CONSULTA:
Qual é a expressom galega que venha a cobrir a castelá "Al fin y al cabo"?
RESPOSTA DA COMISSOM:
No nosso idioma temos a mesma expressom "ao fim e ao cabo", que apresenta um reforço por redundáncia de "fim" e "cabo", pois significam o mesmo. Outras expressons mais ou menos sinónimas som "afinal de contas" e "no fim de contas".
Categoria(s): Léxico
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CONSULTA:
Agrafoxo, Agrafojo, Agrafogo?
Este apelido é típico da zona da costa corunhesa, entre Noia e Ribeira, só que nom sei qual seria a forma escrita correta.
Aloia Fernández-Sampedro Carvalhido
RESPOSTA DA COMISSOM:
Como ocorre com outros muitos, Agrafojo é um apelido de origem toponímica, composto de dous elementos transparentes: agra + fojo.
A forma correta de grafar o segundo elemento é Fojo, substantivo que deriva do latim popular foveu (latim clássico fovea): ?cova, buraco, furna? (Cf. o castelhano «hoyo»).
Um fojo é (ou antes era) uma armadilha para apanhar lobos. Consistia numha cova funda e redonda tapada com ramos, amiúde parcialmente rodeada dum muro de calhaus. Muitas vezes no fundo do fojo era colocada uma infeliz ovelha tinhosa para que servisse de engodo à voracidade do lobo, como nos recorda Camilo Castelo Branco numha das suas célebres Novelas do Minho.
Como topónimo é abundante na Galiza e nas terras minhotas e trasmontanas, nom raro associado, como era de esperar, ao lobo: Fojo do Lobo, Fojo Lobal, etc.
Nota:
Enquanto topónimo, é melhor escrever "Agra-Fojo" (cf. apêndice toponímico do Prontuário Ortográfico Galego e o programa Topogal da CL-AGAL), grafia que torna clara a composiçom semántica da denominaçom e que harmoniza com o uso habitual em Portugal ("Vila Cova", por exemplo) e que, convenientemente, contraria o hábito espanhol hoje mimeticamente adotado na Galiza polas instituiçons galegas ("Vilaboa").
CONSULTA:
Seria aceite na escrita, é só uma particularidade dialetal ou uma outra coisa?
Fui - Fum
Colhi - ColhimPablo César Galdo Regueiro
RESPOSTA DA COMISSOM:
Como é bem sabido, o galego perdeu de maneira muito maioritária a nasalaçom vocálica fonologicamente rendível que existiu na etapa medieval e que ainda existe em Portugal, Brasil e restantes países de língua portuguesa, ao ponto de ser considerado esse um traço caraterístico do português. Referimo-nos a formas como 'irmão', 'cães' ou 'canções'. Entretanto, na Galiza produziu-se também umha curiosa generalizaçom do traço consonántico nasal velar nas primeiras pessoas dos pretéritos perfeitos da segunda e terceira conjugaçons fracas e na mesma pessoa de todos os pretéritos perfeitos fortes, tal como se vê no exemplos colocados pola pessoa que nos fai esta consulta.
É verdade que existem ainda pontos no leste do nosso país (Portelas, Ancares...) onde se conserva a forma original nom anasalada. No entanto, é evidente o caráter muito maioritário da forma inovadora, provavelmente resultado da extensom analógica do -m presente noutras terminaçons do mesmo tempo. Esse fator, junto à inquestionável natureza endógena do fenómeno (o espanhol coincide aí com o resultado antigo galego e com o atual luso-brasileiro) tornam recomendável a padronizaçom das formas com nasalaçom, quer dizer, as segundas dos pares que figuram no enunciado da consulta. É isso que fam o Estudo Crítico e o Prontuário Ortográfico da AGAL desde as suas primeiras ediçons, de 1983 e 1985, respetivamente.
Categoria(s): Morfossintaxe
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CONSULTA:
Olá. Quisera saber qual é o critério para acentuar (em norma Agal) as palavras rematadas em -am (Alvám) e nom as em -om (cançom). Obrigado e parabéns pelo consultório.
Xico Bugueiro
RESPOSTA DA COMISSOM:
A resposta é muito fácil: o objetivo das regras de acentuaçom consiste em dar a conhecer ao leitor a vogal tónica de umha palavra, mediante o sistema de presença ou ausência dos acentos, tendo em vista geralmente aforrar acentos e a máxima coerência interna do sistema.
No caso em questom: levam acento as palavras agudas em -am para diferenciá-las das graves correspondentes (cantarám vs. cantaram); e escolhem-se as agudas para levar o acento porque, na nossa língua, som menores em número que as graves (pense-se só no verbo: "cantam", "cantavam", "cantaram", "cantariam" frente unicamente a "cantarám"). No caso das agudas em -om, acontece justamente o contrário: a imensa maioria acaba em -om agudo (particularmente nos substantivos: cançom, coraçom, satisfaçom...) e muito poucas som as graves em -om (pouco mais que, no verbo, 3ª pessoa de plural do pretérito perfeito simples: cantárom, comêrom, partírom). Como nom há agudas em -om no sistema verbal, poderia abolir-se este acento, mas assim faltaríamos à coerência do sistema, introduzindo um princípio novo, de ordem morfológica, alheios à base fonética sobre a qual se formulam as regras de acentuaçom.
Categoria(s): Ortografia
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CONSULTA:
A minha dúvida é em relaçom à palavra tirabeque. O estraviz.org recolhe-a como forma legítima galega. No dicionário priberam nom aparece. No Brasil, onde moro atualmente, nom conhecem esta forma. Como se deveria dizer na Galiza? Como é a forma portuguesa? Na definiçom do estraviz di que é o mesmo que ervilhas mas segundo entendo eu as ervilhas som sempre sem a vagem que as envolve entom o tirabeque espanhol seria o conjunto de ervilha mais o envoltório, quer dizer, as ervilhas e a vagem. Muito obrigado por partilhar a vossa sabedoria!!
Diego
RESPOSTA DA COMISSOM
A voz tirabeque, que designa umha variedade de ervilha (Pisum sativum), é, em galego, um castelhanismo, de origem catalá (cat. tirabec), ilegítimo. As correspondentes vozes legítimas em galego, comuns ao lusitano e ao brasileiro, som ervilha-forrageira e ervilha-miúda. A ervilha-forregeira ou ervilha-miúda (cujo nome científico varia algo conforme as fontes bibliográficas: Pisum sativum var. arvense, Pisum sativum convar. speciosum ou, mesmo, Pisum arvense) é umha planta cultivada principalmente para forragem (planta inteira), ainda que as suas sementes, escuras e freqüentemente maculadas de castanho-purpúreo, também se destinem à cozinha.
Categoria(s): Léxico
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