Aqui.
Concordo com o essencial, apesar de me parecer que a ?desertificação? é mais uma falácia que, de tão repetida, passou a verdade incontestável. Como se nos outros países não existisse uma tal dispersão heterogénea da população. Como se isto correspondesse a um ?mal nacional? que não merece ponderação mas apenas condenação.
Primeiro, ?desertificação? vem de deserto. Significa a degradação tal de um território que leva a que este se transforme em deserto. Deserto coisa física.
Quando se utiliza a palavra ?desertificação? nestes contextos (desenvolvimento regional), refere-se à componente humana do deserto. Ou seja, próxima do zero. Quando se diz que um território se ?desertifica?, quer-se normalmente dizer que este se esvazia de população.
É óbvio que existem aldeias abandonadas, em Portugal como em todo o lado. Mas também é certo que, comparando com o início do século vinte, existem nas sedes de concelho (em todas, em todo o país) muitas mais pessoas. Isto é um fato que, imagino, dificilmente será rebatível.
Sei também que todos os que reclamam dessa ?desertificação? galopante do país vivem certamente em sedes de concelho, e muitas das vezes no litoral e mesmo nas áreas metropolitanas. Moram em zonas com serviços públicos abundantes, cultura, crescente qualidade de vida.
Existem, é certo, dinâmicas negativas em áreas muito importantes do país. O desemprego agarra-se como a peçonha a áreas que já padecem de outras maleitas (como a baixa escolaridade), e é difícil quebrar os ciclos.
Mas a ideia do ?país homogéneo? é tão falaciosa quanto o conceito de ?desertificação?. Nem tudo são rosas, nem tudo são picos.
BLOGADO ?S 05:26:26
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