Ordes, a vila que mais passeados suportou

Ordes, a vila que mais passeados suportou

01-10-2009

Ordes com menos de dous mil habitantes no ano 1936, considera-se, nas estatísticas macabras, como a vila de Galiza na que foi mais elevado o número de ?passeados?. No cemitério desta vila enterrou-se a gente desconhecida, anónima, como os desaparecidos em quaisquer das repúblicas de Hispano-América, Argentina, Chile, etc. Seguramente umha noite sacárom-nos violentamente das suas casas e os seus familiares nom soubérom nunca mais deles, nem a onde fôrom parar, nem em que lugar repousam os seus restos.

Aqui com a colaboraçom do grupo assassino, próprio da vila, era o cenário do crime preferido polos criminais, pois aqui vinham matar cidadaos de Betanços, Carvalho, de Cúrtis, etc.

Os tiros fatídicos disparavam-se na parede norte do cemitério onde hoje precisamente se levanta o monumento a ?El Soldado Lois?. Da muralha cara adentro cavárom-se várias fossas nas que se guindavam os cadáveres, ainda quentes e até se suspeita, que algum ainda com vida.

A gente da vila asinha começou a comentar, em silêncio, de boca a boca, como se quigesse esconder o secreto a vozes, sobre todo as que habitavam cerca do ?campo-santo?, que quase todas as noites se ouviam tiros. Este rumor foi em aumento até que se fijo impossível e ninguém o pudo conter, e entom começou a circular a verdade. Aqui, na nossa vila, matava-se a mansalva e a trochemoche e já sem nengumha discreçom.

Em vista desse massacre e para apagar a nossa curiosidade tomamos a decisom de pôr vigiláncia, cerca do cemitério, para comprovar se era certo o que se comentava, agora já a gritos, respeito dos assassinatos nocturnos. Umha noite os que estavam de vigiláncia e depois de várias de vigília, vírom chegar a alguém que lhes franqueava a porta. À média hora escuitárom umha salada de tiros, e ouvírom-se gritos de desesperaçom, de terror e de morte.

À manhá cedo saltamos as tápias e Deus! O horror no que nos metemos foi paralisador e espeluzanante. Foram tantos os que caírom que nem tempo tivérom a enterrá-los a todos. Aliás as fossas já eram insuficientes. Já nom cabiam os mortos.


ASTRAY RIVAS, Manuel. Síndrome del 36. La IV Agrupación del Ejército Guerrillero de Galicia. Sada, Ediciós do Castro, 1992, pp. 115-116

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por ordes   , 407 palavras, 662 visualizaçons     Chuza!

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