Crónica da Escola de Formaçom´06

Crónica da Escola de Formaçom´06

10-04-2006

O fim de semana passado acolheu na comarca de Trasancos a terceira ediçom da Escola de Formaçom, organizada conjuntamente por AGIR e BRIGA, e que decorreu segundo o previsto nos dias 7, 8 e 9 de Abril baixo a legenda ?Procurar a memória da resistência?.

SEXTA-FEIRA 7 de Abril

Durante a manhá do primeiro dia, o autocarro percorreu diferentes comarcas galegas recolhendo às e aos participantes na Escola até o meiodia, quando chegamos ao nosso destino final em Trasancos.

Após a instalaçom no acampamento, em Pedroso, no Concelho de Narom, tivo lugar o primeiro jantar da EF. A seguir deslocamo-nos até a cidade de Ferrol, onde o Grupo de Base de BRIGA em Trasancos realizou a intervençom de boas-vindas para @s jovens congregados no Ateneu Ferrolano, a cargo dumha militante de BRIGA da localidade.

Após a mesma, deu-se passo à mesa redonda de debate de diferentes colectivos sociais da comarca sobre a auto-organizaçom popular na que participarom representantes da Fundaçom Artábria, do colectivo Fervesteiro, do próprio Ateneu Ferrolano e da rádio livre e comunitária Filispim. Arredor dumha hora é que cada um deles expujo a sua achega ao tecido associativo nesta comarca, sempre desde a óptica alternativa ao uniformismo institucional. Assim, o Ateneu Ferrolano reivindicou a sua aposta pola pluralidade ideológica e política, expressando a necessidade e o desejo desta associaçom de ser o altifalante de diversas vozes, entre elas as repetidamente silenciadas como as da esquerda independentista. A Fundaçom Artábria, como centro social plural e nom excluinte, apostou claramente pola confluência de diferentes correntes ideológicas e políticas na actividade cultural, especificando o negativo dos sectarismos e essencialismos para a acumulaçom de forças e a diversidade na actividade social. O colectivo Fervesteiro, movimento de matriz emancipadora e revolucionária, após fazer um rápido retrato da sua formaçom e objectivos, transmitiu a tentativa de entroncar as actividades lúdicas e de ócio com a reivindicaçom claramente política como caminho a seguir para a actividade social na comarca de Trasancos. Por último chegou-lhe o turno a rádio Filispim, rádio livre e comunitária de Trasancos, que reiterou a apertura dos seus micros a todo o grupo ou colectivo que anceiasse criar um espaço de comunicaçom autenticamente social, umha alternativa à manipulaçom informativa e aos estereótipos alienantes dos meios oficiais. Em ressumo, e após o debate, as conclusons tiradas centravam-se na ideia do campo cultural e social como ponto de encontro para a diversidade de focagens e propostas que as diferentes correntes políticas, ideológicas e culturais podem achegar, sempre partindo duns mínimos irrenunciáveis.

Umha vez rematada a mesa-redonda, e enquanto nos preparávamos para dar boa conta da copiosa ceia preparada no Ateneu Ferrolano, Rádio Filispim permitiu a quem quiger presenciar a elaboraçom do programa Vozes Rebeldes, espaço reivindicativo e juvenil que se emite todas as sextas-feiras.

Mais tarde, transladamo-nos ao Centro Social da Fundaçom Artábria, onde pudemos desfrutar dumha Repichoca de várias horas, na que a música e a dança tradicional fôrom protagonistas indiscutíveis dumha velada que dava fim ao primeiro dia da Escola de Formaçom´06.

SÁBADO 8 de Abril

A segunda jornada abriu-se após o almorço com o seminário ?A mulher no nacionalismo galego?, ministrado por Noa Rios e centrado no papel silenciado que as mulheres sofrêrom na política, por muito que esta fosse também revolucionária, assim como as diferentes visons que mostravam alguns homens representativos das correntes nacionalistas galegas do século passado (Vicente Risco, Castelao e Fuco Gomes), na maior parte dos casos claramente machista e sexista, faceta esta que foi sistematicamente ocultada polo nacionalismo institucional.

O segundo dos mesmos, a cargo de André Seoane, abordou a II República Espanhola, fazendo um balanço do que realmente significou politicamente na altura, longe de mistificaçons da sua importáncia real, que em certos ámbitos como a autodeterminaçom dos povos ocupados polo estado espanhol seguiu na mesma durante o período republicano. O fio conductor do seminário expunha que a República era a forma que tomou o sistema político no estado espanhol para adaptar-se a umha nova realidade económica e à derrota definitiva da nobreza como antiga classe dominante, dando passo a umha nova, a burguesia. Ao mesmo tempo levou avante umha análise de classes na Galiza durante a Segunda República espanhola.

Após realizar um intervalo para desfrutar dumha sessom de jogos populares e do jantar, @s jovens presentes participamos do seminário ?Memória histórica, umha visom nacional e social de género?, ministrado por Carlos Morais. Partindo dumha visom histórica nom deturpada das razons e o decorrer da Guerra Civil, pondo-se o acento nas causas e conseqüências do levantamento fascista do exército espanhol contra a legalidade burguesa republicana, analisa-se a situaçom concreta da Galiza neste processo histórico, no qual a lentidom de reacçom das autoridades republicanas tivo muito a ver com que aquela acabara sendo tam rapidamente conquistada, sendo abandonada a sua sorte em funçom da protecçom doutras áreas do estado. Assim mesmo, mergulha-se no que significou o pacto do fascismo aperturista para maquilhar o regime a través da chamada Transiçom, e em especial do ocultamento sistemático do ocorrido na Guerra Civil, na pós-guerra e nesta etapa-ponte até a actual democracia espanhola, atendendo também às seqüelas psicológicas, políticas e materiais que tivêrom nas massas trabalhadoras galegas.

Umha vez rematados os seminários, e depois da ceia, tivo lugar na sala de concertos DZine de Sam Sadurninho a actuaçom do grupo de metal-hardcore NAO, que fariam de teloneiros para a fusom incombustível de CHE SUDAKA, cujo ritmo imparável fixo com que a sala ficara pequena, resgatando da inactividade e o cansaço a prática totalidade d@s presentes. Umha vez rematados os concertos, passou-se à actuaçom de Dj Fervesteiro, quem permitiu que o fim desta intensa segunda noite pudesse adiar-se até horas depois. Nos interlúdios musicais, pudêrom ouvir-se consignas e palavras de ordem, como Independência, Canha contra Espanha, etc...

DOMINGO 9 de Abril

O último dia da Escola iniciou-se com o roteiro pola fraga do Menáncaro, no qual o militante de ADEGA que nos fixo de guia conduziu-nos através dum dos últimos reductos de bosque autóctone do concelho de Ferrol, umhas poucas hectáreas que agacham um ecossistema surpreendentemente rico para o reduzido das suas dimensons. O intento de vender os terrenos (pertencentes a um conhecido cargo da Cámara Municipal de Ferrol) para a urbanizaçom e construçom de estradas supom um ataque directo, com o concelho directamente involucrado, a umha das poucas áreas naturais autóctones que ficam em Trasancos. Esta situaçom é muito semelhante à da maioria dos territórios da Galiza. O capitalismo espanhol e o espólio energético e natural que impulsiona reduz o impacto ambiental e a destruiçom natural a um critério de terceira, que configura a luita ecologista desde parámetros nacionais e socialistas como a única maneira de impedir agressons como esta.

Depois tivo lugar o jantar, e umha nova entrega de jogos desportivos entre @s jovens participantes.

Achegando-se já ao final da intensa fim de semana, já pola tarde tivo lugar umha charla no cemitério de Serantes, onde o historiador Bernardo Maiz gizou umha emotiva denúncia do alçamento e repressom fascista nos concelhos da comarca de Trasancos. Lá, junto às tumbas comuns de dúzias de republican@s e revolucionári@s anónimos pugemos tod@s o ponto e final por este ano à terceira escola de formaçom, acarom dos restos de quem dérom a vida pola sua conseqüência militante, e após um pacto silencioso de nom permitir que as mentiras e deturpaçons sobre o terror da Guerra Civil e a Transiçom continuem sem resposta, enquanto os culpáveis nom sejam assinalados como os assassinos crueis que som. Desde este novo conhecimento do passado, do nosso passado, avançaremos face o futuro que estamos a construir, estando conscientes de que devemos recolher liçons no longo e duro caminho face a libertaçom.

Escrito ?s 13:44:20 nas castegorias: EF '06, Crónica
por agir_briga   , 1401 palavras, 1433 visualizaçons     Chuza!

Sem comentários ainda