CONSULTA:
Qual a razão para preferir "castelhano" e não "castelão"?. Pessoalmente eu cheguei a escutar na fala viva das terras de Curtis o termo "castelao" (sic), e não falo do extensamente difundido "castelám" pela norma oficial. Para mim não resulta muito fácil ter que aceitar o castelhanismo evidente "castelhano" por muito que ele seja o escolhido pelo padrão internacional.
RESPOSTA DA COMISSOM:
Castelhano para designar em galego o natural de Castela e a língua de Castela
Ainda que no galego-português medieval se empregasse a voz castelão com os sentidos ?natural de Castela? e ?língua de Castela? (além de ?senhor de castelo?), a voz sucessora castelám ~ castelao está hoje, na fala espontánea da Galiza, (praticamente) extinta. Por tal motivo, há de habilitar-se agora, para regenerar a língua na Galiza, a designaçom galega de ?natural de Castela/língua de Castela? e de ?senhor de castelo?. Como o faremos?
Nas variedades geográficas socialmente estabilizadas do galego (lusitano e brasileiro), o significado ?senhor de castelo? denota-se com a palavra patrimonial castelão, e ?natural de Castela/língua de Castela?, mediante castelhano, que é umha voz de origem castelhana adotada polo lusitano nos séculos xv-xvi, altura em que o galego (início dos Séculos Obscuros) já nom tinha capacidade para criar nem incorporar palavras novas.
Dado que o normal é que o galego culto, com efeitos enriquecedores e nom invasivos, mostre um número moderado de palavras de origem castelhana (como o castelhano também apresenta um número moderado palavras de origem galego-portuguesa: cachalote, chuvasco, cobra, mermelada, monzón... e até a própria palavra portugués!), e como a voz castelhano nom vem a substituir qualquer palavra galego-portuguesa legítima (pois ela incorpora-se à língua em convivência com castelao), parece conveniente estabelecer no padrom lexical galego, de harmonia com os padrons lexicais de Portugal e do Brasil, o esquema designativo em que a voz castelao denota ?senhor de castelo?, e a voz castelhano, ?natural de Castela/língua de Castela?.
Esta medida ou alvitre, que decidamente recomenda a Comissom Lingüística da AGAL para regenerar e potenciar o léxico galego, pode denominar-se incorporaçom de castelhanismos aditivos coordenados, já que se trata da adoçom (em número muito limitado) de vozes de origem castelhana, já harmonicamente integradas nos padrons lusitano e brasileiro, que nom venhem a substituir galeguismos legítimos, antes a estabelecer no léxico culto umha útil distribuiçom e especializaçom de usos. Outro exemplo desta medida padronizadora é o estabelecimento no galego culto do esquema designativo cavaleiro ?home que monta a cavalo? / cavalheiro ?senhor?, sendo cavaleiro a voz patrimonial galego-portuguesa (equivalente da castelhana jinete), e cavalheiro, palavra de origem castelhana convenientemente incorporada ao lusitano no séc. xvi.