CONSULTA:
A que se deve o uso da única exceçom nas terminações -çom/-som como é «ocasiom»? Nom é um pouco contraproducente o seu uso, sobretudo tendo em conta que no galego medieval já se tende a perder o «i» e mesmo poderia passar por castelanismo?
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
O latim OCCASIONE(M) deu como resultado popular "(o)cajom" na Idade Média. A partir do séc. XIV surge a latinismo "ocasiom", que pola data de entrada na língua e carácter erudito mantivo o "i". Nunca existiu *ocasom.
CONSULTA:
Antes de mais, obrigado pelas muitas dúvidas resolvidas; coloco mais duas: tenho entendido que bengaleiro é o lugar onde se pousam os guarda-chuvas, mas também aquele em que se penduram os sobretudos e peças de abrigo, e ainda nalgum lugar alargam o significado para o sítio em que, nos teatros e noutros lugares de cultura, se deixam as peças para recolhê-las depois da função. A outra dúvida é o verbo arranjar; tenho ouvido na RTP um funcionário falar de alguém que «arranjou inimigos», como sinónimo de apanhá-los. É possível entender que «arranjar problemas» seja precisamente o contrário de removê-los?
Mais uma vez, obrigado!
Paulo Mouteira.
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
De harmonia com o luso-brasileiro, utilizaremos em galego a voz bengaleiro para denotarmos o departamento de um teatro, casa de espetáculos, edifício público ou residência onde se guardam as bengalas, guarda-chuvas, sobretodos, etc., dos espetadores ou visitantes (e também o empregado encarregado dessa guarda); em relaçom à peça de mobília dotada de ganchos e destinada a nela pendurar chapéus, roupas, bengalas, etc., utilizaremos cabide e, finalmente, para denotarmos a peça de mobília a modo de recipiente onde se depositam guarda-chuvas (e bengalas), recorreremos à voz porta-guarda-chuvas.
O verbo arranjar tem, com efeito, os significados de ?reparar ou consertar algum objeto ou dispositivo, de modo a que este recupere a sua integridade e funcionalidade? e o de ?conseguir, obter? (esta segunda aceçom de arranjar está ainda viva no galego espontáneo das comarcas da Límia e do Baixo Minho, polo menos). De harmonia com o luso-brasileiro, devemos promover em galego o uso de consertar, como alternativa a arranjar, e o de arranjar no segundo sentido enunciado. No exemplo concreto que aduz o consulente, «arranjar problemas», dificilmente poderá surgir ambigüidade, porque, com a palavra problemas, no sentido de removê-los, deve usar-se antes resolver do que arranjar.
Categoria(s): Léxico
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CONSULTA:
Como devem denominar-se em galego os mamíferos do género Procyon? Já procurei em diversos sítios mas nom dou atopado resultados satisfatórios nem no estraviz.org, nem nos materiais da Real Académia Galega (nom aparece nem no Volga nem no diccionario).
Hugo Martínez.
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
Dado que o conceito ?mamífero do género Procyon? é posterior (na Galiza e na Europa) ao século XV (espécies americanas, exóticas em relaçom à Galiza), a sua designaçom na Galiza está sujeita ao processo degradativo da estagnaçom(e suplência castelhanizante). Nesta circunstáncia, como medida para enriquecer o léxico galego, a Comissom Lingüística da AGAL prescreve, em geral, a coordenaçom com os padrons lexicais lusitano e brasileiro e, no caso de divergência designativa entre Portugal e o Brasil, a priorizaçom na Galiza da(s) soluçom(ns) lusitana(s) (cf. O Modelo Lexical Galego, de próxima publicaçom pola CL-AGAL; Léxico Galego: Degradaçom e Regeneraçom, de Carlos Garrido; Manual de Galego Científico, de Carlos Garrido e Carles Riera).
Em referência às espécies do género Procyon, as denominaçons utilizadas em Portugal som mapache e urso-lavador (ou urso-lavadeiro), enquanto no Brasil se usam as vozes guaxinim, mão-pelada e zorrinho. Por conseguinte, no galego-português da Galiza, usaremos mapache ou urso-lavador ou urso-lavadeiro.
Categoria(s): Léxico
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CONSULTA:
Agulheta, esguicho, aspersor: são sinónimos?
Obrigado.
Paulo
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
As vozes agulheta, aspersor e esguicho (esta última, luso-brasileira, equivale a zicho no padrom lexical galego definido pola Comissom Lingüística da AGAL) som de significado próximo quando se utilizam para designar um dispositivo aplicado ao extremo de um tubo ou mangueira que serve para projetar com força um líquido (água). No entanto, ainda que de significado próximo, as três vozes nom denotam exatamente o mesmo dispositivo.
Assim, agulheta refere-se a umha peça de metal que se atarraxa na extremidade de saída das mangueiras de grande pressom (como as dos bombeiros!) para que o jacto de água jorre com força e poder ser mais facilmente dirigido; zicho (= esguicho em Pt e no Br), por seu turno, designa um dispositivo (de plástico, p. ex.) que se coloca na extremidade de um tubo ou de umha mangueira (de jardim, p. ex.) para fazer a água zichar (= esguichar em Pt e no Br), isto é, para fazer que a água saia a pressom; por último, um aspersor é um dispositivo, fixo ou giratório, que, no campo da agricultura, e aplicado ao extremo de um tubo ou mangueira, serve para projetar e borrifar (= aspergir, pulverizar, atomizar em gotículas) a água sobre plantas de cultura (método de irrigaçom).
Categoria(s): Léxico
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CONSULTA:
A minha dúvida é sobre a forma galega correta que se corresponde com o luso-brasileiro leilão ?poja?. Tenho visto leilom, que acho deve ser umha regaleguizaçom errónea; o Prof. Garrido cita no seu Léxico Galego a forma leilám e no Estraviz aparece leilão. Também no Dicionário de Dicionários aparece quase sempre leilán, mas também umha abonaçom da expressom andar ó leilao.
Pode ser entom umha palavra do tipo irmão (que coexista com a forma irmám) ou é decididamente umha palavra do tipo capitám (sem o correspondente na Galiza da forma capitão)? Ou, dito de outra maneira, na padronizaçom da AGAL seria leilao ou leilám (supondo que nom tenha de ser leilom!)?Cumprimentos e obrigado.
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
No galego (contemporáneo), com o sentido de ?venda pública de objetos a quem oferecer maior lance?, isto é, com o sentido de ?hasta, almoeda, arremataçom?, regista-se, com efeito, a forma leilám, harmónica com o correspondente étimo árabe (al-alam) e motivadora da forma de plural leiláns ou leilães, esta ainda hoje algumha vez registada, ao lado da esmagadoramente maioritária leilões, no ámbito luso-brasileiro. Por estes motivos, a forma padronizável na Galiza é leilám.
Categoria(s): Léxico
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