CONSULTA:
Boa tarde,
gostaria de consultar a expressom «dar o corpo» ou «dar no corpo» como sinónimo de «intuir». Qual das duas é a expressom correta? Ou som as duas? Que origem tem?
Parabéns polo vosso labor.
Obrigado
Óscar
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
Como refere o amável consulente, a expressom popular dar [a alguém] o corpo utiliza-se com o sentido de 'pressentir qualquer cousa', como em «Dava-me o corpo que, desta vez, ia superar a prova». No mesmo sentido, também se pode recorrer às expressons ter um palpite ou ter um pressentimento.
CONSULTA:
No dicionário aparece a distinçom entre empada e empanada; porém, na oralidade nunca ouvim.
No Brasil a nossa empada é o empadão. E empada a empanadilla. Como devemos denominar na Galiza as empanadas? E as empanadillas?
Obrigado!
Diego
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
Embora os dicionários luso-brasileiros registem as formas empanada e empanadilha para designar duas especialidades culinárias bem populares na Galiza, em galego nom podemos aceitar tais denominaçons, por serem claramente castelhanas, e nom galego-portuguesas (repare-se nos castelhanos n intervocálico e sufixo -ilha dessas formas). Por conseguinte, para designarmos em bom galego-português da Galiza as especialidades culinárias galegas cujos nomes castelhanos som empanada e empanadilla, recorreremos, respetivamente, às formas genuínas galego-portuguesas empada e empadinha
Categoria(s): Léxico
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CONSULTA:
Há alguma equivalência de pegar no sentido de apanhar uma pessoa? Pilhar é próprio de registos coloquiais? Doutro lado, que palavra recomendam para pegar no sentido castelhano (agredir) que não seja esta, talvez demasiado culta? Obrigado.
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
Em bom galego, e de harmonia com o luso-brasileiro, deve priorizar-se o uso do verbo pegar com o sentido de 'prender, agarrar' (ex.: «pegou o lápis» ou «pegou no lápis», «pegou o ladrom polo pé»), e deve utilizar-se, com o sentido de 'aderir', o verbo colar (ex.: «colar cartazes na parede»). O verbo colher deve reservar-se, maiormente, para traduzir o sentido de 'extrair, tirar, (re)coletar, colheitar' (ex.: «colher flores e frutos»), enquanto que apanhar tem o sentido geral de 'tomar, capturar, recolher do chao, segurar, surpreender alguém a fazer umha cousa', em usos como «apanhar água de um poço», «apanhar lenha», «apanhar o lápis do chao», «apanhar um táxi», «apanhou-nos a roubar», «a noite apanhou-me ainda a caminho», etc. Por outro lado, pilhar é voz relacionada com pilhagem («os soldados pilhárom e incendiárom o povoado»), e, como equivalente do cast. pegar 'agredir', em galego utilizamos bater ou espancar (ex.: «bater o tapete para lhe tirar o pó», «bateu-lhe com o cinto», «bateu no filho com sanha»,«professor foi espancado por dous alunos»).
Categoria(s): Fonética
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CONSULTA:
É correto o uso de «en cámbio"? Exemplo: «Sempre transijo; em cámbio, ti tés que sair sempre com a tua.»
Joám
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
Nom, nesse caso nom é correto o uso de cámbio. O uso da palavra cámbio, em galego-português, deve restringir-se àqueles enunciados relacionados com as divisas («cámbio dólar-euro», p. ex.). Por outro lado, quando a voz castelhana cambio tem o valor de permuta (p. ex., na locuçom a cambio de), em galego equivale a troca, e quando tem o valor de transformaçom, equivale em galego a mudança, (ou alteraçom). No entanto, na locuçom castelhana en cambio, cambio tem valor de contraste ou de oposiçom, de modo que aí equivale a umha conjuçom ou locuçom galega adversativa ou contrastiva, como no entanto, porém, enquanto (que), polo contrário... Por conseguinte, o exemplo proposto formula-se assim em bom galego: «Eu sempre transijo; polo contrário, tu tens sempre de levar a melhor!» ou «Eu sempre transijo; no entanto, tu tens sempre de levar a melhor!».
Categoria(s): Léxico
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CONSULTA:
Segundo o Manual de iniciaçom à língua galega, os verbos em -azer ou -uzir perdem a vogal temática na terceira pessoa do presente do indicativo: ele produz/praz/etc. Estas formas verbais dam-se na Galiza? Acontece o mesmo com querer e valer (ele quer/val)?
Ivám
RESPOSTA DA COMISSOM LINGÜÍSTICA:
Conforme o Guia Prático de Verbos Galegos Conjugados da Comissom Lingüística da AGAL, a terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos findos em -azer e -uzir perde, com efeito, a vogal temática (jazer > jaz, conduzir > conduz), embora a conservem quando seguidos do pronome de complemento direto o, a, os, as (conduze-o(s), conduze-a(s)). É verdade que no galego espontáneo contemporáneo nom se registam estas formas, mas tal tem ficado a dever-se à postergaçom sociocultural que o galego padece desde o século XVI (início dos Séculos Obscuros), o que nuns casos determinou a erosom de unidades lexicais de cariz formal já existentes na fase medieval (como jazer > jaz) e, noutros, a estagnaçom e suplência castelhanizante (nunca chegárom a cristalizar de forma autónoma na Galiza conjugaçons de verbos «modernos» como os findos em -duzir: aduzir, conduzir, produzir, etc.).
Quanto aos verbos querer e valer, diga-se que as formas patrocinadas pola Comissom Lingüística da AGAL para a terceira pessoa do singular do presente do indicativo som, respetivamente, quer e vale. No galego espontáneo contemporáneo, as formas quer e val estám registadas, com efeito, em diversos pontos da geografia galega.
Categoria(s): Morfossintaxe
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