Parece-me que é sempre de boa educação tratar as coisas pelos nomes. Quando alguém acusa alguém mas não diz quem é, fá-lo porque os tribunais condenam esse tipo de declarações. Ofensa ao bom-nome, qualquer coisa assim. Não se pode fazer acusações na praça pública, para isso existem os tribunais.
No meu caso, não vou fazer especulação. Vou falar de um dos responsáveis por um dos maiores crimes que já se cometeram em Portugal (e que continua a ser perpetrado nestes dias).
No Público de 1 de Agosto Luís Toulson publicou este texto sobre Ernesto Goes. Segundo Toulson, "O engenheiro florestal Ernesto Goes foi o pioneiro em Portugal da cultura da Eucalyptus globulus".
Ou seja, é por causa deste venerável senhor que a nossa flora endógena, aparentemente não fustigada o suficiente pela dispersão indiferenciada de pinheiro bravo desde os tempos de D. Dinis, deixou de existir enquanto tal.
Mas ainda piora. Para além de ter sido um impulsionador do eucalipto, Goes foi ainda responsável pela definição da Estação Ecológica da árvore no território nacional: "uma faixa litoral ocidental que se estende com cerca de 500 quilómetros", onde a árvore se daria melhor e produziria o máximo possível.
Com uma puerilidade tocante, Toulson continua perguntando "Porque não cultivar portanto esta árvore na faixa ecologicamente definida por aquele excelente florestal?" Sim, porque não?, pergunto também eu. Carvalhos, sobreiros? Interessam para quê? Plantas rasteiras, ecossistemas que sobrevivem à sombra da flora endógena? Interessam para quê?, afinal. Se com "a florestação de algo como 50 por cento desta área, poderiam obter-se 27,25 milhões de esteres como produção média anual"?
Claro, a ecologia interessa a ninguém (exceptuando esses ratos subsidiodependentes, vulgos ecologistas, biólogos, etc.). Saiamos para a rua e façamos força para: "legislar já para que em Portugal se cultive única e exclusivamente a Eucalyptus globulus na faixa ecologicamente acima definida e conceder ao distinto florestal Ernesto Goes a comenda da Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e Industrial."
Não há prisão onde meter estes senhores?
O deserto verde.
BLOGADO ?S 11:41:10
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