se rende às exigências do capital financeiro. Administradores financeiros tomaram o comando da indústria para sangrá-la, não para financiar a sua expansão. Firmas industriais foram financeirizadas, transformadas em veículos para pagar juros e dividendos ou simplesmente para gastar seus ganhos em compras das próprias acções ou para comprar outras firmas ao invés de empreender novo investimento de capital. Há empresas que estão mesmo a contrair empréstimos para distribuí-los como dividendos para criar aumentos rápidos nos preços das acções ? para que os seus administradores embolsem as suas opções em acções. Este comportamento levou advogados industriais a chamarem os bancos de gafanhotos (Heuschrecke) que devoram o excedente ao invés de actuarem como abelhas para financiar a formação de capital tangível.

O caminho de menor resistência para defender a indústria e elevar padrões de vida é renovar o programa social democrático da Era Progressista de transformar a banca numa utilidade pública para proporcionar serviços financeiros básicos tais como contas correntes e transacções com cartão de crédito ao seu custo ou gratuitamente, tais como estradas e outros serviços públicos, de modo a minimizar o preço de viver e fazer negócios.

O princípio básico que deveria guiar a política pública é muito antigo: reconhecer que qualquer encargo de dívida tende a crescer até se tornar impagavelmente alto. Para além da matemática exponencial do juro composto está a actual criação de crédito (dívida) "livre" que provém dos Estados Unidos desde que a ligação do dólar ao ouro foi cortada em 1971. A expansão resultante de dívida tende a aproximar-se do ponto em que ela absorve a renda da propriedade, o fluxo de caixa corporativo e o rendimento pessoal disponível ? bem como uma proporção crescente da receita do governo.

O capitalismo industrial imaginava um fluxo circular entre produtores e consumidores. Este era o conceito original das contas de rendimento nacional criadas por François Quesnay e os Fisiocratas. A versão de hoje trata as finanças, os seguros e o imobiliário (FIRE) como a produzirem um "serviço" e portanto como sendo parte deste fluxo circular, não como uma transferência extractiva de rendimento da mesma para uma classe rentista autónoma e cada vez mais predatória. O rendimento nacional é desviado para pagar serviço de dívida, provocando a contracção do consumo e da produção pois bancos e instituições financeiras agora desempenham o papel que os senhores da terra exerciam em tempos feudais e pós feudais.

A resolução para as exigências de hoje dos credores deve assumir a forma ou da bancarrota e arresto ou de uma redução da dívida. Mais de um quarto do imobiliário dos EUA está agora em situação líquida negativa, pendente de confisco ou ainda pior ? um longo combate por parte dos devedores hipotecários para atingirem o ponto de equilíbrio do valor líquido zero. Isto é o culminar da democratização da propriedade a crédito. Não se trata de liberdade económica mas sim de servidão da dívida ? tendo de passar uma vida inteira a tentar liquidar dívidas numa situação que impõe aos devedores afundarem cada vez mais num buraco financeiro.

A necessidade de reduções de dívida serem generalizadas, estendendo-se a todas as dívidas pessoais ? e portanto reestruturando o sistema bancário ? atemoriza muita gente quanto ao apoio de uma alternativa estrutural tão profunda. Mas é muito mais fácil na prática começar de novo com um Recomeço (Clean Slate), como fez a Alemanha em 1947, do que reajustar um sistema que foi concebido de forma tão torcida. Uma revisão da história mostra que tais cancelamentos de dívida foram prática normal desde 2500 AC até ao tempo de Jesus. Governantes no início da civilização e da empresa comercial no antigo Oriente Próximo proclamaram Recomeços para restaurar o status quo ante, uma cidadania livre de dívidas (cevada) pessoais. (Dívidas em "prata" comercial foram deixadas em vigor). Decretos andurarum e proclamações reais afins são encontradas ao longo de um período de aproximadamente três mil anos e foram o modelo para o Ano do Jubileu Bíblico (deror) . Ao invés de desestabilizar as economias, esta prática preservou a propriedade generalizada, preços estáveis e liberdade em relação à escravização por dívida.

O neoliberalismo nega que a resolução do encargo instável de uma dívida deva vir de "fora" do mercado financeiro. A política da UE está a transformar "o mercado" num colete de força pela comutação de dívidas do sector privado para o balanço do governo enquanto impede governos de imprimirem dinheiro para financiar o resultante défice orçamental. Isto inverte a direcção dos últimos três séculos de reforma económica e política. É uma revolução política ? ainda que talvez a mais invisível e encoberta tomada de controle (takeover) da história. Os bancos agora são capazes de criar um volume ilimitado de crédito, cada vez mais livre de impostos, e mesmo de receber salvamentos públicos destinados a permitir-lhes que retomem a concessão de empréstimos à economia não financeira. Isso é o equivalente a dar aos invasores terra em troca de nada e submeter o sistema fiscal aos conquistadores ? sem um combate real ou o simples entendimento do que está a ser entregue.

A guerra do sector financeiro contra a sociedade como um todo levou a uma dívida pública tão profunda quanto o fazia a guerra militar em tempos passados. A táctica rentista é obrigar governos a tomarem emprestado aos ricos a juros em vez de de tributá-los, enquanto endividam populações, imobiliário e indústria impondo-lhes tributo na forma de juros e comissões. Para coroar tudo isso, a banca exige subsídios e salvamentos de modo a que não sofra quando dívidas e poupanças se expandirem para além da capacidade de pagar e tiverem portanto de ser liquidadas. O truque do sector financeiro é manter a economia refém, ameaçando cessar a circulação de pagamentos se não obtiverem o que querem.

Ao atacar a regulamentação e protecção do governo como se conduzisse ao "caminho da servidão" rumo ao planeamento centralizado, o sector financeiro tornou-se o grande expropriador. O seu objectivo é centralizar o planeamento na Wall Street, na City de Londres, em Frankfurt e em outros centros bancários, dirigindo economias nacionais inteiras para o caminho da servidão por dívida. Para alcançar a vitória, a alta finança precisa desqualificar o governo, o qual é o único poder capaz de regulamentar, tributar e restringir a sua expansão. A fim de desqualificar a democracia política, a finança compra o controle das campanhas eleitorais de modo a promover políticos que actuem como seus empregados. Ela também compra o controle da televisão, rádio e publicações dos mass media, e utiliza doações para comprar o controle do processo académico. Em conjunto, estes são os vários órgãos que representam o "cérebro" da sociedade. Hoje eles estão a ser transformados em zumbis.

A própria religião tem sido desviada, afastando-a do seu foco sobre a dívida e a usura que perdurou longo tempo. Poucos cristãos são ensinados de que no seu sermão inicial Jesus desenrolou o pergaminho de Isaías que proclamava o Ano Jubileu e disse que esta era a sua tarefa: proclamar o "Ano do Senhor" e anunciar um Recomeço (Clean Slate) liquidando dívidas judaicas, libertando escravizados por dívida e recuperando terras para os seus proprietários originais de antes do arresto. E a edição em língua inglesa dos escritos de Martinho Lutero é cuidadosa em excluir o seu importante panfleto que denunciava Caco , o monstro da dívida portadora de juros em auto-expansão exponencial. Os evangélicos na América são especialmente maníacos em defender direitos financeiros sobre a propriedade, como se estes direitos fossem a própria propriedade e não a sua antítese.

Os neoliberais afirmam proteger a liberdade individual, especialmente face a governos opressivos, mas não face a credores ou rentistas. Economistas clássicos perceberam que era necessário um governo forte para controlar os direitos adquiridos. O seu objectivo não era desmantelar o governo e sim utilizar o seu poder regulatório e tributário no interesse público para minimizar rendimento não merecido e "almoços grátis" ? e minimizar o custo de viver e fazer negócios na economia. Ao apelar à "eutanásia do rentista" através da política pública, Keynes e a sua geração reconheceram que se governos fossem impedidos de controlar e tributar as Finanças, Seguros e Imobiliário (Finance, Insurance and Real Estate, FIRE), a economia passaria para o controle dos planeadores financeiros.

Não existe uma coisa tal como um mercado livre "automático". Toda economia com êxito tem sido uma economia mista, com sectores público e privado tendo cada um o seu diferente papel. A privatização da moeda, do crédito e de outros serviços de infraestrutura básica pode ser apenas uma fase transitória da história, não a tendência irreversível que neoliberais aplaudem e que levou à presente crise de poder rentista não controlado num vácuo político.

A tradição de banca central da Europa comparada com a da banca mercantil anglo-americana

Em contraste com o Banco da Inglaterra criado para emprestar dinheiro ao seu governo, o que fazia mais tipicamente em tempo de guerra, a tradição continental europeia tem sido para que bancos centrais emprestem a bancos comerciais, os quais por sua vez mantêm grande parte das suas reservas em títulos do governo. Assim, efectivamente, bancos comerciais monetizam indirectamente défices do governo. Bancos e compradores de títulos supostamente actuam como árbitros responsáveis, emprestando em termos economicamente viáveis que impedem inflação e gastos irresponsáveis do governo. A Constituição Alemã (Artigo 109 [2] ) declara a intenção de promover estabilidade de preços, do emprego, da balança de pagamentos e do crescimento económico.

Esta tradição está enraizada numa época em que a maior parte do empréstimo bancário era para o comércio e a indústria e, portanto, pelo menos nominalmente produtiva. A Europa prosperou enquanto o seu encargo da dívida era suficientemente baixo para ser suportado. Desde a II Guerra Mundial, contudo ? e especialmente ao longo da última geração ? o tsunami de crédito criado pelos bancos dos EUA e Grã-Bretanha esmagou a tradição bancária da Europa. Bancos financiaram uma bolha imobiliária (com a feliz excepção da Alemanha) e empenharam-se em esotéricos jogos de computador. A consequência é a tradição bancária da Europa continental que funcionava tão bem quando enraizada na expansão industrial deu lugar a uma prática mercantil anglo-americana, fazendo ganhos simplesmente a cavalgar a onda da inflação de preços de activos ? uma alavancagem de dívida auto-alimentada, tramada por bancos para induzirem clientes a contrair empréstimos.

A discussão económica de hoje deveria centrar-se no que deveria ser a melhor política responsável numa situação em que o crédito irresponsável está centrado em bancos comerciais, não na despesa dos governos. A bolha de preços de activos anterior a 2008 não foi um resultado de bancos centrais emprestarem a governos. Ela foi um produto do favoritismo em relação ao sector FIRE, facilitado pelo sistema fiscal da Eurozona que se centra mais em vendas e impostos sobre o rendimento do que em impostos sobre a terra destinados a deixar menos rendimento rentista "livre" a ser capitalizado em empréstimos bancários para promover os preços da propriedade aos níveis da Bolha.

Como deveriam os governos responder quando empréstimos temerários da banca colocam toda a economia em risco? Isto é o que tem acontecido, mais notoriamente nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Irlanda com seus empréstimos por hipotecas lixo ("subprime"), empréstimos de mentirosos (liars' loans) e fraude financeira absoluta promovida por uma recusa em fazer acusações criminais contra actividades descaradamente ilegais. Para colocar as coisas mais directamente, o controle do sector financeiro dos países de língua inglesa foi tomado por predadores "livres" para encherem os seus bolsos tão rapidamente quanto possível. Os actuais escândalos do MF Global e do Bank of America são simplesmente os mais notórios crimes financeiros não processados que hoje ocorrem ? e evidência de como a sua cobiça corrompeu o governo e os tribunais impedindo-os de actuar. Tal como criminosos comuns, os imperadores da alta finança não se importam com os danos feitos através das suas incursões.

O problema que hoje enfrenta a Eurozona é decidir simplesmente o que deveria acontecer à Espanha agora que a sua bolha imobiliária entrou em colapso, deixando seus bancos imprudentes com situação líquida negativa. Eles estão a tentar manter a economia refém, como se esta corrosiva criação de dívida financeira de alguma maneira pudesse ? e devesse ? ser ressuscitada, como se fosse normal ? um status quo ante, não um caminho errado. Que quantia deveria a Europa permitir que bancos caídos em situação líquida negativa sobrecarregassem governos nacionais e "contribuintes" com as suas perdas por empréstimos irresponsáveis?

Nos maus tempos de hoje os governos são chamados a criar dívida pública para dar a bancos comerciais cujas reservas foram perdidas devido a maus empréstimos ? o mau comportamento financeiro de que há muito eles acusavam de ser a inclinação dos governos! Deveriam governos da Eurozona capitular perante banqueiros e assumir a sua dívida imobiliária podre e os títulos de governos insolventes num balanço público pan-europeu. Isto seria uma "oligarquização" (eu hesito em dizer socialização) da dívida pública ? uma transferência de riqueza da classe que tem estado a saquear a economia.

Este problema não foi previsto na criação do euro. Nem foi antecipado que governos precisariam incidir em défices orçamentais a fim de puxar a Europa para fora da depressão. Tal gasto é necessariamente financiado por dívida pública. Ironicamente, apesar da temeridade dos seus sistemas de banca comercial, os bancos centrais nos países de língua inglesa são capazes de monetizar dívida pública tão livremente quanto os bancos comerciais podem criar crédito nos seus próprios teclados. Esta capacidade de criação de moeda salva os governos de serem mantidos reféns por credores como uma alavanca para forçar políticas fiscais pró rentistas, privatização e desregulamentação. De modo que o caminho de saída do pântano criado pela prática da banca comercial anglo-saxónica é mostrado pela prática anglo-saxónica no que concerne à banca central.

Precisamente porque a tradição da Europa continental é banca mais industrial e produtiva ela limitou o BCE a proporcionar crédito apenas a bancos comerciais para reabastecer o crédito bancário em crises de liquidez. Ela impediu-o de emprestar a governos para monetizarem seus défices orçamentais. Este papel limitado deixa o BCE incapaz de enfrentar a crise de insolvência de hoje. Uma economia infestada de dívida não pode "brotar" o seu caminho de saída da dívida. E ela certamente não pode adoptar um programa de Quantitative Easing no estilo dos EUA. A ideia é que taxas de juro mais baixas permitirão que os enormes encargos de dívida seja cumpridos mais facilmente ? estimulando novos tomadores de empréstimos a comprar os direitos de antigos devedores. Mas esta solução procura meramente ressuscitar a bolha, ao re-inchar preços de activos a um nível que possa salvar os bancos ? com a economia como um todo a incidir cada vez mais profundamente na dívida.

Isto significa que os negócios não podem tomar emprestado ? especialmente as pequenas e médias empresas responsáveis pela maior parte do novo emprego nas economias dos EUA e europeias ao longo das últimas décadas. Assim, o sistema financeiro atingiu um término. Não só a maior parte do encargo de dívida precisa ser desfeito como o sistema bancário e financeiro (incluindo planos de pensões financeirizados) e sistemas fiscais precisam ser reestruturados de modo a impedir um retorno da Bolha Económica.

O encargo da dívida pesa tão fortemente sobre uma economia como a sobre-tributação. A única solução prática é um Recomeço (Clean Slate) e isso não é algo que o BCE tenha autoridade para proclamar. Só um organismo governamental (ou, no contexto europeu, vários governos a actuarem em conjunto) pode fazer isto ? sob condições de crise tal como a que estamos hoje a experimentar. E se deixar de mover-se com precaução de acordo com estas linhas, as dívidas afundarão de qualquer modo, porque dívidas que não podem ser pagas não o serão. Trata-se de simples contabilidade.

Porque é que esta espécie de reestruturação não está no centro da discussão financeira de hoje ? como se fosse impensável? Não pensar acerca de alternativas significa ficar sentado enquanto a Europa se torna uma zona económica morta.
02/Agosto/2012
Notas
[1] Descrevo as reparações e o emaranhado da dívida de armas Inter-Aliado em Super Imperialism (nova ed. 2003), assim como a distinção entre o "problema orçamental" interno e o internacional.
[2] George Soros, Remarks at the Festival of Economics, Trento Italy, June 2, 2012
NT
[1] Isaías: Profeta bíblico do século VIII a.C.
[2] A analogia é péssima pois a teoria do aquecimento global é altamente contestável. Ver Acerca da impostura global

Do mesmo autor:
A economia da bolha e a deflação da dívida , 24/Set/2012

[*] Da Universidade de Missouri ? Kansas City & do Levy Institute, EUA, autor de The Bubble and Beyond, ISLET, Dresden, 2012, 481 p., ISBN 13:978-3-9814842-0-5

O original encontra-se em michael-hudson.com/2012/08/financial-predators-v-labor-industry-and-democracy/ .
Palestra na Sankt Georgen University, Frankfurt, 22/Junho/2012. Tradução de JF, revisão de JM.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Para uma melhor compreensão da crise do capitalismo BASENAME: canta-o-merlo-para-uma-melhor-compreensao-da-crise-do-capitalismo DATE: Sun, 14 Oct 2012 21:45:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Manuel Brotas
http://resistir.info/

A dinâmica intrínseca da acumulação capitalista conduz a grandes e recorrentes perturbações e interrupções do crescimento. A crise actual é essencialmente uma crise de sobreacumulação de capital. A razão mais profunda é a tendência para a baixa da taxa geral de lucro. Marx considerou esta a lei mais importante da economia política.

Simplifico, esquematizo, para ir à essência da questão [1] .

Qualquer sociedade, para sobreviver e desenvolver-se, necessita de garantir a produção de uma certa quantidade de bens e serviços. Essa produção ? e mais geralmente o funcionamento do organismo social ? exige que as forças de trabalho disponíveis se distribuam mais ou menos em certas proporções, que vão evoluindo, pelos diversos ramos de actividade económica. No socialismo, essa distribuição é, no fundamental, feita conscientemente, decidida de modo planificado, com o objectivo de satisfazer da melhor maneira possível as necessidades e aspirações da população. No capitalismo, a distribuição é, no fundamental, o resultado espontâneo das decisões independentes das empresas, com o objectivo de obter o maior lucro possível para os seus donos. A lei que, no capitalismo, assegura e regula a necessária distribuição do trabalho social (e dos recursos materiais) pelas várias actividades é a lei do valor.

O trabalhador não é uma bateria, que fornece no máximo tanta energia como aquela com que foi carregada. Em geral, um homem é capaz de trabalhar durante mais tempo do que o tempo que necessita para assegurar a sua sobrevivência. Essa diferença, desde que se tornou historicamente possível, é a origem de todos os sobreprodutos sociais que, quando apropriados privadamente por um grupo humano em detrimento de outros, constituem as sociedades de classe. Em particular, no capitalismo, a diferença entre o valor criado pelo esforço dos trabalhadores e o valor que recebem nos salários de que vivem chama-se mais-valia e é a fonte dos lucros dos capitalistas. A lei que o descreve é a lei da mais-valia.

A concorrência entre os capitalistas das várias esferas de actividade tende, sempre de modo muito turbulento, a uniformizar as rentabilidades entre elas. Quando a taxa de lucro sobe (desce) num ramo, os investimentos aumentam (diminuem), a respectiva oferta de produtos cresce mais (menos) rápido que a procura, os preços diminuem (aumentam) e volta a baixar (subir) a taxa de lucro. Nunca há equilíbrio. Nunca se consegue um nivelamento perfeito entre os vários ramos. Mas as taxas de lucro aproximam-se e oscilam em torno de um nível que permite falar numa taxa geral de lucro, para o conjunto da sociedade.

É através desta competição entre os vários capitais que a mais-valia arrancada aos trabalhadores da produção se reparte pelos capitalistas das várias áreas (incluindo o comércio e a banca), de modo a proporcionar taxas de lucro semelhantes aos novos investimentos em cada uma delas. Não é verdade que o sistema financeiro, ou mesmo os investimentos especulativos, proporcionem em geral taxas de lucro superiores. Isso pode suceder com vários capitais individuais por exemplo durante uma bolha especulativa, mas as bolhas desincham ou rebentam. Durante uma escalada especulativa, activos financeiros podem valorizar-se artificialmente com o disparar da procura e as mudanças de umas mãos para outras ? nesse caso, o que umas possam vir a ganhar com a compra perderam as outras com a venda e o presumível lucro não é mais do que uma transferência de umas para outras. Mas basta que, por algum motivo, como quando a desconfiança se insinua, os actuais proprietários queiram massivamente vender os activos para realizar os pretensos lucros, que logo precipitam a queda dos preços e evidenciam que se tratava tudo, afinal, de ganhos fictícios de capital fictício. Em média, se tomarmos um período suficientemente prolongado, pode mostrar-se que as rentabilidades não são maiores nestes sectores. Doutro modo, com a enorme mobilidade de capitais e facilidade de investir especulativamente, nem se perceberia por que os empresários não abandonariam os seus ramos e desatariam todos a investir na bolsa e noutras especulações.

Mas atenção. A competição capitalista tende a igualizar a taxa de lucro entre os vários ramos, mas a desigualizar a taxa de lucro dentro de cada um. Na produção e venda das mesmas mercadorias ou serviços, grandes capitais, tecnologicamente mais avançados, têm taxas de lucro maiores que pequenos capitais, tecnologicamente mais atrasados. É o movimento destes grandes capitais, mais avançados, que têm a capacidade de incrementar rápida e significativamente a oferta, que homogeneíza aproximadamente as taxas nos vários sectores.

O declínio da taxa geral de lucro

A taxa de lucro é a relação entre o que o capitalista ganha e aquilo que investiu. Tendo percebido que o lucro dos capitalistas não é senão uma forma transformada da mais-valia extorquida aos trabalhadores da produção, Marx mostrou que a taxa geral de lucro era dada pela relação entre a mais-valia globalmente produzida e o capital globalmente investido na produção, que se divide entre o que compra força de trabalho (capital variável) e o que compra equipamentos, matérias-primas, materiais auxiliares (capital constante). Desta forma, a taxa geral de lucro fica formulada em termos de valor [2] .

O desejo de extraírem o máximo benefício da exploração dos seus trabalhadores, leva os capitalistas a procurarem aumentar a produtividade do trabalho com a utilização de melhores equipamentos. A necessidade de defenderem e incrementarem a sua quota de mercado na concorrência com os outros capitalistas, obriga-os a procurar baixar os custos de produção, especialmente através da substituição de trabalhadores por máquinas. Aumenta a maquinaria (e a matéria prima processada) em relação ao número de trabalhadores. Mas com isso tende a diminuir a mais-valia obtida ? que provém exactamente da parte não paga do trabalho dos operários ? relativamente ao capital empregue. Ou seja, a taxa geral de lucro tende a diminuir. Marx considerou a lei do declínio tendencial da taxa geral de lucro como a mais importante da economia política [3] .

O lucro é o objectivo da produção capitalista. Sem lucro, não há produção capitalista. Esse é, aliás, dito de forma simples, o grande erro, ou a grande insuficiência, dos keynesianos, quando explicam a crise com a quebra da procura. Identificando correctamente que as mercadorias não se vendem se não houver interessados com capacidade de adquiri-las, esquecem, além disso e mais profundamente, que, para usar a sua linguagem, a procura só é efectiva se for lucrativa, isto é, se proporcionar lucros ao capitalista que as produziu.

Compreende-se, por conseguinte, a necessidade imperiosa do capitalismo em contrariar o declínio da taxa de lucro. Só o pode fazer aumentando a produção de mais-valia para o mesmo capital ou reduzindo o capital para a mesma produção de mais-valia. Todas as formas concretas de contrariar o declínio se reduzem às maneiras como se asseguram estas condições.

Contratendências

Uma maneira é intensificar a exploração, aumentar a mais-valia extorquida aos trabalhadores, aumentar a parte não paga em relação à parte paga do trabalho (ou seja, aumentar a taxa de mais-valia ). Pode-se mostrar facilmente que, embora isso contribua para enfraquecer e possa deter o declínio da taxa de lucro, esta tendência acaba sempre por se impor. Porque, sendo a mais-valia necessariamente inferior ao valor novo criado (de que é uma parte) e sendo o capital investido necessariamente superior à sua parte constante, a taxa de lucro há-de ser sempre menor que a relação entre o novo valor criado (o trabalho vivo) e a parte constante do capital investido (o trabalho morto); mas é exactamente esta relação que, como se viu atrás, a produção e a competição capitalista obrigam a diminuir, com o aumento da maquinaria por trabalhador e a substituição de trabalhadores por máquinas (o trabalho vivo por trabalho morto) [4] .

Outra maneira de procurar deter o declínio é aumentar a rotação do capital, que permite reduzir o capital destacado inicialmente para assegurar o pagamento da força de trabalho, das matérias-primas e dos materiais auxiliares ao longo da produção. Por exemplo, em igual período de tempo, com duas rotações em vez de uma, a mesma mais-valia é produzida com metade do capital variável, com menor investimento. Mas é evidente que esta aceleração da rotação do capital tem limites bem estreitos e, por conseguinte, a tendência para o declínio acaba sempre por triunfar.

Outra maneira ainda é a desvalorização do capital constante (mais geralmente, a depreciação do capital constante). O aumento da produtividade, com a mecanização, diminui a quantidade de trabalho necessária para produzir as mercadorias (o seu valor). Mas então o aumento dos meios de produção pode eventualmente ser mais do que compensado pela diminuição do seu valor, o que aumenta a taxa de lucro. Pode-se no entanto mostrar, o que não se fará aqui, que se não houver no longo prazo um enviesamento significativo do crescimento da produtividade entre o sector que produz os meios de produção e o sector que produz os meios de vida dos trabalhadores ? o que tem sido comprovado estatisticamente e é compreensível, visto que o estímulo desse crescimento, a pressão para os lucros e a competição entre os capitalistas, não é dissemelhante nos dois sectores ?, então diminuem os custos com capital variável e aumentam os custos com capital fixo (máquinas, equipamentos, instalações) por unidade de produto e a taxa de lucro desce.

A queda da taxa geral de lucro não é progressiva. Manifesta-se, com imensas irregularidades, sob a forma de uma tendência, que é contrariada de várias formas, que pode até durante certo tempo ser invertida, mas que vence no final.

Numa análise mais fina, o empresário capitalista está interessado em conseguir um lucro maior do que obteria se pusesse o dinheiro a render juros, de contrário não faz o investimento (Marx chamou a essa diferença o lucro da empresa ). A diminuição das taxas de juro pode permitir, então, até para uma taxa geral de lucro declinante, a conservação do lucro das empresas não financeiras (a diferença que Marx falava). Mas não para sempre, porque aquela diminuição está limitada pelo zero. A taxa de lucro das empresas tem que acabar por diminuir.

Com a queda da taxa de lucro, grandes massas de capitais ficam desocupados, adormecidos, simplesmente a capitalizar juros, o que fornece desde logo uma enorme base para os investimentos especulativos. Muitos outros, sem rentabilidades suficientemente atractivas no investimento produtivo, tentam as aventuras especulativas. Mas já vimos que, ao longo do tempo, em média, não se saem melhor. E compreendemos que os seus lucros, quando são reais, representam um punção ainda mais intensa da mais-valia produzida no sector produtivo, que aliás prejudica o reinvestimento e a produção de nova mais-valia. A especulação financeira não inverte, não detém, nem sequer enfraquece o declínio da taxa geral de lucro. Isto é, não contraria esse declínio. Se faz alguma coisa, é agravá-lo. Pode aproveitar a capitalistas individuais, mas prejudica o conjunto do sistema. Não é desta forma que o capitalismo procura, e menos ainda consegue, deter a taxa geral de lucro. Fá-lo fundamentalmente pela intensificação da exploração do trabalho e pela desvalorização do capital (que é uma forma da sua destruição). Em última instância, só a crise, com a sua aniquilação massiva de capitais e o reforço brutal da exploração, restaura a rentabilidade suficiente para que o capitalismo possa funcionar e prosseguir. A eliminação de capitais mais fracos e menos lucrativos aumenta a concentração e centralização nos mais fortes.

A concentração monopolista do capital não eliminou a competição capitalista. Muito pelo contrário, intensificou-a, exacerbou-a, dando-lhe uma expressão agravada à escala mundial. As contradições imperialistas por mercados, mão-de-obra barata, recursos naturais, esferas de investimento, domínio geo-estratégico, engendram o militarismo e a guerra. Mas nem as despesas militares, ainda que colossais, adquirem uma dimensão suficiente no PIB das sociedades contemporâneas para tirá-las da depressão económica, nem as guerras se fazem propriamente para acabar com as depressões [5] (estas é que acirram as contradições e podem originar guerras horrorosas). Quem tem o papel de destruir capital, de revigorar a taxa de lucro e retomar o crescimento é a crise, com o seu efeito simultaneamente devastador (para os trabalhadores) e saneador (para o capitalismo).

A sobreacumulação de capital

A massa de lucros no conjunto da sociedade é dada pelo produto do capital social pela taxa média de lucro. Por um lado, parte daqueles lucros são reinvestidos, aumentam o capital total (chama-se a isto acumulação de capital) e, dessa forma, contribuem para aumentar ainda mais a massa de lucros. Por outro lado, a taxa de lucro declinante contribui para diminuir essa massa de lucros. Os dois factores opõem-se, mas, durante certo tempo, o primeiro prevalece, embora cada vez menos, à medida que a taxa de lucro declina, porque, quando a rentabilidade diminui, os investimentos diminuem também. Se a taxa de lucro continua a cair, chega-se a um ponto em que os lucros adicionais resultantes da acumulação (desacelerada) de capital já não compensam as reduções resultantes da menor taxa de lucro. O capital total pode aumentar mas não origina mais lucro. Se alguns novos capitais dão lucros, muitos outros dos antigos passam a dar prejuízos, porque a soma de todos os lucros daí em diante reduz-se. É o ponto da sobreacumulação de capital. É nesta altura que se desencadeiam as grandes depressões económicas, como a que estamos a viver (e que importa não confundir com as oscilações típicas do ciclo de negócios capitalista, reconhecíveis por exemplo nas variações da utilização da capacidade instalada e que originam perturbações mais frequentes mas muito menos devastadoras do crescimento económico). É a irrupção violenta de uma gigantesca e demorada crise, com o seu enorme cortejo de falências, de quebra acentuada e prolongada dos rendimentos e do investimento, com o aumento vertiginoso e persistente do desemprego e da pobreza. A sobreacumulação de capital exprime-se, desde logo, numa enorme sobreprodução de mercadorias, que se amontoam, invendáveis, a par de massas necessitadas, e mesmo esfomeadas, lançadas na miséria pelo desemprego, pela destruição dos seus trabalhos, pelos despedimentos, pelos salários em atraso, pelas reduções dos ordenados e das reformas, pelo reforço da precariedade, pelo corte de subsídios e apoios sociais, pelo desmantelamento e encarecimento de serviços públicos, pelo aumento da desprotecção social. É a crise de sobreprodução ou, dito com mais profundidade, a crise de sobreacumulação de capital, originada pelo declínio da taxa geral de lucro.

A presente crise tem, no entanto, características inéditas. A necessidade do capitalismo retomar a acumulação colide com a saturação e o declínio próximo da sua principal fonte energética (pico petrolífero), cuja oferta, devido a constrangimentos físicos, deixou de poder acompanhar a procura (o que é disfarçado pela quebra desta durante a crise). Colide também com a progressiva escassez de outras matérias-primas naturais, cuja produção é insuficiente para as necessidades do crescimento. Pode-se observar, com pertinência, que a crise actual é uma crise de sobreprodução ensarilhada com uma crise de subprodução.

O capitalismo não oferece o socialismo

A crise é profunda, demorada (nunca menos de uma década a contar do início) e deixará muitas sequelas. Mas não é eterna e passará. Provavelmente com grandes mudanças na organização económica, social e institucional da sociedade. Não necessariamente num sentido favorável aos trabalhadores. A impossibilidade de continuar como dantes fornece a consciência aguda da necessidade e da premência das grandes mudanças.

Quando as contradições de classe se desenvolvem e agudizam podem reunir-se, no chavão bem intencionado de tantos camaradas, ?as condições objectivas e subjectivas? da revolução. Melhor diria o Lénine: chegar o momento em que os de cima já não podem manter a dominação (condições objectivas) e os de baixo já não querem aceitar a dominação (condições subjectivas). Uma coisa, no entanto, é certa. A alternativa é o socialismo, mas este não resultará espontaneamente do capitalismo (por exemplo, da descida mecânica, ainda que muito irregular, da taxa geral de lucro). Só a intervenção organizada e consciente dos trabalhadores e das massas populares pode transformar as possibilidades em aberto na realidade por que lutam os comunistas e a que aspiram os povos.
Notas de rodapé:

[1] Texto publicado no Avante!, órgão oficial do PCP, a 11 de Outubro de 2012. A limitação do espaço levou a simplificações. Nomeadamente, não se atende à diferença entre taxa geral de lucro, resultado do nivelamento, e taxa média de lucro. Nem se desenvolveu a articulação do declínio da lucratividade e da sobreacumulação com os problemas da realização da mais-valia.

[2] A sua tradução para o sistema de preços, como é observada empiricamente, não é imediata, mas basta aqui dizer que está estreitamente ligada e evolui da mesma maneira (é o chamado problema da transformação, dos valores em preços e da mais-valia em lucro).

[3] Nos Grundrisse der Kritik der Politischen Ökonomie, Caderno VII. Esta lei complementa e desenvolve, requerendo-as, a lei do valor e a lei da mais-valia, acima mencionadas, insuficientes por si só para demonstrar que o capitalismo não tem solução (a grande tese do Capital ).

[4] Uma conta elementar pode ajudar a compreender. Taxa lucro = mv / K = mv / ( c + v ), com K capital investido, mv mais-valia, c capital constante, v capital variável. Dado que mv < l , com l valor novo criado, e c < K , então Taxa lucro < l / c . Como a competição capitalista obriga esta fracção a diminuir, a mesma tendência acaba por impor-se à taxa de lucro, qualquer que seja a taxa de mais-valia.

[5] As guerras podem estimular a produção e o emprego, nomeadamente à custa de gigantescos défices orçamentais, mas o aumento da lucratividade é geralmente conjuntural. É pertinente recordar que a recuperação dos Estados Unidos da grande depressão económica do começo da década de 30 começou nove anos antes da sua entrada na guerra mundial.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Rajoy-Fame: Despedimentos no sector público BASENAME: canta-o-merlo-rajoy-fame-e-despedimentos-no-sector-publico DATE: Sat, 29 Sep 2012 18:05:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.elboletin.com/index.php?noticia=61490&;name=nacional

Rajoy prepara umha reforma que permita os despedimentos colectivos no sector público

O Ministério de Emprego estaria a ultimar o regulamento que permitirá realizar despedimentos colectivos nos pessoais das Administraçons e empresas públicas.

Ainda que o Governo congelou por terceiro ano consecutivo as retribuiçons dos empregados públicos e manterá a zero a taxa de reposiçom do pessoal que se jubile, salvo nos serviços essenciais como Sanidade, Educaçom e Forças e Corpos de Segurança, estes recortes nom serám os únicos que acometerá a equipa de Mariano Rajoy, cujo objectivo é aprovar umha reforma que permita aplicar EREs ao pessoal laboral, segundo publica Liberdade Digital.

Os sindicatos temem que os novos recortes agochados no gasto de pessoal e que estes se materializem mediante despedimentos colectivos entre o pessoal laboral, tanto das Administraçons como os das empresas públicas. É dizer, mediante a reduçom de pessoais.

A reforma laboral já contempla a possibilidade de despedir empregado públicos, mas a sua plena aplicaçom está à espera de desenvolvimento regulamentar. O rascunho do projecto elaborou-se o passado Julho e é provável que nom tenha grandes modificaçons.

Este documento indica que as empresas públicas poderom aprovar um ERE alegando ?causas económicas?, do mesmo modo que qualquer outra companhia privada. Percebe-se que concorrem ?causas económicas? quando existam ?perdas actuais ou previstas?, ou bem umha ?diminuiçom persistente do seu nível de ingressos ordinários ou vendas?. Em todo o caso, esta-se a perceber que a diminuiçom é persistente? se durante três trimestres consecutivos o nível de ingressos ordinários ou vendas de cada trimestre é inferior ao registado no mesmo trimestre do ano anterior?.

Assim mesmo, as Administraçons Públicas (Governo, CCAA, Câmaras municipais, Segurança Social, organismos autónomos, Universidades e outras entidades públicas) podem despedir pessoal laboral alegando, igualmente, ?causas económicas?.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: González e Aznar- Como se converter de advogado trabalhista ou de funcionário da Fazenda em oligarcas. BASENAME: canta-o-merlo-gonzalez-e-aznar-como-se-converter-de-advogado-trabalhista-ou-de-funcionario-da-fazenda-em-oligarcas DATE: Sat, 22 Sep 2012 10:16:24 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/
www.publico.es

Aznar e González: mais de 500.000 euros ao ano em salários e duas pensons de 80.000 euros brutos ao ano para sempre.

Nom lhes vai nada mal aos dous ex presidentes do Governo do Reino boubónico de Espanha. Um revejo aos emolumentos públicos de Felipe González e José María Aznar mostra como entre os dous conseguem ingressos superiores aos 500.000 euros ao ano, ainda que o político fascista ingressa ao menos 50% mais que o post-moderno.

José María Aznar foi fichado pola mineira Barrick Gold Corporation, a maior companhia do mundo na extracçom de ouro, com muita presença na América do Norte Latina onde controla umhas 25 minas. O amigo de Bush também está fichado por Endesa como assessor externo centrado concretamente em temas latino-americanos a razom de 200.000 euros anuais. O pruri-emprego nom remata nisto, porque ademais assessora em News Corporation, empresa do magnata Rupert Murdoch, A notável subida de salário que o polémico magnata dos médios Rupert Murdoch concedeu ao ex presidente do PP pola sua condiçom de conselheiro do império News Corporation, proprietário entre outros dos jornais The Wall Street Journal, The Times ou as cadeias CNBC e Fox News, situa as suas retribuiçons totais polos cargos que desempenha por enzima dos 300.00 euros brutos anuais.

À margem, o ex presidente conta com outras actividades profissionais, como conferências, assessorias, livros ou artigos que desenvolve habitualmente através de umha sociedade familiar, denominada Famaztella, acrónimo de Família Aznar-Botella, através da qual factura também os serviços para News Corporation. Essas actividades reportam-lhe ingressos adicionais nom conhecidos polo miúdo. Por exemplo, em 2010 Famaztella declarou um benefício de 225.000 euros e o ano anterior tinha ganhado quase o duplo.

Só pola sua condiçom de vogal do conselho do império mediático de ideologia conservadora, e trás a subida de salário de 7,6%, Aznar cobra uns 198.000 euros. Deles, 86.000 euros som em efectivo e 112.000 em acçons. À margem desta tarefa, o ex presidente é desde 2010 assessor externo da eléctrica Endesa, controlada pola italiana Enel. Ao nom exercer como conselheiro, a sua retribuiçom nom aparece nos dados oficiais que facilita Endesa ao organismo regulador do comprado. Publicaram-se cifras que situam esta compensaçom na contorna dos 200.000 euros. Como referência, a retribuiçom dos conselheiros nom executivos desta empresa foi em 2011 superior a 320.000 euros, exercício no que o actual ministro de Economia do Reino boubónico, Luís De Guindos, desempenhava essa funçom.

Estas retribuiçons privadas som compatíveis, ao menos por enquanto e do mesmo modo que em muitos países ocidentais, com umha pensom pública vitalícia como ex presidente do Governo. No reino boubónico de Espanha ascende a 80.000 euros brutos ao ano.

Pola sua banda, Felipe González, que ocupa um posto no conselho de outra das grandes eléctricas do país, Gás Natural Fenosa, recebe por esta funçom 126.000 euros brutos anuais sem dietas, já que os membros deste organismo nom as recebem, aos que se suma a pensom vitalícia como antigo chefe do Governo à que também tem direito. Ao todo, algo mais de 200.00 euros aos que teríamos que acrescentar ingressos pontuais polas actividades profissionais que desenvolve, também circunscritas ao mundo das conferências, os livros e as assessorias. É membro assessor de um dos grupos de pressom económica e política do mundo o do oligarca mexicano Carlos Slim.

As perguntas que nos devemos fazer som: Que entregárom estes dous sujeitos quando eram chefes de governo ao capitalismo internacional para converter-se em parte da sua oligarquia? A quanto ascende o saqueio (as privatizaçons) e as suas mais-valias dos bens públicos (Telefónica, Campsa, Endesa, Argentaria, Banesto, Galerias Prezados, etc...) que agora estám em maos da oligarquia à qual estes dous "chantas" hoje pertencem?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Dous mil homens e mulheres espanhóis emigram ao mês do "paraíso capitalista" espanhol ao "inferno comunista" de Cuba BASENAME: canta-o-merlo-quase-dous-mil-rapazes-e-raparigas-espanhois-emigram-do-ao-mes-do-paraiso-capitalista-ao-inferno-comunista-de-cuba DATE: Fri, 21 Sep 2012 18:05:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

insurgente.org

Dos dados conhecidos do Padrom de espanhóis residentes no estrangeiro há umha cifra que merece umha reflexom, posto que há centos de jovens que estám a emigrar Gram-Bretanha ou Alemanha, mas o interessante é conhecer que quase 2.000 jovens que cada mês! emigra a Cuba.

Segundo os dados do Padrom de Espanhóis Residentes no Estrangeiro, desde 2009 emigraram case 350.000 espanhóis, e só no que vai de 2012 saíram do país 114.057, dos que 83.763 emigraram ao continente americano e 26.222 fizérom-no a países europeus.

Entre os que ficaram no continente europeu, por um tema de proximidade é a França a primeira opçom (8.273), seguida do Reino Unido (4.780), Alemanha (3.262) e Suíça (3.141).

Em tanto, Argentina (22.073) é o principal e Cuba mantém-se como a segunda opçom (13.890), deixando nos seguintes postos a Brasil (8.362), México (7.959) e Estados Unidos (7.134).

Os emigrantes som novos dentre 25 e 35 anos, com estudos já terminados ou mesmo profissionais com umha ampla capacidade laboral, com umha boa quilificaçom nos seus anteriores empregos, e sem cargas familiares.

A rede LinkedIn é umha das mais utilizadas tanto para mostrar-se como para estudar o presente de cada país no que respeita às possibilidades laborais que oferece, ademais do contacto directo com as embaixadas, através da web, que permite encontrar a informaçom sobre legislaçom, requisitos laborais ou mesmo as ofertas de trabalho.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: González e Aznar- Como se converter de advogado trabalhista ou de funcionário da Fazenda em oligarcas. BASENAME: canta-o-merlo-gonzalez-e-aznar-como-se-converter-de-advogado-trabalhista-ou-funcionario-da-fazenda-em-oligarcas DATE: Thu, 13 Sep 2012 23:18:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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Aznar e González: mais de 500.000 euros ao ano em salários e duas pensons de 80.000 euros brutos ao ano para sempre.

Nom lhes vai nada mal aos dous ex presidentes do Governo do Reino boubónico de Espanha. Um revejo aos emolumentos públicos de Felipe González e José María Aznar mostra como entre os dous conseguem ingressos superiores aos 500.000 euros ao ano, ainda que o político fascista ingressa ao menos 50% mais que o post-moderno.

José María Aznar foi fichado pela mineira Barrick Gold Corporation, a maior companhia do mundo na extracçom de ouro, com muita presença na América do Norte Latina onde controla umhas 25 minas. O amigo de Bush também está fichado por Endesa como assessor externo centrado concretamente em temas latino-americanos a razom de 200.000 euros anuais. O pruri-emprego nom remata nisto, porque ademais assessora em News Corporation, empresa do magnata Rupert Murdoch, A notável subida de salário que o polémico magnata dos médios Rupert Murdoch concedeu ao ex presidente do PP pola sua condiçom de conselheiro do império News Corporation, proprietário entre outros dos jornais The Wall Street Journal, The Times ou as cadeias CNBC e Fox News, situa as suas retribuiçons totais polos cargos que desempenha por enzima dos 300.00 euros brutos anuais.

À margem, o ex presidente conta com outras actividades profissionais, como conferências, assessorias, livros ou artigos que desenvolve habitualmente através de umha sociedade familiar, denominada Famaztella, acrónimo de Família Aznar-Botella, através da qual factura também os serviços para News Corporation. Essas actividades reportam-lhe ingressos adicionais nom conhecidos polo miúdo. Por exemplo, em 2010 Famaztella declarou um benefício de 225.000 euros e o ano anterior tinha ganhado quase o duplo.

Só pola sua condiçom de vogal do conselho do império mediático de ideologia conservadora, e trás a subida de salário de 7,6%, Aznar cobra uns 198.000 euros. Deles, 86.000 euros som em efectivo e 112.000 em acçons. À margem desta tarefa, o ex presidente é desde 2010 assessor externo da eléctrica Endesa, controlada pola italiana Enel. Ao nom exercer como conselheiro, a sua retribuiçom nom aparece nos dados oficiais que facilita Endesa ao organismo regulador do comprado. Publicaram-se cifras que situam esta compensaçom na contorna dos 200.000 euros. Como referência, a retribuiçom dos conselheiros nom executivos desta empresa foi em 2011 superior a 320.000 euros, exercício no que o actual ministro de Economia do Reino boubónico, Luís De Guindos, desempenhava essa funçom.

Estas retribuiçons privadas som compatíveis, ao menos por enquanto e do mesmo modo que em muitos países ocidentais, com umha pensom pública vitalícia como ex presidente do Governo. No reino boubónico de Espanha ascende a 80.000 euros brutos ao ano.

Pola sua banda, Felipe González, que ocupa um posto no conselho de outra das grandes eléctricas do país, Gás Natural Fenosa, recebe por esta funçom 126.000 euros brutos anuais sem dietas, já que os membros deste organismo nom as recebem, aos que se suma a pensom vitalícia como antigo chefe do Governo à que também tem direito. Ao todo, algo mais de 200.00 euros aos que teríamos que acrescentar ingressos pontuais polas actividades profissionais que desenvolve, também circunscritas ao mundo das conferências, os livros e as assessorias. É membro assessor de um dos grupos de pressom económica e política do mundo o do oligarca mexicano Carlos Slim.

As perguntas que nos devemos fazer som: Que entregárom estes dous sujeitos quando eram chefes de governo ao capitalismo internacional para converter-se em parte da sua oligarquia? A quanto ascende o saqueio (as privatizaçons) e as suas mais-valias dos bens públicos (Telefónica, Campsa, Endesa, Argentaria, Banesto, Galerias Prezados, etc...) que agora estám em maos da oligarquia à qual estes dous "chantas" hoje pertencem?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O genocidio do povo grego e o capitalismo anglo-sionista - Resultados da submissão à "troika" BASENAME: canta-o-merlo-o-genocidio-do-povo-grego-e-o-capitalismo-anglo-sionista-resultados-da-submissao-a-troika DATE: Tue, 11 Sep 2012 14:21:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Resultados da submissão à "troika"
Os salvamentos da Grécia e o desastre económico e social
por C. J. Polychroniou [*]

resistir.info

A economia grega tem estado a contrair-se durante os últimos cinco anos, em grande medida devido a uma contracção na procura interna que começou antes de irromper a crise de dívida soberana no fim de 2009. No fim deste ano, o PIB da Grécia ter-se-á contraído em mais de 20 por cento desde o início da crise. A economia interna cresceu a 4 por cento de 2003 a 2007, um desempenho económico especialmente bom até se perceber que o contribuidor mais importante para o crescimento do PIB grego foi o forte consumo privado, alimentado por uma alta no crescimento do crédito, consumo público em grande escala e investimentos nos Jogos Olímpicos de 2004 (Moschovis e Servera 2009).

Além disso, este crescimento "dinâmico" teve lugar contra um pano de fundo de assimetrias e patologias de grande escala na estrutura económica e da administração pública da Grécia: mau funcionamento de mercados internos, os quais, dentre outras coisas, mantiveram inflação próxima de dois pontos percentuais acima do resto da área euro; aumentos em salários nominais ultrapassando ganhos de produtividade; défices fiscais crescentes e rácios dívida-PIB incríveis; níveis espantosos de corrupção e desperdício; financiamento mínimo de I&D; e desenvolvimentos negativos nas receitas do imposto sobre rendimentos. Portanto, quando a crise global atingiu as costas da Europa, todas estas fraquezas estruturais da economia grega explodiram à superfície, provocando uma crise de imensas proporções (Polychroniou, 2011). Os mercados retaliaram pressionando os rendimentos dos títulos gregos a níveis estratosféricos, e a Grécia acabou por estar totalmente dependente da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para as suas necessidades de contracção de empréstimos. Mas isto foi apenas o princípio de uma crise que agora ameaça a própria sobrevivência do projecto euro. A crise da dívida grega logo propagou-se como um vírus à periferia externa da eurozona (Irlanda e Portugal), a seguir para as duas maiores economias do Sul (Espanha e Itália) e agora corridas bancárias foram acrescentadas às pressões crescentes sobre a eurozona.

A propagação da crise de dívida soberana, da Grécia para a Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, é um reflexo da concepção enviesada do sistema euro (Papadimitriou e Wray 2012) e do lamentável fracasso por parte da actual liderença europeia em conter um aprofundamento da crise com medidas políticas rápidas, eficazes e corajosas. Neste contexto, a Grécia não deveria ser vista como um caso isolado mas sim como parte da crise da eurozona. Ao mesmo tempo, contudo, a Grécia é um "caso especial". Sua economia é pequena, mas com um espantoso conjunto de problemas únicos e persistentes, a maior parte dos quais estão relacionados directamente às peculiaridades do ambiente político interno e da cultura política geral. Exemplo: o país já estava a incorrer num rácio dívida-PIB acima dos 100 por cento já em 1992. E a evasão fiscal permanece um problema social descontrolado. A Esquadra de Crimes Financeiros muito recentemente informou que mais da metade dos estabelecimentos de negócios que operam em áreas de resorts turísticos não estavam a emitir recibos, enquanto em algumas das ilhas mais populares as taxas de evasão fiscal chegavam aos 100 por cento ( Athens News 2012).

OS SALVAMENTOS FORAM UMA MALDIÇÃO

Como o declínio do PIB grego deveria indicar, a situação económica na Grécia hoje é catastrófica. A economia está em queda livre e as consequências sociais são sentidas amplamente. A principal razão para esta terrível situação é que o país sofreu durante mais de dois anos sob um duro regime de austeridade imposto pela UE e o FMI. Os salvamentos demonstraram-se uma maldição. O país está literalmente sob ocupação económica e a mergulhar cada vez mais fundo no abismo, e há pouca razão para esperar uma viragem no futuro previsível.

A história da crise grega tem de começar com reacção a indesculpavelmente lenta da parte das autoridades da UE. Muitos meses preciosos foram desperdiçados antes de Bruxelas começar a entender que passos precisavam ser dados em favor de um estado membro da UE. Mas quando Bruxelas finalmente reagiu, a intenção foi infligir punição aos gregos "esbanjadores" (punição por terem cozinhado a contabilidade a fim de juntarem-se à eurozona e por esconderem o défice real das autoridades da UE) ao invés de ajudar um estado membro e resolver dificuldades que eram essencialmente um problema europeu. Em 2008, o défice fiscal da Grécia ocupava o primeiro lugar entre os 27 estados membros da UE (7,7 por cento do PI&amp;#66;&amp;#41; e sua dívida pública era a segunda mais elevada. E as autoridades estatísticas nacionais gregas eram realmente conhecidas por sua falta de independência e integridade. Assim, quando as autoridades gregas também reviram o rácio do défice para 2009 (de 3,7 do PIB para 12,7 por cento do PIB, ver Comissão Europeia 2010ª), a Alemanha e os chefes da UE estavam determinados a activar um plano que provocaria muito sofrimento à Grécia e assinalaria a outros estados membros da eurozona que destino os aguardava se fracassassem em por em ordem suas casas económicas e fiscais.

Em Maio de 2010, depois de ser completamente excluída dos mercados internacionais de crédito, a Grécia aceitou um pacote de salvamento maciço da UE e do FMI a fim de evitar um incumprimento. Isto não foi um acto de solidariedade da parte dos parceiros UE da Grécia e seus apoiantes financeiros. Estavam em causa bancos da Europa, os quais estavam super-expostos à dívida grega, bem como a estabilidade do euro. Mesmo assim, responsáveis da UE mostravam-se publicamente bastante confiantes em que o acordo de salvamento ajudaria a Grécia a colocar a sua economia outra vez nos trilhos num espaço de tempo relativamente curto e lhe permitiria retornar aos mercados internacionais de crédito no fim de 2011 ou princípio de 2012. Por mais perversos que agora possa parecer, o clima era ligeiramente eufórico. Na Grécia, o primeiro-ministro George Papandreu (que ainda se retrata como um salvador do país nos dias modernos) louvou a decisão como um "dia histórico" para a Grécia e igualmente para a Europa. Além disso, a maior parte dos economistas por todo o espectro ideológico não estava simplesmente céptica acerca do acordo de salvamento mas pensava realmente que as medidas que acompanhavam os fundos de resgate afundariam a economia grega numa recessão mais profunda. O acordo de salvamento cobrira três anos e totalizava 110 mil milhões de euros. Os parceiros da Grécia na eurozona proporcionariam ?80 mil milhões e o FMI ?30 mil milhões. O empréstimo do salvamento tinha uma taxa de juro usurária de 5 por cento. Quanto aos objectivos do plano de salvamento, eram vastos e ambiciosos, reflectindo claramente a urgência da situação, mas também altamente irrealistas e guiados por uma forte convicção na capacidade da agenda neoliberal de reformas estruturais para rapidamente para estimular rapidamente economias perturbadas para voltarem ao crescimento. Reduzir o défice (a 3 por cento do PIB em 2013), restaurar a sustentabilidade da dívida (a da Grécia atingiu aproximadamente 120 por cento em Maio de 2010), alcançar desvalorização interna com o objectivo de reduzir a procura interna, melhoria da competitividade, e aumento dos investimentos e das exportações foram identificados como os objectivos primários do plano. A estratégia de consolidação fiscal tendo em vista reduzir o défice e restaurar a sustentabilidade da dívida envolveu um pacote de medidas que equivaliam a 11 por cento do PIB do país. Com as correcções em vigor, a previsão afirmava que surgiria um excedente primário em 2012.

As medidas exigidas para realizar os objectivos acima foram simplesmente as políticas de ajustamento estrutural do FMI que foram impostas em muitos países latino-americanos, africanos e do antigo bloco comunista do Leste europeu ao longo dos últimos 35 anos; nomeadamente, cortando o orçamento, aparando o sector público, eliminando programas sociais e benefícios dos trabalhadores, liberalizando mercados de trabalho, elevando impostos, reformando o sistema de pensões, privatizações abrangentes e assim por diante. A desvalorização da divisa era impossível no caso da Grécia, uma vez que o euro é utilizado em toda a eurozona, de modo que a desvalorização interna (reduzindo o pagamento de salários e pensões) foi encarada como um substituto natural. Segundo a expectativa do FMI, a implementação do programa de ajustamento estrutural permitiria à economia recuperar alguma da sua competitividade perdida devido a altos custos de trabalho e, após um aumento lento, a dívida começaria a declinar após 2013.

No Memorando de Entendimento assinado pela Grécia e os credores da UE/FMI, esperava-se que o governo grego executasse as reformas exigidas com velocidade relâmpago e a "troika" ? a Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu (BCE), responsáveis oficiais pela supervisão do programa de ajustamento estrutural grego ? reveriam seu progresso numa base trimestral a fim de determinar quando a prestação seguinte dos fundos de resgate (os quais eram para ser utilizados exclusivamente para as obrigações de dívida do país) deveria ser libertada. Esta abordagem ao tratar das desgraças económicas de um país é típica do pensamento do FMI, o qual sempre encarou uma economia nacional como sendo um navio que pode mudar de rota quase instantaneamente ao comando do seu capitão. Quanto à cultura nacional, não havia razão para que não pudesse ser posta à parte como o motor de um carro e reparada muito rapidamente.

FMI CONTINUA O MESMO

A ideia de que o FMI mudou a sua filosofia e as tácticas que segue é asneirenta. Na verdade, apesar das muito repetidas afirmações de vários responsáveis de nível sénior no sentido de que a organização aprendeu com os seus erros passados e alterou o modo como aborda países que precisam de orientação económica e assistência, a mentalidade do FMI (e dos seus acólitos neoliberais por toda a parte) ainda está presa à era do regime de Pinochet no Chile, quando armas e torturas eram utilizam amplamente como meio de impor disciplina fiscal e uma utopia de "mercado livre" sobre uma nação pouco complacente. A abordagem do FMI fracassou por toda a parte onde foi tentada, fazendo neste processo uma zombaria da ciência económica e triturando ideais e valores democráticos. Desde a América Latina até a África nas décadas de 1970 e 1980, e desde a antiga União Soviética na década de 1990 até a periferia da Europa nos dias de hoje, o desdobramento do experimento neoliberal produziu uma distopia social, levando a taxas de crescimento mais baixas, fazendo recuar progressos sociais e aumentando desigualdades.

Como era de esperar, o acordo de salvamento de Maio de 2010 revelou-se um fiasco da UE/FMI e uma tragédia grega. O défice da Grécia contraiu-se, mas assim aconteceu com tudo o mais ? e em muito maiores proporções: emprego, receitas fiscais, investimento, procura do consumidor, serviços sociais e humanos. A dívida pública aumentou substancialmente, e assim aconteceu com todo índice de miséria económica e mal-estar social, incluindo a propagação de extremismo anti-imigrantes e ondas de suicídios relacionados com as agruras económicas. Mas os parceiros financeiros da Grécia não têm qualquer interesse nas consequências económicas e sociais da farsa de consolidação fiscal que perpetraram. Tudo o que lhes importava era chegar ao equilíbrio fiscal ? isto é, assegurar que os bancos continuariam a receber pagamentos pelos títulos da dívida grega que possuem.

O programa de ajustamento fiscal com base na austeridade começou a mostrar efeitos catastróficos em poucos meses. Negócios de pequena dimensão foram encerrados em níveis recorde e o desemprego começou a sua espiral ascendente. Em Maio de 2010, a taxa de desemprego estava em 12 por cento; em Maio de 2011 havia saltado para 16,6 por cento. As medidas de austeridade estavam a ter um grande efeito sobre receitas fiscais. Apesar de repetidos aumentos de impostos ? incluindo aumentos generalizados do imposto sobre venda, uma redução no rendimento não tributável e um imposto de emergência sobre a propriedade a todos os donos de casas ? as receitas do estado declinaram, com os fundos de pensões e da segurança social em especial a terem enormes quedas. Segundo a Autoridade Grega de Estatística, a receitas de 2011 foram mais baixas do que em 2009, "o ano", como alguns comentadores observaram com perspicácia, "da derrapagem fiscal absoluta" (Malkoutzis e Mouzakis, 2012).

A cobertura do salvamento feita pelos media e a crítica frequente propalada por responsáveis da UE e do FMI que supervisionam o programa de ajustamento fiscal combinaram-se para retratar as autoridades gregas como relutantes, não desejosas, em se comprometerem a reunir as condições do acordo de salvamento. Trata-se de uma distorção grosseira da verdade e um pretexto para esconder o fracasso brutal das medidas de austeridade. O governo grego cumpriu à letra o Programa de Ajustamento Económico (ver Comissão Europeia 2010b; 2010c; 2011). Milhares de milhões de euros foram reduzidos nas despesas primárias, grandes cortes foram efectuados em salários públicos, despesas operacionais de hospitais foram reduzidas em 50 por cento e o orçamento da educação ficou mais pequeno em várias centenas de milhões de euros. Mas como a recessão continuou a ficar cada vez mais profunda, e as receitas fiscais gregas continuaram a não chegar ao alvo, a pressão sobre o governo para instituir ainda mais medidas de austeridade aumentou. Isto é uma táctica empregada pela "troika" desde o princípio do acordo de salvamento e uma táctica que continua hoje, com o segundo plano de salvamento.

Dito isto, dificilmente se pode culpar as autoridades gregas pelo desastre que assolou a nação. A velha elite política conduziu o país para o abismo com suas políticas irresponsáveis e práticas corruptas e então (o governo Papandreu) aceitou quaisquer planos e decisões da UE e do FMI sugerisse para a Grécia como um facto consumado. Ela fracassou em avançar com algumas reformas necessárias mas implementou incondicionalmente as mais odiosas medidas de austeridade da história económica recente da Europa. Na verdade, ironia das ironias, é que à mesma elite política que levou a Grécia à bancarrota foi atribuído o papel de guiar o país para sair da crise. O acordo de salvamento de Maio de 2010 era para ser feito uma só vez. Mas, mesmo antes de a tinta estar seca, toda a gente (excepto os responsáveis da UE) podia ver que isto não ia ser suficiente para ajudar a Grécia a ultrapassar a sua crise, e certamente não suficiente para travar a propagação do contágio. Consequentemente, os rendimentos dos títulos gregos continuaram a subir para alturas cada vez maiores, congelando a Grécia fora dos mercados financeiros privados por um período de tempo indefinido, e os caçadores de títulos continuaram o seu safari por mais "PIIGs" fiscalmente selvagens.

Ao aproximar-se o fim dos primeiros dois anos do salvamento, ministros das Finanças da eurozona acabaram por aprovar um novo pacote de resgate para a Grécia no valor de ?130 mil milhões. Sem os novos fundos de salvamento, o país teria incumprido. Bastante curiosamente, as acções caíram quando foi feito o anúncio, pois os mercados foram rápidos para perceber mais uma vez que o negócio não ia resolver a crise grega. Por essa altura, a Grécia já havia feito a transição da crise para a catástrofe. A austeridade estava a esmagar a economia grega e a provocar uma desaceleração (slowdown) em toda a economia periférica da eurozona que estava a implementar medidas de austeridade profundas em meio a uma grande recessão. Mas dogma é dogma e, como tal, ele tem de ser reforçado sem considerar qualquer realidade empírica. Portanto, o segundo pacote de salvamento incluiu ainda mais cortes orçamentais generalizados, a redução do emprego público em 150 mil postos de trabalho no fim de 2015 e um projecto de privatização maciça ? essencialmente um ataque neoliberal completo aos bens públicos e a todas as empresas de propriedade pública da Grécia. "Um país à venda" é como muitos cidadãos gregos encararam os termos e condições incluídos no segundo acordo de salvamento. Isto em grande medida explica a subida fenomenal do grupo de esquerda marginal SYRIZA (que recebeu 4,6 por cento dos votos populares nas eleições nacionais de 2009) até tornar-se o segundo maior partido da Grécia (atraiu 26,89 por cento do voto popular nas eleições nacionais de Junho de 2012, perdendo para o partido conservador Nova Democracia por menos de 3 pontos percentuais), bem como a ascensão dos neonazis e outros partidos "nacionalistas de extrema-direita". À venda, dentre outros muito valiosos activos do estado, estão os portos de Pireu e Salónica; a telecom grega OTE; a lotaria nacional; propriedades imobiliárias; e o banco postal. Os apoiantes financeiros da Grécia esperam que os projectos de privatização arrecadem ?50 mil milhões em 2015, mas este cenário parece absurdo dado o estado da economia nacional, e ainda outra indicação de quão loucamente desligado da realidade grega estão os curandeiros da teoria económica neoliberal.

Durante os primeiros dois anos do primeiro acordo de salvamento, líderes da UE e do mesmo modo o governo grego também ridicularizaram quaisquer sugestões de reestruturação da insustentável dívida pública da Grécia, um movimento que deveria ter sido empreendido quase imediatamente após o estalar da crise. Em Maio de 2012, um acordo para reestruturação da dívida foi alcançado com a maior parte dos investidores privados, os quais, depois de a Alemanha e a UE terem utilizado algumas tácticas violentas, concordaram em trocar seus títulos do governo por novos títulos que valiam menos da metade dos anteriores. Os títulos do governo grego possuídos pelo BCE foram excluídos do "haircut". Como se verificou depois, isto foi mais um movimento por parte dos líderes da UE para comprar tempo, uma vez que o acordo de reestruturação ainda deixou a dívida da Grécia em níveis insustentáveis, ao passo que colocavam as emissões de novos títulos gregos sob a alçada da lei britânica (portanto o Parlamento grego não pode aprovar legislação recusando o seu pagamento).

De acordo com a maior parte dos cálculos, o "haircut" reduziu o rácio da dívida da Grécia para 132,4 por cento (embora o rácio da dívida real possa ser mais alto, pois ainda há alguma incerteza acerca da efectividade do acordo de troca). Isto significa que uma outra reestruturação de dívida é simplesmente uma obrigação se o país tiver um futuro financeiro para além de 2020, quando, de acordo com o FMI, espera-se que a dívida caia para 120 por cento (a qual seria a mesma do rácio dívida-PIB no princípio da crise) mas ainda pode acabar num nível tão elevado quanto 145 por cento. Sob tais circunstâncias, pode alguém acreditar que no futuro financeiro da Grécia há espaço para sequer o mais ligeiro optimismo?

Entretanto, e enquanto o país está tanto economicamente como socialmente no ponto de ruptura, a "troika" está a pedir ao governo grego que produza poupanças adicionais de ?12 mil milhões durante os próximos dois anos. A taxa de desemprego situa-se agora em mais de 22 por cento e poderia em breve atingir os 25 por cento. Mais de 25 mil gregos, sobretudo jovens e bem educados, já deixaram o país a fim de procurar trabalho na Alemanha. Se o desastre económico e social que a UE e o FMI tem estado a impor à Grécia durante os últimos dois anos e meio continuar mais tempo, a Grécia em breve será um país habitado primariamente por pessoas pouco educadas, trabalhadores de baixo rendimento, idosos e imigrantes. Isto é um destino que nenhum país merece, pouco importando os seus pecados financeiros e económicos ? e a vergonha será unicamente da Europa.
Referências
Athens News. 2012. "Record Rates of Tax Evasions on Islands." July 26.
European Commission. 2010a. Report on Greek Government Deficit and Debt Statistics . January.
???. 2010b. "The Economic Adjustment Programme for Greece: First Review?Summer 2010." European Economy, Occasional Papers, No. 68. Brussels: Directorate-General for Economic and Financial Affairs. August.
???. 2010c. "The Economic Adjustment Programme for Greece: Second Review?Autumn 2010." European Economy, Occasional Papers, No. 72. Brussels: Directorate-General for Economic and Financial Affairs. December.
???. 2011. "The Economic Adjustment Programme for Greece: Third Review?Winter 2011." European Economy, Occasional Papers, No. 77. Brussels: Directorate-General for Economic and Financial Affairs. February.
Malkoutzis, N., and Y. Mouzakis. 2012. "Greece, Spain, Portugal Stare into Abyss." Kathimerini (English edition), July 21.
Moschovis, G., and M. C. Servera. 2009. "External Imbalances of the Greek Economy: The Role of Fiscal and Structural Policies." ECFIN Country Focus 6, no. 6 (July 10).
Papadimitriou, D. B., and L. R. Wray. 2012. Euroland's Original Sin . Policy Note 2012/8. Annandale-on-Hudson, N.Y.: Levy Economics Institute of Bard College.
Polychroniou, C. J. 2011. "An Unblinking Glance at a National Catastrophe and the Potential Dissolution of the Eurozone: Greece's Debt Crisis in Context." Working Paper No. 688. Annandale-on-Hudson, N.Y.: Levy Economics Institute of Bard College.

Do mesmo autor:
A crise da dívida grega no seu contexto , 21/Jan/12
Crise do capitalismo , 12/Jan/12
Crise da eurozona 2.0 , 17/Abr/12
Será que uma depressão induzida pela austeridade descerá a cortina final sobre o drama grego? , 04/Jun/12

[*] Economista, investigador no Levy Economics Institute of Bard College.

O original encontra-se em http://www.levyinstitute.org/publications/?docid=1569

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Social-democracia - Notas sobre um percurso desonroso* BASENAME: canta-o-merlo-social-democracia-notas-sobre-um-percurso-desonroso DATE: Thu, 06 Sep 2012 10:45:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.odiario.info/?p=2593

Ao procurar responder à pergunta «o que é a social-democracia hoje?» há uma questão prévia de lucidez e pura higiene mental: rejeitar liminarmente a caracterização desta corrente política como força «de esquerda» e, do mesmo passo, rejeitar uma «unidade de esquerda» que, em nome de um pretenso combate a uma direita «ideológica» e «ultraliberal», apenas serviria para atrasar a unidade necessária e iludir questões de fundo da luta de classes.


Faz ainda algum sentido falar em «social-democracia»?

Se sim, o que é a «social-democracia» hoje?
Como caracterizá-la de um ponto de vista de classe?
Que lugar ocupa no xadrez político internacional?
Como se posiciona em relação aos grandes problemas do nosso tempo?
No quadro da política de alianças da classe operária como encarar a «social-democracia»?

Estas são questões a que um partido revolucionário tem de dar resposta para determinar com rigor a sua posição no combate ideológico e também eventuais convergências e alianças, por mais limitadas e conjunturais que possam ser. Resposta que é tanto mais necessária quando o mundo está confrontado com a ameaça de uma regressão de dimensão civilizacional em que a social-democracia está profundamente comprometida e se impõe unir na resistência e na luta todas as forças que, pela sua situação social e prática política, se integram de facto na ampla frente anti-monopolista e anti-imperialista que, só ela, poderá inverter o rumo destruidor que o capitalismo está a impor à Humanidade.
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A questão da «social-democracia» é uma questão actual e em certo sentido crucial. Os partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas, não obstante a sua reconhecida evolução direitista, continuam a reclamar-se de «esquerda» e a dispor de apreciável expressão eleitoral e real influência em importantes segmentos da classe operária e camadas populares. A luta dos comunistas pela unidade da classe operária e pela hegemonia politica e ideológica da classe operária na luta contra o grande capital, encontra pela frente esta realidade na generalidade dos países capitalistas desenvolvidos, nomeadamente da Europa onde a social-democracia nasceu e mais fortemente se enraizou, mas também na América Latina, África e Ásia. O combate à ideologia da colaboração de classes, ao divisionismo e ao anti-comunismo, perdura como uma exigência central do nosso tempo.

Por outro lado a social-democracia, que surgiu como corrente reformista e revisionista no seio do movimento operário e se desenvolveu como força anti-revolucionária, hostil à Revolução de Outubro e aos países socialistas, transformou-se em força abertamente contra-revolucionária, em componente fundamental do sistema de exploração capitalista e pilar do imperialismo. O «bloco central» («centro-direita» e «centro-esquerda»), a «bipolarização», a «alternância» (do «ora agora governo eu, governas tu, governas tu mais eu»), espelham bem esta realidade. A cavalgada da social-democracia para a direita neoliberal (que mais que «rendição» foi opção consciente e deliberada) aproximou-a, confundiu-a e em certos casos fundiu-a com a própria direita burguesa, de que se tornou uma simples variante. Os entendimentos de incidência governamental ou parlamentar, e em qualquer caso as convergências e coincidências em todas as questões fundamentais ? como no caso da integração capitalista europeia, da NATO e sua estratégia agressiva planetária, das políticas de apoio ao capital monopolista contra os trabalhadores ? tornaram-se uma banalidade. Os acordos são formais e informais, selados à luz do dia em nome do «interesse nacional» ou em (nem sempre) discretas comezainas de troca de favores. O que não dispensa o habitual recurso e manipulação do binómio «esquerda/direita» sempre que tal sirva para enganar a opinião pública e manter sob a sua influência massas descontentes, sobretudo em períodos eleitorais.

O caso porventura mais evidente de «partido único» bicéfalo é o norte-americano com a dupla Partido Republicano/Partido Democrático, este último erigido, com Clinton, em exemplo da família social-democrata, mesmo não sendo membro da Internacional Socialista. Mas a tendência é geral como, nomeadamente, acontece na Grã-Bretanha, na Alemanha, na Espanha, na Grécia (1) ou Portugal, e procura-se impô-la e institucionalizá-la com leis que marginalizem os chamados «pequenos partidos» e facilitem a bipolarização, num jogo perverso que visa confundir «alternância» no governo com «alternativa» política, e assim fechar a porta a alternativas verdadeiras.

A verdade é que, no governo ou na «oposição», a social-democracia se tornou parte integrante do sistema de poder capitalista, uma força que, como sublinhou a Resolução Política do XVIII Congresso do PCP, está hoje «estruturalmente comprometida» com os interesses do grande capital. É desta realidade que o movimento comunista e revolucionário tem de partir para concretizar a política de alianças da classe operária.
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Sem qualquer pretensão de fazer aqui a história da social-democracia, é indispensável assinalar alguns momentos marcantes da sua evolução: de corrente do movimento operário (assim nasceu) a instrumento da grande burguesia; de produto da influência da ideologia burguesa no mundo do trabalho a simples variante do pensamento da classe dominante; de defensora da liquidação («pacífica» e «democrática», claro) do capitalismo e propagandista de um socialismo «democrático» e de «rosto humano», a defensora do capitalismo («humanizado», com «consciência social» e «inclusivo», naturalmente) e do imperialismo, com tudo quanto tal significa de reaccionário e criminoso.

Falamos da social-democracia, claro está, em termos gerais, globais. Falamos da posição política e ideológica adoptada e posta em prática pelos seus chefes e ideólogos. É grande a diversidade dos partidos que a compõem. As condições de lugar e tempo talham em grande medida o perfil dos partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas. A social-democracia sempre teve rostos diferentes na Europa Ocidental (há muito hegemonizada pelo SPD alemão e pelo Partido Trabalhista britânico), ou na América Latina, onde, conforme as circunstâncias, tanto adquiriu tonalidades «revolucionárias» de fachada nacionalista, como constituiu instrumento decisivo para servir o imperialismo ianque e derrotar o desenvolvimento de processos democráticos, anti-imperialistas e revolucionários.

Um dos «segredos» da social-democracia reside nas suas características camaleónicas, no seu ecletismo, na sua composição inter-classista, na sua heterogeneidade, na existência no seu interior de diferentes alas e correntes, na capacidade para, segundo as circunstâncias e necessidades, ser um pouco de tudo e o seu contrário. Aquilo que para um partido comunista é mortal (correntes de opinião cristalizadas, grupos, fracções, polémicas públicas) para a social-democracia é um modo natural de ser, indispensável para alimentar a ideia de que a alternativa às políticas de direita se encontra dentro dos próprios partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas, mesmo quando praticam uma política claramente de direita e o seu programa é abertamente capitalista. É essa a missão de todos os Alegres deste mundo.

Em qualquer caso a social-democracia não existe nem age no vácuo da luta de classes. Posiciona-se desde sempre, desde o histórico corte revisionista simbolizado por Bernstein (2) («o movimento é tudo, o objectivo final não é nada»), do lado da adaptação, consolidação e reprodução do capitalismo e não hesitou diante dos maiores crimes para cortar o passo a transformações sociais profundas, como aconteceu com a traição da revolução alemã de Novembro de 1918 e a abertura do caminho ao nazismo pela política conciliadora dos dirigentes social-democratas da República de Weimar. O cruel assassinato de Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht fica a assinalar uma das páginas mais negras do reformismo contra-revolucionário social-democrata.

Mas o posicionamento prático da social-democracia foi também influenciado pela luta popular de massas, pela pressão das suas bases operárias e pela acção independente dos comunistas. Assim foram possíveis, por exemplo, os grandes êxitos das Frentes Populares, como nos casos da Espanha e da França. Assim foram possíveis, com a projecção poderosa das realizações da URSS e dos países socialistas, os avanços do chamado «Estado social», que nos países nórdicos chegaram a cobrir-se abusivamente com o epíteto de «socialismo nórdico». Foi a acção revolucionária da classe operária e das massas trabalhadoras, antes e depois do 25 de Abril, que empurrou Mário Soares e o PS, entretanto fundado na República Federal Alemã, para posições e convergências à esquerda, que, como rapidamente se veio a comprovar, contrariavam a sua natureza liberal-burguesa.

Porém, sem o envolvimento das massas e o empurrão das suas bases atraídas à unidade da acção com os comunistas, tirando raras e honrosas excepções configuradas por percursos de luta peculiares (como o velho Partido Socialista Italiano de Pietro Nenni, ou o Partido Socialista do Chile de Salvador Allende), a opção das cúpulas social-democratas foi invariavelmente por alianças com os partidos da direita e da reacção para impedir qualquer avanço revolucionário e preservar o sistema capitalista em qualquer das suas variantes, keynesiana, liberal ou mesmo fascista, neste caso até ao momento em que os próprios partidos social democratas se tornaram também vítimas da perseguição e ilegalização, que, numa primeira fase, se direccionara fundamentalmente contra os comunistas.

No que respeita à experiência portuguesa é oportuno recordar ? sem ir aos tempos da auto-dissolução do velho e desacreditado Partido Socialista e da colaboração de um seu chefe, Ramada Curto, com Salazar na elaboração da Carta do Trabalho fascista e a posição da direcção do PS português. Passado o curto período de colagem à Revolução, Mário Soares rapidamente se transformou em bóia de salvação do grande capital e pólo aglutinador de todas as forças contra-revolucionárias, e a política de alianças do PS, com excepções localizadas e pontuais, fez-se sempre à direita (3). A assinatura do pacto de agressão pelo PS, PSD e CDS com a troika estrangeira é o corolário lógico da enraizada posição de classe de um partido que, depois de ter «metido o socialismo na gaveta», se tornou uma força política profundamente identificada com os interesses do grande capital e do imperialismo estrangeiro.

Claro que a capacidade, cada vez mais questionada, de haver forças que, como o PS, conseguem ano após ano recuperar o descontentamento de largos sectores da população não vai durar sempre. São previsíveis situações de conflito, enfraquecimento e divisão, e o aparecimento de novas forças talhadas pela agudização da luta de classes. São inevitáveis processos de recomposição do quadro político-partidário, impulsionados pelo desenvolvimento da luta de massas, que abram a possibilidade de a arrumação de forças no plano social encontrar correspondência no plano político.

Em qualquer caso não é com este PS e a sua continuada orientação e prática políticas que pensamos ser possível a política patriótica e de esquerda que preconizamos como via para romper com trinta e seis anos de políticas de direita e avançar na solução dos problemas dos trabalhadores, do povo e do país.

Para concretizar a unidade que a situação reclama não basta uma «guinada à esquerda» num corpo apodrecido pelo oportunismo e pela identificação com o poder económico. Nem sequer, como pretendem o BE, em Portugal, ou o «partido da esquerda europeia» («pee») na Europa, a simples apropriação do espaço eleitoral alienado pela correria para a direita das actuais cúpulas social-democratas. Na prática isso representaria fundamentalmente o fortalecimento de uma «ala esquerda» da social-democracia (que é aquilo que na Grécia, o Syriza é) com a missão de ganhar tempo para travar o avanço de forças anti-capitalistas e revolucionárias, e não a emergência de forças realmente comprometidas com a ruptura com o sistema, ainda que influenciadas por maiores ou menores ilusões reformistas. Nem é preciso ir mais longe do que a questão da integração capitalista europeia ? com o «europeísmo de esquerda» do BE, ou a umbilical ligação do «pee» à UE ? para rejeitar a ilusão de que seja por aí que possa ultrapassar-se a alienação eleitoral de amplas massas entretanto objectivamente interessadas em politicas anti-monopolistas e na transformação socialista da sociedade.
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Ao procurar responder à pergunta «o que é a social-democracia hoje?» há uma questão prévia de lucidez e pura higiene mental: rejeitar liminarmente a caracterização desta corrente política como força «de esquerda» e, do mesmo passo, rejeitar uma «unidade de esquerda» que, em nome de um pretenso combate a uma direita «ideológica» e «ultraliberal», apenas serviria para atrasar a unidade necessária e iludir questões de fundo da luta de classes.

É ver, aliás, como por essa Europa fora os partidos socialistas ? social-democratas ? trabalhistas, sem excepção, estão comprometidos até ao tutano com a ofensiva do capital visando arrebatar aos trabalhadores direitos e conquistas alcançadas por muitas décadas de duras lutas e à custa de pesados sacrifícios. E como desenvolvem uma cooperação estruturada e oficial com os partidos da direita ? veja-se o binómio Partido Socialista Europeu/Partido Popular Europeu ? para congeminar estratégias comuns e repartir pastas e postas nas estruturas da UE. E por aí abaixo, ao nível dos diferentes países, é o que se vê.

Para chegar até aqui foi preciso percorrer um longo caminho desde o tempo em que, desmascarados por Lénine e pelos jovens partidos comunistas, os velhos partidos da II Internacional se consideram eles os genuínos intérpretes de Marx e Engels, cuja obra entretanto falsificam e despojam da sua essência revolucionária (4).


Neste processo, há momentos paradigmáticos de que aqui se deixam alguns exemplos: a condenação da Revolução de Outubro; a política de «não intervenção» contra a República espanhola capitaneada por Léon Blum; a recusa à cooperação com os comunistas para fazer frente ao ascenso do nazi-fascismo; a ruptura da unidade democrática anti-fascista depois da Vitória na II Guerra Mundial; a activa participação na construção do edifício imperialista da «guerra fria» com o «socialista» belga Paul-Henry Spaak escolhido para primeiro Secretário-geral da NATO; a política colonialista da SFIO em França profundamente responsável pelas guerras da Indochina e da Argélia (1956); o Congresso de Bad-Godesberg do SPD alemão, que, em 1959, oficializa a sua ruptura com o marxismo e o repúdio da luta de classes; a guinada direitista e anti-comunista ligada com as derrotas do socialismo na URSS e no Leste da Europa e a empenhada participação no salto imperialista da União Europeia de Maastricht; a «terceira via» de Tony Blair, liquidando o que ainda pudesse restar da referência operária e da política social do Partido Trabalhista britânico, e a introdução do Partido Democrático dos EUA no redil social-democrata; a conspiração aberta contra a revolução portuguesa sob o disfarce hipócrita da «Europa connosco»; o percurso emblemático de Javier Solana, de dirigente do PSOE espanhol e do poderoso movimento contra a entrada da Espanha na NATO a Secretário-geral desta aliança agressiva; a brutal ofensiva do Governo do SPD Gerard Schröder, «o amigo dos patrões», contra os salários e direitos dos trabalhadores alemães através da «Agenda 2010» e do «Hartz IV» (5); a activa participação dos respectivos partidos socialistas, PS e PASOK respectivamente, no impiedoso processo de extorsão de que os povos português e grego estão a ser vítimas.

A deriva direitista da social-democracia internacional não é um processo linear. Lá onde os partidos comunistas e o movimento operário e popular eram fortes foram possíveis momentos de convergência e cooperação progressista. Mas a contradição entre social-democratas e comunistas que, simplificadamente, era na altura da cisão do movimento operário «reforma/revolução», tornou-se nos dias de hoje «gestão do capitalismo/revolução» e a ideologia da colaboração de classes típica do reformismo acabou por conduzir a social-democracia a tomar partido aberto pelo capital em geral e pelo grande capital monopolista em particular. E nem mesmo nas diferentes formas de gestão do capitalismo ? como sucede com a «liberal» ou a «keynesiana» ? é já fácil distinguir a social-democracia da direita propriamente dita.
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Este desonroso percurso da social-democracia internacional é afinal consequência lógica do pecado original seu: o desprezo pelas massas, o temor e negação da revolução, a rejeição da conquista do poder pela classe operária como condição necessária para a liquidação do capitalismo e daí a negação revisionista e oportunista do pensamento de Marx, a começar pela rejeição do conceito de «ditadura do proletariado». Pecado que contaminou importantes partidos comunistas, nomeadamente aqueles que nos anos 70 desenvolveram a linha do «eurocomunismo» e que, começando também eles por abandonar o conceito de ditadura do proletariado, de abandono em abandono ? centralismo democrático, papel da classe operária, marxismo-leninismo, internacionalismo proletário ? caíram no mais vulgar parlamentarismo e chegaram mesmo à auto-liquidação, como no dramático caso do Partido Comunista Italiano.

A questão do poder e da sua natureza de classe é a questão central da revolução (6). Abandonando o objectivo da conquista do poder pelos trabalhadores e declarando guerra à Revolução de Outubro, os partidos revisionistas da II Internacional colocaram-se objectivamente do lado da contra-revolução. Na época da passagem do capitalismo ao socialismo e em tempos de aprofundamento da crise do capitalismo e agudização da luta de classes, é compreensível que a opção fundadora da social-democracia tenha conduzido à sua transformação em instrumento do capital e pilar do imperialismo.

Notas

(1) Onde sofreu um golpe muito sério em 6 de Maio com o descalabro eleitoral dos dois partidos do «centrão» responsáveis pela tragédia que se abateu sobre o povo grego: o PASOK e a Nova Democracia que nas anteriores eleições somavam 77,5% tombaram para 32,1%.
(2) Bernstein (1850/1932), destacado teórico da II Internacional, pai do «revisionismo», revisão oportunista das teorias de Marx e Engels. Kautsky, que inicialmente o criticou duramente de um ponto de vista marxista, tornou-se por sua vez expoente do revisionismo, tendo sido combatido por Lénine, nomeadamente em A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky, que se tornou num clássico do marxismo-leninismo. Ver Obras Escolhidas em 6 tomos, t. 4 Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1986.
(3) Ver a obra do camarada Álvaro Cunhal, A Verdade e a Mentira sobre a Revolução Portuguesa, A Contra-Revolução Confessa-se, Edições «Avante!», Lisboa,1999
(4) O grande momento de clarificação entre a corrente oportunista e a corrente revolucionária marxista no movimento operário dá-se quando em vésperas da I Guerra Mundial, traindo as próprias orientações e decisões da II Internacional, os deputados da social-democracia alemã votam os créditos de guerra, enquanto na Duma russa os deputados bolcheviques votavam contra e eram deportados para a Sibéria.
(5) Ver em O Militante n.º 308, de Setembro-Outubro de 2010, o artigo «Alemanha, 20 anos de contra-revolução».
(6) Recomenda-se vivamente a leitura e estudo de O Estado e a Revolução, de V. I. Lénine, Edições «Avante!», Lisboa, 2011; e de A Questão do Estado, Questão Central de cada Revolução, de Álvaro Cunhal, 2º de., Edições «Avante!», Lisboa, 2007

*Este artigo foi publicado em ?O Militante? nº 319, Julho/Agosto 2012

:: ODiario.info ::

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Mariano Rajoy: Todo para mim, nada para os demais, Mais de meio milhom de euros anuais BASENAME: canta-o-merlo-mariano-rajoy-todo-para-mim-nada-para-os-demais-mais-de-meio-milhom-de-euros-anuais DATE: Mon, 03 Sep 2012 23:23:53 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Mais de meio milhom de euros anuais em tempos de crises
O salário total de Mariano Rajoy dos seus três cargos ao ano

Juan Carlos Rey
15mundial.com

Todo para mim, nada para os demais, Mariano Rajoy recebe três salários diferentes ao ano.

Desde a sua vitória nas eleiçons nacionais à presidência do Estado de Espanha, Mariano Rajoy conta com três salários: como presidente de Espanha, como secretário geral do Partido Popular e como registrador da propriedade. Dadas as taxas de precariedade, o alto índice de desemprego, a crise e os planos de ajuste de Rajoy, muitos se pergunta quanto cobra ao ano.

Salário como Presidente de Espanha: O salário de Mariano Rajoy como presidente de Espanha é de 78.185 euros anuais. Até maio do 2010 os presidentes cobravam 91.982,4 euros, contodo a partir desse ano recortou-se 15% o salário do presidente e esteve congelado desde entom. Mariano Rajoy apresentou o seu salário nos Orçamentos Gerais do Estado (PGE) para o 2012. Este salário nom tem pagas extraordinárias ou de outro tipo.

Salário como secretário geral do Partido Popular: Mariano Rajoy foi eleito presidente do Partido Popular em 2003, durante o mandato de Aznar. Desde entom cobra um salário anual do partido de 149.000 euros anuais. É o máximo responsável polo PP, o seu líder e cabeça visível. Este cargo nom tem nengum tipo de incompetência com outros trabalhos nem com o posto de presidente de Espanha.

Salário como registrador da propriedade: Antes de ser político, Mariano Rajoy conseguiu largo trás umhas oposiçons como registrador da propriedade. Ainda que deixou de dedicar-se a isso segue tendo o seu largo com reserva em Santa pola, na província de Alacante. Em qualidade de registrador, ao nom estar actualmente trabalhando como tal, recebe 25% do salário do seu substituto. O salário anual de um registrador da propriedade é de 1,3 a 1,8 milhons de euros anuais. Portanto Mariano Rajoy recebe mais de325.000 euros ao ano deste trabalho.

A crise nom afecta o salário de Mariano Rajoy

O salário de Mariano Rajoy é a soma anual do seu trabalho passivo como registrador da propriedade, 325.000 euros, o seu cargo como presidente do Partido Popular, 149.000 euros, e o seu posto como presidente do Estado Espanhol, de 78.185. Ao todo Mariano Rajoy cobra mais de meio milhom de euros anuais, um dos salários mais altos da política espanhola.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O suicídio, primeira causa de morte violenta no estado espanhol BASENAME: canta-o-merlo-o-suicidio-primeira-causa-de-morte-violenta-no-estado-espanhol DATE: Mon, 03 Sep 2012 12:54:52 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

MÁLAGA, Espanha, 27 de agosto de 2012 (Tierramérica).- Empresários que se matam, desempregados em busca de consulta psiquiátrica... Os problemas emocionais derivados da crise econômica espanhola aumentam e agravam a incidência das enfermidades mentais. ?Desde dezembro de 2011, aumentou o número de suicídios supostamente vinculados a problemas econômicos?, contou ao Terramérica um membro da polícia científica da cidade de Málaga, que pediu para não ser identificado.

Nos primeiros meses deste ano, dois conhecidos empresários foram encontrados queimados dentro de seus respectivos automóveis em localidades costeiras de Málaga, e, segundo todos os indícios, teriam se matado diante da ruína de seus negócios, revelou o agente, sem dar mais detalhes. O suicídio já é a primeira causa de morte violenta na Espanha, superando os acidentes de trânsito. Mas a quantidade de pessoas que se mataram não cresceu significativamente entre 2007, antes do começo da crise, e 2010, último ano sobre o qual se tem dados oficiais.

Em 2007, houve 3.263 suicidas, dos quais 2.463 eram homens e 800 mulheres, indica o informe de falecimentos segundo causa de morte do Instituto Nacional de Estatística (INE). Nos anos seguintes houve oscilações: 3.457 em 2008, 3.429 em 2009, e 3.158 em 2010. Os números sobre suicídios não costumam se tornar públicos e os serviços de emergência não informam sobre eles aos meios de comunicação, embora o façam sobre outros tipos de mortes. ?Em 95% dos casos, os jornalistas não vão ao lugar do suicídio, mas estão presentes em homicídios ou acidentes?, observou o policial de Málaga.

Acontece que, para não incentivar o efeito contágio, não se costuma considerar notícia alguém que tira a própria vida, explicou ao Terramérica a jornalista Gema Martínez, que trabalha em um jornal local. ?Há muito cuidado em relação à informação referente aos suicídios e, de fato, quando se sabe de caso desses, não se informa. É como se fosse parte de um código de ética não escrito?, acrescentou. No entanto, se deve publicar o alcance do fenômeno sanitário que representa um aumento dos suicídios por motivos sociais ou econômicos, considerou a jornalista.

A autoeliminação, em cada caso, se desencadeia por uma conjunção de fatores, afirmou ao Terramérica a psiquiatra Concha López. ?A crise e os problemas econômicos são uma razão a mais, mas não a única?, ressaltou. Entretanto, não há dúvida de que a crise é um fator cada vez mais poderoso. O desemprego afeta 24,6% da população economicamente ativa deste país e há 1,5 milhão de famílias que têm todos os seus membros sem trabalho, segundo o INE. A Espanha tem mais de 47 milhões de habitantes.

Além disso, a população sofre sucessivos cortes em serviços básicos de saúde e educação, que o governo realiza para conseguir que o déficit do orçamento do Estado caia 6,3% até o final do ano, e assim cumprir o compromisso assumido com a Comissão Europeia. Pelo consultório de Concha López passam cada vez mais homens e mulheres com quadros depressivos por terem perdido o emprego, ou trabalhadores que tiveram sua situação profissional deteriorada e sofrem grandes dificuldades para manter seu cargo a todo custo.

Estes pacientes sofrem ?tristeza, insônia, ansiedade, crises de pânico, sentimento de culpa e têm ideias de suicídio?, disse a psiquiatra, que confirmou que aumentou ?bastante? o número de desempregados ?que buscam uma resposta? nos consultórios de psiquiatria e psicologia. ?Em Málaga, a cada dia dão entrada nos setores de urgência hospitalar duas ou três pessoas que tentaram se matar?, destacou Concha, que trabalhou oito anos na Unidade de Saúde Mental Comunitária da localidade malaguenha de Fuengirola.

Mais de 50% dos jovens espanhóis não têm emprego e, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma em cada quatro crianças é pobre. A brecha da renda que separa ricos e pobres aumentou na Espanha mais do que em qualquer outro dos 27 países da União Europeia, segundo o informe Exclusão e Desenvolvimento Social ? Análises e Perspectivas 2012, publicado pela organização católica Cáritas em fevereiro. Segundo a pesquisa, 21,8% da população do país está na pobreza. O médico e deputado da opositora Isquierda Unida, Gaspar Llamazares, alertou, em fevereiro, no Congresso, sobre o ?surto? de suicídios e afirmou que ?não há outro fator além da crise para explicá-los?. Os que tiram a própria vida são ?trabalhadores desesperados pela falta de cobertura social?, opinou.

Em visitas a várias farmácias de Málaga, o Terramérica constatou que a procura por medicamentos para tratar depressão está crescendo. ?A venda de antidepressivos aumentou cerca de 10%?, disse a gerente de uma farmácia que está há décadas na profissão. ?Nota-se claramente. Chegam mais pessoas com receita para comprar psicofármacos?, assegurou uma jovem farmacêutica em outro estabelecimento, no qual trabalha há um ano e meio.
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=4181

Epidemia de desesperança castiga a Espanha
Por Inés Benítez

O desespero por causa das dívidas, o desemprego e as falências está levando um número crescente de espanhóis à depressão e a ideias suicidas.

A Espanha não está sozinha nesta epidemia de desesperança. Na Itália a crise financeira e econômica contribuiu para elevar as taxas de suicídios e tentativas de suicídio, segundo o artigo Excess Suicides and Attempted Suicides in Italy Atributable to the Great Recession (Suicídios em Excesso e Tentativas de Suicídio na Itália Atribuídas à Grande Recessão), que foi publicado em agosto pela revista científica Journal of Epidemiology & Community Health.

O artigo cita uma mobilização das ?viúvas da crise? na cidade de Bolonha, esposas de uma centena de empresários, artesãos e trabalhadores que se suicidaram sob o peso de falências e dívidas que não podiam enfrentar. Também a Grécia, que sempre teve uma taxa de suicídio muito baixa comparada com a média da Europa, viu disparar os casos de pessoas que se matam por motivos relacionados com a crise.

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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Agora a chorar pola República Democrática Alemana BASENAME: canta-o-merlo-lbgagora-a-chorar-pola-republica-democratica-alemanal-bg DATE: Fri, 31 Aug 2012 08:44:33 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os estudantes alemáns despem-se para pagar o salário aos seus professores

RT.com - www.aporrea.org

30/08/12.-Os estudantes da Faculdade de Desportos da Universidade Humboldt (Berlim) pousárom despidos para um calendário. O dinheiro que arrecadem o dirigiram para pagar o trabalho dos seus professores.

Actualmente, só 20% dos alunos da faculdade termina a sua licenciatura em três anos como prevê o currículo geral, explicou um dos estudantes, Karo Kaiser, ao diário alemám Bild. O problema consiste no deficit de professores. Todos os grupos estám repletos de alunos, mas nem sequer assim há suficientes professores para dar classe a todos os alunos. Em conseqüência, estes tenhem compridos períodos de espera para um lugar vacante, o que desemboca em até 1,5 anos adicionais de estudos.

Outro problema é que devido aos recortes no financiamento da Universidade, os estudantes nom tenhem muitas carreiras onde eleger. Nom sempre podem especializar-se mesmo nos deportes mais populares. Por exemplo, depois de que o único tutor de esqui de montanha que havia na faculdade se jubilasse, esta matéria nom voltou dar-se já que a Universidade nunca contratou a um novo especialista.

Com o dinheiro arrecadado graças ao calendário, os estudantes esperam contratar mais professores tanto para disciplinas básicas, como para cursos especiais de desportos mais raros. O calendário sairá à venda a partir de Novembro de 2012 e custará 49,90 euros.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Um governo a serviço do grande capital BASENAME: canta-o-merlo-lbgum-governo-a-servico-do-grande-capitall-bg DATE: Fri, 24 Aug 2012 14:00:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/brasil/declaracao_20ago12.html

Um governo a serviço do grande capital
? Pacote da privataria petista é o "kit felicidade" do empresariado

por PCB

A Comissão Política Nacional do PCB avalia que o recente pacote econômico anunciado pelo governo, envolvendo recursos no valor de R$ 133 bilhões [1] para obras de infraestrutura da malha ferroviária e rodoviária, consolida e aprofunda a opção do governo do PT pelo grande capital e amplia de maneira acelerada o processo de privatização da economia brasileira, sob os disfarçados nomes "concessões", "parceria público-privada".

Esse pacote é apenas a primeira etapa do chamado Programa de Investimento em Logística, que ainda vai abranger os setores de energia, portos e aeroportos e vem consolidar a linha iniciada com a privatização dos três principais aeroportos do País e de uma rodovia que liga o Rio de Janeiro ao Espírito Santo.

Esta medida representa o escancaramento de uma linha política muito semelhante à do governo Fernando Henrique Cardoso, de entregar o patrimônio público para a iniciativa privada; tanto que o próprio PSDB publicou matéria paga nos jornais cumprimentando a presidente Dilma pelo novo programa de privatizações. Além disso, todo o empresariado comemorou o pacote e fez coro em elogios à presidente, chegando ao ponto de Eike Batista, o empresário mais rico do País, ter definido o pacote como o "kit felicidade" para o empresariado.

O chamado choque de capitalismo ? um volume colossal de concessões à iniciativa privada, como bem definiu a revista reacionária Veja ? vai privatizar 7,5 mil quilômetros de rodovias, muito mais que todas as concessões do governo passado, que atingiram pouco mais de 5 mil quilômetros, e ainda 10 mil quilômetros de ferrovias. Como informa orgulhosamente o jornal O Globo, porta-voz dos interesses do grande capital, o Brasil, com 23,4 mil km de rodovias com pedágio [2] , passa a ser recordista mundial dessa forma de privatização, à frente até da Alemanha e Estados Unidos.

Para facilitar ainda mais a vida do empresariado, o governo se encarregou de garantir a compra de toda a capacidade de transporte de carga das novas empresas concessionárias, o que significa que esses empresários não correrão qualquer risco de prejuízo em caso de baixa demanda por transporte de carga.

Além disso, ainda dentro do pacote de bondades ao empresariado, ficou acertado que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará cerca de 80% dos projetos de privatização, num processo também semelhante ao do governo FHC. É o dinheiro público, mais uma vez, financiando os investidores privados. E, para que não se tenha dúvida dos objetivos do governo, este ainda vai conceder incentivos (renúncias fiscais) aos consórcios vencedores das privatizações das rodovias e ferrovias e divulgar nas próximas semanas novas medidas privatizantes na área de portos e aeroportos.

O governo, anuncia com alegria a imprensa burguesa, também concederá "incentivo" adicional aos vencedores das concessões: a desoneração da folha salarial nos setores de transporte aéreo e de carga, navegação de cabotagem, transporte marítimo, navegação de apoio marítimo e portuário, e manutenção e reparação de aeronaves, motores e componentes (renúncia de cerca de R$ 900 milhões [3] ). Ganha a burguesia e perdem os trabalhadores, pois estes setores deixam de contribuir com 20% da folha de pagamentos à Previdência Social, e passam a recolher uma alíquota de 1% ou 2% sobre o faturamento bruto.

Trata-se, portanto, da consolidação de um modelo radical de construção de um estado máximo para o grande capital e mínimo para os trabalhadores. Não é essa a essência do que se chama de neoliberalismo? Mais uma vez fica demonstrado o caráter de classe do governo Dilma: enquanto nega reajuste de salários aos 400 mil funcionários públicos e professores universitários em greve e endurece as negociações com os trabalhadores, abre os cofres do governo, via BNDES, para os empresários adquirirem o próprio patrimônio público. O mais vergonhoso é que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras centrais pelegas [4] , que deveriam estar ao lado dos trabalhadores grevistas, avaliaram as medidas privatizantes como positivas e deram seu aval às privatizações, o que demonstra a completa degeneração tanto do sindicalismo chapa branca [5] quanto do sindicalismo pelego [6] no Brasil.

Não precisamos esperar que os vencedores das concessões sejam anunciados para saber, a priori, que, além das empreiteiras e dos novos ricos escolhidos pelo governo, os fundos de pensão ligados ao sindicalismo oficial e pelego (como Previ, Petros e Funcef) estarão entre os principais beneficiários da decisão do governo. Mais uma vez, o "PT Patrão" estará representado nos conselhos de administração das grandes empresas que serão criadas, em novos setores estratégicos da economia brasileira.

Com esse pacote de privatizações, o governo do Partido dos Trabalhadores (e seus aliados à esquerda e à direita) tira a máscara definitivamente e sepulta as ilusões dos ingênuos e daqueles que ainda acreditavam que esse governo possuía alguma dimensão popular. Além disso, confirma as avaliações que o PCB vem fazendo a respeito do PT desde 2005, quando rompemos com o governo e passamos a ter uma posição independente, mesmo com a incompreensão de vários setores da esquerda. Afinal, o critério para avaliar um governo é a sua relação com os interesses dos trabalhadores. E, nesse caso, essa é uma administração que governa essencialmente para o capital, que articula e financia seus negócios, e dá apenas migalhas para os trabalhadores, de quem ainda quer retirar o pouco que têm, com a proposta de flexibilização para baixo de direitos trabalhistas, que em breve enviará ao Congresso Nacional.

PCB ? Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional, agosto de 2012
[1] ?53 mil milhões
[2] Pedágio: portagem
[3] ?359 milhões
[4] Centrais pelegas: centrais amarelas
[5] Chapa branca: cor da matrícula dos carros oficiais
[6] Sindicalismo pelego: sindicalismo amarelo

O original encontra-se em pcb.org.br/...

Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A massacre de Sudáfrica e a ?Esquerda? cúmplice BASENAME: canta-o-merlo-a-massacre-de-sudafrica-e-a-esquerda-cumplice DATE: Tue, 21 Aug 2012 13:03:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://news.bbc.co.uk

Por: Níkolas Stolpkin

Importam-nos um rábano as Pussy Riot, aqui houve um massacre em Marikana-Sudáfrica!!!

36, 34, -dá o mesmo, mineiros assassinados friamente pola polícia nom basta para reagir e sair da indiferença na que parecêssemos estar"

Dá a impressom de que dentro da esquerda terminou-se por instalar umha mentalidade pequeno burguesa que nom deixa apreciar o significado real de particulares eventos onde o povo ou os trabalhadores som os seus protagonistas.
Parecesse ser que a agenda da Grande Burguesia instalou-se muito bem dentro do que denominamos "Esquerda" (bem evidenciado ao iniciar-se a denominada "Primavera Árabe", que nom deixou mais que ver a ronha existente dentro da Esquerda no que di respeito à suas ideias).
A esquerda deixou de ter a sua própria agenda, se é que algumha vez a tivo. O oportunismo e a mentalidade pequeno burgues terminou-se de enquistar dentro da "Esquerda" tal como um cancro.
O massacre último ocorrida em Sudáfrica, perpetrada pola polícia em contra de mineiros em greve por melhoras salariais, mostra muito bem a mentalidade actual na que se encontra a "Esquerda".
Se os Grandes Meios ponhem na sua agenda informativa a Juliám Assange ou às Pussy Riot, muito "obedientemente" parecêssemos ver à "Esquerda" ladrar nessas direcções como cans perseguindo um anaco de carne.

Seica a Esquerda deixou de pensar e agora toca-lhe obedecer à sua outrora principal inimigo" Podemos opinar sobre a "Primavera Árabe", Tunes, Egipto, Líbia e agora Síria mas nom podemos opinar sobre um massacre que mesmo foi filmada como polícias assassinavam covardemente a mais de umha trintena de mineiros" Nossa agenda deve basear na agenda que imponhem os Grandes Meios" Onde ficaram as nossas responsabilidades para com a nossa classe" Onde ficou aquela "Solidariedade de classe" enquanto em Latinoamérica abundavam as ditaduras militares"
Mas para opinar de Juliám Assange ou das Pussy Riot somos muito bons verdade" A vida de trinta e tantos mineiros que lutavam por melhoras salariais nom tem nengumha importância a quem se importa"
Onde ficaria o nosso interesse pola classe trabalhadora e as suas lutas, onde seja que estas fossem" A luita dos mineiros sul-africanos vale menos que a luta dos mineiros latino-americanos ou europeus"
Seica esta "Esquerda" já esqueceu as matanças que nossa Latinoamérica sofreu em carne própria baixo o seu "particulares" Ditaduras"
Seica a Esquerda deixou de fazer-se perguntas e agora converteu-se num cidadao "traga-traga""
Pois a recente matança deveria trazer à memória o massacre perpetrado pola polícia salvadorenha contra estudantes e camponeses do Bloco Popular Revolucionário (BPR) no Salvador "que se manifestavam pola libertaçom de cinco camaradas presos" , ocorrida na Catedral Metropolitana de Som Salvador, o 08 de maio de 1979. Com um saldo total de 25 mortos. E tal como sucedeu em Sudáfrica, a versom oficial que é vendida aos médios é que os manifestantes foram os "provocadores" e que os polícias só actuaram em "defesa própria".
Estám as imagens e todo filmado, e com o ocorrido em Sudáfrica damos-nos o luxo de que esta matança passe despercebida assim como os Grandes Meios tratam de passá-la" Assim de fácil" Seica há que ter sensibilidade quando aos Grandes Meios se lhes da gana pôr-nos "sensíveis""
A Esquerda já nom se pode fazer perguntas tais como "ocorrida a matança em Marikana" onde está Amnistia Internacional", Onde está Human Rights Watch", Onde está o Papa Ratzinger e a Igreja" Onde está a Uniom Europeia" Onde estám que nos Grandes Meios nom os vemos"
A Esquerda, lamentavelmente, tem um grave problema: nom sabe hoje onde está o seu norte e mais enzima a adoptado umha patética mentalidade pequeno burguesa junto a umha agenda noticiosa proveniente significativamente dos Grandes Meios.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Uniom Europeia ou a barbárie capitalista BASENAME: canta-o-merlo-a-uniom-europeia-ou-a-barbarie-capitalista DATE: Tue, 14 Aug 2012 17:49:35 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As políticas capitalistas disparam o abandono dos nenos na Europa

LibreRed
Fonte: http://www.librered.net/?p=20215

As medidas neo-liberais impostas polos governos europeus nom só incrementárom o número de suicídios derivados de problemas económicos, senom que também se traduziram num aumento de abandonos de bebés e crianças.

A organizaçom SÓS Aldeias Infantis, que agarraste a crianças orfos, abandonados ou cujas famílias nom podem ocupar-se deles advertiu, que no último ano uns 1.200 crianças foram abandonadas na Grécia e outros 750 na Itália. umhas cifras alarmantes comparadas com os 400 crianças abandonadas que se registárom na Itália há um ano e os 114 que houvo na Grécia em 2003.

Ademais, aumentou em toda a Europa o número dos ?tornos de orfos?: uns contentores criados com a finalidade de evitar casos de abandonos incontrolados e abortos, onde os recentemente nascidos nom desejados som entregues de forma anónima. Esta prática está cada vez mais generalizada entre quem atravessam dificuldades económicas devido aos drásticos recortes sociais aplicados polos governos capitalistas.

Esta situaçom viola a Convençom Europeia de Direitos Humanos de 1953.

Estima-se que o gasto total por criar a um filho na Europa supom entre 20% e 30% do orçamento médio familiar e dada a actual conjuntura económica da regiom, para muitos fazer frente a esses custos resulta cada vez mais difícil.

O director geral de SÓS Aldeias Infantis na Grécia, George Protopapas, assinalou que ?por enquanto a maioria dos casos provem de famílias de classe trabalhadora? e nom descartou que este fenómeno vá em aumento.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Quem som os islamo-fascistas?(II) BASENAME: canta-o-merlo-quem-som-os-islamo-fascistas-ii DATE: Wed, 08 Aug 2012 12:56:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistencialibia.info

ISLÁM POLÍTICO: concretizaçom moderna do salafismo em política. Surge quando Hassan Al Banna funda no Egipto em 1928 os Irmaos Muçulmanos, agrupamento conservador integrista que a nossa Agência de notícias denunciou de jeito reiterado.
Ver as nossas notas ?Os Irmaos Muçulmanos, um dos alicerces da contra-revoluçom árabe? (http://resistencialibia.info/?p=1171) e Confirma-se que os Irmaos Muçulmanos trabalham para os EEUU ( ?http://resistencialibia.info/?p=1548).

Os Irmaos Muçulmanos, fantoches do imperialismo.

Do tronco comum dos Irmaos Muçulmanos egípcios nasceram organizaçons como Hamas de Palestina, originalmente apoiada polo serviço secreto israelense como jeito de travar a influência da esquerda palestiniana. Também há um Islám político reaccionário chii em ocasiom aliado aos EEUU como o Partido Al Dawa de natureza anti-comunista e anti-baasista e o Conselho Supremo da Revoluçom iraquiana (CSRI). O islám politico reaccionário expressa-se asim mesmo na corrente Mladi Musulmani que colabora co nazismo em Jugoslávia de onde nacerá o Partido de Acçom democrática que chefia a contra-revoluçom capitalista em Bosnia Herzegovina.

JIHADISMO: Corrente anti-comunista, anti-progressista e anti-soviética nada da colaboraçom entre a família Saud, o serviço secreto paquistanês ISI e a CIA nos campos de treino terrorista da cidade paquistanesa de Peshawar em 1979 e 1980 no Afeganistám para lutar contra a República Democrática do Afeganistám (RDA). Por volta das bandas de feudais armados afeganos que os soviéticos chamavam ?douchmans?, aglutinou-se umha legiom estrangeira salafo-fascista formada por jovens voluntários chegados de Arábia Saudita, Argélia, Uniom Soviética, Albânia, Egipto, Líbia, China e outros países. Foi o começo da carreira criminal do jovem feudal saudita Osama Bin Laden. Esta hidra terrorista contribuiu à restauraçom violenta do capitalismo no Cáucaso soviético, Jugoslávia, Albânia, Iémene e Argélia no meio de brutais guerras civis. A CIA norte-americana, o ISI paquistani e os serviços sauditas dirigírom estas bandas extremosamente violentas das que Bin Laden é o seu máximo exponente. Prestaram um serviço inestimável ao imperialismo na sua luta por destruir o sistema socialista mundial e os regimes de linha independente como o líbio, jugoslavo, iemenita e outros.
O fascista Reagan foi um firme apoio da contra-revoluçom feudal integrista afegám, caldo de cultivo de todas as redes criminais islamo-fascistas

O Jihadismo construiu várias redes criminais:

Escola ?deobandie?, salafistas paquistaneses controlados polo ISI de onde nasceu o movimento dos talibám que se fizeram famosos ao executar de maneira bestial ao presidente comunista do Afeganistám Mohamed Najibullah entre os aplausos da CIA.

Al-Qaeda, agrupamento de bandas jiadistas dirigidas por Bin Laden sob controlo do ISI e da CIA que prestam serviço nas guerras anti-comunistas de Chechénia, Daguestám, Taxiquistám, Bosnia-Herzegovina, Kosovo e nas guerras de recolonizaçom de Argélia, Líbia e Síria. Esta sigla fai-se responsável por brutais ataques contra a populaçom civil nas metrópoles ocidentais com os que justificar todo o tipo de agressons de tipo colonial dos países da NATO, ademais da fascistizaçom dos citados países.

- Frente Islâmica de salvaçom (FIS), agrupamento integrista e fascista que ao ser impedida de tomar o poder em Argélia polo exército nacional popular argelino cria o Grupo Islâmico de Acçom, responsável por inumeráveis crimes terroristas.

- O terrorismo no Iraque favorável à ocupaçom: para desarticular a resistência nacional dirigida polo Baas e outras forças patriotas, o ocupante norte-americano creia redes de Al- Qaeda que atacam centros de oraçom e peregrinaçom chiita ocasionando umha guerra civil e debilitando a mencionada resistência.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Quem som os islamo-fascistas ?(I) BASENAME: canta-o-merlo-quem-som-os-islamo-fascistas-i DATE: Wed, 08 Aug 2012 09:22:57 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistencialibia.info

Glossário de termos empregados pola nossa Agência Al Mukawama mas nom explicados até a data de hoje

SUNISMO-CHIISMO: Cisma no Islám ocorrido em 657 entre os partidários de Ali (chiitas) e os partidários da "ortodoxia", os sunitas que representam ao 80 % dos muçulmanos.

SALAFISMO: corrente rigorista muçulmana sunita que toma o seu nome da palavra árabe ?salaf? que significa os "predecessores". Fantasia reaccionária sobre um suposto Islám "puro" e dos seus "origens" que seria supostamente contaminado polas inovaçons "pecaminosas" ou ?bidaa?. O seu primeiro ideólogo é Ahmed Ibn Hanbal (780-855) cujos dous discípulos tenhem influência hoje: É sírio Ibn Taymiya (1263-1328) tomado como referência ideológica da contra-revoluçom síria, partidário de assassinar sem contemplaçons aos alauitas (rama do chiismo) e aos homossexuais, estes a pedradas e queimados vivos. O outro discípulo é Mohámede Ibn Abdelwahab (1703-1792). Ambos os contrários à tradiçom progressista, tolerante, respeitosa, amante da ciência e o progresso do Islám clássico que deu luz a umha civilizaçom avançada desde os Pirenéus até a China na sua época clássica. Esta corrente segue produzindo predicadores criminais como Ibrahim Ao Maghribi que no século XIX emite umha ?fatwa? ou resoluçom exigindo que se massacre a todos os alauitas ou o xeque Nuredin ao Albani morrido em 1999 que proibia ver tv e rádio.

WAHABISMO: Corrente ultra-reaccionaria fundada pola mencionado Abdelwahab que é oficial no estado feudal obscurantista de Arábia Saudita. Partidária de umha desigualdade extrema entre homens e mulheres, castigos físicos como núcleo do código penal, rejeiçom aos direitos humanos e à democracia burguesa e abominaçom do socialismo e a democracia popular, respeito absoluto à hierarquia social, esmagamento às minorias religiosas e étnicas, na prática aliança a vida e morte com o imperialismo norte-americano.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O lançamento de uma "guerra humanitária" contra a Síria BASENAME: canta-o-merlo-lbgo-lancamento-de-uma-guerra-humanitaria-contra-a-sirial-bg DATE: Sun, 05 Aug 2012 08:51:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Rebelion.info

O lançamento de uma "guerra humanitária" contra a Síria

por Michel Chossudovsky

A administração Obama, em ligação com Londres, Paris, Tel Aviv e o quartel-general da NATO em Bruxelas, está a contemplar várias "intervenções de opções" militares contra a Síria, incluindo a realização de operações navais e aéreas em apoio às forças rebeldes de "oposição" sobre o terreno.

Os EUA e o seu impassível aliado britânico estão num "pé de guerra humanitário".

Forças aliadas, incluindo operativos de inteligências e forças especiais, reforçaram a sua presença no terreno em apoio ao "Exército Livre da Síria" (ELS). Foi informado que o Ministério da Defesa britânico está a "formular planos de contingência para o caso de o Reino Unido decidir instalar tropas nesta região volátil".

Posicionamentos de forças navais e aéreas já foram anunciados pelo Ministério da Defesa britânico. Segundo notícias de tablóides de Londres, citando fontes militares "confiáveis", "... a escalada da guerra civil [na Síria] torna cada vez mais provável que o Ocidente seja forçado a intervir". ( Daily Mail , July 24, 2012)

Uma campanha de bombardeamento no estilo "pavor e choque" do Iraque não está, por razões práticas, a ser contemplada: "analistas da defesa advertiram que uma força de pelo menos 300 mil soldados seria necessária para executar uma intervenção em plena escala [na Síria]. Mesmo assim, esta enfrentaria resistência feroz. ..." (ibid)

Ao invés de executar uma operação relâmpago total, a aliança militar EUA-NATO-Israel optou por intervir sob o diabólico enquadramento do R2P, da "guerra humanitária". Modelado na Líbia, as seguintes grandes etapas estão a ser encaradas:

1- Uma rebelião apoiada pelos EUA-NATO, integrada por esquadrões da morte, é lançada sob o disfarce de "movimento de protesto (meados de Março de 2011 em Daraa)

2- Forças especiais britânicas, francesas, qataris e turcas estão sobre o terreno na Síria, aconselhando e treinando os rebeldes bem como supervisionando operações especiais. Mercenários contratados por companhias de segurança privada também são envolvidos no apoio às forças rebeldes.

3- As matanças de civis inocentes pelo Exército Livre Sírio (ELS) são deliberadamente executadas como parte de uma operação encoberta de inteligência (Ver SYRIA: Killing Innocent Civilians as part of a US Covert Op. Mobilizing Public Support for a R2P War against Syria , Global Research, May 2012)

4- O governo sírio é então culpabilizado pelas atrocidades resultantes. A desinformação dos media articulada para a demonização do governo sírio. A opinião pública é levada a endossar uma intervenção militar com fundamentos humanitários.

5- Respondendo à indignação pública, os EUA-NATO são então "forçados a intervir" sob o mandato humanitário da ""Responsibility to Protect" (R2P). A propaganda dos media entra então em alta velocidade. "A Comunidade Internacional vem para o resgate do povo sírio".

6- Navios de guerra e caças de combate são então posicionados no Mediterrâneo Oriental. Estas acções são coordenadas com o apoio logístico aos rebeldes e às forças especiais no terreno.

7- O objectivo final é "mudança de regime" que leve à "ruptura do país" de acordo com linhas sectárias e/ou a instalação de um "regime dominado ou influenciado por islamistas" modelado no Qatar e na Arábia Saudita.

8- Os planos de guerra para a Síria são integrados com aqueles referentes ao Irão. A estrada para Teerão passa por Damasco. As implicações mais vastas da intervenção EUA-NATO são escalada militar e o possível desencadeamento de uma guerra regional estendendo-se desde o Mediterrâneo Oriental até a Ásia Central, na qual a China e a Rússia poderiam ser directa ou indirectamente envolvidas.

As etapas de 1 até 4 já foram implementadas.

A etapa 5 foi anunciada.

A etapa 6, envolvendo o posicionamento de navios de guerra britânicos e francesas no Mediterrâneo Oriental está destinada a ser lançada, segundo o Ministério da Defesa britânico, "ainda neste Verão". (Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian Coastline? Global Research, July 26, 2012.

A fase 7, nomeadamente a "mudança de regime" ? a qual constitui o fim do jogo da guerra humanitária ? foi anunciada por Washington em numerosas ocasiões. Nas palavras do secretário da Defesa Leon Panetta, referindo-se ao presidente Bashar Al Assad: "Já não é mais uma questão de se ele está chegar ao fim, é de quando".

O fim do jogo: Desestabilizar o estado laico, instalar o "Islão político"

O Royal United Services Institute for Defence and Security (RUSI) , um think-tank instalado em Londres, com laços estreitos tanto com o Ministério da Defesa britânico como com o Pentágono, sugeriu que "alguma espécie de intervenção [militar] ocidental na Síria está a parecer cada vez mais provável... O que o RUSI tem em mente no seu Resumo sobre a crise síria intitulado A Collision Course for Intervention , é o que pode ser descrito como "Uma invasão suave", levando ou a uma "ruptura do país" de acordo com linhas sectárias e/ou a instalação de um "regime dominado ou influenciado por islamistas" modelado no Qatar e na Arábia Saudita.

Vários "cenários" envolvendo operações de inteligência "clandestina" são avançados. O objectivo não mencionado destas opções militares e de inteligência é desestabilizar o estado leigo e implementar, através de meios militares, a transição rumo a um "regime pós-Assad dominado ou influenciando pelo Isão" modelado no Qatar e na Arábia Saudita.

"É necessária uma melhor observação das actividades e relacionamento da Al-Qaida e os outros jihadistas salafista internacionais que estão agora a entrar no país em números crescentes. É provável que as comportas se abram ainda mais pois jihadistas internacionais são fortalecidos por sinais de progresso significativo da oposição contra o regime. Tais elementos têm o apoio da Arábia Saudita e do Qatar e teriam sem dúvida um papel na Síria a seguir ao colapso de Assad. O âmbito do seu envolvimento precisaria ser considerado no planeamento da intervenção. (Ibid, p. 9, ênfase acrescentada)

Se bem que reconhecendo que os combatentes rebeldes são rematados terroristas envolvidos na matança de civis, o Resumo RUSI, mencionando considerações tácticas e de inteligência, sugere que as forças aliadas no entanto deveriam apoiar os terroristas (isto é, as brigadas terroristas foram apoiadas pela coligação dirigida pelos EUA desde o início da rebelião em meados de Março de 2011. Forças Especiais integraram a rebelião):

"Que desafios militares, políticos e de segurança apresentariam eles [os jihadistas] ao país, à região e ao Ocidente? Questões que incluem a possibilidade de um regime dominado ou influenciado por islamistas herdando armamento refinado, incluindo sistemas de mísseis anti-aviões e anti-navios e armas químicas e biológicas que podiam ser transferidas para as mãos de terroristas internacionais. Ao nível táctico, seria necessária inteligência para identificar os grupos mais eficazes e como melhor apoiá-los. Também seria essencial saber como eles operam e se o apoio pode ajudá-los a massacrar rivais ou a executar ataques indiscriminados contra civis, algo que já testemunhámos entre grupos da oposição síria". ( RUSI - SYRIA CRISIS BRIEFING: A Collision Course for Intervention , London, July 2012, ênfase acrescentada, p. 9 )

O reconhecimento acima confirma a resolução dos EUA-NATO de utilizar o "Islão político" ? incluindo o posicionamento grupos terroristas filiados à Al Qaeda apoiados pela CIA e o MI6 ? para realizar suas ambições hegemónicas na Síria.

Operações encobertas da inteligência ocidental em apoio a entidades terroristas da "oposição" são lançadas para enfraquecer o estado laico, fomentar violência sectária e criar divisões sociais. Recordaremos que na Líbia, os rebeldes "pró democracia" foram conduzidos por brigadas paramilitares filiadas à Al Qaeda sob a supervisão de Forças Especiais da NATO. A muito apregoada "Libertação" de Tripoli foi executada por antigos membros do Libya Islamic Fighting Group (LIFG).

Opções e acções militares. Rumo a uma "invasão suave"?

Várias opções militares concretas ? as quais em grande medida reflectem o pensamento em curso do Pentágono-NATO sobre a matéria ? são contempladas no RUSI Syria Crisis Briefing. Todas estas opções são baseadas num cenário de "mudança de regime" exigindo a intervenção de forças aliadas em território sírio. O que é contemplado como uma "invasão suave" modeladas na Líbia sob um mandato humanitário R2P ao invés de uma blitzkrieg total estilo "pavor e choque".

O Resumo RUSI, contudo, confirma que apoio continuado e eficaz aos rebeldes do Exército Livre Sírio exigirá finalmente a utilização de "poder aéro na forma de caças a jacto e sistema de mísseis lançados do mar, da terra e do ar" combinado com a entrada de Forças Especiais e a aterragem de "infantaria anfíbia aerotransportada" (Ibid, p 16.)

Esta transição rumo ao apoio naval e aéreo concreto ao rebeldes é sem dúvida motivada também pelas derrotas da insurgência (incluindo substanciais perdas rebeldes) que se seguiram à reacção adversa das forças do governo na esteira do ataque terrorista de 18 de Julho contra a sede da Segurança Nacional em Damasco, o qual levou à morte do ministro da Defesa, general Daoud Rajha e de outros altos membros da equipe defesa nacional do país.

Várias acções militares entrecruzadas são encaradas, a serem executadas sequencialmente tanto antes como na esteira da proposta "mudança de regime".

"A opção avançada, destruição das forças armadas sírias através de uma invasão "pavor e choque" estilo Iraque, poderia sem dúvida ser cumprida por uma coligação dirigida pelos EUA. Como com todas as outras formas de intervenção, contudo, manusear os resultados seria muito menos previsível e poderia arrastar as forças da coligação a um pântano duradouro e sangrento. Actualmente essa opção pode ser excluída como possibilidade realista. ... Não há dúvida de que a neutralização substancial da infraestrutura de defesa aérea da Síria poderia ser alcançada por uma operação aérea dirigida pelos EUA. Mas isto exigiria uma campanha grande, sustentada e extremamente custosa incluindo Forças Especiais posicionadas no terrento para apontar alvos.

As opções de intervenção que restam caem grosso modo em três categorias que por vezes se sobrepõem. ... A primeira categoria é acção de imposição militar para reduzir ou acabar a violência na Síria, ... impedir forças de Assad de atacarem população civil por acção [militar] directa. [O RUSI ignora o facto de que as matanças são cometidas pelo ESL e não por forças do governo, M.C.].

A segunda é tentar provocar mudança de regime por uma combinação de apoio a forças de oposição e acção militar directa. A segunda categoria pode ser aplicada na sequência do colapso do regime. O objectivo seria apoiar um governo pós Assad ajudando a estabilizar o país e proteger a população contra violência inter-facções e represálias. ... Uma força de estabilização seria posicionada a pedido do novo governo. Em qualquer cenário de intervenção pode ser necessário ou destruir ou proteger armas químicas da Síria, se elas estiverem prestes a serem utilizadas, transferidas ou de outras formas tornadas inseguras. Isto exigiria forças de combate especializadas e potencialmente tão substanciais que provavelmente seria uma missão que só os EUA poderiam executar. [Recordando as ADM do Iraque, o pretexto das armas químicas da Séria está a ser utilizado para justificar uma intervenção militar mais musculado, M.C.]

A terceira categoria é socorro humanitário ? trazer abastecimento e ajuda média a populações assediadas. ... Esta forma de intervenção, a qual mais provavelmente seria conduzida sob os auspícios da ONU, exigiria agências de ajuda tais como o Crescente Vermelho Internacional bem como forças militares armadas incluindo poder aéreo, mais uma vez baseado numa coligação NATO. O socorro humanitário pode ser necessário antes ou após uma mudança de regime. (Ver RUSI - SYRIA CRISIS BRIEFING: A Collision Course for Intervention , London July 2012, emphasis added, p.9-10 )

O "socorro humanitário" é muitas vezes utilizado como pretexto para o envio de unidades de combate. Forças especiais e operativos de inteligência são frequentemente despachados sob uma cobertura de ONG.

Acções militares concretas EUA-NATO

Será que o Resumo RUSI reflecte a perspectiva actual do planeamento militar EUA-NATO em relação à Síria?

Que acções militares e de inteligência concretas foram tomadas pela aliança militar ocidental na sequência dos vetos chinês e russo no Conselho de Segurança das Nações Unidas?

O posicionamento de uma poderosa armada de navios de guerra franceses e britânicos já é encarada numa data não especificada "ainda neste Verão". (Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian Coastline? , Global Research, July 26, 2012)

O Ministério da Defesa britânico, contudo, sugeriu que os deslocamentos da Royal Navy para o Médio Oriente só podiam ser activado "após" os jogos olímpicos de Londres. Dois dos maiores navios de guerra britânicos, o HMS Bullwark e o HMS Illustrious foram designados, a um tremendo custo para os contribuintes britânciso, para "garantir a segurança" dos Jogos Olímpicos. O HMS Bulwark está atracado em Weymouth Bay durante os jogos. O HMS Illustrious está "actualmente ancorado no Tamisa no centro de Londres". (Ibid)

Estas planeadas operações navais são cuidadosamente coordenadas com avançado apoio aliado ao "Exército Livre da Síria", integrado por jihadistas mercenários estrangeiros treinados no Qatar, Iraque, Turquia e Arábia Saudita por conta da aliança militar ocidental.

Será que os EUA-NATO lançarão uma operação aérea total?

As capacidades de defesa aérea da Síria, segundo informações, baseiam-se no avançado sistema S-300 da Rússia? (Informações não confirmadas apontam para o cancelamento da entrega pela Rússia, a seguir à pressão de Israel, do avançado sistema míssil S300 terra-ar à Síria) (Ver Israel convinces Russia to cancel Syrian S-300 missile deal: official, Xinhua , June 28, 2012) Outras informações também sugerem a instalação de um avançado sistema russo de radar (Ver Report: Russia Sent Syria Advanced S-300 Missiles , Israel National News, November 24, 2011).

O papel das Forças Especiais

Nos próximos meses, forças aliadas não terão dúvida em centrar-se na desactivação das capacidades militares do país incluindo sua defesa aérea, sistemas de comunicações, através de uma combinação de acções encobertas, guerra cibernética e ataques terroristas do ESL patrocinado pelos EUA-NATO.

Os rebeldes do "Exército Sírio Livre" são de infantaria da NATO. Comandantes do ESFL, muitos dos quais são parte de entidades filiadas à Al Qaeda, estão em ligação permanente com Forças Especiais britânicas e francesas dentro da Síria. O relatório RUSI recomenda que os rebeldes deveriam ser apoiados através do "posicionamento dentro do país de conselheiros das Forças Especiais com apoio aéreo a pedido:

"Conselheiros a trabalharem ao lado de comandantes rebeldes, acompanhados talvez por pequenas unidades de tropas das Forças Especiais, podiam ser táctica e estrategicamente decisivo, como se provou tanto no Afeganistão em 2001 como na Líbia em 2011. (RUSI, op cit, p. 10)

Forças Especiais têm estado no terreno na Síria desde o princípio da insurgência. Relatórios também confirmam o papel de companhia de segurança privadas, incluindo antigos mercenários Blackwater, no treino dos rebeldes do ESL. No que é descrito como "Guerra da América debaixo da mesa", Forças Especiais no terreno estão em ligação permanente com os militares e a inteligência aliada.

O influxo de combatentes jihadistas mercenários

Desde o impasse no Conseho de Segurança da ONU, uma aceleração no recrutamento e treino de combantes jihadistas mercenários está a verificar-se.

Segundo uma fonte do exército britânico, British Special Forces (SAS) estão agora a treinar "rebeldes" sírios no Iraque "em tácticas militares, manuseamento de armas e sistemas de comunicações". A informação também confirma que treino militar de comandos está a ser efectuado na Arábia Saudita por conta da aliança militar ocidental:

"Forças Especiais britânicas e francesas têm estado a treinar activamente mercenários do ESL, a partir de uma base na Turquia. Algumas informações indicam que o treino está a ter lugar também em locais na Líbia e no Norte do Líbano. Operativos britânicos do MI6 e pessoal do UKSF (SAS/SBS) tem confirmadamente estado a treinar os rebeldes em guerra urbana bem como a fornecer-lhes armas e equipamento. Acredita-se que operativos estado-unidenses da CIA e forças especiais providenciam assistência em comunicações aos rebeldes". Elite Forces UK , January 5, 2012

"Mais de 300 [rebeldes sírios] passaram por uma base dentro do Iraque próxima à fronteira, enquanto um curso de comandos está a ser dado na Arábia Saudita.

Grupos de 50 rebeldes de cada vez estão a ser treinados por duas firmas de segurança privada que empregam antigo pessoal de Forças Especiais. "Nosso papel é puramente de instrutores ensinando tácticas, técnicas e procedimentos", disse um antigo membro da SAS.

"Se podemos ensinar-lhes como encobrir-se, atirar e evitar serem localizados por snipers será uma ajuda esperançosa". ( Daily Mail , July 22, 2012)

O papel da Turquia e de Israel

O alto comando militar da Turquia tem estado em ligação com a sede da NATO desde Agosto de 2011 relativamente ao recrutamento activo de milhares de "combatentes da liberdade" islamistas, o que recorda o alistamento de Mujahideen pra travar a jihad (guerra sagrada) da CIA no auge da guerra soviético-afegã.

"Também discutido em Bruxelas e Ancara, relatam nossas fontes, está uma campanha para alistar milhares de voluntários muçulmanos em países do Médio Oriente e do mundo muçulmano para combater junto aos rebeldes sírios. O exército turco abrigaria estes voluntários, treinaria e asseguraria a sua passagem para dentro da Síria. ( DEBKAfile , NATO to give rebels anti-tank weapons, August 14, 2011, ênfase acrescentada)

O recente influxo de combatentes estrangeiros numa escala significativa sugere que este diabólico programa de recrutamento Mujahiden, desenvolvido há mais de um ano atrás, tem frutificado.

A Turquia também está a apoiar combatentes da Fraternidade Muçulmana no Norte da Síria. Como parte do seu apoio aos rebeldes do ESL, "a Turquia estabeleceu uma base secreta com aliados da Arábia Saudita e do Qatar para dirigir ajuda militar e de comunicações para rebeldes da Síria a partir de uma cidade próxima à fronteira" Exclusive: Secret Turkish nerve center leads aid to Syria rebels | Reuters, July 27, 2012).

O papel de Israel no apoio aos rebeldes, em grande medida caracterizado por operações encobertas de inteligência, tem sido "discreto" mas significativo. Desde o início, o Mossad apoiou grupos terroristas salafistas, os quais tornaram-se activo no Sul da Síria no início do movimento de protesto em Daraa em meados de Março. Informações sugerem que o financiamento para a insurgência Safista está a vir da Arábia Saudita. (Ver Syrian army closes in on Damascus suburbs , The Irish Times, May 10, 2011).

Enquanto canaliza apoio encoberto ao ELS, Israel também está a apoiar separatistas curdos no Norte da Síria. O grupo de oposição curda (KNC) tem ligações estreitas com o Governo Regional Curto de Massoud Barzani no Norte do Iraque, o qual é directamente apoiado por Israel.

A agenda separatista curda é destinada a ser utilizada por Washington e Tel Aviv para procurar a ruptura da Síria de acordo com linhas étnicas e religiosas ? em várias entidades políticas separadas e "independentes". Convém notar que Washington também facilitou o despacho de "militantes da oposição" curda síria para o Kosovo em Maio último para participarem em sessões de treino utilizando a "perícia terrorista" do Kosovo Liberation Army (KLA). (Ver Michel Chossudovsky, Hidden US-Israeli Military Agenda: "Break Syria into Pieces ", Global Research, June 2012).

A não tão ocultura agenda militar estado-unidense-israelense é "Romper a Síria em bocado", tendo em vista apoiar o expansionismo de Israel. ( The Jerusalem Post, May 16, 2012 ).

Confrontação com a Russia

O que se pode esperar nos próximos meses:

1) Um posicionamento naval no Mediterrâneo Oriental, cujo objectivo militar não foi claramente definido pelas forças aliadas.

2) Um maior influxo de combatentes estrangeiros e esquadrões da morte para dentro da Síria e a execução de ataques terroristas cuidadosamente visados em coordenação com os EUA-NATO.

3) Uma escalada no posicionamento de forças especiais aliadas, incluindo mercenários de companhias de segurança privadas contratadas pela inteligência ocidental.

O objectivo, sob a operação "Vulcão Damasco e Terramoto Sírio", em última análise consistir em estender os ataques terroristas do ESL à capital da Síria, sob a supervisão de Forças Especiais ocidentais e de operativos de inteligência no terreno. (Ver Thierry Meyssan, The battle of Damascus has begun , Voltaire Net, July 19, 2012). Esta opção de alvejar Damasco fracassou. Os rebeldes também foram empurrados para trás em combates intensos na segunda maior cidade da Síria, Alepo.

4) O enfraquecimento do papel da Rússia na Síria ? incluindo suas funções sob o acordo de cooperação militar bilateral com Damasco ? também é parte da agenda militar e de inteligência dos EUA-NATO. Isto podia resultar em ataques terroristas contra nacionais russos a viverem na Síria.

Um ataque terrorista contra a base naval da Rússia em Tartus foi anunciado menos de duas semanas após o confronto directo no Conselho de Segurança, sem dúvida por ordem dos EUA-NATO tendo em vista ameaçar a Rússia.

A seguir à chegada da flotilha naval russa de dez navios estacionados ao largo da costa síria, um porta-voz do ESL confirmou (26 de Julho) a sua intenção de atacar a base naval da Rússia em Tartus:

"Temos uma advertência às forças russas: se enviarem mais quaisquer armas que matem nossas famílias e o povo sírio nós os atingiremos duramente dentro da Síria", disse Louay al-Mokdad, coordenador logístico do Exército Livre da Síria (ELS).

"Informantes dentro do regime contam-nos que há grandes carregamentos de armas a chegarem a Tartus nas próximas duas semanas. Não queremos atacar o porto, não somos terroristas, mas se eles continuarem a actuar dessa forma não teremos opção".

O ELS formou uma "Brigada naval", composta de desertores da Marinha síria, a qual opera próximo de Tartus. "Muitos dos nossos homens costumavam trabalhar no porto de Tartus e conhecem-no bem", disse o capitão Walid, um antigo oficial da Marinha Síria. "Estamos a observar muito atentamente os movimentos dos russos".

"Podemos facilmente destruir o porto. Se atingirmos os armazéns de armas com mísseis anti-tanque ou outra arma isso dispararia uma explosão devastadora", disse um representante do ELS. "Ou podemos atacar os navios directamente". ( Syrian rebels threaten to attack Russian naval base - World - DNA , July 26, 2012)

Se a base naval da Rússia viesse a ser atacada, isto, com toda probabilidade, seria empreendido sob a supervisão de forças especiais e operativos de inteligência aliados.

Se bem que a Rússia tenha as capacidades militares necessárias para defender eficazmente sua base naval de Tartus, um ataque à base naval da Rússia constituiria um acto de provocação, o qual podia preparar o cenário para um envolvimento mais visível de forças russas dentro da Síria. Um rumo assim também podia potencialmente levar a uma confrontação directa entre forças russas e forças especiais ocidentais e mercenários a operarem dentro das fileiras rebeldes.

Segundo o RUSI Syria Crisis Briefing citado acima: "Antecipar a acção e contra-acção russa teria de ser um factor importante em qualquer plano de intervenção [militar] do Ocidente [na Síria]. Os russos certamente são capazes de movimentos arrojados e inesperados..." (RUSI, op cit, p. 5).

O mundo numa encruzilhada perigosa

Uma "guerra humanitária" total contra a Síria está em cima da mesa do Pentágono, a qual, se executada, podia levar o mundo a uma guerra regional estendendo-se desde o Mediterrâneo Oriental ao coração da Ásia Central.

Um programa de propaganda refinado e super abrangente apoia a guerra em nome da paz mundial e da segurança global.

O cenário subjacente de conflito mundial vai muito além da concepção diabólica do 1984 de Orwell.

O Ministério da Verdade sustenta a guerra como um empreendimento para fazer a paz invertendo realidades.

Por sua vez, as mentiras e fabricações dos media "de referência" são apresentadas com variadas insinuações numa complexa teia de enganos.

Numa deturpação cínica, atrocidades documentadas contra civis sírios cometidas pela "oposição" do Ocidente estão agora a serem reconhecidas (ao invés de culpabilizar forças governamentais) como "inevitáveis" na penosa transição rumo à "democracia".

As consequências mais vastas da "Grande Mentira" são obscurecidas.

A guerra humanitária global torna-se um consenso ao qual ninguém pode desafiar.

A guerra à Síria é parte de uma agenda militar integrada à escala mundial. A estrada para Teerão passa por Damasco. O Irão, Rússia, China e Coreia do Norte também estão a ser ameaçados.

Com o posicionamento da armada naval franco-britânica ainda este Verão, navios de guerra ocidentais no Mediterrâneo Oriental estariam contíguos àqueles posicionados pela Rússia, a qual está a conduzir os seus próprios jogos de guerra, levando a uma potencial "confrontação estilo Guerra fria" entre forças navais russas e ocidentais. Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian Coastline? , Global Research, July 26, 2012).

Uma guerra à Síria, a qual inevitavelmente envolveria Israel e Turquia, podia constituir a fagulha rumo à guerra regional dirigida contra o Irão, na qual a Rússia e a China podiam ser (directa ou indirectamente) envolvidas.

É crucial difundir estas palavras e romper os canais de desinformação dos media.

Um entendimento crítico e não enviesado do que está a acontecer na Síria é de importância crucial na reversão da maré da escalada militar.

Difunda este artigo o mais amplamente possível.
Ver também:
Syrie: Exécutions sommaires massives de prisonniers de guerre par les terroristes islamistes de l'Armée syrienne libre (OTAN)
A guerra dos EUA-NATO contra a Síria: Forças navais do ocidente frente às da Rússia ao largo da Síria , 29/Jul/12
"A opção salvadorenha para a Síria" ,26/Mai/12
Exclusive: Obama authorizes secret US support for Syrian rebels , Reuters, 1/8/2012
Obama does Syriana , 03/Ago/2012 (o título é alusão ao filme Syriana )

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32170

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O capitalismo no olho do furacão ? desarticulação monetário-financeira, depressão prolongada e lutas sociais BASENAME: canta-o-merlo-o-capitalismo-no-olho-do-furacao-desarticulacao-monetario-financeira-depressao-prolongada-e-lutas-sociais DATE: Thu, 02 Aug 2012 16:21:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: Novas TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

por Edmilson Costa [*]

A terceira onda da crise: O capitalismo no olho do furacão
? desarticulação monetário-financeira, depressão prolongada e lutas sociais

A crise sistêmica global encaminha-se para um novo patamar de ebulição, com impactos muitos mais explosivos do que em 2008, quando quebrou o Lehmon Brothers. Podemos dizer que aquele episódio, apesar das conseqüências devastadoras para a economia mundial e, especialmente, para os Estados Unidos, deve ser considerado apenas como o início da crise sistêmica global. As contradições violentas que se acumularam no interior do sistema capitalista desde a década de 70 e se aprofundaram com as políticas monetaristas nas décadas de 80 e 90, ainda não se manifestaram em toda a sua plenitude. Estamos nos aproximando de mudanças quantitativas e qualitativas no interior da ordem internacional capitalista, tais como a desarticulação do sistema monetário-financeiro que emergiu após a Segunda Guerra Mundial, a depressão prolongada na grande maioria dos países capitalistas centrais, especialmente na economia-líder, e a retomada das lutas sociais em dimensão global.

O período que se abre agora vai entrecruzar um conjunto de fenômenos explosivos que tornarão o início da crise apenas como a primeira ventania antes da grande tempestade. Passado o período de tensa calmaria ocorrido em função das injeções trilionárias de dólares pelos governos dos países centrais, principalmente os EUA, ocasião em que os meios de comunicação procuraram criar um clima manipulatório de normalidade e retomada do crescimento, a hora da verdade está chegando para todos os gestores políticos do grande capital, todos eles ainda presos aos valores de um mundo que começou a ruir em 2008 e, por isso mesmo, não conseguem compreender a profundidade da crise, nem tomar as medidas necessárias para enfrentá-la. Continuam a utilizar os mesmos métodos do passado para fenômenos inteiramente novos do mundo do presente.

A recessão na Europa e, especialmente, na zona do euro, já uma realidade, muito embora ainda seja mais forte nas regiões da Europa do Sul, os elos débeis do sistema imperialista europeu. Mesmo com todas as tentativas de regulação, injeções trilionárias de recursos para salvar países e bancos, a economia européia está mergulhada na recessão, tanto porque os problemas que originaram a crise não foram resolvidos como porque as medidas de austeridade vão aprofundar ainda mais o processo recessivo. Os ajustes que estão sendo realizados em praticamente todos os países aumentam o desemprego e a queda da atividade econômica. O desemprego médio na região está acima de dois dígitos, sendo que em vários países ultrapassa 20% e entre os jovens este índice ainda é maior. Desemprego significa queda na renda [NR] e queda na renda tem como resultado redução do consumo e, portanto, mais recessão.

Nos Estados Unidos a situação é ainda mais grave, apesar da manipulação da mídia e das estatísticas não revelarem em plenitude a crise da economia-líder. Na verdade, os Estados Unidos condensam todos os problemas da crise capitalista: uma dívida pública que já ultrapassa 100% do PIB, com impactos potenciais muito mais explosivos que a dívida européia, pois a carga tributária norte-americana corresponde a apenas 19% do PIB, enquanto na Europa ultrapassa uma média de 30%.

A crise fiscal se torna cada vez mais problemática, com vários Estados e municípios em situação pré-falimentar, além do fato de que as políticas de facilidades quantitativas ( qualitative easing 1 e 2 ) estão se tornando inviáveis politicamente, tanto do ponto de vista interno quanto internacionalmente. A crise do setor imobiliário continua se agravando, com o preço das residências caindo à medida em que a crise persiste. Existem ainda os cortes no orçamento que o governo está realizando para satisfazer as pressões dos republicanos.

Essas medidas ainda não produziram resultados explosivos porque o Fed tem conseguido até agora realizar um conjunto de ações que vem adiando a emergência explicita da crise (juros baixíssimos, injeções de recursos no sistema financeiro, facilidades quantitativas, etc), mas esse arsenal de medidas tem limites e não pode se sustentar indefinidamente, uma vez que produzirão efeitos colaterais severos na economia. À medida em que a campanha eleitoral se desenvolva, vai ficar mais clara a gravidade dos problemas. A esses problemas podem ser adicionados a questão do dólar como moeda de reserva mundial e a dívida pública que já ultrapassou 100% do PIB.

Outro ponto importante a ser abordado nesta crise é o surgimento das lutas sociais. Se na primeira onda da crise os trabalhadores praticamente se comportaram como espectadores, a partir da segunda onda, com a crise das dívidas soberanas e as medidas de ajustes do grande capital, as lutas sociais emergiram em praticamente todas as regiões afetadas pela crise. Mesmo ainda embrionárias, com elevado grau de espontaneísmo, sem uma direção com perspectiva de classe na maioria dos países, essas lutas estão se intensificando, especialmente na Europa, onde o capital tem realizado os ajustes mais severos. Mesmo nos Estados Unidos, surgiram vários movimentos em resposta à crise, em vários Estados, especialmente o Ocuppy Wall Stret, que tem grande potencial de desenvolvimento com o aprofundamento da crise.

Esses fenômenos ainda não estão plenamente percebidos em função de avassaladora manipulação midiática que o capital desenvolve cotidianamente para dar uma aparência de normalidade à conjuntura. Mas a crise é dramática e, em algum momento próximo, os elementos objetivos da crise irão se impor e então as pessoas tomarão conhecimento da extensão do problema. Estamos nos aproximando daqueles momento em que o impensável acontece como se fosse fato do cotidiano.

Crises cíclicas e crises sistêmicas

Há uma enorme confusão e desconhecimento sobre a questão das crises e, especialmente, sobre as crises sistêmicas. Por isso, é importante realizarmos um esforço no sentido não só de precisar melhor esta questão como também tentar estabelecer um estatuto teórico às crises sistêmicas, buscando avançar em relação a alguns fundamentos não observados pelos clássicos, de forma a precisar melhor a natureza do fenômeno, bem como suas implicações econômicas, políticas e sociais.

As crises são fenômenos imanentes do sistema capitalista, oriundas da contradição central entre o caráter social da produção e a apropriação privada de seus resultados e ocorrem com periodicidade regular desde os primórdios deste modo de produção. As crises não têm origem monocausal conforme muitos marxistas costumam analisar esses fenômenos. Resultam das contradições gerais do sistema: não tem origem no subconsumo, não é crise de desproporção entre os diversos setores de produção, não é crise em função da queda da taxa de lucro, da especulação financeira ou qualquer outro fator isoladamente. A crise é a fusão das contradições que se acumulam ao longo do ciclo, muito embora possam se expressar mais acentuadamente em uma ou outra variável específica.

Desde Adam Smith que se busca uma explicação para as crises cíclicas do capitalismo, passando por Ricardo, Malthus, Rodsberto, Sismondi, Marshall. Posteriormente, com o desenvolvimento do capitalismo, outros autores desenvolveram novas abordagens da crise, como os ciclos ou ondas longas, de Parvus, Von Gerendem, Kondratiev, Schumpeter, entre outros. Eles buscaram de alguma forma, com as ferramentas de sua época, identificar e compreender os fenômenos das crises. Estado estacionário em Smith, renda decrescente da terra em Ricardo, subconsumo das massas em Malthus, Sismondi e Rodsberto, os ciclos longos de Parvus, Von Gerendem, Krondratiev, as destruições criadoras em Schumpeter, todos eles tentaram explicar a natureza e o desenvolvimento das crises capitalistas.

No entanto, foi Marx quem definiu de maneira mais precisa os fundamentos teóricos das crises capitalistas, ao deslocar a análise da órbita da circulação para a esfera da produção e defini-la como sínteses de todas as contradições do capitalismo.

As crises sistêmicas

Para efeito desta análise, procuraremos diferenciar as crises cíclicas das crises sistêmicas, bem como tentar estabelecer um estatuto teórico para as crises sistêmicas. As crises cíclicas se transformaram em fenômenos recorrentes do modo de produção capitalista e para enfrentá-las o capital já adquiriu vasta experiência e desenvolveu ferramentas para atenuar seus efeitos mais perversos e ressurgir desse processo num patamar superior. Já as crises sistêmicas são bem mais complexas, com duração mais longa e efeitos devastadores mais acentuados. Seus resultados provocam mudanças profundas na vida econômica, na estrutura das relações de produção, na forma de dominação do capital, além de modificações em toda a vida social. Portanto, necessitam de um estatuto teórico à altura dos fenômenos que provoca.

Marx não viveu o suficiente para testemunhar as crises sistêmicas e delas apreender os resultados teóricos que expressou em relação às crises em geral. Escreveu sobre sua época, a época do capitalismo concorrencial e das crises cíclicas. Não tinha obrigação de adivinhar o futuro, nem teorizar sobre aquilo que ainda não existia, não possuía vida material. Como ele próprio enfatiza: "É por isso que a humanidade só apresenta os problemas que é capaz de resolver e, assim, numa observação atenta, descobrir-se-á que o próprio problema só surgiu quando as condições materiais para resolvê-lo já existiam ou estavam, pelo menos, em vias de aparecer". [1]

Mesmo escrevendo sobre as crises em geral, no Manifesto Comunista, Marx já revelava alguma pista sobre o desenrolar das crises no capitalismo, muito embora não tenha escrito especificamente sobre as crises sistêmicas e, principalmente, sobre as crises do período da internacionalização da produção e das finanças, fenômenos que se tornaram conhecidos popularmente como globalização:

"A sociedade burguesa moderna, que criou gigantescos meios de produção e de troca, assemelha-se ao feiticeiro que já não pode controlar os poderes infernais que invocou. Há dezenas de anos a história da indústria e do comércio não é senão a história da revolta das forças produtivas modernas contra as modernas relações de produção ... Basta mencionar as crises comerciais que, repetindo-se periodicamente, ameaçam cada vez mais a sociedade burguesa e seu domínio. Cada crise destrói regularmente não só uma grande massa de produtos fabricados, mas também grande parte das próprias forças produtivas já criadas ... O sistema burguês tornou-se demasiado estreito para conter as riquezas criadas em seu meio ... A que leva isso? Ao preparo de crises mais extensas e mais destruidoras e à diminuição dos meios para evitá-las" [2]

Em outras palavras, Marx já intuía que, à medida que o capitalismo fosse se desenvolvendo, o sistema chegaria ao ponto em que as crises seriam mais prolongadas, mais devastadoras e, especialmente, em função da própria ampliação do domínio do capital no mundo, seus gestores passariam a ter uma margem menor de manobra para evitá-las ou administrá-las, dada a amplitude do processo de acumulação e à junção de contradições cada vez mais novas e complexas neste modo de produção. Possivelmente, se tivesse vivido após 1873, época do início da primeira grande crise sistêmica do capitalismo, teria identificado esse fenômeno e elaborado as conclusões teóricas necessárias.

Friedrich Engels, seu parceiro teórico e de lutas, que viveu bastante tempo após a morte, e organizou sua obra seminal, os volumes II e III do Capital, já vislumbrava que algo de novo estava acontecendo em relação às crise capitalistas, conforme escreveu, em 1886, no prefácio da edição inglesa do Capital. "Enquanto a força produtiva cresce em progressão geométrica, a expansão dos mercados cresce, na melhor das hipóteses, em progressão aritmética. O ciclo decenal de estagnação, prosperidade, superprodução e crise, que se repetiu sempre, de 1827 a 1867, parece ter se esgotado. Mas só para deixarmos aterrissar no lodaçal desesperador de uma depressão crônica e duradoura". [3]

Alguns anos mais tarde, em 1890, em nota de rodapé do tomo II do Capital, Engels volta novamente a se referir às novas manifestações das crises, identificando alguns elementos constitutivos de uma crise diferente, muito embora ainda sem definí-la plenamente, até mesmo porque a crise sistêmica de 1873-1896 não estava totalmente completa nesse período. Apenas indaga se o sistema não estaria diante de um fenômeno mundial de "veemência inaudita":

"A forma aguda do processo periódico, com seu ciclo até então de 10 anos, parece ter cedido lugar a uma alternância mais crônica, mais prolongada, que se distribuiu entre diversos países em tempos diferentes, de melhoria relativamente curta e débil dos negócios e pressão relativamente longa e indecisa. Mas talvez trata-se apenas de uma expansão de duração do ciclo. Na infância do comércio mundial, de 1815 a 1847, pode-se comprovar ciclo de até cinco anos; de 1847 a 1867 os ciclos são decididamente de 10 anos; será que nos encontramos no período preparatório de uma nova crise mundial de veemência inaudita"? [4]

A partir dessas pistas, continuaremos nossa investigação seguindo as pegadas dos fundadores do marxismo, que definiram as crises do capitalismo como colapso da totalidade, a totalidade do capitalismo de sua época, a época do capitalismo concorrencial. Cremos que, a partir de um posto de observação do século XXI, quando o capitalismo atingiu seu amadurecimento pleno, poderemos realizar uma primeira mediação em relação a esta questão teórica, sugerindo que as crises cíclicas representam colapsos parciais da totalidade, enquanto as crises sistêmicas podem ser consideradas rebeliões generalizadas da totalidade contra a cisão da unidade entre valor de uso e valor, mercadoria e dinheiro, produção e consumo, forças produtivas e relações de produção plenamente desenvolvidas em nível mundial, provocadas pelas contradições do sistema capitalista e que se expressam explosivamente em toda a vida social, provocando mudanças quantitativas e qualitativas no modo de produção capitalista.

O correto entendimento teórico destas duas formas de manifestação da crise do capital nos permite compreender melhor a dinâmica histórica do capitalismo. Primeiro, as crises cíclicas são fenômenos perturbadores do curso natural deste modo de produção e já fazem parte do cotidiano histórico. Dada suas manifestações rotineiras, os capitalistas adquiriram experiência suficiente para manejá-las, atenuar suas dimensões mais destrutivas e renascer das cinzas num patamar superior, muito embora carreguem todas as contradições do passado e acrescentem novas contradições que se desenvolverão ao longo do próximo ciclo. As políticas keynesianas utilizadas generalizadamente após a Segunda Guerra Mundial podem ser consideradas como o exemplo mais sofisticado das ferramentas utilizadas pelos capitalistas para administrar o ciclo econômico.

No entanto, as crises sistêmicas têm uma dimensão superior, ocorrem em períodos mais longos, desestruturam toda a ordem anterior e constroem, sob seus escombros, uma nova ordem, isso porque significam a exaustão de um período histórico de acumulação do capital. As crises sistêmicas não só desorganizam de maneira radical o sistema econômico, político e social construído para responder às necessidades da ordem anterior, como atingem todas as instituições da velha ordem, em proporções tais que provocam mudanças no conjunto do sistema e abrem espaço para a contestação do próprio sistema, uma vez que nestas épocas de crises sistêmicas torna-se mais aberta a aliança entre o Estado e as classes dominantes, pois essas duas criaturas siamesas passam a agir abertamente no sentido de colocar todo o ônus da crise na conta dos trabalhadores, o que leva a intensas lutas sociais.

As crises sistêmicas carregam consigo um conjunto de fenômenos novos que vão muito além do horizonte convencional com o qual as classes dominantes estão acostumadas a lidar, para os quais as ferramentas corriqueiras do processo anterior (as crises cíclicas) não surtem os mesmos efeitos. Por isso, são muito mais explosivas, colocam em perigo a ordem capitalista e despertam os trabalhadores para as batalhas de classe. Também são mais duradouras: não apenas por carregarem consigo em bases ampliadas as velhas e novas contradições, mas porque as classes dominantes, acostumadas aos valores da velha ordem em desagregação, teimam em utilizar os instrumentos convencionais, num ambiente em que estes já não produzem mais os resultados que produziam no período precedente.

As crises sistêmicas do capitalismo apresentam características bastante diferentes das crises cíclicas comuns, em função não apenas de sua profundidade devastadora, mas também com relação à forma como se desenvolvem no ambiente econômico e social. Geralmente, as pessoas com pouco conhecimento histórico têm dificuldades de compreender as diferenças entre as crises cíclicas e as crises sistêmicas, confundem os dois fenômenos ou então imaginam as crises sistêmicas como colapsos destrutivos lineares que, ao serem desencadeadas, seguem uma trajetória avassaladora de maneira contínua, sem compassos de espera ou espasmos-recuperação.

A realidade das crises sistêmicas é bastante diferente: estas crises irrompem de maneira unilateral na conjuntura e realizam os primeiros estragos na economia e na sociedade, tomando a todos de surpresa. Mas os governos reagem com uma série de medidas que aliviam momentaneamente os efeitos mais perversos da crise. Num ambiente de tensões nos circuitos que se beneficiavam da bonança anterior à crise, esses setores procuram criar nos meios de comunicação uma atmosfera de normalidade e recuperação da economia, de forma a manter seus privilégios e retornar ao status precedente,

No entanto, a crise irrompe novamente de maneira unilateral na conjuntura, muitas vezes com mais intensidade que no período anterior, ampliando a destruição da primeira onda. Pode acontecer novamente um compasso de espera para emergir uma nova onda da crise e assim por diante até desagregar a velha ordem e provocar mudanças quantitativas e qualitativas no interior do sistema ou a mudança do próprio sistema. Nesse processo há apenas uma constância: a contínua deterioração das condições econômicas, sociais e políticas a cada patamar em que se desenvolve a crise.

As crises sistêmicas são também mais devastadoras porque reproduzem em bases ampliadas todas as contradições do capitalismo. Toda crise do capital traz um conteúdo novo à conjuntura, além de carregar em seu bojo as contradições do passado. No entanto, as crises sistêmicas são muito mais devastadoras porque são crises completas, rebeliões generalizadas da totalidade contra a velha ordem (Campos, 2001). Esta crise que explode em 2008 é a primeira grande crise completa do sistema capitalista, portanto mais explosiva, uma vez que envolve todo o arcabouço econômico e social do sistema capitalista ? a esfera da produção, da circulação, do crédito, das dívidas públicas e privadas, o sistema social, o meio ambiente e os valores neoliberais (Costa, 2009).

Como constatam Roubini e Mihm: "Infelizmente, as crises financeiras têm fluxos e refluxos; é raro que explodam de uma só vez e terminem. Na verdade, se parecem mais com furacões, que reúnem suas forças, amainam por algum tempo, para em seguida se tornar mais destrutivos. Isso reflete o fato de que as vulnerabilidades que se acumulam na formação de uma crise são generalizadas e sistêmicas". [5]

Assim foram as crises sistêmicas de 1873 e 1929. Em 1873, a crise começou pela Bolsa de Valores de Viena, seguiu com falências bancárias na Áustria e Alemanha, Estados Unidos e, posteriormente na Inglaterra. A crise se espalhou ainda pela área industrial, tendo como consequência grande desemprego entre os trabalhadores (Coggiola, 2009). [6] Como todas as crises sistêmicas, sua particularidade foi uma longa depressão, até 1896, ou seja, 23 anos de crise. No entanto, esta primeira grande crise sistêmica não foi linear como o senso comum costumar imaginar: ocorreram períodos de recuperação em vários pontos da curva descendente, conforme Dobb : "A grande depressão, iniciada em 1873, foi interrompida por surtos de recuperação em 1880 e 1888 e continuada até meados da década de 90". [7] A crise sistêmica iniciada em 1873 resultou macroeconomicamente na transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista.

A crise de 1929-1945, bem mais documentada, o que nos poupa de alongarmos em seus detalhes, produziu a segunda guerra mundial e a destruição das forças produtivas de praticamente toda a Europa. Nos Estados Unidos, epicentro da crise, o Produto Interno Bruto, entre 1929 e 1933, teve uma queda de mais de 25%, a Bolsa de Valores se desagregou, e o desemprego atingiu um quarto da população economicamente ativa. Da mesma forma que na crise sistêmica de 1873-1896 a crise nos EUA teve momentos de depressão e recuperação, especialmente com a política do New Deal e a produção para guerra, mesmo assim a produção de automóveis só alcançou os patamares do início da crise (1929) quatro anos após o fim da Segunda guerra Mundial, em 1949. [8]

Como pode ser observado na crise anterior, a crise de 1929-1945 produziu mudanças profundas na conjuntura econômica internacional, na organização do capitalismo e na correlação das forças sociais. Primeiro, a União soviética emerge da Segunda Guerra como uma poderosa potência econômica e militar, liderando um sistema socialista composto por um terço da humanidade. Segundo, os países capitalistas, sob pressão dos trabalhadores, reorganizam as relações de produção, tendo como norte teórico o keynesianismo e a construção do Estado do Bem Estar Social. No plano político, cria-se uma nova ordem econômica internacional, com novas instituições e com os países vencedores da guerra com poder de veto na Organização das Nações Unidas.

Portanto, essa nova crise sistêmica de 2008, por incorporar todas as contradições das crises anteriores e por ser a primeira crise completa do sistema capitalista, com certeza resultará também em mudanças de fundo na economia e na sociedade.

A crise sistêmica de 2008

A crise sistêmica de 2008 marca uma diferença qualitativa em relação às duas crises sistêmicas anteriores (1873-96 / 1929-1945), porque surge após um período em que o capitalismo se transformou num sistema mundial completo, em função da internacionalização da produção e da internacionalização financeira, popularmente denominada de globalização. Anteriormente, o sistema só era realmente completo no que se refere a duas variáveis da órbita da circulação: o comércio mundial e a exportação de capitais. Com a globalização, o sistema mundializou objetivamente as esferas da produção e da circulação, unificando globalmente o ciclo do capital e fechando assim uma etapa histórica que se iniciara com a revolução inglesa de 1640 na Inglaterra (Costa, 2009).

A internacionalização da produção possibilitou modificações profundas nas relações de produção internacionais e mudou de maneira expressiva a forma de expropriação do valor por parte da burguesia dos países centrais, possibilitando a descentralização dos ambientes de apropriação da mais-valia. Pela primeira vez na história do capitalismo, a burguesia passou a extrair diretamente e generalizadamente o valor fora de suas fronteiras nacionais, [9] transformando-se assim numa classe exploradora direta tanto nos países centrais quanto na periferia, o que confirma objetivamente o caráter internacional do proletariado.

No passado, a burguesia se apropriava do valor dos países periféricos mediante o comércio internacional, em função da troca desigual (produtos manufaturados versus matérias-primas), o pagamento dos juros das dívidas, os dividendos ou remessas de lucros enviadas pelas filiais de suas empresas que atuavam na órbita da circulação. Agora, o capital vive sua maturidade plena, ao transformar o planeta numa esfera única de investimento, produção, realização e acumulação do capital.

A internacionalização das finanças e, especialmente, a desregulamentação financeira realizada mundialmente após os governos Reagan e Tatcher, aliadas às ferramentas das tecnologias da informação e a universalização dos computadores, possibilitaram ao capital atuar com a mais ampla liberdade possível em todas as partes do mundo e auto-acrescentar-se ao longo das 24 horas do dia, rompendo assim as barreiras do espaço e do tempo, num processo como nunca antes se verificara no sistema capitalista. Para tanto, basta se utilizar da melhor maneira possível os fusos horários para atuar permanentemente em todas as praças financeiras do mundo, em todos os continentes.

Essas modificações operadas na área das finanças marcaram também uma mudança na correlação de forças entre as frações do grande capital internacional: o setor mais parasitário passou a hegemonizar as decisões econômicas e políticas nos países centrais e subordinou todos os outros setores à lógica financeira, desenvolvendo de maneira acelerada um processo especulativo que hegemonizou não só a esfera das finanças, mas contaminou a produção e as decisões orçamentárias do Estado. No plano político, esse movimento foi expresso nas políticas neoliberais desenvolvidas desde o final da década de 70 nos países centrais e, posteriormente, em todos os países capitalistas ligados à economia líder.

O frenesi especulativo se desenvolveu como um rastilho de pólvora, facilitado pela interconexão dos mercados financeiros e sua integração eletrônica, e resultou num enorme descolamento entre a órbita financeira e a esfera da produção, criando assim possibilidades de rupturas de liquidez a uma velocidade impressionante, em função da extraordinária capacidade de propagação pelos meios de comunicação, como se verificou a partir da queda do Lehmann Brothers.

Estas considerações precedentemente elencadas, levando em conta o grau de mudanças que se operou na base do sistema capitalismo, dão à atual crise sistêmica um conteúdo novo, fruto dos novos fenômenos que emergiram nesta fase do capitalismo. Conforme assinalávamos em ensaio publicado em fevereiro de 2009, a crise sistêmica global era profunda, devastadora e de longa duração: "Esta é a primeira grande crise realmente completa [10] do sistema capitalista, por isso mais complexa e potencialmente mais explosiva, uma vez que envolve toda a vida social do sistema capitalista ? a esfera da produção, da circulação, o crédito, as dívidas públicas e privadas, o sistema social, o meio ambiente, os valores neoliberais, a cultura individualista e, especialmente, o Estado como articulador do processo de acumulação". [11]

Portanto, a crise sistêmica mundial está em curso, apesar da manipulação diária operada pelos meios de comunicação. Eles buscam quotidianamente confundir os trabalhadores, buscando dar uma aparência de normalidade e recuperação da economia mundial, mas a realidade tem sido mais dura que as miragens plantadas pela mídia. Em breve estaremos assistindo um aprofundamento da crise, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, e a ampliação das lutas sociais nas principais regiões afetadas pela crise, uma vez que as medidas tomadas até agora para enfrentar a crise estão objetivamente criando as condições para seu acirramento.

A crise no coração do sistema

Conforme alertávamos em 2002, a crise mundial do capitalismo só estaria madura quanto atingisse o coração do sistema: os Estados Unidos, a Europa e o Japão. [12] Agora, com a crise sistêmica global, o mundo assiste a maior crise de toda a história do capitalismo e, ao mesmo tempo, inicia-se o processo de amadurecimento para as transformações de todas as instituições construídas em Bretton Woods. O velho sistema monetário-financeiro está desaparecendo, porque já não cumpre mais as funções para as quais foi criado e nem corresponde mais às novas relações de produção oriundas da internacionalização da produção e das finanças. A ordem econômica internacional está à deriva: suas instituições, seus métodos de regulação e ação política dos governos centrais se mostram incapazes de resolver os problemas oriundos da crise.

As várias frações de classe do grande capital, (norte-americano, europeu e japonês) tateiam no escuro, impotentes diante dos fenômenos novos para os quais não estão preparados. Não conseguem entender a profundidade da crise e continuam aplicando sem sucesso os mesmos métodos do passado. Essa impotência diante dos fatos objetivos da vida torna mais agressiva as elites parasitárias dos países centrais, que buscam a todo o custo sair da crise pelos métodos mais primitivos e predatórios, como a fomentação de guerras cada vez destrutivas contra nações que não obedecem aos ditames do capital, a imposições de ajustes econômicos predatórios contra os trabalhadores, buscando regredir seus direitos aos estatutos do século XIX, bem como a manipulação cada vez mais sem cerimônia dos meios de comunicação para justificar suas ações.

Mas a ofensiva do grande capital não pode esconder que o sistema capitalista está doente, passa pelo momento de maior dificuldade em toda a sua história e a crise sistêmica global tende a se agravar mais a cada dia que passa, porque desde que foi desencadeada nenhum dos problemas que a detonaram foi resolvido. Pelo contrário, a crise agora está mais explosiva porque reúne em torno de si todas as contradições do capitalismo oriundas do processo anterior e adiciona os novos fenômenos do capitalismo contemporâneo, o que a torna mais devastadora e cujo momento explosivo se aproxima com uma velocidade expressiva. Em breve, a crise completa do capital estará produzindo fenômenos tão desconcertantes que deixarão os observadores impressionados com sua dinâmica e efeitos econômicos, políticos, sociais e geopolíticos em todo o sistema capitalista.

Nossa investigação buscará apreender os principais elementos constitutivos da crise sistêmica global nas duas principais regiões do capitalismo central, Estados Unidos e a União Européia e, a partir desses dados objetivos, avaliar a profundidade da crise, os principais fenômenos novos que brotarão dessa conjuntura, bem como as possibilidades de mudanças no interior do sistema, a partir da entrada em cena de um novo personagem ? os trabalhadores, cuja resistência vem se manifestando em várias regiões, mas com o agravamento da crise está se abrindo um novo patamar na luta de classes internacional.

A crise fiscal nos Estados Unidos

A crise fiscal dos Estados Unidos é muito grave e atinge todas as esferas dos governos federal, estadual e municipal. A sociedade norte-americana está iniciando um período de dificuldades semelhantes aos países da periferia capitalista. O déficit público em 2010 atingiu 1,260 trilhão e nos últimos meses de 2011 atingiu cerca de 10% do PIB. Essa performance tende a se agravar em função da queda da atividade econômica, da redução no consumo das famílias, além do aumento do desemprego. Quer queira ou não o presidente Obama, os Estados Unidos iniciam, premidos pela lógica objetiva dos fatos, um período de austeridade que deverá agravar ainda mais a crise social no País, cuja expressão mais visível é o aumento do número de pobres, que hoje já alcança 60 milhões de pessoas.

A crise nos Estados Unidos tem origem nas contradições do sistema capitalista, mas carrega consigo uma série de problemas específicos que se foram acumulando ao longo dos anos, tais como o deslocamento de plantas industriais para outras regiões e, especialmente, em função de medidas tomadas pelo governo Bush, como a redução de impostos para os setores de maior renda [NR] , os gastos trilionários para resgatar os bancos da crise, as guerras no Afeganistão e Iraque, bem como a chamada "guerra contra o terror", que ampliou de maneira acentuada o aparato de espionagem e exércitos irregulares pelo mundo afora.

Vale ressaltar ainda que os Estados Unidos possuem um problema estrutural em relação ao orçamento. Enquanto nos países da zona do Euro a arrecadação tributária corresponde em média a cerca de 30% do PIB, nos Estados Unidos o País arrecada apenas 19% do produto. Essa é uma debilidade da economia norte-americana, porque o nível de arrecadação torna mais difícil uma solução do déficit no curto prazo, especialmente se levarmos em conta que a redução de impostos e aumento de gastos alteraram o panorama tributário norte-americano para níveis mais baixos desde 1950 (Eichengreen, 2011). A menos que haja uma política de ajuste predatório, o que é um problema com poucas perspectivas em função da reação da população, essa questão vai continuar por bastante tempo.

Esses problemas fizeram com que o déficit se fosse tornando cada vez mais uma bomba de efeito retardado, à medida em que a economia norte-americana perdia competitividade industrial, o setor financeiro passava a hegemonizar as decisões de política econômica, as administrações republicanas reduziam o imposto para os ricos e aumentavam as despesas militares. A crise veio ampliar o déficit, uma vez o governo teve que resgatar os bancos da falência e a recessão oriunda da crise duplicou o nível de desemprego e reduziu o consumo, completando assim um quadro de anemia fiscal no País. Vejamos mais detalhadamente os principais pontos que tornam o déficit fiscal uma questão explosiva, principalmente em função da crise:

1) O deslocamento das plantas fabris para outras regiões operou-se de maneira lenta mas permanente em função da queda na taxa de lucro nos Estados Unidos. Parcelas expressivas das grandes corporações deslocaram-se para vários continentes, especialmente para a Ásia em busca de mão-de-obra e matérias baratas e condições fiscais vantajosas. Os estrategistas do capital imaginavam que o poder hegemônico norte-americano criaria uma economia de serviços, com alta densidade tecnológica, a partir da qual os Estados Unidos capturariam parcela expressiva da mais-valia produzida mundialmente mediante a apropriação das rendas [NR] remetidas do exterior (royalties, patentes, dividendos, juros) e o sistema financeiro se encarregaria de reciclar os capitais que migrariam para Estados Unidos em função de seus mercados sofisticados e hegemônicos. Esse movimento reduziu a dinâmica do setor da economia que produzia o valor e abriu espaço para o frenesi especulativo que veio a se estilhaçar em 2008 e contaminar todos os setores econômicos do País.

A redução da competitividade industrial inverteu um curso histórico: os Estados Unidos passaram de maior exportador mundial para maior importador, acumulando ao longo dos últimos 30 anos crescentes déficit na balança comercial. Na década de 70, os EUA apresentaram apenas pequenos déficits na balança comercial, mas a partir de meados da década de 80 esses déficits foram crescendo de maneira extraordinária até ultrapassar, em 1984, a marca de US$ 100 mil milhões. A partir daí, os saldos negativos na balança comercial foram se avolumando até atingir US$ 328,8 mil milhões em 1999. A partir de 2003, os déficits passam a superar os US$ 500 mil milhões, até ultrapassar os US$ 800 mil milhões em 2006, 2007, 2008, caindo para US$ 634,9 mil milhões em 2010 (Tabela 1).

Tabela 1 ? Balança Comercial dos EUA,1983-2010
Ano

Exportação

Importação

Saldo comercial
1983 205,6 258,0 -52,4
1984 224,0 330,7 -106,7
1985 218,8 336,5 -117,7
1986 227,2 365,4 -138,2
1987 254,1 406,2 -152,1
1988 322,4 441,0 -118,6
1989 363,8 473,2 -109,4
1990 393,6 495,3 -101,7
1991 421,7 488,5 -66,8
1992 448,2 532,7 -84,5
1993 465,1 580,7 -115,6
1994 512,6 663,3 -150,7
1995 584,7 743,5 -158,8
1996 625,1 795,3 -170,2
1997 689,2 869,7 -180,5
1998 682,1 911,9 -229,8
1999 695,8 1.024,6 -328,8
2000 781,9 1.218,0 -436,1
2001 729,1 1.141,0 -411,9
2002 693,1 1.161,4 -468,3
2003 724,8 1.257,1 -532,3
2004 814,9 1.469,7 -654,8
2005 901,1 1.673,5 -772,4
2006 1.026,0 1.853,9 -827,9
2007 1.148,2 1.957,0 -808,8
2008 1.287,4 2.103,6 -816,2
2009 1.056,0 1.559,6 -503,6
2010 1.278,3 1.913,2 -634,9
Fonte: Department of Commerce (Bureau of the Census and Bureau of Economic Analysis), Table B -106

2) A conjuntura econômica viria a se deteriorar de maneira dramática após a crise sistêmica global. A redução dos impostos realizada entre 2001 e 2003 e os gastos com as guerras do Afeganistão e Iraque, após a queda das torres gêmeas, aliados à ampliação dos gastos militares secretos em função da política anti-terrorista do governo Bush, continuada por Obama, reduziram drasticamente o perfil tributário dos EUA. Passou-se de um superávit fiscal em 2000 para um déficit de 4% do PIB em 2007-2008 (Eichengreen, 2011). Essa conjuntura seria agravada de maneira dramática em função da crise sistêmica global, que levou o Tesouro a injetar cerca de 8,5 trilhões de dólares para salvar os bancos, o que agravou de maneira dramática a crise fiscal norte-americana.

3) Mas o problema menos conhecido e menos divulgado, mas tão grave como os precedentemente elencados, é a crise fiscal dos Estados e Municípios. Atualmente, 45 Estados estão com suas contas no vermelho. A crise fiscal regional é resultado tanto da recessão que o país enfrenta desde 2008, que reduziu as receitas, quanto das perdas oriundas das aplicações financeiras realizadas por Estados e Municípios na especulação financeira. Uma particularidade da legislação fiscal norte-americana é o fato de que os Estados e Municípios são proibidos de ter déficits, muito embora sempre encontrem uma maneira criativa de burlar a legislação.

Estados grandes e ricos como a Califórnia se encontram em calamidade fiscal, enquanto outros mais pobres também possuem déficits elevadíssimos. Por exemplo, 13 Estados estão com déficit acima de 20% em relação ao ano fiscal de 2011, seis Estados com déficit acima de 30% e 15 com déficit acima de 10%, o que configura uma situação dramática do ponto de vista fiscal (Tabela2). Como a crise eleva as despesas dos Estados e a recessão reduz as receitas, temos assim um dilema difícil de ser resolvido e que tende a se agravar à medida em que a recessão se ampliar pelo conjunto da economia.

Tabela 2 ? Déficit dos Estados em relação ao ano fiscal de 2011
Alabama 12,3 Loisiania 14,3 Oklahoma 13,7
Arizona 39,0 Maine 34,7 Oregon 34,2
Califórnia 20,7 Maryland 15,3 Pennsylvania 16,4
Colorado 25,1 Massachusetts 8,6 Rhode Island 13,4
Connecticut 28,8 Michigan 9,3 South Carolina 26,1
Delaware 11,4 Minnesota 25,0 South Dakota 8,8
District of Columbia 4,5 Mississipi 15,9 Tennessee 9,4
Florida 19,5 Missori 9,4 Texas 20,9
Georgia 25,4 Nebraska 9,7 Utah 14,7
Hawai 16,2 Nevada 54,5 Vermont 31,3
Idaho 3,5 New Hampshire 27,2 Virginia 8,5
Illinois 40,2 New Jersey 38,2 Washington 29,6
Indiana 9,4 New Mexico 9,1 West Virginia 3,6
Iowa 20,3 New York 15,9 Wiscosin 24.9
Kansas 10,1 North Carolina 30,6 Wyoming 10,3
Kentucky 9,1 Ohio 11,0 States total 19,9
Fonte: Center Of Budget and Policy Priorits, Tabel 4, March, 2012, by Elizabeth McNichol, Phil Oliff and Nicholas Johnson

Esta crise dentro da crise vem afetando diretamente a população, uma vez que os Estados endividados diminuem os salários dos funcionários e reduzem serviços como linhas de metrô, coleta de lixo, limpeza, assistência médica aos pobres, velhos e deficientes. Há ainda os cortes nas verbas para escolas e faculdades, demissão de professores, policiais, pessoal médico e funcionários públicos em geral. Some-se a isso o fato de que a infraestrutura de vários Estados e Municípios está em frangalhos, com equipamentos sociais precários, pontes desabando, escolas e hospitais sucateados.

Além dos problemas relacionados, um outro fator também veio adicionar mais um elemento explosivo: a crise dos títulos municipais ( Munis Bonds ) e a incapacidade dos governos locais de pagá-los diante da conjuntura de penúria fiscal. Trata-se de um mercado de US$ 3 trilhões, geralmente estável em tempos de bonança. No entanto, como em todas as crises, algumas questões que estavam adormecidas afloram na superfície com uma veemência extraordinária.

Pode-se dizer que há um sinal amarelo no mercado de Munis Bonds, não apenas porque há pelo US$ 10 mil milhões em títulos inadimplentes e outros US$$ 22 mil milhões em estado de stress, como costumam se referir eufemisticamente os comentaristas econômicos norte-americanos. Mas o indicador mais objetivo da crise desse mercado foi o fato de a Standard & Poor´s ter rebaixado a nota tríplice A (AAA) de 4% dos títulos desse mercado. Portanto, à medida em que a crise for avançando, o mercado de Munis Bonds também seguirá a rota de desagregação, amplificando para as populações regionais a crise nacional.

Outros dos indicadores da crise fiscal podem ser localizados nos gastos militares dos Estados Unidos. Mesmo com as promessas de retirada das tropas do Iraque e Afeganistão, os gastos norte-americanos continuam desproporcionais em relação ao resto do mundo. Para se ter uma idéia, o orçamento militar de 2011 está calculado em US$ 700 mil milhões (4,8% do PI&amp;#66;&amp;#41;, um quantum maior que os 17 maiores orçamentos militares do planeta e seis vezes maior que o da China, a nação com o segundo maior gasto do mundo. Nesta questão tanto faz ser republicano ou democrata, todos estão de acordo em manter a aperfeiçoar a máquina de guerra norte-americana e continuar alimentando o complexo industrial militar. Segundo informações dos meios de comunicação, essa máquina de guerra é composta por 560 bases militares fora dos Estados Unidos e um aparato de espionagem que tem mais pessoas com acesso a informações secretas que todas as pessoas que vivem na capital, Washington.

Quem imaginar que o final da guerra fria significou a redução desta máquina de guerra está completamente enganado. Hoje, os Estados Unidos não têm concorrentes no espaço aéreo nem nos mares: porta-aviões gigantes, submarinos atômicos, satélites por toda a parte, aviões robôs, bombas inteligentes guiadas a laser, caças-bombardeios, aviões invisíveis, tanques e helicópteros da mais alta sofisticação compõem a máquina militar mais agressiva que a humanidade já conheceu. Muito embora esse aparato seja assustador, ironicamente está perdendo a guerra para beduínos nas areias do Iraque e guerrilheiros das montanhas no Afeganistão, o que demonstra que a hegemonia não envolve apenas questões militares.

A crise da dívida dos Estados Unidos

A dívida dos Estados Unidos condensa atualmente toda a dinâmica da economia norte-americana, seus problemas, contradições e perspectivas, porque sintetiza historicamente as opções econômicas estratégicas, a euforia e as debilidades da economia líder do sistema capitalista. A crise da dívida, portanto, é o elemento catalisador de todos os problemas da sociedade norte-americana. Os dilemas políticos ocorridos recentemente no Congresso, referentes ao aumento do teto da dívida, são apenas a ponta do iceberg da crise política, econômica e social de um sistema imperial em decadência, cujos contornos ficarão mais claros à medida em que a crise for aprofundando as contradições de uma economia ferida.

Ao longo dos últimos 30 anos a dívida pública funcionou como uma espécie de colchão social, econômico e financeiro do sistema de poder imperial norte-americano. Trata-se de um débito que estruturou macroeconomicamente toda a ordem econômica internacional e possibilitou aos Estados Unidos viverem por várias décadas com déficits permanentes, um padrão de vida acima da média mundial, enquanto os países superavitários transformavam seus saldos comerciais positivos em títulos da dívida pública norte-americana.

Em função do poderio de sua economia, da liderança que exerciam no mundo capitalista, da sofisticação de seu mercado financeiro e da liquidez de seus papéis, os títulos da dívida dos EUA eram considerados o porto mais seguro para as aplicações das reservas internacionais de grande maioria dos países industrializados. Nações como a China, o Japão e o Brasil, principais detentores desses títulos, acumularam por anos a fio superávits comerciais e os trocaram por T-Bonds, títulos do Tesouro norte-americano, mesmo a uma taxa de juros extraordinariamente baixa, como se esses papéis representassem a cristalização do valor produzido mundialmente.

Para os Estados Unidos, tratava-se de um bom negócio. Sem trocadilho: um negócio da China! Como num transe de mágica, os sucessivos governos dos Estados Unidos conseguiam trocar papéis pintados (dólares) ou promissórias (títulos da dívida), ambos sem lastro em ativos reais, por bens tangíveis dos países produtores de manufaturas do resto do mundo. Demorou muito para que os governos começassem a compreender que a quantidade de dólares impressos pelos Estados Unidos e espalhados pelo mundo, bem como os títulos da dívida pelos quais trocavam seus superávits comerciais, não possuíam relação direta com os ativos reais dos Estados Unidos. Em outras palavras, os agentes econômicos que participaram dessa pantomina estão atualmente com uma batata quente na mão, pois a qualquer momento podem ser surpreendidos pela terrível notícia que seus papéis não valem quase nada, foram desvalorizados pela lei do valor.

Essa severa realidade está se aproximando com uma velocidade acentuada, em função desta terceira onda da crise global. Conforme advertíamos no início de 2009, a crise iria produzir um conjunto de fenômenos novos: "Quanto mais a crise se acirrar, mais haverá a possibilidade de questionamento da hegemonia norte-americana e um acirramento da disputa interimperialista, pois a crise pode gerar um clima de salve-se quem puder ... Existe ainda a possibilidade concreta de uma maxidesvalorização do dólar ou de um calote generalizado da dívida externa norte-americana". Naquela época pode ter parecido um exagero essas afirmações, mas agora já é parte de uma dolorosa realidade dolorosa para o mundo.

A dívida pública dos Estados Unidos vem crescendo de maneira impressionante desde o início deste século: correspondia a cerca de U$ 5 trilhões em 2000 e agora em outubro de 2011 se situa em torno de US$ 15 trilhões (aumentou três vezes na década), ou seja, cerca de 100% do PIB. Uma dívida dessa magnitude não seria grande problema se as circunstâncias não fossem as mais sombrias para a economia norte-americana, afinal países como a Itália convivem com déficits de mais de 100% do PIB há vários anos. Mas num período de crise sistêmica todos os valores do período anterior passam a ser questionados. O debilitamento da economia, aliada à disputa recente entre os republicanos e democratas em relação ao teto da dívida, acendeu o sinal amarelo para os detentores dos T-Bonds, criou um clima de desconfiança entre principais agentes econômicos, especialmente a China, e dificilmente essa conjuntura será revertida, em função do agravamento da crise.

Em termos de perspectiva, os T-Bonds já não podem ser considerados a base das finanças mundiais, uma vez que estão mais claras uma série de fissuras na estrutura de dominação econômica e financeira dos Estados Unidos. Pela primeira vez em 70 anos, uma agência de classificação de risco rebaixou a nota dos títulos norte-americanos. Um dos principais fundos privados de investimentos dos Estados Unidos, o PINCO, já colocou os T-Bonds fora do seu portfólio. A China, principal credor, discretamente está se desembaraçando desses títulos. E não faz em maior velocidade porque está presa ao destino de seu maior devedor. Caso se desfaça rapidamente a crise se aprofundará, haverá uma grande desvalorização, o que significa também prejuízos na mesma proporção para os chineses. Os bancos centrais dos principais países industrializados estão acelerando a compra de ouro, o que tem feito o preço do metal subir vertiginosamente, ao mesmo tempo em reflete a desconfiança na capacidade dos EUA de honrar a dívida.

Numa conjuntura dessa ordem a tendência principal é uma contínua deterioração da situação econômica financeira do País e, consequentemente, uma perda de confiança dos agentes econômicos na capacidade dos Estados Unidos de honrar a dívida. Quanto mais a conjuntura interna se deteriora (recessão, desemprego, crise imobiliária, austeridade fiscal, crise nas administrações locais, crise do dólar, crise social) basta uma fagulha, um elemento fortuito, para desencadear a nova onda da crise de grandes proporções que já está madura no interior do sistema. Uma crise no coração do sistema se espalhará pelo conjunto do planeta como um rastilho de pólvora, colocando a economia mundial numa situação mais explosiva que a de 2008.

A crise do dólar como moeda mundial

A dívida pública dos Estados Unidos e o dólar são como irmãos siameses. Portanto, o destino de um está ligado à performance do outro e vice-versa. Por isso, a crise da dívida contamina o prestígio da moeda norte-americana, abala sua credibilidade, consolida um clima de desconfiança e abre espaço para que os países passem a contestar com mais rigor a hegemonia do dólar. Por isso, várias nações já propõem abertamente a substituição do dólar como moeda mundial e instrumento de referência das transações internacionais.

O prestigio de uma moeda ? especialmente uma moeda de reserva internacional ? está umbilicalmente ligado à performance da economia que a emite. Desde os acordos de Bretton Woods o dólar tem sido a moeda de referência internacional. Mesmo que na década de 60 alguns países europeus, especialmente a França, tenham questionado o privilégio norte-americano, mesmo com a desvinculação do dólar em relação ao ouro anunciada por Nixon em 1971, a moeda norte-americana continuou sendo um porto seguro para as reservas internacionais dos Bancos Centrais e para as transações do comércio internacional.

No entanto, com a decadência da economia dos Estados Unidos, a emergência da China como potência mundial e o aparecimento do euro como moeda de grande parte dos países da Europa e, especialmente, com a crise sistêmica mundial e o aumento exponencial do endividamento norte-americano, o panorama mudou radicalmente. O que era impensável em tempos de calmaria ? a crise da dívida e a crise do dólar ? hoje é uma realidade para grande parte dos agentes econômicos. A maior parte dos Bancos Centrais bem que gostariam de se desfazer do dólar, mas um movimento brusco dessa ordem levaria a economia mundial ao caos e os países detentores de dólares a registrar enormes prejuízos.

O governo norte-americano injetou, desde o início da crise, cerca de US$ 8,5 trilhões para salvar os bancos e empresas e lançou dois Quantitative Easing (QE1 e QE2) e agora está com poucas condições de lançar um Quantitative Easing 3, porque as medidas tomadas anteriormente reduziram o estoque de ações do Federal Reserve, até mesmo estas trilionárias injeções de capitais não apresentaram resultados desejados, uma vez que a economia continua em processo de deterioração. Essa quantidade de dinheiro em circulação é uma bomba de efeito retardado para a economia dos Estados Unidos, pois em algum momento isso se refletirá em aumento da inflação e, conseqüentemente da taxa de juros, o que significa um tiro de misericórdia para qualquer esperança de recuperação econômica.

Além disso, as ações monetárias unilaterais geram sérios atritos com os aliados, porque inauguram uma espécie de guerra cambial sem nenhuma regulação. Com a inundação de dólares sem lastro no mundo, haverá uma sobrevalorização das moedas nacionais (e uma desvalorização do dólar) e um impacto negativo nas balanças comerciais, pois quanto mais valorizada a moeda nacional menos o País terá condições de exportar. Nesse contexto, cada País procurará tomar as medidas necessárias para proteger o seu setor exportador, o que em última instância tenderá a desencadear um protecionismo generalizado, um clima de salve-se quem puder.

Como os Bancos Centrais não podem se desfazer bruscamente do dólar, seguem uma estratégia discreta de diversificar seu portfólio, comprando ouro e realizando transações comerciais bilaterais em moedas locais (yuan na Ásia, Euro na Europa, Real com alguns países da América Latina) ou realizando fortes investimentos na aquisição de ativos reais pelo mundo, como compra de terras na África e América Latina, e empresas lucrativas em vários países, de forma a se desfazerem dos dólares em carteira. Mas esses movimentos não resolvem o problema central: há mais dólares no mundo que os ativos reais norte-americanos possam representar e esse fato em algum momento será um fator para a contestação final do dólar como moeda de reserva, como já vem sendo feito pela China, especialmente com o agravamento da crise, afinal uma economia moribunda não pode ter uma moeda de reserva mundial.

No entanto, a crise não significa que uma outra moeda venha substituir imediatamente o dólar, pois este ainda possui um peso grande na economia mundial e o Euro ou o Yuan ainda não estão em condições de substituí-lo. Para se ter uma idéia, o dólar representava 61% das divisas internacionais, em 2010. Continua a moeda dominante nos mercados cambiais, com 85% das operações; Cerca de 45% dos títulos das dívidas dos países são expressos em dólar (Eichengreem, 2011). Portanto, numa situação de crise, uma solução temporária poderá ser a criação de uma cesta de moeda compostas por Euro, Yuan, Dólar, Real, Rublo e DES (Depósitos Especiais de Saque) do FMI. Mas essa solução não impediria a desarticulação do sistema monetário financeiro montado a partir de 1945.

A crise na União Européia

A União Européia é parte integrante do sistema imperialista mundial, especialmente a Alemanha, França, Inglaterra e Itália, e o velho continente está também envolvido profundamente na crise sistêmica global e sofrerá conseqüências semelhantes às que estão atingindo a economia líder, tendo em vista as interconexões entre o grande capital e as operações econômicas cruzadas entre as várias frações da burguesia dos países centrais. Acrescente-se a isso a identidade destas classes dominantes com o sistema político e econômico neoliberal, implantado a partir do final da década de 70, com a eleição de Margareth Tatcher, na Inglaterra, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos, além das próprias contradições do capitalismo europeu.

A formação da zona do euro, sob a orientação do Tratado de Maastricht, consolidou uma Europa do capital, no qual as frações mais reacionárias da burguesia impuseram aos países participantes um conjunto de leis e regras que buscam garantir seus interesses econômicos e políticos, às custas dos trabalhadores e dos povos europeus. Estruturou-se um conjunto de instituições regidas pelos interesses do grande capital, sob a ótica neoliberal, mesmo com este já moribundo, uma hierarquia draconiana entre as nações e um sistema esquizofrênico onde existe uma moeda única sem um Estado para respaldá-la, nem um emprestador de última instância; com um teto de déficit público formal, irrealista, especialmente em função da crise, e uma assimetria fiscal que torna a gestão macroeconômica da política monetária uma lenda.

Apesar de ser parte do sistema imperialista mundial, a União Européia possui um conjunto de singularidades que devem ser levadas em conta na análise desta crise. A primeira é a própria constituição do bloco econômico, um processo que vem se consolidando há várias décadas e que criou certa identidade cultural entre os povos. A segunda é a criação de uma moeda única na zona do euro. Mesmo levando em conta a heterogeneidade das economias, o desenvolvimento desigual e as questões fiscais, o euro rapidamente se constituiu num importante instrumento de reserva dos bancos centrais, representando hoje 21% de todas as reservas em poder dos estados nacionais. Além disso, o próprio desenvolvimento desigual do capitalismo e os interesses dos diversos blocos das burguesias dos países centrais, criam necessariamente disputas entre as frações do grande capital da União Européia e as frações dominantes do capital da economia líder e dos outros países imperialistas, o que tem se refletido em decisões de política internacional e na própria gestão da crise européia.

No entanto, o processo que atinge a Europa e que se expressa atualmente na crise das dívidas soberanas tem origem tanto nas contradições do capitalismo europeu e seu modelo neoliberal atrelado à economia líder, quanto da opção dos seus governos em salvar os bancos com recursos públicos, cujo resultado levou ao acirramento da crise, com a ampliação extraordinária das dívidas soberanas. Se observarmos a evolução das dívidas dos países europeus poderemos ver claramente o impacto fiscal das operações de salvamento dos bancos europeus:

A dívida total dos países da área do euro correspondia a 79,3% do PIB em 2008 e cresceu para 102,4% em 2011. Se observarmos isoladamente os diversos países da Europa, numa hierarquia inversa em função da crise veremos mais precisamente o impacto das operações de salvamento dos bancos. A dívida grega, que em 2008, era de 116,1% do PIB aumentou para 157,1% em junho de 2011. A dívida portuguesa aumentou, no mesmo período, de 80,6% do PIB para 110,8%; a da Espanha de 47,4% para 74,8%; a da Itália, cresceu de de 115,2 para 129,0%; a da Irlanda de 49,6 para 120,4%; a da Inglaterra de 57% para 88,5%; a da França de 77,8 para 97,3%; e a da Alemanha de 69,3 para 87,3%. O Japão, o mais endividado, passou de uma dívida de 174,1 em 2008 para 212,7% em junho de 2011. Em todos os países, o que se nota é um salto extraordinário no endividamento após a crise (Tabela 3).

Tabela 3 ? Passivo financeiro dos países centrais em relação ao PIB (junho de 2011)
Países

2000

2005

2008

2009

2010

2011
Bélgica 113,7 95,9 93,3 100,5 100,7 100,4
Alemanha 60,4 71,2 69,3 76,4 87,0 87,3
Grécia 115,3 121,2 116,1 131,6 147,3 157,1
Irlanda 39,4 32,6 49,6 71,6 102,4 120,4
Itália 121,6 120,0 115,2 127,8 126,8 129,0
Japão 135,4 175,3 174,1 194,1 197,7 212,7
Portugal 60,2 72,8 80,6 93,1 103,1 110,8
Espanha 66,5 50,4 47,4 62,3 66,1 74,8
França 65,6 75,7 77,8 89,2 94,1 97,3
Inglaterra 45,1 46,4 57,0 72,4 82,4 88,5
EUA 54,5 61,4 71,0 84,3 93,6 101,1
Eurozona 75,8 78,1 76,5 86,9 92,7 95,6
Total OCDE 69,8 76,3 79,3 90,9 97,6 102,4
Fonte: OECD ? Economic Outlook. No. 89, 2011

Apesar de a crise expressar-se mais explicitamente na questão das dívidas soberanas, esta é uma crise do sistema como um todo. Sua expressão nas dívidas soberanas é apenas a face mais visível da crise sistêmica global na Europa. Um dado importante a ser analisado é o fato de que as classes dominantes européias, mesmo com a experiência da primeira onda da crise, continuam insistindo nos velhos métodos do passado como se essa crise não tivesse características inteiramente diferentes das crises anteriores. O mais grave desta cegueira política é o fato de que estão implementando um conjunto de medidas predatórias contra os trabalhadores que terão como conseqüência o aprofundamento da crise, que se espalhará para o conjunto das economias capitalistas; a desagregação do sistema financeiro internacional tal como conhecemos hoje; a recessão prolongada, o aumento do desemprego e a crise social.

Vejamos mais detalhadamente os principais elementos dessa conjuntura explosiva. O ritual é mais ou menos o seguinte: parte expressiva dessa dívida foi incentivada pelos próprios bancos, no seu permanente desejo de lucro fácil e sem risco, uma vez que se imaginava que as dívidas dos Estados eram um porto seguro para as atividades bancárias. Com a crise de 2008, os Estados ampliaram de maneira extraordinária seu endividamento para salvar o sistema bancário da falência. O sistema bancário ganhou sobrevida e impôs condições financeiras draconianas para os próprios países que lhes salvaram da bancarrota. Os Estados entraram em crise em função do aumento cada vez maior do serviço da dívida. Para garantir seus lucros, o sistema bancário vem pressionando as instituições e governos europeus para que imponham aos trabalhadores e ao povo em geral ajustes predatórios para que possam pagar a dívida.

Vale ressaltar que a troika (União Européia, Banco Central Europeu e FMI) tem se comportado nesta crise como uma junta de representantes do grande capital. No entanto, as medidas tomadas até gora, tais como a criação do fundo de resgate, empréstimos bilionários ao sistema bancário, os torniquetes econômicos impostos a países como a Grécia, Irlanda e Portugal, não foram suficientes para resolver a crise, pelo simples fato de que a crise sistêmica que envolve o mundo capitalista não pode ser resolvida com medidas paliativas. Essas medidas apenas adiam o desfecho do processo. Se observarmos o tamanho das dívidas soberanas e os recursos que estão sendo organizados para resgatar as economias de um possível colapso, poderemos constatar que são absolutamente irrelevantes diante da dimensão do problema.

De fato, as dívidas soberanas dos países da zona do euro, conforme podemos observar na tabela, são inadministráveis, pois grande parte desses débitos ultrapassam 100% do PIB. Numa conjuntura de crescimento econômico, as dívidas poderiam ir sendo roladas sem grandes problemas, desde que não ultrapassassem certos limites. No entanto numa conjuntura de crise, com recessão generalizada, desemprego, queda no consumo e na arrecadação tributária, a tendência é o aprofundamento da crise, fato que se concretizará à medida em que o primeiro País se declarar inadimplente, mesmo que este País não tenha grande expressão econômica, tendo em vista a estreita relação entre o endividamento e os bancos da zona do euro. Os chamados mercados entrarão em pânico, contagiando todas as outras dívidas e se instalará o caos econômico, um clima de salva-se quem puder, o que também atingirá em cheio a economia norte-americana.

Por falar na relação bancos europeus-dívidas soberanas , é necessário ressaltar que os bancos do velho continente estão profundamente envolvidos nesse processo e foram partícipes artífices do endividamento público. Em termos concretos, os bancos da Europa têm em carteira 3 trilhões de euros em títulos da dívida soberana, representando quase 8% de seus ativos totais, o que por si só dá uma idéia da dimensão do problema. Se levarmos conta que a crise de 2008 levou à nacionalização de vários conglomerados financeiros europeus, imaginem o que poderá acontecer ao sistema bancário se ocorrer uma onde de calote soberano não apenas na Grécia, Portugal ou Irlanda, mas em países como Espanha ou Itália ou mesmo a França?!

A cegueira do grande capital e seus representantes políticos diante da crise é tamanha que agora eles resolveram, num gesto desesperado, deixar de lado as aparência e intervir diretamente nos países com crises mais explícitas e exercer diretamente o poder político nas instituições e governos da região. É o caso dos pró-consules da Goldman Sachs que assumiram o poder na Europa. Ferina ironia: os homem que fabricaram a crise estão agora comandando o poder econômico e político na Europa. Sob a proteção da manipulação midiática, que os apresenta como um "governo técnico", eles estão encarregados de implementar o trabalho sujo, que consiste em saquear as economias nacionais, privatizar o patrimônio público, aumentar os impostos, ampliar o desemprego, cortar os salários, as pensões, reduzir o padrão de vida dos povos para satisfazer o apetite voraz do capital financeiro.

Vejamos quem são esses personagens: Mário Draghi, antigo vice-presidente e membro do Comitê de Administração da Goldman Sachs, que tinha como uma de suas funções vender swaps aos países europeus, agora é presidente do Banco Central Europeu (BCE); Mario Monti, ex-presidente da Comissão Trilateral, do grupo Bilderberg, também assessor internacional da Goldman, agora é o principal dirigente político da Itália; Lucas Papademos, ex-governador do Banco Central Grego, participou das operações de falsificação das contas do País a serviço da Goldman, agora é o líder político da Grécia; além de outros personagens influentes na Europa e que participam da rede da Goldman na região. [13] Em relação a esses personagens, vale o que disse certa vez Alessio Rastani, ex-trader, numa entrevista à BBC que chocou os mais desavisados; "Os políticos não governam o mundo. A Goldman Sachs governa o mundo".

Essa ação desesperada do grande capital na Europa pode ser o canto dos cisnes antes da tempestade, mas vale uma advertência: a ação ousada do capital representa um perigo para o padrão de vida não apenas dos trabalhadores e da população em geral, mas para a própria democracia, pois a burguesia, em sua busca desesperada para sair da crise não apenas vem colocando todo o custo da crise na conta dos trabalhadores, como também não hesitará em atropelar a democracia e criar um clima de terra arrasada, caos, instabilidade, para atingir seus objetivos, instalando governos de caráter fascista, como ocorreu na Alemanha e Itália na década de 30, com as conseqüências que todos conhecemos.

A luta de classes mudou de patamar

Mas um fenômeno novo vem ocorrendo nesta conjuntura, que é a emergência das lutas sociais em praticamente todas as regiões do planeta. Ainda embrionárias, com certo grau de espontaneísmo, sem uma vanguarda com capacidade de construir um projeto alternativo ao do capital, as lutas de massas mudaram de patamar. Na primeira onda, a crise não teve uma resposta contundente dos trabalhadores, em termos de lutas sociais. Tomados de surpresa pela intensidade da crise, sem uma direção que as orientasse no sentido da combatividade de classe, fragmentados em função da reestruturação produtiva, do refluxo que caracterizou as três décadas de neoliberalismo e da ofensiva contra o movimento sindical e os direitos dos trabalhadores operados pelos sucessivos governos neoliberais, os trabalhadores praticamente se comportaram como coadjuvantes diante da crise mundial.

O grande capital, também tomado de surpresa pela intensidade da crise, buscou num primeiro momento resolver os problemas injetando uma quantidade extraordinária de recursos na área financeira, visando evitar o colapso do sistema. No entanto, tão logo foram aliviados os sintomas mais perversos da crise, o grande capital se estruturou em nível internacional, especialmente nos países centrais, para colocar todo o ônus da crise na conta dos trabalhadores, com medidas draconianas, impensáveis há poucos anos atrás, buscando aplicar aos trabalhadores uma derrota histórica, condição essencial para recuperar as taxas de lucros, disciplinar a classe operária, sair da crise e organizar a economia em novo patamar, de acordo com seus interesses.

Mas, ao contrário do que imaginam os gestores do capital, essas medidas predatórias podem até apresentar algum resultado no curto prazo, mas é uma bomba de efeito retardado no médio prazo, uma vez que provocarão queda na atividade econômica, desemprego, queda na renda e no consumo e, portanto, mais recessão e mais crise. Realizar os ajustes draconianos em nível global, como está sendo feito na Europa, levará o mundo a uma depressão prolongada, maior que na crise de 1930, e a um levante social também de caráter global. Uma coisa é implementar essas medidas em países em que a miséria é parte da vida quotidiana das pessoas. Outra, é realizar essas medidas nos países onde as conquistas sociais já faziam parte do quotidiano da sociedade. A reação nessas sociedades pode ser muito maior, mais organizada, até mesmo porque as relações de produção são muito mais avançadas.

Conforme advertíamos em nosso primeiro artigo, [14] a crise torna a burguesia mais agressiva e evidencia de maneira mais clara os projetos do capital para resolver os problemas oriundos da crise. Do ponto de vista militar, pode-se constatar claramente uma ofensiva do imperialismo no sentido para fomentar intervenções militares e guerras em várias regiões, como os casos recentes da Líbia, da Síria e do Irã. Do ponto de vista econômico há uma ação articulada do capital no sentido de avançar sobre as finanças do Estado, bem como sobre os direitos e garantias dos trabalhadores e, do ponto de vista político, o capital vai cada vez mais tirando a máscara e impondo aos povos governos diretamente geridos pelos representantes do capital, cujas ações vem sendo realizadas no sentido de suprimir as próprias liberdades democráticas típicas dos tempos de calmaria do capitalismo.

Diante desse quadro, os trabalhadores vão tomando consciência da conjuntura num processo de aprendizado mais rápido que nos tempos de calmaria. A partir do momento em que os governos começaram a tomar medidas concretas contra seus direitos e garantias, como no caso atual da Europa, a crise abre espaço para a emergência da luta popular, os trabalhadores e a população começam a sair às ruas em resistência aos ajustes, vão perdendo o medo, reorganizando suas forças e a luta de classes se intensifica.

Conforme ainda afirmávamos no mesmo artigo, a crise iria abrir a possibilidade de uma retomada da luta de massas em caráter mundial, especialmente nos países centrais. "Os desdobramentos desta crise vão atingir profundamente os trabalhadores em termos de emprego e de renda e vão acirrar a luta de classes nos países centrais e na periferia. Ao contrário do senso comum e de muitos companheiros da esquerda, nós achamos que o potencial da classe operária e dos trabalhadores em geral é muito mais forte nos países centrais que na periferia, pois é exatamente nos países centrais onde se encontra a classe operária mais avançada do ponto de vista das forças produtivas e o capitalismo mais maduro. Portanto, é o teatro de operações mais favorável para a luta de classes que nos países atrasados".

Essa nossa análise continua válida para este momento histórico, muito embora a luta de classes não tenha ainda atingido, da mesma maneira que na Europa, o coração da economia líder, os Estados Unidos. Se observarmos o desenvolvimento da luta de classes em caráter mundial desde 2008, poderemos constatar que ocorreu uma mudança de qualidade em praticamente todos os continentes. Poucas pessoas imaginariam a queda dos regimes da Tunísia, do Egito, do Iêmen e as lutas ainda em curso dos povos árabes e do norte da África e Oriente Médio contra os sistemas tirânicos nessas regiões.

Na Europa, onde o ajuste predatório promovido pelo capital é mais forte, tem ocorrido lutas em todos os países e, em muito deles, como na Grécia, se aproxima de insurreição popular. Até mesmo nos Estados Unidos ocorreram várias lutas sociais, em vários Estados, e um importante movimento social, o Ocuppy Wall Street, pode ter um desdobrando muito grande no futuro próximo. Na América Latina, as lutas sociais também estão ocorrendo de maneira efetiva, apesar de a região não ter sofrido o impacto da crise da mesma forma como ocorreu nos países centrais.

Até agora, no entanto, a resistência popular à ofensiva do capital não tem sido realizada de forma organizada na maioria dos países. Isso se deve ao fato de que, em função da crise do socialismo, com a queda da URSS, ocorreu uma desagregação generalizada política, orgânica e ideológica dos comunistas, o que afetou de maneira profunda o curso da luta de classe em nível mundial. Mas a crise é um fenômeno objetivo e se desenvolve independentemente da vontade das pessoas. Como a crise vai se aprofundar, o capital também vai procurar de todas as formas aprofundar o ajuste em caráter mundial, o que ampliará a resposta dos trabalhadores.

O futuro em disputa

A crise, por sua profundidade, dimensão e ofensiva do capital, compõe um labirinto de possibilidades tanto para o capital quanto para os trabalhadores. As crises em geral e as crises sistêmicas em particular, significam a hora da verdade da luta de classes. As classes fundamentais, burguesia e proletariado, entram em disputa aberta mesmo que a luta aparentemente não se torne explícita. Cada classe vai medir forças para implementar seu projeto de acordo com seus interesses e quando mais a crise se estender, maior será o acirramento da luta de classes.

Neste momento o capital está na ofensiva política, militar e econômica, mas seu calcanhar de Aquiles é a própria crise econômica que não consegue resolver. Conforme assinalávamos, a crise se desenvolve em três patamares, a saber: a crise econômica, que leva à crise social, que se os problemas não forem resolvidas leva à crise política. A crise econômica e a crise social estão na ordem do dia e a crise política é o próximo momento da crise sistêmica global, quando ocorrer a desarticulação monetária financeira global e um ambiente de salve-se quem puder, com novas quebras financeiras, protecionismo, ampliação da guerra cambial, ditadura aberta do capital e emergência do movimento social em função da desarticulação política do poder do capital.

Nada está descartado num ambiente de crise econômica, social e política do capital, nem mesmo um governo ao estilo fascista como na década de 30 na Europa, nem a revolução social. As crises funcionam como parteiras de uma nova época tanto para a burguesia quanto para o proletariado. Em função da crise e das lutas sociais, pode iniciar-se um período de repressão aberta contra os trabalhadores, sob o pretexto de manter a lei, a ordem e a estabilidade econômica. Mas também pode ocorrer uma resposta dos trabalhadores muito maior do que se imaginava no início da crise. Vale lembrar que as crises levam a um aprendizado acelerado das massas. Setores que antes pareciam adormecidos, irrompem na cena política de maneira inesperada, há uma mudança nas condições subjetivas de sua organização.

Isso não significa que toda crise sistêmica gere fascismo ou revolução. São apenas possibilidades. Mas a luta entre capital e trabalho em caráter mundial está num outro patamar. O mundo que emergirá após a crise será muito diferente da ordem estruturada em Bretton Woods. Não se pode prever qual será a classe vitoriosa nesse processo que se abriu com a crise de 2008, mas a construção de um mundo futuro será resultado do embate que as duas classes fundamentais travarão ao longo da crise sistêmica global.
Notas
1- Karl Marx. Contribuição à Crítica da Economia Política, pag. 6. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
2- Karl Marx. Manifesto Comunista, pg. 45. São Paulo: Boitempo Editorial, 1998.
3- Engels, Friedrich. Prefácio à edição inglesa do capital. Volume I, pg 33. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
4- Engels, Friedrich. O capital. Vol. II. Pg. 28. São Paulo: Abril cultural, 1983.
5- Roubini, N. Mihm, S. A economia das crises ? Um curso relâmpago sobre o futuro do sistema financeiro internacional. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.
6- Coggiola. O. As Grandes Depressões, 1873-1896 - 1929-1939, pag. 72-3. São Paulo: Alameda, 2009.
7- Dobb, M. A Evolução do Capitalismo, 9º. Ed., pag. 300. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
8- Coggiola, O. As Grandes Depressões ? 1876-18796 ? 1929-1939, pag. 73-73. São Paulo: Alameda, 2009.
9- A extração do valor fora das fronteiras nacionais foi abordada anteriormente por Michalet, em seu livro capitalismo mundial (Paz e Terra, 1984), muito embora aquela análise não se referisse à questão da globalização atual.
10- A crise completa do sistema capitalista foi desenvolvida por Lauro Campos (A crise completa ? a economia política do não. São Paulo: Boitempo, 2001), muito embora o autor não estivesse se referindo especificamente à crise sistêmica global em curso.
11- Costa, Edmilson. A crise mundial do capitalismo e as perspectivas dos trabalhadores. Resistir.info, 5 de fevereiro de 2009.
12- Trata-se da tese de pós-doutoramento que elaboramos em 2002 no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.
13- Peter Chistodoulos, hoje administrador da dívida pública grega, também ex-presidente do Banco Nacional da Grécia e ex-trader da Goldman, também participou da maquiagem das contas gregas para favorecer a Goldman; Ottmar Issing, ex-presidente do Bundesbank e conselheiro internacional as Goldman; Peter Sutherland, ex-presidente da Goldman Internacional, e ex-integrante da Comissão de Competição da União Européia; e até mo criar dos BRICS, Peter O´Neil, influente personagem na formulação das políticas econômicas atuais, também é um homem da Goldman, pois presidiu a Goldman Sachs Asset Management.
14- Trata-se do artigo "A crise mundial do capitalismo e a perspectiva dos trabalhadores", publicado inicialmente em resistir.info e depois reproduzido em centenas de sites, blogs de vários países e, posteriormente na revista Novos Temas, do Instituto Caio Prado Junior.

[NR] No Brasil chamam de renda a qualquer espécie de rendimento e não apenas a renda propriamente dita.

Bibliografia
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CAMPOS, Lauro. A Crise Completa ? A economia política do Não. São Paulo: Boitempo Editorial
COGGIOLA, Oswaldo. As Grandes Depressões, 1873-1986; 1929-1939. São Paulo: Alameda, 2009.
COSTA , Edmilson. A Crise Econômica Mundial e as Perspectivas do Capitalismo. São Paulo: Novos Temas, No. 1, 2009.
_____________ A Globalização Neoliberal e as Novas Dimensões do Capitalismo. Tese de Pós-Doutoramento. IFCH-Unicamp, 2002.
DOBB, Maurice. A Evolução do Capitalismo. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
EYCHENGREEN, Barry. Privilégio exorbitante. Rio de Janeiro: Campus, 2011.
ENGELS, Friedrick. Nota de rodapé. Vol. II de O capital. São Paulo: Abril Culural, 1983.
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MCNICHOL, E; OLIFF, P. JOHNSON, N. States Continue to Feel Recession´s Impact. Center Budget and Policy Priorities. USA: Table 4, March, 2012.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrick. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo Editorial, 1998.
MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
MICHALE T, Charles Albert. Capitalismo Mundial. São Paulo: Paz e Terra, 1983.
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ROUBINI, Nouriel; MIHM , Stephen. A Economia das Crises ? Um curso relâmpago sobre o futuro do sistema financeiro internacional. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.

Do mesmo autor:
Uma crítica aos pós-modernistas
A crise mundial do capitalismo e as perspectivas dos trabalhadores
A tragédia da social-democracia retardatária no Brasil

[*] Doutor em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com pós-doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da mesma instituição. É professor universitário e autor de Imperialismo (Global, 2007), A Política Salarial no Brasil (Boitempo, 1997) A Globalização e o Capitalismo Contemporâneo (Expressão Popular, 2008), além de vários ensaios publicados no Brasil e exterior. É membro do Comitê Central do PCB.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Em portas da III Grande Guerra Mundial (II) BASENAME: canta-o-merlo-em-portas-da-iii-grande-guerra-mundial-ii DATE: Thu, 02 Aug 2012 08:46:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://actualidad.rt.com/actualidad/view/50519

A cúpula militar do Irám celebrou "a última reuniom antes da guerra" O líder supremo do Irám, Ali Jameneí, reuniu aos chefes militares do país e advertiu-lhes que numhas semanas haverá guerra

Segundo os meios israelenses, o passado 27 de Julho, pouco antes da oraçom tradicional da sexta-feira, o líder supremo do Irám, o aiatolá Ali Jameneí, reuniu aos altos cargos militares do país num encontro que, segundo indicou, era "a última juntança militar antes da guerra". "Imos-nos encontrar- em guerra nas próximas semanas", dixo o aiatolá aos seus invitados. O portal Debka, a partir de fontes de inteligência israelenses, informa de que ao longo do último ano ademais de múltiplos treinos das Forças Armadas do Irám, também realizou-se o projecto de construçom de maior escala na história do Irám. Trata da construçom de fortíns para proteger o programa nuclear do país até da arma mais potente de EE.UU., bombas antibúnker de muitas toneladas de peso. Comunica-se que as instalaçons nucleares mais importantes fôrom tampadas com blocos de roca, por enzima deitárom-se toneladas de formigom e, no final, cobriram-no todo com aço. Ademais os mísseis balísticos de mediano alcance Shahab-3 já estám preparados para atirar golpes contra Israel, Arábia Saudita e as instalaçons militares de EE.UU. na zona do golfo Pérsico. O mesmo dia 27 de julho, as Forças Armadas de EE. UU. apresentaram a sua nova bomba antibúnker. Cada bomba pesa 15 toneladas e é capaz de penetrar a quase 20 metros por dentro da terra. A tensom entre Irám e Ocidente cresce cada dia. Uns 125.000 soldados de EE. UU., dezenas de navios militares e vários portaavións estám apostados nas proximidades do Irám. Ademais, Washington e os seus sócios aplicárom duras sançons económicas contra o país persa. O motivo de tanta pressom som as suspeitas de que Irám esteja a desenvolver armas nucleares. Ante estes ataques, Teerã ameaça com fechar o estreito de Ormuz, umha artéria vital para o abastecimento mundial de petróleo. Ademais, há uns dias Teerã declarou que nom passará por alto o conflito interno que fustiga ao seu aliado, Síria. "Quando seja necessário Irám entrará no conflito sírio e dará umha resposta decisiva aos opositores", declarou o sub-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas do Irám, o general Masoud Jazayeri.

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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Em portas da III Grande Guerra Mundial BASENAME: canta-o-merlo-em-portas-da-iii-grande-guerra-mundial DATE: Sun, 29 Jul 2012 00:01:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A guerra dos EUA-NATO contra a Síria:
Forças navais do ocidente frente às da Rússia ao largo da Síria

por Michel Chossudovsky

"Quando voltei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais superiores do staff teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos a caminho de ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, a começar pelo Iraque, a seguir a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão".
Wesley Clark, antigo comandante-geral da NATO

"Deixe-me dizer aos soldados e oficiais que ainda apoiam o regime sírio ? o povo sírio recordará as escolhas que fizerem nos próximos dias..."
Secretária de Estado Hillary Clinton, conferência Friends of Syria, em Paris, 07/Julho/2012

Enquanto a confrontação entre a Rússia e o Ocidente estava, até recentemente, confinada ao âmbito polido da diplomacia internacional, dentro do recinto do Conselho de Segurança da ONU, agora uma situação incerta e perigosa está a desdobrar-se no Mediterrâneo Oriental.

Forças aliadas incluindo operativos de inteligência e forças especiais reforçaram a sua presença sobre o terreno na Síria a seguir ao impasse da ONU. Enquanto isso, coincidindo com o beco sem saída no Conselho de Segurança da ONU, Moscovo despachou para o Mediterrâneo uma frota de dez navios de guerra russos e navios de escolta comandados pelo destróier anti-submarino Almirante Chabanenko. A frota russa está actualmente estacionada ao largo da costa Sul da Síria.

Em Agosto do ano passado, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Rogozin, advertiu que "a NATO está a planear uma campanha militar contra a Síria para ajudar a derrubar o regime do presidente Bashar al-Assad com um objectivo de longo alcance de preparar uma cabeça de ponte para um ataque ao Irão..." Em relação à actual deslocação naval, o chefe da Armada da Rússia, vice-almirante Viktor Chirkov, confirmou, entretanto, que se bem que a frota [russa] esteja a transportar fuzileiros navais, os navios de guerra "não seriam envolvidos em Tarefas na Síria". "Os navios executarão manobras militares planeadas", disse o ministro russo da Defesa.

A aliança EUA-NATO retaliou à iniciativa naval da Rússia, com uma deslocação naval muito maior, uma formidável armada ocidental consistente de navios de guerra britânicos, franceses e americanos, previstos para serem ali instalados neste Verão no Mediterrâneo Oriental, levando a uma potencial "confrontação estilo Guerra Fria" entre a Rússia e forças navais ocidentais.

Enquanto isso, planeadores militares dos EUA-NATO anunciaram que várias "opções militares" e "cenários de intervenção" estão a ser contemplados na sequência do veto russo-chinês no Conselho de Segurança da ONU.

O planeado posicionamento naval é coordenado com operações aliadas no terreno em apoio ao "Exército Sírio Livre" (ESL) patrocinado pelos EUA-NATO. Quanto a isto, os EUA-NATO aceleraram o recrutamento de combatentes estrangeiros treinados na Turquia, Iraque, Arábia Saudita e Qatar.

A França e a Grã-Bretanha participarão este Verão em jogos de guerra com o nome de código Exercise Cougar 12 [2012]. Os jogos serão efectuados no Mediterrâneo Oriental como parte de um "Response Force Task Group" franco-britânico envolvendo o HMS Bulwark britânico e o grupo de batalha do porta-aviões Charles De Gaulle da França. O centro deste exercício naval serão operações anfíbias envolvendo a colocação em terra firme de tropas no "território inimigo" (simulada).

Cortina de fumo: A proposta evacuação de cidadãos ocidentais "Utilizando uma humanitária frota naval de armas de destruição em massa"

Pouco mencionado pelos media de referência, os navios de guerra envolvidos no exercício naval Cougar 12 também participarão na planeada evacuação de "cidadãos britânicos do Médio Oriente, caso o conflito em curso na Síria extravase fronteiras para os vizinhos do Líbano e da Jordânia".

Os britânicos provavelmente enviariam o HMS Illustrious, um porta-helicópteros, juntamente com o HMS Bulwark, um navio anfíbio, bem como um destróier avançado para providenciar defesa à força-tarefa. Estarão a bordo várias centenas de comandos da Royal Marine, bem como um complemento de helicópteros de ataque AH-64 (os mesmos utilizados na Líbia no ano passado). Espera-se que se lhe junte uma frota de navios franceses, incluindo o porta-aviões Charles De Gaulle, transportando um complemento de caças Rafale.

Espera-se que aquelas forças permaneçam ao longo e possam escoltar navios civis especialmente fretados destinados a recolher cidadãos estrangeiros a fugirem da Síria e países em torno. (ibtimes.com, 24/Julho/2012).

Fontes no Ministério da Defesa britânico, se bem que confirmando o "mandato humanitário" da Royal Navy no planeado programa de evacuação, negaram categoricamente "qualquer intenção quanto a um papel de combate para forças britânicos [contra a Síria]".

O plano de evacuação utilizando o mais avançado material militar, incluindo o HMS Bulwark e o porta-aviões Charles de Gaulle, é uma cortina de fumo óbvia. A agenda militar não tão escondida é ameaça militar e intimidação contra uma nação soberana localizada no berço histórico da civilização, a Mesopotâmia":

"Só o Charles De Gaulle é porta-aviões nuclear com todo um esquadrão de jactos mais avançados do que qualquer coisa que os sírios tenham ? é especulação de incitamento [dizer] que aquelas forças pudessem ficar envolvidas numa operação da NATO contra forças sírias leais a Bashar al-Assad...

O HMS Illustrious, que está actualmente ancorado no Tamisa, no centro de Londres, provavelmente será enviado para a região no fim das Olimpíadas". (Ibid)

Este deslocamento impressionante de poder naval franco-britânico poderia também incluir o porta-aviões USS John C.Stennis, o qual está para ser enviado de volta ao Médio Oriente:

[Em 16/Julho/2012], o Pentágono também confirmou que iria reposicionar o USS John C. Stennis, um porta-aviões nuclear capaz de transportar 90 aviões, para o Médio Oriente... O Stennis estaria a chegar na região com um cruzador avançado de lançamento de mísseis, ... Já é esperado que o porta-aviões USS Eisenhower esteja no Médio Oriente naquele momento (dois porta-aviões actualmente na região estão para ser aliviados e enviados de volta para os EUA).

Em meio a situações imprevisíveis tanto na Síria como no Irão, que teriam deixado forças estado-unidenses tensas e excessivamente sobrecarregadas se fosse necessária uma firme resposta militar em qualquer circunstância. (Ibid, ênfase acrescentada)

O grupo de ataque USS Stennis está para ser enviado de volta ao Médio Oriente "numa data não especificada no fim do Verão" para ser posicionado na área de responsabilidade do Comando Central:

"O Departamento da Defesa disse que o deslocamento anterior viera de um pedido feito pelo general do Marine Corps James N. Mattis, o comandante do Comando Central (a autoridade militar dos EUA que cobre o Médio Oriente), parcialmente devido à preocupação de que haveria um curto período em que apenas um porta-voz estaria localizado na região". (Strike group headed to Central Command early - Stripes Central - Stripes, July 16, 2012)

O Gen. Marine James Mattis, comandante do U.S. Central Command, "pediu para avançar o posicionamento do grupo de combate com base num "conjunto de factores" e o secretário da Defesa Leon Panetta aprovou-o"... (ibid)

Um porta-voz do Pentágono declarou que a mudança de posicionamento do grupo de ataque USS Stennis fazia parte de "um vasto conjunto de interesses de segurança dos EUA na região". "Estamos sempre atentos aos desafios colocados pelo Irão. Deixe-me ser muito claro: Esta não é uma decisão baseada unicamente nos desafios colocados pelo Irão, ..."Não é acerca de qualquer país particular ou uma ameaça particular", dando a entender que a Síria também fazia parte do posicionamento planeado. (Ibid, ênfase acrescentada)

"Cenários de intervenção"

Este maciço posicionamento de poder naval é um acto de coerção tendo em vista aterrorizar o povo sírio. A ameaça de intervenção militar tem em vista desestabilizar a Síria como estado nação bem como confrontar e enfraquecer o papel da Rússia na intermediação da crise síria.

O jogo diplomático da ONU está num impasse. O Conselho de Segurança da ONU está morto. A transição é em direcção à "Diplomacia guerreira" do século XXI.

Se bem que uma operação militar aliada total dirigida contra a Síria não esteja "oficialmente" contemplada, planeadores militares estão actualmente envolvidos na preparação de vários "cenários de intervenção".

Líderes políticos ocidentais podem não ter apetite por intervenção mais profunda. Mas como a história tem mostrado, nós nem sempre escolhemos que guerras combater ? por vezes as guerras escolhem-nos. Planeadores militares tem a responsabilidade de preparar para opções de intervenção na Síria para os seus mestres políticos caso este conflito seja escolhido. A preparação estará a ser efectuada em várias capitais ocidentais e sobre o terreno na Síria e na Turquia. Até o ponto do colapso de Assad, é mais provável que vejamos uma continuação ou intensificação das opções abaixo do radar de apoio financeiro, armamento e aconselhamento dos rebeldes, operações clandestinas e talvez guerra cibernética a partir do Ocidente. Após algum colapso, entretanto, as opções militares serão vistas a uma luz diferente. ( Daily Mail, 24/Julho/2012, ênfase acrescentada)

Observações conclusivas

O mundo está numa encruzilhada perigosa.

A configuração deste planeado posicionamento naval no Mediterrâneo Oriental com navios de guerra dos EUA-NATO contíguo àqueles da Rússia é sem precedentes na história recente.

A história conta-nos que guerras são muitas vezes desencadeadas inesperadamente devido a "erros políticos" e erro humano. Os segundos são os mais prováveis dentro no âmbito de um sistema político desagregados e corrupto nos EUA e na Europa Ocidental.

O planeamento militar EUA-NATO é supervisionado por uma hierarquia militar centralizada. Operações de Comando e Controle são em teoria "coordenadas" mas na prática muitas vezes elas são marcadas pelo erro humano. Operativos de inteligência muitas vezes funcionam independentemente e fora do âmbito da responsabilidade política.

Planeadores militares são agudamente conscientes dos perigos de escalada. A Síria tem capacidades de defesa aérea significativas bem como forças terrestres. A Síria tem estado a instalar seu sistema de defesa aérea com a recepção dos mísseis russos Pantsir S1 . Qualquer forma de intervenção militar directa dos EUA-NATO contra a Síria desestabilizaria toda a região, levando potencialmente à escalada numa vasta área geográfica, que se estende desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira do Afeganistão-Paquistão com o Tadjiquistão e China.

O planeamento militar envolve cenários intricados e jogos de guerra por ambos os lados incluindo opções militares relativas a sistema de armas avançados. Um cenário Terceira Guerra Mundial tem sido contemplado pelos planeadores militares EUA-NATO-Israel desde o princípio de 2000.

A escalada é uma parte integral da agenda militar. Preparativos de guerra para atacar a Síria e o Irão têm estado num "estado avançado de prontidão" durante vários anos.

Estamos a tratar com complexas tomadas de decisão políticas e estratégicas que envolvem a acção recíproca de poderosos grupos de interesses económicos, as acções de operativos de inteligência.

O papel da propaganda de guerra é fundamental não só para moldar a opinião pública, levando-a a aceitar a agenda de guerra, como também para estabelecer um consenso dentro dos escalões superiores do processo de tomada de decisão. Uma forma selectiva de propaganda de guerra destinada a "Top Officials" (TOPOFF) em agências do governo, inteligência, militares, aplicadores da lei, etc destina-se a criar um consenso firme em favor da Guerra e do Estado Policial.

Para o projecto guerra ir em frente é essencial que tanto os planeadores políticos como os militares estejam legitimamente comprometidos em conduzir a guerra "em nome da justiça e da democracia". Para que isto se verifique, eles devem acreditar firmemente na sua própria propaganda, nomeadamente em que a guerra é "um instrumento de paz e democracia".

Eles não têm preocupação para com os impactos devastadores de sistemas de armas avançados, rotineiramente classificados como "danos colaterais", muito menos o significado e significância de guerra antecipativa (pre-emptive), utilizando armas nucleares.

As guerras são invariavelmente decididas por líderes civis e grupos de interesse e não pelos militares. A guerra serve interesses económicos dominantes os quais operam a partir dos bastidores, por trás de portas fechadas em salas de reunião corporativas, nos think tanks de Washington, etc.

As realidades são invertidas. Guerra é paz. A Mentira torna-se a Verdade.

A propaganda de guerra, nomeadamente as mentiras dos media, constituem o mais poderoso instrumento guerreiro.

Sem a desinformação dos media, a agenda guerreira conduzida pelos EUA-NATO entraria em colapso como um castelo de cartas. A legitimidade dos criminosos de guerra em altos postos seria rompida.

Portanto é essencial desarmar não só os media de referência como também um segmento dos media alternativos auto proclamados como "progressistas", os quais têm proporcionado legitimidade para a obrigação da "Responsabilidade de proteger" ("Responsibility to protect, R2P) da NATO, em grande medida tendo em vista desmantelar o movimento anti-guerra.

A estrada para Teerão passa por Damasco. Uma guerra ao Irão patrocinada pelos EUA-NATO envolveria, como primeiro passo, a desestabilização da Síria como uma nação-estado. O planeamento militar relativo à Síria é uma parte integral da agenda de guerra ao Irão.

Uma guerra contra a Síria poderia evoluir na direcção de uma campanha militar EUA-NATO contra o Irão, na qual a Turquia e Israel estariam envolvidas directamente.

É crucial difundir esta notícia e romper os canais de desinformação dos media.

Um entendimento crítico e não enviesado do que está a acontecer na Síria é de importância crucial na reversão da maré de escalada militar rumo a uma guerra regional mais vasta.

Nosso objectivo em última análise é desmantelar o arsenal militar EUA-NATO-israelense e restaurar a Paz Mundial.

É essencial que o povo no Reino Unido, na França e nos Estados Unidos impeça o próximo posicionamento naval de ADM no Mediterrâneo Oriental.

Ajude a difundir. Reenvie este artigo.
26/Julho/2012

Do mesmo autor:
SYRIA: NATO's Next "Humanitarian" War?
"A opção salvadorenha para a Síria"
Uma "guerra humanitária" à Síria? Escalada militar. Rumo a uma guerra mais vasta no Médio Oriente-Ásia Central?

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32079

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O poder e a hegemonia Apontamentos sobre a teoria marxista BASENAME: canta-o-merlo-o-poder-e-a-hegemonia-apontamentos-sobre-a-teoria-marxista DATE: Sun, 22 Jul 2012 19:18:55 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Néstor Kohan [*]

De que maneira domina a classe dominante? Essa é a pergunta que vale um milhão. Todos sabem que o capitalismo é um sistema de poder, exploração e dominação. Não é preciso esclarecer mais nada. Sofre-se na própria carne todos os dias. A nossa dolorosa história argentina constitui uma prova irrefutável desse facto. Mas o que é um tanto mais complexo é decifrar o emaranhado das formas concretas, através das quais o capital se reproduz quotidianamente e se exerce esse poder em cada conjuntura. Quando se trata de resolver esse enigma, aparecem as dores de cabeça. Que não são poucas...

O MODELO POLÍTICO DO MANIFESTO COMUNISTA

Na sua análise do capitalismo, Karl Marx, como um detective com a sua lupa, tornou visível e trouxe para o terreno da teoria politica aquela terrível realidade que viviam e sofriam os trabalhadores do seu tempo. Toda a sociedade se divide em exploradores e explorados. Toda a história da sociedade não é mais, sentenciou Marx, que a história da luta de classes.

Esclavagistas e escravos, patrícios e plebeus, senhores e servos da gleba, burgueses e proletários. Essa polarização classista divide em duas partes o conjunto da história da sociedade.

Ainda que a genealogia da luta de classes tenha milénios atrás de si, Marx não duvidou em identificar dois grandes actores desse drama moderno: a burguesia e o proletariado.

O Estado era, segundo o autor do Manifesto, uma maquinaria de guerra do capital contra o trabalho, dos opressores contra os oprimidos.

Pela sua simplicidade, este modelo de análise política fez história e penetrou no coração de milhares e milhares de militantes em todo o mundo. Não era preciso matar a cabeça para o compreender. Dum lado estavam "eles" e do outro estávamos "nós". Um pólo e outro pólo. Preto no branco. Claro, límpido, transparente.

O MODELO POLÍTICO DO 18 BRUMÁRIO DE LUIS BONAPARTE

Mas, quando Marx se dispôs a analisar uma sociedade pontual, como era o caso da França, que havia sido abalada pelo golpe de Estado de Luis Bonaparte em Dezembro de 1851, após a derrota da insurreição de 1848, elaborou uma análise muito mais complexa. A luta de classes pode ser preto no branco, sim, mas vem acompanhada por uma variada gama de cinzentos, que nas ardentes linhas do Manifesto não apareciam em primeiro plano.

Além destes dois grandes personagens ? a burguesia e o proletariado ? Marx distingue na formação social francesa toda uma gama de segmentos sociais que integram também a luta de classes. Salienta ainda o fraccionamento que a burguesia sofre no processo da luta política. A fracção burguesa dedicada aos negócios financeiros e a burguesia industrial são coisas diferentes, adverte Marx. E nenhuma destas duas fracções é idêntica à burguesia latifundiária. Entre os diversos fraccionamentos das classes urdem-se alianças políticas ? onde uma das fracções dirige e arrasta o resto. Assim, conclui Marx no 18 Brumário, a luta de classes não é linear e horizontal, mas sim fraccionada e transversal.

No 18 Brumário, Marx fala-nos também de Luis Bonaparte, um ditador que encabeça um golpe de Estado e permanece duas décadas à frente do governo francês. Este ditador era uma personagem secundária, rodeada de marginais, que, graças à liderança do Exército, se converte em determinado momento da história de França, numa espécie de "árbitro" dos conflitos sociais. Uma espécie de "juiz equidistante", que vem solucionar e moderar os conflitos. Como este personagem ? que Marx detestava ? se chamava Luís Bonaparte (sobrinho de Napoleão) a tradição marxista, começando pelo próprio Marx, converteu em categoria teórica essa análise política e transformou-a no conceito de "bonapartismo".

Na sua análise de Luís Bonaparte e da situação francesa daquele período, Marx apresenta elementos fundamentais da sua teoria política.

Por exemplo, Marx sugere que a melhor forma de dominação política da burguesia, a mais eficaz, é "a república parlamentar". Para Marx, república parlamentar não é sinónimo de democracia, como pretende a filosofia política do liberalismo. A república parlamentar não garante "a liberdade"; antes constitui uma forma de dominação. Ao contrário da monarquia ou da ditadura militar (onde apenas um sector da burguesia domina), na república parlamentar é a burguesia no seu conjunto que exerce o domínio através do Estado e das suas instituições "representativas". Segundo Marx, a república parlamentar dilui os interesses peculiares das distintas fracções da burguesia, alcançando uma espécie de "média" de todos os interesses da classe dominante no seu conjunto e, deste modo, consegue uma dominação política geral, ou seja: anónima, impessoal e burocrática.

No 18 Brumário, Marx acrescenta ainda que, quando a situação política "transborda", sob a indisciplina e a rebelião popular, a velha maquinaria republicana (com os seus partidos, o seu Parlamento, os seus juízes, a sua imprensa "independente"; em suma: com todas as suas instituições) torna-se insuficiente para manter a dominação. Nesses momentos de crise aguda, os velhos partidos políticos da burguesia deixam de representar essa classe social. Ficam como que "flutuando no ar" e girando no vazio. Emerge, então, outro tipo de liderança política para representar a classe dominante: a burguesia deixa de estar representada pelos liberais, pelos constitucionalistas ou pelos republicanos, para passar a ser representada pelo Exército e pelas Forças Armadas que, deste modo, se constituem como "O Partido da Ordem". O Exército aparece então na arena política, como se... viesse equilibrar a situação catastrófica, embora na realidade... venha garantir a reprodução da dominação política da burguesia. Argentina 1966, 1976, etc...

LÉNINE: TEÓRICO DA HEGEMONIA

Durante o século XX, diversos pensadores revolucionários tentaram ampliar a reflexão de Marx. Não com um interêsse puramente erudito, ainda menos "académico", mas antes apostando na luta política dos trabalhadores. Tinham em mente o que todo o revolucionário deve ter: o poder.

Entre muitos outros, Lénine, um dos mais brilhantes, pelas suas contribuições teóricas e sobretudo pela sua acção política, investigou profundamente as fontes do pensamento de Marx sobre a dominação e o poder.

Num mesmo movimento, Lénine conjugou os dois modelos políticos que Marx manejava, o do Manifesto, e o do 18 Brumário. Contra o que poderia supor-se, numa análise superficial ou desprevenida, aqueles não eram contraditórios entre si.

No Manifesto, Marx assinalou os grandes actores estruturais, os principais contendentes da luta de classes contemporânea que se enfrentariam a longo prazo. No 18 Brumário, trazia para o terreno prático essa teoria geral. O estrutural conjugava-se com o conjuntural. A longa duração da história, com o tempo curto da politica. A estratégia com a táctica. O lógico com o histórico.

Por isso, Lénine pode definir o marxismo, enquanto método, como "a análise concreta da situação concreta". Esse tipo de análise pressupunha conjugar o geral de uma sociedade capitalista com o particular, o género com a espécie, o comum a todas as sociedades capitalistas com o específico de cada uma.

O conceito teórico a que Lénine apelou para dar conta dessa operação de Marx foi o da "formação económico-social". Uma sociedade pontual ? suponhamos a França de 1851, a Rússia de 1905 ou a Argentina de 2003 ? tem algo de comum que compartilha com todas as sociedades capitalistas. E, ao mesmo tempo, tem algo de específico e irrepetível.

Como se produz a luta de classes numa formação económico-social? Através de alianças entre fracções de classes sociais. Cada aliança constitui uma "força social". (Quando Lénine emprega o termo de "aliança" não está a pensar numa aliança meramente eleitoral, como a da UCR e do FREPASO [dois partidos políticos burgueses argentinos], mas sim numa aliança em termos de interesses sociais e experiências políticas). No interior de cada força social, existe uma fracção de classe que dirige política e culturalmente o resto. Para o conseguir, esse segmento social deve poder generalizar os seus próprios valores, a sua própria cultura, o seu próprio programa político, ao conjunto da força social. Em suma, deve poder conseguir que o conjunto da força social interiorize e adopte como própria a estratégia, os valores e o programa político da fracção dirigente.

A todo esse complexo processo, através do qual se exerce a direcção da força social na confrontação política da luta de classes, Lénine denomina "hegemonia". A dominação política, então, não se exerce unicamente com a violência e a repressão do Estado. Também se consegue através da direcção política e da consumação da hegemonia.

GRAMSCI E AS RELAÇÕES DE PODER

Apropriando-se e retomando essa amplíssima bagagem de reflexões, análises e modelos de pensamento político, Antonio Gramsci tentou pensar a hegemonia em sociedades capitalistas complexas. Não só para aquelas onde a burguesia domina através de uma ditadura feroz, mas também para aquelas onde os segmentos hegemónicos das classes dominantes recorrem à forma mais eficaz de dominação política: a república parlamentar (que, insistimos, não é sinónimo de "democracia", apesar do que nos dizem os meios de comunicação do sistema).

O principal objecto de reflexão que tirou o sono a Gramsci, desde a sua juventude até à maturidade, é o problema do poder. Ao analisar o problema do poder, Gramsci introduziu uma das grandes inovações na teoria e na filosofia política do século XX. Mais de quatro décadas antes de Michel Foucault formular a sua conhecida ? e academicamente celebrada ? tese, segundo a qual o poder não reside no aparelho de Estado, não é uma coisa mas sim relações, Antonio Gramsci ? com menor reconhecimento académico ? havia chegado a uma conclusão análoga.

O italiano, retomando as reflexões de Lénine sobre as condições de uma "situação revolucionária", redigiu uma das passagens fundamentais dos Cadernos do Cárcere (Caderno N°13, 1932-1934): "Análise de situação e relações de força".

Aí, Gramsci demarca-se do marxismo catastrofista, segundo o qual da crise económica do capitalismo surgiria, como por artes mágicas, a revolução socialista. O capitalismo jamais cai por si mesmo, pensa Gramsci. É preciso derrubá-lo! Para isso, é necessário um sujeito organizado que intervenha, que seja activo, que não espere passivamente a crise, como quem espera que caia um fruto maduro de uma árvore. Como pode intervir o sujeito? Politicamente. Mas a intervenção política não se realiza "no ar", mas sim a partir de determinadas relações de poder e de forças, porque o poder não se trata de uma coisa, mas de relações.

A modificação das relações de força deve partir de uma situação "económica objectiva" mas nunca deter-se aí. Se não consegue passar ao plano político geral, onde se transcende o imediatismo económico corporativista ? passagem que Gramsci denomina "catarse" ? toda a tentativa revolucionária se encaminha para o fracasso. Foi esse o principal ensinamento que Gramsci extraiu da derrota dos conselhos operários de Turim em 1920. Servir-nos-ão de tema de reflexão a actual crise argentina e os desenvolvimentos posteriores ao 19 - 20 de Dezembro?

GRAMSCI E A HEGEMONIA

É nessa especificidade política que se coloca o problema de alcançar a hegemonia, outro dos fios condutores na sua obra. Ao reflectir sobre a hegemonia, Gramsci adverte que a homogeneidade da consciência própria e a desagregação do inimigo se realiza precisamente no terreno da batalha cultural. É esta a sua incrível actualidade para operar nas condições abertas pelo capitalismo tardio! Gramsci embrenha-se na reflexão sobre a cultura, não para tentar legitimar a governabilidade consensual do capitalismo, mas para o derrubar.

Que é, então, para Gramsci, a hegemonia? Não é um sistema formal fechado, absolutamente homogéneo e articulado (estes sistemas nunca ocorrem na realidade prática, só no papel, por isso são tão cómodos, fáceis, abstractos e esmiuçados, mas nunca explicam os acontecimentos numa sociedade particular determinada). A hegemonia, pelo contrário, é um processo que expressa a consciência e os valores organizados praticamente por significados específicos e dominantes, num processo social vivido de maneira contraditória, incompleta e até muitas vezes difusa. Numa palavra, a hegemonia de um grupo social equivale à cultura que esse grupo conseguiu generalizar para outros segmentos sociais. A hegemonia é idêntica à cultura, mas é algo mais que a cultura porque, além de tudo, inclui necessariamente uma distribuição específica de poder, de hierarquia e de influência. Como direcção política e cultural sobre os segmentos sociais "aliados" influenciados por ela, a hegemonia também pressupõe violência e coerção sobre os inimigos. Não é apenas consenso (como habitualmente se pensa numa análise trivial social-democrata do pensamento de Gramsci). Por último, a hegemonia nunca é aceite de forma passiva, está sujeita à luta, à confrontação, a toda uma série de "safanões". Por isso quem a exerce, tem de a renovar continuamente, reelaborar, defender e modificar, procurando neutralizar o adversário, incorporando as suas reivindicações, embora desembaraçadas de toda a sua perigosidade.

Se a hegemonia não é um sistema formal fechado, as suas articulações internas são elásticas e deixam a possibilidade de operar sobre ele por outro lado, a partir da crítica ao sistema, da contra-hegemonia (à qual a hegemonia permanentemente se vê obrigada a resistir). Se, por outro lado, a hegemonia fosse absolutamente determinante ? excluindo toda a contradição e toda a tensão ? seria impensável qualquer mudança na sociedade.

Assim, ao reflectir analiticamente sobre as relações de poder e de forças que caracterizam uma situação, Gramsci parte duma relação "económica objectiva", para passar de seguida à dimensão especificamente política e cultural onde se constrói a hegemonia.

A conclusão a que Gramsci chega nos Cadernos do Cárcere , visualizando as relações de forças no seu conjunto, é a seguinte: "Pode assim dizer-se que todos estes elementos são a manifestação concreta das flutuações de conjuntura do conjunto das relações sociais de força, em cujo terreno tem lugar a sua passagem a relações políticas de força para culminar na relação militar decisiva".

Portanto, no pensamento de Gramsci "economia", "política-cultura" e "guerra" são três momentos internos de uma mesma totalidade social. Não se podem separar. São graus e níveis diferentes de uma mesma relação de poder, que pode resolver-se, tanto num sentido reaccionário (mantendo o actual tipo de sociedade) como num sentido progressivo, através de uma revolução.

Nem mesmo os especialistas, apesar de grandes conhecedores da obra do italiano, entreviram as consequências que se deduziam desta concepção do poder e da política. Ao fazer levianamente a separação entre a cristalização económica por um lado ? designando-a por "estrutura" ? e a institucionalização política por outro ? chamando-lhe "superestrutura" ? não se deram conta que, concebendo o poder em termos relacionais, se podiam resolver grande parte das aporias [NT] que o marxismo "ortodoxo" tinha deixado sem resposta. Fundamentalmente, no que se refere à leitura de O Capital , de Karl Marx.

O INIMIGO TOMA A INICIATIVA: A REVOLUÇÃO PASSIVA

De Marx e Engels a Lénine, Trotsky e Mao, de Mariátegui a Che Guevara e Fidel, grande parte das reflexões dos marxistas sobre a luta de classes, giraram em torno da necessidade de os trabalhadores e o povo assumirem a iniciativa política.

Mas o que acontece quando a iniciativa é tomada pelos nossos inimigos? Que fazer quando os segmentos hegemónicos da burguesia tentam, com medidas "progressistas", pôr-se à cabeça das mudanças, a fim de desarmar, dividir e neutralizar os mas intransigentes e radicais?

Para pensar esses momentos difíceis, que tanto se assemelham à situação actualmente vivida na Argentina [Dezembro de 2003], Gramsci elaborou uma categoria: a "revolução passiva". Tomou-a de historiadores italianos, mas deu-lhe outro significado.

A revolução passiva é para Gramsci uma "revolução-restauração", ou seja uma transformação a partir de cima, pela qual os poderosos modificam lentamente as relações de força para neutralizar os seus inimigos de baixo.

Através da revolução passiva, os segmentos politicamente hegemónicos da classe dominante e dirigente tentam "meter no bolso" (a expressão é de Gramsci) os seus adversários e opositores políticos, incorporando parte das suas reivindicações, embora despojadas de todo o perigo revolucionário.

Como enfrentar essa iniciativa? De que maneira podemos desmontar essa estratégia burguesa? A resposta não está em nenhum livro. Tem de ser dada pelo movimento popular.

É relativamente fácil identificar os nossos inimigos quando eles adoptam um programa político de choque ou repressivo (pensemos em Videla ou em Menem...). A questão complica-se quando certos sectores do poder aplicam medidas "progressistas". Nesses momentos, torna-se mais complexo e delicado navegar no tormentoso oceano da luta de classes...

* Coordenador do Seminário El Capital e da Cátedra de Formação Política Ernesto Che Guevara da Universidad Popular Madres de Plaza de Mayo.

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[NT] Aporia: Expressão filosófica que designa uma dificuldade de ordem racional que pareça decorrer exclusivamente de um raciocínio ou do conteúdo dele.

O original encontra-se em http://www.rebelion.org/argentina/031221kohan.htm .
Tradução de Carlos Coutinho.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O saqueio dos banqueiros espanhois - 350.000 milhons de euros, 35 % do PIB do Estado BASENAME: canta-o-merlo-o-saqueio-dos-banqueiros-espanhois-350-000-milhons-de-euros-35-do-pib-do-estado DATE: Sun, 22 Jul 2012 11:48:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A factura do resgate bancário, descontando os juros, situar-se-ia a dia de hoje em 350.000 milhons de Euros, nem mais nem menos, que o 35 % do PIB do Estado

A banca ou um furado de 350.000 milhons de euros

XOSÉ RAMÓN ERMIDA MEILÁN

http://www.terraetempo.com/index.php

A banca ou um furado de 350.000 milhons de Euros Já sabemos que nom estamos diante de umha crise financeira. Também é notório que a situaçom de colapso na que se encontram as entidades de crédito e as contas públicas das economias periféricas nom som a cause senom em conseqüência da mesma. Ainda mais o momento limite que hoje enfrontamos é a combinatória de umha arquitectura política, o euro, que formaliza a Europa como um espaço para o intercâmbio desigual, e de umha forma de acumulaçom capitalista, que arrinca da crise dos 70, percebida como resposta do grande capital para superar a tendência ao estancamento das economias centrais. Insistimos a única economia real é aquela que se articula na esfera das finanças, mas segue a haver saída a situaçom actual.

Nom é casual que coincidindo com a aprovaçom definitiva por parte do Euro-grupo de um resgate de 100.000 milhons de Euros ao sistema financeiro através do FROB, outra estafa mais polo que se transforma a dívida privada em pública, a economia do Estado Espanhol situasse no limite. Era visto, os 100.000 milhons que se vam injectar à banca nom chegam para pipas, até o ponto de de que a case totalidade dos relatórios sobre a necessidade de ré-capitalizaçom do sistema, a começar polo último relatório do Banco Internacional de Pagos, situam a quantidade arredor dos 350.000 milhons de Euros. Um autêntico escândalo se tomamos em consideraçom que após de quatro anos de mentiras e ocultaçom ao por maior, após de 40.000 milhons de dinheiro público transferidos a vem-na a meio do Fundo de Aquisiçom de Activos, após de 135.000 milhons de avais do Tesouro aportados pola via do FROB, após umha dívida com o BCE de perto de 500.000 milhons de Euros, dos que 250.000 milhons de Euros haverá que devolver em pouco mais de dous anos num contexto de economia em queda livre, após de duas reformas do sistema financeiro em três meses, o que dérom em considerar a banca mais sólida do planeta precisa de aportaçons maciças de capital assim como da conversom em capital de dívida subordinada por umha quantia de perto de 75.000 milhons de Euros. E ainda que isto cobrisse a prática totalidade das necessidades de capital das entidades de crédito, cousa que como já sabemos nom é possível, a factura do resgate bancário, descontando os juros, situar-se-ia a dia de hoje em 350.000 milhons de Euros, nem mais nem menos, que o 35 % do PIB do Estado.

Mais umha vez é necessário reparar no modo em que os organismos internacionais formalizam as achegas das operaçons de resgate e no papel que nestas operaçons jogam as auditorias sobre o estado da situaçom das finanças públicas e de modo muito particular do sistema financeiro. Se a Comissom Europeia e o FMI nom procedêrom a esta altura a umha ré-capitalizaçom da banca que se aproxime as necessidades da mesma, isto é umha cifra arredor dos 350.000 milhons de Euros sobre os que se concita o consenso na maioria dos trabalhos elaborados ao respeito, a razom nom é outra que a dia de hoje nom dispom do dinheiro que se precisaria. Pense-se que a quantia solicitada por Grécia, Portugal e Irlanda anda perto dos 403.000 milhons de Euros, se bem a quantidade que lhe achegaram a dia de hoje nom chega aos 134.000 milhons de Euros. Em definitiva que as necessidades de capital destes três estados som miúdo em relaçom com o que precisa o Estado Espanhol. Ainda sabendo, em vista da informaçom que oferecem anteriores auditorias ou os próprios teste de estres sobre a saúde do sector financeiro, que as mesmas som antes um álibi para justificar decisom prévias que um ferramenta para garantir informaçom fidedigna é necessário reparar nas eivas do trabalho que estám realizando os dous auditores independentes, isto é as auditorias Roland Berger e Oliver Wyman. Num e caso e noutro, por indicaçom da própria Comissom e do Ministério de Economia, nom se tomam em conta a perda de valor das participaçom empresáriais assim como os créditos fiscais, muito elevados nas entidades do Estado e que irám em aumento à medida que surjam novas perdas. Vaia como exemplo Bankia onde a minusvaloraçom das participaçons empresáriais representam 3100 milhons de Euros e onde os créditos fiscais de 2012 ascendem a 2.700 milhons de Euros. Nom fai falha logo, extrapolando o caso Bankia ao resto das entidades de crédito para cair na conta que esta auditoria nom é só umha grande farsa senom que as necessidades de capital do sector som muito superiores à quantia da que nos estám falando. Mas é que há mais porque as previsons económicas sobre as que se formulam em nengum caso recolhe o cenário de depressom que se assumem já polos organismos internacionais e que se vam ver aguçados polas políticas de recortes aprovadas nos últimos meses.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os parlamentarios espanhóis: sicários ou néscios BASENAME: canta-o-merlo-os-parlamentarios-espanhois-sicarios-ou-nescios DATE: Sat, 21 Jul 2012 22:21:23 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Vincenç Navarro
Público

Foi umha mágoa que nengum dos que participaram no debate nas Cortes espanholas fizesse as seguintes perguntas ao déspota de Rajoy:

Por quê o Estado espanhol decidiu congelar as pensons a fim de conseguir 1.200 milhons de euros, em lugar de reverter a descida do imposto de sucessons, com o qual obteria quase o dobro de ingressos (2.552 milhons).

Por quê em lugar de recortar nada menos que 7.000 milhons em sanidade, o governo nom eliminou a reduçom do Imposto de Sociedades às empresas que facturam mais de 150 milhons de euros ao ano, o que significa menos de 0,12% de todas as empresas, com o qual obteria mais de 5.600 milhons de euros?

Por quê quer agora estabelecer o Re-pago sanitário em lugar de aumentar os impostos dos fundos SICAV e os ganhos especulativos?

Por quê quer aumentar o IVE, neste momento de recessom, que afectará as classes populares, em lugar de aumentar o imposto de Sociedades a 35% para empresas que ganhem mais de um milhom de euros ao ano, com o qual ingressaria 14.000 milhons de euros mais?

Por quê quer destruir postos de trabalho nos serviços públicos em lugar de estabelecer um imposto às transacçons financeiras, com o qual, tal como assinalou o sindicato de técnicos do Ministério de Fazenda, conseguir-se-iam 5.000 milhons de euros?

Por quê em lugar de forçar reduçons dos Estados do bem-estar geridos polas CCAA nom reduz a economia mergulhada dez pontos, com o qual aumentaria 38.500 milhons de euros?

Estas som as perguntas que deveriam fazer-se e nom se fizêrom. Rajoy nom as pode contestar e ficaria em evidência, mostrando, que em contra do que di, sim que há alternativas e sim que há dinheiro.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A repressom militar (democrácia blindada) como saida do saqueio capitalista europeio.? BASENAME: canta-o-merlo-a-repressom-militar-como-saida-do-capitalismo-especulativo-europeio DATE: Fri, 20 Jul 2012 00:18:47 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

IAR-Noticias

O sistema (económico, político e social) capitalista baseia-se sobre três piares essenciais:

A) Consumo maciço (que alimenta os ciclos de ganho capitalista com o mercado).

&amp;#66;&amp;#41; Voto "popular" (que alimenta e permite o controlo político e social sem repressom militar).

C) Credibilidade social (que alimenta a sobrevivência institucional do sistema capitalista).

Este três factores, que conformam a coluna vertebral do sistema espoliador capitalista erigido como "civilizaçom única" a escala global, hoje encontram-se em risco imediato por causa da crise económico financeira que derivou primeiro em crise recessiva, e logo em crise social como emergente dos ajustes selvagens, à persistência do desemprego e o achicamento do consumo popular.

Com Estados crebados pola crise fiscal, com umha recuperaçom ainda débil da recessom (com países que seguem desacelerados), mercados financeiros volatizáveis (volta à desconfiança do sobe e baixa), contracçom do crédito orientado à produçom, consumo social sem recuperaçom, baixas de arrecadaçom e subas siderais do deficit, desemprego maciço e ajustes salariais em ascensom, a "bomba social" (emergente da crise e dos ajustes) já assoma como o desfecho mais lógico na Eurozona.

O sistema de gobernabilidade político e económico da Eurozona hoje encontram-se em risco de dissoluçom por causa da "crise financeira" que derivou primeiro em crise recessiva", logo em crise fiscal" dos Estados, e que agora se converteu em crise social" da mao dos ajustes, os despedimentos laborais e o achicamento do consumo popular.

Esta dialéctica de acçom-reacçom é o que define, em forma totalizada, um fenómeno que excede a denominaçom reducionista de crise económica" com o que os analistas do sistema qualificam o actual colapso económico europeu.

O capitalismo central europeu (tanto como EEUU) nom está em crise económica", senom em crise total", e no final do processo, se quer superviver como bloco, deverá deitar mao ao único que pode preservar o seu domínio: A repressom militar.

Essa é a leitura imediata que surge do processo europeu com Estados crebados e ajustes selvagens, que profunda o desemprego em massa e a crise de credibilidade social nos políticos e nas instituiçons das potências centrais que se estende aos países emergentes e periféricos da Ásia, África e América Latina.

A dinâmica histórica da crise pulveriza a coluna vertebral do sistema (consumo, voto e credibilidade social) e obrigará a mudar a estratégia de dominaçom para reciclar um novo processo de controlo político e social.

Que alguns peritos e analistas já visualizam como o começo de um novo processo de procura do controlo (gobernabilidade económica, política e social) contido nos marcos de umha democracia blindada.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os sicários do P.P.: Chumbo e cadeia para os mineiros, especulaçom e enriquecimento para Goldman Sachs BASENAME: canta-o-merlo-o-sicarios-do-p-p-chumbo-e-cadeia-para-os-mineiros-especulacom-e-enriquecimento-para-goldman-sachs DATE: Thu, 19 Jul 2012 23:51:23 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

Goldman Sachs começa a descargar carvom colombiano nas Astúrias

No Musel continua a descarga de carvom colombiano pertencente ao banco de investimentos Goldman Sachs.
As labores centram-se no transporte do carvom em camions desde a terminal de graneis sólidos, EBHISA, onde se acumulam umhas 100.000 toneladas, até a doca norte da ampliaçom do Musel, onde se descarregárom já mais de 50 toneladas.
Ademais, espera-se a chegada de um segundo barco procedente de Colombia com outras 150.000 toneladas.
Goldman Sachs, que nom quis dar informaçom a respeito disso, fai provisom do carvom à espera de que suba o preço para o revender à térmica de Aboño.
A operaçom foi negociada polo ex director da Autoridade Portuária, Julho da Cova, o passado mês de Abril.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Eleições em Cuba: breve análise de um modelo de democracia BASENAME: canta-o-merlo-eleicoes-em-cuba-breve-analise-de-um-modelo-de-democracia-1 DATE: Sun, 15 Jul 2012 14:34:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O sistema eleitoral cubano talvez seja um dos mais democráticosda atualidade. Seu estudo descortina um horizonte político desconhecido de muitos: a participação livre, o alto índice de comparecimento dos eleitores, a desvinculação ao modelo partidarista, a escolha dos candidactos pelos próprios eleitores, etc.Tudo isso desaguando num sistema misto de participação directa e indirecta.

Por Gabriela de Souza Guedes*, em Solidários

O actual modelo foi instituído pela Reforma Constitucional de1975, após um período de transição sem eleições (1959-1975), considerado necessário para o amadurecimento do processo revolucionário, para as adaptações das instituições políticas e a contenção de uma forte resistência contrarrevolucionária.

Candidatos são indicados pelos eleitores, não pelos partido

O novo sistema reintroduziu a participação popular em novos moldes de representatividade e participação, desenvolvidos segundo as peculiaridades históricas, políticas e geográficas da ilha.

Actualmente em Cuba são realizadas eleições gerais a cada cinco anos e eleições parciais a cada dois anos e meio, visando preencher as vagas da Assembleia Nacional do Poder Popular (deputados/mandato 5 anos), das Assembleias Provinciais do PoderPopular (delegados/mandato de 5 anos) e das Assembleias Municipais do Poder Popular (delegados/mandato de 2,5 anos), sendo esta a base do sistema representativo.

Para a escolha dos delegados e deputados o voto é directo e a Assembleia Nacional do Poder Popular elege, dentre seus deputados, o Conselho de Estado, integrado por um presidente, um primeiro vice-presidente, cinco vice-presidentes, um secretário e vinte e três membros. O presidente do Conselho de Estado é Chefe de Estado e Chefe de Governo, cargo ocupado actualmente por Rául Castro.

Eleitores podem revogar mandatos

Uma característica importante desse sistema é que os mandatos podem ser revogados: o eleitor poderá destituir o delegado eleito, caso este descumpra as obrigações assumidas com sua base eleitora ou não preste contas devidamente. Destaca-se, também, que pode haver acumulação de cargos nas Assembleias, ou seja, a mesma pessoa pode exercer simultaneamente diversos cargos electivos.

Com relação à remuneração, a Constituição (artigo 82) estabelece que durante o tempo em que desempenham suas funções políticas, os deputados recebem o mesmo salário de seu "posto de trabalho", mantendo o vínculo com este para todos os efeitos.

Com a Reforma Constitucional, a participação do eleitor apresentou-se pela forma do voto universal, secreto e livre, calcado somente na consciência política do cidadão, sendo que desde outubro de 1976 (primeira experiência do novo modelo) a participação do eleitorado sempre esteve acima de 96%.

Não há na Constituição de Cuba nem na Lei Eleitoral a referênciaà necessidade de se estar filiado a partido político para concorrer. Consequentemente, a eleição é feita pelo modelo majoritário, sendo necessária a obtenção de mais da metade do número de votos válidos na respectiva base eleitoral (Nacional, Provincial ou Municipal).

Um novo modelo de democracia

No actual sistema, as candidaturas para Assembleia Municipal do Poder Popular são indicadas pelo próprio eleitor em Assembleia criada para este fim. Esse mecanismo é coordenado pelas Comissões de Candidatura e todos os eleitores participantes têm direito a propor candidatos a delegados e resulta indicado aquele que obtiver maior número de votos.

O sistema eleitoral cubano apresenta inovações importantes sobre bases clássicas da ciência política, em um novo modelo democrático dentro de um governo socialista, demonstrando claramente que a democracia não está vinculada ao modelo capitalista. Porém, percebe-se que o conhecimento desta realidade somente está disponível para quem se dispõe a furar o bloqueio estadunidense, que muito além de econômico, actua incessantemente nas fronteiras da informação.

* Gabriela de Souza Guedes é especialista em História da América Latina pela URI - Campus Erechim, graduada em Direito e servidora da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-R

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Em Cuba haverá eleiçons em Outubro. Por quê nom se apresenta a dissidência? BASENAME: canta-o-merlo-em-cuba-havera-eleicons-em-outubro-por-que-nom-se-apresenta-a-dissidencia DATE: Sun, 15 Jul 2012 14:25:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Em Cuba haverá eleiçons em Outubro. Por quê nom se apresenta a dissidência?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Estado espanhol alcança o maior índice de miséria da Europa BASENAME: canta-o-merlo-o-estado-espanhol-alcanca-o-maior-indice-de-miseria-em-toda-a-europa DATE: Fri, 13 Jul 2012 08:52:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

12/07/12.-Com umha média nacional que se situa em 26,4 por cento, Espanha alcançou o maior índice de Miséria de toda a Europa, assim o revelou nesta quinta-feira um estudo da Associaçom de Grandes Empresas de Trabalho Temporária (Agett). Apontado em diferentes meios nacionais e internacionais, a investigaçom, que cruza as taxas de desemprego e inflaçom para conhecer o deterioro dos níveis de vida dos espanhóis, destaca que a taxa de miséria incrementou-se 15,5 por cento em cinco anos, já que em 2007 calculava-se em 10,89 por cento.

O estudo também precisa que o crescimento do desemprego subiu case 16 pontos, enquanto que a inflaçom reduziu-se 0,47 por cento. Nesta linha, no último ano o índice avançou 1,62 por cento, porque o desemprego cresceu 3,15 pontos e a inflaçom caiu 1,53 por cento; destaca o estudo.

Dividida em comunidades, Andaluzia (sul) é a que regista umha maior taxa; na que case 35 por cento da populaçom vive na miséria. Seguidamente estám Estremadura (sudoeste) e Canárias (ilhas), com taxas superiores a 33 por cento. Em tanto, à beira oposto situa ao País Basco, onde a miséria afecta a 15 por cento dos cidadaos, case 10 pontos por baixo da média nacional.

"A situaçom também é mais favorável em Navarra (norte), Cantabria (norte) e Aragón (nordés)", agrega o texto do Agett que sustém que "evidentemente, as enormes diferenças que existem entre os Índices de Miséria entre umhas comunidades autónomas e outras consiste essencialmente no deterioro do mercado de trabalho".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Eleições em Cuba: breve análise de um modelo de democracia BASENAME: canta-o-merlo-eleicoes-em-cuba-breve-analise-de-um-modelo-de-democracia DATE: Thu, 12 Jul 2012 14:29:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O sistema eleitoral cubano talvez seja um dos mais democráticosda atualidade. Seu estudo descortina um horizonte político desconhecido de muitos: a participação livre, o alto índice de comparecimento dos eleitores, a desvinculação ao modelo partidarista, a escolha dos candidatos pelos próprios eleitores, etc.Tudo isso desaguando num sistema misto de participação direta e indireta.

Por Gabriela de Souza Guedes*, em Solidários

O atual modelo foi instituído pela Reforma Constitucional de1975, após um período de transição sem eleições (1959-1975), considerado necessário para o amadurecimento do processo revolucionário, para as adaptações das instituições políticas e a contenção de uma forte resistência contrarrevolucionária.

Candidatos são indicados pelos eleitores, não pelos partido

O novo sistema reintroduziu a participação popular em novos moldes de representatividade e participação, desenvolvidos segundo as peculiaridades históricas, políticas e geográficas da ilha.

Atualmente em Cuba são realizadas eleições gerais a cada cinco anos e eleições parciais a cada dois anos e meio, visando preencher as vagas da Assembleia Nacional do Poder Popular (deputados/mandato 5 anos), das Assembleias Provinciais do PoderPopular (delegados/mandato de 5 anos) e das Assembleias Municipais do Poder Popular (delegados/mandato de 2,5 anos), sendo esta a base do sistema representativo.

Para a escolha dos delegados e deputados o voto é direto e a Assembleia Nacional do Poder Popular elege, dentre seus deputados, o Conselho de Estado, integrado por um presidente, um primeiro vice-presidente, cinco vice-presidentes, um secretário e vinte e três membros. O presidente do Conselho de Estado é Chefe de Estado e Chefe de Governo, cargo ocupado atualmente por Rául Castro.

Eleitores podem revogar mandatos

Uma característica importante desse sistema é que os mandatos podem ser revogados: o eleitor poderá destituir o delegado eleito, caso este descumpra as obrigações assumidas com sua base eleitora ou não preste contas devidamente. Destaca-se, também, que pode haver acumulação de cargos nas Assembleias, ou seja, a mesma pessoa pode exercer simultaneamente diversos cargos eletivos.

Com relação à remuneração, a Constituição (artigo 82) estabelece que durante o tempo em que desempenham suas funções políticas, os deputados recebem o mesmo salário de seu "posto de trabalho", mantendo o vínculo com este para todos os efeitos.

Com a Reforma Constitucional, a participação do eleitor apresentou-se pela forma do voto universal, secreto e livre, calcado somente na consciência política do cidadão, sendo que desde outubro de 1976 (primeira experiência do novo modelo) a participação do eleitorado sempre esteve acima de 96%.

Não há na Constituição de Cuba nem na Lei Eleitoral a referênciaà necessidade de se estar filiado a partido político para concorrer. Consequentemente, a eleição é feita pelo modelo majoritário, sendo necessária a obtenção de mais da metade do número de votos válidos na respectiva base eleitoral (Nacional, Provincial ou Municipal).

Um novo modelo de democracia

No atual sistema, as candidaturas para Assembleia Municipal do Poder Popular são indicadas pelo próprio eleitor em Assembleia criada para este fim. Esse mecanismo é coordenado pelas Comissões de Candidatura e todos os eleitores participantes têm direito a propor candidatos a delegados e resulta indicado aquele que obtiver maior número de votos.

O sistema eleitoral cubano apresenta inovações importantes sobre bases clássicas da ciência política, em um novo modelo democrático dentro de um governo socialista, demonstrando claramente que a democracia não está vinculada ao modelo capitalista. Porém, percebe-se que o conhecimento desta realidade somente está disponível para quem se dispõe a furar o bloqueio estadunidense, que muito além de econômico, atua incessantemente nas fronteiras da informação.

* Gabriela de Souza Guedes é especialista em História da América Latina pela URI - Campus Erechim, graduada em Direito e servidora da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: 17 golpes de estado na Europa Governo pelos bancos e para os bancos BASENAME: canta-o-merlo-17-golpes-de-estado-na-europa-governo-pelos-bancos-e-para-os-bancos DATE: Mon, 09 Jul 2012 17:11:24 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

MEE = 17 golpes de estado na Europa
Governo pelos bancos e para os bancos

por Ellen Brown [*]

Na sexta-feira, 29 de Junho, a chanceler alemã Angela Merkel aceitou mudanças num fundo permanente de salvamento da eurozona ? "antes a tinta estava seca", como se queixavam alguns críticos. Além de facilitar as condições em que os salvamentos seriam concedidos, as concessões incluíram um acordo em que fundos destinados a governos endividados poderiam ser canalizados directamente para bancos aflitos .

Segundo Gavin Hewitt , editor de Europa da BBC News, as concessões significam que:

O fundo de salvamento da eurozona (suportado pelo dinheiro dos contribuintes) estará a tomar uma participação em bancos fracassados.

O risco foi agravado. Os contribuintes alemães aumentaram os seus passivos. No futuro, um crash bancário já não cairá sobre os ombros de tesouros nacionais e sim sobre o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), um fundo para o qual a Alemanha contribui com a maior parte.

No curto prazo, estas medidas facilitarão a pressão nos mercados. Contudo, actualmente há apenas 500 mil milhões de euros assinalados para o MEE. Essa quantia ser engolida rapidamente e os mercados podem exigir mais. Ainda não está claro quão profundos são os buracos nos bancos da eurozona.

O MEE agora é um fundo de salvamento permanente para bancos privados, uma espécie de "previdência para os ricos". Não há tecto nas obrigações a serem subscritas pelos contribuintes, nem espaço para negociar e nenhum recurso a tribunal. Suas disposições amedrontadoras foram resumidas num vídeo do youtube de Dezembro de 2011, originalmente apresentado em alemão, intitulado "A verdade chocante do iminente colapso da UE!" (ver acima, legendado em português).

O tratado estabelece uma nova organização intergovernamental para a qual exigem-nos transferir activos ilimitado dentro de sete dias se for requerido, uma organização que pode processar mas está imune a qualquer forma de processo e cujos administradores desfrutam da mesma imunidade. Não há revisores independentes e não existem leis a aplicar. Os governos não podem actuar contra ele. Os orçamentos nacionais da Europa estão nas mãos de uma única organização intergovernamental não eleita.

Aqui estão algumas das disposições chave do MEE :

[Artigo 8]: "O capital autorizado será de ?700 mil milhões".

[Artigo 9]: "Os membros do MEE por este instrumento comprometem-se irrevogavelmente e incondicionalmente a pagar qualquer chamada de capital que lhes seja feita ... tal pedido será pago dentro de sete dias após o recebimento".

[Artigo 10]: "O Conselho de Governadores ... pode decidir mudar o capital autorizado e emendar o Artigo 8 ... em consequência".

[Artigo 32, parágrafo 3]: "O MEE, suas propriedades, fundos e activos ... desfrutarão de imunidade em relação a toda forma de processo judicial ..."

[Artigo 32, parágrafo 4]: "As propriedades, fundos e activos do MEE serão ... imunes a investigação, requisição, confisco, expropriação ou qualquer outra forma de captura, tomada ou arresto por acção executiva, judicial, administrativa ou legislativa".

[Artigo 30]: "... Governadores, Governadores suplentes, Directores, Directores suplentes, bem como o Director Administrador e outros membros do staff serão imunes a procedimentos legais quanto a actos desempenhados por eles na sua função oficial e desfrutarão de inviolabilidade em relação aos seus papeis e documentos oficiais".

E isto foi antes das recentes concessões de Merkel, a qual permitiu este endividamento ilimitado ser canalizado directamente para os bancos.

Por que Merkel cedeu?

"As reacções quanto voltou para casa foram devastadoras", relatou Der Spiegel. "A impressão era que [Merkel] fora manobrada pelo primeiro-ministro italiano Mario Monti e o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy.

Até 21 de Junho, 13 dos 17 países ainda não haviam ratificado o MEE [NR] e a mais importante ratificação necessária era a da Alemanha, a maior economia na Eurozona. Anteriormente, Angela Merkel opusera-se a utilizar o fundo de salvamento para despejar dinheiro directamente dentro de bancos europeus aflitos. Mas na cimeira da UE que começou quinta-feira e arrastou-se até bem tarde da noite, ela finalmente aquiesceu. Na noite de sexta-feira passada, deputados alemães votaram por 493-106 a favor dos ?700 mil milhões do fundo de salvamento permanente.

O que levou Merkel a recuar? Segundo um artigo em The Economist, a última noite foi "preenchida com logros e fanfarronadas", nas quais

Mariano Rajoy, o primeiro-ministro espanhol ..., juntamente com Mario Monti da Itália, ameaçaram bloquear qualquer acordo na cimeira a menos que suas exigências fossem atendidas. O sr. Rajoy foi satisfeito, mas o mesmo não é verdadeiro em relação ao sr. Monti, que foi o mais inflexível dos dois.

O sr. Monti declarou-se satisfeito, mas provocou considerável irritação juntos aos parceiros. Dentre os acordos que ele bloqueou estava o "pacto de crescimento", um conjunto de medidas de estímulo.

O que Monti alcançou com esta manobr não ficou claro:

"Quem precisa de pacto de crescimento? Não a Alemanha", disse um participante perplexo. Os falcões fiscais da eurozona dizem que o mecanismo de compra de títulos será pouco diferente do sistema existente. "Mario Monti ergueu uma arma contra a cabeça e ameaçou atirar sobre si próprio". No fim, feriu-se no ombro", disse um diplomata desdenhoso.

Talvez. Ou talvez o mecanismo de compra de títulos não fosse realmente assim.

O golpe de estado italiano

Há razão para suspeitar que o "Super Mario" Monti pode ser a representar outros interesses diferentes daqueles do seu país. Ele subiu ao poder na Itália em Novembro último naquilo que certos críticos chamaram um "golpe de estado" engendrado por banqueiros e a União Europeia". Ele não foi eleito mas intrometeu-se depois de o primeiro-ministro Silvio Berlusconi renunciar sob coação.

Monti é não só um "conselheiro internacional" do Goldman Sachs, uma das mais poderosas firmas financeiras do mundo, como também um líder do Grupo Bilderberg e da Comissão Trilateral. Num artigo em The New American, Alex Newman chama estes grupos clandestinos de "duas das mais influentes cabalas hoje existentes". Monti está listado como membro do comité de direcção no sítio web oficial de Bilderberg e como o presidente do Grupo Europeu no sítio web da Comissão Trilateral.

A Comissão Trilateral como co-fundada em 1973 por David Rockefeller e Zbigniew Brzezinski, também participantes de Bilderberg. A Comissão Trilateral formou-se a partir da tese de 1970 de Brzezinski, Between Two Ages: America's Role in the Technetronic Era, de que era necessária uma política coordenada entre países desenvolvidos a fim de conter a instabilidade global que irrompia da crescente desigualdade económica. Ele escreveu no seu livro de 1997, The Grand Chessboard, que seria difícil alcançar um consenso sobre estas questões "excepto na circunstância de uma ameaça externa directa realmente maciça e amplamente percebida".

Naomi Klein chamou-o "a doutrina de choque" ? um desastre induzido forçando medidas de austeridade sobre países soberanos. Em desespero, eles obedeceriam, renunciando o direito soberano dos governos para um corpo não eleito de tecnocratas. E é isto que o MEE parece alcançar.

Rockefeller notoriamente escreveu na sua autobiografia de 2002: "Alguns acreditam mesmo que somos parte de uma cabala secreta a trabalhar contra os melhores interesses dos Estados Unidos, caracterizando minha família e eu como "internacionalistas" e de conspirar com outros por todo o mundo para construir uma estrutura política e económica global mais integrada ? um mundo, se você quiser. Se esta é a acusação, declaro-me culpado e estou orgulhoso disso".

A aplicar a Doutrina de Choque

Num outro golpe de banqueiros em Novembro último, Mario Draghi, o antigo executivo da Goldman Sachs, substituiu Jean-Claude Trichet como governador do Banco Central Europeu. O Mecanismo Europeu de Estabilidade seguiu-se rapidamente. Era um instrumento de resgate permanente destinado a substituir certos instrumentos temporários tão logo os estados membros o houvessem ratificado, o que deve ocorrer em 1 de Julho de 2012. O MEE foi submetido a uma votação inicial em Janeiro de 2012, quando foi aprovado na calada da noite mal havendo menção na imprensa.

As modificações recentes foram também acordadas na calada da noite, ostensivamente porque a Itália e a Espanha estavam aflitas onerosas altas taxas de juro. Mas há outras maneiras de deitar abaixo taxas de juro sobre dívida soberana além de impor a países inteiros pactos ilimitados para salvar bancos privados perpetuamente com somas ilimitadas, na esperança de que em troca os bancos possam salvar os governos.

O défice orçamental de 2012 dos Estados Unidos é significativamente pior do que o da Itália ou o da Espanha, mas de certo modo os EUA conseguiram gerir para manter as taxas de juro sobre a sua dívida em registos baixos. Como conseguiu?

Uma teoria é que US$57 milhões de milhões do JP Morgan em swaps de taxas de juro tem algo a ver com isso. Uma outra explicação, entretanto, é que o Fed simplesmente interveio como prestamista de último recurso e comprou qualquer dívida não vendida à baixa taxa de juro estabelecida pelo Tesouro, utilizando a "quantitative easing" (dinheiro criado num écran de computador). Entre Dezembro de 2008 e Junho de 2011, o Fed comprou colossais US$2,3 milhões de milhões de títulos dos EUA e duas rodadas de quantitative easing. Por que o Banco Central Europeu não pode fazer a mesma coisa? A resposta é que há regra em contrário, mas regras são apenas acordos arbitrários. Elas podem ser mudadas por acordo ? e muitas vezes isso tem acontecido , para salvar os bancos.

Como observou o cínico citado no artigo acima em The Economist, o mecanismo de compra de títulos para países sobre o MEE será pouco diferente do sistema existente. Mario Monti disse que o plano apoiará preços de títulos do governo "só em países que cumpram objectivos fiscais e que ele actuará como um incentivo para os governos seguirem políticas virtuosas". Isso significa evitar défices, mesmo que exija ainda mais medidas de austeridade e venda de activos. No nível público, isso poderia significar tesouros nacionais como a Acrópole. No nível privado, The New York Times informou sexta-feira que alguns desempregados europeus chegavam até a vender os seus rins para pagar despesas familiares. A doutrina de choque, parece, chegou à porta dos privilegiados ocidentais.

Os diplomatas alemães na negociação do MEE deixaram abertas algumas janelas de escape, incluindo um pedido ao mais alto tribunal da Alemanha para o presidente do país não assinar os tratados convertendo-o em lei até que uma revisão legal possa ser completada. Espera-se que pelo menos 12 mil queixas sejam apresentadas ao Tribunal Constitucional Federal quanto ao MEE e o seu impacto fiscal. A revisão legal poderia concluir que o MEE sequestra ilegalmente fundos dos contribuintes em proveito da banca privada.

Uma coisa é compartilhar recursos nacionais para salvar outros governos soberanos, outra muito diferente é preencher um cheque em branco para salvar os bancos privados perdulários que precipitaram a retracção global. A Europa tem uma forte tradição de bancos de propriedade pública. Se o povo deve arcar os custos, o povo deveria possuir os bancos e colher os benefícios.
02/Julho/2012

[NR] O parlamento português foi um dos primeiros. A Assembleia da República ratificou o Tratado do MEE em 13/Abril/2012, com os votos favoráveis dos deputados do PS, PSD e CDS. Não se sabe quantos desses deputados leram o tratado que aprovaram e, dos que leram, quantos o entenderam.

Da mesma autora em resistir.info:
O Mecanismo Europeu de Estabilização, ou como a Goldman Sachs capturou a Europa
Armas nucleares ou juros compostos?

[*] Autora de Web of Debt: the Shocking Truth About Our Money System e How We Can Break Free. Seu sítio web: http://www.webofdebt.com/

O original encontra-se em www.counterpunch.org/2012/07/02/government-by-the-banks-and-for-the-banks/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A saída de Espanha do euro BASENAME: canta-o-merlo-a-saida-de-espanha-do-euro DATE: Tue, 03 Jul 2012 22:21:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Vicenç Navarro ""Esta situaçom é insustentável e intolerável. Condena a várias geraçons a um futuro miserável. Por isso é polo que devesse considerar-se o até agora impensável: a saída de Espanha do euro. "" Quando se iniciará tal debate em Espanha?

Este artigo analisa as causas de que se estejam seguindo as políticas neoliberais que estám a danar de jeito cumprido o bem-estar das classes populares dos países da Eurozona e muito em particular dos países periféricos da Eurozona. Estas políticas estám a ser impostas polo Conselho Europeu, a Comissom Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional com o fim de debilitar ao mundo do trabalho e ao Estado do Bem-estar. Devido ao enorme domínio de tal pensamento nas estruturas da Eurozona, o artigo conclui com a necessidade de que se abra um debate em Espanha sobre se nom seria umha alternativa melhor à Recessom, e logo Depressom resultado das políticas neoliberais, a saída de Espanha do euro.

Vicenç Navarro
Estamos a ver durante estes anos de crises a tentativa mais intensa e maciço por parte das autoridades da eurozona "Banco Central Europeu (BCE), Conselho Europeu e Comissom Europeia" assim como do Fundo Monetário Internacional (FMI) de debilitar, em cada país da zona euro, o mundo do trabalho, a protecçom social e o Estado do bem-estar. A evidência disso é contundente. Recortes de direitos laborais e sociais e de gasto público social estám a ocorrer ao longo dos países da eurozona, dando-se com especial intensidade nos países da periferia da eurozona, conhecidos como os PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). Nom passa dia sem que notícias sobre recortes e reduçom de direitos golpeiem as páginas das rotativas de maior difusom. A generalizaçom de tais medidas na maioria de países da eurozona apresenta-se como um indicador do seu inevitabilidade, é dizer, da necessidade de que levem a cabo para sair da crise.
A evidência que se haver ir acumulando amostra, contodo, que tais medidas nom só nom estám a contribuir à saída da crise e da recessom, senom que a estám piorando. Os dados reflectem claramente que tais políticas estám a reduzir ainda mais a demanda necessária para estimular a economia. E posto que a demanda gerada no sector privado está estagnada (resultado em Espanha do enorme buraco criado na economia polo estalido da borbulha imobiliária), o único sector que poderia estimular a economia é o sector e o gasto público. Por isso é polo que a reduçom de tal gasto público seja um grande erro, pois impossibilita a saída da crise. De novo, a evidência disso é abafadora. Só os economistas e políticos neoliberais, que dominam os meios de maior difusom, continuam repetindo a dogma neoliberal que está já profundamente desacreditado empiricamente.
Por que entom se estám impondo tais políticas" É mais que duvidoso que as autoridades da eurozona e do Fundo Monetário Internacional nom conheçam a abafadora evidência que mostra o insucesso de tais políticas. O facto de que, apesar de ser conscientes do dano de tais políticas ao bem-estar da maioria da cidadania e à própria economia, continuem impondo-as deve-se a que estám a utilizar esta situaçom de enorme crise (acentuando-a inclusive) o fim de forçar com maior contundência o que os grupos dominantes nestas instituiçons (o capital financeiro, é dizer, a banca e as grandes empresas transnacionais sempre desejaram: debilitar ao mundo do trabalho e ao Estado do bem-estar.
Mais e mais informaçom está a fazer-se pública mostrando o tipo de pressons que tais organizaçons (e, muito em especial, o BCE e o binómio Merkel-Sarkozy) estiveram realizando para que os governos recebam "ajudas" (ponho-o entre aspas porque umha percentagem de tais transferências está encaminhado a que os estados receptores podam pagar as suas dívidas públicas aos bancos alemás e franceses, entre outros). O Banco Central Europeu supedita estas ajudas "em forma de compra de dívida pública" a que fagam reformas que claramente debilitem o mundo do trabalho (tais como eliminar a indexaçom dos salários ou a descentralizaçom dos convénios colectivos) e reduzam os seus estados do bem-estar (tais como a privatizaçom das pensons ou dos serviços sanitários), todas é-las medidas que tem muito pouco que ver com a génese da crise ou com a saída dela. O argumento que utilizam para justificar a imposiçom de tais políticas é que aumentárom a competitividade da economia dos países PIIGS e com isso aumentárom as exportaçons, que devessem ser o motor do crescimento económico e a saída da crise.
De novo, a evidência existente (que é também bastante abafadora) questiona que os países PIIGS podam sair da crise a base de tais políticas, pois o maior problema que tem estes países nom é nem o seu inexistente elevado gasto público, incluído o social (que é dos mais baixos da UE), nem a falta de competitividade (as exportaçons continuaram crescendo em Espanha durante a crise), senom a sua escassísima demanda. Mas o facto de que a evidência mostre que este argumento é erróneo ou falso nom lhes trava para que continuem impondo tais políticas, admitindo, como fam os economistas Kenneth Rogoff e Cármen Reinhart, muito influentes no FMI, que o impacto de tais políticas supostamente positivas nom se verá por muito tempo, de dez a quinze anos a partir de agora...
Esta situaçom é insustentável e intolerável. Condena a várias geraçons a um futuro miserável. Por isso é polo que devesse considerar-se o até agora impensável: a saída de Espanha do euro. Nom há dúvida de que seria um passo difícil, mas nom necessariamente pior que o que se predizer para o próximos dez e quinze anos. Alternativas, em contra do que dizem Rogoff e Reinhart, existem. Salvando as diferenças (que as há) entre Argentina e Espanha, o facto é que Argentina em 2001, trás romper a paridade com o dólar e as políticas impostas polo FMI, baixo o Governo Kirchner, recuperou o seu próprio controlo do valor da moeda e do seu Banco Central, permitindo-lhe em três anos que o seu PIB fosse já o que existia antes da crise, sendo a partir de entom o país da América do Norte Latina que tivo maior crescimento económico. Letónia, em mudança, seguiu as políticas que está a impor o FMI e hoje o seu PIB é um 20% inferior ao que tinha ao iniciar-se a crise. É importante que para o bem das classes populares inicie-se um debate em Espanha sobre os excessivos custos de pertencer ao euro, e dos que a populaçom parece ser já consciente. Segundo um recente inquérito, 70% da populaçom espanhola tem maiores reservas para o euro. Quando se iniciará tal debate em Espanha?

http://www.larepublica.es/2012/07/salirse-del-euro/

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Economia política do "sistema euro" BASENAME: canta-o-merlo-economia-politica-do-sistema-euro DATE: Mon, 02 Jul 2012 17:31:19 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Michel Husson [*]

1. Uma construção incoerente
2. Os determinantes da inflação estrutural
3. A balança corrente, primeira "variável de fuga"
4. As taxas de juro reais, segunda "variável de fuga"
5. A báscula alemã
6. Um indicador sintético de divergência
7. Da recessão à crise da dívida
8. A história do euro: uma história simplificada
9. O retorno do constrangimento externo
10. Face à derrocada
11. Uma crise do sistema euro, para além da crise das dívidas soberanas
12. Romper com o sistema euro em nome de um outro projecto europeu
Anexo 1 ? Custo salarial, parte dos salários e competitividade
Anexo 2 ? A equação de equilíbrio dos saldos
Referências

Este artigo procura mostrar como a crise actual da zona euro remete aos defeitos originais de concepção do "sistema euro" cujas contradições, reveladas pela crise financeira, são de natureza estrutural. Esta demonstração é efectuada utilizando uma metodologia estatística e analítica que dá a este estudo um carácter "técnico". Mas trata-se de uma etapa necessária para desembocar num diagnóstico mais sólido sobre as saídas possíveis da crise actual, ou antes da sua dimensão especificamente europeia. Esta crise tem raízes mais profundas que os sintomas na qual se encarna, ou seja, uma crise das dívidas soberanas. À partida, não existem senão duas saídas que proporcionem uma resposta adaptada à natureza estrutural da crise europeia: ou o rebentamento do sistema euro, ou a sua refundação radical. As outras limitam-se a adiar as contradições no tempo ou a programar uma regressão socialmente inaceitável.

O sistema euro designa aqui o conjunto constituído pela moeda única e as regras que tem acompanhado sua aplicação (das quais a maior parte referem-se ao conjunto da União Europeia), nomeadamente o pacto orçamental, as funções atribuídas ao Banco Central Europeu (BCE), a estreiteza do orçamento europeu e a recusa da harmonização.

A análise abrange onze países, a saber, os países membros da zona euro desde a sua constituição em 1999, dos quais se exclui o Luxemburgo e aos quais se acrescenta a Grécia, que a integrou em 2011 [1] . Distinguem-se dois grandes grupos de países [2] . O "Norte" agrupa cinco países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Finlândia e Países Baixos. O "Sul" compreende a Espanha, a Grécia, a Irlanda, a Itália e Portugal. O décimo primeiro país é a França que se põe à parte na medida em que ocupa mais frequentemente uma posição intermediária.

1. Uma construção incoerente

A passagem ao euro era combinada com duas regras essenciais: a fixação de normas orçamentais (3% do PIB par o défice, 60% para incorrer da dívida) e as modalidades de funcionamento do BCE: independência, um único objectivo (o controle da inflação) e a proibição de financiar os défices públicos. Nestas condições, em que o instrumento da taxa de câmbio desaparecia, a única variável de ajustamento tornava-se o salário, e esta é a razão porque hoje se fala em "desvalorização interna" para designar as políticas de austeridade salarial.

Esta construção repousava sobre uma hipótese subjacente, que um certo número de economistas recusava na época e que muitos descobriram tardiamente. Esta hipótese era que as disciplinas orçamentais e salariais, decorrentes da liberalização dos movimentos de capitais, bastariam para assegurar a convergência das economias da zona euro.

As coisas não se passaram como previsto e o objecto deste artigo é compreender os encadeamentos que conduziram à crise actual que atinge os próprios fundamentos do sistema euro. Partir-se-á aqui de um aparente paradoxo: os países do Sul viram a sua competitividade-preço degradar-se, muito embora a parte dos salários tenha recuado nestes países. Esta constatação aponta um fenómeno maior que servirá de ponto de partida: as taxas de inflação não convergiram apesar de uma baixa generalizada da parte dos salários no valor acrescentado (Husson, 2010). Esta última tendência implica que os salários reais progrediram menos rapidamente que a produtividade do trabalho ou, dito de outra forma, que a competitividade medida pelos custos salariais não tem razão a priori para estar degradada devido a uma derrapagem dos salários. A disciplina salarial actuou efectivamente mas isso não bastou para assegurar a convergência das taxas de inflação.

Ora, a competitividade de um país pode degradar-se de duas maneiras: seja porque o custo salarial unitário [3] do país considerado aumenta mais rapidamente que o dos seus concorrentes, seja porque a inflação é mais rápida neste país, A primeira causa está excluída: em regra geral, o custo salarial unitário real manteve-se ou baixou devido à baixa da parte dos salários. Tomemos o exemplo da Grécia. Constata-se que a parte dos salários está orientada para a baixa desde meados dos anos 1980 e que continua a estar após a entrada no euro em 2001. Ela não recomeça a aumentar senão nos anos que antecedem a crise (gráfico 1). O mesmo gráfico permite constatar que a evolução do custo salarial unitário real apresenta uma evolução absolutamente semelhante.

Gráfico 1.

Nestas condições, a competitividade-preço da Grécia não pôde degradar-se devido a um crescimento excessivo do salário real ou, dito de outra forma, superior ao da produtividade. É preciso portanto inferir que ela resulta de uma alta mais rápida do nível dos preços. É o que permite verificar o gráfico 2: a perda de competitividade-preço relativamente à média da zona euro não resulta de uma deriva salarial mas, no essencial, de um aumento dos preços mais rápido.

Gráfico 2.

Esta primeira referenciação feita sobre o caso limite da Grécia pode ser generalizada ao conjunto da zona. Em todos os países, praticamente sem excepção, a configuração é semelhante: o custo salarial unitário real varia relativamente pouco, de tal modo que o essencial do aumento do custo salarial unitário expresso em euros correntes é imputável ao aumento dos preços. A comparação entre o Sul e o Norte revela dois fenómenos: no Sul, o custos salarial unitário real é praticamente constante, mas baixa no Norte, principalmente devido à política de congelamento dos salários efectuada na Alemanha. Mas, tudo o mais constante, os países do Sul são caracterizados por uma progressão mais rápida dos preços (gráfico 3).

Gráfico 3.

Este panorama permite reconciliar nossas duas observações iniciais. Ao longo da última década, a evolução da parte dos salários nos países da zona não mostra em parte alguma uma "derrapagem salarial". Dito de outra forma, os salários reais progrediram em fase com a produtividade do trabalho. Em contrapartida, as taxas de inflação muito diferenciadas ampliaram consideravelmente o leque dos custos salariais unitários que definem a competitividade de cada país.

Esta constatação sugere que se tome como ponto de partida da análise a existência de uma "inflação estrutural" própria de cada país. Uma tal abordagem inspira-se nomeadamente nos trabalhos de Jacques Sapir (Sapir, 2006 e 2001) e num estudo recente de dois investigadores do Asian Development Bank (Felipe, Kumar, 2011).

2. Os determinantes da inflação estrutural

O objectivo de uma união económica entre países com níveis de desenvolvimento diferentes é a priori conduzir a uma forma de harmonização e de convergência. Este processo de recuperação (rattrapage) implica um crescimento mais rápido dos países menos desenvolvidos, que geralmente é acompanhado por uma taxa de inflação mais elevada. Este enunciado contém igualmente uma contradição inicial quanto ao caminho escolhido: como conciliar o objectivo de convergência que é acompanhado por taxas de inflação diferenciadas e o estabelecimento de uma moeda única, que supõe implicitamente a convergência destas taxas de inflação?

O processo de recuperação verificou-se. A análise do período 1990-2008 mostra que os países que tinham o PIB per capita mais baixos em 1990 registaram taxas de crescimento mais elevadas. Mas esta recuperação foi acompanhada de uma inflação mais elevada: entre 2000 e 2008, os preços aumentaram 18,2% na zona euro, mas 27% no Sul, contra 11,8% no Norte. A França situa-se na média (18,4%) e a Alemanha bem abaixo (8,3%).

Esta primeira explicação da inflação estrutural pode ser combinada com uma outra que remete a factores internos das economias consideradas. A primeira tem a ver com a dinâmica entre o sector manufactureiro e o resto da economia. De um modo geral, existe um diferencial de produtividade entre estes dois grandes sectores. Admitamos que o salário real seja indexado sobre a produtividade do trabalho que em regra geral é mais rápida no sector manufactureiro. Podem-se distinguir dois casos polares no resto da economia. Se o salário real for indexado a uma produtividade menos rápida, o diferencial de produtividade entre sectores é encontrado sob a forma de uma diferença na progressão dos salários. Mas pode também acontecer que o salário do sector manufactureiro sirva de motor e arraste os salários do resto da economia. Neste caso, esta progressão do salário que tende a ultrapassar o ritmo dos ganhos de produtividade resolve-se num suplemento de inflação. Existe uma vasta literatura sobre este assunto e as configurações podem ser mais complexas, fazendo intervir também os preços relativos entre sectores. Mas a ideia geral é bastante simples: a difusão, sob a forma de salários, dos ganhos de produtividade a partir dos sectores onde eles são mais elevados para o resto da economia é fonte de inflação. Para captar esta causalidade, pode-se utilizar um indicador simples, o diferencial salarial, calculado como o afastamento médio de crescimento do salário real entre o conjunto da economia e o sector manufactureiro no período 1995-2007. Verifica-se que existe uma ligação estreita e que discrimina claramente os dez países (Irlanda excluída, por falta de dados) dos Norte e do Sul.

A inflação pode também ser o produto de um conflito de repartição, tanto mais marcado quando o nível das desigualdades de rendimentos for elevado. Constata-se que esta ligação funciona de maneira convincente: a inflação é mais elevada nos países onde o coeficiente de Gini (um indicador sintético de medida das desigualdades de rendimento) for mais elevado.

Dispõe-se no total de três linhas de explicação da inflação estrutural:

- processo de recuperação (rattrapage): medido pelo nível de PIB per capita;
- dinâmica sectorial: medida pelo diferencial salarial entre o conjunto da economia e o sector manufactureiro;
- conflito de repartição: medido pelo coeficiente de Gini.

A análise econométrica verifica a validade desta abordagem e estabelece a significância das variáveis explicativas introduzidas (enquadrado 1). Podem-se então sintetizar como se segue as determinantes da inflação estrutural:

1. A inflação é mais elevada no país em que o crescimento for mais rápido devido a um processo de recuperação;
2. A inflação é tanto mais elevada quanto a progressão do salário médio for próxima da do salário no sector manufactureiro;
3. A inflação é mais elevada no país em que o grau de desigualdade mais elevada engendra conflitos de repartição mais assinaláveis.

Enquadrado 1
Uma modelização simples da inflação estrutural

Devido a colinearidades, efectuam-se duas estimativas separadas dão os resultados abaixo:

Equação 1
infla = + 1,164 difsal + 10,0 GINI - 0,62 R2=0,953
(6,1) (4,0) (0,8)

Equação 2
infla = + 1,005 difsal - 0,096 pibt + 4,10 R2=0,916
(3,0) (2,4) (6,0)

infla: taxa de inflação (2000-2008)
difsal: diferencial salarial (1995-2007)
pibt: PIB per capital médio (1991-2000)

A média das duas estimativas pode portanto ser escrita;
infla = + 1,084 difsal + 5,0 GINI -0,048 pibt+ 1,74
Ela conduz às estimativas traçadas no gráfico 4 abaixo.

Gráfico 4.

As diferenças na taxa de inflação estrutural não se reduziram Aquilo teria podido conduzir a um ajustamento salarial. Mas a moderação salarial não foi suficiente para compensar os diferenciais de inflação porque os países "em recuperação" puderam escapar a este constrangimento devido à existência de duas "variáveis de fuga".

3. A balança corrente, primeira "variável de fuga"

Se a moeda única não houvesse sido estabelecida, estas diferenças de inflação estrutural teriam sido geridas por ajustamentos da taxa de câmbio. Na ausência desta possibilidade, os défices comerciais puderam, até certo ponto, aumentar sem força em contrário uma vez que o défice não levava a por em causa a moeda nacional. Se, por exemplo, a Espanha houvesse conservado a peseta, ela não teria podido registar um défice externo que chegou a 10% do PIB em 2007: sua moeda teria sido atacada. Há ali uma primeira "variável de fuga" em relação à lógica de disciplina salarial e orçamental do sistema euro.

No período que antecedeu a introdução do euro, o comércio das duas grandes era aproximadamente equilibrado. Mas a divergência entrelaça-se muito rapidamente com um défice crescente no Sul e o aumento dos excedentes no Norte (gráfico 5). A França ocupa, como de costume, uma situação intermediária mas o aumento recente do seu défice fá-la progressivamente pender para o lado do Sul. Quanto à zona euro no seu conjunto, seu comércio externo está tendencialmente equilibrado.

Gráfico 5.

4. As taxas de juro reais, segunda "variável de fuga"

Uma das regras do sistema euro era liberlizar os movimentos de capitais, ao passo que a taxa de juro do BCE desempenhava um papel director. Esta regra funcionou bem e conduziu a uma equalização perfeita das taxas de juro (gráfico 6ª). Mas, na medida em que os afastamentos da taxa de inflação se mantinham, e mesmo aumentavam, esta uniformidade da taxa de juro nominal é acompanhada por um afastamento crescente das taxas de juros reais líquidas da inflação própria de cada país. A tendência geral era para a baixa, mas esta foi ainda mais marcada nos países do Sul onde a inflação era mais elevadas (gráfico 6&amp;#66;&amp;#41;.

Gráfico 6.

Entre 2000 e 2007, a taxa de juro real foi assim em média de 2,7% nos países do Norte, mas só de 1,2% nos países do Sul. Estas fracas taxas de juro levaram a uma forte progressão da taxa de endividamento das famílias, de 36% no Sul, contra apenas 4% no Norte. Observa-se uma ligação significativa entre o nível médio da taxa de juro real e o crescimento do endividamento das famílias (gráfico 7). O crescimento mais elevado nos países do Sul foi portanto sustentado em parte por este processo de sobre-endividamento que a limentou as bolhas imobiliárias, nomeadamente em Espanha.

Gráfico 7.

5. A báscula alemã

A história do lugar ocupado pela economia alemã no mercado mundial pode ser contada a partir da do seu excedente comercial, medido pela sua balança corrente em proporção do PIB. Durante o período que separa as duas recessões generalizadas (1974-75 e 1980-81) o excedente anula-se progressivamente. A década de 1980 corresponde a um restabelecimento vigoroso, de tal modo que o excedente registado na véspera da reunificação é comparável àquele que se pode observar hoje. A reunificação de 1991 conduz a um desaparecimento quase instantâneo deste excedente, que permanece muito fraco durante toda a década de 1990. A viragem opera-se no princípio da década de 2000 e conduz a uma recuperação espectacular que eleva o excedente alemão até a 7% do PIB na véspera da crise (gráfico 8).

Gráfico 8.

Este restabelecimento do comércio exterior alemão foi obtido por uma verdadeira báscula salarial. Até o estabelecimento do euro, a maior parte dos países realizavam esforços de convergência, sob a forma de uma baixa do custo salarial unitário ou, o que equivale praticamente ao mesmo, de uma baixa da parte dos salários. Mas tudo muda na Alemanha a partir do princípio dos anos 2000: a parte dos salários põe-se a recuar, de maneira acelerada a partir de 2004. Em alguns anos, o custo salarial unitário real baixa cerca de 10%. No resto da zona euro, inclusive no Sul, o custo salarial unitário real (ou, dito de outra forma, a parte dos salários) não baixa mais senão a um ritmo muito lento (gráfico 9).

Gráfico 9.

Esta constatação é decisiva: a competitividade da Alemanha modificou-se brutalmente. E as taxas de inflação diferenciadas ainda agravam o afastamento. Entre 1998 e 2007, o custo salarial unitário nominal permaneceu constante na Alemanha, ao passo que aumentou 27% no Sul e 15% no conjunto constituído pela França e o Norte fora a Alemanha.

No entanto, estas modificações nas relações de competitividade não bastam para explicar a evolução das balanças comerciais. Há que acrescentar um outro elemento, em parte ligado ao anterior: o crescimento relativo da procura interna e em particular do consumo. Também aqui as diferenças de trajectória são consideráveis. Ao longo de dez anos, entre 1997 e 2007, o consumo aumentou em volume 28% na zona euro fora a Alemanha (do qual 30% pelo Sul) mas somente 9% na Alemanha. Este afastamento proporciona uma vantagem suplementar à Alemanha: o restabelecimento das margens e a quase estagnação do consumo permitem acrescer as suas capacidades produtivas. Pode-se verificar isso econometricamente (enquadrado 2): o custo salarial só por si não pode dar conta da evolução dos saldos comerciais, é preciso acrescentar um outro argumento, no caso o crescimento do consumo privado.

Enquadrado 2
Uma modelação dos saldos comerciais

A equação econométrica explica a variação do saldo comercial pelo crescimento do consumo e a do custo salarial unitário no sector exportador-manufactureiro. Ela é testada em 10 países (não há dados para a Irlanda) e dá uma estimativa de boa qualidade:

saldo = - 21,2 * consa - 15,8 * csumanuf + 41,7 R2 = 0,733
(2,4) (1,6) (4,0)

saldo: variação do saldo comercial taxa de inflação (1998-2008)
consa : crescimento do consumo privado (1998-2008)
csumanuf : crescimento do custo salarial unitário na indústria (1998-2008)

6. Um indicador sintético de divergência

Para melhor assinalar as diferenças de estrutura entre os países, construiu-se um indicador sintético de divergência a partir das quatro características seguintes definidas em relação à média da zona euro no período 2000-2007:

- crescimento: afastamento da taxa de crescimento média;
- inflação: afastamento da taxa de inflação média;
- défice público: afastamento do saldo médio (em % do PI&amp;#66;&amp;#41;;
- balança comercial: afastamento do saldo médio (em % do PI&amp;#66;&amp;#41;

O indicador sintético é calculado como a média destes quatro indicadores elementares (após normalização em tomando as variáveis centradas reduzidas). O gráfico 10 permite ver a classificação dos países da zona conforme este indicador de divergência. Os países que divergem "positivamente" são aqueles que beneficiaram de um crescimento superior, acompanhada de uma inflação e de défices público e externo mais elevados. A correlação entre estas quatro tendências-tipo não é evidentemente total e é função do indicador sintético resumi-los numa grandeza única, definida forçosamente de maneira convencional.

A classificação dos países reflecte bem a partição entre o Norte e o Sul. Todos os países do Norte têm um indicador negativo, o que quer dizer que o seu crescimento é inferior mais "virtuoso" do ponto de vista dos défices e da inflação. Reciprocamente, o indicador relativo é positivo para todos os países do Sul. A França encontra-se como de costume em posição intermediária, ainda que ela "penda" um pouco do lado Sul e não esteja muito afastada da Itália.

Gráfico 10.

Pode-se verificar que este indicador sintético está bem correlacionado com outros indicadores sócio-económicos. Retiveram-se dois. O primeiro é a taxa de pobreza com a qual o indicador de divergência está correlacionado positivamente (gráfico 11A). Uma segunda ligação pode ser estabelecida com um indicador de democracia social construído como a média daqueles que Manfred Schmidt (2008) e Thomas Meyer (2011) elaboraram (gráfico 11&amp;#66;&amp;#41;.

Gráfico 11.

Este indicador de divergência permite iluminar analiticamente a coerência sócio-económica de cada um dos países da zona euro que provocam diferenças estruturais profundas não mostrando, como se viu, nenhuma tendência clara para a convergência. Mas pode igualmente ser utilizado para explicar o impacto diferencial da crise económica sobre as finanças públicas.

7. Da recessão à crise da dívida

Toda recessão tem um impacto mecânico sobre o défice público. Mas se se relaciona o aumento do défice entre 2007 e 2009 com o recuo do PIB em 2009, constata-se uma diversidade muito grande na amplitude deste impacto (gráfico 12A). Globalmente, os países do Sul registam uma degradação do saldo orçamental de uma amplitude bem superior à dos países do Norte (gráfico 12&amp;#66;&amp;#41;.

Gráfico 12.

Abstrair-se-ão aqui mediações explicando esta repercussão diferencial para relacioná-la às características estruturais de cada país, medidas pelo indicador de divergência definido acima. Testa-se uma nova equação econométrica que explica a degradação orçamental por duas variáveis: a amplitude da recessão e o indicador de divergência. Esta equação dá resultados significativos (enquadrado 3). Este resultado é importante, porque ele estabelece que amplitude da degradação orçamental pode ser conectada às especificidades das economias nacionais.

Enquadrado 3

Depois de ter verificado a pertinência deste indicador, ele é introduzido como variável explicativo do aumento do défice público na equação econométrica abaixo:

ddef = 1,07*recessão - 4,23*indic - 2,39 R2=0,782
(4,5) (4,2) (2,1)

ddef : variação do saldo orçamental 2008-2010
recessão : variação do PIB 2008-2009
indic : indicador divergência

Dito de outra forma, a crise das dívidas soberanas é a expressão de uma crise mais sistémica que resulta da heterogeneidade que existe entre os países membros da zona euro. Globalmente, o défice público é igualmente menos importante na zona euro que em outros grandes países capitalistas. No seu ponto mais baixo, em 2009, ele representava 6,4% do PIB, menos que o Japão (8,7%), o Reino Unido (11,0%) ou os Estados Unidos (11,6%). A amplitude particular da crise das dívidas soberanas resulta, mais uma vez, das regras específicas do sistema euro.

8. A história do euro: uma história simplificada

Os elementos de análise antecedentes mostram que os países da zona euro estão efectivamente polarizados, de tal modo que a distinção entre um "Norte" e um "Sul" é globalmente validada. Os países do Sul partilham características comuns dentre as quais a principal é uma inflação estrutural mais elevadas. Esta conduz a uma perda de competitividade e a um aumento dos défices correntes, apesar de uma baixa da parte dos salários semelhante à média da zona. Estes países registam no entanto um crescimento superior durante a década 1995-2005. Este desempenho é autorizado por duas "variáveis de fuga": as entradas de capitais cobrem os défices externos que, por definição, não põem em causa a moeda nacional; a baixa das taxas de juro reais (contrapartida da inflação estrutural mais elevada) favorece um crescimento puxado pelo endividamento.

Mas a crise vem atingir e por em causa esta configuração. O resultado mais importante desta análise é sem dúvida o seguinte: a crise das dívidas soberanas é o sintoma de uma crise específica do sistema euro. Esta não é, evidentemente, a única dimensão desta crise ? que, mais amplamente, põe em causa o funcionamento do capitalismo realmente existente ? mas é própria da zona euro e não se manifesta com a mesma acuidade nos outros países capitalistas: Estados Unidos, Reino Unido, Japão, etc. Ela resulta do modo de funcionamento frágil e incoerente da zona euro que pôde perdurar uma dezena de anos, mas na base de processos que não podiam ser prolongados indefinidamente.

Admitamos um instante que a crise das dívidas seja ultrapassada: as disfunções da zona euro não desapareceriam de todo, pois a zona euro continuaria a reunir no seio de uma moeda única países cujas características estruturais são diferentes, se nada está previsto para gerar esta situação ou para iniciar um processo de convergência.

9. O retorno do constrangimento externo

A profundidade desta crise pode ser medida pormenorizando de maneira mais precisa a ligação existente entre o défice orçamental e o défice comercial de cada país. Há que partir aqui desta relação fundamental [5] :

Necessidade de financiamento público = poupança privada + entrada de capitais

Esta igualdade contabilística enuncia que a necessidade de financiamento público (positiva se o orçamento estiver em défice) é afinal de contas coberta por duas fontes possíveis: pela poupança privada nacional (empresas e famílias) e/ou pelas entradas de capitais correspondentes ao défice da balança corrente. Esta relação é contabilística, o que quer dizer que sempre se verifica. Dito de outra forma, a variação de um dos seus termos é forçosamente compensada por uma variação dos dois outros, mas isso nada diz quanto aos mecanismos de ajustamento que garantem a sua realização.

Esta relação proporciona uma grelha de leitura que permite mais uma vez distinguir claramente os países do Norte e do Sul. Até à crise, a necessidade de financiamento público evolui de maneira relativamente semelhante nos dois grupos de países. Mas as suas contrapartidas fazem surgir duas configurações inversas. No Norte, a taxa de poupança nacional aumenta fortemente após o estabelecimento do euro, ao passo que as exportações de capitais, contrapartida dos excedentes comerciais, aumentam tendencialmente: as entradas líquidas de capitais tornam-se negativas (gráfico 13 A).

No Sul, a configuração é inversa e faz surgir uma periodização muito marcada. Antes do estabelecimento do euro, os países do Sul reduzem seus défices orçamentais de modo a satisfazer os critérios, com uma entrada suplementar de capitais como contrapartida para compensar uma baixa da poupança privada. Até à crise, os défices públicos não aumentam mas, a partir de meados dos anos 2000, retorna-se pouco a pouco à configuração que prevalecia antes do euro: os défices externos aumentam, levando a entradas de capitais que compensam o recuo da poupança privada. A explosão da crise traduz-se por um forte aumento dos défices públicos. Ao mesmo tempo, os défices externos reduzem-se e portanto as entradas de capitais. O bloqueio faz-se por uma baixa muito forte da taxa de poupança privada (gráfico 13&amp;#66;&amp;#41;.

Gráfico 13.

É aqui que intervém um elemento fundamental da crise: ela põe fim à entrada de capitais quase automática que prevalecia até então. Dito de outra forma, os países do Sul, os mais atingidos pela crise da dívida devem igualmente reduzir seu défice comercial. Isso não é possível senão aumentando a poupança nacional. Mas este modo de ajustamento não é compatível senão com um crescimento notavelmente reduzido. Existe com efeito uma ligação muito estreita, nos países do Sul, entre a taxa de crescimento e as variações da taxa de poupança privada.

A conclusão desta análise é clara: os países do Sul registaram certamente um crescimento superior àquele dos países do Norte entre 1995 e 2005 (gráfico 14A) mas este crescimento não era sustentável porque repousava sobre uma baixa da taxa de poupança nacional (gráfico 14&amp;#66;&amp;#41;.

Gráfico 14.

Esta "poupança negativa" (désépargne) nos países do Sul tinha como contrapartida uma entrada crescente de capitais, favorecida pela desregulamentação financeira e pala convergência das taxas de juro. Mas a partir do momento em que estas entradas de capitais enfraquecem, a equação de equilíbrio dos saldos põe-se a funcionar de outra forma: a necessidade de financiamento público já não pode ser coberta senão por um aumento considerável da taxa de poupança nacional ? da ordem de 10% do PIB ? que por sua vez pesa sobre o crescimento (gráfico 14B acima).

Esta nova configuração está destinada a durar e a possibilidade de reatar o crescimento será tanto mais reduzida nos países do Sul. Estes últimos acumularam com efeito um enorme défice em termos de haveres externos líquidos: representa cerca de 60% do PIB, ao passo que os países do Norte dispõem de haveres externos líquidos positivos, equivalentes a cerca de 35% do PIB (gráfico 15).

Gráfico 15.

10. Face à derrocada

O verme estava na fruta, por uma razão de fundo que era possível antecipar: "nada, nem na teoria nem na prática, permite sustentar o postulado segundo o qual o constrangimento monetário permitiria forçar a convergência real dos países europeus" (Husson, 1996). A moeda única "postula a realização de um espaço homogéneo para o qual ela supostamente contribui" (Husson, 2001).

Com o recuo do tempo, o estabelecimento do sistema euro surgirá provavelmente como um erro terrível que remete a uma cegueira dogmática, mesmo neurótica, e de qualquer forma a uma incompreensão total dos desafios de uma verdadeira construção europeia. Hoje, a zona euro tornou-se o elo fraco da economia mundial e pode-se mesmo dizer que a Europa está em vias de devorar os seus próprios filhos.

As políticas conduzidas ao nível europeu parecem uma cega fuga para a frente que engolfa toda a zona na espiral infernal austeridade/recessão. O desemprego incrusta-se a um nível sem precedentes e a única saída é uma terapia de choque cujo alvo é a desconstrução do modelo social.

O debate recente sobre o aspecto crescimento que seria preciso "acrescentar" à acumulação dos pactos de austeridade impostos sob pretexto de saneamento orçamental está completamente falsificado, uma vez que o "crescimento" mencionado deveria encontrar a sua fonte miraculosa nas "reformas de estrutura" que não podem senão afundar a zona euro na recessão. Há nisso uma nova forma de obstinação dogmática que ignora totalmente a questão dos ritmos sem efectuar qualquer distinção entre as alavancas de uma recuperação conjuntural e um relançamento do "crescimento potencial" cujos efeitos hipotéticos, de qualquer forma, não poderiam ser sentido senão médio-longo prazo. Diante de uma tal loucura, há razões para estar não só "amedrontado", tal como numerosos economista em França, como muito simplesmente aterrorizado.

Seria vão pretender reescrever a história e mais vale examinar os meios possíveis que permitam sair deste verdadeiro impasse. Podem-se distinguir vários cenários possíveis: gestão ao sabor da corrente, ajustamento estrutural, saída do euro e refundação radical da construção europeia (+ moeda comum). Nenhum deles entretanto traça um caminho real.

A política europeia oscila entre o ajustamento estrutural e a gestão ao sabor da corrente. Um dia, jogo óleo sobre o fogo, depois acciona o extintor no dia seguinte. A história recente da Europa é uma alternância entre o reforço dos mecanismos de austeridade e o salvamento da situação à beira do abismo. A incoerência destas decisões sucessivas, a incapacidade total para antecipar as evoluções, é o sinal de um dilema profunda: como retornar ao business as usual, quando foi ele próprio que levou à crise? Estas oscilações em torno de uma trajectória impossível contribuem para desenhar o que se pode chamar de uma "regulação caótica (Husson, 2009)", que é o horizonte do capitalismo após a crise. A menos que nos resignemos a um afundamento na regressão social, há que encarar vias alternativas.

A primeira em que se pensa é a saída do euro: uma vez que o sistema euro não é viável, há que desfazê-lo. Mas esta lógica simplista esquece que durante uma década acumularam-se as contradições e elas conduziram a uma acumulação de dívidas públicas e privadas inextricavelmente misturadas no cerne do sistema bancário. A saída do euro não seria em si mesmo um retorno ao ponto de partida. Muitos argumentos têm sido trocados acerca desta questão, em particular, evidentemente, sobre o caso grego. O principal é que o retorno a uma moeda nacional autorizaria uma desvalorização competitiva permitindo restabelecer o comércio externo e o financiamento défice pelo Banco Central. Mas uma tal medida não resolveria por si mesma o problema da carga da dívida já adquirida e conduziria de facto a uma austeridade comparável àquela do ajustamento estrutural [6] . A nova moeda estaria exposta sem protecção à especulação generalizada que encadearia um ciclo sem fim de desvalorização/inflação. Uma saída generalizada ou, dito de outra forma, uma explosão total da zona euro, não constitui, evidentemente, uma solução cooperativa à escala da Europa: ela conduziria a uma guerra comercial caótica. Mais genericamente, a estratégia de saída do euro tende a transformar a questão social em questão nacional, como mostram com mais pormenor três economistas gregos, aliás membros do Syriza (Laskos, Milios, Tsakalotos, 2012). A ameaça de uma saída do euro pode entretanto contribuir para a construção de uma correlação de forças enquanto instrumento de dissuasão: uma saída de um país do euro teria com efeito repercussões importantes sobre os outros países.

11. Uma crise do sistema euro, para além da crise das dívidas soberanas

Se o retorno ao passado não é uma solução viável e se o sistema euro actual é incoerente, é preciso pois visar uma refundação da construção europeia. Tendo em conta a análise anterior, é entretanto necessário distinguir dois objectivos em que a realização de cada um implica uma ruptura com o sistema euro tal como ele funciona actualmente.

O primeiro objectivo consiste em reabsorver o peso das dívidas acumuladas que entrava qualquer retomada da actividade e qualquer reorientação do modo de desenvolvimento. Isso implica soluções radicais, a saber: a reestruturação das dívidas e a socialização dos bancos. Esta radicalidade não é ditada por uma vontade de ultrapassagem, mas por uma necessidade de coerência.

A alternativa tem a ver com o modo de reabsorção das dívidas: ou são reabsorvidas pouco a pouco, à tarifa actual, mas ao preço de pelo menos uma década de regressão e dos sobressaltos económicos, sociais e políticos que a acompanhariam, ou as dívidas são brutalmente reestruturadas ou anuladas, de maneira a repor as contas a zero. Nesta lógica, a socialização dos bancos é necessária por uma razão de certa forma técnicas, porque é o único meio de desenredar o novelo das dívidas, uma vez que as dívidas soberanas são em grande possuídas pelos bancos. É o que mostram os exemplos do Bankia em Espanha ou do Crédit Agricole em França e, mais ainda, este paradoxo absurdo que faz com que o BCE ajude maciçamente os bancos (1000 milhares de milhões de euros) ao invés dos Estados em dificuldade. Finalmente, o terceiro aspecto deste tríptico é a possibilidade para o Banco Central Europeu de financiar directamente os Estados.

Faz-se tudo evidentemente para avançar soluções de fuga. Poder-se-ia efectivamente mobilizar um arsenal keynesiano: aumento de capital do BEI (Banco Europeu de Investimento) e dos seus empréstimos (60 mil milhões de euros); mobilização dos fundos estruturais não utilizados (82 mil milhões): tributação das transacções financeiras (50 mil milhões por ano); project bonds (obrigações de projecto) para financiar grandes investimentos. Poder-se-ia alongar ? e isto provavelmente será feito ? o calendário do retorno ao equilíbrio orçamental. Antes de lhes emprestar cegamente somas consideráveis, mais valeria mutualizar o apoio aos bancos. O FESF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) ou a seguir o MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) poderiam ser utilizados para recapitalizar directamente os bancos em dificuldade e completados por um sistema comum de garantia de depósitos. Baixa da cotação do euro, dose de inflação, recuperação dos salários na Alemanha, todos estes factores poderiam apoiar as políticas "ao sabor da corrente", mas apenas modificariam marginalmente o calendário do ajustamento.

12. Romper com o sistema euro em nome de um outro projecto europeu

Se se recusa o ajustamento estrutural e a saída do euro, a única via coerente é a da harmonização cooperativa. Ela repousaria sobre um orçamento europeu alimentado por um imposto unificado sobre os rendimentos do capital que financiaria as transferências necessárias (fundos de harmonização) e os investimentos social e ecologicamente úteis. Este "federalismo" é no fundo o complemento indispensável à existência de uma moeda única e à construção de uma espaço económico comum. Imaginemos um instante um país como a França onde cada uma das 21 regiões devesse assegurar o equilíbrio das suas finanças e dos seus intercâmbios "externos", enquanto o orçamento nacional seria limitado a 1% do PIB. Vê-se bem o absurdo de uma tal construção, que está no entanto no fundamento do sistema euro.

Mas a objecção é que este projecto "europeísta" seria angélico e de qualquer forma fora do alcance no contexto actual. Não haveria portanto nenhuma via de saída: nem nacional, nem europeia. Se tal fosse o caso, mais uma vez, a única orientação restante seria modular os programas de austeridade a fim de os alongar no tempo, esperando que isso possa permitir torná-los compatíveis com uma retomada do "crescimento", seja qual for o conteúdo concreto. Mas isto seria, então, uma austeridade sem fim. Patrick Artus mostra que, no caso da Espanha, as evoluções necessárias (desendividamento, redução do défice público, criação de empregos novos) "levarão talvez décadas" (Artus, 2012). E isto é lógico: várias décadas de desequilíbrios acumulados e convertidos em dívida conduzem outras tantas décadas de desendividamento.

Para sair deste impasse, existe um atalho que é, para resumir, uma ruptura unilateral com a Europa realmente existente em nome de um outro projecto para a Europa. Pode-se falar aqui de um programa de transição que combina a recusa das regras do sistema euro com uma vontade de generalização da experiência alternativa ao conjunto da zona. Não se espera o surgimento miraculoso de uma "boa" Europa e adopta-se um "proteccionismo de extensão" que consiste em proteger a experiência de transformação social propondo sempre a sua extensão (Husson, 2011, 2012). É este projecto que propunha o plano de urgência do Syriza para as eleições gregas de 17 de Junho de 2012. Ele avançava nomeadamente estes três pontos [7] : 1. Anulação do memorando, de todas as medidas de austeridade e das contra-reformas do trabalho; 2. Nacionalização dos bancos; 3. Moratória sobre a dívida para identificar e anular a dívida ilegítima.

A principal conclusão desta análise é que a crise das dívidas soberanas revela uma crise mais profunda, a do sistema euro. A crise do capitalismo veio impactar um projecto incoerente: reunir numa união monetária países diferentes, recusando-lhes todos os meios de assegurar a sua convergência ou de organizar as suas relações. A necessária refundação europeia não pode ganhar corpos senão por uma recusa assumida de regras inadaptadas, que não fizeram senão cavar o afastamento entre os países da zona euro. Mas ela não se reduz a este objectivo: a alternativa exige outras rupturas e, nomeadamente, uma outra repartição das riquezas, necessária à sua coerência. Uma ruptura com o sistema euro não encontrar sua legitimidade senão numa ruptura com o capitalismo neoliberal e um projecto de extensão cooperativa. Os princípios de uma Europa solidária são com efeito incompatíveis com uma pura lógica capitalista. É o que torna o futuro tão incerto e exigente.

Anexo 1
Custo salarial, parte dos salários e competitividade

A parte dos salários (PSAL) pode ser definida simplesmente como a relação entre as remunerações salariais (REM) e o PIB (pQ), ou seja: PSAL = REM/pQ. As remunerações (incluindo contribuições sociais) podem ser decompostas em salário por cabeça (w) e efectivos assalariados (N). Tem-se pois REM=Nw e pode-se reescrever a parte dos salários de modo a fazer surgir o salário real (w/p) e a produtividade (Q/N): PSAL = (w/p) / (Q/N)

O custo salarial unitário (CSU) representa o custo salarial por unidade produzida. A um nível muito global, ele pode ser calculado dividindo as remunerações totais pelo PIB em volume: CSU = REM/Q

O custo salarial unitário real representa o custo salarial real por unidade produzida. Ele se escreve: CSUR = REM/pQ

Reencontra-se portanto a expressão definindo a parte dos salários, que é portanto um indicador muito próximo do custo salarial unitário real. As duas grandezas diferem pelo jogo dos preços relativos (o salário real é calculado tomando o preço no consumo ao invés do preço do PI&amp;#66;&amp;#41;

Reencontra-se pois a expressão que define a parte dos salários, que é portanto um indicador muito próximo do custo salarial unitário real. As duas grandezas diferem pelo jogos dos preços relativos (o salário real é calculado tomando o preço no consumo ao invés do preço do PI&amp;#66;&amp;#41; e devido à correcção necess´ria para considerar os não-assalariados no cálculo da produtividade.

A competitividade-custo de um país resulta da comparação entre o seu custo salarial unitário (CSU) e o dos seus concorrentes. Na generalidade, é preciso introduzir a taxa de câmbio para efectuar esta comparação, mas isso é evidentemente supérfluo no interior da zona euro. Considerando as definições recordadas acima, o custo salarial unitário pode ser simplesmente decomposto da seguinte maneira: CSU = p. PSAL

Esta decomposição mostra que a competitividade-custo de um país pode degradar-se de duas maneiras:
- seja porque o custo salarial unitário do país considerado aumenta mais rapidamente que o dos seus concorrentes;
- seja porque a inflação é mais rápida neste país.

Anexo 2
A equação de equilíbrio dos saldos

O ponto de partida é uma contabilidade nacional simplificada. Ela comporta quatro "agentes" ou "sectores institucionais": as famílias, as empresas, o Estado e o exterior (o resto do mundo). A primeira linha do quadro de conjunto abaixo descreve as diversas contribuições dos agentes para o PIB. As três linhas seguintes registam as operações que ligam estes agentes entre si: os salários, os impostos, as operações financiamento. À esquerda figuram os empregos, à direita os recursos. Cada linha está equilibrada: o total dos empregos é igual ao total dos recursos.

As famílias tiram o seu rendimento apenas dos salários (SAL). Elas os utilizam para consumir (C), para pagar impostos (T) e resta-lhe uma poupança (S). Os empregos são iguais aos recursos: SAL = C + T + S

As empresas realizam um valor acrescentado (PI&amp;#66;&amp;#41; e completam este recurso pelo endividamento (END). Do lado dos empregos, elas transferem salários às famílias (SAL) e ao investimento (I): PIB + END = I + SAL

O Estado arrecada impostos (T) e realiza despesas públicas (G). A diferença entre os dois é o saldo orçamental (D): D = T- G

A conta do exterior descreve as relações comerciais do país, ou seja, suas exportações (X) e suas importações (M), a diferença representando a balança comercial (&amp;#66;&amp;#41;: B = X ? M

Como este quadro contabilístico está completamente equilibrado, passa-se o mesmo para a linha baptizada "financiamento". Obtém-se pois esta igualdade contabilística fundamental:

- D = (S ? END) ? B

(S ? END) representa a poupança líquida do sector privado que reúne as famílias e as empresas. D é o saldo orçamental (positivo em caso de excedente) e ?D representa portanto a necessidade de financiamento público. B é o saldo comercial (positivo em caso de excedente) e ?B corresponde às entradas de capitais. Consequentemente, a relação pode ser assim reformulada:

Necessidade de financiamento público = poupança privada + entrada de capitais

Referências
Artus P. (2012), " Combien de temps pour un retour à la normale en Espagne?", Flash Economie n°437, Natixis, 17 juin.
Felipe J., Kumar U. (2011), " Unit Labor Costs in the Eurozone : The Competitiveness Debate Again ", Levy Economics Institute, Working Paper n°651, February.
Husson M. (1996), "Les mystères de Maastricht", 1996.
Husson M. (2001), "Paradoxes et incertitudes de l'euro", dans: Fondation Copernic, Un social-libéralisme à la française ? La Découverte, 2001.
Husson M. (2009), "Capitalisme: vers une régulation chaotique".
Husson M. (2010), "Le partage de la valeur ajoutée en Europe", La Revue de l'Ires n°64.
Husson M. (2011), "Euro: en sortir ou pas", Inprecor n°575/576, 2011.
Husson M. (2012), "A radical strategy for Europe", dans: E. Chiti, A.J. Menéndez, P. Teixeira (eds), The European rescue of the European Union? , RECON Report 2012.
Laskos C., Milios J., Tsakalotos E., Communist Dilemmas on the Greek Euro-Crisis: To Exit or Not to Exit? mai 2012.
Meyer T. (2011), Theorie der Sozialen Demokratie , VS Verlag für Sozialwissenschaften, Wiesbaden.
Sapir J. (2011), La démondialisation, Le Seuil.
Sapir J. (2006), "Articulation entre inflation monétaire et inflation naturelle: un modèle hétérodoxe bi-sectoriel", communication au séminaire Franco-russe, Stavropol, Octobre.
Schmidt M. (2008), Demokratietheorien, VS Verlag für Sozialwissenschaften, Wiesbaden.
Syriza (2012), Mesures d'urgence et Manifeste sur les politiques sociales et économiques. Junho/2012

Notas
1. Deixam-se assim de lado os cinco países que integraram posteriormente a zona euro: a Eslovénia em 2007, Chipre e Malta em 2008, a Eslováquia em 2009 e a Estónia em 2011.
2. Os dados referentes ao Norte e ao Sul são obtidos por agregação ou por ponderação conforme o peso económico medido pelo PIB. Em proporção ao total da zona euro (11 países), o Norte pesa 43,4% (Alemanha: 28,3%; Áustria : 3,0 % ; Bélgica : 3,8 % ; Finlândia : 1,9 % Países Baixos: 6,4 %). O Sul pesa 35,3 % (Espanha: 11,0 % ; Grécia: 2,3 % ; Irlanda: 1,9 % ; Itália: 18,0 % ; Portugal: 1,9 %). A França representa 21,3%. A validade desta partição, definida a priori, foi testada numa fase preliminar do estudo.
3. Ver o anexo 1 para a definição do custo salarial unitário.
4. Salvo menção em contrário, os dados provêm da base de dados Ameco produzida pela Comissão Europeia.
5. Ver o anexo 2 para a sua construção.
6. Sobre a questão da saída do euro, ver Husson, 2011 e 2012.
7. Impressiona constatar que a imprensa internacional tudo fez para apresentar a saída do euro como a aposta principal deste debate, apesar de esta perspectiva não fazer parte do programa do Syriza.

[*] Estatístico e economista. Trabalha no Institut de Recherches Economiques et Sociales ( IRES ), criado por centrais sindicais francesas.

O original encontra-se em http://hussonet.free.fr/eceurow.pdf

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Crise na Zona Euro BASENAME: canta-o-merlo-crise-na-zona-euro DATE: Mon, 02 Jul 2012 17:29:41 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Jorge Figueiredo

Crisis in the Euro Zone [1] de Costa Lapavitsas e outros, é um livro notável e fundamental para a compreensão do que está a acontecer e das opções a tomar (e das opções que estão a tomar em nosso nome). Trata-se, na boa tradição marxista, de uma análise abrangente da economia política da zona euro. Isto, por si mesmo, já é um feito científico notável. Mas os autores vão mais além pois examinam um a um os desenlaces possíveis para a crise que abala os fundamentos da UE, da União Monetária Europeia e da sua moeda mal concebida.

Após as enxurradas de desinformação, ideias confusas e tentativas de instilar o medo despejadas diariamente por comentaristas da televisão e dos jornais, este livro surge como oásis de lucidez e clareza. Ele só poderia ter saído do ambiente intelectual da School of Oriental e African Studies (SOAS) da Universidade de Londres. Ali, a vasta experiência dos autores em relação ao que já acontece há décadas em países do terceiro mundo, a par do rigor conceptual, serviu de base para evidenciar o que se está a passar na Europa de hoje.

Até recentemente havia o trabalho de Varoufakis acerca do metabolismo, ou melhor, da falta dele, no interior da UE. A sua análise, em O Minotauro Global [2] é poderosa. Ali se mostra a inanidade do FEEF e do MEE (independentemente dos montantes com que forem dotados) e avança propostas de solução. Mas por muito perfeitos que sejam os diagnósticos de Varoufakis, as terapias do Plano A que preconiza são reformistas e a UE não é reformável (talvez por isso Varoufakis mencione um Plano B, que é a saída da zona euro). No mesmo pecado não incide Lapavitsas e sua equipe.

Como todos sabem, a presente crise começou no sector imobiliário dos EUA, transmutou-se numa crise do sistema bancário (estado-unidense e europeu) e acabou por cristalizar em crises de dívidas soberanas europeias. Esta crise veio revelar os males inerentes ao grande projecto das classes dominantes europeias: a criação de uma moeda capaz competir com o dólar e promover o sub-imperialismo europeu. Já se pode dizer que este projecto fracassou e a razão para isso está na própria concepção do mesmo. A crise de 2008-09 apenas tornou isso evidente.

E agora, quais as saídas? Diante da crise que se abate sobre a UE e ameaça desagregá-la, o livro disseca as opções políticas que se apresentam aos países periféricos da UE. Elas vão desde saídas regressivas ? que estão agora a ser impostas aos países da periferia ? até uma possível saída progressista. A preferida do capital financeiro europeu é a que está agora a ser adoptada nos países submetidos a troikas: é a austeridade com o corte de salários e pensões, aumentos de impostos, reformas ditas "estruturais" para flexibilizar o mercado de trabalho, privatizações, etc. Em suma, transferir o fardo do ajustamento para as costas dos trabalhadores. A segunda alternativa seria reformar a zona euro. Todos reconhecem que política monetária unitária e política fiscal fragmentada constituem uma mistura não funcional e tentar-se-ia consertar estas mazelas sem desafiar as questões fundamentais contidas no Tratado de Maastricht, no Pacto de Estabilidade e Crescimento e no Tratado de Lisboa. Ou seja, tentar-se-iam soluções que mantivessem o conservadorismo inerente à eurozona. Esta segunda alternativa, também chamada a estratégia do "bom euro" está certamente fadada ao insucesso pois falta à UE um estado unitário ou federal e não há perspectiva de o mesmo concretizar-se no futuro próximo.

Finalmente, surge a terceira alternativa: a da saída da eurozona. Mesmo aqui, contudo, há duas variantes alternativas. Uma é a "saída conservadora", que é muitas vezes discutida na imprensa anglo-saxónica. O objectivo da mesma é simplesmente desvalorizar a moeda do país que saiu. Alguns dos custos do ajustamento seriam transferidos para o exterior e as exportações ganhariam novo impulso. A desvalorização da nova moeda seria provavelmente acompanhada de medidas de austeridade para os trabalhadores.

A outra variante é uma "saída progressista" da zona euro, a qual exige uma mudança do poder económico e social favorável aos trabalhadores dos países periféricos. Nesta variante, haveria desvalorização da moeda acompanhada por uma cessação de pagamentos e uma reestruturação da dívida pública. Para impedir o colapso do sistema financeiro seria preciso a nacionalização da banca, com a criação de um sistema de bancos públicos. Também teriam de ser impostos controles na conta de capital a fuga impedir a fuga do mesmo. E para proteger a produção e o emprego, finalmente, seria necessário expandir a propriedade do sector público sobre áreas chave da economia como utilities, transporte e energia. Sobre esta base seria possível desenvolver uma política industrial que combinasse recursos públicos com crédito público.

"Uma política de saída progressista para países periféricos teria evidentes custos e riscos. As vastas alianças políticas necessárias para apoiar uma tal mudança ainda não existem no presente", reconhecem os autores. E acrescentam: "Esta ausência, a propósito, não é necessariamente devida à falta de apoio popular para a mudança radical. O mais importante é que até agora nenhuma força crível na Europa teve a coragem de se opor à austeridade".

Até agora os povos europeus têm sido submetidos a campanhas maciças para inculcar o medo de uma saída do euro. A saída é assunto tabu e quando os fazedores de opinião chegam a falar nisso é para apresentá-la como coisa terrífica, verdadeira fonte de horrores. Durante mais de 20 anos martelaram na cabeça das pessoas que o euro é o apogeu da unidade europeia e assim uma moeda cujo objectivo é servir os interesses dos grandes bancos e do capital monopolista foi apresentada como se se tratasse de um projecto social-democrata.

Mas e as forças consideradas progressistas e que são supostas defender os trabalhadores, onde estão elas e o que dizem quanto à saída da zona euro? Muitas delas estão coniventes com essa mistificação. É o caso dos integrantes do Partido de Esquerda Europeu (PEE), que aceitaram de facto não por em causa o capitalismo nem a Europa dos monopólios. É o caso do seu representate em Portugal, o BE. O seu líder, Francisco Louçã, faz discursos grandiloquentes sobre os malefícios do programa imposto pela troika ? mas defende a permanência na zona euro a todo custo. Outros partidos, por timidez ou por cálculo eleitoral, não se atrevem a preconizar a saída progressista da zona euro. Eles condenam-se assim a uma actuação ineficaz pois não têm propostas sérias para combater a austeridade que esmaga os países da periferia da Europa e ameaça transformar os seus povos em servos do capital financeiro.

Como diz, e bem, Lapavitsas: "O apoio para a união monetária da esquerda europeia tem afectado decisivamente o desenvolvimento político da crise. Muitos tem falado voluvelmente acerca das iniquidades do capitalismo, a natureza desastrosa do neoliberalismo, o absurdo da austeridade, o veneno da desigualdade e assim por diante. Mas sempre que a discussão se vira para o euro, o qual, afinal de contas, tem sido o ponto focal da crise, grande parte da esquerda tem procurado simplesmente mudar de assunto. Ou tem apresentado propostas com impecáveis credenciais da ciência económica corrente, incluindo a emissão de eurobonds e o empréstimo pelo Banco Central Europeu aos estados membros". Realmente, é muito estranha essa esquerda respeitosa para com o capital financeiro. Será ainda esquerda? Não é casual que em França a sra. Le Pen tenha tido a votação que teve: foi o único candidato que defendeu a saída da zona euro ? indica apoio popular à ideia. A esquerda encolhida não foi capaz disso.

Na verdade, um radicalismo que não está preparado para contemplar o abandono da divisa comum pouco tem para contribuir para o debate público ou para a luta política que actualmente se verifica na Europa. Os dias de hoje vão definir os destinos desta e de futuras gerações. Se a resposta conservadora prevalecer, o futuro será sombrio. O capital financeiro e oligopolista imporá uma solução regressiva que condenará o povo trabalhador a rendimentos estagnados, alto desemprego e estados previdência enfraquecidos. Direitos democráticos ficarão em causa e o continente mergulhará no declínio. Se, em contrapartida, as forças progressistas prevalecerem o equilíbrio poderia ser mudado contra o capital e a favor do trabalho e assim as sociedades europeias seriam rejuvenescidas do ponto de vista económico, ideológico e político.
[1] Crisis in the Euro Zone , Costas Lapavitsas et al., Verso, Londres, 2012, 243 p.

[2] Ver capítulo "O Minotauro global" em Ascensão e queda do euro , Ed. Chiado, Lisboa, 2012, 351 p.

Esta resenha encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Espanha: Um mau resgate que nos empurrará para o abismo BASENAME: canta-o-merlo-espanha-um-mau-resgate-que-nos-empurrara-para-o-abismo DATE: Sat, 30 Jun 2012 04:19:12 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Juan Torres López

Por fim verificou-se o que Rajoy, como outras tantas coisas que negou, assegurou que nunca se verificaria. Numa carta, praguejada de erros e com redacção deplorável, a Espanha entrega-se uma vez mais aos poderes financeiros e submete-se a um desígnio que imola os interesses nacionais no altar dos mesmos grandes banqueiros que provocaram o dano que sofremos.

O que Rajoy e os seus ministros negavam que fossem acontecer, já havíamos antecipado com precisão, Vicenç Navarro, Alberto Garzón e eu, no nosso livro Lo que España necesita [1] . Uma réplica com propostas alternativas à política de cortes do PP que já está na livraria publicado por Deusto Ediciones. Na sua página 96 escrevemos:

"Nesta situação, aos bancos credores, principalmente alemães, a única coisa que lhes interessa é salvar seus móveis, ou seja, que se garanta que os bancos espanhóis vão pagar sua dívida para com eles. Por isso, com o apoio dos seus governos, pressionam o espanhol para que tome medidas que garantam o saneamento dos seus balanços e o pagamento da dívida. Já não lhe importa que ao dar prioridade a isto deteriore-se cada dia mais a economia porque essa é a desculpa perfeita que teriam para intervir e "resgatar" a Espanha, ou seja, para obrigá-la a subscrever empréstimos vultuosos que seriam dedicados directamente a refinanciar os bancos espanhóis para que estes por sua vez devolvesse a dívida aos seus credores".

Até dá vergonha escrever de novo para antecipar ? como vêem fazendo economistas críticos desde há anos ? o que vai ocorrer nos próximos meses, mas é que não é difícil prever e é preciso combater a mentira contínua dos nossos governantes. Já foram "resgatados" desta forma outros países e em outros lugares, de modo que sabemos quase como ciência certa o que vai acontecer connosco quando nos aplicarem o mesmo protocolo.

A primeira coisa que sabemos é que não nos entregamos a almas beatíficas, que saibam qual é a cura de que os nossos males precisam e que tenham os meios para evitá-los, como nos fazem crer. As autoridades a que recorremos para que nos salvem são aquelas que tomaram as decisões que nos levaram à situação em que estamos e aquelas que se mostram totalmente incompetentes e incapazes de retirar os países europeus da crise. São aquelas que olharam para o outro lado quando os bancos alemães e europeus em geral financiavam a bolha e quando carregavam os seus balanços de lixo financeiro, levando assim a que se afundassem as economias. E são aquelas que já dedicaram vários milhares de milhões de euros a salvá-los sem conseguir, no entanto, que voltem a financiar a actividade e o emprego, que é o que deveriam ter conseguido para que a economia voltasse a andar. Pomo-nos, pois, nas mãos de incompetentes que vêm tomando decisões em virtude de um fundamentalismo ideológico que ao invés de salvar outros países os afundou ainda mais depois de resgatá-los. Assim, é demasiado ingénuo, ou uma verdadeira loucura, acreditar que quando o fizerem connosco vão ter um súbito ataque de sabedoria e lucidez que os levem a tomar as decisões correctas que até agora não souberam adoptar com nenhum país.

Sabemos que este resgate é um resgate dos bancos e que nem sequer isso vai funcionar bem. O resgate que se prepara não vai resolver os problemas do sector bancário porque é adoptado sem atreverem-se a por preto sobre o branco a verdadeira situação patrimonial de cada um deles, para evitar assim o escândalo de mostrar as barbaridades que cometeram os banqueiros espanhóis (e alemães, não esqueçamos) à custa do afundamento da economia. Não vai funcionar e não vai servir para tranquilizar os mercados, para utilizar a expressão com que referem os investidores especulativos que fazem o seu negócio com a incerteza, e o prémio de risco continuará desavergonhado porque ninguém acredita nos resultados das auditorias privadas que realizaram para justificar o pedido de resgate. Suas estimativas baseiam-se na concepção sem fundamento científico algum de cenários que nunca acertaram previsões e referem-se ao sistema na sua totalidade e não em concreto às entidades que necessitam mais ou menos capital, o que teria sido o necessário. O resgate da banca que se prepara tão pouco salva o sector financeiro espanhol como tal, porque este tipo de operações não é feito conseguir que o crédito volte a fluir, que é o que faz um sistema são, e sim para recapitalizar discrecionalmente as entidades e ajudá-las a que melhorem suas contas de resultados, o que é outra coisa. Assim, o resgate não vai restaurar a solidez do sector e nem salvará o sistema bancário em geral ou todas as entidades que o integram ? na verdade, só conseguirá por na bandeja dos grandes o resto do mercado.

Este resgate, é claro, não salva a economia espanhola e irá, sim, afundá-la mais por várias razões. Porque vai acompanhado de condições que vão aguçar a paralisação da actividade, uma vez que não rompem com a tónica da austeridade e descapitalização pública que a vem provocando. Porque não contempla os males de fundo que produziram a deterioração estrutural da nossa economia: a especialização perversa; a desigualdade; a venda a mau preço de activos vinculados ao nosso mercado interno e a perda de fontes de rendimentos endógenos; a diminuição da capacidade aquisitiva dos assalariados, dos trabalhadores autónomos e dos pequenos e médios empresários; o mau funcionamento da nossa administração pública e o gasto desnecessário e a corrupção de muitos dos nossos administradores e grandes empresários; a fraude e a iniquidade fiscal e a carência de políticas redistribuitivas poderosas que ajudem, como nos países mais avançados, a que a actividade seja mais sustentável económica, ecológica e socialmente e mais competitiva. E porque, ao invés de reforçar as necessárias fontes de valor que são necessárias para que uma economia progrida com bem-estar (conhecimento, inovação, espírito empresarial, sinergias e criação de redes...) vai destruí-las por muitos anos.

E o resgate não nos vai permitir avançar porque tão pouco aborda o dano que faz à nossa economia a pertença a uma união monetária mal concebida, sem molas de reequilíbrio e sem as instituições que a teoria económica mais elementar nos ensinou que se deve possuir para não ser um mecanismo diabólico de geração de instabilidade, de desigualdade e de problemas de eficiência de todo tipo.

Sem abordar estes assuntos, e incidindo nos que, pelo contrário, afundam nas nossas carência, podemos prever que a economia espanhola vai piorar imediatamente depois de este resgate se por em andamento. Um resgate à custa de todos os cidadãos que pode dar um alívio a alguns grandes banqueiros, que terão mais probabilidade de ficarem com todo o mercado, mas que nos colocará directamente na antecâmara de outro novo, agora já de toda a economia e que igualmente podemos antecipar que tão pouco servirá para nada, porque é impossível que a Espanha pague a dívida acumulada e aquela que se vai continuar a acrescentar cada vez mais vertiginosamente, como tão pouco poderão pagá-la os demais países europeus.

A ESCRAVIZAÇÃO DOS POVOS

Nossos governantes empenham-se inutilmente em fazer a quadratura do círculo e assim introduziram-nos numa espiral armadilhada da qual só se pode sair através de meios heróicos. É materialmente impossível fazer frente à dívida do modo como querem fazê-lo as autoridades europeias e o governo espanhol, supondo que este saiba o que quer. As políticas europeias contra o défice não aliviam a dívida e são, sim, sua fonte de crescimento inesgotável. E ocultam que a dívida não só tem causas como também propósitos: a escravização dos povos e o maior negócio dos banqueiros. As políticas e resgates, como o de agora na Espanha, que dizem que se adoptam para diminuí-la simplesmente a aumentam e situam-nas na antecâmara de medidas ainda mais drásticas para avançar rumo aquilo que realmente procuram: impor um novo modelo que lhes proporcione lucros com base no empobrecimento da população para competir em baixa com o resto do mundo, eliminando para isso todo resto de estado de bem-estar social e de justiça fiscal ou económica.

O tempo se encarregará, mais cedo do que tarde, de assinalar quem tem ou não razão.
27/Junho/2012

[1] Vicente Navarro, Juan Torres López e Alberto Garzón Espinosa, Hay alternativas: Propuestas para crear empleo y bienestar en España , 224 pgs., PDF, 1,7 MB. Para descarregar clique com o botão direito do rato e faça Save As....

O original encontra-se em juantorreslopez.com/...

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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A crise sistémica global - Alerta vermelho para Setembro-Outubro/2012 BASENAME: canta-o-merlo-a-crise-sistemica-global-alerta-vermelho-para-setembro-outubro-2012 DATE: Sat, 23 Jun 2012 23:00:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Crise sistémica global
Alerta vermelho para Setembro-Outubro/2012:
Quando as trombetas de Jericó soarão sete vezes
por GEAB

A evolução dos acontecimentos mundiais desenrola-se conforme as antecipações elaboradas pelo LEAP/E2020 durante trimestres recentes. A Eurolândia está finalmente a sair do seu torpor político e do curto-prazismo desde a eleição de François Hollande [1] à presidência da França e o povo grego acaba de confirmar a sua vontade de resolver os seus problemas no seio da Eurolândia [2] [NR] , desmentindo assim todos os "prognósticos" dos media anglo-saxónicos e dos eurocépticos. A partir de agora, a Eurolândia (de facto a UE menos o Reino Unido) vai portanto pode avançar e dotar-se de um verdadeiro projecto de integração política, de eficácia económica e de democratização para o período 2012-2016, como o LEAP/E2020 antecipou em Fevereiro último (GEAB nº 62). É uma notícia positiva mas, nos próximos semestres, este "segundo Renascimento" do projecto europeu [3] constituirá mesmo a única boa notícia a nível mundial.

Todas as outras componentes da situação global estão efectivamente orientadas num sentido negativo, mesmo catastrófico. Aqui, mais uma vez, os media dominantes começam a reflectir uma situação antecipada desde há muito pela nossa equipe para o Verão de 2012. Com efeito, de uma forma ou de outra, mais frequentemente em páginas internas do que em grandes manchetes (monopolizadas há meses pela Grécia e o Euro [4] ), doravante encontra-se os 13 temas seguintes:

Recessão global (mais nenhum motor de crescimento em parte alguma / fim do mito da "retomada estado-unidense") [5]
Insolvência crescente, e doravante parcialmente reconhecida como tal, do conjunto do sistema bancário e financeiro ocidental.
Fragilidade crescente dos activos financeiros chave como as dívidas soberanas, o imobiliário e os CDS na base dos balanços dos grandes bancos mundiais.
Queda do comércio internacional [6]
Tensões geopolíticas (nomeadamente no Médio Oriente) que se aproximam do ponto de explosão regional
Bloqueio geopolítico global duradouro na ONU
Colapso rápido de todo o sistema ocidental de aposentadoria por capitalização [7]
Fracturas políticas crescentes no seio de potências "monolíticas" mundiais (EUA, China, Rússia)
Ausência de soluções "milagrosas", como em 2008/2009, devido à impotência crescente de vários grandes bancos centrais ocidentais (Fed, BoE, Boj) e ao endividamento dos Estados
Credibilidade em queda livre para todos os Estados que tenham de assumir o duplo encargo de um endividamento público e de um endividamento privado excessivos.
Incapacidade para dominar/atenuar a progressão do desemprego em massa e de longa duração
Fracassos das políticas de estímulos monetaristas e financeiras assim como das políticas de austeridade "pura"
Ineficácia doravante quase sistemática dos grupos fechados internacionais alternativos ou recentes, G20, G8, Rio+20, OMC, ... sobre todos os temas-chave do que já não é de facto uma agenda mundial [8] dada a ausência de qualquer consenso: na economia, finanças, ambiente, resolução de conflitos, combate contra a pobreza...

. Segundo o LEAP/E2020, e conforme suas antecipações já antigas, assim como aquelas de Franck Biancheri desde 2010 no seu livro "Crise mondiale: En route pour le monde d'après", este segundo semestre de 2012 vai realmente assinalar um ponto de inflexão importante da crise sistémica global e das respostas que lhe são dadas.

Ele será caracterizado por um fenómeno de facto muito simples de compreender: se a Eurolândia está hoje em condições de abordar este período de modo prometedor [9] é porque atravessou nestes últimos anos uma crise de intensidade e profundidade sem igual desde o arranque do projecto de construção europeia após a Segunda Guerra Mundial [10] . A partir do fim deste Verão de 2012 serão todas as outras potências mundiais, Estados Unidos à cabeça [11] , que deverão enfrentar um processo idêntico. É a este preço, e só a este preço, que elas estarão a seguir, em alguns anos, em condições de encetar uma lenta reascensão para a luz.

Mas hoje, depois de terem tentado retardar o fracasso por todos os meios, chega a hora da factura. E como em tudo, a capacidade retardar o inevitável paga-se com um custo extra, a saber o agravamento do choque de ajustamento à nova realidade. Trata-se de facto do fim de jogo para o mundo de antes da crise. Os sete clarins das trombetas de Jericó que assinalarão o período Setembro/Outubro 2012 provocarão a derrocada dos últimos pedaços do "Muro Dólar" e das muralhas que protegeram o mundo tal como o conhecemos desde 1945.

O choque do Verão de 2008 parecerá um pequeno furacão estival em comparação com aquele que vai afectar o planeta dentro de alguns meses.

O LEAP/E202 jamais constatou a convergência temporal de uma tamanha série de factores explosivos, e de factores tão fundamentais (economia, finanças, geopolítica, ...), desde 2006, data do início dos seus trabalhos sobre a crise sistémica global. Logicamente, na nossa modesta tentativa de publicar regularmente uma "meteorologia da crise", devemos portanto emitir para os nossos leitores um "alerta vermelho" pois é realmente a esta categoria que pertence o fenómeno que se prepara para impactar o sistema mundial em Setembro/Outubro próximo.

.

Neste GEAB nº 66 desenvolvemos nossas antecipações em relação a sete factores chave deste choque de Setembro-Outubro 2012, os sete clarins das trombetas de Jericó [12] que marcam o fim do mundo de antes da crise. Trata-se de quatro factores geopolíticos no Médio Oriente e de três componentes económicos e financeiros no cerne do choque que vem aí:

Irão/Israel/EUA: A guerra supérflua verificar-se-á
A bomba assíria: o fósforo israelense-americano-iraniano no paiol Síria-Iraque
O caos afegão-paquistanês: o exército dos EUA e da NATO, reféns de uma saída de conflito cada vez mais difícil
O Outono árabe: os países do Golfo lançados na tormenta
Estados Unidos: o "Armagedão fiscal" começa a partir do Verão de 2012 ? A economia estado-unidense em queda livre no Outono.
A grande insolvência bancária chega em Setembro-Outubro/2012: Bankia versão City-Wall Street
A insustentável leveza das Quantitative Easing do Verão de 2012 ? os bancos centrais americano, britânico e japonês fora de jogo.

Desenvolvemos igualmente recomendações precisas sobre a maneira de minimizar o impacto do choque em preparação sobre a sua própria situação, quer seja um simples particular ou um decisor em empresas ou instituições públicas. Apresentamos igualmente o GlobalEurope Dollar Index do mês.

Finalmente, o LEAP/E2020 anuncia a retomada das suas formações em antecipação político, no próximo Outono, que doravante serão efectuadas on line a fim de responder aos pedidos chegados dos quatro cantos do planeta. Se o GEAB é um "peixe", um produto acabado da antecipação, com estas formações esperamos ensinar um número crescente de pessoas as "pescar" o sentido nas águas turvas do futuro. Pois se se deseja que o fim de jogo do mundo de antes da crise desemboque na construção de um mundo melhor após a crise, parece-nos essencial desenvolver as capacidades de antecipação do maior número de pessoas. Foi de facto esta ausência de antecipação que em grande parte provocou os erros na origem da crise actual.

Estas formações serão organizadas em parceria com a fundação espanhola não lucrativa FEFAP (Fundacion para la Educacion y la Formación en Anticipación Política) criada recentemente graças a uma doação de Franck Biancheri [13] .
Notas

(1) Doravante os debates, saudáveis sobretudo se forem francos e amplos, preocupam-se com o médio-longo prazo, a integração políticas e as novas instituições necessárias. Daqui até o fim do Verão, a evidência de que a dimensão da Eurolândia é central impor-se-á e permitirá contornar a dificuldade das instituições a 27 membros que estão hoje num estado ruína e da omnipresença britânica a qual não permite nesta fase confiar-lhe uma tarefa importante para estabelecer a governação da Eurolândia. A problemática Hollande-Merkel tem a ver muito mais com esta realidade do que com uma divergência "instituições comuns" ou "abordagem intergovernamental". As instituições de Bruxelas também pertencem ao mundo anterior à crise e são inaptas a fundar a Europa do pós crise. Fontes: Deutsche Welle, 11/06/2012; Spiegel, 06/05/2012; El Pais, 10/06/2012; La Tribune, 10/06/2012

(2) Que em contrapartida vai tornar mais tolerável o difícil ajustamento do país após 30 anos perdidos no seio da UE, perdidos pois desperdiçados sem qualquer modernização do Estado grego. Fonte: YahooNews, 18/06/2012

(3) MarketWatch de 14/06/2012 chega mesmo a prever para a Suíça uma inevitável integração na Eurolândia... como já havia feito do LEAP há algum tempo.

(4) Estratégia de diversão obriga!

(5) Fontes: Bloomberg, 15/06/2012; Albawaba, 12/06/2012; ChinaDaily, 05/06/2012; CNNMoney, 11/05/2012; Telegraph, 04/06/2012; MarketWatch, 05/04/2012

(6) Fontes: IrishTimes, 12/04/2012 ; CNBC, 08/06/2012

(7) Fontes: WashingtonPost, 11/06/2012; Telegraph, 11/06/2012; The Australian, 15/06/2012; Spiegel, 06/05/2012; ChinaDaily, 15/06/2012

(8) Em dois anos houve realmente uma deslocação da agenda diplomática mundial.

(9) A este respeito, o LEAP/E2020 antecipa a entrada das questões de defesa no cerne do debate sobre a integração política. Assim como o Euro foi criado no âmbito de um acordo complexo implicando um forte apoio francês à unificação alemã contra a mutualização do Deutsche Mark, a integração política que se perfila vai implicar a mutualização da "assinatura alemã" em contrapartida de uma forma de mutualização (pelo menos para o núcleo da Eurolândia) da dissuasão nuclear francesa. Os dirigentes franceses vão assim descobrir três coisas: que a questão da segurança/defesa preocupa muito seus parceiros da Eurolândia contrariamente às aparências (devido nomeadamente à perda de credibilidade rápida da protecção estado-unidense); que não há razão para que um debate complexo e difícil seja provocado por esta nova fase de integração unicamente na Alemanha (a França também vai ter de envolver) e finalmente que as opiniões públicas não são contra este tipo de abordagem muito concreta ao contrário dos tratados jurídicos incompreensíveis (como em 2005). Em matéria de defesa, assiste-se já a uma evolução importante: a França afasta-se silenciosamente de toda parceria significativa com o Reino Unido para se recentrar na cooperação com a Alemanha e os países do continente. O facto de o Reino Unido sempre prometer e nunca cumprir seus compromissos em matéria de defesa europeia (último até à data: o desenvolvimento comum de porta-aviões é posto em causa pela decisão britânica de não adaptar seu porta-aviões para receber os aparelhos franceses) foi finalmente analisado pelo que é, ou seja, uma tentativa ininterrupta de impedir a emergência de uma defesa europeia. E a redução drástica da capacidade de defesa britânica, por razões orçamentais, tornaram-no de facto um parceiro cada vez menos atractivo. Fontes: Monde Diplomatique, 15/05/2012; Telegraph, 06/06/2012; Le Point, 14/06/2012

(10) Choque ampliado na psicologia colectiva europeia e mundial pela incapacidade dos europeus durante este período de impedir serem instrumentalizados pela City e a Wall Street em matéria mediática, a fim de, por um lado, desviar a atenção das suas próprias dificuldades e, por outro, tentar "partir" esta Eurolândia em emergência que balouça a ordem estabelecida após 1945.

(11) País que viu a riqueza dos seus habitantes ser reduzida em 40% entre 2007 e 2010 segundo um estudo recente realizada pela Reserva Federal dos EUA. Permitimo-nos lembrar que quando em 2006 indicávamos, desde os primeiros números do GEAB, que esta cria ia provocar uma baixa de 50% da riqueza das famílias americanas, a maior parte dos "peritos" consideravam esta antecipação como totalmente aberrante. E o estudo vai só até 2010. Como indicámos, ainda há pelo menos 20% de baixa que aguarda as famílias dos EUA. Este recordatório visa sublinhar que uma das maiores dificuldades do trabalho de antecipação é a imensa inércia das opiniões e a falta de imaginação dos peritos. Cada uma reforça a outra para fazer crer que nenhuma mudança negativa importante está ali na esquina. Fonte: WashingtonPost, 11/06/2012; US Federal Reserve, 06/2012

(12) Para saber mais sobre o mito das trombetas de Jericó: Wikipedia

(13) Ele deve ser um dos muito poucos operadores a terem feito entrar dinheiro no sistema bancário espanhol nestas últimas semanas. Prova de convergência entre análise e acção.
18/Junho/2012
[NR] Ao publicar um texto resistir.info não tem de concordar com todo o seu conteúdo.

O original encontra-se em www.leap2020.eu/...

Este comunicado público encontra-se em http://resistir.info/ .
22/Jun/12

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A NATO prepara uma vasta operação de intoxicação BASENAME: canta-o-merlo-a-nato-prepara-uma-vasta-operacao-de-intoxicacao DATE: Thu, 21 Jun 2012 21:20:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Thierry Meyssan

Os estados membros na NATO e do CCG preparam um golpe de Estado e um genocídio sectário na Síria. Caso pretendam opor-se a estes crimes, ajam quanto antes; façam circular estes artigo na Net e alertem os vossos conhecidos.

Dentro de poucos dias, talvez a partir de sexta-feira 15 de Junho ao meio dia, os sírios que pretenderem ver as cadeias de televisão nacionais terão estas substituídas nos écrans por televisões criadas pela CIA. Imagens realizadas em estúdio mostrarão cadáveres imputados ao governo, manifestações populares, ministros e generais apresentarão a sua demissão, o presidente el-Assad tratando de fugir, os rebeldes reunindo-se no coração das grandes cidades e um novo governo instalando-se no palácio presidencial. Esta operação, diretamente monitorizada a partir de Washington por Ben Rhodes, conselheiro adjunto da segurança nacional dos Estados Unidos, visa desmoralizar os sírios e preparar um golpe de Estado. A NATO, que esbarrou no duplo veto da Rússia e da China, conseguiria assim conquistar a Síria sem ter de a atacar ilegalmente. Qualquer que seja o julgamento sobre os atuais acontecimentos na Síria, um golpe de Estado poria fim a toda a esperança de democratização.

De maneira absolutamente formal, a Liga Árabe pediu aos operadores de satélite Arabsat e Nilesat para cortarem a transmissão dos media sírios, públicos e privados (Syria TV, Al-Ekbariya, Ad-Dounia, Cham TV, etc.). Existe um precedente, dado que a Liga Árabe tinha já procedido à censura de televisão líbia de forma a impedir os dirigentes da Jamahiriya de comunicarem com o seu povo. Não existe rede hertziana na Síria, onde as televisões são exclusivamente captadas por satélite. Mas este corte não deixaria os écrans apagados. De facto, esta decisão é apenas a parte emersa do iceberg. Segundo informações de que dispomos, diversas reuniões internacionais foram levadas a cabo na semana passada para coordenar a operação de intoxicação. As duas primeiras, de natureza técnica, tiveram lugar em Doha (Qatar), a terceira, política ocorreu em Riade (Arábia Saudita).

Uma primeira reunião juntou os oficiais de guerra psicológica ?embedded? em certas cadeias de satélite, entre as quais Al-Arabiya, Al-Jazeera, BBC, CNN, Fox, France 24, Future TV, MTV. Sabe-se que desde 1998 os oficiais da United States Army?s Psychological Operations Unit (PSYOP) foram incorporados na redação da CNN; a partir daí, esta prática foi estendida pela NATO a outras estações estratégicas. Redigiram antecipadamente falsas informações, segundo um ?storytelling? elaborado pela equipa de Ben Rhodes na Casa Branca. Um procedimento de validação recíproca foi posto em marcha, cada media devendo citar os outros de forma a contribuir para torná-los credíveis aos ouvidos dos telespectadores. Os participantes decidiram igualmente requisitar não apenas as cadeias da CIA para a Síria e o Líbano (Barada, Future TV, MTV, Orient News, Syria Chaab, Syria Alghad), mas também outras quarenta cadeias religiosas wahhabitas, as quais apelarão ao massacre confessional aos gritos de ?Os cristãos para Beirute, os alauitas para o túmulo!?

A segunda reunião juntou engenheiros e realizadores, visando planear a fabricação de imagens de ficção, misturando uma parte em estúdio a céu aberto e uma parte de imagens de síntese. Os estúdios foram arranjados durante as últimas semanas na Arábia Saudita, de modo a reconstituir aos dois palácios presidenciais sírios e os principais lugares de Damasco, Alepo e Homs. Já havia estúdios deste tipo em Doha, mas eram insuficientes.

A terceira reunião agrupou o general James B. Smith, embaixador do EUA, um representante do Reino Unido e o príncipe Bandar Bin Sultan (a quem o presidente George Bush pai designou como seu filho adotivo, ao ponto de a imprensa norte-americana o ter designado como ?Bandar Bush?). Tratava-se de coordenar a ação dos media e a do ?Exército Sírio Livre?, do qual os mercenários do príncipe Bandar formam o grosso dos efetivos.

A operação, em gestação desde há meses, foi precipitada pelo conselho de segurança nacional dos EUA, depois de o presidente Putin ter notificado a Casa Branca de que a Rússia se oporia pela força a toda a intervenção militar ilegal da NATO na Síria.

Essa operação compreende dois vetores simultâneos: por uma lado, diversificar as falsas contrainformações; por outro lado, censurar toda e qualquer a possibilidade de lhes responder.

A interdição das TVs por satélite como forma de conduzir uma guerra não é uma novidade. De facto, sob pressão de Israel, os EUA e a União Europeia impuseram sucessivas interdições a cadeias libanesas, palestinianas, iraquianas e líbias. Nenhuma censura foi imposta a cadeias de satélite provenientes de outras partes do mundo.

Tão-pouco a difusão de notícias falsas constitui uma estreia. Entretanto, quatro novos passos significativos foram dados na arte da propaganda durante o decurso das últimas décadas:
- Em 1994 uma estação de música Pop, a ?Radio Libre des Mille Collines? (RTML) deu o sinal para o genocídio no Ruanda apelando a ?Matar as baratas!?.
- Em 2001 a NATO utilizou os media para impor uma interpretação dos atentados de 11 de Setembro e justificar os ataques ao Afeganistão e ao Iraque. Nesta altura, já Ben Rhodes tinha sido encarregue pela administração Bush de redigir o relatório da Comissão Kean/Hamilton sobre os atentados.
- Em 2002 a CIA utilizou cinco cadeias, Televen, Globovision, Meridiano, ValeTV et CMT, para fazer crer que manifestações monstruosas tinham forçado o presidente eleito da Venezuela, Hugo Chávez, a demitir-se, dado que tinha sido vítima de um golpe de Estado.
- Em 2011, aquando a batalha de Trípoli, a NATO fez realizar em estúdio e difundir pela Al-Jazeera e pela Al-Arabiya imagens de rebeldes líbios entrando na praça central da capital enquanto eles realmente ainda se encontravam longe da cidade, de forma que os habitantes, persuadidos de que a guerra estava perdida, cessaram toda a resistência.

Doravante, os media já não se contentam em apoiar a guerra, eles praticam-na diretamente.

Este dispositivo viola os princípios básicos do direito internacional, a começar pelo artigo 19 de Declaração Universal dos Direitos do Homem relativo ao facto de ?receber e difundir, sem consideração de fronteiras, as informações e as ideias por qualquer meio de informação?. Sobretudo, ele viola também as resoluções da Assembleia Geral da ONU, adotadas no final da Segunda Guerra Mundial, para evitar as guerras. As resoluções 110, 381 e 819 interdizem ?os obstáculos à livre troca de informações e de ideias? (no caso vertente, o corte das cadeias sírias) e ?a propaganda de natureza a provocar ou encorajar toda a ameaça à paz, rotura da paz ou outro ato de agressão?.

No direito, a propaganda da guerra é um crime contra a paz, o mais grave dos crimes, dado que ele torna possíveis os crimes de guerra e os genocídios.
Thierry Meyssan
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Tradução João Carlos Graça
Thierry Meyssan

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "A Grécia tem de sair do euro e declarar a moratória da dívida" BASENAME: canta-o-merlo-a-grecia-tem-de-sair-do-euro-e-declarar-a-moratoria-da-divida DATE: Wed, 20 Jun 2012 10:24:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: Novas TAGS: ----- BODY:

por Costas Lapavitsas [*]
entrevistado por João Alexandre Peschanski

Um quarto dos trabalhadores gregos estão desempregados ? um índice que atinge 50% quando considerados apenas a população economicamente ativa com menos de 25 anos, de acordo com dados oficiais. O Fundo Monetário Internacional e a União Europeia adotaram medidas para supostamente resgatar a economia grega, cujo Produto Interno Bruto (PI&amp;#66;&amp;#41; caiu quase 7% em 2011, que pioraram a situação social. Há protestos diários na capital Atenas, muitos dos quais acabam em confrontos violentos com a polícia.

Para resolver a crise econômica e social, a Grécia tem de "tomar as rédeas de seu próprio futuro". A opinião é do economista grego Costas Lapavitsas, professor da Universidade de Londres e coordenador do grupo de economistas políticos Pesquisa sobre Dinheiro e Finanças (RMF, na sigla em inglês), que se tornou uma das principais referências acadêmicas na análise das causas e consequências da recessão global iniciada em 2007. Segundo ele, o futuro soberano da Grécia passa necessariamente pela moratória da dívida e a saída da zona do euro.

Lapavitsas sugere, nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, concedida em 25 de abril, durante uma visita aos Estados Unidos para uma série de conferências sobre a crise europeia, que as políticas e instituições da zona do euro intensificaram o impacto da recessão na Grécia e no que ele chama de países periféricos do bloco, como Espanha, Portugal e Irlanda. Para sair da crise, diz Lapavitsas, a Grécia precisa adotar medidas de resgate de sua soberania nacional e de desenvolvimento industrial.

Brasil de Fato ? Por que a zona do euro esteve tão vulnerável à crise imobiliária e financeira, que se iniciou nos Estados Unidos, em 2007?

Costas Lapavitsas ? Essa fragilidade à crise global foi causada por fatores relacionados à estrutura interna da zona do euro. É porque a zona do euro é ela mesma problemática, porque ela criou tensões profundas dentro de si. Posso ser mais preciso: a zona do euro criou dentro de si mesma uma oposição entre um centro e uma periferia. A periferia é provavelmente a Grécia, a Espanha, o Portugal, a Irlanda; a Itália está na fronteira. A periferia se tornou periferia porque perdeu competitividade em relação ao centro, desenvolvendo enormes déficits, tanto em transações quanto no saldo comercial, o que levou a uma multiplicação de suas dívidas. Ou seja, à medida que a periferia foi perdendo poder econômico, gerou-se uma dívida, interna e externa, privada e pública. Quando a crise atinge a zona do euro, a dívida que havia sido acumulada na periferia se tornou a principal causa de sua fragilidade, colocando a zona do euro em uma situação muito problemática.

Por que esses países que se tornaram periféricos perderam competitividade?

Vale notar que não se trata de periferia e centro no sentido clássico da teoria do desenvolvimento, em que se opõem Primeiro e Terceiro Mundo. O capitalismo produz continuamente essa distinção entre periferia e centro, uma dimensão combinada de desenvolvimento desigual. A zona do euro fez a mesma coisa, do seu próprio modo, que tem a ver com a formação do euro. A moeda, usada globalmente, foi criada para competir com o dólar, oferecendo a bancos e corporações uma forma de dinheiro confiável para manter suas reservas e organizar transações. Para criar essa forma de dinheiro, os países europeus tiveram de criar um sistema para mantê-lo, que tem vários elementos. Essa variedade é um reflexo do fato de esses países serem 17 Estados. O sistema que foi criado foi pensado para estabelecer um sistema monetário comum, um banco central. Mas, aí começa o problema, há uma variedade de políticas fiscais, já que são 17 Estados, 17 classes dominantes, e, portanto, uma variedade de práticas bancárias. Apesar de haver um sistema monetário comum, há 17 tipos de bancos nacionais na zona do euro. Esse sistema com moeda comum e variedade de bancos, rigidez fiscal com limites, fez com que fosse necessário ter flexibilidade em alguma área: o mercado de trabalho. O que aconteceu então na zona do euro foi uma competição para baixar os custos de trabalho. Aí, a Alemanha ganhou, sem ter realmente um competidor no mesmo nível. A Alemanha manteve congelados os custos de trabalho por quase duas décadas, agora. Os países periféricos tiveram menos êxito; custos de trabalho congelados na Alemanha e custos da unidade de trabalho em alta em outros países levaram-nos a serem menos competitivos. Isso criou um abismo no mercado e os países periféricos não puderam equilibrar a perda de competitividade com desvalorização monetária ou com outras políticas econômicas, já que isso fazia parte do sistema comum.

Na formação do euro, houve acordos para manter em equilíbrio o mercado de trabalho. Por que esses acordos não foram respeitados, já que foram respeitados os acordos monetários e fiscais?

A atitude da zona do euro em relação ao mercado de trabalho é contraditória. Por um lado, há uma proteção de direitos trabalhistas e sindicais, que garantem benefícios reais aos trabalhadores; por outro lado, há uma pressão contínua para baixar os custos salariais. Nesse espaço de contradição, houve por parte de todos os Estados um esforço para produzir competitividade com flexibilização no mercado de trabalho, removendo rigidez. Isso ficou claro no Tratado de Lisboa, no Tratado de Nice e outros acordos. Há, portanto, uma pressão uniforme para baixar os custos de trabalho, por mais que de fato haja algum acordo mínimo em relação a direitos trabalhistas. É a diferente capacidade de ter êxito em baixar os custos de trabalho que levou a resultados divergentes, à criação do centro e da periferia.

Como a Alemanha conseguiu surgir como o país europeu dominante?

A Alemanha manteve seus trabalhadores sem aumento salarial por duas décadas. Conseguiu fazê-lo ao se aproveitar da estrutura de negociação trabalhista tripartite que existe há tempo por lá. Sentam para negociar todo acordo trabalhista empregados, empregadores e representantes do Estado. Após a reunificação das Alemanhas, foram adotadas políticas públicas, muitas vezes com a conivência dos sindicatos, para congelar os custos de trabalho e enfraquecer o sindicalismo. A Alemanha oriental não tem sindicatos fortes; há áreas da Alemanha ocidental que perderam representatividade sindical. Claro que tudo isso foi costurado pelo partido social-democrata alemão, sob o governo de Gerhard Schroeder. Só um partido com origem de esquerda poderia ter imposto esse tipo de situação, finalmente instrumentalizada pelas classes dominantes alemãs, em detrimento dos trabalhadores europeus como um todo.

Como a crise iniciada em 2007 acentuou a vulnerabilidade da periferia da zona do euro?

A crise imobiliária dos Estados Unidos transformou-se numa crise do sistema bancário global, a partir do momento em que os títulos podres vinculados às hipotecas foram vendidos como legítimos. Entrou-se numa recessão global: os bancos globais enfraqueceram-se em termos de liquidez e solvência, incluindo os bancos europeus. Especialmente em 2008 e 2009, a recessão global fez com que os Estados tivessem de intervir para apoiar suas economias internas. Obviamente a capacidade de arrecadação e os rendimentos dos Estados foram reduzidos, pois as economias internas se contraíram. Para os países periféricos, que já tinham dívidas enormes, o resultado foi catastrófico. Não conseguiram recuperar vigor, já que o que conseguiam acumular eram mais dívidas. Haviam perdido competitividade, tinham grande déficits públicos, perdiam capacidade de arrecadação tributária. Mesmo se tentassem manter suas economias internas com algum equilíbrio, o sistema financeiro global não tinha interesse em emprestar mais, quando percebeu que a dívida grega não era a mesma coisa que a dívida alemã, isto é, quando percebeu que a dívida da Grécia e do Portugal, por mais que fosse em euro, não seria bancada pela Alemanha. Daí, a fraqueza desses países periféricos ficou totalmente exposta e o impacto da crise foi muito mais severo. Quando ficou claro que os países periféricos estavam em crise, os bancos começaram a sentir novas pressões da crise, já que os bancos haviam emprestado a esses Estados. A crise começou como uma crise bancária, tornou-se uma recessão, foi para os Estados e, daí, ameaçou voltar aos bancos. Foi quando a crise ameaçou voltar aos bancos que a União Europeia interveio; interveio para resgatar os bancos e, ainda agora, é esse o sentido da intervenção.

As políticas de austeridade adotadas em toda a Europa, mas especialmente nos países que você caracteriza como periféricos, são expressões dessa lógica de intervir para resgatar os bancos?

Os parâmetros que têm direcionado a intervenção da União Europeia são, primeiro, o resgate dos bancos e a transferência dos custos da crise para outros setores, especialmente os assalariados, os trabalhadores. Em segundo, a intervenção quis evitar os custos nacionais, mas daí se deparou com o problema próprio à constituição da zona do euro. Como eu disse antes, não existe algo como um banco europeu, existem bancos nacionais, espanhóis, portugueses, gregos. A zona do euro até se mobilizou para resgatar os bancos, mas não pode fazê-lo de modo geral, tem de resgatar bancos nacionais. O mecanismo para resgatar os bancos teve de ser o Estado. Isso criou mais um problema: por que o Estado alemão resgataria bancos espanhóis? Isso jamais aconteceria. Os alemães disseram: é o Estado espanhol que tem de resgatar os bancos espanhóis. Mas na perspectiva do Estado espanhol só pode fazê-lo com ajuda de outros Estados, especialmente a Alemanha. Aí voltamos aos problemas da construção da zona do euro, que não é homogênea, está cheia de contradições. Além disso, não é uma aliança, construiu-se como um mecanismo hierárquico, com alguns países no topo, que não estão preparados para assumir as perdas dos bancos, economias e Estados periféricos.

A dívida grega era em grande parte com bancos de outros países europeus, especialmente a Alemanha. Não ajudar o Estado grego pode levar ao colapso do sistema bancário alemão.

Claro, e isso tem sido um dos pontos em relação aos quais os políticos europeus têm realmente brigado. Há uma interdependência da crise, clara desde os primeiros sinais de vulnerabilidade, que, além do mais, não tem como ser resolvida. E é um problema muito sério: se os bancos começarem a entrar em colapso, a própria zona do euro vai desaparecer. Isso não é algo que a classe dominante alemã e francesa queira. Mas, ao mesmo tempo, não quer dar dinheiro para a periferia para salvar o sistema e não quer transformar a zona do euro de maneira drástica, pois o modelo europeu atual, por mais contraditório que seja, é positivo para as grandes corporações. A falta de solução da crise europeia não tem a ver com a incompetência dos políticos europeus, o que muita gente costuma dizer ? "a Angela Merkel não é boa", "o Nicolas Sarkozy é ruim". Esses políticos são geralmente muito melhores do que a média dos jornalistas ou analistas econômicos: se houvesse algo a ser feito, a Merkel e o Sarkozy saberiam. O problema é estrutural; tem a ver com os interesses e os mecanismos em jogo na zona do euro. Todos sabem que há um problema, mas não têm como adotar uma medida comum, como a do governo estadunidense. Há um mosaico de intervenções, que não atingem de maneira sistêmica a fonte da crise.

Diante da incapacidade de uma solução conjunta, no nível da zona do euro, os países periféricos têm de tomar medidas de proteção de sua soberania para sair da crise e, especialmente, impedir que seus efeitos continuem tendo impactos tão negativos em suas populações.

Os países periféricos não serão capazes de resolver suas crises, de maneira a atender aos interesses de suas populações, de suas sociedades, a não ser que tomem as rédeas de seu próprio futuro. As decisões que estão sendo tomadas no centro da União Europeia e impostas à periferia são estritamente do interesse do centro. O que tem de acontecer no centro é mais complexo; não está tão claro quanto o que tem de acontecer na periferia. Vale ressaltar que, quando isso acontecer com os países periféricos, eles têm de evitar um nacionalismo econômico cego e autodestrutivo. Tomar as rédeas de seu futuro, assumir o comando de suas políticas públicas para proteger suas populações, não é a mesma coisa do que assumir uma atitude de nacionalismo econômico, por mais que possa levar a isso. O verdadeiro desafio de fazer políticas públicas progressistas, para a esquerda, é conseguir adotar um programa que não fique preso ao nacionalismo econômico.

Você está sugerindo que a Grécia saia da zona do euro? Quais as consequências disso?

Os problemas da dívida e do euro estão inextricavelmente relacionados. A Grécia tem de sair do euro e declarar a moratória da dívida. Não existe um sem outro. Para a Grécia, não pagar a dívida significa algo diferente do que para outros países periféricos, como Espanha e Portugal. Nos últimos dois anos, a dívida grega tornou-se uma dívida pública; antes, os credores eram bancos, agora são instituições internacionais. A natureza da dívida se modificou, a natureza da moratória grega será diferente, quando vier, porque virá. A dívida é insustentável. Mas será mais difícil nessas condições declarar moratória, levando a mais tensões interestatais. Isso é culpa dos políticos europeus, que têm administrado o controle dessa crise desde 2010. A moratória da dívida é necessária e tem de ser soberana, iniciada pela Grécia, não pelos credores, e democrática, com uma comissão auditora, examinando a legitimidade dos empréstimos, prestando contas de maneira democrática, para que se possa descobrir como e por que o país se endividou tanto. Toda dívida é uma questão de classe e tem de ser examinada dessa maneira, ou seja, com participação da sociedade civil, dos trabalhadores, para que se chegue a uma solução de defesa da soberania popular. A moratória é necessária agora e a saída da zona do euro deveria acontecer ao mesmo tempo. Isso será um choque enorme, maior agora do que teria sido há dois anos, porque a economia está mais enfraquecida, após dois anos do que chamaram de resgate da Grécia. Mas não há escolha.

O que acontece depois?

As condições que serão estabelecidas serão de emergência. A melhor forma de lidar com elas é com mobilização social e política. Os trabalhadores têm de ter o controle e administrar essas condições de emergência, de maneira coletiva, coerente e organizada. Haverá problemas monetários, já que tem de se criar um sistema para a circulação de uma nova moeda, que tem de ter câmbio e outros mecanismos para funcionar. A intervenção do Estado é necessária para controlar os problemas monetários e assegurar que a nova moeda se torne viável e dominante. Haverá problemas com bancos, que não conseguirão lidar com a confusão de ter obrigações em euro e atender aos requisitos para a circulação da nova moeda. Os bancos terão de ser nacionalizados, colocados sob um sistema de propriedade pública. Haverá um período sem funcionamento bancário. O controle de capital tem de ser imposto imediatamente. Tem de se iniciar um processo de reestruturação dos bancos, criando instituições que possam estimular o desenvolvimento com preocupação social. Haverá problemas comerciais, de acesso a mercadorias. No médio prazo, a saída da zona do euro será positiva, porque a nova moeda será desvalorizada e, portanto, haverá mais produção interna e um mercado interno revigorado. Isso pode levar ao renascimento do emprego. A dependência atual da Grécia em relação aos produtos de fora é ridícula e isso poderá reverter essa situação. As exportações também podem ser beneficiadas.

Os efeitos positivos serão vistos em um ano. Mas no curto prazo haverá problemas de acesso a mercadorias básicas, em relação às quais o país tem um déficit, o que inclui alimentos, medicamentos e petróleo. Para lidar com isso, será preciso adotar medidas administrativas, condições de guerra para falar francamente, com intervenção do Estado, nacionalização e direção do consumo, para garantir que os mais vulneráveis estejam protegidos, que haja justiça em como as mercadorias são distribuídas, que crianças tenham acesso ao que precisam, até que a situação seja normalizada, o que é uma questão de tempo. Tudo isso soa como algo muito duro e difícil, mas tudo isso já está acontecendo na Grécia agora, com desemprego, cortes salariais, falta de acesso a bens de consumo. Mas isso está acontecendo atualmente de maneira desigual, sem atingir quem tem mais e devastando a maioria da população. Medidas administrativas do tipo que estou sugerindo garantem que o sacrifício seja partilhado, até que o país esteja melhor.

Essas são medidas de reorganização econômica após uma eventual saída da zona do euro. O que precisa ser feito para tirar o país da crise?

Essas medidas não são a resposta toda para solucionar a crise, são apenas os primeiros passos para que a Grécia e os outros países periféricos saiam da armadilha na qual estão atualmente. Essas medidas têm de servir para a apresentação de um amplo programa de transformação social e econômica. A Grécia precisa de reformas profundas, colocando sua economia em outro rumo, reforçando o Estado, adotando uma nova política industrial.

Você diz que a moratória da dívida é necessária, inevitável, mas o que garante que o governo grego, que aceitou os planos de austeridade e reprime duramente manifestações populares, vai declará-la?

Não haverá moratória e saída da zona do euro, se não se discutir democracia e soberania nacional para a Grécia. A União Europeia não é um mecanismo para proteger a democracia, contém em si vários mecanismos para suprimir a democracia, impondo medidas e práticas antidemocráticas de fora, mesmo em países grande, como a Itália. Isso é muito perigoso. Há obviamente interesses poderosos na Grécia que se alinham com a União Europeia, porque acreditam que sua posição econômica está protegida. É um tipo de aliança com a presença externa imperialista. Mas a população grega não aceita isso nem a negação da democracia. Precisa restabelecer a democracia e a saída da zona do euro pode trazer as condições para isso. Está relacionado a isso o fato de a Grécia ter perdido soberania nacional, tornando-se rapidamente uma neocolônia, sob condições de protetorado, que a classe dominante aceita, mas a população grega não. A moratória da dívida e a saída da zona do euro podem ser mecanismos para resgatar a soberania nacional.

Você parece esperar que medidas emergenciais levem a práticas democráticas, mas geralmente são um contexto para regimes autoritários.

Não acho que haja o risco de um golpe militar na Grécia, agora. Há uma noção geral no exército de que o sistema vigente não funciona, não tem interesse em manter a situação. O exército tem sofrido ele mesmo com os planos de austeridade, tanto com cortes em gastos militares quanto em salários. O exército considera que o problema é profundo e complexo e que uma ditadura militar não conseguiria responder a isso. O problema não é o mesmo do passado, comunismo ou anticomunismo, mas muito mais profundo, relacionado à estrutura econômica, à direção social do país, e o exército grego não tem nenhum projeto para solucioná-lo. E acredito que os oficiais sabem disso. É mais provável que testemunhemos muita repressão policial, o mecanismo repressivo do Estado, por mais que a fachada democrática seja mantida. Mas isso ainda tem que ser visto, pois a própria polícia sofreu com as políticas de austeridade. Não será possível manter um alto nível de repressão por muito tempo.

Há um movimento crescente de extrema direita na Grécia.

Por enquanto, são os principais beneficiários das políticas de austeridade. Isso é péssimo, por mais que seja compreensível. É reflexo da inabilidade da esquerda de formular uma alternativa coerente. Alguns setores da esquerda têm sido muito críticos em relação ao que está acontecendo, mas defendem uma alternativa que mantenha a Grécia na zona do euro. Outros setores rejeitam todas as políticas europeias, mas não sentem que haja uma solução no presente. Diante dessa inabilidade da esquerda de ter uma alternativa coerente, muitos movimentos de direita, que têm um discurso de confrontação e nacionalismo agressivo, têm crescido e isso polariza a política grega. Mas, para fora da disputa partidária, há realmente muito acontecendo nos protestos, algo que se pode chamar de unidade classista das ruas, pois toda uma variedade de pessoas não aceita o que está acontecendo e luta contra as imposições da austeridade sem parar há dois anos. Ainda não se conseguiu fazer dessa unidade na luta uma frente coerente, que leve a uma alternativa política. Mas sou otimista, pois a crise não está solucionada, deve até piorar, as condições de vida das pessoas são insustentáveis e, principalmente, as pessoas não enxergam um futuro para a Grécia e suas vidas dentro do quadro político e econômico atual. As pessoas conseguem suportar todo tipo de problemas, se imaginam que sua situação vai melhorar no futuro. Isso não é o caso na Grécia. Nessas condições, a luta vai continuar, assim como a busca por uma alternativa viável e realizável.
15/Maio/2012

Do mesmo autor:
Para Portugal, o tempo está a esgotar-se
Ruptura ? Uma via para sair da crise da Eurozona
"O BCE não é a solução mágica para a crise da eurozona"

[*] Professor de Economia da School of Oriental and African Studies (SOAS), membro do Research on Money and Finance , autor de Crisis in the Euro Zone .

O original encontra-se em http://www.brasildefato.com.br/node/9579

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Soluções que se afastem do poder popular servem o capital BASENAME: canta-o-merlo-solucoes-que-se-afastem-do-poder-popular-servem-o-capital DATE: Fri, 15 Jun 2012 19:42:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Elisseos Vagenas [*

http://pt.kke.gr/news/news2012/2012-06-12-synentefxi/

1. Os resultados das eleições demonstram que o sistema dos dois partidos acabou. Que desenvolvimentos levaram a isto e o que nos mostram os equilíbrios políticos de hoje?

Resposta: O resultado demonstra que eles procuram fazer um esforço de cirurgia cosmética no sistema de dois partidos. Eles reapresentaram velhos dilemas chantagistas aos trabalhadores num novo "pacote". A classe burguesa, a fim de manter o seu poder procura livrar-se ou dar papéis secundários à maior parte dos partidos e figuras políticas já gastas. Ela está a preparar uma reestruturação do cenário político, devido aos danos sofridos pelos partidos burgueses básicos, o social-democrata PASOK e o conservador ND. Há uma tentativa para formar um pólo centro-direita em torno do ND e um pólo centro-esquerda em torno do social-democrata SYRIZA. A tentativa de reduzir a força eleitoral do KKE faz parte deste plano.

2. O que argumentou e propôs o KKE nas eleições? Qual era a sua linha geral e o que ele diz hoje?

Nas eleições de 6 de Maio o KKE promoveu amplamente a sua proposta política a qual destaca que a classe trabalhadora tem necessidade do poder popular sobre a economia, com desligamento da UE e cancelamento unilateral da dívida, com a socialização dos meios de produção concentrados, as cooperativas de produtores, planeamento à escala nacional para a plena utilização do potencial de produção do país, com controle da classe trabalhadora e do povo o qual operará de baixo para cima.

3. Os partidos do poder perderam muitos votos. A indignação foi expressa através de partidos que não tomaram uma posição frontal contra a Troika, a UE, o FMI, enquanto o KKE está todos os dias no meio das lutas, ao lado dos trabalhadores, desempregados, auto-empregados, etc. Por que o KKE não recebeu um resultado correspondente?

O KKE teve um pequeno aumento nesta eleição. Especificamente, recebeu 536.072 votos ou 8,5%, ou seja, +18.812 votos ou +1%. O KKE elegeu 26 deputados (dos 300 no Parlamento), 5 mais do que tinha anteriormente. Nos bairros da classe trabalhadora o KKE recebeu quase o dobro da sua percentagem média. Na verdade em uma das 56 regiões eleitorais (Samos-Ikaria) o KKE ficou em primeiro lugar com 24,7%. Deveria ser observado que 8,5% é a mais alta percentagem do partido em eleições parlamentares nos últimos 27 anos, desde 1985.

O KKE não tem ilusões parlamentares no sentido de que não espera aumentar gradualmente os seus votos até um dia em que terá uma maioria no parlamento e formará um governo "comunista". Estamos a lutar pelo socialismo-comunismo e se isto pudesse ocorrer através de eleições burguesas então a classe burguesa já teria abolido eleições.

Deste ponto de vista é incorrecto comparar os resultados eleitorais do KKE com aqueles de uma formação social-democrata, tal como o SYRIZA.

Deveríamos recordar que dois anos e meio atrás o PASOK, o outro partido social-democrata, recebeu 44% dos votos ao passo que desta vez recebeu apenas 13%. Este declínio, o qual teve lugar em condições de fluidez política promoveu o SYRIZA, sua relação ideológica mais próxima.

4. O KKE argumenta que sem poder popular e socialização dos meios de produção, não pode ser formado um governo que esteja a favor dos trabalhadores. Hoje, quando as condições para esta direcção não existem, isto é, para o poder popular, o que propõe o KKE? Que exigências promove ele na situação de hoje?

Uma vez que o nosso país permanece ligado a uniões imperialistas, NATO e UE, e o poder pertence aos capitalistas, não pode haver nenhum governo a favor do povo. A posição do KKE é pela organização da luta dos trabalhadores, dos agricultores pobres, dos estratos populares baixos-médios contra as medidas anti-povo que serão tomadas pelo governo (seja centro-direita ou centro-esquerda). Acreditamos que através desta luta forças serão libertadas da ideologia burguesa e será formada uma aliança social que colocará a questão do poder.

5. O que é o programa mínimo do KKE, o qual responda às exigências e lutas dos trabalhadores?

O KKE insiste e está firmemente orientado para a necessidade e oportunidade do socialismo. Ele considera que as pré-condições materiais para a criação da sociedade socialista-comunista existem. Além disso, tendo estudado a experiência histórica do movimento comunista grego e internacional, o KKE chegou à conclusão de que as visões respeitantes a uma "etapa intermediária" entre capitalismo e socialismo foram erradas. Na nossa opinião, esta avaliação não vingou em parte alguma!

O poder será ou um poder burguês ou o poder popular dos trabalhadores; não pode haver qualquer poder que tenha um carácter intermediário. Nesta base, o KKE hoje não combate por qualquer etapa intermediárias e portanto não tem programa mínimo. Naturalmente isto não significa que tenha apenas uma estratégia e não tácticas. As tácticas do KKE promovem a necessidade de congregar o povo trabalhador em torno de objectivos de luta, tanto para a defesa dos trabalhadores, do povo e dos direitos democráticos como para a satisfação das necessidades actuais do povo. Temos posições bem elaboradas e objectivos de luta para todos os problemas do povo. Contudo, declaramos abertamente que sob as condições do capitalismo quaisquer êxitos que o povo trabalhador possa obter serão temporários sem a aquisição do poder popular dos trabalhadores.

6. Como o descontentamento e indignação popular serão organizados pelo partido?

Os comunistas estão na vanguarda da luta em relação a todo problema que o povo enfrenta. Procuramos mobilizar os trabalhadores e os estratos populares pobres no caminho da luta através dos sindicatos, da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) o qual é pólo com orientação de classe nos sindicatos, bem como através de outras formas de organização, como os Comités Populares nos bairros.

7. O que são os dilemas que eles estão a colocar diante do povo e o que o partido tem a dizer acerca disto?

A classe burguesa e seus partidos colocam falsos dilemas antes das eleições a fim de aprisionar forças populares e impedi-las de se aproximarem do KKE. Mas não podemos explicar isto de um modo analítico devido à falta de espaço. Podemos abreviadamente mencionar um destes dilemas: "euro ou dracma?" Consideramos que isto é um falso dilema. Para começar, se a Grécia permanecer no euro ou não depende do desenvolvimento da crise capitalista no país e na Europa. Além disso, só a questão da divisa, sem o derrube do poder da classe burguesa, sem a socialização dos meios de produção básicos, o planeamento central da economia e o controle dos trabalhadores, não pode garantir uma vida melhor para os trabalhadores.

8. Qual é a linha política do partido em relação a alianças?

O KKE tem uma política de alianças a qual tem uma base social. Ele acredita numa aliança da classe trabalhadora, dos estratos populares na cidade e no campo que entrarão em conflito com os monopólios e o imperialismo. Esta aliança está a ser formada hoje através das respectivas mobilizações populares com a perspectiva de por em causa o pode dos monopólios.

9. Por que o KKE rejeitou o convite do SYRIZA para um governo de esquerda? Qual é o carácter de classe do SYNAPISMOS e que classes ele representa?

Acreditamos que um "governo de esquerda" seja incapaz de resolver os problemas do povo e, pelo contrário, irá piorá-los. Naturalmente isto não pode ser entendido por todo o povo trabalhador e outros estratos tais como os pequenos negociantes que estão a ser destruídos pela crise. O SYRIZA foi escolhido por uma parte da burguesia a qual o encara como a força básica num governo que fará o "trabalho sujo" da crise capitalista, que administrará uma possível bancarrota.

10. O que prevê para o após 17 de Junho?

Qualquer governo nas condições da crise capitalista, na estrutura do sistema capitalista, com o país aprisionado na UE e na NATO, tomará medidas anti-povo.

O KKE é um partido para todas as estações e demonstrou isso na sua história de 93 anos. No entanto, é importante frustrar os planos para o seu enfraquecimento nas eleições de Junho de modo a que possa desempenhar um papel importante no contra-ataque dos trabalhadores e do povo com toda a força possível.
12/Junho/2012

[*] Membro do CC e responsável da Secção Internacional do CC do KKE. Entrevista ao jornal turco Evrensel.

e-mail:cpg@int.kke.gr

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Resistir.info

O famoso investigador espanhol Vicente Navarro, que trabalhou 40 anos na John Hopkins University, acaba de ter o livro Hay alternativas: Propuestas para crear empleo y bienestar en España censurado pelas críticas que faz à situação económico-social da Espanha e da UE. O livro, elaborado em co-autoria com os economistas Juan Torres López e Alberto Garzón Espinosa e com prefácio de Noam Chomsky, estava pronto para ser lançado mas a editora Aguilar arrependeu-se e decidiu abortar o lançamento. Diante disso, os autores resolveram fazer uma carta-denúncia pública e divulgar o livro gratutitamente através da Internet. O livro pode ser descarregado aqui (224 pgs., 1,7 M&amp;#66;&amp;#41; Ha alternativas (clique com o botão direito do rato e faça Save As...).

Algumas das afirmações contidas no livro:

Que a crise mundial é terrorismo financeiro

Que a Espanha é o único país da OCDE onde os salários reais não cresceram nos últimos 15 anos

Que não temos vivido acima das nossa possibilidade e sim que os salários estiveram abaixo das nossas necessiddes

Que há 20 anos a diferença de remunerações entre dirigentes e assalariados era 10-20 vezes superior e agora é até 100-200 vezes superior

que os países que estão suportando bem a crise são aqueles do Norte da Europa, onde os serviços sociais ocupam uns 25% e na Espanha só cerca de 9% e estes serviços sociais são financiados, na Suécia, com a política fiscal

que portanto, quando dizem que há que reduzir a despesa pública e reduzir os salários para gerar riqueza e emprego, é exactamente o contrário e isso é explicado no livro com todo o pormenor

que a diferença entre a Suécia e a Espanha é que lá os ricos pagam os impostos e em Espanha só pagam os trabalhadores em folha de pagamento, mas que entre as grandes empresas espanholas a maioria só declara uns 10% dos seus lucros, e que as grandes fortunas só cerca de 1%. Para isso, utilizam os paraísos fiscais e outras tretas que até os bancos, seus cúmplices, os ajudam a desviar

que os planos de austeridade que nos impõem conduzem as economias no rumo do desastre
que em Espanha, com os 40 anos de ditadura, onde o poder da banca e dos empresários estava muito unido à política, ainda segue essa tendência: o poder de classe (v. pgs. 109-110)
Face à atitude de censura da Aguilar, os autores entregaram a publicação em papel às Ediciones Sequitur, que fará o lançamento em colaboração com o ATTAC.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Governo de Rajoy mente e leva ao povo à ruína, enquanto os banqueiros nos saqueiam BASENAME: canta-o-merlo-o-governo-de-rajoy-mente-e-leva-ao-povo-a-ruina-enquanto-os-banqueiros-nos-saqueiam DATE: Tue, 12 Jun 2012 23:17:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Jesús Gellida
Rebeliom

Mais umha vez o governo do Estado mente e situa-se a favor da banca e dos seus interesses à conta de seguir empobrecendo à imensa maioria da populaçom.

Mas, a quem lhe surpreende? Em pouco mais de cinco meses subírom os impostos, aprovárom umha amnistia fiscal, impusêrom umha reforma laboral muito agressiva contra os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras (1), recortárom os orçamentos em sanidade, educaçom, serviços sociais, investigaçom, reduziram o gasto em investimento público, etc. De todo isto nada dizia o seu programa eleitoral. Mas, e que? a quem lhe surpreende? Que se esperava deste governo?

Assim, temos um contexto no qual ao mesmo tempo que se impom recortes em direitos sociais e laborais dom-se toda umha série de ajudas multi-milionárias ao sector financeiro, chegando ao passado sábado 9 de Junho quando se fai pública a necessidade de um primeiro resgate de até 100.000 milhões de euros para a banca espanhola (2). Mas, o governo continua mentindo dizendo que este resgate nom é tal senom que é um empréstimo em condições muito favoráveis e que só afectará à banca. Isto nom é assim posto que o receptor deste dinheiro será o Fundo de Reestruturaçom Ordenada Bancária (FRO&amp;#66;&amp;#41;, um organismo público que desembolsará o dinheiro às entidades financeiras com problemas, o qual implicará um novo aumento da dívida pública espanhola de até 10% do PIB e que os interesses pagos computem como gasto a efeitos de deficit. Assim mesmo o comunicado do Euro-grupo deixa claro que é o Estado o que assinará o Memorándum de Entendimento onde se fixam as condições do resgate e que, portanto, será o Estado ele responsável por devolver estas ajudas se o sector financeiro espanhol nom é capaz de reembolsar os recursos recebidos através do FROB. À vez, o ministro de economia alemám anunciou que a troika formada pola Comissom Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu controlará a reestruturaçom da banca do Estado espanhol e, como era de esperar, já se fixo público que o resgate estará estreitamente vinculado ao cumprimento do Pacto de Estabilidade.

Mas, alguém pode-se achar que este resgate nom implicou e implicará mais recortes? Há que lembrar que o passado dia 30 de Maio a Comissom Europeia fazia umha série de "recomendaçoes" para o Estado espanhol, onde entre outros assuntos advertia que as potenciais operações de resgate financeiro para o país podem supor um risco para o deficit, actualmente em 8,9% do PIB . Assim mesmo, o objectivo do deficit que marca a Uniom Europeia através do Pacto de Estabilidade é de 3% para o 2013, mas este poderia alargar-se num ano para Estados com dificuldades (como o espanhol) com a condiçom de que se aprofunde nestas "recomendaçoes" da Comissom (3), é dizer, mais recortes em direitos sociais e laborais. Neste ponto é importantíssimo fazer mençom a que durante o verao de 2011 o governo do PSOE com o apoio do PP modificou de forma urgente a constituiçom espanhola para introduzir a limitaçom do deficit e, portanto, restringir o gasto público (o qual inclui o gasto público social). Assim pois, o Estado garante os interesses da banca a expensas do gasto público, é dizer, socializar as perdas do sector financeiro.

Contodo isto, temos um panorama no que continuárom as reformas estruturais em nome da reduçom e controlo do deficit, reformas que nom som outra cousa que mais recortes e retrocessos em direitos e prestações sociais conquistados historicamente, que à vez trarám umha agravaçom da pobreza e das desigualdades sociais (4). Neste sentido há que dizer que esta situaçom beneficia e muito a umha classe social muito concreta que está a utilizar esta crise para conseguir o que sempre pretendeu, a privatizaçom da maioria de serviços públicos que podam ser rendíveis, a socializaçom das suas possíveis perdas e o descendo dos salários e da protecçom social, é dizer, umha transferência das rendas do trabalho ao capital maciças.

Assim pois, há que fazer muita pedagogia política para consciencializar à maioria da populaçom de que o que esta passando nom é umha crise, senom umha estafa, um saque que nos leva às classes populares e trabalhadoras à ruína. Portanto, temos que reagir, tomar consciência e perder o medo, para assim organizar-nos e mobilizar-nos de forma maciça e continua exigindo, entre outras medidas, umha verdadeira banca pública baixo um estrito controlo social, à vez que expondo alternativas (5) ao sistema.

Notas:

(1) Ver o artigo "A última reforma laboral: um ataque frontal à classe trabalhadora" .

(2) O Banco de Espanha estima que o sistema bancário do Estado tem activos tóxicos por umha soma de 176.000 milhões de euros.

(3) Subida do IVE, aceleraçom no atraso da idade de jubilaçom, controlo do gasto nas comunidades ou endurecimento das prestações por desocupaçom, etc.

(4) Ver o artigo "O empobrecimento contínuo da maioria da sociedade" .

(5) Ver as alternativas que se expom no último parágrafo do artigo sobre o 12M15M.

Blog do autor: http://jgellida.blogspot.com/

Rebeliom publicou este artigo com a permissom do autor mediante umha licença de Creative Commons, respeitando a sua liberdade para publicar noutras fontes.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Como a Goldman Sachs capturou a Europa BASENAME: canta-o-merlo-como-a-goldman-sachs-capturou-a-europa DATE: Mon, 11 Jun 2012 15:18:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O Mecanismo Europeu de Estabilização,
ou como a Goldman Sachs capturou a Europa
por Ellen Brown [*]

O golpe da Goldman Sachs que falhou na América está quase a ter êxito na Europa ? um salvamento permanente, irrevogável e incontestável para os bancos que é financiado pelos contribuintes.

Em Setembro de 2008 Henry Paulson, antigo presidente da Goldman Sachs, conseguiu extorquir do Congresso um salvamento bancário de US$700 mil milhões. Mas para ter êxito nisso ele precisou cair de joelhos e ameaçar de colapso todo o sistema financeiro global e ainda a imposição de lei marcial. E o salvamento era um caso pontual a ser efectuado só uma vez. O pedido de Paulson de um fundo de salvamento permanente ?Troubled Asset Relief Program ou TARP ? teve a oposição do Congresso e acabou por ser rejeitado.

Em Dezembro de 2011, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, antigo vice-presidente da Goldman Sachs Europe, conseguiu aprovar um salvamento de 500 mil milhões de euros para bancos europeus sem pedir permissão a ninguém. E em Janeiro de 2012, um programa de financiamento permanente de resgates, chamado Mecanismo de Estabilidade Europeia (MEE), foi aprovado na calada da noite mal sendo mencionado pela imprensa. O MEE impõe uma dívida ilimitada a governos membros da UE, colocando os contribuintes no anzol para seja o que for que venha a ser exigido pelos eurocratas supervisores do MEE.

O golpe dos banqueiros triunfou na Europa aparentemente sem um combate. O MEE é encorajado pelos governos da eurozona, pelos seus credores e igualmente pelo "mercado", porque significa que investidores continuarão a comprar dívida soberana. Tudo é sacrificado aos pedidos dos credores, porque de que outro lugar o dinheiro pode ser obtido para manter a flutuar as dividas paralisantes dos governos da eurozona?

Há uma outra alternativa à escravidão da dívida para com os bancos. Mas, em primeiro lugar, um olhar mais atento ao ventre abominável do MEE e à silenciosa tomada do BCE pelo Goldman.

O lado escuro do MEE

O MEE é um organismo de resgate permanente destinado a substituir tanto o European Financial Stability Facility como o European Financial Stabilization Mechanism, ambos temporários, assim que Estados Membros representando 90% dos compromissos de capital o houverem ratificado, o que se espera acontecer em Julho de 2012. Num vídeo do YouTube de Dezembro de 2011 intitulado "A chocante verdade do iminente colapso da UE" , apresentado originalmente em alemão, faz revelações sobre o MEE que vale a pena aqui citar extensamente. O vídeo afirma:

A UE está a planear um novo tratado chamado Mecanismo Europeu de Estabilidade, ou MEE: um tratado de dívida. ... O stock de capital autorizado será de 700 mil milhões de euros. Pergunta: por que 700 mil milhões? [Provável resposta: ele simplesmente imitou os US$700 mil milhões que o Congresso dos EUA comprou em 2009].

[Artigo 9º] "... Membros do MEE por este instrumento irrevogavelmente e incondicionalmente comprometem-se a pagar a pedido qualquer chamada de capital que se lhes faça ... dentro de sete dias após a recepção do pedido". ... Se o MEE precisar dinheiro, temos sete dias para pagar. ... Mas o que significa "irrevogavelmente e incondicionalmente"? O que acontece se tivermos um novo parlamento que não queira transferir dinheiro para o MEE? ...

[Artigo 10º] "O Conselho de Governadores pode decidir mudar o capital autorizado e emendar o Artigo 8 ... correspondentemente". Pergunta: ... 700 mil milhões é só o começo? O MEE pode aumentar o fundo tanto quanto quiser, em qualquer momento que quiser? E a nós então seria exigido sob o Artigo 9 que pagássemos irrevogavelmente e incondicionalmente?

[Artigo 27, linhas 2-3]: "O MEE, sua propriedade, recursos financeiros e activos ... desfrutará de imunidade em relação a toda forma de processo judicial ..." Pergunta: Então o programa MEE pode processar-nos, mas nós não podemos contestá-lo em tribunal?

[Artigo 27, linha 4]: "A propriedade, recursos financeiros e activos do MEE ... será imune a investigação, requisição, confisco, expropriação ou qualquer outra forma de captura, tomada ou arresto por acção executiva, judicial, administrativa ou legislativa". Pergunta: Isto significa que nem os nossos governos nem os nossos legisladores, nem qualquer das nossas leis democráticas têm qualquer efeito sobre a organização do MEE? Isto é um tratado bastante poderoso!

[Artigo 30]: "Governadores, governadores suplentes, directores, directores suplentes, o director administrativo e os membros da equipe serão imunes a processos legais em relação a actos por eles desempenhados ... e desfrutarão de inviolabilidade em relação aos seus papéis e documentos oficiais". Pergunta: Então alguém envolvido no MEE está fora do anzol? Eles não podem ser responsabilizados por qualquer coisa? ... O tratado estabelece uma nova organização intergovernamental para a qual nos é exigido transferir activos ilimitados dentro de sete dias a simples pedido, a uma organização que pode processar-nos mas é imune a todas as formas de processo e cujos administradores desfrutam da mesma imunidade. Não há revisores independentes e não existem leis a aplicar? Os governos não podem efectuar acções contra ele? Orçamentos nacionais nas mãos de uma única organização inter-governamental não eleita? Será isso o futuro da Europa? Será isso a nova UE ? uma Europa destituída de democracias soberanas?

O polvo Goldman captura o BCE

Em Novembro último, sem fanfarras e mal notado pela imprensa, Mario Draghi, o antigo executivo da Goldman, substituiu Jean-Claude Trichet como governador do BCE. Draghi não perdeu tempo a fazer para os bancos o que o BCE se havia recusado a fazer para os seus governos membros ? despejar dinheiro sobre eles a taxas muito baratas. O bloguista francês Simon Thorpe informa:

Em 21 de Dezembro, o BCE "emprestou" 489 mil milhões de euros a bancos europeus à taxa extremamente generosa de apenas 1% em três anos. Digo "emprestou", mas na realidade eles apenas puseram as impressoras a funcionar. O BCE não tem esse dinheiro para emprestar. É Quantitative Easing mais uma vez.

O dinheiro foi devorado de forma virtualmente instantânea por um total de 523 bancos. É a loucura completa. O BCE espera que os bancos venham a fazer algo útil com ele ? como emprestar o dinheiro aos gregos, os quais estão actualmente a pagar 18% nos mercados de títulos para obterem dinheiro. Mas não há absolutamente nenhumas condições adstritas. Se os bancos decidirem pagar bónus com o dinheiro, tudo bem. Ou podem simplesmente transferir todo o dinheiro para paraísos fiscais.

A juros de 18%, a dívida duplica em apenas quatro anos. É este oneroso fardo de juros, não a própria dívida, que está a paralisar a Grécia e outros países devedores. Thorpe propõe a solução óbvia:

Por que não emprestar o dinheiro directamente para o governo grego? Ou para o governo português, actualmente tendo de contrai empréstimos a 11,9%? Ou ao governo húngaro, actualmente a pagar 8,53%? Ou ao governo irlandês agora a pagar 8,51%? Ou ao governo italiano, o qual está a pagar 7,06%?

A objecção de reserva àquela alternativa é que o Artigo 123 do Tratado de Lisboa impede o BCE de emprestar a governos. Mas Thorpe raciocina:

O meu entendimento é que o Artigo 123 está ali para impedir governos eleitos de abusarem de Bancos Centrais ordenando-lhes que imprimam dinheiro para financiar gastos excessivos. Essa, dizem-nos, é a razão porque o BCE tem de ser independente de governos. OK. Mas o que temos agora é um milhão de vezes pior. O BCE está agora totalmente nas mãos do sector bancário. "Queremos 500 milhões de dinheiro realmente barato!!" dizem eles. OK, não há problema. Mário está aqui para acertar isso. E não é preciso consultar ninguém. No momento em que o BCE fez o anúncio, o dinheiro já havia desaparecido.

Se o BCE estivesse a trabalhar pelo menos sob a supervisão de governos eleitos teríamos alguma influência quando elegemos aqueles governos. Mas o grupo que agora tem as suas mãos encardidas nos instrumentos de poder agora está totalmente fora de controle.

A Goldman Sachs e os tecnocratas financeiros apossaram-se do navio europeu. A democracia saiu pela janela, tudo em nome da manutenção do banco central independente de "abusos" de governos. Mas o governo é o povo ? ou deveria ser. Um governo eleito democraticamente representa o povo. Os europeus estão a ser ludibriados para abrir mão da sua querida democracia em favor de um perigoso banco de piratas financeiros, e o resto do mundo não fica muito atrás.

Ao invés de ratificar o draconiano tratado MEE [1] , os europeus seriam mais avisados se revertessem o artigo 123 do tratado de Lisboa. Então o BCE poderia emitir crédito directamente para os seus governos membros. Alternativamente, governos da eurozona poderia restabelecer sua soberania económica pela ressurreição dos seus bancos centrais de propriedade pública e utilizá-los para emitir o crédito do país em benefício do país, efectivamente isento de juro. Isto não é uma ideia nova mas historicamente tem sido utilizada com muito bom efeito, na Austrália por exemplo através do Commonwealth Bank of Australia e no Canadá através do Bank of Canada .

Hoje a emissão de dinheiro e crédito tornou-se direito privado de rentistas vampiros, os quais estão a utilizá-lo para extrair o sangue vital de economias. Este direito precisa ser devolvido a governos soberanos. O crédito deveria ser um serviço público (public utility), distribuído e administrado para o benefício do povo.
19/Abril/2012

[1] O parlamento português ratificou o Tratado do MEE em 13/Abril/2012, com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS.

Ver também:
MEE, o novo ditador europeu , Rudo de Ruijter
MEE, um golpe de estado em 17 países , Rudo de Ruijter
MEE: A ilegalidade da emenda do artigo 136 , Rudo de Ruijter
Acção colectiva contra o Mecanismo Europeu de Estabilidade, o novo ditador europeu
"Ignorem os títulos. Não há aumento do fundo de resgate para 700 mil milhões de euros" , Wolfgang Münchau
Não ao tratado fiscal
Os problemas da zona euro e a dificuldade de saída , Arturo Huerta González
O Tratado da austeridade da UE , Yiorgos Vassalos
Tratado estúpido , Octávio Teixeira

[*] Procuradora e presidente do Public Banking Institute, http://PublicBankingInstitute.org . Em Web of Debt, o mais recente dos seus onze livros, ela mostra como um cartel privado usurpou o poder de criar dinheiro e como nós o povo podemos recuperá-lo. Seus sítios web são http://WebofDebt.com e http://EllenBrown.com .

O orginal encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=30403

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Colapso financeiro à vista: Quando é o "mais cedo ou mais tarde"? BASENAME: canta-o-merlo-colapso-financeiro-a-vista-quando-e-o-mais-cedo-ou-mais-tarde DATE: Mon, 11 Jun 2012 15:09:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Paul Craig Roberts [*]

Desde o princípio da crise financeira e do Alívio quantitativo (Quantitative Easing), a questão tem estado diante nós: Como pode o Federal Reserve manter taxas de juro zero para bancos e taxas de juro reais negativas para poupadores e possuidores de títulos quando o governo dos EUA está a acrescentar US$1,5 milhão de milhões (trillion) à dívida nacional a cada ano através dos seus défices orçamentais? Não muito tempo atrás o Fed anunciou que ia continuar esta política por mais dois ou três anos. Na verdade, o Fed está trancado nesta política. Sem as taxas de juro artificialmente baixas, o serviço da dívida sobre a dívida nacional seria tão grande que levantaria questões acerca da classificação de crédito do Tesouro dos EUA e da viabilidade do dólar ? e assim os milhões de milhões de dólares em taxas de juro swaps e outros derivativos ficariam decompostos.

Por outras palavras: a desregulamentação financeira que levou aos jogos da Wall Street, a decisão do governo estado-unidense de salvar os bancos e mantê-los a flutuar e a política de taxa de juro zero do Federal Reserve colocaram o futuro económico dos EUA e da sua divisa numa posição indefensável e perigosa. Não será possível continuar a inundar os mercados de títulos com US$1,5 milhão de milhões (trillion) em novas emissões a cada ano quando a taxa de juros sobre os títulos é menor do que a taxa de inflação. Todos os que compram um título do Tesouro estão a comprar um activo depreciado. Além disso, o risco capital de investir em títulos do Tesouro é muito alto. A taxa de juro baixa significa que o preço pago pelo título é muito elevado. Um aumento das taxas de juro, o qual deve ocorrer mais cedo ou mais tarde, provocará o colapso do preço dos títulos e infligirá perdas capitais aos seus possuidores, tanto internos como estrangeiros.

A questão é: quando é este mais cedo ou mais tarde? O objectivo deste artigo é examinar essa questão.

Vamos começar por responder à pergunta: como foi possível uma tal politica indefensável perdurar tanto tempo?

Um certo número de factores está a contribuir para a estabilidade do dólar e do mercado de títulos. Um factor muito importante é a situação na Europa. Ali também há problemas reais e a imprensa financeira continua a centrar-se na Grécia, na Europa e no euro. Será que a Grécia sairá da União Europeia ou será chutada para fora? Será que o problema da dívida soberana propagar-se-á à Espanha, Itália e basicamente por toda a parte excepto a Alemanha e a Holanda?

Será o fim da UE e do euro? Trata-se de perguntas muito dramáticas que mantém o foco fora da situação americana, a qual provavelmente ainda é pior.

O mercado de títulos do Tesouro também é ajudado pelo medo que investidores individuais têm do mercado de acções, o qual foi transformado num casino de jogo através do trading de alta-frequência.

O trading de alta-frequência é uma comercialização electrónica baseada em modelos matemáticos que tomam as decisões. As firmas de investimento competem na base da velocidade, na captura de ganhos numa fracção de um cêntimo e talvez na manutenção de posição por apenas uns poucos segundos. Estes não são investidores a longo prazo. Contentes com as suas receitas diárias, eles fecham todas as posições no fim de cada dia.

Os negócios de alta-frequência actualmente representam 70% a 80% de todas as transacções de acções. O resultado é uma grande azia para os investidores tradicionais, os quais estão a abandonar o mercado de acções. Eles acabam nos títulos do Tesouro porque estão inseguros quanto à solvência de bancos que pagam quase nada por depósitos, ao passo que títulos do Tesouro a 10 anos pagarão cerca de 2% nominais, o que significa, utilizando o Índice oficial de Preços no Consumidor, que estão a perder 1% do seu capital a cada ano. Utilizando a medição correcta da inflação de John Williams ( www.shadowstats.com ), eles estão a perder muito mais. Ainda assim, a perda é cerca de 2 pontos percentuais a menos do que estar num banco e, ao contrário dos bancos, o Tesouro pode ter o Federal Reserve a imprimir dinheiro para liquidar seus títulos. Portanto, o investimento em títulos pelo menos retorna a quantia nominal do investimento, mesmo que o seu valor real seja muito mais baixo. (Para uma descrição do trading de alta frequência, ver: http://en.wikipedia.org/wiki/High_frequency_trading )

Os media financeiros presstitutos contam-nos que a fuga da dívida soberana europeia, do euro condenado, e do contínuo desastre imobiliário para os títulos do Tesouro dos EUA proporciona financiamento para os défices anuais de US$1,5 milhão de milhões de Washington. Investidores influenciados pela imprensa financeira podem estar a responder desta forma. Outra explicação para a estabilidade da indefensável política do Fed é a conivência entre Washington, o Fed e a Wall Street. Examinaremos isso quando avançarmos.

Ao contrário do Japão, cuja dívida nacional é a maior de todas, os americanos não possuem a sua própria dívida pública. Grande parte da dívida dos EUA é possuída no estrangeiro, especialmente pela China, Japão e OPEP, os países exportadores de petróleo. Isto coloca a economia estado-unidense em mãos estrangeiras. Se a China, por exemplo, fosse indevidamente provocada por Washington, ela podia despejar US$2 milhões de milhões em activos denominados em US dólar nos mercados mundiais. Todas as espécies de preços entrariam em colapso e o Fed teria rapidamente de criar o dinheiro para comprar a descarga chinesa de instrumentos financeiros denominados em dólar.

Os dólares impressos para comprar os rejeitados haveres chineses de activos em US dólares expandiriam a oferta de dólares nos mercados de divisas e atirariam para baixo a taxa de câmbio do dólar. O Fed, falto de divisas estrangeiras para comprar os dólares, teria de recorrer à troca de moedas (currency swaps) por dívida soberana da Europa em perturbação para [obter] euros, à Rússia, cercada pelo sistema de mísseis estado-unidense, para obter rublos, ao Japão, um país pior que os EUA em matéria de compromissos, para obter yens, a fim de comprar os dólares com euros, rublos e yens.

Estas trocas de moedas estariam nas contabilidades, irresgatáveis e tornando problemática a utilização ulterior de tais swaps. Por outras palavras, mesmo que o governo dos EUA possa pressionar seus aliados e fantoches a trocar suas divisas mais sólidas por uma divisa estado-unidense em depreciação, isto não seria um processo repetível. Os componentes do Império Americano não querem ficar com dólares nem tão pouco os BRICs.

Contudo, para a China, por exemplo, despejar subitamente seus haveres em dólares seria custoso pois o valor dos activos denominados em dólar declinaria quando os despejassem. A menos que a China seja confrontada com um ataque militar dos EUA e precise enfraquecer o agressor, a China como um actor económico racional preferiria sair do US dólar vagarosamente. Nem tão pouco o Japão, a Europa ou os OPEP pretendem destruir sua própria riqueza acumulada com os défices comerciais dos EUA despejando dólares, mas as indicações são de que todos eles pretendem sair dos seus haveres em dólar.

Ao contrário da imprensa financeira dos EUA, os estrangeiros que possuem activos em dólar vêem o orçamento anual e os défices comerciais estado-unidenses, vêem o afundamento da economia dos EUA, vêem as apostos não cobertas dos jogos da Wall Street, vêem os planos de guerra da hegemonia ilusória e concluem: "Tenho de sair fora disto com todo o cuidado".

Os bancos dos EUA também têm um forte interesse em preservar o status quo. Eles possuem Títulos do Tesouro dos EUA e potencialmente detentores ainda maiores. Eles podem tomar emprestado do Federal Reserve a taxas de juro zero e comprar Títulos do Tesouro a 2%, ganhando portanto um lucro nominal de 2% para compensar perdas derivadas. Os bancos podem tomar dólares emprestados do Fed gratuitamente e alavancá-los em transacções derivativas. Como coloca Numi Prins, os bancos estado-unidenses não querem comerciar contra si próprios e a sua fonte gratuita de financiamento com venda dos seus haveres em títulos. Além disso, no caso de fuga estrangeira dos dólares, o Fed poderia promover a procura externa de dólares com a exigência aos bancos estrangeiros que queiram operar nos EUA de aumentar as quantias das suas reservas, as quais estão baseadas no dólar.

Eu poderia prosseguir, mas acredito que isto é suficiente para mostrar que mesmo actores no processo que poderiam terminá-lo têm eles próprios um grande empenho em não balouçar o barco e preferem silenciosamente e vagarosamente escapar dos dólares antes de serem atingidos pela crise. Isto não é possível indefinidamente pois o processo de retirada gradual do dólar resultaria em pequenos declínios contínuos nos valores do dólar que acabariam numa corrida para a saída, mas os americanos não são o único povo iludido.

O próprio processo de sair vagarosamente pode deitar abaixo a casa americana. Os BRICs ? Brasil, a maior economia da América do Sul, a Rússia, a economia com armamento nuclear e energeticamente independente da qual a Europa Ocidental (os fantoches da NATO de Washington) estão dependentes para obter energia, a Índia, com armamento nuclear e um dos dois gigantes em ascensão da Ásia, a China, com armamento nuclear, o maior credor de Washington (com excepção do Fed), que fornece à América manufacturados e produtos de tecnologia avançada e o novo bicho papão para a próxima lucrativa guerra fria do complexo militar e de segurança, e a África do Sul, a maior economia da África ? estão em vias de formar um novo banco. O novo banco permitirá que as cinco maiores economias efectuem o seu comércio sem a utilização do US dólar.

Acresce que, o Japão, um fantoche americano desde a Segunda Guerra Mundial, está quase a entrar num acordo com a China no qual o yen japonês e o yuan chinês serão cambiados directamente. O comércio entre os dois países asiáticos seria efectuados nas suas próprias divisas sem a utilização do dólar estado-unidense. Isto reduz o custo do comércio externo entre os dois países, porque elimina pagamentos de comissões cambiais ao estrangeiro para converter o yen e o yuan em dólares e outra vez em yen e yuan.

Além disso, esta explicação oficial para o novo relacionamento directo evitando o US dólar é simplesmente a conversa diplomática. Os japoneses estão esperançosos, tal como os chineses, no abandono da prática de acumular cada vez mais dólares tendo de parquear seus excedentes comerciais em Títulos do Tesouro dos EUA. O governo fantoche japonês espera que a hegemonia de Washington não exija o veto a este acordo com a China.

Agora chegámos ao cerne da questão. A pequena percentagem de americanos que está consciente e informada está confundida porque os banksters, com os seus crimes financeiros, escaparam sem processo. A resposta pode ser que os bancos "demasiado grandes para caírem" são auxiliares de Washington e do Federal Reserve na manutenção da estabilidade do dólar e dos mercados de títulos do Tesouro a despeito da política indefensável do Fed.

Vamos ver primeiro como os grandes bancos podem manter baixas as taxas de juro dos títulos do Tesouro, abaixo da taxa de inflação, apesar do aumento constante da dívida dos EUA em percentagem do PIB ? preservando portanto a capacidade do Tesouro para atender ao serviço da dívida.

Os bancos demasiado grandes para cair que estão ameaçados têm um enorme desejo de taxas de juro baixas e do êxito da política do Fed. Os grandes bancos estão posicionados para tornar um êxito da política do Fed. O JPMorganChase e outros bancos de dimensão gigante podem conduzir para baixo as taxas de juro do Tesouro e, dessa forma, fazer subir os preços de títulos, produzindo uma corrida, com a venda de Interest Rate Swaps (IRSwaps).

Uma companhia financeira que venda IRSwaps está a vender um acordo para pagar taxas de juros flutuantes por taxas de juro fixas. O comprador está a comprar um acordo que lhe exige pagar uma taxa de juro fixa em troca da recepção de uma taxa flutuante.

A razão para um vendedor tomar o lado short das IRSwap, isto é, pagar uma taxa flutuante por uma taxa fixa, é a sua crença de que as taxas estão em vias de cair. O short-selling pode fazer as taxas caírem e portanto fazer subir os preços dos títulos do Tesouro. Quando isto acontece, como os gráficos em http://www.marketoracle.co.uk/Article34819.html ilustram, há uma corrida no mercado de títulos do Tesouro que os media financeiros presstitutos atribuem à "fuga para o abrigo seguro do US dólar e dos títulos do Tesouro". De facto, a evidência circunstancial (ver os gráficos no link acima) é de que os swaps são vendidos pela Wall Street sempre o Federal Reserve precise para impedir uma elevação nas taxas de juro a fim de proteger a sua política que de outra forma não seria sustentável. As vendas swap criam a impressão de uma fuga para o dólar, mas não ocorre nenhuma fuga real. Como os IRSwaps não exigem a troca de qualquer activos principal ou real e são apenas uma aposta em movimentos da taxa de juro, não há limite para o volume de IRSwasps.

Esta conivência aparente sugere a alguns observadores que a razão porque os banksters da Wall Street não foram processados pelos seus crimes é que eles são uma parte essencial da política do Federal Reserve para preservar o US dólar como divisa mundial. Possivelmente a conivência entre o Federal Reserve e os bancos é organizada, mas não tem necessariamente de ser. É do interesse dos bancos apoiá-la. A conivência organizada não é indispensável.

Vamos agora examinar as barras de ouro e de prata. Com base em análises sólidas, Gerald Celente e outros profetas talentosos previram que o preço do ouro seria de US$200 por onça-troy no fim do ano passado. O ouro e a prata em 2011 continuaram sua ascensão de dez anos, mas em 2012 o preço desses metais foi abatido, com o ouro descendo para US$350 por onça-troy da sua altura de US$1900.

Em vista da análise que aqui apresentei, qual é a explicação para a inversão nos preços do ouro e da prata? A resposta é mais uma vez o shorting. Algumas pessoas bem informadas dentro do sector financeiro acreditam que o Federal Reserve (e talvez também o Banco Central Europeu) coloca vendas à descoberto (short sales) de ouro e prata através de bancos de investimento, garantindo quaisquer perdas simplesmente teclando no computador, pois bancos centrais podem criar dinheiro a partir do ar.

Gente que sabe informa-me que como uma minúscula percentagem daqueles do lado short da compra realmente querem que o ouro ou a prata sejam entregues e ficam contentes com o acerto financeiro em dinheiro, não há limite para o short selling de ouro e prata. As vendas a descoberto podem realmente exceder a quantidade conhecida de ouro e prata.

Alguns que têm estado a observar o processo durante anos acreditam que a venda a descoberto dirigida pelo governo tem-se efectuado desde há muito tempo. Mesmo sem a participação do governo, bancos podem controlar o volume de comércio de papel em ouro e lucrar nas viragens criadas por eles próprios. Ultimamente o short selling é tão agressivo que não só amortece a ascensão do preço do ouro como também o conduz para baixo. Será esta agressividade um sinal de que o sistema manipulado está à beira de se desfazer?

Por outras palavras, o "nosso governo", que alegadamente nos representa, ao invés dos poderosos interesses privados que elegem o "nosso governo" com as suas contribuições de campanha de muitos milhões de dólares, agora legitimadas pela Supremo Tribunal Republicano, está a fazer tudo o que pode para privar-nos, a nós mero cidadãos, escravos, servidores vassalos e "extremistas internos" de nos protegermos a nós próprios e a nossa riqueza remanescente da política de depravação da divisa do Federal Reserve. A venda nua a descoberto impede o aumento da procura do ouro físico de elevar o seu preço.

Jeff Nielson explica um outro meio pelo qual os bancos podem vender ouro a descoberto quando não possuem qualquer ouro. http://www.gold-eagle.com/editorials_08/nielson102411.htm l Nielson diz que o JP Morgan é o guardião (custodian) do maior fundo de prata e ao mesmo tempo é o maior short-seller de prata. Todas as vezes que fundo da prata aumenta os seu haveres, o JP Morgan faz shorts de uma quantia igual. O short selling compensa a ascensão no preço que resultaria do aumento da procura por prata física. Nielson também informa que os preços do ouro podem ser contidos pela elevação das exigências de margem àqueles que compram ouro com alavancagem. A conclusão é que os mercados de ouro podem ser manipulados tal como o mercado de títulos do Tesouro e as taxas de juro.

Por quanto tempo a manipulação pode continuar? Quando será o desastre?

Se soubéssemos a data com precisão, seríamos os próximos mega-bilionários.

Eis alguns dos catalisadores à espera de incendiarem a conflagração que irá incinerar o mercado de títulos do Tesouro e o US dólar:

Uma guerra, exigida pelo governo israelense, com o Irão, começando com a Síria, que interromperá o fluxo de petróleo e com isso a estabilidade das economias ocidentais ou levará os EUA e seus fracos fantoches da NATO a um conflito armado com a Rússia e a China. As altas súbitas do petróleo degradariam ainda mais as economias dos EUA e da UE, mas a Wall Street ganharia dinheiro com o comércio.

Uma estatística económica desfavorável que acordasse os investidores para o verdadeiro estado da economia estado-unidense, uma estatística que os media presstitutos não pudessem disfarçar.

Uma afronta à China, cujo governo toma a decisão de que golpear os EUA para fazê-lo descer a um estatuto de terceiro mundo vale um milhão de milhões de dólares.

Mais erros em derivativos, tais como o recente do JPMorganChase, que pôs o sistema financeiro estado-unidense outra vez a cambalear e recordou-nos que nada mudou.

A lista é longa. Há um limite para o número de erros estúpidos e políticas financeiras corruptas que o resto do mundo está disposto a aceitar dos EUA. Quando esse limite for alcançado, está tudo acabado para "a única super-potência mundial" para os possuidores de instrumentos denominados em dólar.

A desregulamentação financeira converteu o sistema financeiro, o qual antigamente servir os negócios e os consumidores, num casino de jogo onde as apostas não são cobertas. Estas apostas descobertas, juntamente com a política de taxa de juro zero do Fed, expuseram o padrão de vida e a riqueza dos americanos a grandes declínios. Pessoas aposentadas a viverem das suas poupanças e investimentos, IRAs e 401(k)s não podem ganhar nada com o seu dinheiro e são forçadas a consumir seu capital, privando assim os seus herdeiros de herança. A riqueza acumulada é consumida.

Em consequência da deslocalização de empregos, os EUA tornaram-se um país dependente de importações, dependente de bens manufacturados fabricados no estrangeiro, vestuário e calçados. Quando a taxa de câmbio do dólar cair, os preços internos nos EUA elevar-se-ão e o consumo real estado-unidense receberá um grande golpe. Os americanos consumirão menos e o seu padrão de vida cairá dramaticamente.

As graves consequências dos enormes erros cometidos em Washington, na Wall Street e em gabinetes corporativos estão a ser mantidos à distância por uma política indefensável de baixas taxas de juro e uma imprensa financeira corrupta, enquanto a dívida acumula-se rapidamente. O Fed passou por esta experiência outrora. Durante a II Guerra Mundial o Federal Reserve manteve as taxas de juro baixas a fim de ajudar o Tesouro a financiar a guerra com a minimização do fardo de juros da dívida de guerra. O Fed manteve as taxas de juro baixas pela compra de emissões de dívida. A inflação do pós guerra que resultou levou ao Acordo Federal Reserve-Tesouro de 1951, pelo qual foi decidido que o Federal Reserve deixaria de monetizar a divida e permitiria que as taxas de juro subissem.

O presidente do Fed, Bernake, tem falado de uma "estratégia de saída" e disse que quando a inflação ameaçar ele pode impedi-la pela retirada de dinheiro do sistema bancário. Contudo, ele só pode fazer isso pela venda de títulos do Tesouro, o que significa que as taxas de juro elevar-se-iam. Uma elevação nas taxas de juros ameaçaria a estrutura derivativa, causaria perdas em títulos e elevaria o custo tanto do serviço da dívida pública como da privada. Por outras palavras, impedir a inflação da monetização da dívida provocaria problemas mais imediatos do que a inflação. Ao invés de provocar o colapso do sistema, não seria mais provável que o Fed inflacionasse mais as dívidas maciças?

Finalmente, a inflação corroeria o poder de compra do dólar e a sua utilização como divisa de reserva, e a capacidade de pagar do governo dos EUA dissipar-se-ia. Contudo, os Fed, os políticos e os gangster financeiros prefeririam uma crise mais tarde do que uma crise mais cedo. Transferir o navio que afunda para o seguinte é preferível a afundar com o próprio navio. Enquanto os swaps de taxas de juros puderem ser utilizados para promover preços dos títulos do Tesouro e enquanto vendas a descoberto de ouro puderem ser utilizadas para impedir os metais preciosos de aumentarem de preço, a falsa imagem dos EUA como um abrigo seguro para investidores pode ser perpetuada.

Contudo, os US$230.000.000.000.000 em apostas derivativas dos bancos estado-unidenses podem trazer as suas próprias surpresas. O JPMorganChase teve de admitir que a sua perda de US$2 mil milhões em derivativos, recentemente anunciada, é maior do que isso. Quão maior está para ser visto. De acordo com Controlador da Divisa ( Comptroller of the Currency ) os cinco maiores bancos possuem 95,7% de todos os derivativos . Os cinco bancos que possuem US$226 milhões de milhões em apostas derivativas são jogadores altamente alavancados. Exemplo: o JPMorganChase tem activos totais de US$1,8 milhão de milhões mas possui US$70 milhões de milhões em apostas derivativas, um rácio de US$39 em apostas derivativas para cada dólar de activos. Um banco assim não tem de perder muito mais apostas antes de estar quebrado.

Activos, naturalmente, não são capitais com base no risco. De acordo com o relatório do Controlador da Divisa, em 31/Dezembro/2011 o JPMorganChase possuía US$70,2 milhões de milhões em derivativos e somente US$136 mil milhões em capital com base no risco. Por outras palavras, as apostas derivativas do banco são 516 vezes maiores do que o capital que cobre as apostas.

É difícil imaginar uma posição mais temerária e instável para um banco do que aquela em que se colocou, mas o Goldman Sachs ganha o prémio. Que os US$44 milhões de milhões do banco em apostas derivativas sejam cobertos por apenas US$19 mil milhões em capital com base no risco, resultando em apostas 2.295 vezes maiores do que o capital que as cobre.

Apostas em taxas de juro abrangem 81% de todos os derivativos. Estes são os derivativos que suportam os altos preços dos títulos do Tesouro dos EUA apesar dos aumentos maciços na dívida do país e da sua monetização.

As apostas derivativas de US$230 milhões de milhões dos bancos estado-unidenses, concentradas em cinco bancos, são 15,3 vezes maiores do que o PIB dos EUA. Um sistema político fracassado que permitiu bancos desregulamentados colocarem apostas descobertas 15 vezes maiores do que a economia dos EUA é um sistema que está destinado ao fracasso catastrófico. Quando se divulgar a fantástica falta de juízo dos sistemas político e financeiro americanos, a catástrofe estará pronta a tornar-se realidade.

Toda a gente quer uma solução, de modo que apresento uma. O governo dos EUA deveria simplesmente cancelar os US$230 mil milhões em apostas derivativas, declarando-as nulas e revogadas. Como não há activos reais envolvidos, meramente jogos sobre valores nocionais, o único grande efeito de fechar ou reter todos os swaps (principalmente contratos de balcão entre contrapartes) seria retirar US$230 milhões de milhões de risco alavancado para fora do sistema financeiro. Os gangsters financeiros que querem continuar a desfrutar ganhos em apostas enquanto o público subscreve as suas perdas chorariam baba e ranho acerca da santidade dos contratos. Contudo, um governo que pode assassinar os seus próprios cidadãos ou lançá-los em masmorras sem o devido processo pode abolir todos os contratos, se quiser, em nome da segurança nacional. E certamente, ao contrário da guerra ao terror, purgar o sistema financeiro do jogo de derivativos melhoraria amplamente a segurança nacional.
05/Junho/2012

[*] Foi secretário assistente do Tesouro dos EUA, editor associado do Wall Street Journal, colunista da Business Week e professor de teoria económica. É autor de numerosos livros . Seu sítio web é http://www.paulcraigroberts.org/

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=31272

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "O beija-mão - O SYRIZA apresenta as suas "credenciais" aos EUA e à UE BASENAME: canta-o-merlo-o-beija-mao-o-syriza-apresenta-as-suas-credenciais-aos-eua-e-a-ue DATE: Fri, 08 Jun 2012 23:31:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por KKE

Na quarta-feira 6 de Junho o presidente do SYRIZA, A. Tsipras, encontrou-se com embaixadores e diplomatas dos estados membros do G20. O jornal Rizospastis, órgão do CC do KKE, fez os seguintes comentários na edição de 7 de Junho:

"O sr. Tsipras entregou a sua "carta de credenciais", num evento realmente cerimonial, a um responsável da embaixada dos EUA e a diplomatas dos 19 mais fortes países capitalistas do planeta! A reunião do presidente do SYRIZA com os embaixadores dos países do G20 trouxe-nos uma lembrança do passado recente, especificamente recordou-nos o antigo primeiro-ministro Giorgos Papandreu, o qual se desvaneceu nas últimas semanas sem deixar nenhum traço... Os mesmos slogans respeitantes a "uma nova política externa pacífica multi-facética", as mesmas referências a "iniciativas internacionais para a democratização do sistema de relações internacionais" e a necessidade de "aumentar o papel da ONU".

E, ao mesmo tempo, nenhuma menção à NATO. Os lábios estão selados! A NATO que se reuniu recentemente em Chicago e tomou novas decisões perigosas para a expansão da sua actividade, para a repressão de todas as forças e todos os povos que procurem controlar o seu próprio futuro. O silêncio do sr. Tsipras quanto à continuidade da intervenção contra a Síria foi espantoso. Nenhuma menção ao assunto, como se os planos para uma intervenção militar na região não estivessem a ser traçados. Como se a utilização da base estado-unidense em Suda não fizesse parte dos planos relativos a esta intervenção e, mais genericamente, a utilização dos portos, do espaço aéreo e do mar do nosso país. O presidente do SYRIZA nada disse acerca de como o governo "de esquerda", que ele promete constituir, reagiria a uma tal situação.

Por que? É óbvio! Quando ele não coloca a questão do afastamento dos planos imperialistas, da organização imperialista da NATO, em nome de "obrigações da aliança", o país será arrastado para esta nova guerra imperialista, sob um governo "de esquerda". Mas o sr. Tsipras não esqueceu de mencionar que desempenharia um papel principal num "Médio Oriente livre do nuclear", apontando o programa nuclear do Irão, o qual em qualquer caso é o pretexto que será utilizado pelos EUA e Israel para justificar um possível ataque militar contra o Irão, uma nova guerra. Nem uma palavra acerca das armas nucleares que Israel já possui!"

O presidente do SYRIZA insistiu mais uma vez em declarar a sua lealdade à UE imperialista e a necessidade da assimilação da Turquia na mesma, algo a que os comunistas turcos e o movimento dos trabalhadores se opõem! Finalmente, ele considerou apropriado à frente dos embaixadores estrangeiros a cuspir seu veneno sem hesitação contra o socialismo que a humanidade conheceu na URSS e outros países no século XX, o qual, apesar das suas fraquezas, foi durante mais de 50 anos um apoio insubstituível para a paz e segurança dos povos e uma espinha atravessada na garganta dos imperialistas.
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-06-07-syriza

Esta notícia encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Partido Comunista da Grécia (KKE) : Entre duas árduas batalhas BASENAME: canta-o-merlo-partido-comunista-da-grecia-kke-entre-duas-arduas-batalhas DATE: Thu, 07 Jun 2012 22:30:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por KKE [*]

A Grécia continua a atrair a atenção de trabalhadores de muitos países de todo o mundo, considerando as novas e crucialmente importantes eleições parlamentares, as quais serão efectuadas a 17 de Junho, pois nenhum dos três partidos que receberam maior número de votos pôde forma uma coligação de governo. De particular interesse, a julgar pelos artigos relevantes em jornais, revistas e sítios web comunistas e progressistas, estão os resultados das eleições recentes bem como a linha política traçada pelo Partido Comunista da Grécia (KKE), o qual ficou na linha de fogo de vários analistas neste período. Mas vamos começar pelo começo.

Sobre o resultado das eleições de 6 de Maio

As eleições de 6 de Maio criaram um novo cenário político, pois os três partidos, os quais haviam governado juntos apoiando a linha política anti-povo do capital e da União Europeia (UE), tombaram nas eleições. Especificamente:

O PASOK social-democrata congregou apenas 833.529 votos ou 13,2%, uma queda sem precedentes de -2.170.013 votos e -30,8%.

O ND conservador recebeu 1.192.054 votos ou 18,9%, uma queda de -1.103.665 votos ou -14,6%

O LAOS nacionalista não pôde alcançar o limiar dos 3% para entrar no Parlamento, recebendo 183.466 votos ou 2,9%, uma queda de -202.739 votos ou -1,6%.

Ao mesmo tempo, contudo, a mudança do cenário político não significa uma viragem pois as forças que apoiam a linha política da "UE como caminho único" foram as principais beneficiárias da cólera dos trabalhadores. E assim, a grande maioria dos eleitores dos partidos burgueses foi dispersa em formações políticas relacionadas ideologicamente. Especificamente.

O SYRIZA, que é uma aliança de forças oportunistas, o qual abandonou o KKE a partir de posições de "direita" (nas divisões do Partido em 1968 e 1991) e ao qual em anos recentes aderiram forças do PASOK social-democrata, reuniu 1.061.265 votos ou 16,8%, um aumento de +745.600 ou +12,2%.

A Esquerda Democrática, uma dissidência do SYRIZA, que também absorveu antigos deputados e responsáveis do PASOK, reuniu 386.116 votos ou 6,1%.

Um grande número de votos também foi dirigido a partidos reaccionários e nacionalistas como os "Gregos independentes", os quais emergiram da ND e receberam 670.596 votos ou 10,6% e o nazi-fascista "Aurora Dourada", o qual recebeu 440.894 votos ou 7%.

Além disso, cerca de 20% do eleitorado votou por dúzias de partidos que participaram nas eleições mas não puderam romper a barreira dos 3%.

O KKE teve um pequeno aumento nesta última eleição. Especificamente, recebeu 536.072 votos ou 8,5%, ou seja, +18.823 votos ou +1%. O KKE elegeu 26 deputados (dos 300 no Parlamento), 5 mais do que tinha anteriormente. Nos bairros da classe trabalhadora o KKE recebeu quase o dobro da sua percentagem média. Na verdade, em uma das 56 regiões eleitorais (Samos-Ikaria) o KKE alcançou o primeiro lugar com 24,7%.

O CC do KKE chegou a certas conclusões iniciais sobre o resultado eleitoral. Ele menciona na sua declaração, entre outras coisas: "o CC saúda os milhares de trabalhadores e trabalhadores e desempregados que apreciaram a militância, firmeza e a clareza verídica das palavras do KKE, a militância e a generosidade dos comunistas e o apoiaram na urna eleitoral, independentemente do seu nível de acordo com a sua proposta política geral. Uma grande secção dos trabalhadores bem como uma secção dos eleitores do partido, sob a pressão do exacerbamento dos problemas populares, dos slogans enganosos referentes à renegociação do memorando [1] e o alívio imediato para os trabalhadores, não puderam entender e compenetrar-se da diferença entre um governo e o poder real". Mas, como é observado pelo CC do KKE: "a proposta política do KKE em relação à luta pelo poder da classe trabalhadora encontrar-se-á no âmago do povo no próximo período, pois a diferença entre um governo e o poder real do poder tornar-se-á ainda mais clara, bem como a proposta geral referente a questões imediatas da sobrevivência do povo e o poder popular da classe trabalhadora. Deste ponto de vista a actividade político eleitoral do KKE em harmonia com a sua estratégia, como é adequado, constitui um legado importante para os próximos anos".

Sobre o SYRIZA

Certos media internacionais burgueses, que apresentam o SYRIZA como o "vencedor" das eleições de 6 de Maio, não exploraram para além do seu título: "Coligação da Esquerda Radical" e chegaram à conclusão de que é uma esquerda radical ou mesmo um partido comunista. Naturalmente, isto não tem base na realidade. A força central dentro do SYRIZA é o partido "Coligação da Esquerda" (SYN), o qual tem um programa social-democrata. Em 1992 ele votou pelo Tratado de Maastricht no Parlamento grego e é um apoiante da União Europeia imperialista, que acredita poder ser melhorada. Ele aderiu à campanha anti-comunista contra a URSS e os outros países socialistas que conhecemos no século XX. O SYN é membro da presidência do chamado "Partido de Esquerda Europeu" (PEE), o qual é um instrumento da UE para erradicar as características comunistas dos PCs nos países da UE.

Junto ao SYN há forças que entraram no SYRIZA vindas do PASOK social-democrata, bem como vários grupos mais pequenos da ultra-esquerda de matiz trotsquista e antigos grupos "maoistas" mutados, os quais acrescentam "tempero" político a esta "comida" basicamente social-democrata e anti-comunista. Um objectivo básico desta formação particular é a redução da influência eleitoral, sindical e política do KKE. Há numerosos exemplos ao longo da última década do carácter anti-KKE desta formação política. Em dúzias de sindicatos, federações sectoriais e centros de trabalho (conselhos sindicais locais), as forças do SYRIZA cooperaram e formaram alianças eleitorais com forças do PASOK a fim de impedir a eleição de delegados comunistas aos organismos sindicais superiores. O SYRIZA é o inimigo jurado da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), a qual é uma junção de sindicatos com orientação de classe. As forças do SYRIZA colaboraram abertamente com forças do governo e patronais nos corpos dirigentes das confederações sindicais comprometidas no sector privado (GSEE) e no sector público (ADEDY). Em muitos casos eles têm uma posição semelhante em eleições locais. Um exemplo particularmente característico foi a posição nas eleições municipais de 2010 em Ikaria. O KKE tem influência eleitoral significativa nesta ilha, a qual antigamente foi um lugar de exílio para comunistas. Nas eleições de 2010 o SYRIZA colaborou com o PASOK social-democrata, a ND liberal e o LAOS nacionalista a fim de que a ilha não elegesse um presidente comunista para a municipalidade. Assim, o candidato do KKE recebeu 49,5% dos votos e a municipalidade foi ganha pela aliança anti-KKE por umas poucas centenas de votos.

Hoje o SYRIZA tenta atacar o KKE com propostas de conveniência política relativas à chamada "unidade da esquerda", numa tentativa de que o KKE apague secções inteiras do seu programa, que apague os seus princípios e aceite a política de administrar o sistema capitalista, a qual é a proposta do SYRIZA.

Com base nisto, o mínimo que podíamos dizer é que a posição de certos PCs não foi responsável, os quais apressaram-se a saudar a ascensão eleitoral desta formação oportunista e anti-comunista em nome do aumento eleitoral da "esquerda", sem conhecer a situação real na Grécia. Eles saudaram um inimigo jurado do KKE, um inimigo cuja participação na coligação governamental dos apoiantes da UE foi proposta pelo presidente dos industriais gregos.

A ilusão da "unidade de esquerda" e a mentira do "governo de esquerda"

Muitos trabalhadores politizados, de vários países da Europa e do mundo, colocam esta pergunta: Por que o KKE não faz alguns compromissos? Por que insiste ele na sua linha política de congregar forças sociais, que queiram lutar contra os monopólios, contra o capitalismo, contra as uniões imperialistas, pelo poder da classe trabalhadora e não apoia a linha política da "unidade da esquerda", a luta para corrigir a realidade capitalista e a UE, com colaboração política e/ou governamental com outras forças "de esquerda" e sociais-democratas, como têm feito outros PCs na Europa?

Para começar, o KKE desde há algum tempo tem esclarecido que os significados de "esquerda" e "direita" não reflectem a situação política de hoje. O termo "esquerda" hoje podia ser utilizado para descrever o secretário-geral da NATO ou primeiro-ministro de um país que está a conduzir uma guerra imperialista e a executar medidas anti-trabalhadores e anti-povo a expensas dos trabalhadores do seu país. O Partido Comunista não é simplesmente um "partido de esquerda", mas o partido que luta pelo derrube do capitalismo, a construção da nova sociedade socialista-comunista. É este caminho, esta linha de luta que pode provocar ganhos e não o reverso!

Como a história tem demonstrado, reformas, a luta para "corrigir" o sistema capitalista, para embotar as medidas anti-povo mais extremas, o que é aquilo em que se centram as forças oportunistas-sociais-democratas, nunca levou ao derrube do capitalismo em lado nenhum. Ao contrário! Em muitas ocasiões esta abordagem levou à consolidação do capitalismo, por meio da criação de ilusões entre milhões de trabalhadores de que o capitalismo alegadamente pode ser humanizado; que hoje o Banco Central Europeu pode ser transformado de uma ferramenta do capitalismo numa... organização caritativa que concederá empréstimos livres de juros ou que a União Europeia pode ser transformada de uma união que serve o capital numa "união dos povos", como afirmam o SYN/SYRIZA e o ELP.

Esta é a razão porque o KKE promove sua proposta política num estilo abrangente, o qual especializou para as eleições de 6 de Maio no slogan: "Fora da UE, com o poder popular e cancelamento unilateral da dívida".

Neste sentido, o KKE permanece firmemente orientado para o marxismo-leninismo. Como escreveu Lenine: "O proletariado está a combater, e continuará a combater, para destruir o antigo regime. A este fim dirigirá toda a sua propaganda e agitação e todos os seus esforços para organizar e mobilizar as massas. Se falhar em destruir o antigo regime completamente, este aproveitar-se-á mesmo da sua destruição parcial. Mas nunca advogará a destruição parcial, pintando isto em cores róseas, ou apelará ao povo para apoiá-lo. O apoio real numa luta genuína é dado que se esforçam pelo máximo (alcançado algo menos no caso de fracasso) e não àqueles que oportunisticamente restringem os objectivos da luta antes do combate" [2]

O KKE rejeitou a ideia de formar um "governo de esquerda", o qual manterá a Grécia na UE e na NATO deixando intactas as relações capitalistas de produção, e que alegadamente será capaz de implementar uma administração deste sistema em favor do povo. No partido está a lutar pelo desenvolvimento da luta de classe, da consciência política dos trabalhadores, pela sua libertação da influência dos partidos burgueses e suas construções ideológicas e pela formação de uma aliança social, a qual defenderá os interesses dos trabalhadores e procurará também desembaraçar o país de intervenções imperialistas e também colocará a questão do poder.

Objectivo: A redução da influência do KKE e sua assimilação dentro do sistema!

A recusa do KKE em submeter-se a formações "de esquerda" ou mesmo a um governo "de esquerda" está a ser atacada pelos seus inimigos e "amigos", os quais directa ou indirectamente apelam ao KKE para que se "una" a outras forças "de esquerda". Os PCs que estão na presidência do PEE seguem esta linha. Houve também alguns ataques um tanto brutos de vários grupos trotsquistas que são mais bem conhecidos no exterior do que no nosso próprio país, os quais caracterizaram o KKE como sectário e dogmático.

Como é possível para o KKE mobilizar centenas de milhares de pessoas na Grécia, com a linha da luta de classe, se o partido é sectário? Como é possível, por exemplo, para a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) mobilizar dúzias de sindicatos de primeiro nível, federações sindicais e centros de trabalho os quais representam centenas de milhares de trabalhadores?

Deveríamos notar aqui que o PAME, como pólo com orientação de classe no trabalho e movimento sindical, reúne 8 federações sectoriais, 13 centros de trabalho, centenas de primeiro nível e uniões sectoriais, com 850 mil membros. Além disso, o PAME também opera em sindicatos onde as forças com orientação de classe não estão em maioria. Por exemplo, o PAME é a segunda força numa série de federações sectoriais (tais como a federação no sector turístico e de catering e na Federação dos Metalúrgicos) bem como nos dois maiores centros de trabalho do país (Atenas e Salónica).

Como é possível para o Agrupamento pan-helénico anti-monopólio dos auto-empregados (PASEVE) organizar milhares de pessoas auto-empregadas, que entendem a necessidade de entrarem em conflito com os monopólios? Como é possível para milhares de agricultores pobres, através das suas associações e seus comités, serem inspirados pela luta do Agrupamento Militante de Todos os Agricultores (PASY) contra a Política Agrícola Comum da UE? Como é possível para mulheres e milhares de estudantes, que pertencem à classe trabalhadora e estratos populares, entrarem na luta no quadro das reivindicações e iniciativas da Federação das Mulheres Gregas (OGE) e da Frente de Luta dos Estudantes (MAS)? Os membros e quadros do KKE desempenham um papel de liderança em todas estas organizações sócio-políticas sem esconderem a sua identidade.

Eles acusam o KKE de estar "isolado", ou mesmo de ser "dogmático" e "sectário" devido à sua rejeição de um "governo de esquerda" ou devido ao facto de que a sua percentagem nas eleições não aumenta tão rapidamente quanto aquela da formação social-democrata SYRIZA. Estas acusações contra o KKE não se sustentam. Deveríamos recordar que 2,5 anos atrás o PASOK, o outro partido social-democrata, recebeu 44% enquanto desta vez recebeu apenas 13%. Este declínio, o qual verificou em condições de fluidez política promoveu o SYRIZA, a sua mais estreita conexão ideológica. Ainda assim, um partido revolucionário, como o KKE, não é julgado exclusivamente pela sua percentagem em eleições.

Nosso partido acumulou imensa experiência histórica em relação à política de cooperação! Ele conduziu a luta anti-fascista de uma ampla frente armada que deu uma enorme contribuição para a luta popular. No entanto, naquele período o partido não conseguiu constituir uma estratégia para a transformação da luta anti-fascista numa luta para o derrube do poder burguês. Durante as décadas de 1950 e 1980 o KKE constituiu alianças "de esquerda". O KKE extraiu conclusões valiosa da sua experiência em relação à política de alianças e não pretende repetir erros semelhantes.

Mas por que estão eles a atacar o KKE? Naturalmente estão irritados pela significativa actividade internacional do KKE para a reconstrução do movimento comunista internacional na base do marxismo-leninismo e do internacionalismo proletário. Além disso, a Reuniões Internacionais de Partidos Comunistas e Operários bem como as outras iniciativas comunistas internacionais começaram em Atenas. Mas o mais importante é que o KKE é um partido com raízes fortes na classe trabalhadora, com experiência significativa em lutas de trabalhadores e populares, um partido que se recusa a abandonar seus princípios, um partido que se recusa a tornar-se a "cauda" da social-democracia, um partido que não se submete à UE e à NATO. Neste ponto citamos um comentário de um artigo publicado no bem conhecido jornal francês Le Monde Diplomatique: "o objectivo secreto e a vontade de toda a gente de esquerda na Grécia é dissolver o Partido Comunista e remodelá-lo numa nova base e dar à esquerda grega a sua posição adequada na sociedade". Por outras palavras, desacreditar o KKE e transformá-lo, como certos outros partidos comunistas mutados da Europa, num "álibi comunista" da social-democracia para a gestão da barbárie capitalista.

O nosso próprio objectivo é frustrar os seus planos! Preservar e fortalecer o KKE. Apesar da pressão exercida sobre o nosso partido há vários sinais encorajadores a mostrar que o KKE demonstrar-se-á um osso duro de roer. Dez dias após as eleições de 6 de Maio verificaram-se as eleições estudantis na Grécia. As listas apoiadas pela Juventude Comunista da Grécia tiveram 16% [dos votos] em Institutos Educacionais Tecnológicos (IET) e 14% nas universidades, um aumento em comparação com o ano passado. As listas do SYRIZA, ao contrário, alcançaram uma baixa votação com 2,3% em IET e 6,9% em universidades.

Face-lift do sistema burguês

O KKE tem advertido o povo grego de que a classe burguesa está a preparar uma cirurgia plástica da cara (face-lift) do cenário político a fim de preservar o seu poder. A razão é que ela não pode administrar o sistema político na base da rotação de um partido conservador (ND) e um social-democrata (PASOK) no poder como tem feito desde 1974, após a queda da ditadura militar. O sistema burguês procura livrar-se de partidos e pessoas que se desmascararam aos olhos do povo de uma vez por todas. Sob estas condições o SYRIZA, o qual tem um programa social-democrata, colheu benefícios nas eleições ao propalar mentiras flagrantes, tanto antes como durante o período eleitoral, promovendo ilusões as quais na essência afirmam que poder haver um futuro melhor para os trabalhadores sem um conflito com os monopólios e as uniões imperialistas. Eis porque ele arca com enormes responsabilidades em relação ao povo!

O KKE urge o povo trabalhador a perceber que esta cirurgia plástica nada tem a ver com a satisfação das necessidades actuais do povo. Mesmo o assim chamado "governo de esquerda" é um bote salva-vidas furado para o povo trabalhador que tem sido sufocado pelos impasses do sistema capitalista.

O povo não deve ser aprisionado em falsos dilemas

Na batalha eleitoral de 17 de Junho os partidos burgueses e o oportunismo promovem novos dilemas enganosos, os quais serão utilizados no período seguinte a fim de aprisionar o povo, reduzir a resistência das massas radicais às pressões exercidas sobre elas, bem como a influência do KKE nas eleições. O KKE não esconde o facto de que esta batalha será particularmente difícil para os comunistas!

A fim de tornar claro de que espécie de falsos dilemas estamos a falar permita-nos examinar alguns deles:

1. Euro ou dracma?

Um dos falsos dilemas é a acusação do ND contra o SYRIZA argumentando que a sua política leva o país para fora do euro e que isto seria catastrófico para o povo trabalhador. O SYRIZA responde que o custo da saída da Grécia do euro seria imenso para os outros países da Eurozona e por essa razão nunca se verificará.

É claro que na realidade, considerando que a crise capitalista grega está em progresso, não podemos excluir, dados os cenários que já estão a ser discutidos, a contracção da Eurozona através da expulsão da Grécia e de outros países ou através de uma desvalorização interno do euro no nosso país. Consequentemente as chantagens da UE e do FMI são reais e a resposta não pode ser a complacência que o SYRIZA promove.

Contudo, deveríamos notar que todos os partidos excepto o KKE, isto é, ND, SYRIZA, PASOK e Esquerda Democrática estão a disputar sobre quem é o mais competente para manter o país no euro. Cada partido está a acusar o outro de levar a Grécia à dracma com a sua política. Todos eles têm como objectivo impor à consciência do povo o falso dilema "euro ou dracma" a fim de esconder o facto de que têm a mesma estratégia porque são partidos comprometidos com a UE. Ele conclamam o povo a votar e lutar sob falsas bandeiras, contrários aos seus interesses na linha falsa "dentro ou fora do euro" quando todos os partidos ? excepto o KKE ? estão a dizer dentro da UE e do euro. Tanto com o euro como com a dracma o povo será empobrecido.

O KKE conclama o povo a ultrapassar este dilema. Ele não deveria aceitar a escolha de com qual divisa eles medirão a sua pobreza, bem como as reduções no seu rendimento e pensões, os impostos, as despesas médicas e as mensalidades escolares. O dilema "euro ou dracma" é o outro lado da moeda da intimidação referente a bancarrota descontrolada que já é um facto para a esmagadora maioria do povo. Eles querem que povo seja aprisionado nos dilemas falsos de modo a poderem chantageá-lo quando quiserem aprovar leis anti-povo, dizendo-lhe para optar entre as medidas bárbaras e o retorno ao dracma o qual identificam com caos e miséria. Ao mesmo tempo, há secções da plutocracia, tanto na Grécia como fora dela, que procuram um retorno ao dracma. Isto lhes permitiria fazerem mais lucros para si próprios e a burguesia como um todo do que fazem agora nas condições da assimilação do país dentro do euro. O povo em bancarrota não fará qualquer progresso com o euro ou com o dracma enquanto monopólios dirigirem a produção, enquanto o país permanecer na UE e enquanto a burguesia permanecer no poder. A única resposta para o dilema "euro ou dracma" do ponto de vista dos interesses do povo é: desligamento da UE com poder popular e cancelamento unilateral da dívida. Não é preciso dizer que neste caso o país terá a sua própria divisa.

2. Solução grega ou europeia?

Todos eles estão a falar acerca de uma solução europeia da crise na Grécia e referem-se a negociações com os organismos da UE para uma solução abrangente para o problema da dívida que também afectará a Grécia. Todos os partidos gregos, excepto o KKE, saúdam a eleição de Hollande na presidência francesa, a qual, afirmam eles, porá um fim ao duo anti-povo "Mercozy". Eles também falam acerca de consultas com a UE sobre medidas de desenvolvimento, subsidiando os grandes negócios de modo a que possam fazer investimentos.

As suas tácticas procuram esconder que aqueles que são os principais responsáveis pelo sofrimento do povo não estão em Bruxelas mas dentro do país. É a burguesa, o patronato que possui os meios de produção, isto é, os navios, os escritórios, os serviços no nosso país. A participação da Grécia na Eurozona, baseada em decisões dos partidos da plutocracia, serve os seus interesses. É provocativo apresentar a UE como um terreno onde possa ser encontra uma saída da crise favorável ao povo. Foi a UE quem elaborou o memorando juntamente com os governos nacionais e o FMI. É a UE que tem como estratégia a "UE 2020" e o Tratado de Maastricht, isto é, a fonte de todas as medidas anti-trabalho e anti-povo com ou sem memorando. Eles dizem que mesmo o mais ligeiro alívio das medidas é uma matéria de negociações dentro da UE que se esforça por assegurar para os seus monopólios uma saída da crise a expensas dos povos. Eles urgem a vítima e esperar uma solução do opressor, numa Eurozona que está a afundar-se ainda mais profundamente na crise e a tornar-se ainda mais reaccionária, dadas as rivalidades dentro da UE mas também entre a UE os outros centros imperialistas.

O SYRIZA também arca com uma enorme responsabilidade pois procura uma renegociação da estratégia do memorando colocando o movimento sobre gelo e promovendo uma posição de "esperar e ver" até que as negociações do "governo de esquerda" que ele sonha com os parceiros da UE apresente resultados. Ao mesmo tempo, fala acerca de "coesão social", acerca de "paz social" que será imposta por um "governo de esquerda", isto é, calando as lutas dos trabalhadores e do povo num período em que elas têm de ser escaladas e radicalizadas contra a plutocracia nacional e os partidos que o servem ou apoiam através da intimidação e de ilusões.

O KKE revela ao povo que é necessário ter um movimento popular e dos trabalhadores que lutará pela ruptura e o derrube das opções do capital e da UE e promova a coordenação a nível europeu não através de negociações mas através do fortalecimento do movimento do povo e dos trabalhadores na sua luta contra a UE, na linha da ruptura.

3. Austeridade ou desenvolvimento?

Numa Europa capitalista soçobrando na crise os governos procuram "desenvolvimento", nomeadamente a saída do capital da UE da crise. Na Grécia os partidos pró UE querelam sobre a proporção de austeridade e desenvolvimento incluídos na sua política. Eles procuram esconder que o caminho capitalista de desenvolvimento implica austeridade nas condições da drástica competição capitalista e de agudas contradições inter-imperialistas. As medidas de "consolidação fiscal" tomadas numa série de países, com ou sem memorando, em nome da necessidade de criar um excedente nos orçamento do estado a fim de proporcionar subsídios ao capital também estão servido esse desenvolvimento. Além disso, as "mudanças estruturais" são promovidas na Grécia e por toda a Europa também em nome do desenvolvimento e incluem principalmente a abolição da segurança social e dos direitos do trabalho a fim de tornar a força de trabalho mais barata para o capital. A privatização e a liberalização de mercados que proporcionem novos campos lucrativos para a plutocracia também objectivam o desenvolvimento, esmagando pequenos negócios e os auto-empregados. Consequentemente, tudo é feito para o desenvolvimento o qual devido à sua natureza capitalista está ao serviço unicamente de medidas anti-povo que surgem ou como medidas de austeridade ou como "mudanças estruturais" ou como salvamentos para os grandes negócios. No período anterior os governos burgueses na Eurozona afrouxaram ou intensificaram as medidas numa ou noutra direcção a fim de regular as contradições entre si bem como o aprofundamento da crise.

O KKE nota que a saída em favor do povo não está na administração da crise com ferramentas expansivas ou restritivas pelo pessoal político do capital nos organismos da UE. Ela está na organização da luta a um nível nacional, por um diferente caminho de desenvolvimento o qual desenvolverá todo o potencial de produção do país em favor do povo baseado no poder do povo, o desligamento da UE e a socialização dos meios de produção.

4. "Direita" ou "esquerda", "pró memorando" ou "anti-memorando"

Estes são dilemas que tomarão uma nova forma de dois pólos, centro-direita e centro-esquerda. Os dilemas acima mencionados, primariamente com a responsabilidade do SYRIZA, marginalizam e obscurecem as contradições reais dentro da Grécia e da UE. O dilema artificial "memorando ? anti-memorando" é utilizado pela burguesia e os oportunistas a fim de esconder que o seu denominador comum é a "UE como caminho único", nomeadamente o alinhamento com a estratégia do capital. Independentemente das suas diferentes tácticas estas forças "ala direita", "ala esquerda", "pró memorando", "anti-memorando" estão a zombar dos trabalhadores, dos extractos populares, quando lhes dizem que pode haver uma solução em favor do povo dentro da UE. A ND, o PASOK, os Gregos Independente, o SYRIZA, a Esquerda Democrática e as outras forças não têm um programa que entre em conflito ou pelo menos desafie o poder dos monopólios. Os termos que eles utiliza, nomeadamente "desenvolvimento", "redistribuição da riqueza", "auditoria da dívida", "solução europeia" escondem os interesses de classe contraditórios que existem na Grécia e na UE, isto é, o facto de que enquanto houver propriedade capitalista sobre os meios de produção não pode haver qualquer prosperidade para os extractos populares. O memorando é o topo do iceberg da estratégia da UE a qual distribui medidas anti-povo em todos os estados membros. Grécia, Irlanda, Portugal, Hungria, Roménia contrataram acordos de empréstimos ao contrário da Alemanha, França, Itália, Espanha, Dinamarca e a Grã-Bretanha que não participa na Eurozona. Mas o assalto do capital é comum a todos os países e inclui cortes em salários, relações de trabalho flexíveis, aumento das idades de reforma, privatizações de serviços públicos, comercialização da saúde, educação, cultura, desporto e a pauperização relativa e absoluta dos trabalhadores. Mesmo que possamos livrar-nos do memorando na Grécia as medidas anti-povo continuarão, de facto intensificar-se-ão na medida em que o capital e o seu poder não sejam derrubados porque isto foi estabelecido pelas linhas directivas estratégicas da UE as quais foram ou assinadas ou apoiadas pelos partidos burgueses e SYN7SYRIZA.

A questão real que o povo terá de responder e que emergirá mais intensamente no próximo período é a seguinte: a Grécia e o povo trabalhador independente e desligados dos compromissos europeus ou uma Grécia assimilada dentro da UE? Poderá o povo ser o mestre da riqueza que produz ou terá de ser escravo nas fábricas e negócios dos capitalistas? Será que o povo estará organizado e desempenhará um papel condutor nos desenvolvimentos ou estará o movimento pronto para a contagem e à espera de que aqueles que fazem vítimas resolvam os seus problemas como seus representantes? O KKE tem uma posição claríssima. O facto de que todas as suas previsões e avaliações tenham sido confirmadas é mais uma razão para o povo nele confiar e lutar ao seu lado.

Na batalha eleitoral que vem aí há uma necessidade de solidariedade internacional constante com o nosso partido a ser expressa de um modo maciço! Os comunistas gregos precisam sentir o apoio, a solidariedade proletária e o espírito de camaradagem dos partidos comunistas e de trabalhadores, das outras forças anti-imperialistas em vista desta dura batalha uma vez que a classe burguesa pretende a redução dos resultados eleitorais do KKE. E a razão é que está preocupado acerca da sua política revolucionária, acerca das suas posições claras em relação às organizações imperialistas, acerca da base sólida do KKE no movimento dos trabalhadores e do povo, nas fábricas, nas empresas, nos bairros populares das grandes cidades. Porque eles não podem subjugar o KKE. Os comunistas, os amigos do KKE, os membros e amigos da KNE combatem nesta batalha, organizados e determinados, declarando ao povo grego e à classe trabalhadora internacional que após as eleições estaremos nos lugares de trabalho, nas cidades e nas zonas rurais ao lado das famílias do povo e dos trabalhadores, na linha de frente da luta respeitante aos problemas do povo, fieis ao compromisso histórico do partido revolucionário, firmes na luta pelo derrube da barbárie capitalista, pelo socialismo-comunismo.

[1] Um acordo de medidas anti-povo assinado pelo governo grego com a UE, FMI e BCE para receber novos empréstimos.
[2] V.I. Lenin "O combate pelo poder e o 'combate' por sopas", volume 11, p 27-31

[*] Artigo da Secção de Relações Internacionais do CC

O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-05-23-arthro

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "O massacre Houla:Terroristas da oposição mataram famílias leais ao governo" BASENAME: canta-o-merlo-o-massacre-houla-terroristas-da-oposicao-mataram-familias-leais-ao-governo DATE: Thu, 07 Jun 2012 22:18:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

? Investigação pormenorizada
por Marat Musin

Nota do Editor do Global Research

Esta notícia incisiva do jornalista russo independente Marat Musin desmonta as mentiras e falsidades dos meios de comunicação ocidentais.

A notícia baseia-se numa cronologia de acontecimentos e em relatos oculares. Foram massacradas em Houla famílias inteiras leais ao governo. Os terroristas não foram milícias shabbiha pró-governamentais conforme veiculado em coro pelos principais meios de comunicação, foram sobretudo mercenários e assassinos profissionais que agiram sob os auspícios do auto-proclamado Exército de Libertação Sírio:

"Quando os rebeldes tomaram o posto de controlo no centro da cidade, situado junto da delegacia da polícia local, começaram a eliminar todas as famílias leais às autoridades nas casas vizinhas, incluindo os velhos, as mulheres e as crianças.

Foram mortas diversas famílias de Al-Sayed, incluindo 20 crianças e a família de Abdul Razak. As pessoas foram mortas com facas e alvejadas à queima-roupa.

Depois os cadáveres foram apresentados às NU e à comunidade internacional como sendo vítimas de bombardeamentos do exército sírio, uma coisa que não foi verificada por quaisquer marcas nos corpos".

Pedimos aos nossos leitores que divulguem esta notícia o mais que puderem, que a publiquem no Facebook.

O massacre em Houla está a ser atribuído ao governo sírio sem ponta de justificação. O objectivo é não só isolar politica e economicamente a Síria como arranjar um pretexto e uma justificação para desencadear uma guerra humanitária R2P (responsabilidade pela protecção) na Síria.

Susan Rice, embaixadora americana nas Nações Unidas, deu a entender que, se o Conselho de Segurança não actuar, os EU e os seus aliados podem considerar "tomar medidas fora do plano Annan e da autoridade do Conselho de Segurança da ONU".

Esta notícia de Marat Musin confirma que os crimes contra a humanidade estão a ser praticados por milícias terroristas.

É essencial inverter a maré da propaganda de guerra que se serve das mortes de civis como pretexto para travar uma guerra, quando essas mortes de civis foram executadas não pelas forças governamentais mas por terroristas profissionais que actuam ao abrigo do Exército de Libertação Sírio, patrocinado pelos EUA-NATO.

Michel Chossudovsky, Global Research, Montreal, 01/Junho/2012

No fim-de-semana de 25 de Maio de 2012, por volta das 2 horas da tarde, grandes grupos de combatentes atacaram e capturaram a cidade de Al-Hula da província Homs. Al-Houla é formada por três regiões: as cidades de Taldou, Kafr Laha e Taldahab, cada uma das quais já albergou 25 a 30 mil pessoas.

A cidade foi atacada a nordeste por grupos de bandidos e de mercenários, em número de mais de 700 pessoas. Os militantes vieram de Ar-Rastan (a Brigada de al-Farouk do Exército de Libertação Sírio, chefiada pelo terrorista Abdul Razak Tlass, em número de 250), da cidade de Akraba (chefiada pelo terrorista Yahya Al-Yousef), da cidade Farlaha, a que se juntaram gangsters locais e de Al Houla.

Há muito que a cidade de Ar-Rastan foi abandonada pela maior parte dos civis. Neste momento dominam o local wahhabis e libaneses, alimentados com dinheiro e armas por um dos maiores orquestradores do terrorismo internacional, Saad Hariri, que lidera o movimento político anti-sírio "Tayyar Al-Mustaqbal" (Movimento do Futuro"). A estrada de Ar-Rastan para Al-Houla atravessa áreas beduínas que se mantêm quase todas fora do controlo das tropas governamentais, o que fez com que os ataques militantes a Al Hula fossem uma total surpresa para as autoridades sírias.

Quando os rebeldes tomaram o posto de controlo no centro da cidade, situado junto da delegacia da polícia local, começaram a eliminar todas as famílias leais às autoridades nas casas vizinhas, incluindo os velhos, as mulheres e as crianças. Foram mortas diversas famílias de Al-Sayed, incluindo 20 crianças e a família de Abdul Razak. Muitos dos que foram mortos eram 'culpados' de terem ousado mudar de sunitas para xiitas. As pessoas foram mortas com facas e alvejadas à queima-roupa. Depois os cadáveres foram apresentados às NU e à comunidade internacional como sendo vítimas de bombardeamentos do exército sírio, uma coisa que não foi verificada por quaisquer marcas nos corpos".

A ideia de que observadores das NU tinham ouvido fogo de artilharia contra Al-Houla no Hotel Safir em Homs durante a noite? como piada não está nada mal. São 50 km de distância entre Homs e Al-Houla. Que tipo de tanques ou de metralhadoras tem esse alcance? Sim, houve intenso tiroteio em Homs até às 3 da manhã, incluindo de armas pesadas. Mas, para dar um exemplo, na noite de segunda para terça-feira, o tiroteio deveu-se a uma tentativa de aplicação da lei para reconquistar o controlo sobre um corredor de segurança ao longo da estrada para Damasco, Tarik Al-Sham.

Numa inspecção visual a Al Hula é impossível encontrar vestígios de qualquer destruição recente por bombardeamentos. Durante o dia, foram feitos vários ataques por atiradores sobre os últimos soldados restantes no posto de controlo Taldou. Os militantes usaram armas pesadas e houve franco-atiradores mercenários profissionais em actividade.

De notar que já anteriormente falhara uma mesma provocação em Shumar (Homs) onde foram mortos 49 militantes e mulheres e crianças, organizada pouco antes de uma visita de Kofi Annan. Essa provocação foi imediatamente desmascarada logo que se tornou conhecido que os corpos dos previamente raptados pertenciam aos alawitas. Essa provocação também continha várias incongruências ? os nomes dos que foram mortos eram de pessoas leais às autoridades, não havia vestígios de bombardeamentos, etc.

Mas a máquina da provocação continuou a funcionar na mesma. Hoje, os países da NATO ameaçam bombardear directamente a Síria e em simultâneo começou a expulsão de diplomatas sírios? Actualmente não há tropas dentro da cidade de Al Hula, mas apesar disso ouvem-se regularmente explosões de armas automáticas. Além disso, não se percebe se os militantes andam a lutar uns contra os outros ou se os apoiantes de Bashar al-Assad estão a ser eliminados.

Os militantes abrem fogo sobre praticamente todos aqueles que tentam aproximar-se da cidade fronteiriça. Antes de nós foi alvejado um comboio das NU tendo ficado danificados dois jipes blindados de observadores das NU, quando tentavam chegar a um posto de controlo do exército em Tal Dow.

No ataque ao comboio foi detectado um terrorista de vinte anos de idade. O fogo foi dirigido contra os slopes do primeiro jipe e a porta traseira do segundo carro blindado foi atingido por um fragmento. Há feridos entre os acompanhantes.

Segundo um soldado ferido:

"No dia seguinte, vieram observadores das NU ter connosco ao posto de controlo e, mal chegaram, atiradores abriram fogo contra eles. E três de nós foram feridos. Um ficou ferido na perna, o segundo nas costas e eu fui atingido na anca.

Quando os observadores chegaram, ouviram uma mulher ali ao pé deles a gritar, a mulher levantou-se e suplicou aos observadores que a ajudassem ? que a protegessem dos bandidos. Quando eu fui ferido, os observadores perguntaram como é que eu me sentia, mas nenhum deles tentou ajudar. O nosso posto de controlo já não existe. Já não há civis em Taldou, só restam os militantes. A nossa relação com os locais era excelente. São muito bons para nós: pediram ao exército para entrar em Taldou. Fomos atacados por franco-atiradores".

Infelizmente, muitos dos militantes são franco-atiradores profissionais. A uns 100 a 200 metros da nossa equipa da TV, militantes atacaram um BMP que ia fazer substituição de soldados no posto de controlo. Nessa ocasião, um soldado recruta sofreu uma concussão e um leve ferimento de raspão na cabeça por uma bala de um franco-atirador. Olhando para o capacete Kevlar, parece que ele nem se apercebeu que tinha sobrevivido por milagre.

Os franco-atiradores matam diariamente cerca de 10 soldados e polícias nos postos de controlo. É verdade, as baixas diárias nas organizações de imposição da lei em Homs são de dezenas de vítimas. Mas, infelizmente, às 10 da manhã, foram levados para a morgue seis soldados mortos. A maior parte deles tinha sido morto com uma bala na cabeça. E o dia mal tinha começado?

São estes os nomes dos que foram mortos pelos franco-atiradores nas primeiras horas da manhã de 29 de Maio:

1. Sargento Ibrahim Halyuf
2. Sargento Salman Ibrahim
3. Polícia Mahmoud Danaver
4. Soldado Ali Daher
5. Sargento Wisam Haidar
6. não se conseguiu apurar o nome de família do soldado morto

Os bandidos até dispararam uma descarga automática sobre o nosso grupo de jornalistas, embora fosse óbvio que era um grupo de filmagem normal, formado por civis desarmados.

COMO COMEÇOU O ATAQUE

Depois das orações de sexta-feira, pelas 2 horas da tarde a 25 de Maio, um grupo do clã Al Aksh começou a disparar sobre um posto de controlo de forças da ordem com morteiros e lança-granadas. O fogo de resposta de um BRDM atingiu a mesquita, e foi quanto bastou para desencadear uma provocação maior.

Depois, dois grupos de militantes chefiados pelo terrorista Nidal Bakkour e Al-Hassan do clã Al Hallak, apoiados por uma unidade de mercenários, atacaram o posto de controlo na zona oriental da cidade. Às 15:30 foi tomado esse posto de controlo e todos os prisioneiros foram executados: um soldado sunita ficou com a garganta cortada, enquanto que Abdullah Shaui (Bedouin) of Deir-Zor foi queimado vivo.

Durante o ataque ao posto de controlo oriental, os homens armados perderam 25 pessoas que depois foram apresentadas aos observadores da ONU, juntamente com os 108 civis mortos ? 'vítimas do regime', alegadamente mortos por bombardeamentos do exército sírio. Quanto aos restantes 83 corpos, incluindo os de 38 crianças, eram das famílias que foram executadas pelos militantes. Essas famílias eram todas leais ao governo da Síria.

Entrevista com um funcionário das forças da ordem:

"Chamo-me Al Khosam, sou um agente das forças da ordem. Prestava serviço na cidade de Taldou, distrito de Al-Houla, uma província de Homs. Na sexta-feira, o nosso posto de controlo foi atacado por um grande grupo de militantes. Eram milhares.

P: Como é que se defendeu?

R: Com uma simples arma. Tínhamos 20 pessoas, pedimos reforços e quando vinham a caminho, fui ferido e só retomei consciência no hospital. Os atacantes eram de Ar-Rastan e Al-Hula. Os rebeldes controlam Taldou. Queimaram casas e mataram pessoas e famílias, porque eram leais ao governo. Violaram mulheres e mataram as crianças".

Entrevista com um soldado ferido:

"Chamo-me Ahmed Mahmoud al Khali. Sou da cidade Manbej. Fui ferido em Taldou. Pertenço a um grupo de apoio que foi em ajuda dos nossos camaradas que estavam de serviço no posto de controlo.

Os militantes destruíram dois veículos de combate de infantaria e um BRDM que estava no nosso posto de controlo. Fomos para Taldou num BMP, buscar os nossos camaradas feridos no posto de controlo do centro da cidade. Trouxemo-los no BMP, e eu ocupei o lugar deles.

Pouco depois chegaram os observadores da ONU. Vieram ter connosco, nós levámo-los a casa das famílias que foram mortas pelos bandidos.

Vi uma família de três irmãos e o pai no mesmo quarto. Noutro quarto encontrámos crianças mortas e a mãe delas. E noutro ainda ? um velho, morto na mesma casa. Ao todo, cinco homens, mulheres e crianças. A mulher violada e com um tiro na cabeça, tapei-a com um cobertor. E a comissão viu-os a todos. Puseram-nos no carro e foram-se embora. Não sei para onde os levaram, provavelmente para serem sepultados".

Um residente de Taldou no telhado da delegacia da polícia.

"Na sexta-feira à tarde eu estava em casa. Ao ouvir os tiros, saí para ver o que é que estava a acontecer e vi que o fogo vinha do lado norte, na direcção do posto de controlo do exército. Como o exército não ripostou, eles começaram a aproximar-se da casa onde depois a família foi morta. Quando o exército começou a ripostar, eles usaram as mulheres e as crianças como escudos humanos e continuaram a disparar sobre o posto de controlo. Quando o exército começou a responder, fugiram. Depois disso, o exército agarrou nas mulheres e crianças sobreviventes e puseram-nas em segurança. Nessa altura, a Al Jazeera pôs imagens no ar e disse que fora o exército que fizera o massacre em Al Hula.

A verdade é que eles mataram os civis e crianças em Al-Hula. Os bandidos não permitiram que ninguém fizesse o trabalho deles. Roubaram tudo aquilo a que puderam deitar a mão: trigo, farinha, petróleo e gasolina. A maior parte dos combatentes era da cidade de Ar Rastan".

Depois de conquistarem a cidade, levaram os corpos dos seus camaradas mortos, assim como os corpos das pessoas e das crianças que mataram na mesquita. Transportaram os corpos em carrinhas KIA. A 25 de Maio, por volta das 8 da noite, os cadáveres já estavam na mesquita. No dia seguinte às 11 da manhã chegaram os observadores da ONU à mesquita.

Desinformação dos meios de comunicação

Para exercer pressão sobre a opinião pública e alterar as posições da Rússia e da China, foram preparados com antecedência textos e subtítulos em russo e em chinês, a dizer: "Síria ? Homs ? a cidade de Hula. Um terrível massacre perpetrado pelas forças armadas do regime sírio contra civis na cidade de Houla. Dezenas de vítimas - e o seu número aumenta - principalmente mulheres e crianças, brutalmente mortas por bombardeamento indiscriminado da cidade".

Dois dias depois, a 27 de Maio, depois de os relatos dos moradores e dos registos de vídeo mostrarem que os factos não corroboravam a acusação de bombas, os vídeos dos bandidos sofreram alterações significativas. No final do texto aparecia este pós-escrito: "E alguns foram mortos com facas".

Marat Musin, Olga Kulygina, Al-Houla, Syria

Ver também:
http://www.infosyrie.fr/

O original (em russo) encontra-se em http://maramus.livejournal.com/86539.html , a versão em inglês em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=31184 e em
http://www.syrianews.cc/syria-journalist-houla-massacre-703.html . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: "A opção salvadorenha para a Síria" - Esquadrões da morte promovidos pelos EUA-NATO integram as "forças da oposição" BASENAME: canta-o-merlo-a-opcao-salvadorenha-para-a-siria-esquadroes-da-morte-promovidos-pelos-eua-nato-integram-as-forcas-da-oposicao DATE: Thu, 31 May 2012 08:16:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistir.info/ .

por Michel Chossudovsky

Modelado nas operações encobertas dos EUA na América Central, a "Opção salvadorenha para o Iraque", iniciada pelo Pentágono em 2004 foi executada sob o comando do embaixador dos EUA no Iraque John Negroponte (2004-2005) em conjunto com Robert Stephen Ford, que em Janeiro de 2011 foi nomeado embaixador dos EUA na Síria, menos de dois meses antes de começar a insurgência armada contra o governo de Bashar Al Assad.
"A opção salvadorenha" é um "modelo terrorista" de assassinatos em massa por esquadrões da morte patrocinados pelos EUA. Ela foi aplicada primeiramente em El Salvador, no auge da resistência contra a ditadura militar, resultando em cerca de 75 mil mortes.
John Negroponte foi embaixador dos EUA em Honduras de 1981 a 1985. Como embaixador em Tegucigalpa ele desempenhou um papel chave no apoio e supervisão dos mercenários Contra nicaraguenses que estavam baseados em Honduras. Os ataques além fronteiras dos Contra, na Nicarágua, ceifaram perto de 50 mil vidas civis.

Em 2004, John Negroponte foi nomeado embaixador dos EUA no Iraque, com um mandato muito específico, ser o arquitecto da ?Opção salvadorenha no Iraque?


A opção salvadorenha para a Síria: O papel central do embaixador estado-unidense Robert S. Ford
O embaixador estado-unidense na Síria (nomeado em Janeiro de 2011), Robert Stephen Ford, fez parte da equipe de Negroponte na Embaixada dos EUA em Bagdad (2004-2005). A "Opção salvadorenha" para o Iraque estabeleceu as bases para o lançamento da insurgência na Síria, em Março de 2001, a qual começou na fronteira Sul, na cidade de Daraa.
Em relação a acontecimentos recentes, as matanças e atrocidades cometidas que resultaram em mais de 100 mortes incluindo 35 crianças na cidade fronteiriça de Houla, em 27 de Maio, eles foram, com toda a probabilidade, executados sob o que pode ser descrito como uma "Opção salvadorenha para a Síria?

O governo russo apelou a uma investigação
"À medida que a informação goteja de Houla, Síria, próxima à cidade de Homs e da fronteira sírio-libanesa, torna-se claro que o governo sírio não foi responsável por bombardear até à morte cerca de 32 crianças e seus pais, como é periodicamente afirmado e negado pelos media ocidentais e mesmo a própria ONU. Parece, ao invés, que havia esquadrões da morte em quarteirões próximos ? acusados por "activistas" anti-governo como sendo "bandidos pro regime" ou "milícias" e pelo governo sírio como trabalho de terroristas Al Qaeda ligados a intrusos estrangeiros". (Ver Tony Cartalucci, Syrian Government Blamed for Atrocities Committed by US Sponsored Deaths Squads , Global Research, May 28, 2012)
O embaixador Robert S. Ford foi despachado para Damasco no fim de Janeiro de 2011 no momento do movimento de protesto no Egipto. (O autor estava em Damasco em 27/Janeiro/2011 quando o enviado de Washington apresentou as suas credenciais ao governo Al Assad).

No princípio da minha visita à Síria, em Janeiro de 2011, reflecti sobre o significado desta nomeação diplomática e o papel que poderia desempenhar num processo encoberto de desestabilização política. Não previ, contudo, que esta agenda de desestabilização seria implementada dentro de menos de dois meses a seguir à posse de Robert S. Ford como embaixador dos USA na Síria.
O restabelecimento de um embaixador dos EUA em Damasco, mas mais especificamente a escolha de Robert S. Ford como embaixador dos EUA, dá azo a um relacionamento directo com o início da insurgência integrada por esquadrões da morte em meados de Março de 2011, contra o governo de Bashar al Assad.
Robert S. Ford era o homem para este trabalho. Como "Número Dois" na embaixada do EUA em Bagdad (2004-2005) sob o comando do embaixador John D. Negroponte, ele desempenhou um papel chave na implementação da "Opção salvadorenha no Iraque" do Pentágono. Esta consistiu em apoiar esquadrões da morte e forças paramilitares iraquianas modeladas na experiência da América Central.
Desde a sua chegada a Damasco no fim de Janeiro de 2011 até ser chamado de volta a Washington em Outubro de 2011, o embaixador Robert S. Ford desempenhou um papel central em preparar o terreno dentro da Síria bem como em estabelecer contactos grupos da oposição. A embaixada do EUA foi a seguir encerrada em Fevereiro. Ford também desempenhou um papel no recrutamento de mercenários Mujahideen junto a países árabes vizinhos e na sua integração dentro das "forças de oposição" sírias. Desde a sua partida de Damasco, Ford continua a supervisionar o projecto Síria fora do Departamento de Estado dos EUA.
"Como embaixador dos Estados Unidos junto à Síria ? uma posição que o secretário de Estado e o presidente estão a manter-me ? trabalharei com colegas em Washington para apoiar uma transição pacífica para o povo sírio. Nós e nossos parceiros internacionais esperamos ver uma transição que estenda a mão e inclua todas as comunidades da Síria e que dê a todos os sírios esperança de um futuro melhor. O meu ano na Síria diz-me que uma tal transição é possível, mas não quando um lado inicia constantemente ataques contra pessoas que se abrigam nos seus lares". ( US Embassy in Syria Facebook page )
"Transição pacífica para o povo sírio"? O embaixador Robert S. Ford não é um diplomata vulgar. Ele foi o representante dos EUA em Janeiro de 2004 na cidade xiita de Najaf, no Iraque. Najaf era a fortaleza do exército Mahdi. Poucos meses depois ele foi nomeado o "Homem Número Dois" (Ministro Conselheiro para Assuntos Políticos) na embaixada dos EUA em Bagdad no princípio do mandato de John Negroponte como embaixador no Iraque (Junho 2004 ? Abril 2005). Ford a seguir serviu sob o sucessor de Negroponte, Zalmay Khalilzad, antes da sua nomeação como embaixador na Argélia em 2006.
O mandato de Robert S. Ford como "Número Dois" sob o comando do embaixador Negroponte era coordenar fora da embaixada o apoio encoberto a esquadrões da morte e grupos paramilitares no Iraque tendo em vista fomentar a violência sectária e enfraquecer o movimento de resistência.

John Negroponte e Robert S. Ford, na embaixada dos EUA, trabalhavam em estreita colaboração no projecto do Pentágono. Dois outros responsáveis da embaixada, nomeadamente Henry Ensher (vice de Ford) e um responsável mais jovem na secção política, Jeffrey Beals, desempenharam um papel importante na equipe "conversando com um conjunto de iraquianos, incluindo extremistas". (Ver The New Yorker, March 26, 2007). Outro actor individual chave na equipe de Negroponte era James Franklin Jeffrey, embaixador dos EUA na Albânia (2002-2004)

Vale a pena notar que o recém nomeado chefe da CIA nomeado por Obama, general David Petraeus, desempenhou um papel chave na organização do apoio encoberto a forças rebeldes da Síria, na infiltração da inteligência síria e nas forças armadas.
Petraeus desempenhou um papel chave na Opção salvadorenha do Iraque. Ele dirigiu o programa "Contra-insurgência" do Comando Multinacional de Segurança de Transição em Bagdad em 2004 em coordenação com John Negroponte e Robert S. Ford na Embaixada dos EUA.
A CIA está a supervisionar operações encobertas na Síria. Em meados de Março, o general David Petraeus encontrou-se com seu confrades da inteligência em Ancara, para discutir apoio turco ao Free Syrian Army (FSA) ( CIA Chief Discusses Syria, Iraq With Turkish PM , RTT News, March 14, 2012)
David Petraeus, o chefe da CIA, efectuou reuniões com altos oficiais turcos ontem e em 12 de Março, soube o Hürriyet Daily News. Petraeus encontrou-se ontem com o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoðan e seu confrade turco, Hakan Fidan, chefe da Organização de Inteligência Nacional (MIT), no dia anterior.

Um responsável da Embaixada dos EUA disse que responsáveis turcos e americanos discutiram "muito frutuosamente as mais prementes questões da cooperação na região para o próximos meses". Responsáveis turcos disseram que Erdoðan e Petraeus trocaram pontos de vista sobre a crise síria e o combate anti-terror. ( CIA chief visits Turkey to discuss Syria and counter-terrorism | Atlantic Council , March 14, 2012)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: ?Se os Parlamentos nom nos dam o que queremos, invalidarémo-los". Declaraçons do ex-chefe do Banco Central Europeu BASENAME: se-os-parlamentos-nom-nos-dam-o-que-queremos-invalidaremo-los-declaracons-do-ex-chefe-do-banco-central-europeu DATE: Fri, 25 May 2012 04:18:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Fonte: http://www.redpepper.org.uk/ex-ecb-chief-if-parliaments-do-not-give-us-what-we-want-we-will-annul-them/

por Leigh Phillips

Se alguém fica com a duvida de que a luita contra a austeridade é fundamentalmente umha luita pola democracia, a arrepiante proposta revelada na terça-feira do ex-chefe do Banco Central Europeu Jean-Claude Trichet sobre como resolver a crise europeia, deveria pôr fim rapidamente a um enfoque tam microscópico.

Trichet propom o que chama federaçom por excepçom", pola qual se os dirigentes de um país ou parlamento "nom podem implementar políticas orçamentais sás", declare-se a esse país em suspensom de pagos".

Reconhecendo que nom seria possível no período necessário para reagir à crise alcançar uns "Estados Unidos da Europa" com a uniom política e fiscal associada, incluindo transferências fiscais e emissons de dívida comum, o ex-presidente do BCE, que deixou o seu posto em Novembro passado, di que ao menos é possível dar este "próximo passo".

"A federaçom por excepçom nom só parece-me necessária para garantir umha Uniom Económica e Monetária segura, senom que também poderia corresponder à natureza mesma da Europa a longo prazo. nom acho que vamos ter um grande orçamento [centralizado] da UE, di ao Instituto Peterson de Economia Internacional em Washington antes da reuniom do G8 deste fim-de-semana e antes de umha reuniom decisória do Conselho Europeu o 23 de maio onde os dirigentes da UE discutírom o terramoto fiscal, bancário e político que estronda a Europa meridional.

"É um salto maiúsculo de política governamental, que considero necessário para o próximo passo da integraçom europeia", agregou.

A política fiscal interior já se transferiu a tecnocratas nom elegidos para que se aprove antes da sua avaliaçom polos parlamentos eleitos como resultado do sistema do Semestre Europeu, portanto, de algumha maneira, tem razom ao dizer que se trata só do "próximo passo" mais ali do Pacto Fiscal que ainda deve aprovar-se.

Por certo Trichet já nom está no poder, mas segue sendo um peso pesado político nos círculos europeus, e se a euro-crise mostrou-os algo é que nom é necessário dispor de um púlpito reconhecido popularmente quando se trata de que vozes som importantes. Em todo o caso, ao estar liberar do seu posto, agora Trichet livrou-se do dissimulo que os funcionários activos do BCE tem que manter, ao menos em público, com respeito a que o Banco Central só concentra na política monetária e nom se preocupa da política governamental das províncias que se encontram no seu território. Pode declarar as suas propostas em público sem fazê-las através de cartas a primeiros ministros italianos e de ordens às elites portuguesas.

Ao mesmo tempo há que sublinhar que nom se trata de umha proposta oficial de umha instituiçom da UE, e fica por ver que tipo de acolhida receberá, ainda que os relatórios de Washington sugerem que os economistas e funcionários da UE presentes acolheram a proposta calorosamente.

Apesar de todo nom há que albergar nengumha ilusom de que esta proposta de um destacado "pensador" europeu nom seja umha reacçom directa ante as eleiçons na Grécia deste mês que dizimárom o consenso de centroesquerda/centrodereita nesse país.

Trichet di em essência que quando o povo elege os partidos equivocados renunciou ao seu direito à democracia.

Perfeitamente consciente do que está a propor, declara que um passo semelhante teria certamente umha responsabilidade democrática enquanto seja aprovado polo Conselho Europeu e o Parlamento Europeu.

Mas o Conselho Europeu é umha câmara legislativa que nunca enfronta umha eleiçom geral. Os seus membros, os presidentes e primeiros ministros da Europa, nom som eleitos a essa câmara, senom aos seus parlamentos e assembleias nacionais. E o Parlamento Europeu ainda nom é o parlamento de um governo europeu; mesmo depois do Tratado de Lisboa os seus poderes seguem sendo muito limitados em comparaçom com a Comissom Europeia e o Conselho e, crucialmente, nom tem o poder de iniciar algumha legislaçom.

Se a proposta de Trichet ou algo remotamente similar chegasse à câmara de Estrasburgo para a sua aprovaçom, qualquer membro do Parlamento Europeu que aprecie a democracia deve opor-se firmemente.

Se os membros do Parlamento Europeu nom alcançam reunir suficientes forças para fazê-lo, a câmara ficaria instantâneamente exposta como umha armadilha, que serve só para fornecer umha fachada de legitimidade democrática a um regime antidemocrático e muito afastado da semente de umha genuína ordem democrática europeu desejado por tantos deputados.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Andanças da famila Rato: quebradores de Bancos BASENAME: andancas-da-famila-rato-quebradores-de-bancos DATE: Tue, 08 May 2012 05:07:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Trás a demissom de Rodrigo Rato de Bankia, lembramos aos nossos leitores e leitoras que a família Rato já levou à quebra DOUS bancos na década do sessenta do século passado. Passem e leiam:

Ramón Tijeras (28 de março de 2011)

Agora que Rodrigo Rato preside Bankia, cabe perguntar-se se o seu objectivo é limpar o mal nome que deixou a actuaçom dos seus familiares mais directos trás crebar DOUS bancos nos anos sessenta.

A mais de um pode-lhe entrar o pânico ao lembrar as andanças do pai e o irmao do presidente do novo conglomerado bancário, Ramón Rato e Rodríguez Sam Pedro e Ramón Rato Figaredo. Os DOUS acabárom no cárcere o 2 de Novembro de 1966, quando um auto do juiz Antonio Sánchez del Corral e del Rio ordenou a detençom de ambos os familiares ?por comprovar-se a existência de factos susceptíveis de ser qualificados como delito monetário?.

Ramón Rato pai recebeu a notificaçom do seu arresto domiciliário o 3 de Novembro daquele ano 1966, às onze e média da manhá. A polícia exigiu-lhe que entregasse o passaporte espanhol que obtivera no Consulado de Paris. Depois, o pai de Rodrigo Rato ingressou na madrilenha prisom de Carabanchel.
O drama do Rato redobrou-se o 28 de Novembro seguinte, quando o Conselho de Ministros encontrou-se sobre a mesa a iminente suspensom de pagos de três bancos espanhóis. O três bancos afectados eram o Banco de Siero, o Murciano e o de Medina. Os dous primeiros pertenciam à mesma pessoa: Ramón Rato e Rodríguez Sam Pedro, quem desde o cárcere de Carabanchel conheceu a Proposta da Subsecretaría do Tesouro e Gastos Públicos que o Conselho de Ministros aprovou esse mesmo dia:

"Autoriza ao Ministro de Fazenda para que instrumente através do Banco de Espanha, e com a colaboraçom da Banca privada, e assessoria da Direcçom-Geral do Contencioso do Estado, o conjunto de ajudas necessárias para salva-gardar os interesses legítimos daqueles depositantes que constituíssem os seus depósitos nos Bancos de Siero, Murciano e de Medina com arranjo às normas vigentes em matéria de disciplina bancária, mediante o pago dos créditos que ostentam contra tais Bancos e reúnam os requisitos indicados, para sub-rogar-se nos direitos dos depositantes para reintegrar-se, no seu dia, na parte que seja possível nos autos de suspensom de pagos ou de quebra a que possa chegar-se, ou bem mediante qualquer outra fórmula que se arbitre para ajuda dos mencionados depositantes".

Desde qualquer ponto de vista, o facto de que o Governo tivesse que sair em defesa dos depositantes de um Banco para atender à retirada dos seus depósitos com o apoio do resto da Banca espanhola é o mais humilhante que podia ocorrer-lhe a um banqueiro. A discussom que se produziu no Conselho de Ministros e as conclusons às que chegaram os seus membros ficaram reflectidas na acta daquele dia:

"Esta situaçom afecta a milheiros de conta-correntistas e depositantes dos suas poupanças nos supra-citados Bancos, a cujas economias afecta a suspensom em forma gravemente perturbadora. Por outra parte, todo isto é susceptível de causar grave dano à confiança do público na instituiçom bancária em geral.
O Conselho Superior Bancário, reunido o passado dia 24 dos correntes, examinou, por indicaçom do Ministério de Fazenda, a expressa situaçom e acordou, por unanimidade, oferecer às autoridades monetárias a sua colaboraçom, com objecto de salva-gardar os interesses legítimos daqueles depositantes que constituíssem os seus depósitos com arranjo às normas vigentes em matéria de disciplina bancária.
Umha comissom de Banqueiros, designada pelo Conselho Superior Bancário, pô-se já em contacto com o Banco de Espanha para estudar as possíveis fórmulas de ajuda aos depositantes que reúnam as expressas condiçons. Mas, para que o Banco de Espanha possa participar na aplicaçom dessas fórmulas, como ocorreu nos, por fortuna escassos, casos similares que no passado apresentaram-se, é mester que se lhe autorize especialmente pelo Governo, por tratar de umha ajuda excepcional que sem umha autorizaçom, também excepcional, nom poderia realizar".

Como conseqüência de todo o anterior, o 1 de Setembro de 1967 funcionários da Direcçom-Geral de Prisons entregárom a Ramón Rato à Polícia civil nas dependências do cárcere de Carabanchel para a sua deslocaçom à prisom provincial de Almería com o fim de que extinguisse ali a sua condenaçom por "contrabando monetário".

http://www.ramontijeras.com

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia, o encetar de umha demócracia popular. BASENAME: canta-o-merlo-grecia-o-encetar-de-umha-democracia-popular DATE: Sat, 25 Feb 2012 19:33:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Διεθνή της ΕΣΕ

Grécia: A Assembleia do hospital auto-gestionado de Kilkis chama à extensom das ocupaçons

Comunicado da Assembleia de trabahador@s do hospital auto-gestionado de Kilkis (norte da Grécia). 18 Fevereiro 2012

Tal e como se havia decidido, começa a ocupaçom do Hospital Geral de Kilkis, a despeito dos médicos, políticos e sindicalistas acomodados. Apesar das tentativas desesperadas por parte dos escalons mais elevados da burocracia sindical, que abandonárom a Assembleia Geral dos trabalhadores do hospital entre apupos e assobios, os presentes na mesma decidírom de forma unânime começar a ocupaçom do hospital a partir da manhá da segunda-feira 20 de Fevereiro e formar grupos de trabalho e de responsabilidade, que funcionaram sob o controlo da Assembleia Geral. A notícia está a começar a difundir-se amplamente e já mostrárom o seu interesse médios e jornalistas independentes. Os trabalhadores som conscientes da enorme responsabilidade que contraem face aos pacientes, os cidadaos, a sociedade local e também face a eles mesmos e as suas pessoas mais próximas, e estám decididos a levar os seus objectivos a bom porto, de jeito consensuado e solidário. Os objectivos nom som estritamente sectoriais. Som mais amplos e tenhem um carácter político. Os trabalhadores do hospital de Kilkis nom reconhecem ao governo actual, um governo imposto e voluntariamente escravo de outros interesses, e declarárom o autogoverno do hospital.

Estes trabalhadores querem que ao seu lado estejam nom só os cidadaos de Kilkis, senom o conjunto da sociedade, à que fam um apelo para que de forma pacífica deite abaixo o actual cenário político, procedendo à propagaçom de ocupaçons polos hospitais de todo o país e polos lugares de trabalho de todos os sectores. Devemos paralisar imediatamente essa Grécia que conhecíamos e conheciam, ocupando os lugares de trabalho e os espaços públicos, até que a ditadura parlamentar que governa o país caia e erija-se um governo democrático que obedeça à exigência popular de liberar das ataduras da suposta dívida e que nos conduza polo caminho da reorganizaçom e da prosperidade.

Se isto nom é tarefa fácil, é porque o inimigo nom está só fora das nossas muralhas, senom também no interior. Sobretodo no interior! É o que vimos hoje em Kilkis. Esses directores aos que inquieta tanto a perda de ingressos por causa das mobilizaçons, junto com os suas sequazes e alguns médicos coagidos, tentárom inicialmente buscar o apoio dos reaccionários altos cargos da federaçom nacional de médicos de hospitais. O ambicioso presidente da supracitada federaçom tentou apoiar nom aos médicos em luta, senom aos altos cargos da burocracia sindical. O senhor Dimitrios Barnabas "está preocupado" porque, por culpa das ocupaçons e os protestos dos médicos que nom cobram desde há meses, os hospitais nom vam funcionar bem. Até agora, como sabedes todos, venhem funcionando de maravilha...

Que consciência social! Aos irresponsáveis médicos sem escrúpulos que, junto com os enfermeiros e outros empregados hospitalários, reclamam o que se lhes deve e luitam por umha sanidade pública gratuita, chamam-lhes "gentio". O indescritível senhor Barnabas preferiu manter-se longe do gentio. Esquivando à combativa presidenta do ENIK (sindicato de médicos de hospitais da província de Kilkis), a senhora Leta Zotaki, que esperava reunir-se com ele, como acordárom, participou num encontro privado com o reaccionário vice-presidente e o pessoal directivo do hospital antes da celebraçom da Assembleia Geral que se convocou no mesmo lugar. O senhor presidente da federaçom de médicos de hospitais "quer que o hospital esteja aberto, para que a gente esteja ao nosso lado", segundo as suas próprias palavras. Mas nom clarificou depois, quando começou a chegar "o gentio" e se perguntou a respeito disso, como concebe a luita sindical dos médicos, em especial hoje em dia, se nom é com enérgicos protestos e ocupaçons. Concebe-a, sem dúvida, com protestos simbólicos, com acçons convocadas só para que as veja o governo, com umha retórica vazia que da nojo a todo mundo, no melhor dos casos com algumha greve de um dia que nom fai dano a ninguém. Estes som, enfim, os meios mais eficazes com os que conta a burocracia sindical nestes momentos sem precedentes. umha concepçom muito original do sindicalismo combativo, mas totalmente representativa da actitude dos ?hierarcas? sindicais, sobretodo a nível federal. Se os trabalhadores esperam que estes senhores lhes levem a luitas triunfais, estám aviados...

Os trabalhadores e os cidadaos de todo o país, de toda a Europa e de todo mundo devem ver um exemplo nas ocupaçons, continuadas e nom simbólicas, que começam em Kilkis e noutras partes, assim como nas luitas que desde há tempo encontram-se em desenvolvimento em Aciaria Grega, no canal de televisom Alter, em Loukisa e em dezenas de lugares da Grécia e de outros países, e devem proceder a ocupar quanto antes e em coordenaçom todos os lugares de trabalho e espaços públicos, mantendo as ocupaçons até que se produza a queda do governo imposto e a dissoluçom dos mecanismos de partido que durante tantos anos urdírom e impusêrom o inumano regime dos nossos dias. O povo deve pelejar à margem do parlamento, com lutas nas ruas e sem esperar inutilmente a que o poder dê-lhes nada, reivindicando umha potente constituiçom democrática e popular, umha nova transiçom, que ponha ao país no caminho do progresso e converta-o num lugar de democracia partipativa e popular, de igualdade, de justiça e de prosperidade

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Como fôrom inventados os alicerces do Sistema Monetário Mundial e quem se aproveitou de todo isto BASENAME: canta-o-merlo-lbgcomo-forom-inventados-os-alicerces-do-sistema-monetario-mundial-e-quem-se-aproveitou-de-todo-isto-l-bg-1 DATE: Fri, 24 Feb 2012 12:44:35 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Voltairenet.org

Como fôrom inventados os alicerces do Sistema Monetário Mundial e quem se aproveitou de todo isto

As manipulaçons do sistema monetário e do sistema de mudança constituem o maior escândalo da nossa época. Por vez primeira, a estafa monetária alcança dimensons mundiais "está a desenvolver-se com efeito através do mundo inteiro", sem que nengum governo seja capaz de controlá-la nem de pôr-lhe fim ou de impedi-la. Formalmente, é mesmo legal devido a razons obsoletas.

A etapa decisiva na ruptura com a moeda de Estado produziu com a fundaçom, em 1913, do Sistema Federal de Reserva de Estados Unidos. Desde finais do século XIX, os bancos que se achavam sob controlo do império Rotschild empreenderam umha grande campanha para apoderar do controlo da economia estadounidense. Os Rotschild, provenientes da Europa, financiárom o Banco J.P. Morgan & Com o., o Banco Kuhn Loeb & Com o., John D. Rockefelhers, Standard Oil Com o., os comboios de Edward Harriman e as fábricas de aço de Andrew Carnegie.

Por volta do ano 1900, os Rotschild enviárom a Estados Unidos a um dos seus agentes, Paul Warburg, quem devia cooperar com o Banco Kuhn Loeb & Com o. Jacob Schiff e Paul Warburg [quem] empreendêrom umha campanha tendente a instaurar vários «Federal Reserve Banks» (FED), instituiçons privadas de emissom de moeda. Com o apoio dos dous grandes grupos financeiros Rotschild e Rockefelher, alcançárom fundar um banco central privado com direito a emitir a sua própria moeda, meio legal de pago garantido ao princípio polo Estado. A instauraçom da FED, em 1913, permitiu que os banqueiros internacionais pudessem consolidar o seu poderio financeiro em Estados Unidos. Paul Warburg foi o primeiro presidente da FED.

Depois da fundaçom da FED produziu-se a adopçom da 6ª emenda da Constituiçom estadounidense, que permitiu que o governo cobrasse um imposto sobre os ingressos. Era conseqüência do feito com que o governo nom pudesse já emitir a sua própria moeda. Dessa maneira, os banqueiros internacionais apropriavam-se indirectamente do património privado do cidadao estadounidense. Naquele momento, os accionistas mais importantes da FED eram:

1. Os bancos Rothschild de Paris e de Londres
2. O Banco Lazard fréres de Paris
3. O Banco Israel Moses Seif na Itália
4. O Banco Warburg em Amsterdã e Hamburgo
5. O Banco Lehmann em Nova Iorque
6. O Banco Kuhn Loeb & Com o.em Nova Iorque
7. O Banco Rockefelher Chase Manhattan em Nova Iorque
8. O Banco Goldman Sachs em Nova Iorque.

Depois da Primeira Guerra Mundial, as reservas mundiais de ouro acumulárom naquele banco privado que em realidade era a FED, de maneira que numerosos bancos centrais nom puderam seguir mantendo o patrom ouro e os seus países virom-se imersos na deflaçom, produzindo-se assim a primeira crise económica mundial.

Durante a Guerra Mundial, Estados Unidos chegou a exigir que os países em guerra pagassem-lhe com ouro as armas que compravam. Ao terminar a guerra, o ouro da Alemanha converteu-se em botim de guerra. Mais de 30,000 toneladas do ouro mundial acumulárom-se assim em Estados Unidos.

Esse ouro serviu de cobertura ao dólar. Mas, como grande parte desses dólares estava a fazer o papel de reserva monetária nas caixas dos bancos centrais estrangeiros, Estados Unidos pode seguir imprimindo mais dólares, em quantidades que já nom correspondiam com os seus reservas em ouro.
Em efeito, os demais países necessitavam dólares para poder comprar matérias primas, que se compravam somente com essa moeda. Ademais do ouro, o dólar converteu-se assim numha das principais reservas monetárias dos bancos centrais estrangeiros.

Começara o reinado mundial do dólar. Em 1971, Richard Nixon (o presidente número 37 de Estados Unidos, de 1969 a 1974) anulou a convertibilidade do dólar em ouro e, ao mesmo tempo, a garantia do Estado sobre o valor do dólar. Desde entom, o valor do bilhete verde nom está em correspondência com as reservas de ouro nem está garantido polo Estado. Trata-se portanto da moeda privada livre da FED. Mas a massa monetária de dólares que a FED pom em circulaçom (desde Março de 2006, a FED nom publicou mais a cifra da massa monetária M3) converteu-se num problema sem soluçom: a massa mundial de bens quadruplicou-se durante os últimos 30 anos, mas a massa monetária multiplicou-se por 40.

Como funciona este banco privado com direito a imprimir os dólares" A FED produz dólares. Presta-lhos ao governo de Estados Unidos em troques de obrigaçons que lhe servem [à FED] como «garantias». Os bancos da FED em possesom desses títulos percebem interesses anuais. Muito astutos, nom lhes parece"

Já em 1992, as obrigaçons em poder da FED alcançavam um valor de 5 trilhons de dólares, e os interesses que paga o contribuinte estadounidense seguem aumentando constantemente. A FED apoderou-se desse incrível património prestando-lhe dinheiro ao governo de Estados Unidos e cobrando-lhe depois interesses. O contra-valor é esse papel verde que se conhece com o nome de dólar.

É importante repetir que nom é o governo de Estados Unidos quem emite o dólar, senom a FED, que por sua vez se encontra sob o controlo de bancos privados e que pom a disposiçom do governo quantidades de dinheiro e, como contrapartida, cobra suculentos juros e recolhe impostos. Ninguém se dá conta desta artimanha. Ademais, as obrigaçons que o governo emite outorgam à FED umha garantia, de carácter público e privado, sobre o conjunto de bens e fundos de Estados Unidos. Numerosas acçons jurídicas tratárom de obter a anulaçom da lei sobre a FED, sem sucesso até o momento.

O presidente John F. Kennedy foi o primeiro que tratou de transformar a FED emitindo um decreto presidencial («executive order number 11110»). Pouco depois, foi assassinado, provavelmente polo seu próprio serviço de inteligência. O primeiro que fixo o seu sucessor, Lyndon B, Johnson, no aviom presidencial que o trazia a Washington desde Dalhas, foi anular o decreto de Kennedy.

Qual é a situaçom actual" Os bancos privados tratam por todos os meios de manter e reforçar a sua gigantesca fonte de ingressos: o dólar.
E aos países que querem estabelecer as suas relaçons comerciais internacionais [em diante] sobre a base do euro, como Iraque, Irám ou Venezuela, tacha-se-lhes de terroristas.

Obriga aos governos a vender os seus produtos a Estados Unidos a mudança de dólares carentes de valor, e o desenfreado aumento de liquidez proporciona à alta finança [internacional] as somas ilimitadas que lhe permitem comprar o mundo inteiro.

Os bancos centrais do mundo inteiro vem-se obrigados a acumular dólares sem valor como «reservas monetárias». O dólar estadounidense é a moeda privada da alta finança, moeda que ninguém garante, que nom dispom de outra garantia que a própria, moeda que se utiliza para maximizar o ganho, acrescentada sem vergonha algumha, que se utiliza como meio de dominaçom mundial e para acaparar as matérias primas e outros valores do mundo.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Serviço especial britânico e militares qataríes combatem em Homs (Siria) BASENAME: canta-o-merlo-servico-especial-britanico-e-militares-qataries-combatem-em-homs-siria DATE: Thu, 09 Feb 2012 23:31:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.debka.com/article/21718/

Umha web israelense afirma que um serviço especial britânico e militares qataríes combatem em Homs ao Povo e Forças Armadas da Síria

Fevereiro 9, 2012

Um relatório de inteligência revelou que militares britânicos e de Qatar estám a liderar às bandas armadas terroristas na cidade síria de Homs na sua sangrenta batalha contra os civis e as forças do exército sírio. Segundo o sitio web israelense, DEBKAfile, que é conhecida polos seus vínculos com fontes de inteligência, ?as tropas britânicas e de Qatar estám a dirigir entrega-las muniçons e tácticas rebeldes na sangrenta batalha de Homs?. O relatório di que a agência de espionagem britânica no estrangeiro, o O MI6, estabeleceu quatro centros de operaçons na cidade com tropas sobre o terreno que achandaríam o caminho para umha incursom militar turca na Síria.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Homs: O BOMBARDEAMENTO QUE NÃO HOUVE BASENAME: canta-o-merlo-homs-o-bombardeamento-que-nao-houve DATE: Sun, 05 Feb 2012 21:40:33 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

A campanha mundial de desinformação sobre a Síria de vez em quando resvala para a mentira pura e simples. É o que se pode ver nesta notícia http://www.iranews.com.br/noticias.php?codnoticia=7418 , em que o governo sírio desmente qualquer bombardeamento à cidade de Homs. Verifica-se assim que a campanha dos media corporativos ? a que Paul Craig Roberts chama os "presstitutos" ? já nem sequer se preocupa com a verdade factual. Neste momento em que o caso Síria vai ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, intensifica-se a campanha de mentiras orquestrada pelo imperialismo & o sionismo.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Greve geral de toda a Ática ? A agudização decisiva da luta BASENAME: canta-o-merlo-greve-geral-de-toda-a-atica-a-agudizacao-decisiva-da-luta DATE: Sun, 29 Jan 2012 13:52:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/grecia/greve_geral_17jan12.html

por KKE

Na terça-feira, 17 de janeiro, realizou-se na área metropolitana de Atenas uma greve importantíssima e dura contra os patrões, organizada pelos três Centros Sindicais da capital, com um grande esforço de pressão exercido pelas forças da PAME [1] , e também numa das outras grandes cidades do país, Volos, onde a greve foi convocada pelas organizações sindicais de base, por iniciativa das forças da PAME. O objetivo da greve era dar uma resposta da classe operária à catadupa de medidas antitrabalhadores tomadas pelo governo da frente negra ? a coligação governamental PASOK, ND, LAOS e a troika ? no sentido de tornar as relações laborais mais flexíveis, de reduzir no futuro os salários em 150-200 euros, de abolir os subsídios sazonais no sector privado, do pagamento das prestações da segurança social em função do desempenho individual, contra as privatizações e a aplicação selvagem de impostos, através do pagamento imediato de taxas, que levaram à ruína as famílias da classe operária e das camadas populares e conduziram centenas de milhares delas à destruição, à sopa dos pobres e aos despejos. É elucidativo que milhares de famílias não tenham pago as taxas imediatas, constantes da fatura da eletricidade, e que o governo tenha começado ontem a enviar piquetes para cortar o seu fornecimento às famílias das camadas populares.

Não foi por acaso que a greve coincidiu com a chegada da delegação da troika à Grécia para gizar, em conjunto com o governo, o endurecimento da ofensiva antitrabalhadores, em benefício do capital. É sintomático que, numa questão de poucas semanas, os patrões tenham sido beneficiados com novos subsídios e privilégios, com o aumento provocatório do número de negócios subsidiados e a criação de zonas industriais - onde agora, por lei, haverá completa imunidade para o capital e os salários dos trabalhadores serão literalmente gratificações - e que, ao mesmo tempo, os armadores tenham adquirido novos privilégios, com a liberalização que impuseram através da abolição da cabotagem.

Esta greve e a sua preparação tiveram também um papel mais vasto, uma vez que se realizou em solidariedade com a greve dos trabalhadores da siderurgia. E nas duas cidades em que a greve se realizou o ambiente foi criado pelos trabalhadores da "Greek Steelworks", cujas três fábricas encerraram com a greve. Esta greve tinha sido precedida pela de 12 de janeiro, na região de Volos, no sector metalúrgico, que abriu uma segunda frente para exercer a maior pressão possível sobre os industriais, que tinham despedido 65 trabalhadores da "Greek Steelworks". Os grevistas na fábrica de Atenas e o seu sindicato, que pertence à PAME, continuam firmes há 80 dias, enquanto o laço se aperta à volta do pescoço dos donos da empresa, pois a greve de ontem foi a segunda em 5 dias. Até agora, o industrial Manessis compensou as suas perdas com a longa greve de Atenas através da duplicação da produção nas outras duas fábricas.

Os trabalhadores metalúrgicos de Volos, com todas as forças de classe na região, travaram uma dura batalha e venceram; organizados e determinados contra um mecanismo organizado composto por polícias (o director da polícia da região de Volos exigiu que os grevistas declarassem os seus nomes), pela burocracia sindical, esquemas fura-greves, MP [2] dos partidos burgueses e órgãos de comunicação locais que gritavam "A PAME quer destruir as fábricas".

O 12 de janeiro foi a primeira vez, desde há 24 anos, em que todas as máquinas do complexo da Greek Steelworks, em Volos, pararam de trabalhar. A situação repetiu-se na 3ª feira, 17 de janeiro.

Os patrões estavam tão furiosos que durante a segunda greve manipularam um turno de trabalhadores da fábrica e mandaram alguns dos seus lacaios empunhar uma faixa com palavras de ordem contra a PAME. Apesar da utilização deste instrumento furagreves o industrial não conseguiu que a fábrica trabalhasse.

Temos de referir que a GSEE [3] , o Centro Sindical de Atenas (EKA) e as direções reformistas participaram hipocritamente na greve só no último minuto. Mas, as mesmas forças sindicais do PASOK e da ND que se opuseram a esta greve nas duas outras fábricas da Greek Steelworks, que durante 80 dias não puseram os pés na fábrica da Greek Steelworks, no dia seguinte declararam que participariam no diálogo social juntamente com o governo e os industriais para negociarem quanto é que os trabalhadores iriam perder.

A postura do sindicalista que representa o SYNAPISMUS (um partido na presidência do Partido da Esquerda Europeia) no sindicato que convocou a greve, em Volos, também foi característica. Não votou a favor da greve, votou em branco, e fez a declaração provocatória de que " a greve beneficia os patrões ". Com o seu posicionamento ? eles votaram, na realidade, contra a greve ?, os oportunistas recusaram na prática a solidariedade com a heróica greve de 80 dias dos trabalhadores da siderurgia, apesar dos seus apelos oportunistas à solidariedade. Na sua pergunta no Parlamento sobre "os custos do trabalho" o líder do SYN, A. Tsipras, aceitou a lógica do governo (nomeadamente que o salário do trabalhador é um "custo" ? um termo que justifica o assalto do capital aos salários, às pensões e aos subsídios de natal e férias).

A PAME organizou uma grande reunião em Atenas, onde falaram o presidente do sindicato da Greek Steelworks, G. Sifonius, e outros quadros da PAME. As forças de classe declararam a sua firme determinação em travar a luta de classes, continuar a luta na Greek Steelworks, em recusar qualquer participação nos chamados "diálogos sociais", em organizar "guarnições" em todos os bairros de trabalhadores, para evitar o corte de eletricidade a qualquer família de trabalhadores ou de camadas populares e em agudizar a luta com uma nova greve geral.
NT
1. PAME: sigla, em grego, de "Frente Militante de Todos os Trabalhadores", central sindical de classe da Grécia.
2. MP: membros do Parlamento.
3. GSEE: central sindical reformista do setor privado.

A versão em inglês encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-01-18/
Tradução de TAM em http://www.pelosocialismo.net/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As matanças do FMI, o experimento chileno ? Terror e Miséria BASENAME: canta-o-merlo-as-matancas-do-fmi-o-experimento-chileno-terror-e-miseria DATE: Fri, 27 Jan 2012 18:19:28 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://elcaminodehierro.blogspot.com/2010/09/el-milagro-de-chile.html

Em 1973, ano em que o general Pinochet tomou o poder, a taxa de desemprego em Chile era de 4,3 por 100. Em 1983, trás dez anos de modernizaçom de livre mercado, o desemprego alcançou o 22 por 100. Os salários reais desceram um 40 por 100 baixo o governo militar. Em 1970, o 20 por 100 da populaçom chilena vivia na pobreza. Para o ano em que o «presidente» Pinochet deixou o cargo, o número de indigentes duplicou-se até alcançar o 40 por 100. Todo um milagre.

Pinochet nom destruiu a economia de Chile só. Foram necessários nove anos de duro trabalho das mentes mais brilhantes do mundo académico, o grupo de aprendizes de Milton Friedman a quem já mencionamos: os Chicagos Boys. Baixo o feitiço das suas teorias, o general eliminou o salário mínimo, ilegalizou os direitos de negociaçom dos sindicatos, privatizou o sistema de pensons, aboliu todos os impostos sobre a riqueza e os benefícios empresariais, recortou o emprego público, privatizou 212 empresas propriedade do estado e 66 bancos e administrou um superavit fiscal. O general fixo marchar à sua naçom polo carreiro «neoliberal» (livre mercado), e pronto Thatcher, Reagan, Bush, Clinton, o FMI e todo o planeta seguiriam o seu exemplo.

Mas, que ocorreu realmente em Chile? Livre das esgotadas maos da burocracia, os impostos e as normas sindicais, o país deu um salto de gigante adiante? para a bancarrota. Depois de nove anos de economia ao estilo de Chicago, a indústria chilena naufragou e morreu. Em 1982 e 1983, o PIB desceu um 19 por 100. Isto é umha depressom. O experimento de livre mercado estava kaput, os tubos de ensaio factos cachiços. O sangue e os cristais cobriam o chao do laboratório.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Paul Craig Roberts; "A guerra contra Irám poderia acabar com a vida na terra - Espanha em bancarrota, desprovista de qualquer dignidade ou honra, apoia a nova guerra que poderia acabar com a vida na terra" BASENAME: paul-craig-roberts-a-guerra-contra-iram-poderia-acabar-com-a-vida-na-terra-espanha-e-grecia-em-bancarrota-desprovistas-de-qualquer-dignidade-ou-honra-apoiam-a-nova-guerra-que-poderia-acabar-com-a-vida DATE: Wed, 18 Jan 2012 18:43:23 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

PressTV, Aporrea

Um ex funcionário estadounidense advertiu que EE. UU. quer responsabilizar a Israel pola possível guerra de Washington contra Irám que poderia acabar com a vida na Terra.

As advertências de EE. UU. a Israel de nom atacar a Irám é para evitar a responsabilidade para a guerra que Washington a preparado, escreveu o ex assistente do Secretário do Tesouro, Paul Craig Roberts, num artigo em Global Research.

"Se a guerra sai-se de controlo, e se Rússia e China intervém ou armas nucleares começam a voar, Washington quer responsabilizar o demais a Israel, e Israel parece estar disposto a aceitar a culpa", dixo Craig Roberts.

"Se Washington nom queria umha guerra contra Irám nom forneceria as armas necessárias a Israel. Nom despregaria a milhares de tropas estadounidenses a Israel", argumentou o ex funcionário.

"Washington nom desenvolveria um sistema de defesa anti-mísseis para Israel e nom estaria a conduzir exercícios conjuntos com o exército israelense para assegurar-se de que funciona", acrescentou Craig Roberts.

"Washington nom impedirá a guerra que tom fervorosamente deseja. Também nom o fará a NATO, fantoches de Washington", dixo.

"Gram-Bretanha fai o que se lhe di, Alemanha submissa e ocupada, França em quebra, Itália ocupada com bases aéreas estadounidenses com um governo infiltrado pola CIA, Espanha e Grécia em bancarrota, todos, com a esperança de umha chuva de dólares da EE.UU. e desprovistos de qualquer dignidade ou honra, apoiam a nova guerra que poderia acabar com a vida na terra", acrescentou Paul Craig Roberts.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grécia - O saqueio dos banqueiros obriga a numerosas famílias a abandonar os filhos BASENAME: canta-o-merlo-lbgo-saqueio-dos-banqueirosl-bg-obriga-a-numerosas-familias-a-abandonar-aos-seus-filhos-na-grecia DATE: Sun, 15 Jan 2012 01:03:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

O saqueio dos banqueiros causante da crise económica e financeira que actualmente afecta a Grécia gerou tanta depressom social, miséria, que obriga a muitas famílias a renunciar todo o mais prezado que tem: os seus filhos. Nos últimos dous meses, várias crianças foram abandonadas às portas de instituições religiosas, segundo contou um sacerdote ortodoxo que dirige um centro para nenos sem recursos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os CIEs, campos de concentraçom no reino boubónico BASENAME: canta-o-merlo-os-cies-campos-de-concentracom-no-reino-boubonico DATE: Sun, 08 Jan 2012 18:50:23 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es

Em dous anos já morrêrom três imigrantes nos novos campos de concentraçom do reino boubónico

Um jovem africano de 21 anos faleceu os passados dias num cárcere de imigrantes de Barcelona.

O jovem, que fora transferido a Barcelona o passado 22 de Dezembro desde o Centro de Internamento de Estrangeiros (CIE) de Melilla, encontrava-se passada a meia-noite na cela com outro cinco internos também africanos, quem alertaram aos vigilantes de que o jovem estava a ter problemas respiratórios. Está-se pendente dos resultados da autópsia para confirmar as causas do seu falecimento

Um historial de mortes preocupante

Os dados do cárcere de imigrantes de Zona Franca som alarmantes. Em questom de dous anos já morreram três internos em circunstâncias estranhas. Os dous últimos foram um jovem de Equador e outro de Marrocos.

Os CIEs som cárceres que se convertem em limbos legais onde resulta muito complicado aceder e recopilar informaçom sobre as condições dos internos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Rajoy gasta-se 1.500.000 euros em lacrimogêneos para despedir o ano BASENAME: canta-o-merlo-rajoy-gasta-se-1-500-000-euros-em-lacrimogeneos-para-despedir-o-ano DATE: Mon, 02 Jan 2012 22:45:47 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Segue o "cachondeo" no reino boubónico. Os cidadaos e trabalhadores vam ser malhados a jeito.

O Ministério do Interior compra toneladas de gases lacrimogêneos para o 2012.

Rajoy gasta-se 1.500.000 euros em lacrimogêneos para despedir o ano

No Boletim Oficial do Estado do 31 de Dezembro 2011 abre a licitaçom para a adquisiçom de:

Artifícios lacrimogêneos: 1.071.770, 40 ?
Artifícios fumigêneos: 416.799,60 ?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O SAQUEIO dos banqueiros no Reino Boubónico de Espanha BASENAME: canta-o-merlo-o-saqueio-dos-banqueiros-no-reino-boubonico-de-espanha DATE: Mon, 02 Jan 2012 16:40:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

https://nacionalizacioncajamadrid.wordpress.com/

Os governos do novo ?Movimento Nacional Espanhol-PPSOE" como gerentes e comissionistas do capitalismo no Reino Boubónico de Espanha saqueárom aos espanhóis para lhe entregar aos banqueiros 141.000 milhons de euros

O sistema financeiro espanhol recebeu 141.000 milhons de euros em apoio público até o dia de hoje, em diversas formas: compra de participaçons, avais? Ao todo, equivale a 3.200 euros por habitante, que nom está mal. A quantas pessoas avalia-lhes ou lhes presta o Estado se vem com a ameaça de desafiuzamento? É evidente que existem duas varas de medir segundo sejas banqueiro ou um simples cidadao do montom. E isso ainda nom acabou, pois os bancos e caixas ainda reclamam mais apoio público para compensar as perdas pela morosidade imobiliária.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: José Bono (capo do PSOE), Presidente do Congresso dos Deputados espanhol, falando do PP e do PSOE - "Por mais que nos esmeremos em nos diferenciar, parecemos-nos muito" BASENAME: canta-o-merlo-jose-bono-capo-do-psoe-presidente-do-congresso-dos-deputados-espanhol-falando-do-pp-e-do-psoe-por-mais-que-nos-esmeremos-em-nos-diferenciar-parecemos-nos-muito DATE: Thu, 15 Dec 2011 14:24:08 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Declaraçom numha entrevista concedida a Castilla-Máncha Radio, recolhida por Europa Press,falando do PP e do PSOE

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A peste boubónica e o saqueio bancário no Reino da Espanha BASENAME: canta-o-merlo-a-peste-boubonica-e-o-saqueio-bancario-no-reino-da-espanha DATE: Mon, 12 Dec 2011 21:12:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Salvador López Arnal
www.rebelión.org

A família Infanta Borbón-Duque Urdangarín é umha família com um funcionamento digamos usual? É pensável e razoável que as falcatruadas do senhor Urdangarín sejam desconhecidas na sua totalidade pola sua senhora esposa, a infanta Cristina Borbón? Cabe um suposto assim em algumha racionalidade social que nom estale em mil pedaços e provoque oceanos de hilaridade?

Cabe interpretar a visita da Rainha Sofia à sua filha e genro, fotografia incluída, de algumha maneira que nom seja o respaldo da Casa Real, e, portanto, da máxima autoridade do Estado ao casal partidário da acumulaçom primitiva acelerada? Para que pode ir o membro permanente do clube Bilderberg e esposa boubónica à capital imperial? Para fazer-se umhas fotinhos com a meninha Cristina e o genro?

Nengum dos múltiplo assessores e servidores da Casa Real conhecia a participaçom Borbón-Urdangarín num projecto, um novo projecto de privatizaçom de bens e orçamentos públicos com procedimentos potencialmente delituosos?

Como assinalou Alberto Montero Soler: algo totalmente novo baixo o sol? É irreal a alargada sombra da suspeita que se estende sobre a origem do património do próprio monarca?

Que pode significar o simulacro de expulsom de Urdangarín da Casa Real e a sua pronta e urgente reincorporaçom?

Que parte do orçamento público entregado à Casa Real sem controlo público sobre o seu destino pode ser desviado para abonar investimentos do casal boubónico em praças de garajem, pisos em cidades operárias ou palacetes em bairros privilegiados de Barcelona?

Som o casal em questom familiares díscolos ou seguem práticas cultivadas, abonadas e ensinadas na sua tradiçom familiar? É necessário lembrar os nomes de turvos financeiros encarcerados amigos íntimos da Casa Real Borbónica?

Nom terá que ver o sucedido, ainda que seja indirectamente, com o artigo 56 da nossa sacra Constituiçom que assegura que ?a pessoa do Rei é inviolável e nom está sujeita a responsabilidade? Como é possível aceitar umha barbaridade jurídica de tal dimensom? Umha constituiçom pode ser democrática se inclui um princípio assim?

?Ante a acumulaçom de informaçons e comentários aparecidos nos médios de comunicaçom relativos às minhas actuaçons profissionais, desejo concretizar que lamento profundamente que os mesmos estejam a causar um grave prejuízo à imagem da minha família e da Casa da sua Majestade o Rei, que nada tem que ver com as minhas actividades privadas? manifestou o Duque sobre o que chama o seu ?actuaçons profissionais?. Di algo sobre a legalidade e legitimidade das mesmas?

Que tipo de ?assessor jurídico e porta-voz? é o senhor Mario Pascual Vives, letrado do Colégio de Advogados de Barcelona? Umha pessoa autorizada a falar no seu nome? Por que?

Se a investigaçom do juiz de Palma José Castro que aponta a que o senhor Urdangarin facturou através de Instituto Nóos e o seu conglomerado de empresas mais de 16 milhons de euros -case 40% dos ingressos totais saíram do erário- e que a engenharia financeira da trama permitiu-lhe se lucrar com dinheiro público e pagar menos impostos, nom deveria merecer todo isso a máxima atençom da opiniom pública? Ainda que nom seja comprável, nom tivo o senhor duque, quando ainda nom era senhor duque, alguns probleminhas
com o pago de coimas?

Um partido socialista e operário tem que se limitar a expressar respeito e a defender a presunçom de inocência depois de que Urdangarín assegurasse que a Casa do Rei nada tem que ver com as suas actividades privadas? E já está? Passamos página e esperamos que chova em Abril?

Como pode admitir-se que umha instituiçom como a Generalitat valenciana alterasse a posteriori um expediente para justificar o pago de 3,1 milhons à ONG de Urdangarin? A Generalitat fraudou a lei para favorecer a Iñaki Urdangarin e a ONG que presidia? O Estado fraudua a sua própria lei?

Que papel jogou em toda esta trama Diego Torres, um ex professor que era professor durante toda esta ?brilhante jogada financeira? da barcelonesa e renomeada escola de negócios ESADE em toda esta trama? É o novo Javier de la Rosa dos Borbóns mais novos? Também nom sabiam nada em ESADE das andadas cortesás das senhor Torres?

A Sindicatura de contas valenciana pode censurar à Generalitat o seu comportamento com Nóos tanto no seu relatório de 2005 como no de 2006 e nom passou nada? A advertência da sindicatura: ?Considera-se necessário que no expediente fique acreditada a necessidade do gasto, a excepcionalidade na aplicaçom de publicidade e concorrência e a justificaçom do importe comprometido pola sociedade?, nom era altamente significativa?

De quem proveu a ordem de preparar um falso relatório dado a ex-directora de operaçons de Cacsa? Do entom director da empresa pública? Por decisom própria? E quem deu a ordem ao que ordenou?

Nom devem clamar as cidades e praças exigindo transparências, demissons, responsabilidades e contemplando de frente o que realmente é - e foi- a Casa Real Borbónica?

PS: Por certo, se a minha informaçom nom errónea, nom deveria EU perguntar também sobre este segundo escândalo bancário, nom mui longe do primeiro território de abjecçom, infâmia e formigom:

Por que os bancos, quando ficam com a vivenda dos cidadaos podem-na vender sem pola ao seu nome e assim nom pagar 7% de transmissons patrimoniais? Quantos milhares de milhons de euros teriam que pagar a Fazenda se o fizessem, se tivessem feito?

Um cálculo que correu na rede: se foi 1 milhom o número de vivendas que os bancos arrebatárom aos hipotecados frustados e pondo um valor médio à vivenda de 200.000 euros, o montante total do inhumano desaguisado seria de 200.000 milhons de euros.

A 7%, o resultado é de 14.000 milhons de euros. Estas som as dimensons deste possível novo roubo bancário?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: José Bono (capo do PSOE), Presidente do Congresso dos Deputados espanhol, falando do PP e do PSOE - "Por mais que nos esmeremos em nos diferenciar, parecemos-nos muito" BASENAME: canta-o-merlo-jose-bono-capo-do-psoe-presidente-do-congresso-dos-deputados-espanhol-por-mais-que-nos-esmeremos-em-nos-diferenciar-nos-parecemos-muito DATE: Sun, 11 Dec 2011 23:04:34 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Declaraçom numha entrevista concedida a Castilla-Máncha Radio, recolhida por Europa Press,falando do PP e do PSOE

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: DESINTEGRAÇÃO DA EUROZONA E DITADURA DO MEE BASENAME: canta-o-merlo-desintegracao-da-eurozona-e-ditadura-do-mee DATE: Sun, 11 Dec 2011 22:30:31 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.rebelion.info

A última cimeira de Bruxelas deu mais um passo rumo à desintegração da eurozona. O processo avança enquanto os "líderes" europeus entretêm-se com contos de fadas, tais como o da mudança de tratados europeus. Tivéssemos em Portugal -escrevamos também o Estado Espanhol- autoridades lúcidas, já estariam elas a estudar planos "B", ou seja, a elaboração de planos de contingência para a saída do euro. No estágio avançado de deterioração em que está a zona euro, agora mesmo as propostas reformistas inteligentes de Varoufakis e Stuart Holland (apresentadas há mais de um ano) provavelmente já não seriam viáveis.

O verdadeiro plano que o capital financeiro prepara, mas de que pouco se fala nos jornais económicos, é o de uma nova ditadura europeia através do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) . O Tratado do MEE foi assinado ? à socapa ? em 20 de Junho de 2011 e aguarda ratificações dos parlamentos nacionais da zona euro. Assim, Portugal, - no Reino ?boubonico? de Espanha já se deu um golpe de Estado entre o PSOE e o PP mudando a Contituçom para que a mesma este obrigada aos banqueiros - que já perdeu a sua soberania monetária e está em vias de perder a sua soberania orçamental, se aprovar o MEE perderá também a soberania sobre o seu Tesouro público. Ou seja, cairá numa situação colonial de novo tipo.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Ficar ou sair da zona euro? BASENAME: canta-o-merlo-ficar-ou-sair-da-zona-euro DATE: Thu, 08 Dec 2011 01:04:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Vaz de Carvalho

1 ? Apareceram como cogumelos neste Outono (do nosso descontentamento) comentadores a fazerem críticas à UE e (veja-se lá!) até mesmo à Alemanha. Ainda há pouco lacrimejavam pelos contribuintes alemães que se "sacrificavam" pelos despesistas países periféricos. São os mesmos que incensavam os tratados da UE como portadores de futuros radiosos e apostrofavam como sacrílegos os que se atreviam a criticar sua eminência Trichet ou punham em dúvida a "bondade" dos mercados.

E no entanto, houve quem avisasse que a entrada na UE traria problemas insolúveis ao país e que a adesão ao euro seria um desastre. Era fácil ver que em todas as actividades básicas e estratégicas para o desenvolvimento nacional (na indústria, na agricultura, nas pescas) já então os países da UE eram excedentários. Para silenciar as críticas proclamava-se que teríamos 500 milhões de consumidores, à nossa disposição! Omitiam que havia centenas de milhões de produtores com produtividades muito superiores à nossa.

Pelos habituais "30 dinheiros", fecharam-se empresas, desmantelou-se a produção agrícola, abateram-se embarcações. Os responsáveis por esta situação ? para mostrarem preocupação ? agora vão falando das potencialidades do país naquelas áreas.

CRÍTICAS INÓCUAS

2 ? Tais críticas são inócuas e circunstanciais. As pseudo soluções desses comentadores passam sempre pelo que lá de fora façam por nós, isto é, por eles. Dizem que o BCE deve garantir as dívidas soberanas ameaçadas pela desconfiança dos mercados, que deve ser reforçada a coordenação fiscal, que devem ser lançados eurobonds. Além disto, a Alemanha deve congelar a sua ortodoxia em relação ao controlo da inflação e funcionar como motor da economia europeia.

Não passam de votos piedosos sobre a reforma da UE que não saem dos critérios neoliberais, nem atacam os problemas de fundo: tenta-se "mudar alguma coisa para ficar tudo na mesma".

Vejamos, o BCE não está em condições de garantir nada quanto ao descrédito do euro. Foi graças às suas políticas que a economia europeia entrou em estagnação, sob ataque do dólar e de agências de notificação, os países com elevadíssimos défices, os bancos em crise de financiamento vivendo de capital fictício e continuando inconscientemente na senda da especulação, tolerada e incentivada pelo BCE/UE.

Os eurobonds seriam pouco mais que lixo, mesmo que a Alemanha não os tivesse já recusado vezes sem conta. Os BRIC já demonstraram que ignoram os problemas do euro. A Europa não tem aliados. Os EUA transformaram-na num satélite: ao mesmo tempo que se servem dela para a sua política imperial, movem-lhe guerra pelo dólar contra o euro.

A China e a Rússia não têm qualquer interesse estratégico em fortalecer à sua custa os que estão incondicionalmente do lado dos seus adversários reais (os EUA).

OS ILUSIONISTAS AUTÓCTONES

3 ? A Alemanha não pode, por muito que custe aos ilusionistas da política nacional, ajudar ninguém. Aliás a condição que apresenta para alterar o funcionamento do BCE é passar a ter controlo sobre os orçamentos dos demais países. Ou seja: sem qualquer garantia sobre coisa alguma, concretizar o velho sonho imperial alemão de tornar os demais países suas colónias. Nem o Governo Federal dos EUA tem este poder sobre os Estados. Claro que para os que apoiam o governo ? tal como os que se abstêm?? e que pretendem acabar com o feriado do 1º de Dezembro, a questão da independência nacional pouco ou nada deve dizer. O seu reaccionarismo pseudo nacionalista resume-se a atacar os imigrantes pobres ? ao mesmo tempo que aconselham os jovens a irem-se embora do país?

A Alemanha não pode ajudar ninguém e dificilmente a ela própria, sob pena de perder a sua posição competitiva na primeira linha das tecnologias avançadas ? as key enabling tecnologies: biotecnologia industrial, micro e nanoelectrónica, novos materiais, fotónica, tecnologias avançadas de fabrico. A Alemanha faz parte do reduzidíssimo grupo de países líderes nestas áreas com os EUA e Japão. Além destes com participação bastante inferior vêm a França, o Reino Unido, a Coreia do Sul, a Holanda, a que se junta, procurando recuperar atrasos, a China.

São tecnologias que necessitam de elevadíssimo nível de capitais para investigação e investimentos, com taxas de retorno muito reduzidas por ora. A Alemanha atrasar-se neste domínio seria perder o seu estatuto tecnológico. O que a Alemanha precisa é que os seus bancos transformem em capital real o capital fictício de que estão atulhados e de mão-de-obra barata de países seus satélites na UE.

A Alemanha precisa do euro suficientemente alto para a sua finança e suficientemente baixo em relação à sua produtividade para a sua indústria. Por isto, a Alemanha precisa do euro, e precisa de países europeus que mantenham a sua Balança de Transacções altamente excedente (131 mil milhões de euros, previstos para este ano).

Trata-se no entanto de uma contradição maior ? uma antinomia, em termos da filosofia: para salvar a economia destrói a finança; para salvar a finança destrói a economia. Em qualquer dos casos, destrói os demais países europeus. O que é de salientar é que todos aqueles comentadores a que nos referimos consideram que se a UE não se empenhar em resolver os problemas de Portugal, estaremos condenados a seguir o caminho da Grécia! Mas é o que já está a acontecer. De forma que são totalmente ridículas ? em termos da matemática ou da física dir-se-ia, desprezáveis ? aquelas criticas à D. Merkel.

O CAMINHO DA SERVIDÃO

4 ? A questão permanece: ficar ou sair da zona euro. Recentemente uma sondagem dava conta que mais de 73,8% dos inquiridos não queria que Portugal saísse do euro. O que é curioso é que com a desinformação e propaganda a favor do euro mais de 26% não o aprovem. Ora ninguém disse que saindo do euro acabavam as dificuldades: o problema é que ficando no euro o caminho é a servidão, a redução de Portugal a país colonizado pelos tais "países amigos".

Dizia o gen. De Gaulle ? ao que parece repetindo Richelieu ? que em política externa não há ideologias, só interesses. Desenganem-se, pois, os que vão nos cantos de sereia de "mais Europa". Aliás quanto "mais Europa", pior os seus países têm ficado. A Alemanha e os mais fortes hão de defender os seus interesses à custa dos mais fracos. Todos os tratados da UE mostram isto mesmo. D. Merkel diz que salva o euro tendo controlo sobre os OE dos outros países. É espantoso que isto seja dito e tolerado, mas além do mais é uma mentira: a Alemanha não tem capacidade para salvar o euro. O que pretende é colocar os outros países na sua órbita, reduzi-los à condição de mão de obra barata e sem direitos.

Nenhum problema do país vai ser resolvido, por este caminho. Vamos ficar com mais dívida, mais desemprego, mais falências, mais recessão, mais exploração interna e externa. Só em 2010 foram transferidos para fora do país, 17 700 milhões de euros de rendimentos. Um país pobre?!

Conforme dissemos anteriormente: "Com o euro estão anunciados 10 anos de sacrifícios, isto é, "ad aeterno ceteris paribus" (até à eternidade em iguais circunstâncias?). Sair do euro: 6 meses de sacrifícios e esforços, recompensados". [1] Isto é, os custos da nossa saída da zona euro seriam temporários ao passo que os custos de permanecermos serão inultrapassáveis, pois apenas aprofundaremos a situação a que chegamos, de meros servos da dívida, a versão actual dos servos da gleba medievais, submetidos ao capital financeiro do "eixo franco-alemão" [2]

FALSAS ALEGAÇÕES

Referimos também em como eram falsas as alegações catastrofistas de, abandonando o euro, aumentar a dívida e não haver dinheiro para pagar salários e pensões, além de outros aspectos. Vejamos agora outras alegações que parecem pertinentes: desvalorização, inflação, perda de valor dos depósitos, perda de poder de compra.

Desvalorização ? claro que o "novo escudo" seria desvalorizado, o que seria benéfico para a economia nacional, reduzindo o défice externo, aumentando exportações, reduzindo importações, fomentando a produção nacional e o emprego.

Uma das regras da economia clássica mais comummente aceite é que o valor da moeda de um país deve reflectir o equilíbrio das suas contas externas. Temos uma moeda sobrevalorizada em relação à produtividade e estrutura produtiva nacionais ? situação de desastre, cuja bancarrota da Argentina no início do século serve de exemplo. A actual cotação do euro apenas serve a Balança Comercial da Alemanha e países próximos a ela intimamente associados como a Holanda e a Áustria.

Inflação dispara ? num primeiro momento sim, mas este é justamente o critério que Keynes assumiu ? e durante décadas posto em prática ? para ultrapassar as crises capitalistas. Para Keynes o problema económico não era a inflação, era o desemprego, Entre uma coisa e outra mais valia prejudicar a finança, mas salvar a economia e dar solução às pessoas. É evidente que a inflação se reduziria à medida que a produção nacional aumentasse e o desemprego diminuísse.

Os depósitos perderiam o seu valor ? independentemente de com o euro estarem e continuarem a perde-lo, é certo que com nova moeda perderiam ? pelo menos transitoriamente ? em relação a moedas estrangeiras, o que importaria fundamentalmente a quem exporta capital, mas isto do ponto de vista do país seria benéfico. Internamente o seu valor seria o do poder de compra da nova moeda. Aliás o poder de compra do euro ? já não falando do dos portugueses ? é cada vez menor. A nova moeda permitiria também nestas condições um aumento da poupança nacional que bem necessária é, em vez de se escoar para o estrangeiro como areia entre os dedos.

O poder de compra seria drasticamente reduzido ? não parece fazer muito sentido esta alegação, atendendo ao que acontece e às perspectivas futuras, quando já nem os ministros nem os seus propagandistas conseguem garantir como e quando a descida do poder de compra para. A única forma do poder de compra subir é abandonar o euro, promover a produção nacional, reduzir o desemprego, ter um sistema fiscal não determinado pelos interesses da finança.

Dizer que passaríamos a viver com 25 ou 40% menos é errado. É confundir o valor dos bens com a sua expressão monetária. Os bens transaccionáveis manteriam o seu valor expresso em euros ou noutra moeda. Põe-se o problema, sim, de como pagar as importações, que se reduziriam. Mas como paga-las estando na zona euro? Endividando-nos sem fim.

A questão é, pois, produzir bens transaccionáveis. Ora, como o euro não o conseguimos, como está mais que provado, a única forma de o fazer é de facto negociar a saída da zona euro. [3]

É evidente que problemas de ordem prática e técnica se colocam numa substituição da moeda. São questões técnicas, umas menores ? como a alteração das caixas registadoras ? outras maiores cuja solução reside na alteração do estatuto e funcionamento do Banco de Portugal ? hoje uma espécie de barco encalhado ao sabor das marés da finança internacional.

Sem dúvida que uma das medidas para defesa da riqueza nacional seria o controlo e a temporária proibição de exportação de rendimentos acima de determinados valores. [4] Se a UE tivesse soluções há muito que as teria tomado. Dominada pela superstição neoliberal chegou a este impasse. A Alemanha já perdeu mais esta guerra pelo domínio da Europa, mas como dantes quer arrastar todos consigo. Não há que ter ilusões, Srs. do "federalismo" europeu, para Portugal e outros países o plano nem sequer passa por "região autónoma": apenas a servidão neocolonial.

Portugal necessita recuperar urgentemente um desígnio de independência nacional. A solução para a crise está no projecto constitucional que traduziu os anseios do povo no tão almejado 25 de Abril.

O caminho que este governo pretende seguir foi recentemente definido pela personagem digna de figurar numa história do Tim Tim ? uma espécie de Dupond, mas do lado do Rastapopoulos ? que é hoje o sr. ministro das Finanças: Diz que a sujeição à chantagem e à usura é "ganhar a confiança dos mercados". Pelos vistos a confiança dos portugueses pouco lhe importa. Quanto aos mercados, riram-se-lhe na cara, aplaudindo as medidas do OE e aumentando os juros no mesmo dia. Entretanto o primeiro-ministro com inusitado alheamento das consequências, promete mais austeridade?
1 ? Ver O Euro e as Escolhas , 16/Nov/2011
2 ? O termo "eixo" foi aplicado à aliança das potências fascistas na II Guerra Mundial.
3 ? Desde a entrada no euro o crescimento médio anual do PIB entre 2001 e 2010 foi de apenas 0,7%. Em resultado desta "década perdida" agora teremos como média entre 2001 e 2012 (conforme previsões) uns 0,15% de média anual. Um total descalabro para a economia nacional.
4 ? Medidas deste tipo foram comuns mesmo em países desenvolvidos. Por exemplo, a Inglaterra assim procedeu nos anos 60 do século passado, no governo do trabalhista MacMillan.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A escravidão da dívida ? Porque ela destruiu Roma e porque nos destruirá se não for travada BASENAME: canta-o-merlo-a-escravidao-da-divida-porque-ela-destruiu-roma-e-porque-nos-destruira-se-nao-for-travada DATE: Tue, 06 Dec 2011 21:28:08 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Michael Hudson

O Código de Hammurabi era mais sábio

O Livro V da Política, de Aristóteles, descreve a eterna transição de oligarquias que se transformam a si próprias em aristocracias hereditárias ? as quais acabam por ser derrubadas por tiranos ou desenvolvem rivalidades internas quando algumas famílias decidem "trazer a multidão para o seu campo" e introduzir solenemente a democracia, dentro da qual mais uma vez emerge uma oligarquia, seguida por aristocracia, democracia e assim por diante ao longo da história.

A dívida tem sido a dinâmica principal que conduz estas mudanças ? sempre com novas reviravoltas. Ela polariza riqueza para criar uma classe credora, cujo domínio oligárquico é finalizado quando novos líderes ("tiranos" para Aristóteles) ganham apoio popular através do cancelamento de dívidas e redistribuição da propriedade ou pela captação do seu usufruto para o estado.

Desde o Renascimento, contudo, banqueiros transferiram seu apoio político para democracias. Isto não reflectiu convicções políticas igualitárias ou liberais, mas antes um desejo de melhor segurança para os seus empréstimos. Como explicou James Steuart em 1767, contratações de empréstimos da realeza permaneciam assuntos privados ao invés de dívidas verdadeiramente públicas. Para que dívidas de um soberano se tornassem vinculada a todo o país, representantes eleitos tinham de aprovar impostos para pagar os encargos de juros.

Ao dar aos contribuintes esta voz no governo, as democracias holandesa e britânica proporcionaram aos credores muito mais segurança de pagamento do que as que tinham com reis e príncipes cujas dívidas morriam consigo. Mas os recentes protestos da dívida da Islândia à Grécia e à Espanha sugerem que os credores estão a transferir o seu apoio para longe de democracias. Eles estão a exigir austeridade fiscal e mesmo privatizações baratas.

Isto é uma viragem da finança internacional para um novo modo de guerra. O seu objectivo é o mesmo das conquistas militares de tempos passados: apropriar-se de recursos minerais e territoriais, assim como da infraestrutura pública, e extrair tributos. Em resposta, democracias estão a exigir referendos sobre se pagam a credores através da liquidação do domínio público e aumentos de impostos para impor desemprego, salários em queda e depressão económica. A alternativa é reduzir dívidas ou mesmo anulá-las, e reafirmar o controle regulador sobre o sector financeiro.

Governantes do Médio Oriente proclamavam tábuas rasas para devedores a fim de preservar o equilíbrio económico

A cobrança de juros sobre avanços de bens ou dinheiro originalmente não se destinava a polarizar economias. Administrados a princípio no terceiro milénio AC como um acordo contratual entre templos e palácios sumérios com mercadores e empresários que tipicamente trabalhavam na burocracia real, supunha-se que o juro a 20 por cento (duplicando o principal em cinco anos) se assemelhasse a uma fatia razoável dos retornos do comércio a longa distância ou do arrendamento de terra e outros activos públicos tais como oficinas, barcos e casas de bebidas alcoólicas.

Como esta prática foi privatizada pelos cobradores reais de licenças de uso e de rendas, a "divina majestade" protegia devedores agrários. As leis de Hammurabi (1750 AC) cancelavam suas dívidas em tempos de enchentes ou de seca. Todos os governantes da sua dinastia na Babilónia principiavam o seu primeiro ano no ano com o cancelamento de dívidas agrárias de modo a remover pagamentos atrasados através da proclamação de uma tábua rasa (clean slate). Direitos sobre escravos, terra ou colheitas e outros compromissos eram devolvidos aos devedores para "restaurar a ordem" numa idealizada condição "original" de equilíbrio. Esta prática sobreviveu no Ano Jubileu da Lei Mosaica em Leviticus 25.

A lógica era bastante clara. Sociedades antigas precisavam por exércitos em campo para defender a sua terra e isto exigia libertar cidadãos endividados da servidão. As leis de Hammurabi protegiam carroceiros e outros combatentes de serem reduzidos à servidão da dívida e impediam credores de tomarem as colheitas de arrendatários das terras reais e de outras terras públicas e ainda da terra comunal que devia [fornecer] mão-de-obra e serviço militar ao palácio.

No Egipto, o faraó Bakenranef (720-715 AC, "Bocchoris" em grego) proclamou um amnistia da dívida e aboliu a servidão da dívida quando confrontado com uma ameaça militar da Etiópia. De acordo com Diodorus da Sicília (I, 79, escrevendo em 40-30 AC), ele determinou que se um devedor contestasse a pretensão, a dívida era anulada se o credor não pudesse apoiar a sua pretensão através de um contrato escrito (parece que os credores sempre tiveram inclinação a exagerar o saldo devido). O faraó raciocinou que "os corpos dos cidadãos deveriam pertencer ao estado, a fim de que ele possa dispor dos serviços que os seus cidadãos devem prestar-lhe, tanto em tempos de guerra como de paz. Portanto ele sentiu que seria absurdo para um soldado ... ser arrastado para a prisão pelo seu credor devido a um empréstimo não pago, e que a cobiça de cidadãos privados assim poria em perigo a segurança de todos".

O facto de os principais credores do Médio Oriente serem o palácio, templos e seus cobradores tornava politicamente fácil cancelar as dívidas. É sempre fácil anular dívidas devidas a si próprio. Mesmo imperadores romanos queimaram os registos de impostos para impedir uma crise. Mas era muito mais difícil cancelar dívidas devidas a credores privados quando a prática de cobrar juros difundiu-se às tribos do Mediterrâneo ocidental após cerca de 750 AC. Ao invés de permitir a famílias colmatarem fossos entre rendimento e despesa, a dívida tornou-se a principal alavanca da expropriação de terra, polarizando comunidades entre oligarquias credoras e clientes endividados. Em Judá, o profeta Isaias (5:8-9) condenou arrestos por parte de credores os quais "acrescentavam casa a casa e juntavam campo a campo até que nenhum espaço fosse deixado e você vivesse solitário na terra".

O poder do credor e o crescimento estável raramente andaram juntos. A maior parte das dívidas pessoais neste período clássico eram o produto de pequenas quantias de dinheiro emprestadas a indivíduos a viverem à beira da subsistência e que não podiam sustentar-se. O confisco de terra e activos ? e da liberdade pessoal ? forçava devedores à servidão que se tornava irreversível. Por volta do século VII AC, "tiranos" (líderes populares) emergiram para derrubar as aristocracias Corinto e outras ricas cidades gregas, ganhando apoio pelo cancelamento de dívidas. De um modo menos tirânico, Sólon fundou a democracia ateniense em 594 AC ao banir a servidão da dívida.

Mas ressurgiram oligarquias e exigiram pagamento em Roma quando os reis Agis e Cleómenes de Esparta, e seu sucessor Nabis, quis cancelar dívidas no fim do terceiro milénio AC. Eles foram mortos e os seus apoiantes expulsos. Tem sido uma constante política da história, desde a antiguidade, que interesses de credores se oponham tanto à democracia popular como ao poder real capaz de limitar a conquista financeira da sociedade ? uma conquista destinada ligar pretensões a dívidas portadoras de juros ao pagamento de tanto quanto possível do excedente económico.

Quando os irmãos Graco e os seus seguidores tentaram reformar as leis do crédito em 133 AC, a classe senatorial dominante actuou com violência, matando-os e inaugurando um século de Guerra Social, resolvida pela ascensão de Augusto a imperador, em 29 AC.

A oligarquia credora de Roma vence a Guerra Social, escraviza a população e provoca uma Época de Trevas

As coisas foram mais sangrentas no exterior. Aristóteles não mencionou a construção do império como parte do seu esquema político, mas a conquistas estrangeira sempre foi um factor importante na imposição de dívidas e as dívidas de guerra sempre foram a principal causa da dívida pública em tempos modernos. A mais rude imposição de dívida da antiguidade foi a de Roma, cujos credores a difundiram para assolar a Ásia Menor, sua província mais próspera. A regra da lei quase desapareceu quando chegaram os "cavaleiros" colectores de impostos. Mitríades de Pontus levou a três revoltas populares, populações locais em Efeso e outras cidades levantaram-se e mataram 80 mil romanos em 88 AC. O exército romano retaliou e Sila impôs um tributo de guerra de 20 mil talentos em 84 AC. Encargos por juros atrasados multiplicaram esta soma em seis vezes por volta de 70 AC.

Dentre os principais historiadores de Roma, Lívio, Plutarco e Diodorus atribuíram a queda da República à intransigência dos credores ao travar a Guerra Social de um século marcada pelo assassínio político de 133 a 29 AC. Líderes populistas quiseram ganhar adeptos advogando cancelamentos de dívida (ex., a conspiração de Catilina em 63-62 AC). Eles foram mortos. Por volta do segundo século DC cerca de um quarto da população estava reduzida à servidão. No século V a economia de Roma entrou em colapso, despojada de dinheiro. A subsistência regrediu ao mundo rural.

Credores encontram uma razão legalista para apoiar a democracia parlamentar

Quando a banca recuperou-se depois de as Cruzadas saquearem Bizâncio e injectarem prata e ouro para ressuscitar o comércio da Europa Ocidental, a oposição cristã à cobrança de juro foi ultrapassada pela combinação de prestamistas prestigiosos (os Cavaleiros Templários e Hospitalários que proporcionaram crédito durante as Cruzadas) e seu principais clientes ? reis, primeiro para pagar a Igreja e cada vez mais para travar a guerra. Mas dívidas reais ficavam inválidas quando morriam reis. Os Bardi e Peruzzi foram à bancarrota em 1345 quando Eduardo III repudiou suas dívidas de guerra. Famílias banqueiras perderam mais com empréstimos aos Habsburgo e Bourbon, déspotas nos tronos de Espanha, Áustria e França.

As coisas mudaram com a democracia holandesa, que procurava ganhar e assegurar a sua liberdade dos Habsburgo da Espanha. O facto de que o seu parlamento estava a contratar dívidas públicas permanentes por conta do estado permitiu aos Países Baixos levantar empréstimos para empregar mercenários numa época em que dinheiro e crédito eram o dinheiro para o financiamento da guerra. O acesso ao crédito "era consequentemente a mais poderosa arma na luta pela sua liberdade", escreveu Richard Ehrenberg em seu Capital and Finance in the Age of the Renaissance (1928): "Alguém que desse um crédito a um príncipe sabia que o reembolso da dívida dependia apenas da capacidade e vontade de pagar do devedor. O caso era muito diferente para as cidades, as quais tinham poder como soberanas, mas eram também corporações, associações de indivíduos mantidos em vínculo comum. De acordo com a lei geralmente aceite cada burguês individual era responsável pelas dívidas da cidade tanto com a sua pessoa como com a sua propriedade".

O feito financeiro do governo parlamentar foi portanto estabelecer dívidas que não eram meramente obrigações pessoais de príncipes, mas eram verdadeiramente públicas e vinculativas sem importar quem ocupasse o trono. Eis porque as duas primeiras nações democráticas, a Holanda e a Grã-Bretanha após a sua revolução de 1688, desenvolveram os mercados de capital mais activos e progrediram até tornarem-se as principais potências militares. O irónico é que foi a necessidade de financiamento de guerra que promoveu a democracia, formando uma trindade simbiótica entre fazer guerra, crédito e democracia parlamentar que perdurou até os dias de hoje.

Nesta época "a posição legal do Rei enquanto tomar de empréstimos era obscura e ainda era duvidoso que os seus credores tivessem qualquer remédio isso em caso de incumprimento" (Charles Wilson, England's Apprenticeship: 1603-1763: 1965). Quanto mais despóticas se tornavam a Espanha, Áustria e França, maior a dificuldade que encontravam para financiar as suas aventuras militares. No fim do século XVIII a Áustria foi deixada "sem crédito e, consequentemente, sem muita dívida", o país da Europa com crédito menos valioso e o pior armado, totalmente dependente de subsídios britânicos e garantias de empréstimos no tempo das Guerras Napoleónicas.

As finanças acomodam-se à democracia, mas então pressionam pela oligarquia

Enquanto as reformas democráticas do século XIX reduziram o poder das aristocracias territoriais de controlar parlamentos, banqueiros movimentaram-se com flexibilidade para alcançar um relacionamento simbiótico com praticamente toda forma de governo. Em França, seguidores de Saint-Simon promoveram a ideia de bancos a actuarem como fundos mútuos, concedendo crédito contra participação no lucro. O estado alemão fez uma aliança com a grande banca e a indústria pesada. Marx escreveu optimistamente acerca de como o socialismo faria as finanças produtivas ao invés de parasitas. Nos Estados Unidos, a regulação de empresas de serviços públicos (utilities) andou de mãos dadas com retornos garantidos. Na China, Sun-Yat-Sen escreveu em 1922: "Pretendo por todas as indústrias nacionais da China dentro de um Great Trust possuído pelo povo chinês e financiado com capital internacional para benefício mútuo".

A I Guerra Mundial assistiu os Estados Unidos a substituírem a Grã-Bretanha como a principal nação credora, e no fim da II Guerra Mundial haviam açambarcado uns 80 por cento do ouro monetário do mundo. Seus diplomatas moldaram o FMI e o Banco Mundial de acordo com linhas orientadas para o credor que financiavam a dependência comercial, principalmente dos Estados Unidos. Empréstimos para financiar défices comerciais e de pagamentos foram sujeitos a "condicionalidades" que mudavam o planeamento económico para oligarquias clientes e ditaduras militares. A resposta democrática aos planos de austeridade resultantes que extorquiam o serviço da dívida foi incapaz de ir muito além dos "tumultos FMI", até que a Argentina rejeitou a sua dívida externa.

Uma austeridade semelhante, orientada para o credor, está agora a ser imposta à Europa pelo Banco Central Europeu (BCE) e a burocracia da UE. Ostensivamente, governos sociais-democratas foram direccionados para o salvamento de bancos ao invés de relançar o crescimento económico e o emprego. Perdas com empréstimos bancários apodrecidos e especulações são levadas para dentro do balanço público ao mesmo tempo que se verificam reduções de despesas públicas e mesmo liquidações de infraestruturas. A resposta de contribuintes presos à dívida resultante tem sido o aumento de protestos populares, a começar pela Islândia e Letónia, em Janeiro de 2009, e mais manifestações generalizadas na Grécia e Espanha neste Outono para protestar contra a recusa dos seus governos a efectuar referendos sobre estes salvamentos fatídicos de possuidores estrangeiros de títulos.

A transferir o planeamento para banqueiros e para longe de representantes públicos eleitos

Toda economia é planeada. Isto tradicionalmente tem sido a função do governo. Abdicar deste papel com o slogan dos "mercados livre" deixa-a nas mãos de bancos. Mas o planeamento que privilegia a criação e distribuição de crédito torna-se ainda mais centralizado do que aquele de responsáveis públicos eleitos. E para tornar as coisas piores, o período de tempo financeiro habitual é o curto prazo, acabando na venda de activos. Ao procurarem os seus próprios ganhos, os bancos tendem a destruir a economia. O excedente acaba por ser consumido pelos juros e outros encargos financeiros, não deixando receitas para novo investimento de capital ou despesas sociais básicas.

Esta é a razão porque abdicar do controle político em favor de uma classe credora raramente anda junto com o crescimento económico e a elevação de padrões de vida. A tendência para as dívidas crescerem mais rapidamente do que a capacidade da população para pagar tem sido uma constante básica ao longo de toda a história registada. As dívidas aumentam exponencialmente, absorvendo o excedente e reduzindo grande parte da população ao equivalente da servidão da dívida. Para restaurar o equilíbrio económico, o clamor da antiguidade pelo cancelamento de dívida procurava o que a Idade do Bronze no Médio Oriente alcançou por decreto real: cancelar o super-crescimento de dívidas.

Em tempos mais modernos, as democracias têm pressionado um estado forte a tributar o rendimento e a riqueza rentista e, quando preciso, a reduzir (write down) dívidas. Isto é feito mais prontamente quando o próprio estado cria moeda e crédito. E é feito menos facilmente quando bancos traduzem os seus ganhos em poder político. Quando é permitido aos bancos auto-regularem-se e lhes é dado poder de veto sobre reguladores do governo, a economia é distorcida para permitir aos credores entregarem-se a jogos especulativos e a fraude directa que assinalaram a última década. A queda do Império Romano demonstra o que acontece quando exigências de credores não são controladas. Sob estas condições a alternativa ao planeamento e regulação governamental do sector financeiro torna-se uma estrada para a servidão da dívida.

Finanças versus governo; oligarquia versus democracia

Democracia envolve subordinação da dinâmica financeira a fim de servir o equilíbrio e o crescimento económica ? e tributação do rendimento rentista ou manutenção de monopólios básicos no domínio público. O rendimento "livre" da propriedade não tributada ou privatizada fica comprometido com os bancos, a ser capitalizado em empréstimos maiores. Financiada pela alavancagem da dívida, a inflação dos preços dos activos aumenta a riqueza rentista enquanto endivida a economia como um todo. A economia contrai-se, caindo em situação líquida negativa.

O sector financeiro já ganhou influência suficiente para utilizar tais emergências como oportunidades para convencer governos de que a economia entrará em colapso se eles não "salvarem os bancos". Na prática isto significa consolidar o seu controle sobre a política, a qual eles utilizam de maneiras que promovem a polarização das economias. O modelo básico é o que ocorreu na Roma antiga, movendo-se da democracia para oligarquia. De facto, dar prioridade a banqueiros e deixar o planeamento económico ser ditado pela UE, BCE e FMI ameaça despir o estado-nação do poder de cunhar ou imprimir moeda e cobrar impostos.

O conflito resultante está a contrapor os interesses financeiros à auto-determinação nacional. A ideia de um banco central independente ser "a característica da democracia" é um eufemismo para abdicar da mais importante decisão política ? a capacidade de criar dinheiro e crédito ? em favor do sector financeiro. Ao invés de deixar a opção política a referendos populares, o resgate de bancos organizado pela UE e BCE representa agora a categoria máxima de dívida nacional ascendente. As dívidas de banco privados assumidas do balanço do governo na Irlanda e na Grécia foram transformadas em obrigações do contribuinte. O mesmo é verdadeiro para os US$13 milhões de milhões (trillion) da América acrescentados desde Setembro de 2008 (incluindo US$5,3 milhões de milhões em hipotecas podres Fannie Mae e Freddie Mac assumidos dentro do balanço do governo, e os US$2 milhões de milhões de swaps "dinheiro-por-lixo" ("cash-for-trash") do Federal Reserve).

Isto está a ser ditado por mandatários financeiros eufemizados como tecnocratas. Designados pelos lobbystas credores, o seu papel é apenas calcular quanto desemprego e depressão é preciso para extorquir um excedente a fim de pagar credores por dívidas agora na contabilidade. O que torna este cálculo auto-derrotante é o facto de que a contracção económica ? deflação da dívida ? torna o fardo da dívida ainda mais impagável.

Nem bancos nem autoridades públicos (ou académicos da corrente principal, a propósito) calcularam a capacidade realista da economia para pagar ? isto é, para pagar sem contrair a economia. Através dos seus media e dos seus think tanks, eles convenceram populações que o meio de ficarem ricos mais rapidamente é tomar dinheiro emprestado para comprar imobiliário, acções e títulos a aumentarem de preço ? por serem inflacionados pelo crédito bancário ? e reverterem a tributação progressiva da riqueza do século passado.

Para colocar as coisas mais directamente, o resultado tem sido teoria económica lixo. O seu objectivo é desactivar limitações e inspecções públicas, comutando o poder de planeamento para as mãos da alta finança sob a presunção de que esta é mais eficiente do que a regulação pública. Acusa-se o planeamento e a tributação do governo de serem "a estrada da servidão", como se os "mercados livres" controlados por banqueiros com liberdade de movimento para actuarem imprudentemente não fosse planear em favor de interesses especiais por caminhos que são oligárquicos, não democráticos. Dizem aos governos para pagar salvamentos de dívidas assumidas não para defender países em guerras militares, como em tempos passados, mas para beneficiar a camada mais rica da população através da transferência das suas perdas para os contribuintes.

O fracasso em tomar em consideração os desejos dos eleitores deixa as resultantes dívidas nacionais em terreno politicamente, e mesmo legalmente, instável. Dívidas impostas por decreto, por governos ou agências financeiras estrangeiras diante de forte oposição popular podem ser tão frágeis como aquelas dos Habsburgos e outros déspotas em épocas passadas. Na falta de validação popular, elas podem morrer com o regime que as contraiu. Novos governos podem actuar democraticamente para subordinar a banca e o sector financeiro a fim de servirem a economia, não o inverso.

No mínimo, eles podem procurar pagar através da reintrodução da tributação progressiva da riqueza e do rendimento, comutando o fardo fiscal para a riqueza e propriedade rentista. A re-regulamentação da banca e providenciar uma opção pública para serviços de crédito e banca renovariam o programa social-democrata que parecia bem encaminhado um século atrás.

A Islândia e a Argentina são os exemplos mais recentes, mas também se pode recordar a moratória das dívidas de armas Inter-Aliados e das reparações alemãs em 1931. Um princípio matemático básico, e também político, está em acção: Dívidas que não podem ser pagas, não o serão.
O original encontra-se em www.counterpunch.org/... . Tradução de JF.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Abandonar um navio que afunda? Um plano para sair do euro BASENAME: canta-o-merlo-abandonar-um-navio-que-afunda-um-plano-para-sair-do-euro DATE: Thu, 01 Dec 2011 10:03:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Yannis Varoufakis

Como sabem os visitantes habituais deste blog, considero que o colapso da eurozona será o arauto de uma década de 1930 pós-moderna. Se bem que virulentamente oposto à criação da eurozona, no seu momento de crise tenho estado a fazer campanha pelo salvamento do euro . Naturalmente, como correctamente escreveu aqui Alain Parguez, é impossível salvar alguém, ou alguma coisa, que não queira ser salva. Nesta mensagem, ainda que não recuando no meu compromisso pessoal de continuar a tentar salvar uma união monetária inclinada à auto-destruição, relatarei uma ideia de como um estado membro periférico podia tentar minimizar os (enormes) custos sócio-económicos de uma saída da eurozona que lhe é imposta pela sua franca desintegração.

O referido plano foi elaborado tendo em mente a Irlanda. Seus autores são Warren Mosler (administrador de investimentos e criador do swap hipotecário e do actual contrato swap Eurofutures) e Philip Pilkington, jornalista e escritor residente em Dublim, Irlanda. O seu ponto de partida é um diagnóstico (perfeitamente correcto): os "programas de austeridade" são "um fracasso abjecto e ainda assim responsáveis europeus consideram-nos como o único jogo possível. Assim, podemos apenas concluir nesta fase, uma vez que os responsáveis europeus sabem que programas de austeridade não funcionam, que eles estão a prossegui-los por razões políticas ao invés de razões económicas".

Por razões que tenho apresentado reiteradamente , se não derrubado este projecto político conduzirá, talvez não intencionalmente, ao colapso da eurozona. Deveria um país como a Irlanda esperar até a chegada do fim amargo ou deveria ele preparar-se para uma saída antes de ter sido martelado o prego final no caixão do euro? Mosler e Pilkington argumentam em favor de uma saída. Mas como pode a Irlanda, ou a propósito Portugal ou Grécia ou Itália, sair sem que o céu lhes caia sobre as suas cabeças? Aqui está o que eles propõem. Para o texto completo clique aqui .

1. Ao anunciar que o país está a deixar a Eurozona, o governo daquele país anunciaria que estaria a efectuar pagamentos ? a funcionários do governo, etc ? exclusivamente na nova divisa. Portanto o governo cessaria de utilizar o euro como um meio de pagamento.

2. O governo também anunciaria que só aceitaria pagamentos de impostos na nova divisa. Isto asseguraria que a divisa era valiosa e, pelo menos por algum tempo, de oferta muito escassa.

E isso é quase tudo. O governo gasta para abastecer-se e com isso injecta a nova divisa na economia enquanto a sua nova política de tributação assegura que ela é procurada pelos agentes económico e, portanto, valiosa. O gasto governamental é portanto a torneira através da qual o governo injecta a nova divisa na economia e a tributação é o escoadouro que assegura a procura da nova divisa pelos cidadãos.

A ideia aqui é adoptar uma abordagem "não interventiva" ("hands off"). Se o governo de um dado país anunciasse uma saída da Eurozona e a seguir congelasse contas bancárias e conversão à força seria o caos. Os cidadãos do país correriam aos bancos e tentariam desesperadamente manter tantos euros em cash quanto fosse possível na previsão de que eles seriam mais valiosos do que a nova divisa.

De acordo com o plano acima, entretanto, as contas bancárias dos cidadãos seriam deixadas em paz. Isso os prepararia para converterem seus euros na nova divisa a uma taxa de câmbio flutuante estabelecida pelo mercado. Eles, naturalmente, teriam de procurar a nova divisa quanto tivessem de pagar impostos e assim venderiam bens e serviços denominados na nova divisa. Isto "monetiza" a economia na nova divisa enquanto, ao mesmo tempo, ajuda a estabelecer o valor de mercado da dita divisa.

Minha reacção a este plano é simples: É um roteiro para quem pensa que o sistema euro ultrapassou o ponto de não retorno. Uma vez que esse ponto tenha sido ultrapassado, talvez seja essencial ir nesta direcção suavemente. Contudo, não acredito que a eurozona haja, actualmente, ultrapassado o ponto de não retorno. Ainda é possível salvar a divisa comum por meio de algo afim à nossa Modest Proposal . Isso pode exigir mais intervenção por parte do BCE do que prevê a Modest Proposal (graças ao terrível atraso na implementação de um plano racional, continuando ao invés disso no actual caminho insustentável) mas ainda é, penso, factível.

A razão porque estou convencido de que isto ainda não é o momento de abandonar o navio é o enorme custo humano da ruptura da eurozona. Considere-se por exemplo o que acontecerá se na verdade adoptarmos o plano de saída acima.

Todos os contratos do governo com o sector privado (externo e interno) serão renegociados na nova divisa após a depreciação inicial desta última. Por outras palavras, fornecedores internos enfrentarão um grande corte (haircut) instantaneamente. Muitos deles declararão bancarrota, com outra grande perda de empregos.

Os bancos ficarão a seco e não serão mantidos abertos pelo BCE. O que significa que o único meio para a Irlanda ou a Grécia ou qualquer outro país adoptar este plano e poder manter seus bancos abertos é eles serem recapitalizados na nova divisa interna pelo Banco Central. Mas isto significa que depósitos nas contas bancárias serão, de facto, convertidos dos euros para a nova divisa, anulando portanto a medida benéfica das conversões não compulsórias dos haveres do banco para a nova divisa ( ver acima ).

Os autores afirmam que os efeitos nefastos acima serão diminuídos pela nova independência monetária do governo a qual lhe permitirá descontinuar programas de austeridade imediatamente e adoptar política fiscal contra-cíclica, como fez a Argentina após o seu incumprimento e o cessamento da ligação peso-dólar. Pode ser assim as todas as comparações com a Argentina devem ser adoptadas com uma grande pitada de sal. Pois a recuperação da Argentina, e das políticas fiscais associadas, foram muito menos devidas à sua independência renovada e muito mais relacionadas a uma inesperada subida na procura de soja pela China.

Se bem que seja verdadeiro que uma divisa mais fraca promoverá exportações, isso também terá um efeito devastador. A criação de um país de dois níveis. Um que tem acesso a euros entesourados e outro que não tem. O primeiro adquirirá imenso poder sócio-económico sobre o último, forjando portanto uma nova forma de desigualdade que está destinada a operar como uma quebra no desenvolvimento por algum tempo ? tal como a desigualdade que se desenvolveu no período pós 1970s fez enorme dano ao desenvolvimento real dos nossos países (em contraste com o crescimento do PI&amp;#66;&amp;#41; na segunda fase do pós guerra.

Finalmente, mas certamente não o menos importante, mesmo que um país saia da eurozona desta maneira, a eurozona será descosturada (will unwind) dentro de 24 horas. O Sistema Europeu de Bancos Centrais dissolver-se-á instantaneamente, os spreads italianos atingirão níveis gregos, a França tornar-se-á instantaneamente um país classificado como AA ou AB e, antes que possamos assobiar a 9ª Sinfonia, a Alemanha terá declarado a re-constituição do DM. Uma recessão maciça atingirá então os países que comporão a nova zona DM (Áustria, Holanda, possivelmente Finlândia, Polónia e Eslováquia) enquanto o resto da antiga eurozona trabalhará sob estagflação significativa. As novas guerras de divisas intra-europeias suprimirão, em uníssono com a recessão/estagflação em curso, o comércio internacional e europeu e, portanto, os EUA afundarão dentro de uma nova Grande Recessão. A década pós-moderna de 1930, de que continuo a falar, será uma realidade trágica.

Em suma, este plano pode acabar por ser o único meio de saída para um navio que se encaminha para rochedos. Devemos mantê-lo em mente uma vez que os nossos líderes europeus com propensões sanguinárias colocaram, e mantêm, todo um Continente no caminho pejado de rochas. Mas ainda não é o momento para adoptá-lo. Pois ele virá a um incrível custo humano, um custo que ainda pode ser evitado (assumindo que estou certo ao dizer que o ponto de não retorno não foi alcançado ? ainda). Ainda temos uma possibilidade de lançar a ponte e mudar a rota. Se isso falhar, um plano como este de Mosler e Pilkington pode ser o equivalente dos nossos barcos salva-vidas. Deveríamos, contudo, manter sempre em mente que nossos barcos salva-vidas serão lançados em mares gélidos e, enquanto neles desamparados, muito perecerão.
27/Novembro/2011

Ver também:
Acerca das barreiras técnicas para o abandono do euro

O original encontra-se em yanisvaroufakis.eu/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Das guerras do ópio às guerras do petróleo BASENAME: canta-o-merlo-das-guerras-do-opio-as-guerras-do-petroleo DATE: Sun, 20 Nov 2011 17:20:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Domenico Losurdo

"A morte de Kadafi é uma viragem histórica", proclamam em coro os dirigentes da NATO e do Ocidente, sem se incomodarem sequer em guardar distâncias em relação ao bárbaro assassinato do líder líbio e das mentiras desavergonhadas que proferiram os chefes dos "rebeldes". Sim, efectivamente trata-se de uma viragem. Mas para entender o significado da guerra contra a Líbia no âmbito do colonialismo é preciso partir de longe...

Quando em 1840 os navios de guerra ingleses surgem diante das costas e das cidades chinesas, os agressores dispõem de um poder de fogo de milhares de canhões e podem semear destruição e morte em grande escala sem temer a artilharia inimiga, cujo alcance é muito reduzido. É o triunfo da política das canhoneiras: o grande país asiático e sua civilização milenar são obrigados a render-se e começa o que a historiografia chinesa denomina acertadamente como "o século das humilhações", que termina em 1949 com a chegada ao poder do Partido Comunista e de Mao Zedong.

Nos nossos dias, a chamada Revolution in Military Affairs (RMA) criou em muitos países do Terceiro Mundo uma situação parecida com a que a China enfrentou no seu tempo. Durante a guerra contra a Líbia de Kadafi, a NATO pôde consumar tranquilamente milhares de bombardeamentos e não só não sofreu baixas como sequer correu o risco de sofre-las. Neste sentido a força militar da NATO, mais do que um exército tradicional, parece-se a um pelotão de execução. Assim, a execução final de Kadafi, mais do que um facto causal ou acidental, revela o sentido profundo da operação em conjunto.

É algo palpável: a renovada desproporção tecnológica e militar reaviva as ambições e as tentações colonialistas de um Ocidente que, a julgar pela exaltada auto-consciência e falsa consciência que continua a ostentar, nega-se a saldar contas com a sua história. E não se trata só de aviões, navios de guerra e satélites. Ainda é mais clara a vantagem com que Washington e seus aliados podem contar em capacidade de bombardeamento mediático. Também nisto a "intervenção humanitária" contra a Líbia é um exemplo de manual: a guerra civil (desencadeada, entre outras coisas, graças ao trabalho prolongado de agentes e unidades militares ocidentais e no decorrer da qual os chamados "rebeldes" podiam dispor desde o princípio até de aviões) apresentou-se como uma matança perpetrada pelo poder contra uma população civil indefesa. Em contrapartida, os bombardeamentos da NATO que até o fim assolaram a Sirte assediada, faminta, sem água nem medicamentos, foram apresentados como operações humanitárias a favor da população civil da Líbia!

Hoje em dia este trabalho de manipulação, além de contar com os meios de informação tradicionais de informação e desinformação, vale-se de uma revolução tecnológica que completa a Revolution in Military Affairs. Como expliquei em intervenções e artigos anteriores, são autores e órgãos de imprensa ocidentais próximos ao Departamento de Estado os que celebram que o arsenal dos EUA se enriqueceu com novos e formidáveis instrumentos de guerra. São jornais ocidentais e de comprovada fé ocidental que contam, sem nenhum sentido crítico, que no decorrer das "guerras internet" a manipulação e a mentira, assim como a instigação à violência de minorias étnicas e religiosas, também mediante a manipulação e a mentira, estão na ordem do dia. É o que está a acontecer na Síria contra um grupo dirigente mais acossado do que nunca por haver resistido às pressões e intimidações ocidentais e se ter negado a capitular diante de Israel e a trair a resistência palestina.

Mas voltemos à primeira guerra do ópio, que termina em 1842 com o Tratado de Nanquim. É o primeiro dos "tratados desiguais", ou seja, imposto com as canhoneiras. No ano seguinte chega a vez dos Estados Unidos. Também envia canhoneiras para arrancar o mesmo resultado que a Grã-Bretanha e inclusive algo mais. O tratado de Wahghia (nas proximidades de Macau) de 1843 sanciona o privilégio da extraterritorialidade para os cidadãos estado-unidenses residentes na China: mesmo que cometam delitos comuns, subtraem-se à jurisdição chinesa. O privilégio da extraterritorialidade, evidentemente, não é recíproco, não vale para os cidadãos chineses residentes nos Estados Unidos. Uma coisa são os povos colonizados e outra muito diferente a raça dos senhores. Nos anos e décadas posteriores, o privilégio da extraterritorialidade amplia-se aos chineses que "dissidem" da religião e da cultura do seu país e convertem-se ao cristianismo (com o que teoricamente passam a ser cidadãos honorários da república norte-americana e do Ocidente em geral).

Também nos nossos dias o duplo critério da legalidade e da jurisdição é um elementos essencial do colonialismo: os "dissidentes", ou seja, os que se convertem à religião dos direitos humanos tal como é proclamada de Washington a Bruxelas, os Quisling potenciais ao serviço dos agressores, são galardoados com o prémio Nobel e outros prémios parecidos depois de o Ocidente ter desencadeado uma campanha desaforada para subtrair os premiados à jurisdição do seu país de residência, campanha reforçada com embargos e ameaça de embargo e de "intervenção humanitária".

O duplo critério da legalidade e da jurisdição alcança suas cotas mais altas com a intervenção do Tribunal Penal Internacional (TPI). Os cidadãos estado-unidenses e os soldados e mercenários de faixas e estrelas espalhados por todo o mundo ficam e devem ficar fora da sua jurisdição. Recentemente a imprensa internacional revelou que os Estados Unidos estão dispostos a vetar a admissão da Palestina na ONU, entre outras coisas, para impedir que a Palestina possa denunciar Israel perante o TPI: seja como for, na prática quando não na teoria, deve ficar claro para todo o mundo que só os povos colonizados podem ser processados e condenados. A sequência temporal é em si mesma eloquente. 1999: apesar de não haver obtido autorização da ONU, a NATO começa a bombardear a Jugoslávia; pouco depois, sem perda de tempo, o TPI tratar de incriminar não os agressores e responsáveis da ruptura da ordem jurídica internacional estabelecida após a II Guerra Mundial e sim Milosevic. 2011: violentando o mandato da ONU, longe de se preocupar com o destino dos civis, a NATO recorre a todos os meios para impor a mudança de regime e ganhar o controle da Líbia. Seguindo uma pauta já ensaiada, o TPI trata de incriminar Kadafi. O chamado Tribunal Penal Internacional é uma espécie de apêndice judicial do pelotão de execução da NATO. Poder-se-ia dizer inclusive que os magistrados de Haia são como padres que, sem perder tempo a consolar a vítima, esmeram-se directamente em legitimar e consagrar o verdugo.

Uma última observação. Com a guerra contra a Líbia, perfilou-se numa nova divisão do trabalho no âmbito do imperialismo. As grandes potências coloniais tradicionais, como a Inglaterra e a França, valendo-se do decisivo apoio político e militar de Washington, centram-se no Médio Oriente e na África, ao passo que os Estados Unidos deslocam cada vez mais seu dispositivo militar para a Ásia. E assim voltamos à China. Depois de haver deixado para trás o século de humilhações que começou com as guerras do ópio, os dirigentes comunistas sabem que seria insensato e criminoso faltar pela segunda vez ao encontro com a revolução tecnológica e militar: enquanto liberta centenas de milhões de chineses da miséria e da fome a que os havia condenado o colonialismo, o poderoso desenvolvimento económico do grande país asiático é também uma medida de defesa contra a agressividade permanente do imperialismo. Aqueles que, inclusive na "esquerda", se põem a reboque de Washington e Bruxelas na tarefa de difamação sistemática dos dirigentes chineses demonstram que não se preocupam nem com a melhoria das condições de vida das massas populares nem com a causa da paz e da democracia nas relações internacionais.
23/Outubro/2011
O original em italiano e as versões em francês e castelhano encontram-se em http://www.domenicolosurdo.blogspot.com/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O GOLPE DE ESTADO financeiro da classe rentista (capitalistas-parasitários) na Europa BASENAME: canta-o-merlo-o-golpe-de-estado-financeiro-da-classe-rentista-capitalistas-parasitarios-de-europa DATE: Sat, 19 Nov 2011 12:27:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Estamos a assistir nem mais nem menos que a um golpe de estado financeiro da classe rentista (capitalista-parasitária)s da Eurozona

Marshall Auerback · http://www.sinpermiso.info· ·

Di-se que a Uniom Europeia é umha organizaçom notavelmente ineficiente em ponto a articular os pacotes de resgates, mas quando do que se trata é de subverter a democracia, som tom implacáveis e eficientes como qualquer outro sindicato do crime.

Reflictam sobre isto: no espaço de menos de 2 semanas, os burocratas arranjaram-lhas para eliminar a dous dirigentes políticos incómodos, cujas acçons ameaçavam com interferir num objectivo de maior calado, e é a saber: culminar o "Projecto Europeu", um projecto que, para dizê-lo clara e singelamente, cada vez parece-se mais a um golpe de estado financeiro.

Primeiro, Grécia, que em verdadeiro sentido proporcionou a pauta: o primeiro-ministro, Papandreu, tivo a audácia de buscar o consenso por referendo do seu próprio povo ante decisons que tinham que afectar decisivamente as suas vidas. Bem, pois a julgar polas petulantes reacçons da chanceler alemá Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy, isso desde logo nom podia fazer-se. Interferindo grosseiramente nos assuntos internos de um sócio democrático (e, enzima, aliado), ambos os amanhárom contra o "e ameaçaram a o" governo grego. Resultado final: o senhor Papandreu foi apartado do caminho depois de se retractar.

E, mira por onde, o novo primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, um antigo alto funcionário do BCE (naturalmente, com um conveniente currículohomem de Goldman Sachs), vai ser agora o cavaleiro encarregado de pôr por obra o último pacote de "reformas estruturais" que, cala por sabido, terám com toda a segurança o efeito de seguir afundando na deflaçom à economia grega. As privatizaçons, óbvio é dizê-lo, seguírom de vento em popa, e os oligarcas gregos, soados pola sua rapazidade na evasom fiscal, farám-se com os activos privatizados a preço de saldo (presumivelmente com o dinheiro contante e sonante que há colocaram oportunamente no estrangeiro, no mercado imobiliário londrino ou na banca suíça): consolidárom assim o seu controlo de umha vida económica, a grega, mais e mais disfuncional. A imensa maioria dos gregos sofrerá horrivelmente. Nom tenhem voz nisso: deixou-se-lhes com a só alternativa de dar-se morte por própria mao ou ser fusilados. Nom é, contodo, o último que perdêrom. A cousa nom oferece dúvida: Goldman Sachs ingressará ainda muitos honorários pola seu contributo ao leilom desses mesmos activos públicos.

Do outro lado do Adriático, parece que o tándem "Merkozy" soubo jogar também as suas cartas com sucesso no Turno 2, desta vez eliminando com sucesso ao seu perturbadora Némesis, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi. Diga-se o que se queira do senhor Berlusconi, o verdadeiro é que nesta ocasiom levava razom ao resistir-se a um cru complô político, urdido contra ele polo BCE, os franceses e os alemans, para que aceitasse um programa, tam irracional como economicamente contraindicado, de austeridade fiscal a mudança do "apoio" dos seus pares no FMI. Perguntem a qualquer argentino que significa o "apoio" do FMI.

Todo o que Berlusconi tinha que fazer era deitar umha olhadela a Atenas para dar-se conta dos prováveis efeitos que teria um novo assalto ao Estado de Bem-estar italiano. Mas a eufórica reacçom dos mercados à sua demissom era surrealista: como a dos perus votando a favor da celebraçom do Dia de Acçom de Graças.

Em Roma, este jogo de poder franco-alemám foi circunspectamente supervisionado por um aplicado euro-comunista, o presidente Giorgio Napolitano, que está em vias de converter a um burocrata de toda a vida, Mario Monti, no próximo primeiro-ministro da Itália. Nom perdam de vista a trajectória de Monti: credenciais impecáveis: um "habitante" virtual nas estruturas tecnocráticas de governo da UE, com algumha "experiência" no sector privado como director de entidades como Coca Cola e, claro, como "consultor internacional" de Goldman Sachs.

Ao que estamos a assistir, nem mais nem menos, é a um golpe de estado financeiro pola classe rentista (capitalista e parásita) da Euro-zona.. Umha das mais tristes ironias desta história é que, ao menos no caso da Itália, todo isto está-o cozendo um euro-comunista que provavelmente pertenceria a um governo italiano que, baixo a direcçom de Enrico Berlinguer, poderia ser derrocado por um golpe de estado da CIA, se isto ocorresse há 30 anos.

Como pode chegar-se a tanto na UE? É difícil assinalar a umha só pessoa. Vimos mover-se a este vasto projecto da mao de um punhado de burocratas inelectos durante décadas, se nom mais. Jacques Delors foi umha figura verdadeiramente seminal, mas nom actuou só. Todo o projecto europeu foi cada vez mais dirigido por esses burocratas para sempre sem eleiçom polo meio que rotam e rotam em diferentes posiçons das estruturas de governo da UE depois de receber uns quantos anos de treino em entidades privadas como Goldman Sachs ou JP Morgan (ambas as duas, banca anglo-sionista).

Poderia seica dizer-se que isso começou quando o presidente francês François Miterrand chegou ao poder a começos dos 80 disposto imprimir umha direcçom económica fresca e genuinamente progressista a França. Nom tardou em ver-se saboteado, até que compreendeu a jogar nos bastidores com os poderes que actúabam a desmao Desde entom, o plano de jogo foi, e por muito, o mesmo: os membros da Comissom Europeia emitem umha miríada de diktats, regras, regulaçons e directivas, salvo, nem que dizer tem, qualquer cousa que tenha que ver com recursos democráticos reais quando tropeçam com a resistência popular. Começas da pouquinho, e vais construindo gradualmente e criando faits accomplis em toda parte.

Quando há um revés em forma de referendum, a parada é só transitória. Países que, como Irlanda, ousaram votar de maneira "equivocada" num referendo nacional, nom viram respeitados os seus resultados. As autoridades da UE adoptaram responder, nom reflectindo sobre umha expressom popular da vontade democrática, senom ignorando os resultados até que os ignorantes camponeses dem-se conta dos seus clamorosos erros voltem votar de maneira correcta.

Se isso significam dous, três referenda, pois assim seja. Politicamente, a interpretaçom de qualquer aspecto dos Tratados relativos à goveernalidade europeia sempre se deixou em maos de cargos burocráticos nom eleitos que operam desde instituiçons desprovistas da menor legitimidade democrática. Isso levou, por sua vez, a umha crescente sensaçom de alienaçom política e ao correspondente crescimento de partidos extremistas, hostis a toda uniom política ou monetária, noutras partes da Europa. Baixo oras circunstâncias políticas, esses partidos extremistas poderiam chegar a ser maioritários.

Umha figura que terminou sendo trágica aqui é a de Papandreu. Ainda se com ínfimos resultados, Papandreu comprometeu-se profundamente com a posta por obra dos acordos alcançados em Outubro. Mas como observado o economista de Harvard (e assessor do governo grego) Richard Parker, Papandreu tivo que se enfrontar a um incêndio declarado simultaneamente em várias frentes: competidores no seu próprio partido que ambicionavam o seu cargo; parlamentares do seu partido que ameaçavam com se abroquelar ante novas medidas de austeridade; a intransigência fechada de Samara e o seu partido [conservador] de Nova Democracia; por nom falar da economia, em processo de tumba aberta deflacionista sem que chegasse nengumha ajuda real. Convocar um referendo chegou a ser o seu único instrumento para sufocar todos os focos do incêndio à vez: tratava-se de obrigar a se achandar aos políticos gregos e aos seus poderosos valedores, assim como de forçar aos dirigentes europeus a voltar negociar de imediato para elaborar definitivamente um plano de resgate que pudesse funcionar.

Óbvio é dizê-lo, estava condenado à guilhotina, dada a poderosa oposiçom que tinha às suas costas. Aos seus "aliados" da UE bastou-lhes umha mao para castigar ao primeiro-ministro grego que impusera um castigo colectivo ao povo grego por causa de décadas de corrupçom incrustada no sistema, umha corrupçom, no entanto, da que estava limpo este primeiro-ministro. Fazer da Grécia umha genuína democracia, fora a razom fundamental da entrada de Papandreu na política grega.

E do outro lado, os parasitários oligarcas gregos, que perceberam as acçons políticas de Papandreu como um ataque frontal ao seu inveterado controlo da economia grega, livraram-se a um combate feroz para destruir-lhe politicamente e situar a Grécia um passo mais perto de converter-se num Estado fracassado.

E agora Grécia veio a proporcionar o modelo adequado. Temos agora umha crise manufacturada (que poderia resolver-se facilmente há anos polo BCE, sendo como é a Grécia quase nom 2,5% do PIB europeu) que, propagando-se a toda a velocidade, oferece muitas oportunidades para livrar-se de políticos incómodos que nom fam o que se lhes dicta que fagam, e é a saber: abraçar essa "cultura de estabilidade" que predicam os alemáns, mas que nom é, em realidade, outra cousa a consolidaçom da tomada de controlo dos diferentes governos por parte dos rentistas (grandes parásitos capitalistas).

Analogamente na Itália: o BCE esteve comprando bonos italianos, mas de maneira renuente e, desde logo, nom os suficientes como para deter o inelutável aumento das suas taxas de interesse. O novo chefe do BCE, Mário Draghi "outro homem procedente de Goldman Sachs" começou a sua andaina no cargo com umha terminante advertência (camuflada em diferentes e duvidosos tecnicismos jurídicos) de que o Banco Central europeu nom actuaria como "prestamista de último recurso", o que punha aos seus compatriotas numha situaçom na que a resignaçom era o único curso de acçom possível para salvar ao país de um colapso financeiro imediato.

Berlusconi era também um branco fácil, dado o seu pintoresco e aberrante historial privado. E o seu mais que provável substituto, Mario Monti, resulta o perfeito arrecadador para os oligarcas financeiros da Europa. Monti é, em realidade, parte do que muito fundadamente poderia chamar-se umha "máfia financeira" que pós ao mundo de pernas para o ar desde 2008. Aos sicários, como Monti, desse mundo financeiro tenebroso e opaco se nomeia agora para que imponham programas de austeridade aos fogares trabalhadores pobres, o fim de salvar ao sector financeiro da deflaçom por sobre-endividamento: umha crise artificial dimanante da arquitectura do Euro-sistema que tanto celebraram esses mesmos "mercados" financeiros quando se lançou o euro em 1999. Desgraçadamente, muitos italianos vem ainda ao euro como o seu escudo protector frente à corrupçom do passado, que muitos associam na Itália à lira e às suas elevadas taxas de interesse, apesar de que o corrupto Berlusconi anda intimamente vinculado com a mesma euro-elite.

O próprio Draghi tem um passado farto duvidoso: como tivemos ocasiom de observar há pouco, historicamente Itália explorou a ambigüidade nas regras de contabilidade para as transacçons swap, [1] o fim de enganar às instituiçons da UE, a outros governos dos Estados membros da UE e à sua própria populaçom a respeito da verdadeira dimensom do seu deficit orçamental.

Parece, em efeito, muito adrede o que Draghi tenha agora que lidar com as conseqüências da sua própria fraude na contabilidade nacional. Mas dificilmente pode dizer-se que é justo para os povos da Europa, todos os quais seguírom estando baixo a asfixiante deita de umha austeridade fiscal crescente imposta por umha elite cada vez mais distante e democraticamente inacareável. Nom é raro que polas ruas de Madrid, de Atenas, de Roma e em toda parte começasse o incêndio.

NOTA T.: [1] Som as transacçons operadas nos mercados CDS (Credit Default Swaps), mercados de derivados financeiros de falta de pagamentos crediticia. Nesses mercados financeiros, terrivelmente opacos e praticamente des-regulados (as transacçons nos quais superam já com fartura o volume do PIB mundial), supom-se que se cobrem as regas, entre outras, dos investimentos em dívida soberana. A semana passada, por exemplo, cobrir o risco de um investimento de 10 milhons de euros em bonos espanhóis ou italianos a dez anos, chegou a valer mais de 400 mil euros. Apostar, nesses mercados, a que a dívida soberana de um país "ou os valores de umha companhia privada"vai ir mal, fai subir o preço de cobertura.

Marshall Auerback, um dos analistas económicos mais respeitados dos EEUU, é membro conselheiro do Instituto Franklin e Eleanor Roosevelt, onde colabora com o projecto de política económica alternativa new deal. 2.0.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O novo fascismo europeu sob formas tecnocratas domina Europa BASENAME: canta-o-merlo-o-novo-fascismo-europeu-sob-formas-tecnocratas-domina-europa DATE: Thu, 17 Nov 2011 21:27:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

Goldman Sachs, um dos principais responsáveis pola crise, fai-se com o poder da Europa

O grupo de investimento Goldman Sachs, um dos principais responsáveis pola crise, longe de ser castigado severamente pola situaçom à que empurrou à economia mundial, tomou as rendas da Europa, e fizo-o através de três dos seus homens: Mario Draghi, Lucas Papademos e Mario Monti.

O primeiro deles é o novo líder do Banco Central Europeu e foi vice-presidente de Goldman para a Europa desde 2002 a 2005, ascendido a sócio e nomeado responsável por empresas e dívida soberana dos países europeus. umha das suas funçons era vender ?swaps?, produtos financeiros com os que se ocultou umha parte da dívida soberana e que, em conseqüência, permitiram falsear as contas da Grécia.

O segundo, Lucas Papademos, novo Primeiro-ministro Grego, foi governador do Banco Central grego entre 1994 e 2002, participando na operaçom de falsificaçom das contas do país perpetrada por Goldman Sachs.

O terceiro, Mário Monti, chefe do Executivo italiano, é assessor internacional do banco americano desde 2005.

Golpe de estado? Ao menos de momento nom se fizérom com o controlo directo das forças armadas, mas com o controlo político sim, elevando todo o mais alto a ?tecnocratas? que em nengum momento fôrom elegidos as urnas. Nom tardaremos em ver como evolui a situaçom, mas cada vez parece mais claro que Europa se precipita irremediavelmente ao abismo.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Se os povos da Europa não se levantarem, os bancos trarão o fascismo de volta BASENAME: canta-o-merlo-se-os-povos-da-europa-nao-se-levantarem-os-bancos-trarao-o-fascismo-de-volta DATE: Mon, 14 Nov 2011 18:46:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Mikis Theodorakis

No momento em que a Grécia é colocada sob a tutela da Troika, que o Estado reprime as manifestações para tranquilizar os mercados e que a Europa prossegue nos salvamentos financeiros, o compositor Mikis Theodorakis apela aos gregos a combater e alerta os povos da Europa para que, ao ritmo a que as coisas vão, os bancos voltarão a implantar o fascismo no continente.

Entrevistado durante um programa político popular na Grécia, Theodorakis advertiu que, se a Grécia se submeter às exigências dos chamados ".parceiros europeus" será ".o nosso fim quer como povo quer como nação". Acusou o governo de ser apenas uma "formiga" diante desses "parceiros", enquanto o povo o considera "brutal e ofensivo". Se esta política continuar, "não poderemos sobreviver ? a única solução é levantarmo-nos e combatermos".

Resistente desde a primeira hora contra a ocupação nazi e fascista, combatente republicano desde a guerra civil e torturado durante o regime dos coronéis, Theodorakis também enviou uma carta aberta aos povos da Europa , publicada em numerosos jornais? gregos. Excertos:

"O nosso combate não é apenas o da Grécia, mas aspira a uma Europa livre, independente e democrática. Não acreditem nos vossos governos quando eles alegam que o vosso dinheiro serve para ajudar a Grécia. (?) Os programas de "salvamento da Grécia" apenas ajudam os bancos estrangeiros, precisamente aqueles que, por intermédio dos políticos e dos governos a seu soldo, impuseram o modelo político que conduziu à actual crise.

Não há outra solução senão substituir o actual modelo económico europeu, concebido para gerar dívidas, e voltar a uma política de estímulo da procura e do desenvolvimento, a um proteccionismo dotado de um controlo drástico das Finanças. Se os Estados não se impuserem aos mercados, estes acabarão por engoli-los, juntamente com a democracia e todas as conquistas da civilização europeia. A democracia nasceu em Atenas, quando Sólon anulou as dívidas dos pobres para com os ricos. Não podemos autorizar hoje os bancos a destruir a democracia europeia, a extorquir as somas gigantescas que eles próprios geraram sob a forma de dívidas.

Não vos pedimos para apoiar a nossa luta por solidariedade, nem porque o nosso território foi o berço de Platão e de Aristóteles, de Péricles e de Protágoras, dos conceitos de democracia, de liberdade e da Europa. (?)

Pedimos-vos que o façam no vosso próprio interesse. Se autorizarem hoje o sacrifício das sociedades grega, irlandesa, portuguesa e espanhola no altar da dívida e dos bancos, em breve chegará a vossa vez. Não podeis prosperar no meio das ruínas das sociedades europeias. Quanto a nós, acordámos tarde mas acordámos. Construamos juntos uma Europa nova, uma Europa democrática, próspera, pacífica, digna da sua história, das suas lutas e do seu espírito. Resistamos ao totalitarismo dos mercados que ameaça desmantelar a Europa transformando-a em Terceiro Mundo, que vira os povos europeus uns contra os outros, que destrói o nosso continente, provocando o regresso do fascismo".

07/Novembro/2011

A versão em francês encontra-se em www.centpapiers.com/... e em http://www.silviacattori.net/article2301.html
Tradução de Margarida Ferreira.

Este apelo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Derrota dos terroristas pro NATO em Zawiyah BASENAME: canta-o-merlo-libia-derrota-dos-terroristas-pro-nato-em-zawiyah DATE: Mon, 14 Nov 2011 17:28:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistencialibia.info/

Novembro 14, 2011

Ainda que os grandes meios de informaçom tentam apresentar os combates na cidade de Zawiiah, situada a 15 km ao oeste de Tripoli, como fruto da rivalidade entre tribos a realidade é bem diferente.

Os voluntários leais à Yamahiriia e ao Líder assassinado da tribo Warshefana atacárom às bandas terroristas da ?CNT-NATO? na cidade. A maioria dos responsáveis por este grupo fôrom mortos quando tratavam de escapar para Tripoli e na actualidade unicamente controlam o leste da cidade.

40 terroristas também conhecidos como ?ratas? fôrom feitos prisioneiros e fechados num lugar secreto. O armamento pesado foi-lhes requisado. A estrada de Zawiiah a Tripoli está em maos de tribos fiéis a Líbia. As terras da tribo Warshefana a 30 km. ao oeste de Tripoli levantárom-se com a Bandeira Verde da Yamahiriia e combate às ratas pro NATO.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Ruptura ? Uma via para sair da crise da Eurozona BASENAME: canta-o-merlo-ruptura-uma-via-para-sair-da-crise-da-eurozona DATE: Sun, 13 Nov 2011 21:51:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por C.Lapavitsas, A.Kaltenbrunner, D.Lindo,
J.Meadway, J.Michell, J.P.Painceira,
E.Pires, J.Powell, A.Stenfors, N.Teles, L.Vatikiotis

1. A crise da Eurozona faz parte da perturbação global começada em 2007 quando uma crise imobiliária nos EUA tornou-se uma crise bancária global, transformou-se numa recessão global e deu então origem a uma crise de dívida soberana. No fim de 2011 há um risco de retorno a uma crise bancária na Europa e alhures. No cerne da fraqueza bancária jaz uma dívida privada e pública acumulada durante o período de financiarização intensa nos anos 2000.

2. O euro é uma forma de divisa de reserva internacional criada por um grupo de estados europeus para assegurar vantagens para bancos europeus e grandes empresas no contexto da financiarização. O euro tem tentado competir contra o dólar mas sem um correspondente estado poderoso a apoiá-lo. Sua fraqueza fundamental é que ele repousa sobre uma aliança de estados díspares representando economias de competitividade divergente.

3. O euro tem actuado como mediador na Europa da crise global que começou em 2007. A União Monetária Europeia (UME) criou uma divisão entre núcleo e periferia, e as relações entre os dois são hierárquicas e discriminatórias. A periferia perdeu competitividade nos anos 2000, desenvolvendo portanto défices de transacções correntes com o núcleo e acumulando grandes dívidas para com instituições financeiras do núcleo. O resultado foi que a Alemanha emergiu como o mestre e económico da Eurozona.

4. A política da Eurozona para enfrentar a crise tem sido profundamente neoliberal: cortando despesa pública, elevando impostos indirectos, reduzindo salários, liberalizando mercados ainda mais e privatizando propriedade pública. Mudanças institucionais correspondentes dentro da UME ? acima de tudo quanto ao Banco Central Europeu (BCE) e o European Financial Stabilisation Facility (EFSF) ? reforçaram a dominância do núcleo, particularmente da Alemanha. Mais genericamente, tais políticas estão a ameaçar mudar o equilíbrio do poder económico, social e político em favor do capital e contra o trabalho por toda a Europa.

5. A austeridade é contraditória porque ela leva à recessão agravando portanto o fardo da dívida e pondo ainda mais em perigo banco e a própria união monetária. Está contradição é agravada pela natureza da UME como uma aliança de estados díspares com competitividades divergentes. Em consequência, a UME enfrenta actualmente um dilema agudo: ou criar mecanismos de estado que pudessem impor políticas elevando a competitividade da periferia, ou experimentar uma ruptura.

6. O crédito do BCE tem sido utilizado arbitrariamente para proteger os interesses de grandes bancos, possuidores de títulos e empresas, mesmo com a ultrapassagem dos próprios estatutos do BCE. O poder social tem sido apropriado não democraticamente por uma instituição elitista para a seguir ser colocado ao serviço do grande capital na Europa. Mas a capacidade de o BCE aliviar as pressões da crise é limitada porque lhe tem sido pedido para desempenhar um papel fiscal para o qual não foi concebido. Além disso, a UME é embaraçada pela ausência de um estado para respaldar seu passivo e a sua solvência.

7. O EFSF é analogamente embaraçado pela ausência de uma autoridade estatal que pudesse confiavelmente apoiar uma expansão dos seus poderes de concessão de empréstimos. Mais do que isso, a capacidade de o EFSF recapitalizar bancos é limitada pelo carácter nacional dos bancos na Europa. Os bancos permanecem estreitamente adstritos aos seus estados-nação. Uma aliança de estados díspares não pode obter fundos facilmente para resgatar os bancos nacionais de um dos seus membros. É difícil de acreditar que a Alemanha, por exemplo, pudesse resgatar bancos franceses ou espanhóis sem um retorno proporcional.

8. A associação de estados-nação aos seus bancos internos tornou-se mais pronunciada no decorrer das crises. Bancos têm estado a adquirir a dívida pública dos seus próprios estados; eles têm estado a depositar liquidez ociosa nos seus próprios Bancos Centrais Nacionais (BCNs); eles têm, finalmente, confiado cada vez na Assistência de Liquidez de Emergência (ALE) proporcionada pelo seu próprio BCN. O resultado é que bancos e estados-nação agora enfrentam um perigo mais elevado de incumprimento conjunto. A opção que está a emergir para estados periféricos é particularmente drástica: ou nacionalizar plenamente os bancos ou perder o controle sobre eles.

9. A persistência da divisão entre núcleo e periferia, a ausência de mudança institucional efectiva para a UME, as pressões da austeridade e as ameaças aos bancos estão a criar condições árduas para países periféricos. As perspectivas futuras são negras, incluindo baixo crescimento, alto desemprego e agravamento do fardo da dívida. A capacidade de países periféricos permanecerem dentro da UME é duvidosa e a mais provável candidato à saída é a Grécia.

10. A Grécia é manifestamente incapaz de atender ao serviço da sua dívida publica ou cumprir com as condicionalidades dos planos de resgate, tornando o incumprimento (default) inevitável. Contudo, o incumprimento conduzido pelos credores e ocorrendo dentro dos confins da UME (o chamado incumprimento ordeiro) não seria do melhor interesse do país. Ele provavelmente levaria à perda de controle sobre bancos internos; não afastaria a austeridade; manteria o país dentro da perversão competitiva do euro. Os custos sociais seriam maiores. O país também perderia algo da sua soberania quando a política fiscal ficasse sob o controle explícito do núcleo. A perspectiva da saída final da UME permaneceria.

11. O incumprimento deve ser conduzido pelo devedor, soberano e democrático, levando a um profundo cancelamento da dívida. O incumprimento conduzido pelo devedor provavelmente precipitaria a saída da UME. Deixar o euro proporcionaria opções adicionais para tratar da dívida pública uma vez que o estado poderia redenominar toda a sua dívida na nova divisa. A saída permitiria ainda ao estado mais espaço de manobra para resgatar bancos através da nacionalização e do fornecimento de liquidez interna uma vez restaurado o comando sobre a política monetária. No entanto, a saída também criaria problemas novos para bancos pois alguns activos e passivos permaneceriam denominados em euro. O resultado provavelmente seria a contracção de bancos gregos ao longo do tempo. A saída, finalmente, perturbaria a circulação monetária e causaria problemas de divisas estrangeiras pois a nova divisa seria depreciada. Ainda assim, a perturbação da circulação é improvável que fosse decisiva, ao passo que a depreciação apresentaria a oportunidade de restaurar rapidamente a competitividade. No cômputo geral, se a Grécia tem de incumprir, ela deveria também sair da UME.

12. O incumprimento conduzido pelo devedor e a saída [do euro] estão pejados de riscos e tem os seus próprios custos. Mas a alternativa é o declínio económico e social dentro da UME que ainda poderia terminar numa saída caótica e ainda mais custosa. Em contraste, se o incumprimento e a saída fossem planeados e executados por um governo decidido, eles poderiam colocar o país no caminho da recuperação. Para isso seria necessário adoptar um vasto programa económico e social incluindo controles de capital, redistribuição, política industrial e reestruturação completa do estado. O objectivo seria mudar o equilíbrio de poder em favor do trabalho, colocando em simultâneo o país no caminho do crescimento sustentável e do emprego elevado. Não menos importante, a independência nacional também seria protegida.

13. Mais genericamente, a crise da Eurozona põe termo a um período de confiança económica e de integração política na Europa. A ideologia do europeísmo, a qual prometia solidariedade e unidade para os povos europeus, está em retirada pois o núcleo demonizou a periferia no decorrer da crise. A profundidade e severidade da crise estão a produzir intensas reacções sociais contra os grandes bancos e empresas na UE. O impasse alcançado pela UME dá lugar à possibilidade de intervenção económica e social mais activa por parte das nações-estado da Europa no futuro previsível.

14. A necessária reestruturação da Europa quando a UE e a UME enfrentam o declínio não poderia ser empreendida por agentes neoliberais que têm como objectivo defender os interesses do big business. A reestruturação deveria ser de conteúdo democrático, confiar nas forças do trabalho organizado e da sociedade civil; deveria inspirar-se na tradição teórica da economia política e da ciência económica heterodoxa; ela também deveria traçar um caminho cuidadoso entre o europeísmo declinante e o nacionalismo nascente. Acima de tudo, deveria manter firmemente em mente a antiga afirmação socialista de que a unidade europeia é possível só na base dos interesses dos trabalhadores.
ÍNDICE
Índice

O original na íntegra (com 92 pgs.) encontra-se em www.researchonmoneyandfinance.org/...

Este resumo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Um terrorista financeiro ao leme de Italia BASENAME: canta-o-merlo-um-terrorista-financeiro-ao-leme-de-italia DATE: Sun, 13 Nov 2011 12:23:19 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

O sucessor de Berlusconi dirige um lobby neoliberal (saqueadores dos cidadás) e pertence ao Clube Bilderberg

O novo primeiro-ministro italiano será o economista e ex comissário europeu Mário Monti, de 68 anos de idade.

Monti é director europeu da Comissom Trilateral, um lobby de orientaçom neoliberal fundado em 1973 polo banqueiro multimilionário estadounidense David Rockefeller. Também é membro da directiva do Clube Bilderberg, um grupo de pessoas com enorme influência nos círculos empresariais, académicos, militares e políticos que é considerado como umha espécie de ?GOVERNO MUNDIAL NA SOMBRA? .

Ademais, Monti também é assessor de The Coca-Cola Company e ex de Goldman Sachs, um banco de investimento estadounidense acusado de fraude pola venda de créditos hipotecarios de risco, conhecidos como ?subprime? e que fôrom um dos originários da crise financeira mundial actual. ----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Grande CAÇAROLADA durante o debate Rajoy-Rubalcaba BASENAME: canta-o-merlo-grande-cacarolada-durante-o-debate-rajoy-rubalcaba DATE: Sun, 06 Nov 2011 22:19:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por Ossiám

Convocam umha grande caçarolada durante o debate Rajoy-Rubalcaba

Umha mensagem está a chegar ao correio de milhares de pessoas. Trata de um telefonema-convocaçom a umha caçarolada para o momento que comece o debate entre Rajoy e Rubalcaba

(segunda-feira às 22 horas).

Um gesto de repúdio ante os farsantes da ?comédia democrática? que nom necessita muitas explicaçons. Ambos os dous candidatos representam as colunas fundamentais de um sistema podrecido desde a sua base. As suas políticas de submissom ante os grandes banqueiros, anti-operarias e cidadás conduzem-nos ao esfragadoiro da miséria, quando nom a nova grande guerra mundial.

..

Caçarolada nas janelas, balcons, terraços e ruas

Segunda-feira 22h

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Obama, o corsário sanguinário de Wall Street BASENAME: canta-o-merlo-obama-o-corsario-sanguinario-de-wall-street DATE: Mon, 31 Oct 2011 20:28:45 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O "Filho de África" reclama as jóias da coroa de todo um continente


por John Pilger

A 14 de Outubro, o presidente Barack Obama anunciou o envio de forças especiais americanas para a guerra civil do Uganda. Nos próximos meses, tropas de combate americanas serão enviadas para o Sudão do Sul, Congo e República Centro-Africana. Obama assegurava também, satiricamente, que estas apenas "actuarão" em "auto-defesa". Com a Líbia securizada, está então em marcha uma invasão americana do continente africano.

A decisão de Obama é descrita pela imprensa como "bastante invulgar", "surpreendente" e até como "esquisita". Nada está mais longe da verdade. É a lógica própria à política externa americana desde 1945. Recordemos o caso do Vietname. A prioridade era então fazer frente à influência da China, um rival imperial, e "proteger" a Indonésia, considerada pelo presidente Nixon a "maior reserva de recursos naturais da região" e como "o maior prémio". O Vietname estava simplesmente no caminho dos EUA; a chacina de mais de 3 milhões de vietnamitas e a destruição e envenenamento daquela terra era o preço a pagar para alcançar este objectivo. Como em todas as invasões americanas posteriores, um rastro de sangue desde a América Latina até ao Afeganistão e ao Iraque, a argumentação era sempre a da "auto-defesa" e do "humanitarismo", palavras há muito esvaziadas do seu significado original.

Em África, diz-nos Obama, a "missão humanitária" é ajudar o governo do Uganda a derrotar o Exército de Resistência do Senhor (LRA), que "assassinou, violou e raptou dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças na África Central". Esta é uma descrição exacta do LRA, que evoca múltiplas atrocidades administradas pelos próprios Estados Unidos, como é disso exemplo o banho de sangue que se seguiu, nos anos 60, ao assassinato perpetrado pela CIA do líder congolês Patrice Lumumba, democraticamente eleito, ou ainda a operação da CIA que instalou no poder aquele que é considerado o mais venal tirano africano, Mobutu Sese Seko.

Outra justificação de Obama também parece ridícula. Esta é a "segurança nacional dos Estados Unidos". O LRA esteve a fazer o seu trabalho sujo durante 24 anos, com interesse mínimo dos Estados Unidos. Hoje ele tem pouco mais de 400 combatentes e nunca esteve tão fraco. Contudo, "segurança nacional" estado-unidense habitualmente significa comprar um regime corrupto e criminoso que tem algo que Washington deseja. O "presidente vitalício" de Uganda, Yoweri Museveni, já recebe a parte maior dos US$45 milhões de "ajuda" militar dos EUA ? incluindo os drones favoritos de Obama. Este é o seu suborno para combater uma guerra por procuração contra o mais recente e fantasmático inimigo islâmico da América, o andrajoso grupo al Shabaab na Somália. O RTA desempenhará um papel de relações públicas, distraindo jornalistas ocidentais com as suas perenes histórias de horror.

No entanto, a principal razão para a invasão americana do continente africano não é diferente daquela que levou à guerra do Vietname: É a China. Num mundo de paranóia servil e institucionalizada, que justifica aquilo que o general Petraeus, o antigo comandante norte-americano e hoje director da CIA, chama um estado de guerra perpétua, a China está a substituir a Al-Qaeda como a "ameaça" oficial americana. Quando entrevistei Bryan Whitman, secretário de estado adjunto da Defesa, no Pentágono no ano passado, pedi-lhe para descrever os perigos actuais para os EUA no mundo. Debatendo-se visivelmente repetia: "Ameaças assimétricas ? ameaças assimétricas". Estas "ameaças assimétricas" justificam o patrocínio estatal à lavagem de dinheiro por parte da indústria militar, bem como o maior orçamento militar e de guerra da História. Com Osama Bin Laden fora de jogo, é a vez da China.

A África faz parte da história do êxito chinês. Onde os americanos levam drones e destabilização, os chineses levam ruas, pontes e barragens. O principal interesse são os recursos naturais, sobretudo os fósseis. A Líbia, a maior reserva de petróleo africana, representava durante o governo Kadafi uma das mais importantes fontes petrolíferas da China. Quando a guerra civil começou e a NATO apoiou os "rebeldes" fabricando uma história sobre supostos planos da Kadafi para um "genocídio" em Bengazi, a China evacuou 30 mil trabalhadores da Líbia. A resolução do Conselho de Segurança da ONU que permitiu a "intervenção humanitária" por parte dos países ocidentais, foi sucintamente explicada numa proposta dos "rebeldes" do Conselho Nacional de Transição ao governo francês, divulgada no mês passado pelo jornal Libération, na qual 35% da produção de petróleo Líbia eram oferecidos ao estado francês "em troca" (termo utilizado no texto em questão) do seu apoio "total e permanente" ao CNT. O embaixador americano na Tripoli "libertada" Gene Cretz, confessou: "Sabemos bem que o petróleo é a jóia da coroa dos recursos naturais líbios"

A conquista de facto da Líbia por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados imperiais é o símbolo da versão moderna da "corrida à África" do século XIX.

Tal como na "vitória" no Iraque, os jornalistas desempenharam um papel fundamental na divisão dos líbios entre vítimas válidas e inválidas. Uma primeira página recente do Guardian mostrava um líbio "pró-Kadafi" aterrorizado e os seus captores de olhos brilhantes que, como intitulado, "festejavam". De acordo com o general Petraeus, existe hoje uma guerra da "percepção... conduzida continuamente pelos meios de informação"

Durante mais uma década, os Estados Unidos procuraram estabelecer um comando militar no continente africano, o AFRICOM, mas este foi rejeitado pelos governos da região, receosos das tensões que daí poderiam advir. A Líbia, e agora o Uganda, o Sudão do Sul e o Congo, representam a oportunidade dos Estados Unidos. Como revelou a Wikileaks e o departamento americano de estratégia contra-terrorista (National Strategy for Counterterrorism ? White House), os planos americanos para o continente africano são parte de um projecto global, no quadro do qual 60 mil elementos das forças especiais, incluindo esquadrões da morte, operam já em mais de 75 países, número que aumentará em breve para 120. Como já dizia Dick Cheney no seu plano de "estratégia de defesa": Os Estados Unidos desejam simplesmente dominar o mundo.

Que esta seja a dádiva de Barack Obama, o "filho de África", ao seu continente é incrivelmente irónico. Não é? Como explicava Frantz Fanon no seu livro "Pele negra, máscaras brancas", o que importa não é a cor da tua pele, mas os interesses que serves e os milhões de pessoas que acabas por trair.

20/Outubro/2011

O original encontra-se em www.johnpilger.com/articles/the-son-of-africa-claims-a-continents-crown-jewels .
Tradução de MQ.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A OTAN e o seu paraiso. BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-otan-e-o-seu-paraiso DATE: Sun, 30 Oct 2011 10:25:48 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Ossiám

Os líbios nada tenhem que celebrar:


As matanças que continuam

Mais de 120 mil mortos inocente e de 200 mil feridos.

Perto de 50 mil desaparecidos e seqüestrados.

A lei Sharia

Nom poder comer, nem levar aos nenos ao colégio, nem ir ao hospital por que estám destruídos polas bombas ?humanitárias? da NATO

Tiram-lhes a sua soberania

Roubam-lhes as suas riquezas naturais.

Invadem, ocupam Líbia

Construçom de bases militares NATO/AFRICOM

----- COMMENT: AUTHOR: manuel [Membro] DATE: Sun, 30 Oct 2011 14:54:08 +0000 URL: https://www.rtp.pt/play/direto/antena1fado

Organização Terrorista do Atlântico [do] Norte. O nome diz a coisa.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os mercenários estám a reprimir aos gregos BASENAME: canta-o-merlo-os-mercenarios-estam-a-reprimir-aos-gregos DATE: Mon, 24 Oct 2011 16:48:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A polícia estrangeira anti-motins já está a operar na Grécia

Por: David Malone/www.golemxiv.co.uk

A UE tem a sua própria polícia anti-motins em condiçons de operar em qualquer país europeu, sem que responda a nengum deles. Chama-se Gendarmería Europeia (Eurogendfor). Está com a sua sede na Itália mas financiada e administrada por seis países signatários França, Itália Holanda, Espanha, Portugal e Rumania. Por enquanto segundo o Tratado.

Esta polícia formou-se com o objecto de enfrontar motins e desordens civis e como o anuncia o Tratado deve achar-se integrada por membros policiais com estatuto militar Há umha foto que a amostra Quando viram vocês que as forças policiais, ainda as anti motins ataquem com baionetas? A força, cuja sede é a Itália, compoem-se de 3 mil homens, repartidos em duas brigadas de acçom rápida. Dado que por enquanto Grécia nom é membro da Eurogendfor, nengum dos seus agentes/soldados (?) falará grego. E contodo podem operar na Grécia. Consultei aos meus amigos atenienses e confirmaram-mo. Contactei também ? ou tentado contactar ? duas vezes directamente a Eurogendfor, com o objecto de verificar os factos. Ainda nom funciona o correio electrónico da sua web. Pode-se tentar mas no últimas quatro horas quando oprimo enviar, obtenho esta resposta:

Que passará se se descobre que é verdade que o governo grego tem convidado a umha polícia case militar anti motins integrada por pessoas de outras naçons para operar na Grécia contra os seus próprios cidadaos? Nom é suficiente a polícia grega? Nom estám dispostos os militares gregos a cortar cabeças? Fai falta que sejam estrangeiros os que o fagam por eles? Que diferença há entre Eurogendfor e qualquer outra força mercenária? O governo grego poderia convidar a qualquer outro exército privado. Nom importa como enquadrar a Eurogendfor, a verdade é que o povo grego nom votou a favor deste tratado e também nom se lhe perguntou se está de acordo com que forças estrangeiras case militares podam operar na Grécia. Se esta história resulta verdadeira, significa que o governo grego como todos os governos que no curso da história perderam toda a legitimidade com a sua própria gente, busca o apoio militar de forças estrangeiras com as quais reprimir ao seu próprio povo. Visto assim, aqui entra finalmente em jogo a palavra tirania. E é umha palavra que tem conseqüências extremadamente graves.

Retrocedamos um passo. Os recortes na Grécia acham-se intimamente vinculados com o ?salvamento? dos bancos franceses e alemáns, nem sequer com os proprietários gregos da banca grega. O povo grego vem-se manifestando há meses contra o ?salvamento??. O governo grego há ignorado ao seu povo e escolheu seguir as ordens das elites da UE, do FMI, do BCE e da maior parte dos bancos a nível global.

Agora bem presume-se que umha força anti motins militarizada nom grega poderia chegar para impor austeridade. Quais som as ordens que em verdade estám a seguir? A que interesses estariam a servir? Os dos bancos?

A classe financeira tem ademais o seu próprio pessoal policial anti motins para enviá-lo onde a gente pretenda desafiá-los e onde a polícia local possa nom ser suficientemente ?confiável? ao serviço dos interesses supranacionais dos bancos?

David Malone é autor de um blog, documentalista da BBC e autor do livro ?Debt Generation?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Mecanismo Europeu de Estabilidade ou o GRANDE GOLPE DE ESTADO dado polos banqueiros na Europa BASENAME: canta-o-merlo-mecanismo-europeu-de-estabilidade-ou-o-grande-golpe-de-estado-dado-polos-banqueiros-na-europa DATE: Sun, 23 Oct 2011 18:48:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.resistir.info

MEE, um golpe de estado em 17 países

por Rudo de Ruijter [*]

Nota preliminar: Não confundir o MEE com os actuais fundos de socorro europeus, o MESF e o FESF.

Como mencionado no artigo anterior sobre este assunto, "MEE, o novo ditador europeu" , os ministros das Finanças dos 17 países do euro assinaram um tratado para o estabelecimento do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). O seu objectivo é fazer com que os cidadãos europeus paguem as centenas de milhares de milhões de euros dispendidos com "acções de socorro" para salvar o euro e estrangular qualquer possibilidade de intervenção dos parlamentos.

Bruxelas, aparentemente, não quer que os cidadãos tomem conhecimento do conteúdo deste tratado. Até o dia da redacção deste artigo, não pude encontrar senão uma única versão em inglês na Internet (mas 96,5% da população da zona euro fala outras línguas!).

Curiosamente, tão pouco a assinatura deste novo tratado europeu foi notada pela imprensa internacional ? apesar das dezenas de jornalistas que estiveram presentes na conferência de imprensa que o anunciou (ver foto acima). Talvez porque Juncker o tenha anunciado rapidamente em francês, antes de prosseguir a conferência em inglês (?). Além disso, muitos jornalistas ainda confundem este novo tratado MEE com os seus antecessores (ilegais), o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira e o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. Eles são mais conhecidos pelos seus nomes em inglês: European Financial Stabilisation Mechanism (EFSM) e European Financial Stability Facility (EFSF). O EFSM / EFSF têm uma capacidade de empréstimo de ?440 mil milhões (1320 euros por euro-cidadão!). O MEE não tem limite.

Alguns parlamentares que ouviram falar do MEE acreditam erradamente que mantêm o poder através do seu ministro das Finanças. Contudo, como este último será promovido a governador do MEE, ele não terá mais contas a prestar ao parlamento nacional (nem a quem quer que seja) quanto às decisões que tomar no quadro do MEE. Se o Parlamento ratificar o tratado, é este tratado internacional que tornará prioritário em relação às legislações nacionais.

No momento em que escrevo, o tratado ainda deve ser ratificado pelos Parlamentos nacionais em todos os 17 países, a menos que isto já tenha sido feito aqui e ali de modo silencioso.

MEE, um golpe de estado em 17 países

Se por golpe de estado entendermos a tomada do poder real e a limitação do poder do Parlamento nacional democraticamente eleito, então o tratado do MEE é um golpe de estado nos 17 países simultaneamente.

Isto está inteiramente de acordo com a filosofia da Comissão Europeia. Segundo o seu presidente Barroso, deve ser o governo económico da União Europeia, que deve definir as acções que os governos nacionais devem executar . (28/Set/11) [1]

O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) não é tanto um mecanismo e sim uma nova administração da União Europeia. O objectivo declarado é fornecer empréstimos (sob condições estritas) a países do euro que já não podem cumprir suas obrigações financeiras. Ele retomará as tarefas do EFSF e do EFSM mencionadas acima e será gerido por um Conselho de Governadores. Estes serão os 17 ministros das Finanças dos países do euro situados na União Europeia.

O tratado do MEE diz, no seu artigo 8, que este órgão disporá de um capital social de 700 mil milhões de euros. A seguir, no seu artigo 19, precisa-se que o Conselho dos Governadores pode decidir mudar este montante e, em consequência, adaptar o artigo 8. No artigo 9 é dito que o Conselho dos Governadores pode exigir a qualquer momento a entrega do capital social ainda não pago (e isto em menos de 7 dias). De facto, diz-se que o MEE pode exigir dinheiro dos países membros de modo ilimitado. O tratado não prevê direito de veto para os Parlamentos nacionais.

Unânime

Segundo o artigo 5.6 o Conselho dos Governadores deve tomar as decisões acima por unanimidade. Todo o Conselho deve portanto votar "a favor".

A primeira vista é muito estranho que o funcionamento do tratado dependa inteiramente da unanimidade dos 17 ministros das Finanças da zona euro. Quando se vê quantos esforços são precisos neste momento para a conclusão de um acordo sobre a entrega de empréstimos já prometidos à Grécia, não seria de esperar que a União Europeia construísse um tratado que parte exactamente do princípio de que esta unanimidade existe ou pode ser conseguida.

A zona euro consiste num reflexo variegado da diversidade da Europa: os Países Baixos, a Bélgica, o Luxemburgo, a Alemanha e a França e depois a Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, Malta, Grécia, Eslováquia, Eslovénia e finalmente a Estónia e a Finlândia. De facto, os 17 ministros formam igualmente uma companhia variegada. Cada um deles representa um país com interesses diferentes. E deles se espera a unanimidade? Como é possível?

Para compreender isso devemos olhar um pouco mais longe. No MEE são realmente os 17 ministros das Finanças que votam todas as decisões importantes, mas ainda há outras pessoas que estão presentes em todas as suas reuniões, oficialmente como "observadores". Por que estes ministros têm necessidade de observadores? Para verificar se fazem bem o que deles se espera?

Os referidos observadores são em número de três:
o membro da Comissão Europeia que está encarregado dos assuntos económicos e monetários;
o presidente do Grupo Euro (um clube informal destes 17 ministros das Finanças);
e o presidente do Banco Central Europeu! [2]

Portanto, se podemos esperar uma unanimidade espontânea dos 17 ministros das Finanças, será a influência exercida por estes observadores que os chegará a pô-los de acordo. Para compreender que influência a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu podem exercer sobre os nossos ministros, olhemos as coisas um pouco mais de perto.

Quem são os ministros das Finanças?

Em geral são pessoas que vão e vêm. Mais frequentemente eles são nomeados após eleições parlamentares, que desembocam primeiro sobre negociações para formar uma coligação maioritária a expensas das promessas eleitorais e que são seguidas por pressões para o preenchimento das pastas importantes, como o Ministério do Interior, da Economia e das Finanças.

Trata-se, mais habitualmente, de pessoas que ambicionam uma carreira política e que foram promovidas por partidos políticos. No caso favorável, elas dispõem de capacidades para conduzir um ministério. Uma tal pessoa pode ter a direcção da Defesa e depois, em outra ocasião, ser nomeado ministro da Educação ou dos Assuntos Sociais. O conhecimento do assunto é geralmente considerado menos importante do que as capacidades dirigentes.

A economia não são as Finanças

Assim, temos nos Países Baixos um ministro das Finanças, Jan Kees de Jager, que está coberto de diplomas de economia, mas que, inicialmente, dava pouca impressão de compreender alguma coisa de finanças. Uma das suas primeiras ideias foi propor uma lei que devia proibir estimular as pessoas a retirarem o seu dinheiro do banco. Jan Kees, os bancos não têm dinheiro! Para cada euro que os clientes de um banco como o ING (o maior banco holandês) têm nas suas contas, o banco não tem senão 3 centimos à disposição. Ninguém iria fazer fila por isso, não é? E depois, se o banco central não quer que um banco caia, este pode facilmente resistir a uma "run on the bank" com o dinheiro que lhe é emprestado.

Os ministros das Finanças recem-nomeados geralmente estão loucos de alegria por terem conseguido chegar tão longe nas suas carreiras. Contudo, eles chegam a um mundo de que conhecem pouco ou nada. É o pequeno mundo influente das instituições financeiras internacionais e dos números com zeros infindáveis. Um momento de desatenção basta para que se enganem em dezenas de milhares de milhões de euros (o primeiro-ministro holandês Rutte e Jan Kees de Jager enganaram-se em 50 mil milhões de euros no quadro dos fundos de socorro europeus) [3] . Estes ministros novos são presas fáceis para os conselheiros do BCE e do FMI, que lhe vêem explicar como as coisas funcionam e o que se espera de um bom ministro das Finanças.

Na medida em que estes ministros das Finanças tenham conhecimentos de base em economia, eles poderiam saber que a experiência do euro está votada ao fracasso. Isto já era conhecido em 1970 no arranque do projecto, mas banqueiros e políticos teimosos avançaram com a moeda única apesar de tudo. O problema é que uma moeda única não pode funcionar senão num território económico homogéneo. [4] [5] [6] Eis porque:

A prisão das taxas de câmbio fixas

Quando consumidores, nos países com possibilidades de produtividade mais reduzidas, preferem comprar produtos importados menos caros e melhores, a dívida externa aumenta. Ao mesmo tempo, a produtividade no interior do país diminuirá. Se o país dispuser da sua própria moeda, ele pode desvalorizá-la. Isso torna os produtos de importação mais caros para a sua própria população e os produtos de exportação menos caros para os compradores estrangeiros. A dívida diminuirá e a produtividade aumentará. As desvalorizações eram correntes antes do começo do euro. Agora, com o euro, isso funciona como uma taxa de câmbio bloqueada. Os países menos produtivos são capturados como ratos numa ratoeira. Eles jamais poderão sair das dívidas. É por isso que o método de carregar dívidas ainda mais elevadas sobre estes países é estranho e mal intencionado.

Viva o mercado único dos capitais

Não devemos esquecer que estes países não tinham grandes problemas inultrapassáveis no momento em que entraram na zona euro. Do contrário, não teriam sido admitidos. De facto, os problemas começaram com a sua adesão ao euro. É que simultaneamente a livre circulação dos capitais também se tornou um facto. Bancos existentes dos países do euro afluíam maciçamente para fornecer empréstimos baratos aos novos cidadãos do euro. E uma vez que, com um mesmo capital, os bancos são autorizados a fornecer duas vezes mais hipotecas do que empréstimos para outras utilizações, foram sobretudo habitações o que foi financiado. Os banqueiros esqueceram, contudo, que as pessoas não têm necessidade só de um espaço para habitar, mas também de receitas para reembolsarem seus empréstimos. Eles deveriam ter financiado suficientemente também as actividades económicas. Não foi o que aconteceu. Assim, uma primeira vaga de novos cidadãos do euro encontrou-se com dívidas de que nunca mais poderá sair. O mercado imobiliário afunda-se. Os empresários e seus fornecedores abrem falência, deixando atrás de si uma paisagem desoladora de quarteirões de habitação vazios e não acabados.

As regras problemáticas do euro

Além disso, é preciso saber que os "países com problemas" eram assim designados devido ao facto de que não respondiam às exigências apresentadas pela zona euro, ou seja, um défice orçamental máximo de 3% do PIB e uma dívida do Estado máxima de 60% do PIB. [7] Normalmente não há qualquer problema para um país quando a dívida é o dobro; quando, por exemplo, elas são contrabalançadas por haveres públicos, como é o caso da Grécia. E um défice orçamental de mais de 3% tão pouco deve ser um problema para um país. De facto, o único problema era que os limites colocados pela zona euro se verificaram irrealistas. Quase nenhum dos países membros podia atendê-los. Poder-se-ia dizer que aqueles que estabeleceram exigências não factíveis eram grandes estúpidos, bem como os ministros que prometeram respeitá-las. Seja como for, trata-se de um meio simples para provocar uma crise.

Ovelha negra

Porque quase todos os países haviam ultrapassado os limites fixados, era útil desviar as atenções e apontar com o dedo o aluno mais desobediente. Para a Grécia, eles montaram mesmo toda uma campanha de difamação, na qual participaram igualmente políticos mentirosos holandeses. A Grécia teria escondido a sua dívida [8] , os gregos era ociosos e partiam cedo para a reforma, etc. [9] Rapidamente a Grécia foi atacada de todo lado e teve de pagar juros cada vez mais elevados para os seus empréstimos. Felizmente seus companheiros de classe do euro queriam mesmo ajudar. Jan Kees prometeu mesmo que nós ganharíamos dinheiro com ela.

Dinheiro é poder

Depois de acabar de manobrar a sua vítima e levá-la a perturbações ? mais uma vez: a Grécia não tinha um problema inultrapassável quando acedeu à zona euro em 2001 ? então pode-se aplicar a política da cenoura e do bastão: nós lhe forneceremos empréstimos, mas na condição de... O FMI tem meio século de experiência com este tipo de abuso de poder. Ele aplicou esta política deliberadamente em muitos países em desenvolvimento. Primeiro o país é sobrecarregado de empréstimos, de modo a que já não possa sequer pagar os juros. Estes empréstimos são concedidos para projectos definidos. Estes geralmente são executados por empresas estrangeiras. São elas que recebem o dinheiro dos empréstimos. O país fica com as dívidas. A seguir vende-se tudo o que o país tem de valor a investidores estrangeiros. E, naturalmente, o governo deve cortar as despesas até o osso e a população deve sangrar, para que se compreenda que o FMI é o mestre.

Captura do poder da Comissão Europeia

Se bem que o artigo 122.2 do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia (TFUE) [10] permita ao Conselho Europeu fornecer ajuda financeira membros em aflição (sobre proposta da Comissão Europeia), os lobos da Comissão Europeia não podiam resistir à tentação de erigir o seu próprio FMI ou, mais precisamente, um irmão europeu, que colaboraria estreitamente com o FMI.

Eles avançaram rapidamente, em Maio e Junho de 2010, com o EFSM e o EFSF. Eles tinham um carácter provisório e uma base legal falível. Recentemente a capacidade de empréstimo do EFSF foi aumentada até 440 mil milhões de euros (isso representa 1320 euros por cidadão europeu).

O sucessor é o MEE. Assinado em 11 de Julho de 2011, ele aguarda ratificação pelos Parlamentos nacionais entre esta data e 31 de Dezembro de 2011. O MEE terá um carácter permanente e o poder de exigir somas ilimitadas dos cofres de Estado e de os emprestar sob o risco e as despesas dos cidadãos do euro. Eles começam com um capital social de 700 mil milhões (2100 euros por cidadão da eurozona), mas já falam em montantes de 1500 a 2000 mil milhões, de que pensam ter necessidade...

A emenda do artigo 136

O MEE baseia-se numa emenda do artigo 136 do TFUE aprovada em 23 de Março de 2011 [11] , que de facto constitui um acréscimo de poder da União Europeia. E porque esta emenda baseia-se no artigo 48.6 do Tratado da União Europeia (TUE), isso é ilegal. [12] Mas em Bruxelas eles marimbam-se e mesmo os Parlamentos nacionais consideram as regras democráticas não suficientemente importantes para recusar esta construção ilegal. Com efeito, a consequência seria que a população deveria primeiro pronunciar-se sobre esta extensão do poder de Bruxelas. E este povo débil certamente votaria contra.

O MEE terá o poder de esvaziar os cofres dos Estados sem que os Parlamentos possam se opor. Além disso, esta emenda ? estritamente de acordo com o texto ? torna possível toda uma pilha de outras instituições anti-democráticas que, sob o pretexto de combater a instabilidade do euro, poderão limitar os efeitos da legislação nacional e os direitos dos cidadãos.

Shock and awe

Criar uma crise e capturar o poder. É no momento em que o país está totalmente desorganizado que se pode ordenar as coisas à vontade. É um cenário violento que os defensores da economia do mercado livre têm aplicado desde há décadas em muitos países, como a Inglaterra, Polónia, China, África do Sul, Rússia e Estados Unidos. Recomendo um dos livros mais esclarecedores da nossa era: A doutrina do choque , de Naomi Klein ? uma leitura obrigatória.

Agora é a vez da Grécia. A difamação fez o seu trabalho. Os cidadãos nos outros países euro quase não protestam, e quando o fazem é contra a possível perda do seu dinheiro que os Fundos de Pensão ali investiram. Mas se eles reflectissem um pouco mais compreenderiam que um dia, talvez já amanhã, também eles poderão manobrados dentro de dívidas, pelos fundos de socorro. Isso poderá acontecer de repente, anunciado por um título na imprensa como "Crédit Agricole em risco de falência".

Círculo vicioso

Entretanto, no pânico criado, os Parlamentos aceitam medidas de urgência que na véspera não haviam sequer imaginado serem propostas. Agora o dinheiro dos fundos de socorro deve igualmente servir para salvar os bancos. Criámos portanto um círculo vicioso: os bancos causam os problemas, eles podem lucrar directa e indirectamente dos empréstimos concedidos através das medidas de urgência e agora podem emprestar ainda mais temerariamente, pois as perdas eventuais serão pagas pelos cidadãos do euro!

Abaixo a tomada de decisões por unanimidade

Retorno ao nosso MEE. Este tratado pode funcionar ou tornar-se caduco conforme os 17 ministros das Finanças sejam unânimes ou não. A Comissão Europeia e o BCE têm confiança na sua influência para por os 17 narizes no mesmo sentido.

Na verdade, não é necessário que sejam todos os 17. Uma decisão é igualmente válida quando os ministros não estão todos presentes. Cada ministro representa um certo número de votos, relacionado com o capital subscrito pelo seu país (ver tabela abaixo ). Quando 2/3 dos ministros representando 2/3 do número total de votos estiverem presentes, eles podem votar validamente. E não votar não impede uma decisão unânime ? desde que ninguém vote contra.

Em teoria, um ministro cabeçudo de um pequeno país poderia estragar a festa. Mas seja dito de passagem que ele terá de dispor de uma grande coragem. Barroso não quer mais disso. Ele quer que todos os tratados europeus sejam modificados e que as decisões não precisem mais de ser tomadas por unanimidade. Para o MEE, por exemplo, isso significaria que se a Alemanha, a França, a Itália e os Países Baixos estiverem de acordo, os outros 13 não têm mais nada a dizer. Viva a ditadura de Bruxelas! Viva a União Europeia!

Imunidade

Já estamos habituados a que administradores e representantes do povo não gostem de responder pelas suas palavras e seus actos. Mas no MEE, eles realmente empurram muito a rolha. As regras foram estabelecidas de tal modo que todos aqueles que fazem parte ou trabalham ali poderão ou não fazer como quiserem sem que tenham de responder perante nenhum Parlamento, nenhuma administração nem nenhum juiz. Em casos extremos, um ministro das Finanças poderá ser substituído por outro, que se beneficiará imediatamente dos mesmos privilégios exorbitantes. Um criminoso não poderia desejar um melhor refúgio.

Uma última reflexão

A União Europeia tem a economia do mercado livre como seu princípio declarado. Quase todo o mundo já compreendeu que a desregulamentação dos bancos, a privatização das infraestruturas e a abolição das tarefas do governo conduzem a uma sociedade dura e fustigada por crises. Estes princípios estão ultrapassados. Seus defensores não poderão impô-los senão pela violência. A Grécia não será a última vítima.
08/Outubro/2011

Anexo: Repartição dos votos dos Governadores do MEE, em relação ao capital social subscrito
Membro do MEE

Nº de acções

Subscrição de capital (EUR)
Kingdom of Belgium 243 397 24 339 700 000
Federal Republic of Germany 1 900 248 190 024 800 000
Republic of Estonia 13 020 1 302 000 000
Ireland 111 454 11 145 400 000
Hellenic Republic 197 169 19 716 900 000
Kingdom of Spain 833 259 83 325 900 000
French Republic 1 427 013 142 701 300 000
Italian Republic 1 253 959 125 395 900 000
Republic of Cyprus 13 734 1 373 400 000
Grand Duchy of Luxembourg 17 528 1 752 800 000
Malta 5 117 511 700 000
Kingdom of the Netherlands 400 190 40 019 000 000
Republic of Austria 194 838 19 483 800 000
Portuguese Republic 175 644 17 564 400 000
Republic of Slovenia 29 932 2 993 200 000
Slovak Republic 57 680 5 768 000 000
Republic of Finland 125 818 12 581 800 000
Total 7 000 000 700 000 000 000

Fontes e referências:

[1] Barroso, 28/Setembro/2011, http://euobserver.com/19/113760

[2] Oficialmente o Banco Central Europeu não é um órgão da União Europeia. O BCE é propriedade dos bancos centrais da zona euro. Estes, por sua vez, são independentes dos governos nacionais no sentido de que não recebem ordens. Eles são dirigidos por Conselhos de pessoas privadas. O euro portanto não pertence à União Europeia, nem aos governos nacionais, mas a um cartel de banqueiros privados em Frankfurt, a cidade dos Rothschild. A União Europeia não pode dar ordens ao BCE, mas inversamente o BCE tem poder no interior da UE. Ele dirige o Sistema Europeu dos Bancos Centrais, que ele sim é um órgão da UE. O BCE e os bancos centrais da zona euro são os membros deste órgão. Até onde se deve ir na complexidade para dar o poder de um órgão oficial a uma empresa privada?
www.europarl.europa.eu/...

[3] Vrijspreker , 22/Julho/2011 *
Tradução: O governo holandês e a Comissão Europeia contradizem-se sobre o volume do pacote de ajuda para a Grécia. Segundo o Ministério das Finanças trata-se de um montante de 109 mil milhões de euros, dos quais 50 mil milhões vêm dos bancos e de outras instituições financeiras. Segundo a Comissão Europeia os governos pagam 109 mil milhões e a eles acrescentam-se 50 mil milhões das instituições privadas. O Banco Central Holandês (DN&amp;#66;&amp;#41; não sabe. "Também estamos curiosos para saber como é", disse um porta-voz do DNB. O Banco Central Europeu refere-se à Comissão Europeia.

[4] Em estudos científicos sobre as "optimum currency areas" (regiões óptimas para uma moeda) podemos distinguir os estudos centrados sobre as condições necessárias e aqueles posteriores a 1970 (quando os políticos haviam decidido que queriam uma moeda única) que estão mais centrados sobre os custos e os benefícios.

Roman Horvath e Lubos Komarek em "OPTIMUM CURRENCY AREA THEORY: AN APPROACH FOR THINKING ABOUT MONETARY INTEGRATION" (2002) (ver tradução abaixo):

"It is possible to distinguish two major streams of the optimum currency area literature. The first stream tries to find the crucial economic characteristics to determine where the (illusionary) borders for exchange rates should be drawn (1960s-1970s). The second stream (1970s-till now) assumes that any single country fulfills completely the requirements to make it an optimal member of a monetary union. As a result, the second approach does not continue in the search for characteristics, identified as important for choosing the participants in an optimum currency area. This literature focuses on studying the costs and the benefits to a country intending to participate in a currency area."

"É possível distinguir duas correntes principais na literatura sobre as regiões óptimas para uma moeda. A primeira corrente tentar encontrar as características económicas cruciais para determinar onde deveriam ser estabelecidas as fronteiras (imaginárias) para as taxas de câmbio (anos 1960 e 1970). A segunda corrente (da década de 1970 até agora) assume que qualquer país individual preenche completamente as exigências para torná-lo um membro óptimo de uma união monetária. Em consequência, a segunda abordagem não continua a investigação de características, identificadas como importantes para escolher os participantes numa região monetária óptima. Esta literatura centra-se no estudo dos custos e benefícios para um país que pretenda participar numa região de união monetária".
http://wrap.warwick.ac.uk/1539/1/WRAP_Horvath_twerp647.pdf , page 7.

Friedman descreve assim as vantagens das taxas de câmbio flexíveis: "Como se constata habitualmente, os preços e os salários num país são relativamente rígidos e estes factores são imóveis entre países. Em consequência, aquando de uma procura negativa ou de um choque na oferta, o único instrumento para evitar uma inflação maior ou o desemprego é uma mudança na taxa de câmbio flexível (o que quer dizer revalorizar ou desvalorizar a moeda). Isto trará outra vez a economia para o equilíbrio interno e externo inicial. (...) Sob o regime de taxas de câmbio fixas, haveria sempre o impacto desagradável do desemprego ou da inflação".
http://wrap.warwick.ac.uk/1539/1/WRAP_Horvath_twerp647.pdf , page 8.

[5] Yrd. Doç. Dr. Hüseyin Mualla YÜCEOL, Mersin Üniversitesi Ýktisadi ve Ýdari Bilimler Fakültesi, Maliye Bölümü, em "WHY THE EUROPEAN UNION IS NOT AN OPTIMAL CURRENCY AREA: THE LIMITS OF INTEGRATION" ("PORQUE A UNIÃO EUROPEIA NÃO É UMA REGIÃO MONETÁRIA ÓPTIMA: OS LIMITES DE UMA INTEGRAÇÃO")

"A Europa não é uma monetária óptima. Contudo, em 1 de Janeiro de 1999 onze países da UE arrancaram com uma União Monetária Europeia adoptando uma moeda partilhada, o euro, se bem que a UE não responda a todos os critérios para uma região monetária óptima. Além disso, aderir à UE não é a mesma coisa que aderir ao euro, tanto para os antigos como para os novos membros".
http://eab.ege.edu.tr/pdf/6_2/C6-S2-M6.pdf , page 66

[6] Paul de Grauwe, excertos de um discurso (ver tradução abaixo):

"With up to twenty-seven members instead of the present twelve, the challenge for ensuring a smooth functioning of the enlarged Eurozone will be daunting. The reason is that in such a large group the probability of what economists call 'asymmetric shocks' will increase significantly. This means that some countries may experience a boom and inflationary pressures while others experience deflationary forces. If too many asymmetric shocks occur, the ECB will be paralyzed, not knowing whether to increase or to reduce the interest rates. As a result, member countries will often feel frustrated with the ECB policies that do not (and cannot) take into account the different economic conditions of the individual member countries. This leads us to the question whether the enlarged EMU will, in fact, be an optimal currency area." (...)

"If a country is hit by negative shocks brought about by agglomeration effects, the wage cuts necessary to deal with these shocks will inevitably be very large. To give an example: If Ford Motor were to close down a plant in Belgium and to invest in Poland instead, the wage cut of Belgian workers that would convince Ford Motor not to make this move would have to be 50% or more given that the wage not feasible, then flexibility dictates that the Belgian workers be willing to move."

"Com vinte e sete membros ao invés dos doze actuais, o desafio de assegurar o funcionamento suave da eurozona ampliada será terrível. A razão para isso é que num grupo tão grande a probabilidade daquilo que os economistas chamam de "choque assimétrico" aumentará significativamente. Isto significa que alguns países podem experimentar um boom e pressões inflacionárias enquanto outros experimentam forças deflacionárias. Se demasiados choques assimétricos se verificarem, o BCE será paralisado, não sabendo se deverá aumentar ou reduzir as taxas de juro. Em consequência, países membros muitas vezes sentir-se-ão frustrados com as políticas do BCE que não levam em conta (nem podem) as diferentes condições económicas dos países membros individuais. Isto nos conduz à questão de saber se a União Monetária Europeia ampliada será de facto uma região monetária óptima". (...)

"Se um país é atingido por choques negativos provocados pela aglomeração de efeitos, os cortes salariais para tratar destes choques serão inevitavelmente muito grandes. Um exemplo: Se a Ford Motor fosse encerrar uma fábrica na Bélgica e investir na Polónia, em substituição, o corte salarial de trabalhadores belgas que convenceria a Ford Motor a não se deslocalizar teria de ser 50% ou maior. Uma vez que tal corte não é factível, então a flexibilidade determina que os trabalhadores belgas aceitariam deslocalizar-se".
mostlyeconomics.wordpress.com/

[7] Estas são as exigência do "Pacto de Estabilidade e de Crescimento".

[8] Nikolaos Salavrakos, Membro do Parlamento Europeu em "Is there a way out?"
http://www.efdgroup.eu/news/99-the-greek-fiscal-crisis-is-there-a-way-out.html

[9] Estatísticas da OCDE
http://www.oecd.org/document/47/0,3746,fr_2649_34747_39374006_1_1_1_1,00.html

[10] Artigo 122.2 do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia:
eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:fr&amp;#58;&amp;#80;DF

"Quando um Estado membro experimenta dificuldades ou uma ameaça séria de graves dificuldades, devido a catástrofes naturais ou acontecimentos excepcionais que escapam ao seu controle, o Conselho, sob proposta da Comissão, pode conceder, sob certas condições, uma assistência financeira da União ao Estado membro afectado. (...)"

[11] Resolução do Parlamento Europeu de 23 de Março de 2011 sobre o projecto de decisão do Conselho Europeu modificando o artigo 136 do tratado sobre o funcionamento da União Europeia
www.europarl.europa.eu/...

[12] art 48.6 Treaty of the European Union
eur-lex.europa.eu

Tratado que estabelece o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE):
http://consilium.europa.eu/media/1216793/esm%20treaty%20en.pdf

Ver também:
Do "golpe de Estado da Eurozona" ao isolamento trágico do Reino Unido , GEAB, 15/Maio/2010
EFSF Newsletter , nº 2, Julho/2011
Governo português aprova resolução para criar mecanismo permanente que substituirá o actual fundo de resgate , 13/Outubro/2011

[*] Investigador independente, courtfool@orange.nl

O original encontra-se em http://www.courtfool.info/fr_MES_un_coup_d_etat_dans_17_pays.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os novos NEGÓCIOS gregos BASENAME: canta-o-merlo-os-novos-negocios-gregos DATE: Sun, 23 Oct 2011 18:39:43 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

O governo dos EUA aprovou a entrega de 400 tanques Abrams à Grécia, tendo enviado ao seu governo uma carta quanto ao preço e disponibilidade. Por sua vez, o governo francês insiste em vender três fragatas à Grécia, o que tem provocado desgosto entre concorrentes da construção naval alemã. Assim se vê de onde vem o endividamento grego. Ao mesmo tempo, pode-se apreciar a qualidade de gestão de um governo sob a tutela da Troika FMI/BCE/UE.

A maior parte da actual devida grega é por prestamos da banca francesa e alemám para lhe mercar armamento às indústrias bélicas dos últimos países. E os capatazes gregos seguem na mesma para assim aferrolhar às classes trabalhadoras e ao povo grego. Viva o capitalismo!

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Khadafi chamou COVARDE por telefone a Obama BASENAME: canta-o-merlo-libia-khadafi-chamou-covarde-a-obama DATE: Sun, 23 Oct 2011 10:36:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Military News / http://leonorenlibia.blogspot.com/

Sábado, 22 de Outubro de 2011 18:19

Filtraçom chinesa: Obama chamou a Gaddafi antes de iniciar-se bombardeios sobre Líbia. Gaddafi chamou-no covarde.

Umha equipa de especialistas chineses em informaçom encriptada e comunicaçom satelital asseguraram hoje que contam com evidência sobre umha conversaçom realizada o 18 de Março de 2011 polo presidente de Estados Unidos, Barak Hussein Obama, horas antes do início dos primeiros bombardeios a Líbia quando Estados Unidos atirou os seus primeiros mísseis contra as forças de Muammar Gaddafi.

Os especialistas asseguraram que o presidente Obama tentaria convencer a Gaddafi de negociar umha saída ao conflito instado por sectores do partido republicano e o complexo militar industrial estadounidense. Instantes depois, avions franceses levárom a cabo o primeiro ataque em território líbio: umha aeronave havia destruído um tanque militar.

A espécie jornalística está a circular polos principais centros de informaçom das forças da NATO, que nom confirmam ou desmentim a conversaçom entre o líder líbio -recentemente assassinado por forças rebeldes da CNT- no que Gadaffi nom aceitaria nengum condicionamento, reclamando a Obama pola sua covardia frente às forças de Al-Qaeda, quem perpetraram o ataque a território de Estados Unidos, mas agora eram aliadas do Pentágono.

As filtraçons da equipa chinesa de comunicaçom mencionam a desesperada pressom de Sarkozy sobre o Pentágono para adiantar os bombardeios para desviar as críticas da populaçom francesa pola crise económica que atravessa a Uniom Europeia.

Gaddafi disso a Obama que a sua aliança com Al-Qaeda era o seu insucesso e a sua traiçom ao povo dos Estados Unidos. ?Nós morreremos aqui, como patriotas?, disso Gaddafi antes de interromper a comunicaçom satelital.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Khadafi morreu combatendo com dignidade e coerência BASENAME: canta-o-merlo-libia-khadafi-morreu-combatendo-com-dignidade-e-coerencia DATE: Fri, 21 Oct 2011 03:08:12 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Miguel Urbano Rodrigues

A foto divulgada pelos contra-revolucionários do CNT elimina dúvidas: Muamar Khadafi morreu.

Notícias contraditórias sobre as circunstâncias da sua morte correm o mundo, semeando confusão. Mas das próprias declarações daqueles que exibem o cadáver do líder líbio transparece uma evidência: Khadafi foi assassinado.

No momento em que escrevo, a Resistência líbia ainda não tornou pública uma nota sobre o combate final de Khadafi. Mas desde já se pode afirmar que caiu lutando.

A midia a serviço do imperialismo principiou imediatamente a transformar o acontecimento numa vitória da democracia, e os governantes dos EUA e da União Europeia e a intelectualidade neoliberal festejam o crime, derramando insultos sobre o último chefe de Estado legitimo da Líbia.

Essa atitude não surpreende, mas o seu efeito é oposto ao pretendido: o imperialismo exibe para a humanidade o seu rosto medonho.

A agressão ao povo da Líbia, concebida e montada com muita antecedência, levada adiante com a cumplicidade do Conselho de Segurança da ONU e executada militarmente pelos EUA, a França e a Grã Bretanha deixará na História a memória de uma das mais abjectas guerras neocoloniais do início do século XXI.

Quando a OTAN começou a bombardear as cidades e aldeias da Líbia, violando a Resolução aprovada sobre a chamada Zona de Exclusão aérea, Obama, Sarkozy e Cameron afirmaram que a guerra, mascarada de «intervenção humanitária», terminaria dentro de poucos dias. Mas a destruição do país e a matança de civis durou mais de sete meses.

Os senhores do capital foram desmentidos pela Resistência do povo da Líbia. Os «rebeldes», de Benghazi, treinados e armados por oficiais europeus e pela CIA, pela Mossad e pelos serviços secretos britânicos e franceses fugiam em debandada, como coelhos, sempre que enfrentavam aqueles que defendiam a Líbia da agressão estrangeira.

Foram os devastadores bombardeamentos da OTAN que lhes permitiram entrar nas cidades que haviam sido incapazes de tomar. Mas, ocupada Tripoli, foram durante semanas derrotados em Bani Walid e Sirte, baluartes da Resistência.

Nesta hora em que o imperialismo discute já, com gula, a partilha do petróleo e do gás libios, é para Muamar Khadafi e não para os responsáveis pela sua morte que se dirige em todo o mundo o respeito de milhões de homens e mulheres que acreditam nos valores e princípios invocados, mas violados, pelos seus assassinos.

Khadafi afirmou desde o primeiro dia da agressão que resistiria e lutaria com o seu povo ate à morte.

Honrou a palavra empenhada. Caiu combatendo.

Que imagem dele ficará na História? Uma resposta breve à pergunta é hoje desaconselhável, precisamente porque Muamar Khadafi foi como homem e estadista uma personalidade complexa, cuja vida reflectiu as suas contradições.

Três Khadafis diferentes, quase incompatíveis, são identificáveis nos 42 nos em que dirigiu com mão de ferro a Líbia.

O jovem oficial que em 1969 derrubou a corrupta monarquia Senussita, inventada pelos ingleses, agiu durante anos como um revolucionário. Transformou uma sociedade tribal paupérrima, onde o analfabetismo superava os 90% e os recursos naturais estavam nas mãos de transnacionais americanas e britânicas, num dos países mais ricos do mundo muçulmano. Mas das monarquias do Golfo se diferenciou por uma politica progressista. Nacionalizou os hidrocarbonetos, erradicou praticamente o analfabetismo, construiu universidades e hospitais; proporcionou habitação condigna aos trabalhadores e camponeses e recuperou para uma agricultura moderna milhões de hectares do deserto graças à captação de águas subterrâneas.

Essas conquistas valeram-lhe uma grande popularidade e a adesão da maioria dos líbios. Mas não foram acompanhadas de medidas que abrissem a porta à participação popular. O regime tornou-se, pelo contrário, cada vez mais autocrático. Exercendo um poder absoluto, o líder distanciou-se progressivamente nos últimos anos da política de independência que levara os EUA a incluir a Líbia na lista negra dos estados a abater porque não se submetiam. Bombardeada Tripoli numa agressão imperial, o país foi atingido por duras sanções e qualificado de «estado terrorista».

Numa estranha metamorfose surgiu então um segundo Khadafi. Negociou o levantamento das sanções, privatizou empresas, abriu sectores da economia ao imperialismo. Passou então a ser recebido como um amigo nas capitais europeias. Berlusconi, Blair, Sarkozy, Obama ,Sócrates receberam-no com abraços hipócritas e muitos assinaram acordos milionários , enquanto ele multiplicava as excentricidades, acampando na sua tenda em capitais europeias.

Na última metamorfose emergiu com a agressão imperial o Khadafi que recuperou a dignidade.

Li algures que ele admirava Salvador Allende e desprezava os dirigentes que nas horas decisivas capitulam e fogem para o exílio.

Qualquer paralelo entre ele e Allende seria descabido. Mas tal como o presidente da Unidade Popular chilena, Khadafi, coerente com o compromisso assumido, morreu combatendo. Com coragem e dignidade.

Independentemente do julgamento futuro da História, Muamar Khadafi será pelo tempo afora recordado como um herói pelos líbios que amam a independência e liberdade. E também por muitos milhões de muçulmanos.

A Resistência, aliás, prossegue, estimulada pelo seu exemplo.
Vila Nova de Gaia, no dia da morte de Muamar Khadafi

O original encontra-se em www.pcb.org.br/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A mentira como arma de guerra. Crer nos ?midias? do países OTAN é ser parvo BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-mentira-como-arma-de-guerra-crer-nos-midias-do-paises-otan-e-ser-parvo DATE: Tue, 18 Oct 2011 14:12:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

ARGÉLIA ISP / Segundo a TV síria El Rai, Bani Walid nom caiu. Todo o informado polos médios de comunicaçom ontem à noite é falso e umha mentira. Forma parte da guerra psicológica.

Bani Walid caiu segundo Eljazeera, Elarabia, e outras cadeias ocidentais, a realidade é que a cidade está sob o controle da resistência líbia.

O envio de vídeos da infiltraçom da cidade de 30 minutos em todos os canais de televisom ao redor do mundo, enquanto no terreno a resistência líbia defende sua cidade também.

Os sicários pseudo actores que vemos na Eljazeera, Elarabia desfiar polas ruas de Bani Walid morrêrom no minuto 31 por balas de franco-atirador ou mísseis de detecçom térmica. Ontem, o hospital em Tripoli, recebeu 70 corpos de mercenários mortos em frente de Bani Walid, após violentos confrontos com os heróis de Bani Walid.

Hoje, em Bani Walid, a cerca de 150 corpos de sicários fôrom espalhados ao lado da escola Okba Bani Nafa na rua El Manchousse e mais de 50 corpos de mercenários no mercado regional de Nahike.

Após batalhas ferozes, Bani Walid tornou-se num cemitério a céu aberto para os mercenários, as ruas de Bani Walid estám cobertas de corpos de sicários

Também a CNT mente às famílias dos mercenários, dizendo-lhes que seu filho foi enviado a umha missom ou morrêrom em acidente de carro

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Os nazis cavalgam de novo. A NATO bombardeou umha pacífica manifestaçom em Tripoli. BASENAME: canta-o-merlo-libia-os-nazis-cavalgam-de-novo-a-nato-bombardeou-umha-pacifica-manifestacom-em-tripoli DATE: Mon, 17 Oct 2011 15:52:01 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Brian Souter informa...17/10

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Sangue por todo. Crianças, mulheres. Éramos umha manifestaçom pacífica e a NATO bombardeou selvagemente.

Agora podemos retroceder às alegaçons de que o governo líbio havia bombardeado manifestaçons pacíficas e levou à resoluçom da ONU...mas sabemos e podemos comprovar que a NATO é a única que realmente bombardeia pacíficos manifestantes enquanto a ONU e Human Rights mantem-se em silêncio.

Tropas estrangeiras em Líbia por todas partes. Os mercenários disparam a qualquer lugar enquanto a NATO bombardeia a civis.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A rota da heroína BASENAME: canta-o-merlo-a-rota-da-heroina DATE: Fri, 14 Oct 2011 22:31:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org

Sob o mando do presidente Hamid Karzai do Afeganistám, o seu irmao menor converteu-se no maior negociante mundial de papoula, esta foi a causa pola que derrocárom militarmente aos talibáns, archi-enemigos de quem comerciaram com este narcótico, levando a sua produçom a zero, pois a quem lhe a encontrassem era afusilado de jeito imediato.

A heroína hoje deambula nos mercados internacionais depois que os Estados Unidos fizessem a maior operaçom militar da história aeronáutica do mundo, cento vinte mil homens fôrom atirados sobre céus afegáns e bombardeárom com os B-52 as cova de Tora Bora, imediatamente o mercado mundial da heroína floresceu em 80% já que toda vem destas terras controladas pola força militar mais grande que conhecesse o planeta.

Este látex branco já processado em heroína é transportado pola aviaçom militar estadounidense para Kosovo concretamente à base militar estadounidense conhecida como Camp Bondsteed, ali é recebida polos homens do traficante mundial Hacim Thaci, quem a distribuem para Europa e a EE.UU.

Os fundos obtidos som enviados à CIA para o financiamento de todas as suas ilegais intervençons e operaçons a nível mundial.

Enquanto, o terrorismo internacional impulsionado pola Organizaçom do Tratado do Atlântico é pagado com o dinheiro do narcotráfico.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Combates em Tripoli BASENAME: canta-o-merlo-libia-combates-em-tripoli DATE: Fri, 14 Oct 2011 21:58:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A agência Reuters informa de confrontos em Tripoli

Segundo Reuters: "Um tiroteio eclodiu na capital líbia, Tripoli, na sexta-feira entre 20 a 50 milicianos armados e os mercenários da NATO" Os combates estám ocorrendo, em Abu Salim e Hadhba, nom há informaçons específicas sobre o estado / resultado desses confrontos. Estas luitas fôrom inspirados pola mensagem para se levantar no dia 14 de Outubro. Enquanto, as bandas de mercenários da OTAN estám preparando umha ofensiva final em Sirte, pola quinta vez no que vai de mês, supostamente, com armamento muito mais pesado (como se eles nom usaram armas pesadas antes ..).

----- COMMENT: AUTHOR: Plácido Pérez Sanjurjo [Visitante] DATE: Sun, 16 Oct 2011 09:50:05 +0000 URL:

José Alberte: vendo que muito amiúde escreves novas sobre a guerra na Líbia, deixo aqui uns enlaces (que tal vez já conheças) polos que eu sigo quase a diário as últimas notícias da frente vistas do lado da resistência:
Blog de Allain Jules: http://allainjules.com/
Blogs de resistência líbia em espanhol: http://libia-sos.blogspot.com/ http://resistencialibia.info/
Sítio de notícias desde Algéria: http://www.algeria-isp.com/

Mas como tens escrito muito sobre economia, gostaria saber que pensas acerca destes últimos boletins do GEAB,segundo os quais faltan apenas uns dias para um grande colapso financeiro que atingiria sobretudo a USA, UK, e Japão.

http://www.leap2020.eu/El-GEAB-N-57-esta-disponible-Crisis-sistemica-global-El-cuarto-trimestre-2011-Fusion-implosiva-de-los-activos_a7647.html

Atentamente

Plácido Pérez Sanjurjo

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - TÁCTICAS DOS GENOCIDAS DA NATO BASENAME: canta-o-merlo-libia-tacticas-dos-genocidas-da-nato DATE: Thu, 13 Oct 2011 12:36:33 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Estamos a viver umha nova tentativa dos agressores de manipular a situaçom em Líbia para poder dar outro salto. Sabemos que os agressores da organizaçom armada estám a utilizar o controlo dos médios de comunicaçom e a manipulaçom como ferramenta de guerra, ademais do assédio, as bombas, milhares de mercenários de todo mundo e a armada mais grande do mundo frente a um país de só 6 milhons de habitantes e já mataram mais de 1% da populaçom. Que em Espanha equivaleria a matar 500.000 pessoas.
Nom esqueçamos que a grande maioria som civis incluindo crianças, idosos, mulheres,...

-Os bombardeios aumentárom enquanto falam de que se retiram os avions porque findárom as missons.
-Ameaça aos líbios. Os que fagam telefonemas internacionais serám localizados com os GPS dos telefones, para logo executa-los.
-Cortárom as comunicaçons normais telefónicas, inclusive as que foram reparadas nas últimas semanas.
-Desembarco demais tropas de mercenários e a UN aprova a entrada em Líbia dos "capacetes azuis".
-Agressons desumanas e inimagináveis às cidades de civis de Sirte e Beni Walit acompanhadas de assédio à povoaçom.

Os agressores falam de liberdade e democracia enquanto entram nas cidades com listas para assassinar aos sublinhados, matam, roubam,...
A NATO realizou já mais de 25.500 saídas e mais de 9500 bombardeios sobre Líbia e os líbios: "para proteger-lhes". Ademais dos mísseis dirigidos desde o mar ao país soberano Líbia e os líbios.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Infanticídio e destruiçom em Líbia: A NATO reflecte a bestialidade e cinismo do capitalismo BASENAME: canta-o-merlo-libia-infanticidio-e-destruicom-em-libia-a-nato-reflecte-a-bestialidade-e-cinismo-do-capitalismo DATE: Wed, 12 Oct 2011 22:33:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://libia-sos.blogspot.com/

Nunca nada nem ninguém pode nem poderá justificar este genocídio em Líbia. A maior parte das vítimas das bombas e dos ataques som ao povo líbio indefeso, às crianças, idosos, aos enfermos e aos civis nas suas casas.

Enquanto nos médios em lugar de defender às pessoas estám justificando as agressons dizendo que som "gadafistas". É que todo Líbia é "Gadafista"?, E as crianças nascem com um gene Gadafista?. Como é possível que as leis internacionais, as comunidades internacionais, os defensores dos direitos humanos, dediquem-se todos a mirar para outro lado?.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A Resistência popular líbia desmascara à NATO e os seus sicários. BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-resistencia-popular-libia-desmascara-a-nato-e-os-seus-sicarios DATE: Wed, 12 Oct 2011 18:42:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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Pavel da Rússia informa...12/10

Novas: O exército de Líbia capturou 16 soldados britânicos que queriam ajudar aos sicários da NATO . O exército de Sirte capturárom um comandante os rebeldes da NATO e alguns dos seus combatentes , todos eles confessaram que eram mercenários estrangeiros .

Vários explosons abalaram Tripoli ontem, hoje os helicópteros da NATO Apache seguem vigiando desde o céu da cidade .

Até agora Sirte e Beni-Walid estám sob o controlo da populaçom civil de Líbia , e os mercenários da NATO estám a sofrer grandes perdas .

O líder de Al-Qaeda -organizaçom criada pola CIA, Mosad, M16, e serviços secretos de Árabia- pediu Az-Zavahiri líbios para viver pelas leis do Shariat e argelinos que se levantam contra o seu governo legítimo.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A imprensa internacional nom informa sobre manifestaçons e confrontos em Trípoli BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-imprensa-internacional-nom-informa-sobre-manifestacons-e-confrontos-em-tripoli DATE: Wed, 12 Oct 2011 14:46:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Outubro 12, 2011

A estratégia desinformativa desenhada diariamente polo escritório político da NATO e da CIA centra-se em anunciar aos quatro ventos a queda iminente de Sirte como o fizérom quase diariamente no último mês.

Contodo silenciam sistematicamente qualquer acto de resistência pacífica ou armada em qualquer parte do país para transmitir a falsa sensaçom de ?tranqüilidade?.

Chegam-nos notícias de numerosas emboscadas em Tripoli nas últimas horas nas que morreriam 23 sicários do chamado polos médios internacionais ao serviço da NATO ?novo regime?, em realidade é a ocupaçom estrangeira militar imperialista com fachada de fascistas locais. Informa-se de confrontos na ponte do distrito de Andalusia, nos distritos de Salahedin e Abu Slim e na periferia da cidade.

Fonte http://www.facebook.com/aljamahiria#!/pages/Libya-Liberal-Youth-to-publish-the-facts-for-Libya-tomorrow/135809009826863

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A NATO, o GENOCIDIO como negocio. BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-nato-o-genocidio-como-negocio DATE: Wed, 12 Oct 2011 11:45:57 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

12/10/11
Twitters de Brian Souter

A NATO declara que a defesa de Sirte polo seu povo complica a "missom" da NATO para "proteger aos civis".

A NATO está a tentar fazer acreditar a ocidente que a defesa de líbia polos civis líbios que defendem as suas próprias casas e as suas famílias, em realidade som mercenários africanos "pro Gadafi". Assim os problemas para invadir Líbia fronte à populaçom que defende o seu país, resolvem-nos rápido, chamando-lhes mercenários.

Contodo os únicos mercenários reais som egípcios, tunisianos e de outros países que utiliza a OTAN para invadir Líbia.

A agenda da OTAN nom se trata de ganhar guerras rápido. Trata-se de manter guerras perpétuamente para o grande benefício dos novos senhores do mundo.

Os sicários estám a assaltar todas as casas dos arredores de Sirte e logo incendeiam-nas.

Nestes momentos todo o oeste de Sirte está em maos do seu povo e agora tentam botar aos mercenários que entrárom polo Leste de Sirte.

Ontem a NATO desembarcou mais tropas nas costas de Líbia.

Sabha: Ontem à noite o exército líbio abandonou um míssil scud com TNT nos arredor da cidade e explorou numha brigada de sicários, o que produziu por volta de 15 baixas.

Os invasores a Líbia tem mais de 1000 prisioneiros cidadaos líbios e por cada mercenário que morre na agressom na frente, executam um líbio do cárcere.

DESDE LÍBIA ZORÁN INFORMA...12/10

ALERTA: 16 pára-quedistas britânicos do regimento 22 SAS de Creden Hill Reino Unido, fôrom capturados em Sirte a passada noite. Todos os demais morrêrom. Os 44 restantes da equipa morrêrom antes de aterrar. As cifras de vítimas aos membros da 82a Airbone de Carolina do Norte, cujo transporte aviom foi derrubado em Ras Lanuf ao tratar de tomar terra para assegurar as maiores jazidas de petróleo de Líbia agora destruídas, ainda nom estám confirmados. Piloto Julián Manyon é o piloto da RAF, ainda permanece em custodia de Líbia.

Como se pode observar a NATO está a tentar umha verdadeira invasom ao país soberano LÍBIA, enquanto o mundo cala e os meios de comunicaçom miram para outro lado.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Declaração da Conferência europeia contra a austeridade e a privatização BASENAME: canta-o-merlo-declaracao-da-conferencia-europeia-contra-a-austeridade-e-a-privatizacao DATE: Wed, 12 Oct 2011 06:36:23 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Resistir.info

Após um dia de intenso debate, análise e planeamento para a cooperação e a acção, a Conferência Europeia contra a austeridade e a privatização ouviu o secretário da Coligação de Resistência, Andrew Burgin, propor a seguinte Declaração, em nome do Comité Preparatório Europeu. A Declaração foi unanimemente aprovada pela Conferência, à qual compareceram mais de 600 pessoas.
"Era mais do que tempo para esta conferência europeia.

Os povos da Europa enfrentam uma crise social, política e económica sem precedentes.

Nossos governos estão a implementar os mais selvagens cortes de despesas destinados a destruir todos os ganhos sociais do período posterior à guerra. Isto arruinará as vidas de milhões ao devastar empregos, pagamentos, pensões, saúde, educação e outros serviços.

A crise financeira mundial de 2008 foi transformada numa crise de dívida do estado ? estados-nação salvaria o sistema financeiro, mas ao assim fazê-lo enfraqueceram gravemente os seus próprios balanços. A Grécia está à beira do incumprimento e outros estados não estarão muito atrás.

A única solução oferecida pela elite dominante é austeridade para a grande maioria e salvamentos para os bancos e o conjunto do sistema financeiro.

Enquanto o povo comum enfrenta grandes dificuldades, milhões de milhões de euros estão a ser despejados nos bolsos dos ricos. Nunca houve uma disparidade maior de riqueza entre o capital e o trabalho ? entre ricos e pobres.

Por toda a Europa os povos estão a revidar. Eles estão determinados a defender suas sociedades e vencer o barbarismo da austeridade. Nosso objectivo é ajudar a unir estas lutas. Precisamos de uma frente europeia comum para defender os povos da Europa. Estamos comprometidos a opor-nos a todos os cortes, privatizações e ataques ao estado previdência e a construir solidariedade com resistência a estes ataques.

Portanto apoiamos a resistência dos sindicatos através de greves e outras formas de acção industrial. Dizemos não a guerras imperialistas e à sua drenagem infindável de recursos e dizemos sim ao bem-estar social, paz e justiça.

Opomo-nos a apresentar comunidades imigrantes como bodes expiatórios da crise económica e à incitação ao racismo e à islamofobia que divide e enfraquece a nossa resistência. Faremos campanha contra a ascensão da extrema-direita que procura fazer isto.

O caminho em frente depende tanto da resistência como da elaboração e promoção de uma estratégia económica alternativa: os bancos devem ser colocados sob controle democrático. Bancos privados devem ser socializados e os mercados financeiros regulamentados. A União Europeia e os governos nacionais devem atender às necessidades do povo ? não impor programas de austeridade. Elevar impostos para os ricos e as corporações. Deve-se renunciar à dívida ilegítima. Os credores devem ser considerados responsáveis. Nós não pagaremos pela sua crise.

Uma estratégia económica e política alternativa apoiaria o bem-estar, desenvolveria lares, escolas e hospitais, protegeria pensões e promoveria uma abordagem verde para a despesa pública ? investindo em energia renovável e transporte público, criando portanto milhões de novos empregos.

Esta conferência resolve construir sobre as ligações desenvolvidas na sua preparação e estabelecer uma coordenação europeia permanente para organizar e suportar a resistência à dívida e à austeridade.

Prometemos apoiar
-as mobilizações dos Indignados em 15 de Outubro,
-as acções contra a dívida e Instituições Financeiras Internacionais de 8 a 16 de Outubro e
-as acções contra a cimeira do G20, em Nice, no mês de Novembro.

Também prometemos trabalhar rumo a um dia de acção comum contra a austeridade em 2012.

Apelamos ao movimento sindical de toda a Europa a que prepare um dia de acção industrial contra a austeridade.
O original encontra-se em http://www.europeagainstausterity.org/10/european-conference-declaration/

Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A NATO e os seus mercenários seguem a machucar ao povo líbio BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-nato-e-os-seus-mercenarios-seguem-a-machucar-ao-povo-libio DATE: Tue, 11 Oct 2011 15:45:43 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Beni Walit: Nestes momentos 60 4x4 artilhados dos mercenários dirigem-se a agredir Beni Walit.

Sirte: O contingente agressor a Sirte está composto de 4000 mercenários NATO, 200 morteiros, 30 lança-granadas, 255 4x4 artilhados, 50 tanques e entre 120 e 150 armas pesadas..

Usam armas químicas desde o ar e desde o mar contra Líbia, os estados terroristas de : França, Gram Bretanha, Qatar, Jordânia, Israel,...

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Mandela rende homenagem a Gadafi BASENAME: canta-o-merlo-libia-mandela-rende-homenagem-a-gadafi DATE: Mon, 10 Oct 2011 20:20:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://resistencialibia.info/
Outubro 10, 2011

Gadafi é o guia de todos nós. Nengum dirigente africano terá nunca a sua estatura, a sua aura e a sua prestância. É um construtor; quando miro o que este homem fixo do seu país apesar das tormentas ocidentais disfarçadas de mísseis que mataram crianças, nom abandonou, nom tivo medo.

Este homem é seguramente um homem de Deus. Fai faltar tutear a Deus para ter esse domínio.

Fixo de líbia um país prospero, nom endividado e que investiu nas economias do África preta.

http://libyasos.blogspot.com/p/news.html

16 soldados britânicos capturados nos arredor da cidade de Sirte depois o desembarco realizado por um aviom da NATO

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Os abutres sonham com SIRTE BASENAME: canta-o-merlo-libia-os-abutres-sonham-com-sirte DATE: Mon, 10 Oct 2011 19:25:41 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

É impressionante ver as razons reais deste assédio, acosso, genocídio, bombardeio ao povo de Sirte. É singelamente e só para roubar a Líbia o petróleo, para se apoderar das bocas de saída do petróleo, como bem clarifica Petroleun Economist desde Inglaterra.

Fala de que em duas semanas poderám já começar a verter desde Sirte, é dizer em duas semanas já nom ficarám líbios vivos em Sirte que defendam a sua casa e a sua cidade e já nos apoderamos da sua riqueza, contodo dizem-no com a máxima naturalidade.

Esta claro que para esta revista o de menos som os líbios e o importante som os barris que esperam extrair tendo em conta os planos de apoderar-se esta cidade Líbia.

Nom falam da agressom a Líbia, nom falam dos líbios, nom falam de que os líbios de Sirte seguem defendendo a sua própria cidade e as suas casas com a morte. A revista salta-se estas nimiedades para informar que em breve já vam extrair o petróleo desde Sirte.

http://www.petroleum-economist.com/Article/2914604/News-and-Analysis-Archive/EXCLUSIVE-Libya-oil-output-to-double-by-November.html

O relatório divulgado fornece actualizaçons sobre a produçom de petróleo de campos a todo o país é, de saída quase 370 mil barreis/ dia

Derek Brower, LONDON: a saída de petróleo da Líbia continua a aumentar mais rapidamente do que o esperado e deve chegar a quase 750 mil barris por dia (b / d) até final de Outubro e mais de 1 milhom de b / d no final do ano, de acordo com um documento interno preparado para National Oil Corporation (NOC).

A produçom de petróleo está agora em 365,654 b/d, di o relatório. O relatório, divulgado ao Petroleum Economist, dá a avaliaçom mais detalhada e com autoridade do sector de petróleo da Líbia desde que os combates eclodírom no país em Fevereiro, e sugere que a produçom se está recuperando muito mais rapidamente do que o esperado.

A produção de Sarir e Misla, dous campos petrolíferos operados por NOC unidade Arabian Gulf Oil (Agoco) no leste da Líbia, chegou a 220 mil b / d, segundo o relatório, ou cerca de 130.000 b / d menos do que a capacidade antes da guerra

Agoco planeja reiniciar a produçom nos campos petrolíferos de Sirte-bacia de Nafura e Bayda, ambos ao sul de Brega, dentro de duas semanas, dim os autores do relatório

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Uma história da complexidade energética BASENAME: canta-o-merlo-uma-historia-da-complexidade-energetica DATE: Sun, 09 Oct 2011 15:52:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Gail Tverberg

Joseph Tainter e Tadeusz Patzek são os autores do livro Drilling Down: The Gulf Oil Debacle and Our Energy Dilemma . Este livro faz parte da série Briefs in Energy da editora Springer. A obra anterior desta série foi The Limits to Growth Revisited , de Ugo Bardi.

O novo livro, Drilling Down, não é simplesmente a história da fuga de petróleo no Golfo [do México] (embora conte esta história bastante bem). Tainter e Patzek usam a história da fuga no Golfo [1] como pano de fundo para discutir a espiral de complexidade da energia e o seu relacionamento com este acidente.

A espiral de complexidade ocorre porque a disponibilidade de energia abundante e barata permite a complexidade acrescida. A complexidade tem a vantagem de permitir à sociedade resolver mais problemas, mas tem a desvantagem de ser mais custosa ? o que significa exigir mais energia para a sua criação. A necessidade de mais energia (e o facto de que o rácio Energia Retornada sobre Energia Investida (EROEI) está a declinar) leva à necessidade de mais complexidade para obter esta energia adicional, assegurando que o ciclo continua. Com complexidade crescente, há um risco acrescido de acidentes que se pode esperar devido à natureza complexa do sistema, mas os quais são difíceis de prever pelos participantes.

Tainter e Patzek acrescentam novas perspectivas ao que foi relatado em outros lugares, tais como em The Oil Drum . Joe Tainter é um antropólogo e historiador que ensina no Departamento de Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual de Utah. O seu trabalho mais conhecido é The Collapse of Complex Societies . Tad Patzek tem um Ph.D. em Engenharia Química e ensina na Univesidade do Texas, Departamento de Petróleo e Engenharia de Geosistemas. Ele testemunhou em audiências no Congresso sobre a fuga de petróleo.

O livro tem nove capítulos:
- Introdução
- A importância do petróleo no Golfo do México
- A Energia que move o mundo
- Perfuração e produção offshore: Uma breve história
- A espiral da complexidade energética
- Os benefícios e custos da complexidade
- O que aconteceu no Furo Macondo
- Porque o desastre do Golfo aconteceu
- A nossa energia e o dilema da complexidade: Perspectivas para o futuro

Nós já extraímos muito do petróleo fácil de extrair. Como caminhamos para petróleos mais difíceis de extrair, descobrimos que é necessário utilizar tecnologias mais complexas, custosas e arriscadas, guiadas pelo EROEI em queda, numa espiral de complexidade da energia. Esta espiral na produção de petróleo espelha a espiral maior de complexidade da energia na sociedade como um todo. A introdução descreve o objectivo do livro como duplo:

... primeiro explicar o desastre do Golfo, a espiral de complexidade da energia, e como elas estão necessariamente conectadas; em segundo lugar encorajar todos os consumidores de energia a considerar se esta espiral é ou não sustentável e o que significará para nós

Os dois autores contribuem com as suas perspectivas para a situação. Patzek conta a história técnica da extracção de petróleo, porque precisamos do petróleo do Golfo do México e como o óleo ali é encontrado em reservatórios cada vez mais pequenos e cada vez mais profundos. Ele também conta alguns dos pormenores acerca da complexidade da extracção quando mais pessoas e empresas são envolvidas no processo e quando mais complexo equipamento de extracção é necessário. Tainter dá a visão geral de como funciona a espiral da complexidade em energia. Ele também mostra como civilizações anteriores manejaram a complexidade crescente e a dificuldade de manter uma oferta adequada de energia quando os retornos marginais declinam. Em conjunto, eles contam a história específica do acidente do Deepwater Horizon, assim como a história mais geral da nossa busca por maiores abastecimentos de energia e os problemas envolvidos.

O livro descreve o Deepwater Horizon como um "acidente normal":

Perrow utiliza a expressão "acidentes normais" parcialmente como sinónimo de acidentes "inevitáveis", acidentes cuja probabilidade é inerente num sistema tecnológico complexo. Numa peça de tecnologia com muitas partes e altamente complexa, acontecem acidentes de interacções imprevisíveis entre algumas das partes. A complexidade torna falhas praticamente inevitáveis. Os engenheiros tentam evitar a falha acrescentando mais complexidade, a qual torna a operação de sistemas tecnológicos difícil para o entendimento de operadores humanos.

Acidentes normais surgem como se fossem Cisnes Negros [2] , algo que não pode acontecer. De facto, a própria natureza de tecnologias complexas torna os acidentes prováveis. Eles são um subproduto normal da operação de sistemas cuja complexidade está para além do entendimento humano.

A razão porque acidentes tendem a acontecer é em parte porque várias tarefas são divididas entre várias companhias, cada uma delas tentando obter um lucro. Dentro de cada companhia as tarefas são mais uma vez divididas entre muitos trabalhadores.

Pode-se esperar que a probabilidade de "acidentes normais" aumente quando a furação é principiada em lugares cada vez mais arriscados, tais como a costa da Gronelândia e o Norte do Círculo Árctico.

Drilling Down cobre muitos tópicos interessantes, desde pormenores acerca de como é feita a extracção, a pormenores acerca do que aconteceu no momento do acidente, vistas gerais de como várias civilizações trataram da ascensão da complexidade e de fluxos de energia reduzidos. Tainter levanta a questão do declínio do retorno marginal no investimento em complexidade ? e de como isto parece ser demonstrado, por exemplo, por menos patentes novas, mesmo em sectores da energia. O livro também menciona que soluções mais complexas ? desde carros híbridos gás-electricos até aviões militares aprimorados ? tendem a ser mais caras por unidade construída e estes custos mais altos limitam quantos são realmente vendidos.

O livro considera o modo como escravos energéticos na forma de combustíveis fósseis são um meio de pagar pela complexidade acrescida, pelo menos até que eles comecem a escassear. A obra também menciona coisas que deveriam ser óbvias ? como a nossa dependência dos combustíveis fósseis ? são mascaradas pelo facto de serem uma parte tão grande da nossa vida diária e de durante muitos anos isso não ter sido um problema. Ao explicar isto, mostra-se que um peixe não saberia que o seu nariz está húmido ? a água tão parte do seu ambiente diária que passa desapercebida.

Não se trata de um livro que dê uma fórmula para resolver nossos problemas de energia. O que se segue é parte das observações finais do livro (o texto pode variar ? o manuscrito que estou a ver não é o final).

É elegante pensar que seremos capazes de produzir energias renováveis com tecnologias mais suaves, com máquinas mais simples que produzem menos dano à terra, à atmosfera e às pessoas. Todos desejamos isso, mas devemos abordar tais tecnologias com uma dose de realismo e uma perspectiva a longo prazo. Um projecto geotérmico na Basileia, Suíça, começou em Dezembro de 2006, esteve em andamento só uns poucos dias quando houve um pequeno tremor de terra de magnitude 3,4, assustando pessoas e danificando edifícios. Mas de 100 réplicas continuaram em 2007 e o projecto foi abandonado porque o povo estava demasiado assustado. A energia solar e eólica, numa escala suficientemente grande para ser significativa, consumiria grandes quantidades de terra... Energia renovável que desse a mesma potência per capita que desfrutamos hoje não seria livre de danos ambientais... Na verdade, nas grandes áreas de terra que exigiria, a energia renovável poderia causar mais danos ambientais do que aqueles causados pela nossa utilização de combustíveis fósseis. Sabemos que isto não é uma observação agradável, mas ao longo de todo o livro enfatizámos a necessidade de realismo.

É sempre importante manter em mente os processos a longo prazo, bem como as regularidades do comportamento humano. Tal como com os combustíveis fósseis, primeiro exploraremos fontes de energia renovável com os gradientes de energia mais pronunciados, os mais altos EROEI. Uma vez que estas já não satisfaçam as nossas necessidades, faremos o que estamos a fazer agora com o petróleo. Produziremos energia renovável em lugares que são cada vez mais desfavoráveis e para isto desenvolveremos tecnologias que são complexas, custas e arriscadas. Talvez no fim as consequências não venham a ser tão grandes como a fuga no Golfo, embora não ousemos imaginar como as pessoas podem ponderar os custos económicos e emocionais de tremor de terra com os de uma fuga de petróleo, ou a diferença entre abrir o Refúgio Nacional Árctico de Vida Selvagem à prospecção de petróleo e ocupar um vasto ecosistema deserto para capturar sua energia solar. Esperamos que a energia renovável será mais ambientalmente benigna do que tem sido os combustíveis fósseis, mas só saberemos isso quando nos expandirmos para fontes de energia renovável que rendam retornos marginais declinantes.

O que são as alternativas? As crises fiscais experimentadas actualmente por muitos governos dão-nos uma antevisão do que provavelmente estaria à nossa espera caso as nossas fontes de energia se demonstrassem inadequadas... Professores estão a ser despedidos, programas cancelados e anos de escola abreviados. A Grã-Bretanha eliminou todas as agências de governo e planeamento a fim de implementar a mais drástica redução de serviços públicos desde a II Guerra Mundial. Tudo isto está a acontecer num tempo em que a energia ainda é abundante e relativamente barata.

Nossas sociedades não podem adiar uma discussão pública acerca da energia futura. Como dissemos antes, isto deve ser uma discussão adulta, uma discussão que seja honesta, sérias e realista. Ela não pode ser baseada em sabichões ideologicamente orientados (punditry), ou teoria económica baseada na fé, ou optimismo tecnológico ilimitado... Podemos antecipar e planear o nosso futuro ou podemos simplesmente permitir que o futuro acontecer. Esta é a nossa opção.

A era de abundância petrolífera acabará algum dia, esperançosamente sem quaisquer acidentes mais da magnitude da explosão do Deepwater Horizon. Não sabemos quando isto acontecerá, nem qualquer outra pessoa. Certamente acontecerá mais cedo do que desejamos. Mas temos alguma capacidade para entender como o futuro se desdobrará. Podemos projectar o futuro com base na nossa experiência passada, pois não somos os primeiro a encontrar os desafios da energia. Na nossa discussão é sempre valioso manter em mente a redefinição da Lei de Stein: Uma tendência que não pode continuar, não continuará.

Drilling Down está disponível para pré-encomenda. Disseram-me que o livro estará pronto na primeira semana de Outubro. O livro vale bem o seu modesto preço de US$13,23, na minha opinião. Com um autor orientado para o pormenor e outro para o "grande quadro", o livro contém algo para toda a gente. Não é exigido conhecimento prévio da terminologia do petróleo; a obra dispõe de um glossário.
03/Outubro/2011

[1} O desastre do rig da BP no Golfo do México, verificado em 20/Abril/2010, custou a vida de 11 operários e provocou a fuga de milhões de barris de petróleo ao longo de vários meses. É possível que a fuga ainda continue neste momento, mesmo depois de estar oficialmente controlada, devido à fracturação do subsolo marinho.

[2] Referência ao livro Black Swans, de N. Taleb, acerca dos acontecimentos aleatórios

O original encontra-se em ourfiniteworld.com/... e em http://www.countercurrents.org/tverberg031011.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A NATO e os seus mercenários seguem com as operaçons de genocido BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-nato-e-os-seus-mercenarios-seguem-com-as-operacons-de-genocido DATE: Sun, 09 Oct 2011 15:35:53 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Desde Al RAI TV ( envía Brian Souter)
http://leonorenlibia.blogspot.com/

O hospital de Sirte Ibn Sine foi o objectivo da NATO e dos seus mercenários.
O total de feridos em estado crítico é de 30 e a maioria som civis.
O morteiro deu de cheio sobre a área de cardíacos do hospital.
Destruírom um grande número de ambulâncias e de material médico com os bombardeios.
Um doutor foi ferido na sala de cirurgia enquanto estava a operar a um paciente.
Morte de dous pacientes na sala de intensivos pelas bombas.
Morte de outros pacientes do hospital conseqüência das bombas.
Morte da enfermeira Mansour Khweiter enquanto realizava o seu trabalho.
A gente refugia na mesquita para proteger das bombas.
A actividade do hospital ficou completamente parado conseqüência da agressom.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Operaçons especiais da resistência nacional líbia causam pavor entre os mercenários da NATO BASENAME: canta-o-merlo-libia-operacons-especiais-da-resistencia-nacional-libia-causam-pavor-entre-os-mercenarios-da-nato DATE: Fri, 07 Oct 2011 22:01:53 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Fonte http://allainjules.com/2011/10/07/libye-dernieres-nouvelles-du-front-07-10-2011/

Outubro 7, 2011

Seguem caindo selectivamente chefes operativos das bandas terroristas. Em Sirte foi eliminado o importante chefe de Al-Qaeda Ziad Ben Farj Albash alias ?O leom de Alá o libio? e o também chefe rata Bachir Toufik.

Um comando de 5 combatentes do Batalhom Taqurat do exército libio conseguiu se infiltrar num acampamento rata perto de Sirte colocando diversos explosivos cuja detonaçom provocou 43 mortos e a destruiçom de 14 tanques e um helicóptero cheio de armas

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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O PSOE, o a traiçom permanente às classes trabalhadoras. O sistema de mísseis da NATO que o PSOE instala em ROTA vai dirigido contra o Norte de África. BASENAME: canta-o-merlo-o-psoe-o-a-traicom-permanente-as-classes-trabalhadoras-o-sistema-de-misseis-que-o-psoe-instala-em-rota-vai-dirigido-contra-ele-norte-de-africa DATE: Thu, 06 Oct 2011 14:55:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O denominado ?escudo anti-míssies? tratasse dumha tecnologia desenvolvida inicialmente polo governo de George Bush para rechaçar supostos ataques contra EEUU de mísseis procedentes do Irám ou da República Democrática Popular de Coreia. Este mecanismo militar, que recupera a doutrina da ?guerra das galáxias? de Reagan e vulnera os acordos de desarmamento, ainda vigentes, entre a antiga URSS e EEUU, e supostamente foi abandonado em 2009 por decisom de Obama.

Ante esta situaçom, o governo de Zapatero, o governo do PSOE, repete mais umha vez o seu tradicional papel de fantoche do imperialismo e firme defensor dos interesses da oligarquia, mediante outra cessom de soberania à NATO, ferramenta criminal ao serviço das aspiraçons de domínio mundial de EEUU.

A notícia de que a base militar de Rota será integrada no sistema do escudo, assim como a possível posta a disposiçom de outras unidades militares, supom um passo mais na total integraçom da capacidade militar espanhola nas estruturas imperialistas anglo-sionistas, facto precedido pola participaçom das tropas espanholas em todas as operaçons de saque e pilhagem dos últimos anos em lugares como Líbia, Kosovo, Iraque ou Afeganistám. A base de Rota converte-se deste jeito em peça essencial da estrutura militar norte-americana para a África (AFRICOM), via pola qual a oligarquia espanhola tratará de incrementar a sua intervençom nas crescentes contradiçons interimperialistas e processos convulsos que se dom no sul do Mediterráneo e África.

O escudo anti-míssies de EEUU, agora apresentado como da NATO, supom umha nova mascarada por meio da qual se pretende confundir e enganar aos povos. Enquadra-se dentro da dinâmica de unidade e luta na que estám envolvidas as diferentes potências imperialistas e onde a Uniom Europeia, com umha capacidade militar muito inferior aos EEUU e incapaz de adoptar umha posiçom autónoma como polo imperialista, opta ser subsidiária dos USA na pugna frente a outras potências como Rússia e China, objectivos últimos da estratégia geo-estratégica e militar da NATO.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A NATO e os seus mercenários derrotados em Sirte. BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-nato-e-os-seus-mercenarios-derrotados-em-sirte DATE: Thu, 06 Oct 2011 09:14:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Sirte

Os últimos relatórios indicam que centos de mercenários da NATO estám a ser evacuados por ambulâncias do sul de Sirte, já que se enfrontou a umha armadilha devastadora. O número de mortos e feridos ainda nom está claro, porque a luta continua, as ambulâncias seguem entrando e saindo das linhas de frente, recolhendo mercenários feridos da NATO.

Na frente Este as ?ratas? tentárom um pequeno ataque mas fôrom derrotados, 13 ratas morrêrom, dous tanques destruídos e retirada dos sicários.

Na frente Oeste 4 tanques das ratas da NATO fôrom destruídos aproximadamente 70 ratas morrêrom, a luita segue em curso.

Em Sirte mas de mil civis combatem firmemente contra os agressores. Circulam rumores de pronta contra-ofensiva a cargo de umha força de 5 mil civis e militares patriotas

Os combatentes da resistência destruiu um comboio de sete carrinhas artilhadas no cruzamento do aeroporto e a estrada da costa. A operaçom resultou com várias mortes no bando rebelde.

Um exército formado por entre 10 e 15 mil tuaregs apoiados por civis armados liberou completamente Sebha. e as cidades e aldeias próximas.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Mercenários da NATO cercados dentro da cidade de Sirte BASENAME: canta-o-merlo-libia-mercenarios-da-nato-cercados-dentro-da-cidade-de-sirte DATE: Tue, 04 Oct 2011 14:03:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://ozyism.blogspot.com/

Segundo os últimos relatórios da OTAN, mercenários seus entraram em Sirte, cidade, a partir do Sul; mas estám cercados polos franco-atiradores líbios, causando-lhes estes duras baixas.

As forças da NATO nom pode recuar de suas posiçons, porque estariam expostos aos franco-atiradores.

Polo menos 100-200 sicários da NATO estám presos dentro da cidade, ainda os reforços nom chegárom. Estám ficando sem suprimentos e pedindo a intensificaçom das operaçons terroristas da NATO. Ainda nom está claro porque a OTAN nom enviou reforços, talvez eles estám preocupados polo que acontece no Oriente, e polos intensos confrontos nos distritos de Tripoli.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Os mercenários assassinam, violam, e os ?medias? ocidentais calam BASENAME: canta-o-merlo-libia-os-mercenarios-assassinam-violam-e-os-medias-ocidentais-calam DATE: Tue, 04 Oct 2011 07:13:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Umha rapariga de 17 anos da tribo Warfala, de nome Noah, os rebeldes matárom a toda sua família. Ela viveu, porque coidárom que estava morta. Atopárom-la e conseguírom cura-la. Agora está num escritório de documentaçom tentando ajudar a recolher os dados e toda a documentaçom possível dos factos. Estava desesperada e foi falar com os jornalistas da CNN e BBC para lhes explicar o que tinha acontecido. Eles responderam: "Sorry for you" ... Se fosse um rebelde e sua família tinham sido mortos por partidários do governo líbio verde, certamente o acontecimento teria saído em todos os jornais.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A informaçom recebida ontem informa-nos que a NATO está expandir a guerra genocida cara Argélia. BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-informacom-recebida-ontem-informa-nos-que-a-nato-esta-expandir-a-guerra-genocida-cara-argelia DATE: Mon, 03 Oct 2011 15:01:49 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

https://nsnbc.wordpress.com/

O embaixador francês em Argélia Xavier Driencourt prepara planos de evacuaçom da emergência.

Na tarde-noite de ontem NSNBC recebeu a informaçom confirmada que o embaixador francês ema Argélia junto ao seu pessoal clave e familiar estám preparando para umha evacuaçom de emergência. A mesma fonte de inteligência informou a NSNBC que NATO se está preparando para umha expansom da guerra genocida cara Argélia.
Estes relatórios fôrom confirmados pola fonte de NSNBC dentro de Forte. Bragg, Carolina do Norte, que nom só confirmou que NATO se está preparando para umha campanha de terra em Argélia, com unidades de operaçons especiais e as unidades que pertencem ao 82.º Airborne
foi na terra em Argélia para ?Algum tempo?.

Também outra inteligência muito tempo proporcionou evidência que Argélia foi apontada por NATO. Em 19 Setembro o Departamento de Estado dos EE.UU. emitido um aviso a cidadaos de EE.UU. para evitar de viagem a Argélia.
A povoaçom está sendo psicologicamente preparada para aceitar que ?Al-Qaeda? ameaça desde dentro de Argélia, o qual está advertindo a qualquer cidadao informado que sabe dos ligames entre Inteligência de NATO e Al-Qaeda.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - O aviom militar de Carga Aérea Norte da 82 ª Divisom Aéreo-transportada dos USA foi abatido em Ras Lanouf, e um helicóptero Apatchi foi derribado em Sirte BASENAME: canta-o-merlo-libia-o-aviom-militar-dos-eua-de-carga-aerea-norte-da-82-o-divisom-aereo-transportada-dos-usa-foi-abatido-em-ras-lanouf DATE: Sun, 02 Oct 2011 20:50:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.algeria-isp.com

Segundo o site do Zengtena resistência líbia, ontem em Ras Lanouf, os combatentes da resistência líbia explodírom o aviom militar de carga aérea dos EUA pertencente à 82 Divisom Airborne Norte do Exército dos EUA

Um helicóptero Apatchi foi derribado em Sirte depois de um ataque da resistência líbia Segundo o site do Zengtena da resistência líbia, em Sirte, na zona marítima de Jiza.

Os mísseis SAM 7 som armas formidáveis.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - GENOCIDIO em Sirte pola NATO BASENAME: canta-o-merlo-libia-genocidio-em-sirte-pola-nato DATE: Sat, 01 Oct 2011 09:10:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Por segunda vez, a NATO parou um barco que se aproximava às costas de Sirte com ajuda humanitária. Os civis de Sirte estám sob contínuos ataques da OTAN e os rebeldes armados desde há já mais de um mês. A cidade sofre de escassez muito grave de comida, medicamentos e electricidade.

O telefonema para ajuda urgente para a cidade de Sirte a todo mundo. A OTAN fala de proteger civis e contodo assassina aos civis cada dia em Sirte. Fai favor estender esta mensagem fora de Sirte que estám desesperados. Alguém responderá a este telefonema?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O banco suíço UBS ameaça: Ou resgatam aos bancos e ao euro ou há guerra civil e/ou golpe militar BASENAME: canta-o-merlo-o-banco-suico-ubs-ameaca-ou-resgatam-aos-bancos-e-ao-euro-ou-ha-guerra-civil-e-ou-golpe-militar DATE: Thu, 29 Sep 2011 19:13:43 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.jornada.unam.mx/2011/09/28/opinion/016o1pol

Alfredo Jalife-Rahme

UBS, o maior banco suíço, resultante da fusom em 1998 entre Union Bank of Switzerland e Swiss Bank Corporation, publicou um reporte de 21 páginas, Fractura do euro; as conseqüências (6/9/11), de corte apocalíptico e de entoaçons sobre as "conseqüências da balcanizaçom cujos autores som os "economistas" Stephane Deo, Paul Donovan e Larry Hatheway.

Em paralelo, para dramatizar as suas "investigaçons", o polémico UBS publica outras duas notas ominosas:
1) "A recessom passou, mas a depressom acaba de começar", que predizer umha austeridade que levará a "umha maior forma muscular (sic) de governo".
2) "A euro-zona pode fracturar-se num horizonte de 5 anos", por Nouriel Roubini, quem se voltou espantalho do financierista sionismo jázaro.

A brutal ameaça de UBS -que, por certo, em datas recentes destapou a cloaca das suas actividades metafinancieras com umha nova "perda" por mais de 2 mil milhons de dólares- é dicotómica: se os seus bancos "crebados (sic)" nom som resgatados e a euro-zona se balcaniza, ergo, advendría "um governo autoritário ou militar, ou a guerra civil".

Por que propaga o pânico UBS, um do nove bancos que controlam o mercado dos derivados a escala global (Baixo a Lupa, 7/9/11)? Para ganhar mais e/ou tentar ressarcir as suas quantiosas perdas bursáteis?

Como os clássicos pescadores, a rio revolto ganham mais o nove bancos globais que controlam os derivados financeiros, que se calcula passaram a cifra estratosférica de por volta de 2 mil bilions de dólares, frente a uns exíguos 74 bilions do PIB global.

UBS assevera que "as passadas instâncias de fracturas de unions monetárias tendem a produzir um de dous resultados?. Ou bem existe umha resposta dum governo mais autoritário (sic) para conter ou reprimir (sic) a desordem (sic) social (um cenário que tende a requerer umha mudança dum governo democrático a um autoritário ou militar), ou alternativamente, a desordem (sic) social opera com as fracturas tectónicas existentes na sociedade para dividir (super sic!) ao país, espalhando numha guerra civil (super sic!)".

O resumo executivo do ameaçador reporte divide-o em cinco partes:

1. "O euro nom deve existir" (assim): a estrutura actual e a sua membresía deverám mudar.

2. "Confederaçom fiscal" sem balcanizaçom: "a esmagadora probabilidade é que o euro se mova lenta (e dolorosamente) para algumha forma de integraçom fiscal. O case risco ou fractura considera-se mais custoso e próximo dumha probabilidade de zero. Os países nom podem ser expulsos mas os estados soberanos podem optar por sair-se".

3. "O custo económico (parte uno)": "o custo dum país débil (sic) que abandona o euro é significativo": creba soberana, quebra empresarial, colapso do sistema bancário e do comércio internacional?, o qual "equivale a entre 40 e 50 por cento do seu PIB o primeiro ano".

4. "O custo económico (parte 2)": "se fosse um país poderoso como Alemanha que abandona o euro as conseqüências seriam: quebra empresarial, recapitalizaçom do sistema bancário e colapso do comércio internacional, o que equivale a entre 20 e 25 por cento do seu PIB o primeiro ano".

5. O custo político: o maior de todos. ?O poder brando da Europa e a sua influência internacional cessariam (...) Nengumha uniom monetária fracturou sem nengumha forma de governo autoritário ou militar, ou guerra civil?.

Neste tenor, surge novamente Nouriel Roubini, quem sacode o espectro dumha terceira guerra mundial (Moneynews, 26/9/11).

Voltam coincidir os mesmos circuitos financieristas: Nouriel Roubini suma-se à nom muito amadurecida ameaça de Ambrose Evans-Pritchard de fai três anos sobre a iminência dumha terceira guerra mundial (ver Baixo a Lupa, 7/9/08), curiosamente oito dias antes da estranha quebra de Lehman Brothers.

Nouriel Roubini considera que a austeridade fiscal pode desembocar numha calamidade económica seguida por umha guerra. Entre quem ou quem?

Aduze também que "a crise financeira global e a sua depressom conseqüente, ao uníssono da instabilidade política e social na Europa e noutras economias avançadas (sic), vai ser extremosamente (sic) severa", da que "nem China estará isenta" e a quem lhe predizer "umha aterragem dura nos próximos dous anos".".

Estiveram ressoando demasiado os tambores de guerra nas recentes cimeiras e reunions financeiras. As guerras como continuaçom das finanças por outros meios?

Na Polónia acaba-se de escenificar um choque de comboios entre Estados Unidos e a euro-zona quando Timothy Geithner, controvertido secretário do Tesouro estadounidense e instrumento da potente banca de Wall Street, "advertiu dumha catástrofe" aos ministros de Finanças europeus.

Por certo, contactos em Washington asseguram que Obama desejava decretar já a quebra do insolvente banco Citigroup mas que Timothy Geithner opô-se rotundamente (a grau de ameaçar com a sua renúncia). Pois de tanto poder desfruta, nom Obama nem Timothy Geithner, senom Citigroup?

Ao meu julgamento, a razom do brutal aperto de porcas de Timothy Geithner a Alemanha está na hermenêutica de Ambrose Evans-Pritchard (The Daily Telegrap, 26/9/11): "Perdoa Deutschland (nota: a terra alemá). A história conspirou contra ti de novo. Deves assinar 2 milhons de milhons de euros e corromper (sic) ao teu banco central, e aceitar 5% de inflaçom ou serás condenado a um Götterdämmerung (nota: o crepúsculo dos deuses)".

Detalha o "resgate Geithner" baixo a brutal pressom de Estados Unidos (à que se somou Obama): ?O pacote multibilonário que agora se conforma para a Eurolandia foi amplamente cozinhado em Washington (super sic!), em colusom com a Comissom Europeia, e é imposto (extra super sic!) a Alemanha com a força absoluta da diplomacia (sic) de Estados Unidos?. Ufa!

Timothy Geithner agora propina-lhe a Alemanha a mesma receita de resgate" bancário da post crise de Estados Unidos de 2008. Neste joginho bidireccional dos "derivados financeiros", mais que resgatar à euro-zona, nom é a banca de Estados Unidos a que tenta salvar-se?

O sinal é prístina: ou Alemanha acredite umha hiperinflaçom monetária em Eurolandia ou vem a guerra. Melhor a hiperinflaçom.

Agora Alemanha terá que "buscar um mecanismo na que converta um euro a cinco" (Reuters, 25/9/11) neste novo modelo de estabilizaçom monetária europeia". A alquimia monetarista converteria assim 440 mil milhons de euros dos seus fundos de resgate a 2 milhons de milhons de euros.

E por se alguém nom percebesse na Europa, o controvertido Goldman Sachs, outro insolvente banco de investimentos (e um dos controladores da Casa Branca), ameaçou com que "já nom existem mais paraísos financeiros", em alusom ao franco suíço e ao ouro, ambos os detidos polos "comprados" (Moneynews, 27/9/11).

Estamos no paroxismo da guerra global das divisas!

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistência... 28/9 BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-28-9 DATE: Thu, 29 Sep 2011 17:58:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

O Pentágono manda mais tropas a agredir Líbia.

Alqaeda do Iraque, Somália e Afganistám fam parte das brigadas da CNT/NATO num número mui alto.

Albayda, ao Leste de Líbia, entre Benghazi e Tubruk. Esta a um 200 Km ao Leste de Benghazi. Nestes momentos estám a produzir-se confrontos muito duros entre o exército líbio e as tropas invasoras a Líbia.

Tubruk e Darnah som verdes.

A organizaçom armada NATO entra no espaço aéreo de Líbia para agredir aos civis da cidade de Sirte: Bombardeárom o hospital central de Sirte.

Os invasores armados contam com mercenários de Qatar, Egipto, Argel e berberes.

Ghadafi esteve em Sirte no sábado para falar com as tribos e logo marchou-se.

O exército verde vai-se deslocando e avançando pelo nordeste de Líbia.

Desde há muito planeou-se que se a NATO captura ao líder líbio, ninguém reconhecerá nem Londres nem Paris.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Síria - A organizaçom terrorista da NATO começou assassinar a figuras relevantes na Síria BASENAME: canta-o-merlo-siria-a-organizacom-terrorista-da-nato-comecou-assassinar-a-figuras-relevantes-na-siria DATE: Thu, 29 Sep 2011 15:56:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://ozyism.blogspot.com

A NATO começou a assassinar figuras importantes na Síria para aumentar o ritmo do processo de desestabilizaçom. "Engenheiro nuclear e professor universitário Aws Abdel Karim Khalil" foi assassinado na cidade de Homs por mercenários NATO na quarta-feira. A NATO prometeu usar a estratégia de guerra mesmo contra a Síria, que também foi utilizado na Líbia. A NATO até agora também fracassou na Síria, porque suas forças nom podem ganhar a guerra na Líbia. Líbios continuar resistindo, mesmo quando confrontado com o terrorismo brutal. A NATO está a tentar criar conflito entre sírios, um processo de dividir e conquistar.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistência: A NATO batida em todos os frentes. BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-a-nato-batida-em-todos-os-frentes DATE: Wed, 28 Sep 2011 12:17:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://libia-sos.blogspot.com/

Os britânicos acurralados polo seu fracasso em Líbia com perto de 2000 soldados mortos e perto de 70 capturados polo exercito líbio tenta negociar com o governo líbio e promete que retirará os 6 apache que estám a operar em Líbia, provavelmente depois esperam que os seus soldados capturados em Sirte e Bani Walid sejam liberados mas o governo líbio a comunicou que nom os liberará e que serám julgados polas leis líbias como mercenários.

Ali Sami chefe do Exército mercenário da NATO, morreu hoje em Bani Walid depois de que os membros da tribo de Tarhouna dispararam um míssil contra os mercenários que nom puderam entrar na cidade.

Os mercenários da NATO tentárom entrar em Sirte durante a noite, como sempre fôrom duramente castigados polos voluntários e o exército líbio reporta-se que perderam um grande número de ?ratas? e maquinaria.

Umha célula leal à Jamahiriya chamada "Al-Mujahid Al-Khamis" "atacou o aeroporto de Tripoli e destruiu um aviom.

Depois de que Líbia foi o país mais rico da África, os mercenários da NATO pedem agora ao povo líbio para arrecadar dinheiro para mercar os medicamentos para os hospitais.

Os meios de comunicaçom tenhem afirmado falsamente que os mercenários da NATO no controlo do porto Sirte, contodo esta área foram limpados de todas as ratas e encontra-se sob controlo do Exército de Líbia.

Os mercenários da NATO toleados polas derrotas, executárom a dezenas de jovens combatentes ratas depois de que estes decidiram voltar à sua casa e nom lutar contra o exército de Líbia.

. Human Rights Watch e Amnistia Internacional rectificam e assumem de jeito morno os seus erros, hoje informárom de que todas as afirmaçons de que o coronel Gaddafi uso a força contra os manifestantes som falsas. Tarde pia-che, passarinho!

Veículos da ONU fôrom vistos entrando a Líbia da fronteira de Tunez.

Membros de Al-Qaeda dixérom aos cidadaos de Darna que todas as escolas mistas e universidades mistas devem ser fechadas ou que vam ser destruídas.

Moscovo pede à ONU deter a proibiçom de voos sobre a zona de Líbia.

A resistência nom fai senom aumentar a sua fortaleza moral e militar: Evidencia-se a eficácia da táctica que consiste em executar aos chefes operativos dos mercenários da NATO: Eliminado o chefe das ?ratas? no frente de Sirte, Mohamed Alhalbous, contribui a aumentar a confusom nos sicários da OTAN.

Os patriotas destruíram a refinaria de petróleo de Ragdaline perto da fronteira com Tunes para que nom caia em maos de imperialistas e assim saqueiem os recursos nacionais.
Combates em Zliten desde onde a artilharia militar alcançou um navio da NATO.

Umha coluna de sicários que se dirigia a Ghadames para tratar de recuperar a cidade foi atacada e, ao que parece, destruída polas unidades tuaregs.

Numha exitosa operaçom, as forças militares líbias procedêrom a liberar aos patriotas que o mercenários da NATO encerraram na prisom Al Jadeeda de Tripoli.

O Exército líbio alcançou dous barcos de guerra inimigos nas últimas 48 horas. Enquanto a imprensa imperialista, umha vez que se evidenciou a sua última mentira sobre a suposta ?fossaaaa? de Abu Salim que continha ossos de vacas, mulos e camelos, centra-se em anunciar a queda de Sirte. A NATO assaltou a cidade por mar ante a sua incapacidade de fazê-lo por terra.

Enquanto a NATO centra-se em Sirte o Exército ampla continuamente o seu âmbito de operaçons: desde as fronteiras com Tunes e Argélia.

No sul, o Exército cortou todas as linhas de subministraçom de armas, víveres, muniçons e reforços às escassas posiçons inimigas que estám isoladas umhas de outras.
O governo britânico retirou os seus 5 helicópteros Apache e o italiano retirou-se definitivamente do conflito.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Mercenários da NATO e o seu comandante terrorista Mahammed Nabbous mortos no fracassado assalto a Sirte. BASENAME: mercenarios-da-nato-e-o-seu-comandante-terrorista-mahammed-nabbous-mortos-no-fracassado-assalto-a-sirte DATE: Wed, 28 Sep 2011 08:47:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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Nengum comentário da NATO sobre comandante mercenário Mohammed Nabbous que foi um dos dous comandantes mortos no assalto fracassado a Sirte. Significa umha perda devastadora para a NATO e as suas forças.
Sirte está totalmente sob controle do Governo Jamahariya, as várias tentativas de entrar na cidade do Oriente acabou em derrota devastadora. NATO até agora só foi vitoriosa aterrorizando a cidade e matando milhares de civis.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A agressom e a brutalidade continua em Tripoli BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-agressom-e-a-brutalidade-continua-em-tripoli DATE: Mon, 26 Sep 2011 22:26:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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Ontem houvo intensos combates em Tripoli entre civis e um grupo militante da NATO / CNT / Al Qaeda. Um grupo de mercenários com veículos entrárom em casas particulares levando-se as raparigas, algumhas até 10 anos de idade e subia-nas para os carros para leva-las. Tinham entre 200 e 300 nenas / mulheres jovens nos carros, mas a populaçom, família e vizinhos defendêrom-las formando barricadas para bloquear a estrada até que torná-las ceives.

É esta a liberdade e a democracia que eles querem para a Líbia?.

Este grupo de milicianos / ratas ou o que quiserem chamar, entrárom nas casas e roubar as jóias, ou dinheiro ou simplesmente matar os donos da casa para viver na mesma eles. Em Tripoli cidadao líbio di que ele roubou 2,5 milhoes LYD (Uns 3 milhoes de euros). É apenas um exemplo.

Entom, nós estamos dizendo testemunhas de todas as cidades que tenhem vindo os mercenários a Líbia, agem como criminosos comuns e assassinos impiedosos, enquanto a NATO os protege, dizendo que defendem o país da barbárie.

Onde estám os profissionais dos ?médios?, cujo papel deve ser informar da realidade na Líbia?

A Resistência Líbia formou um governo de todas as tribos líbias. Porém os invasores que se chamavam "Democratas tenhem cancelado todas as opçons ao diálogo com as tribos líbias?. Lembre que as tribos de Líbia é o povo líbio. Será que esta nova ordem mundial a través da CNT chamada venhem com um novo tipo de" democracia sem o povo ", mas com 40 países estrangeiros e os que fagam falha.

Dous nenos matárom 20 rebeldes para salvar a sua mae que fora capturada. Os nenos tenhem 7 e 13 anos e dixérom que se o seu pai defende ao país, eles defendem à família.

Pode um líder dum país depende da sua legitimidade de países estrangeiros e governar sobre um povo que nom o quere?

A diplomacia das Naçons Unidas OTAN pergunta como vai justificar a morte de mais de 100 mil líbios. Nengumha resposta.

Os nenos estám morrendo baixo as bombas da OTAN, quero dizer baixo as bombas de França, Reino Unido, EUA, Bélgica, Dinamarca, Canadá, ...

No chao líbio estám agora também tropas suecas, de Qatar, jordanas, matando pícaros quando durmem ... ... para protege-los

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Médicos confirmam que o sitio da fossa comum da prisom de Abu Saleen é falso BASENAME: canta-o-merlo-libia-medicos-confirmam-o-sitio-da-fossa-comum-da-prisom-de-abu-saleen-e-falso DATE: Mon, 26 Sep 2011 16:35:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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Médicos na cena testemunhárom que a fossa comum dumha suposta massacre é falsa, e os fragmentos ósseos nom som humanos. Outro golpe devastador para propaganda NATO.

A NATO acusa o Governo líbio Jamahariya de cometer um massacre na prisom de Abu Saleen, mas semelhante à maioria das acusações, nengumha evidência foi fornecida. Embora algumhas pessoas foram condenadas à morte por traiçom desde aquela prisom, umha massacre nunca tivo lugar, é umha mentira fabricada pola propaganda orquestrada por inimigos da Líbia. Muitos agentes da CIA fôrom executados polo Governo líbio, após dum golpe fracassado que foi chefiado polo coronel Khalifa Haftar que operava a partir EUA.
Médicos junto com os funcionários da CNN na cena dim que os ossos nom parecem ser humanos. - A partir do orgao de propaganda da OTAN (fonte - CNN))

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Abu Saleem Massacre? fossa comum? Fragmento de alguns dos Ossos? O quê? BASENAME: canta-o-merlo-libia-abu-saleem-massacre-fossa-comum-fragmento-de-alguns-dos-ossos-o-que DATE: Mon, 26 Sep 2011 16:21:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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BBC arrancou informar recentemente que sobre 1200 corpos fôrom atopados numha tumba de comum, em seguida, no mesmo artigo afirmava que somente um fragmentos de ossos alguns e peças de roupas foram encontradas no sitio. Isto tem que ser umha das tentativas mais desesperadas para desacreditar a resistência. A propaganda do massacre Abu Salim propaganda tem sido utilizada como umha das desculpas para o terrorismo e assassinato em massa efectuado pola NATO. Esta propaganda para confundir revela quanto desesperada esta a OTAN.

Recentemente muitas tumbas comuns de patriotas líbios fôrom atopadas dentro e ao redor de Trípoli, parece NATO está a tentar fazer o público esquecer suas atrocidades próprias e virar o foco
sobre as falsas alegaçons de massacre numha prisom que, aparentemente, sem nengumha prova aconteceu décadas atrás.

Em Trípoli e outras cidades ocupadas, milhares de pessoas fôrom seqüestradas e centenas de seguidores de Jamahariya fôrom massacrados e chimpados em fossas comuns. Estas notícias fôrom varridas para baixo do tapete pola propaganda da NATO, desesperada para vencer a guerra através de mentiras e terrorismo.

Que vergonha, uns poucos fragmentos de ossos e roupas e BBC afirma 1.200 corpos encontrados em fossas comuns. Onde fica a credibilidade? Que a honestidade? Que integridade?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Assassinatos de homens e mulheres pretos polos mercenários da NATO BASENAME: canta-o-merlo-libia-assassinatos-de-homens-e-mulheres-pretos-polos-mercenarios-da-nat DATE: Mon, 26 Sep 2011 15:35:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://libia-sos.blogspot.com

Vexame e assassinato de homens e mulheres pretos nos territórios líbios ocupados pola NATO.

A NATO está a cometer o genocídio étnico em Líbia e esforça-se em ocultar os seus crimes.

Necessária e urgente solidariedade mundial com a Jamahiriya líbia em defesa de todo o continente africano das hordas criminais da NATO

http://youtu.be/yikM4Tr_s6w

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Prossegue o genocidio da NATO em Líbia BASENAME: canta-o-merlo-libia-prossegue-o-genocidio-da-nato-em-libia DATE: Sun, 25 Sep 2011 21:06:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Os crimes contra civis em Sirte eleva-se a umha magnitude, que mesmo mirando os vídeos parece para nom ser assimilável a morte dumha família inteira, o quebrar dum doutor quando viu despedaçadas os rostos de duas crianças.

Duas pícaras de seis anos assassinadas, Du'aa e Dana, junto ao curmao polas bombas da NATO. O nome do adolescente morto é Nasser, que é familiar das nenas

Todos morrêrom polo bombardeio na área residencial chamada Al Jiza Al Bahriya.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia...A nova Jamahiriia BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-nova-jamahiriia DATE: Sun, 25 Sep 2011 14:02:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Um governo novo de Líbia verde fiel só à Jamahiriia foi constituído hoje.

Segundo televisom ALLIBIYA TV, um novo governo interino da Líbia acaba de ser constituído sob a cabeça do governo senhor Ali Mohamed El Ahwel. Ele irá substituir o antigo chefe de governo Mahmoud Baghdadi. Os membros do novo governo tenhem mesmo o nome vindos de diferentes cidades líbias como Benghazi, Zliten, Misrata. O objectivo do governo é gerir crise actual.
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----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Pilotos israelitas massacram ao povo líbio BASENAME: canta-o-merlo-libia-pilotos-israelitas-massacram-ao-povo-libio DATE: Sat, 24 Sep 2011 19:39:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.algeria-isp.com

Segundo o diário inglês "The Guardian" confirma-se a presença de pilotos israelitas conduzindo avions militares da NATO em Líbia.

Segundo esta fonte, o exército israelita propujo a sua ajuda à OTAN para formar aos seus pilotos dado que Turquia proibiu a utilizaçom do seu espaço para as praticas dos seus avions.

A OTAN aceitou esta proposiçom já que falta pilotos que estám em missons de massacres em Afganistam.

Líbia devéu em térreo de adestramento para os pilotos israelitas.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia...O momento zero tem começado BASENAME: canta-o-merlo-libia-o-momento-zero-tem-comecado DATE: Sat, 24 Sep 2011 19:18:01 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.algeria-isp.com/

Gadafi que levava o seu fuzil, deslocou-se ontem sobre o térreo para partilhar com os combatentes do exército líbio. Isto era um momento mói forte para remontar o moral ás tropas para liberar a capital Tripoli e todas as demais cidades ocupados polos mercenários da OTAN.

Na mesma jornada, o jornalista líbio, o mui popular doutor Chakir apareceu sobre a televisom síria El Raei, será um excelente propulsor da resistência líbia. É respeitado por todo-los líbios. Precisou que o inimigo único som os membros da OTAN, o colonizador que vem polo petróleo líbio.

Na mesma noite umha intervençom de Aicha Gadafi telefonou desde Djanet de Argélia, que ergueu a moral as tropas do exército líbio e dos voluntários para adiantar e liberar as terras líbias.

Os três acontecimentos da jornada ontem, nom fam mais que confirmar que o momento zero chegou e que o momento da liberaçom da terra líbia.

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Sirte. Exército líbio e voluntários líbios controlam cidade, aeroporto Gardabia e base militar ao sul de Sirte. As ratas som corridas fora de 10-15 km no sul.

Duros enfrentamentos na cidade Al Sultana ao leste de Sirte.

Bani Walid foi limpo de mercenários da OTAN num rádio de 100 km.

Tripoli. O exército líbio e voluntários líbios controlam a área oriental de cidade Al Dzaval e Al Ahdar. Bandeiras verdes nesta área.

A dura loita dos voluntários líbios contra os mercenários da OTAN na área da auto-via de Saladino deTripoli

Tarhuna. Caçando e rematando com as milícias mercenárias
.

Sabha. A Base militar Taminhint e o aeroporto 50 quilómetro desde cidade está controlando por exército líbio e os voluntários líbios. Muitos mercenários capturados e mortos.

Misruta. Forças de exército líbio tenhem duros combates com os mercenários.

Bengazi. Duros combates entre os voluntários líbios e os mercenários.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O fracasso do Euro BASENAME: canta-o-merlo-o-fracasso-do-euro DATE: Fri, 23 Sep 2011 18:46:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Pedro Carvalho [*]

A verdade é que as promessas feitas a 2 de Maio de 1998, quando foi aprovada a lista dos 11 países fundadores da Zona Euro, não vieram a concretizar-se. Afirmava-se que o Euro traria taxas de crescimento económico elevadas, na Estratégia de Lisboa apontava-se mesmo para taxas de crescimento do produto de 3% ao ano, mas na verdade o crescimento médio anual foi apenas de 1,1%, entre 2001 e 2010. Afirmava-se que o Euro traria um forte crescimento do emprego, contribuindo para a redução dos elevados níveis de desemprego verificados na União Europeia (UE), mas o que se verificou foi um crescimento anémico, em termos médios de 0,6% ao ano, com uma taxa de desemprego média de 8,7% e que, em 2010, voltou novamente aos dois dígitos, ultrapassando os 10%, ou seja, quase 16 milhões de desempregados na Zona Euro.
Os desequilíbrios macroeconómicos agravaram-se, o que pode ser constatado nas disparidades crescentes dos saldos das balanças comerciais entre os países que compõem a Zona Euro (ver Gráfico 1), com a existência de países "importadores líquidos" e, por isso devedores, com um nível de dívida crescente, como Portugal, e de países "exportadores líquidos" e, por isso credores.

De acríticos muitos passaram a reconhecer as consequências da política do Euro forte, sobretudo imposta pela Alemanha desde o início, na perda da dita competitividade da UE, nomeadamente da sua periferia e particularmente dos denominados "países da coesão", como Portugal. Passaram a reconhecer as dificuldades de uma união económica e monetária, com as consequências decorrentes da aplicação de uma política monetária comum, a países com profundas disparidades nos níveis de desenvolvimento económico e social e, por isso mesmo, com necessidades de políticas diferenciadas ao nível monetário e cambial.

E havendo aqueles que apontam o risco de implosão do Euro, o terreno do "falhanço" está pejado dos federalistas mais convictos que, omitidos pela supremacia alemã, retornaram ao sonho da unificação política da Europa ? uma moeda, um Estado, um governo económico. E, como não podia deixar de ser, retornaram aos "pais fundadores" e aos grandes líderes de outrora. Retornam também as teorias do núcleo super-integrado, defendendo mesmo a "expulsão" das economias mais débeis e periféricas da Zona Euro.

Também existem aqueles que reconhecem a necessidade de os Estados retomarem nas suas mãos os instrumentos de política económica, monetária, orçamental e cambial, defendendo que os países por sua própria iniciativa devem sair da Zona Euro, numa saída negociada com compensação financeira.

Mas o que é certo é que sem reconhecer o Euro e a União Económica e Monetária como instrumentos de classe não podemos compreender o papel que o Euro teve nesta década e muito menos responder à questão sobre se o Euro falhou. Em termos económicos, todos sabiam à partida que a Zona Euro não era uma Zona Monetária Óptima, nem uma inevitabilidade decorrente de necessidades económicas objectivas, da evolução das forças produtivas. O Euro foi e é uma decisão política, uma opção do grande capital "europeu", no contexto da integração capitalista no quadro do processo de classe que constitui a UE.

O instrumento de classe

O Euro e a União Económica e Monetária têm que ser enquadrados na resposta do capital à crise de rentabilidade que o sistema capitalista mundial atravessa. O Euro foi parte da resposta do capital "europeu", transpondo as orientações do denominado "Consenso de Washington" que caracterizou a resposta do capitalismo à crise nos últimos 20 anos.

Por detrás do objectivo único da política monetária ? a dita estabilidade dos preços, encontra-se o objectivo, hoje cada vez mais claramente assumido e repetido, de reduzir os custos unitários do trabalho, ou seja, tornar a evolução dos salários dependente da evolução da produtividade, o que é o mesmo que dizer garantir a transferência dos ganhos de produtividade do trabalho para o capital, contribuindo para a aumentar a taxa de exploração e com ela garantir sustentação das taxas de lucro.

O Euro criava assim o quadro propício para a "moderação salarial", pois retirando aos países a política monetária, cambial, mas também a orçamental e a fiscal, por via das obrigações decorrentes do Pacto de Estabilidade e dos seus programas ? os PECs, os únicos factores de ajustamento a choques económicos recaem sobre os salários e o emprego, ou melhor dizendo, pela desvalorização dos salários e o aumento do desemprego. Obviamente, o aumento do desemprego é a arma estratégica por excelência do capital ? o exército de reserva, para "disciplinar" o trabalho e "moderar" o crescimento dos salários.

Mas com o Euro acentuou-se também a liberalização dos movimentos de capitais e, consequentemente, o grau de mobilidade do capital multinacional que opera no mercado interno europeu, reduzindo os custos de internalização e internacionalização do capital. As próprias deslocalizações, quer no interior na UE, quer para países terceiros, juntam-se ao desemprego para "disciplinar o trabalho". Ao mesmo tempo, a redução ocorrida das taxas de juro não só contribuiu para reduzir os custos de refinanciamento do capital e sustentar artificialmente as taxas de lucro, mas para estimular crédito junto também da classe trabalhadora, permitindo acomodar desvalorizações dos salários por conta do endividamento, o que em si mesmo corresponde a um acentuar da exploração do trabalho, agora também por via do pagamento de juros ao capital financeiro.

Ao mesmo tempo, a mobilidade do capital põe também em concorrência as forças de trabalho dos diferentes países. Com a redução dos custos unitários de trabalho a ser o móbil incentivador da concorrência inter-capitalista, quer ao nível nacional, quer estrangeiro, pela obtenção de maiores quotas de mercado, ou seja, pela apropriação e centralização da riqueza produzida pela força de trabalho "comandada" por outros capitalistas. Um "jogo de soma nula", que como mostra o Gráfico 1 para a Zona Euro, tem ganhadores e perdedores, decorrentes do desenvolvimento desigual do capitalismo.

Sendo de sublinhar, neste contexto, os ganhos evidentes do grande capital alemão, sobretudo o financeiro, com o Euro. Com Alemanha a assumir excedentes comerciais por conta dos défices e o endividamento de outros países, como Portugal.

O excedente comercial intra-comunitário alemão aumentou 172,3%, entre 2000 e 2007, e mesmo em 2009, apesar da recessão, o excedente comercial ascendeu a 70,5 mil milhões de euros, representando quase 42% do PIB português desse ano. Por seu lado, em simetria, países como Portugal viram o seu défice comercial intra-comunitário agravar-se no mesmo período 23%, a Grécia 34,2%, a Espanha 105,9% e, até França, teve um agravamento do seu défice de 208,2%. Talvez também aqui se explique que, apesar das aparências, o eixo franco-alemão que conduziu o processo de integração capitalista europeia, seja já só alemão.

Estes números também são demonstrativos da desindustrialização dos países ditos da "Coesão" e do papel a que estes foram votados no interior da UE. Por um lado, de consumidores, para escoamento da produção excedentária ? quer bens transaccionáveis, quer bens de produção, quando não mesmo armamento, do centro da UE. Por outro lado, fornecedores de mão-de-obra barata para servir os interesses de divisão da cadeia de valor do capital multinacional, numa enorme rede de subcontratação. Por isso os fundos estruturais e de coesão foram essenciais, servindo os interesses do capital alemão e associados, da mesma forma que o Plano Marshall serviu o capital norte-americano.

Este foi claramente o caso Português, onde o modelo económico assentou (e assenta) nos baixos salários e na re-exportação, a par da progressiva desindustrialização e liquidação do sector primário substituída por uma terciarização económica, assente em sectores de baixo valor acrescentado. Em 2010, a produção industrial em Portugal encontrava-se ao nível de 1996. Entre 2001 e 2010, já sobre os auspícios do Euro, a produção industrial nacional recuou 14,1%. Na Grécia, a contracção foi maior, 20,4%. Na Espanha, foi de 14% e na França a contracção foi de 6,4%. O que mais uma vez indica, que o Euro fortaleceu o imperialismo alemão face a outros imperialismos, nomeadamente o francês.

Fica muitas vezes por dizer que o dito ganho competitivo da Alemanha deveu-se sobretudo à estagnação do crescimento dos salários reais dos trabalhadores alemães durante a última década.

Aqui, o Euro não falhou, cumpriu o papel para o qual foi criado. O Euro foi e é um instrumento fundamental, ao serviço da exploração do trabalho e da restauração das condições de rentabilidade do capital. O Gráfico 2 é disso elucidativo. Em termos médios anuais, na Alemanha, os lucros líquidos cresceram 81 vezes mais que os salários reais. Em Portugal cresceram 4 vezes mais e na Zona Euro 7 vezes mais. Paralelamente, os custos unitários do trabalho reais, em termos médios anuais, tiveram uma redução de 0,5% na Alemanha e 0,1%, quer em Portugal, quer na Zona Euro. Isto tendo já em conta a recessão mundial de 2009, onde a Zona Euro teve um recuo no produto de 4,1%, afectando por isso a produtividade do trabalho (produto por pessoa empregada).

Mas é talvez mais significativo ter em conta os valores acumulados da década do Euro. Entre 2001 e 2010, os lucros do capital alemão aumentaram 41,7%, enquanto os custos unitários do trabalho reais tiveram uma redução 4,6%. O mesmo se passou na Zona Euro, onde os lucros aumentaram 35,8%, enquanto os custos unitários do trabalho reais tiveram uma redução de 1,1%. Também em Portugal, onde os lucros cresceram na última década 25,6%, por conta de uma redução dos custos unitários do trabalho reais de 1,3%.

Este é um instrumento que o grande capital "europeu" não quer perder, mesmo face às rivalidades inter-imperialistas existentes, inclusive nos países que compõem a Zona Euro. Aliás, um instrumento para o qual as principais organizações do capital "europeu", a Business Europe (confederação patronal europeia) e a ERT (mesa redonda dos industriais europeus), deram um importante contributo na sua criação e sustentação.

As zonas e a integração

Sendo central a questão do papel do Euro e do seu enforcer, o Banco Central Europeu, para a redução dos custos unitários do trabalho, a verdade é que existiam em paralelo outros objectivos com a criação do Euro. Logo à partida, aliás como noutros saltos da chamada construção europeia, o aprofundamento da integração em termos económicos contribuía sempre para uma maior integração política, num processo contínuo de aprofundamento vs. alargamento da União, como forma de resolver os bloqueios e as crises do processo de integração e "limar" as contradições em torno do poder e a da repartição de ganhos e perdas. O Euro, uma das pedras lançadas pelo Tratado de Maastricht, reforçava assim o caminho da integração que veio a ser cumprido, no essencial pelo Tratado de Lisboa.

Uma unificação monetária, a capacidade de emitir moeda que é uma das componentes da soberania de um Estado, criava as condições objectivas para reforçar as componentes da constituição de um efectivo governo económico. Logo em 1997, é criado o Pacto de Estabilidade, impondo o processo de condicionamento da política orçamental e fiscal dos países participantes, em paralelo, mais tarde, com a Estratégia de Lisboa (agora apelidada de Estratégia 2020), impunham-se novos constrangimentos, com programas de execução e orientações traçadas ao nível comunitário, ao nível da liberalização de sectores estratégicos na área das comunicações, energia, transportes e dos serviços, das reformas ao nível do mercado de trabalho e nas áreas sociais, assim como da financeirização da economia.

Até o agora aprovado e em curso "Semestre Europeu", que no fundo coloca todas as áreas da política de um Estado, no crivo da decisão comunitária. Tornando-se assim um constrangimento absoluto a qualquer modelo de desenvolvimento endógeno que um Estado preconize. Obviamente, não para todos, mas de acordo com a dimensão e poder do Estado em causa, pois o que se aplica aos pequenos e médios países, não se aplica aos grandes, como se demonstrou com o incumprimento do Pacto de Estabilidade, por parte da Alemanha e da França em 2005.

É claro, que em torno da União Política e de uma União Económica e Monetária, havia também a criação de uma zona de influência do Euro, que rivalizasse com a do dólar, dando cobertura às necessidades comerciais do capital "europeu", garantindo ao Euro um papel de reserva mundial. A única questão é que ao contrário da zona de influência do dólar (que continua a dominar os principais mercados de matérias-primas), que tem no seu centro os Estados Unidos disposto a funcionar como consumidor e devedor de último recurso, no caso do Euro existe uma Alemanha que assume um papel inverso. Num contexto de um quase inexistente orçamento comunitário que representa cerca de 1% do produto da UE, vinte vezes inferior ao orçamento federal dos Estados Unidos.

Surgem aqui as contradições inter-imperialistas. Está disposta a Alemanha, o capital alemão, a assumir o seu papel na zona de influência do Euro, obviamente implicando assumir perdas e partilhar ganhos? E será isso suficiente? Pois a questão não é tanto se o Euro aqui falhou, mas sim o facto do capital alemão saber que o Euro mesmo assim vale mais do que o Marco como instrumento de classe ao seu dispor. Sendo certo que sem intervenção para acudir aos crescentes desequilíbrios macroeconómicos, o Euro corre riscos de implodir ou de a Zona Euro ficar mais reduzida.

A questão é que mesmo tendo o Euro cumprido o seu papel, no caso europeu, a verdade é que este não foi suficiente para responder à crise sistémica em que o capitalismo continua mergulhado ? uma crise de rentabilidade, uma crise de sobre-acumulação de capital sob todas as formas, onde o sistema capitalista mundial vai (sobre)vivendo de episódio de crise em episódio de crise. Sustentado artificialmente em "montanhas" históricas de dívida e de capital fictício, sem qualquer cobertura, sem uma retoma efectiva do processo de valorização do capital. E claro, afectando e moldando o próprio papel instrumental da integração capitalista europeia.

O "Pacto para o Euro mais", decidido no Conselho Europeu de Primavera a 24 e 25 de Março de 2011, mostra sem rodeios para que serviu e serve o Euro ? reduzir os custos unitários de trabalho. A austeridade imposta pelo Euro, por via de uma política monetária restritiva e do(s) PEC(s), serve o propósito estratégico de restaurar as condições de rentabilidade do capital, por via do incremento da exploração do trabalho, num contexto de uma crise sistémica.

O Euro foi e é uma "declaração de guerra" aos trabalhadores dos países da Zona Euro e de toda a UE. Uma década de desvalorização social e de desemprego crescente assim o demonstra. Apesar das contradições, a integração capitalista reforça-se criando mecanismos de constrangimento absoluto, elevando o patamar da ofensiva de classe em curso.

A emancipação dos trabalhadores portugueses, e dos outros trabalhadores dos países que constituem a UE, passa pela tomada de consciência de que não existem saídas no actual quadro que não passem por uma ruptura com as políticas vigentes, pela necessidade de derrotar o instrumento de classe que é a UE, de fazer retornar aos Estados os instrumentos de política económica, monetária, orçamental e cambial e pôr no domínio público os sectores estratégicos que permitam alavancarem o desenvolvimento económico dos países, ao serviço dos trabalhadores e dos povos. Ter consciência que só a luta de massas e a elevação do grau de organização da luta poderão derrotar a ofensiva em curso. Tendo presente que os tempos das inevitabilidades e das irreversibilidades acabaram e que os tempos são de oportunidade, tendo em conta as contradições inter-capitalistas. Hoje, como ontem, o que é necessário é que os trabalhadores e os povos tomem nas suas mãos a afirmação do seu destino, liberto da exploração. O combate ao Euro, às orientações que lhe dão suporte e às políticas que viabiliza, é parte indissociável desta luta mais geral.
[*] Economista.

O original encontra-se na revista Portugal e a UE, nº 61, Agosto 2011.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistência.....23/09 BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-23-09 DATE: Fri, 23 Sep 2011 18:26:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Mercenários canadenses em território líbio.

A CNT está a ser odiado por todo Líbia. Cidades do leste estám a içar a bandeira verde.

Todo o sul de Líbia está baixo o controlo da resistência verde.

80% de Líbia está baixo a resistência verde incluindo as cidades de Tarouca, Sanha, Leni Palitar, Hirte Zincar, Também 70% de Trípoli está baixo o controlo verde e 50% de Misratah.

Fortes confrontos em Benghazi, bastiom da CNT, entre as tribos Warfala, Obey e os civis contra os imperialistas agressores.

A agressom a Sirte leva umha semana de atraso já que as subministraçons da organizaçom armada NATO aos mercenários agressores, foi interrompida pola tribo Tarhuna.

CNT/Al-Qaeda/mercenários junto com o apoio da organizaçom armada OTAN declararam sem pudor que utilizarám toda a sua força militar agressora contra os civis que nom se rendam a eles.

Perto de 1000 mercenários imperialistas das tropas da OTAN/CNT de Misratah, desaparecêrom perto de Sirte.

Sirte capturou mais de 400 mercenários tricolor, ademais de baixas e feridos os últimos dous dias.

Confrontos diários em Tripoli na praça Verde.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Proeminentes advogados franceses preparam-se para processar Sarkozy por crimes de guerra na Líbia BASENAME: canta-o-merlo-libia-proeminentes-advogados-franceses-preparam-se-para-processar-sarkozy-por-crimes-de-guerra-na-libia DATE: Fri, 23 Sep 2011 13:38:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.mathaba.net/

Um grande número de reconhecidos juristas franceses preparam-se para demandar ao seu presidente por crimes contra a humanidade que cometeu e segue cometendo em Líbia. Em Líbia, a NATO segue matando a civis como parte da sua missom de ajuda humanitária. Enquanto isso, alguns líderes ocidentais enfrontam-se a cargos no país sobre a ilegalidade da sua intervençom militar num país soberano, cujo povoo nom pediu nem queria ser protegidos" polas bombas. Relatórios e fotos de muitas vítimas civis em Líbia realizou um grande número de proeminentes advogados franceses voltam contra o seu governo. Entre os que se Roland Dumas, ex ministro francês de Exteriores (1984-1986 e 1988-1993). Dumas di que quer processar ao presidente, Nicolas Sarkozy, por cometer crimes de guerra em Líbia. Dumas também di que está disposto a defender Muammar Gaddafi na NATO, apoiado polos chamados Corte Penal Internacional, que emitiu umha ordem ilegal da sua detençom. Contodo, Dumas acha que o líder líbio nom se enfrontará ao falso tribunal da Haia. "Se a NATO o atopa mata-o?, di. "Alguns estados agora estám a reclamar o direito a matar, contra todas as leis internacionais."

Outro advogado francês famoso e proeminente, Jacques Verges chama à guerra de Líbia um novo Vietname, onde a EE.UU. aspergiu dezenas de milhons de litros de toxinas nos cultivos nos anos 60 e 70, causando trastornos cerebrais, abortos involuntários e defeitos de nascimento até os nossos dias. "Estám a utilizar mísseis com urânio empobrecido, que causam cancro", di. "Em Tripoli, vim à gente paralisada polos ataques da NATO - os trabalhadores de escritório que nom tenhem nada que ver com a luta. É por isso que estamos a demandar ao Presidente Sarkozy por crimes contra a humanidade ". NATO primeiro negou os bombardeios da residência em Tripoli, onde 13 civis, entre eles quatro crianças, morreram. A seguir, chamou a esse lugar um centro de mando militar. O jornalista Michel Colon foi a ver o que realmente se encontra. "Livros, vídeos, brinquedos de Spiderman, livros culturais, militares nada", foi o que viu ali. Marcel Ceccaldi, outro advogado, está defendendo o civil líbio Kahled El Awidi que perdeu sua esposa, crianças e netos quando a sua casa foi bombardeada por OTAN.

"A NATO está a levar a cabo umha deliberada campanha de terror. Os seus ataques dirigidos à subministraçom de electricidade, água e alimentos ", di Ceccaldi. "Depois de meses de bombas da NATO e todos os dias milhares de mortos, a gente simplesmente nom o suporta mais." Os líderes ocidentais estám listos para o seu primeiro grande desafio legal sobre Líbia. Se param completamente os casos que venhem aos tribunais, agregou Ceccaldi, demonstrará umha vez por todas que a justiça ocidental realmente está dirigida polos políticos, nom o império da lei.

Mathaba ediçom do artigo de hoje Rússia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Fortes bombardeios da Força Aérea e tropas de desembarque naval da NATO em terra Sirte para a sexta e o sabado., BASENAME: canta-o-merlo-libia-fortes-bombardeios-da-forca-aerea-e-tropas-de-desembarque-naval-da-nato-em-terra-sirte-para-a-sexta-e-o-sabado DATE: Fri, 23 Sep 2011 01:20:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://saglieri.livejournal.com/6436.html

22 de Setembro 2011 a las 8:50 pm da sexta e o sábado programado um poderoso ataque dos mercenários da CNT, em cooperaçom com a Força Aérea da OTAN e tropas de desembarco naval em terra Sirte, assim como um ataque a Bani Walid

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia... O que está acontecendo em Sabha? BASENAME: canta-o-merlo-libia-o-que-esta-acontecendo-em-sabha DATE: Wed, 21 Sep 2011 17:44:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://ozyism.blogspot.com

As filmagens, que a CNN está mostrando som antigas, de quando eles acabavam de entrar Sabha, sem resistência de todo, porque era umha emboscada. Quando eles avançárom cara dentro, recebêrom duras baixas e fôrom forçados a fugir de acordo com relatórios e fontes de dentro da Líbia. Agora eles estám jogando umha guerra de propaganda, como eles fizérom em Sirte, que já recuou de Sirte, mas continuamente ?NATO mídia? disserom que dominavam parte da cidade. É para diminuir o moral dos líbios e fazê-los render, mas isso nom vai acontecer.
A propaganda Sirte acabou sendo mentira, eles recebêrom grandes baixas, de seguido. Os mercenários fugírom e esperarom pola NATO para implementar umha nova rodada de operaçons de terror. Na pequena cidade de Ragdalin umha emboscada semelhante foi implementado, quando os civis fôrom-se, e anunciárom as forças da OTAN que a cidade tinha se rendido. Umha vez que eles entrárom na cidade, fôrom cercados e recebérom graves baixas. Muitos mercenários fugírom deixando para trás seus companheiros a ser mortos ou capturados.

Edit - Sabha é a maior cidade do Fezzan.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia...O genocidio USA-NATO continúa BASENAME: canta-o-merlo-libia-o-genocidio-usa-nato-continua DATE: Wed, 21 Sep 2011 13:13:08 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Brian Souter:

Grupos de mercenários NATO entram nas casas para roubar, e se nom encontram nada entom tiram fora de si a frustraçom matando e violando.

Um especialista militar USA em Líbia di que se a NATO continua assim, lembra-lhe a Vietname. A diferença com Vietname é que agora controlam os meios de comunicaçom.

"Só estive em Líbia 10 meses e 7 deles passei-os vendo à NATO fazendo mais nada que destruir e destruir?.

Os cidadaos de Sabha prendêrom a muitos rebeldes.

Neste momento em Líbia há forças Britânicas, Francesas, USA, Jordan, Qatar, Turkía, Egipto, Emiratos.

Jalil admite massacre em Bani Walit, se os seus habitantes nom aceitam aos novos amos: NATO.

Líbia é um exemplo do que passará a partir de agora. Os meios criárom umha "fantasia" enquanto USA esta a fazer um genocídio.

A NATO nas suas actuaçons nom mostra nengum a respeito dos direitos humanos.

A OTAN usa NAPALM e GÁS MOSTARDA em Bani Walit.

Mercenários egípcios di que luitárom em Líbia e logo continuarám na Síria.

Jalil admite que o Líder líbio segue em Líbia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - 80-90 % da Líbia no controle do Governo - Fortes combates dentro de Tripoli BASENAME: canta-o-merlo-libia-80-90-da-libia-no-controle-do-governo DATE: Tue, 20 Sep 2011 19:08:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os meios de comunicaçom tenhem constantemente propagado que o governo líbio só mantém o par de cidades, isto é o lixo. O governo líbio controla a maioria da vasta Líbia. A OTAN está pola maior parte no controle das costas porque isto é por onde os mercenários venhem.

A televisom de Alrai informou de duros combates dentro do Tripoli. Fortes tiroteios e explosons fôrom ouvidas. Isto vem como conseqüência que a ?Hora Cero? se está achegando aginha. Ainda que a OTAN tenha prometido continuar as operaçons de terror, é incerto conhecer se os Estados membros da OTAN votariam pola continuaçom das operaçons por causa das enormes perdas económicas. .

Os líbios som conscientes deste fato, e como a ?Hora Cero? se aproxima, a luita intensifica-se.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia...Os mercenários da NATO matam-se entre eles. BASENAME: canta-o-merlo-libia-os-mercenarios-da-nato-matam-se-entre-eles DATE: Mon, 19 Sep 2011 21:18:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://ozyism.blogspot.com/

Um mercenário da NATO da tribo Warfallah foi morto a tiros polos do seu próprio bando. Foi morto por mercenários da NATO da tribo Misratah, mostrando mais sinais de aprofundamento da divisom. Este incidente ocorreu fora Bani Walid onde a NATO tem aos mercenários acampados devido às derrotas consecutivas. Alguns observadores descrevem a situaçom como "ladrons matando uns aos outros sobre a recompensa roubado". Isso reflete a situaçom no terreno, os mercenários da NATO som na sua maioria criminosos libertados de prisons pola própria NATO.

O Governo líbio implementou um contra-ataque contra as milícias NATO fora da cidade de Bani Walid matando pelo menos 45 mercenários e confiscando 25 veículos fortemente blindados. Este contra-ataque vem depois de várias derrotas por parte da NATO em sua tentativa de ocupar a cidade estratégica. Líbios tenhem resistido à NATO por 6 meses, e parece que eles se estám recusando a desistir, mesmo quando enfrenta força mais poderosa do mundo. Após 6 meses de terrorismo, assassinato em massa, tortura, enforcamentos públicos, seqüestro em massa, etc. A resistência continua e é tam forte quanto sempre. Os mercenários da NATO estám começando a luitar uns contra os outros, culpando uns aos outros por seus fracassos, mas recusando-se a admitir que eles estám sendo derrotados devido à vontade do povo líbio.

Como comprovado pelo jornalista RT, existe um apoio enorme para o governo líbio Jamahariya toda a Líbia, mas eles só falam desse apoio, sem a presença de câmeras por temerem polas suas vidas.

----- COMMENT: AUTHOR: jose [Visitante] DATE: Sat, 24 Sep 2011 20:34:58 +0000 URL: http://bairrositiocercado.com.br

Viva a paz.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia...Vitórias do exercito líbio sobre os mercenários da NATO BASENAME: canta-o-merlo-libia-vitorias-do-exercito-libio-sobre-os-mercenarios-da-nato DATE: Mon, 19 Sep 2011 19:22:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.pravdaliberacion.cjb.net/

Líbia: O exército líbio avançam com suas respectivas vitórias e apressam a 17 mercenários.

O exército líbio tomou 17 reféns entre os mercenários da OTAN na cidade de Beni Walid, que nos últimos dias foi cenário de cruentas batalhas.

?O grupo, preso em Beni Walid, está composto por 17 mercenários. Som expertos técnicos. A maioria deles som franceses, há dous ingleses, um qatarí e um cidadao de um país asiático?, informou o representante do Governo Líbio, Musa Ibrahim, numha entrevista com o canal sírio Arrai TV.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A NATO leva três guerras no que vai de século XXI BASENAME: canta-o-merlo-a-nato-leva-tres-guerras-no-que-vai-de-seculo-xxi DATE: Mon, 19 Sep 2011 14:12:48 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org

Alfredo Jalife

A NATO leva três guerras no que vai de século XXI: Afeganistám, montada numha grande mentira como a de 11 de Setembro de 2001; Iraque, com a descarada mentira das armas de destruiçom maciça que nunca tivo Saddam Hussein; e Líbia, outra grande mentira. Percebamos que a NATO nom se vai a basear na verdade, senom nas mentiras. O banco da NATO. Assim há que vê-lo. A NATO é um banco crebado. Toda a banca de Estados Unidos, Gram-Bretanha e França estám crebadas, na insolvência.

Estados Unidos "mente sobre as suas finanças, mente sobre as suas contas, fai guerras mentindo", "Enquanto ainda tem poderio é na globalizaçom financeira se nom se desbanca ao dólar, e na desinformaçom se nom temos meios alternativos globais". Nom deixa de perguntar-se "quantas Líbias necessita a banca da NATO para tapar o seu buraco negro financeiro", e responde-se: As potências saírom a buscar recursos onde estejam.

A NATO é um banco. O primeiro que fixo foi capturar os recursos financeiros de Líbia, mediante os fundos soberanos de riqueza (sorte de Fonden que recolhe os excedentes do petróleo), que consistiam em 165 mil milhons de dólares; já os podárom, e dizem que nada mais há 50 mil milhons. Seguro que lhe botarám a culpa à família Gaddafi e dirám que os enterrou no deserto. Também tomou as reservas de divisas, que som as que, polo PIB, veio acumulando o país, e que o Banco Mundial aceita que som de 150 mil milhons de dólares. Logo estám as 155 toneladas de ouro.

"Nom é gratuito que à operaçom da NATO chamem-na a Odisseia" "É como o saqueio da Ilíada e a Odisseia. Para mim é muito claro: é o saqueio do botim da riqueza".

O ataque contra Líbia é dinheiro. É o saqueio absoluto. O dinheiro, em curto prazo, que o necessitam Estados Unidos e Europa para se ressarcir das perdas que tivérom pola crise de 2008. Os bancos estám na insolvência. E logo, o petróleo, o gás e a água. E depois, é umha cabeça de praia para a NATO poder ter o Africacom em Líbia, cuja sede estava na Alemanha porque nengum país aceitou-o. Nom esqueça que houvo operativos terrestres clandestinos do Exército de Estados Unidos, Gram-Bretanha e França em Líbia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os mortos e vítimas do genocídio perpetrado pola NATO em Líbia mostram as intençons dos assassinos BASENAME: canta-o-merlo-os-mortos-e-vitimas-do-genocidio-perpetrado-pola-nato-em-libia-mostram-as-intencons-dos-assassinos DATE: Mon, 19 Sep 2011 11:34:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Segundo as últimas cifras calculam-se 68000 mortos (à espera de saber que sucedeu com os 10.000 habitantes de Tawerga, e os perto de 70 mil seqüestrados só em Tripoli, assim como das vítimas dos bombardeios dos últimos 15 dias).

68.000 mortos de umha populaçom dentre seis e seis milhons quinhentos mil líbios.

Sendo conservador, e para simplificar esta cifra representa 1% da populaçom do país.

No Estado espanhol som 45 milhons aproximadamente, extrapolando 450.000 mortos em seis meses, praticamente a mitade da matança fascista do 36.

Os últimos 15 dias fôrom terroríficos já que a OTAN e as suas tropas de mercenários desde terra ham massacrado todo o que pudérom e mais.

A cidade de Tawerga sofreu um genocídio atroz segundo testemunhas que alcançárom fugir do lugar e contárom o que ocorreu. Lembremos que as primeiras agressons a este povo fôrom os bombardeios da NATO sobre o mercado de verduras num momento de máximo bulício, foi bombardeada várias vezes mais e logo os agressores a Líbia levárom as tropas em helicópteros e barcos às costas de Tawerga para ser utilizada como base e tentar recuperar Misratah.
Ao chegar a Tawerga eliminárom à populaçom literalmente cometendo actos terroríficos para atemorizar à populaçom e os que pudérom fugírom. Assim alcançárom esvaziar o povo e utilizá-lo de base para as tropas de terra. É muito importante compreender o comportamento destes "democratas" que venhem a liberar Líbia. Espero que a nom muito tardar conheçam-se os factos precisos das aberraçons e atrocidades dos que se atrevem a chamar-se "defensores dos civis"...Que civis?.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Desde Líbia, Pavel e Briam informam...18/09 BASENAME: canta-o-merlo-desde-libia-pavel-e-briam-informam-18-09 DATE: Mon, 19 Sep 2011 01:49:48 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Desde Rússia Pavel informa...18/09

Hoje os chefes das ratas declarárom que se apoderaram do aeroporto de Sirte. Nom é verdade. Há combates perto do aeroporto.

Valentes voluntários ontem detiveram às ratas mercenárias que tentárom entrar em Sirte e metêrom-se numha emboscada.... todos eles e os seus veículos. A batalha durou de 16 a 22 horas , martirizados 16 voluntários. Entom começárom intensos bombardeios da NATO sobre a cidade de Sirte com F-16, chimpárom mais de 130 bombas e foguetes.

Bombardeárom:- Edifício de Seguro de construçom - Hospital Nº 2 - Estaçom de rádio local de Sirte - Bombardeio Bohadi - Bombardeio Alhanioh - Bombardeio o clube

Bombardeios em tapete. Isto provoco` a morte de mais de 400 mártires em dous dias e há umha grave escassez de equipa médico. Sirte é um objecto de genocídio

Os líbios rejeitaram um ataque da NATO à Al Brega. Brega é verde e está sob o controlo dos patriotas líbios

Perto de 150 militares franceses movem-se por Tripoli nos carros da Cruz Vermelha.

Hoje em dia a cidade de Misurata recebido centos de mercenários feridos. o pátio do hospital está` cheio de ratas vítimas, a maioria deles sofreu ferimentos graves e morreram 41 no hospital como resultado da Batalha de Sirte "

Vivam as mulheres líbias! As ratas da OTAN e os seus mercenários fogem das mulheres de Sirte. Hoje a ?média? demonstrou às mulheres líbias armadas com rifles,sobre os telhados das casas de Sirte.

DESDE LÍBIA...18/09

Brian Souter envia:

A CNT aceitou que EEUU estabeleça bases militares permanentes em Líbia.
Agora podemos compreender claramente o ódio de EEUU ao governo líbio já que nom aceitam ocupantes estrangeiros. Vemos o grande amor a Líbia desta CNT que vendem o seu país por dinheiro. Em EEUU se fosse ao revés, esta CNT estariam em Guantámano, ao menos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Assalto á mão armada em Tripoli BASENAME: canta-o-merlo-libia-assalto-a-mao-armada-em-tripoli DATE: Sun, 18 Sep 2011 20:19:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.voltairenet.org/

por Manlio Dinucci

O que faria se um banco, no qual teria depositado 100 000 euros para os fazer render, lhe comunicasse que no espaço de um ano o valor do seu depósito estaria reduzido a menos de 2 000 euros ?

Isso foi o que aconteceu na Líbia, segundo uma pesquisa do Wall Street Journal [1]. Depois dos EUA e a União Europeia terem revocado o embargo em 2004, afluíram para a Líbia dezenas de bancos e instituições financeiras estadunidenses e europeias. Dentre as quais a Goldman Sachs, um dos maiores bancos de investimentos do mundo, cuja sede se encontra em New York. Na primeira metade do ano 2008, a Autoridade líbia para o investimento confiou-lhe 1300 milhões de dólares em fundos soberanos (capital que o Estado investe no estrangeiro). O banco Goldman Sachs investiu-os num conjunto de seis empresas : a Citigroup Inc. dos EUA, o banco italiano Unicredit e o banco espanhol Santander, a companhia de seguros alemã Allianz, a fornecedora de energia francesa Électricité de France e a italiana Eni. Um ano depois, a Goldman Sachs comunicou á Autoridade líbia que, por causa da crise financeira, os fundos líbios tinham perdido 98 % do seu valor, sendo que os 1 300 milhões ficaram reduzidos a 25 milhões de dólares. Furiosos, os responsáveis da Autoridade líbia convocaram em Tripoli o gerente da Goldman Sachs - Norte de África. O encontro foi turbulento e resultou na evacuação precipitada de Tripoli dos empregados do banco, com receio de serem presos. Visto que a Líbia ameaçava intentar um processo judicial, comprometendo a reputação do banco aos olhos dos investidores, Goldman Sachs ofereceu indemnizações na forma de acções do próprio banco. Os líbios justamente desconfiados, não assinaram o acordo. Restava assim aberta a possibilidade da Autoridade líbia processar a Goldman Sachs. Vários casos semelhantes, de «má administração do capital líbio», foram trazidos á tona num relatório publicado pelo New York Times [2]. Por exemplo, a empresa Permal ? unidade de Legg Mason, uma das principais empresas de gestão de investimentos, cuja sede se encontra em Baltimore ? administrou 300 milhões de dólares em fundos soberanos líbios, os quais perderam 40% do seu valor entre Janeiro 2009 e Setembro 2010. Em compensação, a Permal resgatou 27 milhões de dólares para as suas prestações. A mesma coisa aconteceu com bancos e instituições financeiras, como a holandesa Palldyne, a francesa BNP Paribas, a britânica HSBC e o Crédit Suisse. A Autoridade líbia ameaçava processar judicialmente e internacionalmente estas entidades, estragando assim a imagem e reputação destes «prestigiosos» organismos financeiros. Tudo se resolveu de forma feliz quando, no passado mês de Fevereiro, os EUA e a União europeia «congelaram» o fundo soberano líbio. A sua «supervisão» foi confiada a estes mesmos bancos e instituições financeiras, que anteriormente os tinham gerido de forma excelente.

Do roubo passou-se ao assalto á mão armada quando a guerra teve início em Março. Protegidos pelas bombas da NATO, a HSBC e outros bancos de investimento chegaram a Benghazi para criar o novo « Central Bank of Libya », que lhes permitirá no futuro gerir os fundos soberanos líbios «congelados» bem como a riqueza obtido pela exploração de petróleo. Desta vez, sem dúvida, obtendo um forte e grande rendimento.

[1] « Libya?s Goldman Dalliance Ends in Losses, Acrimony », Magaret Coker, Liz Rappaport, Wall Street Journal, 31 mai 2011.

[2] « Western Funds Are Said to Have Managed Libyan Money Poorly », David Rohde, The New York Times, 30 juin 2011.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A NATO aterroriza aos líbios para a sua submissom -polo menos 50.000 desaparecidos- BASENAME: canta-o-merlo-a-nato-aterroriza-aos-libios-para-a-sua-submissom-polo-menos-50-000-desaparecidos DATE: Sun, 18 Sep 2011 20:11:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://ozyism.blogspot.com/

A NATO e as suas milícias de mercenários assassinam brutalmente aos líbios desde o início para suprimi-los e o seu desejo de viver sob a democracia Jamahariya, em vez de um fascismo de fantoches.
De enforcamentos públicos, a tortura, mesmo as pessoas queimadas vivas por expressar seu apoio ao Governo Jamahariya.

O líbios nom podem falar, porque ?desapareceriam, mortos ou pior, torturado até a morte. Fossas comuns fôrom encontradas e em torno de Tripoli, os caboucos comuns som de adeptos Governo mortos polos esquadrons da morte da OTAN.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Desde Líbia...18/09 BASENAME: canta-o-merlo-desde-libia-18-09 DATE: Sun, 18 Sep 2011 18:47:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Todos os líbios aos que lhes chega comunicaçom telefónica estám a receber mensagens de sms da NATO periodicamente.

Por exemplo recebêrom um que lhes dizia que hoje deviam sair à rua.

Devido a que os agressores bombardearam as comunicaçons de Líbia, os líbios nom podem saber se a informaçom que recebem vem do seu governo ou dos agressores assassinos.

Este é precisamente o grande jogo que estám a fazer os agressores, bloquear aos líbios ao limite máximo que nom se podam comunicar nem com os familiares que vivem noutra cidade, nem ouvir rádio, nem Tv, nem nengum tipo de informaçom.

Alguns líbios pensaram que a mensagem vinha do seu líder.

Por outra parte parece ser que nos próximos dias aparecêrom nos médios internacionais e os grandes desinformadores árabes, algumhas informaçons "fantasmas"

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistência.....17/09 BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-17-09 DATE: Sun, 18 Sep 2011 14:57:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Sirte: a cidade de Sirte acaba de ser intensamente bombardeada pola organizaçom terrorista a NATO. As bombas fôrom dirigidas à populaçom civil directamente.
"Querem matar quantos mais líbios melhor". "os líbios som gente inteligente e formada que nom se dobrega fácil, por isto querem eliminar os mais melhor e logo trazer gente do Egipto, ou dos países do redor para ocupar o país. Com o controlo da informaçom ocidente nem se dará conta.

Estes edifícios tinham mais de 500 habitaçons e foram destruídas pola NATO

Nom se pode esquecer que Líbia nom chega aos 6 milhons de povoaçom. E com esta manobra -semelhante a levada a cabo por Marrocos no Saará Ocidental- mudariam a base populacional líbia. (Nota de Canta o Merlo)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Ras Lanuf liberta e tropas líbias entram Misratah BASENAME: canta-o-merlo-libia-ras-lanuf-liberta-e-tropas-libias-entram-misratah DATE: Sun, 18 Sep 2011 09:09:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://ozyism.blogspot.com/

Ras Lanuf liberta e tropas líbias entram Misratah
8:07 PM ozyism

18/sept/11

Ras Lanuf foi liberada desde 15/sept/11 segundo relatórios novos. No dia 15, mercenários da NATO recebêrom umha derrota devastadora e fôrom forçados para fugir aos arredores de Sirte e esperar pola NATO para umha vez mais continuar intensificando as operaçons de terror que já matárom mais que 300 civis na cidade.

Outros relatórios sugere que o Exército líbio introduziu-se Misratah, umha cidade que ela mesma derrotou ao CNT

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Agressores a Líbia podem usar armas nucleares!!!!!! BASENAME: canta-o-merlo-libia-agressores-a-libia-podem-usar-armas-nucleares DATE: Sat, 17 Sep 2011 22:40:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://news.argumenti.ru/world/2011/09/125283

Pavel informa desde Rússia:

O serviço de de inteligência russa tem informaçom de Bruxelas que a OTAN pode usar em Sirte e Beni-Walid a arma nuclear (informa Korenev) .

Nom sabemos se é possível, mas pode-se esperá-lo todo da OTAN e dos mercenários.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Esquadrons da morte em Tripoli e Zawia - Seqüestram e matam todas as noites BASENAME: canta-o-merlo-libia-esquadrons-da-morte-em-tripoli-e-zawia-sequeestram-e-matam DATE: Sat, 17 Sep 2011 22:32:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Passam fame em Tripoli porque nom recebem o seu dinheiro do banco e porque a maioria das lojas fechárom. Hoje um dos meus amigos foi a buscar dinheiro da sua conta ao banco mas nom o pudo sacar. Voltará manhá.

Em Zawia e em Tripoli há pessoas e famílias que desaparecem durante a noite. Algumhas aparecem ao dia seguinte mortas. É umha repressom oculta e umha vingança oculta contra os que acreditaram e ainda crem no governo líbio legítimo.

Hoje consegui um vídeo de Tripoli e do Largo Verde. Vê-se um pouco de trânsito de novo e vem-se alguns carros. mas praticamente ninguém cominando na praça e nas ruas absolutamente nem umha mulher nem umha criança. Já nom é o mesmo que conhecíamos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Outros meios de comunicaçom confirmam a derrota e retirada dos mercenários da NATO BASENAME: canta-o-merlo-libia-outros-meios-de-comunicacom-confirmam-a-derrota-e-retirada-dos-mercenarios-da-nato DATE: Sat, 17 Sep 2011 10:56:12 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

https://counterpsyops.wordpress.com/

17/sept/11

NewsDay
Os milicianos da NATO forçados a se retirar

Apesar de que estes meios de comunicaçom finalmente decididos para informar a inegável derrota e retirada, absolutamente nengum detalhe mais é dado. Os meios de comunicaçom nom dim nem um bocado mais. Desde onde fôrom forçados para se retirar, e também umha vez mais calam as baixas.

Suspeito que a fonte dá intencionalmente detalhes miúdos para esconder os fracassos dos mercenários da NATO, e ainda seguem a apoiar as operaçons terroristas das Forças Especiais da NATO.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Saqueios de Museus . Mural indicativo BASENAME: canta-o-merlo-libia-saqueios-de-museus-mural-indicativo DATE: Sat, 17 Sep 2011 10:20:42 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O MUSEU CENTRAL DE LÍBIA

http://leonorenlibia.blogspot.com/

O melhor e mais grande museu de Líbia que albergava todas as peças de valor encontradas em todo o ancho e comprido de Líbia foram roubadas!!!
Matam, destroem, assediam e roubam. Nom nos confundamos ao julgar

MUITO REVELADOR

http://t.co/444UdpRN

Muito revelador: Os mercenários da OTAN destroem um mural nos arredor de Sirte que som as fotos dos protagonistas da INDEPENDÊNCIA AFRICANA.

Sobram as palavras

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Retirada dos mercenários da NATO por derrota desde o norte de Bani Walid BASENAME: canta-o-merlo-libia-retirada-dos-mercenarios-da-natopor-derrota-desde-o-norte-de-bani-walid DATE: Sat, 17 Sep 2011 01:12:49 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

https://counterpsyops.wordpress.com/

Os relatórios indicam que milícias de NATO fogem do norte Bani Walid após que as suas posições se vinhérom abaixo. Neste momento ainda nom está claro quantos mercenários da OTAN fôrom mortos ou feridos (Reuters)

Duros combates reportárom-se nas aforas de Sirte, quando mercenários da NATO tentárom arrasar a cidade, também forças para-quedistas deixárom-se cair dentro da cidade para atacar desde dentro. A mesma táctica foi utilizada em Bani Walid, mas os mercenários da NATO fracassárom tendo grandes perdas e retirárom-se deixando aos para-quedistas encalhados no interior.

As milícias de NATO recebêrom duras baixas por volta de Sirte, fontes dentro de Sirte estimam que mais de cem mercenários da NATO fôrom mortos.

Combates raivosos sobre as Zero Hora tenhem-se intensificado. NATO nom tem a expectativa para continuar as operaçons de terror em ZERO HORA devido à imagem negativa da guerra, e também aos custos económicos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Atopadas fossas comuns com corpos de soldados assassinados do exercito líbio, BASENAME: canta-o-merlo-libia-atopadas-fossas-comuns-com-corpos-de-soldados-assassinados-do-exercito-libio DATE: Fri, 16 Sep 2011 21:05:53 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

|The Beirut Herald|بيروت هيرالد|

Em Tripoli, fôrom atopadas fossas comuns com corpos de soldados do exercito líbio, informou nesta segunda-feira o enviado especial de teleSUR a Líbia, Diego Marín. "Num bairro da capital (...) foram descobertas fossas comuns com restos de soldados leais ao Estado líbio, segundo a informaçom fornecida por Marín já se abrírom duas fossas, numha das mesmas atopavam-se 18 corpos e na outra 4 restos de forças leais ao Estado líbio.

"Segundo testemunhas estes assassinatos por partes das forças mercenárias da OTAN (...) ocorrêrom o dia 20 de Agosto", indicou o jornalista. A situaçom surge em momentos nos que se intensificam os ataques em várias cidades do norte de Líbia como Bani Walid e Sirte, cidade natal do coronel Gaddafi.

Os mercenários do Conselho Nacional de Transiçom (CNT) líbio encontraram-se nesta segunda-feira com umha resistência mais forte do que pensaram, assinalou Diego Marín.

A ofensiva em Bani Walid deu contra o interior do oásis. Esta operaçom começou antes do mencer e com unidades de assalto rápido que avançárom pola frente norte armadas com fuzis e lança-granadas, di um dos comandantes no terreno.

Supostamente, o objectivo principal era despejar as entradas, limpar telhados e janelas de franco-atiradores e obrigar aos leais a retroceder para o mercado, onde o combate rueiro foi intenso nos últimos dous dias.

Marín, assinalou que os mercenários da NATO "encontrárom maior resistência da que esperaram os últimos dias". Destacou que som os ataques da NATO os que alcançam "abrir brechas para que os mercenários podam avançar à cidade". Os confrontos estendêrom-se em cidades como Jufrah, Sebha (ocidente) e Sirte informou o jornalista de teleSUR.

Desde o passado mês de Março, a NATO leva o controlo das operaçons em Líbia com o pretexto de "proteger" à populaçom civil, contodo, a invasom deixou dezenas de milhares de mortos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A OTAN segue com a guerra terrorista e genocída contra os líbios BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-otan-segue-com-a-guerra-terrorista-e-genocida-contra-os-libios DATE: Fri, 16 Sep 2011 19:13:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.gazeta.ru/news/lenta/2011/09/13/n_2007561.shtml»

Umha provocaçom enorme esta a desenvolver a NATO.

A finalidade é descrédito do exército líbio e dos voluntários dos países africanos.

Compram armas soviéticas para parecer exército líbio. Hoje foi anunciado que a NATO adquiriu armas soviéticas, incluindo uns quantos tanques e armamento. Veículos, desde Letónia, Moldova e possivelmente desde outros países. Para o seu transporte utilizam um IL aeronave cargueiro pesado-76.

Entom os mercenários pinta-os com as cores de Jamahiriya para passar-las como um exército de voluntários que matará civis em Líbia. Naturalmente, estas acçons sementarám discórdia entre as tribos e o exército, e terminará com a presência dos voluntários de estas.

A aeronave chega desde Moldova hoje. A emboscada já está armada.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - 20.000 homens contra o exercito mais poderoso do mundo, a NATO BASENAME: canta-o-merlo-libia-20-000-homens-contra-o-exercito-mais-poderoso-do-mundo-a-nato DATE: Fri, 16 Sep 2011 16:43:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

http://libyasos.blogspot.com/p/news.html

Um barco da NATO foi destruído em águas territoriais líbias muito perto da costa de Sirte.

O exército líbio só tem 20.000 soldados que se estám enfrontando ao maior exercito do mundo.

Em Tripoli ninguém votou a esta CNT. O comité do povo segue sendo o governo legal de Líbia e apoiado pola maioria do povo líbio.

Quantos milhons de trabalhadores estrangeiros em líbia viram as suas vidas destruídas graças ao "trabalho" de Sarkozi, Cameron e Obama?.

A resoluçom de 1973 está prestes a terminar enquanto a OTAN aperta ao máximo destruindo Sirte tanto como pode. Mantendo à populaçom com um assédio máximo, sem comida, nem água nem electricidade.

Dim que bombardeiam Sirte porque o líder líbio está ali...cada cidade que a OTAN destrói relacionam com o líder líbio coma se fosse justificável destruir um país na perseguiçom de umha pessoa...lembra-me a invasom do Afeganistám perseguindo ao três vezes falecido Osama Bin laden.?

Sirte vive um inferno graças à organizaçom armada Otan.

Cidadaos líbios foram forçados sob ameaça de morte com rifles, para que dessem o seu apoio ao líder do Regime inglês Camerón na cidade de Benghazi

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistencia - Desde Rússia Pavel informa...15/09 BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-desde-russia-pavel-informa-15-09 DATE: Thu, 15 Sep 2011 23:40:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Desde Rússia Pavel informa...15/09

A tribo de Tuwaraga insta as tribos da África a ajudar . 70 mil Tuwaragas chegárom para ajudar a Líbia

O jornalista francês Thierry Meyssan ,baseando-se na informaçom dos serviços secretos franceses, acusou publicamente a Sarkozy de que é um agente da CIA. Isto foi escrito bem no articulo de Meyssan "Operaçom Sarkozy". É o mesmo artigo em francês em:

http://www.mondialisation.ca/index.php?context=vai&aid=963

Os mercenários da OTAN perto de Sirte encontram-se numha situaçom desesperada porque a sua subministraçom cortam-na os voluntários verdes que capturárom Brega e Ras Lanuf?

Enviamos-te umhas informaçons do grupo e do twitter.

Os meios internacionais afirmam que as ratas entrárom em Sirte, utilizam 900 carrinhas.
Mas temos umha informaçom que di que as ratas montárom um vídeo falso da tomada de Sirte para crebar o animo dos defensores da cidade. Pronto Alyazira vai mostrar este vídeo falso.
Em verdade as ratas estám a uns 50 km, de Sirte, botárom fora do lugar aos jornalistas especialmente

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia O genocídio da OTAN segue na Líbia-Um cidadao de Beni Walit fala BASENAME: canta-o-merlo-libia-o-genocidio-da-otan-segue-na-libia-um-cidadao-de-beni-walit-fala DATE: Thu, 15 Sep 2011 21:43:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Um cidadao de Beni Walit fala

Enviado por Osabini:

Estimada amiga por fim pudem comunicar-me com um irmao de Bani Walid. A situaçom é a seguinte: estám sem os serviços elementares. Nom deixaram entrar aos mercenários. A NATO bombardeou e segue bombardeando todo o que pode ser um depósito. Bombardeárom a Têxtil Wool Company, destruírom-na completamente. Trabalhavam 640 pessoas e era a principal fonte de trabalho, também a nova fábrica de electrodomésticos e depósitos de alimentos.

?Chefes tribais estám a negociar mas cá é um inferno e Líbia já nom voltara a ser a mesma? Estou a tratar de ir-me as minhas filhas estám aterrorizadas? O nosso líder também tivo que mandar os filhos em Argélia e Niger! (textual).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A mantença dos ?Bourbons? pequenos BASENAME: canta-o-merlo-a-mantenca-dos-bourbons-pequenos DATE: Thu, 15 Sep 2011 19:37:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/

Urdangarín envolto num novo escândalo: recebeu 300.000 euros a dedo

O duque de Palma, Iñaki Urdangarín, marido da infanta Cristina, recebeu 300.000 euros da SGAE por uns estudos que umha empresa do ex jogador de balom-mao, Nóos Consultoría S.L. realizou para esta. O contrato foi adjudicado ?a dedo? por Teddy Bautista, e vários dos conselheiros de Bautista asseguram que nunca viram os relatórios que dita consultora elaborara para a SGAE.

Os relatórios, destinados a melhorar a imagem da Sociedade, fôrom encarregados à empresa Nóos Consultoría Estratégica S.L. O contrato que assinárom as duas partes durou três anos e durante esse tempo, Nóos Consultoría, presidida por Urdangarín, levou 300.000 euros.

Fontes próximas a Urdangarín asseguram que esses relatórios sim se fizêrom e, ademais, afirma que ?centraram-se inicialmente em levar a cabo um diagnóstico do estado de saúde da sua imagem e da sua organizaçom interna?.

A eleiçom de Bautista pola empresa de Urdangarín seria umha aposta pessoal, que rejeitou consultoras de primeiro nível para realizar os supra-citados relatórios, apesar da oposiçom de vários conselheiros da SGAE.

Nom é a primeira vez que Urdangarín vê-se afectado por um caso deste tipo. Em 2006 tivo que abandoná-la presidência de Nóos trás saber-se que recebera 1,2 milhons de euros do Governo das Ilhas Baleares, presidido por Jaume Matas (PP) , a mudança de organizar umhas conferências em Palma sobre turismo e desporto, e que está a ser investigado polo Julgado de Instruçom número 3 de Palma, dentro do caso ?Palma Areia?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Desde Rússia informam BASENAME: canta-o-merlo-libia-desde-russia-informam DATE: Thu, 15 Sep 2011 19:11:55 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Todos os líbios recebêrom um sms que di aproximadamente isto:

"O governo líbio quer que vós o 18 de Setembro saiades das vossas casas a luitar contra os rebeldes".
Realmente É UMHA ARMADILHA.
Este sms foi enviado pola OTAN e nom polo governo líbio.
O dia 19 de Setembro , as UN decidiram acerca da resoluçom 1973 e a OTAN necessita outro massacre ( a OTAN quê-la fazer enganando ao exército líbio), assim as UN terám a escusa para dizer à OTAN que continue esta guerra ilegal.

LIBIOS, PERMANECEI NA CASA O 18 DE SETEMBRO DE 2011!!!

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Panfletos da NATO dizendo que Bani Walid seria bombardeada com fósforo branco (bombas proibidas polos acordos de Gèneve) BASENAME: canta-o-merlo-libia-panfletos-da-nato-dizendo-que-bani-walid-seria-bombardeada-com-fosforo-branco-bombas-proibidas-polos-acordos-de-geneve DATE: Wed, 14 Sep 2011 16:03:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://hator-ra.blogspot.com/

A NATO chimpou panfletos à cidade de Bani Walid.

Os volantes chamam a todas as famílias a render-se e também que se se entregam as armas (as que se lhes deu o fim de destruir a NATO e as ratas) ganhariam a enorme quantidade de 500 000 dinnars por família ..... no outro lado da folha estava escrito que se eles nom entregam as armas Bani Walid seria bombardeada com fósforo branco!

A resposta das tribos de Bani Walid foi:
"" Nom, e nom se renderá nem traira à naçom e estamos dispostos para servir a Deus e o destino. "

Esta é a resposta das pessoas que nasceram valentes.
vitória ou o martírio..

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistência... 14/09 BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-14-09 DATE: Wed, 14 Sep 2011 15:03:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

O bairro de Tripoli ABU SALIM está limpo de ratas. As bandeiras verdes voltam ondear nos telhados. Numha explosom em Tripoli,morreram 250 rebeldes

Arrestado em Sirte um espia da NATO que dava os pontos de GPS. Em Beni Walit muitos rebeldes rendêrom-se. O exercito líbio capturou em Ghadamés a um instrutor francês.

Ontem a NATO bombardeou Tripoli sobre civis. As bombas da NATO matárom dúzias de civis. Abdelhakin Bekhaf declara: " Jibril nom representa a ninguém".

Ghadamés foi liberada completamente da NATO e dos seus mercenários polo exército Argelino. A estrada desde Argel a Sirte e Tripoli está limpa para a chegada de numerosos novos voluntários desde Argel dispostos a defender aos seus vizinhos dos agressores estrangeiros.

Reportado que uns rebeldes armados violárom a umha idosa com várias meninhas, umha dela de 5 anos e logo cortaram-lhes os peitos. Esta é umha prática habitual entre os mercenários para assustar à populaçom.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A organizaçom terrorista OTAN quere provocar umha guerra civil contra as tribos. BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-organizacom-terrorista-otan-quere-provocar-umha-guerra-civil-contra-as-tribos DATE: Wed, 14 Sep 2011 05:33:49 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

URGENTE:

http://www.argumenti.ru/world/2011/09/124666

Rebeldes da NATO comprárom em Moldávia (antiga URSS), armas /técnica.

No aeroporto de Chisinau (capital de Moldávia) aterrou líbio IL-76, que voou desde Benghazi para subir a bordo equipa militar e armas, comprados ao exército moldavo ". Tenho informaçom de hoje desde URSS técnicas militares
A NATO vai pintar as armas da cor do Exército líbio e utilizará-lo para atacar às tribos líbias (!!!) como exército líbio.
Eles querem criar o caos e a guerra entre as tribos.

A NATO quer a guerra civil em Líbia devido a que a NATO está a perder a guerra..

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistência...Al Brega 13/09 BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-al-brega-13-09 DATE: Wed, 14 Sep 2011 05:25:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Desde Líbia...Al Brega...13/09

A área de Al Brega foi muito bem defendida pelo exército Líbia ao longo deste seis meses.
Contodo a NATO e os seus mercenários, estrategos e demais mudaram a sua táctica de luita provocando o desconcerto e a mentira dentro do exército.

As empresas de comunicaçom da NATO alcançárom entrar na linha de comunicaçom do exército Líbio e dérom a ordem ao exército líbio que se encontrava em Al Brega que se retirasse a Al Jufrah, ao sul. A pessoa que dava a ordem identificou-se como Khamis Al Ghadafi.

O exército líbio obedeceu e retirou-se. Enquanto a NATO e os rebeldes entravam na cidade e porto.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia, a resistência contra la OTAN conutinua BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-resistencia-contra-la-otan-conutinua DATE: Tue, 13 Sep 2011 14:29:19 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

A NATO bombardeou as cidades do leste Tubruq, Al Bayda, Al Marj. Se miráis o mapa vereis que correspondem a cidades da área do lês-te que se supom em maos "mercenários" desde o princípio. O que ocorreu é que o exército Líbio haver entrado no lês-te e está-o ocupando. A organizaçom armada NATO em uniom com os mercenários armados seguem com o sua tentativa de invadir o país aos líbios que vivem nela.

Al Uqaylah, Ras Lanuf, Sirte, An Nawfaliyah, Beni Walit, todas elas no golfo de Sirte estám em maos do exército líbio.

Em Ras Lanuf houvo fortes confrontos entre as tropas NATO e o exército líbio onde falecérom uns 350 mercenários armados.

Em Beni Walit capturaram 58 mercenários das tropas da NATO que som Franceses e Ingleses.

Tripoli: Grandes explosons estám a produzir-se em Tripoli devido a que os mercenários capturaram os arsenais de armas e estavam a utilizar as armas. pola noite exploraram todos estes arsenais ocupados por mercenários.
Os mercenários tinham muitos postos de controlo dentro da cidade de Tripoli e pola manhá apareceram todos os postos baleiros.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O colapso da eurozona é quase certo. BASENAME: canta-o-merlo-o-colapso-da-eurozona-e-quase-certo DATE: Mon, 12 Sep 2011 22:33:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.resistir.info

"A menos que haja uma mudança dramática e simultânea na política da Itália, da Alemanha e do Banco Central Europeu, o colapso da eurozona é quase certo. Nem a Itália, nem a Espanha, Portugal, Irlanda ou Grécia serão capazes de manter a sua condição de membros da eurozona e manter a sustentabilidade da sua dívida soberana com os spreads actuais da taxa de juro. Alguma coisa terá de ceder". Quem afirma isto é um editor do Finantial Times, Wolfgang Munchau. O seu artigo pode ser lido em Eurointelligence .
Face a isto, cabe perguntar para onde nos leva a subserviência do governo PSD/CDS aos ditames da troika FMI/UE/BCE. O desligamento de Portugal da eurozona é inevitável e os sacrifícios agora impostos aos portugueses são inúteis. No fim do programa da troika Portugal estará numa situação económica pior do que agora. Não há luz no fundo deste túnel.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia, um genocídio planificado BASENAME: canta-o-merlo-libia-um-genocidio-planificado DATE: Sun, 11 Sep 2011 17:00:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org

Roy Chaderton: Temos um genocídio planificado em Líbia

Como "genocídio planificado" qualificou o ex chanceler da República e actual embaixador de Venezuela ante a OEA, Roy Chaderton, a invasom sistemática com a que OTAN arremetem contra o povo líbio.

"Durante vários meses estivo chovendo lume desde o ar com a mais sofisticada e perversa tecnologia sobre a populaçom civil de Líbia, despedaçando vidas humanas com a escusa de evitar a desfeita dessas mesmas vidas", asseverou durante o programa D Frente, que transmite Venezuelana de Televisom.

A estratagema à que apoiaram as potências invasoras consistiu "a julgamento de Chaderton- em fazer-se da escusa da sensibilidade humanitária para intervir umha insurgência que podia converter numha guerra civil, passando por alto todas as instâncias que estavam a advogar para buscar umha saída negociada.

Sobre o futuro de Líbia argumentou que era complicado predizer qual seria o saída do conflito, ainda que advertiu que "pode repetir-se "à sua maneira e com as características próprias de Líbia" o que está a passar no Iraque, onde nom terminaram de controlar a situaçom, onde as potências perdéram a guerra a um custo altíssimo para eles mesmos".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Resistência....As forças especiais da NATO combate e estám em Bani Walid. BASENAME: canta-o-merlo-libia-resistencia-as-forcas-especiais-da-nato-combate-e-estam-em-bani-walid DATE: Sun, 11 Sep 2011 14:21:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

"Involucradas as unidades especiais dos britânicos, franceses e as operações de comandos de EE.UU nas zonas nas que se encontra a poucos quilómetros de Bani Walid. Estas forças estiveérom involucradas nos confrontos contra o exército de Líbia e os voluntários do povo líbio."

Reuters em árabe.

http://www.facebook.com/news.reuters

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A OTAN usa bombas de framentaçom e o gás mostarda contra Bani Walid - A água na assediada Sirte está envenenada. BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-otan-usa-bombas-de-framentacom-e-o-gas-mostarda-contra-bani-walid-a-agua-na-assediada-sirte-esta-envenenada DATE: Sun, 11 Sep 2011 01:04:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

A OTAN usa bombas de framentaçom e o gás mostarda contra Bani Walid

Bombardeiam a cidade com bombas de fragmentaçom e o uso de gás mostarda contra os habitantes da cidade durante os intensos bombardeios da NATO. É um crime contra a humanidade e em contra das normas e leis internacionais.

As informaçons do grupo: Depois do bombardeio nocturno ,os mercenários da CNT com o apoio dos mujaidins do Afeganistám e Paquistám tratárom de entrar em Beni Walid, mas foram rejeitados.


A água na assediada Sirte está envenenada.

Agora a situaçom mais difícil é aos redor da cidade de Sirte. Os caminhos à cidade estám bloqueados. Os ataques aéreos som constantes. Nom há medicamentos e emplatos, nom há com que operar aos feridos . Segundo algumhas fontes, a água que flui na cidade, está envenenada. Só funcionam bem umhas fontes em algumhas casas particulares. Os ocupantes ainda nom planejam ataques em Sirte. Ao que parece, será bombardeada, até a demissom da resistência.

Hoje depois de umha noite de bombardeios, vários grupos de mercenários e sicários da CNT com o apoio dos mercenários do Paquistám e Afeganistám, trataram de entrar em Beni Walid. Mas foram repelidos e parcialmente eliminados.

A Brigada de Combatentes do exército líbio comandada por Khamis Al-Gaddafi, levou a cabo um contra-ataque contra a base dos militantes e funcionários da NATO no aeroporto" Mitiga ". É a sede da comandancia militar de Trípoli, Abdel Hakim Belhadj. Eliminárom à guarda e derrubárom um helicóptero Inglês.

Agora há combates no noroeste de Trípoli. O centro da cidade e o bairro de embaixadas controlam-nos "os jovens com barba," (mujaidins de Al-Quaeda)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - As vindouras mentiras dos ?mass-media? da OTAN BASENAME: canta-o-merlo-libia-as-vindouras-mentiras-dos-mass-media-da-otan DATE: Sat, 10 Sep 2011 19:41:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

1. Esta noite a NATO bombardeará Beni Walit
2. Os mercenários entrarám em assalto na cidade.
3. Os sicários anunciarám que o líder líbio foi capturado e morto no assalto.
4. A meta deste novo engano é para provocar que os líbios se rendam.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O congressista norteaméricano, Walter Fauntroy, é testemunha da decapitaçom de líbios polas Forças Especiais Europeias (NATO) BASENAME: canta-o-merlo-o-congressista-norteamericano-walter-fauntroy-e-testemunha-da-decapitacom-de-libios-polas-forcas-especiais-europeias-nato DATE: Sat, 10 Sep 2011 19:04:28 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://hator-ra.blogspot.com/

O congressista norteaméricano, Walter Fauntroy, é testemunha da decapitaçom de líbios polas Forças Especiais Europeias (NATO). Olhou às tropas francesas e dinamarquesas cair como umha tormenta sobre os povos pequenos na tarde e na noite para decapitar, mutilar, assassinar a civis para assim mostrar aos locais quem é o que manda e tem o controlo

http://www.mathaba.net/news/?x=628601

Atençom: A NATO e os sicários tentarám jogar o jogo sujo de novo

Hoje em dia, as os meios de comunicaçom das ?ratas? mentem sobre a toma da a cidade de Bani-Walid, e sobre as mortes de Muammar Gaddafi, Saif ao seu filho Al Islám e Ibrahim Musa. Para isso, fizêrom um foto-montagem. "Al-Jazeera", que já começou a mentir acerca da luita nas ruas de Bani-Walid, e está disposto a liberar a pré-ensamblado para a ocasiom e pre-fabricados nas cidades do leste de Líbia vendo-se aos mercenários e sicários cheios de júbilo apoderando-se presumivelmente Bani Walid . Pretendem ocultar a resistência armada contra os invasores de Líbia, para ocultar a incapacidade da NATO e dos mercenários de tomar e controlar a cidade.

O principal é que estám a tratar de baixar a moral e a resistência. Fai um favor, lê-a as notícias e estendeu-a como um comentário debaixo de cada vídeo sobre Líbia e cada canal. Difundir a notícia sobre a rede. Rachemos o bloqueio e freio da informaçom. Ibrahim Moussa foi hackeado pola NATO sionista.
Deve saber CONFERÊNCIA 09 de Setembro, A verdade sobre Líbia e "humanitária" da NATO Military Road Mapa

http://globalresearch.que/index.php?context=vai&aid=26440i53.tinypic.com/11io2mp.jpg

A CNT acouba-se no barco francês "Mistral".

A liderança da Assembleia Nacional Transitória de Líbia, incluído o chefe do conselho, Mustafa Abdul Jalil, nom se trasladou à capital de Líbia, Tripoli. Vivem no barco de guerra francês "Mistral"


Por que estás a fazer caso omiso de Cynthia McKinney?

http://signon.org/sign/demand-from-democracynow.fb1?source=s.fb&r_by=548153

Mulheres africanas dim que os mercenários e sicários as violárom no campo de Líbia Leer

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A ONU e NATO cometem crimes de lesa humanidade em Líbia 60,000 mortos, mais de 130 mil feridos BASENAME: canta-o-merlo-a-onu-e-nato-cometem-crimes-de-lesa-humanidade-em-libia-60-000-mortos-mais-de-130-mil-feridos DATE: Sat, 10 Sep 2011 17:50:04 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://libia-sos.blogspot.com/

A ONU e NATO cometem crimes de lesa humanidade em Líbia 60,000 mortos, mais de 130 mil feridos, destruírom um país prospero: Onde está a indignidade internacional?, Onde ficaram os direitos humanos?, Quem os defende?

1.Frustrado ataque dos mercenários da NATO, contra a cidade líbia de Beni Walit, dezenas de terroristas morrêrom, 19 capturados e de veículos destruídos. Em represália os assassinos da NATO e ao seus sicários vam pôr gás venenoso na água do Grande Rio nas Tubagens que vam a Sirte e as áreas de Warfala. Ademais di-se que introduziram mulheres espias nestas áreas.

2. Também sete soldados britânicos morrêrom nos confrontos em Umms

3. Em Tripoli brigadas de guerrilheiros, num valente combate na zona de Tajore destruírom 8 carros dos mercenários e matárom a muitos sicários.

4. As tropas agressoras da NATO ao nom poder dobrar aos civis de Zawiia, estám a cometer crimes horrendos, degolam às crianças, violam e assassinam as mulheres, incendeias as casas, com o fim de atemoriza-los mas os líbios estám determinados a vencer até o martírio.

5. Soldados do exercito líbio atirárom nesta sexta-feira um contra-ataque no Vale Vermelho, ao Leste de Sirte.
Nestes momentos em Benghazi estám a tribo de Obei e de Haruba, as bandas islamitas e os mercenários de oriente médio estám desmoralizados. Chegam constantes reportes de confrontos e mesmo bombardeios da NATO, 30 Oficiais de Alta Classe da NATO (ocidentais) Foram arrestados em Benghazi. Alguns espias do Serviço de Inteligência EE.UU..

Mais de mil mortos nos confrontos de bandos diversos no Leste.

6. Argélia manda ajuda humanitária a Líbia.

7. O fantoche da NATO Mahmud Jibril ameaça abandonar o seu posto se os mercenários nom deixam de enfrontar-se e matar-se

8. As mercenárias tropas da NATO, os sicários com o objectivo de dobrar aos líbios baixárom o nível de água no Grande rio artificial.

9. Segundo estimaçom o 70 a 80% do país segue sob controlo do exército líbio e as tribos líbias. No resto do país há umha guerra de guerrilhas contra os invasores.

10. botim de Recursos Naturais (petróleo, gás e água), valorizados em US$14.000.000.000.000 (US$14 Biliões) que a NATO nom poderá roubar por que será eliminada de Líbia

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Resistência - Desde Líbia 10/09 (5) BASENAME: canta-o-merlo-resistencia-desde-libia-10-09-5 DATE: Sat, 10 Sep 2011 09:44:55 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Os mercenários da NATO e da CNT tentárom entrar por duas vezes em Beni Walit, enquanto os líbios da cidade defendem desde o interior das suas casas. O exército líbio defende a cidade desde fora. Muitíssimas baixas.

Os mercenários da NATO tentaram atacar por terra, ademais dos bombardeios constantes, mas vírom-se obrigados a se retirar polas muitas baixas. (porta-voz milícias OTAN).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: 11/SET Dez anos depois BASENAME: canta-o-merlo-11-set-dez-anos-depois DATE: Sat, 10 Sep 2011 00:27:42 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

As demolições controladas do WTC e o ataque ? com míssil ? ao Pentágono cumprem agora 10 anos. Tais eventos foram previstos em documentos dos neocom dos EUA, que os consideravam o sinal (necessário) para desencadear guerras e agressões contínuas por todo o mundo a fim de alcançar o que chamavam de "século americano". Esse desígnio louco desencadeou uma série de guerras bárbaras e criminosas por toda a parte do planeta, as quais ainda continuam.

Tem importância estudar, dissecar e denunciar os eventos do 11/Set porque eles foram o pretexto forjado das novas agressões imperiais. Os eventos do 11/Set podem ser comparados aos acontecimentos de 1933 em Berlim, quando Goering ordenou incendiar o Reischstag para culpar os comunistas e alcançar o poder total para os nazis. Podem também ser comparados ao "incidente do Golfo de Tonquim", uma provocação montada em 1964 pelo imperialismo a fim de desencadear a Guerra do Vietname.

Tais factos históricos devem ser recordados, porque nos media que se dizem "referência" (do que? e para quem?) continua a enxurrada de desinformação acerca do 11/Set, das guerras em curso promovidas pelo imperialismo (Iraque, Afeganistão, Líbia) e de outras que se ameaçam (Argélia, Síria, Irão, Iémen).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os mercenários da CNT e os terroristas da OTAN recrutam e utilizam crianças soldado BASENAME: canta-o-merlo-os-mercenarios-da-cnt-e-os-terroristas-da-otan-recrutam-e-utilizam-criancas-soldado DATE: Fri, 09 Sep 2011 23:41:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

A utilizaçom militar de crianças (menores de 18 anos) supom umha vulneraçom muito graves da Convençom dos direitos da Criança. O uso de menores qualquer tipo de força ou movimento armado, já seja regular ou irregular, em qualquer condiçom (soldados, mensageiros, espions, transportes alimentos...) é ILEGAL, é contrário ao direito internacional.

Os mercenários exibírom nas suas filas desde o primeiro momento, de maneira evidente, a presença de menores de 18 anos. Organizaçons como Amnistia Internacional e Human Rights Watch (HRW) que denunciam a quem utilizam CRIANÇAS SOLDADO guardam um absoluto silêncio convertendo-se em suspeitas de alinhamento com os mercenários e o terrorismo da OTAN. Esta é umha amostra da utilizaçom de menores nas milícias da CNT.

Crianças com os mercenários líbios na frente GUERRA DE LÍBIA

http://www.youtube.com/watch?v=w7PV-yv4BgI

http://www.youtube.com/watch?v=WmfNsJzGfdw

http://www.youtube.com/watch?v=KOWacnQ3xOQ

http://www.youtube.com/watch?v=25HkDQkeaJg

http://www.youtube.com/watch?v=EIGu1n8bOPI

http://www.youtube.com/watch?v=ppibfGtFL1k

http://www.youtube.com/watch?v=Xlt1jWWu6Nw

http://www.youtube.com/watch?v=F0rpg7y8wDU

http://www.youtube.com/watch?v=5xef7ualEVc

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Resistência - Desde Líbia 09/09 (4) BASENAME: canta-o-merlo-resistencia-libia DATE: Fri, 09 Sep 2011 23:25:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

A NATO está a bombardear Sirte.

Ban Ki Moon pede três meses de apoio a CNT para brindar asesoramento...

Cuba e Bolívia condenam crimes da NATO em Líbia.

30 oficiais de alto classe da NATO (ocidentais) fôrom arrestados em Benghazi. Alguns som do serviço de inteligência USA. Mais de mil mortos nos confrontos dos diversos bandos no Leste.

As forças da CNT juntamente com as tropas da NATO tentam entrar em Beni Walit. Levam grande quantidade de artilharia pesada.

Tratado a 30 anos negociado polo CNT com o Ministério de Defesa israelense: Armas e apoio em troques de consentir bases militares israelenses na montanha verde de Líbia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Resistência - Desde Líbia 08/09 (3) BASENAME: canta-o-merlo-resistencia-libia-8-9-3 DATE: Thu, 08 Sep 2011 22:40:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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O exército líbio tem tomado o quartel geral da CNT de Benghzi.

Sirte: A OTAN continua bombardeando à populaçom.

Misratah: Os rebeldes armados ham utilizado mísseis Scout.

Zawia: Confrontos particularmente intensos.

Muitas baixas nos mercenários franceses e britânicos da OTAN.

As tribos da regiom da Cirenaica estám a luitar contra os mercenários armados.

A terra está a arder baixo os pés dos mercenários mesmo com a ajuda da NATO.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Resistência - Desde Líbia 07/09...(2) BASENAME: canta-o-merlo-a-resistencia-desde-libia-07-09-2 DATE: Thu, 08 Sep 2011 11:01:08 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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A gente está assustada porque desde há um mês só podem ouvir Aljazira e Al Arabia. dixérom-lhes que "Gadafi" estava morto e mostraram as fotos da sua cara com o sangue saindo da sua boca, dixem-lhes que estám a controlar todo o país, dixérom-lhes que "Gadafi fugiu com carros cheios de dinheiro e muitas cousas mais, enquanto seguem os bombardeios e mísseis.

Cortárom todas as comunicaçons entre o sul e o norte para que a gente nom saiba o que está a passar e nom tenhem nengum meio de comunicaçom mais que Aljazira e Alarabia que lhes vai assustando e desinformando continuamente.

Benghazi: Desde Benghazi informam que o exército líbio está dentro da cidade e os cidadaos de Benghazi estám a luitar contra os da CNT.

Al Brega segue em maos de Líbia.

Desde Al Jufra a Ghat está todo controlado polo governo líbio por muito que digam os meios de comunicaçom. Só em Murzuq há alguns problemas com os mercenários.

O dia do Aid, da festa do final do Ramadám a NATO/mercenários mataram umhas 1000 pessoas em Sirte e umhas 400 em Alajelat enquanto a gente estava a rezar.

Nestes momentos há grandes confrontos em Tripoli porque o exército líbio ha entrado na cidade. Os controlos nas ruas estám desérticos.

Todo o caminho entre Tunez a Somal está em maos do exército líbio.

Confrontos muito duros em Najelat.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Síria - Desde Rússia informa...07/09 BASENAME: canta-o-merlo-siria-desde-russia-informa-07-09 DATE: Wed, 07 Sep 2011 17:41:01 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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NATO/USA está a preparar invasom a Síria em 30 dias e por isto os britânicos tiraram as SAS de Líbia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Resistência - Desde Líbia 07/09... BASENAME: canta-o-merlo-a-resistencia-desde-libia-07-09 DATE: Wed, 07 Sep 2011 17:35:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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A NATO segue bombardeando Beni Walit, Sirte e Sabha.

Saber que a NATO mantém em assédio total a cidade de Sabha, e leva três dias bombardeando a cidade, é algo muito difícil de pesquisar já que nestes momentos estám a tentar esconder as violaçons de todas as leis internacionais que está a levar a cabo.

Umha pessoa que trabalha em Líbia desde há 26 anos na construçom com a sua própria empresa e negocia a todos os níveis para os seus projectos fixo umha série de comentários que acho que som dignos de ter em conta.

Para começar esta pessoa nom tem interesse na política, e as suas empresas em muitos países estám por enzima da mudança de governo de Líbia. Fago este esclarecimento para que nom salga a pessoa que diga que se di umha cousa ou outra será porque tem interesses económicos com um lado ou outro.

"umha revoluçom nom se pode fazer com 10.000 pessoas que nom queiram ao governo fronte a um total de seis milhons de pessoas que se o apoiam".
"A Otan está a violar todas as leis internacionais". A CNT sabem que estám a violar todas as leis, mas dizem que EEUU é o que quer e que nom podem ir contra eles. Esta pessoa di que os de CNT disseram-lhe: "sabemos que estamos equivocados mas nom podemos parar".

EEUU quer que Líbia entre no Africom e o governo líbio opom-se.
"O que fixo Hitler nom é nada comparado com o que está a fazer neste momento a NATO e os seus mercenários em Líbia".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A Resistência - Desde Líbia...06/09 BASENAME: canta-o-merlo-desde-libia-06-09 DATE: Tue, 06 Sep 2011 22:14:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

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Líbia na rua informa...

A NATO está a submeter a bombardeios muito duros as cidades de Sirte, Beni Walit Sabha. Nestes momentos há confrontos muito duros, em terra, em Beni Walit.

A propaganda da CNT é que os líbios de Beni Walit estám a negociar, que se renderam, que mataram ao representante da tribo dos Warfala, etc. mas todo som falsidades.

A CNT inclusive tentou comprar aos representantes dos Warfala. Ao nom alcançar os seus objectivos, a NATO está a atacar a cidade de Beni Walit por ar e por terra com mercenários britânicos, franceses e de Qatar.

A cidade de Sirte está completamente assediada e entre bombardeio e bombardeio a NATO atira bombas sonoras para aterrorizar à gente e mantê-la em estado de alerta constante.

A NATO ataca à tribo Warfala porque é a mais grande de Líbia.

Acerca de Khamis, se estivesse morto ou assassinado, veríamos fotos como as mostravam dos filhos de Sadám. Os rebeldes armados mostrariam as fotos coma se fosse um souvenir se apressassem ou assassinassem a algum deles.

Confrontos em Zawia

Confrontos em Benghazi entre os partidários da CNT e os líbios de Benghazi que defendem a sua casa e as suas famílias.

Tubruk: O hotel onde vivem os directivos da organizaçom armada NATO foi agredido polos cidadaos do lugar.

Fortes combates na fronteira com Argélia.

Brigada Khamis: fortes confrontos em Tripoli.

Líbia pode ser ajudada por outros países africanos a defender da agressom da NATO.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O "corralito" espanhol está a cair BASENAME: canta-o-merlo-o-corralito-espanhol-esta-a-cair DATE: Tue, 06 Sep 2011 10:33:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.larepublica.es/

O "corralito" que ocorreu na Argentina fai dez anos chegou quando as autoridades impussérom um limite à retirada de dinheiro dos bancos do país. ?Véu como conseqüência da imposiçom de umha política de deficit zero?, lembrou Cândido Méndez, Secretário-Geral de UGT.

Para o dirigente sindical realizar este tipo de políticas pode provocar um ?colapso da economia a nível mundial? e pediu ao Executivo rectificar na reforma constitucional, à vez que sublinhou que ?as cousas som susceptíveis de piorar?, tal como advertiu o Fundo Monetário Internacional (FMI).

?Há experiência suficiente para ver até onde podem chegar as conseqüências deste tipo de políticas?, assinalou Méndez.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Willis nom era cubano, nem Estados Unidos é Cuba BASENAME: canta-o-merlo-willis-nom-era-cubano-nem-estados-unidos-e-cuba DATE: Tue, 06 Sep 2011 10:24:24 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Um jovem de 24 anos morreu como conseqüência de umha infecçom na boca provocada pola moa do julgamento. Ocorreu na passada quarta-feira em Cincinatti, Estados Unidos.
http://www.larepublica.es/

A Kyle Willis começou a incomodar-lhe a moa do julgamento e recomendaram-lhe que acudisse a um dentista mas nom o pode fazer porque nom tinha seguro nem dinheiro: estava em desemprego. Finalmente declarou-se-lhe umha infecçom bucal acompanhada por fortes dores.

Foi entom quando se acudiu nesses serviços de urgências para gente de escassos recursos, onde lhe receitárom antibióticos e analgésicos, mas como seguia sem seguro e sem dinheiro, só lhe alcançou para comprar o segundo, pois os antibióticos superavam as suas possibilidades económicas.

O analgésico, acalmou-lhe a dor mas, ao mesmo tempo, camuflou a infecçom, a qual seguiu o seu curso demolidor até o ponto de afectar-lhe o cérebro, o que produziu o seu posterior falecimento.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: De novo as mentiras para manter o genocídio na Líbia BASENAME: canta-o-merlo-de-novo-as-mentiras-para-manter-o-genocidio-na-libia DATE: Sun, 04 Sep 2011 14:36:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Desde Líbia...

Umha pessoa que nom quer dar o seu nome por medo, informa que esta noite ou manhá a corrente de TV Aljazira vai dar a notícia falsa com fotos incluídas da morte do líder líbio.

http://allainjules.com/2011/09/04/libye-ils-vont-annoncer-capture-a-de-kadhafi/


Os acontecimentos ocorrerám:

1. Esta noite a NATO bombardeará Beni Walit
2. Os mercenários entrarám em assalto na cidade.
3. Os rebeldes anunciarám que o líder líbio foi capturado e morto no assalto.
4. A meta deste novo engano é para provocar que os líbios se rendam.

Esta pessoa informa de fontes directas que há um grupo de profissionais muito bem preparados tentando "terminar" com todos os membros da família do líder. Segundo conta esta pessoa que nom deseja dar o seu nome, este grupo tem ordem de nom deixar nem um só membro da família vivo, incluídos crianças.

As famílias de Beni Walid estám a viver uns momentos terríveis totalmente assediadas sem água, nem comida.

As gentes de Tripoli estám estremecidas e comentam que agora Al-qaeda manda pelas ruas. Também se podem ver por cale-las tropas estrangeiras da França, britânicos, italianos, Usa, etc.
----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Mercenários da OTAN detenhem, torturam e assassinam a imigrantes em Líbia BASENAME: canta-o-merlo-mercenarios-da-otan-detenhem-torturam-e-assassinam-a-imigrantes-em-libia DATE: Sat, 03 Sep 2011 17:36:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.aporrea.org/internacionales/n187869.html

2 de Setembro de 2011.- Os mercenários da NATO estám a deter a milhares de imigrantes afros e levando-os aos acampamentos de prisioneiros como parte de represálias maciças que incluem relatórios de assassinatos indiscriminados, maus tratos e tortura, enquanto a capa "humanitária" da intervençom militar de ocidente rapidamente se desmorona.

Imigrantes africanos subsaarianos compreendem um terço do total da populaçom em Líbia, e segundo rumores umha minoria foram contratados por Gaddafi como combatentes, mas os mercenários estám a tratá-los a todos como combatentes inimigos, com relatórios de abusos, assassinatos e prisons maciços aumentando em volume.

Mercenários da NATO e ?esquadrons da morte? estám a deter a milhares de afros líbios e imigrantes africanos subsaarianos, acusando-os de luitar por Muammar Gaddafi e mantendo-os em cárceres improvisados na capital", informa agência AP.

A história de AP indica que virtualmente todas as vítimas som trabalhadores imigrantes inocentes e nom luitárom por Gaddafi, mas os mercenários ainda estám aos deter e internando-os nos estádios desportivos e outros acampamentos de prisioneiros simplesmente pola sua cor de pele.

Ao menos 5.000 homens foram presos, mas grupos de direitos humanos tenhem umha cifra mais alta.

Contodo o abuso vai mais ali das detençons maciças. O presidente da Uniom Africana, Jean Ping, dixo-lhe ao Washington Post que houvo umha clara evidência de assassinatos de represália. ?Eles estám a assassinar à gente, a trabalhadores normais, torturando-os", indicou. A história também relata como 500 pessoas de Darfur estám "desesperadas por sair de Líbia (...) eles temem muito polas suas vidas devido à sua cor de pele", segundo Richard Sollom, subdirector de Médicos polos Direitos Humanos.

Investigadores de Amnistia Internacional também presenciárom abusos no Hospital Central de Tripoli, "incluindo a homens que som tirados das camas dos hospitais para ser presos", enquanto também presenciam corpos nom identificados de homens pretos sendo transportados à morgue.

The Independent também informou que os representantes de Amnistia Internacional presenciárom como os ?esquadrons da morte? deitavam os corpos descompostos de 30 homens, case todos afros, logo que foram assassinados nos arredor de um hospital de campanha que levava o símbolo da média lua islâmica.

?Os assassinatos fôrom estimulados por rumores "ao que parece exagerados ou francamente falsos" de que Gaddafi contratara mercenários africanos de Chad e qualquer outro lugar para actuar como executores de civis líbios, disparando-lhes a sangue frio durante as supostos protestos", escreveu Rick Moram.

A possibilidade de que os abusos, torturas e assassinatos indiscriminados de pretos imigrantes e líbios aumentem num programa substancial de limpeza étnica racial levada a cabo por mercenários islamitas radicais, quem som dirigidos por terroristas de Al-Qaeda, é umha das razons pola que a Uniom Africana há rejeitado apoiar o acto da NATO de mudança de regime.

O ilegítimo Conselho Nacional de Transiçom de Líbia (CNT), criado em Paris, advertiu sobre os assassinatos por represálias, mas a CNT tem ?pouco poder" para deter as atrocidades dado que os comandantes como Abd Al-Hakim Belhadj e os seus mercenários tenhem aparentemente o controlo das grandes cidades incluindo Tripoli.

O tratamento dos mercenários aos afros líbios oferece umha prova mais para sublinhar o facto de que o pretexto ?humanitário? da NATO para umha intervençom foi um completo engano e que forças ocidentais aliás entregou um país inteiro a máfias de extremistas e racistas que continuarám violando e torturando à populaçom preta até que sejam expulsos do país por completo.

Os vídeos mostram clara evidência, a maioria dos quais som trabalhadores imigrantes inocentes e nom leais a Gaddafi, sendo torturados, atacados e assassinados polos ?esquadrons da morte? da NATO. O último vinde-o, particularmente perturbador, amostra a um homem afro pendurado para a exibiçom pública.

http://www.youtube.com/watch?v=DtuIZozNryo

http://www.youtube.com/watch?v=YNA8z5G-Xmk

http://www.youtube.com/watch?v=ihD20J2gXds

http://www.youtube.com/watch?v=15Eds2B6HlU

http://www.youtube.com/watch?v=megUguhKP6I

http://www.youtube.com/watch?v=r4oOAjCbXUg

http://www.youtube.com/verify_age?next_url=http%3A//www.youtube.com/watch%3Fv%3DCWitn-5v1Sc

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A República da África do Sul nom vai participar na conferência de Paris, BASENAME: canta-o-merlo-a-republica-da-africa-do-sul-nom-vai-participar-na-conferencia-de-paris DATE: Fri, 02 Sep 2011 15:36:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

1 de Setembro de 2011,

Interfax
A República da África do Sul nom vai participar na conferência de Paris, "Amigos da Líbia", dixo na quinta-feira o presidente sul-africano Jacob Zumha. "Estamos descontentes com a forma como foi interpretada a ler Resoluçom da ONU 1973 Como resultado, começárom os ataques aéreos sobre a Líbia." - Dixo ele durante umha visita à Noruega, "Interfax". Antes, líderes sul-africano tenhem repetidamente criticado as acçons da coligaçom internacional na Líbia. Interfax

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Os porquês do terrorismo da OTAN em Líbia BASENAME: canta-o-merlo-os-porques-do-terrorismo-da-otan-em-libia DATE: Thu, 01 Sep 2011 09:50:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O que está detrás do derrocamento de Gaddafi
Por: Ásia Times
Data de publicaçom: 31/08/11

31 Agosto 2011 - O complô para derrocar a Gaddafi perfeccionou-se em Dezembro 2010, Nicolas Sarkozy tinha umha bolsa cheia de motivos para vingar-se de Muammar Gaddafi.

Bancos franceses disseram-lhe a Sarkozy que Gaddafi estava prestes a transferir os seus milhares de milhons de euros a bancos chineses. Deste modo o líder líbio nom podia de nengumha maneira ser num exemplo para outras naçons árabes sobre os fundos soberanos.

Corporaçons francesas disseram-lhe a Sarkozy que Gaddafi decidira nom comprar mais avions Rafale, e nom contratar aos franceses para construir umha planta nuclear; o líder líbio estava mais preocupado por investir em serviços públicos.

A gigante petroleira Total queria um pedaço bem mais grande do torta petroleiro de Líbia, a qual estava a ser comida em grande parte por Europa, pola italiana ENI, especialmente porque o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, um fanático confesso de Gaddafi, fechara um acordo complexo com o mandatário líbio.

Deste modo o golpe militar foi perfeccionado em Paris em Dezembro; as primeiras manifestaçons em Cirenaica em Fevereiro, enormemente instigadas polos conspiradores, fôrom frustradas.

O auto promovido filósofo Bernard Henri-Levy - sionista ao igual que Sarkozy - "voou a Benghazi para conhecer aos "rebeldes" e telefonou a Sarkozy, virtualmente ordenando-lhe que os reconheça a princípios de Março como legítimos (nom era necessário um estímulo para Sarkozy).

O Conselho Nacional de Transiçom foi inventado em Paris, mas as Naçons Unidas também devidamente tragou-no como o "legítimo" governo de Líbia, só que a NATO nom tinha um mandato da ONU para ir de umha zona de exclusom aérea a um bombardeio "humanitário" indiscriminado, culminando com o actual assédio à cidade de Sirte.

Os franceses e os britânicos escrevêrom o que se converteria na Resoluçom 1.973 da ONU. Washington alegremente uniu à festa. O Departamento de Estado negociou um acordo com o Rei saudita através do qual os sauditas garantiriam um voto da liga Árabe como um preludio para a resoluçom da ONU, e a mudança seriam deixados tranqüilos para reprimir qualquer protesto vantagem-democrática no Golfo Pérsico, como o fizérom, selvagemente em Bahrain.

O Conselho de Cooperaçom do Golfo (GCC polas suas siglas em inglês) também tinha toneladas de razons para desfazer-se de Gaddafi. Os sauditas amariam acomodar a um emirato amigável no norte da África, especialmente desfazendo-se do mau sangue entre Gaddafi e o Rei Abdullah. Os Emiratos queriam um lugar novo para investir e "desenvolver".

Qatar, muito compichada com Sarkozy, queria fazer dinheiro " como o manejo das novas vendas de petróleo dos "legítimos" rebeldes.

A Secretária de Estado Hillary Clinton esta muito enmarachada com a Casa Saudita ou com os criminosos Al-Khalifas de Bahrain. Mas o Departamento de Estado fortemente condenou a Gaddafi polos seus "políticas nacionalistas em aumento no sector petroleiro", e também por "Libianizar" a economia.

Gaddafi, um jogador astuto, deveria ver o escrito na parede. Desde que o primeiro-ministro Mohammad Mossadegh foi derrocado fundamentalmente pola CIA no Irám em 1.953, "a regra é nom se pôr a mal com as grandes petroleiras globalizadas. Sem mencionar o sistema banqueiro/financeiro internacional, promovendo ideias subversivas tais como o voltear a sua economia para beneficio da sua populaçom.

Se vostede é partidário do seu país, vostede automaticamente é contra daqueles que mandam: bancos ocidentais, mega-corporaçons e "escuros" inversionistas para beneficiar do que seja que o seu país produz.

Gaddafi nom só cruzou todas estas linhas vermelhas, também tratou de escapulir-se do petrodólar; ele tratou de vender a ideia a África de umha moeda unificada, o dinar de ouro (a maioria dos países apoiaram-lo); ele investiu num projecto multibillonario " o Grande Rio Artificial, umha rede de tubagens distribuídas bombeando água fresca desde o deserto até a costa mediterránea " sem dobrar os seus joelhos no altar do Banco Mundial; ele investiu em programas sociais em países pobres do África subsaariana; ele financiou ao Banco Africano, permitindo assim a superaçom das naçons para evitar, mais umha vez, ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional; ele financiou um amplo sistema africano de telecomunicaçons que evitou redes ocidentais; ele aumentou a qualidade de vida em Líbia. A lista é interminável.

Fonte: Pepé Escobar, Ásia Times

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sacrifícios inúteis BASENAME: canta-o-merlo-sacrificios-inuteis DATE: Wed, 31 Aug 2011 21:14:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

Multiplicam-se as declarações acerca do fim do euro. Um importante dirigente da indústria alemã defende que a Alemanha, Áustria, Holanda e Finlândia saiam do euro . O conhecido historiador Hans-Joachim Voth afirma que "O euro não pode sobreviver na sua forma actual" . O economista liberal Charles Gave considera que "o euro é um Frankenstein que não pode funcionar" . Tudo isso significa que os sacrifícios que estão a ser exigidos aos povos da Grécia, Irlanda e Portugal são inúteis. Trata-se de uma tentativa de espreme-los ao máximo, em benefício dos credores, antes de abandoná-los. Quando os abandonarem, no fim do processo, estarão numa situação económica pior do que a actual. Não há luz no fim deste túnel: só trevas.
Tivéssemos nós uma classe dominante minimamente lúcida, não submetida ao diktat externo e intelectualmente preparada, tomaria ela a iniciativa de afastar Portugal do euro. O passo seguinte seria a criação de uma nova moeda ? mas não o antigo escudo. A nova moeda deveria ser de emissão estatal, nos moldes propostos por Rudo de Rujiter (v. Sair do euro ? e depois? ). Esta deveria ser a perspectiva também das forças progressistas. Propor o aumento da produção nacional é um objectivo louvável, mas de duvidosa factibilidade sob o euro e a ditadura da troika. Tal proposta traz implícita a ideia (errada) de que poderia haver soluções dentro do sistema actual.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Novas desde Trípoli BASENAME: canta-o-merlo-libia-novas-desde-tripoli DATE: Wed, 31 Aug 2011 21:09:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://twitter.com/#!/LibyanLiberal

- Ainda nom fixemos a batalha mae para Líbia mas estamos preparados.
- O melhor momento quando o míssil acertou no helicóptero. Pequena vitória, mas vitória.
- Quando digo traidores refiro-me aos que dérom as costas a Líbia para conseguir mais dinheiro. Serám perseguidos até o seu último alento.
- Parece que apesar do terrorismo da organizaçom NATO e os seus mercenários, a gente mantem-se com o líder. Agora estamos a buscar aos traidores.
- De Khamis dizem que está morrido outra vez, mas ontem chefiou umha batalha na costa.
- Mercenários armados prendêrom lume aos escritórios de Afrikiyah Airlines de Tripoli.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Saif al Islám assegura que o Governo e o Exercito de Líbia continuarám resistindo BASENAME: canta-o-merlo-libia-saif-al-islam-assegura-que-o-governo-e-o-exercito-de-libia-continuaram-resistindo DATE: Wed, 31 Aug 2011 20:48:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por: Imprensa Web A Rádio do Sul /Agências
Data de publicaçom: 31/08/11

Saif al Islám afirmou que som mais de 20 mil homens armados.? Teremos a vitória logo", dixo. Agregou que o seu pai "está bem",

31 Agosto 2011 - Saif al Islám, filho do mandatário líbio, Muammar Gadafi, reapareceu nesta quarta-feira e assegurou em declaraçons a umha cadeia de televisom árabe que o Governo e o Exercito de Líbia continuarám resistindo e que contam com mais de 20.000 homens armados para luitar contra os ?mercenários?.

"Teremos a vitória logo", afirmou.
"O líder está bem", agregou. "Estamos a pelejar e tomando chá e tomando café, com as nossas famílias, e pelejando".

Chamou aos líbios a luitar contra os "bandidos?, as "ratas" e os "mercenários?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Sete pontos acerca da Líbia BASENAME: canta-o-merlo-sete-pontos-acerca-da-libia DATE: Mon, 29 Aug 2011 19:27:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info

por Domenico Losurdo

Doravante mesmo os cegos podem ver e compreender o que está a acontecer na Líbia:

1. O que se passa é uma guerra promovida e desencadeada pela NATO. Esta verdade acaba por se revelar até mesmo nos órgãos de "informação" burgueses. No La Stampa de 25 de Agosto, Lucia Annunziata escreve: é uma guerra "inteiramente externa, ou seja, feita pelas forças da NATO"; foi "o sistema ocidental que promoveu a guerra contra Kadafi". Uma peça do International Herald Tribune de 24 de Agosto mostra-nos "rebeldes" que se regozijam, mas eles estão comodamente instalados num avião que traz o emblema da NATO.

2. Trata-se de uma guerra preparada desde há muito tempo. O Sunday Mirror de 20 de Março revelou que "três semanas" antes da resolução da ONU já estavam em acção na Líbia "centenas" de soldados britânicos, enquadrados num dos corpos militares mais refinados e mais temidos do mundo (SAS). Revelações ou admissões análogas podem ser lidas no International Herald Tribune de 31 de Março, a propósito da presença de "pequenos grupos da CIA" e de uma "ampla força ocidental a actuar na sombra", sempre "antes do desencadeamento das hostilidades a 19 de Março".

3. Esta guerra nada tem a ver com a protecção dos direitos humanos. No artigo já citado, Lucia Annunziata observa com angústia: "A NATO que alcançou a vitória não é a mesma entidade que lançou a guerra". Nesse intervalo de tempo, o Ocidente enfraqueceu-se gravemente com a crise económica; conseguirá ele manter o controle de um continente que, cada vez mais frequentemente, percebe o apelo das "nações não ocidentais" e em particular da China? Igualmente, este mesmo diário que apresenta o artigo de Annunziata, La Stampa, em 26 de Agosto publica uma manchete a toda a largura da página: "Nova Líbia, desafio Itália-França". Para aqueles que ainda não tivessem compreendido de que tipo de desafio se trata, o editorial de Paolo Paroni (Duelo finalmente de negócios) esclarece: depois do início da operação bélica, caracterizada pelo frenético activismo de Sarkozy, "compreendeu-se subitamente que a guerra contra o coronel ia transformar-se num conflito de outro tipo: guerra económica, com um novo adversário: a Itália obviamente".

4. Desejada por motivos abjectos, a guerra é conduzida de modo criminoso. Limito-me apenas a alguns pormenores tomados de um diário acima de qualquer suspeita. O International Herald Tribune de 26 de Agosto, num artigo de K. Fahim e R. Gladstone, relata: "Num acampamento no centro de Tripoli foram encontrados os corpos crivados de balas de mais de 30 combatente pró Kadafi. Pelo menos dois deles estavam atados com algemas de plástico e isto permite pensar que sofreram uma execução. Dentre estes mortos, cinco foram encontrados num hospital de campo; um estava numa ambulância, estendido numa maca e amarrado por um cinturão e tendo ainda uma transfusão intravenosa no braço".

5. Bárbara como todas as guerras coloniais, a guerra actual contra a Líbia demonstra como o imperialismo se torna cada vez mais bárbaro. No passado, foram inumeráveis as tentativas da CIA de assassinar Fidel Castro, mas estas tentativas eram efectuadas em segredo, com um sentimento de que se não é por vergonha é pelo menos de temer possíveis reacções da opinião pública internacional. Hoje, em contrapartida, assassinar Kadafi ou outros chefes de Estado não apreciados no Ocidente é um direito abertamente proclamado. O Corriere della Sera de 26 de Agosto de 2011 titula triunfalmente: "Caça a Kadafi e seus filhos, casa por casa". Enquanto escrevo, os Tornado britânicos, aproveitando também a colaboração e informações fornecidas pela França, são utilizados para bombardear Syrte e exterminar toda a família de Kadafi.

6. Não menos bárbara que a guerra foi a campanha de desinformação. Sem o menor sentimento de pudor, a NATO martelou sistematicamente a mentira segundo a qual suas operações guerreiras não visavam senão a protecção dos civis! E a imprensa, a "livre" imprensa ocidental? Ela, em certo momento, publicou com ostentação a "notícia" segundo a qual Kadafi enchia seus soldados de viagra de modo a que eles pudessem mais facilmente cometer violações em massa. Como esta "notícia" caiu rapidamente no ridículo, surge então uma outra "nova" segundo a qual os soldados líbios atiram sobre as crianças. Nenhuma prova é fornecida, não se encontra nenhuma referência a datas e lugares determinados, nenhuma remessa a tal ou tal fonte: o importante é criminalizar o inimigo a liquidar.

7. Mussolini no seu tempo apresentava a agressão fascista contra a Etiópia como uma campanha para libertar este país da chaga da escravidão; hoje a NATO apresenta a sua agressão contra a Líbia como uma campanha para a difusão da democracia. No seu tempo Mussolini não cessava de trovejar contra o imperador etíope Hailé Sélassié chamando-o "Negus dos negreiros"; hoje a NATO exprime seu desprezo por Kadafi chamando-o "ditador". Assim como a natureza belicista do imperialismo não muda, também as suas técnicas de manipulação revelam elementos significativos de continuidade. Para clarificar quem hoje realmente exerce a ditadura a nível planetário, ao invés de citar Marx ou Lénine quero citar Emmanuel Kant. Num texto de 1798 (O conflito das faculdades), ele escreve: "O que é um monarca absoluto? Aquele que, quando comanda: 'a guerra deve fazer-se', a guerra seguia-se efectivamente". Argumentando deste modo, Kant tomava como alvo em particular a Inglaterra do seu tempo, sem se deixar enganar pela forma "liberal" daquele país. É uma lição de que devemos tirar proveito: os "monarcas absolutos" da nossa época, os tiranos e ditadores planetários da nossa época têm assento em Washington, em Bruxelas e nas mais importantes capitais ocidentais.
27/Agosto/2011

O original encontra-se em http://domenicolosurdo.blogspot.com/ ; a versão em francês em
http://www.legrandsoir.info/sept-points-sur-la-libye.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Aeroporto de Tripoli nas maos do Exercito Líbio BASENAME: canta-o-merlo-libia-aeroporto-de-tripoli-nas-maos-do-exercito-libio DATE: Mon, 29 Aug 2011 19:12:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Tripoli: Cai Aeroporto nas maos do Exercito Líbio, ao vencer aos mercenários em duros combates

29 de Agosto de 2011 | 02:55

|Pravda Liberation PARIS 1871|Redacçom Paris|

Hoje domingo 28 de Agosto foi retomado o Aeroporto de Tripoli polas Forças Verdes leais a Gadafi, segundo cabos chegados desde Tripoli, em duros combates contra os mercenários, que se retirárom polo fogo pesado de morteiros do exercito líbio, o qual mantém duras posiçons em toda Tripoli, como na regiom sul de Líbia onde a totalidade das regions som partidários e combatentes do Exercito Líbio.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Novas sobre Líbia desde Trípoli BASENAME: canta-o-merlo-novas-sobre-libia-desde-tripoli DATE: Mon, 29 Aug 2011 14:43:23 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

-Oficiais israelitas em terra Líbia.

-O problema da NATO agora é o abastecimento das suas tropas em chao líbio

-Transmitem desde Qatar para desmoralizar às tribos líbias e que se rendam.

-Sirte nom se rende.

http://leonorenlibia.blogspot.com/

-Al Qaeda é o maior inimigos de Líbia.

-Gadafi confia nos líbios e os líbios confiam em Gadafi. As tribos estám muito unidas.

-Objectivo mercenários "matar jornalistas e acusar a "Gadafi".

-A CNN difunde calunias sobre a esposa de Annibal.
Parece que a CNN montou toda umha história sobre a esposa de Annibal, filho do líder líbio De entrada nom é verdade e é outra mais das obras de teatro para desprestigiar Líbia, mas é que ademais nom sabem nem inventar as histórias, porque esta história nem um só líbio acreditaria nela, porque nom entra na cultura Líbia este tipo de cousas. O que ocorre é que pom em evidência aos que a contam porque mostra a sua mente enferma. Só podem acreditar na mesma aquelas pessoas que nom saibam nada de Líbia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - A NATO e os seus?esquadrons da morte? estám assassinando a todos os prisioneiros em execuçons em massa BASENAME: canta-o-merlo-libia-a-nato-e-os-seus-esquadrons-da-morte-estam-assassinando-a-todos-os-combatentes-de-gadafi-em-execucons-em-massa DATE: Sat, 27 Aug 2011 11:01:48 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

|
Pravda Liberation PARIS 1871|Redacçom Paris|

Organizaçons civis nom governamentais com presença na Ásia e África estám a denunciar que em Líbia ?esquadrons da morte? providos de armas por França e EEUU estariam a executar em massa a simpatizantes de Gadafi. Segundo a ONG´S, recebêrom-se relatórios e relatos de testemunhas que afirmam que os mercenários vam executando a seguidores de Gadafi nas zonas que tomam o controlo.

No Bairro de Tajura, no lês-te de Trípoli, testemunhas assinalam que os ?esquadrons da morte? executárom a 62 combatentes de Gadafi depois de que estes últimos se rendessem e entregassem as suas armas; ?fôrom levados a um campo de futebol, e ali disparárom-lhes em lotes de dez a dez?, afirma Al-Haizin Yah, habitante de Tajura.

Outros reportes confirmam o saque de casas de ex funcionários do governo de Gadafi, assim como a execuçom dos seus habitantes ou quem se encontrem nelas, entre os executados nomeiam-se a esposas e crianças, filhos de funcionários do Estado líbio.

As organizaçons dos direitos humanos também estám a criticar o cerco e censura mediática de notícias que chegam desde Líbia. Enquanto isso, umha mulher que tratava de fazer de umhas provisons de alimentos num comprado popular do bairro de Majer em Tripoli, visivelmente molesta recriminava a jornalistas franceses ?vostedes, os seus vinhérom aqui a destruir todo, hoje nom temos nem alimentos, vostedes e os mercenários estám a mudar todo, as notícias, o que dizem é mentira, os mortos som ao lado de Gadafi, nom do seu lado, só queremos voltar à tranqüilidade?.

No complexo presidencial de Bab al-Aziziya em Tripoli, ex-bastiom de Gadafi, hoje em maos dos mercenários, executárom-se a todos os combatentes de Gadafi que se encontravam ali para o momento da tomada, sem deixar capturados ou sobre-viventes, fôrom assassinados ao menos 95 soldados leais ao deposto regime. ?Os mercenários, apoiados desde o ar por avions da NATO, assaltaárom indiscriminadamente hospitais, escolas e todo o lugar que eles acreditem ser ?refúgio? para gadafistas?, acrescenta um porta-voz da ONG Africa Zone Of Pace.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Os mercenários da NATO estám a roubar e assaltando casas privadas para roubar. BASENAME: canta-o-merlo-libia-os-mercenarios-da-nato-estam-a-roubar-e-assaltando-casas-privadas-para-roubar DATE: Sat, 27 Aug 2011 09:33:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os líbios defendem-se: Twitters de Brian

http://leonorenlibia.blogspot.com/

- Os mercenários da NATO estám a roubar e assaltando casas privadas para roubar.
- A NATO/mercenários executam aos soldados líbios que apresam
- A NATO/mercenários utilizam crianças para luitar

- Os líderes tribais líbios proclamam que ninguém ocupará Líbia. Os líderes tribais de Líbia proclamam que nom pararám de luitar até que Líbia seja livre desta agressom externa da NATO.
- A resistência cresce em Líbia.
-Suíça e Usa interferem no trabalho dos jornalistas independentes.

- Líbia di: Se nom podemos ser livres, morreremos protegendo a nossa uniom e integridade de Libia da ocupaçom estrangeira.

- O governo líbio chama a proteger o país da agressom estrangeira da NATO.

- A NATO bombardeia objectivos civis em Sirte.

- Os governos da Suíça, UK, US, França, G. Bretanha interferem nos jornalistas independentes que querem informar.

- USA, UK, França, Noruega, Qatar, Suíça identificados como ladrons dos fundos líbios e oferecendo-os para ajudar a matar líbios.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia:" Esquadrons da morte" da OTAN estám a assassinar aos pequenos trabalhadores estatais BASENAME: canta-o-merlo-libia-os-mercenarios-da-otan-estam-a-assassinar-a-pequenos-trabalhadores-estatais DATE: Fri, 26 Aug 2011 22:56:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os ?mercenários da NATO? fam umha depuraçom no bairro Abu Slim em Tripoli

http://www.voltairenet.org

Na noite da quinta-feira 25 à sexta-feira 26 de Agosto, os mercenários da OTAN atacárom o bairro de Abu Slim em Tripoli, caçando aos funcionários leais ao regime de Gaddafi assim que às suas famílias.

O testemunho de Mateo Mabin, jornalista do canal França 24 enviado especial em Tripoli desta televisom, é tem motivo de gerar muita preocupaçom polo que está a ocorrer:

«Isto nom é umha luita contra os seguidores é mais bem umha caçada dos últimos fiéis do coronel Gaddafi, ou melhor supracitado, contra os artesaos do sistema de Gaddafi, os funcionários de menor categoria que trabalhavam para o estado, estám a ser reagrupados e confinados no bairro de Abu Slim, directamente nos blocos dos pisos, estes pequenos trabalhadores estatais que nom tenhem recursos para fugir, de escapar ao castigo que preparam os mercenários da OTAN.

O que vemos hoje é sem dúvida a fase mais triste da guerra de Líbia, as colunas de mercenários estám estragando essa zona, contra estas pessoas, contra estas famílias que se refugiaram nestes blocos de habitaçons.

Os nossos colegas acabam de regressar neste momento do principal hospital de Tripoli, onde viram toda a noite e nesta manhá chegar um grande número de feridos de bala, entre eles idosos, mulheres e mesmo crianças. A CNT [Conselho Nacional de Transiçom] guardou completo silêncio de todas estas atrocidades que cometem a sua gente. Nom há um chamado para umha rendiçom. Achegamos-nos sem dúvida à fase mais feia e triste do conflito e será muito provável que a CNT [Conselho Nacional de Transiçom] e os mercenários assassinos devêrám render contas de todo estes abusos [...].

Estamos numha fase de depuraçom que parece absolutamente incontrolada, sobretodo o que incumbe à banda de Misrata, a cidade mártir de Líbia, que chegou a Trípoli para levar a cabo a sua vingança.»

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Forças especiais de EEUU e a NATO coordenárom e participaram do assalto a Tripoli BASENAME: canta-o-merlo-forcas-especiais-de-eeuu-e-a-nato-coordenarom-e-participaram-do-assalto-a-tripoli DATE: Fri, 26 Aug 2011 17:56:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

(IAR Notícias) 26-Agosto-2011

O assalto Tripoli por grupos de mercenários USA NATO foi o cenário de maior participaçom de forças especiais de quatro países: França, Reino Unido, Emiratos Árabes Unidos e Qatar, assinala num informe o diário francês Le Monde. Agências internacionais registam a participaçom activa de comandos estrangeiros no assalto à Tripoli e nas operaçons de procura do presidente Muamar Kadafi.

Relatório
IAR Notícias/

Estes membros das forças especiais estrangeiras encontram-se dentro da capital e também rodeando-a para assegurar a coordenaçom entre as forças da NATO e os mercenários anti kadafistas que disputam umha guerra civil para se fazer com o controlo da capital.

Segundo Le Monde, as tropas internacionais encarregaram-se de formar aos rebeldes durante os últimos meses. "Ensinamos-lhes o oficio", di um oficial orgulhoso, para o que a conquista de Tripoli "era questom de horas ou de dias", segundo a resposta das tropas do coronel Muamar Kadafi "concentradas nos pontos fortes".

Há dous destacamentos kadafistas- continua o diário- que preocupam à comunidade internacional: a brigada revolucionária e a 32 brigada de Khamis, um dos filhos do mandatário. Ambas estám fortemente armadas e converteram-se nos objectivos principais da NATO. As outras milícias apresentam um perigo mais relativo já que "tenhem só muniçom".

Assim mesmo, fora da capital, Paris indica que há que pôr especial atençom a Sabha, no sudoeste do país, a populaçom onde se concentra a tribo de Kadafi, os Kadafa.

Para Le Monde, as forças especiais internacionais jogam um papel muito importante para evitar a descoordenaçom num cenário bélico confuso no que se misturam a alegria trás entrar em Tripoli, a ira acumulada contra o coronel e a incerteza por saber quando terminarám os combates.

A caçada de Kadafi

As forças especiais britânicas (SAS) estám em Líbia a cargo da captura de Muamar Kadafi, participaram do assalto a Tripoli, treinaram comandos e organizárom o assalto ao búnker do presidente libio, onde também ingressárom e chegárom comandos especiais de Qatar para recopilar computadoras e documentos que podam servir como provas no julgamento na Haia, assinala nesta sexta-feira a imprensa britânica.

Ainda que a sua presença é oficialmente negada polo ministro de Defesa britânico Liam Fox, ele admitiu na quinta-feira que eles e a NATO estám a achegar "inteligência e equipas" para ajudar aos rebeldes "a localizar a Kadafi e outros membros do regime".

O governo de Cameron nom menciona abertamente a operaçom porque jamais fai umha declaraçom sobre as forças especiais para resguardar a sua segurança.

Mas desde o inicio do conflito, forças do SAS, comandos franceses e forças especiais de Qatar e Emirados Árabes estám deslocados no terreno e dirigem aos rebeldes, que aparecem melhor treinados que antes, segundo foi registado por agências internacionais.

Vê-los em imagens de TV com colete à prova de bala, fuzis SA80 e rifles snipers. Dam ordens e plantam-se para disparar como verdadeiros combatentes, no meio de um exército de rebeldes" esfarrapados.

Quando a cabeça do líder líbio cota-se a 1,7 milhom de dólares, comandos britânicos participárom a carom dos "rebeldes" por decisom do premier David Cameron.

Vestidos como líbios e muitos falando um árabe case perfeito trás um comprido treino em Iémene, desde a chegada dos rebeldes a Tripoli se encarregou ao SAS a missom de se focalizar na procura de Kadafi. Som eles os que analisárom a rede de túneis que o líder construiu debaixo da cidade para refugiar-se quando desenvolvia as suas armas de destruiçom maciça.

Outra "preocupaçom" da inteligência ocidental é que Kadafi conta com 240 mísseis Scud, que tenhem um alcance de 304 km, e um amplo stock de gás mostarda, que nom desmantelou quando entregou as armas de destruiçom maciça, e que pode usar como último recurso.

Por outra parte, o paradoiro de Muamar Kadafi segue sendo umha incógnita e ninguém até agora "segundo a informaçom pública disponível" entregou dados verdadeiros sobre o seu esconderijo apesar de que os rebeldes pusérom preço à sua cabeça.

No entanto, as versons acerca de onde poderia estar seguem multiplicando-se. Segundo o ex número dous do regime, Abdesalem Jalud, que fugiu da capital líbia e está desde o sábado na Itália, Kadafi acharia no sul de Tripoli ou bem haver já partido para o deserto, Jalud dixo ontem em Roma.

"Só há quatro pessoas ao seu redor e há essas duas possibilidades", comentou. Outra alternativa é que se encontre na fronteira com Argélia ou na sua cidade natal, Sirte, agregou.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: É a NATO que está à conquista de Tripoli BASENAME: canta-o-melro-e-a-nato-que-esta-a-conquista-de-tripoli DATE: Thu, 25 Aug 2011 19:19:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Manlio Dinucci

Uma foto publicada pelo New York Times conta, mais do que muitas palavras, o que está em vias de acontecer na Líbia: ela mostra o corpo carbonizado de um soldado do exército governamental, ao lado dos restos de um veículo queimado, com três rebeldes em torno que o olham com curiosidade. São eles que testemunham que o soldado foi morto por um raid da NATO. Em menos de cinco meses, informa o Comando conjunto aliado de Nápoles, a NATO efectuou mais de 20 mil raids aéreos, dos quais 8 mil com ataques por bombas e mísseis. Esta acção, declaram ao New York Times altos funcionários estado-unidenses e da NATO, foi decisiva para apertar o cerco em torno de Tripoli.

Os ataques tornaram-se cada vez mais precisos, destruindo as infraestruturas líbias e impedindo assim o comando de Tripoli de controlar e aprovisionar suas forças. Aos caça-bombardeiros que lançam bombas guiadas por laser de uma tonelada, cujas cabeças penetrantes com urânio empobrecido e tungsténio podem destruir edifícios reforçados, juntaram-se os helicópteros de combate, dotados de sistemas dos sistemas de armamentos mais modernos. Dentre eles, o míssil guiado por laser Hellfire, que é lançado a 8 quilómetros do objectivo, utilizado também na Líbia pelos aviões telecomandados estado-unidenses Predator / Reaper.

Os objectivos são localizados não só pelos aviões radar Awacs, que decolam de Trapani (costa Sudoeste da Sicília) e pelos Predator italianos que decolam de Amendola (Foggia, província de Puglia), sobrevoando a Líbia 24/24 horas. Eles também são assinalado ? indicam ao New York Times os funcionários da NATO ? pelos rebeldes. Estes, embora "mal treinados e mal organizados", estão em condições, "graças a tecnologias fornecidas por países da NATO", de transmitir importantes informações à "equipe NATO na Itália, que escolhe os objectivos a atingir". Além disso, relatam os funcionários, "a Grã-Bretanha, a França e outros países instalaram forças especiais sobre o terreno líbio". Oficialmente para treinar e armar os rebeldes, na realidade sobretudo para tarefas operacionais.

Assim, vê-se emergir o quadro real. Se os rebeldes chegaram a Tripoli isso deve-se não à sua capacidade combate, mas ao facto de que os caça-bombardeiros, os helicópteros e os Predator da NATO lhes abrem o caminho, praticando a terra queimada. No sentido literal do termo, como mostra o corpo do soldado líbio carbonizado pelo raid da NATO. Por outras palavras, criou-se para a utilização dos media a imagem de uma resistência com uma força capaz de bater um exército profissional. Mesmo que rebeldes morram nas confrontações, como é natural, não são eles que estão em vias de se apoderar de Tripoli. É a NATO que, graças a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, está em vias de demolir um Estado a fim de defender os civis. Evidentemente, desde que há um século as tropas italianas desembarcaram em Tripoli, a arte da guerra colonial deu grandes passos em frente.
23/Agosto/2011

O original encontra-se em il manifesto e a versão em francês em
www.legrandsoir.info/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - NÃO HÁ ALEGRIA E SIM TERROR - NÃO HÁ LIBERDADE E SIM OCUPAÇÃO ESTRANGEIRA BASENAME: canta-o-merlo-libia-nao-ha-alegria-e-sim-terror-nao-ha-liberdade-e-sim-ocupacao-estrangeira DATE: Thu, 25 Aug 2011 10:09:41 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.resistir.info/

A agressão imperialista contra a Líbia consumou-se com a tomada de Tripoli.
Os bandos de "rebeldes" do Conselho Nacional de Transição, arvorando a bandeira da defunta monarquia líbia, serviram apenas como encobrimento da intervenção activa da NATO. Os seus bombardeamentos selvagens contra alvos civis e os seus helicópteros artilhados é que decidiram esta guerra não declarada.
Milhares de líbios morreram sob a agressão da NATO, mandatada pela ONU para "salvar vidas". Registe-se a bravura e coragem do governo Kadafi, que aguentou durante seis meses uma guerra impiedosa promovida pelas maiores potências do planeta. A ficção de que se tratava de uma guerra "civil" foi completamente desmentida pelos factos. Foram precisos 8000 raids de caças-bombardeiros da NATO para decidir esta guerra neocolonial.
O futuro próximo da Líbia é negro. As suas reservas monetárias e financeiras ? depositadas em bancos ocidentais ? foram roubadas pelas potências imperiais (tal como aconteceu com as do Iraque). E os abutres vão agora à caça dos despojos, à repartição do botim, aos contratos polpudos. Os bandos do CNT, uma vez findo o enquadramento de mercenários, podem começar digladiar-se entre si.
A desinformação sobre a Líbia foi e é gritante em todos os media ditos "de referência". Eles foram coniventes activos da agressão imperialista contra o povo líbio. Hoje, a generalidade dos media já não serve para o esclarecimento e sim para o encobrimento e a mistificação.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Forças britânicas, francesas, jordanianas e qataríes detrás do confronto em Tripoli BASENAME: canta-o-melro-forcas-britanicas-francesas-jordanianas-e-qataries-detras-do-confronto-em-tripoli DATE: Wed, 24 Aug 2011 16:03:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.debka.com

23/08/11.-Segundo um relatório de Debkafiles, longe de ser meramente um levantamento rebelde, o confronto em Tripoli nas últimas 48 horas está a ser "dirigido" por forças especiais de operaçom britânicas, francesas, jordanianas e qataríes.

"Esta é a primeira vez que tropas terrestres ocidentais e árabes combaterám no mesmo campo de batalha em qualquer das revoltas árabes do últimos nove meses e a primeira vez que soldados árabes participam numha operaçom da NATO", informa Debkafiles.

A operaçom chamada "Sereia do Mencer" está a ser dirigida por forças de EE.UU. e a NATO. Os rebeldes receberam treino e armas das forças especiais e estám a ser dirigidos por operadores de inteligência ocidentais sobre o terreno em Líbia.

A NATO agora planeja umha ocupaçom humanitária" de Líbia com milhares de soldados britânicos e estadounidenses, arriscando a possibilidade de que as tropas poderiam ser enviadas a outra lameira para rivalizar com Afeganistám e Iraque

"As nossas fontes militares informam que os britânicos despregaram comandos do SAS e França 2REP (grupo de comando de pára-quedistas), que é similar à unidade DELTA da naval estadounidense, como também comandos DINOP. Também estám as Forças Especiais Reais de Jordânia, especialistas em combate urbano e em captura de instalaçons fortificadas como o complexo de Gaddafi em Tripoli, e as forças especiais de Qatar, que foram transferidas desde Benghazi onde protegeram aos dirigentes do Conselho Nacional de Transiçom".

O relatório de Debkafiles também indica que os rebeldes dirigidos por estes grupos de forças especiais som pequenos grupos tribais muito descoordenados.

"A NATO está a tratar de importar melhores combatentes treinados desde Benghazi e Misrata", assinala o relatório. Esta informaçom acopla com a inteligência revelada polo jornalista Webster Tarpley.

Debkafiles indica que as suas fontes militares afirmam que muitas instalaçons craves dentro do complexo de Gaddafi, que se encontra agora sob assédio, estám situadas sob terra.

As "câmaras estám interconectadas por umha rede de corredores, alguns suficientemente amplos para acomodar a tanques. A rede se ramifica para o mar e lugares fora de Tripoli", indica o relatório.

As cenas de "vitória" transmitidas polos médios de comunicaçom internacionais som de algumha forma prematuras.

Em Julho, Debkafiles recebeu informaçom de inteligência indicando que se Gaddafi continuava resistindo-se a um acordo para deixar o poder antes da data limite do mandato da ONU de 2 de Setembro, entom a NATO estaria preparada para promover um esmagador golpe militar no que EE. UU. também acordou participar.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: 25.000 líbios das tribos de Warfala e Tarhuna estám a rodear Tripoli BASENAME: canta-o-merlo-25-000-libios-das-tribos-de-warfala-e-tarhuna-estam-a-rodear-tripoli DATE: Tue, 23 Aug 2011 21:05:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

Nestes momentos 25.000 líbios das tribos de Warfala e Tarhuna, é dizer as duas tribos mais grandes de Líbia, estám a rodear Tripoli. Nom som o exército líbio senom voluntários das grandes famílias ou tribos que se organizam para colaborar.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O exército e o povo líbio atiram um contra-ataque em Trípoli BASENAME: canta-o-merlo-o-exercito-e-o-povo-libio-atiram-um-contra-ataque-em-tripoli DATE: Tue, 23 Aug 2011 20:55:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O exército e o povo líbio atiram um contra-ataque na capital
Pravda/ Estado espanhol

No passado domingo informamos no nosso meio dos primeiros rumores que chegavam sobre o início da "Operaçom Sereiaaa", umha campanha organizada polos rebeldes líbios e a NATO com o objectivo de tomaTripoliii e capturar a Muammar Al Gadafi, numha medida desesperada para romper o empate técnico que existia desde fazia meses no país. Tal como prevíamos no artigo, os intensos bombardeios precederam a entrada dos rebeldes na cidade, tomando algumhas posiçons e celebrando de maneira muito precipitada o seu "vitória", enquanto o povo preparava para a resistência, inspirada em Stalinegrado.

Assim mesmo, no supracitado artigo já avisávamos aos leitores do papel propagandístico que tenhem os grandes meios de comunicaçom, participando sem nengum pudor numha guerra psicológica para pressionar ao governo e povo líbio, quem se viram desbordados nas primeiras horas do ataque da NATO, tal e como confirmaram alguns dirigentes. Chegou-se mesmo ao extremo de conhecer-se ameaças a correspondentes alternativos (como a Mahdi Darius ou Thierry Meyssan, de Rede Voltaire), de bloqueios ao seu acesso a Internet, ou pressons para evitar informaçons que contradigam as suas manipulaçons. Como exemplos das mentiras vertidas nas últimas horas polos Mass Média, encontramos a hipotética captura de diversos filhos de Gadafi e a fugida do líder líbio, o controlo "total" da capital, a rendiçom de elementos do exército e até das guardas pessoais de Gadafi, etc.

Como é natural, nom é a primeira vez " nem será a última " que os meios apresentam cenários completamente diferentes à realidade. Cabe lembrar algumhas imagens similares na guerra imperialista do Iraque, quando cidadaos e membros do exército americano botárom abaixo a estátua de Saddam em Bagdad e no-la venderam como umha acçom "de massas", quando a realidade é que era quase nom umha dezena de oportunistas num largo vazio e tomada polos tanques ianques.

Passaram perto de 48 horas desde o inicio da Operaçom Sereia " que se cobrou milhares de mortos e perto de 5,000 feridos " e apesar das celebraçons, das declaraçons de dirigentes da CNT, a NATO e os estados que participam neste massacre, dos intitulares amarelos dos médios de dês informaçom, e de que nos vendessem o fim da guerra como um facto, começam a chegar informaçons desmentindo as manipulaçons mediáticas.

Por umha banda, os rebeldes e médios de comunicaçom tiveram que se tragar as suas palavras no que di respeito à captura de vários filhos do líder líbio. O filho maior, Mohamad Al Gadafi alcançou escapar da sua casa, que estava supostamente controlada por células rebeldes, enquanto que imagens desde a capital mostraram livre a Saif Al Islám " um dos filhos com maior peso político "rodeado de cidadaos líbios e declarando que Trípoli está na sua maioria sob controlo governamental. Cabe destacar que os meios levavam horas informando da captura de Saif, e a sua possível entrega à Corte Penal Internacional.

Por outra parte, é sumamente complicado dilucidar qual é a situaçom real da cidade e o progresso da Batalha por Trípoli, que como é lógico terá umha importância capital para a guerra em Líbia, da vitória ou derrota do legítimo governo na cidade, dependerá o futuro de toda a contenda.

Em qualquer caso, últimas informaçons assinalam que o Exército " que até agora permanecia fora da capital, daí a fácil entrada dos rebeldes durante as primeiras horas " já entrou na cidade, liberando diversos bairros e fortificando diversos pontos, expulsando com facilidade aos desorganizados rebeldes. Os Comités de Bairro, que se encontravam surpreendidos e desbordados nos primeiros momentos, já tenhem as células de resistência activas, participando na defesa da capital.

Apesar deste contra-ataque, continuam os fortes confrontos e os rebeldes seguem presentes em muitos pontos da cidade, apoiados desde o ar polas forças da NATO, que facilita o seu avanço e relativa iniciativa ante o Exército e o povo armado de Tripoli. Alguns meios mesmo assinalaram a presença de membros do SAS britânico (forças especiais) e de militares de Qatar para apoiar aos rebeldes em Tripoli, o qual estaria confirmado trás abater a alguns deles e conseguir as suas identificaçons.

Portanto, ainda que se pode apreciar umha resposta e contra-ataque ante o avanço dos rebeldes, ainda é logo para realizar qualquer análise ou conjectura do desenvolvimento da importante batalha. Seguiremos informando conforme cheguem novos dados que ajudem a clarificar a situaçom.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Somália, o outro genocídio ianqui - NOM É A SECA, É O IMPERALISMO (e IV) BASENAME: canta-o-merlo-somalia-o-outro-genocidio-ianqui-nom-e-a-seca-e-o-imperalismo-e-iv DATE: Mon, 22 Aug 2011 21:18:17 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Miguel Giribets
Rebelión

As crises humanitárias

Desde os anos 80 -e especialmente desde os anos 90 do século passado- o sofrimento da populaçom somali nom cessa. A fame dura é já um mal crónico. Somália vive umha tragédia que dura já duas décadas polo mínimo.

Em Novembro de 1998, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), o país tinha 700.000 pessoas afectados de fame dura; houvo três más colheitas consecutivas e fortes inundaçons no sul polo desbordamento de dous rios. O país nom conta nem com um governo nem com umha infra-estrutura capaz de responder as catástrofes naturais. As conseqüências destas inundaçons fôrom umha epidemia de malária e diarreias hemorrágicas, com uns 1.500 mortos.

Em Janeiro de 2000, outra vez devido a inundaçons no sul o preço do sorgo, que é a base da alimentaçom da zona, disparou-se. Milhares de pessoas marcham para o norte buscando alimento.

Ao ano seguinte, segundo a ONU, 300.000 pessoas no sul do país estám em risco de grande fame devido à seca e à quebra económica do país. A ajuda internacional está com muitas dificuldades em chegar devido aos grupos tribais armados; houvo seqüestros e assassinatos do pessoal das organizaçons internacionais que levavam a ajuda humanitária, ademais de que muita ONG tenhem abandonado o país trás o 11S porque Somália ?é um refúgio de terroristas?, segundo os EEUU.

Em Setembro de 2004, segundo a ONU, chega-se ao milhom de pessoas em fame dura por causa da seca. As necessidades financeiras para dar para comer aos que nada tenhem calculam-se em 119 milhons de dólares, mas tam só a ONU dispom de 35 milhons. A zona mais afectada é o norte e noroeste (Somaliland e Puntland); morrêrrom 80% dos camelos.

Em Fevereiro de 2005, outras 500.000 pessoas no sul nom tenhem reservas de alimentos devido à seca. A gente dispom do equivalente de 3 vasos diários por pessoa (20% da quantidade mínima recomendada pola ONU), e a temperatura supera os 40 graus. As crianças tenhem de beber os seus ourinhos. Muitos caminham até 70 km procurando poços subterrâneos. A morte dos gandos está na base da tragédia, pois priva de alimentos e leite aos somalis. A maioria da populaçom vive da gadaria.

2006 foi um ano de recuperaçom. Mas desde Ocidente nom podiam consentí-lo e botárom mao do Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA). ?O PMA começou a distribuir toda a ajuda de grao de anos para Somália justo no momento no que os camponeses somalis levavam as suas colheitas de grao ao mercado. Com milhares de toneladas de grao grátis disponível, aos camponeses somalis resultou-lhes quase impossível vender as suas colheitas e tiveram que se enfrontar ao desastre. (...) Depois, em 2007, justo quando a colheita de grao somali começava a chegar aos comprados locais, o PMA de novo distribuiu toda a sua ajuda de grao de anos, só que desta vez ali estava o exército etíope para proteger-lhe. Com umha seca de quatro anos que voltava afectar à maior parte de Somália, poder-se-ia dizer que o PMA ajudou a dar o tiro de graça à agricultura somali.? (21)

Em Maio de 2008, segundo a FAO, 2.6 milhons de pessoas necessitam ajuda, é 35% da populaçom; a cifra é um 40% superior à de Janeiro passado. O preço dos cereais é três vezes superior ao dos últimos 5 anos; importaçons de trigo e milho incrementaram-se 375% no último ano, perto de 60% do consumo de cereais tenhem-no que importar normalmente; a moeda haver depreciado 125% nos últimos 4 meses, o que encarece as importaçons. A FAO necessita 18.500.000 dólares; só recolheu 3.789.000 dólares.

Em 2009 há 200.000 crianças desnutridos, dos que 60.000 estám em perigo de morte. Em Março de 2010, 40% da populaçom depende já da ajuda humanitária, mas sabe-se que a metade da ajuda alimentaria da ONU nom chega ao seu destino devido sobretodo ao boicote dos EEUU e às tramas de corrupçom formados por grupos locais ou funcionários da ONU. Por exemplo, é muito suspeito que 80% dos contratos de transporte da ONU fagam-se com 3 contratistas somalis unicamente. A ONU confessa que só poderá alimentar a 2.5 milhons de pessoas, o que nom chega a cobrir nem a metade das necessidades.

Como observamos, os EEUU som os grandes culpaáveis do grande fracasso da ajuda humanitária. Os norte-americanos imponhem condiçons ridículas (por exemplo, nom pagar taxas no trajecto) que impossibilitam o compartimento da ajuda e fai dos alimentos umha arma de guerra para condenar à fame às zonas -que som a maioria do país- que apoiam aos combatentes islamitas do Shahab, o braço armado dos Tribunais Islâmicos. Em Fevereiro de 2010, o New York Times publicou um titular: ?Funcionários da ONU atacam a EE.UU. por reter a ajuda para Somália? (22). Em 2009 a ajuda financeira dos EEUU foi a metade da de 2008. ?Quando o representante das Naçons Unidas Mark Bowden queixou-se aos funcionários em Washington de que estavam a reter os alimentos que deviam chegar a Somália, contestou-se-lhe: Isso vai mais ali das nossas possibilidades. O que significa que as ordens chegam desde bem mais arriba, provavelmente da Embaixadora estadounidense ante a ONU, Susan Frise, a acolita mais destacada do governo estadounidense da ?intervençom militar humanitária?, umha doutrina que Frise haver digressionado até a obscenidade máxima no Corno da África.? (23)

Em 2011 produz-se um êxodo da populaçom para os acampamentos de refugiados em Kenia e Etiópia. Famílias inteiras, com crianças inclusive, chegam a estes acampamentos trás 20 dias de passeata. Muitas crianças morrêrom nas gáveas, nas beiras dos caminhos.

O acampamento de Médicos Sem Fronteiras em Dadaab, Kenia, recebe cada dia 1.400 pessoas. É o acampamento mais grande do mundo, mas está desbordado, pois tem umha capacidade para 90.000 pessoas e alberga a umhas 400.000; a mal-nutriçom e a mortalidade infantil som muito altas nos campos; 40% das crianças do campo padece mal-nutriçom. Dam-se 3 litros de água por pessoa e dia, quando o mínimo é de 20 litros; há um mercado negro de água. Só há barracas de campanha para o 20% dos refugiados. Outros acampamentos em Kenia e Etiópia estám igualmente desbordados. Segundo a ONU, 3 milhons de somalis vivem deslocados.

Mais de cem mil pessoas chegárom a Mogadiscio buscando algo que comer. Aos problemas alimentícios há que acrescentar que a capital é cenário de confrontos armados: ?a situaçom aqui é ainda mais crítica porque já nom só tenhem que lutar pola seca e a fame senom também pola insegurança (,,,) Nos bairros que visitamos nom somente havia casas desfeitas, ruas despedaçadas, senom que ainda há confrontos e ainda há bombas" (24).

Di-se que é a pior seca em 60 anos e afecta a todo o Corno de África. 70% do gando morreu. Com sorte, recolhêrom-se a metade das colheitas; isso é tremendamente grave, se temos em conta que só 2% do chao somali é cultivável. Teme-se que a seca deixe a um milhom de crianças desnutridas em toda a regiom. E o preço dos alimentos nom se detém: o preço do leite triplicou-se nuns meses; o preço do sorgo elevou-se em 240% num ano; Segundo fontes da ONU, o preço dos cereais subiu num ano entre um 110 e 375%.

10% das crianças está em risco de morrer por inaniçom; há zonas com 11% de crianças com desnutriçom severa. Segundo a ONU, uns 29.000 crianças morreram de fame no últimos três meses. umha mulher somali, Joice Karambu, mae de umha meninha chamada Elisabeth declara à imprensa: ?No nosso povo já nom há nada de que comer. Nada de chuva, nada de colheitas: já nom temos suficiente comida. Tento vender um pouco de lenha que recolho mas nom é suficiente. Há algumhas semanas, Elisabeth começou a perder muito peso. Mire-a: tem dous anos e pesa seis quilos: é o peso de umha criança de seis meses!? (25). Na zona sul a desnutriçom aguda afecta a 50% das crianças; segundo Unicef uns 780.000 crianças poderiam morrer de fame.

Somália necessita 1.060 milhons de dólares, mas só chegaram ou coida-se que chegárom uns 429 milhons. O colmo do cinismo é que EEUU se comprometeu em 45 milhons de dólares para armas aos ugandeses e burundíes que mantenhem ao governo fantoche de Mogadiscio; e o como dos colmos é que, se miramos a um mapa de África, enquanto em Somália morrem de fame, um pouco mais arriba e à esquerda os EEUU e a NATO estám a malgastar milhons de dólares cada dia em massacrar ao povo líbio.

O que tsunami saco à luz

O tsunami de há uns anos desenterrou a tragédia: confirmava-se que Somália era um vertedouro mundial de resíduos nucleares. ?O tsunami nom só deixara nas costas de Somália refugalhos normais senom também nucleares. Muitas pessoas das zonas afectadas polo tsunami padecem problemas extraordinários de saúde. Segundo o informa de UNEP, trata-se de infecçons agudas das vias respiratórias, hemorragias intestinais, reacçons ?químicas? atípicas da pele e mortes repentinas.? (26)

A partir dos anos 90 do século passado, quando Somália ficou sem governo central, ?chegavam misteriosamente navios europeus à costa de Somália, vertendo enormes barris no oceano. A populaçom da costa começava a enfermar. Ao princípio, padeceram estranhas erupçons, náusea, e nascêrom crianças mal-formados. Entom, depois do tsunami de 2005, centos destes barris vertidos e com fugas terminaram na beira. A gente começou a enfermar da radiaçom, e mais de 300 pessoas morreram. Ahmedou Ould-Abdalhah, o enviado de Naçons Unidas a Somália, declara: ?Alguém está vertendo material nuclear aqui. Também há chumbo, e materiais pesados, tais como cádmio e mercúrio -ou seja, de todo-.? Pode-se seguir o seu rasto até os hospitais e as fábricas europeus, e entrega à máfia italiana para que esta se desfaga disso da maneira menos custosa. Quando perguntei a Ould-Abdalhah que faziam os governos italianos para combater isto, dixo com um suspiro: ?Nada. Nem se limpou, nem houvo compensaçom nem prevençom.? (27)

?Na página 134 de um relatório da UNEP, cujo título em alemám reza «Nach dem Tsunami-Erste Umwelteinschätzungen» (Depois do tsunami estimaçons para o medio-ambientee), di-se que Somália é um dos numerosos países sub-desenvoltos que desde os anos oitenta recebeu inumeráveis carregamentoss de resíduos nucleares e outros refugalhos tóxicos e armazenárom-se ao longo da costa. Contárom-se, entre outros, urânio, cádmio, chumbo e mercúrio.? (...)? Ilaria Alpi e Miram Hrovatin, dous jornalistas italianos, tentárom pesquisar algo mais de tais negócios. O 18 de Março de 1994 chegárom à cidade somali de Bosasso, entrevistárom a um funcionário local e o 20 de Março desse mesmo ano, tam só umhas horas antes de que pudessem enviar telefonicamente o seu relatório à RAI , foram assassinados em plena rua em Mogadiscio por um comando assassino.? (28)

A armazenagem de resíduos tóxicos costa na Europa a 250 dólares a tonelada; em África só conta 2,5 dólares, menos cem vezes. Desta maneira, 40% da populaçom padece algum tipo de cancro.

A pirataria: os verdadeiros piratas som as frotas pesqueiras ocidentais

Somália tem 3.000 km de costa e grandes bancos de pesca. Uns 300.000 barcos navegam estas águas anualmente.

Muito se fala da pirataria em Somália. Mas há que ver quem som os verdadeiros piratas. O director do Programa de Assistência Marítima da África do Leste, Andrew Mwangura, acerta no alvo quando di que "os verdadeiros piratas som homens de negócios, grandes quenlhas que se dedicam ao trânsito ilegal de armas, de humanos, que se lucram com a pesca ilegal e com a vertedura de resíduos na costa somali, e que tenhem gabinetes em Nairobi, Mombassa, Londres e Dubai" (29).

Vamos explicá-lo.

Quer-se-nos fazer acreditar que a costa somali está cheia de piratas-pescadores à espreita das frotas pesqueiras dos países ocidentais que andam pola zona. Segundo o relatório do Grupo de Trabalho de Alta Mar (HSTF, em inglês): podemos afirmar o seguinte:

- Que a riqueza pesqueira de Somália está a ser saqueada polas frotas pesqueiras dos países mais desenvolvidos.

- Que os países ricos estám vertendo lixo tóxico na costa somali.

- Que, a modo de exemplo, em 2005, mais de 800 barcos pesqueiros operavam em águas somalis.

- Que estas frotas pesqueiras estrangeiras roubam a Somália umha riqueza pesqueira que se pode avaliar em 450 milhons de dólares anuais.

- Que todo isso é possível graças à inexistência de um aparelho de Estado em Somália desde fai um par de décadas.


A origem da ?pirataria? somali som os próprios pescadores, que antes de morrer de fame, atacavam às frotas estrangeiras que roubavam a riqueza piscícola do país. Um destes ?piratas?, Sugule Ali, declarou à imprensa ocidental que ?nom nos consideramos bandidos do mar. Consideramos que os bandidos do mar [som] quem pescam ilegalmente e descargam lixo, e portamos armas mas nos nossos mares? (30). Mais adiante, apareceram grupos mafiosos que realmente só buscam o dinheiro do resgate (com a cumplicidade de conhecidos grupos financeiros em Gram-Bretanha, por exemplo), mas a origem e a maior parte desta luita é absolutamente justa.

A ONU nom fixo outra cousa que instar às grandes potências a intervir para ?defender-se dos piratas?, abençoando o saqueio das riquezas somalis. ?Um dos dirigentes piratas, Sugule Ali, dixo que o seu propósito era ?parar a pesca ilegal e verteduras nas nossas águas... Nom nos consideramos bandidos dos mares. Os bandidos som aqueles que pescam, vertem resíduos e levam armas nos nossos mares.? (31)

A outra cara do tema é que grupos mafiosos estám a utilizar a crise simplesmente para se lucrar. ?Por umha vez, [The Times] dá conta de algo que quase nunca se menciona em qualquer história sobre Somália, nem nos muito escassos artigos sobre o conflito em sim mesmo, nem nas bem mais numerosas histórias sobre pirataria e os seus efeitos na navegaçom comercial (um assunto demais importância que as vidas de 10.000 seres humanos inocentes, por suposto): de que os principais patrocinadores e financiadores das bandas de piratas ?estám vencelhados com o governo vantagem-ocidental do país. (32)? O dinheiro dos resgates dos piratas é branqueado por grupos financeiros em Dubai e Emiratos Árabes, Nairobi e Mombasa; os resgates pagam-se em gabinetes em Londres. O negócio pode ser de 60 milhons de euros anuais.

(21) EL PROGRAMA MUNDIAL DE ALIMENTOS EN SOMALIA ¿ÁNGEL MISERICORDIOSO O ÁNGEL DE LA MUERTE?-REBELION, ESPAÑA 040811 Thomas Mountain ?Counterpounch -

(22) EE.UU. Y ETIOPIA MATAN DE HAMBRE A LOS SOMALÍES-25/7/2011 REBELION, ESPAÑA 250711 Glen Ford -Global Research .

(23) ESTADOS UNIDOS EMPRENDE UNA GUERRA DE HAMBRE CONTRA SOMALIA-10/3/2010 REBELION, ESPAÑA 100310 Glen Ford -Black Agenda Report

(24) MILES DE PERSONAS SE DESPLAZAN A MOGADISCIOEN BUSCA DE AYUDA HUMANITARIA-TELESUR, VENEZUELA 090811

(25) LOS REFUGIADOS SOMALÍES VAN DE UN DESIERTO A OTRO-REBELION, ESPAÑA 310711 Guinguibali.

(26) EL 40% DE LA POBLACIÓN PADECE CÁNCER-22/10/2008 REBELION, ESPAÑA 221008 -Vladislav Marjanovic ?Talaxcala

(27) NOS MIENTEN SOBRE LOS PIRATAS-22/4/2009 REBELIÓN, ESPAÑA 220409Johann Hari -Global Research

(28) EL 40% DE LA POBLACIÓN PADECE CÁNCER-22/10/2008 REBELION, ESPAÑA 221008 -Vladislav Marjanovic ?Talaxcala.

(29) los verdaderos piratas no están en somalia, sino en despachos de nairobi, londres y dubai'";"el mundo, españa 101208 joana socías.

(30) NOS MIENTEN SOBRE LOS PIRATAS-22/4/2009 REBELIÓN, ESPAÑA 220409Johann Hari -Global Research

(31) NOS MIENTEN SOBRE LOS PIRATAS-22/4/2009 REBELIÓN, ESPAÑA 220409Johann Hari -Global Research

(32) EEUU BUSCA CONVERTIR SOMALIA EN UNA TIERRA SIN LEY-24/12/2008 REBELION, ESPAÑA 241208 Chris Floyd- Global Research

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia - Por quê a NATO minte? BASENAME: canta-o-merlo-libia-por-que-a-nato-minte DATE: Mon, 22 Aug 2011 18:43:20 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://mathaba.net/news/?x=628191?disqus

Isto é o que se di em audio por umha fonte em Tripoli:Fonte em Trípoli menciona que os meios de comunicaçom do mundo estám a dizer-lhe mentiras sobre a situaçom em Trípoli:

Arquivo MP3:

Agora podo ver soldados mortos de Qatar por diante dos meus olhos, a barba grande, e nas minhas maos agora mesmo tenho um passaporte de Qatar ... há umha cheia deles, mas Trípoli está sob controlo, todo é seguro, todo está bem.

O Exército líbio, e os voluntários estám em todas partes, nas famílias, agora podo ver às mulheres que tenhem a bandeira verde ... [ininteligível] ....estas pessoas de Qatar, que estám a tratar de chegar a dentro de Trípoli para que seja instável.

Mas Trípoli é seguro, a situaçom está sob controlo.

Perguntas que nos temos que fazer:

Por quê os médias mentem
Por quê os médios corporativos ameaçam aos jornalistas independêntes
Por quê clamam de jeito dessesperado a vitória, se a realidade é outra

http://mathaba.net/news/?x=628191?disqus

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Somália, o outro genocídio ianqui - NOM É A SECA, É O IMPERALISMO (III) BASENAME: canta-o-merlo-somalia-o-outro-genocidio-ianqui-nom-e-a-seca-e-o-imperalismo-iii DATE: Sun, 21 Aug 2011 10:26:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Miguel Giribets
Rebelión

Luitas entre os chefes dos clans -1996-2006-

As luitas entre os diversos clans tenhem-se centrando por volta da capital, Mogadiscio, e o sul do país. Cada ano ham morridos várias centenas de pessoas por causa dos combates, muitas delas civis.

Muitos quisérom fugir do país e alcançar a península arábica. E muitos morrêrom na tentativa. Em 2001 morrem afogadas 86 pessoas quando tratavam de fugir em barco ao Iémene. A tripulaçom do barco atirou ao mar aos pobres viajantes, depois de cobrar-lhes umha cifra considerável pola passagem. O mesmo sucederá com umhas 130 pessoas dous anos mais tarde e com outra centena de pessoas em 2004. Em 2006 morrêrom na tentativa de alcançar Iémene umhas 300 pessoas, e outras 300 dérom-se por desaparecidas. Ao ano seguinte, som 800 os desaparecidos.

A partir de Dezembro de 2001 (há que lembrar que já se produziu o 11-S), produzem-se os primeiros voos de espionagem norte-americanos e o posicionamento da sua frota diante das costas somalis. EEUU di que o governo de Somália está infiltrado de agentes da o Qaeda e assim se fai impossível a reconstruçom do país. O governo somali só chega a controlar alguns bairros de Mogadiscio e algumhas zonas nos arredor da capital.

Sabe-se que grupos militares britânicos já estám no território somali. Em 2002 unem-se 6 navios da frota alemám aos labores de controlo diante das costas de Somália. Nom só é o pretexto do terrorismo internacional senom, sobretodo, o proteger o espolio dos bancos de pesca que estám a fazer as frotas pesqueiras ocidentais, ao que se oponhem os pescadores somalis qualificados de "piratas" polos médios de comunicaçom.

O ano 2005 é o ano do tsunami, que em Somália produz 300 mortos, outros tantos desaparecidos e 5.000 deslocados. O tsunami pom ao descoberto umha realidade trágica. Somália é um vertedouro de resíduos tóxicos e nucleares das grandes potências ocidentais.

Os tribunais islâmicos, 2006

Em Junho de 2006, trás fortes combates com várias centenas de mortos, os islamitas da Uniom de Tribunais Islâmicos fam-se donos da capital, com Sharif Sheikh Ahmed à frente. Os Tribunais Islâmicos tenhem como base social a clérigos islâmicos, juristas, trabalhadores, forças de segurança e comerciantes.

Mogadiscio era um ninho de trânsito de armas e drogas a cargo dos chefes dos clans; todos eles luitavam - financiados polos EEUU com 150.000 dólares ao mês- contra os islamitas. Com este dinheiro, podiam comprar armas em Emiratos Árabes Unidos, Etiópia e Iémene.

Os Tribunais Islâmicos (ICU) vam criando o que parece ser um Estado unificado e em paz, como se evidência em opinions da mais variada procedência:

"Pudem comprovar que, naquelas zonas controladas polos tribunais, asseguraram a ordem; há menos pontos de controlo onde os mercenários extorsionam aos civis; desceu agressividade e já nom existe a arbitrariedade dos senhores da guerra", di Josep Prior, coordenador de Médicos sem Fronteiras-Espanha (MSF) em Somália. "Progressivamente mas em pouco tempo a ICU alcançou levar a lei e ordem a todo o país, eliminaram as drogas e as armas das ruas, fizêrom acessíveis os serviços básicos de atençom sanitária e educaçom, achegaram estabilidade à sociedade civil, limpou-se a cidade, os portos marítimos e os aeroportos voltárom abrir para o trânsito comercial, etc. (5)

Amina Mire, membro eminente da diáspora somali reconhece que: "muitos somalis que nom som religiosos vírom como a sua segurança melhorava baixo a direcçom dos Tribunais Islâmicos. Queremos dar-lhes a estes tribunais o tempo necessário para limpar as ruas de violência. Depois de restabelecer a ordem, estes tribunais puderam progressivamente modernizar as suas interpretaçons e aplicaçons das leis islâmicas. umha grande parte dos somalis que vivem no estrangeiro estavam dispostos a voltar ao país umha vez que a paz e a segurança fossem restabelecidas. " (6)

?Instalou-se umha extensa rede de programas e centros de segurança social, clínicas sanitárias, cozinhas colectivas e escolas primárias para atender a grande número de refugiados, camponeses deslocados e pobres urbanos. Estas actuaçons aumentaram o apoio popular aos ICU.? (7)

"Nom devemos esquecer que os assim chamados islamitas criaram um sentido de estabilidade em Somália e promoveram a educaçom e outros serviços sociais, enquanto que os senhores da guerra mutilavam e assassinavam a civis inocentes," declarou Ted Dagne, especialista no Corno da África do Serviço de Investigaçons do Congresso (8)

Em poucas semanas, os islamitas tomam as principais cidades do país. Imediatamente, uns 300 soldados etíopes cruzam a fronteira para impedir o avanço dos Tribunais Islâmicos. A seguir, em Julho de 2006, som 8.000 os soldados etíopes que chegam a Baidoa, sede do governo de transiçom, a 245 km ao NO de Mogadiscio. Pouco depois, os soldados etíopes em Somália chegárom aos 15.000 efectivos.

Forma-se um novo governo em Baidoa, com um ex-marine norte-americano como ministro do Interior. Em Dezembro de 2006, a ofensiva das tropas etíopes derrota aos islamitas, que ham de abandonar Mogadiscio. A Cruz Vermelha denúncia que há milhares de deslocados, por causa dos combates.

?Washington assegurou que umha resoluçom do Conselho de Segurança de Naçons Unidas reconhecesse o diminuto enclave do senhor da guerra de Baidoa como governo legítimo. Isto levou a cabo apesar do feito de que toda a existência do TFG [governo de transiçom] dependia de um contingente de vários centos de mercenários etíopes financiados polos EEUU. Como as tropas do ICU [islamitas] deslocaram para o oeste para desalojar a Yusuf do seu posto fronteiriço -que compreendia menos de 5% do país-, os EEUU aumentaram o seu financiamento ao regime ditatorial de Meles Zenawi em Etiópia para que invadisse Somália.?(9)

?A maior parte de jornalistas, expertos e observadores independentes reconhecem que sem a presença de um apoio (exterior), principalmente a presença de ao menos 10.000 mercenários africanos ('mantedores da paz') financiados por EEUU e a UE, o regime de Yusuf afunda-se em questom de dias, quando nom de horas. Washington conta com umha coligaçom informal de clientes africanos -umha espécie de 'Associaçom de Homens de Palha Subsaarianos' (ASS, nas suas siglas em ínglés)- para reprimir o descontentamento maciço da populaçom somali e impedir o retorno dos Tribunais Islâmicos populares. As Naçons Unidas declarárom que nom enviariam um exército de ocupaçom até que os contingentes militares da 'ASS' da Organizaçom para a Unidade Africana houvessem 'pacificado' o país.? (10)

2006-2011, o caos total

Mas a derrota dos islamitas nom acala o protesto popular contra os invasores etíopes. Em Janeiro de 2007 produzem-se fortes mobilizaçons na capital contra a presença dessas tropas. Logo se renovam os combates armados entre islamitas e etíopes; em Março morrem mais de 1.000 pessoas em Mogadiscio e 1.400.000 (a metade da populaçom) abandonaram a cidade. Em Abril morrem em Mogadiscio umhas 300 pessoas nos combates; muitos cadáveres apodrecem polas ruas.

Por sua parte, os EEUU iniciam umha série de bombardeios, sobretodo no sul do país, com o pretexto de matar os terroristas da o Qaeda. No mês de Janeiro de 2007 e durante 5 dias seguidos, os EEUU atiram as suas bombas na zona produzindo umha centena de mortos civis.

?Em dezasseis anos de governo anárquico dos senhores da guerra, a denominada 'Comunidade Internacional' nom mostrou nunca interesse algum por intervir em Somália. Contodo, precisamente umha vez que os tribunais islâmicos alcançaram impor ordem e estabilidade, viram como o Conselho de Segurança de Naçons Unidas, em Novembro do ano passado e sob instigaçom estadounidense, votava a resoluçom 1752, que abria a porta à intervençom etíope que lhes levava de novo o terror e a anarquia dos que acabavam de se liberar.? (11)

Em Março de 2007 chegam a Mogadiscio tropas ugandesas, uns 1.500 soldados (ainda que a Uniom Africana tem previsto enviar 8.000 efectivos), com o intuito de substituir às tropas etíopes, às que a populaçom somali odeia profundamente. Os motivos deste odeio explica-os um funcionário da Uniom Europeia, que declarava ao chefe da delegaçom europeia para Somália que ?forças militares etíopes e somalis nesse país podem cometer crimes de guerra e que os países doadores poderiam ser considerados cúmplices se nom fam nada por detê-las. Tenho informar-lhe que existem motivos concretos para achar que o governo etíope e o governo federal transitório de Somália e o comandante da Força (de manutençom da paz) da Uniom Africana, possivelmente também incluindo ao Chefe de Missom da Uniom Africana e outros funcionários da Uniom Africana ham, mediante comissom ou omissom, violado o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional,? (12)

Um relatório do Escritório de Coordenaçom de Assuntos Humanitários da ONU assinala uns meses mais tarde que "o TFG e as forças etíopes ham levado a cabo rastejamentos casa por casa e detençons arbitrárias. Chegaram-nos relatórios de civis rodeados e executados, incluídos casos de homens aos que se lhes degolou como castigo colectivo", sublinha. "Estes actos barbáricos som umha grave violaçom do Direito Internacional Humanitário". (13)

Em Maio de 2008 um relatório de Amnistia Internacional indica que "as execuçons extra-judiciais de civis a maos de soldados etíopes cresceram de forma marcada" (14). Também se recolhe o testemunho de umha mulher violada trás tirar-lhe os olhos ao seu irmao, de violaçons em série e mortos degolados. Michelhe Kagari, subdirectora do Programa Regional para a África de Amnistia Internacional assinala que ?em Somália, a populaçom sofre homicídios, violaçons e torturas; os saqueios som um fenómeno generalizado, e destroem-se vizinhanças inteiras? (15). Amnistia Internacional insiste nos seus escritos em que os etíopes ?matam como a cabras? à populaçom civil somali e documenta numerosos casos de assassinatos de somalis polas tropas etíopes, como o de que ?soldados etíopes lhe talhárom a garganta a umha criança pequena diante da sua mae?.

O representante especial de Naçons Unidas para Somália, Ahmedou Ould Abdalá, declarará mais tarde que "está em curso um genocídio sem nome e ignorado, que está a sacrificar umha geraçom inteira". (16)

A finais de 2007, Mogadiscio é tam só um campo de batalha: "Milhares de pessoas estám a fugir. A situaçom é desesperada para os civis, devido a que ambos os bandos utilizam artilharia de maneira indiscriminada, tal como sucedeu durante os encarnizados combates de Março passado (...) umha multidom irritada incendiou a esquadra de Hawlwadag, depois que os milicianos islâmicos capturassem-na e liberassem aos presos", assinala umha testemunha presencial. (17)

"Seis dos 17 distritos estám praticamente desertos devido à insegurança e as evacuaçons forçadas. A destruiçom de casas e infra-estrutura é quase total", segundo o Escritório de Coordenaçom de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA). (18)

O ano 2008 conhece importantes avanços islamitas, com a tomada de algumhas cidades importantes. Os EEUU seguem com os seus bombardeios sobre populaçom civil: um jornalista de AP recolhe este testemunho de umha criança de 13 anos: "O ataque estadounidense matou o meu irmao, a minha irmá e a minha avó. Somos refugiados e fugimos de Mogadiscio. Desde quando nos convertemos em terroristas?" (19). Produzem-se várias manifestaçons contra os bombardeios aos berros de "Abaixo o governo de Bush" e "Abaixo os seus fantoches".

A finais de 2008 a situaçom fai-se insustentável. Um relatório de Humhan Rights Watch di que ?Dous anos de guerra sem restriçons e de violentos abusos dos direitos humanos tenhem contribuído a gerar umha crise humanitária que piora cada dia e que nom recebe as respostas adequadas. Desde Janeiro de 2007, ao menos 870.000 civis escapárom do caos tam só de Mogadiscio, as duas terceiras partes da populaçom da cidade? As necessidades humanitárias de Somália som enormes. As organizaçons humanitárias estimam que mais de 3,25 milhons de somalis -por volta de 40% da populaçom do centro e do sul de Somália- encontravam-se já em situaçom de desesperada necessidade a finais de 2008... As milícias, que campam sem render contas a ninguém, roubárom, tenhem assassinado e violado às pessoas deslocadas nas estradas do sul que vam para Kenia. Centos de somalis afogárom-se neste ano em tentativas desesperados de cruzar em lancha o Golfo de Aden para chegar a Iémene. (20)

Em Janeiro de 2009 retiram-se as forças etíopes, e som substituídos por soldados de Uganda e Burundi. EEUU segue armando ao governo somali: desde a toma do poder por Obama, recebêrom-se 80 milhons de toneladas em armas, apesar de que os proíbem os acordos internacionais.

Em Maio os islamitas controlam 60% de Mogadiscio. O governo só controla umha mínima parte da capital, e isso graças à forças estrangeiras. Em meados de 2011, no meio da maior crise humanitária, os EEUU renovam os bombardeios com avions nom tripulados. Na actualidade, superou-se o milhom de mortos em conseqüência dos confrontos armados desde 1990.

(5) GUERRA Y EXPOLIO: EL TERRORISMO COMO EXCUSA Y LA AYUDA HUMANITARIA COMO CAMUFLAJE-21/2/2007 REBELION, ESPAÑA 210207 Alfredo Embid -Boletín armas contra las guerras nº 142
(6) GUERRA Y EXPOLIO: EL TERRORISMO COMO EXCUSA Y LA AYUDA HUMANITARIA COMO CAMUFLAJE-21/2/2007 REBELION, ESPAÑA 210207 Alfredo Embid -Boletín armas contra las guerras nº 142
(7) SISTEMA IMPERIAL: JERARQUÍAS, REDES Y CLIENTES -EL CASO DE SOMALIA-28/2/2007 REBELION, ESPAÑA 280207 -James Petras ?
(8) EL FRACASO DE LA CIA EN SOMALIA -12/7/2006 REBELION, ESPAÑA 120706 -Revista Amanecer
(9) SISTEMA IMPERIAL: JERARQUÍAS, REDES Y CLIENTES -EL CASO DE SOMALIA-28/2/2007 REBELION, ESPAÑA 280207 -James Petras
(10) SISTEMA IMPERIAL: JERARQUÍAS, REDES Y CLIENTES -EL CASO DE SOMALIA-28/2/2007 REBELION, ESPAÑA 280207 -James Petras
(11) ÉSTA NO ES UNA GUERRA ENTRE ETIOPÍA Y SOMALIA-17/1/2007 REBELION, ESPAÑA 170107 Muhamad Hasan -Workers Party of Belgium
(12) LA OTRA GUERRA (OCULTA) POR EL PETRÓLEO-9/5/2007 REBELION, ESPAÑA 090507 -Carl Boliche ?Zmag
(13) SIGUE EL CAMINO AL INFIERNO DE IRAK-22/12/2007 PUBLICO, ESPAÑA AFP/José CendónISABEL COELLO - MADRID - 22/12/2007 13:11
(14) UN PAÍS FUERA DE CONTROL-7/5/2008 EL PAIS, ESPAÑA PERE RUSIÑOL - Madrid - 07/05/2008.
(15) AMNISTIA RECONOCE QUE EL CAOS SE AGRAVÓ CON EL DERROCAMIENTO DE LOS ISLAMISTAS PROMOVIDO POR OCCIDENTE-14/5/2008 REBELION, ESPAÑA 140508 Amnistía Internacional.
(16) NACIONES UNIDAS: DENUNCIAN UN GENOCIDIO IGNORADO EN SOMALIA-22/12/2008 ARGENPRESS 221208
(17) MILES DE PERSONAS HUYEN DE MOGADISCIO POR CULPA DE LOS COMBATES-29/10/2007 LA VANGUARDIA, ESPAÑA 291007
(18) SIGUE EL CAMINO AL INFIERNO DE IRAK-22/12/2007 PUBLICO, ESPAÑA AFP/José CendónISABEL COELLO - MADRID - 22/12/2007 13:11
(19) PROTESTA POR BOMBARDEO ESTADOUNIDENSE-5/5/2008 GRANMA, CUBA 050508.
(20) OTRA CATÁSTROFE PATROCINADA POR ESTADOS UNIDOS-25/2/2009 REBELION, ESPAÑA 250209 -Len Wengraf -Global Research
----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Somália, o outro genocídio ianqui - NOM É A SECA, É O IMPERALISMO (II) BASENAME: canta-o-merlo-somalia-o-outro-genocidio-ianqui-nom-e-a-seca-e-o-imperalismo-ii DATE: Sat, 20 Aug 2011 09:31:29 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Miguel Giribets
Rebelión

Da independência à crise de 1990

Somália fai-se independente em 1960. Desde o princípio, a URSS ajudou ao país. As décadas dos anos 60 e 70 fôrom os melhores anos para os somalis: as condiçons sociais, a sanidade e o ensino alcançárom níveis mais que aceitáveis. A agricultura e gadaria alcançaram um nível tal que faziam de Somália num país auto-suficiente para alimentar à sua populaçom.

Os problemas começaram em 1977 polos confrontos com a sua vizinha Etiópia. As autoridades somalis pretenderam anexionar-se a regiom etíope de Ogadem, de maioria de populaçom somali, e atacaram a Etiópia. Naquele momento, Etiópia era um país que marchava para o Socialismo, com o apoio soviético. A URSS intervéu e alcançárom um acordo de paz, mas Somália nom o respeitou, persistiu na sua agressom aos etíopes e passou ao bando imperialista. umha vista informal de Kissinger a Mogadiscio selou as novas relaçons do país com os EEUU.

Com a viragem para Ocidente, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial entrárom em Somália para saquear o país:

- Impom-lhe fortes desvalorizaçons da moeda nacional, com os que a dívida externa engorda-se até níveis insustentável e a dependência financeira dos bancos ocidentais fai-se asfixiante. De 1981 a 1990 a dívida externa se mais que duplicou, passando de 1.000 milhons de dólares a 2.300 milhons. Na actualidade, a dívida é de 3.000 milhons de dólares; nom é maior porque ao nom haver um Estado as entidades financeiras ocidentais nom prestam dinheiro, polas dificuldades de recuperá-lo.

- Impom-lhe a importaçom de alimentos -como fizérom com o resto dos países do Terceiro Mundo-, com o que se destrói a agricultura e a gadaria locais, base de subsistência da populaçom.

- Aplicam-se as "leis de mercado", que consistem em reduzir o gasto sanitário em 78% do 1975 a 1989, o de educaçom em 82 dólares/ano/criança em 1982 a 2 dólares/ano/criança em 1986, etc., etc. Face a todo isso, Somália comprou a EEUU nos anos 80 armas por valor de 200 milhons de dólares.

Os programas de ajustes traem o desemprego, a liquidaçom dos subsídios à agricultura, a liquidaçom do gasto social, salários de miséria, esmagamento dos direitos laborais e pobreza generalizada.

Ante a destruiçom da economia somali, começa a chegar ajuda humanitária. Mas os funcionários e militares corruptos apropriaram-se de 80% da ajuda alimentaria nestes anos.

As condiçons de vida da populaçom caem em picado. Em 1991, a luta armada dos diferentes clans derroca ao governo. Mas o país cai em maos destes chefes de clans e tribos, em lutas contínuas entre eles.

Em 1991 a regiom nortenha de Somalilandia autoconstitui-se em país independente. Outra regiom, Puntland segue os seus passos a partir de 1998, ainda que sem declaraçom formal de independência. Estas duas regions desfrutam de umha certa estabilidade, entre outras cousas porque, ao nom ser países reconhecidos internacionalmente, nem o FMI nem o Banco Mundial haver desembarcado neles para lhes criar dívida externa nem outras dependências financeiras.

Somalilandia tem uns 2 milhons de pessoas maioritariamente do clam dos Issaqs e proclamou umha Constituiçom em 1997. Mantém certa actividade comercial através do porto de Berbera. Compreende quase a metade norte do país. Puntland estrutura-se em torno do clam dos Majestins. Compreende parte-a noroeste do país. O resto de Somália, quase 60% do território, fica em maos dos diversos clans e tribos, que se mantenhem em luta contínua.

Intervençom norte-americana 1992-1993

A intervençom norte-americana tem lugar entre 1992 e 1993, junto com diversas tropas da ONU que permanecêrom até 1995.

A invasom fai-se contodo luxo de meios: foi retransmitida em directo polas cadeias de televisom. Era um Hollywood facto realidade, ainda que acabou em tragédia porque a populaçom opom-se com as armas à intervençom estrangeira. Mais de umha centena de capacetes azuis morrêrom nestes anos. O caso mais conhecido produziu-se em Outubro de 1993, quando 18 soldados norte-americanos mortos fôrom arrastados polas ruas de Mogadiscio e as imagens percorrêrom todo mundo. Pouco a pouco dias, os estadounidenses abandonavam o país.

Chamava-se a operaçom "restaurar a esperança", aprovada polo Conselho de Segurança da ONU, e foi realizada no meio de umha seca e umha fame preta generalizadas. Em 1992 morreram de fame umhas 300.000 pessoas. Como explica Chomsky ?...enquanto o conflito seguia activa a fame era terrível, a populaçom morria e produziam-se muitas mortes, EE.UU. simplesmente mantivérom-se à margem sem mostrar-se dispostos a fazer nada a respeito disso. Quando a luta diminuiu, quando parecia que ia produzir-se umha boa colheita e havia consideráveis possibilidades de que acabasse a fame, e quando a Cruz Vermelha e outras organizaçons eficazes estavam a fornecer comida, nesse momento a EE.UU. entraram no país realizando umha demonstraçom de força e umha enorme operaçom de relaçons públicas, esperando receber ao menos umha enorme publicidade favorável pola sua intervençom". (3)

Fala-se muito dos 18 soldados norte-americanos. Mas fala-se menos dos 10.000 mortos -homens, mulheres e crianças-, muitos deles tirados polas ruas de Mogadiscio e milhares de torturados e desaparecidos a maos dos capacetes azuis.

A actuaçom dos capacetes azuis Somália foi inqualificável, como também vimos noutros muitos lugares do Terceiro Mundo. Em Abril de 1997 publicaram-se várias fotos que ilustram a actuaçom dos capacetes azuis belgas em 1993. Entre outras, apresentavam estas cenas:

* um soldado mejando sobre um somali morto, com a bota sobre o pescoço do falecido.

* um somali no chao, agarrado polo cabelo e a roupa, com um fuzil no pescoço; foi assassinado a seguir, segundo a imprensa belga.

* um soldado mejando sobre umha tumba somali.

* um adolescente crivado a balázios.

* dous soldados sustenhem a umha criança somali sobre umha fogueira; a criança se debate para nom morrer queimado.

* um soldado obriga a umha criança somali a beber água com sal depois de que lhe obrigou a comer-se os seus próprios vómitos.

* obrigam a um rapaz muçulmano a comer carne de porco (proibida pola sua religiom) misturada com água salgada, atam-lhe a um tanque e ponhem-no em marcha.

* morre um rapaz encerrado num contentor metálico baixo o sol.

* vários soldados celebram os aniversários de um deles violando a umha rapariga.

As tropas italianas também nom ficaram à zaga. umha série de fotos também ilustra acçons como estas:

* fotografias com torturas, violaçons e assassinatos de civis.

* umha violaçom. "A mulher chorava, revolvia-se e gritava, mas estávamos em grupo, excitados, e queríamos divertir-nos", declarou um dos estupradores (4).

* uns soldados com cabos nas maos, com os que vam a ?picanear? nos testículos a um somali.

* lançamento de granadas sobre veículos onde iam só civis; "tiravam ao branco só para se divertir", declarárom os soldados.

* assassinato de um velho a pontapés.

* umha mulher atada à que se lhe introduz umha bomba coberta de marmelada pola vagina, "para divertir-nos".

* ao menos 10 prisioneiros somalis morreram por causa das torturas, segundo consta no diário de um soldado italiano.

Também se conhecem atrocidades dos capacetes azuis do Canadá.

(3) GUERRA Y EXPOLIO: EL TERRORISMO COMO EXCUSA Y LA AYUDA HUMANITARIA COMO CAMUFLAJE-21/2/2007 REBELION, ESPAÑA 210207 Alfredo Embid -Boletín armas contra las guerras nº 142

(4) ACUSAN A TROPAS ITALIANAS DE TORTURAR A SOMALIES-14/6/1997 CLARIN, ARGENTINA 140697

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Reclamam que se proceda à detençom e ingresso em prisom sem fiança" de Joseph Ratzinger, o chefe da seita internacional de pedófilos BASENAME: canta-o-merlo-reclamam-que-se-proceda-a-detencom-e-ingresso-em-prisom-sem-fianca-de-joseph-ratzinger-o-chefe-da-seita-internacional-de-pedofilos DATE: Fri, 19 Aug 2011 22:44:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Oficializa-se a denúncia para que detenham ao Papa por encobridor de pedófilos

Insurgente.org

Umha dúzia de organizaçons feministas e de homossexuais do País Basco tenhem apresentado umha denúncia contra o Papa Benedito XVI, na que solicitam a sua detençom "em território espanhol" por "encobrimento de pedófilos de jeito sistemático e organizado".

Comenta a denúncia, registada o passado dia 11 ante o Julgado de Guarda de Sam Sebastiam, alude aos casos de pederastia ocorrido no seio da Igreja católica e lembra que "nom existe imunidade dos chefes de Estado sobre actos que representem crimes de lesa humanidade".

O texto lembra que "qualquer tribunal pode exercer a jurisdiçom universal" sobre delitos como "os actos generalizados de tortura, abusos sexuais e encobrimento dos mesmos, apologia da misoginia e a homofobia e perseguiçom por motivos políticos, étnicos, de género ou de orientaçom sexual".

O escrito exige às instituiçons públicas que a Igreja católica "deixe de receber dinheiro público, que aos seus agentes nom se lhes permita achegar aos menores de idade, e que a sua hierarquia seja investigada por possíveis crimes contra a humanidade".

Finalmente, a denúncia reclama que se proceda à detençom e ingresso em prisom sem fiança" de Joseph Ratzinger "até a celebraçom do julgamento onde se dite sentença conforme proceda em Direito".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Somália, o outro genocídio ianqui - NOM É A SECA, É O IMPERALISMO (I) BASENAME: canta-o-merlo-somalia-o-outro-genocidio-ianqui-nom-e-a-seca-e-o-imperalismo-i DATE: Fri, 19 Aug 2011 14:41:39 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Miguel Giribets
Rebelión

Somália tem umha populaçom de uns 10 milhons de pessoas. 98% é da mesma etnia e a mesma religiom (muçulmana sunita). Isto deveria ser umha boa base para dar coesom e constituir um país, a diferença da maioria de países africanos, onde se aproveitou a diversidade multi étnica e/ou multirreligiosa para enfrontar à sua populaçom e saquear as suas riquezas. Nom foi assim: o factor que dividiu é a existência de 10 tribos e múltiplos clans e sub-clans.

Os somalis vivem no país mais pobre do mundo depois de Niger e Serra Leoa, segundo o Programa de Naçons Unidas para o Desenvolvimento. Na actualidade, 87% da populaçom é analfabeta e 85% das crianças em idade escolar nom vam ao colégio. A esperança de vida de 47 anos; um de cada 10 crianças morre ao nascer e 25% das crianças que sobrevivem morrem antes de cumprir 5 anos. Somália tem umha das piores taxas de mortalidade infantil do mundo: 117.7 crianças por cada 1.000. As causas de morte das crianças som a desnutriçom e a diarreia.

Segundo dados de Outubro de 2007, a taxa de mal nutriçom estava em 17%, dous pontos por sobre do que se considera como catástrofe humanitária; 20% dos menores de 5 anos sofriam mal nutriçom em 10 regions. Agora a situaçom é muito pior.

Há um médico por cada 100.000 habitantes e algumhas gentes ham de percorrer 700 km para encontrar ao médico mais próximo. Nom há Ministério de Sanidade, os 45 hospitais do país som privados. Em conseqüência, quase a totalidade da populaçom carece de um sistema público de saúde. Há 3 companhias de telefones privadas e vários hotéis de luxo, com guarda-costas privados.

A tentativa de formar umha polícia em 1998 fracassou. Tratava-se de treinar a 3.000 homens, mas como nom cobravam, foram desertando até que nom ficou nem sinal do corpo policial.

43% da populaçom vive com menos de 1 euro ao dia. Os bilhetes nom os emite o Banco Central, que desapareceu em 1991. Os bilhetes som feitos polos empresários locais e imprimem-se no Canadá. Nesta situaçom, a tentaçom de imprimir bilhetes falsos é demasiado forte; com isso, contribui-se a disparar a inflaçom e a miséria das gentes de Somália. O primeiro banco desde 1991 abriu-se em 1997: ao Barakaat, ainda que de 300 empregados, 100 som guarda-costas armados, pois nom há segurança pública. Em 2001 este banco era o grupo financeiro mais importante do país, com sucursais em 40 países. Mas os norte-americanos -a quem já lhes vai se bem que este país nom levante cabeça-, nom podiam consenti-lo: em Novembro de 2001, Bush declara que este banco é ?amigo de Bin Laden? e congela os bens do banco em EEUU; é um golpe durismo à reconstruçom económica de Somália, pois, por exemplo, 80% da populaçom recebe dinheiro das remessas que chegam do estrangeiro através deste banco, entre 700 a 1.000 milhons de dólares cada ano, e agora isto já nom será possível; esta é um das maiores fontes de ingressos do país.

Também por estas datas os EEUU cortaram o acesso a internet desde Somália, acusando às duas companhias que o comercializavam de pertencer à o Qaeda.

As exportaçons de cabras, ovelhas e camelos eram 80% do total das exportaçons totais. Mas estám proibidas por motivos sanitários, ainda que o problema solucionar-se-ia facilmente com vacinaçons e controlos veterinários.


Mas... Somália é um pais muito rico

Conta com grandes reservas de gás e petróleo; em 1986 o governo concedeu a 4 grandes corporaçons a permissom para a extracçom de cru: Conoco, Amoco, Chevron e Philhips, que controlavam 75% dos campos petrolíferos.

Ademais, tem reservas de urânio, ferro, estanho, bauxita, cobre e sal.

... e com um grande valor estratégico

Por Somália passa o trânsito de mercadorias do Mar Vermelho, 13% do trânsito marítimo mundial, que inclui o petróleo de Oriente Meio. Por isso, havia que evitar as influências ?perigosas? (soviéticas numha época, chinesas na actualidade), ainda que para isso haja que despedaçar um país e condenar à morte por fame a grande parte da sua populaçom.

Já em 1991 o general Schwarzkopf que na época era nada menos que o chefe do estado maior para o sudeste asiático apresentou um relatório ao senado onde dizia: "o estreito estratégico do mar vermelho é o centro dos interesses de EEUU aí onde convergem África e Ásia. O estreito será cada vez mais importante devido ao acrescentamento das capacidades de tratamento e de exportaçom de Árabia cujo petróleo deverá passar no seu maior parte polo já que os super-petroleros som demasiado grandes para o canal de Suez." (1)

Também Israel tem interesses estratégicos. ?Israel tem o projecto de prolongar o oleoduto Bakú, Acerbaixám-Cehyan,Turquia, que se inaugurou justamente ao começo da guerra do Líbano, e de converter numha auto-estrada energética conectando-o com o já existente oleoduto Trans-Israel que cruza o país e acaba no mar Vermelho. E Somália está justamente na saída e entrada do mar Vermelho o que lhe outorga umha importância geo-estratégica evidente.? (2)

(1) GUERRA Y EXPOLIO: EL TERRORISMO COMO EXCUSA Y LA AYUDA HUMANITARIA COMO CAMUFLAJE-21/2/2007 REBELION, ESPAÑA 210207 Alfredo Embid -Boletín armas contra las guerras nº 142
(2) GUERRA Y EXPOLIO: EL TERRORISMO COMO EXCUSA Y LA AYUDA HUMANITARIA COMO CAMUFLAJE-21/2/2007 REBELION, ESPAÑA 210207 Alfredo Embid -Boletín armas contra las guerras nº 142

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Estado vaticano, que produz? De que caralho se mantem a Monarquia sacerdotal? BASENAME: canta-o-merlo-o-estado-vaticano-que-produz-de-que-caralho-se-mantem-a-monarquia-sacerdotal DATE: Thu, 18 Aug 2011 10:41:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Qual é o tecido produtivo desse país que se chama Vaticano?


Ramón Pedregal Casanova
Rebeliom

A organizaçom social cria-se a partir da forma de apropriaçom da riqueza, e o lugar ocupado por qualquer nessa organizaçom social estabelece-lhe umha relaçom de classe com quem se fai dono da riqueza. Essa forma de vinculaçom é o determinante para ver o mundo e interpretá-lo.

O Estado católico absoluto, cumprindo com o seu ideário, nom produz nada, e sustém-se, a sua caste vive, do que saqueia às gentes que confiam a sua vida ao medo, à superstiçom que denominam ?fé?, que lhes causam os chefes católicos, medo que programam desde séculos atrás. Mas também no tempo em que as ciências industriosas organizam à classe trabalhadora para produzir mais-valia os bruxos estám cravados no Estado espanhol mordendo as suas artérias, e delas tiram-nos, por essas mordidas, mais de 10.000.000.000 milhons de euros (mais de dez mil milhons de euros) ao ano.

As tubagem das que os pobres levam uns poucos litros de gasolina em países da África, acabam estalando e causam a morte de quem se quisseram procurar algum bem com o que paliar a sua calamidade.

O caso católico nom é o das pobres gentes às que o capitalismo e o imperialismo destrói a sua existência, o caso católico é o da aliança dos bruxos, os anticientífico medievais, os da programaçom da submissom e a ignorância negadora do conhecimento, com a grande burguesia, que fai muito deixou de aspirar às mudanças sociais, para tratar de travar por todos os médios que as contradiçons do sistema partilhado fagam-no explorar e a explosom social lhos leve por diante. A dirigencia católica nom abre feridas as artérias, senom que se incrusta nelas na cabeça mesma do Estado, ali onde a artéria leva mais rega. Na sua aliança com o aparelho do Estado, antes fascista e agora com outra aparência e em continuidade, e previsto está que seja por selecçom de espermatozoide, obtém mais dinheiro e médios que naqueles outros tempos. Um Estado parasito dentro do Estado espanhol.

Dizia ao começo que a organizaçom social cria-se a partir da forma de apropriaçom da riqueza, e o lugar ocupado nessa organizaçom estabelece umha relaçom de classe com quem se fai dono da riqueza obtida. Essa forma de vinculaçom é o determinante para ver o mundo e interpretá-lo. No caso do país Vaticano, criado num acordo do Papa com Mussolini pola sua prestaçom de cobertura, nom há tecido produtivo, até a elaboraçom das hóstias sacras ham-na deslocalizado, em cada sítio onde estám fam as suas, ainda sendo ou parecendo tam importante um objecto simbólico como a hóstia sacra.

Como a sua forma de apropriaçom da riqueza é a partir de outros, (os governantes do Estado espanhol), a sua visom do mundo corresponde a essa relaçom económica na que fora do núcleo só deve haver súbditos, em troques os chefes da seita prometem, como tantas seitas, aos membros de todas o seu escalas um porvir afortunado. Enquanto, calam a denúncia do seu Estado parasito Paraíso Fiscal, porto seguro para as máfias do trânsito de armas, do trânsito de drogas, de todos os trânsitos que como lepra atacam e atacam aos trabalhadores do mundo, por exemplo , nom pagam impostos. O Paraíso Fiscal Vaticano, com o seu Banco Central que se denomina Instituto para a Obra da Religiom , está na lista de paraísos fiscais com as Ilhas Jersey, e, de Man, Gibraltar, Mónaco, Luxemburgo, Suíça, Liechtenstein, Malta, Chipre, Andorra, Guenesey, Sark, e, Aldemey. A metade do comércio mundial passa polos paraísos fiscais, entre eles o do Vaticano, e, com só 0,5% de incremento anual dos ingressos dos activos depositados nos paraísos fiscais poderiam-se financiar os objectivos de desenvolvimento do Milénio da ONU para 2015.

Agora vem o chefe de Estado desse Paraíso Fiscal a se passear polas ruas de Madrid e a reunir-se com quem lhe entregam o dinheiro, o demais é aparato. O governo PePePsoe da Câmara municipal de Madrid, como requer o Paraíso Fiscal Vaticano, coloca 200 confessionários no centro de Madrid e suspende os transportes sociais. A ideia de cidade com mando medieval, por sobre da ideia de cidade moderna que partilha médios. A caste privilegiada pola superstiçom impom-se aos direitos cidadaos. Essa é a sua visom do mundo, visom obtida da sua forma de obter o dinheiro para a sua subsistência como Estado improdutivo e parasito, bruxaría por enriba da razom. Os cidadaos de hoje temos opiniom formada.

----- COMMENT: AUTHOR: Severino [Visitante] DATE: Fri, 19 Aug 2011 20:12:17 +0000 URL: http://birasblog-birasblog.blogspot.com

hum,cala-te bôca simples derrubaram o império romano,mas no trono do imperador ficou o império,catolico apostolico romano,só mudou de imperador para papa!

----- COMMENT: AUTHOR: manuel [Membro] DATE: Fri, 19 Aug 2011 14:18:56 +0000 URL: https://www.rtp.pt/play/direto/antena1fado

Vive doutros Estados do mundo, de muitos ricaços papistas e de muitíssimos católicos pobres que dão o que não têm para o papado. Eu espero outro João Paulo I (PRIMEIRO)! E depois, que o Vaticano se dissolva dentro da República italiana. Mas morrerei antes disso. Lástima. Pena.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Um conto do século XIX, ainda válido hoje BASENAME: canta-o-merlo-um-conto-do-seculo-xix-ainda-valido-hoje DATE: Wed, 17 Aug 2011 20:27:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Palavra CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Gentes beatas

Coberta de farrapos e case descalça, a meninha entrou na igreja a se abrigar do frio.

Celebrava-se umha novena que um devoto custeava à Virgem por atender à súplica que lhe dirigiu para que gelasse fortemente, pois de outro modo nom poderia patinar, e o templo estava como umha áscua de ouro.

Enlevou-se a meninha com a imagem da Mae de Deus, que ostentava um manto de riquíssimo veludo cheio de brilhantes, e, lembrando conselhos maternais, caiu de joelhos, cruzou as maos e pediu-lhe um fato de sobretodo.

Fixou-se nela umha elegante senhora que, acompanhada do seu esposo, chegava enchida de fé a rogar polo logo regresso do seu amante, e ordenou indignada a um coroinha que a chimpasse do templo, nom só polo nojo que produzia, senom para evitar que roubasse algo.

Cumpriu o acólito com zelo sem igual o mandato piedoso, e a meninha foi arrojada à rua quando começava a escurecer.

Refugiou-se chorando no quício de umha porta, e ao cabo de umha hora acertou a passar ao seu carom umha senhora grosa, que se fixou nela, e, ao ver que era guapa,levou-na à sua casa, pensando num cavaleiro com quem falara aquela manhá.

E ao se ver ao dia seguinte com um fato novo, bem calçada e perfumada, a meninha caiu novamente de joelhos e cruzou as maos para dar graças à Virgem pola eficácia com que a atendeu; postura na que a surpreendeu um cavaleiro que entrou no seu gabinete, adornado com imagens de María Santíssima e do seu esposo; cavaleiro que fechou a porta e sentou-na sobre os seus joelhos. E ao fixar-se a meninha nele, reconheceu ao católico esposo da católica senhora que mandara a tarde anterior botar do templo católico, onde nom há pobres nem ricos, senom irmaos no Senhor.

José Nakens

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: EEUU e a sua política de matar de fame a Somália BASENAME: canta-o-merlo-eeuu-e-a-sua-politica-de-matar-de-fame-a-somalia DATE: Wed, 17 Aug 2011 19:26:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As "outras guerras" de EEUU matam a mais gente que as do Afeganistám, Paquistám e Iraque

Glen Ford
BlackAgendaReport

Morre mais gente devido aos ataques militares e económicos de EEUU em lugares como Somália e Congo que nas guerras mais conhecidas do império estadounidense. Estas "outras guerras" acabam com "centos de milhares "milhons" de vidas, e deram lugar, ou contribuíram, às duas piores crises humanitárias da África durante o últimos quatro anos." O anúncio do presidente Obama de doar 105 milhons de dólares a Somália é só umha cínica distracçom do feito de que EEUU usa os alimentos como umha arma de guerra.

"As agências internacionais de ajuda temem as represálias dos estadounidenses se distribuem comida no território controlado por Shabab".

O 20 de Agosto, a Coligaçom pola Justiça Social, a Paz e as Reparaçons Black is Back, convocou a um Dia Internacional de Acçom contra as "outras guerras". A primeira pergunta da gente é: a que te referes com "outras guerras"" Qualquer explicaçom deve incluir a guerra de EEUU contra Somália, como parte de um projecto estadounidense para militarizar e dominar o Corno da África.

Trata de umha guerra nom declarada, como todas as "outras guerras" de EEUU "aquelas que o movimento antiguerra de EEUU, dominado polos brancos da velha guarda, nom sente que tenham a categoria suficiente para incluí-las na sua lista de guerras-. Contodo, estas guerras acabam com centos de milhares "milhons" de vidas, e deram lugar, ou contribuíram, às duas piores crises humanitárias na África durante o últimos quatro anos. EEUU roubou nom só as vidas do povo de Somália, senom também a sua soberania sobre a sua terra natal. Se isso nom é umha guerra, entom a palavra mesma carece de significado.

Somália tivo algo parecido à paz, e um governo para proteger a paz, por um muito breve período de tempo antes de que EEUU instigara e armasse umha invasom etíope do país, a finais de 2006. Esmagárom e dispersárom o governo islamita "chamado os Tribunais Islâmicos" cuja rama mais nova, Shabab, organizou entom umha resistência de guerrilhas. Case de maneira imediata, o país viu-se mergulhado no que as Naçons Unidas chamárom "a pior crise humanitária da África." Os estadounidenses usárom soldados estrangeiros de Uganda e Burundi, os seus Estados clientes na África, para apontoar um lamentável e fraudulento mini-Estado na capital, Mogadisicio. Incapaz de controlar as zonas rurais, e mesmo a maior parte da capital, EEUU fixo entom mui difícil para os provedores de ajuda alimentaria estrangeira que chegassem à gente nas zonas controladas por Shabab. Isto preparou o cenário para a seguinte grande crise humanitária, quando a pior seca do últimos sessenta anos golpeou à maior parte do Corno da África, ameaçando a vida de dezenas de milhons de pessoas em Somália, Kenia, Etiópia e Xibutí. Mas os somalis eram os mais expostos, porque as agências internacionais de ajuda temiam as represálias dos estadounidenses se distribuíam comida no território controlado por Shabab.

"Os 105 milhons de dólares de Obama som menos da metade da assistência que EEUU envio em 2008."

Agora o presidente Obama anunciou, aos quatro ventos, que EEUU enviará 105 milhons de dólares para alimentar aos somalis, onde quer que estejam a passar fame. Mas muitas agências de ajuda nom se acham que EEUU vá a sério quando di que vai deixar de usar os alimentos como umha arma de guerra, e som reticentes a retomar a distribuiçom de alimentos. E os 105 milhons de dólares de Obama som menos da metade da assistência que EEUU envio em 2008, depois da primeira crise humanitária de fabricaçom estadounidense. Deste modo, dezenas de milhons de pessoas continuárom morrendo de fame, e polos ataques dos drones e as Forças Especiais de EEUU, na sua guerra contra Shabab.

Seis milhons de pessoas morrêrom no Congo, devido às guerras dos agentes de EEUU. A soberania e a dignidade de Haiti foram usurpadas pola força das armas de EEUU. Colômbia ocupa o primeiro lugar do ranking em número de pessoas deslocadas "a maioria delas indígenas e afro colombianas" como resultado da colonizaçom do país por EEUU. As "outras guerras" de EEUU som, aliás, mais destrutivas para a vida humana que os conflitos reconhecidos do Afeganistám, Paquistám e Iraque. Já que Obama declara que nom está em guerra com Líbia, talvez também lhe a poderia qualificar como umha das "outras guerras."

O Dia de Acçom da Coligaçom Black is Back de 20 de Agosto celebrará-se nas cidades de todo EEUU e no estrangeiro. Em Nova Iorque terá lugar umha jornada educativa na igreja de Santa Maria, em Harlem. Informa-te e tomada consciência das muitas e simultâneas guerras de EEUU contra a humanidade: as "outras guerras."

Fonte: http://www.blackagendareport.com/content/starving-Somália-us-%E2%80%9Cother-wars%E2%80%9D-kill-more-afghanistan-pakistan-and-iraq

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Submissom do Estado espanhol e a apoteose da seita internacional de pedófilos BASENAME: canta-o-merlo-submissom-do-estado-espanhol-e-a-apoteose-da-seita-internacional-de-pedofilos DATE: Sun, 14 Aug 2011 16:14:01 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O Papa e as suas viagens por Espanha

Marcos Roitman Rosenmann
A Jornada

Nom será a primeira nem a última vez que Benedito XVI visite Espanha. Professa um amor febril às terras da antiga Hispânia. Nelas cometérom-se dous grandes genocídios em nome da cruz. Expulsou-se a mouros e judeus nos séculos XV e XVI. Hoje, pouco fica deste passado "glorioso" da Inquisiçom. Os inquéritos destapam umha realidade nada lisonjeira para a Igreja católica em Espanha. Só 27 por cento dos espanhóis declara ser católico praticante. E o seu número diminui um por cento cada ano. Se buscássemos umha explicaçom desta queda, umha resposta estaria na incongruência entre o dizer e o fazer das instituiçons eclesiásticas. O Vaticano mantém nas suas filas a sacerdotes pederastas, capeláns cúmplices de torturas e protege a criminosas e violadores como Marcial Maciel, criador dos Legionários de Cristo. Mente e levanta falsos testemunhos. E a sua fortuna in crescendo, graças à "doaçons" testamentárias de viúvas ricas. Estas actuaçons resta-lhe credibilidade. Ainda assim, em Espanha, a católica é a religiom com mais adeptos. Seja esta a razom pola qual, o poder político, mostra-se tímido e outorga-lhe privilégios que vulneram a Carta Magna.

Enquanto a Constituiçom reza no seu artigo 16.3 que "nengumha confissom terá o carácter estatal", a única religiom que desfruta de um programa na grelha da televisom pública é a católica. Todos os domingos, a ecrâ muta-se em púlpito para transmitir umha missa em directo e fazer proselitismo, emitindo Povo de Deus. Mas os poderes públicos nom se mostram contundentes e cedem a todas as demandas da Igreja, começando por manter vigente o acordo assinado em 1979. Resulta lacerante que nos colégios públicos a matéria de religiom seja dirigida polo episcopado, que nomeia e despede aos professores à conta do erário público. Em mais de umha ocasiom rescindiu o contrato quando o professor ou professora nom segue as pautas do bom católico. É dizer, processa o divórcio ou vive em concubinato. Por acordo expresso do nosso Poder Legislativo, os sacerdotes estám integrados no regime geral da segurança social. Um prémio ao trabalho de adoutrinamento. Assim, os pastores da Igreja católica podem atirar diatribes contra as ovelhas pretas do rebanho. Condenam ao lume eterno aos homossexuais, libertinos, putas, abortistas, enfermos de ser, apóstatas, ateus e agnósticos. Eles ardêrom no inferno. Mas voltemos ao princípio: o papa Benedito XVI chega a Espanha para abençoar a celebraçom do Encontro Mundial da Mocidade. Título ao qual se subtrae o adjectivo de "Católica". Um bom momento para resgatar um dos 10 mandamentos, a mentira.

Com trato de chefe de Estado, o governo de Rodriguez Zapatero destinará, a umha visita privada, a friorenta de 25 milhons de euros entre segurança, transporte oficial, alojamento ao seu séqüito e cobrir a estância informativamente. Para a ocasiom, serám 6.500 polícias e guarda civis e 4.000 polícias autárquicos quem vigiem ao monarca do Vaticano. Pola sua parte o serviço de emergências, num alarde de cosmopolitismo, terá um serviço multilingüe em 80 idiomas. E a câmara municipal, em colaboraçom com o delegado do governo em Madrid, cortará ruas, impedindo o trânsito rodado durante cinco dias. Entre outras, o Passeio do Prado, umha das artérias mais importantes de Madrid. Igualmente, facilitará os terrenos do parque do Retiro para a instalaçom de 200 confessionários móveis e 68 alpendres para vender recordos, estampitas, cinzeiros, taças, chaveiros, etcétera. Mas o mais destacado, por se os madrilenos nom queremos que com dinheiro público financie-se umha visita privada, o bispado de Madrid, Televisom Espanhola e Telemadrid assinárom um acordo para garantir a produçom e difusom de todos os actos institucionais e religiosos em rigoroso directo. Assim, Televisom Espanhola oferecerá com meios próprios e gratuitamente a chegada do papa a Baralhas, as audiências na nunciatura, a missa na catedral, a visita ao centro de deficientes de Sam Juan de Deus, a vigília e a missa em Quatro Ventos, esta última emitida em alta definiçom, ademais do encontro com os voluntários e a sua despedida no aeroporto. Por sua parte, Telemadrid ocupará da missa de abertura, o percurso polas ruas da cidade, o acto de bem-vidaa do presidente da Câmara à câmara municipal e o encontro com jovens religiosos nele Escorial e a via crucis em Cibeles-Colom. Ademais o acordo contempla a cissom grátis do sinal institucional às correntes privadas. Um verdadeiro choio à conta do dinheiro público.

Mas a cousa nom remata aqui. Graças ao sentido filantrópico do governo central e a comunidade autónoma de Madrid, as instalaçons públicas, institutos e colégios de primária cederám-se sem custo para que os membros da seita podam dormir e rezar à vontade enquanto durem as actividades. Assim mesmo, a Igreja criou umha fundaçom privada ex professo, de nome Madrid Vivo, onde se reúne a flor e nata dos explotadores e saqueadores. O seu presidente de honra é o cardeal Rouco Varela, protector de pederastas e martelo de homossexuais. Seguem no conselho reitor Emilio Botim, presidente do Banco Santander; Iñigo Oriol, ex presidente de Iberdrola; Gerardo Díaz Ferrán, ex presidente da patronal, hoje imputado por roubo, fraude e malversaçom de fundos; Francisco González, do BBVA; Isidoro Faine, em representaçom da Caixa; César Alierta, de Telefónica; Borja Prado, de Endesa; Baldomero Falcones, de Fomento de Construçons e Contratas; Juan Abelló, de Sacyr, ou Salvador Santos Campano, presidente da Câmara de Comércio de Madrid. Nesta lista encontramos aos directivos de meios de comunicaçom adscritos à mentira e violaçom da ética jornalística: Santiago Ybarra, Vocento; Catalina Luca de Tena, ABC; Alfonso Coronel (COPE) e Julio Ariza, Intereconomía. Surpreende que esta fundaçom, cujo achegue taxa-se em 25 milhons de euros, poderá, graças a outro acordo com Fazenda, desgravar até 80 por cento do achegado.


Neste cenário obsceno, todo está preparado para a liturxia. Catorze mil sacerdotes concelebrarám a missa do Papa e 800 bispos darám sessons de catequeses. Para saciar a fame do espírito 15.000 membros do "clube de avôs" espalhárom, ao peso, um total de sete toneladas de rosários, fabricados para a ocasiom. Nom faltam os bordados de 14.000 mitras, casulas e alvas. E para amenizar as esperas actuará um coro e orquestra composto por 700 pessoas. E se há fame, a associaçom de armazenistas do mercado central de Madrid doou oito toneladas de frutas. Com tanto amor e entrega, Benedito XVI soborda alegria. A sua gira por Madrid trá-lhe-á bons benefícios na evangelizaçom de almas descarriadas e poderá campar ao todo o longo. Assim, poderá cuspir e rir à cara do governo e o povo laico de Madrid. O seu discurso contra o Estado aconfesisonal, os valores laicos ou o casal homossexual som o eixo de discurso e marcam o seu apostolado. Em Madrid, o Papa nazi será presenteado por um poder político submisso e entregue. Cobardes!

Fonte: http://www.jornada.unam.mx/2011/08/13/index.php?section=mundo&article=022a1mun

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O chefe da maior banda internacional de pederastas no reino bourbónico das Espanhas BASENAME: canta-o-merlo-o-chefe-da-maior-banda-internacional-de-pederastas-no-reino-bourbonico-das-espanhas DATE: Fri, 12 Aug 2011 16:34:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

Os ARREPIANTES DADOS DA IGREJA CATOLICA

FONTE: A coluna de Abel Arana/Corpos Feministas Laicos

Nem vou nem te espero

Prometo-lhes que todos e cada um dos dados fôrom contrastados:

-Só em USA, a Igreja católica deixou mais de 100.000 vitimas de abuso sexual. Mais de 100.000 menores violados por sacerdotes e mais de 10.000 casos em tribunais.

-Julgados ou pendentes de julgamento em USA por ABUSOS CONSUMADOS a menores de idade: 4.392 curas.

-Inglaterra: O líder da Igreja católica autorizou que o pedófilo Michael Hill trabalhasse como bispo. Em 1997 foi encarcerado por abusar de nove crianças durante 20 anos.

-Austrália: 107 sacerdotes católicos condenados em firme por pederastia. Mais de 1.000 vítimas.

-Bélgica: 13 vítimas de violaçons por parte de sacerdotes suicidam-se. 475 denúncias de violaçons.

-Espanha: o cura José Angel Aguirre preso com mais de 400 horas de vídeos que mostravam cenas de pederastia. Ademais filmou-se violando a 15 menores de idade. O caso está a ser julgado.

-Holanda: A congregaçom dos Salesianos está a ser investigada por violaçons a menores durante mais de duas décadas. O número de vítimas cresce de jeito alarmante.

-Estados Unidos: The New York Times revela com DOCUMENTOS OFICIAIS que o Papa (esse a o que vamos receber agora) ajudou a encobrir a um sacerdote que durante anos violou a 200 menores de idade com discapacidade auditiva. Os factos ESTÁM CONTRASTADOS. O violentador nunca foi castigado, o Papa Ratzinger decidiu nom o levar ante a justiça porque já era idoso.

-Alemanha: Vexamens de quatro educadores durante 15 anos a membros do coro de vozes brancas que dirigiu Georg Ratzinger, irmao do Papa.

-Áustria: Só na primeira metade de 2010, mais de 30 denúncias em comissário de violaçons a menores por parte de religiosos.

-Irlanda: Centos de crianças órfos violados por sacerdotes durante décadas. O número de vitimas é tam grande que a investigaçom segue o seu curso.

E agora, depois de ler isto? é decente que a Igreja católica celebre isto com a colaboraçom dos nossos políticos?

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O TERRORISMO DE CLASSE E ESTADO que nos está vindo. BASENAME: canta-o-merlo-o-terrorismo-de-classe-e-estado-que-nos-esta-vindo DATE: Thu, 11 Aug 2011 01:05:37 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O desfecho social da crise
Marginalidade e desemprego: Os pavios dos estalidos que venhem

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com

Com Estados crebados pola crise das dívidas, com umha recuperaçom incerta da recessom (com países que seguem desacelerados), mercados financeiros voláteis (volta à desconfiança do sobe e baixa), contracçom do crédito orientado à produçom, consumo social sem recuperaçom, baixas de arrecadaçom e subas siderais do deficit, desemprego maciço persistente e ajustes salariais em ascensom, a "bomba social" (emergente da crise e dos ajustes) já assoma como o desfecho mais lógico na euro-zona e os próprios EEUU

O mal-estar social que geram a desocupaçom crónica e o estragamento das condiçons salariais, assim como o achicamento da capacidade de consumo, alimenta e exacerba o estado de frustraçom colectiva, provoca perda de confiança nos políticos e alenta as greves e estalidos sociais que começam a estender-se por toda a geografia europeia e já ameaçam a EEUU. O sistema está num ponto de inflexom: A perda de gobernabilidade. Neste contexto há que ler o recente estalido social dos marginais na Gram-Bretanha, o movimento dos Indignados em Espanha, e os protestos maciços contra o ajuste na Grécia, Itália e França. A crise fiscal dos Estados (que se expande por todo a euro-zona) já derivou em crise social" por meio de dous actores centrais: A baixa da capacidade de consumo e o desemprego crónico, que já afecta a quase 10% da populaçom, principalmente aos sectores mais pobres e vulneráveis da sociedade europeia e estadounidense.

Mas a esse cenário emergente da crise que se projecta desde o capitalismo central à periferia, há que agregar um relatório da Organizaçom para a Cooperaçom e o Desenvolvimento Económico (OCDE) em Paris: 60% da populaçom activa mundial trabalha sem contrato de trabalho nem prestaçons sociais."Há um claro vínculo entre emprego informal -sem contrato- e a pobreza", indica o relatório que prognostica que em 2020 o trabalho mergulhado implicará a 66% da populaçom. A "crise social" afecta de maneira diferente na pirâmide social: Nas classes altas e médias projecta-se como umha "reduçom do consumo" (principalmente suntuario), em mudança nas classes baixas e marginais expressa-se na desocupaçom e numha restriçom do consumo dos produtos básicos para a sobrevivência (principalmente alimentos e serviços essenciais). Esta situaçom -segundo as estimaçons- vai derivar em que os sectores sem cobertura nem protecçom legal, sofram despedimentos em massa quando a crise devenha novamente em recessiva (como já o advertiram a OCDE e o FMI) e as empresas decidam "achicar custos laborais" para preservar a sua rendabilidade.

O sistema de gobernabilidade político e económico da euro-zona hoje encontram-se em risco de dissoluçom por causa da "crise financeira" que derivou primeiro em crise recessiva", logo em crise fiscal" dos Estados, e que agora se converteu em crise social" da mao dos ajustes, os despedimentos laborais e o achicamento do consumo popular. Esta dialéctica de acçom-reacçom é o que define, em forma totalizada, um fenómeno que excede a denominaçom reduccionista de crise económica" com o que os analistas do sistema qualificam o actual colapso económico europeu. O capitalismo central europeu (tanto como EEUU) nom está em crise económica", senom em crise total", e no final do processo, se quer sobreviver como bloco, deverá deitar mao ao único que pode preservar o seu domínio: A repressom militar. Essa é a leitura imediata que surge do processo europeu com Estados crebados e ajustes selvagens, que profunda o desemprego em massa e a crise de credibilidade social nos políticos e as instituiçons.

Mas este cenário de massa laboral "desprotegida", que o sistema pode expulsar quando quer e sem nengum tipo de compensaçom, é parte integrante de um "quadro geral" da exclusom e a marginalidade mundial formado por: 3000 milhons de pobres, 963 milhons de famintos e mais de 190 milhons de desempregados, registados -segundo a ONU e o Banco Mundial- em situaçom precária antes do colapso financeiro nas metrópoles imperialistas. Enquanto que na pirâmide do colapso recessivo global, para um rico ou umha classe média alta a "crise social" significa um "achicamento do cinto" (prescindir de produtos suntuários ou de algum confort), para um integrante da classe baixa significa ficar desocupado ou perder capacidade de sobrevivência através da reduçom do seu salário. De maneira tal, que na crise social projectam-se as mesmas variáveis que no resto da economia capitalista: O peso da crise golpeia com força sobre a base do triangulo social mais despojado (operários assalariados e pobres) enquanto se atenua no meio e no vértice (empresários, executivos e profissionais) , onde se concentra a maioria da riqueza acumulada pola exploraçom capitalista.

No 2009 estimava-se que o processo de crise financeira recessiva (que tivo o seu epicentro em EEUU e Europa e que já se estendeu polas potências centrais e o mundo periférico) ia deixar uns 1000 milhons de pessoas expulsas do circuito do consumo pola desocupaçom maciça desatada sobre os trabalhadores e os seus grupos familiares polo encerramento de fábricas e empresas. A ameaça de desocupaçom crónica e maciça e a reduçom do salário como produto dos ajustes, é o núcleo essencial, o detonante central dos conflitos sociais que hoje já se estendem por Europa e que se vam a projectar em curto prazo (por via dos bancos e empresas transnacionais que despedem massa laboral a escala global) a toda a periferia da Ásia, África e América do Norte Latina. O comissário de Emprego assinala que o desemprego aumenta em toda a Uniom Europeia afecta a mais de 10% da populaçom activa . Em alguns países, como Espanha, essa percentagem achega-se a 20 por cento e, entre os jovens, afecta a quase 40%. A mediçom oficial, revela que medo é o sentimento mais generalizado entre os cidadaos da euro-zona . Sentem temor a nom poder chegar o fim de mês, a nom poder enfrentar os gastos básicos e à perda do emprego, um sentimento que sente um de cada três europeus. Ainda que esta percepçom aumenta até o 73 por cento na Grécia, 68 por cento em Espanha, 63% na Itália e 62% na Irlanda, os países mais afectados pola crise e onde o mercado laboral deteriorou-se com mais rapidez e contundência. Ademais, poucos confiam no mercado laboral pois a metade considera que, em caso de ser despedidos, será ?pouco provável? ou "completamente improvável? que alguém volte os contratar no seguintes seis meses.

Quase nom há relatórios (e os que há som manipulados e reduzidos) de como a crise dos países centrais já impacta nas economias e nas sociedades dos países subdesenvoltos da Ásia, África e América do Norte Latina, onde se concentra a maioria da fame e a pobreza a escala planetária. Enquanto as potências capitalistas centrais concentram-se em "combater a pobreza" com um orçamento de US$ 896 milhons, o primeiros vinte super-milionários da lista Forbes concentram juntos umha cifra de mais de US$ 400.000 milhons. Essa cifra (em maos de só vinte pessoas) equivale quase ao PBI completo de Sudáfrica, a economia central de África, cuja produçom equivale a um quarto da produçom total africana. Como contrapartida (e demonstraçom do que produz o capitalismo), essas zonas marcadas por umha altíssima e crescente concentraçom de fame e pobreza, figuram nas estatísticas económicas mundiais como as maiores geradoras de riqueza e rendabilidade empresarial capitalista do últimos dez anos. Tanto o "milagre asiático" como o "milagre latino-americano" (do crescimento económico sem compartimento social) construíram-se com mao de obra escrava e com salários em preto. Isto leva a que, ao cair-se o "modelo" por efeito da crise recessiva global, o groso da crise social emergente com despedimentos laborais em massa envórquese nessas regions.

E também nom é casualidade que nestas regions subdesenvoltas ou "emergentes" da Ásia, África e América do Norte Latina registe-se o maior índice de populaçom laboral em preto" e a maior quantidade de pobres, desocupados e excluídos que regista o sistema capitalista a escala global. Mas desta questom estratégica, vital para a compreensom da crise global e o seu impacto social maciço nas classes sociais mais desprotegidas do planeta, a imprensa internacional nom se ocupa. Os meios locais e internacionais estám ocupados em dilucidar a "diminuiçom das fortunas dos ricos" e a perda de rendabilidade das empresas e bancos que geraram a crise por excesso de depredaçom capitalista e de concentraçom de riqueza, por meio da exploraçom e apropriaçom do trabalho social colectivo. Aos especialistas do sistema só lhes preocupa o impacto da crise no "mercado" e nas sociedades dos países centrais, mas ninguém presta atençom no impacto (e na desfeita) que finalmente vai ter a crise com desocupaçom nas áreas subdesenvoltas e emergentes que acovilham às populaçons mais pobres e desprotegidas do planeta. A mesma equaçom (de projecçom e efeito disímile da crise social) produz-se na pirâmide de países capitalistas, claramente dividida entre o vértice (as naçons centrais), o meio (as naçons "emergentes") e a base (as naçons "em desenvolvimento").

Neste cenário, e como sucede cíclicamente, novamente os sujeitos e actores da crise social, os motorizadores das revoltas colectivas (tanto nos países centrais como nas periferias da Ásia, África e América do Norte Latina) vam ser os milhons de desocupados e expulsados do mercado do consumo que nom vam ter meios de subsistência para as suas famílias. Nom é o mercado (nas suas diferentes variantes macroeconómicas), senom que som os expulsos do mercado (os excluídos sociais) os que vam protagonizar o desfecho decisivo da crise global capitalista que se avizinha. E há umha explicaçom lógica: A crise financeira e a crise recessiva, cujo emergente imediato é a quebra e encerramento de bancos e empresas, podem ser reguladas e controladas por meio da injecçom de billonarios fundos polos governos e os bancos centrais imperiais. Em mudança, para os efeitos sociais da crise económica (a desocupaçom e o achicamento do consumo) nom existe outro remédio que reocupar à mao de obra expulsa se se quer evitar o colapso social e as revoltas populares. E para um capitalismo em crise, cuja lógica funcional passa por expulsar trabalhadores para manter a sua taxa de rendabilidade, essa é umha tarefa impossível. Portanto, os conflitos sociais som inevitáveis como desenlace.

Os estalidos e revoltas sociais em EEUU por causa da crise, que projectam desde a CIA até os estrategos de Obama, nom vam ser protagonizados polos ricos que diminuíram as suas fortunas, nem polos executivos ou profissionais que diminuíram os seus ingressos, senom polos centos de milhares de operários e empregado que vam ser expulsos do mercado laboral. Os sujeitos e actores da crise social, os motorizadores das revoltas sociais (tanto nos países centrais como nas periferias da Ásia, África e América do Norte Latina) vam ser os milhons de desocupados e expulsados do mercado do consumo que nom vam ter meios de subsistência para as suas famílias. A maquinaria mediática, que fala de crise global" misturando numha mesma bolsa de "prejudicados" às vítimas (os sectores mais baixos da pirâmide) com os victimários (os ricos do vértice da pirâmide), tem como missom central ocultar o que se avizinha: umha rebeliom mundial generalizada dos pobres contra os ricos. Essa rebeliom (como já se está mostrando) vai-se a expressar, a nível de países, num auge do nacionalismo nos países da periferia emergente e subdesenvoltos num questionamento crescente do centralismo explotador e proteccionista das potências regentes.

A nível social, o processo recessivo com desocupaçom vai ir gerando escaladas maciças de conflitos sociais protagonizados por dous actores centrais: Os pobres e desocupados. E os ricos, os do vértice da pirâmide (tanto dos países centrais como periféricos) vam estar todos juntos ao lado de umha só trincheira: A repressom policial e militar.

Os planificadores e estrategos do sistema já tenhem um nome: Democracia Blindada.

(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.
Ver os seus trabalhos em Google e em IAR Notícias

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Há que findar com o terrorismo financeiro BASENAME: canta-o-merlo-ha-que-findar-com-o-terrorismo-financeiro DATE: Wed, 10 Aug 2011 09:07:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Juan Torres López, Carlos Martínez García e Francisco Jurado

Público

A extraordinária subida da prima de risco espanhola, e a de outros países ainda mais próximos ao coraçom da velha Europa, pom-nos lindes do abismo à cidadania que esta nom devesse consentir.

Nada há que mudasse em Espanha nos últimos dias, salvo a celebraçom de novos leilons de dívida pública, está claro, que pudesse dar a perceber a "os mercados" que a situaçom da nossa economia é pior que há umhas semanas e que, portanto, justifique umha subida no tipo de interesse que haja que pagar para nos financiar. Trata-se, tam só, de novas operaçons de casino que apostam sem risco, provocando elas mesmas os resultados que mais convém aos especuladores que, por suposto, nom albergam nengumha preocupaçom acerca do que suceda na economia real, na vida da gente, senom o como melhorar as suas posiçons de aposta para ganhar mais dinheiro.

Quando os bancos que provocaram a crise que estamos a viver necessitaram financiamento, os governos e o Banco Central Europeu nom duvidaram em acudir no seu auxílio, numhas ocasions, porque diziam que eram "demasiado grandes para deixá-los" e noutras porque havia que "salvar ao sistema financeiro", e gastaram-se neles vários bilions de euros. Mais de 800.000 milhons dedicárom-se a salvá-los só na Alemanha e França.

Contodo, quando fôrom os estados quem necessitárom financiamento, fundamentalmente como efeito da crise que provocárom os bancos e em muita menor medida, em lugar de recebê-la nas generosas condiçons em que o fixo a banca, tiveram que se pôr nas maos desta. E, graças a isso, os bancos nom só levantaram de novo cabeça, prestando o dinheiro que recebiam a 1% do Banco Central Europeu a tipos cinco ou mais seis vezes altos, senom que assim pudérom pôr contra as cordas aos governos e exigir-lhes novas reformas liberalizadoras como condiçom imprescindível para sair da crise quando, em realidade, foi a generalizaçom desse tipo de medidas o que a provocou.

Os governos, e em concreto o espanhol, vem dizendo à cidadania que para acabar com esta situaçom há que contentar aos "mercados" e que para isso é inevitável levar a cabo as reformas que se lhes exigem e que, em grande parte, já se aplicárom: do "mercado" de trabalho e das pensons, privatizaçons de empresas públicas e, logo, de serviços públicos essenciais. Mas estas receitas revelarom-se como umha grande mentira, como evidência o que nem estejam a produzir os efeitos beneficiosos sobre a economia com que se justificam, nem alcancem deter os ataques especulativos contra a nossa dívida.

Tratar de fazer frente a umha situaçom que o próprio presidente da Junta de Andaluzia qualificou de terrorismo financeiro" cedendo à extorsom, como está a fazer o governo do Partido Socialista, é algo pior que umha simples ingenuidade. As reformas que levou a cabo só servírom para debilitar ainda mais a capacidade de geraçom de emprego e ingresso da nossa economia e, ao travar a recuperaçom e o crescimento da actividade, rematárom encarecendo ainda mais a dívida pública a meio e longo prazo, convertendo-se esta dinâmica num círculo vicioso que leva à ruína aos próprios Estados, aos seus serviços públicos essenciais e, portanto, a toda a cidadania.

Ao terrorismo financeiro que está a despedaçar economias inteiras nom se lhe pode combater deixando-se submeter senom com firmeza e decisom, defendendo a economia que acredite emprego, riqueza e bem-estar e cortando as asas dos capitais especulativos.

Europa tem médios para alcançá-lo.

Deve garantir que os estados disponham de financiamento adequado através do Banco Central Europeu, negociando para isso as condiçons que lhe permitam gerar ingressos e nom destruir as suas fontes, como veio sucedendo. É umha ignomínia inaceitável que se preste a 1% a bancos irresponsáveis e que se obrigue a que os povos tenham que fazê-lo mesmo a 10%, como está a ocorrer em alguns casos.

Ademais, Europa deve estabelecer impostos e taxas sobre as transacçons financeiras especulativas que as desincentivem na maior medida do possível.

E Europa tem também a obrigaçom moral de estabelecer controlos de capital para impedir que financeiros sem escrúpulos sigam pondo em jogo o futuro da uniom monetária, a estabilidade económica e social e o bem-estar dos seus cidadaos.

Porém nem Espanha, nem o resto de países europeus, podem esperar a que todo se resolva em Bruxelas. Trabucara-se umha vez mais este governo, e a classe política que o apoie, se volta recortar direitos sociais achando que assim diminuirá a voracidade dos ?mercados?. Voltaremos ir a todos a pior, salvo a banca e as grandes empresas.

Numha democracia real, as pessoas som as verdadeiras possuidores da soberania nacional e, portanto, devem constituir-se em protagonistas das decisons políticas que se tomam, como actores e como beneficiários principais. Se vivêssemos nessa democracia real e os cidadaos soubessem de verdade o que está a passar nom consentiriam o tipo de terrorismo que se está praticando, nem a cumplicidade dos governos. E por isso mos acha que é fundamental que os movimentos sociais e as organizaçons políticas, sindicais e cidadás de todo o tipo fagam o máximo esforço para informar, consciencializar e mobilizar a todas as pessoas que, com independência de ideologias ou de posiçons política, simplesmente indignem-se e reajam ante a injustiça e a irracionalidade que se nos vem impondo.

Juan Torres López (Comité Científico de ATTAC Espanha), Carlos Martínez García (Promotora Estatal de Mesas de Convergência) e Francisco Jurado (Democracia Real Ya)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia-O começo da morte da CNT BASENAME: canta-o-merlo-libia-o-comeco-da-morte-da-cnt DATE: Wed, 03 Aug 2011 21:41:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

Allain Jules

http://allainjules.com/2011/08/02/libye-vers-la-mort-du-cnt/

É o canto do cisne da CNT e a provável retirada da NATO com o rabo entre as pernas...

O Verao é um calvário para os ?sem teito?, mas também para o Governo francês que sem vergonha apostou polo terror e a morte em Líbia. Saif ao Islám burlou-se dos soldados da Apocalipse. Os 258 milhons de dólares que Sarkozy acabava de conceder, sem contrapartidas, aos renegados de Bengasi, os assumidos islamitas e os traidores à sua naçom, nom serám utilizados para a guerra (a paga de salários dos soldados ou a compra de armas). Este dinheiro foi dado simplesmente para comprar as consciências. Céus!

Depois da violenta morte do General Yunes, a situaçom sobre o terreno mudou em Bengasi. Agora há confrontos diários entre os insurgentes. Houvo primeiro o levantamento da tribo Warfala do que falávamos esta manhá. Depois, a rebeliom do clam Yunes da poderosíssima tribo dos Obeidi que jurou vingar a sua morte. Este conflito interno da CNT causou a morte de ao menos 300 pessoas, por nom falar dos seqüestrados. No momento de completar este post, os combates em Bengasi som notórios entre as facçons.

Ironicamente, as vítimas colaterais dos confrontos de Bengasi som os ingleses e franceses. A tribo Obeidi, umha das mais poderosas de Líbia, capturou a 15 instrutores estrangeiros (franceses, ingleses, quataríes). Portanto, deve-se pagar os resgates e esperar a sua libertaçom, e as autoridades francesas ham estabelecido umha lei do silêncio mediático sobre estes factos, por temor à ira da opiniom pública contra o que se comprovou hoje como um acto de barbarié total em Líbia.

O que lhe exprobram agora à CNT, os seus próprios membros e a NATO, é o se deixar fagocitar polos islamitas de Al-Qaeda. Quando o vedranho líder proclamou, alto e claro, que este grupo terrorista estava detrás dos loucos de Bengasi, ninguém lhe acreditou. Por outra parte, os responsáveis sabiam-no, mas preferiram aliar-se com a pior escória porque esperavam obter vantagem rapidamente. Ai!, nada passou como convinha ou se esperava.

Mais de 2.000 líderes tribais renovaram o compromisso de lealdade a Muamar al Gadafi, daí a saída triunfal de ontem do seu filho Saif ao Islám. Este mostrou o agradecimento aos líbios, mais que nunca com o seu pai detrás. Pior ainda, estes líderes tribais por sua vez exigiram a demissom imediata dos bombardeios assassinos da NATO que nom podem já senom concentrar-se sobre a populaçom civil ou nos armazém de alimentos. O desejo era que a populaçom se sublevasse. Contodo, as autoridades líbias conscientes deste plano diabólico, reagiram rapidamente, para pôr a arrecado as provisons.

Os recentes acontecimentos em Bengasi demonstraram o avançado grau de putrefacçom do ninho de víboras oculto trás a CNT. Sem ser adivinho, a dissoluçom, que digo! a desencaixe da CNT chega a umha velocidade incrível. Sem jogar a Nostradamus de domingo com o casal de combate de perversos, Sarkozy e Cameron, que apostárom por umha "guerra lôstrego" em Líbia, a CNT nom sobreviverá à morte do General Yunes.

A pergunta agora é saber, depois do ultimato do clam Obeidi, recebido pola NATO para deter o bombardeio do território líbio, se estes o vam a executar. O facto é que Mustafá Abdel Jalil, o seudo chefe da CNT, foi rejeitado polos rebeldes do seu acampamento. Ninguém em Bengasi escuta mais a este aprendiz do mal. Agora ele sonha finalmente com o exílio em algum lugar de Londres ou Paris.

Está claro, Muamar Al Gadafi está a ganhar a luta contra a coligaçom imperialista dos ocidentais terroristas e assassinos...

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O novo "terrorismo" BASENAME: canta-o-merlo-o-novo-terrorismo DATE: Mon, 01 Aug 2011 17:37:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A extrema direita europeia e a sua conexom com o Likud: as sombras ominosas de Huntington e Rothschild-Murdoch

(IAR Notícias) 01-Agosto-2011

A inviável teologia, mais que ideologia, do fukuiamesco e simiesco "fim da história" - o domínio eterno do neoliberalismo global imposto polo Wasp transatlântico - arroupa o racismo, a xenofobia e a prevalência teológica unipolar do choque de civilizaçons: o tóxico manual operativo das guerras bushianas e a sua santa aliança com Gram-Bretanha (G&amp;#66;&amp;#41; e Israel para o despojo dos hidrocarburos e das tele-comunicaçon dos países árabes, em particular Iémene, Somália, Hebolá, Hamas e Líbia), e islâmicos, em geral (Afeganistám e Paquistám; com a mira posta no Irám), que propalam os seus comentaristas infectos, os reaccionários straussianos, ao uníssono da ultra extremama direita bélica do Committee on the Present pululam que pululam na televisora Fox News, que fai parte do imundo oligopolio multimediático mais poderoso da história da humanidade e copropiedade da dupla Rothschild-Murdoch.

Por Alfredo Jalife-Rahme - A Jornada, México


Anders Behring Breivik, adicto das "guerras demográficas religiosas" e multi-homicida de adolescentes e adultos noruegueses do Partido Trabalhista (social-democrata), nom é um "assassino solitário" nem um "lobo estépico". Os seus nexos com a extrema direita europeia islamita-fóbica e pro israelense estám bem estabelecidos.

Para que reine a miragem unipolar do nipón-estadounidense Francis Fukuiama (anterior empregado de "planificaçom" do governo de EU) sobre o "fim da história" e a parusia do neo-liberalismo global, controlado pola hoje insolvente banca israeliano-anglosaxoa, requer-se antes aniquilar à galopante demografia poligamia do Islám (mil 600 milhons de fregueses) como implementaçom do choque de civilizaçons de Samuel Huntington, ex funcionário e ideólogo do governo de Estados Unidos (EU).

Como disporám depois de mil 300 milhons de chineses e mil 200 milhons de indianos multipolares, sem contar aos 500 milhons de africanos e aos rebeldes entre os 500 milhons de latino- americanos?

Huntington, promotor da supremacia Wasp (branco, anglosaxom e protestante), hoje em franca degenerescência, despediu da vida com o livro mexicanófobo: Quem somos?, de pânico ante a ascensom demográfica dos hispanos.

Som os monógamos latinos para EU o que representam os polígamos islâmicos tanto para a pletórica extrema direita europeia como para Israel?

No transfundo concerne o problema da migraçom global que tem envolvimentos idiossincráticos etno-teológicos e socioculturais em cada país anfitriom devido à unipolar imposiçom militar da desregulada globalizaçom financierista que obriga aos maciços fluxos migratórios.


De nom ser por sobrevivência, a quem lhe agrada abandonar país e família para ser maltratado, vexado e ultrajado em EU e Europa?

Os totalitarismos ideológicos criaram os "refugiados políticos", assim como hoje o totalitarismo neoliberal global procria aos "refugiados económicos" islâmicos, latinos e africanos.

Neste sentido profundo os latinos emigrantes nos USA som irmáns dos islâmicos assentados na Europa.

A inviável teologia, mais que ideologia, do fukuiamesco e simiesco "fim da história" - o domínio eterno do neoliberalismo global imposto polo Wasp transatlântico - arroupa o racismo, a xenofobia e a prevalência teológica unipolar do choque de civilizaçons: o tóxico manual operativo das guerras bushianas e a sua santa aliança com Gram-Bretanha (G&amp;#66;&amp;#41; e Israel para o despojo dos hidrocarburos e das tele-comunicaçon dos países árabes, em particular Iémene, Somália, Hebolá, Hamas e Líbia), e islâmicos, em geral (Afeganistám e Paquistám; com a mira posta no Irám), que propalam os seus comentaristas infectos, os reaccionários straussianos, ao uníssono da ultra extremama direita bélica do Committee on the Present pululam que pululam na televisora Fox News, que fai parte do imundo oligopolio multi-mediático mais poderoso da história da humanidade e copropiedade da dupla Rothschild-Murdoch. (Baixo a Lupa, 24 e 27/7/11).

Trata-se de umha sinergia global bem lubrificadada de alcances geopolíticos que propala a alucinaçom de Fukuiama, implementada pola teologia global de Huntington, aplicada polas petroleiras anglosaxoas (as novas quatro irmás) e apontoada polos oligopolios multi-mediáticos globais, especificamente News Corporation e BSkyB (com Sky: a sua sucursal sionista mexicana).

Já o ministro "conservador" britânico Jeremy Browne ilustrou o papel hegemónico da tripleta Financial Times / The Economist / BBC na imposiçom da agenda ideológica e financeira global, umha genuína " globalizaçom da desinformaçom".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia-Quem matou a Yunes BASENAME: canta-o-merlo-libia-quem-matou-a-yunes DATE: Sun, 31 Jul 2011 16:02:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

http://leonorenlibia.blogspot.com/

A verdade sobre Yunes

Quem realmente matou a Yunes é USA/Alqaeda e a razom é porque é certo que Yunes estava a fazer um duplo jogo já que estava com o seu exército com os "rebeldes armados" e com o Governo líbio ao mesmo tempo.

Por isto conservava a sua posiçom dentro do governo Líbio.

EEUU deu a ordem de o matar, Itália mandou a mensagem através da embaixada italiana e mataram-no os seus mercenários de AlQaeda. É dizer elegêrom para o matar o grupo que tem mais razons para face-lo e ademais som autênticos criminosos. Sim, criminosos a jornal dos EEUU.

As tropas que controlava Yunes regressárom à beira do governo líbio e estám-se enfrontando aos mercenários, Alqaeda, extremistas islâmicos e botárom-os de Benghazi. Neste momento as tropas de Yunes controlam a cidade, o porto e o aeroporto de Benghazi. Alqaeda, chefes dos mercenários, e demais fugírom a Darnah empurrados polo exército de Yunes.

Neste momento ainda há confrontos em Benghazi entre as tropas de Yunes e os mercenários que ainda ficam na cidade.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Um monstruo - Tareixa de Calcutá BASENAME: canta-o-merlo-um-monstruo-tareixa-de-calcuta DATE: Sat, 30 Jul 2011 11:51:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

"Índia nom tem motivos para agradecer à Mae Tareixa"

Sanal Edamaruku
www.mukto-mona.com
www.rebelion.org

Índia, especialmente Calcutá, está considerada a principal beneficiária da lendária "boa labor" da Mae Tareixa polo bem dos pobres que a converteu na católica mais famosa dos nossos tempos, Prémio Nobel da Paz e umha santa em vida. Ao avaliar o que ela fixo realmente neste país, penso que Índia nom tem motivos para lhe agradecer.

A Mae Tareixa danou a reputaçom de Calcutá, ao apresentar essa formosa, interessante, viva e culturalmente rica metrópoles indiana em cores de sujeira, miséria, desespero e morte. Resumida como um grande escoadoiro, converteu-se no famoso transfundo do seu trabalho caritativo de um tipo muito especial. A sua ordem é só umha de mais de 200 organizaçons caritativas que tratam de ajudar aos habitantes dos bairros baixos de Calcutá a que construam um futuro melhor. Nom é muito visível ou activa localmente. Mas afirmaçons desmesuradas como a história sem nengum fundamento sobre a sua escola nos bairros baixos para 5.000 crianças atraíram umha enorme publicidade internacional às suas instituiçons. E enormes doaçons!

A Mae Tareixa reuniu muitos, muitos milhons (alguns dim: milhares de milhons) de dólares em nome dos pobres de Índia (e muitos, muitos mais em nome dos pobres noutros "sumidoiros" do mundo). Onde ficou todo esse dinheiro? Seguramente nom se utilizou para melhorar a sorte da gente, à que ia destinado. As freiras distribuíam-lhes alguns boles de sopa e ofereciam refúgio e atençom a alguns dos enfermos e sofrintes. A ordem mais rica do mundo nom é muito generosa, já que quer ensinar-lhes o encanto da pobreza. "O sofrimento dos pobres é algo muito formoso e ao mundo ajuda-lhe muito a nobreza deste exemplo de miséria e sofrimento", di a Mae Tareixa. Temos que nos mostrar agradecidos ante essa peroraçom de umha excêntrica multimilionária"

A lenda dos seus Fogares para os Moribundos fixo chorar ao mundo. A realidade, contodo, é monstruosamente escandalosa: Nos ateigados e primitivos pequenos fogares, muitos pacientes tenhem que partilhar umha cama com outros. Ainda que muitos sofrem de tuberculose, SER e outras doenças altamente infecciosas, a higiene nom importa. Os pacientes som tratados com boas palavras e insuficientes (a miúdo caducados) medicamentos, aplicados com agulhas velhas, lavadas em água morna. Podem-se ouvir os berros de gente aos que arrincam vermes dos seus ferimentos abertos sem anestesia. Por princípio nom se administram analgésicos fortes mesmo em casos graves. Segundo a estranha filosofia da Mae Tareixa, "o mais formoso presenteio para umha pessoa é que pode participar nos sofrimentos de Cristo". umha vez tratou de reconfortar a um sofrinte que gritava, dizendo-lhe: "Estás a sofrer, isso quer dizer que Jesus bica-che!" O homem se enfureceu e gritou-lhe: "Entom diga-lhe ao seu Jesus que deixe de me bicar!"

Quando a Mae Tareixa recebeu o Prémio Nobel da Paz, aproveitou a oportunidade do seu discurso em Oslo televisado a todo mundo para declarar que o aborto é o maior mal do mundo e para atirar um ardente ataque contra o controlo da populaçom. Esta posiçom fundamentalista é umha labaçada na cara da Índia e outros países do Terceiro Mundo, onde o controlo da populaçom é umha das chaves para o desenvolvimento, o progresso e a transformaçom social. Temos que agradecer à Mae Tareixa encabeçar essa luta propagandística mundial contra nós com o dinheiro que reuniu no nosso nome"

A Mae Tareixa nom serviu aos pobres em Calcutá, serviu aos ricos em Ocidente e ao enriquecimento do Estado Vaticano. Ajudou-lhes a acalmar a sua má consciência ao receber os seus milhares de milhons de dólares. Alguns dos seus doadores eram ditadores e criminosos (Duvalier, Pinochet, etc...) que tratavam de encobrir os seus crimes e malfeitorias. A Mae Tareixa reverencio-os por um preço. A maioria dos seus seguidores, contodo, fôrom gente honesta com bons intuitos e um coraçom cálido, que caíram na ilusom de que a "Santa do Sumidoiro" existia para secar as báguas, terminar com toda a miséria e eliminar toda a injustiça no mundo. Os que estám namorados de umha ilusom negam-se a miúdo a ver a realidade.

Sanal Edamaruku é presidente de Rationalist International, secretário geral de Indian Rationalist Association.

Fonte: http://www.mukto-mona.com/Articles/mother_Tareixa/sanal_ed.htm

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia, muito mais que petróleo BASENAME: canta-o-merlo-libia-muito-mais-que-petroleo DATE: Tue, 28 Jun 2011 17:08:11 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

07.06.11 - 00:32 -
Puricación González de la Blanca | Co-fundadora de AGADÉN

O que está a suceder em Líbia é a réplica, tim tim por tim tim, da guerra do Iraque. Se aquela nom era umha guerra autorizada pola ONU, esta tampouco o é, já que a Resoluçom 1973 do Conselho de Segurança, imposta a contrafío e ignorando a posiçom de países de tanto peso como Alemanha, Rússia, Brasil, China ou Indiana, adoptou-se só para abrir um corredor aéreo com a finalidade de proteger à populaçom civil de uns supostos bombardeios (dos que nom existe umha só foto, nem umha só prova). As condiçons que estabelecia estavam cumpridas a finais de Abril.

Essa Resoluçom nom autorizava a orquestrar umha oposiçom que nom existia, nem a treinar aos mercenários rebeldes, nem a despregar assessores' polo território, nem a bombardear a umha populaçom que iam proteger, nem a promover um golpe de estado, nem a demolir o país, nem a assassinar os três netos de Gadafi (de idades compreendidas entre 4 meses e 3 anos de idade, junto com o pai de um destes pobres crianças), nem também nom a assassinar a Gadafi, como pretendem. Som os libios quem devem decidir o seu futuro, nom Obama, nem Cameron, nem Sarkozy, nem Zapatero...

Por que atacárom a Líbia?
Remeto-me às chaves para perceber a Guerra em Líbia: Petróleo ou Bancos Centrais?, de Elen Brown, presidenta do Public Banking Institute.
Refere-se a umha entrevista ao General Wesley Clark -em Democracy Now- na que este explica que sobre dez dias depois do 11-S, que outro general dixera-lhe que iam atacar o Iraque. Nom sabia por que. Mais tarde ia revelar-lhe que o plano era atacar a 7 países: Iraque, Síria, Líbano, Líbia, Somalia, Sudám e Irám. Que tenhem estes 7 países em comum? Que nengum deles é membro do Banco de Compensaçons Internacionais, é dizer: estám fora do alcance do Banco Central e dos movimentos relacionados com o dólar, umha moeda desvalorizada, que arrastou na sua queda a toda a economia mundial.

Mas quem decide os ataques?
A Reserva Federal Norte-americana, um clube privado, integrado polos verdadeiros amos do planeta: Os Rothschild, Rockefeller, Morgan, Warburg, Moses Israel Seif, Lazard, Lehman Brothers, Godman Sach, etc. A RF é proprietária da CIA, o Pentágono, o FMI. e maneja à ONU e à NATO. O seu objectivo é o assalto aos bancos centrais desses países e fazer-se com os seus reservas de ouro. Começaram por Iraque, agora segue-lhe Líbia e vam a polo resto já mencionado, sem desdenhar o petróleo ou outros recursos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A verdadeira cara do capitalismo - Como funciona o grande roubo financeiro nas crises BASENAME: canta-o-merlo-a-verdadeira-cara-do-capitalismo-como-funciona-o-grande-roubo-financeiro-nas-crises DATE: Sun, 26 Jun 2011 15:47:49 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A verdadeira cara do capitalismo
Depredadores globais: Como funciona o grande roubo financeiro com as crises

(IAR Notícias) 25-Junho-2011

Como emergente do uso e os costumes, o sistema que governa o planeta dividiu a cabeça humana em duas compartimentos estancos: A realidade e o discurso. A realidade pode ser captada polas maiorias, mas o discurso pode remodelar a realidade e fazer pensar às maiorias coma se fossem as minorias. Desta maneira, o que no sistema capitalista é umha vulgar forma de roubar (compulsivamente) com a especulaçom financeira, converte-se logo numha "causa moral" para salvar ao verdugo com o trabalho e o sofrimento do submetido.

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com

Quando as empresas e os bancos capitalistas desenham e executam planos de negócios", som "pragmáticos". Quando explicam publicamente estes planos, som "morais". A rendabilidade privada (pragmática) que rege os "planos de negócios" capitalistas, por império da conversom "moral", volta desta maneira "causa social". Nom estamos a fazer negócios privados, senom desenvolvendo umha causa empresarial ao serviço de todos.

Em Wall Street, o mesmo cenário onde fai três anos derrubava-se o colosso financeiro Lehman Brothers e estoupava a crise do roubo com a "borbulha financeira", Barack Obama, o presidente de turno USA, fixo um apoio moral e exigiu às corporaçons de Wall Street que deixem atrás um período de abusos, excessos, imprudência e crise" e anunciou novas medidas regulatorias para evitar que se repitam este tipo de colapsos. Também assinalou que se necessitam regras fortes para prevenir que de novo se produzam estes riscos sistemáticos", polo que pediu "à indústria financeira que se some a este esforço construtivo para actualizar o marco regulador". Perceba-se bem: A macro-roubo financeiro com os bonos sem respaldo nunca chamam dessa maneira, segundo Obama, senom "abusos, excessos, imprudência e crise". No mundo real de "Ali Babá e os 40 ladrons", pedir aos banqueiros sionistas de Wall Street que se somem a um "esforço construtivo" para regular-se e controlar-se a se mesmos, é como pedir-lhes que renunciem à sua identidade e à sua natureza histórica: A procura de rendabilidade e a concentraçom de riqueza em poucas maos.

O Estado imperial nom é umha organizaçom filantrópica ao serviço de causas morais", senom umha ferramenta normativa e reguladora do sistema capitalista que o utiliza e controla para gerar rendabilidade tanto nos tempos de borbulhas" como de crises".

Obama, fiel reflexo do Estado imperial que o tem como o seu gerente eventual, parte de um pressuposto alienado (e alienador) básico: As crises do capitalismo nom se produzem a causa do roubo (explotaçom do homem polo homem) e da concentraçom de riqueza (o produto do roubo) em poucas maos, senom por causa dos "erros e excessos". Para voltar à realidade, convém fazer umha conversom operativa: Onde di erros e excessos", escrever roubos e emergentes". E agregar: A natureza existencial do sistema capitalista é a apropriaçom do trabalho social e colectivo mediante o engano e o duplo discurso. Sem esse requisito prévio, nom poderia existir como sistema. Na realidade, fora dos marcos do discurso, toda a estrutura operativa do sistema capitalista (económica, científica, militar, política, cultural, mediática) resume-se num axioma: Comprar barato e vender caro.

Primeiro, vendo caro com a "borbulha":

Os bancos que financiárom originalmente os créditos hipotecarios baratos em EEUU (a base do "boom imobiliário"), para desfazer do risco a longo prazo venderam os bonos dessa dívida (hipotecas subprime), a poderosos bancos e fundos de investimento de Wall Street (entre os que se encontram os grupos controladores da Reserva Federal), que os colocaram a altíssimos interesses nos mercados de capitais globalizados a nível planetário. Ou seja que, o negócio original em EEUU, o "boom imobiliário" estadounidense derivou (através do capital especulativo e sem fronteiras) numha "borbulha financeira" descomunal que derramava altíssimos níveis de ganhos entre os portadores desses bonos, os chamados "investidores", nos mercados da Europa, Ásia e América Latina. Há expertos que sustem que um equivalente bilhonario a mais de um PBI de EEUU e Europa juntos circulava em papéis sem respaldo da "borbulha financeira" que se gerou em Wall Street a fins da década do noventa espalhando ganho especulativa a escala planetária.

As "super-fortunas" pessoais, os "super-activos empresariais" nutrírom-se desta macro-roubo monumental do capitalismo financeiro especulador que inventou umha economia paralela: A economia de papel. Segundo The Wall Street Journal, os fundos subprime do "boom imobiliário" de EEUU foram atractivos para investidores enquanto as agências qualificadoras de risco mantivérom umha alta valoraçom, o que sucedeu enquanto a Fed mantivo baixas as taxas de interesse. Quando os grandes bancos e fundos de investimento começaram a colocar os bonos da dívida imobiliária em EEUU nos mercados globais, S&P, Moody's Investors Service e Fitch Ratings (o três principais qualificadoras de Wall Street) outorgárom quilificaçons excelentes a esses valores que, segundo o Journal, construíram-se a partir de empréstimos "questionáveis".... Desta maneira -segue o Journal- enviaram um sinal de que estes valores eram case tam seguros como os bonos do Tesouro de EEUU. Mas quando as taxas de interesse subiram, a quilificaçom baixou drasticamente -di Journal- e milhons de famílias nom podiam pagar mais a hipoteca contraída e os investidores (que compraram os bonos nos mercados globais) retirárom com pânico o seu dinheiro dos investimentos. Deste modo -explica The Wall Street Journal- estoupou a "borbulha hipotecaria", arrastando a Wall Street e aos mercados bursáteis do mundo inteiro.

Em resumo, e como resultante do processo, os portadores dos bonos subprime "desvalorizados" começaram a vendê-los em massa gerando um colapso generalizado (de todos os índices e acçons) dos mercados financeiros em EEUU, Europa, Ásia e América do Norte Latina.

E chegou na "segunda-feira escura" de Setembro de 2008 onde a quebra do gigante Lehman Brothers marcou o princípio de um salto qualitativo: A crise hipotecaria devéu finalmente em crise financeira caracterizada por umha iliquidez pronunciada e crescente do sistema financeiro. Ali destapou-se a mentira e a falta de respaldo de centenas de bilions de dólares transferidos por assentamentos financeiros e papéis que, quando os portadores quissérom convertê-los em dinheiro em dinheiro vivo encontrárom com a surpresa de que o efectivo nom estava onde deveria estar: Os bancos. Os gigantes bancários e hipotecarios começaram a derrubar-se arrastando em primeiro termo a todo o sistema financeiro imperial de EEUU e da Europa.

Segundo, compro barato com a "crise":

As "crises financeiras globais" (ou colapsos dos mercados bursáteis) activadas polos monopólios super-concentrados de Wall Street, serve-lhes a esses mesmos monopólios para comprar acçons e bonos desvalorizados nos mercados globais apoderando dessa maneira dos activos e porçons do mercado das empresas e grupos financeiros perdedores. Isto, por sua vez, gera mais concentraçom monopólica dos grupos financeiros que controlam o Império sionista desde a Reserva Federal, o Tesouro de EEUU e os bancos centrais da Europa, enquanto as leis de rendabilidade e concentraçom capitalista seguem funcionando desde um novo estádio de desenvolvimento. Com o colapso generalizado das bolsas mundiais com Wall Street à frente, em Setembro de 2008, a onda da "borbulha financeira" do capitalismo especulador sem fronteiras, a reproduçom do dinheiro polo dinheiro o mesmo, desmoronou-se sobre as mesmas seqüelas que inventou: O reinado do "apalancamento financeiro" (o endividamento sem respaldo) e a "economia de papel" fundada sobre o cadáver da economia real. Por falta de "efectivo" em ?caixa? (para apoiar os papéis desvalorizados), finalmente a "economia de papel" fixo crash, bateu contra a realidade, e começou a afundar à hora assinalada ante a impotência manifesta dos seus criadores e sustentadores: Os Estados centrais do sistema capitalista. Entom os ganhadores da "crise", os consórcios mais diversificados que ficaram em pé (os super-abutres que integram o sistema da Reserva Federal de EEUU), acudiram ao Estado para apoderar do cadáver dos seus rivais que nom puderam passar a selecçom darwiniana do "mais forte".

Utilizando ao Estado USA como ferramenta (em qualidade de prestador e de garante com fundos públicos provenientes dos impostos achegados por toda a sociedade estadounidense) os grandes bancos e fundos de investimento que integram o sistema privado da Reserva Federal tenhem reciclado umha "borbulha financeira" (negócios financeiros com a crise) montada por volta dos bilhonarios fundos estatais utilizados para a compra de activos ou de auxílio financeiro às instituiçons e bancos crebados pola crise financeira recessiva que tem como epicentro a EEUU e Europa. A quebra do sistema do "apalancamento financeiro" (crescimento dos negócios produtivos e comerciais mediante o endividamento financeiro sem respaldo) deixou umha montanha de papéis inúteis chamados "activos tóxicos" na carteira dos bancos e empresas que finalmente foram engolidos (mediante compras ou fusons) polos grandes consórcios beneficiários dos "resgates estatais", entre eles Morgan Stanley, Goldman Sach, Bank Of América do Norte, entre outros. Som os que, aproveitando a mesma crise que gerárom, utilizam ao Estado imperial para comprar barato.

Terceiro, reciclo umha nova "borbulha":

Este negócio de "comprar barato" durante a crise (com o Estado como financeiro e garante) por sua vez gerou e retroalimentou outra borbulha para um novo saqueio com a especulaçom financeira. Os gigantescos pacotes de estímulo atirados polos governos tenhem ido a parar aos mercados financeiros criando umha "borbulha" especulativa que fai subir as bolsas desde fai mais de quatro meses, enquanto o resto da economia, principalmente em EEUU e Europa, permanece com as suas variáveis em vermelho. Mediante os planos de resgate financeiro" empreendidos polo Estado USA (com Bush e logo com Obama), os super bancos e fundos de investimento nucleados no sistema privado da Reserva Federal reciclárom umha nova "borbulha financeira", nom já com dinheiro especulativo proveniente do sector privado, senom com fundos públicos postos compulsivamente ao serviço de um novo ciclo de rendabilidade capitalista, e à margem de umha ascendente crise da economia real que marcha por via paralela.

O custo deste monumental negócio capitalista com a "crise capitalista" (que foi exportado desde EEUU e Europa aos países da periferia da Ásia, África e América do Norte Latina) é financiado com o dinheiro dos impostos pagos polo conjunto da sociedade. Trata-se, em soma, de umha "socializaçom das perdas" para subsidiar um "novo ciclo de ganhos privadas" com o Estado como ferramenta de execuçom, mediante o qual os megaconsorcios mais fortes (os ganhadores da crise) se deglutem aos mais débis gerando um novo processo de reestruturaçom e concentraçom do sistema capitalista.

Quarto, as perdas vam cara um só lado

Como se pode apreciar, numha correcta leitura dos seus processos históricos, e mediante o axioma funcional de "comprar barato e vender caro", as corporaçons do sistema capitalista sionista fai negócios (geram rendabilidade) tanto com as borbulhas como com as crises.

Mas, neste mundo do sistema capitalista ganhador Quem absorve as perdas?

Tal como o fixo historicamente, hoje o sistema capitalista (Estado e empresas privadas) descarga o custo do colapso recessivo económico (a crise) sobre o sector assalariado (força laboral maciça) e a massa mais desprotegida e maioritária da sociedade (populaçom pobre com limitados recursos de sobrevivência), por meio dos despedimentos laborais e a reduçom do gasto social ("ajustes"), que incrementam os níveis sociais de precariedade económica e de exclusom maciça do mercado do consumo. Só no processo de "sobreexplotaçom capitalista" (que retrocede as conquistas sociais e sindicais a estádios inferiores) explica-se a manutençom da rendabilidade empresarial (saqueio dos capitalistas) enquanto a economia mundial esborralha-se por efeitos da crise recessiva global.

A tam cacarejada "crise" tem claramente duas leituras paralelas: Por umha banda, os abutres financeiros de Wall Street e as bolsas mundiais, reciclam umha nova "borbulha" para o saqueio, nom já com dinheiro especulativo proveniente do sector privado, senom com fundos públicos (dos impostos pagos por toda a sociedade), postos compulsivamente ao serviço de um novo ciclo de rendabilidade capitalista com a crise. Enquanto o processo inflacionário-recessivo desatado desde as economias centrais (EEUU e Europa) já gera fame, pobreza e desvalorizaçom acentuada do poder adquisitivo das maiorias a escala planetária, um selecto grupo de mega-empresas e multimilionários multiplicam a escala sideral os seus activos empresariais e as suas fortunas pessoais. De maneira tal que, quando estoupam as crises de "superproduçom" (por recessom e achicamento da demanda) o sistema aplica a sua clássica fórmula para preservar a rendabilidade vendendo e produzindo menos:

Achicamento de custos.

Nessa receita de "achicar custos" sobressaem claramente, em primeira linha, os laborais (das empresas) e os sociais (do Estado) para compensar a falta de vendas e de arrecadaçom fiscal. Em conseqüência (e como já está experimentado historicamente): As empresas mantenhem as suas rendabilidades, sobe a recessom, sobe a desocupaçom, cai o consumo, e expánde-se a pobreza e a exclusom social. Desta maneira, o sistema capitalista (por meio dos Estados e as empresas) descarga o peso da crise sobre o sector mais débil da sociedade: Os pobres e os sectores mais desprotegidos (que seguem somando populaçom sobrante) e os assalariados (a força laboral maciça) que servem como variável de ajuste para a preservaçom da rendabilidade capitalista durante a crise recessiva

Simultaneamente, a economia real do Império e das potências centrais colapsa em todas as suas variáveis, e os sectores mais desprotegidos já sofrem os "ajustes" enquanto umha crise social, ainda de efeitos imprevisíveis, assoma da mao dos despedimentos em massa na Europa e EEUU. Está claro entom que o que é crise" para uns (os despedidos e os sectores mais desprotegidos da sociedade), resulta borbulha de saqueio para outros (o capitalismo financeiro que desatou a crise com a "economia de papel").

Voltemos ao princípio: Comprar barato e vender caro, as perdas só correm por conta dos que pagam as crises com pobreza e exclusom maciça da "sociedade de consumo" capitalista. Em realidade o conto de "Ali Babá e os 40 ladrons" só foi um invento do Hollywood para transtornar o verdadeiro título da película: "O Sionismo e os ladrons globais".

(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.
Ver os seus trabalhos em Google e em IAR Notícias

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Mostra de incrementos desde o ano 1999 até o ano 2011

Um café 80,.- pts 1,20 ? 200,.- pts 150% +
1 litro de leite 80,.- pts 0,80 ? 140,.- pts 75% +
1 quilo de tomates 120,.- pts 2,40 ? 400,.- pts 233% +
1 barra de pam 25,.- pts 0,60 ? 100,.- pts 300% +
Livro 1º Eso ? Ciências 1.200,.- pts 35,.- ? 6,000,.- pts 400% +
Aluguer habitaçom 30.000,.- pts 400,.- ? 65.000,- pts 117% +
Andar 90 m2 18.000.000,.- pts 300.000,.- ? 50.000.000,.- pts 178% +

Promédio incremento: 207,57%

Salário camareiro (currante) 145.000,.- pts 900,.- ? 150.000,.- pts. 3,44% +

Banqueiros e demais abutres estafa-nos um 204,13% mais que no ano 1999

Com o euro os magnates som 4 vezes mais ricos em 12 anos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Assim premiam os amos aos seus cancerbeiros-Fernández de la Vega recebe o prémio por castigar aos humildes e defender aos poderosos -142.367,.- ? anuais BASENAME: canta-o-merlo-assim-premiam-os-amos-aos-seus-cancerbeiros-fernandez-de-la-vega-recebe-o-premio-por-castigar-aos-humildes-e-defender-aos-poderosos-142-367-anuais DATE: Thu, 23 Jun 2011 20:51:52 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A ex-ministra Fernández de la Vega passa a cobrar 142.367 euros anuais

Blinda a sua jubilaçom, que será dez vezes a pensom mínima

Fernández de la Vega duplica o seu salário e passa a cobrar 142.367 euros anuais. A quatro anos de se retirar garante-se perceber mais de dez vezes a pensom mínima para sempre.
A partir de agora De la Vega passará de ingressar 73.486 euros brutos anuais a alcançar os 142.367. Esta substancial melhora nas retribuiçons da ex política é conseqüência de que durante dous anos perceberá dous salários: 83.578 euros como membro do Conselho de Estado e 80% do seu salário como vice-presidenta do Governo, como indemnizaçom por cessar no cargo (58.789 euros). Em termos comparativos, a retirada da política proporcionará a De la Vega 18 vezes a pensom mínima, que é actualmente de 7.744 euros.

Prorrateando as pagas extraordinárias a 12 meses, a política social-democrata ingressará 11.803 euros mensais, enquanto que quem recebem a pensom mínima só alcançam os 645 euros.

Ademais, e de cara ao futuro, a ex vice-presidenta conseguiu, mediante o seu novo cargo no Conselho de Estado, que o seu salário seja, para o resto da sua vida, 10 vezes superior ao de quem cobram a pensom mínima em Espanha e mais do duplo de quem cobram o máximo estabelecido pola lei.

De la Vega foi vice-presidenta que baixou o salário aos funcionários. Estas medidas económicas nom só supuserom recortes salariais para os empregados da Administraçom, senom que também implicaram a congelaçom das pensons.

Este personagem é filha de Wenceslao Fernández de la Vega , falangista de Girón no Ministério de Trabalho, o mais falangista dos ministérios de Franco. Maria Teresa (Valencia, 1949) estudou Direito na Universidade Complutense de Madrid e em 1974 aprovou oposiçom como secretária judicial quando ainda vivia Franco.

Esta individua servil aos banqueiros e demais abutres financeiros recebe o prémio ao seu trabalho de cancerbeira do FMI, OTAN, BCE... e demais organizaçons genocidas; mentres a gente nova tem que viver com 700 euros por mês ou menos se tem a sorte de ter trabalho com jeiras de mais de 10 horas ao dia

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Como operam as redes da "rebeliom" imperial

(IAR Notícias) 22-Junho-2011

Finalmente (e por enquanto) Washington decidiu nom atacar o Irám e optou por umha operaçom de desestabilizaçom e divisom do mundo árabe islâmico na África e Meio Oriente, como parte da sua estratégia de apoderamento de Euroásia e das rotas craves do petróleo e a energia. Síria, pola sua relaçom estratégica com Irám e polo rol crave que joga como sustém de Hamás e Hezbolá no conflito com Israel, conforma umha peça crave desse tabuleiro. Chamado graciosamente "revoluçons árabes".

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com

Estancados no bombardeio a Líbia, com Kadafi ainda vivito e coleando os cruzados do eixo USA UE-Israel decidiram ir por Síria. Um "peso pesado" do "eixo do mal", cuja imbricaçom com Irám, Gaza e Líbano, pode converter à nova "revolta popular" da CIA na grande mecha do paiol de Meio Oriente.
Junto com Líbia, Síria é o prémio maior no tabuleiro das "revoltas populares" armadas e organizadas pola CIA, o Mossad e os serviços "aliados" na África e Meio Oriente.
As "revoluçons árabes" fam parte indivisível da estratégia de divisom e confronto entre "islâmicos fundamentalistas" e "islâmicos democráticos", "Árabes fundamentalistas" (Kadafi e Saddam Hussein) e "árabes moderados" (Os Estados do Golfo).
Esta estratégia o Mossad israeliano e a CIA já a puseram em prática com a divisom de prosirios e antisirios em Líbano, e com a divisom de Al Fatah e Hamás em Gaza.
Ou no Iraque, com a divisom de sunies e xiitas que lhe permitiu à CIA implementar a "guerra civil" como estratégia de divisom e controlo do Iraque. De maneira tal, que utilizam a questom religiosa e confessional como parte central da sua estratégia.
Com esta estratégia nom só dividem e debilitam o mundo árabe islâmico, senom que também traçam um circulo de isolamento sobre Irám e os seus aliados. Paralelamente infiltram a "revoluçom árabe" na Síria, aliado estratégico chave do Irám no meio Oriente.
Síria já ingressou de cheio nas "revoltas populares" organizadas para desestabilizar ao governo com grupos instigadores treinados e financiados desde o exterior. Como sucedeu em Líbia, os protestos vam virando lentamente para a "rebeliom armada" enquanto a imprensa internacional acentua o "rosto repressivo e antidemocrático" da administraçom síria conduzida por Bashar al-Assad.

Desde o seu instrumentaçom case orgânica no meio Oriente e na África com as "revoltas populares" promovidas pola CIA e os serviços aliados, a internet e os celulares foram a chave destas mobilizaçons cujos conteúdos e objectivos só os conhecem os seus instigadores ocultos.
Ou seja os beneficiários encobertos (serviços de inteligência e grupos do poder) que os induzem através de operaçons de acçom psicológica principalmente nas "redes sociais". E que logo se convertem em maciços através da difusom a escala global (em vivo e em directo) polas grandes correntes mediáticas internacionais.Tanto em Líbia como na Síria utilizaram-se os mesmos patrons operativos.
Primeiro a "revolta popular" contagiada em massa por Internet e os celulares, e retrô-alimentada polas campanhas da imprensa internacional, cuja única "fonte" som os porta-vozes dos movimentos sediciosos infiltrados nas organizaçons de direitos humanos" financiadas polas diferentes caras empresariais da CIA.
Segundo (e em forma convergente) grupos operativos da "revoluçom democrática" infiltrados que disparam nas manifestaçons para obrigar às forças de segurança a reprimir sangrentamente os protestos. O que alimenta simultaneamente as campanhas mediáticas internacionais com o "assassinato de civis" endossados aos governos submetidos à operaçom de conquista. E que servem como argumento justificativo de umha intervençom militar imperial sobre o país eleito como branco e objectivo.
Num terceiro passo (e como já está a suceder em Líbia), já legitimada umha acçom de intervençom militar pola ONU, mediante a convergência operativa de um "bombardeio humanitário" polo ar, e umha rebeliom armada por terra procede-se ao derrocamento do "ditador" sem ocupaçom militar, e a desfrutar do petróleo e do novo posicionamento geopolítico e militar estratégico no controlo regional.
EEUU, através da CIA e o Departamento de Estado, financiou em segredo com milhons de dólares a grupos opositores sírios e projectos antigubernamentales, incluindo um canal de televisom por satélite, segundo um cabo de Wikileaks citado polo jornal The Washington Post.
O diário estadounidense The Washington Post, citando os gabinetes diplomáticos publicados por Wikileaks, informou que EEUU financiou a grupos de opositores e a umha televisom crítica com o regime sírio. O canal por satélite Barada TV, com sede em Londres -segundo o Post- , começou as suas emissons em Abril de 2009, e duplicou as suas operaçons mediáticas para tentar cobrir os protestos contra o presidente sírio, Bashar al Assad, sustém, junto com Irám, de Hamás e Hezbolá na regiom. Na Síria, tanto como em Líbia, a objectivo chave é o petróleo e o derrocamento de regimes nom adscritos à estratégia geopolítica centralizadora do eixo USA UE-Israel em Africa e no meio Oriente.

Bush designou-o como o combate contra as "ditaduras" do "eixo do mal", e Obama, mais "progre", chama-o projecto de "democratizaçom". O transfondo é a "guerra contra-terrorista".

Nas chamadas revoltas do mundo árabe" os patrons operativos, os objectivos e os interesses estratégicos em jogo nom som os mesmos. A grande dinâmica movilizadora das invasons militares, as guerras e conflitos regionais, e os golpes internos da CIA contra líderes e presidentes desgastados que já nom "fecham" com o controlo estratégico hegemónico da primeira potência imperial do sistema capitalista, é o saqueio dos mercados e das fontes naturais do "ouro preto".Um recurso crave (e em extinçom) para a sobrevivência futura das potências centrais.

Segundo o relatório de The Washington Post, o fluxo de dinheiro para os grupos antigovernamental que hoje protagonizam o centro das revoltas antigovernamentais no meio Oriente começou durante a presidência de George W. Bush depois de que congelasse oficialmente as relaçons com Damasco em 2005. Este financiamento seguiu com o presidente Barack Obama, apesar de que se tentou formalmente restabelecer as relaçons com o regime sírio. Em Janeiro, a Casa Branca nomeou ao primeiro embaixador em Damasco em seis anos.

Os cabos revelados recolhem as preocupaçons do pessoal da Embaixada estadounidense depois de que a Inteligência síria começasse a investigar os programas norte-americanos no país. As autoridades sírias negam que exista no país "umha revolta pacífica popular" senom mais bem trata-se "da irrupçom de grupos de corte jihadista, terrorista, muito próximos à Al-Qaeda, mesmo financiados por Arábia Saudita ou elementos da cena política libanesa". Os analistas em geral falam da existência de umha amálgama de grupos "opositores" que inclui a tendências muito diversas, como socialistas, activistas de direitos humanos", islamitas moderados e nacionalistas do mesmo modo que blogueros e os chamados ciber-disidentes. Este mosaico, infiltrado polas redes operativas da CIA e do resto das agências estadounidenses e "aliadas" serve como polia de transmissom das "revoltas populares" (que logo se convertem em rebelions armadas") que a imprensa internacional apresenta como "revoluçons populares" contra tiranias e regimes autoritários.

O que emerge da Síria, no meio da ausência de jornalistas estrangeiros que podam verificar a situaçom, é todo um exército de dissidentes que se serve de internet para convocar aos opositores ou dar a conhecer ao mundo exterior o que está a suceder no país, afirma a corrente BBC. Agrupados muitos deles no sítio electrónico cyberdissidents.org, componhem o que definem como umha organizaçom "dedicada a defender a liberdade ao promover as vozes dissidentes. A nossa plataforma destaca os textos e as actividades de blogueros dissidentes com o propósito de reforçar a sua voz e defender a liberdade de expressom", acrescenta a corrente. Entre os ciberdissidentes opera um "exército electrónico sírio", segundo di o programa de rádio The World, coproduzido pola BBC, Ronald Diebert, da Escola Munk de Assuntos Globais na Universidade de Toronto, Canadá, quem monitorea a situaçom síria. De acordo com ele, trata-se de gente que opera com um grau de anonimato" e actuou como hacker em "por volta de 50 sítios electrónicos, com mensagens e envio de spam". Num recente comunicado a Casa Branca reconheceu a existência e admitiu o financiamento destas "redes fantasmas" da CIA e da espionagem estadounidense que actuam como centros de irradiaçom e contágio dos protestos antigovernamentais na África e Meio Oriente.

Louai Safi, professor da Universidade de Georgetown, em Estados Unidos e presidente do Conselho Sírio Americano, explicou-lhe The World, que o "activismo de direitos humanos" (espelhos operativos da CIA) começou a cobrar ímpeto em 2000 com a morte do Hafez al-Assad, o pai do actual presidente, Bachar al-Assad, no que se conhece como "a Primavera de Damasco". Os activistas dos "direitos humanos" som os que habitualmente servem como "única fonte" da informaçom que difundem sobre Síria as grandes correntes mediáticas internacionais que jogam um rol crave na legitimaçom dos golpes de Estado e as invasons armadas que levam as "revoltas populares" dirigidas e monitoreadas polo exército electrónico da CIA e a espionagem USA UE. Desde a Secretaria de Estado norte-americano afirma-se que Washington "nom finança a partidos políticos ou movimentos", ainda que em muitos casos brinda ajudas a programas que defendem os valores democráticos, que em realidade som programas de formaçom política antigovernamental. Um passo prévio, ao financiamento de grupos operativos armados como os que estám a actuar em Líbia e nos diversos cenários da "revoluçom árabe islâmica" contra governos nom docís às imposiçoms de Washington e a Uniom Europeia.

Na Síria, a diferença do que está a passar em Líbia, a CIA está a operar a desestabilizaçom do regime montada num confronto inter-religioso cuja evoluçom e objectivo apontam a umha guerra civil como a que utilizaram para dividir e controlar o Iraque. Há um cenário diferencial para ler os processos de mobilizaçom na rua e de repressom militar que se estám desenvolvido na África e no meio Oriente, e que a imprensa internacional e os centros do poder imperialista mundial manipulam e definem interessadamente como "revoltas populares no mundo árabe".
O intuito, como sempre, é misturar os interesses e os objectivos em jogo diametralmente opostos, que dinamizam essas mobilizaçons maciças contra os regimes de governo vigentes. A ideia da Casa Branca, hoje controlada polo lobby sionista "liberal" com Obama como gerente, é plasmar na órbita dos seus satélites árabes o "projecto democracia" renovando a cara da velha "ordem armada" e terminando com a figura gastada dos ditadores ao estilo Mubarak que geram ódio e resistência popular. Desde o ponto de vista estratégico, as revoltas de rua como as desatadas em Tunes, ou contra Mubarak no Egipto alimentaram ingenuamente a hipótese de umha "revoluçom muçulmana" ou de um "levantamento popular". O objectivo nesse caso, foi derrocar ao fantoche, e preservar a continuidade do titiriteiro. A "saída democrática" no Egipto nom foi umha opçom islâmica como pregoam o "progressismo" e a esquerda, senom umha opçom concertada entre a Casa Branca de Obama, falcons do Complexo Militar Industrial e a lógia bancária de Wall Street.

A diferença do resto dos processos de protesto popular no mundo árabe islâmico" infiltrados pola CIA e as inteligências "aliadas" na África, Líbia e Síria inscrevem-se nos patrons operativos das "revoluçons laranja" no espaço soviético, ou nos "golpes budistas" do Tibete ou Birmânia, ou na rebeliom "reformista" para derrocar aos aiatolas em Irám, enquadrados na nova "guerra fria" por áreas de influência (militar e comercial) que mantém o eixo capitalista Rússia-China com o eixo capitalista USA UE-Israel.

Desde a Secretaria de Estado norte-americano afirma-se que Washington "nom finança a partidos políticos ou movimentos", ainda que em muitos casos brinda ajudas a programas que defendem os valores democráticos, que em realidade som programas de formaçom política antigovernamental.
Um passo prévio, ao financiamento de grupos operativos armados como os que estám a actuar em Líbia e nos diversos cenários da "revoluçom árabe islâmica" contra governos nom docís às imposiçons de Washington e a Uniom Europeia.
Na Síria, a diferença do que está a passar em Líbia, a CIA está a operar a desestabilizaçom do regime montada num confronto inter-religioso cuja evoluçom e objectivo apontam a umha guerra civil como a que utilizaram para dividir e controlar o Iraque.
Neste cenário diferencial, há que ler esses processos que a imprensa internacional (interessada em deformar e misturar os acontecimentos) define em massa como "revoltas populares no mundo árabe".

(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: OS DONOS DO SISTEMA - O poder oculto: de onde nasce a impunidade de Israel BASENAME: os-donos-do-sistema-o-poder-oculto-de-onde-nasce-a-impunidade-de-israel-2 DATE: Sun, 19 Jun 2011 19:29:05 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses não se gesta por medo de Israel, senão por medo do que representa o Estado sionista. Israel é o símbolo mais emblemático, a pátria territorial do sionismo capitalista que controla o mundo sem fronteiras desde os diretórios dos bancos e corporações transnacionais. Israel, basicamente, é a representação nacional de um poder mundial sionista que é o dono do Estado de Israel tanto como do Estado norte-americano, e do resto dos Estados com seus recursos naturais e sistemas econômico-produtivos. O que controla o planeta desde os bancos centrais, as grandes cadeias midiáticas e os arsenais nucleares militares

Por Manuel Freytas (*)
manuefreytas@iarnoticias.com

 
A) O poder oculto
 
 
Israel é a mais clara referência geográfica do sistema capitalista transnacionalizado que controla desde governos até sistemas econômicos produtivos e grandes meios de comunicação, tanto nos países centrais como no mundo subdesenvolvido e periférico.
O Estado sionista, mais além de sua incidência como Nação, é o símbolo mais representativo de um poder mundial controlado em seus espaços decisivos por grupos minoritários de origem judia e conformado por uma estrutura de estrategistas e tecnocratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e midiáticas do capitalismo transnacional espalhado pelos quatro pontos cardeais do planeta. Com uma população ao redor de 7,35 milhões de habitantes, Israel é o único estado sionista do mundo.
Porém, quando falamos de Israel, falamos (por extensão) da referência mais significativa de um sistema capitalista globalizado que controla governos, países, sistemas econômicos produtivos, bancos centrais, centros financeiros, arsenais nucleares e complexos militares industriais.
Quando falamos de Israel, falamos antes de mais nada de um desenho estratégico de poder mundial que o protege, interativo e totalizado, que se concretiza mediante uma rede infinita de associações e vasos comunicantes entre o capital financeiro, industrial e de serviços.
O lobby sionista que sustenta e legitima a existência de Israel não é um Estado no distante Oriente Médio, senão um sistema de poder econômico planetário (o sistema capitalista) de bancos e corporações transnacionais com sionistas dominando a maioria dos pacotes acionários ou hegemonizando as decisões gerenciais desde postos diretivos e executivos.
Quem se der ao trabalho de investigar o nome dos integrantes das diretorias ou dos grandes acionistas das grandes corporações e bancos transnacionais estadunidenses e europeus que controlam desde o comércio exterior e interior até os sistemas econômicos produtivos dos países, tanto centrais como "subdesenvolvidos" ou "emergentes", poderá facilmente comprovar que (em uma importante maioria) são de origem judia.
As direções e acionistas das primeiras trinta megaempresas transnacionais e bancos (as maiores do mundo) que cotizam o índice Dow Jones de Wall Street são em sua maioria de origem judia.
Megacorporações do capitalismo sem fronteiras como: Wal-Mart Stores, Walt Disney, Microsoft, Pfizer Inc, General Motors, Hewlett Packard, Home Depot, Honeywell, IBM, Intel Corporation, Johnson & Johnson, JP Morgan Chase, American International Group, American Express, AT & T, Boeing Co (armamentista), Caterpillar, Citigroup, Coca Cola, Dupont, Exxon Mobil (petroleira), General Electric, McDonalds, Merck & Co, Procter & Gamble, United Technologies, Verizon, são controladas e/ou gerenciadas por capitais e pessoas de origem judia.

Estas corporações representam o creme do creme dos grandes consórcios transnacionais sionistas que, através do lobby exercido pelas embaixadas estadunidenses e européias, ditam e condicionam a política mundial e o comportamento dos governos, exércitos ou instituições mundiais oficiais ou privadas.
São os donos invisíveis do planeta: os que manejam os países e presidentes por controle remoto, como se fossem títeres de última geração.
Quem investigue com este mesmo critério, ademais, os meios de comunicação, a indústria cultural ou artística, câmaras empresariais, organizações sociais, fundações, organizações profissionais, ONGs, tanto nos países centrais como periféricos, vai se surpreender com a notável incidência de pessoas de origem judia em seus mais altos níveis de decisão.
As principais cadeias televisivas dos USA (CNN, ABC, NBC e Fox), os principais diários (The Wall Street Journal, The New York Times e The Washington Post) estão controlados e gerenciados (através de grupos de acionistas ou de famílias) por grupos do lobby sionista, principalmente novayorquino.
Da mesma forma as três mais influentes revistas (Newsweek, Time e The New Yorker), e consórcios hegemônicos da Internet como Time-Warner (fundidos com América on Line) e Yahoo estão controlados por gerenciamento e capital sionista que opera a nível de redes e conglomerados entrelaçados com outras empresas.
Colossos do cinema como Hollywood e do espetáculo como The Walt Disney Company, Warner Brothers, Columbia Pictures, Paramount, 20th Century Fox, entre outros, formam parte desta rede interativa do capital sionista imperialista.

A concentração do capital mundial em mega-grupos ou mega-companhias controladas pelo capital sionista, em uma proporção aplastante, possibilita decisões planetárias de todo o tipo, na economia, na sociedade, na vida política, na cultura, etc., e representa o aspecto mais definido da globalização imposta pelo poder mundial do sistema capitalista imperial.
O objetivo central expansivo deste capitalismo sionista transnacionalizado é o controle e o domínio (por meio de guerras de conquista ou de "sistemas democráticos") de recursos naturais e sistemas econômico-produtivos, em um sistema que seus defensores e teóricos chamam "políticas de mercado" (Fridman, Chicagos Boys, etc).
O capitalismo transnacional, em escala global, é o dono dos Estados e de seus recursos e sistemas econômico-produtivos, não somente do mundo dependente, senão também dos países capitalistas centrais.
Portanto, os governos dependentes e centrais são gerências (pela esquerda ou direita) que, com variantes discursivas, executam o mesmo programa econômico e as mesmas linhas estratégicas de controle político e social.
Este capitalismo transnacional "sem fronteiras" do lobby sionista que sustenta o Estado de Israel se assenta em dois pilares fundamentais: a especulação financeira informatizada (com assento territorial em Wall Street) e a tecnologia militar-industrial de última geração (cuja máxima de desenvolvimento se concentra no Complexo Militar Industrial dos USA).
O lobby sionista internacional, sobre o qual se assentam os pilares existenciais do Estado de Israel, controla desde governos, exércitos, polícias, estruturas econômicos produtivas, sistemas financeiros, sistemas políticos, estruturas tecnológicas e científicas, estruturas socioculturais, estruturas midiáticas internacionais, até o poder de polícia mundial assentado sobre os arsenais nucleares, os complexos militares industriais e os aparatos de deslocamento militar dos USA e das potências centrais.
A esse poder, e não ao Estado de Israel, é o que temem os presidentes, políticos, jornalistas e intelectuais que calam ou deformam diariamente os genocídios de Israel no Meio Oriente temerosos de ficarem sepultados em vida, sob a lápide do "anti-semitismo".

 
&amp;#66;&amp;#41; O lobby imperial
 
 
O lobby sionista pró-israelense, a rede de poder oculto que controla a Casa Branca, o Pentágono e o Banco Central não reza nas sinagogas senão na Catedral de Wall Street. Um detalhe a ter em conta, para não confundir a religião com o mito e com o negócio.
Quando se referem ao lobby sionista (ao que denominam de lobby pró-israel) a maioria dos expertos e analistas falam de um grupo de funcionários e tecnocratas, em cujas mãos está o desenho e a execução da política militar norte-americana.
A este lobby de pressão se atribui o objetivo estratégico permanente de impor a agenda militar e os interesses políticos e geopolíticos do governo e do Estado de Israel na política exterior dos USA.
Como definição, o lobby pró-israel é uma gigantesca maquinaria de pressão econômica e política que opera simultaneamente em todos os estamentos do poder institucional estadunidense: Casa Branca, Congresso, Pentágono, Departamento de Estado, CIA e agências da comunidade de inteligência, entre os mais importantes.
Por meio da utilização de seu poder financeiro, de sua estratégica posição nos centros de decisão, os grupos financeiros do lobby exercem influência decisiva na política interna e externa dos USA, a primeira potência imperial, além de seu papel dominante no financiamento dos partidos políticos, dos candidatos presidenciais e dos congressistas.
A nível imperial, o poder financeiro do lobby se expressa principalmente por mio do Banco Central dos USA, um organismo chave para a concentração e reprodução do capital especulativo a nível planetário.
O coração do lobby sionista estadunidense é o poderoso setor financeiro de Wall Street que tem direta implicação e participação na nomeação de funcionários chaves do governo dos USA e dos órgãos de controle da política monetária e instituições creditícias (nacional e internacional) com sede em Washington e Nova York.
Os organismos econômicos financeiros internacionais como a OCDE, o Banco Mundial, o FMI, estão sob o controle direto dos bancos centrais e dos governos dos USA e das potências controladas pelo lobby sionista internacional (Grã Bretanha, Alemanha, França, Japão, entre as mais relevantes).
Organizações e alianças internacionais como a ONU, o Conselho de Segurança e a OTAN estão controladas pelo eixo sionista USA-União Européia, cujas potências centrais são as que garantem a impunidade dos extermínios militares de Israel no Meio Oriente, como sucedeu com o último massacre de ativistas solidários com o povo de Gaza.
As principais instituições do lobby (Goldman Sachs, Morgan Stanley, Lehman Brother, etc.) e os principais bancos (Citigroup, JP Morgan e Merrill Lynch, etc.) influem decisivamente para a nomeação dos titulares do Banco Central, o Tesouro, e a secretaria de Comércio, ademais dos diretores do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

 
C) O mito do "anti-semitismo"
 
 
É este fenômeno de "poder capitalista mundial sionista", e não a Israel, que temem os presidentes, políticos, jornalistas e intelectuais que evitam tremulamente condenar ou nomear os periódicos genocídios militares de Israel em Gaza, repetindo o que já fizeram durante o massacre israelense no Líbano em 2006.
A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses não se gesta por medo do Estado de Israel, senão por medo do que representa o Estado de Israel.
Não se trata de Israel, senão do "Grande Israel", a pátria do judaísmo mundial (com território roubado dos palestinos), da qual todos os sionistas do mundo se sentem seus filhos pródigos dispersos pelo mundo.
Não se trata de Israel, senão das poderosas organizações e comunidades judias mundiais que apoiaram em bloco o genocídio militar de Israel em Gaza, que utilizam seu poder e "escala de prestígio" (construída mediante sua vitimização histórica com o Holocausto) para converter em um leproso social aquele que se atreva a criticar ou levantar a voz contra o extermínio militar israelense em Gaza.
Não temem o Estado de Israel, senão aos filhos de Israel camuflados nos grandes centros de decisão do poder mundial, sobretudo econômico-financeiros e midiático-culturais.
Os políticos, intelectuais e jornalistas do sistema não temem Israel, senão que temem aos meios de comunicação, organizações e empresas judias, e sua influência sobre os governos e processos econômico-culturais do sistema capitalista sionista apoiados por todos os países em escala planetária.
Definitivamente, temem que as empresas, as universidades, as organizações e as fundações internacionais sionistas que financiam e/ou promovem suas ascensões e postos na maquinaria do sistema os declarem "anti-semitas" e os deixem sem trabalho.
Essa é a causa principal que explica porque os intelectuais, acadêmicos e jornalistas do sistema vivem elucubrando sérias análises da "realidade" política, econômica e social sem a presença da palavra sionista ou do sistema capitalista que paga por seus serviços.
Se bem que há um grupo de intelectuais e de militantes judeus de esquerda (**) (dentre eles Chomsky e Gelamn, entre outros) que condenaram e protestaram contra o genocídio israelense em Gaza, a maioria considerável das comunidades e organizações judias em escala planetária apoiou explicitamente o massacre de civis em Gaza argumentando que se tratava de uma "guerra contra o terrorismo".
Apesar de que Israel não invadiu nem perpetrou um genocídio militar em Gaza com a religião judia, senão com aviões F-16, bombas de rácimo, helicópteros Apache, tanques, artilharia pesada, barcos, sistemas informatizados, e uma estratégia e um plano de extermínio militar em grande escala, quem questione esse massacre é condenado por "anti-semita" pelo poder sionista mundial distribuído pelo mundo.
Apesar de que o lobby sionista sionista que controla Israel, tanto como a Casa Branca, o Tesouro e o Banco Central dos USA não rezam nas sinagogas senão na Catedral de Wall Street, aquele que critique é alcunhado de imediato como "anti-semita" ou "nazi" pelas estruturas midiáticas e culturais controladas pelo poder sionista mundial.
As campanhas de denúncia de anti-semitismo com as quais Israel e as organizações judias buscam neutralizar as críticas contra o massacre, abordam a questão como se o sionismo sionista (sustentáculo do Estado de Israel) fosse uma questão "racial" ou religiosa, e não um sistema de domínio imperial que abarca interativamente o plano econômico, político, social e cultural, superando a questão da raça ou das crenças religiosas.
O lobby sionista não controla o mundo com a religião: o maneja com bancos, transnacionais, hegemonia sobre os sistemas econômico-produtivos, controle sobre os recursos naturais, controle da rede informativa e de manipulação mundial, o manejo dos valores sociais através da publicidade, a cultura e o consumo estandardizado e globalizado pelos meios de comunicação.
 
Em resumo:
 
 
O lobby sionista que protege o Estado de Israel (pela "direita" e pela "esquerda") está conformado por uma estrutura de estrategistas e tecnocratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e midiáticas do capitalismo transnacional estendido pelos quatro pontos cardeais do planeta.
Suas redes se expressam através de uma multiplicidade de organizações dedicadas a promover o atual modelo global, entre as quais se encontram principalmente: The Hudson Institute, The RAND Corporation, The Brookings Institution, The Trilateral Commission, The World Economic Forum, Aspen Institute, American Enterprise Institute, Deutsche Gesellschaft für Auswärtigen Politik, Bilderberg Group, Cato Institute, Tavestock institute, e a Carnegie Endowment for International Peace, entre outras.
Todos estes think tanks ou "bancos de cérebros" reúnem os melhores tecnocratas, cientistas e estudiosos em seus respectivos campos, egressos das universidades dos USA, Europa e todo o resto do mundo.
O lobby não somente está na Casa Branca, senão que abarca todos os níveis das operações do capitalismo em escala transnacional, cujo desenho estratégico está na cabeça dos grandes charmans e executivos de bancos e consórcios multinacionais que se sentam no Consenso de Washington e repartem o planeta como se fosse uma pizza.
Enquanto não se articule um novo sistema de compreensão estratégica (uma "terceira posição" revolucionária do saber e do conhecimento) o poder mundial que controla o planeta seguirá perpetuando-se nas falsas opções de "esquerda" e "direita".
E o lobby sionista de "direita" dos republicanos conservadores seguirá sucedendo ao lobby sionista "de esquerda" dos democratas liberais em uma continuidade estratégica com as mesmas linhas reatoras do Império sionista mundial.
E os massacres do Estado de Israel seguirão, como até agora, impunes e protegidos pelas estruturas do sistema de poder mundial sionista capitalista que o considera como sua "pátria territorial".

 
 
(*) Manuel Freytas é jornalista, investigador, analista de estruturas de poder, especialista em inteligência e comunicação estratégica.
Trad. Vera Vassouras

(**) Identificar judaísmo com sionismo é fulcral para o Estado Nazi-Sionista de Israel. O judaísmo não é uma identidade com o nazismo sionista (Canta o melro).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O genocidio como política dos USA BASENAME: canta-o-merlo-o-genocido-como-politica-dos-usa DATE: Thu, 16 Jun 2011 16:23:58 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As guerras de EEUU contra os débis

Manuel E. Yepe
Rebelión

Quando um bom amigo canadense anunciou-me que me estava enviando um livro cuja leitura me recomendava vivamente, supus, polo título que me adiantou: ?War Against the Weak? (Guerra contra os débis), que trataria acerca das frequentes agressons contra países do Terceiro Mundo executadas por Washington desde que, ao findar da Guerra Fria, devéu super-potencia única no planeta.

Mas fiquei surpreendido ao constatar, ao recebê-lo, que o livro em questom referia-se a outra desigual contenda que Estados Unidos preparou desde inícios de século XX e posta na prática entre as décadas dos anos 30 e 60 do passado século, cujo propósito era criar umha raça superior dominante.

Essa campanha estadounidense -praticamente ignorada hoje em todo mundo em virtude do acoubamento mediático a que esteve submetida por razons obvias- serviu de modelo para o holocausto a que submeteu o nazismo alemám liderança por Adolfo Hitler à populaçom judia.

Personagens e instituiçons da política e a economia que agora se nos apresentam como respeitáveis paladinos da democracia e os direitos humanos, estiveram involucrados neste genocídio.

O livro contam-nos que, no primeiras seis décadas do século XX, por centos de milhares de norte-americanas etiquetagens como débis mentais ("feeble minded") porque nom se ajustavam aos patrons teutónicos, esteve-lhes vedada a reproduçom.

Seleccionados em prisons, manicómios e orfanatos polos seus antepassados, a sua origem nacional, a sua etnia, a sua raça ou a sua religiom, foram esterilizados sem o seu consentimento, impedidos de procriar, de casar ou separados dos seus casais por médios burocráticos governamentais. Esta perniciosa guerra de luva branca foi levada a cabo por organizaçons filantrópicas, prestigiosos professores, universidades de elite, ricos empresários e altos funcionários do governo, formando um movimento pseudo-científico chamado eugenesia (eugenics) cujo propósito, mais ali do racismo, era criar umha raça nórdica superior que se impusesse a nível global.

O movimento eugenésico paulatinamente construiu umha infra-estrutura jurídica e burocrática nacional para limpar a Estados Unidos dos "nom aptos". Provas de inteligência, coloquialmente conhecidas como mediçons de IQ, inventaram-se para justificar a exclusom dos "débis mentais", que freqüentemente, eram só pessoas tímidas ou que falavam outra língua ou tinham umha cor de pele diferente. Decretaram-se leis de esterilizaçom forçosa nuns 27 estados do país para impedir que as pessoas detectadas pudessem reproduzir-se.

Proliferárom as proibiçons de casal para impedir a mistura de raças. À Corte Suprema dos EEUU chegaram numerosos litígios cujo verdadeiro propósito era consagrar à eugenesia e as suas tácticas no direito quotidiano.

O plano era esterilizar de imediato a 14 milhons de pessoas em Estados Unidos e vários mais milhons noutras partes do mundo para, posteriormente, continuar erradicando ao resto dos débis até deixar só aos nórdicos de raça pura no planeta.

Em definitiva, na década dos anos 30 foram esterilizados coercitivamente uns 60,000 pessoas e nom se sabe quantos casais foram vedados por leis estaduais brotadas do racismo, o ódio étnico e o elitismo académico, mascaradas com um manto de respeitável ciência.

Eventualmente, a eugenesia, cujos objectivos eram globais, foi espargida por evangelistas norte-americanos a Europa, Ásia e Latinoamérica até formar umha bem entretecida rede de movimentos com práticas similares que, mediante conferências, publicaçons, e outros meios, mantinha aos seus líderes e propugnadores à espreita de oportunidades de expansom das suas ideias e propósitos.

Foi assim que chegou a Alemanha, onde fascinou a Adolfo Hitler e ao movimento nazista. O Nacional Socialismo alemá transformou a procura norte-americana de umha "raça nórdica superior" no que foi a luta de Hitler por umha "raça ária dominante".

A eugenesia nazista rapidamente deslocou à norte-americana pola sua velocidade e fereza. Nas páginas deste livro, Edwin Black "de mae judia polonesa- demonstra como a racionalidade científica aplicada polos médicos assassinos de Auschwitz, na Alemanha, foi concebida antes nos laboratórios eugenésicos da Instituiçom Carnegie, no seu complexo de Cold Spring Harbor em Long Island, onde se propagandiçava de maneira entusiasta ao regime nazista. Também se relata a maciça ajuda financeira outorgada polas fundaçons Rockefeller, Carnegie e Harriman às entidades científicas alemás onde começaram os experimentos eugenésicos que culminaram em Auschwitz.

Ao ser qualificado de genocídio o extermínio de judeus polos nazistas no Julgamento de Nuremberg, as instituiçons norte-americanas vinculadas às práticas da eugenesia a rebaptizarom como "genética" e continuaram os seus projectos por mais de outra década, esterilizando e proibindo casais "indesejáveis".

O livro de Edwin Black, publicado pola Thunder´s Mouth Press em 2003, é umha jóia do jornalismo de investigaçom que, nas suas 550 páginas, permite ao leitor constatar o parentesco e os rasgos comuns entre a trágica história que conta e a política que a elite do poder estadounidense aplica hoje nas suas relaçons com as minorias nacionais, os imigrantes e o Terceiro Mundo.

*Jornalista cubano, especializado em temas de política internacional.

Rebeliom publicou este artigo com a permissom do autor mediante umha licença de Creative Commons, respeitando a sua liberdade para publicar noutras fontes.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O papel de Wall Street no narcotráfico BASENAME: canta-o-merlo-o-papel-de-wall-street-no-narcotrafico DATE: Sat, 04 Jun 2011 17:12:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

"Os negócios florescem"

Mike Whitney
CounterPunch

Traduzido do inglês para Rebelión por Germán Leyens

Imaginai qual seria a vossa reacçom se o governo mexicano aceitasse pagar a Barack Obama 1.400 milhons de dólares para que envie tropas e veículos blindados estadounidenses a Nova Iorque, Os Angeles e Chicago, para realizar operaçons militares, estabelecer pontos de controlo, e realizar tiroteios que terminem por matar a 35.000 civis estadounidenses nas ruas das cidades de EE.UU.

Se o governo mexicano tratasse a EE.UU. dessa maneira, o consideraríades amigo ou inimigo?

Assim trata EE.UU. a México, e fai-no desde 2006.

A política de EE.UU. para México "a Iniciativa Mérida" é um pesadelo. Debilitou a soberania mexicana, corrompeu o sistema político e militarizou o país. Também levou às mortes violentas de milhares de civis na sua maioria pobres. Mas a Washington importa-se um pepino o "dano colateral" enquanto possa vender mais armas, fortalecer o seu regime de livre comércio, e branquear mais benefícios da droga nos seus grandes bancos. Entom todo vai que dá génio.

Tem sentido dignificar esta carnificina chamando-a "Guerra contra a droga"?

Nom fai sentido. O que vemos é umha gigantesca toma do poder polo grande capital, as grandes finanças e os serviços de inteligência de EE.UU. Obama simplesmente fai o que lhe peta, motivo polo qual "nom é surpreendente" as cousas puseram-se muito pior no seu governo. Obama nom só aumentou os fundos para o Plano México (alias Mérida), senom que também enviou mais agentes estadounidenses para que trabalhem na clandestinidade enquanto os drones de EE.UU. realizam o seu trabalho de vigilância. Compreendeis" Nom é umha pequena redada antidroga: é outro capítulo da Guerra de EE.UU. contra a Civilizaçom.

O que segue é umha passagem de um artigo no CounterPunch de Laura Carlsen que dá alguns antecedentes:

"A guerra da droga converteu-se no maior veículo de militarizaçom em Latinoamérica. É um veículo financiado e impulsionado polo governo de EE.UU. e alimentado por umha combinaçom de falsa moral, hipocrisia e muito medo forte e irracional. A denominada "guerra contra a droga" é na realidade umha guerra contra a gente, especialmente os jovens, as mulheres, os povos indígenas e os dissidentes. A guerra contra a droga converteu-se no principal caminho para que o Pentágono ocupe e controle países à conta de sociedades completas e muitas, muitas vidas.

"A militarizaçom em nome da guerra contra a droga ocorre com mais rapidez e mais a fundo do que a maioria provavelmente esperávamos sob o governo de Obama. O acordo para estabelecer bases em Colômbia, suspendido posteriormente, enviou umha dos primeiros sinais da estratégia. E vimos a extensom indefinida da Iniciativa Mérida em México e Centroamérica, e mesmo, lamentavelmente, que barcos de guerra foram enviados a Costa Rica, umha naçom com umha história de paz e sem exército"

"A Iniciativa Mérida finança interesses de EE.UU. para treinar forças de segurança, fornecer tecnologia de inteligência e guerra, dar conselhos sobre a reforma dos sistemas de justiça e promover os direitos humanos, todo em México." (The Drug War Com't Bê Improved, It Com Only bê Ended, Laura Carlsen, Counterpunch)

Se parece que Obama está a fazer o possível para converter a México numha ditadura militar, é porque o está fazendo. O Plano México é um engano que oculta os verdadeiros motivos do governo, que som assegurar que os fastuosos benefícios do narcotráfico terminem nos bolsos desejados. Disso trata-se, de muito dinheiro. E por isso o número de vítimas mortais aumentou vertiginosamente enquanto a credibilidade do governo mexicano haver caído ao nível mais baixo em décadas. A política de EE.UU. converte grandes áreas do país em campos da morte, e a situaçom segue piorando.

Na seguinte entrevista, Charles Bowden descreve como é a vida da gente que vive na Zona Zero na guerra da droga: Juárez, México:

"Isto passa numha cidade onde há pessoas que vivem em caixas de cartom. Dez mil negócios foram abandonados ou fechados o ano passado. De trinta a sessenta mil pessoas de Juárez, principalmente os mais ricos, transferiram-se do outro lado do rio, a El Passo, em busca de segurança, incluindo ao presidente da Câmara de Juárez, a quem gosta de passar tempo no Passo. O editor do jornal de Cidade Juárez vive nele Passo. Entre 100.000 e 400.000 pessoas simplesmente abandonaram a cidade. umha boa parte do problema é económico, nom é só pola violência. Ao menos 100.000 postos de trabalho nas fábricas que se encontram na fronteira desaparecêrom durante a recessom devido à competência da Ásia. Existem entre 500 e 900 quadrilhas e bandas criminais, as estimaçons variam.

"A isso há que acrescentar 10.000 soldados e agentes da polícia federal que deambulam polos arredores. Encontras-te com umha cidade na que ninguém sai pola noite, onde os pequenos negócios som extorsionados, onde, segundo dados oficiais, 20.000 automóveis foram roubados o ano passado e mais de 2.600 pessoas foram assassinadas. umha cidade na que ninguém fai um seguimento das pessoas que foram seqüestradas e nom voltaram a aparecer, onde ninguém conta o número de pessoas enterradas em covas secretas, algumhas das quais, milagrosamente, cada tanto conseguem abrir-se passo para a superfície, e se desenterrar. Encontras com umha situaçom desastrosa. E há um milhom de pessoas atrapadas na cidade que som demasiado pobres para ir-se. Esse é o estado da cidade." (Charles Bowden, Democracy Now)

Nom se trata da droga; trata de umha política exterior demencial que apoia exércitos homens de palha para impor a ordem mediante a repressom e a militarizaçom de um Estado policial. Trata-se de expandir o poder de EE.UU. aumentando os benefícios em Wall Street.

A seguir reproduzimos mais dados do autor Lawrence M. Vance da Fundaçom polo Futuro da Liberdade:

"umha quantidade desconhecida de agentes da manutençom da ordem de EE.UU. trabalham em México" a DEA (Agência Antidrogas de EE.UU.) tem mais de 60 agentes em México. Ademais há 40 agentes do Serviço de Imigraçom e Controlo de Alfândegas de EE.UU., 20 encarregados do Serviço de Alguazís de EE.UU. e 18 agentes de Alcool, Tabaco, Armas de fogo e Explosivos, mais agentes da FBI, do Departamento de Serviços de Cidadania e Imigraçom (Ou.S. Citizen and Immigration Service), o Escritório de Alfândegas e Protecçom Fronteiriça dos Estados Unidos, Serviço Secreto, Guarda-costas e da Agência Americana de Segurança no Trânsito NHTSA. O Departamento de Estado mantém umha Secçom de Assuntos de Narcóticos. EE.UU. também forneceu helicópteros, cans detectores de drogas, e unidades de polígrafo para seleccionar a candidatos aos serviços de manutençom da ordem.

"Drones de EE.UU. espiam esconderijos dos cartéis, e radio-balizas de localizaçom estadounidenses situam a carros e telefones de suspeitos, agentes de EE.UU. localizam as balizas, rasteiam as chamadas de telemóvel,lem correios electrónicos, estudam modelos de conduta de incursons fronteiriças, seguem rotas de contrabando, e processam dados sobre narco-traficantes, branqueadores de capitais e chefes dos cartéis. Segundo um antigo fiscal mexicano contra a droga nom existem restriçons segundo a lei de EE.UU. para que os agentes estadounidenses realizem escutas de quaisquer em México, enquanto nom esteja em EE.UU. nem piquem os telefones de cidadás estadounidenses. ("Why Is the Ou.S. Fighting Mexico's Drug War"" Laurence M. Vance, The Future of Freedom Foundation)

Nom se trata de política exterior: é umha ocupaçom mais por parte EE.UU. E, adivinham quem ganha em abundância no grande jogo deste sórdido embuste? Wall Street. Assim é, os grandes bancos obtenhem a sua parte, como sempre. Considerem esta passagem de um artigo de James Petras, intitulado "Como os benefícios da droga salvaram o capitalismo". É um grande resumo dos objectivos que conformam a política:

"Enquanto o Pentágono arma ao governo mexicano e a Drug Enforcement Agency (DEA) promove a soluçom militar, os maiores bancos de EE.UU. arrecadam, branquejam e transferem centos de milhares de milhons de dólares anuais de e às contas dos capos da droga, para comprar armas modernas, pagar exércitos privados de assassinos e corromper a políticos e agentes da ordem a ambos as duas bandas da fronteira.

"Os ganhos da droga, no seu sentido mais básico, realizam-se através da capacidade de branqueio de fundos e realizaçom de transacçons do sistema bancário de EE.UU. A escala e o alcance desta aliança entre o cartel da droga e o citado sistema bancário superam com fartura qualquer outra actividade económica do sistema bancário privado estadounidense. Um só banco "Wachovia" branqueou 378.300 milhons de dólares entre o 1 de Maio 2004 e o 31 de Maio de 2007 (The Guardian, 11.5.2011). Todos os bancos importantes de EE.UU. fôrom num momento ou outros sócios financeiros activos dos criminosos cartéis da droga: Bank of America, Citibank, JP Morgan, assim como outros bancos estrangeiros que operam em Nova Iorque, Miami e Los Ángeles.

"Ainda que os principais bancos de EE.UU. som os motores económicos que permitem que siga em funcionamento este multimilionario império da droga, a Casa Branca, o Congresso de EE.UU. e os organismos oficiais de luta contra a droga som os protectores básicos dos bancos" O branqueio de dinheiro da droga é umha das fontes mais lucrativas de benefício de todos os bancos de Wall Street: cobram altas comissons e prestam a entidades de crédito a taxas de interesse muito superiores ao que pagam -quando o fam- aos narcotraficantes polos seus depósitos" Alagados de benefícios da droga branqueados, esses titáns estadounidenses do mundo das finanças podem comprar facilmente aos seus próprios funcionários elegidos para perpetuar o sistema." "Imperialismo, banqueiros, guerra da droga e genocídio", James Petras, Rebelión)

Repito: "Cada banco importante em EE.UU. serviu como um sócio financeiro activo de cartéis assassinos da droga""

A Guerra contra a Droga é umha fraude. Nom tem que ver com interdicçom; tem que ver com controlo. Washington prove a força para que os bancos podam acumular o grande dinheiro. umha mao lava à outra, igual que na Máfia.

Mike Whitney vive no Estado Washington. Contacto: fergiewhitney@msn.com

Fonte: http://www.counterpunch.org/whitney06012011.html

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Austrália-O genocidio permanente BASENAME: canta-o-merlo-australia-o-genocidio-permanente DATE: Thu, 02 Jun 2011 16:47:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Como a imprensa Murdoch defende o segredo sujo da Austrália

por John Pilger

Diz-se que a escuta ilegal de gente famosa feita por News of the World é o Watergate de Rupert Murdoch. Mas será mesmo este o crime por que Murdoch devia ser conhecido? Na sua terra natal, a Austrália, Murdoch controla 70 por cento da imprensa da capital. A Austrália é a primeira murdochracia do mundo, em que o poder é a difamação pelos media.

A campanha mais duradoura e insidiosa de Murdoch tem sido contra o povo aborígene, cujas terras foram expropriadas com a chegada dos britânicos nos finais do século XVIII e nunca mais foram recuperadas. "A caça aos negros" continuou até 1960 e para além disso. O roubo, de inspiração oficial, de crianças às famílias aborígenes, justificado pelas teorias racistas do movimento eugenista, produziu o que ficou conhecido por Geração Roubada e em 1997 foi identificado como genocídio. Actualmente, os primitivos australianos têm a mais curta esperança de vida de todos os 90 povos indígenas do mundo. A Austrália mete aborígenes na prisão cinco vezes mais do que a África do Sul fazia nos anos do apartheid. No estado da Austrália Ocidental, este número é oito vezes maior do que a taxa do apartheid.

O poder político na Austrália repousa sobretudo no controlo das terras ricas de recursos. A maior parte do urânio, ferro, ouro e gás natural situa-se na Austrália ocidental e no Território Norte ? em terras aborígenes. Claro que o 'progresso' aborígene não interessa à indústria mineira e aos seus guardiães políticos tanto dos governos trabalhistas como de coligação (conservadores). A sua voz, dedicada e estridente é a imprensa Murdoch. O governo trabalhista, excepcional e reformista, de Gough Whitlam nos anos 70 instituiu uma comissão real que deixou claro que a justiça social para com os povos primitivos da Austrália apenas seria conseguida com direitos universais às terras e uma parte digna da riqueza nacional. Em 1975, Whitlam foi afastado pelo governador-geral num 'golpe constitucional'. A imprensa Murdoch virou-se contra Whitlam de modo tão venenoso que jornalistas revoltados do The Australian queimaram os jornais no meio da rua.

Em 1984, o Partido Trabalhista 'prometeu solenemente' acabar o que Whitlam tinha começado e legislar sobre os direitos dos aborígenes às terras. A isso opôs-se o então primeiro-ministro trabalhista, Bob Hawke, 'camarada' de Rupert Murdoch. Hawke acusou o público de ser 'pouco compassivo'; mas um relatório secreto do partido, com 64 páginas, revelou que a maioria dos australianos apoiava os direitos à terra. Isto transpirou para o The Australian, cuja primeira página declarou, "Pouca gente apoia os direitos dos aborígenes à terra", o oposto da verdade, alimentando assim uma atmosfera de desconfiança propositada, de retrocesso e de rejeição dos direitos que iria diferenciar a Austrália da África do Sul. Em 1988, um editorial do tablóide londrino de Murdoch, o Sun, descrevia 'os aborígenes' como 'traiçoeiros e brutais'. O que foi condenado pelo Conselho de Imprensa do Reino Unido como 'racismo inaceitável'.

The Australian publica longos artigos que apresentam o povo aborígene não de forma antipática, mas como eternas vítimas uns dos outros, "toda uma cultura a suicidar-se", ou como primitivos nobres que precisam de uma direcção firme: a perspectiva eugénica. Promove 'líderes' aborígenes que, ao censurarem o seu próprio povo pela sua pobreza, dizem à elite branca o que ela quer ouvir. O escritor Michael Brull caricatura isso: "Oh, Branco, por favor salva-nos. Tira-nos os nossos direitos porque somos muito atrasados".

É esta também a perspectiva do governo. Alinhando contra o que se chama o 'ponto de vista da braçadeira negra' do passado da Austrália, o governo conservador de John Howard encorajou e absorveu as perspectivas dos defensores da supremacia branca ? que não houve genocídio, não houve Geração Roubada, não houve racismo; na verdade, os brancos é que são as vítimas do 'racismo liberal'. Uma série de jornalistas de extrema-direita, de académicos de segunda e de parasitas tornaram-se os antípodas equivalentes a David Irving [1] , negador do Holocausto. A sua plataforma tem sido a imprensa Murdoch.

Andrew Bolt, colunista do tablóide de Melbourne Herald-Sun de Murdoch, é hoje o defensor de um processo de difamação racial apresentado por nove aborígenes importantes, entre os quais Larissa Behrendt, professora de direito e de estudos indígenas em Sydney. Behrendt tem sido uma opositora, com autoridade e verdade, da 'intervenção de emergência' 2007 de Howard no Território Norte, que o governo trabalhista de Julia Gillard veio reforçar. O pretexto para 'intervir' foi que o abuso de crianças entre os aborígenes atingia 'números impensáveis'. Era uma fraude. De 7 433 crianças aborígenes examinadas pelos médicos, foram identificados quatro possíveis casos ? a mesma taxa de abuso de crianças que na Austrália branca. O que se pretendia esconder era a apropriação colonialista à moda antiga de terras ricas em minérios no Território Norte que em 1976 haviam sido concedidas aos aborígenes.

A imprensa Murdoch tem sido do mais terrível e estrondoso na defesa dessa 'intervenção', que foi condenada por um relator especial das Nações Unidas como discriminação racial. Mais uma vez, os políticos australianos estão a expropriar os habitantes primitivos, exigindo a posse de terras em troca de direitos de saúde e de educação que os brancos consideram ser seus por direito e atirando-os para "centros economicamente viáveis" onde de facto eles passam a estar detidos ? uma forma de apartheid.

O escândalo e o desespero da maior parte do povo aborígene não é conhecido. Por ter usado a sua voz institucional e denunciado os apoiantes negros do governo, Larissa Behrendt foi atacada por uma campanha difamatória de calúnias na imprensa Murdoch, incluindo a insinuação de que ela não era uma 'verdadeira' aborígene. Usando a linguagem da sua alma-gémea londrina, o Sun, The Australian ridiculariza o 'debate abstracto' dos 'direitos à terra, justificações e tratados' como uma 'estupidez moralizadora que se espalha como um vírus'. O objectivo é silenciar os que se atrevem a contar o segredo sujo da Austrália.
12/Maio/2011

[1] David Irving (24/03/1938): escritor inglês, adepto de causas da extrema-direita e neo-nazis. Considerado por um tribunal como negador do Holocausto, anti-semita e racista que 'por razões ideológicas, persistente e deliberadamente deturpou e manipulou provas históricas'. (NT)

O original encontra-se em www.johnpilger.com/articles/how-the-murdoch-press-keeps-australia-s-dirty-secret .
Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Compreender a guerra da Líbia BASENAME: canta-o-merlo-compreender-a-guerra-da-libia-1 DATE: Thu, 02 Jun 2011 16:36:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Compreender a guerra da Líbia

por Michael Collon

27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?

Michael Collon (*), que já publicou vários livros sobre as estratégias da guerra dos EUA e da mídia nos conflitos precedentes, apresenta uma análise global do caso líbio, em três partes: I: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra; II: Os verdadeiros objetivos dos EUA vão mais além do petróleo; III: Pistas para atuar

1ª PARTE: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra.

27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?
HÁ SEMPRE DINHEIRO PARA A GUERRA?
No país mais poderosos do globo, 45 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza. Nos EUA, escolas e serviços públicos estão ruindo porque o Estado "não tem dinheiro". Na Europa, também acontece o mesmo, "não há dinheiro" para as pensões ou para a promoção do emprego.
Porém, quando a cobiça dos banqueiros desencadeia a crise financeira, então, em só uns dias, aparecem bilhões para os salvar. Isto permitiu aos banqueiros dos EUA repartirem no ano passado US$ 140 bilhões de lucros e bônus a seus acionistas e especuladores.
Também para a guerra parece fácil encontrar bilhões. Ora bem, são nossos impostos que pagam estas armas e estas destruições. É razoável converter em fumaça centenas de milhares de euros em cada míssil ou esbanjar cinquenta mil euros por hora de um porta-aviões? Ou será porque a guerra é um bom negócio para alguns? Ao mesmo tempo, uma criança morre de fome a cada cinco segundos e o número de pobres não cessa de aumentar no nosso planeta, apesar de tantas promessas.
Qual a diferença entre um líbio, um bareinita e um palestino? Presidentes, ministros, generais, todos juram solenemente que seu objetivo é unicamente salvar os líbios. Mas, ao mesmo tempo, o sultão do Barein esmaga os manifestantes desarmados, graças aos dois mil soldados sauditas enviados pelos EUA! Ao mesmo tempo, no Iêmen, as tropas do ditador Saleh, aliado dos EUA, matam 52 manifestantes com suas metralhadoras. Estes fatos ninguém os põe em dúvida, mas o ministro dos EUA para a guerra, Robert Gates, acabou de declarar: "Não acho que seja o meu papel intervir nos assuntos internos de Iêmen".(1)
Por que estes dois pesos e duas medidas? Por que Saleh acolhe docilmente a 5ª Frota dos EUA e diz sim a todo o que Washington ordenar? Por que o regime bárbaro da Arabia Saudita é cúmplice das multinacionais petrolíferas? Será que existem "bons ditadores" e "maus ditadores"? Como os EUA e a França podem pretender ser "humanitários"? Quando Israel matou dois mil civis nos bombardeios sobre Gaza, eles declararam uma zona de exclusão aérea? Não. Decretaram alguma sanção? Nenhuma. Ainda pior, Solana, então responsável pelos Assuntos Exteriores da UE declarou em Jerusalém: "Israel é um membro da UE sem ser membro de suas instituições. Israel faz parte ativa de todos os programas de pesquisa e de tecnologia da Europa dos 27". Acrescentando ainda: "Nenhum país fora do continente tem o mesmo tipo de relacionamentos que Israel com a União Européia". Neste ponto, Solana tem razão: A Europa e seus fabricantes de armas colaboram estreitamente com Israel na fabricação de 'drones', mísseis e outros armamentos que semeiam a morte em Gaza.
Recordemos que Israel, que expulsou 700 mil palestinos das suas aldeias, em 1948, se recusa a devolver-lhe seus direitos e continua cometendo inumeráveis crimes de guerra. Sob esta ocupação, 20% da população palestina atual está ou passou pelas prisões israelenses. Mulheres grávidas foram obrigadas a darem à luz atadas ao leito e reenviadas imediatamente às suas celas com os bebês. Esses crimes são cometidos com a cumplicidade dos EUA e da UE.
A vida de um palestino ou de um barenita vale menos do que a de um líbio? Há árabes "bons" e árabes "maus"?

PARA OS QUE AINDA ACREDITAM NA GUERRA HUMANITÁRIA...

Num debate televisionado que tive com Louis Michel, ex-ministro belga dos Assuntos Exteriores e Comissário Europeu para a Cooperação e o Desenvolvimento, este me jurou, com a mão no peito, que esta guerra tinha como objetivo "pôr de acordo as consciências da Europa". Era apoiado por Isabelle Durant, líder dos Verdes belgas e europeus. Dessa forma, os ecologistas ("peace and love") viraram belicistas!
O problema é que a cada vez mais nos falam de guerra humanitária e que gente de esquerda como Durant se deixa enganar. Não fariam melhor em ler o que pensam os verdadeiros líderes dos EUA em vez de olharem e assistirem a TV? Escutem, por exemplo, a propósito dos bombardeios contra o Iraque, o célebre Alan Greenspan, durante muito tempo diretor da Reserva Federal dos EUA. Greenspan escreve em suas memórias: "Sinto-me triste quando vejo que é politicamente incorreto reconhecer o que todo mundo sabe: a guerra no Iraque foi exclusivamente pelo petróleo" (2). E acrescenta: "Os oficiais da Casa Branca responderam-me: 'pois, efetivamente, infelizmente não podemos falar de petróleo'". (3)
A propósito dos bombardeios sobre a Jugoslávia escutem John Norris, diretor de Comunicações de Strobe Talbot que, nesse então, era vice-ministro dos EUA dos Assuntos Exteriores encarregado para os Bálcãs. Norris escreve em suas memórias: "O que melhor explica a guerra da OTAN é que a Jugoslávia se resistia às grandes tendências de reformas políticas e econômicas (quer dizer: negava-se a abrir mão do socialismo), e esse não era nosso compromisso com os albaneses do Kosovo". (4)
Escutem, a propósito dos bombardeios contra o Afeganistão, o que dizia o antigo ministro de Assuntos Exteriores, Henri Kissinger: "Há tendências, sustentadas pela China e pelo Japão, de criar uma zona de livre-câmbio na Ásia. Um bloco asiático hostil, que combine as nações mais povoadas do mundo com grandes recursos e alguns dos países industrializados mais importantes, seria incompatível com o interesse nacional americano. Por estas razões, a América deve manter a sua presença na Ásia..." (5)
O que vinha a confirmar a estratégia avançada por Zbigniew Brzezinski, que foi responsável pela política exterior com Carter e é o inspirador de Obama: "Eurasia (Europa+Ásia) é o tabuleiro sobre o qual se desenvolve o combate pela primacia global. (?) A maneira como os EUA "manejam" a Eurasia é de uma importância crucial. O maior continente da superfície da terra é também seu eixo geopolítico. A potência que o controlar, controlará de fato duas das três grandes regiões mais desenvolvidas e mais produtivas: 75% da população mundial, a maior parte das riquezas físicas, sob a forma de empresas ou de jazidas de matérias-primas, 60% do total mundial". (6)
Nada aprendeu a esquerda das falsidades humanitárias transmitidas pela mídia nas guerras precedentes? Quando o próprio Obama falou, tampouco acreditaram nele? Neste mesmo 28 de março, Obama justificava assim a guerra da Líbia: "Conscientes dos riscos e das despesas da atividade militar, somos naturalmente reticentes a empregar a força para resolver os numerosos desafios do mundo. Mas quando os nossos interesses e valores estão em jogo, temos a responsabilidade de agir. Vistos os custos e riscos da intervenção, temos que calcular, a cada vez, nossos interesses ante a necessidade de uma ação. A América tem um grande interesse estratégico em impedir que Kadafi derrote a oposição".
Não está claro? Então alguns vão e dizem: "Sim, é verdade, os EUA não reagem se não virem nisso o seu interesse. Mas ao menos, já que não pode intervir em todos os sítios, salvará àquela gente" Falso. Vamos demonstrar que são unicamente seus interesses os que procura defender. Não os valores. Em primeiro lugar, cada guerra dos EUA produz mais vítimas do que a anterior (um milhão no Iraque, diretas ou indiretas). A intervenção na Líbia, prepara-se para produzir mais...
QUEM SE NEGA A NEGOCIAR?
Desde o momento em que colocarem uma dúvida sobre a oportunidade desta guerra contra a Líbia, imediatamente serão culpados: "então recusam-se a salvar os líbios do massacre? Assunto mal proposto. Suponhamos que todo o que se nos tem contado fosse verdade. Em primeiro lugar, pode-se parar um massacre com outro massacre? Já sabemos que nossos exércitos ao bombardearem vão matar muitos civis inocentes. Inclusive se, como a cada guerra, os generais nos prometem que vai ser "limpa"; já estamos habituados a essa propaganda.
Em segundo lugar, há um meio bem mais singelo e eficaz de salvar vidas. Todos os países da América latina propuseram enviar imediatamente uma mediação presidida por Lula. A Liga Árabe e a União Africana apoiavam esta gestão e Kadafi tinha-a aceitado (propondo ele também que fossem enviados observadores internacionais para verificar o cessar-fogo). Mas os insurgentes líbios e os ocidentais recusaram esta mediação.
Por quê? "Porque Kadafi não é de fiar", dizem. É possível. E os insurgentes e os seus protetores ocidentais são sempre de fiar? A propósito dos EUA, convém recordar como se comportaram em todas as guerras anteriores, cada vez que um cessar-fogo era possível. Em 1991, quando Bush pai atacou o Iraque, porque este invadia o Kuweit, Saddam Hussein propôs se retirar e que Israel se retirasse também dos territórios ilegalmente ocupados na Palestina. Mas os EUA e os países europeus recusaram seis propostas de negociação. (7)
Em 1999, quando Clinton bombardeou a Jugoslávia, Milosevic aceitava as condições impostas em Rambouillet, mas os EUA e a OTAN acrescentaram uma, intencionadamente inaceitável: a ocupação total da Sérvia.
Em 2001, quando Bush filho atacou o Afeganistão, os talibãs propunham a entrega de Bin Laden a um tribunal internacional se eram apresentadas provas do seu envolvimento, mas Bush rejeitou a negociação.
Em 2003, quando Bush filho atacou o Iraque, sob o pretexto das armas de destruição em massa, Saddam Hussein propôs o envio de inspetores, mas Bush o recusou porque ele sabia que os inspetores não iam encontrar nada. Isto está confirmado na divulgação de um memorando de uma reunião entre o governo britânico e os líderes dos serviços secretos britânicos, em julho de 2002: "os líderes britânicos esperavam que o ultimato fosse redigido em termos inaceitáveis, de modo que Saddam Hussein o recusasse diretamente. Mas não estavam certos de que isso iria funcionar.
Então tinham um plano B: que os aviões que patrulhavam a "zona de exclusão aérea" lançassem muitíssimas mais bombas à espera de uma reação que desse a desculpa para uma ampla campanha de bombardeios. (9) Então, antes de afirmar que "nós" dizemos sempre a verdade e que "eles" sempre mentem, asssim como que "nós" procuramos sempre uma solução pacífica e "eles" não querem se comprometer, teria que ser mais prudentes... Mais cedo ou mais tarde, a gente saberá o que se passou com as negociações nos bastidores e constatará, mais uma vez, que foi manipulada. Mas será muito tarde e os mortos já não os ressuscitaremos.

A LÍBIA É IGUAL QUE A TUNÍSIA OU O EGITO?

Na sua excelente entrevista publicada há alguns dias por Investi'Action, Mohamed Hassan, professor de doutrina islâmica e especialista do Oriente Médio, colocava a verdadeira questão: "Líbia: levante popular, guerra civil ou agressão militar?" À luz de recentes investigações é possível responder: as três coisas. Uma revolta espontânea rapidamente recuperada e transformada em guerra civil (que já estava preparada), tudo servindo de pretexto para uma agressão militar. A qual, também, estava preparada. Nada em política cai do céu. Consigo explicar-me?
Na Tunísia e no Egito a revolta popular cresceu progressivamente em umas semanas, organizando-se pouco a pouco e unificando-se em reivindicações claras, o que permitiu derrotar os tiranos. Mas, quando analisamos a sucessão ultrarrápida dos acontecimentos em Benghazi, a gente fica intrigada. Em 15 de fevereiro houve manifestações de parentes de presos políticos da revolta de 2006.
Manifestação duramente reprimida como foi sempre na Líbia e nos demais países árabes. Dois dias escassos mais tarde, outra manifestação, desta vez os manifestantes saem armados e passam diretamente a uma escalada contra o regime de Kadafi. Em dois dias, incrivelmente, uma revolta popular se converte em guerra civil. Totalmente espontânea?
Para saber isso, é preciso examinar o que se oculta abaixo do impreciso vocábulo "oposição líbia". Em minha opinião, quatro componentes com interesses muito diferentes :

1º Uma oposição democrática.
2º Dirigentes de Kadafi "regressados" do oeste.
3º Clãs líbios descontentes da partilha das riquezas.
4º Combatentes de tendência islãmica. Quem compõe esta "oposição líbia"?

Em toda esta rede é importante sabermos de que estamos a falar. E sobretudo, que fação é a aceite pelas grandes potências...
1º Oposição democrática. É legítimo ter reivindicações ante o regime de Kadafi, tão ditatorial e corrupto como os outros regimes árabes. Um povo tem o direito de querer substituir um regime autoritário por um sistema mais democrático. No entanto, estas reivindicações estão até hoje pouco organizadas e sem programa concreto. Temos, ainda, no estrangeiro, movimentos revolucionários líbios, igualmente dispersos, mas todos opostos à ingerência estrangeira. Por diversas razões que expomos mais adiante, não são estes elementos democráticos os que têm muito que dizer hoje, sob a bandeira dos EUA nem da França.
2º Dignatários "regressados". Em Bengazhi, um "governo provisório" foi instaurado e está dirigido por Mustafá Abud Jalil. Este homem era, até 21 de fevereiro, ministro da Justiça de Kadafi. Dois meses antes, a Anistia Internacional tinha-o posto na lista dos mais horríveis responsáveis por violações de direitos humanos do norte da África. É este indivíduo o que, segundo as autoridades búlgaras, organizava as torturas de enfermeiras búlgaras e do médico palestino detidos durante longo tempo pelo regime.
Outro "homem forte" desta oposição é o general Abdul Faah Yunis, ex-ministro do Interior de Kadafi e antes chefe da polícia política. Compreende-se que Massimo Introvigne, representante da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) para a luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação, estime que estes personagens "não são os 'sinceros democratas' dos discursos de Obama, mas foram dos piores instrumentos do regime de Kadafi, que aspiram a tirar o coronel para tomar seu lugar".

3º Clãs descontentes.
Como sublinhava Mohamed Hassan, a estrutura da Líbia continua sendo tribal. Durante o período colonial, sob o regime do rei Idriss, os clãs do Leste dominavam e aproveitavam-se das riquezas petrolíferas. Após a revolução de 1969, Kadafi apoiou-se nas tribos do oeste e o Leste viu-se desfavorecido. É lamentável; um poder democrático e justo deve zelar por eliminar as discriminações entre as regiões. Pode-se perguntar se as antigas potências coloniais não incitaram as tribos rebeldes para enfraquecer a unidade do país. Não seria a primeira vez. Hoje, França e os EUA apostam nos clãs do Leste para tomar o controle do país. Dividir para reinar, um velho dito clássico do colonialismo.
4° Elementos da Al-Qaeda. Cabogramas difundidos pelo Wikileaks advertem que o Leste da Líbia era, proporcionalmente, o primeiro exportador no mundo de "combatentes mártires" no Iraque. Relatórios do Pentágono descrevem um cenário "alarmante" acerca dos rebeldes líbios de Bengazhi e Derna. Derna, uma cidade de escassos 80.000 habitantes, seria a fonte principal de yihaidistas no Iraque. Da mesma forma, Vincent Cannistrar, antigo chefe da CIA na Líbia, assinala entre os rebeldes muitos "extremistas islâmicos capazes de criar problemas" e que "as possibilidades [são] muito altas de que os indivíduos mais perigosos possam ter uma influência, caso Kadafi cair".
Evidentemente tudo isto se escrevia quando Kadafi era ainda um "amigo". Mas isto mostra a ausência total de princípios no chefe dos EUA e dos seus aliados. Quando Kadafi reprimiu a revolta islamista de Bengazhi, em 2006, fez isso com as armas e o apoio de Ocidente. Uma vez, somos contra os combatentes do tipo Bin Laden, outra vez, utilizamo-los. Vamos lá ver como.
Entre estas diversas "oposições" qual prevalecerá? Pode ser este também um objetivo da intervenção militar de Washington, Paris e Londres: tentar que "os bons" ganhem? Os bons do ponto de vista deles, é claro. Mais tarde, vai utilizar-se a "ameaça islâmica" como pretexto para se instalarem de forma permanente. Em qualquer caso uma coisa é segura: o cenário libio é diferente dos cenários tunisino ou egípcio. Ali era "um povo unido contra um tirano". Aqui estamos em uma guerra civil, com um Kadafi que conta com o apoio de uma parte da população. E nesta guerra civil o papel que jogaram os serviços secretos americanos e franceses já não é tão secreto...
Qual foi o papel dos serviços secretos?
Na realidade, o assunto líbio não começou em fevereiro em Benghazi, mas sim em Paris, em 21 de outubro de 2010. Segundo revelações do jornalista Franco Bechis (Libero, 24 de março), nesse dia, os serviços secretos franceses prepararam a revolta de Benghazi. Fizeram "voltar" (ou talvez já anteriormente) Nuri Mesmari, chefe do protocolo de Kadafi, praticamente seu braço direito. O único que entrava sem chamar na residência do líder líbio. Em uma viagem a Paris com toda sua família para uma cirurgia, Mesmari não se encontrou com nenhum médico, pelo conttrário, teve encontros com vários servidores públicos dos serviços secretos franceses e com próximos colaboradores de Sarkozy, segundo o boletim digital Magreb Confidential.
Em 16 de novembro, no hotel Concorde Lafayette, prepararia uma imponente delegação que devia viajar dois dias mais tarde a Benghazi. Oficialmente, tratava-se de responsáveis pelo ministério da Agricultura e de líderes das firmas France Export Céréales, France Agrimer, Louis Dreyfus, Glencore, Cargill e Conagra. Mas, segundo os serviços italianos, a delegação incluía também vários militares franceses camuflados como homens de negócios. Em Benghazi, encontraram-se com Abdallah Gehani, um coronel líbio ao que Mesmari lhes tinha apresentado como disposto a desertar.
Em meados de dezembro, Kadafi, desconfiando, enviou um emissário a Paris para tentar contactar com Mesmari. Mas este foi preso na França. Outros líbios vão de visita a Paris no dia 23 de dezembro e são eles que vão dirigir a revolta de Benghazi com as milícias do coronel Gehani. Ainda, Mesmari revelou inúmeros segredos da defesa líbia. De tudo isto resulta que a revolta no Leste não foi tão espontânea como nos foi dito. Mas isto não é tudo. Não só foram os franceses?
Quem dirige atualmente as operações militares do "Conselho Nacional Líbio" anti-Kadafi? Um homem justamente chegado dos EUA, em 14 de março, segundo Al-Jazzira. Apresentado como uma das duas "estrelas" da insurreição líbia, pelo jornal britânico de direita, Dail Mail, Khalifa Hifter é um antigo coronel do exército líbio exilado nos EUA. Foi um dos principais comandantes da Líbia até a desastrosa expedição ao Chade, no final dos 80; emigrou imediatamente para os EUA e viveu os últimos vinte anos na Virgínia. Sem nenhuma fonte de rendimentos conhecida, mas a muito pouca distância dos escritórios... da CIA (10). O mundo é um muito pequeno.
Como é que um militar líbio de alta patente pode entrar com toda a tranquilidade nos EUA, uns anos após o atentado terrorista de Lockerbie, pelo qual a Líbia foi condenada, e viver durante vinte anos, tranquilamente, ao lado da CIA? Por força teve que oferecer algo em troca.
Publicado em 2001, o livro Manipulations africaines (Manipulações africanas) de Pierre Péan, traça as conexões de Hifter com a CIA e a criação, com o apoio da mesma, da Frente Nacional de Libertação Líbia. A única façanha da tal frente será a organização, em 2007, nos EUA, de um "congresso nacional" financiado pelo National Endowment for Democracy(11), tradicionalmente o mediador da CIA para manter lubrificadas as organizações a serviço dos EUA.
Em março deste ano, em data não comunicada, o presidente Obama assinou uma ordem secreta que autoriza a CIA a empreender operações na Líbia, para derrocar Kadafi. O The Wall Street Journal, que informa disso, em 31 de março, acrescenta: "Os responsáveis pela CIA reconhecem ter estado ativos na Líbia desde fazia várias semanas, tal como outros serviços secretos ocidentais".
Tudo isto já não é muito secreto, circula pela Internet faz algum tempo; o que é estranho é que a grande mídia não diga nem uma palavra. No entanto, conhecem-se muitos exemplos de "combatentes da liberdade" armados deste modo e financiados pela CIA. Por exemplo, nos anos 80, as milícias terroristas da 'contra', organizadas por Reagan para desestabilizarem a Nicarágua e derrocarem seu governo progressista. Nada se aprendeu da História? Esta "Esquerda" européia que aplaude os bombardeios não utiliza a Internet?
Terá que se estranhar de que os serviços secretos italianos "delatem" assim as façanhas dos seus colegas franceses e que estes "delatem" seus colegas americanos? Isso só é possível se acreditarmos em histórias bonitas sobre a amizade entre "aliados ocidentais" Já falaremos... (Extraído do Investig'Action)
Notas:
1- Reuters, 22/3.
2- Sunday Times, 16 setembro 2007.
3- Washington Post, 17 setembro 2007.
4- Collision Course, Praeger, 2005, p.xiii.
5- Does America need a foreign policy, Simon and Schuster, 2001, p. 111.
6- Le Grand Echiquier, Paris 1997, p. 59-61
7- Michel Collon, Attention, médias Bruxelles, 1992, p. 92.
8- Michel Collon, Monopoly, - L'Otan á la conquête du monde, Bruxelles 2000, page 38.
9- Michael Smith, La véritable information des mémos de Downing Street, Los Angeles Times, 23 jun 2005.
10- McClatchy Newspapers (USA), 27 mars.
11- Eva Golinger, Code Chavez, CIA contra Venezuela, Liége, 2006.
(*) Jornalista, escritor e historiador belga ?
Granma

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Um comandante da CIA para os rebeldes líbios BASENAME: canta-o-merlo-um-comandante-da-cia-para-os-rebeldes-libios DATE: Thu, 02 Jun 2011 16:34:03 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Revoltas da CIA

Por Patrick Martin - World Socialist Web Site

O Conselho Nacional líbio, o grupo com sede em Bengasi que fala em nome das forças rebeldes que combatem ao Estado líbio, nomeou na direcçom das suas operaçons militares a um antigo colaborador da CIA: o ex coronel do Exército líbio Hifter Jalifa.

A eleiçom de Hifter Jalifa, ex coronel do exército líbio, deu-a a conhecer McClatchy Newspapers na passada quinta-feira; o novo chefe militar foi entrevistado por um correspondente de ABC News na noite do domingo.

A chegada de Hifter a Bengasi foi recolhida pola primeira vez pola Al-Yazira o 14 de Março; seguidamente, o virulento e belicista tablóide britânico Daily Mail, fixo-lhe um retrato afagador o 19 de Março.. O Daily Mail descrevia a Hifter como umha das "duas estrelas militares da revoluçom", que "regressou recentemente do exílio em Estados Unidos para prestar às forças rebeldes certa coerência táctica". O jornal nom se referia às suas conexons com a CIA.

McClatchy no Newspapers publicou um perfil de Hifter no domingo. Intitulado "O novo líder rebelde passou a maior parte dos últimos 20 anos nos subúrbios de Virgínia", o artigo assinala que foi comandante do regime de Kadafi até "umha desastrosa aventura militar em Chad a finais de 1980".

Hifter passou-se entom à oposiçom anti-Kadafi e com o tempo emigrou a Estados Unidos onde vivia até há duas semanas, quando regressou a Líbia para tomar o mando em Bengasi.

O perfil de McClatchy concluía: "Desde que chegou a Estados Unidos na década de 1990, Hifter vivia nos subúrbios de Virginia, nos arredor de Washington, DC". Citava a um amigo que afirmava nom saber que fazia Hifter para se manter e que se ocupava em ajudar à sua numerosa família".

Para os que saibam ler entre linhas, este perfil é umha indicaçom quase nom dissimulada do papel de Hifter como agente da CIA. Como, se nom, um alto ex comandante militar líbio entraria em Estados Unidos na década de 1990, poucos anos depois do atentado de Lockerbie, para instalar-se depois perto da capital de Estados Unidos, se nom fora com a permissom e a ajuda activa dos organismos de inteligência estadounidenses" De facto, Hifter viveu em Vienna, Virgínia, a cinco milhas da sede da CIA em Langley, durante duas décadas.

A agência estava muito familiarizada com o trabalho político e militar de Hifter. Um relatório do Washington Post de 26 de Março de 1996, descreve umha rebeliom armada contra Kadafi em Líbia e utiliza umha variante ortográfica do seu nome. O artigo cita testemunhas da rebeliom que informam que "o seu líder é o coronel Haftar Jalifa, de um grupo ao estilo da contra baseado em Estados Unidos denominado Exército Nacional líbio".

A comparaçom refere às forças terroristas da contra financiadas e armadas polo governo de Estados Unidos na década de 1980 contra o governo Sandinista na Nicarágua. O escândalo Irám-Contra, que sacudiu à administraçom Reagan em 1986-87, consistiu na exposiçom pública da venda ilegal de armas de Estados Unidos a Irám com cujos os ingressos se financiou à contra desafiando umha proibiçom do Congresso. Os democratas do Congresso cobriram o escândalo e rejeitaram o pedido de um julgamento político a Reagan por patrocinar actividades flagrantemente ilegais de umha camarilha de ex agentes de inteligência e assistentes da Casa Branca.

Um livro de 2001, ?Manipulations africaines?, publicado por Le Monde Diplomatique, remonta mais atrás mesmo a conexom da CIA, a 1987, informando que Hifter, entom coronel do exército de líbio, foi capturado quando combatia no Chad numha rebeliom apoiada por Líbia contra o governo de Hissène Haverei, apoiado por Estados Unidos. Ele desertou à frente de Salvaçom Nacional líbio (LNSF, nas suas siglas em inglês), o principal grupo de oposiçom a Kadafi, que contava com o respaldo da CIA estadounidense. Organizou a sua própria milícia que operava no Chad até que Haverei foi derrocado por um rival apoiado por França, Idriss Déby, em 1990.

Segundo este livro, "a força de Haftar, criada e financiada pola CIA no Chad, desvaneceu no ar pouco depois de que o governo fosse derrocado por Idriss Déby". O livro também cita um relatório do Serviço de Investigaçom do Congresso de 19 de Dezembro de 1996 segundo o qual o governo de Estados Unidos prestava ajuda financeira e militar à LNSF e um número de membros LNSF fôrom transferidos a Estados Unidos.

Esta informaçom está disponível para qualquer que faga umha procura, mesmo superficial, na Internet; contodo, nom foi mencionada polos médios de comunicaçom controlados polas corporaçons de Estados Unidos, excepto no envio de McClatchy que evita qualquer referência à CIA. Nengumha das cadeias de televisom ocupadas em louvar aos "luitadores pola liberdade" do lês-te de Líbia, incomodou-se em informar de que estas forças estám agora ao mando de um antigo colaborador dos serviços de inteligência de Estados Unidos.

Também nem os liberais nem a "esquerda" entusiasta da intervençom de Estados Unidos e Europa assinalaram-no. Estám demasiado ocupados aclamando à administraçom Obama pola seu multilateralismo e pola sua posiçom "consultiva" sobre a guerra, supostamente tam diferente do enfoque unilateral e "vaqueiro" da administraçom Bush no Iraque. Que o resultado seja o mesmo "morte e destruiçom chovendo sobre a populaçom, a soberania e a independência de um país ex colonial pisadas" nom significa nada para esses apologistas do imperialismo.

O papel de Hifter, ajeitadamente descrito há 15 anos como o líder de um "grupo ao estilo da contra", demonstra as verdadeiras forças de classe que estám a operar na tragédia líbia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Compreender a guerra da Líbia BASENAME: canta-o-merlo-compreender-a-guerra-da-libia DATE: Mon, 30 May 2011 21:22:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

 
Compreender a guerra da Líbia


27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?
 

Michael Collon (*), que já publicou vários livros sobre as estratégias da guerra dos EUA e da mídia nos conflitos precedentes, apresenta uma análise global do caso líbio, em três partes: I: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra; II: Os verdadeiros objetivos dos EUA vão mais além do petróleo; III: Pistas para atuar

1ª PARTE: Perguntas que é preciso colocar em cada guerra.

27 vezes. Vinte e sete vezes os EUA bombardearam algum país, desde 1945. E cada vez tem-nos afirmado que estes atos de guerra eram "justos" e "humanitários". Hoje, dizem-nos que esta guerra é diferente das precedentes. O mesmo que foi dito da anterior. E da anterior. E de cada vez. Não estamos já na hora de pôr a preto e branco as perguntas que é preciso colocar em cada guerra para não deixar-se manipular?
HÁ SEMPRE DINHEIRO PARA A GUERRA?
No país mais poderosos do globo, 45 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza. Nos EUA, escolas e serviços públicos estão ruindo porque o Estado "não tem dinheiro". Na Europa, também acontece o mesmo, "não há dinheiro" para as pensões ou para a promoção do emprego.
Porém, quando a cobiça dos banqueiros desencadeia a crise financeira, então, em só uns dias, aparecem bilhões para os salvar. Isto permitiu aos banqueiros dos EUA repartirem no ano passado US$ 140 bilhões de lucros e bônus a seus acionistas e especuladores.
Também para a guerra parece fácil encontrar bilhões. Ora bem, são nossos impostos que pagam estas armas e estas destruições. É razoável converter em fumaça centenas de milhares de euros em cada míssil ou esbanjar cinquenta mil euros por hora de um porta-aviões? Ou será porque a guerra é um bom negócio para alguns? Ao mesmo tempo, uma criança morre de fome a cada cinco segundos e o número de pobres não cessa de aumentar no nosso planeta, apesar de tantas promessas.
Qual a diferença entre um líbio, um bareinita e um palestino? Presidentes, ministros, generais, todos juram solenemente que seu objetivo é unicamente salvar os líbios. Mas, ao mesmo tempo, o sultão do Barein esmaga os manifestantes desarmados, graças aos dois mil soldados sauditas enviados pelos EUA! Ao mesmo tempo, no Iêmen, as tropas do ditador Saleh, aliado dos EUA, matam 52 manifestantes com suas metralhadoras. Estes fatos ninguém os põe em dúvida, mas o ministro dos EUA para a guerra, Robert Gates, acabou de declarar: "Não acho que seja o meu papel intervir nos assuntos internos de Iêmen".(1)
Por que estes dois pesos e duas medidas? Por que Saleh acolhe docilmente a 5ª Frota dos EUA e diz sim a todo o que Washington ordenar? Por que o regime bárbaro da Arabia Saudita é cúmplice das multinacionais petrolíferas? Será que existem "bons ditadores" e "maus ditadores"? Como os EUA e a França podem pretender ser "humanitários"? Quando Israel matou dois mil civis nos bombardeios sobre Gaza, eles declararam uma zona de exclusão aérea? Não. Decretaram alguma sanção? Nenhuma. Ainda pior, Solana, então responsável pelos Assuntos Exteriores da UE declarou em Jerusalém: "Israel é um membro da UE sem ser membro de suas instituições. Israel faz parte ativa de todos os programas de pesquisa e de tecnologia da Europa dos 27". Acrescentando ainda: "Nenhum país fora do continente tem o mesmo tipo de relacionamentos que Israel com a União Européia". Neste ponto, Solana tem razão: A Europa e seus fabricantes de armas colaboram estreitamente com Israel na fabricação de 'drones', mísseis e outros armamentos que semeiam a morte em Gaza.
Recordemos que Israel, que expulsou 700 mil palestinos das suas aldeias, em 1948, se recusa a devolver-lhe seus direitos e continua cometendo inumeráveis crimes de guerra. Sob esta ocupação, 20% da população palestina atual está ou passou pelas prisões israelenses. Mulheres grávidas foram obrigadas a darem à luz atadas ao leito e reenviadas imediatamente às suas celas com os bebês. Esses crimes são cometidos com a cumplicidade dos EUA e da UE.
A vida de um palestino ou de um barenita vale menos do que a de um líbio? Há árabes "bons" e árabes "maus"?

PARA OS QUE AINDA ACREDITAM NA GUERRA HUMANITÁRIA...

Num debate televisionado que tive com Louis Michel, ex-ministro belga dos Assuntos Exteriores e Comissário Europeu para a Cooperação e o Desenvolvimento, este me jurou, com a mão no peito, que esta guerra tinha como objetivo "pôr de acordo as consciências da Europa". Era apoiado por Isabelle Durant, líder dos Verdes belgas e europeus. Dessa forma, os ecologistas ("peace and love") viraram belicistas!
O problema é que a cada vez mais nos falam de guerra humanitária e que gente de esquerda como Durant se deixa enganar. Não fariam melhor em ler o que pensam os verdadeiros líderes dos EUA em vez de olharem e assistirem a TV? Escutem, por exemplo, a propósito dos bombardeios contra o Iraque, o célebre Alan Greenspan, durante muito tempo diretor da Reserva Federal dos EUA. Greenspan escreve em suas memórias: "Sinto-me triste quando vejo que é politicamente incorreto reconhecer o que todo mundo sabe: a guerra no Iraque foi exclusivamente pelo petróleo" (2). E acrescenta: "Os oficiais da Casa Branca responderam-me: 'pois, efetivamente, infelizmente não podemos falar de petróleo'". (3)
A propósito dos bombardeios sobre a Jugoslávia escutem John Norris, diretor de Comunicações de Strobe Talbot que, nesse então, era vice-ministro dos EUA dos Assuntos Exteriores encarregado para os Bálcãs. Norris escreve em suas memórias: "O que melhor explica a guerra da OTAN é que a Jugoslávia se resistia às grandes tendências de reformas políticas e econômicas (quer dizer: negava-se a abrir mão do socialismo), e esse não era nosso compromisso com os albaneses do Kosovo". (4)
Escutem, a propósito dos bombardeios contra o Afeganistão, o que dizia o antigo ministro de Assuntos Exteriores, Henri Kissinger: "Há tendências, sustentadas pela China e pelo Japão, de criar uma zona de livre-câmbio na Ásia. Um bloco asiático hostil, que combine as nações mais povoadas do mundo com grandes recursos e alguns dos países industrializados mais importantes, seria incompatível com o interesse nacional americano. Por estas razões, a América deve manter a sua presença na Ásia..." (5)
O que vinha a confirmar a estratégia avançada por Zbigniew Brzezinski, que foi responsável pela política exterior com Carter e é o inspirador de Obama: "Eurasia (Europa+Ásia) é o tabuleiro sobre o qual se desenvolve o combate pela primacia global. (?) A maneira como os EUA "manejam" a Eurasia é de uma importância crucial. O maior continente da superfície da terra é também seu eixo geopolítico. A potência que o controlar, controlará de fato duas das três grandes regiões mais desenvolvidas e mais produtivas: 75% da população mundial, a maior parte das riquezas físicas, sob a forma de empresas ou de jazidas de matérias-primas, 60% do total mundial". (6)
Nada aprendeu a esquerda das falsidades humanitárias transmitidas pela mídia nas guerras precedentes? Quando o próprio Obama falou, tampouco acreditaram nele? Neste mesmo 28 de março, Obama justificava assim a guerra da Líbia: "Conscientes dos riscos e das despesas da atividade militar, somos naturalmente reticentes a empregar a força para resolver os numerosos desafios do mundo. Mas quando os nossos interesses e valores estão em jogo, temos a responsabilidade de agir. Vistos os custos e riscos da intervenção, temos que calcular, a cada vez, nossos interesses ante a necessidade de uma ação. A América tem um grande interesse estratégico em impedir que Kadafi derrote a oposição".
Não está claro? Então alguns vão e dizem: "Sim, é verdade, os EUA não reagem se não virem nisso o seu interesse. Mas ao menos, já que não pode intervir em todos os sítios, salvará àquela gente" Falso. Vamos demonstrar que são unicamente seus interesses os que procura defender. Não os valores. Em primeiro lugar, cada guerra dos EUA produz mais vítimas do que a anterior (um milhão no Iraque, diretas ou indiretas). A intervenção na Líbia, prepara-se para produzir mais...
QUEM SE NEGA A NEGOCIAR?
Desde o momento em que colocarem uma dúvida sobre a oportunidade desta guerra contra a Líbia, imediatamente serão culpados: "então recusam-se a salvar os líbios do massacre? Assunto mal proposto. Suponhamos que todo o que se nos tem contado fosse verdade. Em primeiro lugar, pode-se parar um massacre com outro massacre? Já sabemos que nossos exércitos ao bombardearem vão matar muitos civis inocentes. Inclusive se, como a cada guerra, os generais nos prometem que vai ser "limpa"; já estamos habituados a essa propaganda.
Em segundo lugar, há um meio bem mais singelo e eficaz de salvar vidas. Todos os países da América latina propuseram enviar imediatamente uma mediação presidida por Lula. A Liga Árabe e a União Africana apoiavam esta gestão e Kadafi tinha-a aceitado (propondo ele também que fossem enviados observadores internacionais para verificar o cessar-fogo). Mas os insurgentes líbios e os ocidentais recusaram esta mediação.
Por quê? "Porque Kadafi não é de fiar", dizem. É possível. E os insurgentes e os seus protetores ocidentais são sempre de fiar? A propósito dos EUA, convém recordar como se comportaram em todas as guerras anteriores, cada vez que um cessar-fogo era possível. Em 1991, quando Bush pai atacou o Iraque, porque este invadia o Kuweit, Saddam Hussein propôs se retirar e que Israel se retirasse também dos territórios ilegalmente ocupados na Palestina. Mas os EUA e os países europeus recusaram seis propostas de negociação. (7)
Em 1999, quando Clinton bombardeou a Jugoslávia, Milosevic aceitava as condições impostas em Rambouillet, mas os EUA e a OTAN acrescentaram uma, intencionadamente inaceitável: a ocupação total da Sérvia.
Em 2001, quando Bush filho atacou o Afeganistão, os talibãs propunham a entrega de Bin Laden a um tribunal internacional se eram apresentadas provas do seu envolvimento, mas Bush rejeitou a negociação.
Em 2003, quando Bush filho atacou o Iraque, sob o pretexto das armas de destruição em massa, Saddam Hussein propôs o envio de inspetores, mas Bush o recusou porque ele sabia que os inspetores não iam encontrar nada. Isto está confirmado na divulgação de um memorando de uma reunião entre o governo britânico e os líderes dos serviços secretos britânicos, em julho de 2002: "os líderes britânicos esperavam que o ultimato fosse redigido em termos inaceitáveis, de modo que Saddam Hussein o recusasse diretamente. Mas não estavam certos de que isso iria funcionar.
Então tinham um plano B: que os aviões que patrulhavam a "zona de exclusão aérea" lançassem muitíssimas mais bombas à espera de uma reação que desse a desculpa para uma ampla campanha de bombardeios. (9) Então, antes de afirmar que "nós" dizemos sempre a verdade e que "eles" sempre mentem, asssim como que "nós" procuramos sempre uma solução pacífica e "eles" não querem se comprometer, teria que ser mais prudentes... Mais cedo ou mais tarde, a gente saberá o que se passou com as negociações nos bastidores e constatará, mais uma vez, que foi manipulada. Mas será muito tarde e os mortos já não os ressuscitaremos.

A LÍBIA É IGUAL QUE A TUNÍSIA OU O EGITO?

Na sua excelente entrevista publicada há alguns dias por Investi'Action, Mohamed Hassan, professor de doutrina islâmica e especialista do Oriente Médio, colocava a verdadeira questão: "Líbia: levante popular, guerra civil ou agressão militar?" À luz de recentes investigações é possível responder: as três coisas. Uma revolta espontânea rapidamente recuperada e transformada em guerra civil (que já estava preparada), tudo servindo de pretexto para uma agressão militar. A qual, também, estava preparada. Nada em política cai do céu. Consigo explicar-me?
Na Tunísia e no Egito a revolta popular cresceu progressivamente em umas semanas, organizando-se pouco a pouco e unificando-se em reivindicações claras, o que permitiu derrotar os tiranos. Mas, quando analisamos a sucessão ultrarrápida dos acontecimentos em Benghazi, a gente fica intrigada. Em 15 de fevereiro houve manifestações de parentes de presos políticos da revolta de 2006.
Manifestação duramente reprimida como foi sempre na Líbia e nos demais países árabes. Dois dias escassos mais tarde, outra manifestação, desta vez os manifestantes saem armados e passam diretamente a uma escalada contra o regime de Kadafi. Em dois dias, incrivelmente, uma revolta popular se converte em guerra civil. Totalmente espontânea?
Para saber isso, é preciso examinar o que se oculta abaixo do impreciso vocábulo "oposição líbia". Em minha opinião, quatro componentes com interesses muito diferentes :

1º Uma oposição democrática.
2º Dirigentes de Kadafi "regressados" do oeste.
3º Clãs líbios descontentes da partilha das riquezas.
4º Combatentes de tendência islãmica. Quem compõe esta "oposição líbia"?

Em toda esta rede é importante sabermos de que estamos a falar. E sobretudo, que fação é a aceite pelas grandes potências...
1º Oposição democrática. É legítimo ter reivindicações ante o regime de Kadafi, tão ditatorial e corrupto como os outros regimes árabes. Um povo tem o direito de querer substituir um regime autoritário por um sistema mais democrático. No entanto, estas reivindicações estão até hoje pouco organizadas e sem programa concreto. Temos, ainda, no estrangeiro, movimentos revolucionários líbios, igualmente dispersos, mas todos opostos à ingerência estrangeira. Por diversas razões que expomos mais adiante, não são estes elementos democráticos os que têm muito que dizer hoje, sob a bandeira dos EUA nem da França.
2º Dignatários "regressados". Em Bengazhi, um "governo provisório" foi instaurado e está dirigido por Mustafá Abud Jalil. Este homem era, até 21 de fevereiro, ministro da Justiça de Kadafi. Dois meses antes, a Anistia Internacional tinha-o posto na lista dos mais horríveis responsáveis por violações de direitos humanos do norte da África. É este indivíduo o que, segundo as autoridades búlgaras, organizava as torturas de enfermeiras búlgaras e do médico palestino detidos durante longo tempo pelo regime.
Outro "homem forte" desta oposição é o general Abdul Faah Yunis, ex-ministro do Interior de Kadafi e antes chefe da polícia política. Compreende-se que Massimo Introvigne, representante da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) para a luta contra o racismo, a xenofobia e a discriminação, estime que estes personagens "não são os 'sinceros democratas' dos discursos de Obama, mas foram dos piores instrumentos do regime de Kadafi, que aspiram a tirar o coronel para tomar seu lugar".

3º Clãs descontentes.

Como sublinhava Mohamed Hassan, a estrutura da Líbia continua sendo tribal. Durante o período colonial, sob o regime do rei Idriss, os clãs do Leste dominavam e aproveitavam-se das riquezas petrolíferas. Após a revolução de 1969, Kadafi apoiou-se nas tribos do oeste e o Leste viu-se desfavorecido. É lamentável; um poder democrático e justo deve zelar por eliminar as discriminações entre as regiões. Pode-se perguntar se as antigas potências coloniais não incitaram as tribos rebeldes para enfraquecer a unidade do país. Não seria a primeira vez. Hoje, França e os EUA apostam nos clãs do Leste para tomar o controle do país. Dividir para reinar, um velho dito clássico do colonialismo.
4° Elementos da Al-Qaeda. Cabogramas difundidos pelo Wikileaks advertem que o Leste da Líbia era, proporcionalmente, o primeiro exportador no mundo de "combatentes mártires" no Iraque. Relatórios do Pentágono descrevem um cenário "alarmante" acerca dos rebeldes líbios de Bengazhi e Derna. Derna, uma cidade de escassos 80.000 habitantes, seria a fonte principal de yihaidistas no Iraque. Da mesma forma, Vincent Cannistrar, antigo chefe da CIA na Líbia, assinala entre os rebeldes muitos "extremistas islâmicos capazes de criar problemas" e que "as possibilidades [são] muito altas de que os indivíduos mais perigosos possam ter uma influência, caso Kadafi cair".
Evidentemente tudo isto se escrevia quando Kadafi era ainda um "amigo". Mas isto mostra a ausência total de princípios no chefe dos EUA e dos seus aliados. Quando Kadafi reprimiu a revolta islamista de Bengazhi, em 2006, fez isso com as armas e o apoio de Ocidente. Uma vez, somos contra os combatentes do tipo Bin Laden, outra vez, utilizamo-los. Vamos lá ver como.
Entre estas diversas "oposições" qual prevalecerá? Pode ser este também um objetivo da intervenção militar de Washington, Paris e Londres: tentar que "os bons" ganhem? Os bons do ponto de vista deles, é claro. Mais tarde, vai utilizar-se a "ameaça islâmica" como pretexto para se instalarem de forma permanente. Em qualquer caso uma coisa é segura: o cenário libio é diferente dos cenários tunisino ou egípcio. Ali era "um povo unido contra um tirano". Aqui estamos em uma guerra civil, com um Kadafi que conta com o apoio de uma parte da população. E nesta guerra civil o papel que jogaram os serviços secretos americanos e franceses já não é tão secreto...
Qual foi o papel dos serviços secretos?
Na realidade, o assunto líbio não começou em fevereiro em Benghazi, mas sim em Paris, em 21 de outubro de 2010. Segundo revelações do jornalista Franco Bechis (Libero, 24 de março), nesse dia, os serviços secretos franceses prepararam a revolta de Benghazi. Fizeram "voltar" (ou talvez já anteriormente) Nuri Mesmari, chefe do protocolo de Kadafi, praticamente seu braço direito. O único que entrava sem chamar na residência do líder líbio. Em uma viagem a Paris com toda sua família para uma cirurgia, Mesmari não se encontrou com nenhum médico, pelo conttrário, teve encontros com vários servidores públicos dos serviços secretos franceses e com próximos colaboradores de Sarkozy, segundo o boletim digital Magreb Confidential.
Em 16 de novembro, no hotel Concorde Lafayette, prepararia uma imponente delegação que devia viajar dois dias mais tarde a Benghazi. Oficialmente, tratava-se de responsáveis pelo ministério da Agricultura e de líderes das firmas France Export Céréales, France Agrimer, Louis Dreyfus, Glencore, Cargill e Conagra. Mas, segundo os serviços italianos, a delegação incluía também vários militares franceses camuflados como homens de negócios. Em Benghazi, encontraram-se com Abdallah Gehani, um coronel líbio ao que Mesmari lhes tinha apresentado como disposto a desertar.
Em meados de dezembro, Kadafi, desconfiando, enviou um emissário a Paris para tentar contactar com Mesmari. Mas este foi preso na França. Outros líbios vão de visita a Paris no dia 23 de dezembro e são eles que vão dirigir a revolta de Benghazi com as milícias do coronel Gehani. Ainda, Mesmari revelou inúmeros segredos da defesa líbia. De tudo isto resulta que a revolta no Leste não foi tão espontânea como nos foi dito. Mas isto não é tudo. Não só foram os franceses?
Quem dirige atualmente as operações militares do "Conselho Nacional Líbio" anti-Kadafi? Um homem justamente chegado dos EUA, em 14 de março, segundo Al-Jazzira. Apresentado como uma das duas "estrelas" da insurreição líbia, pelo jornal britânico de direita, Dail Mail, Khalifa Hifter é um antigo coronel do exército líbio exilado nos EUA. Foi um dos principais comandantes da Líbia até a desastrosa expedição ao Chade, no final dos 80; emigrou imediatamente para os EUA e viveu os últimos vinte anos na Virgínia. Sem nenhuma fonte de rendimentos conhecida, mas a muito pouca distância dos escritórios... da CIA (10). O mundo é um muito pequeno.
Como é que um militar líbio de alta patente pode entrar com toda a tranquilidade nos EUA, uns anos após o atentado terrorista de Lockerbie, pelo qual a Líbia foi condenada, e viver durante vinte anos, tranquilamente, ao lado da CIA? Por força teve que oferecer algo em troca.
Publicado em 2001, o livro Manipulations africaines (Manipulações africanas) de Pierre Péan, traça as conexões de Hifter com a CIA e a criação, com o apoio da mesma, da Frente Nacional de Libertação Líbia. A única façanha da tal frente será a organização, em 2007, nos EUA, de um "congresso nacional" financiado pelo National Endowment for Democracy(11), tradicionalmente o mediador da CIA para manter lubrificadas as organizações a serviço dos EUA.
Em março deste ano, em data não comunicada, o presidente Obama assinou uma ordem secreta que autoriza a CIA a empreender operações na Líbia, para derrocar Kadafi. O The Wall Street Journal, que informa disso, em 31 de março, acrescenta: "Os responsáveis pela CIA reconhecem ter estado ativos na Líbia desde fazia várias semanas, tal como outros serviços secretos ocidentais".
Tudo isto já não é muito secreto, circula pela Internet faz algum tempo; o que é estranho é que a grande mídia não diga nem uma palavra. No entanto, conhecem-se muitos exemplos de "combatentes da liberdade" armados deste modo e financiados pela CIA. Por exemplo, nos anos 80, as milícias terroristas da 'contra', organizadas por Reagan para desestabilizarem a Nicarágua e derrocarem seu governo progressista. Nada se aprendeu da História? Esta "Esquerda" européia que aplaude os bombardeios não utiliza a Internet?
Terá que se estranhar de que os serviços secretos italianos "delatem" assim as façanhas dos seus colegas franceses e que estes "delatem" seus colegas americanos? Isso só é possível se acreditarmos em histórias bonitas sobre a amizade entre "aliados ocidentais" Já falaremos... (Extraído do Investig'Action)
Notas:
1- Reuters, 22/3.
2- Sunday Times, 16 setembro 2007.
3- Washington Post, 17 setembro 2007.
4- Collision Course, Praeger, 2005, p.xiii.
5- Does America need a foreign policy, Simon and Schuster, 2001, p. 111.
6- Le Grand Echiquier, Paris 1997, p. 59-61
7- Michel Collon, Attention, médias Bruxelles, 1992, p. 92.
8- Michel Collon, Monopoly, - L'Otan á la conquête du monde, Bruxelles 2000, page 38.
9- Michael Smith, La véritable information des mémos de Downing Street, Los Angeles Times, 23 jun 2005.
10- McClatchy Newspapers (USA), 27 mars.
11- Eva Golinger, Code Chavez, CIA contra Venezuela, Liége, 2006.
(*) Jornalista, escritor e historiador belga ?
Granma
----- COMMENT: AUTHOR: samuel [Visitante] DATE: Thu, 09 Jun 2011 03:52:34 +0000 URL:

esta gerra esta na africa e onde se encontra a uniao africana na ivasao americana . Porque nao ha intervecao africana .quem nao mata para defender o seu poder.no mundo nao ha justica e so ganacia por mim chouro pelos libios massacrados sem defesa . Os maiores terroristas sao os prepotentes eles matam e nao sao julgados .quem julgou bush pela mentira do iraque tudo isto e vergonha . Se ouvesse outro mundo averiamos de fugir para la mas e pena ‘

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Interesses do Saqueio e Genocidio em Líbia-A Guerra Petroleira BASENAME: canta-o-merlo-interesses-do-saqueio-e-genocidio-em-libia-a-guerra-petroleira DATE: Thu, 26 May 2011 23:10:43 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Guerra Petroleira

Por Manlio Dinucci - Global Research

As estratégias da guerra económica detrás do ataque contra Líbia

Já se começou a invadir Líbia, ainda que se diga o contrário. A guerra foi preparada polas unidades de assalto, as quais efectuam operaçons desde há já tempo: essas unidades vam a favor das companhias petroleiras potentes e dos bancos de investimentos estadounidenses e europeus.

Quais som os interesses em jogo? A resposta a esta questom aparece num artigo do Wall Street Journal, jornal famoso de assuntos e finanças (For West's Gil Firms, No Love in Libya). Depois da aboliçom das sançons em 2003, as companhias petroleiras ocidentais tenhem afluído com grandes esperanças mas ficárom decepcionadas.

A partir de um sistema conhecido baixo o nome de Epsa-4, o governo líbio concedia licenças de exploraçom às companhias estrangeiras que deixavam à companhia estatal (National Oil Corporation of Libya, Noc) a percentagem mais elevada de petróleo extraído: dada concorrência, esta percentagem chegava a alcançar 90%. "A escala mundial, os contratos Epsa-4 eram os que continham as regras mais duras para as companhias petroleiras", dixo Bob Fryklund, o antigo presidente da sociedade estadounidense Conoco Phillips em Líbia.

Os motivos polos quais se criou a "Libyan Oil Company" -operaçom decidido em Washington, Londres, Paris e nom em Bengazi- polo Conselho nacional de transiçom, aparecem claramente: esta companhia involucra um vazio semelhante a umha das sociedades que chave em mao esstám listas para os que investem em paraísos fiscais. Está destinada a substituir a Noc em canto os "voluntários" tenham controladas as zonas petrolíferas. Terá como missom conceder licenças com condiçons mais que favoráveis às companhias estadounidenses, britânicas e francesas. Contodo, as companhias que, antes da guerra, eram as principais produtoras de petróleo em Líbia, ver-se-iam castigadas: delas, a primeira seria a Eni (Sociedade Nacional Italiana dos hidrocarburos, NdT) a qual pagou mil milhons de desbastares em 2007 para que estejam asseguradas as suas concessons até o 2042, logo em segundo largo viria a sociedade alemám Wintershall. As companhias russas e chinesas teriam umha sançom mais elevada devido ao acordo de 14 de Março (de 2011), com Gadafi quem prometera dar-lhes as concessons petroleiras que ia retirar às companhias europeias e estadounidenses. Os "voluntários" tenhem também previsto, no seu plano, a privatizaçom da companhia estatal que pensam impor polo Fundo Monetário Internacional a mudança de ajudas" para que se reconstruam as indústrias e infra-estruturas que destruíram os próprios "voluntários" com os seus bombardeios.

Aparece também de maneira clara a razom pola qual foi criada, em Bengazi, a "Central Bank of Libya". Trata-se de outro esvazio que se involucra e que ademais tem umha missom futura importante: a de gerir categoricamente os fundos soberanos líbios -mais de 150 mil milhons de dólares que o governo líbio havia investido no estrangeiro- quando estejam desbloqueados" polos Estados Unidos e polas mais grandes potências europeias. Pode-se demonstrar quem se encarregasse da gestom. O coloso bancário britânico Hsbc é o "guardiám" principal dos investimentos líbios "bloqueadas" em Reino Unido (um 25 mil milhons de euros): umha equipa de altos funcionários Hsbc está a trabalhar em Bengazi para pôr em marcha o novo "Central Bank of Libya". Resultasse umha tarefa fácil para Hsbc e outros grandes bancos de investimentos orientar os investimentos líbios em funçom das suas estratégias.

Um dos seus objectivos é afundar os organismos financeiros da Uniom Africana cujo nascimento foi possível em maior parte graças aos investimentos líbios: o Banco Africano de investimentos, com a seu escritório central em Trípoli; o Banco Central Africano, com escritório central em Abuja (Nigéria); o Fundo monetário Africano, com escritório central em Yaoundé (Camerún). Este último, que possui um capital programado a mais de 40 mil milhons de dólares, poderia suplantar na África ao Fundo monetário internacional, o qual dominou até agora as economias africanas abrindo as vias às multinacionais e aos bancos de investimentos estadounidenses e europeus. Ao atacar Líbia, os "voluntários" (1) tentam afundar aos organismos que poderiam actuar para que a autonomia financeira da África fosse algum dia possível.

(*)Manlio Dinucci é colaborador frequente de Global Research. Global Research Articles by Manlio Dinucci
Ediçom do domingo 1 de Maio de 2011 de il manifesto.
(1) O autor refere-se aqui à comunidade internacional.
Texto em francês : Derrière l'attaque contre a Libye lhes stratégies da guerre économique

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Jeitos de se manifestar a TIRANIA BASENAME: canta-o-merlo-jeitos-de-se-manifestar-a-tirania DATE: Thu, 26 May 2011 23:08:35 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Tirania tem dous jeitos de se manifestar;

por Ossiám

Interna, submetendo todos os poderes do Estado a um homem providencial, ou a um jogo parlamentar onde os eleitos nom tenhem obriga com os eleitores senom com quem lhe finança as campanhas (Bancos, Transnacionáis, Oligarquias, etc.)

Externa, que em nome do saber ou da técnica, exercerá em realidade o poder político, porque em nome de umha economia eficiente ditará a política monetária, orçamental, social, nacional e internacional, levando aos trabalhadores e cidadás à miséria e a precariedade, mentres os seus beneficiários (políticos, banqueiros, patrons) enriquecem-se.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Interesses do Saqueio e Genocidio em Líbia-A Guerra Petroleira BASENAME: canta-o-merlo-razons-do-saqueio-e-genocidio-em-libia-a-guerra-petroleira DATE: Tue, 24 May 2011 09:49:31 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A Guerra Petroleira

Por Manlio Dinucci - Global Research

As estratégias da guerra económica detrás do ataque contra Líbia

Já se começou a invadir Líbia, ainda que se diga o contrário. A guerra foi preparada polas unidades de assalto, as quais efectuam operaçons desde há já tempo: essas unidades vam a favor das companhias petroleiras potentes e dos bancos de investimentos estadounidenses e europeus.

Quais som os interesses em jogo? A resposta a esta questom aparece num artigo do Wall Street Journal, jornal famoso de assuntos e finanças (For West's Gil Firms, No Love in Libya). Depois da aboliçom das sançons em 2003, as companhias petroleiras ocidentais tenhem afluído com grandes esperanças mas ficárom decepcionadas.

A partir de um sistema conhecido baixo o nome de Epsa-4, o governo líbio concedia licenças de exploraçom às companhias estrangeiras que deixavam à companhia estatal (National Oil Corporation of Libya, Noc) a percentagem mais elevada de petróleo extraído: dada concorrência, esta percentagem chegava a alcançar 90%. "A escala mundial, os contratos Epsa-4 eram os que continham as regras mais duras para as companhias petroleiras", dixo Bob Fryklund, o antigo presidente da sociedade estadounidense Conoco Phillips em Líbia.

Os motivos polos quais se criou a "Libyan Oil Company" -operaçom decidido em Washington, Londres, Paris e nom em Bengazi- polo Conselho nacional de transiçom, aparecem claramente: esta companhia involucra um vazio semelhante a umha das sociedades que chave em mao esstám listas para os que investem em paraísos fiscais. Está destinada a substituir a Noc em canto os "voluntários" tenham controladas as zonas petrolíferas. Terá como missom conceder licenças com condiçons mais que favoráveis às companhias estadounidenses, britânicas e francesas. Contodo, as companhias que, antes da guerra, eram as principais produtoras de petróleo em Líbia, ver-se-iam castigadas: delas, a primeira seria a Eni (Sociedade Nacional Italiana dos hidrocarburos, NdT) a qual pagou mil milhons de desbastares em 2007 para que estejam asseguradas as suas concessons até o 2042, logo em segundo largo viria a sociedade alemám Wintershall. As companhias russas e chinesas teriam umha sançom mais elevada devido ao acordo de 14 de Março (de 2011), com Gadafi quem prometera dar-lhes as concessons petroleiras que ia retirar às companhias europeias e estadounidenses. Os "voluntários" tenhem também previsto, no seu plano, a privatizaçom da companhia estatal que pensam impor polo Fundo Monetário Internacional a mudança de ajudas" para que se reconstruam as indústrias e infra-estruturas que destruíram os próprios "voluntários" com os seus bombardeios.

Aparece também de maneira clara a razom pola qual foi criada, em Bengazi, a "Central Bank of Libya". Trata-se de outro esvazio que se involucra e que ademais tem umha missom futura importante: a de gerir categoricamente os fundos soberanos líbios -mais de 150 mil milhons de dólares que o governo líbio havia investido no estrangeiro- quando estejam desbloqueados" polos Estados Unidos e polas mais grandes potências europeias. Pode-se demonstrar quem se encarregasse da gestom. O coloso bancário britânico Hsbc é o "guardiám" principal dos investimentos líbios "bloqueadas" em Reino Unido (um 25 mil milhons de euros): umha equipa de altos funcionários Hsbc está a trabalhar em Bengazi para pôr em marcha o novo "Central Bank of Libya". Resultasse umha tarefa fácil para Hsbc e outros grandes bancos de investimentos orientar os investimentos líbios em funçom das suas estratégias.

Um dos seus objectivos é afundar os organismos financeiros da Uniom Africana cujo nascimento foi possível em maior parte graças aos investimentos líbios: o Banco Africano de investimentos, com a seu escritório central em Trípoli; o Banco Central Africano, com escritório central em Abuja (Nigéria); o Fundo monetário Africano, com escritório central em Yaoundé (Camerún). Este último, que possui um capital programado a mais de 40 mil milhons de dólares, poderia suplantar na África ao Fundo monetário internacional, o qual dominou até agora as economias africanas abrindo as vias às multinacionais e aos bancos de investimentos estadounidenses e europeus. Ao atacar Líbia, os "voluntários" (1) tentam afundar aos organismos que poderiam actuar para que a autonomia financeira da África fosse algum dia possível.

(*)Manlio Dinucci é colaborador frequente de Global Research. Global Research Articles by Manlio Dinucci
Ediçom do domingo 1 de Maio de 2011 de il manifesto.
(1) O autor refere-se aqui à comunidade internacional.
Texto em francês : Derrière l'attaque contre a Libye lhes stratégies da guerre économique

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Noam Chomsky: 10 jeitos de manipulaçom mediática BASENAME: canta-o-merlo-noam-chomsky-10-jeitos-de-manipulacom-mediatica DATE: Mon, 16 May 2011 19:40:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por Noam Chomsky (*)

1- A Estratégia da Distracçom:

O elemento primordial do controlo social é a estratégia da distracçom que consiste em desviar a atençom do público dos problemas importantes e das mudanças decidido polas elites políticas e económicas, mediante a técnica do diluvio ou inundaçom de contínuas distracçons e de informaçons insignificantes.´

A estratégia da distracçom é igualmente indispensável para impedir ao público interessar polos conhecimentos essenciais, na área da ciência, a economia, a psicologia, a neuro-biologia e a cibernética.

"Manter a Atençom do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter ao público ocupado, ocupado, ocupado, sem nengum tempo para pensar; de volta a granja como os outros animais (cita do texto "Armas silenciosas para guerras tranqüilas)".

2- Criar os Problemas, e logo oferecer as Soluçons:

Este método também é chamado "problema-reacçom-soluçom". Acredite-se um problema, umha "situaçom" prevista para causar certa reacçom no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o candidato de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade.

Ou também: criar umha crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A Estratégia da Gradualidade:

Para fazer com que se aceite umha medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condiçons socio-económicas radicalmente novas (neo-liberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990

Estado mínimo, privatizaçons, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já nom asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que provocassem umha revoluçom se fossem aplicadas de umha só vez.

4- A Estratégia de Diferir:

Outra maneira de fazer aceitar umha decisom impopular é a de apresentá-la como"dolorosa e necessária", obtendo a aceitaçom pública, no momento, para umha aplicaçom futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro que um sacrifício imediato.

Primeiro, porque o esforço nom é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "todo irá melhorar manhá" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar à ideia da mudança e de aceitá-la com resignaçom quando chegue o momento.

5- Dirigir-se aos Cidadaos como Crianças de pouca idade:

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoaçom particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, coma se o espectador fosse umha criatura de pouca idade ou um deficiente mental.

Quanto mais se tente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Por que" "Se um dirige-se a umha pessoa coma se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, entom, em razom da sugestionabilidade, ela tenderá, com verdadeira probabilidade, a umha resposta ou reacçom também deprovista de um sentido crítico como a de umha pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranqüilas")".

6- Utilizar a Emoçom bem mais que a Reflexom:

Fazer uso do aspecto emocional é umha técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e finalmente ao sentido critico dos indivíduos. Por outra parte, a utilizaçom do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsons, ou induzir comportamentos"

7- Manter à Cidadania na Ignorância e na Mediocridade:

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controlo e a sua escravatura. "A qualidade da educaçom dada às classes sociais inferiores deve ser a mas pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que a distancia entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis de alcançar para as classes inferiores (ver "Armas silenciosas para guerras tranqüilas)".

8- Estimular ao Público a ser Complacente com a Mediocridade:

Promover ao público a achar que é moda o facto de ser estúpido, vulgar e inculto"

9- Reforçar o Auto-Culpabilidade ou Auto-Ódio:

Fazer acreditar ao indivíduo que é somente ele o culpado pola sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades, ou dos seus esforços. Assim, em lugar de rebelar contra o sistema económico, o indivíduo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo, um de cujos efeitos é a inibiçom da sua acçom. E, sem acçom, nom há revoluçom!

10- Conhecer aos Indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem:

No transcurso de os últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram umha crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídas e utilizados polas elites dominantes.

Graças à biologia, a neuro-biologia e a psicologia aplicada, o "sistema" desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema conseguiu conhecer melhor ao indivíduo comum do que ele se conhece a sim mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controlo maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre sim mesmos.

(*) Filósofo, activista, autor e analista político. É professor emérito de Lingüística no MIT e umha das figuras mais destacadas da lingüística do século XX, reconhecido na comunidade científica e académica polos seus importantes trabalhos em teoria lingüística e ciência cognitiva. Estados Unidos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A direcçom do PSUV, o silêncio mediático e a deportaçom de Pérez Becerra BASENAME: canta-o-merlo-a-direccom-do-psuv-o-silencio-mediatico-e-a-deportacom-de-perez-becerra DATE: Mon, 09 May 2011 06:46:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

A direcçom do PSUV, o silêncio mediático e a deportaçom de Pérez Becerra

Óscar Acosta os5555@hotmail.com

A entrega do jornalista Joaquim Pérez Becerra ao governo colombiano significa um ponto de inflexom crucial no exemplo que até agora significara a Revoluçom Bolivariana para as forças progressistas e antiimperialistas no mundo. Nengumha consideraçom ou calculo político, absolutamente nengum, justifica a medida. Menos que menos quando ainda estám frescos na memória política nacional a agressom dirigida por Santos, ex-ministro de defesa de Uribe, a Equador ou a incursom de um numeroso contingente paramilitar nos arredor da capital venezuelana com o fim de atentar contra a vida do Presidente Chávez.

Podo perceber, em razom das perversidades da geopolítica e as pressons imperiais, o porque de alguns mudanças em matéria de política internacional. podo percebê-lo, nom justificar-lo. Também compreendo, ainda que me desagradem, os sorrisos e apertons de maos do Presidente Chávez com Santos. Os seus amigos nom tem porque ser os meus amigos. Ante o anúncio de Arias Cárdenas como candidato para a governaçom do Zulia esqueço-me da sua declaraçom traidora o 11 de Abril, evocando a parábola bíblica da ovelha extraviada que regressa ao rebanho. A política é complexa, digo-me. Como trabalhador cultural comprometido com a revoluçom, suporto a duras penas, em exercício limite da minha tolerância e lealdade, os agradecimentos e felicitaçons públicas que lhe dá o Comandante ao ex-ministro de Cap II José António Abreu, santom das classes reaccionárias e espécie de Sai Baba da cultura elitista contemporânea, a quem nunca se lhe escutou umha palavra em favor do socialismo e quem, se tivesse a oportunidade, haver-se-ia babado também diante de Pedro Carmona de triunfar o fascismo. Esta é umha revoluçom pacífica, razoo, e as concessons ao inimigo som inevitáveis. Questom de imagem e tal.

O que é inaceitável é a inconseqüência com os princípios bolivarianos, antepondo razons de Estado aos interesses dos povos em luta, entregando a um revolucionário Singelamente nom se pode ceder ao pedido de um governo caracterizado pola mentira, a violaçom aos direitos humanos e a agressom a outros países, pisando a integridade de um luitador, para colmos em violaçom do direito internacional. Por se há dúvidas, basta remeter à Declaraçom de Princípios do PSUV (Livro Vermelho.) Parafraseando umha frase que sempre cita o Comandante: ?Entre um governo amigo e os princípios, fico com os princípios.? Prefiro, um milhom de vezes, um governo qualificado de ?terrorista? pola canalha imperialista que o agradecimento vergonhoso do presidente Santos. Total, vindo de quem vem, a qualificativo honra.

Ademais do feito em se mesmo quero referir ao silêncio que a alta dirigencia do PSUV mantém a respeito disso, estando como estamos acostumados a essa espécie de repicar de campainhas cada vez que o Comandante fai um anúncio ou toma umha decisom. Nom houvo até agora nengumha declaraçom orientadora ante o assombro de um sector importante da militância, assim como dos numerosos simpatizantes que tem a revoluçom bolivariana noutras latitudes. Recordo ao compatriota Maduro numhas declaraçons motivadas por um incidente fronteiriço, sucedido em Maio do 2008, no que se acusou ao nosso país de invadir território colombiano: ?O ministro Santos odeia a Venezuela, odeia ao nosso povo, odeia ao nosso governo, e insiste na provocaçom? ou ?... o ministro Santos mente, repito, o ministro Santos mente, sempre mente sobre Venezuela, sobre o nosso país?. Eu acreditei-lhe e acredito ao Chanceler. Também lhe acredito a Hector Lavoe (umha das minhas maiores devoçons filosóficas) quando di ?Quem di umha mentira di duas, e di cem, di um milhom?. Assim que, compatriota Chanceler: Santos mente ou nom mente? Como é a ?vaina?? Mente sobre Venezuela mas nom sobre o jornalista de ANNCOL? Menciono a Maduro mas também vale umha declaraçom da eloqüente Cilia, o ex-comandante Soto Rojas ou do cabeça-quente Bernal. Parecesse que se difícil é justificar a medida ainda mas o é criticar o que muitos consideramos um grave erro. Nom escolhemos dirigentes numhas eleiçons internas para que em momentos como este guardem silêncio.

O mesmo pode se dizer dos médios noticiários oficiais. Assim, a esta hora TELESUR, na passado vítima das maquinaçons do duo Varito-Chuky, limita-se a publicar em relaçom ao país irmao intitulares como lês-te ?Colômbia destinou mais de 2,5 bilions de dólares para atender emergência por chuvas?, coma se nom bastará a corporaçom mediática da família Santos para difundir a suposta ajuda governamental ao três milhons de irmaos colombianos afectados as inundaçons, o 80 % dos cales também nom tinha habitaçom antes das catastróficas chuvas. Nem falar da ínfima cobertura que VTV, Vive ou outros meios governamentais ham dado às numerosas e qualificadas opinions adversas à entrega de Pérez Becerra. Grave, tratando de um jornalista que denunciou a barbárie paramilitar e defendeu repetidas vezes à Revoluçom Bolivariana .Fazemos a excepçom de RNV pois fixo possível que escutássemos ao professor Vladimir Acosta, quem no seu programa de opiniom pronunciou-se com sólidos argumentos contra esta decisom.

Votei por este governo mas de umha dúzia de vezes. Mereço umha explicaçom. O meu voto nom foi para apoiar a deportaçom de um revolucionário a pedido de um governante oligarca.

Chegue a Joaquim Pérez Becerra, os seus familiares e colegas de luta o meu mas ferventes sentimentos de solidariedade.

----- COMMENT: AUTHOR: sinistro [Visitante] DATE: Tue, 17 May 2011 00:47:06 +0000 URL:

ooooo queeee ruimmmmmmm!!!!!!!

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: UMA INFÂMIA DO GOVERNO VENEZUELANO BASENAME: canta-o-merlo-uma-infamia-do-governo-venezuelano DATE: Thu, 28 Apr 2011 00:22:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

UMA INFÂMIA DO GOVERNO VENEZUELANO

http://www.resistir.info/

O governo venezuelano, com autorização do Presidente Chávez, entregou dia 26 o jornalista colombiano-sueco Joaquín Pérez Becerra aos seus algozes do regime narco-fascista colombiano. A detenção de Pérez Becerra no aeroporto de Caracas, dia 23 de Abril, foi ilegal. E a sua extradição sumária para a Colômbia, sem qualquer processo, mais ilegal ainda. As autoridades venezuelanas nem sequer permitiram que se entrevistasse com advogados ou com o consul da Suécia, país onde vivia desde 1994 e cuja nacionalidade havia adquirido. Este acto indigno é uma capitulação vergonhosa do governo venezuelano e gera a suspeita de um conluio com os serviços secretos do estado colombiano. Ele vem na sequência de outros análogos realizados anteriormente.

Pérez Becerra é um sobrevivente do genocídio cometido contra a União Patriótica na década de 1980. Refugiado na Suécia, adquiriu a nacionalidade sueca e dirigia ali a agência de notícias ANNCOL. O seu único "crime" foi denunciar ao mundo os massacres do regime de Uribe e de Santos, as fossas comuns, os falsos positivos, o deslocamento de populações, o paramilitarismo e a violação sistemática dos Direitos Humanos por parte do Estado colombiano.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A crise sistémica global BASENAME: canta-o-merlo-a-crise-sistemica-global DATE: Mon, 25 Apr 2011 13:17:09 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Outono de 2011: Orçamento/Títulos do Tesouro/Dólar, as três crises americanas que vão provocar a Enorme Ruptura do sistema económico, financeiro e monetário mundial

por GEAB [*]

Em 15 de Setembro de 2010, o GEAB nº 47 intitulava: "Primavera de 2011: Welcome to the United States of Austerity / Rumo ao enorme pânico do sistema económico e financeiro mundial". No entanto, no fim do Verão de 2010, a maior parte dos peritos considerava, por um lado, que o debate sobre o défice orçamental dos EUA permaneceria um simples objecto de discussões teóricas no seio da Beltway [1] ; por outro, que era impensável imaginar os Estados Unidos a lançarem-se numa política de austeridade uma vez que bastaria ao Fed continuar a imprimir dólares. Ora, como todos podem constatar desde há várias semanas, a Primavera de 2011 trouxe a austeridade aos Estados Unidos [2] , a primeira desde a Segunda Guerra Mundial, e o estabelecimento de um sistema global fundado na aptidão do motor americano a gerar sempre mais riqueza (real nos anos 1950-1970, depois cada vez mais virtual a partir desta data).

Nesta fase, o LEAP/E2020 está pois em condições de confirmar que a próxima etapa da crise será realmente a "Enorme ruptura do sistema económico, financeiro e monetário mundial"; e que esta ruptura acontecerá no Outono de 2011 [3] . As consequências monetárias, financeiras, económicas e geopolíticas desta "Enorme ruptura" serão de uma amplitude histórica e farão a crise do Outono de 2008 parecer aquilo que ela realmente foi: um simples detonador.

A crise no Japão [4] , as decisões chinesas e a crise das dívidas na Europa certamente desempenharão um papel nesta ruptura histórica. Em contrapartida, consideramos que a questão das dívidas públicas dos países periféricos da Eurolândia não é mais o factor de risco dominante na Europa, mas que é o Reino Unido que se encontra na posição do "doente da Europa" [5] . A zona Euro pôs em acção e continua a melhorar todos os dispositivos necessários para tratar destes problemas [6] . A gestão dos problemas grego, português, irlandês, ... será feita portanto de maneira organizada. Investidores privados deverão arcar com descontos (como antecipado pelo LEAP/E2020 antes do Verão de 2010) [7] mas isso não pertence à categoria dos riscos sistémicos, o que desagrada o Financial Times, o Wall Street Journal e peritos da Wall Street e da City que tentam a cada três meses refazer o "golpe" da crise da zona Euro do princípio de 2010 [8] .

Em contrapartida, o Reino Unido fracassou completamente na sua tentativa de "amputação orçamental preventiva" [9] . Com efeito, sob a pressão da rua e nomeadamente dos mais de 400 mil britânicos que enchiam as ruas de Londres em 26/02/2011 [10] , David Cameron viu-se obrigado a rever em baixa seu objectivo de redução das despesas de saúde (um ponto chave das suas reformas) [11] . Paralelamente, a aventura militar líbia obriga igualmente a rever seus objectivos de cortes orçamentais no Ministério da Defesa. Já havíamos indicados no último GEAB que as necessidades de financiamento público britânico continuavam a aumentar, sinal da ineficácia das medidas anunciadas cuja execução na realidade revela-se muito decepcionante [12] . O único resultado da política do tandem Cameron/Clegg [13] é por enquanto a recaída da economia britânica na recessão [14] e o risco evidente de implosão da coligação no poder na sequência do próximo referendo sobre a reforma eleitoral.

Neste GEAB nº 54, nossa equipe dedica-se pois a descrever os três factores-chave que determinam esta Enorme Ruptura global do Outono de 2011 e suas consequências. Paralelamente, nossos investigadores começaram a antecipar a evolução da operação militar franco-anglo-americana na Líbia que consideramos ser um poderoso acelerador do deslocamento geopolítico mundial e esclarece utilmente certas mudanças tectónicas agora em curso nas relações entre grandes potências mundiais. Além disso, no Índice GEAB $, desenvolvemos as nossas recomendações para enfrentar os perigosos trimestres que estão para vir.

Fundamentalmente, o processo que se desenrola sob os nossos olhos, e de que a entrada dos Estados Unidos numa era de austeridade [15] é uma simples expressão orçamental, não é senão a sequência do apuramento dos 30 milhões de milhões de activos fantasmas que invadiram o sistema económico e financeiro mundial no fim de 2007 [16] . Se cerca da metade deles havia desaparecido durante 2009, eles em parte ressuscitaram desde então pela vontade dos grandes bancos centrais mundial e em particular pela Reserva Federal dos EUA e suas "Facilidades quantitativas 1 e 2" ("Quantitative Easings 1 e 2"). Ora, nossa equipe estima que são 20 milhões de milhões destes activos-fantasmas que se vão desvanecer em fumo a partir do Outono de 2011, e de um modo muito brutal sob o efeito conjugado das três mega-crises estado-unidenses em gestação acelerada:

- A crise orçamental, ou como os Estados Unidos mergulham de bom grado ou à força nesta austeridade sem precedentes e vão com isso arrastar panos inteiros da economia e das finanças mundiais
- A crise dos Títulos do Tesouro dos EUA, ou como a Reserva Federal atinge o "fim do caminho" encetado em 1913 e terá de enfrentar a sua falência qualquer que seja a camuflagem contabilística escolhida
- A crise do dólar americano, ou como os sobressaltos da divisa dos EUA que vão caracterizar a travagem da Quantitative Easiang 2 no segundo trimestre de 2011 serão as premissas de uma desvalorização maciça (da ordem dos 30% em algumas semanas).

Bancos centrais, sistema bancário mundial, fundos de pensão, multinacionais, matérias-primas, população americana, economias da zona dólar e/ou dependentes das suas trocas com os Estados Unidos [17] , ... este é o conjunto dos operadores estruturalmente dependentes da economia dos EUA (de que o governo, o Fed e orçamento federal tornaram-se os componentes centrais), dos activos denominados em dólar ou das transacções comerciais em dólares que vão sofrer o choque frontal de 20 milhões de milhões de activos-fantasmas a pura e simplesmente desaparecerem dos seus balanços, das suas aplicações e provocando uma grande baixa nos seus rendimentos reais.

Em torno deste choque histórico do Outono de 2011, que marcará a afirmação definitiva das tendências fortes antecipadas por nossa equipe nos GEAB anteriores, as grandes categorias de activos vão experimentar grandes turbulências exigindo uma vigilância acrescida de todos os operadores preocupados com os seus investimentos e aplicações. Com efeito, esta tripla crise estado-unidense marcará a verdadeira saída do "mundo após 1945" que viu os Estados Unidos desempenharem o papel de Atlas e será portanto marcada por choques e réplicas múltiplas no decorrer dos trimestres que se seguirão.

Exemplo: o dólar pode experimentar a curto prazo efeitos que reforçam o seu valor em relação às principais divisas mundiais (nomeadamente se as taxas de juros dos EUA elevarem-se muito rapidamente após o fim da Quantitative Easing 2), mesmo que, ao cabo de seis meses, sua perda de valor de 30% (em relação ao seu valor actual) seja inelutável. Não podemos portanto senão repetir o conselho figura à cabeça das nossas recomendações desde o princípio dos nossos trabalhos sobre a crise: no quadro de uma crise global de amplitude histórica como esta que atravessamos, o único objectivo racional para os investidores e os poupadores não é ganhar mais, mas sim tentar perder o menos possível.

Isso vai ser particularmente verdadeiro para os próximos trimestres em que o ambiente especulativo vai-se tornar altamente imprevisível no curto prazo. Esta imprevisibilidade a curto prazo tem a ver nomeadamente com o facto de que as três crises americanas que desencadearão a Enorme Ruptura mundial do Outono não estão sincronizadas. Elas estão estreitamente correlacionadas mas não de maneira linear. E uma dentre elas, a crise orçamental, está directamente dependente de factores humanos muito influentes no calendário do seu desenrolar; ao passo que as duas outras (seja o que for que pensem aqueles que vêem nos responsáveis do Fed deuses ou diabos [18] ) doravante no essencial estão inscritas nas tendências fortes em que a acção dos dirigentes americanos tornou-se marginal [19] .

A crise orçamental, ou como os Estados Unidos mergulham de bom grado ou à força nesta austeridade sem precedente e vão arrastar vastos sectores da economia e das finanças mundiais.

Os números podem dar vertigens: "6 milhões de milhões de cortes orçamentais em dez anos" [20] , diz o republicano Ryan, "4 milhões de milhões em doze anos", replica o já candidato para 2012 Barack Obama [21] , "tudo isso está longe de ser suficiente" agrava uma das referências do Tea Parties, Ron Paul [22] . E de qualquer modo, sanciona o FMI, "os Estados Unidos não são críveis quando falam em reduzir seus défices" [23] . Esta observação inabitualmente brutal do FMI, tradicionalmente muito prudente nas suas críticas aos Estados Unidos, é particularmente justificada em relação ao psicodrama que, por causa de um punhado de dezenas de milhares de milhões de dólares, quase fechou o estado federal por falta de acordo entre os dois grandes partidos. Um cenário que vai igualmente reproduzir-se proximamente a propósito do tecto de endividamento federal.

O FMI não faz senão exprimir uma opinião amplamente partilhada pelos credores dos Estados Unidos: se por causa de algumas dezenas de milhares de milhões de dólares de redução dos défices o sistema político americano atinge um tal grau de paralisia, o que se vai passar quando nos próximos meses vão-se impor reduções de várias centenas de milhares de milhões de dólares por ano? A guerra civil? Esta é a opinião em todo caso do novo governador da Califórnia, Jerry Brown [24] , o qual considera que os Estados Unidos enfrentam uma crise de regime idêntica àquela que conduziu à Guerra de Secessão [25] .

O contexto portanto já não é de simples paralisia mas antes de uma confrontação geral entre duas visões do futuro do país. Quanto mais a data das próximas eleições presidenciais (Novembro de 2012) se aproximar, mais a confrontação entre os dois campos irá intensificar-se e desenrolar-se com desprezo para com todas as regras de boa conduta, incluindo a salvaguarda do interesse geral do país: "Os deus tornam loucos aqueles que eles querem perder" diz Ulisses na Odisseia. A cena política washingtoniana vai assemelhar-se cada vez mais a um hospital psiquiátrico [26] nos próximos meses, tornando cada vez mais provável, tornando cada vez mais provável "decisões aberrantes".

Se, para se tranquilizarem acerca do dólar dos Títulos do Tesouro, os peritos ocidentais repetem em uníssono que os chineses seriam loucos em se desembaraçarem destes activos o que não faria senão precipitar a queda de valor, é porque ainda não compreenderam que é de Washington e dos seus comportamentos erráticos que pode vir a decisão que precipitará esta queda. E Outubro de 2012, com a sua votação tradicional do orçamento anual, vai proporcionar o momento ideal para esta tragédia grega que, segundo nossa equipe, não terá happy end pois não é Hollywood e sim o resto do mundo que vai escrever o cenário seguinte.

Seja qual for o caso, por decisão política deliberada, por encerramento do governo federal ou por pressões externa irresistíveis [27] (taxa de juros, FMI + Eurolândia + BRIC [28] ), é certamente no Outono de 2011 que o orçamento federal dos EUA se vai contrair maciçamente pela primeira vez. O prosseguimento da recessão conjugado com o fim da Quantitative Easing 2 vai fazer subir as taxas de juros e portanto aumentar consideravelmente o serviço da dívida federal, num fundo de receitas fiscais em baixa [29] por causa da recaída numa recessão forte. A insolvência federal doravante está logo ali na esquina segundo Richard Fisher, o presidente da Reserva Federal de Dallas [30] .

A sequência no GEAB (para assinantes):

- a crise dos Títulos do Tesouro dos EUA, ou como a Reserva Federal atingiu o "fim do caminho" encetado em 1913 e deve enfrentar a sua falência seja qual for a camuflagem contabilística escolhida
- a crise do dólar americano, ou como os sobressaltos da divisa estado-unidenses que caracterizarão a travagem da Quantitative Easing 2 no segundo trimestre de 2011 serão as premissas de uma desvalorização maciça (da ordem dos 30% em algumas semanas).

Notas:

(1) Expressão americana que designa o núcleo político-administrativo de Washington, situado no interior da rodovia circular local, a Beltway.

(2) Desde machadadas nos orçamentos da acção internacional dos Estados Unidos até às reduções dos programas sociais, das organizações públicas e de categorias inteiras da população americana (latinos, pobres, estudantes, reformados, ...) vão ser a partir de agora duramente afectados pelo que ainda não é senão uma gota de água nos ajustamentos necessários. Os protestos populares começam com os estudantes à cabeça. Fontes: House of Representatives , 13/04/2011; Devex , 11/04/2011; HuffingtonPost , 13/04/2011; Foxnews , 14/04/2011; Foxbusiness , 12/04/2011

(3) O sistema bancário mundial (Europa inclusive), sempre sub-capitalizado e amplamente insolvente, é igualmente um dos elementos desta Enorme Ruptura do Outono de 2011.

(4) No GEAB nº 55, nossa equipe apresentará suas antecipações sobre a questão do nuclear no mundo, incluindo a utilização do método de antecipação política como ferramenta de tomada de decisão neste assunto.

(5) A amplitude da crise orçamental no Reino Unido é infinitamente mais grave do que contam os actuais dirigentes britânicos que contudo se jactam de ter um discurso da verdade. Há de facto dois meios de mentir a um povo: negar a existência de um problema (a posição do Labour de Gordon Brown) ou então não confessar senão uma parte da verdade (visivelmente a escolha do tandem Cameron/Clegg). Em ambos os casos, o problema não é resolvido. Fonte: Telegraph , 26/03/2011

(6) E, a partir de agora e do estabelecimento definitivo da Eurolândia como principal motor europeu aquando da cimeira de 11 de Março último, os quatro países que não participam no pacto "Eurolândia+" de estabilização financeira, ou seja, o Reino Unido, a Suécia, a Hungria e a República Checa, serão convidados a deixar a sala das cimeiras nas discussões sobre as questões financeiras e orçamentais ligadas ao pacto. O EUObserver de 29/03/2011 descreve o pânico que se apoderou das delegações destes quatro países cujos dirigentes desempenham o papel de brutamontes diante dos media e nos discursos destinados às suas respectivas opiniões públicas, mas que sabem muito bem que doravante estão encurralados num papel europeu de segunda classe.

(7) Font: Irish Times , 22/03/2011

(8) É preciso ler a respeito o artigo muito pertinente e muito divertido de Silvi Wadhwa, correspondente na Europa da CNBC, que ridiculariza o caricatural discurso anti-Eurolândia e anti-alemão dos seus colegas dos outros media anglo-saxões; e que recorda muito justamente que as diferenças de situações económicas são ainda mais importantes entre estados americanos do que no interior da Eurolândia e que os problemas de endividamento da Grécia ou de Portugal nada são quando comparados àqueles de um estado como a Califórnia. Fonte: CNBC , 12/04/2011

(9) Retornaremos mais especificamente ao caso britânico no GEAB nº 55, exactamente um ano após a vitória da coligação Conservadores/Liberais Democratas.

(10) Este protesto contra os cortes orçamentais constituiu a mais importante manifestação em Londres desde há mais de vinte ano e foi acompanhada de graves violência "anti-ricos" via ataques, por exemplo, contra o HSBC, o hotel Ritz ou a loja Fortnum & Mason. Como sublinhámos por diversas vezes no GEAB, é muitíssimo significativo constatar que esta manifestação histórica do Reino Unido praticamente não tenha se transformado em manchetes nos media, onde se tornou invisível 48 horas após o seu acontecimento. Quando milhares de cidadãos gregos ou portugueses se manifestam em Atenas ou em Lisboa, em contrapartida, temos direito a uma avalanche de imagens-choque e de comentários descrevendo países à beira do caos. Este "dois pesos e duas medidas" não devem enganar o observador lúcido. Por um lado, há graves dificuldades que doravante são geridas no seio de um conjunto poderoso, a Eurolândia; do outro, há grandes dificuldades que não conseguem mais ser geridas por um país completamente isolado. Acredite nos media ou então reflicta por si mesmo para adivinhar a sequência! Fonte: Guardian , 26/03/2011

(11) Fonte: Independent , 03/04/2011

(12) Além disso os mercados financeiros percebem e realmente já não acreditam na mensagem de austeridade marcial do governo britânico, arrastando de novo a libra esterlina numa espiral descendente. Fonte: CNBC , 12/04/2011

(13) Nick Clegg tornou-se o político mais odiado do Reino Unido por ter traído um a um quase todos os seus compromissos eleitorais. Fonte: Independent , 10/04/2011

(14) E empurrar as famílias britânicas para uma perda de poder de compra semelhante unicamente àquelas da crise do pós primeira guerra mundial, em 1921. Fonte: Telegraph , 11/04/2011

(15) Como fizeram os europeus desde 2010.

(16) Estimativa média feita pelo LEAP/E2020 em 2007/2008.

(17) Para além do comércio exterior tradicional, o gráfico abaixo mostra a amplitude da redução das transferências para os seus países de origem por parte dos trabalhadores emigrados nos Estados Unidos, devido à baixa do US dólar. Esta redução ainda vai ampliar-se mais a partir de Outono de 2011.

(18) No Estados Unidos, hoje é a visão diabólica que está amplamente imposta na opinião pública, ao contrário de 2008 em que os responsáveis do Fed pareciam ser o último recurso. Esta mudança psicológica, como sublinhámos, não é um pormenor e contribui fortemente para limitar a margem de manobra dos dirigentes do Fed. E não é a derrota judicial histórica do Banco Central dos EUA, que foi obrigado a revelar os destinatários das centenas de milhares de milhões de dólares de ajuda distribuídos após a crise da Wall Street de 2008, que vai obrigar melhorar esta situação, muito pelo contrário. Uma anedota simples, revelada pela revista Rollingstone, ilustra o agravamento das queixas do povo americano contra os seus banqueiros centrais: a título de beneficiários destas ajudas do Fed, encontram-se as mulheres de duas grandes figuras da Wall Street que criaram um instrumento sob medida permitindo-lhes receber US$200 milhões do Fed para recompra de créditos apodrecidos... com os benefícios revertendo-lhe e as perdas indo para o Fed! Isto é infelizmente um exemplo dentre muitos outros que circulam actualmente na Internet e que romperam, já definitivamente, o respeito do povo americano para com a sua instituição monetária de referência. Uma situação explosiva no contexto da crise actual. Fonte: Rollingstone , 12/04/2011

(19) O destino do dólar, tal como o dos Títulos do Tesouro dos EUA, doravante no essencial está nas mãos dos operadores do resto do mundo que examinarão de maneira muito "clínica" a saída do Quantitativa Easing 2 que se impõe ao Fed no decorrer do segundo trimestre de 2011. É a sua opinião colectiva (já muito crítica), e não a "comunicação" do Fed, que será decisiva.

(20) Fonte: Politico , 04/04/2011

(21) Fonte: Boston Herald, 13/04/2011

(22) Fonte: Huffington Post , 11/04/2011

(23) E tanto mais que eles continuam a bater recordes de necessidades de financiamento para os seus défices, e que o défice previsto durante uma década pelos compromisso de Obama monta a US$9500 mil milhões. Por um lado, ele concebe políticas que aumentam o défice, por outro anuncia objectivos de redução. Realmente pouco crível. Fontes: CNBC , 13/04/2011; Washington Post , 18/03/2011

(24) Brown é uma personalidade americana original que tem uma longa experiência política uma vez que já foi governador da Califórnia de 1975 a 1983, e duas vezes candidato à investidura democrática para o posto de presidente dos Estados Unidos. A sua opinião sobre o estado de ruína do sistema político dos Estados Unidos não é portanto para tomar de ânimo leve. Fonte: CBS , 10/04/2010

(25) Àqueles que consideram a imagem ousada, nossa equipe recorda que uma das principais causas da Guerra de Secessão foi a visão irreconciliável do que devia ser o estado federal e o seu papel. Hoje, em torno das questões orçamentais, do papel do Fed, das despesas militares e das despesas sociais, vê-se novamente emergirem duas visões diametralmente opostas do que deve ser e fazer o estado federal, com o seu cortejo de bloqueios institucionais crescentes e um ambiente de ódio entre forças políticas. Já demos numerosas ilustrações nos GEAB anteriores. Fonte: Americanhistory

(26) Como qualificar de outra forma pessoas que, à custa de crises repetidas, conseguiram sacar algumas dezenas de milhares de milhões de um orçamento e que se põem agora a anunciar urbi et orbi que amanhã vão sacar mais milhões de milhões de dólares destes mesmos orçamentos? Loucos ou mentirosos? De qualquer forma inconscientes, pois acumulam-se constrangimentos que em todos os casos exigem reduções de défices.

(27) As dívidas públicas mundiais estão no ponto máximo desde 1945 e, com 10,8% do PNB, os Estados Unidos tornaram-se o primeiro grande país em termos de défice público. Fontes: Figaro , 12/04/2011; Bloomberg , 12/04/2011

(28) A propósito dos BRIC (doravante BRICS, com a África do Sul), é muito interessante notar que a sua terceira cimeira, reunida na ilha tropical chinesa de Hainan, beneficia finalmente de uma cobertura mediática significativa da parte dos media ocidentais. Nós fizemos parte dos primeiros e das raras publicações ocidentais a mencionar a primeira cimeira (em Ekaterinenbourg) e a sublinhar a importância do acontecimento há três anos atrás mas, até o presente, a grande imprensa internacional persistia em considerar os BRICS como um simples acrónimo sem dimensão geopolítica séria. As coisas mudaram visivelmente. Além disso, desde a Líbia até o dólar, a cimeira de Hainan posicionou-se claramente em contrapeso aos Estados Unidos e seus procuradores (cada vez menos numerosos em relação ao que se passa na Líbia). Quanto ao dólar, os BRICS decidiram acelerar o processo que lhes permitirá utilizarem as suas próprias divisas no seu comércio: um outro sinal de que nos aproximamos muito rapidamente de um violento choque monetário. Fonte: CNBC , 14/04/2011

(29) Aqueles que ainda acreditam uma melhoria da situação económica americana, para além do efeito "dopagem" da Quantitative Easing 2, deveriam dar atenção à moral das PME nos Estados Unidos que recomeça a degradar-se fortemente e à ficção da melhoria no emprego que será brutalmente corrigida (mesmo nas estatísticas oficiais) a partir do Verão de 2011. E remetemos aos GEAB anteriores quanto à crise fiscal dos estados federados. Fontes: MarketWatch , 12/04/2012; New York Post , 12/04/2011

(30) Fonte: CNBC , 22/03/2011
15/Abril/2011

[*] Global Europe Anticipation Bulletin.

O original encontra-se em www.leap2020.eu/...

Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Saqueio e Corrupçom no Reino bourbónico da Espanha BASENAME: canta-o-merlo-saqueio-e-corrupcom-no-reino-bourbonico-da-espanha-1 DATE: Mon, 25 Apr 2011 13:14:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Saqueia-nos, mas dim que nos representam, logo da sua representaçom vam pronto recolher a sua pilhagem
Cixa

26 companhias do Ibex 35 tenhem a ex altos cargos nos seus conselhos. Supom já 9,8% dos vogais Os ex-políticos ganham peso nas grandes empresas

A. M. Vélez
Público

Os ex-políticos ganham presença e poder no Ibex 35, o índice da bolsa que agrupa à elite das empresas espanholas. O ano passado, 48 dos 487 postos dos conselhos de administraçom do Ibex (9,8% do total) estavam ocupados por pessoas que tiveram ou tenhem cargos públicos relevantes. Em 2009, a percentagem era de 8%. Se a mediçom fai-se em funçom do tamanho da empresa, o poder destes conselheiros é ainda maior, pois representam 14,5% do valor do Ibex, até o 10,9% de 2009. A alça produz-se apesar de que as caixas de poupanças (muito ligadas ao poder político) estám a reduzir as suas participaçons empresariais e explica-se por várias contrataçons (o mais soado, o do ex-presidente Felipe González por Gás Natural) e por mudanças na composiçom do índice.

A presença de ex-políticos na grande empresa está generalizada e explica-se pola imelhorável agenda de contactos de quem conhece as entranhas da cousa pública. Vinte e seis das 34 firmas analisadas (excluiu-se Arcelormittal, umha multinacional com sede em Luxemburgo) tenhem, ao menos, um exalto cargo no seu conselho. Só há oito sem ex-políticos: Inditex, BBVA, Banco Popular, Abertis, Bankinter, Ferrovial, Grifols e Sacyr.

Esses 48 postos ocupam-nos, entre outros, um ex-presidente do Governo (González); outro autonómico (o valenciano José Luís Olivas, ligado ao PP, vice-presidente de Bankia e conselheiro de Iberdrola e, até Fevereiro passado, de Enagás); umha ex comisaria europeia (a austríaca Benita Ferrero-Waldner, em Gamesa), 17 ex-ministros, oito ex-secretários de Estado e vários ex-deputados e conselheiros autonómicos. Nom se inclui no computo a membros da alta direcçom das empresas (na que também abundam os ex-políticos), nem a assessores (como José María Aznar, em nómina de Endesa). Também nom se inclui a ex-directores gerais ou ex-subsecretarios , postos de carácter mais técnico que político, que, de incluir-se, disparariam o computo.

Nessas 48 poltronas há clara maioria socialista. Ocupam 18 postos, com um poder equivalente a 4,35% do valor do Ibex. O PP tem 11 conselheiros da sua órbita, ainda que bem situados: controlam 4,31% do Ibex. Entre os socialistas, ademais de González, destaca, pola relevo do seu cargo (tem poder executivo), o ex- ministro de Agricultura Luís Atienza, presidente de Rede Eléctrica (REE). O ex-secretario de Estado de Economia socialista Guillermo da Dehesa despontata polo tamanho das empresas das que é vocal: é conselheiro independente de Banco Santander e vice-presidente nom executivo de Amadeus.

REE é, com Santander, Enagás e IAG (fruto da fusom de Iberia e British Airways) a empresa que mais ex-políticos tinha no seu conselho em 2010. Em REE e Enagás, dous monopólios, deve-se, em parte, à presença no seu capital de entidades públicas como a Sociedade Estatal de Participaçons Industriais (Sepi).

Santander e REE som, com cinco cada umha, as que mais ex-políticos contrataram como conselheiros, ainda que no caso do proprietário da rede de alta tensom o seu peso perceptual é maior (som case a metade dos vogal). No banco cántabro (a entidade com mais conselheiros do Ibex, 20) há três ex-ministros. Um deles, Matías Rodríguez Inciarte (ministro da Presidência com UCD), tem funçons executivas e, de todos os ex-políticos do Ibex, é o melhor pago (ver informaçom adjunta).

IAG tem a quatro ex altos cargos no seu conselho. apresentam um perfil muito alto: um é o ex-director gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), ex-ministro de Economia e actual presidente de Bankia (accionista da companhia aérea), Rodrigo Rato, do que a web de IAG di que "entre 1985 e 2004, foi responsável pola alternativa económica do PP". O outro é John Snow, ex-secretario do Tesouro com George W. Bush.

Snow e Ferrero-Waldner nom som os únicos estrangeiros; há outros quatro. Destacam Luís Fernando Furlán, ex-ministro de Indústria brasileiro e conselheiro de Telefónica, e David K. P. Li, que nom é ex-político, já que está em activo: o asiático, conselheiro de Criteria, é membro do conselho legislativo de Hong Kong. O holding industrial da Caixa tem a outro político em exercício, o convergente Miquel Noguer Planas, presidente da Câmara de Banyoles (Girona). Outro rexedor autárquico com presença no Ibex é José Folgado (REE), presidente da Câmara de Três Cantos (Madrid) e ex-secretario de Estado de Energia com o PP, entre outros cargos.

Ademais de Atienza, há outros dous ex-ministrosss à frente de empresas, fundadas por eles ou as suas famílias: Juan Miguel Villar Mir preside OHL, sexta construtora espanhola; e José Lladó, o grupo de engenharia Técnicas Reunidas. Lladó é um do três ex dirigentes do período preconstitucional (foi ministro de Transportes e Comércio entre 1976 e 1977) convertido em executivo. Os outros dous som José Ramón Álvarez Rendueles, conselheiro de Telecinco e ex secretario de Estado de Economia, e Luís Alberto Salazar-Simpson, vogal de Santander ex-governador civil de Biscaia.

Salazar-Simpson é, ademais, cunhado de Rodrigo Rato. Nom é o único emparentado com um político ou ex-político: outros casos som os de Miriam González, esposa do vice-primeiro ministro britânico, Nick Clegg, e fichada por Acciona o ano passado; Carlos Sebastián, irmao do ministro de Indústria, Miguel Sebastián, e vogal de Abengoa; Pier Silvio Berlusconi, filho do primeiro-ministro italiano e conselheiro de Telecinco; Santiago Cobo, vogal de Gás Natural e marido da alcaldesa de Cádiz, Teófila Martínez (PP); e Antonio Basagoiti García-Tuñón, conselheiro de Santander e pai do líder do PP basco.

Fonte: http://www.publico.es/dinero/371714/los-expoliticos ganham peso-em-as-grandes-empresas

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Os USA e a NATO - A guerra como mecanismo de domínio BASENAME: canta-o-melro-os-usa-e-a-nato-a-guerra-como-mecanismo-de-dominio DATE: Sun, 24 Apr 2011 19:47:27 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Michael Collon
Diário Liberdade

E para os que ainda acham que tudo isto não é mais que uma "teoria do complô", que os EUA não têm programado tanta guerra, que improvisa reagindo segundo o que acontecer, lembremos o que declarava em 2007 o ex general Wesley Clarck (comandante supremo das forças da OTAN na Europa entre 1997 e 2001, que dirigiu os bombardeios sobre a Iugoslávia): "Em 2001, no Pentágono, um general disse-me: vamos tomar sete países em cinco anos, começando pelo Iraque, seguindo na Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão, para terminar com o Irã? Dos sonhos à realidade há uma margem, mas os planos estão aí. Só que atrasados.
No enquadramento da batalha por controlar o continente negro, África do Norte é um objetivo maior. Ao despregar uma dezena de bases militares na Tunísia, Marrocos e Argélia, bem como em outras nações africanas, Washington abriria a via para estabelecer uma rede completa de bases militares que cobriria todo o continente.
Mas o projeto Africom deparou-se com uma séria resistência dos países africanos. De maneira altamente simbólica, nenhum aceitou acolher em seu território a sede central do Africom. E Washington teve que manter sua sede em Stuttgart, Alemanha, o que era muito humilhante. Nesta perspetiva, a guerra para derrocar Kadafi no fundo é uma advertência muito clara aos chefes de Estado africanos que tiverem a tentação de seguir uma via demasiado independentes.
Este é o grande crime de Kadafi: A Líbia não aceitava nenhuma ligação com o Africom ou com a OTAN. No passado, os EUA possuíam uma importante base militar na Líbia. Mas Kadafi fechou-a em 1969. É evidente, a guerra atual têm sobretudo como objetivo recuperar a Líbia. Seria uma avançada estratégica que lhe permitiria intervir militarmente no Egito se este escapasse do controle de EUA.
* * *
http://www.odiario.info

Em entrevista à Press TV, o ex-secretário-adjunto do Tesouro dos EUA, Paul Robert Craig, fala sobre os verdadeiros objetivos dos EUA na Líbia

Estamos a falar apenas dos países da Otan, os estados-fantoche dos EUA. Grã-Bretanha, França, Itália, Alemanha, todos pertencem ao império norte-americano. Temos tropas na Alemanha desde 1945. Estamos a falar de 66 anos de ocupação norte-americana na Alemanha. Os americanos têm bases militares em Itália. Como se pode ser um país independente deste modo? A França foi relativamente independente até Washington pôr Sarkozy no poder.Todos eles fazem o que lhes dissermos.

Washington quer mandar na Rússia, na China, no Irão, em África, e em toda a América do Sul. Washington quer a hegemonia sobre o mundo. É isso que a palavra hegemonia significa. E Washington vai persegui-la a todo custo.
Não respeitam a lei, portanto não vão dar atenção à ONU. A ONU é uma organização-fantoche dos EUA e Washington irá usá-la como cobertura. Portanto, sim, se não conseguirem correr com Kadafi, irão colocar tropas no terreno; é por isso que temos os franceses e os britânicos envolvidos. Estamos a usar os franceses também noutro ponto de África; usamos os britânicos no Afeganistão. São marionetes.

Estes países não são independentes. Sarkozy não responde perante o povo francês; responde perante Washington. O Primeiro-ministro britânico não responde perante o povo Inglês, mas perante Washington. Estes são os governantes-marionetes de um império, nada têm a ver com seu próprio povo, somos nós quem os põe no poder.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Crise sistémica global BASENAME: canta-o-merlo-crise-sistemica-global DATE: Wed, 20 Apr 2011 23:31:28 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

Outono de 2011: Orçamento/Títulos do Tesouro/Dólar, as três crises americanas que vão provocar a Enorme Ruptura do sistema económico, financeiro e monetário mundial

por GEAB [*]

Em 15 de Setembro de 2010, o GEAB nº 47 intitulava: "Primavera de 2011: Welcome to the United States of Austerity / Rumo ao enorme pânico do sistema económico e financeiro mundial". No entanto, no fim do Verão de 2010, a maior parte dos peritos considerava, por um lado, que o debate sobre o défice orçamental dos EUA permaneceria um simples objecto de discussões teóricas no seio da Beltway [1] ; por outro, que era impensável imaginar os Estados Unidos a lançarem-se numa política de austeridade uma vez que bastaria ao Fed continuar a imprimir dólares. Ora, como todos podem constatar desde há várias semanas, a Primavera de 2011 trouxe a austeridade aos Estados Unidos [2] , a primeira desde a Segunda Guerra Mundial, e o estabelecimento de um sistema global fundado na aptidão do motor americano a gerar sempre mais riqueza (real nos anos 1950-1970, depois cada vez mais virtual a partir desta data).

Nesta fase, o LEAP/E2020 está pois em condições de confirmar que a próxima etapa da crise será realmente a "Enorme ruptura do sistema económico, financeiro e monetário mundial"; e que esta ruptura acontecerá no Outono de 2011 [3] . As consequências monetárias, financeiras, económicas e geopolíticas desta "Enorme ruptura" serão de uma amplitude histórica e farão a crise do Outono de 2008 parecer aquilo que ela realmente foi: um simples detonador.

A crise no Japão [4] , as decisões chinesas e a crise das dívidas na Europa certamente desempenharão um papel nesta ruptura histórica. Em contrapartida, consideramos que a questão das dívidas públicas dos países periféricos da Eurolândia não é mais o factor de risco dominante na Europa, mas que é o Reino Unido que se encontra na posição do "doente da Europa" [5] . A zona Euro pôs em acção e continua a melhorar todos os dispositivos necessários para tratar destes problemas [6] . A gestão dos problemas grego, português, irlandês, ... será feita portanto de maneira organizada. Investidores privados deverão arcar com descontos (como antecipado pelo LEAP/E2020 antes do Verão de 2010) [7] mas isso não pertence à categoria dos riscos sistémicos, o que desagrada o Financial Times, o Wall Street Journal e peritos da Wall Street e da City que tentam a cada três meses refazer o "golpe" da crise da zona Euro do princípio de 2010 [8] .

Em contrapartida, o Reino Unido fracassou completamente na sua tentativa de "amputação orçamental preventiva" [9] . Com efeito, sob a pressão da rua e nomeadamente dos mais de 400 mil britânicos que enchiam as ruas de Londres em 26/02/2011 [10] , David Cameron viu-se obrigado a rever em baixa seu objectivo de redução das despesas de saúde (um ponto chave das suas reformas) [11] . Paralelamente, a aventura militar líbia obriga igualmente a rever seus objectivos de cortes orçamentais no Ministério da Defesa. Já havíamos indicados no último GEAB que as necessidades de financiamento público britânico continuavam a aumentar, sinal da ineficácia das medidas anunciadas cuja execução na realidade revela-se muito decepcionante [12] . O único resultado da política do tandem Cameron/Clegg [13] é por enquanto a recaída da economia britânica na recessão [14] e o risco evidente de implosão da coligação no poder na sequência do próximo referendo sobre a reforma eleitoral.

Neste GEAB nº 54, nossa equipe dedica-se pois a descrever os três factores-chave que determinam esta Enorme Ruptura global do Outono de 2011 e suas consequências. Paralelamente, nossos investigadores começaram a antecipar a evolução da operação militar franco-anglo-americana na Líbia que consideramos ser um poderoso acelerador do deslocamento geopolítico mundial e esclarece utilmente certas mudanças tectónicas agora em curso nas relações entre grandes potências mundiais. Além disso, no Índice GEAB $, desenvolvemos as nossas recomendações para enfrentar os perigosos trimestres que estão para vir.

Fundamentalmente, o processo que se desenrola sob os nossos olhos, e de que a entrada dos Estados Unidos numa era de austeridade [15] é uma simples expressão orçamental, não é senão a sequência do apuramento dos 30 milhões de milhões de activos fantasmas que invadiram o sistema económico e financeiro mundial no fim de 2007 [16] . Se cerca da metade deles havia desaparecido durante 2009, eles em parte ressuscitaram desde então pela vontade dos grandes bancos centrais mundial e em particular pela Reserva Federal dos EUA e suas "Facilidades quantitativas 1 e 2" ("Quantitative Easings 1 e 2"). Ora, nossa equipe estima que são 20 milhões de milhões destes activos-fantasmas que se vão desvanecer em fumo a partir do Outono de 2011, e de um modo muito brutal sob o efeito conjugado das três mega-crises estado-unidenses em gestação acelerada:

- A crise orçamental, ou como os Estados Unidos mergulham de bom grado ou à força nesta austeridade sem precedentes e vão com isso arrastar panos inteiros da economia e das finanças mundiais
- A crise dos Títulos do Tesouro dos EUA, ou como a Reserva Federal atinge o "fim do caminho" encetado em 1913 e terá de enfrentar a sua falência qualquer que seja a camuflagem contabilística escolhida
- A crise do dólar americano, ou como os sobressaltos da divisa dos EUA que vão caracterizar a travagem da Quantitative Easiang 2 no segundo trimestre de 2011 serão as premissas de uma desvalorização maciça (da ordem dos 30% em algumas semanas).

Bancos centrais, sistema bancário mundial, fundos de pensão, multinacionais, matérias-primas, população americana, economias da zona dólar e/ou dependentes das suas trocas com os Estados Unidos [17] , ... este é o conjunto dos operadores estruturalmente dependentes da economia dos EUA (de que o governo, o Fed e orçamento federal tornaram-se os componentes centrais), dos activos denominados em dólar ou das transacções comerciais em dólares que vão sofrer o choque frontal de 20 milhões de milhões de activos-fantasmas a pura e simplesmente desaparecerem dos seus balanços, das suas aplicações e provocando uma grande baixa nos seus rendimentos reais.

Em torno deste choque histórico do Outono de 2011, que marcará a afirmação definitiva das tendências fortes antecipadas por nossa equipe nos GEAB anteriores, as grandes categorias de activos vão experimentar grandes turbulências exigindo uma vigilância acrescida de todos os operadores preocupados com os seus investimentos e aplicações. Com efeito, esta tripla crise estado-unidense marcará a verdadeira saída do "mundo após 1945" que viu os Estados Unidos desempenharem o papel de Atlas e será portanto marcada por choques e réplicas múltiplas no decorrer dos trimestres que se seguirão.

Exemplo: o dólar pode experimentar a curto prazo efeitos que reforçam o seu valor em relação às principais divisas mundiais (nomeadamente se as taxas de juros dos EUA elevarem-se muito rapidamente após o fim da Quantitative Easing 2), mesmo que, ao cabo de seis meses, sua perda de valor de 30% (em relação ao seu valor actual) seja inelutável. Não podemos portanto senão repetir o conselho figura à cabeça das nossas recomendações desde o princípio dos nossos trabalhos sobre a crise: no quadro de uma crise global de amplitude histórica como esta que atravessamos, o único objectivo racional para os investidores e os poupadores não é ganhar mais, mas sim tentar perder o menos possível.

Isso vai ser particularmente verdadeiro para os próximos trimestres em que o ambiente especulativo vai-se tornar altamente imprevisível no curto prazo. Esta imprevisibilidade a curto prazo tem a ver nomeadamente com o facto de que as três crises americanas que desencadearão a Enorme Ruptura mundial do Outono não estão sincronizadas. Elas estão estreitamente correlacionadas mas não de maneira linear. E uma dentre elas, a crise orçamental, está directamente dependente de factores humanos muito influentes no calendário do seu desenrolar; ao passo que as duas outras (seja o que for que pensem aqueles que vêem nos responsáveis do Fed deuses ou diabos [18] ) doravante no essencial estão inscritas nas tendências fortes em que a acção dos dirigentes americanos tornou-se marginal [19] .

A crise orçamental, ou como os Estados Unidos mergulham de bom grado ou à força nesta austeridade sem precedente e vão arrastar vastos sectores da economia e das finanças mundiais.

Os números podem dar vertigens: "6 milhões de milhões de cortes orçamentais em dez anos" [20] , diz o republicano Ryan, "4 milhões de milhões em doze anos", replica o já candidato para 2012 Barack Obama [21] , "tudo isso está longe de ser suficiente" agrava uma das referências do Tea Parties, Ron Paul [22] . E de qualquer modo, sanciona o FMI, "os Estados Unidos não são críveis quando falam em reduzir seus défices" [23] . Esta observação inabitualmente brutal do FMI, tradicionalmente muito prudente nas suas críticas aos Estados Unidos, é particularmente justificada em relação ao psicodrama que, por causa de um punhado de dezenas de milhares de milhões de dólares, quase fechou o estado federal por falta de acordo entre os dois grandes partidos. Um cenário que vai igualmente reproduzir-se proximamente a propósito do tecto de endividamento federal.

O FMI não faz senão exprimir uma opinião amplamente partilhada pelos credores dos Estados Unidos: se por causa de algumas dezenas de milhares de milhões de dólares de redução dos défices o sistema político americano atinge um tal grau de paralisia, o que se vai passar quando nos próximos meses vão-se impor reduções de várias centenas de milhares de milhões de dólares por ano? A guerra civil? Esta é a opinião em todo caso do novo governador da Califórnia, Jerry Brown [24] , o qual considera que os Estados Unidos enfrentam uma crise de regime idêntica àquela que conduziu à Guerra de Secessão [25] .

O contexto portanto já não é de simples paralisia mas antes de uma confrontação geral entre duas visões do futuro do país. Quanto mais a data das próximas eleições presidenciais (Novembro de 2012) se aproximar, mais a confrontação entre os dois campos irá intensificar-se e desenrolar-se com desprezo para com todas as regras de boa conduta, incluindo a salvaguarda do interesse geral do país: "Os deus tornam loucos aqueles que eles querem perder" diz Ulisses na Odisseia. A cena política washingtoniana vai assemelhar-se cada vez mais a um hospital psiquiátrico [26] nos próximos meses, tornando cada vez mais provável, tornando cada vez mais provável "decisões aberrantes".

Se, para se tranquilizarem acerca do dólar dos Títulos do Tesouro, os peritos ocidentais repetem em uníssono que os chineses seriam loucos em se desembaraçarem destes activos o que não faria senão precipitar a queda de valor, é porque ainda não compreenderam que é de Washington e dos seus comportamentos erráticos que pode vir a decisão que precipitará esta queda. E Outubro de 2012, com a sua votação tradicional do orçamento anual, vai proporcionar o momento ideal para esta tragédia grega que, segundo nossa equipe, não terá happy end pois não é Hollywood e sim o resto do mundo que vai escrever o cenário seguinte.

Seja qual for o caso, por decisão política deliberada, por encerramento do governo federal ou por pressões externa irresistíveis [27] (taxa de juros, FMI + Eurolândia + BRIC [28] ), é certamente no Outono de 2011 que o orçamento federal dos EUA se vai contrair maciçamente pela primeira vez. O prosseguimento da recessão conjugado com o fim da Quantitative Easing 2 vai fazer subir as taxas de juros e portanto aumentar consideravelmente o serviço da dívida federal, num fundo de receitas fiscais em baixa [29] por causa da recaída numa recessão forte. A insolvência federal doravante está logo ali na esquina segundo Richard Fisher, o presidente da Reserva Federal de Dallas [30] .

A sequência no GEAB (para assinantes):

- a crise dos Títulos do Tesouro dos EUA, ou como a Reserva Federal atingiu o "fim do caminho" encetado em 1913 e deve enfrentar a sua falência seja qual for a camuflagem contabilística escolhida
- a crise do dólar americano, ou como os sobressaltos da divisa estado-unidenses que caracterizarão a travagem da Quantitative Easing 2 no segundo trimestre de 2011 serão as premissas de uma desvalorização maciça (da ordem dos 30% em algumas semanas).

Notas:

(1) Expressão americana que designa o núcleo político-administrativo de Washington, situado no interior da rodovia circular local, a Beltway.

(2) Desde machadadas nos orçamentos da acção internacional dos Estados Unidos até às reduções dos programas sociais, das organizações públicas e de categorias inteiras da população americana (latinos, pobres, estudantes, reformados, ...) vão ser a partir de agora duramente afectados pelo que ainda não é senão uma gota de água nos ajustamentos necessários. Os protestos populares começam com os estudantes à cabeça. Fontes: House of Representatives , 13/04/2011; Devex , 11/04/2011; HuffingtonPost , 13/04/2011; Foxnews , 14/04/2011; Foxbusiness , 12/04/2011

(3) O sistema bancário mundial (Europa inclusive), sempre sub-capitalizado e amplamente insolvente, é igualmente um dos elementos desta Enorme Ruptura do Outono de 2011.

(4) No GEAB nº 55, nossa equipe apresentará suas antecipações sobre a questão do nuclear no mundo, incluindo a utilização do método de antecipação política como ferramenta de tomada de decisão neste assunto.

(5) A amplitude da crise orçamental no Reino Unido é infinitamente mais grave do que contam os actuais dirigentes britânicos que contudo se jactam de ter um discurso da verdade. Há de facto dois meios de mentir a um povo: negar a existência de um problema (a posição do Labour de Gordon Brown) ou então não confessar senão uma parte da verdade (visivelmente a escolha do tandem Cameron/Clegg). Em ambos os casos, o problema não é resolvido. Fonte: Telegraph , 26/03/2011

(6) E, a partir de agora e do estabelecimento definitivo da Eurolândia como principal motor europeu aquando da cimeira de 11 de Março último, os quatro países que não participam no pacto "Eurolândia+" de estabilização financeira, ou seja, o Reino Unido, a Suécia, a Hungria e a República Checa, serão convidados a deixar a sala das cimeiras nas discussões sobre as questões financeiras e orçamentais ligadas ao pacto. O EUObserver de 29/03/2011 descreve o pânico que se apoderou das delegações destes quatro países cujos dirigentes desempenham o papel de brutamontes diante dos media e nos discursos destinados às suas respectivas opiniões públicas, mas que sabem muito bem que doravante estão encurralados num papel europeu de segunda classe.

(7) Font: Irish Times , 22/03/2011

(8) É preciso ler a respeito o artigo muito pertinente e muito divertido de Silvi Wadhwa, correspondente na Europa da CNBC, que ridiculariza o caricatural discurso anti-Eurolândia e anti-alemão dos seus colegas dos outros media anglo-saxões; e que recorda muito justamente que as diferenças de situações económicas são ainda mais importantes entre estados americanos do que no interior da Eurolândia e que os problemas de endividamento da Grécia ou de Portugal nada são quando comparados àqueles de um estado como a Califórnia. Fonte: CNBC , 12/04/2011

(9) Retornaremos mais especificamente ao caso britânico no GEAB nº 55, exactamente um ano após a vitória da coligação Conservadores/Liberais Democratas.

(10) Este protesto contra os cortes orçamentais constituiu a mais importante manifestação em Londres desde há mais de vinte ano e foi acompanhada de graves violência "anti-ricos" via ataques, por exemplo, contra o HSBC, o hotel Ritz ou a loja Fortnum & Mason. Como sublinhámos por diversas vezes no GEAB, é muitíssimo significativo constatar que esta manifestação histórica do Reino Unido praticamente não tenha se transformado em manchetes nos media, onde se tornou invisível 48 horas após o seu acontecimento. Quando milhares de cidadãos gregos ou portugueses se manifestam em Atenas ou em Lisboa, em contrapartida, temos direito a uma avalanche de imagens-choque e de comentários descrevendo países à beira do caos. Este "dois pesos e duas medidas" não devem enganar o observador lúcido. Por um lado, há graves dificuldades que doravante são geridas no seio de um conjunto poderoso, a Eurolândia; do outro, há grandes dificuldades que não conseguem mais ser geridas por um país completamente isolado. Acredite nos media ou então reflicta por si mesmo para adivinhar a sequência! Fonte: Guardian , 26/03/2011

(11) Fonte: Independent , 03/04/2011

(12) Além disso os mercados financeiros percebem e realmente já não acreditam na mensagem de austeridade marcial do governo britânico, arrastando de novo a libra esterlina numa espiral descendente. Fonte: CNBC , 12/04/2011

(13) Nick Clegg tornou-se o político mais odiado do Reino Unido por ter traído um a um quase todos os seus compromissos eleitorais. Fonte: Independent , 10/04/2011

(14) E empurrar as famílias britânicas para uma perda de poder de compra semelhante unicamente àquelas da crise do pós primeira guerra mundial, em 1921. Fonte: Telegraph , 11/04/2011

(15) Como fizeram os europeus desde 2010.

(16) Estimativa média feita pelo LEAP/E2020 em 2007/2008.

(17) Para além do comércio exterior tradicional, o gráfico abaixo mostra a amplitude da redução das transferências para os seus países de origem por parte dos trabalhadores emigrados nos Estados Unidos, devido à baixa do US dólar. Esta redução ainda vai ampliar-se mais a partir de Outono de 2011.

(18) No Estados Unidos, hoje é a visão diabólica que está amplamente imposta na opinião pública, ao contrário de 2008 em que os responsáveis do Fed pareciam ser o último recurso. Esta mudança psicológica, como sublinhámos, não é um pormenor e contribui fortemente para limitar a margem de manobra dos dirigentes do Fed. E não é a derrota judicial histórica do Banco Central dos EUA, que foi obrigado a revelar os destinatários das centenas de milhares de milhões de dólares de ajuda distribuídos após a crise da Wall Street de 2008, que vai obrigar melhorar esta situação, muito pelo contrário. Uma anedota simples, revelada pela revista Rollingstone, ilustra o agravamento das queixas do povo americano contra os seus banqueiros centrais: a título de beneficiários destas ajudas do Fed, encontram-se as mulheres de duas grandes figuras da Wall Street que criaram um instrumento sob medida permitindo-lhes receber US$200 milhões do Fed para recompra de créditos apodrecidos... com os benefícios revertendo-lhe e as perdas indo para o Fed! Isto é infelizmente um exemplo dentre muitos outros que circulam actualmente na Internet e que romperam, já definitivamente, o respeito do povo americano para com a sua instituição monetária de referência. Uma situação explosiva no contexto da crise actual. Fonte: Rollingstone , 12/04/2011

(19) O destino do dólar, tal como o dos Títulos do Tesouro dos EUA, doravante no essencial está nas mãos dos operadores do resto do mundo que examinarão de maneira muito "clínica" a saída do Quantitativa Easing 2 que se impõe ao Fed no decorrer do segundo trimestre de 2011. É a sua opinião colectiva (já muito crítica), e não a "comunicação" do Fed, que será decisiva.

(20) Fonte: Politico , 04/04/2011

(21) Fonte: Boston Herald, 13/04/2011

(22) Fonte: Huffington Post , 11/04/2011

(23) E tanto mais que eles continuam a bater recordes de necessidades de financiamento para os seus défices, e que o défice previsto durante uma década pelos compromisso de Obama monta a US$9500 mil milhões. Por um lado, ele concebe políticas que aumentam o défice, por outro anuncia objectivos de redução. Realmente pouco crível. Fontes: CNBC , 13/04/2011; Washington Post , 18/03/2011

(24) Brown é uma personalidade americana original que tem uma longa experiência política uma vez que já foi governador da Califórnia de 1975 a 1983, e duas vezes candidato à investidura democrática para o posto de presidente dos Estados Unidos. A sua opinião sobre o estado de ruína do sistema político dos Estados Unidos não é portanto para tomar de ânimo leve. Fonte: CBS , 10/04/2010

(25) Àqueles que consideram a imagem ousada, nossa equipe recorda que uma das principais causas da Guerra de Secessão foi a visão irreconciliável do que devia ser o estado federal e o seu papel. Hoje, em torno das questões orçamentais, do papel do Fed, das despesas militares e das despesas sociais, vê-se novamente emergirem duas visões diametralmente opostas do que deve ser e fazer o estado federal, com o seu cortejo de bloqueios institucionais crescentes e um ambiente de ódio entre forças políticas. Já demos numerosas ilustrações nos GEAB anteriores. Fonte: Americanhistory

(26) Como qualificar de outra forma pessoas que, à custa de crises repetidas, conseguiram sacar algumas dezenas de milhares de milhões de um orçamento e que se põem agora a anunciar urbi et orbi que amanhã vão sacar mais milhões de milhões de dólares destes mesmos orçamentos? Loucos ou mentirosos? De qualquer forma inconscientes, pois acumulam-se constrangimentos que em todos os casos exigem reduções de défices.

(27) As dívidas públicas mundiais estão no ponto máximo desde 1945 e, com 10,8% do PNB, os Estados Unidos tornaram-se o primeiro grande país em termos de défice público. Fontes: Figaro , 12/04/2011; Bloomberg , 12/04/2011

(28) A propósito dos BRIC (doravante BRICS, com a África do Sul), é muito interessante notar que a sua terceira cimeira, reunida na ilha tropical chinesa de Hainan, beneficia finalmente de uma cobertura mediática significativa da parte dos media ocidentais. Nós fizemos parte dos primeiros e das raras publicações ocidentais a mencionar a primeira cimeira (em Ekaterinenbourg) e a sublinhar a importância do acontecimento há três anos atrás mas, até o presente, a grande imprensa internacional persistia em considerar os BRICS como um simples acrónimo sem dimensão geopolítica séria. As coisas mudaram visivelmente. Além disso, desde a Líbia até o dólar, a cimeira de Hainan posicionou-se claramente em contrapeso aos Estados Unidos e seus procuradores (cada vez menos numerosos em relação ao que se passa na Líbia). Quanto ao dólar, os BRICS decidiram acelerar o processo que lhes permitirá utilizarem as suas próprias divisas no seu comércio: um outro sinal de que nos aproximamos muito rapidamente de um violento choque monetário. Fonte: CNBC , 14/04/2011

(29) Aqueles que ainda acreditam uma melhoria da situação económica americana, para além do efeito "dopagem" da Quantitative Easing 2, deveriam dar atenção à moral das PME nos Estados Unidos que recomeça a degradar-se fortemente e à ficção da melhoria no emprego que será brutalmente corrigida (mesmo nas estatísticas oficiais) a partir do Verão de 2011. E remetemos aos GEAB anteriores quanto à crise fiscal dos estados federados. Fontes: MarketWatch , 12/04/2012; New York Post , 12/04/2011

(30) Fonte: CNBC , 22/03/2011
15/Abril/2011

[*] Global Europe Anticipation Bulletin.

O original encontra-se em www.leap2020.eu/...

Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Saqueio e Corrupçom no Reino bourbónico da Espanha BASENAME: canta-o-merlo-saqueio-e-corrupcom-no-reino-bourbonico-da-espanha DATE: Tue, 19 Apr 2011 12:36:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Saqueia-nos, mas dim que nos representam, logo da sua representaçom vam pronto recolher a sua pilhagem
Cixa

26 companhias do Ibex 35 tenhem a ex altos cargos nos seus conselhos. Supom já 9,8% dos vogais Os ex-políticos ganham peso nas grandes empresas

A. M. Vélez
Público

Os ex-políticos ganham presença e poder no Ibex 35, o índice da bolsa que agrupa à elite das empresas espanholas. O ano passado, 48 dos 487 postos dos conselhos de administraçom do Ibex (9,8% do total) estavam ocupados por pessoas que tiveram ou tenhem cargos públicos relevantes. Em 2009, a percentagem era de 8%. Se a mediçom fai-se em funçom do tamanho da empresa, o poder destes conselheiros é ainda maior, pois representam 14,5% do valor do Ibex, até o 10,9% de 2009. A alça produz-se apesar de que as caixas de poupanças (muito ligadas ao poder político) estám a reduzir as suas participaçons empresariais e explica-se por várias contrataçons (o mais soado, o do ex-presidente Felipe González por Gás Natural) e por mudanças na composiçom do índice.

A presença de ex-políticos na grande empresa está generalizada e explica-se pola imelhorável agenda de contactos de quem conhece as entranhas da cousa pública. Vinte e seis das 34 firmas analisadas (excluiu-se Arcelormittal, umha multinacional com sede em Luxemburgo) tenhem, ao menos, um exalto cargo no seu conselho. Só há oito sem ex-políticos: Inditex, BBVA, Banco Popular, Abertis, Bankinter, Ferrovial, Grifols e Sacyr.

Esses 48 postos ocupam-nos, entre outros, um ex-presidente do Governo (González); outro autonómico (o valenciano José Luís Olivas, ligado ao PP, vice-presidente de Bankia e conselheiro de Iberdrola e, até Fevereiro passado, de Enagás); umha ex comisaria europeia (a austríaca Benita Ferrero-Waldner, em Gamesa), 17 ex-ministros, oito ex-secretários de Estado e vários ex-deputados e conselheiros autonómicos. Nom se inclui no computo a membros da alta direcçom das empresas (na que também abundam os ex-políticos), nem a assessores (como José María Aznar, em nómina de Endesa). Também nom se inclui a ex-directores gerais ou ex-subsecretarios , postos de carácter mais técnico que político, que, de incluir-se, disparariam o computo.

Nessas 48 poltronas há clara maioria socialista. Ocupam 18 postos, com um poder equivalente a 4,35% do valor do Ibex. O PP tem 11 conselheiros da sua órbita, ainda que bem situados: controlam 4,31% do Ibex. Entre os socialistas, ademais de González, destaca, pola relevo do seu cargo (tem poder executivo), o ex- ministro de Agricultura Luís Atienza, presidente de Rede Eléctrica (REE). O ex-secretario de Estado de Economia socialista Guillermo da Dehesa despontata polo tamanho das empresas das que é vocal: é conselheiro independente de Banco Santander e vice-presidente nom executivo de Amadeus.

REE é, com Santander, Enagás e IAG (fruto da fusom de Iberia e British Airways) a empresa que mais ex-políticos tinha no seu conselho em 2010. Em REE e Enagás, dous monopólios, deve-se, em parte, à presença no seu capital de entidades públicas como a Sociedade Estatal de Participaçons Industriais (Sepi).

Santander e REE som, com cinco cada umha, as que mais ex-políticos contrataram como conselheiros, ainda que no caso do proprietário da rede de alta tensom o seu peso perceptual é maior (som case a metade dos vogal). No banco cántabro (a entidade com mais conselheiros do Ibex, 20) há três ex-ministros. Um deles, Matías Rodríguez Inciarte (ministro da Presidência com UCD), tem funçons executivas e, de todos os ex-políticos do Ibex, é o melhor pago (ver informaçom adjunta).

IAG tem a quatro ex altos cargos no seu conselho. apresentam um perfil muito alto: um é o ex-director gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), ex-ministro de Economia e actual presidente de Bankia (accionista da companhia aérea), Rodrigo Rato, do que a web de IAG di que "entre 1985 e 2004, foi responsável pola alternativa económica do PP". O outro é John Snow, ex-secretario do Tesouro com George W. Bush.

Snow e Ferrero-Waldner nom som os únicos estrangeiros; há outros quatro. Destacam Luís Fernando Furlán, ex-ministro de Indústria brasileiro e conselheiro de Telefónica, e David K. P. Li, que nom é ex-político, já que está em activo: o asiático, conselheiro de Criteria, é membro do conselho legislativo de Hong Kong. O holding industrial da Caixa tem a outro político em exercício, o convergente Miquel Noguer Planas, presidente da Câmara de Banyoles (Girona). Outro rexedor autárquico com presença no Ibex é José Folgado (REE), presidente da Câmara de Três Cantos (Madrid) e ex-secretario de Estado de Energia com o PP, entre outros cargos.

Ademais de Atienza, há outros dous ex-ministrosss à frente de empresas, fundadas por eles ou as suas famílias: Juan Miguel Villar Mir preside OHL, sexta construtora espanhola; e José Lladó, o grupo de engenharia Técnicas Reunidas. Lladó é um do três ex dirigentes do período preconstitucional (foi ministro de Transportes e Comércio entre 1976 e 1977) convertido em executivo. Os outros dous som José Ramón Álvarez Rendueles, conselheiro de Telecinco e ex secretario de Estado de Economia, e Luís Alberto Salazar-Simpson, vogal de Santander ex-governador civil de Biscaia.

Salazar-Simpson é, ademais, cunhado de Rodrigo Rato. Nom é o único emparentado com um político ou ex-político: outros casos som os de Miriam González, esposa do vice-primeiro ministro britânico, Nick Clegg, e fichada por Acciona o ano passado; Carlos Sebastián, irmao do ministro de Indústria, Miguel Sebastián, e vogal de Abengoa; Pier Silvio Berlusconi, filho do primeiro-ministro italiano e conselheiro de Telecinco; Santiago Cobo, vogal de Gás Natural e marido da alcaldesa de Cádiz, Teófila Martínez (PP); e Antonio Basagoiti García-Tuñón, conselheiro de Santander e pai do líder do PP basco.

Fonte: http://www.publico.es/dinero/371714/los-expoliticos ganham peso-em-as-grandes-empresas

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Império é um só BASENAME: canta-o-merlo-o-imperio-e-um-so DATE: Thu, 14 Apr 2011 22:01:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

 Manuel Freitas

 
Ao invés do que predicam os vendedores de mitos deformantes, nom há um Império de Obama, como também nom o houvo de Bush ou dos diferentes gerentes de turno que o precederam.
 
Em primeiro lugar, EEUU nom domina o mundo por formulaçons doutrinarias político-diplomáticas ou eventuais discursos "democráticos" ou "militaristas" dos seus presidentes, senom porque impom ao resto dos países a lógica da sua poderio militar e económico, indestrutível, salvo por um estalido nuclear do planeta.
 
Em segundo lugar, e como já está experimentado em forma histórica e estatística: Em EEUU, a potência locomotiva do capitalismo sionista a escala global, nom governam os presidentes ou os partidos, senom a elite económica-financeira (o poder real) que controla a Reserva Federal, o Tesouro, Wall Street, o Complexo Militar Industrial e Silicon Valley.  

Detrás de cada invasom militar, chegam as petroleiras, as armamentistas, os bancos e as corporaçons de Wall Street e os exércitos privados de segurança, a cobrar o botim de guerra e a participar do festim capitalista da "reconstruçom" do país ocupado.
 
Terminada as luzes artificiais da campanha eleitoral, democratas e republicanos deixam de agredir-se e complementam-se num desenho de política estratégica de Estado em defesa dos interesses das grandes corporaçons económicas que marcam o accionar das políticas internas e da conquista de mercados encoberta nas "guerras preventivas" contra o "terrorismo".
 
E na prática, essas políticas imperiais (e a sua continuidade no tempo) nom tem nada que ver com o discurso e os novos preceitos "doutrinarias" expressados polo gerente de turno na Casa Branca.
 
Como já está experimentado em forma histórica e estatística: A política exterior e a política interna de EEUU (os níveis de decisom estratégica) nom a dirigem os presidentes ou os partidos senom o establishment económico-financeiro que controla a Casa Branca e o Congresso através dos seus "lobbies" e operadores que actuam sobre os partidos, os legisladores, os funcionários e condicionam as decisons presidenciais.  

Em resumo, os que agora descobrem que Obama é "igual que Bush" estám fomentado outro mito alienante orientado a pôr a "pessoa" (Obama) por enzima do "sistema" que determina as suas acçons mais alá do discurso mediático.
 
Obama nom é o mesmo que Bush, mas sim é a peça que substituiu a Bush na engrenagem estratégica do Império capitalista sionista cujas linhas matrizes seguem funcionando, sem nengumha alteraçom, mais ali dos eventuais gerentes que ocupem a Casa Branca.
 
 
 
(*) Manuel Freitas é jornalista, investigador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web.
Ver os seus trabalhos em Google e em IAR Notícias
 
 
 

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Direitos humanos nos USA (1) BASENAME: canta-o-melro-direitos-humanos-nos-usa-1 DATE: Wed, 13 Apr 2011 21:31:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O Registro dos Direitos humanos de EEUU em 2010 tem como objectivo ajudar a que os povos de todo mundo alcancem perceber melhor a verdadeira situaçom dos direitos humanos em EEUU e exigir a esse país que enfrente os seus próprios assuntos de direitos humanos.

I. Sobre a vida, a propriedade e a segurança pessoal

Estados Unidos é o país que sofre os crimes mais graves em todo mundo, e a vida, propriedade e segurança pessoal dos seus habitantes nom estám garantidas.

Cada ano, umha de cada cinco pessoas é vítima de um crime em EEUU (10 Facts About Crime in the United States that Will Blow Your Mind, Beforeitsnews.com), a taxa mais alta do Planeta. Em 2009, os residentes estadunidenses maiores de 12 anos sofrerom um total estimado de 4,3 milhons de crimes violentos, 15,6 milhons de delitos de propriedade assim como 133.000 roubos pessoais, com o que a cifra de vítimas por 1.000 pessoas foi de 17,1, de acordo com umha informe dado a conhecer polo Departamento de Justiça de EEUU o 13 de Outubro de 2010 (Criminoso Victimization 2009, do Departamento de Justiça de Estados Unidos, www.ojp.usdoj.gov).

A incidência de delitos disparou-se em muitas cidades de EEUU, por exemplo em St. Louis, no estado de Missouri, onde se perpetraram 2.070 crimes violentos por 100.000 residentes, convertendo na cidade mais perigosa do país (St. Louis Tops List of Most Dangerous US Cities, the Associated Press, o 22 de Novembro de 2010, citando a umha estudo de CQ Press divulgado o 21 de Novembro de 2010). Por sua vez, os residentes de Detroit, no Estado de Michigan, som vítimas de mais de 15.000 crimes violentos ao ano, o qual significa que a cidade regista 1.600 crimes violentos por cada 100.000 residentes. O quatro maiores cidades de EEUU, Philadelphia, Chicago, Os Angeles e Nova Iorque, registaram umha incremento de assassinatos em 2010 em comparaçom com o ano anterior (USA Today, 5 de Dezembro de 2010). Durante a semana de 29 de Março ao 4 de Abril cometeram-se 25 homicídios no condado de Los Angeles e na primeira metade de 2010 umha total de 373 foram assassinadas nesse mesmo lugar (www.lapdonline.org).
Desde o 11 de Novembro de 2010, a cidade de Nova Iorque registou um aumento do dobro dígitos na taxa de homicídios, com umha total de 464 casos, um aumento do 16 por cento frente aos 400 reportados durante o mesmo período do ano anterior (The Washington Post, o 12 de Novembro de 2010).

O controlo de EEUU sobre a já desenfreada posse de armas no país foi laxo. A agência Reuters informou o 10 de Novembro de 2010 que EEUU é o país que mais armas particulares possui. Aproximadamente 90 milhons de pessoas possuem uns 200 milhons de armas em EEUU, país cuja populaçom é de 300 milhons de habitantes. Com quatro votos a favor e umha em contra, o Tribunal Supremo de EEUU ditaminou o 28 de Junho de 2010 que a segunda emenda à Constituiçom desse país autoriza aos cidadaos estadunidenses a possuir armas, direito que nom pode ser violado polos governos estatal ou local, alargando desta maneira a permissom de posse de armas para a defesa pessoal ao país inteiro (The Washington Post, 29 de Junho de 2010). Os bares do quatro estados de Tennessee, Arizona, Georgia e Virgínia admitem a clientes com armas carregadas enquanto que outros 18 estados de EEUU permitem levar armas aos clientes de restaurantes que servem álcool (The New York Times, 3 de octubre de 2010). Em Tennessee há case 300.000 titulares de permissons de revólveres. O 7 de Junho de 2010, o jornal The Washington Estafes informou que em Novembro de 2008 adquiriram armas de fogo umha total de 450.000 pessoas mais que durante o mesmo mês do ano 2007, o que representa umha incremento 10 vezes maior à diferença registada entre Novembro de 2006 e o mesmo mês de 2007. Por sua vez, entre Novembro de 2008 e Outubro de 2009 compraram armas case 2,5 milhons de pessoas mais que durante os 12 meses precedentes (The Washington states, 7 de Junho de 2010).
Os frequentes tiroteios ocorridos nas universidades estadunidenses ham chamado a atençom da opiniom pública nos últimos anos. O diário britânico Daily Telegraph informou na sua ediçom de 21 de Fevereiro de 2011 de que o estado de Texas adoptará umha nova lei que permitirá a 500.000 estudantes e professores de 38 universidades públicas locais entrar nos campus com armas. O estado de Utah já conta com umha legislaçom similar em vigor.

Estados Unidos registou um marcado incremento de delitos relacionados com armas de fogo. As estatísticas demonstram que nesse país houvo 12.000 homicídios causados por armas ao ano (The New York Times, 26 de Setembro de 2010). Segundo cifras publicadas polo Departamento de Justiça de EEUU o 13 de Outubro de 2010, o ano anterior 22 por cento do total de crimes violentos empregou armas de fogo nesse país, enquanto que 47 por cento de roubos também se cometeu com o uso de armas (www.ojp.usdoj.gov, 13 de Outubro de 2010). O 30 de Março de 2010, cinco homens assassinaram a quatro pessoas e feriram a outro cinco numha tiroteio efectuado desde umha carro (The Washington Post, 27 de Abril de 2010) enquanto que em Abril produziram-se seis tiroteios separados que deixaram umha total de 16 vítimas, duas delas mortais (www.myfoxchicago.com). O 3 de Abril sucedeu outro tiroteio mortal numha restaurante do norte de Hollywood, nos Angeles, que deixou umha total de quatro mortos e outros dous feridos (www.nbclosangeles.com, 4 de Abril de 2010). Ao menos umha pessoa pereceu e outras 21 resultaram feridos em tiroteios independentes em Chicago entre as datas aproximadas do 29 e o 30 de Maio (www.chicagobreakingnews.com, 30 de Maio de 2010).
Em Junho do mesmo ano, umha total de 52 pessoas foram crivadas numha fim-de-semana em Chicago (www.huffingtonpost.com, 21 de Junho de 2010). Entre Maio e Julho três agentes da polícia pereceram por balas a maos de assaltantes (Chicago Tribune, 19 de Julho de 2010). Em todo o mês de Julho foram tiroteadas em Chicago 303 pessoas, das cales 33 faleceram. Entre o 5 e o 8 de Novembro, quatro pessoas morreram e outro cinco resultaram feridas em dous tiroteios separados em Oakland, no Estado de Califórnia (World Journal, 11 de Novembro de 2010). O 30 de Novembro de 2010 umha adolescente de 15 anos tomou como reféns à sua professora e a 24 colegas de classe a ponta de pistola no condado de Marinette, estado de Wisconsin (abcNews, 30 de Novembro de 2010). O dia 8 de Janeiro deste ano o membro da Câmara de Representantes de EEUU Gabrielle Giffords resultou ferida de gravidade por disparos em Tucson, estado de Arizona. Ademais, o crime causou a morte de seis pessoas e feriu a outras 12 (Os Angeles Times, 9 de Janeiro de 2011). (Continua)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: O que nos traem o partido único PPSOE, o modelo USA BASENAME: canta-o-melro-o-que-nos-traem-o-partido-unico-ppsoe-o-modelo-usa DATE: Mon, 11 Apr 2011 16:00:19 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A pobreza em EEUU alcança nível record

Por: Imprensa GISXXI
Data de publicaçom: 11/04/11

11 Abr. 2011 - A proporçom de pessoas que vivem na pobreza em Estados Unidos alcançou um nível record, segundo o Registro de Direitos Humanos de Estados Unidos em 2010 publicado hoje por China.

Um total de 44 milhons de estadunidenses viviam em pobreza em 2009, quatro milhons mais que em 2008, segundo cifras dos médios publicadas no informe criado polo Escritório de Informaçom do Conselho de Estado da China.

Segundo o Escritório do Censo de Estados Unidos, a proporçom de residentes em pobreza aumentou a 14,3 por cento em 2009, o nível mais alto desde 1994.

As pessoas que sofrem de fame e os indigentes estadunidenses aumentaram de maneira pronunciada, segundo o relatório.

Segundo o Departamento de Agricultura de Estados Unidos, 14,7 por cento dos fogares estadunidenses careciam de segurança alimentaria em 2009. Meios estadunidenses dissérom que se tratou de um aumento de quase 30 por cento desde 2006 e por volta de 50 milhons de estadunidenses padeceram escassez de alimentos esse ano.

Cifras dos médios estadunidenses citadas no informe assinalam que o número de famílias em refúgios para indigentes aumentou sete por cento até 170.129 no ano fiscal 2009, em comparaçom com o ano fiscal 2008.

O relatório também assinalou que a cifra de estadunidenses sem seguro médico aumenta de maneira progressiva cada ano.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: E agora... Costa do Marfim BASENAME: canta-o-merlo-e-agora-costa-do-marfim DATE: Fri, 08 Apr 2011 23:28:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Fundació S'Oliveiral
Rebeliom

O Império ocidental cujo centro de gravidade está em Estados Unidos, avançam no seu inexorável projecto: o controlo da África e a exploraçom a um custo irrisório das suas extraordinárias e abundantes matérias primas antes de que China e outras potências emergentes se adiantem. Casualmente o Congo, Líbia e Costa do Marfim partilham umha mesma característica: os seus recursos naturais som excepcionais.

Na África há grandes reservas de petróleo e outra multidom de matérias estratégicas e valiosas. E Estados Unidos está a intervir desde há tempo nesse prometedor continente. Está a intervir com umha inusitada energia no África Central desde 1990, servindo-se primeiro de Uganda e mais tarde de Ruanda para controlar o Zaire/Congo e impedir que chegue a ser umha naçom forte e dona dos seus recursos.

Trás umha ?magistral? campanha internacional de propaganda e de outra militar muito ?eficaz? (que provocou, isso sim, as maiores mortalidades havidas trás a Segunda Guerra Mundial), França foi varrida de maneira ?brilhante? de Ruanda primeiro e do Zaire/Congo depois. Agora, Estados Unidos nem tam só deve dar a cara nestas ?intervençons humanitárias?: o seu lacaio Nicolas Sarkozy está feliz de jogar a herói. Desempenha agora em Líbia e Costa do Marfim o papel que o astuto Toni Blair desempenhou no Iraque. De passagem, em Costa do Marfim, que é o objecto deste artigo, seguramente restituirá na sua privilegiada posiçom a muitas empresas francesas que nunca perdoárom deriva-a nacionalista de Laurent Gbagbo, trás as eleiçons livres e democráticas do 2000.

Sobre o ?escândalo geológico? do Congo já se dixo case todo: coltám, cobalto, diamantes, ouro... Líbia, por sua parte, tem gigantescas reservas de gás e as maiores de petróleo de toda a África. Já se levantam as vozes que explicam que os até agora desconhecidos rebelde líbios foram preparados no Egipto e financiados por Estados Unidos e Europa. No que di respeito a Costa do Marfim é a locomotora económica do África do Oeste; que foi o terceiro produtor mundial de café até que a guerra foi lhe imposta; que produz 40% do cacau mundial; que ocupa igualmente umha ponteira posiçom mundial no que di respeito a produçom de noz de cola, de cana de açúcar, de ananá e de plátano; que compete com o enorme Brasil em exportaçom de madeira; que recentemente se descobriram no seu território importantes jazidas de petróleo e de outros minerais estratégicos... Por esta razom as potências ocidentais querem um homem de palha à frente do país.

Alassane Ouattara, aquele que ?a comunidade internacional? (é dizer, o Império ocidental) apresenta unanimemente (com a mesma unanimidade com a que se enganou ao mundo sobre os acontecimentos de Ruanda) como o nobre vencedor das eleiçons (ainda que o Conselho Constitucional proclamou a Laurent Gbagbo vencedor com 51,45%), é um homem das potências ocidentais (foi director para a África do Fundo Monetário Internacional); é um homem que em 2002 começou a acossar e debilitar ao Governo legítimo financiando umha rebeliom que atacou o país desde o norte; é um homem, em definitiva, de turbo historial. De facto, a ex congressista estadunidense Cynthia Ann McKinney confessava-nos estes dias que quando estava no Congresso recebeu um telefonema telefónico de Alassane Ouattara desde o iate de Henry Kissinger. Um telefonema parecido a muitas outras que recebeu durante os seus anos como congressista e que pretendiam comprar a sua consciência, um telefonema com o objectivo de solicitar-lhe ajuda para chegar como fosse à presidência de Costa do Marfim.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Costa de Marfím - "Ouattara: O mercenário fiel" BASENAME: canta-o-merlo-costa-de-marfim-ouattara-o-mercenario-fiel DATE: Fri, 08 Apr 2011 20:16:57 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://surversion.wordpress.com/2011/04/05/outtara-el-mercenario-fiel/

Ouattara: O mercenário fiel.

Quem a viu e nom lembra a película de Fernando Meirelles O jardineiro fiel, homónima do famoso romance de Le Carré? A mesma tratava da esposa de um diplomático britânico que se dedica a investigar pola sua conta e risco casos de experimentos ilegais realizados polas farmacêuticas ocidentais sobre a populaçom africana (polo qual é brutalmente assassinada). Ainda que romance, a história basear em factos reais, e particularmente no caso da multinacional estadunidense Pfizer, o qual segue sem ser fechada nem ajuizados aos responsáveis.

Agora, vários anos depois, a história repete-se ainda que em sentido inverso. Neste caso, um presidente que tenta entre outras cousas criar um sistema de saúde e segurança social público e gratuito (algo que a estas alturas dos séculos ainda nom se conhece na África) é objecto de sabotagem, conspiraçons e agora intervençom militar de parte da ONU, França e os próprio Estados Unidos acusada nos seus inícios polos interesses farmacêuticos na zona. A carta do império para isso é Alassane Ouattara, ex director do FMI para a África e conhecido criminoso de guerra, é dizer, fiel mercenário financeiro e militar ao serviço da nova cruzada ocidental no continente.

A respeito disso, reproduzo esta breve nota aparecida hoje em Últimas Notícias (Caracas) realizada polo sociólogo suíço o Jean Ziégler.

Costa do Marfim.

Jean Ziégler. (*)

É evidente que Laurent Gbagbo merece o apoio total do campo anti-imperialista. As eleiçons: é seguro que houvo fraude, sobretodo na segunda volta.

Apesar da existência desde há dous anos de um governo unificado, o país segue dividido: Bouaké, a capital da metade norte do país, encontra-se baixo o poder das Novas Forças, tropas dissidentes simpatizantes de Alassane Ouattar, autores da assonada de 2002. O Exército e a Guarda nacional, leais a Gbagbo, controla o sul do país e portanto Abiyán.

O problema de fundo é lês-te: Ouattara é o ex-director para a África do FMI. Impós em muitos países os pacotazos responsáveis pola fame e a miséria do povo africano. Foi Primeiro-ministro de Felix Houphouët, e como tal um protagonista essencial do sistema neocolonial. É um economista partidário radical das reformas neoliberais. Ouattara pertence à etnia Dioula, é muçulmano e ademais amigo íntimo de Sarkozy. Outtara é a encarnaçom do mercenário dos estadunidenses, da França-África, do FMI. É inteligente e erudito, dispom de capitais consideráveis.

Laurent Gbagbo, ex preso político de Houphouët, exilado durante 13 anos, historiador, intelectual, pertence à etnia minoritária dos Beté. Ao ser eleito, em 2000, tentou criar o primeiro seguro social da África Sub-sahariana. É nesse momento que o presidente Jacques Chirac, influenciado polas firmas farmacêuticas multinacionais, tentou derrocá-lo. Gbagbo, é o único estadista do África Ocidental.

Repito-o: elixir entre Ouattara e Gbagbo, é escolher entre um mercenário ao serviço do capital financeiro globalizado ocidental e um estadista com um passado revolucionário, anti-imperialista, patriota e defensor da soberania do seu país.

(*) Professor de sociologia na Universidade de Genebra e a Sorbona, Paris. É Doutor em Direito, em Ciências Económicas e Ciências Sociais pela Universidade de Berna. Actualmente é analista e membro do comité consultivo do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Em 2001 e 2008, Ziegler, professor da Universidade de Genebra, foi palestrante especial das Naçons Unidas para o direito à alimentaçom.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A farsa da ONU BASENAME: canta-o-merlo-a-farsa-da-onu DATE: Fri, 01 Apr 2011 20:41:11 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Andrés Martínez Lorca
Rebelión

Ainda que alguns políticos auto-intitulados «progressistas» pretendam ocultar a nova guerra baixo o manto protector das Naçons Unidas, há já muitos anos que a ONU perdeu a sua autoridade moral e mesmo a sua dignidade. Como explicar se nom, que a criaçom do Estado Palestiniano fosse aprovada em 1948 e siga ainda pendente? Por que nom levou ao Tribunal Penal Internacional a George Bush e a Tony Blair pola criminal invasom do Iraque que causou mais de um milhom de mortos e centos de milhares de exilados? Que castigos impom a Israel pola invasom de Líbano e a destruiçom de Gaza com toda a classe de armas, incluídas as bombas de cacho e fósforo branco? Como pode manter-se o bloqueio norte-americano a Cuba quando a prática totalidade da Assembleia Geral rejeitou-o em repetidas ocasiom? Dizer-se-nos-a que o poder real está em maos do cinco naçons com assento permanente no conselho de segurança e que em última instância é o governo dos Estados Unidos quem ordena e manda no supracitado conselho. Entom, para que vale a ONU, ademais de para pronunciar belos discursos? Só serve para condenar aos países pequenos e que tenham valiosos recursos naturais ou que simplesmente nom se submetam ao império? Se isto nom é umha farsa, que venha Deus e o veja.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Líbia-Desbandada: EEUU retirar-se-a de campanha militar aérea em Líbia BASENAME: canta-o-melro-libia-desbandada-eeuu-retirar-se-a-de-campanha-militar-aerea-em-libia DATE: Fri, 01 Apr 2011 14:40:13 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Aporrea
Por: Agências
Data de publicaçom: 01/04/1

1º Abr. 2011 - Estados Unidos está prestes a retirar os seus avions militares da campanha militar aérea em Líbia, com a esperança de que a NATO e outros podam fazer-se cargo.

O anúncio da quinta-feira gerou reacçons de incredulidade por parte de alguns membros do Congresso que perguntavam em voz alta por que o governo do presidente Barack Obama retiraria um elemento crave da estratégia militar apesar dos seus bons resultados.

``Raro'', ``problemático'' e ``desconcertante'' foram alguns dos comentários factos por um grupo de senadores que exige umha explicaçom polo anúncio do secretário de Defesa Robert Gates e do presidente do Estado Maior Conjunto Mike Abrandam.

As missons de combate estadounidenses terminárom no sábado. Gates informou que Gram-Bretanha, França e outros países da Organizaçom do Tratado do Atlântico Norte (NATO) deveriam de ser capazes de fazer-se cargo dos ataques por sim mesmos, contando com Estados Unidos só como apoio.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia, entre o massacre, a hipocrisia e os negócios capitalistas BASENAME: canta-o-merlo-libia-entre-o-massacre-a-hipocrisia-e-os-negocios-capitalistas DATE: Thu, 31 Mar 2011 19:51:14 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A NATO toma o comando como "Protector Unificado"

Como o assinalou Fidel Castro: Líbia amostra em toda a sua crueza a impunidade do poderio militar imperial para despedaçar a um país soberano, mas também amostra em graus superlativos a hipocrisia de um sistema capitalista decadente cujas potências centrais chamam operaçom humanitária" a um massacre ininterrompido do povo líbio, desde há 12 dias, e durante as 24 horas. Mas ademais, a destruiçom e controlo de Líbia projecta-se como "grande negócio" onde participam as grandes corporaçons financeiras, comerciais e de serviços, junto com armamentistas, petroleiras e segurança privada que contratam com o Pentágono.

Relatório especial
IAR Notícias

E agora a NATO, com a sua estrutura operativa controlada polo Pentágono, concreta outra marca. Formalmente nesta quinta-feira a Aliança Atlântica tomada o comando dos bombardeios "humanitários e o nome da operaçom passará de chamar-se "Odisseia do Amencer" a "Protector Unificado". Nom é umha anedota.

Segundo os partes oficiais, NATO tem a partir desta quinta-feira o mando total sobre as acçons militares internacionais (leia-se bombardeios) em Líbia, ao completar-se a transiçom da "coligaçom" imperial, que já arrojou milhares de mísseis e bombas inteligentes, liderada por França, Reino Unido e EEUU, à Aliança Atlântica.

É dizer que, depois de um trabalho de destruiçom sistemática da infra-estrutura produtiva de Líbia, do aparelho militar e do sistema de comunicaçom de Kadafi, depois de semear o terror com a morte maciça de civis, as três potências "gurcas" do sionismo, EEUU-Reino Unido-França, centralizadas no comando do Pentágono diluem-se (só formalmente) na estrutura de 28 membros da NATO.

Desses 28 membros, só cinco assumem-se como "comunidade internacional" e decidem na ONU (órgao de aplicaçom de legalidade" às invasons militares) a legitimidade e a justificaçom do despedaçar de Líbia, baseado em argumentos de missom humanitária".

Uns dias antes, a organizaçom já assumira a direcçom da zona de exclusom aérea imposta sobre Líbia em virtude do acordado polo Conselho de Segurança das Naçons Unidas e, previamente, fizera o próprio com a vigilância do embargo de armas que pesa sobre o país norte-africano através de umha missom naval em águas do Mediterráneo.

Isto deu a justificaçom para que o trio criminal EEUU-Reino Unido-França começassem os bombardeios ininterrompidos sobre a infra-estrutura e populaçons civis do país petroleiro.

Há que lembrar que Líbia, como o esteve o Iraque no seu momento, sofre um bloqueio económico e um isolamento internacional cujo emergente mais imediato é um estado de potencial "catástrofe humanitária" do povo líbio.

O presidente do Comité Militar da NATO, o almirante italiano Giampaolo Dei Paola, e o general canadense Charles Bouchard, ao mando das operaçons desde a base que a Aliança tem em Nápoles (Itália), "explicárom" hoje à imprensa internacional o novo marco de situaçom.

Em definitiva, EEUU e os "gurcas" da Aliança, querem outorgar um marco de legitimidade" internacional à fase final das operaçons militares para descortiçar a Líbia, terminar com Kadafi e apoderar-se do seu petróleo.

Para depois (como o fai sempre) proceder à "privatizaçom" da riqueza petroleira líbia, apoderar-se dos activos financeiros líbios no exterior, e proceder à "reconstruçom" do país.

Desde Wall Street e o sector de Defesa (e possibilitado pola relaçom comercial Pentágono-mercenários do Complexo Militar Industrial), desprendem-se todas as linhas de decisom e execuçom da macro-negócio com o armamentismo, o petróleo, a "reconstruçom" e a infra-estrutura operativa das invasons e ocupaçons (como Iraque, Afeganistám e agora Líbia) agregadas as bases militares norte-americanas (calculam-se em quase 1000) disseminadas por todo o planeta.

Sobre a base de um orçamento de US$ 780.000 milhons (destinado ao sector de Defesa) este macronegocio hoje hegemonizado polo lobby sionista democrata abrangue desde a venda de armas e de tecnologia de ponta, até construçom de infra-estrutura e de prestaçom de serviços privados às bases militares e forças de ocupaçom.

Wall Street prove recursos de financiamento, e os mercenários do Complexo Militar Industrial, nom só prove armas e serviços de segurança privada, senom que também prove a logística completa (roupa. comida, alojamento, etc) aos soldados, tanto nas áreas de ocupaçom como também na rede de bases distribuídas por todo o planeta e dentro de EEUU.

A destruiçom e controlo de Líbia projecta-se como "grande negócio" onde participam as grandes corporaçons financeiras, comerciais e de serviços, junto com armamentistas, petroleiras e segurança privada que contratam com o Pentágono.

Todos unidos sob o axioma dos Rothschild: "Se nom há guerra, há que a inventar para fazer negócios".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Documento revela intuitos bélicas de Estados Unidos contra Venezuela e Líbia BASENAME: canta-o-merlo-documento-revela-intuitos-belicas-de-estados-unidos-contra-venezuela-e-libia DATE: Mon, 28 Mar 2011 21:45:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por: Centroalerta.com
Data de publicaçom: 28/03/11

Por Eva Golinger

28 Mar. 2011 - Um documento intitulado a ?Doutrina de Guerra Irregular da Armada de Estados Unidos", publicado em 2009, revela os planos expansionistas de Washington no mundo. Dentro do documento, foi incluído um mapa que supostamente define o novo "campo de batalha" de Estados Unidos a nível mundial. O mapa destaca um "arco da instabilidade", dentro do qual se encontram os brancos desta "batalha", que incluem a grande maioria de países desde Ásia Central, o Meio Oriente, o Norte de África e Venezuela.

Há algo que tem em comum estes países: as mais grandes reservas estratégicas do mundo. Pouco a pouco, Estados Unidos veio estendendo a sua guerra por todos estes territórios, buscando apropriar-se dos seus ricos recursos.

DOMINAR ÀS POPULAÇONS

A Doutrina de Guerra Irregular se oficializa com a chegada ao poder do Presidente Barack Obama em 2009. Esta forma de guerra diferencia da guerra convencional, que tem como objectivo derrotar às forças armadas do adversário e emprega tácticas tradicionais como a invasom com tropas e o bombardeio aéreo. Mas a guerra irregular tem outro objectivo: dominar e influir sobre as populaçons civíles, e as suas tácticas som diferentes. Nesta forma de guerra assimétrica, utilizam-se técnicas como a subversom, a penetraçom e a infiltraçom na "sociedade civil", empregando mecanismos de operaçons psicológicas e promovendo o caos, a desestabilizaçom e o descontentamento para gerar conflitos internos, debilitando aos alicerces do poder.

No orçamento do Pentágono do 2010, foi destacado a mudança de doutrina da guerra clássica à guerra irregular: "O orçamento do 2010 apoia ao esforço do Pentágono para institucionalizar as capacidades necessárias para conduzir a Guerra Irregular" ?O Pentágono deve desenvolver novas capacidades para enfrontar o rango de desafios irregulares. Para este fim, o orçamento do 2010 aumenta os recursos para a Guerra Irregular"" (DoD FY 2010 Budget Request Summary Justification).

Simultaneamente, o Pentágono foi expandindo a sua presença militar dentro do seu novo "campo de batalha", com a criaçom do Comando África (AFRICOM) e os acordos de "cooperaçom em defesa e segurança" com Colômbia, Panamá, Brasil e Costa Rica. Estes acordos, que permitiram alargar a presença de equipas, forças e recursos militares de Washington na América do Norte Latina, fizeram parte da nova estratégia de "mobilidade aérea", revelada no Livro Branco do Comando Aéreo da Força Aérea de Estados Unidos.

No supracitado documento, Estados Unidos salientou a necessidade de ocupar bases militares em Colômbia, particularmente em Palanquero, para permitir um alcance aéreo de "amplo espectro" por todo o continente de Suramérica. Segundo esses documentos e outros da Força Aérea, essa presença estadounidense era necessária para combater os "governos anti-estadounidenses" na regiom: principalmente Venezuela e outros países da Aliança Bolivariana para os Povos da nossa América do Norte (ALVA).

O Livro Branco também destacou a necessidade de alargar a presença militar de Estados Unidos em Colômbia, e agora em Panamá e Centroamérica, para poder assegurar o alcance global, enlaçando com as bases de AFRICOM, e logo por todo o Meio Oriente, Europa e Ásia, onde o Pentágono é a força dominante.

ALARGANDO AO CAMPO DE BATALHA

Com as recentes revoltas no Egipto, Tunéz, Iémen, Bahreim e Líbia, Estados Unidos veio cumprindo com os seus objectivos- expandindo a sua presença militar e assegurando o controlo sobre os recursos estratégicos nessa regiom. E ainda que em todos esses países houve matanças por parte dos governantes, só no caso de Líbia, Washington impulsionou a invasom militar. Nos outros casos, os governos voluntariamente subordinárom-se à agenda estadounidense, mas em Líbia, o governo de Muammar al-Gaddafi resistiu.

Desde que Obama chegou ao poder, a sua administraçom alargou as guerras no Afeganistám e Iraque, e abriu novos "campos de batalha" no Paquistám e Iémen, e agora Líbia. Analisando ao mapa do "campo de batalha" da Guerra Irregular, pode-se deduzir que só faltará expandir as operaçons militares para América do Norte Latina; para Venezuela em particular, onde residem as mais grandes reservas petroleiras do mundo.

As ameaças de Washington contra Venezuela e Cuba endureceram-se durante os últimos meses. Há poucos dias, o Washington Post " jornal influente sobre a política estadounidense " publicou um artigo promovendo acçons militares contra Venezuela, acusando o governo de Hugo Chávez de ser um "centro de terrorismo mundial", justo ao sul da fronteira de Estados Unidos. No artigo, pediram ao governo de Obama actuar contra Venezuela e classificá-lo como um país "patrocinante do terrorismo", algo que abriria a porta a umha intervençom militar. Ao mesmo tempo, o governo de Obama veio aumentando o financiamento multimilionário a grupos anti-chavistas dentro de Venezuela, buscando alimentar ao conflito e fomentar algumha acçom que poderia resultar num "mudança de regime".

Desde o 2001, o plano de invasom a Venezuela foi desenhado. O chamado "Plano Balboa", exercício militar da NATO que foi realizado em Espanha em Maio 2001, tinha como objectivo invadir a Venezuela e tomar o controlo dos seus recursos petroleiros. De facto, no Plano Balboa, a estratégia era invadir e atacar a Venezuela desde as bases militares de Estados Unidos em Colômbia, Panamá, Aruba e Curazao, e Porto Rico, ocupando a zona ocidental do país desde Zulia a Apresse (a média lua venezuelana) e tomando controlo da mesma. Era um plano secessionista que buscava dividir a Venezuela em dous partes, deixando o controlo sobre as reservas petroleiras em maos das forças invasoras.

Esse mapa de invasom foi um simples rascunho, sobre o qual o Pentágono veio trabalhando e tentando converter numha realidade. Durante os últimos anos, a presença militar de Estados Unidos na América do Norte Latina chegou ao seu nível mais grande de toda a história, e principalmente está a rodear a Venezuela. O desejo do Pentágono é nom ter que activar nengum plano militar contra Venezuela, senom alcançar o objectivo de derrocar ao governo de Hugo Chávez através de outras estratégias, como o golpe suave (as "revoluçons de cores"), a desestabilizaçom e subversom interna, e umha campanha feroz de operaçons psicológicas a nível mundial que haver satanizado ao governo venezuelano, justificando qualquer agressom na sua contra.

O exemplo de Líbia demonstra até que ponto está disposto a chegar o governo estadounidense quando pom em marcha um plano de "mudar um regime" que nom lhe convém, num país com grandes reservas estratégicas. O campo de batalha de Washington segue estendendo-se, e Venezuela está claramente na sua mira.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A aviaçom francesa cometeu massacre na cidade líbia de Ajdabiya BASENAME: canta-o-merlo-a-aviacom-francesa-cometeu-massacre-em-cidade-libia-de-ajdabiya DATE: Sat, 26 Mar 2011 22:14:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por: Imprensa Site A Rádio do Sul / Imprensa Latina
Data de publicaçom: 26/03/11

26 Mar. 2011 - Líbia denunciou hoje que a aviaçom dos aliados cometeu umha matança em Ajdabiya e os seus arredores, cidade controlada polos opositores ao líder líbio Muamar O Gadafi, segundo a agência Jana. Segundo a fonte as vítimas contam-se por centenas, entre elas mulheres e meninhos.

O governo da França foi o mais activo nos bombardeios contra cidades do país norafricano. Ademais fôrom avions galos os primeiros em executar ataques depois de aprovada a resoluçom número 1973 do Conselho de Segurança de Naçons Unidas.

Nesta semana umha investigaçom difundida por um diário italiano denuncia que desde Novembro de 2010, o governo de Nicolás Sarkozy esteve a planificar junto a desertores do meio de Khadafi o derrubamento do governo líbio.

Pola sua banda, o presidente estadunidense, Barack Obama, reiterou hoje que as forças estadunidenses estarám afastadas do terreno em Líbia, enquanto se prepara para explicar a situaçom num discurso que pronunciará na próxima segunda-feira.

Sob fogo de sectores opositores e inclusive do seu partido por nom solicitar aprovaçom do Congresso dantes de ir à guerra, o presidente alegou que dessa forma se evitou umha suposta catástrofe humanitária.

Na sua mensagem deste sábado o governante qualificou de ?limitado? o papel das forças estadunidenses, ao mesmo tempo que anunciou que dirigir-se-a ao país numha alocuçom na segunda-feira na noite para abordar a situaçom na naçom árabe do norte da África.

Enquanto a coalizom ocidental intensifica os ataques aéreos, a Uniom Africana (UA) e une-a Árabe insistiram neste sábado na necessidade de coordenar acçons e conseguir um alto o fogo, para evitar que o conflito ocasione um maior derramamento de sangue.

A véspera em Adis Abeba, a UA adiantou umha série de iniciativas para resolver a crise, entre estas, reformas democráticas e conversas entre as partes, numha cimeira na que também participariam representantes da Rússia, Chinesa, Estados Unidos e França.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: França estava a preparar o derrocamento de Kadhafi desde Novembro BASENAME: canta-o-merlo-franca-estava-a-preparar-o-derrocamento-de-kadhafi-desde-novembro DATE: Sat, 26 Mar 2011 21:57:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

http://www.voltairenet.org/article169073.html

França estava a preparar o derrocamento de Kadhafi desde Novembro
por Franco Bechis*

Acçom secreta

Segundo o jornalista da direita liberal italiana Franco Bechis, os serviços secretos franceses preparárom a revolta de Benghazi desde Novembro de 2010. Como assinala Miguel Martinez no portal progressista ComeDonChisciotte, estas revelaçons, alentadas polos serviços secretos italianos, devem se interpretar como umha mostra de rivalidade no seio do capitalismo europeu. A Rede Voltaire precisa que Paris rapidamente associou Londres ao seu projecto de derrocamento do coronel Kadhafi (força expedicionária franco-britânica). O plano foi modificado no contexto das revoluçons árabes e Washington tomou entom o controlo do mesmo impondo os seus próprios objectivos (contra-revoluçom no mundo árabe e desembarco do AfriCom no continente negro). A actual coaligaçom é portanto o resultado de ambiçons diversas, o qual explica as suas contradiçons internas.

Primeira etapa da viagem, 20 de Outubro de 2010, Tunísia. Ali desceu de um aviom de Libyan Airlines, com toda a sua família, Nuri Mesmari, o chefe de protocolo do corte do coronel Muamar o-Kadhafi. Trata-se de um dos grandes ?papagaios? do regime líbio e tem estado desde sempre a carom do coronel.

Era o único, junto do ministro de Relaçons Estrangeiras Mussa Kussa, que tinha acesso directo à residência de Kadhafi sem ter que tocar a porta dantes de entrar. Era o único com direito a passar a ombreira da suite 204 do velho círculo oficial de Benghazi onde o coronel líbio recebeu com todas as honras ao primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi durante a visita oficial a Líbia.

A visita de Mesmari a Tunísia nom dura mais que umhas horas. Nom se sabe com quem se reúne na capital, onde já se percebe o balbordo de revolta contra Bel Ali. Hoje sabe-se com certeza que durante essa estadia Mesmari estabelece os contactos para o que se vai converter, em meados de Fevereiro, na rebeliom da regiom de Cirenaica. E prepara a estocada contra Kadhafi procurando e obtendo alianças em duas frentes. O primeiro é o da dissidência tunecina. O segundo é o da França de Nicolas Sarkozy. Duas alianças que estabelece com sucesso.

Assim o demonstram documentos da DGSE, o serviço secreto francês, e umha série de notícias sensacionais que circularam nos meios diplomáticos franceses a partir do boletim confidencial Maghreb Confidential (do qual existe umha versom sintetizada e acessível mediante pagamento).

Mesmari chega a Paris ao dia seguinte, o 21 de Outubro. Já nom mover-se-a de ali. Em Líbia, Mesmari nom ocultava a sua viagem a França já que levava com ele a toda a sua família. A versom é que vai a Paris para submeter a um tratamento médico e provavelmente a umha intervençom cirúrgica. Mas jamais verá a nengum médico. Em mudança, se verá, e todos os dias, a vários servidores públicos dos serviços secretos franceses.

A reuniom.

Está comprovado que estreitos colaboradores do presidente francês foram vistos a princípios de Novembro enquanto entravam no hotel Concorde Lafayette de Paris, onde reside Mesmari. O 16 de Novembro, umha fileira de autos azuis mantém-se ante o hotel. umha longa e coincidida reuniom tem local na suite de Mesmari. Dous dias depois, umha nutrida e estranha delegaçom francesa sai para Benghazi. Componhem-na servidores públicos do ministério de Agricultura, dirigentes de France Export Céréales e de France Agrimer, dirigentes de Soufflet, de Louis Dreyfus, de Glencore, de Cani Céréales, Cargill e Conagra.

Nos papéis, trata-se de umha delegaçom comercial encarregada de obter, precisamente em Benghazi, importantes encomendas líbios. Mas o grupo inclui também vários militares franceses camuflados como homens de negócios.

Em Benghazi vam reunir-se com um coronel da aviaçom líbia cujo nome lhes proporcionou Mesmari: Abdallah Gehani. O homem está acima de toda a suspeita, mas o ex chefe de protocolo de Kadhafi revelou que Gehani está disposto a desertar e que tem também bons contactos com a dissidência tunecina.

A operaçom desenvolve-se no maior segredo, mas algo se filtra e chega a ouvidos dos homens mais próximos a Kadhafi. O coronel suspeita algo. O 28 de Novembro assina umha ordem internacional de detençom contra Mesmari. A ordem chega também a França através dos canais protocolares. Alarmados, os franceses decidem acatar a ordem de detençom de maneira formal.

Quatro dias depois, o 2 de Dezembro, a notícia filtra-se precisamente desde Paris. Nom se dam nomes, mas se revela que a polícia francesa prendeu a um dos principais colaboradores de Kadhafi. Ao princípio, Líbia sente-se tranqüila novamente. Até que se inteira de que Mesmari está em realidade sob detençom domiciliária na sua suite do hotel Concorde Lafayette. Kadhafi começa a molestar-se.

O cólera de Kadhafi.

Quando chega a notícia de que Mesmari solicitou oficialmente asilo político na França, estala o cólera de Kadhafi, quem ordena o retiro de passaportes, inclusive ao próprio ministro de Relaçons Exteriores Mussa Kussa, acusado de ser responsável pola deserçom de Mesmari. Depois trata de enviar aos seus homens a Paris, com mensagens para o traidor: «Regressa. Serás perdoado». O 16 de Dezembro, é Abdallah Mansur, chefe da televisom líbia, quem trata de fazer chegar a mensagem. Os franceses detém-no à entrada do hotel. Outros líbios chegam a Paris o 23 de Dezembro. Som Farj Charrant, Fathi Bukhris e Alla Unes Mansuri.

Conhecê-los-mos melhor após o 17 de Fevereiro porque som precisamente eles quem, junto à o Hadji, dirigírom a revolta de Benghazi contra as milícias do coronel.

Os franceses autorizam a estas três personagens a sair a cear Mesmari num elegante restaurante dos Campos Elíseos. Também participam no jantar vários servidores públicos da presidência da República Francesa e alguns dirigentes dos serviços secretos franceses. Entre o Natal e no Dia de Ano Novo aparece no boletim Maghreb Confidential a notícia de que Benghazi se encontra em ebuliçom -cousa que ninguém sabe ainda- e também aparecem várias indiscreçons sobre certas ajudas logísticas e militares que parecem ter chegado à segunda cidade líbia, ajudas provenientes precisamente da França. Já está claro que Mesmari se converteu num instrumento em maos de Sarkozy, quem trata de sacar a Kadhafi de Líbia. O boletim confidencial sobre o norte da África começa a filtrar os conteúdos desta colaboraçom.

Mesmari ganha-se o apodo de «Libyan Wikileak» porque revela um depois de outro os segredos da defesa militar do coronel e conta todos os detalhes sobre as alianças diplomáticas e financeiras do regime, traçando inclusive um verdadeiro mapa da distribuiçom dos sectores em desacordo e das forças que se encontram no terreno. Em meados de Janeiro, França tem nas maos todas as chaves para tratar de derrocar ao coronel. Mas produz-se umha filtraçom. O 22 de Janeiro, o chefe dos serviços secretos na regiom de Cirenaica, fiel a Kadhafi, o general Audh Saaiti, prende ao coronel de aviaçom Gehani, quem trabalha em segredo para os franceses desde o 18 de Novembro.

O 24 de Janeiro, Gehani é enviado a umha prisom em Tripoli, acusado de ter criado em Cirenaica umha rede social que elogiava a oposiçom tunecina contra Ben Ali. Mas é demasiado tarde. Gehani já tinha preparada a revolta de Benghazi, com os franceses.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A NOVA GUERRA COLONIAL BASENAME: canta-o-merlo-a-nova-guerra-colonial DATE: Thu, 24 Mar 2011 18:32:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

resistir.info

O imperialismo acaba de lançar uma nova guerra colonial.
Um impressionante conjunto de forças militares iniciou a agressão contra a Líbia.
A aprovação da Resolução 1973 pelo Conselho de Segurança da ONU foi uma ruptura com o direito internacional.
Ela foi possível graças à capitulação da Rússia, da China, do Brasil e dos demais países que ali se abstiveram (a máscara "progressista" do governo Dilma caiu rapidamente) .
A ONU nunca se preocupou com os palestinos massacrados em Gaza pela entidade nazi-sionista, nunca se incomodou com as ditaturas terroristas que mataram milhares de cidadãos na América Latina, nunca fez o mínimo gesto contra as ditaduras que escravizam emirados árabes, nada fez nem faz pelas mulheres oprimidas da Arábia Saudita, nunca disse uma palavra contra a selvageria da tropa da NATO que massacra indefesos camponeses afegãos, nunca se manifestou contra os drones que assassinam velhos, mulheres e crianças no Paquistão.
Não foi preciso a ONU para que os povos tunisino e egípcio se desembaraçassem de ditadores que haviam sido financiados e armados pelo ocidente.
Uma vez vencido Moammar Kadafi, tal como Saddam Hussein, a Líbia irá descobrir os encantos da democracia ocidental à moda do Iraque ? ao custo de mais de um milhão de mortos e milhões de deslocados.
A Líbia ficará totalmente livre para a pilhagem das suas riquezas naturais.
No mundo pós Pico Petrolífero, o petróleo será libertado para as corporações ocidentais ? ao custo de um novo massacre.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Líbia: O maior empreendimento militar desde a invasão do Iraque BASENAME: canta-o-melro-libia-o-maior-empreendimento-militar-desde-a-invasao-do-iraque DATE: Tue, 22 Mar 2011 22:33:21 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Líbia: O maior empreendimento militar desde a invasão do Iraque
? Rumo a uma operação militar prolongada
por Michel Chossudovsky

Mentiras rematadas dos media internacionais: Bombas e mísseis são apresentados como instrumentos de paz e de democratização.

Isto não é uma operação humanitária. O ataque à Líbia abre um novo teatro de guerra regional.

Há três diferentes teatros de guerra no Médio Oriente - região da Ásia Central: Palestina, Afeganistão e Iraque.

O que está a desdobrar-se é um quarto Teatro de Guerra EUA-NATO no Norte de África, com risco de escalada.

Estes quatro teatros de guerra estão funcionalmente relacionados, fazem parte de uma agenda militar integrada EUA-NATO

O bombardeamento da Líbia esteve no estirador do Pentágono durante vários anos, como confirmado pelo antigo comandante da NATO, general Wesley Clark.

A operação Odissey Dawn é reconhecida como a "maior intervenção militar ocidental no mundo árabe desde que começou a invasão do Iraque, há exactamente oito anos" ( Russia: Stop 'indiscriminate' bombing of Libya - Taiwan News Online , March 19, 2011).

Esta guerra faz parte da batalha pelo petróleo. A Líbia está entre as maiores economias petrolíferas do mundo, com aproximadamente 3,5% das reservas globais de petróleo ? mais do dobro das dos EUA.

O objectivo subjacente é obter controle sobre as reservas de petróleo e gás da Líbia sob o disfarce de uma intervenção humanitária.

As implicações geopolíticas e económicas de uma intervenção militar conduzida pelos EUA-NATO contra a Líbia são de extremo alcance.

A Operação "Odyssey Dawn" faz parte de uma agenda militar mais vasta no Médio Oriente e na Ásia Central, a qual consiste em obter controle e propriedade corporativa sobre mais de 60 por cento das reservas mundiais de petróleo e gás natural, incluindo as rotas dos oleodutos e gasodutos.

Com 46,5 mil milhões de barris de reservas provadas (10 vezes as do Egipto), a Líbia é a maior economia petrolífera no continente africano seguida pela Nigéria e Argélia (Oil and Gas Journal). Em contraste, as reservas provadas dos EUA são da ordem dos 20,6 mil milhões de barris (Dezembro 2008) de acordo com a Energy Information Administration. U.S. Crude Oil, Natural Gas, and Natural Gas Liquids Reserves ).

O maior empreendimento militar desde a invasão do Iraque

Uma operação militar desta dimensão e magnitude, envolvendo a participação activa de vários membros da NATO e países parceiros, nunca é improvisada. A operação Odyssey Dawn estava em etapas avançadas de planeamento militar antes do movimento de protesto no Egipto e na Tunísia.

A opinião pública foi levada a acreditar que o movimento de protesto se propagou espontaneamente da Tunísia e do Egipto à Líbia.

A insurreição armada na Líbia Oriental é apoiada directamente por potências estrangeiras. As forças rebeldes em Bengazi imediatamente arvoraram a bandeira vermelha, negra e verde com o crescente e a estrela: a bandeira da monarquia do rei Idris, o qual simbolizava o domínio das antigas potências coloniais. (Ver Manlio Dinucci, Libya-When historical memory is erased , Global Research, February 28, 2011)

A insurreição também foi planeada em coordenada com o cronograma da operação militar. Ela foi cuidadosamente planeada meses antes do movimento de protesto, como parte de uma operação encoberta.

Forças especiais do estado-unidenses e britânicas foram descritas como estando no terreno a "ajudar a oposição" desde o princípio.

Do que estamos a tratar é de um roteiro militar, um cronograma de eventos militares e de inteligência cuidadosamente planeados.

Cumplicidade das Nações Unidas

Até agora, a campanha de bombardeamento resultou em incontáveis baixas civis, as quais são classificadas pelos media como "danos colaterais" ou atribuídas às forças armadas líbias.

Numa ironia amarga, a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU concede à NATO um mandato "para proteger civis".

Protecção de civis

3. Autoriza Estados membros que notificaram o secretário-geral, a actuarem nacionalmente ou através de organizações regionais ou acordos, e a actuarem em cooperação com o secretário-geral, a tomarem todas as medidas necessárias , não obstante o parágrafo 9 da resolução 1970 (2011), para proteger civis e áreas populadas por civis sob ameaça de ataque na Jamahiriya Árabe Líbia, incluindo Bengazi, enquanto excluindo uma forças de ocupação estrangeira de qualquer forma sobre qualquer parte do território líbio , e requer os Estados membros relacionados a informarem imediatamente o secretário-geral das medias que tomaram de acordo com a autorização conferida por este parágrafo a qual será imediatamente informada ao Conselho de Segurança. ( UN Security Council Resolution on Libya: No Fly Zone and Other Measures , March 18, 2011)

A resolução da ONU garante às forças da coligação carta branca para empenharem-se numa guerra total contra um país soberano em desrespeito do direito internacional e em violação da Carta das Nações Unidas. Ela também serve a interesses financeiros dominantes: não só permite à coligação militar bombardear um país soberano como também permite o congelamento de activos, podo assim em perigo o sistema financeiro da Líbia.

Congelamento de activos

19. Decide que o congelamento de activos imposto pelo parágrafo 17, 19, 20 e 21 da resolução 1970 (2011) será aplicados a todos os fundos, outros activos financeiros e recursos económicos que estão no seu território, os quais são possuídos ou controlado, directa ou indirectamente, pelas autoridades líbias, ...

Em parte alguma da resolução do CSONU é mencionada a questão da mudança de regime. Mas é entendido que forças da oposição receberão parte do dinheiro confiscado sob o artigo 19 de resolução 1973. Discussões com líderes da oposição para esse facto de facto já tiveram lugar. Isso se chama desvio do texto e fraude financeira.

20. Afirma a sua determinação de assegurar que activos congelados de acordo com o parágrafo 17 da resolução 1979 (2011) deverão, numa etapa posterior, tão logo quanto possível serem disponibilizados para e em benefício do povo da Jamahiriya Árabe Líbia;

Em relação à "Imposição do embargo de armas" sob o parágrafo 13 da resolução, as forças da coligação comprometer-se-ão sem excepção a impor um embargo de armas à Líbia. Mas desde o princípio eles violaram o Artigo 13, ao fornecerem armas às forças de oposição em Bengazi.

Operação militar prolongada?

Os conceitos são invertidos. Numa lógica absolutamente enviesada, paz, segurança e protecção do povo líbio devem ser alcançados através de ataques de mísseis e bombardeamentos aéreos.

O objectivo da operação militar não é a protecção de civis mas a mudança de regime e a ruptura do país, como na Jugoslávia, nomeadamente a partição da Líbia em países separados. A formação de um Estado separado na área produtora de petróleo da Líbia Oriental foi contemplada por Washington durante muitos anos.

Cerca de uma semana antes do ataque com bombardeamentos, o director da inteligência nacional James Clapper enfatizou num testemunho ao Comité de Serviços Armados do Senado dos EUA que a Líbia tem capacidades de defesa aérea significativas e que uma abordagem zona de interdição de voo poderia potencialmente resultar numa prolongada operação militar.

A política de Obama tem o "objectivo de afastar Kadafi", reiterou o conselheiro de segurança nacional.

Mas o testemunho de Clapper revela quão difícil isso poderia ser.

Ele disse ao comité do Senado pensar que "Kadafi está nisto por muito tempo" e que não pensa ter Kadafi "qualquer intenção ... de abandonar".

Finalmente, enumerando as razões porque acredita que Kadafi prevalecrá, Clapper disse que o regime tem mais stocks militares e pode contar com um exército bem treinado, unidades "robustamente equipadas", incluindo a 32ª Brigada, a qual é comandada pelo filho de Kadafi, Khamis, e a 9ª Brigada.

O grosso do seu hardware inclui defesas aéreas de fabricação russa, artilharia, tanques e outros veículos, "e eles parecem mais disciplinados quanto ao modo como tratam e reparam esse equipamento", continuou Clapper.

Clapper contestou afirmações de que uma zona de interdição de voo poderia ser imposta à Líbia rápida e facilmente, dizendo que Kadafi comanda o segundo maior sistema de defesa aérea do Médio Oriente, logo após o do Egipto.

"Eles têm um bocado de equipamento russo e há uma certa qualidade nos números. Algum do equipamento caiu nas mãos dos oposicionistas", continuou.

O sistema compreende cerca de 32 sítios de mísseis terra-ar e um complexo de radar que "está centrado na protecção da linha costeira (mediterrânea) onde está 80 ou 85 por cento da população", disse Clapper. As forças de Kadafi também têm "um número muito grande" de mísseis anti-avião disparados do ombro (shoulder-fired anti-aircraft missiles).

O general do Exército Ronald Burgess, director da Defense Intelligence Agency, endossou a avaliação de Clapper, dizendo que o momento estava a mudar em favor das forças de Kadafi depois de estar inicialmente com a oposição.

"Se mudou ou não plenamente para o lado de Kadafi neste momento dentro do país penso que não está claro", disse Burgess. "Mas agora atingimos um estado de equilíbrio onde ... a iniciativa, se quiser, pode estar do lado do regime".

Horas depois de Clapper ter falado, Thomas Donilon, conselheiro de segurança nacional de Obama, apresentou uma avaliação diferente, o que sugere pontos de vista agudamente divergentes entre a Casa Branca e a comunidade de inteligência dos EUA.

Ele disse que a análise dos chefes de inteligência eram "estáticas" e "unidimensionais", com base no equilíbrio de força militar, e deixava de levar em conta tanto o crescente isolamento de Kadafi como acções internacionais para promover seus oponentes. ( White House, intel chief split on Libya assessment | McClatchy , March 11, 2011)

A declaração anterior sugere que a Operação Odyssey Dawn podia levar a uma guerra prolongada e persistente resultando em perdas significativas para a NATO-EUA.

As dificuldades militares da NATO foram relatadas por fontes líbias desde o princípio da campanha aérea.

Horas após o começo dos bombardeamentos, fontes líbias (ainda a serem confirmadas) destacaram o derrube de três jactos franceses. (Ver Mahdi Darius Nazemroaya, Breaking News: Libyan Hospitals Attacked. Libyan Source: Three French Jets Downed , Global Research, March 19, 2011).

A rede nacional de TV da Líbia anunciou que um caça francês havia sido derrubado próximo de Tripoli. O exército francês negou estes relatos:

"Rejeitamos a informação de que um caça francês tenha sido derrubado na Líbia. Todos os aviões que enviámos hoje em missões retornaram à base", disse o porta-voz do Exército francês, coronel Thierry Burkhard, citado por Le Figaro ". (Libya: A french fighter plane was shot down! The French Army denies this information, xiannet.net March 20, 2011)

Fontes internas líbias (a serem confirmadas) também relataram no domingo o derrube de dois jactos militares do Qatar. Segundo relatos líbios, ainda a serem confirmados, um total de cinco jactos franceses foi derrubado. Três destes jactos atacantes franceses foram, segundo os relatos, derrubados em Tripoli. Os outros dois jactos franceses foram derrubados enquanto atacavam Sirt (Surt/Sirte). (Mahdi Darius Nazemroaya, Libyan Sources Report Italian POWs Captured. Additional Coalition Jets Downed, Global Research, March 20, 2011)

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23815

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia-Imperialistas na ratoeira BASENAME: canta-o-merlo-libia-imperialistas-na-ratoeira DATE: Tue, 22 Mar 2011 17:12:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A liçom de Líbia: A um zombie só o pode matar outro zombie

(IAR Notícias) 22-Março-2011

Em Líbia o sistema tocou fundo. A decadência e a irracionalidade das potências dominantes mostra-se em todo o seu esplendor. Ao vivo e ao vivo. A variável de ajuste é o petróleo. A lógica funcional é o assassinato em massa. O espectáculo põem-no as bombas e mísseis de última geraçom, a morte e o sofrimento corre por conta do povo líbio. A CIA divide, o Pentágono extermina, A ONU santifica. As potências centrais acompanham. Mas só acompanham ao ganhador. Um dado finque para entender o que vem.

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com
IAR Notícias/

O ataque militar a Líbia prova algo indiscutível: O sistema imperial capitalista centralizado no eixo USA-UE-Israel é impune. E está só. Nom tem inimigo estratégico. Pode invadir, matar ou perdoar, ao seu arbítrio.

O aparelho da imprensa mundial e os seus analistas mercenários pertence-lhes e está ao seu inteiro serviço, as 24 horas do dia.

A sociedade mundial, nos seus diferentes níveis sociais, está alienada e só repete slogans mediáticos manipuladores.

Os governos mundiais (salvo uns poucos como Venezuela e Cuba) som meras sucursais gerênciais das potências centrais e das suas corporaçons transnacionais que converteram ao planeta num grande mercado sem fronteiras.

A esquerda converteu-se num mosaico incoerente de fundamentalistas ideologizados e sem capacidade de análise estratégico que só recitam consignas da "guerra de esquerda contra direita", integrados ao sistema.

EEUU e as potências (como fica umha vez mais demonstrado com Líbia) pode massacrar populaçom civil desde o ar e apagar um país inteiro a míssilazos, sem que a ninguém se lhe mova um cabelo.

A indiferença e a alienaçom colectiva é o maior triunfo do sistema.

Fagamos um minuto de silêncio polos mortos. polos que estám a morrer em Líbia, e polos que vam seguir morrendo, em massa, por fame ou por mísseis, para seguir alimentado rentabilidade capitalista irracional e assassina a escala mundial.

Fagamos um minuto de silêncio polo planeta, por nossa fraterniza natureza, e pola inteligência humana que também foi destruída a míssilazos de ecrám televisiva. Humanidade kaput.

O capitalismo converteu ao ser humano vivo num terminal robotizado da sociedade de consumo capitalista.

O sistema caminha só, como um zombei, e mata por inércia. E os vivos que ainda resistem som isolados, demonizados, e executados, a míssilazos ou a cuspitazos televisivos, sob o cargo de pertencer ao "eixo do mau". . E a humanidade, convertida num microchip falante do sistema imperial, aplaude gozosa as "rebelions" da CIA e a queda dos "ditadores" nos países atestados de petróleo por conquistar.

Já nom há lógica nem sentido comum. Todo perdeu legitimidade e razom de ser. Enquanto o império assassina em massa em Líbia, Iraque, Afeganistám, ou ali onde tenha mercados e petróleo por conquistar, a sociedade mundial alienada consome produtos, diversom, ídolos ?teatreiros? e presidentes de Estados capitalistas fabricados e clonados como a ovelha Dolly. .

E parece que a um zombei só o pode matar outro zombei.

Ao sistema capitalista só o podem matar as suas próprias contradiçons. As suas próprias divisons e guerras internas polo controlo do poder e dos recursos estratégicos essenciais que se extinguem num planeta destruído e depredado pola voracidade da rentabilidade bancária e comercial.

Em Líbia o sistema tocou fundo. A decadência e a irracionalidade das potências dominantes mostra-se em todo o seu esplendor. Ao vivo e ao vivo. A variável de ajuste é o petróleo. O show põem-no as bombas e mísseis de última geraçom, a morte e o sofrimento corre por conta do povo líbio.

A CIA divide, o Pentágono extermina, A ONU santifica. As potências centrais acompanham. Mas só acompanham ao ganhador.

Um cenário que se repete até o cansaço nos povos pobres que nadam em petróleo e em riquezas naturais. Na Ásia, África e Médio Oriente, a "soluçom final" sempre é a conquista de mercados com assassinato em massa de populaçom sobrante.

Os zombies morrem matando. E morrem matando a seres que estavam vivos. E quando as bombas nom surtem efeito, como em Líbia, começa a diáspora e os confrontos internos para se combinar com algum pedaço do objectivo dantes de que desparezca.

EEUU encontrou-se só com os seus dous sócios sionistas na conquista do petróleo líbio.

Passárom 72 horas do início do ataque e Kadafi segue em pé. A sociedade imperial começa a rachar-se. Os interesses de sector primam sobre a unidade. Membros da OTAN olham para um lado, e o Pentágono para outro. Nom há acordos sobre a táctica, a estratégia e a linha de comando a seguir.

A morte em massa do povo líbio começa a converter-se em rotina, num statu quo dramático, e os reproches e as diferenças internas no bloco imperial semeiam de dúvidas e de incerteza aos "cenários possíveis" que se avizinham como o resultante.

E a imprensa internacional intitula: Os ataques em Líbia poderiam reduzir-se; teme-se um ponto morto, di Reuters. Persistem dúvidas a respeito de quem deve comandar a operaçom em Líbia, assinala a BBC. A OTAN nom consegue superar as suas divisons internas sobre Líbia, concretiza a AFP. Fendas nos aliados sobre a operaçom; Obama reclama o comando da OTAN, resume O Mundo de Espanha.

E o nosso próprio título sintetiza o quadro de situaçom: Bombardeios em massa: Agora o tempo e os mortos jogam para Kadafi.

Adiantamos-lo, e assim está a acontecer. Os mortos e o tempo já estám a jogar pára Kadafi. Os zombies, começam de devorar-se entre si. Mais cadavéricos, que os próprios cadáveres de homens, mulheres e meninhos inocentes que vam semeando os seus mísseis em Líbia.

E daí vai passar? Como segue o massacre petroleiro disfarçada de "missom humanitária?

A resposta é singela: Os zombies vam polo petróleo. As alternativas som várias, e Deus proverá a próxima movida.

E nós, como sempre, contaremos-la dantes de que aconteça.

Manuel Freytas é jornalista, pesquisador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia-Odisseia de genocidas BASENAME: canta-o-merlo-libia-odisseia-de-genocidas DATE: Mon, 21 Mar 2011 20:39:51 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O Pentágono conduz as operaçons
EEUU dissimula a sua chefia no despedaçamento aéreo de Líbia
(IAR Notícias) 21-Março-2011

EEUU nom quer pagar com o bombardeio a Líbia o custo político do Iraque ou Afeganistám. Operativa e organizativamente tanto a fracassada "revolta popular", como a também fracassada "revoluçom líbia" levam o seu toque e carimbo. Mas Washington se escuda nos seus dous aliados mais leais, Gram-Bretanha e França, para centralizar o comando estratégico da chamada operaçom "Odisseia ao Amanhecer". umha acçom militar em larga escala para derrocar a Kadafi despedaçando a Líbia com bombas e mísseis de última geraçom.

Relatório especial
IAR Notícias

Há um discurso perverso da imprensa e os analistas internacionais orientado a deformar o entendimento dos verdadeiros actores responsáveis do talho desatado em Líbia com a intervençom militar para derrocar a Kadafi.

Neste cenário, a participaçom de EEUU como potência reitora das operaçons para terminar com Kadafi e pôr sob controlo imperial ao petróleo líbio aparece oculta baixo a fachada de "comunidade internacional" ou "coalizom aliada".

E nom se trata de umha "coalizom aliada" senom de três potências centrais que empreenderam acçons militares contra Líbia sem esperar umha decisom da OTAN para cumprir com a resoluçom da ONU

O almirante americano Samuel Locklear dirige a operaçom, a bordo do navio de comando "USS Mount Whitney", junto a quinze oficiais de enlace britânicos, franceses e canadianos.

Hillary Clinton deslocou-se tanto a Tunísia como a Egipto numha visita relacionada com as operaçons dirigidas contra Líbia. Tanto o regime da Tunísia como a junta militar do Cairo estám aberta e secretamente apoiando a guerra imperial em Líbia. Os colaboracionistas pró-EEUU do Conselho de Cooperaçom do Golfo (CCG) assinalaram também que enviárom forças militares para atacar o país norafricano.

Ao todo, umha frota aliada composta por mais de 25 navios e submarinos encontra-se em posiçom em águas do Mediterráneo, junto a numerosos avions de combate facilitados por membros da Aliança Atlântica.

Mas o porta-avions mais próximo da Armada de EEUU encontra-se na zona do Golfo Pérsico, como parte das operaçons militares no Afeganistám. Embora se fosse necessário, os 45 caças F-18À bordo do "Enterprise" seriam capazes de atingir objectivos em Líbia abastecendo no ar.

O secretário de Defesa Robert Gates afirmou que EEUU tem previsto renunciar ao controlo da missom "em matéria de dias" para lho ceder a outros países da coalizom.

"Temos um papel militar na coalizom, mas nom um papel dominante", dixo, explicando que os diferentes países discutem a organizaçom de quem assume o comando.

Gates mostrou-se muito prudente com a operaçom "Odisseia ao Amanhecer" assinalando que nom está previsto aumentar os objectivos do ataque. "Se começamos a agregar mais metas, vam propor-se muitos problemas", dixo.

"Nom seria prudente estabelecer objectivos que nom está claro que vamos conseguir", em clara referência à possibilidade de apontar directamente a Kadafi.

Umha opiniom que nom compartilha o seu homólogo britânico, o ministro de Defesa, Liam Fox, quem afirmou que Kadafi poderia converter num alvo militar.

Explicou que "há umha diferença entre o facto de que alguém seja um alvo legítimo e a decisom de passar ao ataque" porque para isto último "teria que ter em conta que pode lhes ocorrer aos civis que tenha na zona".

França contribuiu a sua porta-avions "Charles de Gaulle" às operaçons contra Líbia.

A nave, com umha tripulaçom de 1800 militares e vinte avions a bordo, partiu no domingo do porto de Toulouse, acompanhada por um grupo de combate no que figura um submarino de ataque, três fragatas e unidades de apoio logístico. Em matéria de 36 a 48 horas, estes adicionais recursos aeronaves poderiam tomar posiçons em frente à costa de Líbia.

A aviaçom militar francesa -responsável das primeiras acçons de combate nesta operaçom- continuou durante o domingo realizando missons dentro do espaço aéreo líbio. Mas segundo o governo de Paris, os quinze caças que participaram nestas patrulhas nom encontraram resistência.

Depois de revisar os resultados dos ataques realizados no sábado, incluída umha salva a mais de cem mísseis de cruzeiro lançados desde unidades navais de EEUU e Gram-Bretanha, fontes militares americanas insistem de que os danos causados nas forças ao dispor do líder líbio som significativos e substanciais.

Especialmente em todo o referente à defesa aérea de Líbia de origem soviético e as suas baterias de mísseis terra-ar SA-5 que representam umha verdadeira ameaça, embora o Pentágono, seguindo os desejos da Administraçom Obama, faz questom de que pensa se manter mais bem num segundo plano, tal e como demonstra a ausência de portaaviones da "Navy" nesta operaçom.

Mas, e pese ao ocultamento do verdadeiro objectivo do massacre aéreo em Líbia, EEUU e os seus aliados mais próximos embarcaram-se em outra operaçom de mudança de regime para apoderar do petróleo líbio.

O primeiro-ministro canadiano Stephen Harper dixo que a intervençom militar equivale a um "acto de guerra" que é fundamental para sacar a Muamar Kadafi do poder "dantes de que siga massacrando ao seu próprio povo?.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, comentou repetidamente que "Kadafi tem que se ir", mas outros membros do governo de coalizom britânico clarificaram no domingo que a saída do Kadafi líbio nom é o objectivo último da operaçom contra o seu regime.

Enquanto, o chefe do Pentágono assegurou que a campanha militar em marcha é um "esforço internacional" cujo objectivo é implementar a resoluçom aprovada na quinta-feira passada polo Conselho de Segurança de Naçons Unidas, que impôs umha zona de exclusom aérea sobre o país norteafricano.

Destacou que Espanha, Dinamarca e Qatar se somaram também à operaçom e dixo esperar que outros países árabes entrem a fazer parte da mesma embora nom ofereceu detalhes concretos.

O chefe do Estado Maior Conjunto dos Estados Unidos, o almirante Mike Mullen, comentou no domingo à corrente NBC que as forças ocidentais punha em marcha umha zona de exclusom aérea em Líbia e que nom há mostra de que avions líbios estejam a sobrevoar o país.

Mullen acrescentou que nom tinha relatórios de mortes de civis até o momento depois das redadas das forças aliadas iniciadas no sábado e que a operaçom conseguia "avanços significativos em 24 horas", ao deter às forças de Kadafi em Bengasi.

Mas os custos humanitários e em vidas civis da operaçom "Odisseia ao Amanhecer" já estám a sair à luz. Horas após que se iniciassem os ataques, fontes líbias informaram que os bombardeios mataram a 64 civis, feriram a outros 150, e destruíram dous hospitais e umha clínica sanitária.

Resultárom atingidos polos mísseis o Hospital A o-Tajura e o Hospital Saladin, em Ain Zara. A clínica bombardeava estava também situada nas proximidades de Trípoli, a capital líbia. Eram estruturas civis que estavam longe da zona dos combates.

Além do bloqueio económico e do isolamento internacional que já padece Líbia, as forças da coalizom atacante EEUU-Gram-Bretanha-França impusérom um bloqueio naval e aéreo que pode conduzir a um desastre humanitário no país petroleiro.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: A NATO, a banda terrorista mais perigosa e poderosa ataca ao povo líbio BASENAME: canta-o-melro-a-banda-terrorista-mais-perigosa-e-poderosa-ataca-ao-povo-libio DATE: Sat, 19 Mar 2011 22:25:48 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

. Cinco cidades bombardeadas: Zuara, Trípoli, Misrata, Sirte e Bengasi, segundo a agência oficial líbia Jana.
2. Um porta-voz das forças armadas líbias assegura que os bombardeios do "inimigo cruzado" continuam esta noite contra "objectivos civis"
3. Confirmam bombardeio a dous comandos militares líbios localizados a 5 quilómetros de Tripoli no bairro de Tajura. Na via a Bengasi
4. 11:22 P.M. Tripoli acabamos de chegar, há grandes manifestaçons de apoio a Gaddafi na cidade
5. teleSURtv Atacárom sítios militares e outros sítios civis, há edifícios de civis atacados, informa presidente congresso de Líbia
teleSURtv # Em vez de enviar observadores, estám a nos enviar mísseis, afirma presidente do Congresso de Líbia
7. teleSURtv # Nós solicitamos à ONU e a qualquer outro país que este preocupado polos assuntos de Líbia que enviem observadores, afirma presidente do Congresso de Líbia

http://jordannrodriguez.blogspot.com/

----- COMMENT: AUTHOR: manuel [Membro] DATE: Sun, 20 Mar 2011 09:44:24 +0000 URL: https://www.rtp.pt/play/direto/antena1fado

Obrigado pelo título! Mas também cabe dizer que o Gadafi ataca o povo líbio. Os dois atacam o povo líbio.

----- COMMENT: AUTHOR: andresrguez [Visitante] DATE: Sun, 20 Mar 2011 00:51:47 +0000 URL: http://ciencias.blogaliza.org/

Non minta

Convén lembrar que nesta ocasión, hai unha diferencia moi moi grande con respecto ás intervencións de Kosovo ou Iraq no 1999 e 2003, respectivamente. Naquelas intervencións, a OTAN e os Estados Unidos respectivamente, actuaron sen a lexitimidade da ONU.

Nesta ocasión, hai unha gran diferencia, xa que o Consello de Seguridade da ONU lexitima a intervención (resolución 1973) e prohibe expresamente o emprego de tropas terrestres.

É moi interesante ver que a devandita resolución, non recibiu ningún voto contrario, dos países con dereito de veto como Rusia e China, os países máis contrarios á intervención (tanto Rusia coma China, teñen a Libia como un bo cliente para a venda de armas e a inversión estranxeira) que se decidiron abstiver da votación (ó igual que Alemaña, que non ten bos recordos das intervención e non está a cousa para meterse nesto, tendo en conta que hai eleccións rexionais en nada).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: As potências decidem a intervençom militar em Líbia BASENAME: canta-o-merlo-as-potencias-decidem-a-intervencom-militar-em-libia DATE: Sat, 19 Mar 2011 16:11:42 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

Operaçons mediáticas e acçons da CIA para justificar o assalto final a Líbia

(IAR Notícias) 19-Março-2011

Depois do anúncio de alto o fogo "humanitário" por parte do regime de Muamar Kadafi, duas operaçons complementares pusérom-se em marcha para contra-arrestar a estratégia do líder líbio (orientada a atrasar o planificado ataque militar imperial a Líbia). Em duas linhas convergentes, a estrutura mediática internacional e os grupos "rebeldes" controlados pola CIA (rodeados e derrotados polas tropas governamentais) lançarom umha campanha destinada a demonstrar que o regime líbio está "a violar o alto o fogo" declarado polo seu chefe. Este argumento, instalado a nível mundial, está a servir como justificativo para lançar a intervençom militar em longa escala por parte dos chefes de Estado imperiais que hoje se reúnem numha cimeira em Paris.

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com
IAR Notícias/

As operaçons da CIA e das forças especiais USA-britânicas em Líbia (que dirigem em forma encoberta às bandas "rebeldes" desde os territórios tomados) seguiram até agora dous passos concretos:

Fase 1) A "revolta popular" (desenhada como a que derrocou a Mubarak no Egipto) que foi esmagada a sangue e fogo polas tropas do regime.
Fase 2) A "rebeliom armada" que partiu do Leste, na fronteira com Egipto, e se foi estendendo com a tomada de cidades, até que o aparelho militar de Kadafi a foi liquidando gradualmente deixando aos grupos da CIA atrincheirados em Bengasi.

Fase 3) A derrota da manobra interna para derrocar e/ou matar a Kadafi precipitou um Plano C com o planejamento de umha intervençom militar internacional para derrocá-lo que (polas divisons imperantes na OTAN e as contradiçons polo petróleo líbio existentes entre EEUU e a UE), ainda nom pode ser executada em terreno.
A resoluçom da ONU autorizando acçons militares em Líbia, e a decisom do eixo USA-Grã-Bretanha-França de lançar operaçons militares unilaterais imediatas contra Kadafi, determinou à sua vez umha mudança do quadro de situaçom.
Salvo a Itália e Turquia, o resto das potências europeias (conquanto nom querem participar dos ataques) vam prestar abrangência e logística militar para as operaçons.
O que nos leva a umha conclusom: A operaçom militar poderia ser "legitimada" com a estrutura da NATO, mas os ataques aos alvos em Líbia vam ser executados em massa polo Pentágono acompanhado de unidades britânicas e francesas.
Como já o tínhamos projectado, seguramente se vai repetir o que passou com a invasom do Iraque no 2003.
De acordo com o resolvido polo Conselho de Segurança (com a abstençom delimitada da Rússia e da China) a nova invasom imperial a um país petroleiro vai realizar-se sob o argumento de "deter a morte de civis" e restabelecer os "direitos humanos" violados polo regime de Kadafi (no Iraque fizérom-no baixo o argumento de terminar com os arsenais de "armas de destruiçom em massa" que depois se comprovou que nunca existiram).Nom vem mau clarificar que as potências imperiais (com EEUU à cabeça) que vam impedir a "morte de civis" e a restabelecer os "direitos humanos" em Líbia som as mesmas que no Iraque, Afeganistám, e nas regions petroleiras da Ásia, Médio Oriente e África bombardeiam sem piedade, durante as 24 horas, a populaçons civis, assassinando em massa a seres humanos indefesos em nome da "guerra contra o terrorismo".

O argumento da invasom, acordou a astúcia de Kadafi quem imediatamente (e a modo de táctica de distracçom e de retardamento do ataque imperial) ordenou umha "cessaçom o fogo" sob o argumento da protecçom de vida de civis e restauraçom plena dos direitos humanos, que paralisou e confundiu por uns instantes aos comandos imperiais em Washington e em Bruxelas.

A movida tinha umha matriz clara: As tropas governamentais praticamente terminava com a "sediçom", e o que ficava permanecia rodeada e sem possibilidades em Bengazi. Portanto, o "alto o fogo" foi lançado desde umha posiçom de controlo dominante polo regime líbio.

Operaçons CIA-mediáticas

A estratégia de Kadafi (orientada a atrasar o ataque imperial e aprofundar a divisom entre as potências) tivo umha imediata contra-réplica nas operaçons mediáticas primeiro, e no campo das operaçons dos grupos "rebeldes", depois.

Depois da decisom anunciada polo líder líbio, numha campanha sincronizada, a nível em massa e escala global, as agências e grandes correntes mediáticas do sistema foram instalando mediante titulares a "violaçom do alto o fogo" por parte de Kadafi.

Paralelamente, o gerente negro imperial, Barack Obama, lançou um ultimato desde Washington advertindo a Kadafi que a única maneira de deter umha acçom militar contra Líbia era um alto o fogo com a devoluçom aos "rebeldes" das cidades que as tropas governamentais recuperava.

Nas últimas horas da sexta-feira e nas primeiras do sábado (e pese a que o regime pediu verificadores da ONU para comprovar o cumprimento do alto o fogo) os meios internacionais do sistema começaram a "informar" sobre a restauraçom dos ataques terrestres e os bombardeios a Bengazi por parte do aparelho militar de Kadafi.

Contradizendo esta informaçom, a agência de notícias oficial do regime de Muamar Kadafi comunicou neste sábado que "bandas" rebeldes estám a atacar às suas tropas cerca de Bengazi as obrigando a responder, e justificar dessa maneira a informaçom internacional que fala de confrontos armados.

O vice-ministro de Exteriores líbio, Jaled Kaim, assegura que se deu ordem a todos os avions de combate "para que cessem as operaçons" de acordo com o alto o fogo unilateral declarado na sexta-feira polo regime ante a resoluçom aprovada na sexta-feira por Naçons Unidas, e que dá luz verde à intervençom internacional Líbia.

Nom obstante, agora as agências internacionais, que só citam fontes rebeldes, assinalam que as forças de Kadafi já recuperaria a cidade de Bengazi, a segunda de Líbia, onde se iniciou a rebeliom sediciosa.

Umha mudança de estratégia do líder líbio ante um possível ataque em horas por parte de EEUU, Grã-Bretanha e França?

"As forças do líder líbio Muamar Kadafi entrarom no sábado na cidade de Bengazi, controlada polos rebeldes, e forçarom-lhes a retirar-se, desafiando a ameaça de acçom militar das potências mundiais", afirma a agência Reuters.

"O avanço na segunda cidade de Líbia, habitada por umhas 670.000 pessoas, parecia ser umha tentativa de enfrentar umha possível intervençom militar de Occidente, que segundo diplomatas produzir-se-ia só após umha reuniom em Paris do sábado", acrescenta.

Reuters cita a umha fonte "rebelde" dizendo: "Europa e Estados Unidos venderom-nos. Temos estado escutando bombardeios toda a noite, e nom estám fazendo nada".

Este depoimento mostra às claras a orientaçom e os objectivos da chamada "revoluçom Líbia" lançada para derrocar a Kadafi e controlar a terceira reserva petroleira de Africa.

O assalto final

As fontes líbias sustentam que estas operaçons de provocaçom dos grupos "rebeldes" (orientadas a mostrar que Kadafi violou o alto o fogo) estivérom desenhadas para apressar a decisom dos chefes de Estado imperiais que neste sábado participam em Paris de umha reuniom internacional para resolver a modalidade de um ataque militar a Líbia.

As operaçons para demonstrar que Kadafi "violou o alto o fogo" estariam orientadas a solidificar um argumento para lançar as operaçons militares contra Líbia numha Fase 3 do plano do roubo do petróleo líbio disfarçado no argumento de "protecçom da vida dos civis".

A "cimeira" parisina para decidir a intervençom militar inclui a representantes de Liga Árabe e da Uniom Africana, fantoches servis associadas à estratégia do bloco USA-UE nas regions petroleiras.

França pediu à "comunidade internacional" (assim se denominam a si mesmos) que actue com "rapidez" ante a violaçom do alto o fogo que as tropas de Kadafi estariam a desenvolver agora mesmo sobre Bengazi, último bastiom assediado do "Governo" rebelde.

A secretária de Estado de EEUU, Hillary Clinton, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, os impulsores centrais do ataque militar, iam manter umha reuniom privada dantes de reunir na cimeira para planear a intervençom militar respaldada polas Naçons Unidas, assinalaram agências internacionais.

Entre os líderes europeus presentes em Paris estám o chanceler alemá, Angela Merkel, que se mostra como nom partidária de nengumha acçom, e o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que ofereceu meios aéreos e navais a umha eventual operaçom militar.

Desta maneira, após o falhanço das fases 1 e 2, as potências imperiais (lideradas por EEUU) tentarám o golpe de pouta final para pôr baixo o seu controlo a Líbia e ao seu petróleo.

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(*) Manuel Freytas é jornalista, pesquisador, analista de estruturas do poder, especialista em inteligência e comunicaçom estratégica. É um dos autores mais difundidos e referidos no Site.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Líbia: Terroristas anti-Gadafi massacraram civis BASENAME: canta-o-merlo-libia-terroristas-anti-gadafi-massacraram-civis DATE: Thu, 17 Mar 2011 18:11:02 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

15.03.2011

KHATARINA GARCIA e PETER BLAIR
De WASHINGTON e BENGAZHI - REDE MUNDO \ MIDIA LATINA; 06.03.11.

Depois de quase um mês onde duas guerras se realizam na Libia, uma interna, entre khadafystas e opositores do líder revolucionário, e uma no ocidente através da mídia, com o controle total das noticias pela Casa Branca e somente indo ao ar ou tendo imagens liberadas após filtragem do Pentágono ou do Departamento de Estado, a situação começa a mudar no mais emblemático país do norte da África.
Após a exibição pela TV líbia e ainda a reprodução pela Telesur e da Internet de imagens do assassinato de 212 partidários do Coronel Muammar Khadafy, em Bengazhi, mortos a sangue frio, depois de terem sido presos e sem qualquer resistência por seus opositores, o mundo árabe e membros da oposição começam a desistir de lutar contra Khadafy, considerando que já existem grandes divisões no meio dos opositores pela aliança feita por alguns setores com os EUA, inimigo histórico dos povos árabes e que inclusive bombardearam o país matando milhares de líbios.
Outro escândalo que ronda Washington é a participação de mercenários contratados pelo Pentágono, através da Halliburton e da Blackwater para participarem das batalhas na região de Cerenaica, em especial Bengazhi e Trobuk ao lado dos opositores que começam a perder terreno para os simpatizantes de Khadafy. A missão dos mercenários que ficariam sob controle da CIA, Agência Central de Inteligência e até executariam ações secretas com a aliada Al-Qaeda de Bin Laden, contra Khadafi seria manter o controle dos poços de petróleo já sob controle da oposição na região de Bengazhi.
O serviço secreto russo confirmou ontem através de Nicolai Patrushev, que na verdade o que está existindo é um verdadeiro bombardeio da mídia internacional contra Kadhafi, pois a Russia controla totalmente o espaço aéreo do norte da África e cem por cento da Líbia e que os aviões que supostamente levantaram vôo para executar os bombardeios contra o povo líbio não saíram do chão e portanto não executaram qualquer ação militar; que somado a isso, por não existirem imagens de qualquer vôo, configura uma armação do Pentágono. O Secretário de Defesa do EUA admitiu o erro das informações dizendo que podem ter sido outros aviões, mas setores independentes da mídia internacional já haviam colocado a entrevista dos russos no ar e assim desmoralizado a ação do Pentágono.
O ministro das Relações Exteriores da Libia, Mussa Kosa, em nota distribuida à imprensa mundial, apoiou a proposta do Presidente da Venezuela Hugo Chavez, da formação de uma Comissão Internacional de Paz, afirmando ainda que o Coronel Muammar Khadafy sugeriu também que a Comissão de Direitos Humanos da ONU venha à Libia e faça a investigação que desejar e não que tome qualquer decisão com base em informações da mídia comprometida com o complexo industrial militar norte americano.
Ontem um dos principais líderes da oposição a Kadafi, Khaled Maassou, na região de Cerinaica, confirmou que estava desistindo da luta por não concordar com a participação de mercencários e militares norte americanos em território líbio contra Kadhafi , e que em nenhuma situação irá contribuir com a CIA, que agora começa a assumir com a Al Qaeda o comando da situação na região de Cirenaica.
Quanto a decisão da ONU de congelar os bens de Kadhafi e seus familiares no exterior, Maassou afirmou que é uma medida inócua pois Kadhafi não tem bens no exterior e que a ele interessa é o poder, e não o dinheiro. Que o problema de Khadafy não é corrupção, pois ele não é corrupto, o problema de Kadhafi é o autoritarismo e a necessidade de alternância de poder que ele não entende.
Ontem um grupo de palestinos simpatizantes de Kadhafi foi expulso da região de Bengazhi porque se recusavam a lutar contra o líder líbio.
Toda a região de Fezzan, que compreende as cidades que vão de Sabha a Al Kufrah e praticamente toda a Tripolandia, estão sob controle das forças leais a Kadhafi. Apenas parte da região de Cirenaica, no extremo norte, está sobre controle dos opositores.

FONTES - AGNOT3ºMUNDO - REDE MUNDO - INTERPRESS - MIDIA LATINA - 06.03.11.
PETER BLAIR, de Washington e KHATARINA GARCIA, de BENGAZHI\Libia.
http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2432:opositores-assassinam-partidarios-de-khadafy-a-sangue-frio-depois-de-presos-e-revolta-ate-aliados-eua-contrata-mercenarios-da-halliburton-e-blackwater-para-invadirem-a-libia&catid=37:geral

----- COMMENT: AUTHOR: Manuel Marinho [Visitante] DATE: Fri, 18 Mar 2011 16:58:17 +0000 URL:

O Khadafy líder revolucionário? Ouvim muitas bromas… mas esta é-che bem engraçada!

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Como os chamados guardiões da liberdade de expressão estão a silenciar o mensageiro BASENAME: canta-o-merlo-como-os-chamados-guardioes-da-liberdade-de-expressao-estao-a-silenciar-o-mensageiro DATE: Mon, 14 Mar 2011 23:10:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por John Pilger

Quando os Estados Unidos e a Grã-Bretanha procuram uma desculpa para invadir mais um país árabe rico em petróleo, a hipocrisia torna-se habitual. O coronel Kadafi é "enganoso" e "banhado em sangue" ao passo que os autores de uma invasão que matou um milhão de iraquianos, que sequestra e tortura em nosso nome, são inteiramente sãos, nunca se banharam em sangue e foram sempre os árbitros da "estabilidade".

Mas algo mudou. A realidade já não é mais aquilo que os poderosos dizem que ela é. De todas as revoltas espectaculares em todo o mundo, a mais estimulante é a insurreição do conhecimento ateada pelo WikiLeaks. Não se trata de uma ideia nova. Em 1792, o revolucionário Tom Paine advertiu seus leitores na Inglaterra que o seu governo considerava que "o povo deve ser ludibriado e mantido na ignorância supersticiosa por um bicho papão ou outro". A obra "Os direitos do homem" ("The Rights of Man") de Paine foi considerada tamanha ameaça para a elite controladora que foi ordenado a um grande júri secreto para acusá-lo de "conspiração perigosa e traiçoeira". Sensatamente, ele procurou refúgio em França.

O suplício e a coragem de Tom Paine são mencionados pela Sydney Peace Foundation ao conceder o prémio de direitos humanos da Austrália, a Medalha de Ouro, a Julian Assange . Tal como Paine, Assange é uma pessoa independente que não está ao serviço de qualquer sistema e é ameaçada por um grande júri secreto, uma dispositivo malicioso abandonado há muito na Inglaterra mas não nos Estados Unidos. Se for extraditado para os EUA, é provável que desapareça no mundo kafkiano que produziu o pesadelo da Baía de Guantanamo e agora acusa Bradley Manning, alegado informante do WikiLeaks, de um crime capital.

Se fracassar o presente recurso de Assange contra a sua extradição da Grã-Bretanha para a Suécia, uma vez acusado provavelmente negar-lhe-ão fiança e será mantido incomunicável até o seu julgamento secreto. O caso contra ele já foi retirado de um promotor sénior em Estocolmo e só foi ressuscitado quando um político de extrema-direita, Claes Borgstrom, interveio e fez declarações públicas acerca da "culpa" de Assange. Borgstrom, um advogado, agora representa as duas mulheres envolvidas. Seu sócio é Thomas Bodstrom, o qual, como ministro da Justiça da Suécia em 2001, esteve implicado na entrega de dois refugiados egípcios inocentes a um esquadrão de sequestro da CIA no aeroporto de Estocolmo. A Suécia posteriormente indemnizou-os pelas suas torturas.

Estes factos foram documentados em 2 de Março numa reunião do parlamento australiano, em Canberra. Perspectivando o enorme abuso legal que ameaça Assange, o inquérito ouviu evidências de um perito de que, sob padrões internacionais de justiça, o comportamento de certos responsáveis na Suécia seria considerado "altamente impróprio e repreensível [e] impeditivo de um julgamento justo". Um antigo diplomata sénior australiano, Tony Kevin, descreveu os laços estreitos entre o primeiro-ministro sueco Frederic Reinheldt e a direita republicana nos EUA. "Reinfeldt e [George W.] Bush são amigos", disse ele. Reinhaldt atacou Assange publicamente e contratou Karl Rove, o antigo parceiro de Bush, para aconselhá-lo. As implicações da extradição de Assange da Suécia para os EUA são terríveis.

O inquérito australiano foi ignorado no Reino Unido, onde actualmente se prefere a farsa negra. Em 3 de Março, o Guardian anunciou que a Dream Works de Stephen Spielberg estava para produzir "um filme de investigação nos moldes de "All the President's Men" a partir do seu livro "WikiLeaks: Inside Julian Assange's War on Secrecy". Perguntei a David Leigh quem escreveu o livro com Luke Harding, quanto Spielberg havia pago ao Guardian pelos direitos de filmagem e o que ele pessoalmente esperava fazer. "Não tenho ideia", foi a resposta enigmática do "editor de investigações" do Guardian. O Guardian nada pagou à WikiLeaks pelo seu valioso tesouro de fugas de informação. Assange e a WikiLeaks ? e não Leigh ou Harding ? são responsáveis pelo que o editor do Guardian, Alan Rusbridger, chama "um dos maiores furos jornalísticos dos últimos 30 anos".

O Guardian deixou claro que não pretende mais utilizar Assange. Considera que ele é um irresponsável que não se ajusta ao mundo Guardian, que se demonstrou um negociador duro e não adequado para membro do clube. E corajoso. No livro do Guardian sobre si próprio, a coragem extraordinária de Assange é eliminada. Ele ali torna-se uma pequena figura de estupefacção, um "australiano raro" com uma mãe de "cabelo frisado", é gratuitamente insultado como "insensível" e com uma "personalidade estragada" que estava "no espectro autístico". Como Spielberg tratará deste pueril assassinato de carácter?

No Panorama da BBC, Leigh permitiu-se propalar boatos acerca de Assange sem se preocupar com as vidas dos mencionados nas fugas. Quanto à afirmação de que Assange se havia queixado de uma "conspiração judia", ao que se seguiu uma enxurrada de asneiras na Internet como sendo um nocivo agente da Mossad, Assange rejeitou tudo como "completamente falso, no espírito e na letra".

É difícil descrever, quem dirá imaginar, a sensação de isolamento e de cerco de Julian Assange, o qual de um modo ou de outro está a pagar por arranhar a fachada da potência rapinante. O cancro aqui não é a extrema-direita mas o liberalismo fino como papel daqueles que guardam os limites da liberdade de palavra. O New York Times distinguiu-se fiando e censurando o material WikiLeaks. "Estamos a levar todos os telegramas à administração", disse Bill Keller, o editor. "Eles convenceram-nos de que editar alguma informação seria sensato". Num artigo de Keller, Assange é insultado pessoalmente. Em 3 de Fevereiro, na Columbia School of Journalism, Keller disse, com efeito, que não se podia confiar no público para a divulgação de novos telegramas. Isto pode provocar uma "cacofonia". Falou o guarda do portão.

O heróico Bradley Manning é mantido nu sob luzes e câmaras 24 horas por dia. Greg Barns, director da Aliança Australiana de Advogados, afirma que os temores de que Julian Assange "acabará por ser torturado numa prisão de alta segurança americana" são justificados. Quem assumirá a responsabilidade por tal crime?

10/Março/2011

O original encontra-se em www.johnpilger.com/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Soldados líbios capturados e executados polos rebeldes com um tiro na cabeça BASENAME: canta-o-merlo-soldados-libios-capturados-e-executados-polos-rebeldes-com-um-tiro-na-cabeca DATE: Sat, 12 Mar 2011 23:16:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=g0KA9TRHoGE

O 23 de Fevereiro estes assassinatos fôrom contados desde os grandes meios de comunicaçom como "soldados executados por oficiais de Gadafi por nom querer disparar contra os manifestantes pacíficos"

19:17h. do Sábado, 12 de Março

O 23 de Fevereiro fizo-se público um vídeo de homens maniatados e executados com um disparo na cabeça, algo que foi reproduzido polos meios de comunicaçom como soldados líbios que nom queria disparar contra os seus. A informaçom resultou ser falsa.

Os protestos começava no Leste de Líbia e o diário espanhol ABC dava conta o 18 de Fevereiro de 20 mortos em Bengasi e 7 em Derna, perto da fronteira com Egipto.

O 24 de Fevereiro, os meios contavam fuzilamentos de soldados que se negavam a disparar, 10.000 mortos, 4000 mercenários africanos, fossas em massa...

No dia 23 os meios contavam que a Gadafi já só lhe ficava o sul de Tripoli e que o resto do país estava controlado polos opositores.

No entanto, nestes dias saiu à luz a história completa dos supostos soldados líbios assassinados por nom querer disparar contra os rebeldes. No vídeo aparecem soldados do exercito regular capturados polos opositores rebeldes em Derna. Os soldados fôrom mostrados polos rebeldes como troféus e a imprensa ressaltava-o nos seus manchetes.

Aos homens capturados vê-se-lhes nervosos mas nom imaginam o que lhes espera.

Os rebeldes ataram-lhes as maos às costas, ataram-lhes os pés e foram executados de um tiro na cabeça.

O 23 de Fevereiro estes assassinatos foram contados desde os grandes meios de comunicaçom como "soldados executados por oficiais de Gadafi por nom querer disparar contra os manifestantes pacíficos"

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Israel deportará 1.200 meninhos. Que dim os defensores dos direitos humanos? Calam como ratas! BASENAME: canta-o-merlo-israel-deportara-1-200-meninhos-que-dim-os-defensores-dos-direitos-humanos-calam-como-ratas DATE: Sat, 12 Mar 2011 21:58:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

A deportaçom de meninhos nom-judeus de Israel ? A careta horrível no rosto do colonialismo sionista.

A realidade dos meninhos dos ?trabalhadores forâneos?, imigrantes nom-judeus em Israel.

O editorial de Haaretz comenta que um comité ministerial de alto nível no governo israelita, presidido polo Primeiro-ministro Benjamim Netanyahu decidiu postergar ?por razons humanitárias? a deportaçom de 1.200 meninhos (Sim, ouviram bem: mil duzentos meninhos!) nascidos em Israel, mas de imigrantes estrangeiros nom-judeus, até a finalizaçom do ano escolar em meados do ano que vem. O editorial denuncia a crueldade e o cinismo de tal decisom ?humanitária?. Nom só se trata de meninhos nascidos em Israel, senom que muitos deles se integraram já ao sistema educativo, e cujo único idioma em muitos casos é o hebreu.

É que o Ministro do Interior de Israel, Eli Ishai, umha espécie de Torquemada judeu polo carácter teocrático obscurantista, racista e xenófobo das suas posturas, já tem selado a sentença desses meninhos em umha frase lapidaria: ?Trata-se de um fenómeno (o nascimento de meninhos de trabalhadores nom-judeus em Israel) que ameaça à totalidade da empresa sionista, e nom podemos permitir que esta situaçom continue?

Cabe assinalar que Israel nom conta - a diferença da imensa maioria dos países modernos e civilizados-, com umha legislaçom ?Jus soli? com respeito ao direito de nacionalidade: estes meninhos, embora nasça em solo israelita, nom podem ser automaticamente cidadaos nacionais; simplesmente porque nom som judeus.

i www.haaretz.co.il Editorial de fecha 14/10/2209

ii www.haaretz.co.il fecha 25/10/09

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: A "operação Líbia" e a batalha pelo petróleo: Redesenhar o mapa da África BASENAME: canta-o-merlo-a-operacao-libia-e-a-batalha-pelo-petroleo-redesenhar-o-mapa-da-africa DATE: Fri, 11 Mar 2011 19:10:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Michel Chossudovsky

As implicações geopolíticas e económicas de uma intervenção militar EUA-NATO contra a Líbia são de grande alcance.

A Líbia está entre as maiores economia petrolíferas do mundo, com aproximadamente 3,5% das reservas globais de petróleo, mais do dobro daquelas dos EUA.

A "Operação Líbia" faz parte de uma agenda militar mais vasta no Médio Oriente e na Ásia Central, a qual consiste e ganhar controle e propriedade corporativa sobre mais de 60 por cento da reservas mundiais de petróleo e gás natural, incluindo as rotas de oleodutos e gasodutos.

"Países muçulmanos incluindo a Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iémen, Líbia, Egipto, Nigéria, Argélia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, Indonésia, Brunei possuem de 66,2 a 75,9 por cento do total das reservas de petróleo, conforme a fonte a metodologia da estimativa". (Ver Michel Chossudovsky, The "Demonization" of Muslims and the Battle for Oil, Global Research, January 4, 2007) .

Com 46,5 mil milhões de barris de reservas provadas (10 vezes as do Egipto), a Líbia é a maior economia petrolífera do continente africano seguida pela Nigéria, Argélia (Oil and Gas Journal). Em contraste, as reservas provadas dos EUA são da ordem dos 20,6 mil milhões de barris (Dezembro 2008) segundo a Energy Information Administration. U.S. Crude Oil, Natural Gas, and Natural Gas Liquids Reserves)

As estimativas mais recentes situam as reservas de petróleo da Líbia nos 60 mil milhões de barris. As suas reservas de gás em 1.500 mil milhões de m3. A sua produção tem estado entre 1,3 e 1,7 milhão de barris/dia e a produção de gás de 2.600 milhões de pés cúbicos por dia, segundo números da National Oil Corporation (NOC).
A BP Statistical Energy Survey de 2008 (em alternativa) colocava as reservas provadas da Líbia nos 41.464 mil milhões de barris no fim de 2007, os quais representam 3,34% das reservas provadas do mundo. (Mbendi Oil and Gas in Libya - Overview ).

O petróleo é o "troféu" das guerras conduzidas pelos EUA-NATO

Uma invasão da Líbia sob um pretexto humanitário serviria os mesmos interesses corporativos da invasão de 2003 e subsequente ocupação do Iraque. O objectivo subjacente é tomar posse das reservas de petróleo da Líbia, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e propriedade da riqueza petrolífera Líbia para mãos estrangeiras.

A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 25 maiores 100 companhias de petróleo do mundo. ( The Energy Intelligence ranks NOC 25 among the world's Top 100 companies. - Libyaonline.com )

A planeada invasão da Líbia, a qual já está em curso, é parte da "Batalha pelo petróleo" mais vasta. Aproximadamente 80 por cento das reservas de petróleo da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental. (Ver mapa abaixo)

A Líbia é uma economia valiosa. "A guerra é bom para os negócios". O petróleo é o troféu das guerras efectuadas pelos EUA-NATO.

A Wall Street, os gigantes anglo-americanos do petróleo, os produtores de armas dos EUA e UE seria os beneficiários tácitos de uma campanha militar dos EUA-NATO contra a Líbi.

O petróleo líbio é uma mina de ouro para os gigantes petrolíferos anglo-americanos. Embora o valor de mercado do petróleo bruto esteja actualmente pouco acima dos 100 dólares por barril, o custo do petróleo líbio é extremamente baixo, tão baixo como US$1,00 por barril (segundo uma estimativa). Como comentou um perito do mercado algo cripticamente:

"A US$110 no mercado mundial, a simples matemática à Líbia uma margem de lucro de US$109". ( Libya Oil , Libya Oil One Country's $109 Profit on $110 Oil, EnergyandCapital.com March 12, 2008)

Interesses petrolíferos estrangeiros na Líbia

Dentre as companhias petrolíferas estrangeiras que operavam antes da insurreição na Líbia incluem-se a Total da França, a ENI da Itália, a China National Petroleum Corp (CNPC), British Petroleum, o consórcio espanhol REPSOL, ExxonMobil, Chevron, Occidental Petroleum, Hess, Conoco Phillips.

Muito significativamente, a China desempenha um papel central na indústria petrolífera líbia. A China National Petroleum Corp (CNPC) tinha, até o seu repatriamento, uma força de trabalho de 30 mil chineses na Líbia. A British Petroleum (BP), em contraste, tinha uma força de trabalho de 40 a qual foi repatriada.

Onze por cento (11%) das exportações de petróleo líbias são canalizadas para a China. Se bem que não haja números sobre a dimensão e importância da produção e actividades de exploração da CNPC, há indicações que são apreciáveis.

Mais geralmente, a presença da China na África do Norte é considerada por Washington como uma intrusão por. De um ponto de vista geopolítico, a China é uma intrusa. A campanha militar dirigida contra a Líbia pretende excluir a China da África do Norte.

O papel da Itália também tem importância. A ENI, o consórcio italiano, extrai 244 mil barris de gás e petróleo [por dia], os quais representam quase 25 por cento do total das exportações da Líbia. ( Sky News: Foreign oil firms halt Libyan operations , February 23, 2011).

Dentre as companhias estado-unidenses na Líbia, a Chevron e a Occidental Petroleum (Oxy) decidiram há cerca de seis meses (Outubro 2010) não renovar as suas licenças de exploração de petróleo e gás na Líbia. ( Why are Chevron and Oxy leaving Libya?: Voice of Russia , October 6, 2010). Em contraste, em Novembro de 2010 a companhia alemã R.W. DIA E assinou um acordo de grande alcance com a National Oil Corporation (NOC) da Líbia que envolve a exploração e partilha de produção. AfricaNews - Libya: German oil firm signs prospecting deal - The AfricaNews,

As apostas financeiras bem como "os despojos de guerra" são extremamente elevados. A operação militar pretende desmantelar instituições financeiras da Líbia bem como confiscar milhares de milhões de dólares de activos financeiros líbios depositados em bancos ocidentais.

Deveria ser enfatizado que as capacidades militares da Líbia, incluindo o seu sistema de defesa aérea, são fracas.

Redesenhar o mapa da África

A Líbia tem as maiores reservas de petróleo da África. O objectivo da interferência dos EUA-NATO é estratégico: consiste no roubo sem rodeios, em roubar a riqueza petrolífera do país sob o disfarce de uma intervenção humanitária.

Esta operação militar pretende estabelecer a hegemonia dos EUA na África do Norte, uma região historicamente dominada pela França e em menor extensão pela Itália e Espanha.

Em relação à Tunísia, Marrocos e Argélia, o desígnio de Washington é enfraquecer os laços políticos destes países com a França e pressionar pela instalação de novos regimes políticos que tenham um estreito relacionamento com os EUA. Este enfraquecimento da França, como aspecto do desígnio imperial dos EUA, faz parte de um processo histórico que remonta às guerras na Indochina.

A intervenção dos EUA-NATO que conduza à futura formação de um regime fantoche dos EUA pretende também excluir a China da região e por para fora a National Petroleum Corp (CNPC) da China. Os gigantes anglo-americanos, incluindo a British Petroleum que em 2007 assinou um contrato de exploração com o governo Kadafi, estão entre os potenciais "beneficiários" da proposta operação militar EUA-NATO.

Mais na generalidade, o que está em causa é o redesenho do mapa da África, um processo de redivisão neo-colonial, o descarte das demarcações da Conferência de Berlim de 1884, a conquista da África pelos Estados Unidos em aliança com a Grã-Bretanha, numa operação conduzida pelos EUA-NATO.

Líbia: Portão saariano estratégico para a África Central

A Líbia tem fronteiras com vários países que estão na esfera de influência da França, incluindo a Argélia, Tunísia, Níger e Chad.

O Chad é potencialmente uma economia rica em petróleo. A ExxonMobil e a Chevron têm interesses no Chad do Sul incluindo um projecto de oleoduto. O Chad do Sul é um portão de entrada para a região do Darfur, do Sudão, a qual também é estratégico em vista da sua riqueza petrolífera.

A China tem interesses petrolíferos tanto no Chad como no Sudão. A China National Petroleum Corp (CNPC) assinou em 2007 um acordo de grande alcance com o governo do Chad.

O Níger é estratégico para os Estados Unidos devido às suas vastas reservas de urânio. No presente, a França domina a indústria de urânio no Níger através do conglomerado nuclear francês Areva, anteriormente conhecido como Cogema. A China também tem interesse na indústria de urânio do Níger.

Mais geralmente, a fronteira Sul da Líbia é estratégica para os Estados Unidos na sua busca pela extensão da sua esfera de influência na África francófona, um vasto território que se estende desde a África do Norte até à África Central e Ocidental. Historicamente esta região fazia parte dos impérios coloniais da França e da Bélgica, cujas fronteiras foram estabelecidas na Conferência de Berlim de 1884.

Os EUA desempenharam um papel passivo na Conferência de Berlim de 1884. Esta nova redivisão no século XXI do continente africano, baseada no controle sobre o petróleo, gás natural e minerais estratégicos (cobalto, urânio, crómio, manganês e platina) apoia amplamente os interesses corporativos anglo-americanos.

A interferência dos EUA na África do Norte redefine a geopolítica de toda uma região. Mina a China e ensombra a influência da União Europeia.

Esta nova redivisão da África não enfraquece apenas o papel das antigas potências coloniais (incluindo a França e a Itália) na África do Norte. Ela também faz parte de um processo mais vasto de deslocamento e enfraquecimento da França (e da Bélgica) sobre uma grande parte do continente africano.

Regimes fantoches dos EUA foram instalados em vários países africanos que historicamente estavam na esfera de influência da França (e Bélgica), incluindo a República do Congo e o Rwanda. Vários países na África Ocidental dentro da esfera da França (incluindo a Costa do Marfim) estão destinados a tornarem-se estados proxy dos EUA.

A União Europeia está fortemente dependente do fluxo de petróleo líbio. Oitenta e cinco por cento do seu petróleo é vendido para países europeus. No caso de uma guerra com a Líbia, a oferta de petróleo à Europa Ocidental poderia ser interrompida, afectando grandemente a Itália, França e Alemanha, as quais estão fortemente dependentes do petróleo líbio. As implicações destas interrupções são de extremo alcance. Elas também têm relação directa sobre o relacionamento entre os EUA e a União Europeia.

Observações conclusivas

Os media de referência, através da desinformação maciça, são cúmplices na justificação de uma agenda militar a qual, se executada, teria consequências devastadoras não apenas para o povo líbio: os impactos sociais e económicos seriam sentidos à escala mundial.

Há actualmente três diferentes teatros de guerra na região do Médio Oriente e Ásia Central: Palestina, Afeganistão, Iraque. No caso de um ataque à Líbia, um quarto teatro de guerra seria aberto na África do Norte, com o risco de escalada militar.

A opinião pública deve tomar conhecimento da agenda oculto por trás deste empreendimento alegadamente humanitário, apregoado por chefes de estado e chefes de governo de países da NATO como uma "Guerra Justa". A teoria da Guerra Justa, tanto nas suas versões clássica como contemporânea, defende a guerra como uma "operação humanitária". Ela apela à intervenção militar sobre bases éticas e morais contra "estados vilões" e "terroristas islâmicos". A teoria da Guerra Justa demoniza o regime Kadafi na sua fase de preparação.

Os chefes de estado e de governo dos países da NATO são arquitectos da guerra e destruição no Iraque e no Afeganistão. Numa lógica absolutamente enviesada, eles são apregoados como as vozes da razão, como os representantes da "comunidade internacional".

As realidades são invertidas. Uma intervenção humanitária é lançada por criminosos de guerra em altos cargos, os quais são os guardiões da teoria da Guerra Justa.

Abu Ghraib, Guantanamo, ... Baixas civis no Paquistão resultantes de ataques dos EUA com aviões sem piloto a cidades e aldeias, ordenados pelo presidente Obama, não estão nas primeiras páginas dos noticiários, nem tão pouco os 2 milhões de mortes civis no Iraque. Não existe isso de "Guerra Justa".

A história do imperialismo dos EUA deveria ser entendida. O Relatório 200 do Project of the New American Century (PNAC) intitulado "Rebuilding Americas' Defenses" apela à implementação de uma longa guerra, uma guerra de conquista. Um dos principais componentes desta agenda militar é: "Combater e vencer decisivamente em múltiplos teatros de guerra simultâneos".

A operação Líbia faz parte desse processo. É um outro teatro na lógica do Pentágono de "teatros de guerra simultâneos".

O documento PNAC reflecte fielmente a evolução da doutrina militar dos EUA desde 2001. Os planos dos EUA para se envolver simultaneamente em vários teatros de guerra em diferentes regiões do mundo.

Embora a protecção da América, nomeadamente a "Segurança Nacional" dos EUA, seja mantido como objectivo, o relatório do PNAC explica claramente porque estes teatros de guerra múltiplos são requeridos. A justificação humanitária não é mencionada.

Qual é o objectivo do roteiro militar da América?

A Líbia é alvejada porque é um dentre os vários países que permanecem fora da esfera de influência da América, por não se acomodar às exigências dos EUA. A Líbia é um país que foi seleccionado como parte de um "roteiro" militar que consiste de "múltiplos teatros de guerra simultâneos". Nas palavras do antigo comandante-chefe da NATO, general Wesley Clark:

"No Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais superiores do staff teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos a caminho de ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isso estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, começando com o Iraque e a seguir a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão... (Wesley Clark, Winning Modern Wars, p. 130).

09/Março/2011
Parte I: Insurreição e intervenção militar: Os EUA-NATO tentaram golpe de Estado na Líbia?
Parte III: "War is Good for Business": The Libya Insurrection has Triggered a Surge in Oil Prices. Speculators Applaud... (a publicar)

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23605

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Insurreição e intervenção militar na Líbia Os EUA-NATO tentaram golpe de Estado na Líbia? BASENAME: canta-o-merlo-insurreicao-e-intervencao-militar-na-libia-os-eua-nato-tentaram-golpe-de-estado-na-libia DATE: Fri, 11 Mar 2011 19:04:59 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Michel Chossudovsky

Os EUA e a NATO estão a apoiar uma insurreição armada na Líbia Oriental, tendo em vista justificar uma "intervenção humanitária".

Isto não é um movimento de protesto não violento como no Egipto e na Tunísia. As condições na Líbia são fundamentalmente diferentes. A insurreição armada na Líbia Oriental é apoiada directamente por potências estrangeiras. A insurreição em Benghazi imediatamente arvorou a bandeira vermelha, negra e verde com o crescente e a estrela: a bandeira da monarquia do rei Idris, a qual simbolizava o domínio das antigas potências coloniais. (Ver Manlio Dinucci, Libya-When historical memory is erased , Global Research, Febraury 28, 2011)

Conselheiros militares e forças especiais dos EUA e NATO já estão no terreno. A operação foi planeada para coincidir com o movimento de protesto em países árabes vizinhos. A opinião pública foi levada a acreditar que o movimento de protesto havia-se espalhado espontaneamente da Tunísia e do Egipto para a Líbia.

A administração Obama em consulta com os seus aliados está a ajudar uma rebelião armada, nomeadamente uma tentativa de golpe de Estado.

"A administração Obama está pronta a oferecer "qualquer tipo de assistência" a líbios que procurem derrubar Moammar Kadafi, secretária de Estado Hillary Clinton [27 Fevereiro]. "Temos estado a estender a mão a muito diferentes líbios que estão a tentar organizar-se no Leste e para que a revolução mova-se também em direcção Oeste", disse Clinton. "Penso que é demasiado cedo para dizer como isto vai terminar, mas temos de estar prontos e preparados para oferecer qualquer espécie de assistência que alguém pretenda ter dos Estados Unidos". Há esforços encaminhados para formar um governo provisório na parte Leste do país onde a rebelião começou em meados do mês.

Os EUA, disse Clinton, estão a ameaçar mais medidas contra o governo de Kadafi, mas não disse o que eram ou quando poderiam ser anunciadas.

Os EUA deveriam "reconhecer algum governo provisório que eles estejam a tentar por de pé..." [McCain}

Lieberman falou em termos semelhantes, urgindo "apoio tangível, uma zona de interdição de voo, reconhecimento do governo revolucionário, o governo de cidadãos e apoiá-los com assistência humanitária e eu lhes forneceria armas".
( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated, Press , February 27, 2011, sublinhados do autor)

A INVASÃO PLANEADA

Uma intervenção militar é agora contemplada pelas forças dos EUA e NATO sob um "mandato humanitário".

"Os Estados Unidos estão a mover forças navais e aéreas na região" para "preparar o conjunto completo de opções" na confrontação com a Líbia: o porta-voz do Pentágono, Cor. Dave Lapan, dos Fuzileiros Navais, fez este anúncio [1 Março]. Ele disse que "foi o presidente Obama que pediu aos militares para prepararem-se para estas opções", porque a situação na Líbia está a ficar pior". (Manlio Dinucci, Preparing for "Operation Libya": The Pentagon is "Repositioning" its Naval and Air Forces... , Global Research, March 3, 2011, sublinhado do autor)

O objectivo real da "Operação Líbia" não é estabelecer democracia mas sim tomar posse das reservas de petróleo líbias, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e a propriedade da riqueza petrolífera da Líbia para mãos estrangeiras. A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 100 principais companhias de petróleo ( A Energy Intelligence classifica a NOC no 25º lugar entre as 100 principais companhias do mundo. ?Libyaonline.com )

A Líbia está entre as maiores economias petrolíferas do mundo com aproximadamente 3,5% das reservas de petróleo globais, mais do que o dobro daquelas dos EUA. (para mais pormenores ver a Parte II deste artigo, "Operação Líbia" e a batalha pelo petróleo)

A planeada invasão da Líbia, que já está em curso, faz parte do conjunto mais vasto da "Batalha pelo petróleo". Cerca de 80 por cento das reservas petrolíferas da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental. (Ver mapa abaixo)

As concepções estratégicas por trás da "Operação Líbia" recordam empreendimentos militares anteriores dos EUA-NATO na Jugoslávia e no Iraque.

Na Jugoslávia, forças dos EUA-NATO desencadearam uma guerra civil. O objectivo era criar divisões políticas e étnicas, as quais finalmente levaram à fragmentação de todo um país. Este objectivo foi alcançado através do financiamento encoberto e do treino de forças paramilitares armadas, primeiro na Bósnia (Bosnian Muslim Army, 1991-95) e a seguir no Kosovo (Kosovo Liberation Army (KLA), 1998-1999). Tanto no Kosovo como na Bósnia, a desinformação dos media (incluindo mentiras rematadas e falsificações) foram utilizadas para apoiar afirmações dos EUA-UE de que o governo de Belgrado havia cometido atrocidades, justificando dessa forma uma intervenção militar com razões humanitárias.

Ironicamente, a "Operação Jugoslávia" agora está nos lábios dos feitores da política externa estado-unidense: o senador Lieberman "comparou a situação na Líbia aos acontecimentos nos Balcãs na década de 1990 quando, disse ele, os EUA "intervieram para travar um genocídio contra os bósnios. E a primeira coisa que fizemos foi proporcionar-lhes as armas para defenderem-se. Isso é o que penso que podemos fazer na Líbia". ( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated , Press, February 27, 2011, emphasis added

O cenário estratégico seria pressionar rumo à formação e reconhecimento de um governo interino da província secessionista, tendo em vista finalmente fragmentar o país.

Esta opção já está a caminho. A invasão da Líbia já começou.

"Centenas de conselheiros militares estado-unidenses, britânicos e franceses chegaram à Cirenáica, a província separatista do Leste,... Os conselheiros, incluindo oficiais de inteligência, foram lançados de navios de guerra e navios de mísseis nas cidades costeiras de Benghazi e Tobruk" ( DEBKAfile, US military advisers in Cyrenaica , February 25, 2011)

Forças especiais dos EUA e aliados estão no terreno na Líbia Oriental, proporcionando apoio encoberto aos rebeldes. Isto foi reconhecido quando comandos britânicos das Forças Especiais SAS foram presos na região de Benghazi. Estavam a actuar como conselheiros militares para forças de oposição:

"Oito comandos de forças especiais britânicas, numa missão secreta para colocar diplomatas britânicas em contacto com oponentes destacados do Cro. Muammar Kadafi na Líbia, acabaram humilhados depois de terem apoiado forças rebeldes na Líbia Oriental", informa o Sunday Times de hoje.
Os homens, armados mas à paisana, afirmaram que foram verificar as necessidades da oposição e oferecer ajuda ". ( Top UK commandos captured by rebel forces in Libya: Report, Indian Express , March 6, 2011, sublinhado do autor)

As forças SAS foram presas quando escoltavam uma "missão diplomática" britânica a qual entrou ilegalmente no país (sem dúvida de um navio de guerra britânico) para discussões com líderes da rebelião. O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico reconheceu que "uma pequena equipe diplomática britânica foi enviada à Líbia Oriental para iniciar contactos com a oposição rebelde". U.K. diplomatic team leaves Libya - World - CBC News , March 6, 2011).

Ironicamente, as reportagens não só confirmam a intervenção militar ocidental (incluindo várias centenas de forças especiais), como também reconhecem que a rebelião se opunha firmemente à presença ilegal de tropas estrangeiras sobre o solo líbio:

"A intervenção da SAS enraiveceu figuras líbias da oposição as quais ordenram que os soldados fossem trancados numa base militar. Oponentes de Kadafi temem que ele possa utilizar qualquer evidência de interferência militar ocidental para congregr apoio patriótico para o seu regime". ( Reuters , March 6, 2011)

O "diplomata" britânico capturado com soldados das forças especiais era membro da inteligência britânica, um agente do MI6 numa "missão secreta". ( The Sun , March 7, 2011)

Declarações dos EUA e NATO confiram que estão a ser fornecidas armas às forças de oposição. Há indicações, embora não prova clara até agora, de que foram entregues armas aos insurgentes antes do desencadeamento da rebelião. Com toda probabilidade, conselheiros militares e de inteligência dos EUA e NATO também estavam no terreno antes da insurreição. Este foi o padrão aplicado no Kosovo: forças especiais apoiando e treinando o Kosovo Liberation Army (KLA) nos meses que antecederam a campanha de bombardeamento de 1999 e a invasão da Jugoslávia.

Tal como os acontecimentos se desdobram, contudo, forças do governo líbio recuperaram controle sobre posições rebeldes:

"A grande ofensiva das forças pró-Kadafi lançadas [4 Março] para arrebatar das mãos dos rebeldes o controle das cidades e centros petrolíferos mais importantes da Líbia resultou [5 Março] na recaptura da cidade chave de Zawiya e da maior parte das cidades petrolíferas em torno do Golfo de Sirte. Em Washington e Londres, a conversa da intervenção militar ao lado da oposição líbia foi emudecida pela percepção de que a inteligência de campo de ambos os lados do conflito líbio era demasiado incompleta para servir de base à tomada de decisões ". (Debkafile, Qaddafi pushes rebels back. Obama names Libya intel panel , March 5, 2011, sublinhado do autor)

O movimento da oposição está fortemente dividido quanto à questão da intervenção estrangeira.

A divisão é entre o movimento das bases por um lado e os "líderes" apoiados pelos EUA da insurreição armada que são a favor da intervenção militar estrangeira por "razões humanitárias".

A maioria da população líbia, tanto os apoiantes como os oponentes do regime, é fortemente oposta a qualquer forma de intervenção externa.

DESINFORMAÇÃO DOS MEDIA

Os vastos objectivos estratégicos subjacentes à invasão proposta não são mencionados pelos media. A seguir a uma campanha enganosa dos media, em que notícias eram literalmente falsificadas sem relação com o que realmente estava a acontecer no terreno, um amplo sector da opinião pública internacional concedeu o seu firme apoio à intervenção estrangeira, por razões humanitárias.

A invasão está na prancheta do Pentágono. Está destinada a ser executada independentemente dos desejos do povo da Líbia incluindo o dos oponentes do regime, os quais têm exprimido a sua aversão à intervenção militar estrangeira em desrespeito da soberania da nação.

POSICIONAMENTO DA FORÇA NAVAL E AÉREA

Caso esta intervenção militar fosse executada resultaria numa guerra geral, uma blitzkrieg, implicando o bombardeamento tanto de alvos militares como civis.

A este respeito, o general James Mattis, comandante do U.S. Central Command (USCENTCOM), declarou que o estabelicimento de uma "zona de interdição de voo" envolveria de facto uma campanha de bombardeamento geral, que alvejasse entre outras coisas o sistema de defesa aérea da Líbia.

"Seria uma operação militar ? não seria suficiente dizer às pessoas para não voarem com aviões. Teria de ser removida a capacidade de defesa aérea a fim de estabelecer uma zona de interdição de voo, que não haja ilusões quanto a isto ". ( U.S. general warns no-fly zone could lead to all-out war in Libya , Mail Online, March 5, 2011, sublinhado do autor).

Uma força naval dos EUA e de aliados foi posicionada ao longo da costa líbia.

O Pentágono está a mover os seus vasos de guerra para o Mediterrâneo. O porta-aviões USS Enterprise transitou através do Canal de Suez poucos dias após a insurreição. ( http://www.enterprise.navy.mil )

Os navios anfíbios dos EUA, USS Ponce e USS Kearsarge, também foram posicionados no Mediterrâneo.

Foram despachados 400 fuzileiros navais dos EUA para a ilha grega de Creta "antes do seu posicionamento em navios de guerra ao largo da Líbia" ( Operation Libya": US Marines on Crete for Libyan deployment , Times of Malta, March 3, 2011).

Enquanto isso, a Alemanha, França, Grã-Bretanha, Canadá e Itália estão no processo de posicionar vasos de guerra ao longo da costa líbia.

A Alemanha posicionou três navios de guerra utilizando o pretexto da assistência na evacuação de refugiados sobre a fronteira Líbia-Tunísia. "A França decidiu enviar o Mistral, o seu porta-helicópteros, os quais, segundo o Ministério da Defesa, contribuirão para a evacuação de milhares de egípcios". ( Towards the Coasts of Libya: US, French and British Warships Enter the Mediterranean , Agenzia Giornalistica Italia, March 3, 2011). O Canadá despachou (2 Março) a fragata HMCS Charlettetown.

Entretanto, a US 17th Air Force, chamada US Air Force Africa, baseada na Ramstein Air Force Base, na Alemanha, está a assistir na evacuação de refugiados. As instalações da força aérea EUA-NATO na Grã-Bretanha, Itália, França e Médio Oriente estão em prontidão.

Parte II: A "Operação Líbia" e a batalha pelo petróleo

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23548

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Deus da-os e eles rejuntam-se - ICV, ERC, PSOE e parte do PIE votam com a extrema direita a favor da intervençom da NATO em Líbia BASENAME: canta-o-merlo-deus-da-os-e-eles-juntam-se-icv-erc-psoe-e-parte-do-pie-votam-com-a-extrema-direita-a-favor-da-intervencom-da-nato-em-libia DATE: Fri, 11 Mar 2011 16:45:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

Euro-parlamentares de ICV, ERC, PSOE e parte do PIE votam com a extrema direita a favor da intervençom da OTAN em Líbia

O Parlamento Europeu posicionou-se a carom da NATO, os Estados Unidos e Gram-Bretanha ao apostar em umha intervençom militar estrangeira

A favor: PP e CiU com o grupo da direita europeia, PSOE com o grupo socialista, ERC e ICV (Raül Romeva), os Verdes europeus. Y do GUE / NGL, ou Esquerda Europeia, os deputados : Lothar Bisky (Die Linke), Kohlícek (PC de Boémia e Morávia), Liotard, MMatias(Bloco-Portugal), Mastálka (Chequia), Mélenchon (Frente de Gauche), Portas, Remek, Søndergaard, Tavares (Bloco de Esquerda) e Vergier.

Na contra: Do GUE/NGL: Angourakis (KKE-Grécia), Ernst (Die Linke), Ferreira Joám (PCP-Portugal), Figueiredo (PCP-Portugal), Hadjigeorgiou (AKEL-Chipre), Händel (Die Linke), Klute (Die Linke), Lösing (DIe Linke), Matias (Bloco-Portugal), Meyer (IU), Portas (Bloco- Portugal), Rubiks (letón), Scholz (Die Linke), Toussas (KKE-Grécia), Wils (Die Linke), de Jong (holandês).

Abstençons: Do GUE / NGL: Rubiks e Triantaphyllides.

Meyer (IE) recordou que o próprio do secretário de Defesa dos Estados Unidos Robert Gates explicou claramente que ?umha zona de exclusom aérea significa em realidade, umha intervençom militar nesse país, com bombardeios sobre determinadas posiçons e o uso de numerosos avions e barcos de guerra?.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: USA, o paraiso capitalista - Indigentes e pessoas sem seguro médico na Califórnia nom serám atendidos BASENAME: canta-o-merlo-usa-o-paraiso-capitalista-indigentes-e-pessoas-sem-seguro-medico-em-california-nom-seram-atendidos DATE: Wed, 09 Mar 2011 20:35:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

YVKE Mundial / Imprensa Latina
Quarta-feira, 9 de Mar de 2011. 3:48 pm

O recorte fundos de programas de serviços médicos de emergência impedirá a atençom aos indigentes e pessoas sem seguro médico na Califórnia, denunciam nesta quarta-feira médias de imprensa.

Como parte dos esforços para eliminar o deficit estatal de 25 mil 400 milhons de dólares, os legisladores cortaram 55 milhons a um programa que obrigará ao fechamento das salas de emergência em hospitais. .

O talho ao Fundo Maddy para os Serviços Médicos de Emergência, que paga aos doutores nas salas de emergência dos hospitais por atender aos indigentes e pessoas sem seguro médico, foi aprovada polos legisladores estatais.

Sem esses fundos as salas de emergências poderiam ser obrigadas a fechar ou a trabalhar com menos médicos, polo que os pacientes teriam que passar longas horas de espera para ser atendidos, di Andrea Brault, presidenta do Colégio Americano de Médicos de Emergência em Califórnia.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Carme Chacón, ministra de defesa espanhola: A melhor defesa é um ataque BASENAME: canta-o-merlo-carme-chacon-ministra-de-defesa-espanhola-a-melhor-defesa-e-um-ataque DATE: Tue, 08 Mar 2011 21:35:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

Carme Chacón, ministra de defesa: A melhor defesa é um ataque

Carlos Tena
Rebelión

Com a velocidade e diligência devidas (a 110 kms. e sem ingerir bebidas alcoólicas), Carme Chacón, Ministra de Ataque do governo espanhol, lançou-se em ajuda de Hillary Clinton (como fizesse José Mª Aznar nos seus melhores tempos de genocida em progressom geométrica), porque assim lho tem demandado a Casa Branca.

Várias naçons já dictarom sentença, apoiando aos rebeldes que combatem contra o exército de Gadafi, que deve ser um dictador ainda pior que Franco, tendo em conta do apoio que Gram-Bretanha, USA e França prestaram ao Caudilho em 1936, abandonando à sua sorte aos republicanos, que caírom defendendo a democracia. Os tempos mudárom.

Espanha fai o próprio, mas procurando matrícula de honra, polo que a ajuda do exército de Carme às companhias Exxon Mobil (EEUU), BP (Reino Unido), Royal Dutch Shell (Holanda), Total (França), ChevronTexaco (EEUU), ConocoPhillips (EEUU), sem esquecer, como nom, a nossa patriótica Repsol YPF, deverá ter um maior calado.

Nem curta nem preguiçosa, a servidora pública solicitou vénia correspondente para que uniformados espanhóis (mercenários na sua maior parte) podam deixar a sua vida em Líbia, junto a outros imitadores dos aguerridos membros de Black Water, mais algumhas tropas dos respectivos exércitos europeus, com objecto de despejar o terreno aos empresários norte-americanos e britânicos da indústria petroleira, para que o cobiçado líquido chegue a essas boas maos, que saberám corresponder ao favor recebido com algumha que outra quota de mercado, a bom preço e durante alguns anos.

O petróleo iraquiano custou-nos mais de um olho, polo que o líbio parece mais tentador, singelo e rico em reservas, sem umha Resistência organizada (já terá tempo para isso) e um líder a ponto de caramelo para processar na Corte Internacional da Haia, onde jamais se solicitou a presença de Pinochet ou Videla, onde jamais julgar-se-á a Álvaro Uribe, Tony Blair, Javier Solana ou George W. Bush, criminosos de guerra com mais mortes às suas costas que Mouammar Kadhafi.

A crise energética provocada pola OPEP, que à sua vez é a mesma que a que se padece pola actuaçom espoliadora do FMI, o Banco Mundial ou o G-20, obriga a Zapatero a empreender novamente o caminho assinalado: A melhor defesa é o ataque. De outra forma, os habitantes e turistas do território hispano teriam que reduzir a velocidade dos seus veículos a 80 kms. por hora, enfrentando-se a novas proibiçons que geram maos fumes e pior humor.

Por desgraça, que a ministra comece a dar os passos necessários para jogar à guerra, é outro erro tam grave como a expressom do seu rosto num funeral com música militar, criando falsas e inúteis gestas das forças armadas do Borbón, que arrincárom báguas de emoçom aos amantes do melodrama, quando comecem a chegar os primeiros cadáveres dos primeiros caídos por Deus, por Espanha e o Ouro Negro de Obama.

Comemorando à sua maneira no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, Carme Chacón já tem preparada a sua lista de gestos patrióticos face a essas eventualidades. É imprescindível face ao grande teatro da televisom, na que convivem, como prescriçom facultativa idónea, dous tipos de programas que devem se ingerir, alternando na programaçom, para conseguir o efeito necessário.

Em primeiro lugar, um espaço Informativo cheio de mortes, atropelos, assassinatos por violência doméstica, detençom de jovens bascos que se auto-lesam estando esposados e encapuchados, assaltos à mao armada, incêndios, despejos, desalojos, inundaçons, fraudes e demais actividades habituais no nosso país, cujos protagonistas acostumam pertencer talvez ao PPSOE.

Como excepçom a esta regra, verter-se-a toda a inquina sobre a família Ruiz Mateos, face a que o resto dos casos pareçam de menor contido. Termina a primeira dose com o informe meteorológico, no que a ou o responsável deve sugerir que o sol sairá inclusive por Antequera, ataviado com duas faixas vermelhas, umha superior e outra inferior; o gualda pom-no grátis o astro rei.

O segundo protótipo deve injectar-se em veia imediatamente, com as suas doses de besbelhoar e graxeirar, sensacionalismo, debates com temática sensacionalista, cómicos especialistas em dramas pessoais que farám o indizível por arrancar gargalhadas, jornalistas que desertaram na transiçom, traiçons familiares, insultos e ameaças entre ex noivos ou casais, revelaçom de drogo-dependências, tráfico de brancas e prostituiçom de luxo...

A exacta mistura de ambos, conseguirá que a indolência e descompromiso dos cidadaos atinja as cotas necessárias para que, quando comece a chegada de tropas espanholas em ajuda dos empresários norte-americanos do petróleo, se contemplem as mortes e assassinatos de civis como um mau necessário, um dano colateral, embora as vítimas sejam meninhos de curta idade. Isso contribuirá a que as maes tratem aos seus filhos com maior mimo e carinho, preparando-os para o dia no que se apontem ao exército, onde o trabalho é seguro (embora desenvolvido em locais inseguros), a paga mais que suficiente e as exequias gratuitas.

Carme Chacón acha-se no seu melhor momento e assim lho tem confessado a Hillary. Estou segura -pensa a servidora pública- que as únicas preocupaçons dos espanhóis descansam em três temas que o nosso governo assinalou com precisom matemática: o terrorismo de ETA, a proibiçom de fumar nos espaços fechados e a reduçom da velocidade em auto-estradas. O resto da problemática social nom deve ter importância algumha.

O mau é que há milhons de espanhóis que aceitaram a receita.

No blogue do autor: http://tenacarlos.wordpress.com/2011/03/07/carme-chacon-a-melhor-defesa-é-um-ataque/

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Obama pede aos sauditas uma ponte aérea com armas para Benghazi. BASENAME: canta-o-melro-obama-pede-aos-sauditas-uma-ponte-aerea-com-armas-para-benghazi DATE: Tue, 08 Mar 2011 17:22:56 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

O plano secreto de Obama para armar rebeldes da Líbia

por Robert Fisk

Desesperado para evitar o envolvimento militar dos EUA na Líbia no caso de uma luta prolongada entre o regime Kadafi e os seus opositores, os americanos pediram à Arábia Saudita que fornecesse armas aos rebeldes em Benghazi. O reino saudita, que já enfrenta um "dia da ira" proveniente do 10 por cento da comunidade muçulmana xiita, com uma proibição de todas as manifestações, até agora ainda não respondeu ao pedido altamente secreto de Washington, embora o rei Abdullah odeie pessoalmente o líder líbio, a quem tentou assassinar há pouco mais de um ano.

O pedido de Washington alinha-se com outras cooperações militares dos EUA com os sauditas. A família real em Jeddah, a qual estava profundamente envolvida no escândalo Contra durante a administração Reagan, deu apoio imediato aos esforços americanos para armar guerrilhas que combatiam o exército soviético no Afeganistão em 1980 e posteriormente ? para desgosto da América ? também financiou e armou o Taliban.

Mas os sauditas constituem o único aliado árabe dos EUA estrategicamente colocado e capaz de fornecer armas às guerrilhas da Líbia. A sua assistênci permitiria a Washington desmentir qualquer envolvimento militar na cadeia de fornecimento ? muito embora as armas fossem americanas e pagas pelos sauditas.

Disseram aos sauditas que os oponentes de Kadafi precisam de rockets anti-tanque e morteiros como primeira prioridade para repelir ataques de blindados de Kadafi e de mísseis terra-ar para derrubar os seus caças-bombardeiros.

Os materiais poderiam chegar a Benghazi dentro de 48 horas mas precisariam ser entregues em bases aéreas na Líbia ou no aeroporto de Benghazi. Se as guerrilhas puderem então avançar para a ofensiva e assaltar as fortalezas de Kadafi na Líbia ocidental, a pressão política sobre a América e a NATO ? não menor que a dos membros republicanos do Congresso ? para estabelecer uma zona de interdição de voo seria reduzida.

Planeadores militares estado-unidenses já deixaram claro que uma zona desta espécie precisaria de ataques aéreos dos EUA contra o funcionamento das bases de mísseis anti-aéreos da Líbia, ainda que gravemente esgotados, portanto trazendo Washington directamente para a guerra ao lado dos opositores de Kadafi.

Durante vários dias, aviões de vigilância AWACS dos EUA têm estado a voar em torno da Líbia, fazendo contacto constante com o controle de tráfego aéreo de Malta e pedindo pormenores de padrões de voo líbios, incluindo jornadas feitas nas últimas 48 horas pelo jacto privado de Kadafi, o qual voou para a Jordânia e voltou à Líbia pouco antes do fim de semana.

Oficialmente, a NATO descreverá a presença de aviões AWACS americanos apenas como parte da sua Operation Active Endeavor pós 11/Set, a qual tem vasta autonomia para empreender medidas de contra-terrorismo na região do Médio Oriente.

Os dados dos AWACS são transferidos a todos os países da NATO sob o mandato existente da missão. Contudo, agora que Kadafi foi restabelecido como um super-terrorista no léxico ocidental, a missão da NATO pode facilmente ser utilizada para investigar alvos na Líbia se forem empreendidas operações militares activas.

O canal de televisão em inglês da Al Jazeera difundiu na noite passada gravações feitas pelo avião americano para o controle de tráfego aéreo de Malta, em que pedia informação acerca de voos líbios, especialmente o do jacto de Kadafi.

Um avião AWACS americano, matrícula número LX-N90442, podia ser ouvido a contactar a torre de controle de Malta no sábado a pedir informação acerca de um Dassault-Falcon 900 jet 5A-DCN da Líbia no seu caminho de Amman para Mitiga, o próprio aeroporto VIP de Kadafi.

Ouve-se o AWACS 07 da NATO dizer: "Tem informação acerca de um avião com a posição Squawk 2017 cerca de 85 milhas a Leste da nossa [sic]?"

O controle de tráfego aéreo de Malta responde: "Sete, isso parece ser o Falcon 900 ? em nível de voo 340, com destino a Mitiga, segundo o plano de voo".

Mas a Arábia Saudita já está a enfrentar perigos de um dia de protesto coordenado pelos seus próprios cidadãos muçulmanos xiitas os quais, fortalecidos pelo levantamento xiita na ilha vizinha de Bahrain, na sexta-feira apelaram a manifestações de rua contra a família dirigente dos al-Saud.

Depois de despejar tropas e polícia de segurança no província de Qatif, na semana passada, os sauditas anunciaram uma proibição à escala nacional de todas as manifestações públicas.

Os organizadores xiitas afirmam que mais de 20 mil protestatários planeiam manifestar-se com mulheres nas linhas de frente para impedir o exército saudita de abrir fogo.

Contudo, se o governo saudita aceder ao pedido da América para enviar armas e mísseis aos rebeldes líbios, seria quase impossível para o presidente Barack Obama condenar o reino por qualquer violência contra os xiitas das províncias do Nordeste.

Portanto, no espaço de tempo de apenas umas poucas horas o despertar árabe, a exigência de democracia na África do Norte, a revolta xiita e o levantamento contra Kadafi tornaram-se embrulhados com as prioridades militares dos EUA na região.

07/Março/2011

O original encontra-se em The Independent e em http://www.countercurrents.org/fisk070311.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Aumenta o perigo de intervenção imperialista na Líbia BASENAME: canta-o-merlo-aumenta-o-perigo-de-intervencao-imperialista-na-libia DATE: Sun, 06 Mar 2011 22:12:38 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Sara Flounders

A pior coisa que poderia acontecer ao povo da Líbia seria uma intervenção dos EUA.

A pior coisa que poderia acontecer ao levantamento revolucionário que sacode o mundo árabe seria uma intervenção dos EUA na Líbia.

A Casa Branca está a reunir-se com os seus aliados dos países imperialistas europeus da NATO para discutir a imposição de uma zona de interdição de voo (no-fly zone) sobre a Líbia, a interferência electrónica de todas as comunicações do presidente Moammar Kadafi dentro da Líbia e o estabelecimento de corredores militares dentro da Líbia a partir do Egipto e da Tunísia, supostamente para "assistir refugiados". (New York Times, 27 Fev.)

Isto significa posicionar tropas dos EUA/NATO no Egipto e na Tunísia junto aos dois mais ricos campos petrolíferos da NATO, tanto a Leste como a Oeste. Significa o Pentágono coordenar manobras com militares egípcios e tunisinos. O que é que poderia ser mais perigoso para as revoluções egípcia e tunisina?

A Itália, outrora a colonizadora da Líbia, suspendeu um tratado de 2008 com a Líbia que incluía uma cláusula de não agressão, movimento que poderia permitir que fizesse parte de futuras operações de "manutenção da paz" ali e permitir a utilização das suas bases militares em qualquer intervenção possível. Várias bases dos EUA e da NATO na Itália, incluindo a base da Sexta Frota dos EUA em Nápoles, poderiam ser áreas de preparação para acções contra a Libia.

O presidente Barack Obama anunciou que "o conjunto completo de opções" está a ser considerado. Esta é a linguagem de Washington para operações militares.

A secretária de Estado Hillary Clinton encontrou-se em Genebra a 28 de Fevereiro com ministros de Negócios Estrangeiros no Conselho da ONU de Direitos Humanos para discutir possíveis acções multilaterais.

Enquanto isso, a somar-se aos tambores de guerra pela intervenção militar, está a divulgação de uma carta pública do Foreign Policy Initiative, um think tank de extrema direita considerado como o sucessor do Project for the New American Century, a apelar para que os EUA e NATO preparem "imediatamente" acção militar para ajudar a deitar abaixo o regime Kadafi.

Dentre os signatários do apelo público incluem-se William Kristol, Richard Perle, Paul Wolfowitz, Elliott Abrams, Douglas Feith e mais de uma dúzia de antigos altos responsáveis da administração Bush, mais vários democratas liberais eminentes tais como Neil Hicks do Human Rights First e John Shattuck, chefe dos "direitos humanos" de Bill Clinton.

A carta apela a sanções económicas e acções militares: posicionamento de aviões de guerra e de uma frota naval da NATO para impor zonas de interdição de voo e para ter capacidade de neutralizar vasos navais líbios.

Os senadores John McCain e Joseph Lieberman, quando em Tel Aviv a 25 de Fevereiro, apelaram a Washington para o fornecimento de armas aos rebeldes líbios e ao estabelecimento de uma zona de interdição de voo sobre o país.

Não se pode ignorar os apelos a contingentes da ONU de trabalhadores médicos e humanitários, monitores de direitos humanos e investigadores do Tribunal Penal Internacional a serem enviados à Líbia com uma "escolta armada".

Proporcionar ajuda humanitária não tem de incluir militares. A Turquia evacuou 7000 dos seus cidadãos em ferries e voos charter. Uns 29 mil trabalhadores chineses deixaram o país via ferries, voos charter e transportes terrestres.

Contudo, o modo pelo qual as potências europeias estão a evacuar os seus cidadãos da Líbia durante esta crise envolve uma ameaça militar e faz parte da manobra imperialista para obter posições futuras na Líbia.

A Alemanha enviou três navios de guerra, com 600 soldados, e dois aviões militares para retirar 200 empregados alemães da empresa de exploração de petróleo Wintershall de um campo no deserto a 600 milhas [965 km] a Sudeste de Trípoli. Os britânicos enviaram o navio de guerra HMS Cumberland para evacuar 200 cidadãos seus e anunciaran que o destróier York estava a caminho a partir de Gibraltar.

Os EUA anunciaram a 28 de Fevereiro que estavam a enviar o enorme porta-aviões USS Enterprise e o navio anfíbio de assalto USS Kearsarge do Mar Vermelho para as águas ao largo da Líbia, onde juntar-se-ão ao USS Mount Whitney e outros navios de guerra da Sexta Frota. Oficiais estado-unidenses chamam a isto um "pré-posicionamento de activos militares".

ONU VOTA SANÇÕES

O Conselho de Segurança da ONU ? sob a pressão dos EUA ? em 26 de Fevereiro votou pela imposição de sanções à Líbia. Segundo estudos de agências da própria ONU, mais de um milhão de crianças iraquianas morreram em consequência de sanções impostas pelos EUA/ONU àquele país, que aplanaram o caminho para uma invasão real dos EUA. Sanções são crimes e confirmam que esta intervenção não se deve a preocupações humanitárias.

A absoluta hipocrisia da resolução sobre a Líbia exprimindo preocupação pelos "direitos humanos" é difícil de superar. Apenas quatro dias antes da votação, os EUA utilizaram o seu direito de veto para impedir uma resolução redigida em linguagem moderada que criticava colonatos israelenses em terra palestina na Cisjordânia.

O governo dos EUA impediu o Conselho de Segurança de adoptar qualquer acção durante o massacre israelense de Gaza em 2008, o qual resultou nas mortes de mais de 1500 palestinos. Estes corpos internacionais, bem como o Tribunal Penal Internacional, têm estado silenciosos sobre massacres israelenses, sobre ataques de aviões sem pilotos dos EUA a civis indefesos no Paquistão e sobre as criminosas invasões e ocupações do Iraque e do Afeganistão.

O facto de a China ter anuído à votação das sanções é um exemplo infeliz de como o governo de Pequim permite que o seu interesse no comércio e nos embarques continuados de petróleo prevaleçam sobre a sua passada oposição a sanções que prejudicam claramente populações civis.

QUEM DIRIGE A OPOSIÇÃO?

É importante olhar o movimento de oposição, especialmente aqueles que estão a ser amplamente citados em todos os media internacionais. Devemos assumir que pessoas que sofreram injustiças reais dele participam. Mas quem realmente dirige o movimento?

Um artigo de primeira página no New York Times de 25 de Fevereiro descrevia quão diferente é a Líbia em relação às outras lutas que estalam por todo o mundo árabe. "Ao contrário das rebeliões juvenis possibilitadas pelo Facebook, aqui a insurreição foi conduzida por pessoas que são mais maduras e que têm estado a opor-se activamente ao regime durante algum tempo". O artigo descreve como foram contrabandeadas armas através da fronteira com o Egipto ao longo de semanas, permitindo à rebelião "escalar rápida e violentamente em pouco mais de uma semana".

O grupo de oposição mais amplamente citado é a Frente Nacional para a Salvação da Líbia. A FNSL, fundada em 1981, é conhecida por ser uma organização financiada pela CIA, com escritórios em Washington, DC. Ela tem mantido no Egipto, junto à fronteira, uma força militar chamada Exército Nacional Líbio. Se se procurar no Google "National Front for the Salvation of Libya" e "CIA" rapidamente descobrem-se centenas de referências [NR: 16.900 resultados]

Também é muito citada a National Conference for the Libyan Opposition. Isto é uma coligação constituída pela FNSL que também inclui a Libyan Constitutional Union, dirigida por Muhammad as-Senussi, um aspirante ao trono líbio. O sítio web da LCU apela a que o povo líbio reitere um juramento de lealdade ao rei Idris El-Senusi como seu líder histórico. A bandeira utilizada pela coligação é a do antigo reino da Líbia.

É claro que estas forças financiadas pela CIA e antigos monárquicos são politicamente e socialmente diferentes da juventude e trabalhadores privados de direitos que marcharam aos milhões contra ditadores apoiados pelos EUA no Egipto e na Tunísia e estão hoje a manifestar-se no Bahrain, Iémen e Oman.

Segundo o artigo do Times, a ala militar da FNSL, utilizando armas contrabandeadas, rapidamente tomou postos policiais e militares na cidade portuária de Benghazi e áreas vizinhas que estão a norte dos mais ricos campos de petróleo da Líbia e onde se localiza a maior parte dos oleodutos, gasodutos, refinarias e terminal portuário de gás natural liquefeito. O Times e outros media ocidentais afirmam que esta área, agora sob "controle da oposição", inclui 80 por cento das instalações petrolíferas da Líbia.

A oposição líbia, ao contrário de movimentos alhures no mundo árabe, desde o princípio apelou à assistência internacional. E os imperialistas responderam rapidamente.

Exemplo: Mohammed Ali Abdallah, vice secretário-geral da FNSL, emitiu um apelo desesperado: "Estamos à espera de um massacre". "Estamos a enviar um SOS à comunidade internacional para intervir". Sem esforços externos para conter Kadafi, "haverá um banho de sangue na Líbia nas próximas 48 horas".

O Wall Street Journal, a voz do big business, num editorial em 23 de Fevereiro dizia que "Os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubar o regime Kadafi".

INTERESSE DOS EUA ? PETRÓLEO

Por que Washington e as potências europeias estão desejosos e ansiosos por actuarem na Líbia?

Quando acontece algo novo é importante rever o que sabemos do passado e perguntar sempre quais são os interesses das corporações estado-unidenses na região.

A Líbia é um país rico petróleo ? um dos 10 mais ricos do mundo. A Líbia tem as maiores reservas provadas da África, pelo menos 44 mil milhões de barris. Ela tem estado a produzir 1,8 milhão de barris de petróleo por dia ? um bruto leve que é considerada da melhor qualidade e precisa de menos tratamento do que a maior parte dos outros petróleos. A Líbia também tem grandes depósitos de gás natural que é fácil canalizar directamente para mercados europeus. É um país grande em área com uma pequena população de 6,4 milhões de pessoas.

É assim que as poderosas corporações petrolíferas e militares dos EUA, bancos e instituições financeiras que dominam os mercados globais encaram a Líbia.

Petróleo e gás são hoje as commodities mais valiosas e a maior fonte de lucros no mundo. Ganhar o controle de campos petrolíferos, oleodutos, gasodutos, refinarias e mercados orienta grande parte da política imperialista dos EUA.

Durante as duas décadas de sanções dos EUA sobre a Líbia, com que Washington pretendia deitar abaixo o regime, interesses corporativos europeus investiram pesadamente no desenvolvimento de pipelines e infraestruturas ali. Cerca de 85 por cento das exportações da Líbia vão para a Europa.

Transnacionais europeias ? em particular a BP, Royal Dutch Shell, Total, ENI, BASF, Statoil e Repsol ? dominaram o mercado do petróleo da Líbia. As corporações gigantes dos EUA foram deixadas fora destes negócios lucrativos. A China tem estado a comprar uma quantidade crescente do óleo produzido pela National Oil Corp. da Líbia e construiu um pequeno oleoduto na Líbia.

Os enormes lucros que poderiam ser feitos com o controle do petróleo e gás natural da Líbia são o que está por trás do apelo trombeteado pelos media corporativos dos EUA pela "intervenção humanitária para salvar vidas".

Manlio Dinucci, jornalista italiano que escreve para Il Manifesto, explicou em 25 de Fevereiro que "se Kadafi for derrubado, os EUA seriam capazes de fazer ruir toda a estrutura das relações económicas com a Líbia, abrindo o caminho para multinacionais com base nos EUA, até agora quase totalmente excluídas da exploração das reservas de energia na Líbia. Os Estados Unidos poderiam então controlar a torneira de fontes de energia de que a Europa depende amplamente e que também abastecem a China" .

ANTECEDENTES

A Líbia foi uma colónia italiana desde 1911 até a derrota da Itália na II Guerra Mundial. As potências imperialistas ocidentais após a guerra estabeleceram por toda a região regimes que eram chamados estados independentes mas eram encabeçados por monarcas nomeados sem o voto democrático do povo. A Líbia tornou-se um país nominalmente soberano, mas estava firmemente amarrado aos EUA e Grã-Bretanha sob um novo monarca ? o rei Idris.

Em 1969, quando uma onda de lutas anti-coloniais varreu o mundo colonizado, oficiais militares de baixa patente moldados pelo revolucionário nacionalismo pan-árabe derrubaram Idris, que estava em férias na Europa. O líder do golpe era Moammar Kadafi, com 27 anos.

A Líbia mudou o seu nome de Reino da Líbia para República Árabe Líbia e posteriormente para Grande Jamahiriya Árabe Líbia do Povo Socialista.

Os jovens oficiais ordenaram o encerramento das bases dos EUA e Grã-Bretanha na Líbia, incluindo a grande Base Aérea Wheelus do Pentágono. Nacionalizaram a indústria petrolífera e muitos interesses comerciais que estavam sob o controle imperialista estado-unidense e britânico.

Estes oficiais não chegaram ao poder num levantamento revolucionário das massas. Não foi uma revolução socialista. Ainda era uma sociedade de classe. Mas a Líbia já não estava sob domínio estrangeiro.

Foram efectuadas muitas mudanças progressistas. A nova Líbia obteve muitos ganhos económicos e sociais. As condições de vida para as massas melhoraram radicalmente. A maior parte das necessidades básicas ? alimentação, habitação, combustível, cuidados de saúde e educação ? foram fortemente subsidiadas ou tornaram-se inteiramente gratuitas. Os subsídios foram utilizados como o melhor meio de redistribuir a riqueza nacional.

As condições para as mulheres mudaram radicalmente. Em 20 anos a Líbia alcançou a mais alta classificação no Índice de Desenvolvimento Humano da África ? uma medida da ONU de expectativa de vida, realização educacional e rendimento real corrigido. Ao longo das décadas de 1970 e 1980 a Líbia tornou-se conhecida internacionalmente por adoptar fortes posições anti-imperialistas e apoiar outras lutas revolucionárias, desde o Congresso Nacional Africano na África do Sul até a Organização de Libertação da Palestina e o Exército Republicano Irlandês.

Os EUA executaram numerosas tentativas de assassínio e tentativas de golpe contra o regime Kadafi e financiaram grupos armados de oposição, tais como a FNSL. Alguns ataques foram flagrantes e abertos. Exemplo: sem aviso prévio 66 jactos dos EUA bombardearam Trípoli, a capital líbia, e a sua segunda maior cidade, Benghazi, em 15 de Abril de 1986. A casa da Kadafi foi bombardeada e a criança sua filha morta no ataque, juntamente com centenas de outros.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990 os EUA tiveram êxito em isolar a Líbia através de severas sanções económicas. Foram feitos todos os esforços para sabotar a economia e desestabilizar o governo.

DEMONIZAÇÃO DE KADAFI

Cabe ao povo da Líbia, da África e do mundo árabe avaliar o papel contraditório de Kadafi, o presidente do Conselho do Comando Revolucionário da Líbia. O povo daqui [EUA], no centro de um império construído sobre a exploração global, não deveria aderir às caracterizações racistas, ridicularizações e demonizações de Kadafi que saturam os media corporativos.

Mesmo que Kadafi fosse tão sereno e austero quanto um monge e tão cuidadoso quanto um diplomata, como presidente de país africano rico em petróleo anteriormente subdesenvolvido ele ainda teria sido odiado, ridicularizado e demonizado pelo imperialismo dos EUA se houvesse resistido ao domínio corporativo estado-unidense. Esse foi o seu crime real pelo qual nunca foi esquecido.

É importante assinalar que termos degradantes e racistas nunca são utilizados contra peões ou ditadores confiáveis dos EUA, não importa quão corruptos ou brutais possam ser para o seu próprio povo.

AMEAÇAS DOS EUA OBRIGAM A CONCESSÕES

Foi após o crime de guerra dos EUA denominado "pavor e choque", com o maciço bombardeamento aéreo do Iraque seguido de uma invasão terrestre e ocupação, que a Líbia finalmente sucumbiu às exigências estado-unidenses. Após décadas de solidariedade militante e anti-imperialista, a Líbia mudou de curso drasticamente. Kadafi ofereceu ajuda aos EUA na sua "guerra ao terror".

As exigências de Washington foram onerosas e humilhantes. A Líbia foi forçada a aceitar a plena responsabilidade pelo derrube do avião de Lockerbie e a pagar US$2,7 mil milhões em indemnizações. Isso foi só o princípio. A fim de as sanções dos EUA serem suspensas, a Líbia teve de abrir seus mercados e "reestruturar" a sua economia. Tudo isso fez parte do pacote.

Apesar das muitas concessões de Kadafi e das subsequentes grandes recepções em sua homenagem por parte de chefes de estado europeus, o imperialismo estado-unidense estava a planear a sua humilhação completa e a sua queda. Think tanks dos EUA empenhavam-se em numerosos estudos sobre como minar e enfraquecer o apoio popular de Kadafi.

Estrategas do FMI aterraram na Líbia com programas. Os novos conselheiros económicos prescreveram as mesmas medidas que impõem a todo país em desenvolvimento. Mas a Líbia não tinha uma dívida externa; tinha uma balança comercial positiva de US$27 mil milhões por ano. A única razão porque o FMI exigiu acabar com os subsídios de necessidades básicas era minar a base social de apoio ao regime.

A "liberalização do mercado" da Líbia significou um corte de US$5 mil milhões no valor dos subsídios anuais. Durante décadas o estado estivera a subsidiar 93 por cento do valor de várias commodities básicas, nomeadamente combustível. Depois de aceitar o programa do FMI, o governo duplicou o preço da electricidade para os consumidores. Houve uma alta súbita de 30 por cento nos preços dos combustíveis. Isto desencadeou aumentos de preços em muitos outros bens e serviços.

Disseram à Líbia para privatizar 360 empresas estatais, incluindo siderurgia, cimenteiras, firmas de engineering, fábricas de alimentos, linhas de montagem de camiões e autocarros e unidades agrícolas estatais. Isto resultou em milhares de trabalhadores desempregados.

A Líbia teve de vender uma fatia de 60 por cento na companhia petrolífera estatal Tamoil Group e privatizar a sua Companhia Geral Nacional de Farinhas e Forragens.

O Carnegie Endowment Fund estava a controlar o impacto das reformas económicas. Um relatório de 2005 intitulado "Reforma económicas irritam cidadãos líbios" (?Economic Reforms Anger Libyan Citizens?), de Eman Wahby, dizia que "Outro aspecto da reforma estrutural foi o fim das restrições a importações. Foram garantidas licenças a companhias estrangeiras para exportar para a Líbia através de agentes locais. Em consequência, produtos de todo mundo inundaram o mercado líbio anteriormente isolado". Isto foi um desastre para os trabalhadores nas fábricas da Líbia, as quais não estavam preparadas para enfrentar a competição.

Mais de US$4 mil milhões entraram na Líbia, a qual se tornou o principal receptor africano de investimento estrangeiro. Como os banqueiros e os seus think tanks bem sabem, isto não beneficiou as massas líbias, empobreceu-as.

Mas não importava o que Kadafi fizesse, nunca era o suficiente para o poder corporativo dos EUA. Os banqueiros e financeiros queriam mais. Não havia confiança. Kadafi havia-se oposto aos EUA durante décadas e ainda era considerado altamente "inconfiável".

Em Maio de 2005 a revista US Banker publicou um artigo intitulado "Mercados emergente: Será a Líbia a próxima fronteira para bancos dos EUA?" ("Emerging Markets: Is Libya the Next Frontier for U.S. Banks?"). Ali se dizia que "Quando o país atravessa reforma, os lucros acenam. Mas o caos abunda". A revista entrevistou Robert Armao, presidente do Conselho Económico e Comercial EUA-Líbia com sede em Nova York: "Todos os grandes bancos ocidentais agora estão a explorar oportunidades ali", disse Armao. "A situação política com Kadafi ainda é muito suspeita". O potencial "parece maravilhoso para bancos. A Líbia é um país intacto e uma terra de oportunidade. Ela acontecerá, mas isso pode levar algum tempo".

A Líbia nunca foi um país socialista. Sempre houve ali vasta riqueza herdada e velhos privilégios. É uma sociedade de classe com milhões de trabalhadores, muitos deles imigrantes.

Reestruturar a economia a fim de maximizar lucros para banqueiros ocidentais desestabilizou relações, mesmo nos círculos dirigentes. Quem obtém negócios de privatização de indústrias chave, que famílias, que tribos? Quem é deixado de fora? Velhas rivalidades e competições vieram à superfície.

Quão cuidadosamente o governo dos EUA estava a monitorar estas mudanças impostas pode ser visto nos telegramas da Embaixada dos EUA em Trípoli divulgados recentemente pelo WikiLeaks, publicado no jornal britânico Telegraph de 31 de Janeiro. Um telegrama intitulado "inflação sobe na Líbia", enviado em 4 de Janeiro de 2009, descrevia o impacto de "um programa radical de privatização e reestruturação do governo".

"Aumentos significativos foram vistos", dizia o telegrama, "nos preços alimentares ? o preço de bens anteriormente subsidiados tais como açúcar, arroz e farinha aumentou 85 por cento em dois anos desde que os subsídios foram suspensos. Materiais de construção também aumentaram significativamente: preços para cimento, madeira aglomerada e tijolos aumentaram 65 por cento no ano passado. O cimento passou de 5 dinares líbios por um saco de 50 kg para 17 dinares em um ano; o preço de varão de aço aumentou num factor de dez.

"O término [pelo governo líbio] de subsídios e controles de preços como parte de um programa mais vasto de reforma económica e privatização certamente contribuiu para pressões inflacionárias e provocou alguns resmungos.

"A combinação de alta inflação e diminuição de subsídios e controles de preços é preocupante para um público líbio habituado a uma maior protecção do governo em relação às forças do mercado".

Estes telegramas da Embaixada dos EUA confirmam que enquanto continuavam a manter e financiar grupos da oposição líbia no Egipto, Washington e Londres também estavam constantemente a medir a temperatura do descontentamento em massa provocado pelas suas políticas.

Hoje milhões de pessoas nos EUA e por todo o mundo estão profundamente inspiradas pelas acções de milhões de jovens nas ruas do Egipto, Tunísia, Bahrain, Iémen e agora Oman. O impacto é sentido mesmo na ocupação de Wisconsin.

É vital ao movimento político com consciência de classe dos EUA resistir às enormes pressões de uma campanha orquestrada para a intervenção militar na Líbia. Uma nova aventura imperialista deve ser desafiada. Solidariedade com os movimentos dos povos! Fora com as mãos dos EUA!

02/Março/2011

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O original encontra-se em http://www.workers.org/2011/world/no_us_attack_on_libya_0310/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: EE.UU procura controlar a torneira da energia em Líbia BASENAME: canta-o-melro-ee-uu-procura-controlar-a-bilha-das-fontes-de-energia-de-libia DATE: Sun, 06 Mar 2011 21:47:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

YVKE Mundial / AVN

A verdadeira razom da possível intervençom militar dos Estados Unidos e a Organizaçom do Tratado do Atlântico Norte (Nato) em Líbia é o controlo da potência norte-americana do grifo das fontes de energia das que depende em grande parte a Europa e que também prove a China.

Assim o afirmou o jornalista Eleazar Díaz Rangel, na sua coluna nos Domingos de Díaz Rangel, ao analisar declaraçons da secretária de Estado de EEUU, Hillary Clinton, quem se referiu à situaçom em Líbia, dizendo que "há muita confusom e (que) é muito difícil saber o que acontece".

?Se ela (Clinton), que está todo o dia pendente do que passa nesse país, e viajou a Europa para falar com os seus pares a ver que sabem eles e daí podem fazer, tem tal confusom, di ela: Que ficará para os simples mortais como nós??, dixo o comunicador social.

Indicou que se conhece que a Nato está a planear umha invasom e que igualmente o fam no Pentágono, ?o que sim deve saber ela (Clinton), porque lhe fica bem perto da Casa Branca?.

?A mensagem é evidente: existe a possibilidade de umha intervençom militar de EEUU e a Nato em Líbia, oficialmente para deter derramamentos de sangue. As verdadeiras razons som obvias: se derroca-se a Kadaffi, EEUU poderia derrubar todo o enquadramento das relaçons económicas de Líbia e abrir o caminho às multinacionais baseadas em EEUU, que até agora estám quase totalmente excluídas da exploraçom de reservas de energia em Líbia?, delimitou Díaz Rangel.

Agregou que ante o conflito em Líbia, ?Pequim dixo que está extremamente preocupado e chamou a "umha rápida volta à estabilidade e a normalidade".

?O motivo é óbvio: o comércio chinês-líbio cresceu cerca de 30% em 2010, mas agora China pode ver que toda a estrutura das relaçons económicas com Líbia, de onde importa quantidades crescentes de petróleo, pom-se em jogo. Moscovo encontra-se em umha posiçom semelhante", explicou Díaz Rangel.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: China responde à provocaçom de EEUU e também desprega as suas tropas polo norte da África BASENAME: canta-o-merlo-china-responde-a-provocacom-de-eeuu-e-tambem-desprega-as-suas-tropas-polo-norte-da-africa DATE: Sat, 05 Mar 2011 09:02:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

O Governo da China decidiu aproveitar a crise líbia para demonstrar aos seus cidadás e ao mundo que é umha potência com todas as letras.

Nom só realizou um importante despregue para evacuar aos seus nacionais do país norte-africano, senom que mobilizou um navio de guerra e avions militares para anfatizar que está disposta a defender os seus interesses, neste caso petroleiros.

Pequim já evacuou à imensa maioria dos seus cidadás em Líbia. Mais de 32.000 chineses saía ontem do país norte-africano, dos quais 9.000 estám de volta na China, 21.000 se encontravam em um terceiro país e 2.100 iam de caminho para um terceiro país, segundo informou o Ministério de Exteriores.

Pequim assegurou que os labores de resgate nas zonas do este e o médio oeste de Líbia estavam praticamente finalizadas, enquanto no sul ficavam 3.000 pessoas que seriam evacuadas mediante avions militares ou aerolíneas estrangeiras.

Para resgatar aos seus nacionais, a maioria trabalhadores na indústria petroleira e em projectos de construçom, Chinesa deslocou inicialmente avions chárter e barcos de passageiros.

Mas, nos últimos dias, incrementou os esforços com um dispositivo militar. O Ministério de Defesa despachou na segunda-feira quatro avions IL-76 de fabricaçom russa, com destino à cidade de Sabah, no centro de Líbia. É a primeira vez que a força aérea foi mobilizada para resgatar a cidadaos chineses no estrangeiro.

A decisom é posterior ao envio ao Mediterráneo o passado fim de semana da fragata Xuzhou, que se encontrava realizando tarefas de controlo contra a pirataria no golfo de Adem, em frente à costa de Somália. A sua missom: proteger aos barcos que estám a levar a cidadaos chineses a outros países do Mediterráneo.

A fragata Xuzhou, que está dotada de mísseis, atravessou o canal de Suez no domingo e se prevê que hoje chegue em frente à costa líbia.

Também é a primeira vez que um navio de guerra chinês participa na evacuaçom de civis em umha crise humanitária, o que anfatiza a crescente capacidade da armada do país asiático para operar longe das suas águas e o interesse de Pequim por proteger aos seus cidadaos no exterior.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O Estado Espanhol "lambe-cú" da NATO? BASENAME: canta-o-merlo-o-estado-espanhol-lambe-cu-da-nato DATE: Fri, 04 Mar 2011 17:36:55 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A ministra de Defesa espanhola pede à ONU que "avalize" umha intervençom da NATO

Rebelion (3-03-2011)

A ministra de Defesa espanhola, Carme Chacón assegurou esta manhá na visita que realizou ao Instituto Tecnológico 'A Marañosa', de Madrid, que na semana próxima que há umha juntança na NATO, Espanha pretende que "de forma rápida" as Naçons Unidas "avalize" umha intervençom "com fins humanitários" em Líbia.
Em declaraçons à imprensa assegurou que na reuniom da semana próxima da NATO o primeiro ponto da ordem do dia será Líbia. E que estám à espera, Espanha e outros países, de que Naçons Unidas avalize qualquer intervençom que lhe permita avançar a organizaçons como a NATO.

A ministra espanhola clarificou que a intervençom da organizaçom militar seria com "fins humanitários".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Fracassou o golpe da CIA" Divide-se a NATO e avança o plano "mediador" de Chávez BASENAME: canta-o-merlo-fracassou-o-golpe-da-cia-divide-se-a-nato-e-avanca-o-plano-mediador-de-chavez DATE: Fri, 04 Mar 2011 17:13:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

(IAR Notícias) 04-Março-2011

Kadafi acurrala aos "rebeldes"

Fracassou o Plano A para derrocar a Kadafi com o "protesto popular". Fracassou o Plano B com o golpe armado da "revoluçom líbia" orquestrado pola CIA e o Pentágono desde Egipto. Os "rebeldes", assim o admitem as agências internacionais, estám desde há três dias cercados e baixo ataques constantes das forças de Kadafi. E os sinais indicam que, polas múltiplas divisons do campo imperial, começa a fracassar o Plano C da intervençom militar internacional para terminar com o presidente e controlar o petróleo líbio. O plano de "mediaçom internacional" apresentado por Chávez já conta com o apoio da Liga Árabe e as posiçons contra a "ingerência estrangeira" em Líbia começam ser motorizadas por Rússia, China e Irám.

A NATO está dividida e sem resoluçom contra Kadafi, a Liga Árabe adere-se ao plano de Chávez de criar umha comissom internacional "mediadora" que inicie um dialogo entre os "rebeldes" e o governo líbio.

O secretário geral da NATO Anders Fogh Rasmussen, dixo nesta sexta-feira, citado pola agência russa RIA Novosti, que a Aliança nom planeja livrar operaçons de combate no território de Líbia.

?O secretário geral assinalou que se analisam diversos guions de desenvolvimento dos acontecimentos e ao mesmo tempo declarou que a NATO nom planeja livrar nengumhas operaçons de combate no território de Líbia?, assinalou o embaixador da Rússia ante a NATO, Dmitri Rogozin.

Rogozin indicou ao mesmo tempo que a Aliança Atlântica se prepara a enfrentar o mais dramático guiom. ?Dixo ao respeito que qualquer plano com respeito a Líbia, individual ou colectivo, deveria se realizar contando com a aprovaçom por parte do Conselho de Segurança da ONU?, acrescentou.

As advertências directas ou sobrepostas da Rússia, Chinesa, Turquia, Arábia Saudita, Irám instando a terminar com a ?ingerência estrangeira" em Líbia, deixa expostos a só três protagonistas centrais no plano de intervençom militar em Líbia: EEUU, Reino Unido e Israel. Os sócios sem fissuras do bloco sionista.

A Federaçom da Rússia e Arábia Saudita pronunciaram-se na contra da ingerência militar-política nos assuntos de Líbia, a qual só agravaria a situaçom no país, di um comunicado emitido hoje polo Ministério de Assuntos Exteriores russo.

O representante do presidente da Rússia para Oriente Próximo e vice-ministro de Assuntos Exteriores, Alexandr Saltánov, e o embaixador de Arábia Saudita na Rússia, Ali ben Hasan Jaafar, analisaram nesta quinta-feira a situaçom configurada em Médio Oriente.

As partes trocárom opinions sobre a situaçom no mundo árabe, designadamente, em Líbia. Expressaram a sua inquietude ante o aumento da tensom nesse país. Indicaram que a ingerência militar-política nos assuntos de Líbia agravaria os problemas que enfrenta o seu povo.

Nesta quinta-feira o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, afirmou que Muamar Kadafi tem que deixar o poder e recusou o envio de umha comissom internacional para solucionar a crise política no país árabe, informou a imprensa internacional.

"Nom se precisa que umha comissom internacional lhe diga ao coronel Kadafi o que deve fazer... deve deixar o poder", afirmou Crowley em roda de imprensa.

Entre terça-feira e quarta-feira o presidente de Venezuela, Hugo Chávez, sustentou conversas telefónicas com o líder líbio, Muamar Kadafi e com o secretário geral da Liga Árabe, Amr Musa, nas que lembraram pôr em marcha a proposta de "mediaçom internacional" do mandatário venezuelano.

A proposta, apoiada por Cuba, Nicarágua, Bolívia e Equador, consiste em enviar umha missom internacional a Líbia que estará conformada por representantes de países da América Latina, Europa e Oriente Médio.

A tarefa principal da missom é sustentar conversas com o governo líbio e com os líderes da oposiçom a fim de encontrar umha soluçom à crise político militar pola que atravessa o país norte-africano.

O governo venezuelano considera que EEUU e países europeus que tentam regularizar a situaçom em Líbia mediante umha intervençom militar, nom devem ser incluídos na citada missom internacional.

Os "rebeldes", agora acurralados polas forças do governo líbio, pedem protecçom e urgentes ataques aéreos de EEUU e a NATO contra Kadafi.

Os "rebeldes" líbios que pedem ataques aéreos e a criaçom umha "zona de exclusom" de voos sofrem múltiplos ataques das forças de Kadafi por terceiro dia consecutivo e lhes custa manter os seus enclaves no este.

As forças leais ao dirigente líbio Muamar Kadafi lançárom um ataque aéreo nesta sexta-feira pola manhá contra umha base militar controlada polos insurgentes cerca de Ajdabiya,

As forças do mandatário líbio, bombardearam de novo Brega, localizada no este do país, segundo indica a emissora Al Arabiya. De confirmar-se esta informaçom, esta seria a terça ofensiva aérea das tropas governamentais contra Brega em mal três dias.

Segundo o canal emiratí, voluntários armados foram mobilizados desde a vizinha Ajdabiya a Brega, um dos centros vitais da indústria petroleira do país. Na própria Ajdabiya, a primeira hora desta sexta-feira, sofreram-se também bombardeios da aviaçom fiel a Kadafi contra umha base militar da localidade.

Por outra parte, a aviaçom líbia bombardeou bem perto dos muros da base militar da cidade de Ajdabiya, no este de Líbia, na que se encontra um importante arsenal em poder dos grupos opositores.

Cortar o fornecimento eléctrico de Bengasi e proteger as rotas de acesso a Tripoli ao mesmo tempo em que adiantar os seus defesas som os principais objectivos do exercito nesta cidade.

As próprias correntes e agências internacionais que lançárom umha gigantesca campanha de desinformaçom internacional para "demonizar" e isolar ao líder líbio admitem que Kadafi está em umha ofensiva militar para recuperar os poços petroleiros e as cidades que permanecem sob controlo dos "rebeldes".

Por sua vez o líder da Revoluçom Cubana, Fidel Castro, dixo que o imperialismo e a NATO nom podiam "deixar de aproveitar" o conflito em Líbia para promover a ingerência militar já que estám "seriamente preocupados" pola onda revolucionária que se desatou no mundo árabe, onde "gera-se grande parte do petróleo" para a economia de consumo dos países desenvolvidos.

"As declaraçons formuladas pola administraçom dos Estados Unidos desde o primeiro instante foram categóricas nesse sentido", escreveu Castro ao agregar que "a Secretária de Estado (de EEUU) declarou com palavras que nom admitem dúvida: "nengumha opçom está descartada".

Assim mesmo, o líder cubano destacou que apesar do "diluvio de mentiras e a confusom criada" EEUU nom conseguiu arrastar a China e Rússia à aprovaçom de umha intervençom militar em Líbia polo Conselho de Segurança.

A dinâmica dos acontecimentos vai marcando que fracassou o Plano A para derrocar a Kadafi com o "protesto popular". Fracassou o Plano B com o golpe armado da "revoluçom líbia" orquestrado pola CIA e o Pentágono desde Egipto.

Os "rebeldes", assim o admitem as agências internacionais, estám desde há três dias cercados e baixo ataques constantes das forças de Kadafi.

E os sinais indicam que, polas múltiplas divisons do campo imperial, começa a fracassar o Plano C da intervençom militar internacional para terminar com o presidente e controlar o petróleo líbio.

O plano de "mediaçom internacional" apresentado por Chávez por sua vez já conta com o apoio da Liga Árabe e as posiçons contra a "ingerência estrangeira" em Líbia começam ser motorizadas por Rússia, Chinesa e Irám.

Todo este cenário indica que, pese aos prognósticos sobre o seu "final irreversível", Kadafi segue vivo e dando briga. Enquanto o desenlace e resoluçom da situaçom em Líbia permanece na incerteza.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: O governo líbio convida à comunidade internacional a verificar realidade Líbia BASENAME: canta-o-merlo-o-governo-libio-convida-comunidade-internacional-a-verificar-realidade-libia DATE: Thu, 03 Mar 2011 10:01:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

Trípoli, 2 mar (Prensa Latina) O líder Muamar el-Gaddafi convidou hoje as potências mundiais a criarem uma comissão investigativa e viajarem à Líbia para constatar que os mortos nas revoltas eram efetivos policiais em cumprimento do seu dever.

"Chamo a comunidade internacional a formar uma comissão de verificação para que venha e veja que os mortos foram homens em defesa de suas posições", sublinhou el-Gaddafi em seu terceiro discurso televisivo desde o início das revoltas neste país norte-africano.

O mandatário falou em um ato comemorativo do 34Â� aniversário da criação dos "comitês populares", uma estrutura de base dentro do esquema de democracia da revolução popular instaurada na Líbia em 1969, depois da queda do rei Idris I.

A esse respeito, ressaltou que a Líbia estaria disposta a abrir suas portas a uma investigação internacional, tanto da ONU como da Organização da Conferência Islâmica ou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

O dirigente acusou os meios noticiosos e os governos estrangeiros de mentirem deliberadamente sobre a realidade de seu país, e negou que exista uma revolta popular pacífica contra sua pessoa, para de imediato voltar a culpar "os terroristas da al-Qaeda" pela instabilidade.

"Os meios amplificam e desvirtuam a realidade, não há manifestações pacíficas, é uma conspiração para controlar o petróleo, o território líbio, polegada por polegada", denunciou ao apontar que no próprio discurso de Ocidente há contradições.

Se houvesse protestos pacíficas, por que os estrangeiros estão se retirando de Líbia, também os empregados de companhias petroleiras, algumas embaixadas estão retirando seu pessoal, por que milhares de trabalhadores estrangeiros se foram, perguntou.

"É uma prova viva de que os opositores são grupos armadas, é um ato terrorista da al-Qaeda", prosseguiu, para afirmar que em Benghazi, Derna ou Bayda, no oriente do país, a rebelião foi iniciada por "células dormidas" que tomaram armas e estações de polícia.

Explicou que os insubordinados libertaram terroristas e os incluíram em seus destacamentos armados. "Esses são criminosos, não prisioneiros políticos, não há prisioneiros políticos na Líbia", afirmou.

Indicou que as forças regulares e seu governo "tiveram que destruir os depósitos de armas para impedir que caíssem nas mãos dos terroristas", mas foi categórico ao negar que tenha disparado contra a população civil.

Reiterou que carece de dinheiro e de contas bancárias no estrangeiro, de palácios e de investidura como presidente, pelo qual não pode renunciar, tampouco há um parlamento para ser dissolvido.

"O sistema líbio é do povo e ninguém pode ir contra a autoridade do povo. O povo é livre para escolher a autoridade que considere forte", apontou e deplorou que "o mundo não entende este modelo de democracia direta plasmado no Livro Verde da revolução em 1977.

et/ucl/es

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Como se fabrica às matanças e os saqueios pola NATO e os USA BASENAME: canta-o-merlo-como-se-fabrica-as-matancas-e-os-saqueios-pola-nato-e-os-usa DATE: Wed, 02 Mar 2011 23:41:33 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Dezires TAGS: ----- BODY:

www.larepublica.es

Os satélites russos negam que existissem. La Jazeera e a BBC estendérom ao mundo a ideia de bombardeios sobre Tripoli e Benghazi

"Ataques aéreos em Líbia nom existírom", afirma exército russo

Os relatórios sobre Líbia mobilizando a sua força aérea na contra-mao do povo estenderam-se rapidamente ao redor do mundo. No entanto, os chefes do exército russo dim que tenhem estado vigiando desde o espaço e que as fotografias contam umha história diferente.

De acordo com Al Jazeera e a BBC, o 22 de Fevereiro o governo Líbio realizou ataques aéreos sobre Benghazi -a cidade maior do país- e na capital Tripoli. Nom obstante, o exército russo, que vigiárom os distúrbios via satélite desde que começárom, informam que nom ocorreu nada parecido em terra.

A este respeito, o exército Russo está a declarar que, até onde eles sabem, os ataques que publicaram alguns meios jamais ocorreram.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Umha guerra de IV Geraçom para se apoderar do petróleo líbio BASENAME: canta-o-merlo-umha-guerra-de-iv-geracom-para-se-apoderar-do-petroleo-libio DATE: Wed, 02 Mar 2011 16:10:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

Por: Hernán Mena, AVN

Caracas, 01 Março de 2011.- Os tanques, fuzis e canhons que disparam os ?pacíficos manifestantes? em Líbia, nom som as únicas armas que utiliza EE UU e demais potências ocidentais para derrocar a Muanmar Gadafi e se apoderar da sua imensa riqueza petroleira, já que ademais usam a arma de destruiçom em massa da guerra de Quarta geraçom, mas letal que todas as usadas ao longo da história.

E é que é que os barcos, submarinos, tanques e mísseis foram substituídos polas salas de redacçom das correntes de diários, rádio e televisom de EE UU, Gram-Bretanha, Alemanha, França e demais membros da imprensa mercenária, desde onde se disparam enxurradas de calunias e mentiras dirigidas a destruir a verdade através da desinformaçom e manipulaçom das notícias que endemoninham a Gadafi e ao Estado Líbio.

?Os Avions de Gadafi bombardeiam a manifestantes"

"Gadafi desata um banho de sangue em Líbia"

"O reinado de terror de *Gadafi deve terminar"

"A ONU deve intervir militarmente em Líbia"

"Cenas de terror vive-se nas cidades líbias"

Esses som alguns dos milhares de manchetes que a diário "disparam" os agentes mediáticos das potências ocidentais, que assumem o papel de soldados para satanizar ao dirigente árabe e a sua revoluçom, no enquadramento dessa nova modalidade bélica dirigida a dominar em umha primeira fase a mente humana para finalmente derrocar a um governo inimigo, explodir ao seu povo e se apoderar dos seus recursos naturais, como pretendem esses históricos predadores de povos.

A maioria dessas notícias baseiam-se em rumores, em declaraçons de quem enfrentam-se ao governo, como a referida aos bombardeios aéreos que como a maioria das "massacres" atribuídas às forças leais a Gadafi nom fôrom confirmadas nem evidenciadas polos milhares de vídeos e imagens enviadas polos opositores através de telefones celulares, ataques que foram qualificados como "falsos" polo governo de Tripoli.

Essa é a razom de ser da Guerra de Quarta Geraçom que dispara a mancheias dardos de mentiras para envenenar a mente de milhons de pessoas no mundo através dos médios mercenários que, baixo a fachada de gastados clichés de tintura ética como a imparcialidade e objectividade difundem como verdadeiras, notícias baseadas em rumores nom confirmados, vestidos com o roupagem da verdade, dizendo que estám baseadas em "fontes confiáveis."

Porque, se é verdadeiro que as guerras, desde a sua mesma origem som sinónimo de violência, destruiçom e morte, a de Quarta Geraçom é a mais perversa e cruel de todas, pois destrói todo o vestígio libertem e independência do pensamento, convertendo ao ser humano em zombies ou mortos viventes, crentes incondicionais das mentiras que vem, lem e escutam.

Entre os *estudiosos desse fenómeno sócio-político e cultural e do protagonismo dos meios como atores principais do mesmo, figura o jornalista e analista Manuel Freytas, quem adverte no seu trabalho intitulado: Cuidado, o seu cérebro está a ser bombardeado, que, "enquanto vostede descansa, enquanto vostede consome, enquanto vostede goza dos espectáculos que lhe oferece o sistema, um exército invisível se está a apoderar da sua mente, da sua conduta e das suas emoçons."

"A sua vontade está a ser tomada polas forças de ocupaçom invisíveis sem que vostede suspeite nada. As batalhas já nom se desenvolvem em espaços longínquos, senom na sua própria cabeça. Já nom se trata de umha guerra pola conquista de territórios, senom de umha guerra por conquista de cérebros, onde vostede é o alvo principal."

"Nas guerras de IV geraçom, o objectivo já nom é matar, senom controlar. As balas já nom apontam ao seu corpo, senom às suas contradiçons e vulnerabilidades psicológicas. A sua conduta está a ser confrontada, monitoreada e controlada por experientes. A sua mente e psicologia estám a ser submetidas a operaçons extremas de Guerra de IV Geraçom. Umha guerra sem frentes nem retaguardas, umha guerra sem tanques nem fuzis, onde vostede é ao mesmo tempo, a vítima e o vitimário."

E a guerra de IV Geraçom que o Império e os seus sequazes desatárom contra Líbia, é o mesmo tipo de conflito bélico que também iniciárom há vários anos e ainda continuam despregando em Venezuela, contra o seu Presidente, Chávez, e a Revoluçom Bolivariana, como o denunciou a jornalista e activista hindu Anderi, coordenadora do Foro Itinerante Popular durante a conferência apresentada no ano passado sobre a GCG.

"É umha guerra aperfeiçoada com o avanço tecnológico, que ataca a consciência da humanidade. É executada (na sua primeira fase) polos meios de comunicaçom social que se dedicam a segmentar a informaçom, a nos abstrair da realidade e nos impedir a ver o contexto. ..Através da Guerra de Quarta Geraçom, o Império e o Sionismo conseguem desenvolver os seus planos de expansom. Os seus mísseis som a desinformaçom, com a qual trata de gerar matrizes de opiniom para determinada tendência.""

E umha vez que os médios mercenários cumpriram a "operaçom de amolecimento mental" envoltório a opiniom pública mundial, machucando toda a resistência dos "zombis" que criaram com a propaganda subliminal de calunias e mentiras, passa à segunda fase da Guerra de Quarta Geraçom, e é entom quando entram em acçom as forças militares do Império e os seus aliados que invadem e ocupam facilmente o território inimigo.

Essa fase final estaria a ponto de começar em Líbia, depois que o Conselho de Segurança e o Conselho de DDHH da ONU, lembrassem umha série de medidas condenando ao governo líbio e a Gadafi, depois de aceitar como únicas provas na sua contra, as denúncias dos "pacíficos manifestantes" armados com fuzis, metralhadoras, tanques e canhons, que falaram de massacres e bombardeios e os argumentos dos diplomatas desertores.

Nom se aplicou o princípio universal do direito que estabelece que "que todo indivíduo acusado de um delito é inocente enquanto nom se prove o contrário", senom que ambos organismos emitírom as condenaçons contra Líbia em base a rumores, e é agora, quando já esse aberraçom jurídica se consumou, se anuncia que a ONU enviará umha comissom investigadora a esse país a fim de determinar se som verdadeiras "massacres supostamente cometidos polo governo de Gadaffi.

Enquanto, desde Washington, Londres, Paris e Berlim, os patrocinantes da Guerra de IV Geraçom, cuja primeira fase cumpriram os médios mercenários, observam com prazer como o Cavalo de Tróia da oposiçom interna ocupa os locais onde se acha oculto baixo a areia do deserto líbio, o precioso botim dos seus sonhos, o petróleo e o gás que tanto anseiam para mitigar a sua sede de adictos ao consumismo e a fame que padece o monstro da sua maquinaria bélica.

E para assegurar-se de que essa riqueza nom se lhes escape das maos, adiantam simultaneamente um movimento separatista entre os "pacíficos manifestantes" que de repente aparecem armados e que tomaram os principais campos petroleiros, para que cindam do Estado líbio à "zona libertada" através de um movimento separatista.

É a mesma agenda que aplicaram e ainda a seguem aplicando em Bolívia e Venezuela, onde, em cumplicidade traidora e piti-ianqui oligarquias regionais EEUU conspira para separar do país do Altiplano à regiom da Média Lua, e na Venezuela ao Estado Zulia, cujo subsolo contem grandes reservas de gás e de petróleo.

Porque, como o assegurou o presidente venezuelano Hugo Chávez, "EEUU está tolo por se apoderar do petróleo líbio, e que sobre Líbia se tece umha campanha de mentiras" e, ao citar o que sim é umha verdade incontestável, perguntou: "Por que nom condenam a Israel quando bombardeia a Palestina. Por que nom se condena a EEUU por matar a milhons de inocentes no Iraque, no Afeganistám, no mundo inteiro"

E é que para ninguém é um segredo, que todas as guerras lançadas nas últimas décadas por EEUU e os seus aliados europeus, tenhem como única razom o se apropriar dos recursos energéticos que na sua imensa maioria possuem os povos do Terceiro mundo. Boa parte dos mesmos se encontram em Líbia e outras naçons da África que estám sob o olho cobiçoso das grandes potências

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: A Líbia no grande jogo da nova partição da África BASENAME: canta-o-melro-a-libia-no-grande-jogo-da-nova-particao-da-africa DATE: Tue, 01 Mar 2011 22:41:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Manlio Dinucci

Fogem da Líbia não apenas famílias que temem pelas suas vidas e imigrantes pobres de outros países norte-africanos. Há dezenas de milhares de "refugiados" que estão a ser repatriados pelos seus governos por meio de navios e aviões: são principalmente engenheiros e executivos de grandes companhias de petróleo. Não só a ENI, a qual realiza cerca de 15 por cento das suas vendas a partir da Líbia, mas também outras multinacionais europeias ? em particular, a BP, Royal Dutch Shell, Total, BASF, Statoil, Repsol. Centenas de empregados da Gazprom foram também forçados a deixar a Líbia e mais de 30 mil trabalhadores chineses da sua companhia de petróleo e de construção. Uma imagem simbólica de como a economia líbia está interconectada com a economia global, dominada pelas multinacionais.

Graças às suas ricas reservas de petróleo e gás natural, a Líbia tem uma balança comercial positiva de US$27 mil milhões por ano e um rendimento per capita médio-alto de US$12 mil, seis vezes maior que o do Egipto. Apesar de fortes diferenças entre rendimentos altos e baixos, o padrão de vida médio da população da Líbia (apenas 6,5 milhões de habitantes em comparação com os cerca de 85 milhões no Egipto) é portanto mais elevado do que o do Egipto e de outros países da África do Norte. Testemunho disso é o facto de que cerca de um milhão e meio de imigrantes, principalmente norte-africanos, trabalha na Líbia. Uns 85 por cento das exportações líbias de energia vêm para a Europa: a Itália em primeiro lugar com 37 por cento, seguida pela Alemanha, França e China. A Itália também está em primeiro lugar em exportações para a Líbia, seguida pela China, Turquia e Alemanha.

Esta estrutura agora explodiu devido ao que pode ser caracterizado não como uma revolta das massas empobrecidas, tal como as rebeliões no Egipto e na Tunísia, mas como umas guerra civil real, em consequência de uma divisão no grupo dominante. Quem quer que seja que tenha feito o primeiro movimento explorou o descontentamento contra o clã Kadafi, que prevalece especialmente entre as populações da Cirenaica e entre jovens nas cidades, num momento em que toda a África do Norte tomou o caminho da rebelião. Ao contrário do Egipto e da Tunísia, contudo, o levantamento líbio foi planeado previamente e organizado.

As reacções na arena internacional também são simbólicas. Pequim disse estar extremamente preocupada acerca dos desenvolvimentos na Líbia e apelou a "um rápido retorno à estabilidade e normalidade". A razão é clara: o comércio sino-líbio experimentou crescimento forte (cerca de 30 por cento só em 2010), mas agora a China verifica que toda a estrutura das relações económicas com a Líbia, da qual importa quantidades crescentes de petróleo, foram postas em causa. Moscovo está numa posição semelhante.

O sinal de Washington é diametralmente oposto: o presidente Barack Obama, que quando confrontado com a crise egípcia minimizou a repressão desencadeada por Mubarak e apelou a uma "transição ordenada e pacífica", condenou o governo líbio em termos inequívocos e anunciou que os EUA está a preparar "o conjunto completo de opções que temos disponíveis para responder a esta crise", incluindo "acções que possamos empreender por nós próprios e aquelas que possamos coordenar com os nossos aliados através de instituições multilaterais". A mensagem é claro: há a possibilidade de um intervenção dos EUA/NATO na Líbia, formalmente para interromper o banho de sangue. As razões também são claras: se Kadafi for derrubado, os EUA seriam capazes de fazer ruir toda a estrutura das relações económicas com a Líbia, abrindo o caminho para multinacionais com base nos EUA, até agora quase totalmente excluídas da exploração das reservas de energia na Líbia. Os Estados Unidos poderiam então controlar a torneira de fontes de energia sobre as quais a Europa depende amplamente e que também abastecem a China.

Trata-se de acontecimentos no grande jogo da divisão dos recursos africanos, pelos quais uma confrontação crescente, especialmente entre a China e os Estados Unidos, está a verificar-se. A potência asiática em ascensão ? com a presença na África de cerca de 5 milhões de administradores, técnicos e trabalhadores ? constrói indústrias e infraestrutura, em troca de petróleo e outras matérias-primas. Os Estados Unidos, que não podem competir a este nível, podem utilizar a sua influência sobre as forças armadas dos principais países africanos, as quais são treinadas através do Africa Command (AFRICOM), o seu principal instrumento para a penetração do continente. A NATO agora também está a entrar no jogo, pois está prestes a concluir um tratado de parceria militar com a União Africana, a qual inclui 53 países.

A sede da parceria da União Africana com a NATO já está em construção em Adis Abeba: uma estrutura moderna, financiada com 27 milhões de euros da Alemanha, baptizada "Edifício paz e segurança".
? Do mesmo autor: Libya - When historical memory is erased

[*] Jornalista

O original encontra-se em Il Manifesto, 25/Fevereiro/2011, e a versão em inglês em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23413

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Líbia: O que os media escondem BASENAME: canta-o-melro-libia-o-que-os-media-escondem DATE: Mon, 28 Feb 2011 21:27:45 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Miguel Urbano Rodrigues

Transcorridas duas semanas das primeiras manifestações em Benghazi e Tripoli, a campanha de desinformação sobre a Líbia semeia a confusão no mundo.

Antes de mais uma certeza: as analogias com os acontecimentos da Tunísia e do Egipto são descabidas. Essas rebeliões contribuíram, obviamente, para despoletar os protestos nas ruas do país vizinho de ambos, mas o processo líbio apresenta características peculiares, inseparáveis da estratégia conspirativa do imperialismo e daquilo que se pode definir como a metamorfose do líder.

Muamar Kadhafi, ao contrário de Ben Ali e de Hosni Mubarak, assumiu uma posição anti-imperialista quando tomou o poder em 1969. Aboliu uma monarquia fantoche e praticou durante décadas uma politica de independência iniciada com a nacionalização do petróleo. As suas excentricidades e o fanatismo religioso não impediram uma estratégia que promoveu o desenvolvimento económico e reduziu desigualdades sociais chocantes. A Líbia aliou-se a países e movimentos que combatiam o imperialismo e o sionismo. Kadhafi fundou universidades e industrias, uma agricultura florescente surgiu das areias do deserto, centenas de milhares de cidadãos tiveram pela primeira vez direito a alojamentos dignos.

O bombardeamento de Tripoli e Benghazi em l986 pela USAF demonstrou que Reagan, na Casa Branca identificava no líder líbio um inimigo a abater. Ao país foram aplicadas sanções pesadas.

A partir da II Guerra do Golfo, Kadhafi deu uma guinada de 180 graus. Submeteu-se a exigências do FMI, privatizou dezenas de empresas e abriu o país às grandes petrolíferas internacionais. A corrupção e o nepotismo criaram raízes na Líbia.

Washington passou a ver em Kadhafi um dirigente dialogante. Foi recebido na Europa com honras especiais; assinou contratos fabulosos com os governos de Sarkozy, Berlusconi e Brown. Mas quando o aumento de preços nas grandes cidades líbias provocou uma vaga de descontentamento, o imperialismo aproveitou a oportunidade. Concluiu que chegara o momento de se livrar de Kadhafi, um líder sempre incómodo.

As rebeliões da Tunísia e do Egipto, os protestos no Bahrein e no Iémen criaram condições muito favoráveis às primeiras manifestações na Líbia.
Não foi por acaso que Benghasi surgiu como o pólo da rebelião. É na Cirenaica que operam as principais transnacionais petrolíferas; ali se localizam os terminais dos oleodutos e dos gasodutos.

A brutal repressão desencadeada por Kadhafi após os primeiros protestos populares contribuiu para que estes se ampliassem, sobretudo em Benghazi. Sabe-se hoje que nessas manifestações desempenhou um papel importante a chamada Frente Nacional para a Salvação da Líbia, organização financiada pela CIA. É esclarecedor que naquela cidade tenham surgido rapidamente nas ruas a antiga bandeira da monarquia e retratos do falecido rei Idris, o chefe tribal Senussi coroado pela Inglaterra após a expulsão dos italianos. Apareceu até um "príncipe" Senussi a dar entrevistas.

A solidariedade dos grandes media dos EUA e da União Europeia com a rebelião do povo da Líbia é, porem, obviamente hipócrita. O Wall Street Journal, porta-voz da grande Finança mundial, não hesitou em sugerir em editorial (23 de Fevereiro) que "os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubar o regime de Kadhafi".

Obama, na expectativa, manteve silêncio sobre a Líbia durante seis dias; no sétimo condenou a violência, pediu sanções. Seguiu-se a reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e o esperado pacote de sanções.

Alguns dirigentes progressistas latino americanos admitiram como iminente uma intervenção militar da NATO. Tal iniciativa, perigosa e estúpida, produziria efeito negativo no mundo árabe, reforçando o sentimento anti-imperialista latente nas massas. E seria militarmente desnecessária porque o regime líbio aparentemente agoniza.

Kadhafi, ao promover uma repressão violenta, recorrendo inclusive a mercenários tchadianos (estrangeiros que nem sequer falam árabe), contribuiu para ampliar a campanha dos grandes media internacionais que projecta como heróis os organizadores da rebelião enquanto ele é apresentado como um assassino e um paranóico.

Os últimos discursos do líder líbio, irresponsáveis e agressivos, foram alias habilmente utilizados pelos media para o desacreditar e estimular a renúncia de ministros e diplomatas, distanciando Kadhafi cada vez mais do povo que durante décadas o respeitou e admirou.

Nestes dias é imprevisível o amanhã da Líbia, o terceiro produtor de petróleo da África, um país cujas riquezas são já amplamente controladas pelo imperialismo.

Vila Nova de Gaia, 28/Fevereiro/2011
O original encontra-se em http://www.odiario.info/?p=1993

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: As noticias de Libia BASENAME: canta-o-melro-as-noticias-de-libia DATE: Mon, 28 Feb 2011 09:58:11 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

As notícias de Líbia
Díaz Rangel

YVKE Mundial/ Eleazar Díaz Rangel
Domingo, 27 de Feb de 2011. 6:40 pm

Aprecio-me de ser um dos latino-americanos que mais estudou a circulaçom de notícias na regiom. No meu livro "A informaçom internacional na América Latina" demonstro como as agências de notícias (que desde o 12 de maio de 1876, quando assinaram um tratado para se repartir o mundo, por vez primeira incluíram a América Latina) executam as suas políticas informativas em harmonia com os interesses geopolíticos dos seus respectivos países. O que é bom para EEUU é bom para a AP e CNN; pode-se repetir com Inglaterra e a Reuters, França e a AFP e com a maioria das agências. Naturalmente, as mudanças na política mundial tenhem-se reflectido nos interesses das agências e serviços. Por isso, o senador Hiram Jhonson pode dizer em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, que a primeira vítima da guerra era a verdade. Verdade que segue sendo válida até os nossos dias, e que os acontecimentos de Líbia voltam a demonstrar.

Quase toda a informaçom que nos transmitem desses acontecimentos, em especial nos primeiros dias, esteve orientada a afectar à imagem do governo da o Kadafi e favorecer a quem se tenhem sublevado. Nom houvo nesses corresponsais o esforço por difundir a realidade de quanto ocorria. Difundiam espécies e rumores sem confirmaçom algumha. Procurar e escrever a verdade nom foi a norma ética de muitos desses jornalistas e meios.

De onde sacaram as notícias que "avions militares líbios bombardearam vários locais" de Tripoli, como informou Arabiya TV na segunda-feira 21 e que "ao menos 250 pessoas morreram na capital nos bombardeios do Exército do Ar contra os manifestantes" como transmitiu nesse mesmo dia Ao Jazira Nom apresentaram nengumha imagem dos efeitos dos bombardeios, e cinco dias depois nom as tinham para as oferecer. Algumha agência explicou que leais a Kadafi limpava as ruas, e acochado os entulhos! E como é que nengum edifício resultasse estragado? Todo isso o tinham dito "testemunhas" nom identificados, por suposto.

Essas "notícias" fôrom retransmitidas por todas as agências e se publicárom em centenas, milhares, diria, de meios de todo mundo, e as leram ou escutaram milhons, dezenas ou centenas de milhons, de pessoas em todos os países com acesso aos meios. E foram "analisadas" por articulistas e comentaristas de rádio e TV.

Nessa mesma linha de inventar as notícias, o mesmésemo chanceler britânico Willian Hage declarou que Kadafi voava a Venezuela, e outras "fontes nom identificadas, mas dignas de todo o crédito" inventaram a espécie de cubanos pilotando os avions que os militares líbios se negaram ao fazer para seguir bombardeando à populaçom civil. (E a propósito de bombardeios, as agências nom recordaram os de 1986, executados por avions USA, que causaram 60 mortos, entre eles, umha filha de Kadafi).

Em Líbia houvo umha importante reacçom contra o governo de Kadafi, que após 40 anos o tem contra a parede, e ao menos três importantes cidades no oriente do país, próximas aos poços petroleiros e oleodutos e gasodutos, fôrom tomadas polas forças rebeldes. Em Tripoli aparentemente existe umha situaçom de acalma, como reflectiu Telesur nas suas transmissons, mas as informaçons seguem sendo confusas. Até a sexta-feira, pese às exortaçons de um filho de Kadafi, parece que nom entrava jornalistas estrangeiros. A sua ausência dificulta a circulaçom de informaçons que permitam compreender melhor essa situaçom. Nom sê se a vocês, mas nos surpreendeu e confundiu mais que o próprio Kadafi anunciasse publicamente a presença da o Qaeda na zona controlada polos rebeldes e os talibans.

Por suposto que existem complexos factores internos e forâneos que nom estám alheios à caótica situaçom que vive esse país que conta com as maiores reservas de petróleo da África, e importante fornecedor de EEUU e da Europa. Nom está claro o papel que devem estar a jogar algumhas das poderosas tribos que existem nessa zona. Também nom se sabe como podem estar alinhados alguns dos filhos de Kadafi, como Seif ao Islam, nem quem controlam a produçom de petróleo. Quem dominam essas cidades orientais e qual é o papel que pode estar a jogar Ao Qaeda.

Quanto aos factores forâneos, Fidel Castro denunciou a possibilidade da intervençom da Nato, Washington consulta aos seus pares da Uniom Europeia para tomar acçons conjuntas.. A UE aprovou algumhas mas desconhecem-se as de ordem militar. Já orientam as acçons desde a ONU, e basta ler as declaraçons de chefes dos países mais poderosos para saber por onde vam os tiros. Fala-se da divisom de Líbia em três pedaços.

Parece possível a queda de Kadafi, com ou sem intervençom militar estrangeira, com a presença ou nom da ONU. Se isto ocorre, a presa maior será o petróleo líbio, um dos mais levianos do mundo, cobiçado polas potências ocidentais. De pouco valeram as exortaçons para que seja o próprio povo líbio o que resolva esta descomunal crise.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Continuam manifestaçons populares a favor e na contra de Gaddafi BASENAME: canta-o-merlo-continuam-manifestacons-populares-a-favor-e-na-contra-de-gaddafi DATE: Sun, 27 Feb 2011 18:43:00 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Novas TAGS: ----- BODY:

Por: Correo del Orinoco / TeleSUR
Data de publicaçom: 27/02/11

As pessoas encontram-se desarmadas e marcham desde a estrada de Tripoli, fronteira com Tunísia, porque dirigem-se ao que parece para a capital, reportou o enviado especial de TeleSUR

27 Fev. 2011 - As manifestaçons populares na contra e a favor do presidente líbio, Muammar Al Gaddafi, continuam neste domingo em várias localidades de Líbia. umha grande mobilizaçom de cidadás marcham com bandeiras verdes e fotos do dignatario para a capital, Tripoli, enquanto a oposiçom manifesta-se na praça central de Zawiyah em demanda da renúncia do líder da naçom africana.

Assim o informou neste domingo o enviado especial de teleSUR a Líbia, Jordán Rodríguez, quem assinalou que ?nom vimos confrontos, som mobilizaçons pacíficas com bandeira verde e fotos de Gaddafi?.

?As pessoas encontram-se desarmadas e marcham desde a estrada de Tripoli, fronteira com Tunísia, porque dirigem-se ao que parece para a capital?, reportou.

Paralelamente, a praça central de Zawiyah ?está tomada eu diria por umhas 500 a mil pessoas, eles (os manifestantes) dizem que som quase mil que estám ali, tenhem o centro dessa cidade tomada, tenhem a bandeira tricolor (antiga)? em rejeiçom ao Governo de Gaddafí, assinalou Rodríguez.

O jornalistas recordou que o Governo de Gaddafi ?deu a ordem de nom atacar aos manifestantes?.

A temporás horas da manhá deste domingo, o enviado especial de teleSUR informou que a cidade de Zawiyah, ao oeste da capital de Líbia, Tripoli, se encontra tomada pela oposiçom desse país.

Segundo cidadaos, os confrontos nessa urbe deixaram um saldo de 15 pessoas morridas, indicou Rodríguez, quem também reporta através de um blogg com a informaçom mais recente do conflito líbio:

http://jordannrodriguez.blogspot.com/.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: NOAM CHOMSKY e as 10 Estratégias de Manipulaçom Mediática BASENAME: noam-chomsky-e-as-10-estrategias-de-manipulacom-mediatica DATE: Sun, 27 Feb 2011 18:18:24 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os dez axiomas da lingüística, mais de actualidade que nunca


1. A estratégia da distracçom

O elemento primordial do controlo social é a estratégia da distracçom que consiste em desviar a atençom do público dos problemas importantes e das mudanças decididas polas elites políticas e económicas, mediante a técnica do diluvio inundaçom de contínuas distracçons e de informaçons insignificantes. A estratégia da distracçom é igualmente indispensável para impedir ao público interessar polos conhecimentos essenciais, na área da ciência, a economia, a psicologia, a neurobiología e a cibernética. ?Manter a Atençom do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter ao público ocupado, ocupado, ocupado, sem nengum tempo para pensar; de volta a granja como os outros animais (cita do texto "Armas silenciosas para guerras tranqüilas)?.

2. Criar problemas e depois oferecer soluçons.

Este método também é chamado ?problema-reacçom-soluçom?. Cria-se um problema, umha ?situaçom? prevista para causar certa reacçom no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar umha crise económica para fazer aceitar como um mau necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. A estratégia da gradualidade.

Para fazer com que aceite-se umha medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, às pinguinhas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condiçons socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizaçons, precaridade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já nom asseguram rendimentos decentes, tantas mudanças que provocasse umha revoluçom se fosse aplicadas de umha só vez.

4. A estratégia de diferir.

Outra maneira de fazer aceitar umha decisom impopular é a de apresentá-la como ?dolorosa e necessária?, obtendo a aceitaçom pública, no momento, para umha aplicaçom futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço nom é empregado imediatamente. Depois, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que ?tudo irá melhorar manhá? e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar à ideia da mudança e da aceitar com resignaçom quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoaçom particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse umha criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais tente-se procurar enganar ao espectador, mais tende-se a adoptar um tom infantil. Por que? Se um se dirige a umha pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, entom, em razom da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a umha resposta ou reacçom também desprovista de um sentido crítico como a de umha pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver ?Armas silenciosas para guerras tranqüilas?).

6. Utilizar a aspecto emocional bem mais que a reflexom.

Fazer uso da feiçom emocional é umha técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e finalmente ao sentido critico dos indivíduos. Por outra parte, a utilizaçom do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injectar ideias, desejos, medos e temores, compulsons, ou induzir comportamentos.

7. Manter ao público na ignorância e a mediocridade.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controlo e a sua escravatura. ?A qualidade da educaçom dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que existe entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de atingir para as classes inferiores?(ver ?Armas silenciosas para guerras tranqüilas?).

8. Estimular ao público a ser complacente com a mediocridade.

Promover ao público a achar que é moda o facto de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a auto-culpabilidade.

Fazer achar ao indivíduo que é somente ele o culpado pola sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades, ou dos seus esforços. Assim, em local de rebelar contra o sistema económico, o indivíduo se auto desvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, um de cujos efeitos é a inibiçom da sua acçom. E, sem acçom, nom há revoluçom!

10. Conhecer aos indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.

No percurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram umha crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados polas elites dominantes. Graças à biologia, a neurobiología e a psicologia aplicada, o "sistema" desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema conseguiu conhecer melhor ao indivíduo comum do que ele se conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controlo maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre sim mesmos.

Reproduza esta informaçom, faga-a circular polos meios ao seu alcance: à mao, a máquina, a mimeógrafo, oralmente. Mande copias para os seus amigos: nove em cada dez estám-las esperar. Milhons querem ser informados. O terror baseia-se na incomunicaçom. Rompa o isolamento. Volte a sentir a satisfaçom moral de um acto de liberdade. Derrote o terror. Faga circular esta informaçom.

Rodolfo Walsh

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: LÍBIA: Petróleo, Mentiras e, Saqueio BASENAME: libia-petroleio-mentiras-e-saqueio DATE: Sat, 26 Feb 2011 20:44:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Opçom militar: A NATO em operaçons. Quanto lhe fica a Kadafi?

(IAR Notícias) 26-Fevereiro-2011

Para EEUU e a Uniom Europeia, depois do abortado golpe da CIA com a "revolta popular, o "pior dos cenários" é que o regime de Kadafi sobreviva à "rebeliom armada" em curso e às manobras de estrangulamento económico e de isolamento internacional lançadas para terminar com o seu regime. Neste enquadramento, aparece a hipótese da "opçom militar" com a OTAN ingressando em Líbia como sustem armado de um processo "democratizador" que reinserta a Líbia e o seu petróleo dentro da estratégia de domínio regional do Império "ocidental" sob a liderança de EEUU.


Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com
IAR Notícias/

Muamar Kadafi ainda controla Líbia e se mantém no poder mas até quando? Até quando poderá manter ao seu exercito unido baixo o seu comando? E os mais relevante, até quando poderá aguantar o bloqueio económico e o seu impacto social sobre a populaçom.
A ONU e organizaçons internacionais prognosticam fame e caos em curto prazo com umha reacçom social ainda imprevisível.
O país petroleiro importa todo o alimento que consome, e as organizaçons internacionais (controladas polas potências imperiais) prognosticam umha "fame colectiva".
numha primeira etapa, o líder líbio abortou a sangue e fogo a "revolta popular" organizada pola CIA desde Egipto, rearmou as suas forças na capital de Líbia e aí estabeleceu o seu quartel geral.
Os grupos golpistas treinados pola CIA no Egipto (que contam com quadros desertores do exercito líbio) se concentraram e se fizerom fortes no este, onde controlam a segunda cidade de Líbia, Bengasi. A zona controlada por Kadafi está blindada e fechada à imprensa internacional.
Em conseqüência, toda a "informaçom" internacional prove de fontes "rebeldes". O grosso das notícias é propaganda e consignas contra o regime que controla Líbia. A agência EFE constituiu-se numha virtual vozeira da "rebeliom" motorizada pola CIA.
Simultaneamente umha operaçom de isolamento internacional e de bloqueio económico já foi posta em marcha por EEUU e as potências aliadas que vam polo controlo total do petróleo líbio, o eixo estratégico do golpe disfarçado de "rebeliom popular".
O líder líbio sofre umha campanha mediática de "demonizaçom" que toca níveis extremos, nunca vistos, e o seu caso tem similitudes precisas com a operaçom internacional que converteu a Saddam Hussein num "criminoso de lesa humanidade" como cenário prévio à invasom militar que o derrocou.
A campanha mediática sionista para reconverter a Kadafi num "ditador genocida" está nivelada a escala global e nom tem fissuras. Salvo Chávez, Cuba e Nicarágua, nengum governo levanta um dedo para defendê-lo. Rússia, Chinesa e Irám, mantem "silêncio" de rádio, apesar de que o golpe da CIA em Líbia roça os seus interesses estratégicos.
Com as forças rebeldes controlando o este, umha gigantesca maquinaria de pressom mediática funciona noite e dia contra Kadafi. EEUU e as potências da UE já nom dissimulam e baralham abertamente opçons de "intervençom militar" sustentadas na força operativa da OTAN.
A chave do golpe contra Kadafi é o apoderamento do petróleo líbio cujo controlo (como aconteceu com Irám em 1979) perdeu com a irrupçom de Kadafi na liderança de Líbia em 1969.
Para a maioria dos experientes "ocidentais" Kadafi tem poucas possibilidades de sobrevivência. Mas também existe a possibilidade de que possa seguir controlando Líbia com o seu poder desgastado mas em pé.
Estas variantes de resoluçom entre um Kadafi em pé e um Kadafi derrotado, inclusive assassinado, é o que determinam as opçons, a tomada de decisons do eixo imperial EEUU-Uniom Européia.
Que fazer com o líder líbio empurrado para o "eixo do mau", com a sua resposta repressiva sem limites ao movimento sedicioso no seu contra?
De aliado "instável" do "ocidente" imperial passou a ser novamente um paria do fundamentalismo na sua pior variante pondo em risco a continuidade da exploraçom do cru lbio por parte dos ´?corsários? transnacionais que controlam o mercado internacional da energia.

A "opçom militar" USA-UE

Há um princípio de máxima claramente explicitado por ianques e europeus: Kadafi nom pode ficar em pé. Seria mortal para a estratégia do eixo imperial "ocidental" que o líder líbio se convertesse em bandeira de resistência à política imperial de EEUU e a Uniom Europeia nas instáveis regions petroleiras do "eixo do mau".
Como já o assinalássemos em outro relatório, para EEUU e a UE, depois do abortado golpe da CIA, o "pior dos cenários" é que o regime de Kadafi sobreviva à manobra de estrangulamento económico e de isolamento internacional lançado no seu contra.
Para a inteligência USA-europeia-israelita um Kadafi surgindo das suas cinzas com todo o poder é um precedente perigoso e um potencial imám de atracçom e bandeira de luta para os inimigos islâmicos do "eixo do mau".
Fracassaram estrondosamente com a operaçom lôstrego de derrocamento interno do líder líbio por "revolta popular" (como o fizeram com o seu servente Mubarak no Egipto), e agora baralham um "Plano B" para "o isolar" internacionalmente numha primeira fase, enquanto criam as condiçons e a argumentaçom para lançar umha intervençom e o derrocar militarmente como a Saddam Hussein no Iraque.
Ao igual que Saddam Hussein no Iraque, Kadafi deve ser derrocado, morrido ou encarcerado (há que dar a grande liçom e o escarmento ao mundo árabe islâmico que o pode adoptar como bandeira de rebeliom contra governos aliados do eixo USA-Uniom Europeia).
Kadafi sim ou sim tem que ser substituído por um processo "democratizador" que ponha a Líbia novamente dentro do tabuleiro do domínio e a estratégia USA-ocidental na regiom.
Nesse cenário Bruxelas e Washington debatem-se entre umha "opçom militar" e umha opçom "económica e diplomática". A operaçom de isolamento, de estrangulamento económico e de "demonizaçom" já estám a funcionar, mas nom está claro o curso de umha possível operaçom de intervençom armada em Líbia.

A "democratizaçom" armada

Há cinco hipóteses fortes que sustentam a tese de umha intervençom militar:

1) As forças rebeladas (controladas pola CIA e o Pentágono) nom estám em capacidade operativa de derrotar às forças de Muamar Kadafi, salvo que medie umha maior profundizaçom de divisom do seu exército.
2) Em conseqüência, manter umha ofensiva rebelde sem sucesso imediato para derrocar a Kadafi poder-se-ia diluir no tempo e terminar num falhanço.
3) Conquanto existem possibilidades verdadeiras de que o isolamento internacional e o estrangulamento económico podam terminar com Kadafi, as suas possibilidades podem se alongar jogando como um factor na contra.
4) Por outro lado, um triunfo das forças rebeldes (um mosaico inasível de interesses contrapostos e de grupos islâmicos infiltrados pola CIA) nom lhe dispensa nengumha segurança de estabilidade e controlo a EEUU e a UE.
5) Em conseqüência, só a solidificaçom de um processo de "democratizaçom" de Líbia (sustentado militarmente como no Egipto) com participaçom da oposiçom política, pode dar certeza económica, política e social a um projecto de domínio imperial pós-Kadafi.
Nas cinco razons anteriores fundamenta-se o que no Pentágono e na Casa Branca denominam o "leque militar" na resoluçom do conflito com Líbia e Kadafi.
Neste cenário, as avaliaçons em Washington e na Uniom Europeia por estas horas som coincidentes.
Segundo alguns analistas militares, somente umha força "pacificadora" encabeçada pola OTAN e integrada nos níveis de decisom polo Pentágono poderia garantir o derrocamento de Kadafi sem romper a estabilidade de Líbia no tabuleiro regional.
Muitos vem fronteira com Egipto (controlada polo mosaico "rebelde") como a praia de entrada segura das forças da OTAN, nom como forças "invasoras", senom como garantes armados do derrocamento"ditador genocida" Muamar Kadafi e a sua substituiçom por um regime de "abertura democrática" no país petroleiro.
Este dispositivo cívico-militar, assinalam alguns analistas, já contaria com o aval de umha "oposiçom política" interna, e com a legitimaçom dos centros do poder político em Washington e na Uniom Europeia.
E um ponto que poderia ser central: As forças rebeldes poderiam ser rearmadas e treinadas com o objectivo de executar o grosso das operaçons militares para isolar e derrotar ao exército de Kadafi em Tripolii, com o apoio militar e logístico da OTAN detrás .
Seguindo os padrons operativos no Iraque e Afeganistám, a OTAN e o Pentágono valer-se-iam de um aparelho militar e de um aparelho politico colaboracionistas para impor um regime de "democracia blindada" na Líbia pós-Kadafi.
Só um ponto poderia desarmar o desenho desses planos que já se avaliam quase publicamente em Washington e nas metrópoles do poder político e militar da Europa.
E esse ponto é um, também possível, aceleramento crise interna de Líbia, com umha profundizaçom do desgaste de Kadafi que termine impactando na divisom do seu exercito e num um processo de caos e de descontrolo social que o conduza ao seu derrocamento por implosom interna.
De nom mediar esse processo, como possível emergente da operaçom de isolamento e estrangulamento económico, a "opçom militar" com a OTAN aparece como a variável mais lógica e sólida para substituir a Muamar Kadafi por um regime "democrático" que encaminhe a Líbia no desenho da estratégia do domínio imperial regional.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Líbia, o novo Iraque-Mentiras e Patranhas BASENAME: canta-o-melro-libia-o-novo-iraque-mentiras-e-patranhas DATE: Fri, 25 Feb 2011 20:41:07 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A estratégia de "preparaçom de terreno"

O novo Iraque? EEUU e a OTAN baralham umha invasom militar a Líbia

Todos os sinais indicam que depois do falhanço da operaçom lôstrego da CIA para derrocar a Muamar Kadafi em Líbia, agora Washington e os seus aliados da OTAN desenham um "Plano B" para "o isolar" internacionalmente e o estrangular economicamente em umha primeira fase, enquanto criam simultaneamente (com o aparelho da imprensa internacional) as condiçons e a argumentaçom para lançar umha intervençom armada para o derrocar como a Saddam Hussein no Iraque.

Por Manuel Freytas (*)
manuelfreytas@iarnoticias.com
IAR Notícias/

Para EEUU e a UE, depois do abortado golpe da CIA, o "pior dos cenários" é que o regime de Kadafi sobreviva à manobra de estrangulamento económico e de isolamento internacional lançado no seu contra.

Para a inteligência USA-europeia-israelita um Kadafi surgindo das suas cinzas com todo o poder é um precedente perigoso e um potencial imám de atracçom e bandeira de luta para os inimigos islâmicos do "eixo do mau".
Fracassaram estrondosamente com a operaçom lôstrego de derrocamento interno do líder líbio, e agora baralham um "Plano B" para "o isolar" internacionalmente em umha primeira fase, enquanto criam as condiçons e a argumentaçom para lançar umha intervençom e o derrocar militarmente como a Saddam Hussein no Iraque.
Como o dixéssemos noutro relatório, salvando distância e cenário internacional, o caso de Kadafi em Líbia reúne semelhanças no económico e no geopolítico com o Iraque de Saddam Hussein. Em Líbia (como no Iraque) o petróleo e a "nova guerra fria" intercapitalista por áreas de influência e de conquista de mercados e recursos estratégicos estám no centro da cena.
A decisom de invadir militarmente a Iraque, foi tomada após inumeráveis falhanços de golpes internos da CIA (utilizando a curdos e chiíes treinados pola CIA) para derrocá-lo ou assassiná-lo.
Na parte geopolítica e económica, Líbia (ao igual que Iraque) em Médio Oriente, é a quarta reserva petroleira da África, e um enclave militar estratégico de primeira ordem para o controlo do tráfico europeu (incluído o energético) no Mar Mediterráneo.
Em resumem, nom exageramos se dizemos que Líbia reviste na África similares características estratégicas que Afeganistám e Paquistám na Ásia Central, Iraque e Síria em Médio Oriente, Irám no Golfo Pérsico, Iemen no Indico, e Sudám no Mar Vermelho, para a aliança sionista EEUU-UE-Israel.
Três blocos dominantes (e de desvincule conflictivo) definem e priorizam as linhas matrizes da ordem capitalista internacional em crise e em guerra (por agora frite) polos mercados e os recursos estratégicos do planeta.

A) EEUU, Uniom Européia e o "eixo ocidental" (Bloco dominante do capitalismo que estende os seus tentáculos para apoderar dos recursos energéticos, rotas e mercados de Eurasia, Africa e Médio Oriente).

&amp;#66;&amp;#41; Rússia, China e o "eixo asiático" (Bloco do capitalismo emergente que disputa umha (por agora) guerra comercial por áreas de influência com o eixo USA-UE que gera roces e conflitos militares como o de Georgia, no Cáucaso).

C) Irám e o "eixo árabe islâmico" (Bloco de países do "eixo do mau" assentados envelope mais de 80% das reservas mundiais do petróleo e dos recursos estratégicos em disputa).

O elemento fundamental que define e dá sustento à contradiçom fundamental (que vai precipitar o desvincule de umha terceira guerra intercapitalista) é o petróleo junto dos recursos estratégicos, como é o caso da água e a biodiversidade, chaves essenciais para o funcionamento global do sistema capitalista, cujas reservas energéticas se esgotam sem que ainda se tenham conseguido alternativas para as substituir.

Todos os conflitos que hoje se desenvolvem no planeta (sejam de ordem político, militar ou social) abrevam em forma subsidiaria nessa guerra subterrânea intercapitalista polo controlo dos recursos estratégicos chaves para a sobrevivência futura das potências capitalistas.

Em general, todo o que EEUU e a UE apresentam como "guerra contra o terrorismo" ou "luta contra os tiranos" nos cenários da Ásia, África ou Médio Oriente, som conflitos fabricados (pola CIA e os serviços ocidentais) como estratégia de posicionamento sobre determinadas fontes de recursos ou zonas de controlo geopolítico militar.

Em cenário inscreve-se o caso de Líbia, que resultou a fruta da torta, o objectivo encoberto, no enquadramento operativo das "revoltas populares" lançadas pola CIA e a inteligência sionista-européia em Médio Oriente e na África dentro de umha estratégia "democratizadora" do domínio imperial

?A estratégia de "preparaçom de terreno"

A instalaçom de um bunker cívico-militar rebelde controlado pola CIA no este líbio, reforça e potencia as possibilidades de futuras operaçons internas para desgastar e desestabilizar a Kadafi desde adentro, preparando as condiçons para umha invasom militar.
Em umha primeira fase, dentro deste tabuleiro projectado em curto prazo, esta estratégia já está a funcionar com umha operaçom de isolamento internacional do regime de Kadafi e os planos de impor sançons económicas a Líbia no Conselho de Segurança da ONU controlado polo eixo USA-UE.
Paralelamente (e como parte complementar da estratégia) começa a se desenvolver umha campanha mediática a nível global para "demonizar" a Kadafi como um criminoso de lesa humanidade contra o seu próprio povo, e que tem como objectivoo central instalar a Kadafi como um "ditador genocida". O parecido com Saddam é pura casualidade.
Todo o desenvolvimento dos acontecimentos, desde o abortado golpe interno da CIA, até as reacçonssssss da "comunidade internacional" (se leia o eixo sionista EEUU-UE) e a gigantesca campanha mediática para "demonizar" ao relíbioooooo, assinala claramente que Kadafi já é o mais sério sucessor de Saddam Hussein na agenda de invason Pentágono e da OTAN.
E já há quatro eslóganes mediático-terroristas de "preparaçom de terreno" e de gestaçom de consenso internacional para umha potencial invasom militar a Líbia que circulam em forma de "informaçom objectiva" polo aparelho manipulador da imprensa internacional:
A) "Líbia está dividida e no caos".
&amp;#66;&amp;#41; Kadafi esta produzindo um "banho de sangue" contra o seu povo.
C) Europa pode ser invadida por milhons de líbios que fogem do "banho de sangue".
D) O petróleo pode disparar-se e os mercados entrar no caos se nom se detém a Kadafi e ao seu regime.
Quem observe atentamente intitulares das grandes correntes mediáticas (e as suas repetidoras locais nos cinco continentes) comprovará que estes quatro eslóganes terroristas som recorrentes e repetidos as 24 horas em diários, agências, rádios e noticiários televisivos.

Com um agregado: O eslogam mais nivelado, repetido e esmagado no cérebro das maiorias a escala global é consigna-a terrorista com o "banho de sangue" que ninguém pode deter em Líbia.

Como as casualidades nom existem, este é o argumento central da manipulaçom mediática internacional para "demonizar" a Kadafi e ao seu regime que já está a funcionar durante as 24 horas em todos os televisores, rádios, diários e agências de notícias do mundo.

O terror (manejado como acçom psicológica na mente das maiorias) sempre tem a funçom de gerar umha situaçom de medo colectivo, e depois sacar da manga umha "soluçom" favorável política e economicamente para quem emprega a aço psicológica terrorista, neste caso a CIA USA e o Mossad israelita.

E no caso do actual "Plano B", que funciona depois do falhanço do golpe da CIA em Líbia, a soluçom (final) é terminar militarmente com Kadafi e o seu regime. Isto é, gerar as condiçons internacionais para invadir militarmente a Líbia. Tal como o fizeram com Saddam Hussein no Iraque há oito anos.

A tese do "banho de sangue"

A partir do fracassado golpe lôstrego da CIA, desenvolve-se umha gigantesca campanha da imprensa sionista internacional para apresentar a Líbia "dividida e no caos".

E embora nom há mais registos de mortos ou de combates relevantes (desde as fontes golpistas) bombardeiam os cérebros em massa com o "banho de sangue" produzido polo (agora) "ditador genocida" que permanece ao comando após esmagar a sangue e fogo a rebeliom.

Em outro ponto da acçom psicológica, o aparelho mediático sionista (com a sua corrente de repetidoras locais em todos os continentes) lança eslóganes terroristas com a possível "invasom em massa" de líbios a Europa fugindo do "banho de sangue" no seu país.

A pressom mediática supera qualquer imaginaçom. Os consórcios comunicacionais do sionismo, que calam (e calaram) sistematicamente os massacres provados e filmadas de Israel em Gaza e em Líbano, que silenciam a diário os extermínios militares em massa de EEUU e a OTAN nos territórios ocupados na Ásia e em África, estám em umha ofensiva gigantesca, quase demencial, para "parar o banho de sangue" de Kadafi em Líbia.

É tanto o surrealismo paranoico, a impunidade "informativa, a carência de contra-informaçomm (nem sequer a imprensa alternativa de "esquerda" difunde informaçom ou análises objectivas sobre Líbia) que a estratégia imperial nivela sem nengumha barreira os cérebros em umha mesma direcçom: A condenaçom internacional ao "banho de sangue de Kadafi".

A partir deste princípio de máxima, em Washington e nas metrópoles imperiais européias chovem, cozinham-se a fogo lento todo o tipo de versons e rumores sobre umha intervençom militar de EEUU e a OTAN no país petroleiro.
O eslogam do "banho de sangue", esmagado noite e dia na psicologia colectiva, é o argumento central que alimenta as teses e avaliaçons de umha intervençom (se leia invasom) militar a Líbia.
Dentro deste cenário manipulador e surrealista, o gerente negro do Estado imperial mais criminoso da história da humanidade Barack Obama, saiu ontem a anunciar, quase abertamente, umha possível intervençom em Líbia para "parar o banho de sangue de Kadafi".
O "banho de sangue" e o "sofrimento" em Líbia constituem "um escândalo" e som "inaceitáveis", afirmou ontem o presidente de EEUU, Barack Obama, quem indicou que o seu Governo prepara "toda umha gama de opçons" contra o regime de Kadafi".
Obama sublinhou que deu instruçons aos seus assessores para que "preparem toda a gama de opçons com que contamos para responder a esta crise", e assinalou tanto medidas unilaterais como outras que se podam tomar em coordenaçom com outros sócios internacionais.
A esta expressom quase aberta de intervençom por parte do gerente da primeira potência imperial, somou-se o governo da França, cujo presidente, Nicolás Sarkozi, é a replica feijom de "sócio estratégico" de EEUU que representava Tony Blair em Grã-Bretanha.

França, por boca do seu ministro de Defesa, advogou por umha intervençom internacional a Líbia para deter o "banho de sangue" regime de Kadafi.

Em declaraçons à emissora France Inter, o ministro francês de Defesa, Alain Juppé, estimou nesta quinta-feira que a comunidade internacional "deve intervir" em Líbia e expressou o seu desejo de que o líder deste país, Muamar Kadafi esteja a viver "os seus últimos momentos".

Som os primeiros sinais claros, expressadas em voz alta, de que em EEUU e a Uniom Européia já consideram a Líbia em "lista de espera" na agenda invasora da OTAN e o Pentágono.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Gente NORMAL e problemas REAIS BASENAME: gente-normal-e-problemas-reais DATE: Tue, 15 Feb 2011 15:43:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Desconfiarei sempre de quem nom respeite a minha língua. Porque, ao faze-lo, demostra que nom me respeita a mim, e ao tempo também demostra que nom respeita um bem cultural essencial

Desconfiarei sempre de quem nom considere normal o seu uso institucional e simbólico, porque nom considera normal a minha realidade cultural e porque ademais pensa que tem direito a decidir o que é a normalidade, e curiosamente a normalidade é ele, e nom eu.

Desconfiarei sempre de quem diga que o meu problema nom é real, porque me fai de menos e porque pensa ter o poder de decidir o que é real, e casualmente também o é ele, e nom eu.

Desconfiarei sempre de quem diga que as línguas som para nos entenderes e nom para criar problemas e utiliza este argumento para criar problemas coas línguas.

Desconfiarei sempre de quem manipule aposta as realidades e ouse acusar as línguas perseguidas de serem as perseguidoras.

Desconfiarei sempre de quem veja como um gasto desnecessário a promoçom da minha língua e como um investimento imprescindível a promoçom da sua.

Desconfiarei sempre de quem queira acomplexar-me porque falo com naturalidade a língua dos meus pais.

Desconfiarei sempre de quem me negue a língua, porque me sinto comprometido com os que a salvárom para que eu lha poda ensinar aos meus filhos.

E procurarei enojar-me pouco, só quando me pareça normal e diante de ameaças que considere reais.

E sempre, sempre, plantarei cara.


Carles Capdevila, director do diário Ara

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Egipto: A MENTIRA SISTEMÁTICA BASENAME: egipto-a-mentira-sistematica DATE: Sun, 06 Feb 2011 02:03:48 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A LINGUAGEM DELES/ Resistir.info

Os media que se dizem "referência" desinformam quando falam em manifestantes pró-Mubarak. Não há manifestantes nenhuns a favor de Mubarak. Há, sim, polícias à paisana e marginais por ela recrutados, armados e pagos. Muitos deles são os presos de delito comum recentemente libertados pelo sr. Suleiman, para provocar o caos e para serem utilizados em tais manobras. A polícia uniformizada abriu-lhes o caminho para a Pr. Tahrir a fim de iniciar os confrontos ? e depois ficou a assistir. Triste regime esse que precisa recrutar marginais para fingir que tem apoiantes.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: A Internacional Socialista piar da TIRANIA tunecina BASENAME: canta-o-melro-a-internacional-socialista-piar-da-ditadura-tunecina DATE: Sun, 16 Jan 2011 00:04:46 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Novas CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

O partido do ex-dictador tunecino, refugiado em Arábia Saudita, outra dictadura amiga dos "democratas Ocidente, pertence auto-denominada Internacional Socialista (isto é, o clube dos partidos social-democratas), a mesma à que pertencem o PSOE, o Partido Laborista Britânico, o Partido Socialistas Francês, ou o Partido Nacional Democrático de o dictador amigo dos progressistas europeus, o egípcio Mubarak.

A Assembleia Constitucional Democrática (conhecida por suas siglas em francês RCD, Rassemblement Constitutionnel Démocratique) de Bem Ali é um membro pleno desta organizaçom de partidos supostamente esquerdistas, engendro surgido após a Segunda Guerra Mundial para defender os interesses do capitalismo no mundo.

Hoje, depois de 23 anos de ditadura, caiu o tirano Bem Ali, depois de umha revolta que deixou ao menos 60 pessoas assassinadas pola polícia.

Seu regime foi sustentado polos governos de EE.UU. e a Uniom Europeia (que inclusive pensaram em intervir em seu defesa, como é o caso de Nicolas Sarkozy), senom que também foi activamente apoiado por partidos social democratas etiquetados como "socialistas" e que chamam constantemente a outros governos de dictatoriais, quando estes defendem a seus povos ou seu soberania nacional (casos de Bielorrusia, Venezuela, Bolívia, Cuba, etc...).

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Após a Grécia, a Irlanda, ... A crise gaguejante do euro BASENAME: canta-o-melro-apos-a-grecia-a-irlanda-a-crise-gaguejante-do-euro DATE: Mon, 10 Jan 2011 21:10:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Jean-Claude Paye [*]

O jogo do massacre começou: a crise financeira irlandesa reproduz o esquema do da Grécia e abre o caminho para os seguintes, Portugal e outros. Para pagar as suas guerras no Afeganistão e no Iraque, os Estados Unidos optaram por monetarizar a sua dívida pública, ou seja, repassar as suas facturas ao resto do mundo. Este afluxo de liquidez permite às elites capitalistas devorarem presas cada vez mais gordas. Depois de ter pilhado o terceiro mundo, elas podem finalmente atacar o euro. Mas, ao invés de impedi-las, o Banco Central Europeu favorece-as em detrimento das populações europeias ? doravante restritas às políticas de austeridade.

Uma frase atribuída a Marx ensina-nos que quando a história não se repete tem tendência a gaguejar. Este diagnóstico ilustra perfeitamente o novo ataque contra o euro. Por ocasião da crise irlandesa, os mercados financeiros puseram em cena um cenário semelhante àquele da ofensiva contra a Grécia [1] . Trata-se do deslocamento de uma mesma causa externa: a política monetária expansionista do FED (Federal Reserve). De maneira análoga, a ofensiva dos mercados vai igualmente ser apoiada pela Alemanha Federal

Tal como durante os meses de Abril e Maio de 2010, o anúncio de uma futura injecção maciça de liquidez pela Reserva Federal estado-unidense não teve como efeito fazer baixar o valor do dólar, mas relançar o assalto especulativo contra a zona euro. A Alemanha esteve igualmente, em parte, na origem da subida das taxas de juros das obrigações irlandesas, assim como das portuguesas e espanholas. As recentes declarações, no entanto puramente formais, de Angela Merkel sobre a necessidade de fazer os credores privados participarem, em caso de reestruturação da dívida de certos países da zona euro, reforçou o a desconfiança dos mercados em relação aos países mais fracos.

O objectivo do FED: uma criação ininterrupta de bolhas financeiras

O dito espirituoso de John Connally, secretário do Tesouro de Nixon em 1971, "O dólar é nossa moeda, mas é vosso problema", é de grande actualidade. Até o presente, a monetização da dívida americana coloca menos problemas aos Estados Unidos do que aos seus satélites. O arbusto da dilapidação financeira da Grécia já fora suficiente para dissimular a floresta dos défices estado-unidenses. Da mesma forma, este fim de ano viu a dívida irlandesa eclipsar o anúncio de um novo programa de compra maciça de títulos do Tesouro pela Reserva Federal americana. Esta manobra de "quantitative easing" consiste em por em andamento a máquina de imprimir tendo em vista fazer baixar as taxas de juros sobre as obrigações do Estado. Ela deveria permitir, à razão de 75 mil mihões por mês, uma injecção de 600 mil milhões de dólares na economia do outro lado do Atlântico.

O FED já havia introduzido uma soma de 1700 mil milhões de dólares no circuito económico estado-unidense. Este novo programa de injecção de liquidez mostra-nos que esta política monetária fracassou amplamente, uma vez que se verifica necessária uma nova fase de compra. Sobretudo, indica-nos que a "quantitative easing" não é mais uma política excepcional. Ela é para perdurar e torna-se assim um procedimento normal [2] .

Ao contrário das declarações do Tesouro, a criação monetária lançada pelos EUA não tem como objectivo permitir aos bancos conceder créditos aos particulares e às empresas. Dada a conjuntura económica, esta procura actualmente é fraca e as instituições financeiras dispõem de reservas importantes.

Já existe abundância de liquidez e acrescentar mais não vai resolver o problema actual que tem a ver com a desconfiança dos bancos em relação à solvabilidade dos eventuais tomadores de empréstimos, ou seja, sobre a rentabilidade dos seus investimentos.

Assim, para que é que pode servir esta injecção permanente de liquidez num mercado já saturado? Para responder a esta pergunta, basta observar os efeitos desta política: formação de bolhas especulativas e ascensão do valor dos activos, afluxo de capitais nos países em forte crescimento, tais como a China ou a Índia, e ataques especulativos, nomeadamente contra a zona euro.

A política estado-unidense de monetização da sua dívida pública actualmente é pouco inflacionista pois uma grande parte dos capitais deixa os Estados Unidos a fim de se colocar nos mercados emergentes e, assim, não alimenta a procura interna nos EUA. Ela não provoca uma forte baixa do dólar, uma vez que as compras adicionais de activos: ouro, matérias-primas e petróleo, que provoca, fazem-se na divisa estado-unidense, o que sustenta o seu curso. As compras dos especuladores americanos fazem-se na sua moeda nacional, ao passo que os "investidores" estrangeiros, incitados a seguir o movimento de alta induzido por esta política, trocam as suas moedas nacionais contra dólares a fim de comprar estes "activos".

A intenção do BCE: a transferência de rendimentos dos assalariados para os bancos

No que se refere à União Europeia, o BCE anunciou o prosseguimento da sua política de compras de obrigações soberanas. Ele decidiu igualmente prolongar seu dispositivo de refinanciamento dos bancos, ilimitado e a uma taxa fixa, por um novo período de quatro meses pelo menos. Também aqui, regista-se uma mudança de atitude: esta política não é mais apresentada como excepcional, mas sim como permanente [3] . O que se modifica na política do BCE é o seu compromisso ao longo do tempo. "Em tempos normais, o BCE compra títulos a curto prazo: três semanas, um mês, mais raramente três meses, mas desde a crise o BCE pôs-se a comprar títulos a prazo de um ano, o que nunca fora visto" [4] . Esta mudança inverte o papel do Banco Central, de prestamista de último recurso ele passa a prestamista de primeira linha. O Banco Central funciona então como uma instituição de crédito.

Até o presente, o BCE adquiriu títulos de dívida pública num montante de 67 mil milhões de euros [5] , essencialmente títulos de Estados em dificuldade, tais como a Grécia e a Irlanda. Estamos portanto bem longe dos 600 mil milhões de dólares de compra efectuado pelo FED. A política do Banco Central Europeu difere não só quantitativamente como também qualitativamente, uma vez que optou por esterilizar sua injecção de liquidez, diminuindo na mesma medida os empréstimos que efectua aos bancos privados.

O objectivo do Banco Central Europeu é tentar retardar ao máximo uma reestruturação da dívida grega, irlandesa, portuguesa...; estando os grandes bancos europeus fortemente empenhados no seu financiamento. Trata-se antes de tudo de salvar as instituições financeiras e tentar fazer com que a factura seja paga pelos assalariados e os poupadores.

Para assim fazer, a União Europeia e os Estados membros transferiram aos mercados financeiros a chave do financiamento dos défices. Os Estados devem tomar emprestado junto a instituições financeiras privadas que obtêm, elas, liquidez a baixo preço do Banco Central Europeu.

Enquanto os défices dos Estados membros da UE, em média de 7%, são claramente em recuo em relação aos 11% do Estado federal estado-unidense [6] , a União Europeia, ao contrário dos EUA, comprometeu-se a seguir a via de uma redução brutal das despesas públicas. A Comissão quer impor aos países uma longa cura de austeridade para retornar a uma dívida pública inferior a 60% do PIB e lançou procedimentos de défice excessivo contra os Estados membros. Em meados de 2010, praticamente todos os Estados da zona a ela estavam submetidos. Ela pediu-lhes para se comprometerem a retornar à fasquia de 3% antes de 2014 e qualquer que seja a evolução da situação económica. Os meios previstos para a realização destes objectivos não consistem numa tributação dos grandes rendimentos ou das transacções financeiras, mas antes numa diminuição do salário directo e indirecto, a saber: compromisso com políticas salariais restritivas e colocação em causa dos sistemas públicos de aposentadoria e de saúde.

Complementaridade das políticas do FED e do BCE

A política monetária fortemente expansiva dos EUA consiste em comprar obrigações soberanas a médio e longo prazo, de 2 a 10 anos, no mercado secundário, a fim de que as novas emissões que o FED deve fazer encontrem tomados a uma taxa de juro fraca, ou seja, suportável pelas finanças públicas estado-unidenses.

Esta política não apenas adequada aos interesses do capital americano, mas está em fase com os do capitalismo multinacional. Ela é a ferramenta principal de uma prática de taxas de juro muito baixa, abaixo do nível real de inflação. Trata-se de permitir, não só aos Estados Unidos, mas também à Europa e ao Japão, poder enfrentar a sua montanha de dívidas praticando taxas piso. Todo aumento do rendimento obrigacionista conduziria estes Estados à falência. Além disso, a médio prazo, esta prática laxista terá um efeito inflacionista que desvaloriza estas dívidas públicas e reduzirá, em termos reais, os encargos das mesmas.

Dado o lugar particular do dólar na economia mundial, a Reserva Federal americana é o único banco central que pode permitir-se uma tal política, praticada numa escala tão elevada. Toda outra moeda nacional seria atacada pelos mercados e fortemente desvalorizada. O FED é o único banco central que pode fazer funcionar a máquina de impressão e fazer com que esta moeda adicional seja aceite pelos agentes económicos estrangeiros.

A monetização da dívida dos EUA, dando munições aos mercados financeiros, permite lançar, de forma barata, operações de especulação contra a zona euro. Ela está em fase com os objectivos da UE, pois permite mobilizar os mercados e fazer pressão sobre as populações europeias, a fim de lhes fazer aceitar uma diminuição drástica do seu nível de vida. As políticas orçamentais encetadas pelos Estados membros terão como efeito impedir toda retomada económica, fragilizando mais as finanças públicas e exigindo novas transferências de rendimentos dos assalariados para os bancos e as empresas. A crise do Euro não acabou de gaguejar. Não é a vontade anunciada pela agência americana Moody's [7] de degradar novamente a classificação das obrigações do Estado espanhol, devido às suas "necessidades elevadas de refinanciamento em 2011", que irá contradizer este diagnóstico.

29/Dezembro/2010

[1] "L'UE et les'' hedge funds': régulation ou abandon du territoire européen?" , par Jean-Claude Paye, Réseau Voltaire, le 12 novembre 2010.
[2] "La FED va injecter 600 milliards de dollars dans l'économie américaine" , par Audrey Fournier, Le Monde, 4 novembre 2010.
[3] "La Banque centrale européenne prolonge ses mesures exceptionnelles de soutien" , par Mathilde Farine, Le Temps, 3 décembre 2010.
[4] "La BCE poursuit son programme de rachat d'obligations publiques" , par Audrey Fournier, Le Monde, 2 décembre 2010.
[5] "Les Etats-Unis à l'origine des tensions au sein de la zone euro" , par Sébastien Dubas, Le Temps, 3 décembre 2010,
[6] Manifeste des économistes atterrés. Crise et dette en Europe: 10 fausses évidences, 22 mesures en débat pour sortir de l'impasse , 14 septembre 2010, http://resistir.info/crise/economistas_aterrorizados.html
[7] "Moody's envisage une nouvelle dégradation de la note de l'Espagne" , Le Monde avec AFP, 15 décembre 2010,

[*] Sociólogo. Últimas obras publicadas: La Fin de l'État de droit, La Dispute 2004; Global War on Liberty , Telos Press 2007.

O original encontra-se em http://www.voltairenet.org/article167903.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: A crise irlandesa: fracasso total do neoliberalismo BASENAME: a-crise-irlandesa-fracasso-total-do-neoliberalismo DATE: Sat, 08 Jan 2011 22:34:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Eric Toussaint

Durante uma década a Irlanda foi apresentada pelos promotores mais fervorosos do capitalismo neoliberal como o modelo a seguir. O "tigre celta" ostentava uma taxa de crescimento mais elevada do que a média europeia. O taxa de tributação das empresas havia sido reduzida a 12,5% [1] e a taxa efectivamente paga pelas numerosas transnacionais que ali tinham domicílio oscilava entre 3% e 4%: um sonho! Um défice orçamental igual a 0 em 2007. Uma taxa de desemprego de 0% em 2008. Um verdadeiro encanto: todo o mundo parecia ali encontrar o seu quinhão. Os trabalhadores tinham um emprego (é certo que muitas vezes precário), as suas famílias consumiam alegremente, elas desfrutavam do efeito riqueza e os capitalistas, tanto nacionais como estrangeiros, ostentavam resultados extraordinários.

Em Outubro de 2008, dois ou três dias antes de o governo salvar da falência os grandes bancos "belgas" (Fortis e Dexia) a expensas dos cidadãos, Bruno Colmant, director da Bolsa de Bruxelas e professor de economia, publicou um artigo em Le Soir, o diário belga francófono de referência, no qual afirmava que a Bélgica devia absolutamente seguir o exemplo irlandês e desregulamentar ainda um pouco mais o seu sistema financeiro. Segundo Bruno Colmant, a Bélgica devia modificar o quadro institucional e legal a fim de se tornar uma plataforma do capital internacional como a Irlanda. Algumas semanas mais tarde, o Tigre Celta estava de rastros.

Na Irlanda, a desregulamentação financeira encorajou uma explosão dos empréstimos às famílias (o endividamento familiar havia atingido 190% do PIB na véspera da crise), nomeadamente no sector do imobiliário, o que estimulou a economia (indústria da construção, actividades financeiras, etc). O sector bancário inchou de uma forma exponencial com a instalação de numerosas sociedades estrangeiras [2] e o aumento dos activos dos bancos irlandeses. Formaram-se bolhas bursáteis e imobiliárias. O total das capitalizações bursáteis, das emissões de obrigações e dos activos dos bancos atingiu catorze vezes o PIB do país.

Aquilo que não podia acontecer neste mundo encantador aconteceu então: em Setembro-Outubro de 2008, o castelo de cartas ruiu, as bolhas financeiras e imobiliárias explodiram. Empresas fecham ou deixam o país, o desemprego sobe em flecha (de 0% em 2008, ele salta para 14% no princípio de 2010). O número de famílias incapazes de pagar os credores cresce muito rapidamente. Todo o sistema bancário irlandês está à beira da falência e o governo, completamente em pânico e cego, garantiu o conjunto dos depósitos bancários com 489 mil milhões de euros (cerca de três vezes o PIB irlandês, que se elevava a 168 mil milhões de euros). Ele nacionaliza o Allied Irish Bank, principal financiador do imobiliário, injectando 48,5 mil milhões de euros (cerca de 30% do PI&amp;#66;&amp;#41;.

As exportações enfraquecem. As receitas do Estado baixam. O défice orçamental salta de 14% do PIB em 2009 para 32% em 2010 (mais da metade é atribuível ao apoio maciço aos bancos: 46 mil milhões de injecção de fundos próprios e 31 de compra de activos de risco).

O plano europeu de ajuda do fim de 2010, com participação do FMI, eleva-se a 85 mil milhões de euros de empréstimos (dos quais 22,5 fornecidos pelo FMI) e já se verifica que será insuficiente. Em contrapartida, o remédio de cavalo imposto ao tigre celta é de facto um plano de austeridade drástico que pesa fortemente sobre o poder de compra das famílias, tendo como consequências uma redução do consumo, das despesas públicas nos domínios sociais, dos salários da função pública e na infraestrutura (em proveito do reembolso da dívida) e das receitas fiscais.

As principais medidas do plano de austeridade são terríveis no plano social:

supressão de 24750 empregos de funcionários (8% do efectivo, o que equivale à supressão de 350 mil empregos em França);

os novos contratados receberão um salário 10% inferior;

baixa das transferências sociais com diminuição dos subsídios de desemprego e familiares, redução importante do orçamento da saúde, congelamento das pensões;

aumento dos impostos suportados principalmente pela maioria da população vítima da crise, nomeadamente alta do IVA de 21 para 23% em 2014; criação de uma taxa imobiliária (afecta a metade das famílias, até então livres de tributação);

baixa de 1? do salário horário mínimo (de 8,65 para 7,65 euros, ou seja, -11%).
As taxas dos empréstimos concedidos à Irlanda são muito elevadas: 5,7% para o do FMI e 6,05% para os empréstimos "europeus". Eles servirão para reembolsar os bancos e outras sociedades financeiras que comprarão os títulos da dívida irlandesa ? as quais tomam emprestado a uma taxa de 1% junto ao Banco Central Europeu. Um verdadeiro presente dos deuses para os financeiros privados. Segundo a AFP, "o director geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, declarou: "Isto vai anda, mas naturalmente é difícil [...] porque é duro para as pessoas' que terão de fazer sacrifícios em nome da austeridade orçamental".

A oposição na rua e no parlamento foi muito forte. O Dail, câmara baixa, adoptou o plano de ajuda de 85 mil milhões de euros apenas por 81 votos contra 75. Longe de abandonar a sua orientação neoliberal, o FMI indicou que colocava dentre as prioridades da Irlanda a adopção das reformas para suprimir "os obstáculos estruturais aos negócios", a fim de "sustentar a competitividade nos próximos anos". O socialista Dominique Strauss-Kahn diz-se convencido de que a chegada de um novo governo após as eleições previstas para o princípio de 2011 nada mudaria: "Estou confiante em que, ainda que os partidos da oposição, o Fine Gael e o trabalhista, critiquem o governo e o programa [...], eles compreendem a necessidade de o por em execução".

Em suma, a liberalização económica e financeira que visava atrair a qualquer preço os investimentos estrangeiros e as sociedades financeiras transnacionais conduziu a um fracasso completo. Para aumentar o insulto aos danos sofridos pela população vítima desta política, o governo e o FMI não encontraram nada melhor do que aprofundar a orientação neoliberal praticada desde há 20 anos e infligir à população, sob a pressão da finança internacional, um programa de ajustamento estrutural calcado sobre aqueles impostos desde há três décadas aos países do terceiro mundo. Estas três décadas devem ao contrário servir de exemplo daquilo que não se deve fazer. Eis porque é urgente impor uma lógica radicalmente diferente, em favor dos povos e não da finança privada.

Notas
|1| A taxa de tributação dos lucros das empresas eleva-se a 39,5% no Japão, 39,2% na Grã-Bretanha, 34,4% em França, 28% nos Estados Unidos.
|2| As dificuldades do banco alemão Hypo Reale Estate (salvo em 2007 pelo gouverno de Angela Merckel) e a falência do banco Bear Sterns nos EUA (comprado em Março de 2008 pelo J.P. Morgan com a ajuda da administração Bush) provém nomeadamente dos problemas dos seus fundos especulativos cuja sede era em Dublim.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Assim SAQUEIA-NOS os grandes banqueiros BASENAME: canta-o-melro-assim-saqueia-nos-os-grandes-banqueiros DATE: Sun, 26 Dec 2010 00:43:26 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Juan Torres López
Sistema Digital
Quando se está a falar tanto da necessidade, da iminência ou da possibilidade dum ?resgate? da economia espanhola convém reflexionar e pôr algumhas cousas em claro.

Dizê-se que um grupo de países ou instituiçons, como poderiam ser a Uniom Europeia ou o Fundo Monetário Internacional, ?resgatam? um país quando lhe concedem um crédito a pagar num determinado prazo que lhe permite cobrir os ?buracos? que por diversas razons (geralmente por acumulaçom de deficit e dívidas) tenham podido produzir sua insolvência. Mas há que ter em conta que esses buracos podem ser de natureza muito variada. Assim, muitas ditaduras e governos militares dos anos setenta e oitenta endividárom a seus países, com a conivência dos grandes bancos internacionais, com empréstimos que em ocasions nem sequer chegaram a eles senom que se utilizaram fora do país para negócios corruptos. Outras vezes utilizaram-nos em obras completamente inúteis ou directamente para enriquecer aos grandes empresários e banqueiros.

No recente caso de Irlanda, a necessidade peremptória de ?ajuda? deve-se a que há que cobrir as perdas multimilionárias do sector bancário. E umha parte importante da dívida pública grega que foi ?resgatada? recentemente originou-se para comprar armamento a França ou Alemanha.

Quando a acumulaçom de dívida à que nom se pode fazer frente é muito grande, os credores som os primeiros interessados em que se produza o ?resgate? do país pois dessa maneira asseguram-se sua reintegro. E costumam ser eles os que o promovem. O dinheiro que chega com o "resgate" dedica-se a saldar suas dívidas e a nova que se origina com as instituiçons que resgatam a pagam os cidadaos em seu conjunto ao longo do tempo. Os ?resgates? consistem, pois, em converter dívida privada, que polo geral geraram e desfrutado os sectores mais ricos, em dívida pública que pagárom principalmente as classes de rendas mais baixas. Mas a cousa nom fica aí. O ?resgate? nom se produz nunca como umha dádiva senom a condiçom de que o país ?resgatado? cumpra umha série de condiçons. A primeira, que esta nova dívida tenha sempre carácter preferente e, ademais, que se tomem as medidas de política económica e mudança estrutural que convenham a quem ?resgata?.

Graças a esse procedimento, a dívida externa que se originou em muitos países ao longo dos anos setenta e oitenta foi a antessala da aplicaçom das políticas neoliberais que promovem o Fundo Monetário Internacional e os grupos mais poderosos do mundo que, para fechar o círculo, som ademais os que se beneficiam do saldo da dívida.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: FAME para os pobres, PROPIEDADE para os notáveis. BASENAME: fame-para-os-pobres-propiedade-para-os-notaveis DATE: Sun, 26 Dec 2010 00:38:54 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Vicenç Navarro

Espanha é um dos países europeus com maiores desigualdades. A renda disponível da decila superior em Espanha é 10,3 vezes maior que a renda da decila inferior, umha das desigualdades mais altas da OCDE. Se em lugar de renda falamos de propriedade, a situaçom é inclusive pior. A concentraçom da riqueza em Espanha é das mais acentuadas na OCDE. Assim, o 10% das famílias possui o 58% de toda a propriedade. Em realidade, o 1% da populaçom de renda superior possui o 18% de toda a propriedade. A grande maioria da populaçom tem escassísima propriedade.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MELRO: Assim SAQUEIA-NOS os grandes banqueiros BASENAME: assim-saqueia-nos-os-grandes-banqueiros DATE: Mon, 20 Dec 2010 10:02:30 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Juan Torres López
Sistema Digital

Quando se está a falar tanto da necessidade, da iminência ou da possibilidade dum ?resgate? da economia espanhola convém reflexionar e pôr algumhas cousas em claro.

Dizê-se que um grupo de países ou instituiçons, como poderiam ser a Uniom Europeia ou o Fundo Monetário Internacional, ?resgatam? um país quando lhe concedem um crédito a pagar num determinado prazo que lhe permite cobrir os ?buracos? que por diversas razons (geralmente por acumulaçom de deficit e dívidas) tenham podido produzir sua insolvência. Mas há que ter em conta que esses buracos podem ser de natureza muito variada. Assim, muitas ditaduras e governos militares dos anos setenta e oitenta endividárom a seus países, com a conivência dos grandes bancos internacionais, com empréstimos que em ocasions nem sequer chegaram a eles senom que se utilizaram fora do país para negócios corruptos. Outras vezes utilizaram-nos em obras completamente inúteis ou directamente para enriquecer aos grandes empresários e banqueiros.

No recente caso de Irlanda, a necessidade peremptória de ?ajuda? deve-se a que há que cobrir as perdas multimilionárias do sector bancário. E umha parte importante da dívida pública grega que foi ?resgatada? recentemente originou-se para comprar armamento a França ou Alemanha.

Quando a acumulaçom de dívida à que nom se pode fazer frente é muito grande, os credores som os primeiros interessados em que se produza o ?resgate? do país pois dessa maneira asseguram-se sua reintegro. E costumam ser eles os que o promovem. O dinheiro que chega com o "resgate" dedica-se a saldar suas dívidas e a nova que se origina com as instituiçons que resgatam a pagam os cidadaos em seu conjunto ao longo do tempo. Os ?resgates? consistem, pois, em converter dívida privada, que polo geral geraram e desfrutado os sectores mais ricos, em dívida pública que pagárom principalmente as classes de rendas mais baixas. Mas a cousa nom fica aí. O ?resgate? nom se produz nunca como umha dádiva senom a condiçom de que o país ?resgatado? cumpra umha série de condiçons. A primeira, que esta nova dívida tenha sempre carácter preferente e, ademais, que se tomem as medidas de política económica e mudança estrutural que convenham a quem ?resgata?.

Graças a esse procedimento, a dívida externa que se originou em muitos países ao longo dos anos setenta e oitenta foi a antessala da aplicaçom das políticas neoliberais que promovem o Fundo Monetário Internacional e os grupos mais poderosos do mundo que, para fechar o círculo, som ademais os que se beneficiam do saldo da dívida.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Que crise económica? Os lucros aumentam! BASENAME: canta-o-merlo-que-crise-economica-os-lucros-aumentam DATE: Sun, 12 Dec 2010 22:40:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por James Petras*

Enquanto os progressistas e os esquerdistas escrevem sobre as "crises do capitalismo", os industriais, as companhias petrolíferas, os banqueiros e muitas outras grandes empresas de ambos os lados do Atlântico e da costa do Pacífico encaminham-se sorrateiramente para a banca.
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A partir do primeiro trimestre deste ano, os lucros das empresas dispararam entre vinte a mais de cem por cento (Financial Times, 10/Agosto/2010, p. 7). Na realidade, os lucros das empresas subiram mais do que antes do início da recessão em 2008 (Money Morning, 31/Março/2010). Contrariamente aos bloggers progressistas as taxas dos lucros estão a subir em vez de descer, principalmente entre as maiores empresas (Consensus Economics, 12/Agosto/2010). O acréscimo dos lucros empresariais é consequência directa do agravamento das crises da classe trabalhadora, dos funcionários públicos e privados e das pequenas e médias empresas.

No início da recessão, o grande capital eliminou milhões de postos de trabalho (um em cada quatro americanos ficou desempregado em 2010), conseguiu recuos dos patrões dos sindicatos, beneficiou de isenções de impostos, de subsídios e de empréstimos praticamente sem juros dos governos locais, estaduais e federal.

Quando a recessão bateu no fundo temporariamente, os grandes negócios duplicaram a produção com a restante mão-de-obra, intensificando a exploração (maior produção por trabalhador) e reduziram os custos passando para a classe trabalhadora uma fatia muito maior dos encargos com os seguros de saúde e com os benefícios de pensões a aquiescência dos responsáveis milionários dos sindicatos. O resultado é que, embora as receitas tenham diminuído, os lucros subiram e os balancetes melhoraram (Financial Times, 10/Agosto/2010). Paradoxalmente, os directores-gerais utilizaram o pretexto e a retórica das "crises" oriunda dos jornalistas progressistas para impedir os trabalhadores de exigirem uma fatia maior dos lucros florescentes, ajudados pela reserva cada vez maior de trabalhadores desempregados e sub-empregados como possíveis "substitutos" (amarelos) no caso de acções de protesto.

A actual explosão de lucros não beneficiou todos os sectores do capitalismo: a sorte grande saiu sobretudo às maiores empresas. Em contrapartida, muitas pequenas e médias empresas registaram altas taxas de falências e de prejuízos, o que as tornou baratas e presa fácil para aquisição pelos "grandes chefões" ( Financial Times, 01/Agosto/2010). As crises do capital médio levaram à concentração e centralização do capital e contribuíram para a taxa crescente de lucros das empresas maiores.

O diagnóstico falhado das crises capitalistas feito pela esquerda e pelos progressistas tem sido um problema omnipresente desde o fim da II Guerra Mundial, quando nos foi dito que o capitalismo estava ?em estagnação? e se dirigia para um colapso final. Os recentes profetas do apocalipse viram na recessão de 2008-2009 a queda definitiva e total do sistema capitalista mundial. Cegos pelo etnocentrismo euro-americano, não viram que o capital asiático nunca entrou nas "crises finais" e a América Latina teve uma versão suave e passageira ( Financial Times. 09/Junho/2010, p. 9). Os falsos profetas não conseguiram reconhecer que os diferentes tipos de capitalismo são mais ou menos susceptíveis às crises? e que algumas variantes tendem a sofrer rápidas recuperações (Ásia, América Latina, Alemanha) enquanto outras (EUA, Inglaterra, Europa do Sul e do Leste) são mais susceptíveis a recuperações anémicas e precárias.

Enquanto a Exxon-Mobil arrebanhou mais de 100% de aumento de lucros em 2010 e as empresas de automóveis registaram os seus maiores lucros dos últimos anos, os salários dos trabalhadores e o seu nível de vida diminuíram e os funcionários públicos sofreram pesados cortes e despedimentos maciços. É óbvio que a recuperação de lucros empresariais se baseia na mais dura exploração da mão-de-obra e de maiores transferências de recursos públicos para as grandes empresas privadas. O estado capitalista, com o presidente democrata Obama à frente, transferiu milhares de milhões para o grande capital através das operações de salvamento, empréstimos praticamente isentos de juros, cortes nos impostos e pressionou a força de trabalho a aceitar salários mais baixos e reduções na saúde e das pensões. O plano da Casa Branca para a ?recuperação? resultou para lá de todas as expectativas ? os lucros empresariais recuperaram; "só" a grande maioria dos trabalhadores é que se afundou mais nas crises.

As previsões falhadas dos progressistas quanto à morte do capitalismo são consequência directa da subavaliação da dimensão com que a Casa Branca e o Congresso iria pilhar o erário público para ressuscitar o capital. Subavaliaram o grau com que o capital iria ser aliviado para sacudir toda a carga da recuperação de lucros para cima das costas dos trabalhadores. Neste aspecto, a retórica progressista sobre a "resistência da força de trabalho" e o "movimento sindical" reflectiram a falta de compreensão de que praticamente não tem havido qualquer resistência à redução dos salários sociais e monetários porque não existe organização da força de trabalho. O que se intitula como tal está completamente ossificado e ao serviço dos defensores da Wall Street do Partido Democrata na Casa Branca.

Processo precàrio
O que o actual impacto desigual e injusto do sistema capitalista nos diz é que o capitalismo consegue ultrapassar as crises aumentando apenas a exploração e anulando décadas de "ganhos sociais". Mas o actual processo de recuperação de lucros é altamente precário porque se baseia na exploração de inventários actuais, taxas de juros baixas e cortes nos custos da mão-de-obra (Financial Times, 10/Agosto/2010, p. 7). Não se baseia em novos investimentos privados dinâmicos nem no aumento da capacidade produtiva. Por outras palavras, são "ganhos ocasionais" ? não são lucros provenientes de receitas de vendas acrescidas nem de mercados de consumo em expansão. Como poderiam ser ? se os salários estão a diminuir e o desemprego, o sub-emprego e a redução da mão-de-obra é maior do que 22%? Obviamente, esta explosão de lucros a curto prazo, com base em vantagens políticas e sociais e num poder privilegiado, não é sustentável. Há limites para os despedimentos maciços de funcionários públicos e para os ganhos de produção a partir da exploração intensificada da mão-de-obra? alguma coisa tem que ceder. Uma coisa é certa: O sistema capitalista não vai cair nem ser substituído por causa da sua podridão interna ou"contradições".

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: E.U.A, - O fedor da decadência económica fica cada vez mais forte BASENAME: canta-o-merlo-e-u-a-o-fedor-da-decadencia-economica-fica-cada-vez-mais-forte DATE: Sun, 12 Dec 2010 21:42:57 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Outros CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Paul Craig Roberts [*]

Na véspera do dia e acção de graças o jornal em língua inglesa China Daily e People's Daily Online informaram que a Rússia e a China havia efectuado um acordo para abandonar a utilização do US dólar no seu comércio bilateral e usaram as suas próprias divisas em substituição. Os russos e os chineses disseram que haviam dado este passo a fim de isolar as suas economias dos riscos que minaram a sua confiança no US dólar como divisa de reserva mundial.

Isto é grande notícia, especialmente no período de poucas notícias do feriado do dia de acção de graças, mas não a vi relatada na Bloomberg, CNN, New York Times ou em qualquer media impresso ou na TV dos EUA. A cabeça do avestruz permanece na areia.

Anteriormente, a China concluíra o mesmo acordo com o Brasil.

Como a China tem uma grande e crescente provisão de dólares com os excedentes comerciais com os quais comercia, a China está a indicar que prefere rublos russos e reais brasileiros a mais US dólares.

A imprensa financeira americana consola-se com os episódios em que a dívida soberana amedronta a UE e remete o dólar para cima contra o euro e a libra esterlina. Mas estes movimentos de divisas são apenas medidas de actores financeiros a protegerem-se de dívidas perturbadas denominadas em euros. Eles não medem a força do dólar.

O papel do dólar como divisa mundial de reserva é um dos principais instrumentos da hegemonia financeira americana. Não nos disseram quanto dano a fraude da Wall Street infligiu às instituições financeiras da UE, mas os países da UE já não necessitam do US dólar para comerciarem entre si pois partilham uma divisa comum. Uma vez que os países da OPEP cessem de manter os dólares com que são pagos pelo petróleo, a hegemonia do dólar ter-se-á desvanecido.

Outro instrumento da hegemonia financeira americana é o FMI. Sempre que um país não pode honrar suas dívidas e reembolsar os bancos americanos, entra o FMI com um pacote de austeridade que esmaga a população do país com impostos mais altos e cortes em programas de educação, cuidados médicos e apoio ao rendimento até que os banqueiros obtenham o seu dinheiro de volta.

Isto está agora a acontecer à Irlanda e provável que se propague a Portugal, Espanha e talvez mesmo a França. Após a crise financeira causada pela América, o papel do FMI como uma ferramenta do imperialismo estado-unidense é cada vez menos aceitável. O facto poderá tornar-se evidente quando os governos não puderem mais liquidar os seus povos em benefício dos bancos americanos.

Há outros sinais de que alguns países estão a cansar-se da utilização irresponsável do poder por parte da América. Governos civis da Turquia há muito têm estado sob o controle dos militares turcos influenciados pela América. Contudo, recentemente o governo civil actuou contra dois altos generais e um almirante suspeitos de envolvimento no planeamento de um golpe. O governo civil afirmou-se mais uma vez quando o primeiro-ministro anunciou no dia de acção de graças que a Turquia está preparada para reagir a qualquer ofensiva israelense contra o Líbano. Eis aqui um aliado da NATO americana a libertar-se da suserania americana exercida através dos militares turcos. Quem sabe a Alemanha podia ser o próximo.

Enquanto isso, na América a administração Obama conseguiu propor uma Comissão do Défice cujos membros querem pagar as guerras de muitos milhões de milhões (trillion) de dólares que estão a enriquecer o complexo militar/segurança e o muitos milhões de milhões de dólares dos salvamentos do sistema financeiro através da redução de aumentos anuais da Segurança Social conforme o custo de vida, da elevação da idade de reforma para 69 anos, do fim da dedução do juro hipotecário, do fim da dedução fiscal de seguro de saúde proporcionado pelo empregador, da imposição de um imposto federal sobre vendas de 6,5 por cento, enquanto corta a taxa fiscal de topo para os ricos.

Mesmo as baixas taxas de juro do Federal Reserve são destinadas a ajudar os banksters [1] . As baixas taxas de juro privam os reformados e aqueles que vivem das suas poupanças do rendimento do juro. As baixas taxas de juro também privaram pensões corporativas de financiamento. Para colmatar o fosso há corporações que estão a emitir milhares de milhões de dólares em títulos corporativos a fim de financiar as suas pensões. A dívida corporativa está a aumentar, mas não as instalações e equipamentos que produziriam receitas para o serviço da dívida. À medida que a economia piora, servir a dívida adicional será um problema.

Além disso, os idosos da América estão a descobrir que cada vez menos médicos os aceitarão como pacientes pois um corte de 23 por cento prepara-se nos já baixos pagamentos do Medicare aos médicos.

O governo americano só tem recursos para guerras de agressão, intrusões de estado policial e salvamentos de banksters ricos. O cidadão americano tornou-se um mero sujeito a ser sangrado para as oligarquias dominantes.

A atitude de estado policial do Ministério da Segurança Interna em relação a viajantes de linhas aéreas é uma clara indicação de que os americanos já não são cidadãos com direitos mas sujeitos sem direitos. Ainda virá o dia talvez em que americanos oprimidos tomarão as ruas como os franceses, os gregos, os irlandeses e os britânicos.

29/Novembro/2010

[1] Banksters: banqueiros+gangsters.

[*] Foi editor do Wall Street Journal e secretário assistente do Tesouro dos EUA. Seu livro mais recente é How the Economy Was Lost . Contacto: PaulCraigRoberts@yahoo.com

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/roberts11292010.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: CANTA O MERLO: Roubos e silêncios clamorosos BASENAME: roubos-e-silencios-clamorosos DATE: Sat, 11 Dec 2010 21:08:01 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: Ensaio TAGS: ----- BODY:

por Juan Torres López

Acaba de ser anunciado que o empréstimo a ser recebido pela Irlanda para tapar os buracos dos bancos e financiar a dívida provocada pela política neoliberal dos últimos anos terá uma taxa de juro de 5,8%.

Dias atrás descobrimos que a Reserva Federal dos Estados Unidos distribuiu, em mais de 21 mil operações secretas, de Dezembro de 2007 a Julho de 2010, mais de 3,3 mil milhões de dólares a um juro de 0,25% a grandes entidades financeiras e empresariais de todo o mundo. Dessa autêntica prenda beneficiaram-se bancos como Goldman Sachs, Citibank, JP Morgan Chase, Morgan Stanley, Merrill Lynch, Bank of America, Bear Stearns, Royal Bank of Canada, Scotiabank, Barclays Capital, Bank of Scotland, Deutsche Bank, Credit Suisse, BNP Paribas, Societe Generale, UBS, Bayerische Landesbank, Dresdner Bank, Commerzbank, Santander, BBVA; e multinacionais como General Electric, Caterpillar, Harley-Davidson, Verizon, McDonald's, BMW, ou Toyota. Algumas delas nem sequer o devolveram (as listagens podem ser lidas aqui e mais informação e comentários sobre isto aqui ).

Sabemos também que desde meados de 2009 o Banco Central Europeu está a proporcionar liquidez aos bancos privados, também quase presenteada, a 1%. Com o dinheiro que recebem, certamente compram a dívida dos estados a uma taxa mais elevada ganhando milhares de milhões graças à generosidade das nossas autoridades monetárias e ao mesmo tempo aproveitam para extorquir os governos ao obrigá-los a adoptar políticas que lhes facilitam ainda mais a obtenção de lucros.

Aos bancos que afundam as economias ou às grandes multinacionais que dominam o mundo emprestam o dinheiro a 0,25% ou a 1%.

Às pequenas e médias empresas que criam riqueza ou aos consumidores estão emprestando (quando o fazem) a 8% ou a 11% aos governos, ou seja, aos povos como o irlandês que hão de pagar a factura dos bancos internacionais o dinheiro é emprestado a 5,8%.

A mim me parece que tudo isto, o que fez a Reserva Federal à margem do seu governo e ou que está a fazer o Banco Central Europeu, só tem um nome: é um roubo à cidadania. Que outro nome pode ter dar dinheiro praticamente presenteado àqueles que criaram os problemas e a 6% ou mais àqueles que agora têm de solucioná-lo?

Reconheço que me ferve o sangue quando tomo conhecimento destes dados, ainda que reconheça que me sinto pior quando verifico que permanecemos calados perante um atropelo e uma imoralidade tão grande. Como é possível que os sindicatos, os partidos, os movimentos sociais, as organizações cidadãs e a imensa maioria das pessoas simplesmente honestas de qualquer ideologia permaneçam em silêncio perante tudo isto?

O original encontra-se em hl33.dinaserver.com/hosting/juantorreslopez.com/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: BOICOTAGEM aos morangos de Huelva BASENAME: boicotagem-aos-morangos-de-huelva-1 DATE: Sun, 01 Aug 2010 21:53:32 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Luita de classes: Patrons escravistas. Junta de Andaluzia proxeneta cúmplice

Umhas 50.000 mulheres, todas pertencentes ao proletariado europeu (polacas, rumanas, ... ou norte-africano (marroquinas, ...), vivem amoreadas em choupanas durante a longa tempada da colheita de morangos nos campos de Huelva. Se a dura jornada, de umhas 12 horas diárias sob o sol de verao e no campo nom fosse davondo, por 36 ?/dia; polas noites os patrons acompanhados de familiares e amigos acodem aos alpendres obrigando-lhes a ter sexo com eles, sofrendo toda classe de abusos e agressons sexuais. De nom aceitar, som ameaçadas com lhes proibir ir ao banheiro ou beber mentres estejam trabalhando e nom voltar a ser contratadas. Entretanto a ?socialista? Junta de Andaluzia olha para outra banda, como proxeneta cúmplice.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Nom som nem OBREIROS nem SOCIALISTAS, som os CANS DE PRESA do capitalismo BASENAME: nom-som-nem-obreiros-nem-socialistas-som-os-cans-de-presa-do-capitalismo DATE: Sun, 01 Aug 2010 21:50:31 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Milhons de cidacans perdêrom os seus empregos, e centos de milhares as suas vivendas, os bancos, entretanto ganhárom 32.000 milhons de euros entre 2008 e 2009. Ante tal injustiça, a resposta do governo do PSOE seja impor mais recortes: congelaçom das pensons, reforma laboral contra os trabalhadores e a preparaçom dos orçamentos mais restritivos

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: A valentia de Zapatero e o PSOE - Para os trabalhadores: FAME, para a oligarquia financeira: O SAQUEIO BASENAME: a-valentia-de-zapatero-e-o-psoe-para-os-trabalhadores-fame-para-a-oligarquia-financeira-o-saqueio-1 DATE: Fri, 16 Jul 2010 19:02:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Servir ao capital aproveitando o gasto social

Milhares de milhons de euros aos que Zapatero nunca recorrerá

José Daniel Fierro
Rebeliom

No seu discurso da passada quarta-feira ante o Parlamento o presidente José Luis Rodríguez Zapatero reclamou um "esforço nacional e colectivo, especial, singular e extraordinário" ante a crise e assegurou que as medidas anunciadas para reduzir o deficit som muito duras mas imprescindíveis. Zapatero antecipou desse modo um plano imposto polo Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Uniom Europeia (UE) que significará um severo revés para a classe trabalhadora, que é a que está a levar a pior parte desde que se iniciasse a crise capitalista. E ainda que durante a campanha eleitoral de 2004 o presidente afirmou: governarei para os mais débeis, a realidade é que o seu governo nom fai mais que trabalhar para os bancos e as grandes empresas.

Com todo isso, o governo espera cumprir com cresces o recorte extra de 0,5% do PIB para este exercício e de 1% para o que vem, o que supom reduzir o gasto em 15.000 milhons e situar o deficit de 11,2% actual ao 6% no ano que vem.

Poderia parecer que umha quantidade como 15 mil milhons de euros é tám descomunal que só se pode reunir recorrendo a um duríssimo ajuste económico sobre os mais débeis. Vejamos no entanto que medidas governamentais se levaram a cabo nos últimos meses:

- Em 2009 criou-se o FROB (Fundo para a Reestruturaçom Ordenada Bancária), dotado com um orçamento de 9.000 milhons de euros, ampliáveis até 90.000 milhons, com o que se garantiu à burguesia financeira os fundos públicos necessários por se fizesse falta ir ao resgate de bancos e caixas com problemas.

- Pô-se em marcha também um plano para o investimento em obras públicas, tratando de frenar a sangria da perda de empregos na construçom (Plano E de obras públicas, ajudas à moradia de diferente tipo ?). Agora o governo projecta recortar em 6.045 milhons de euros esse investimento estatal em infra-estruturas, o que implicasse um aumento do desemprego entre os trabalhadores que se podiam ter beneficiado do citado programa.

- No mês de Dezembro o presidente anunciou a subida do IVA até o 18%; e um Plano de Austeridade e Poupança a desenvolver com as prefeituras e as Comunidades autónomas. Agora nom se descarta para Julho umha nova subida do IVA (que a sofrem maioritariamente as rendas mais baixas) enquanto a fraude fiscal (do que se beneficiam fundamentalmente as rendas mais altas) atinge os 280.000 milhons de euros segundo umha estimaçom levada a acabo polos Inspectores de Fazenda. Isto é um monto 20 vezes maior do que se pretende obter com o plano de ajuste. Quando na passada quarta-feira no Congresso Joan Herrera, de ICV, exigiu ao presidente explicaçons por nom subir os impostos aos que mais ganham, este contestou que fá-se-ia mais adiante e com acalma.

Além do anterior, ainda planeiasombra de incrementar a idade de aposentaçom e nos anos de cotizaçom necessários para o cálculo do custo das pensons.

Numha recente entrevista (O País 12-04-2010) ao presidente permanente do Conselho Europeu, Herman Vom Rompuy, afirmou que o maior perigo é o populismo reinante e em conseqüência a falta de compromisso europeu, o populismo fai difícil tomar as medidas que terá que adoptar para o futuro de Europa. Estamos obrigados a tomar medidas impopulares, nom poder-se-á escapar a reformas impopulares nos próximos anos, mas há que ser valentes. Com as medidas adoptadas Zapatero demonstrou, sem dúvida, a sua valentia em frente aos débeis e o seu servilismo ante os poderosos.

Sirva como exemplo a sua docilidade ante outra série de gastos públicos, outras partidas orçamentais também milionárias, às que nunca ocorrerá-se-lhe ir nem inquietar. Recordemos que com a reduçom e congelaçom dos salários dos empregados públicos se espera colectar 4.500 milhons de euros. A listagem é unicamente um breve aponte nom exaustivo.

18.160 milhons de euros destinados ao gasto militar para 2010

2.510 milhons de euros previstos para este ano em gasto armamentístico
.

http://www.antimilitaristas.org/IMG/pdf/Informe_gasto_2010.pdf

Mais de 800 milhons de euros previstos para 2010 nas missons de guerra que o governo mantém no exterior pese ao seu pretendido carácter pacifista (a metade levar-lho-á a ocupaçom de Afeganistám). O orçamento destinado a estas operaçons nom está incluído no orçamento de Defesa e se finança través de um crédito extraordinário aprovado polo ministério de Economia e Fazenda.

http://www.rebelion.org/notícia.php?ide=101304&titular=o-env%EDo-de-511-militares-m%E1s-a-afganist%E1n-incrementar%E1-o-custo-de-a-misi%F3n-em-

Mais de 7.000 milhons de euros é o custo do financiamento público à Igreja católica, segundo um relatório realizado por Europa Laica dentre as diferentes Administraçons do Estado. A esta cifra há que somar o enorme custo para as arcas públicas (administraçom central, autonómica e local) que supóm quantidades que nom se ingressam em conceito de IBI, licenças de obras, etc., e que a UE pediu em reiteradas ocasions que se ponha fim a esse trato de favor.

http://www.rebelion.org/notícia.php?ide=104585&titular=europa-laica-reclama-a-eliminaci%F3n-de-as-casillas-de-asignaci%F3n-tributário-a-a-igreja-cat%F3lica-

Cerca de 9 milhons de euros é o orçamento para 2010 da Casa Real. Exactamente 8.896.920 euros, que o cidadao Juan Carlos de Borbón poderá dispor sem nengum controle público, já que segundo o artigo 65.1 o monarca "recebe dos Orçamentos do Estado umha quantidade global para suster a sua família e Casa, e distribui livremente a mesma".

30.000 milhons de euros estabelecidos nos Orçamentos Gerais a subvencionar actividades empresarias, entre os que se encontram os 2.800 milhons de euros dedicados a políticas activas de emprego e que tanto empresários como sindicatos reconhecem a sua nula utilidade.

155 milhons de euros (em 2008) que a Administraçom central do Estado destina à compra de software proprietário (cujo principal beneficiário é o gigante Microsoft) em lugar de apostar polo software livre cuja aquisiçom é gratuita.

http://www.csi.map.é/csi/rainha2009/capitulo3/c3t04.htm

Bastam estes dados para fazer-nos umha ideia de quais som as intençons de um governo que se desvive por manter a flutue um sistema capitalista que fai águas e ameaça com se levar por diante décadas de lutas sindicais, políticas e sociais.

Rebeliom publicou este artigo com a permissom do autor mediante umha licença de Creative Commons, respeitando a sua liberdade para publicá-lo em outras fontes.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Para os ?proletas? a MISÉRIA e a ?PUTA RUE?, para os do Partido Obreiro ENCHER OS PETOS COM O DINHEIRO PÚBLICO BASENAME: para-os-proletas-a-miseria-e-a-puta-rue-para-os-do-partido-obreiro-encher-os-petos-com-o-dinheiro-publico DATE: Fri, 16 Jul 2010 18:49:06 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

A ex ministra de Fomento e actual eurodeputada socialista Magdalena Álvarez assume nesta quinta-feira o cargo de vice-presidenta do Banco Europeu de Investimentos (BEI)

Magdalena Álvarez ocupará este cargo ao menos seis anos e cobrará ao mês ao menos 20.000 euros mais os benefícios fiscais que lhe outorga seu novo posto. Ademais há que acrescentar seu salário de ex ministra

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: MALBARATAR o dinheiro no MAUSOLEU FRAGHIANO quando a gente EMIGRA para nom ESMORRECER de MISÉRIA BASENAME: malbaratar-o-dinheiro-no-mausoleu-fraghiano-quando-a-gente-morre-com-a-fame DATE: Wed, 14 Jul 2010 12:42:18 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Ossiám

Os gastos do MAUSOLEU FRAGHIANO

Emigra-se por fame

O Gaiás, que será aberto em Novembro próximo, gerará anualmente uns gastos fixos de 890.000 euros em conceito de consumos de energia e água, vigilância, limpeza e tarefas de manutençom. O cálculo nom inclui outros desembolsos correntes, como, por exemplo, os de fornecimentos de material de escritório, os de primas de seguros, comunicaçons, nem, sobretodo, os empregados contratados, segundo destaca a imprensa galega. Incluindo estas partidas a desfeita será maior de 1.500.000,.- ( UM MILHOM E CINCO CENTOS MIL) euros por ano num País como o nosso, onde a gente emigra a milhares; em cinco anos, mais de 500.000 rapazes e raparigas tivérom que deixar os seus para emigrar na procura da sua sobrevivência. De todos eles, uns 250.000 para Madrid sede do imperinho de Terra Seca. A arramplam-nos os homens e mulheres; os nossos recursos econômicos, tanto energéticos como financeiros, deixando-nos só com a miséria, o deserto humano e industrial.

Com esses desembolsos investidos na industrializaçom, em criaçom de empresas públicas, em pouco tempo a emigraçom seria só umha dolorosa lembrança.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Teoria da política externa dos EUA ? I BASENAME: teoria-da-politica-externa-dos-eua-i DATE: Wed, 14 Jul 2010 12:31:40 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

por Leo Huberman e Paul M. Sweezy [*]

A política externa dos Estados Unidos tem gerado derrotas há bem mais de uma década mas nunca a um ritmo tão rápido e furioso como durante os últimos meses [NR: escrito em 1960].

Qual é a reacção da classe dominante americana a este fracasso constante e generalizado da política externa? Poder-se-ia esperar uma acumulação de críticas e um apoio crescente a política ou políticas alternativas. Mas olha-se em vão por qualquer coisa desta espécie nos Estados Unidos de hoje. Estamos em meio a uma campanha eleitoral, a qual dá a todos os líderes políticos de ambos os partidos muitas oportunidades para expor ao público os seus pontos de vista. Tanto quanto sabemos, nenhum deles exprimiu qualquer crítica dos fundamentos da política americana ou propôs que fosse mudada em qualquer aspecto importante.

Como explicar isto? Como explicar o facto de que a resposta virtualmente unânime da classe dominante americana é uma evasão a qualquer análise séria das causas e uma adesão teimosa às mesmas políticas que no passado conduziram constantemente ao fracasso?

Sem dar respostas completas a estas questões, [1] podemos no entanto expor algumas considerações relevantes.

Para começar, é crucialmente importante reconhecer que a política externa é modelada e dominada por interesses de classe internos. Isto é verdade para os Estados Unidos de hoje assim como o foi para o Império Romano ou a França de Luís XIV. Em alguns países, em certos momentos, a estrutura de classe e o padrão de interesses reflectido na política externa apresenta um puzzle mais ou menos complicado. Isto foi verdadeiro, por exemplo, nos Estados Unidos dos meados do século XIX quando o país incluía duas formas contraditórias de sociedade a lutarem pelo controle do governo nacional, cada uma com a sua própria estrutura de classe e suas necessidades particulares na área da política externa. Também foi verdadeiro, para dar outro exemplo, na Alemanha Imperial no meio século que antecedeu a I Guerra Mundial, aquela conjugação única de feudalismo e capitalismo que era levada por uma rigorosa lógica interna a antagonizar tanto a Rússia a Leste como a Inglaterra a Oeste e portanto a garantir a sua própria derrocada final.

WELFARE OU WARFARE

Os Estados Unidos de hoje, em comparação, são um caso muito mais simples. O país é dominado totalmente pelo capitalismo monopolista, pois os remanescentes de formas sociais anteriores (particularmente a classe agrícola independente) são em grande medida destituídos de poder. O estado normal de uma sociedade avançada no capitalismo monopolista ? no sentido da norma rumo à qual ela tende sempre ? é a depressão crónica. Os Estados Unidos atingiram esta etapa do desenvolvimento em algum momento entre 1910 e 1930, com a norma tornando-se realidade na década de 1930. A depressão crónica não é uma condição viável, sendo contra os interesses tanto dos capitalistas como dos trabalhadores. Ela pode ser ultrapassada (mas não eliminada como tendência) só e exclusivamente através de um sector público amplo e em crescimento firme. Teoricamente, este sector púbico pode assumir tanto uma forma "welfare" (estado previdência) ou uma forma "warfare" (estado guerreiro). Mas um amplo e crescente programa de previdência contraria os interesses de uma classe dirigente privilegiada, uma vez que necessariamente implica um programa cumulativo de reforma social, a erosão de direitos e privilégios especiais, etc. Um vasto e crescente programa de guerra, por outro lado, não só "resolve" o problema económico do capitalismo monopolista como também ajuda a preservar intacta a estrutura de classe existente com o seu sistema graduado de classificação, status e privilégio. Além disso, e isto é da máxima importância, o poder militar que cria é essencial para a manutenção do império económico à escala mundial, o qual proporciona ao capitalismo monopolista as indispensáveis (e altamente lucrativas) matérias-primas, mercados e saídas de investimentos. A classe dominante portanto tem todo o interesse em fazer com que o necessário sector público seja um sector guerreiro (warfare). A classe trabalhadora, embora naturalmente os seus interesses objectivos fossem melhor servidos por um sector previdência (welfare), prefere o sector warfare ao desemprego em massa e ? a julgar pela experiência até à data ? pode ser persuadida em massa de forma relativamente fácil a aceitar isto como um dever patriótico.

Portanto vemos que no caso da América de meados do século XX a investida dos interesses de classe internos imperativamente requer a guerra fria e a corrida às armas, e torna-se tarefa primária da política externa proporcionar a justificação necessária.

Observámos anteriormente que a resposta quase unânime da classe dominante a esta deterioração da posição mundial da América tem sido não o questionar da política que levou a isto mas, ao invés, insistir em que é necessário mais empenho em aplicar aquela política. A análise precedente permite-nos explicar este paradoxo aparente. Até agora, o declínio dos Estados Unidos como potência mundial tem tido apenas repercussões menores sobre a economia interna e portanto deixou imperturbado o padrão de interesses de classe que determina a política externa. Enquanto isto permanecer verdadeiro não há razão para esperar nem uma mudança na política externa nem uma interrupção no processo de declínio.

Neste ponto devemos desviar por um momento do ponto principal para responder a uma possível objecção. Pode ser afirmado que a nossa teoria deixa de fora um factor importante, que ao determinar suas acções as pessoas podem e levam em conta não só a situação imediata que as confronta como também tendências e prováveis situações futuras. Não será um mistério a razão por que a classe dominante americana não só nada faz para conter a deterioração da posição mundial dos Estados Unidos como realmente intensifica as políticas que são responsáveis pela deterioração? A resposta, parece-nos, depende da característica mais fundamental de uma sociedade burguesa (ou de qualquer outra sociedade baseada na propriedade privada), nomeadamente que a preocupação predominante de cada indivíduo é e deve ser cuidar dos seus próprios interesses o melhor que puder. O que acontece à sociedade toda é a resultante de um número infinito de acções individuais em causa própria. A mentalidade dos membros de tal sociedade (além das classes ou grupos revolucionários, se houver) é completamente dominada por esta disposição. Cada um identifica o interesse público com o seu próprio interesse privado e portanto não tem inibições ou sentimentos de culpa acerca da promoção dos seus próprios interesses privados mesmo se chegar a ocupar uma posição governamental arcando com o dever de servir toda a sociedade. [2] Não existe nada em tudo isto que impeça o indivíduo de antecipar e planear seus negócios privados de forma a levar em conta o antecipado bem como situações reais, mesmo que isto signifique algum sacrifício no presente. Mas isto não significa que indivíduos não possam antecipar-se e aproveitar-se ou procurar impor sobre outros os sacrifícios do presente em troca de um antecipado benefício futuro para o grupo. Esta é a razão porque numa sociedade capitalista a previsão colectiva e o planeamento antecipado são possíveis só na medida em que envolvam sacrifícios insignificantes no presente e benefícios finais para todos ou quase todos os indivíduos que contam (isto é, possuidores de propriedade). Se os sacrifícios no presente forem substanciais e os benefícios no futuro forem colectivos, nenhuma acção é possível. A mentalidade burguesa, por outras palavras, é tão condicionada que nunca pode transcender o horizonte dos interesses individuais. Quando uma dada situação histórica parece apelar a um tal esforço, a resposta é um recurso a racionalizações as quais, se bem que distorcendo a realidade, proporcionam a justificação necessária para atitudes e acções que possam passar no teste do interesse privado.

Esta análise explica uma das coisas mais óbvias e ainda assim desconcertantes acerca da sociedade capitalista, a qual nunca pode actuar antecipadamente para impedir uma crise, não importa quão previsível possa ser, mas deve sempre esperar e actuar depois de a crise ter ocorrido. Centenas de ilustrações desta proposição poderiam ser mencionadas, mas basta uma. Sociólogos urbanos e planeadores de cidades são quase unânimes em dizer-nos que os nossos grandes centros metropolitanos caminham para a paralisia e que as políticas de transportes dos dias actuais estão a acelerar o dia do desastre. E ainda assim nenhumas contra-medidas efectivas são tomadas e é seguro prever que nenhuma o será até que interesses privados decisivos sejam imediata e esmagadoramente ameaçados. Sugerimos que precisamente o mesmo princípio se aplica no campo dos assuntos internacionais. Uma política externa que repousa sobre interesses privados está a precipitar o declínio e a queda dos Estados Unidos como potência mundial. Nada será feito quanto a isto, contudo, a menos e até que aqueles mesmos interesses privados comecem a ser prejudicados ao invés de beneficiados.

Quão logo e por que meios podemos esperar que a deterioração da posição mundial da América comece a ter efeitos adversos sérios sobre a economia americana? E quais as formas que estes efeitos adversos provavelmente tomarão?

Notas
1- Elas podem ser uma preocupação primária de cientistas sociais profissionais, mas não são. A razão é que cientistas sociais neste país hoje são dependentes de universidades e fundações as quais por sua vez estão sob o controle directo e estreito de representantes autênticos dos interesses e da ideologia da classe dominante. Os cientistas sociais são tratados generosamente e permite-se-lhes que façam o que quiserem, mas com uma condição, nomeadamente de afastarem-se de qualquer tentativa de uma análise crítica da sociedade americana. Há excepções, naturalmente, mas elas são todas daquelas que confirmam a regra.
2- Recordar a formulação clássica de Charlie Wilson: "O que é bom para a General Motors é bom para os Estados Unidos".

[*] Paul M. Sweezy (1910-2004): economista marxista e fundador da Monthly Review . Leo Huberman (1903-1068): marxista americano, co-fundador e co-editor da MR. O texto acima é um excerto da "Revisão do mês" publicada no número de Setembro de 1960 da MR.

O original encontra-se em http://mrzine.monthlyreview.org/2010/hs120710.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: AS CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS DO FMI E DA UE BASENAME: as-consequencias-politicas-do-fmi-e-da-ue DATE: Sun, 11 Jul 2010 21:11:15 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Vicenç Navarro

A Uniom Europeia dominada pola banca alemá e a banca dos outros países do centro da UE-15, assistida polo Fundo Monetário Internacional, já tem aplicado estas políticas desde fai anos nos países bálticos como condiçom para os admitir na Eurozona. Os resultados fôrom desastrosos. Calcula-se que o PIB destes países reduzir-se-á um 20% desde que tais reformas se iniciaram em 2007. Nengum país (desde que EEUU perdeu o 25% de seu PIB durante a Grande Depressom) experimentou umha situaçom semelhante. O FMI assume com excessivo optimismo e falta de realismo que tais economias se recuperarám. Mas inclusive utilizando suas projecçons, reconhecem que em Lituânia o PIB será em 2014 um mais 7,1% baixo que o do ano 2007; em Estónia um 9,1%; e em Letónia um 14%. Enquanto, em todos eles o desemprego se disparou e está entre o 15% e o 20%. Estas receitas, por verdadeiro, deram sempre os mesmos resultados em todos os países em que se levaram a cabo. Latinoamérica é o continente que mais as sofreu como conseqüência de que o FMI impô suas receitas a um grande número de países, sendo os casos mais conhecidos os de Argentina e Bolívia. Naqueles países a intervençom do FMI determinou um descendo do PIB e um aumento espectacular da pobreza. Em realidade, estes casos som exemplo de políticas enormemente impopulares, por ser daninhas para os interesses das classes populares, sendo ao mesmo tempo, sumamente ineficientes. Daí o enorme desprestigio do FMI (que chegou a se questionar inclusive o valor de sua permanência) e o surgimento de governos de esquerda, que praticamente expulsaram ao FMI de seus países. Argentina, com o governo Kirchner em 2001, mudou radicalmente suas políticas económicas, abandonando as políticas neoliberais do FMI, e em lugar do desastre que o FMI tinha vaticinado, após seis meses desde o início de políticas keynesianas, cresceu um 9% durante os seguintes seis anos. Em 2008 a economia argentina tinha crescido enormemente, tendo aumentado seu tamanho um terço de seu volume.

Umha situaçom semelhante ocorreu em Bolívia, onde o Governo Morales mudou radicalmente de políticas, passando de políticas neo-liberais a políticas tradicionalmente expansivas de gasto público, nacionalizando ao mesmo tempo o gás e o petróleo. Bolívia é hoje um dos países com maior crescimento em América Latina.

Por quê estas políticas neo-liberais tam nocivas se continuam a propor? A explicaçom que se deu com maior freqüência é a persistência de um dogma o dogma neo-liberal reproduzido no Consenso de Washington e sua versom europeia, o Consenso de Bruxelas- nos forums financeiros e as instituiçons políticas que influência. Mas a pergunta que deve se fazer é por que esta ideologia continua se promovendo. E a resposta é obvia. Estas políticas continuam-se implementando porque servem aos interesses das classes financeiras e empresariais. O facto de que considerem que a reduçom do deficit e da dívida é o objectivo mais importante de suas políticas é porque a reduçom da protecçom social e o elevado desemprego debilita enormemente à classe trabalhadora, e lhes reforça a eles, aumentando seus benefícios. Como conseqüência das políticas neo-liberais, as rendas do capital aumentaram atingindo níveis sem precedentes e as rendas do trabalho desceram. E isto é o que conta para eles. Todo o demais é secundário.

Mas para poder fazê-lo, precisam apresentar tal prática como necessária, sendo assistidos neste labor por instituiçons neo-liberais que configuram a sabedoria convencional económica, promovida na maioria de meios de informaçom e persuasom, ocultando ao mesmo tempo realidades vexatórias que mostram nom só suas incompetências senom também suas incoerências. O FMI, que está a impor aos países enormes sacrifícios salariais e grandes reduçons dos benefícios sociais (tais como atrasar a idade de jubilaçom) paga a seus servidores públicos salários astronómicos (apesar de suas claras deficiências), lhes permitindo que se jubilem aos 51 anos (sim, leu-no correctamente, 51 anos) pagando-lhes pensons que ultrapassam os 100.000 dólares estadunidenses nom fai falta acrescentar mais comentários.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: BOICOTAGEM aos morangos de Huelva BASENAME: boicotagem-aos-morangos-de-huelva DATE: Sun, 11 Jul 2010 16:23:16 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Por Ossiam

Luita de classes: Patrons escravistas. Junta de Andaluzia proxeneta cúmplice

Umhas 50.000 mulheres, todas pertencentes ao proletariado europeu (polacas, rumanas, ... ou norte-africano (marroquinas, ...), vivem amoreadas em choupanas durante a longa tempada da colheita de morangos nos campos de Huelva. Se a dura jornada, de umhas 12 horas diárias sob o sol de verao e no campo nom fosse davondo, por 36 ?/dia; polas noites os patrons acompanhados de familiares e amigos acodem aos alpendres obrigando-lhes a ter sexo com eles, sofrendo toda classe de abusos e agressons sexuais. De nom aceitar, som ameaçadas com lhes proibir ir ao banheiro ou beber mentres estejam trabalhando e nom voltar a ser contratadas. Entretanto a ?socialista? Junta de Andaluzia olha para outra banda, como proxeneta cúmplice.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: O que calam os post-modernos: OBAMA PIOR QUE BUSH BASENAME: o-que-calam-os-post-modernos-obama-pior-que-bush DATE: Thu, 17 Jun 2010 17:27:22 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

ALAI, América Latina en Movimiento

Pot Fortunato Esquivel

Obama pior que Bush

Umha investigaçom publicada polo jornal Washington Post, assinala que Barak Obama acaba de autorizar a expansom da guerra secreta contra grupos radicais, incrementando o orçamento necessário.

De acordo com o Post, as operaçons especiais realizam-se em 75 países com o concurso de 13.000 efectivos militares e civis, experientes em operaçons de inteligência, guerra psicológica, assassinato selectivo, missons de treinamento, acçons clandestinas e outros.

A jornalista venezuelana-estadunidense Eva Golinger assinala num de seus recentes artigos que o pesquisador Jeremy Scahill descobriu que o Governo de Barak Obama enviou equipas de elite de forças especiais, baixo o Comando de Operaçons Especiais Conjuntas a Irá, Geórgia, Ucrânia também a Bolívia, Paraguai, Equador e Peru.

Planos estadunidenses para desestabilizar governos existem em numerosos lugares. Estám preparados e Washington só espera o momento para os activar. O artigo de Golinger, fai referência a um alto militar do Pentágono, quem afirmou que Obama está a permitir muitas acçons, estratégias e operaçons que nom foram autorizadas durante George W. Bush.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: OS DONOS DO SISTEMA: O poder oculto:-De onde nasce a impunidade de Israel BASENAME: os-donos-do-sistema-o-poder-oculto-de-onde-nasce-a-impunidade-de-israel-1 DATE: Sun, 13 Jun 2010 14:57:10 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

(IAR Notícias) 04-Junho-2010

A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses nom se gestam por medo a Israel, senom por medo ao que representa o Estado judeu.. Israel é o símbolo mais emblemático, a pátria territorial do sionismo capitalista que controla o mundo sem fronteiras desde os directorios dos bancos e corporaçons trasnacionais. Israel, basicamente, é a representaçom nacional de um poder mundial sionista que é o dono do Estado de Israel tanto como do Estado norte-americano, e do resto dos Estados com os seus recursos naturais e sistemas económico-produtivos. E que controla o planeta desde os bancos centrais, as grandes correntes mediáticas e os arsenais nucleares militares.

Por Manuel Freytas (*)

A) O poder oculto

Israel, é a mais clara referência geográfica do sistema capitalista trasnacionalizado que controla desde governos até sistemas económico produtivos e grandes meios de comunicaçom, tanto nos países centrais como no mundo subdesenvolvido e periférico.

O Estado judeu, para além do seu incidência como Naçom, é o símbolo mais representativo de um poder mundial controlado nos seus médios decisivos por grupos minoritários de origem judia, e conformado por umha estrutura de estrategas e tecnocratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e mediáticas do capitalismo transnacional estendido polos quatro pontos cardinais do planeta.

Com umha populaçom de ao redor de 7,35 milhons de habitantes, Israel é o único Estado judeu do mundo.

Mas quando falamos de Israel, falamos (por extensom) da referência mais significante de um sistema capitalista globalizado que controla governos, países, sistemas económicos produtivos, bancos centrais, centros financeiros, arsenais nucleares e complexos militares industriais.

Quando falamos de Israel, falamos dantes que nada de um desenho estratégico de poder mundial que o protege, interactivo e totalizado, que se concreta mediante umha rede infinita de associaçons e vasos comunicantes entre o capital financeiro, industrial e de serviços que converte aos países e governos em gerências de enclave.

O lobby sionista que sustenta e legitima a existência de Israel, nom é um Estado no longínquo Médio Oriente, senom um sistema de poder económico planetário (o sistema capitalista) de bancos e corporaçons transnacionais com sionistas dominando a maioria dos pacotes accionários ou hegemónicos as decisons gerenciais desde postos directrizes e executivos.

Quem tome-se o trabalho de pesquisar o nome dos integrantes dos directorios ou dos accionistas da grandes corporaçons e bancos multinacionais estadunidenses e europeus que controlam desde o comércio exterior e interior até os sistemas económico produtivos dos países, tanto centrais como "subdesenvolvidos" ou "emergentes", poderá facilmente comprovar que (numha abrumante maioria) som de origem judia.

Os directores e accionistas das primeiras trinta megaempresas transnacionais e bancos (as maiores do mundo) que cotizam no índice Dow Jones de Wall Street, som maioritariamente de origem judia.

Megacorporaciones do capitalismo sem fronteiras como:

Wal-Mart Stores, Walt Disney, Microsoft, Pfizer Inc, General Motors, Hewlett Packard, Home Depot, Honeywell, IBM, Intel Corporation, Johnson & Johnson, JP Morgan Chase, American International Group, American Express, AT & T, Boeing Co (armamentista), Caterpillar, Citigroup, Coca Bicha, Dupont, Exxon Mobil (petrolera), General Electric, McDonalds, Merck & Co, Procter & Gamble, United Technologies, Verizon,

som controladas e/ou gerenciados por capitais e pessoas de origem judia.

Estas corporaçons representam a crema da crema dos grandes consórcios transnacionais sionistas que, através do lobby exercido polas embaixadas estadunidenses europeias ditam e condicionam política mundial e o comportamento de governos, exércitos, ou instituiçons mundiais oficiais ou privadas.

Som os amos invisíveis do planeta: os que manejam aos países e a presidentes por controle remoto, como se fossem fantoches de última geraçom.

Quem pesquise com este mesmo critério, ademais, os meios de comunicaçom, a indústria cultural ou artística, câmaras empresariais, organizaçons sociais, fundaçons, organizaçons profissionais, ONGs, tanto nos países centrais como periféricos, se vai surpreender da notável incidência de pessoas de origem judia nos seus mais altos níveis de decisom.

As três principais correntes televisivas de EEUU:
CNN, ABC, NBC e Fox
os três principais diários:
The Wall Street Journal, The New York Times e The Washington Post

estám controlados e gerenciados, através de pacotes accionários ou de famílias, por grupos do lobby judeu, principalmente nova-iorquino.

Assim mesmo como as mais três influentes revistas:
e consórcios hegemónicos de Internet como Newsweek, Time e The New Yorker
Time-Warner (fusionado com América on Line) ou Yahoo,estám controlados por gerência e capital judeu que opera a nível de redes e conglomerados entrelaçados com outras empresas.

Colosos do cinema de Hollywood e do espectáculo como

The Walt Disney Company, Warner Brothers, Columbia Pictures, Paramount, 20th Century Fox,

entre outros, fam parte desta rede interactiva do capital sionista imperialista.

A concentraçom do capital mundial em mega-grupos ou mega-companhias controladas polo capital sionista, numha proporçom esmagadora, possibilita decisons planetárias de todo tipo, na economia, na sociedade, na vida política, na cultura, etc., e representa o aspecto mais definitório da globalizaçom imposta polo poder mundial do sistema capitalista imperial.

O objectivo central expansivo deste capitalismo sionista transnacionalizado é o controle e o domínio (por médio das guerras de conquista ou de "sistemas democráticos) de recursos naturais e sistemas económico - produtivos, num accionar que os seus defensores e teóricos chamam "políticas de mercado".

O capitalismo multinacional, a escala global, é o dono dos estados e dos seus recursos e sistemas económico- produtivos, nom somente do mundo dependente, senom também dos países capitalistas centrais.

Portanto os governos dependentes e centrais som gerências de enclave ( por esquerda ou direita) que com variantes discursivas executam o mesmo programa económico e as mesmas linhas estratégicas de controle político e social.

Este capitalismo multinacional "sem fronteiras" do lobby sionista que sustenta ao Estado de Israel se assenta em dous peares fundamentais: a especulaçom financeira informatizada (com assento territorial em Wall Street ) e a tecnologia militar-industrial de última geraçom (cuja expressom máxima de desenvolvimento concentra-se no Complexo Militar Industrial de EEUU).

O lobby sionista internacional, sobre o qual se assentam os pilares existenciais do Estado de Israel, controla desde governos, exércitos, polícias, estruturas económicos produtivas, sistemas financeiros, sistemas políticos, estruturas tecnológicas e científicas, estruturas sócio-culturais, estruturas mediáticas internacionais, até o poder de polícia mundial assentado sobre os arsenais nucleares, os complexos militares industriais e os aparelhos de despregue militar de EEUU e das potências centrais.

A esse poder, e nom ao Estado de Israel, é ao que temem os presidentes, políticos, jornalistas e intelectuais que calam ou deformam a diário os genocídios de Israel em Médio Oriente temerosos de ficar sepultados de por vida baixo a lapida do "antisemitismo".

O lobby imperial

O lobby sionista pró-israelense, a rede do poder oculto que controla Casa Branca, o Pentágono e a Reserva Federal nom reza nas sinagogas senom na Catedral de Wall Street. Um detalhe a ter em conta, para nom confundir a religiom com o mito e o negócio.

Quando se referem ao lobby sionista (ao que chamam lobby pró-israelense) a maioria dos experientes e analistas falam de um grupo de servidores públicos e tecnocratas, em cujas maos está o desenho e a execuçom da política militar norte-americana.

A este lobby de pressom atribui-se-lhe o objectivo estratégico permanente de impor a agenda militar e os interesses políticos e geopolíticos do governo e o Estado de Israel na política exterior de EEUU.

Como definiçom, o lobby pró-israelense é umha gigantesca maquinaria de pressom económica e política que opera simultaneamente em todos os estamentos do poder institucional estadunidense: Casa Branca, Congresso, Pentágono, Departamento de Estado, CIA e agências da comunidade de inteligência, entre os mas importantes.

Por médio da utilizaçom política do seu poder financeiro, da sua estratégica posiçom nos centros de decisom, os grupos financeiros do lobby exercem influência decisiva na política interna e externa de EEUU, a primeira potência imperial, além do seu papel dominante no financiamento dos partidos políticos, dos candidatos presidenciais e dos congressistas.

A nível imperial, o poder financeiro do lobby expressa-se principalmente por médio da Reserva Federal de EEUU, um organismo fulcral para a concentraçom e reproduçom do capital especulativo a nível planetário.

O coraçom do lobby sionista estadunidense é o poderoso sector financeiro de Wall Street que tem directa implicância e participaçom na designaçom de servidores públicos fulcrais do governo de EEUU e dos órgaos de controle de política monetária e instituiçons creditarias (nacional e internacional) com sede em Washington e Nova York.

Os organismos económicos financeiros internacionais como a OCDE, o Banco Mundial, o FMI, estám baixo directo controle dos bancos centrais e dos governos de EEUU e das potências controladas polo lobby sionista internacional (Grã-Bretanha, Alemanha, França, Japom, entre as mais relevantes).

Organizaçons e alianças internacionais como a ONU, o Conselho de Segurança e a OTAN estám controlados polo eixo sionista USA-Uniom Europeia cujas potências centrais som as que garantem a impunidade dos extermínios militares de Israel em Médio Oriente, como sucedeu com o último massacre de activistas solidários com o povo de Gaza.

As principais instituiçons financeiras do lobby
(Goldman Sachs, Morgan Stanley, Lehman Brothers, etc e
os principais bancos
Citigroup, JP Morgan e Merrill Lynch, etc

influem decisivamente para a selecçom dos membros da Reserva Federal, o Tesouro, e a secretaria de Comércio, além dos directores do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

C) O mito do "antisemitismo"A este fenómeno de "poder capitalista mundial" judeu, e nom a Israel, é o que temem os presidentes, políticos, jornalistas, e intelectuais que evitam minuciosamente condenar ou nomear os periódicos genocídios militares de Israel em Gaza, repetindo o que já fizérom durante o massacre israelense no Libano no 2006.

A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses nom se gestam por medo ao Estado de Israel senom por medo ao que representa o Estado de Israel.

Nom se trata de Israel, um Estado sionista mais, senom do "Grande Israel", a pátria do judaísmo mundial (com território roubado aos palestinos), da qual todos os judeus do mundo se sentem os seus filhos pródigos espalhados polo mundo.

Nom se trata de Israel, senom das poderosas organizaçons e comunidades judias mundiais que apoiaram em bloco o genocídio militar de Israel em Gaza, que utilizam o seu poder e "escala de prestígio" (construída mediante a sua victimizaçom histórica com o Holocausto) para converter num leproso social ao que se atreva criticar ou a levantar a voz contra o extermínio militar israelense em Gaza.

Os governos do mundo capitalista, os jornalistas, intelectuais, organizaçons sindicais e sociais nom lhe temem a Israel, senom a sua lapidaçom social como "antisemita" (alcume que se lhe outorga ao que enfrenta e/ou denúncia ao sionismo judeu).

Nom lhe temem ao Estado de Israel, senom aos filhos de Israel camuflados nos grandes centros de decisom do poder mundial, sobretodo económicos-financeiros e mediático-culturais.

Os políticos, intelectuais e jornalistas do sistema nom temem a Israel, senom que temem aos meios, organizaçons e empresas judias, e a sua influência sobre os governos e processos económicos-culturais do sistema sionista capitalista estendido por todos os países a escala planetária.

Em definitiva temem que as empresas, as universidades, as organizaçons e as fundaçons internacionais sionistas que financiam e ou promocionam as suas ascensons e postos na maquinaria do sistema os declarem "antisemitas" e os deixem sem trabalho, sem férias e sem aposentaçom.

Essa é a causa principal que explica porque os intelectuais, académicos e jornalistas do sistema vivem elucubrando sisudos análise da "realidade" política, económica e social sem a presença da palavra judeu ou do sistema capitalista que paga polos seus serviços.

Conquanto há um grupo de intelectuais e de militantes judeus de esquerda (entre eles Chomsky e Gelman, entre outros) que condenárom e protestárom contra o genocídio israelense em Gaza, a maioria abrumante das comunidades e organizaçons judias a escala planetária apoiaram explicitamente o massacre de civis em Gaza argumentando que se tratava de umha "guerra contra o terrorismo".

Apesar de que Israel nom invadiu nem perpetrou um genocídio militar em Gaza com a religiom judia, senom com avions F-16, mísseis, bombas de racemo, helicópteros Apache, tanques, artilharia pesada, barcos, sistemas informatizados, e umha estratégia e um plano de extermínio militar em grande escala, quem questione esse massacre é condenado por "antisemita" polo poder judeu mundial distribuído polo mundo.

Apesar de que o lobby judeu sionista que controla Israel, tanto como a Casa Branca, o Tesouro e a Reserva Federal de EEUU nom reza nas sinagogas senom na Catedral de Wall Street, o que o critique é chamado de imediato como "antisemita" ou "nazista" polas estruturas mediáticas e culturais controlados polo poder judeu mundial.

As campanhas de denúncia de antisemitismo com as que Israel e as organizaçons judias procuram neutralizar às criticas contra o massacre, abordam a questom como se o sionismo judeu (sustenta do estado de Israel) fosse umha questom "racial" ou religiosa, e nom um sistema de domínio imperial que abrangue interactivamente o plano económico, político, social e cultural, superando a questom da raça ou das crenças religiosas.

O lobby sionista nom controla o mundo com a religiom: maneja-o com bancos, transnacionais, hegemonia sobre os sistemas económicos-produtivos, controle sobre os recursos naturais, controle da rede informativa e de manipulaçom mundial, e manejo dos valores sociais através da publicidade, a cultura e o consumo estandardizado e globalizado polos meios de comunicaçom.

Em definitiva, o lobby judeu nom representa a nengumha sinagoga nem expressom racial, senom que é a estrutura que maneja o poder mundial através do controle sobre os centros económicos-financeiros e de decisom estratégica do sistema capitalista expandido como civilizaçom "única".

Antes que pola religiom e a raça, o lobby sionista e as suas redes se movem por umha ideologia política funcional: o sionismo capitalista-imperial que antepom o mercado, a concentraçom de riqueza, a "política de negócios", a qualquer filosofia que roce as noçons do "bem" ou do "mau" entendidos dentro de parâmetros sociais.

Entom: De que falam quando falam de "antisemitismo" ou de "anti-judaísmo religioso? Em que parâmetros referenciais se baseia a condiçom de "antisemita"? Quem é antisemita? Quem critica aos judeus pola sua religiom ou pola sua raça nas sociedades do mundo?

No máximo, aos judeus, como está provado na realidade social de qualquer país, nom lhos critica pola sua religiom ou condiçom racial senom polo seu apego excessivo ao status do dinheiro (também cultivado por outras colectividades) e a integrar estruturas ou hierarquias de poder dentro de um sistema injusto de opressom e de exploraçom do homem polo homem, como é o sistema capitalista.

Em resumem:

O lobby sionista que protege ao Estado de Israel (por "direita" e por "esquerda) esta conformado por umha estrutura de estrategas e tecnócratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e mediáticas do capitalismo transnacional estendido polos quatro pontos cardinais do planeta.

As suas redes expressam-se através de umha multiplicidade de organizaçons dedicadas a promover o actual modelo global, entre as que se contam principalmente:

The Hudson Institute, The RAND Corporation, The Brookings Institution, The Trilateral Commission, The World Economic Forum, Aspen Institute, American Enterprise Institute, Deutsche Gesellschaft für Auswärtigen Politik, Bilderberg Group, Provo Institute, Tavestock institute, e o Carnegie Endowment for International Peace, entre outros.

Todos estes think tanks ou "bancos de cérebros", reúnem aos melhores tecnocratas, cientistas e estudiosos nos seus respectivos campos, egressados dos as universidades de EEUU, Europa e de todo o resto do mundo.

O lobby nom responde somente ao Estado de Israel (como afirmam os analistas da "cara de direita" dos neocons) senom a um poder mundial sionista que é o dono do Estado de Israel tanto como do Estado norte-americano, e do resto dos Estados com os seus recursos naturais e sistemas económico-produtivos.

O lobby nom somente está na Casa Branca senom que abrangue todos os níveis das operaçons do capitalismo a escala transnacional, cujo desenho estratégico está na cabeça dos grandes charmans e executivos de bancos e consórcios multinacionais que se sentam no Consenso de Washington e se repartem o planeta como se fosse um pastel.

Nem a esquerda nem a direita partidária falam deste poder "totalizado" pola singela razom de que ambas estám fusionadas (a modo de alternativas falsamente enfrentadas) aos programas e estratégias do capitalismo transnacional que controla o planeta.

Portanto, e enquanto nom se articule um novo sistema de entendimento estratégico (umha "terceira posiçom" revolucionária do saber e o conhecimento) o poder mundial que controla o planeta seguirá se perpetuando nas falsas opçons de "esquerda" e "direita".

E o lobby judeu de "direita" dos republicanos conservadores seguirá sucedendo ao lobby judeu "de esquerda" dos democratas liberais numha continuidade estratégica das mesmas linhas rectoras do Império sionista mundial.

E os massacres do Estado de Israel seguirám, como até agora, impunes e protegidas polas estruturas do sistema de poder mundial sionista capitalista que o considera como a sua "pátria territorial".

----- COMMENT: AUTHOR: nicolau [Visitante] DATE: Thu, 08 Nov 2012 16:59:35 +0000 URL:

Estados Unidos da América, são uma merda nas mãos dos judeus e os americanos são simples babacas!

----- COMMENT: AUTHOR: MZ [Visitante] DATE: Thu, 01 Nov 2012 11:55:11 +0000 URL: http://antiteismoportal.blogspot.com

Os judeus á estabeleceram um estado global plutocrata(Nova Ordem Mundial)

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: MALBARATAR o dinheiro no MAUSOLEU FRAGHIANO quando a gente MORRE com a FAME. BASENAME: malbaratar-o-dinheiro-quando-a-gente-morre-com-a-fame DATE: Sun, 13 Jun 2010 14:47:35 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ossiam CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Os gastos do MAUSOLEU FRAGHIANO

O Gaiás, que será aberto em Novembro próximo, gerará anualmente uns gastos fixos de 890.000 euros em conceito de consumos de energia e água, vigilância, limpeza e tarefas de manutençom. O cálculo nom inclui outros desembolsos correntes, como, por exemplo, os de fornecimentos de material de escritório, os de primas de seguros, comunicaçons, nem, sobretodo, os empregados contratados, segundo destaca a imprensa galega. Incluindo estas partidas a desfeita será maior de 1.500.000,.- ( UM MILHOM E CINCO CENTOS MIL) euros por ano num País como o nosso, onde a gente emigra a milhares. Com esses desembolsos investidos na industrializaçom, em criaçom de empresas públicas, em pouco tempo a emigraçom seria só umha dolorosa lembrança.

Emigra-se por fame.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: OS DONOS DO SISTEMA: O poder oculto:-De onde nasce a impunidade de Israel BASENAME: os-donos-do-sistema-o-poder-oculto-de-onde-nasce-a-impunidade-de-israel DATE: Fri, 04 Jun 2010 18:17:50 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

(IAR Notícias) 04-Junho-2010

A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses nom se gestam por medo a Israel, senom por medo ao que representa o Estado judeu.. Israel é o símbolo mais emblemático, a pátria territorial do sionismo capitalista que controla o mundo sem fronteiras desde os directorios dos bancos e corporaçons trasnacionais. Israel, basicamente, é a representaçom nacional de um poder mundial sionista que é o dono do Estado de Israel tanto como do Estado norte-americano, e do resto dos Estados com os seus recursos naturais e sistemas económico-produtivos. E que controla o planeta desde os bancos centrais, as grandes correntes mediáticas e os arsenais nucleares militares.

Por Manuel Freytas (*)

A) O poder oculto

Israel, é a mais clara referência geográfica do sistema capitalista trasnacionalizado que controla desde governos até sistemas económico produtivos e grandes meios de comunicaçom, tanto nos países centrais como no mundo subdesenvolvido e periférico.

O Estado judeu, para além do seu incidência como Naçom, é o símbolo mais representativo de um poder mundial controlado nos seus médios decisivos por grupos minoritários de origem judia, e conformado por umha estrutura de estrategas e tecnocratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e mediáticas do capitalismo transnacional estendido polos quatro pontos cardinais do planeta.

Com umha populaçom de ao redor de 7,35 milhons de habitantes, Israel é o único Estado judeu do mundo.

Mas quando falamos de Israel, falamos (por extensom) da referência mais significante de um sistema capitalista globalizado que controla governos, países, sistemas económicos produtivos, bancos centrais, centros financeiros, arsenais nucleares e complexos militares industriais.

Quando falamos de Israel, falamos dantes que nada de um desenho estratégico de poder mundial que o protege, interactivo e totalizado, que se concreta mediante umha rede infinita de associaçons e vasos comunicantes entre o capital financeiro, industrial e de serviços que converte aos países e governos em gerências de enclave.

O lobby sionista que sustenta e legitima a existência de Israel, nom é um Estado no longínquo Médio Oriente, senom um sistema de poder económico planetário (o sistema capitalista) de bancos e corporaçons transnacionais com sionistas dominando a maioria dos pacotes accionários ou hegemónicos as decisons gerenciais desde postos directrizes e executivos.

Quem tome-se o trabalho de pesquisar o nome dos integrantes dos directorios ou dos accionistas da grandes corporaçons e bancos multinacionais estadunidenses e europeus que controlam desde o comércio exterior e interior até os sistemas económico produtivos dos países, tanto centrais como "subdesenvolvidos" ou "emergentes", poderá facilmente comprovar que (numha abrumante maioria) som de origem judia.

Os directores e accionistas das primeiras trinta megaempresas transnacionais e bancos (as maiores do mundo) que cotizam no índice Dow Jones de Wall Street, som maioritariamente de origem judia.

Megacorporaciones do capitalismo sem fronteiras como:

Wal-Mart Stores, Walt Disney, Microsoft, Pfizer Inc, General Motors, Hewlett Packard, Home Depot, Honeywell, IBM, Intel Corporation, Johnson & Johnson, JP Morgan Chase, American International Group, American Express, AT & T, Boeing Co (armamentista), Caterpillar, Citigroup, Coca Bicha, Dupont, Exxon Mobil (petrolera), General Electric, McDonalds, Merck & Co, Procter & Gamble, United Technologies, Verizon,

som controladas e/ou gerenciados por capitais e pessoas de origem judia.

Estas corporaçons representam a crema da crema dos grandes consórcios transnacionais sionistas que, através do lobby exercido polas embaixadas estadunidenses europeias ditam e condicionam política mundial e o comportamento de governos, exércitos, ou instituiçons mundiais oficiais ou privadas.

Som os amos invisíveis do planeta: os que manejam aos países e a presidentes por controle remoto, como se fossem fantoches de última geraçom.

Quem pesquise com este mesmo critério, ademais, os meios de comunicaçom, a indústria cultural ou artística, câmaras empresariais, organizaçons sociais, fundaçons, organizaçons profissionais, ONGs, tanto nos países centrais como periféricos, se vai surpreender da notável incidência de pessoas de origem judia nos seus mais altos níveis de decisom.

As três principais correntes televisivas de EEUU:
CNN, ABC, NBC e Fox
os três principais diários:
The Wall Street Journal, The New York Times e The Washington Post

estám controlados e gerenciados, através de pacotes accionários ou de famílias, por grupos do lobby judeu, principalmente nova-iorquino.

Assim mesmo como as mais três influentes revistas:
Newsweek, Time e The New Yorker
e consórcios hegemónicos de Internet como
Time-Warner (fusionado com América on Line) ou Yahoo,
estám controlados por gerência e capital judeu que opera a nível de redes e conglomerados entrelaçados com outras empresas.

Colosos do cinema de Hollywood e do espectáculo como
The Walt Disney Company, Warner Brothers, Columbia Pictures, Paramount, 20th Century Fox,

entre outros, fam parte desta rede interactiva do capital sionista imperialista.

A concentraçom do capital mundial em mega-grupos ou mega-companhias controladas polo capital sionista, numha proporçom esmagadora, possibilita decisons planetárias de todo tipo, na economia, na sociedade, na vida política, na cultura, etc., e representa o aspecto mais definitório da globalizaçom imposta polo poder mundial do sistema capitalista imperial.

O objectivo central expansivo deste capitalismo sionista transnacionalizado é o controle e o domínio (por médio das guerras de conquista ou de "sistemas democráticos) de recursos naturais e sistemas económico - produtivos, num accionar que os seus defensores e teóricos chamam "políticas de mercado".

O capitalismo multinacional, a escala global, é o dono dos estados e dos seus recursos e sistemas económico- produtivos, nom somente do mundo dependente, senom também dos países capitalistas centrais.

Portanto os governos dependentes e centrais som gerências de enclave ( por esquerda ou direita) que com variantes discursivas executam o mesmo programa económico e as mesmas linhas estratégicas de controle político e social.

Este capitalismo multinacional "sem fronteiras" do lobby sionista que sustenta ao Estado de Israel se assenta em dous peares fundamentais: a especulaçom financeira informatizada (com assento territorial em Wall Street ) e a tecnologia militar-industrial de última geraçom (cuja expressom máxima de desenvolvimento concentra-se no Complexo Militar Industrial de EEUU).

O lobby sionista internacional, sobre o qual se assentam os pilares existenciais do Estado de Israel, controla desde governos, exércitos, polícias, estruturas económicos produtivas, sistemas financeiros, sistemas políticos, estruturas tecnológicas e científicas, estruturas sócio-culturais, estruturas mediáticas internacionais, até o poder de polícia mundial assentado sobre os arsenais nucleares, os complexos militares industriais e os aparelhos de despregue militar de EEUU e das potências centrais.

A esse poder, e nom ao Estado de Israel, é ao que temem os presidentes, políticos, jornalistas e intelectuais que calam ou deformam a diário os genocídios de Israel em Médio Oriente temerosos de ficar sepultados de por vida baixo a lapida do "antisemitismo".

&amp;#66;&amp;#41; O lobby imperial

O lobby sionista pró-israelense, a rede do poder oculto que controla Casa Branca, o Pentágono e a Reserva Federal nom reza nas sinagogas senom na Catedral de Wall Street. Um detalhe a ter em conta, para nom confundir a religiom com o mito e o negócio.

Quando se referem ao lobby sionista (ao que chamam lobby pró-israelense) a maioria dos experientes e analistas falam de um grupo de servidores públicos e tecnocratas, em cujas maos está o desenho e a execuçom da política militar norte-americana.

A este lobby de pressom atribui-se-lhe o objectivo estratégico permanente de impor a agenda militar e os interesses políticos e geopolíticos do governo e o Estado de Israel na política exterior de EEUU.

Como definiçom, o lobby pró-israelense é umha gigantesca maquinaria de pressom económica e política que opera simultaneamente em todos os estamentos do poder institucional estadunidense: Casa Branca, Congresso, Pentágono, Departamento de Estado, CIA e agências da comunidade de inteligência, entre os mas importantes.

Por médio da utilizaçom política do seu poder financeiro, da sua estratégica posiçom nos centros de decisom, os grupos financeiros do lobby exercem influência decisiva na política interna e externa de EEUU, a primeira potência imperial, além do seu papel dominante no financiamento dos partidos políticos, dos candidatos presidenciais e dos congressistas.

A nível imperial, o poder financeiro do lobby expressa-se principalmente por médio da Reserva Federal de EEUU, um organismo fulcral para a concentraçom e reproduçom do capital especulativo a nível planetário.

O coraçom do lobby sionista estadunidense é o poderoso sector financeiro de Wall Street que tem directa implicância e participaçom na designaçom de servidores públicos fulcrais do governo de EEUU e dos órgaos de controle de política monetária e instituiçons creditarias (nacional e internacional) com sede em Washington e Nova York.

Os organismos económicos financeiros internacionais como a OCDE, o Banco Mundial, o FMI, estám baixo directo controle dos bancos centrais e dos governos de EEUU e das potências controladas polo lobby sionista internacional (Grã-Bretanha, Alemanha, França, Japom, entre as mais relevantes).

Organizaçons e alianças internacionais como a ONU, o Conselho de Segurança e a OTAN estám controlados polo eixo sionista USA-Uniom Europeia cujas potências centrais som as que garantem a impunidade dos extermínios militares de Israel em Médio Oriente, como sucedeu com o último massacre de activistas solidários com o povo de Gaza.

As principais instituiçons financeiras do lobby
(Goldman Sachs, Morgan Stanley, Lehman Brothers, etc e

os principais bancos
Citigroup, JP Morgan e Merrill Lynch, etc

influem decisivamente para a selecçom dos membros da Reserva Federal, o Tesouro, e a secretaria de Comércio, além dos directores do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

C) O mito do "antisemitismo"

A este fenómeno de "poder capitalista mundial" judeu, e nom a Israel, é o que temem os presidentes, políticos, jornalistas, e intelectuais que evitam minuciosamente condenar ou nomear os periódicos genocídios militares de Israel em Gaza, repetindo o que já fizérom durante o massacre israelense no Libano no 2006.

A grande cumplicidade internacional com os massacres periódicos israelenses nom se gestam por medo ao Estado de Israel senom por medo ao que representa o Estado de Israel.

Nom se trata de Israel, um Estado sionista mais, senom do "Grande Israel", a pátria do judaísmo mundial (com território roubado aos palestinos), da qual todos os judeus do mundo se sentem os seus filhos pródigos espalhados polo mundo.

Nom se trata de Israel, senom das poderosas organizaçons e comunidades judias mundiais que apoiaram em bloco o genocídio militar de Israel em Gaza, que utilizam o seu poder e "escala de prestígio" (construída mediante a sua victimizaçom histórica com o Holocausto) para converter num leproso social ao que se atreva criticar ou a levantar a voz contra o extermínio militar israelense em Gaza.

Os governos do mundo capitalista, os jornalistas, intelectuais, organizaçons sindicais e sociais nom lhe temem a Israel, senom a sua lapidaçom social como "antisemita" (alcume que se lhe outorga ao que enfrenta e/ou denúncia ao sionismo judeu).

Nom lhe temem ao Estado de Israel, senom aos filhos de Israel camuflados nos grandes centros de decisom do poder mundial, sobretodo económicos-financeiros e mediático-culturais.

Os políticos, intelectuais e jornalistas do sistema nom temem a Israel, senom que temem aos meios, organizaçons e empresas judias, e a sua influência sobre os governos e processos económicos-culturais do sistema sionista capitalista estendido por todos os países a escala planetária.

Em definitiva temem que as empresas, as universidades, as organizaçons e as fundaçons internacionais sionistas que financiam e ou promocionam as suas ascensons e postos na maquinaria do sistema os declarem "antisemitas" e os deixem sem trabalho, sem férias e sem aposentaçom.

Essa é a causa principal que explica porque os intelectuais, académicos e jornalistas do sistema vivem elucubrando sisudos análise da "realidade" política, económica e social sem a presença da palavra judeu ou do sistema capitalista que paga polos seus serviços.

Conquanto há um grupo de intelectuais e de militantes judeus de esquerda (entre eles Chomsky e Gelman, entre outros) que condenárom e protestárom contra o genocídio israelense em Gaza, a maioria abrumante das comunidades e organizaçons judias a escala planetária apoiaram explicitamente o massacre de civis em Gaza argumentando que se tratava de umha "guerra contra o terrorismo".

Apesar de que Israel nom invadiu nem perpetrou um genocídio militar em Gaza com a religiom judia, senom com avions F-16, mísseis, bombas de racemo, helicópteros Apache, tanques, artilharia pesada, barcos, sistemas informatizados, e umha estratégia e um plano de extermínio militar em grande escala, quem questione esse massacre é condenado por "antisemita" polo poder judeu mundial distribuído polo mundo.

Apesar de que o lobby judeu sionista que controla Israel, tanto como a Casa Branca, o Tesouro e a Reserva Federal de EEUU nom reza nas sinagogas senom na Catedral de Wall Street, o que o critique é chamado de imediato como "antisemita" ou "nazista" polas estruturas mediáticas e culturais controlados polo poder judeu mundial.

As campanhas de denúncia de antisemitismo com as que Israel e as organizaçons judias procuram neutralizar às criticas contra o massacre, abordam a questom como se o sionismo judeu (sustenta do estado de Israel) fosse umha questom "racial" ou religiosa, e nom um sistema de domínio imperial que abrangue interactivamente o plano económico, político, social e cultural, superando a questom da raça ou das crenças religiosas.

O lobby sionista nom controla o mundo com a religiom: maneja-o com bancos, transnacionais, hegemonia sobre os sistemas económicos-produtivos, controle sobre os recursos naturais, controle da rede informativa e de manipulaçom mundial, e manejo dos valores sociais através da publicidade, a cultura e o consumo estandardizado e globalizado polos meios de comunicaçom.

Em definitiva, o lobby judeu nom representa a nengumha sinagoga nem expressom racial, senom que é a estrutura que maneja o poder mundial através do controle sobre os centros económicos-financeiros e de decisom estratégica do sistema capitalista expandido como civilizaçom "única".

Antes que pola religiom e a raça, o lobby sionista e as suas redes se movem por umha ideologia política funcional: o sionismo capitalista-imperial que antepom o mercado, a concentraçom de riqueza, a "política de negócios", a qualquer filosofia que roce as noçons do "bem" ou do "mau" entendidos dentro de parâmetros sociais.

Entom: De que falam quando falam de "antisemitismo" ou de "anti-judaísmo religioso? Em que parâmetros referenciais se baseia a condiçom de "antisemita"? Quem é antisemita? Quem critica aos judeus pola sua religiom ou pola sua raça nas sociedades do mundo?

No máximo, aos judeus, como está provado na realidade social de qualquer país, nom lhos critica pola sua religiom ou condiçom racial senom polo seu apego excessivo ao status do dinheiro (também cultivado por outras colectividades) e a integrar estruturas ou hierarquias de poder dentro de um sistema injusto de opressom e de exploraçom do homem polo homem, como é o sistema capitalista.

Em resumem:

O lobby sionista que protege ao Estado de Israel (por "direita" e por "esquerda) esta conformado por umha estrutura de estrategas e tecnócratas que operam as redes industriais, tecnológicas, militares, financeiras e mediáticas do capitalismo transnacional estendido polos quatro pontos cardinais do planeta.

As suas redes expressam-se através de umha multiplicidade de organizaçons dedicadas a promover o actual modelo global, entre as que se contam principalmente:

The Hudson Institute, The RAND Corporation, The Brookings Institution, The Trilateral Commission, The World Economic Forum, Aspen Institute, American Enterprise Institute, Deutsche Gesellschaft für Auswärtigen Politik, Bilderberg Group, Provo Institute, Tavestock institute, e o Carnegie Endowment for International Peace, entre outros.

Todos estes think tanks ou "bancos de cérebros", reúnem aos melhores tecnocratas, cientistas e estudiosos nos seus respectivos campos, egressados dos as universidades de EEUU, Europa e de todo o resto do mundo.

O lobby nom responde somente ao Estado de Israel (como afirmam os analistas da "cara de direita" dos neocons) senom a um poder mundial sionista que é o dono do Estado de Israel tanto como do Estado norte-americano, e do resto dos Estados com os seus recursos naturais e sistemas económico-produtivos.

O lobby nom somente está na Casa Branca senom que abrangue todos os níveis das operaçons do capitalismo a escala transnacional, cujo desenho estratégico está na cabeça dos grandes charmans e executivos de bancos e consórcios multinacionais que se sentam no Consenso de Washington e se repartem o planeta como se fosse um pastel.

Nem a esquerda nem a direita partidária falam deste poder "totalizado" pola singela razom de que ambas estám fusionadas (a modo de alternativas falsamente enfrentadas) aos programas e estratégias do capitalismo transnacional que controla o planeta.

Portanto, e enquanto nom se articule um novo sistema de entendimento estratégico (umha "terceira posiçom" revolucionária do saber e o conhecimento) o poder mundial que controla o planeta seguirá se perpetuando nas falsas opçons de "esquerda" e "direita".

E o lobby judeu de "direita" dos republicanos conservadores seguirá sucedendo ao lobby judeu "de esquerda" dos democratas liberais numha continuidade estratégica das mesmas linhas rectoras do Império sionista mundial.

E os massacres do Estado de Israel seguirám, como até agora, impunes e protegidas polas estruturas do sistema de poder mundial sionista capitalista que o considera como a sua "pátria territorial".

----- COMMENT: AUTHOR: logos [Visitante] DATE: Sat, 17 Jul 2010 10:45:05 +0000 URL: http://logoslogotipos.com.pt

Os Judeus foram viver para o meio duma terra onde já lá estavam os Palestinianos… e depois ainda se admiram que há conflitos, pois claro que há.

----- COMMENT: AUTHOR: SOS DIREITOS HUMANOS [Visitante] DATE: Mon, 28 Jun 2010 21:51:45 +0000 URL: http://www.sosdireitoshumanos.org.br

DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ ? UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA

?As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
têm direito inalienável à Verdade, Memória,
História e Justiça!? Otoniel Ajala Dourado

O MASSACRE DELETADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA

No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do ?Araguaia?, foi a CHACINA praticada pelo Exército e Polícia Militar em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do SÍTIO DA SANTA CRUZ DO DESERTO ou SÍTIO CALDEIRÃO, cujo líder religioso era o beato ?JOSÉ LOURENÇO GOMES DA SILVA?, paraibano negro de Pilões de Dentro, seguidor do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, encarados como ?socialistas periculosos?.

O CRIME DE LESA HUMANIDADE

O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na ?MATA CAVALOS?, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.

A AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROPOSTA PELA SOS DIREITOS HUMANOS

Como o crime praticado pelo Exército e Polícia Militar do Ceará é de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é IMPRESCRITÍVEL conforme legislação brasileira e Acordos e Convenções internacionais, a SOS DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza ? CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo: a) que seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) a exumação dos restos mortais, sua identificação através de DNA e enterro digno para as vítimas, c) liberação dos documentos sobre a chacina e sua inclusão na história oficial brasileira, d) indenização aos descendentes das vítimas e sobreviventes no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos

A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO

A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá em 16.09.2009, extinta sem julgamento do mérito, a pedido do MPF.

RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5

A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do SÍTIO CALDEIRÃO é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;

A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA

A SOS DIREITOS HUMANOS, como os familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos ? OEA, pelo DESAPARECIMENTO FORÇADO de 1000 pessoas do SÍTIO CALDEIRÃO.

QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA

A ?URCA? e a ?UFC? com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem localizar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes do ?GEOPARK ARARIPE? mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?

A COMISSÃO DA VERDADE

A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e pede que o internauta divulgue a notícia em seu blog/site, bem como a envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal a localização da COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO.

Paz e Solidariedade,

Dr. Otoniel Ajala Dourado
OAB/CE 9288 ? 55 85 8613.1197
Presidente da SOS ? DIREITOS HUMANOS
Editor-Chefe da Revista SOS DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
http://www.sosdireitoshumanos.org.br
sosdireitoshumanos@ig.com.br
http://twitter.com/REVISTASOSDH

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Crónica de uma tragédia anunciada BASENAME: cronica-de-uma-tragedia-anunciada DATE: Thu, 03 Jun 2010 21:53:25 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Ensaio CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Boaventura de Sousa Santos

A tragédia grega da Antiguidade clássica distinguiu-se por ser portadora de questões universais. As questões tinham já sido levantadas noutros lugares e por outras culturas mas tornaram-se universais ao servirem de base à cultura europeia. A actual tragédia grega não foge à regra. Identifiquemos as questões principais e as lições que delas retiramos.

Os castelos neo-feudais: da Disneylandia à eurolandia

Tudo o que se tem passado nos últimos meses na Europa do Sul ocorreu antes em muitos países do Sul global mas enquanto ocorreu no ?resto do mundo? foi visto como um mal necessário imposto globalmente para corrigir erros locais e promover o enriquecimento geral do mundo. A existência de critérios duplos para os mesmos erros ? a dívida externa dos EUA ultrapassa o valor total da dívida dos países europeus, africanos e asiáticos; comparada com as fraudes cometidas por Wall Street a fraude grega é um truque mal feito por falta de prática ? passaram despercebidos e o mesmo aconteceu com as estratégias e decisões por parte de actores muito poderosos com vista a obter um resultado bem identificado: o empobrecimento geral dos habitantes do planeta e o enriquecimento sem sentido de uns poucos senhores neo-feudais apostados em livrarem-se dos dois obstáculos que o século passado pôs no seu caminho desvairado: os movimentos sociais e o Estado democrático (a eliminação do terceiro obstáculo, o comunismo, fora-lhes oferecida pelos arautos do ?fim da história?). A tragédia grega veio revelar tudo isso.

Está hoje relatada em detalhe (com nomes e apelidos, hora e endereço em Manhattan) uma reunião de directores de fundos especulativos de alto risco (hedge funds) em que foi tomada a decisão de atacar o euro através do seu elo fraco, a Grécia. Alguns dias depois, em 26 de Fevereiro de 2010, o Wall Street Journal dava conta do ataque em preparação. Nessa reunião participaram, entre outros, o representante do banco Goldman Sachs, que tinha sido o facilitador do sobreendividamento da Grécia e do seu disfarce, e o representante do especulador de mais êxito e menos punido da história da humanidade, George Soros, que, em 1988, conduzira o ataque à Société Générale e, em 1992, planeara o afundamento da libra esterlina (tendo ganho num dia 1000 milhões de dólares). A ideia do mercado como um ser vivente que reage e actua racionalmente deixou de ser uma contradição para passar a ser um mito: o mercado financeiro é o castelo dos senhores neo-feudais.

O que os relatos raramente mencionam é que esses investidores institucionais, reunidos em Manhattan numa noite de Fevereiro, sentiram que estavam a cumprir uma missão patriótica: liquidar a pretensão de o euro vir a rivalizar com o dólar enquanto moeda internacional. Os EUA são hoje um país insustentável sem essa prerrogativa do dólar. Se os países emergentes, os países com recursos naturais e produtores de commodities ? que o capital financeiro há muito identificou como o novo El Dorado ? caíssem na tentação de colocar as suas reservas em euros (como antes tentara Saddam Hussein e pelo qual pagou um preço alto), o dólar correria o risco de deixar de ser a pilhagem institucionalizada das reservas do mundo e o privilégio extraordinário de imprimir notas de dólares de pouco valeria aos EUA. O golpe foi dado com peso e medida: aos EUA interessa um euro estável na condição de tal estabilidade ser tutelada pelo dólar. É isso o que está em curso e é essa a missão do FMI. Tal como aconteceu no passado, o poder financeiro é o último a ser perdido pela potência hegemónica no sistema mundial. Na longa transição, ?os interesses convergentes? são sobretudo com os países emergentes (no caso, China, Índia, Brasil) e não com o rival mais directo (o capitalismo europeu). Tudo isto foi patente na Conferência da ONU sobre a Mudança Climática realizada em Dezembro passado em Copenhaga.

A falta que o comunismo faz

Os economistas latino-americanos Óscar Ugarteche e Alberto Acosta descrevem como, em 27 de Fevereiro de 1953, foi acordada pelos credores a regularização da imensa dívida externa da então República Federal Alemã.[1] Este país obteve uma redução de 50% a 75% da dívida derivada, directa ou indirectamente, das duas guerras mundiais; as taxas de juro foram drasticamente reduzidas para entre 0 e 5%; foi ampliado o prazo para os pagamentos; o cálculo do serviço da dívida foi definido em função da capacidade de pagamento da economia alemã e, portanto, vinculado ao processo de reconstrução do país. A definição de tal capacidade foi entregue ao banqueiro alemão Herman Abs que presidia à delegação alemã nas negociações. Foi criado um sistema de arbitragem ao qual nunca se recorreu dadas as vantajosas condições oferecidas ao devedor.

Este acordo teve muitas justificações mas a menos comentada foi a necessidade de, em pleno período da Guerra Fria, levar o êxito do capitalismo até bem perto da Cortina de Ferro. O mercado financeiro tinha então, tal como hoje, motivações políticas; só que as de então eram muito diferentes das de hoje e em boa parte a diferença explica-se pelo facto de a democracia liberal se ter tornado no energy drink do capitalismo, que aparentemente o torna invencível (só não o defende de si próprio, como já profetizou Schumpeter). Ângela Merkel nasceria um ano depois e só depois de 1989 viria a conhecer em primeira-mão o mundo do lado de cá da Cortina. Nasceu politicamente a beber essa energy drink, o que, combinado com a militante ignorância da história que o capitalismo impõe aos políticos, transforma a sua falta de solidariedade para com o projecto europeu num acto de coragem política. Sessenta anos depois da ?Declaração de Interdependência? de Robert Schuman e Jean Monet, a guerra continua a ?ser impensável e materialmente impossível?, mas, parafraseando Clausewitz, interrogamo-nos sobre se a guerra não está a voltar por outros meios.

O Estado como imaginação do Estado

Tenho vindo a escrever que a regulação moderna ocidental assenta em três pilares: o princípio do mercado, o princípio do Estado e o princípio da comunidade[2]. Estes três princípios (sobretudo os dois primeiros) têm historicamente alternado no protagonismo em definir a lógica da regulação. Tem sido convencionalmente entendido que a regulação social do período do pós-guerra até 1980 foi dominada pelo princípio do Estado e que de então para cá passou a dominar o princípio do mercado, o que se convencionou chamar neoliberalismo. Muitos viram na crise do subprime e da debacle financeira da 2008 o regresso do princípio do Estado e o consequente fim do neoliberalismo. Esta conclusão foi precipitada. Deveria ter funcionado como alerta a rapidez com que os mesmos actores que, durante a noite neoliberal, consideraram o Estado como o ? Grande Problema?, passaram a considerar o Estado como a ?Grande Solução?. A verdade é que, nos últimos trinta anos, o princípio do mercado colonizou de tal maneira o princípio do Estado que este passou a funcionar como um ersatz do mercado. Por isso, o Estado que era problema era muito diferente do Estado que veio a ser a solução. A diferença passou despercebida porque só o Estado sabe imaginar-se como Estado independentemente do que faz enquanto Estado. O sintoma mais evidente desta colonização foi a adopção da doutrina neoliberal por parte da esquerda europeia e mundial, o que a deixou desarmada e desprovida de alternativas quando a crise eclodiu. Daí, o triunfo da direita sobre as ruínas da devastação social que criara. Daí, que os governos socialistas da Grécia, Portugal e Espanha achem mais natural reduzir os salários e as pensões do que tributar as mais valias financeiras ou eliminar os paraísos fiscais. Daí, finalmente, que a União Europeia ofereça o maior resgate do capital financeiro da história moderna sem impor a estrita regulação do sistema financeiro.

O fascismo dentro da democracia

Nos anos 20 do século passado, depois de uma longa estadia em Itália, José Mariátegui, grande intelectual e líder marxista peruano, considerava que a Europa daquele tempo se caracterizava pela aparição de duas violentas negações da democracia liberal: el comunismo y el fascismo (s/d [1929]: 113)[3]. Cada uma à sua maneira tentaria destruir a democracia liberal. Passado um século, podemos dizer que, no nosso tempo, as duas negações da democracia liberal ? que hoje chamaríamos socialismo e fascismo ? não enfrentam a democracia a partir de fora; enfrentam-na a partir de dentro. As forças socialistas são hoje particularmente visíveis no continente latino-americano e afirmam-se como revoluções de novo tipo: a revolução bolivariana (Venezuela), a revolução cidadã (Equador), a revolução comunitária (Bolívia). Comum a todas elas é o facto de terem emergido de processos eleitorais próprios da democracia liberal. Em vez de negar a democracia liberal, enriquecem-na com outras formas de democracia: a democracia participativa e a democracia comunitária. Se considerarmos a democracia liberal um dispositivo político hegemónico, as lutas socialistas de hoje configuram um uso contra-hegemónico de um instrumento hegemónico.

Por sua vez, as forças fascistas actuam globalmente para mostrar que só é viável uma democracia de muito baixa intensidade (sem capacidade de redistribuição social), confinada à alternativa: ser irrelevante (não afectar os interesses dominantes) ou ser ingovernável. Em vez de promover o fascismo político promovem o fascismo social. Não se trata do regresso ao fascismo do século passado. Não se trata de um regime político mas antes de um regime social. Em vez de sacrificar a democracia às exigências do capitalismo, promove uma versão empobrecida de democracia que torna desnecessário e mesmo inconveniente o sacrifício. Trata-se, pois, de um fascismo pluralista e, por isso, de uma forma de fascismo que nunca existiu. O fascismo social é uma forma de sociabilidade em que as relações de poder são tão desiguais que a parte mais poderosa adquire um direito de veto sobre as condições de sustentabilidade da vida da parte mais fraca. Quem está sujeito ao fascismo social não vive verdadeiramente em sociedade civil; vive antes num novo estado de natureza, a sociedade civil in-civil.

Uma das formas de sociabilidade fascista é o fascismo financeiro, hoje em dia talvez o mais virulento. Comanda os mercados financeiros de valores e de moedas, a especulação financeira global, um conjunto hoje designado por economia de casino. Esta forma de fascismo social apresenta-se como a mais pluralista na medida em que os movimentos financeiros são aparentemente o produto de decisões de investidores individuais ou institucionais espalhados por todo o mundo e, aliás, sem nada em comum senão o desejo de rentabilizar os seus valores. Por ser o fascismo mais pluralista é também o mais agressivo porque o seu espaço-tempo é o mais refractário a qualquer intervenção democrática. Significativa, a este respeito, é a resposta do corrector da bolsa de valores quando lhe perguntavam o que era para ele o longo prazo: ?longo prazo para mim são os próximos dez minutos?. Este espaço-tempo virtualmente instantâneo e global, combinado com a lógica de lucro especulativa que o sustenta, confere um imenso poder discricionário ao capital financeiro, praticamente incontrolável apesar de suficientemente poderoso para abalar, em segundos, a economia real ou a estabilidade política de qualquer país. A virulência do fascismo financeiro reside em que ele, sendo de todos o mais internacional, está a servir de modelo a instituições de regulação global há muito importantes, mas que só agora começam a ser conhecidas do público. Entre elas, as empresas de rating, as empresas internacionalmente acreditadas (mesmo depois do descrédito que sofreram durante a crise de 2008) para avaliar a situação financeira dos Estados e os consequentes riscos e oportunidades que eles oferecem aos investidores internacionais. As notas atribuídas são determinantes para as condições em que um país ou uma empresa de um país pode aceder ao crédito internacional. Quanto mais alta a nota, melhores as condições. Estas empresas têm um poder extraordinário. Segundo o colunista do New York Times, Thomas Friedman, «o mundo do pós-guerra fria tem duas superpotências, os EUA e a agência Moody?s». Friedman justifica a sua afirmação acrescentando que «se é verdade que os EUA podem aniquilar um inimigo utilizando o seu arsenal militar, a agência de qualificação financeira Moody?s tem poder para estrangular financeiramente um país, atribuindo-lhe uma má nota». Num momento em que os devedores públicos e privados entram numa batalha mundial para atrair capitais, uma má nota pode significar o colapso financeiro do país. Os critérios adoptados pelas empresas de rating são em grande medida arbitrários, reforçam as desigualdades no sistema mundial e dão origem a efeitos perversos: o simples rumor de uma próxima desqualificação pode provocar enorme convulsão no mercado de valores de um país. O poder discricionário destas empresas é tanto maior quanto lhes assiste a prerrogativa de atribuírem qualificações não solicitadas pelos países ou devedores visados. O facto de ser também um poder corrupto ? as agências são pagas pelos bancos que avaliam e actuam na especulação financeira, tendo, por isso, interesses próprios nas avaliações que fazem ? não mereceu até agora qualquer atenção. A virulência do fascismo financeiro reside no seu potencial de destruição, na sua capacidade para lançar no abismo da exclusão países inteiros. Quando o orçamento do Estado fica exposto à especulação financeira ? como sucede agora nos países do sul da Europa ? as regras de jogo democrático que ele reflecte tornam-se irrelevantes, a estabilidade das expectativas que elas promovem desfaz-se no ar.

Tudo o que é sólido se desfaz no ar

É bem conhecido o modo como o Manifesto Comunista de 1848 descreve a incessante revolução dos instrumentos de produção por parte da burguesia: ?Tout ce qui avait solidité et permanence s'en va en fumée, tout ce qui était sacré est profané, et les hommes sont forcés enfin d'envisager leurs conditions d'existence et leurs rapports réciproques avec des yeux désabusés?. Quando a usurpação da política por parte de uma econopolícia selvagem atinge os lugares sagrados da democracia, dos direitos humanos, do contrato social e do primado do direito, que até há pouco serviam de santuário de peregrinação para os povos de todo o mundo, a perturbação e o desassossego são o que resta da solidez. A grande incógnita é de saber até que ponto o empobrecimento do mundo e da democracia produzido pelo casino financeiro vai continuar a ocorrer dentro do marco democrático, mesmo de baixa intensidade. Podemos esquecer Mariátegui?

http://www.sul21.com.br/index.php/colunistas/Boaventura-de-Souza-Santos-/198

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: O VATICANO e os ESQUADRONS DA MORTE em Colombia BASENAME: o-vaticano-e-os-esquadrons-da-morte-em-colombia DATE: Thu, 03 Jun 2010 17:04:44 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Aporrea.org

General retirado revela nexos de Igreja colombiana com paramilitares

Bogotá 03 de Junho 2010.- O general em retiro Rito Afasto do Rio revelou hoje que a Igreja Católica colombiana mantivo estreitos vínculos com o paramilitarismo no departamento de Antioquia e que inclusive recebeu dádivas das Autodefensas Unidas de Colômbia (AUC).

Do Rio, citado por Caracol Rádio, sustentou que existem provas que confirmam esses nexos entre alguns dos mais importantes hierarcas da igreja e chefes dos denominados esquadrons da morte.

Ao respeito indicou que um terreno do ex chefe paramilitar Carlos Castaño foi entregado ao entom bispo da zona, monsenhor Isaías Duarte.

O general em retiro também referiu que vários dos mais importantes representantes da Igreja Católica colombiana sustentárom umha forte próxima amizade com os paramilitares.

Assim mesmo criticou que a Fiscalia Geral da Naçom nom pesquise estes nexos.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: Israel: NAZISMO no seu esplendor BASENAME: israel-nazismo-no-seu-esplendor DATE: Wed, 02 Jun 2010 21:36:28 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

rebelion.org/iarnoticias.com

Nem "erro", nem "engano" nem "loucura": Operaçom estratégica estudada. Paralisar a negociaçom com os palestinianos, desestabilizar a política de Obama com o mundo muçulmano, estragar a sua estratégia "negociadora" em Médio Oriente, complicar a aliança estratégica de Washington com Turquia, motorizar o falhanço das negociaçons diplomáticas sobre o programa nuclear iraniano na ONU, e apressar um desenlace militar USA-Israel contra Irám, Síria, Líbano e Gaza, som os objectivos centrais que guiaram a operaçom extermínio militar israelense contra a frota internacional solidaria com Gaza.

A imprensa internacional do sistema coincide num apreciaçom: A operaçom militar de Israel contra a frota solidaria complicou a política regional da Casa Branca em três frentes: As negociaçons de paz com os palestinianos, a relaçom com os aliados árabes, e a aliança estratégica com Turquia.

O papel de Rahm Emmanuel

O Chefe de Gabinete de Obama na Casa Branca, Rahm Emmanuel (nado, criado em Israel, militar do exército israelense e hoje nacionalizado norte-americano, ademais de filho de terrorista sionista ), homem fulcral do controle da Casa Branca polo o sionismo, encontrava-se em Israel na semana anterior ao lançamento do ataque contra a Frota da Liberdade.

Ainda que realizava umha visita privada, Rahm Emmanuel reuniu-se o 26 de maio com o Premiê Netanyahu, com quem manteve discussons ao mais alto nível. E nesse mesmo dia o exército israelense confirmou que lançaria umha operaçom militar contra a pequena frota. O 26 de maio, Rahm Emmanuel estendeu também um convite a Netanyahu para que se reunisse com o Presidente Obama a primeiros de Junho após da sua prevista visita oficial a Canadá. Depois dos últimos acontecimentos, Netanyahu cancelou a sua viagem a EEUU e regressou a Tel Aviv.

----- -------- AUTHOR: Corral TITLE: A NOVA INFÃMIA DO ESTADO NAZI-SIONISTA BASENAME: a-nova-infamia-do-estado-nazi-sionista DATE: Tue, 01 Jun 2010 15:58:33 +0000 STATUS: publish PRIMARY CATEGORY: Dezires CATEGORY: TAGS: ----- BODY:

Resistir.info

O assassinato de 19 inocentes que iam levar socorro à população sitiada de Gaza é mais um crime do estado nazi-sionista.
O regime do apartheid imposto pelo estado judeu ao martirizado povo palestino é um crime continuado no tempo.
A impunidade com que o estado judeu comete as suas infâmias só acontece devido ao beneplácito dos governos ocidentais.
Os crimes destes judeus hitlerianos verificam-se porque contam com o apoio do imperialismo americano e do sub-imperialismo europeu.
É um dever dos cidadãos dignos do mundo todo levantar um brado de protesto contra tais atentados de lesa humanidade.

Assine a petição do Tribunal BRussells

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