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Que nom matem a nossa memória!!! Nom ao derrubamento das Atochas!!!
Já o anunciáramos. Um cenário importante da nossa memória colectiva estava ameaçado, e quando escrevemos estas linhas, a ameaça consuma-se. Este governo municipal ao serviço da especulaçom e claramente inimigo de tudo aquilo que signifique a conservaçom de referentes às luitas, às resistências, às rebeldias do nosso povo, quer eliminar e elimina o bairro das Atochas. Nom se pode falar da história social da Corunha, nem da Galiza, sem As Atochas. As Atochas som imprescindíveis. Sobre a aldeia das Atochas, cresceu o primeiro bairro operário da nossa cidade. Nom se pode falar de história do movimento operário galego sem As Atochas. É impossível. Porque As Atochas forom um dos cenários do albor da consciência operária no nosso país. E porque quando escuitamos falar das Atochas, um nó no coraçom vai-se-nos formando e o sangue ferve-nos...de orgulho, porque esse nome sabe a solidariedade, solidariedade em feminino plural da cor negra da anarquia e da cor vermelha da irmandade proletária. Porque passamos polas calejinhas, entre as pequenas e modestas casas e rememoramos o eco dos fuzís fascistas a perpetrar a massacre, mas também escuitamos o ecoar das risas, das cantigas, das parolas, dos penares, da vida...da vida dura e pobre que levavam as mulheres das Atochas, guardando no silêncio esse tesouro que, quase sem sabê-lo, nos legarom...um tesouro de solidariedade e valentia. Elas, pobres, misseráveis, analfabetas e postergadas numha sociedade machista por serem mulheres, forom capazes de imaginar umha sociedade superior à que defenderom os filhos da oligarquia, supostamente mais culta e letrada, mas ancorada ao mesmo tempo no seu classismo genético e na caverna da sua podre moral. E por esse ideal infinitamente superior a qualquer doutrina justificadora das desigualdades sociais, derom a vida. Essa é umha heroicidade incomparável, e desde logo nom facilmente igualável. E por isso dizemos em alto que elas som, ante todo, do povo, polo seu sacrifício exemplar.
Nós, as gentes do Centro Social Gomes Gaioso, manifestamos a nossa oposiçom ao derrubamento das Atochas. Porque é umha das mais clamorosas atrocidades que se vam cometer com o PGOM corunhês. Porque é umha obra ilegal e um atropelo flagrante à vizinhança. Porque apenas vai servir para deshumanizar a contorna. E porque a desapariçom das Atochas para a construcçom de umha praça e um vial é a expressom mais evidente do trunfo de um modelo de cidade que esmaga os nossos direitos da maneira mais infame.
Querem apagar definitivamente da nossa memória colectiva as vozes, os passos, o alento, a suor, o trafego das mulheres das Atochas, as últimas heroinas deste bairro, porque a sua lembrança lhes dá nojo, porque eram pobres, porque eram filhas do trabalho, e a essa Corunha servil, provinciana e senhoritinga, a essa Corunha post-falangista e opusina, nom lhe agrada o recordo de que um dia na Corunha houvo trabalhadores e trabalhadoras conscientes de sê-lo. E porque é demasiado perigoso que germole o exemplo da sua luita.
Que saibam que nunca renunciaremos às Atochas. Que continuaremos honrando nas nossas memórias a todas essas geraçons de operári@s que crescerom lá. Que nom esquecemos aquela rede tecida casa por casa para dar tecto e alimento a quem combateu o fascismo na nossa terra. Que o ódio de classe dos autores desta barbaridade sempre encontrará como resposta o nosso orgulho.
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