Anteprojeto e pré-projeto

16-05-2011

CONSULTA:

Ola, por ser alguém me pode ajudar, preciso saber se é correcto usar o termo "pre-projecto" para se referir a um estudo previo que nao entre na categoria de "ante-projecto"?

Obrigada

María Xosé

RESPOSTA DA COMISSOM:

A palavra anteprojeto (de ante + projeto) refere-se ao esboço que serve de base para a elaboraçom de um projeto, usando-se sobretodo nos campos da política ou da arquitetura e da engenharia. Nestes últimos ámbitos, o anteprojeto, como estudo preliminar de um plano, costuma conter umha estimativa do custo do projeto.

O termo pré-projeto contém o elemento de formaçom pré-, que exprime anterioridade (antes do projeto), e nesse sentido, ainda que nom costume estar dicionarizado, pode usar-se com o mesmo valor que anteprojeto. Porém, aquele composto é menos usado do que este, aparecendo mais vinculado ao ámbito académico (p. ex. pré-projeto de monografia) do que a outros, como a política, em que a palavra mais usada é claramente anteprojeto (p. ex. anteprojeto de lei).

Categoria(s): Léxico
Chuza!
Ventim

14-05-2011


Rio Ventim

CONSULTA:

Tenho outra dúvida sobre topónimos modificados con pintura nos carteis na parroquia de Biduído (Vidoído, segundo vós), en Ames. Aparece trocado Bentín por Ventim e acho que nom é correcto, por proceder de maneira evidente na minha opiniom, do antropónimo Bento. Que me podedes dizer ao respeito? Obrigado.

Manoel

RESPOSTA DA COMISSOM:

A maior parte dos numerosos topónimos que possuem a terminaçom -im (Sendim, Marim, Lalim, Verim...), como outros acabados em -i (Sismundi), em -e (Urdilde) ou em -áns (Bertamiráns), tenhem origem em genitivos latinos aplicados a possessores de nome germánico ou galaico-romano na Alta Idade Média. Por exemplo, no caso de Sendim, é preciso supor umha forma antiga como (Vîllam) Sandîni, genitivo de Sandînus, que iria perder a primeira palavra ?Vila? posteriormente, e que traduzida à linguagem dos nossos dias significaria 'vila ou terras de Sandino'.

O topónimo Ventim também pertence ao grupo que tem origem num antropónimo, mas este relaciona-se com o atual Valentim e nom com Bento, devendo escrever-se portanto com v. De facto, assim aparece documentado já na época medieval repetidamente, altura em que também conheceu a forma prévia Vaentim/Vaintim, como mostramos abaixo num documento latino de 1156. Sem ser um topónimo freqüente, regista-se também, para além de Ames, nos concelhos de Fornelo de Montes, Muros, Maçaricos, Ribeira, Pol, Touro e Caniça.

1156, maio, 12.

Nuno Páez, juntamente com os seus filhos, vende ao mosteiro de Sam Justo [de Tojos-Outos] a sua propriedade (que é a duodécima parte, que herdou dos seus antepassados) do chamado «casal de Anaia», no lugar de Serres (da freguesia de Sam Joám [de Serres, no atual concelho de Muros]), por um potro de boa qualidade.

Tombo de Tojos-Outos
, fólios 54v-55r.

«Carta de Munio Pelaiz de hereditate de Serres».
In Dei nomine.
Ego Munio Pelaici et filii mei vobis senioribus Sancti Iusti, in Domino salutem.
Placuit michi et mea est voluntas ut facerem vobis kartam vendicionis de hereditate mea propria quam habeo de subcepcione avorum meorum et parentum in villa Serres, sub aula Sancti Iohannis, sub monte de Tixia et de Cavalengo, discurrente fluvio Sirria, et per terminos de Vaintim et de Peda Mala et per certos terminos antiquos de illa hereditate de illo casale de Serres supra nominato, qui apellatur «casale de Anaia».
Do vobis duodecimam partem, quietam et absque calumpnia, pro quo accepi de vobis unum poldrum obtimum; quod mihi et vobis bene complacuit, et de precio nichil remansit in debito. Habeatis eam, cum omnibus suis directuris, per ubi eam potueritis invenire, et faciatis de illa que vestra fuerit voluntas.
Sed si aliquis homo contra hanc scripturam venerit, vel venero, pariat illam hereditatem duplatam, et insuper solidos XXX.
Facta karta venditionis IIIIº idus maii, era Iª Cª LXLª IIIIª [= millesima centesima nonagesima quarta = era 1194 = ano 1156].
Ego Munio in hac karta manus.
Qui presentes fuerunt: Petrus, ts.; Pelagius, ts.
Munio qui notuit.

(Informaçom proporcionada por José Martinho Montero Santalha)

Categoria(s): Ortografia, Morfossintaxe
Chuza!
Cantai e cantade

08-05-2011

CONSULTA:

Tenho umha dúvida à hora de escrever, e tem a ver com os imperativos. Entre a forma mais conservadora em -de ("cantade") ou a comum a lusofonia em -i ("cantai"), ambas usadas na Galiza, qual recomendam que usemos? Eu utilizo habitualmente as formas em -de por serem as próprias da minha regiom, mas em ocasions tenho dúvidas de como proceder.

Obrigada.

Rosa

RESPOSTA DA COMISSOM:

A Comissom Lingüística da AGAL, no seu Guia Prático de Verbos Galegos Conjugados, admite as duas formas de construir o imperativo: cantade e cantai. Ora, umha vez que as formas do imperativo em -i apresentam na Galiza umha considerável extensom geográfica e que som as comuns às variedades lusitana e brasileira da língua, parece conveniente priorizá-las na língua formal, tal como propom, por exemplo, o Manual Galego de Língua e Estilo, de M. Castro Lopes, B. Peres Bieites e E. Sanches Maragoto.

Categoria(s): Morfossintaxe
Chuza!
"Gostaria de caminhar pola rua, mas algumha nom tem passeio"

25-04-2011

CONSULTA:

Tenho entendido que "beira-rua" é umha palavra 'inventada' modernamente. Gostaria saber qual é a forma mais correcta em galego.

Por outra parte, e a raiz da frase minha anterior, é mais correcta em galego a expressom "gostaria saber" ou "gostava de saber"?

Obrigada.

Rosa

RESPOSTA DA COMISSOM:

1. Questom sobre beira-rua

Com efeito, a voz beira-rua foi inventada polo Instituto da Lingua Galega, entidade codificadora isolacionista, no decénio de 1980 para preencher umha lacuna designativa do galego. Ora, tal invençom é por completo desnecessária e prejudicial para a nossa língua, dado que se revela antieconómico termos de aprender umha palavra nova, inventada, cujo uso acarreta isolamento a respeito das variantes geográficas socialmente normalizadas do galego, isto é, a respeito do lusitano e do brasileiro. Se tanto em galego como em lusitano e brasileiro se di rua, o lógico é que o galego coincida também com as suas variantes na designaçom do espaço lateral da rua destinado aos peons, isto é o passeio.

A norma geral, de senso comum, natural e económica para o galego que o Reintegracionismo e a Comissom Lingüística da AGAL proponhem aplicar a casos como este, em que se devem designar conceitos cuja apariçom é posterior ao início na Galiza dos Séculos Obscuros (séc. XV), consiste na coordenaçom lexical constante com os padrons lusitano e brasileiro e na simultánea expurgaçom dos castelhanismos suplentes (neste caso, *acera). No caso de se registar divergência lexical entre Portugal e o Brasil, como norma geral, e até nom se atingir umha efetiva unificaçom lexical, a Comissom Lingüística, atendendo à maior proximidade geográfica e sociocultural existente entre a Galiza e Portugal, propom adotar em galego a soluçom conhecida em Portugal.

Para findarmos o tratamento da questom relativa a *beira-rua, diga-se que esta voz inventada polo ILG, apesar de ter sido concebida num ?laboratório?, nom se revela plenamente compatível com o léxico galego, já que nom se amolda bem ao modelo representado pola voz patrimonial galego-portuguesa beira-mar (ou, também, beira-rio). Observe-se, a este respeito, que a beira-mar nom fai parte do mar, mas o passeio sim fai parte da rua, polo que, se tivesse sido bem formada, a voz inventada teria adotado a forma beira-calçada! Em qualquer caso, por motivos de clara economia comunicativa e de solidariedade intrassistémica, sempre deveremos preferir em galego o uso de passeio.

2. Questom sobre o verbo gostar

O uso correto de gostar inclui a preposiçom de. Exemplos: Nom gosto de gelados. Gosto muito de ir à praia. Por outro lado, som construçons sinónimas e igualmente válidas Gostaria de saber e Gostava de saber, sendo esta última menos formal do que primeira.

Categoria(s): Léxico, Morfossintaxe
Chuza!
Contrato chave na mao

19-04-2011

CONSULTA

Ola!

A minha duvida é sobre como dizer o que em espanhol se conhece como "contrato llave en mano", e dizer, aquele contrato no que o contratista se obriga fronte ao cliente a construir e pôr em andamento uma obra que ele próprio projetou.

Saudinha e muito obrigado!

Ângelo

RESPOSTA DA COMISSOM

Diz-se contrato chave na mao, à semelhança doutras línguas románicas: ?contratto chiavi in mano?, ?contrat clefs en main? ou ?contrato llave en mano?.

Um contrato chave na mao é, com efeito, aquele em que um empreiteiro assume responsabilidade polo projeto, a construçom e o arranque da obra.

Em textos portugueses a locuçom ocorre com freqüência ligada por hífens: contrato chave-na-mão, tal como mão-de-obra ou fim-de-semana, por exemplo. No entanto, doravante, conforme a adaptaçom galega do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990:

«Além de alguns nomes vernáculos de grupos de animais, vegetais e fungos, as únicas vozes que apresentam mais de duas palavras ligadas por hífen som os termos limpa-para-brisas e mais-que-perfeito e os topónimos cujos elementos estám vinculados por artigo: Sobre-os-Moínhos, Trás-os-Montes, etc.» (nota 26, pág. 50 da Atualizaçom da Normativa Ortográfica da Comissom Lingüística da AGAL conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990)

Categoria(s): Léxico
Chuza!

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