O sufixo diminutivo -ito em galego

18-09-2011

CONSULTA:

Olá!

No padrom de Portugal (penso que no do Brasil também) existem os sufixos diminutivos ?ito e ?zito (para além de ?inho e -zinho). Tenho várias dúvidas com relaçom a isto:

1- Som os sufixos ?ito e ?zito castelhanismos como parecem?
2- No padrom que a AGAL está a elaborar vam ser admitidos estes sufixos diminutivos, como em Portugal? Quer dizer, já sei que os sufixos nom fam parte do léxico (acho que fam parte da morfologia), mas, em qualquer caso, som admitidas já ou vam ser admitidas na próxima codificaçom estes dous sufixos diminutivos? Quais as razons de serem/nom serem admitidos?

Obrigado

Juliám

RESPOSTA DA COMISSOM:

Na variedade galega do galego-português, a ocorrência produtiva do sufixo -ito como diminutivo é marginal, muito rara, e o sufixo diminutivo usual é -inho (ex.: rapazinho) Enquanto na variedade brasileira da língua acontece o mesmo que na Galiza, na variedade lusitana, em Portugal, o emprego do diminutivo -ito, embora menos freqüente que o de -inho, nom é raro, e o sufixo apresenta umha conotaçom afetiva positiva ou negativa (ex.: rapazito). No quadro da codificaçom do galego, polas razons expostas, a Comissom Lingüística da AGAL inclina-se a recomendar o uso habitual em galego, como sufixo diminutivo produtivo, de -inho, se bem que, como acontece no Brasil, também nom se censure um uso ocasional, e marcado, de -ito, na eventual procura de umha conotaçom afetiva (positiva ou negativa) «lusitanizante» (cf. dicionário Houaiss s.v. ?-ito?).

Por último, tenha-se em conta que, diferentemente do sufixo -ito produtivo, utilizado livremente polo utente da língua (em Portugal) para formar diminutivos, o galego-português, em todas as suas variedades, também apresenta alguns casos do sufixo -ito lexicalizado, com pouca ou nula consciência do sufixo, como nas palavras bonito, cabrito, favorito, palito (neologismo incorporável ao galego para se evitar o castelhanismo suplente *palillo), etc.

Categoria(s): Morfossintaxe
Chuza!
Maior e menor ou mais pequeno

18-09-2011

CONSULTA:

Vejo que no galego de Portugal e do Brasil nom é comum utilizar o superlativo composto "mais grande".

O normal é dizer "maior". Porém, sim utilizam "mais pequeno".

É correto no padrom lusitano "mais grande"? E no padrom galego?

RESPOSTA DA COMISSOM:

Em galego-português, em contraste com o que acontece em castelhano, maior e menor som comparativos de tamanho, nom de idade (em bom galego deve dizer-se, portanto, «a irmá mais velha / mais nova», «Quando for crescido/grande, quero ser médico» [= cast. «Cuando sea mayor, ...»] e «O elefante-africano é o maior mamífero terrestre»). Como comparativo de grande, nas variedades lusitana e brasileira do galego-português, socialmente estabilizadas, a forma *mais grande é considerada incorreta, polo que cumpre, do mesmo modo, excluí-la do galego culto; polo contrário, como comparativo de pequeno, admite-se tanto a forma sintética menor como a analítica mais pequeno.

Como conseqüência do perfil semántico que acabamos de atribuir a maior, tenha-se em conta que esta voz também pode utilizar-se em sentido ponderativo com o significado de ?importante? («Ernst Mayr foi um dos maiores biólogos do séc. XX»), e para indicar que umha pessoa atingiu a maioridade ou maioria de idade («Eu já som maior e podo entrar sozinho nos bares»), mas nom, como em castelhano, como eufemismo empregado para evitar a voz velho(s) (cast. «persona mayor», «hogar para mayores»); neste último sentido, em galego devemos utilizar idoso («pessoa idosa / idoso/a», «lar de idosos»).

Categoria(s): Morfossintaxe
Chuza!
Camisa, camisola, camiseta

17-08-2011

CONSULTA:

Qual a diferença, diferenças, ou similitudes entre camiseta, camisola, camisa e casaco/casaquinho?

Para além disso queria aprobeitar para esclarecer uma outra dúvida no que diz respeito aos nomes da roupa: Qual o sinónimo em galegoportuguês da palavra espanhola ''sudadera'' e, para denominar o ''jersei'' qual a palavra nossa mais ajeitada para usarmos?

Com os melhores cumprimentos.

Muito Obrigado.

Fran

RESPOSTA DA COMISSOM:

O léxico das peças de roupa está naturalmente mui castelhanizado. Trata-se de um ámbito em que existe umha enorme diversidade de termos específicos, vulgarizados modernamente através da linguagem comercial, em geral por lojas, revistas e publicidade. Para além dessa grande diversidade de vocábulos específicos, também existem termos genéricos que costumam englobá-los, mais usados na linguagem corrente. É especialmente destes últimos que fala Fran e neles nos vamos centrar.

Umha vez que se trata de um ámbito onde as falas galegas que chegárom aos nossos dias pouco podem fornecer, levaremos em conta o uso atual em Portugal, ainda admitindo que existam diferenças importantes em relaçom ao Brasil, que nom deixaremos de referir em ocasions pontuais. Quanto à Galiza, é verdade que ainda há quem use palavras como calças ou peúgos, mas a convergência com o castelhano é praticamente absoluta para a maioria dos utentes.

A palavra casaco denomina umha série de peças de roupa que se vestem sobre outras e que se abrem por diante, até a cintura, por exemplo o 'de malha' ou o que fai parte do fato. Comercialmente, os tipos de casaco, com os seus diferentes nomes, som numerosos, mas popularmente costuma usar-se a palavra genérica que os engloba todos, quase sempre traduzível para castelhano por chaqueta. Casaquinho é o diminutivo de casaco.

Camisola é o termo genérico que abrange suéteres, pulôveres, T-shirts e quaisquer outras peças de roupa que se vestem pola cabeça e cobrem o tronco e, muitas vezes, os braços, inclusive as que em castelhano se conhecem como jerséis e como sudaderas. Quanto às últimas, coloquialmente, o normal é denominar camisola ou camisola com capuz o que nas lojas também se vende como suéter desportivo (com/sem capuz). Isto é, tanto som camisolas as de lá de inverno como as interiores que vam coladas ao corpo, como as usadas para fazer desporto, quer jogging quer futebol ou basquetebol, por exemplo.

Isto quer dizer que nas falas portuguesas nom penetrou o anglicismo jersey, conservando-se camisola com essa aceçom. Polo contrário, além Minho alastrou outro anglicismo que o espanhol nom trouxo até nós: T-shirt. Este último termo refere-se às camisolas geralmente de manga curta, por isso com forma de T, que normalmente tenhem um desenho publicitário ou reivindicativo à frente. Com este valor, a palavra usada no Brasil é camiseta.

Nom existem divergências entre o uso de camisa em galego e em castelhano.

Em resumo, em galego temos as seguintes possibilidades:

Camisa: em geral, peça de roupa aberta por diante com botons de tecido leve.
Casaco: em geral, peça de poupa aberta por diante usada sobre outras peças de roupa, sobretodo camisas.
Camisola: em geral, qualquer peça de roupa vestida pola cabeça que cobre o tronco, designadamente as de lá e algodom usadas sobre T-shirts.
Camiseta ou T-shirt: em geral, tipo de camisola vestida pola cabeça, de tecido mais leve que a camisola, que costuma levar um desenho publicitário ou reivindicativo pola frente.

Categoria(s): Fonética, Léxico
Chuza!
Indentaçom

25-07-2011

CONSULTA:

Gostaria de saber cal é o termo em tipografia mais correto prò que se conhece em português como indentação (do inglês) e sangría (do castelão?) na norma ILG-RAG.

Ivám

RESPOSTA DA COMISSOM:

Em primeiro lugar, o consulente deve saber que, em galego, os usos do vocabulário moderno, culto e especializado, felizmente, nom estám regulados polas Normas Ortográficas e Morfolóxicas do Idioma Galego, do ILG e da RAG, e, a esse respeito, a única estratégia natural, económica e funcional ?também, de facto, proclamada na «Introdución» daquele texto normativo? é a coordenaçom lexical galego-portuguesa.
Dado que o conceito (do ofício tipográfico) por cuja designaçom em galego se interessa o consulente surge com posterioridade ao século XIV e, portanto, ao início na Galiza dos Séculos Obscuros, ele corresponde a esse amplo setor do léxico (moderno, culto, especializado) que, nunca surgido na Galiza em galego, deve ser agora habilitado em galego, e de harmonia com as variantes socialmente estabilizadas do galego, o lusitano e o brasileiro. Neste caso, de harmonia com o uso português, esse espaço inicial que se deixa no início de um parágrafo pode denominar-se recolhido, avanço ou indentaçom.

Para findarmos esta resposta, um pequeno comentário sobre as vozes de origem estrangeira. Se quiger evitar umha voz de origem inglesa, o nosso consulente fará muito bem em deixar de parte a soluçom indentaçom e em priorizar, com o sentido indicado, recolhido ou avanço. Ora, nom polo mero facto de umha voz galego-portuguesa provir de umha língua estrangeira já tem de ser rejeitada. Por exemplo, seguindo a estratégia habilitadora acima explicada, nom devemos rejeitar em galego a incorporaçom a partir do luso-brasileiro das vozes basquetebol ou omeleta, de proveniência inglesa ou francesa, pois elas som plenamente funcionais (sem alternativa eficaz) no luso-brasileiro atual e venhem a preencher umha lacuna designativa em galego que por agora só fora preenchida polo deturpador castelhano. De resto, isto é também o que se verifica em castelhano, já que, por exemplo, os falantes dessa língua nom rejeitam as vozes mítin nem water-polo, também de origem inglesa (e cujos equivalentes em galego-português, curiosamente, som patrimoniais: comício e pólo aquático, respet.).

Categoria(s): Léxico
Chuza!
Antano e hogano

24-07-2011

CONSULTA:

Queria saber qual é a forma culta galega, se existir, para o antónimo de "antano", equivalente, por exemplo, do castelhano "hogaño". Agradecia também umha explicaçom sobre a sua etimologia, se possível.

RESPOSTA DA COMISSOM:

Datada, segundo o dicionário brasileiro Houaiss, no século XIII, a forma 'ogano' é formada do latim 'hoc anno' ('este ano') é considerada arcaica em português, ficando normalmente fora dos dicionários e carente de uso nos padrons brasileiro e lusitano.

Na Galiza, continua a registar-se como uso vivo e sobretodo literário nos séculos XIX, XX e até a atualidade, incluindo-se também nos dicionários e tanto na proposta normativa isolacionista, quanto na reintegracionista, se bem grafada com agá inicial etimológico (Estudo Crítico, 1982).

Quanto ao seu contrário, 'antano' (do latim 'ante annu', 'antes deste ano'), fica fora dos dicionários portugueses e brasileiros, que registam a forma 'antanho', castelhanismo incorporado a Portugal no século XVI e com um uso vigente nos padrões lusitano e brasileiro.

Na Galiza, a forma 'antano' tem mantido um uso paralelo ao seu antónimo, permanecendo hoje nos dicionários e nos padrons isolacionista e reintegracionista (Estudo Crítico, 1982).

Estamos, portanto, diante de duas formas adverbiais diferenciais galegas no ámbito galego-luso-brasileiro-africano de expressom portuguesa. Como tais, ambas som tidas por legítimas e o seu uso considerado correto.

tags: antano, hogano
Categoria(s): Ortografia, Léxico
Chuza!

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