O raio do TGV parece andar sempre em linha recta. Isto há-de ser truque.
A mãe à minha frente é um pedaço. Com piercing no nariz e tudo.
Ontem conheci duas australianas, a Kyra e a Christina. A Christina trabalhava com refugiados em países como a Birmânia e Tailândia. Parecia um rapaz, mas era muito simpática (ao contrário de muitos rapazes que vejo por aí). A Kyra era escritora. Como ainda é nova, era obviamente uma escritora não publicada. Prometeu-me que me enviava um capítulo do último romance que tinha escrito. Talvez a convença a enviar-me tudo. Já tinha estado seis meses em Portugal, por isso ainda tive oportunidade de a envergonhar pedindo-lhe que falasse em português. Até se safava bem. Será que a história se vai reescrever? A J. K. Rowling também deu aulas de inglês em Portugal e deu no que deu. Será que a Kyra também?
Jantámos juntos (os três), partilhámos bebidas, e depois de jantar continuámos a beber e a falar. A Kyra ia-nos mostrando fotos de Riga, a Christina ia falando das experiências com os refugiados, e um careca de nome Christopher vinha de quando em vez perguntar se podia beber da minha cerveja japonesa. Para o despacharmos íamos dando-lhe duma bebida que a Kyra tinha trazido da Lituânia, com quarenta e cinco por cento de álcool e horrível. Que melga que ele era.
Parece que vou na direcção do mau tempo. Já vi neve em alguns campos. Ou então era algodão.
Hoje tive a pior manhã da viagem. Já estava à espera. Ontem copos. E fui para a cama tarde (onze horas). E hoje não queria mesmo perder o comboio, já tenho tido combinado no mosteiro para chegar antes do meio-dia. Como o comboio para Lyon era às sete e quarenta e oito, acabei por acordar às? seis e meia. Totalmente desnecessário, eu sei, mas estava tão ansioso que nem dormi direito, e acabei por me levantar antes da hora. Fiz a mala aos murros (nunca tinha sido tão difícil até agora), acordei todos no quarto e ainda consegui trancar fora do quarto um gajo que tinha ido à casa-de-banho e tinha deixado a porta entreaberta. Bem que ele me olhou com uma cara de indignação, mas não sabia do meu cartão para abrir a porta. Antes de sair ainda reparei que tinha deixado na cozinha o meu queijo de 2?50 e as minhas quatro clementinas a 2?30 o quilo. Cheguei à paragem antes do autocarro das sete e dois (o mais seguro, pois o seguinte era só às sete e dezanove). O autocarro chegou atrasado, mas acabei por chegar à estação meia hora antes da partida do comboio. Que raio de manhã.
BLOGADO ?S 05:09:15
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