Manuel Sousa Hermida: de mestre de Manuel Ponte a companheiro do Che e de Fidel

Manuel Sousa Hermida: de mestre de Manuel Ponte a companheiro do Che e de Fidel

27-01-2010

Poucas personagens históricas deu Ordes tam importantes e à vez desconhecidas como Manuel Sousa Hermida. Xastre de profissom, foi o mestre político de Manuel Ponte -que chegaria a ser o chefe da IV Agrupaçom do Exército Guerrilheior da Galiza- durante a República. Com a destruiçom da guerra civil, o exilo levará-o a jogar um importante papel na Revoluçom Cubana, da que o ano passado se faziam 50 anos. Começamos agora a publicar aqui umha série de documentos e investigaçons para rescatar a memória deste grande revolucionário, do que nos orgulhamos por ter nascido na nossa terra.

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Mas lembro-me agora, ao falar de Cuba, da minha relação, bem anos mais tarde [do que a sua visita ao país em 1938 com Castelão], com o Che Guevara e com Fidel Castro, nas minhas terras de México, quando estavam exilados, preparando as guerrilhas que iam conquistas a Sierra Maestra e liberar a ilha da tirania e da colonização ianque.

Os nossos contatos foram pequenos mas significativos e realizaram-se por intermédio do companheiro Manuel Sousa Hermida, que fora xastre em Ordes e mestre de talher do famoso guerrilheiro Manuel Ponte. Em efeito, Sousa tinha relação permanente com as duas grandes figuras da Revolução Cubana, de projecção universal.

O coronel Bayo, juntamente com Sousa, que fora oficial do exército da República, estavam adicados ao treinamento dos patriotas cubanos, que, já logo, fariam um desembarco na ilha. O Governo de México, sobretudo pola simpatia do ex Presidente Lázaro Cárdenas, deixava atuar politicamente aos exilados cubanos, até certo ponto em secreto; a fim de diluir os protestos da representação diplomática de Batista. Com esse objeto arrendaram um rancho de um espanhol, nas aforas da vila de Chaleo, e ali estavam, data com data, o General Bayo e o Capitão Sousa dirigindo as práticas militares.

Esta foi a causa de que eu conversasse com certa frequência com o Che Guevara no talher de Sousa e também na minha oficina, e mui levemente ?duas vezes? com Fidel, que desejava comer caldo galego. De qualquer jeito, o assunto adquiriu importância política quando se preparava um mitim num teatro da cidade de México DF e o Partido Comunista de México e a representa[87-foto, 88-]çom do Partido Comunista de Espanha negaram-se a facilitar oradores para dito mitim, porque consideravam a Fidel Castro como um ?aventureiro?.

Vê-l´aqui a razão pola que Manuel Sousa me plantejou a questão de se queiria falar no ato político de repúdio à ditadura de Batista que se estava organizando. Naturalmente, dissem-lhe que me sentia louvado pola invitação e deste jeito imprimiram-se os cartazes com o meu nome e a minha filiação. Como ainda estava no PCE, comuniquei-lhe aos dirigentes locais a minha decissão, e então repetiram as verbas de que não se podia ajudar a gentes ?aventureiras? e que a minha devoção e a de Sousa, por Fidel e polos cubanos tinha que ser examinada seriamente. De relampo, dim-lhe a minha opinião sobre tais ?aventureiros? que, com a própria vida e ingentes sacrifícios luitavam pola Revolução proletária, e dissem-lhe que eu falaria no mitim. Não prosperou a crítica contra mim no PCE, porque eu andava mui ocupado com os problemas da unidade dos antifascistas refugiados ?especialmente dos galegos, onde se estavam conquerindo alianças e lavouras positivas? e mais na direção de entidade e publicações mui essenciais em aquele intre. Consideraram mais ?prudente? não eivar o meu trabalho político.

A pressão do Governo de Cuba e dos norteamericanos foi mui grande e o mitim não pudo celebrar-se. Mas eu estou orgulhoso de que o meu nome figurasse nos cartazes, como testemunha do meu apoio à revolução cubana no intre em que o sectarismo e o revisionismo lhe negavam a Fidel Castro o título de revolucionário.

O ?Granma?, como é sabido, saiu de Puerto Juárez e chegou a Cuba, podendo chegar a Sierra Maestra só uma parte dos guerrilheiros, pois os demais pareceram no primeiro combate.

Adiquei-me então a prestar ajuda, na medida das minhas cativas forças, a estes heróis e, como necessitavam urgentemente medicinas, juntei umas boas quantidades de produtos dos mais essenciais, polas minhas relações com os Laboratórios, medicinas que transportou a Sierra Maestra o valeroso galego Manuel Sousa Hermida, que quando a vitória da revolução não aceitou cárregos em Cuba e regressou a México.

SOTO, Luis. 1983. Castelao, a U.P.G. e outras memorias. Vigo: Xerais. (86-90)

Na fotografia, o iate "El Granma"

Escrito ?s 10:26:24 nas castegorias: MEMÓRIA, Documentos
por ordes   , 722 palavras, 2112 visualizaçons     Chuza!

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2 comentários

O afiador da Galiza

Umha figura sem dúvida para lembrar a de Manuel Sousa Hermida (eu nom conhecia a sua história). É um prazer passar-se polo vosso blogue e apreender novas cousas à vez que a vossa acçom em Ordes aginha se convertirá num referente para toda a comarca. Muito ánimo e umha aperta forte.

27-01-2010 @ 19:02
Comentário de: Miguel Angel Davila [Visitante]  
Miguel Angel Davila

Eu son o neto de Manuel Sousa, o negocio do meu avó foi nomeado “Varón Dandi” e estaba en Rúa Bolívar, no centro de Cidade de México.
Na verdade, el contribuíu a causa da Revolución Cubana e traballou para levantar diñeiro de persoas en Nova York, puiden ver moitas das cartas no cadro de memorias do meu avó.
Había tamén plans militares e diagramas para a invasión. Non só contribuíu á Revolución Cubana, buscou apoiar a revolución sandinista en Nicaragua, reflectidos neses papeis. Desafortunadamente o lume matou todos os documentos que valora na miña memoria desde a infancia.

19-10-2012 @ 18:44
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