Já nada me correrá mal, agora. Já tenho o bilhete, já tenho o farnel, já deixei os maus agoiros para trás. À minha frente, de negativo, só imagino: chuva; neve; frio; pouca luz; transbordos malucos; pousadas manhosas; picas alemães a dizerem que não falam inglês; a solidão. Mas, pensando bem, não há turistas. Agora, ninguém me explicou porque é que o bilhete do Sud Express vem em francês e em espanhol. Devem achar que falamos um dialecto do espanhol.

O mapa que me deram é supimpa. Consiste numa simplificação da rede ferroviária europeia, em que as principais linhas são representadas como rectas a unir as cidades. Em Portugal não simplificaram, pensei eu. Não há necessidade. Mas não, afinal está mais simples. Não existe ligação a Amarante e Vila Real, mas Bragança tem comboio. Não está mal. Uma cidade como Bragança com comboio? Belo país, sim senhora. Quase dá para esquecer que Portugal tem a maior cidade da UE (Viseu) sem comboio.
Sair de Portugal debaixo de chuva não deixa de ser um bom augúrio. Se aqui está mau, lá não há-de estar muito pior. As coisas em que acredito.

Que brasileiro simpático. Pus as minhas coisas no lugar dele, e ele sentou-se educadamente noutro lugar, e quando finalmente foi obrigado a sentar-se ao meu lado ainda agradeceu quando lhe vaguei o lugar.