Conheci uma conhecida do Aco, a Maiku. Pianista, lindíssima, os pais são do Japão mas moram em Wien. Não sei o que têm as japonesas, mas dão cabo de mim.
Voltando ao português que conheci em Bratislava e que tinha comido uma israelita. Andando com os hooligans e depois com o outro grupo de portugueses, dei comigo muitas vezes a questionar-me, como fazia tantas vezes na adolescência e no início da idade adulta. A pensar ?porque não sou eu como eles??, ?porque não faço o que eles fazem??, etc. (talvez me tivesse questionado desta maneira com o segundo grupo, e não com os hooligans, mas seguindo em frente) Talvez por serem grupos grandes e eu estar lá sozinho, talvez por serem também portugueses. O meu companheiro de guarda-chuva, com a facilidade com que aparentava arranjar sexo, ou os piropos com que todos eles galanteavam as raparigas, pôs-me, de início, a pensar em mudar de perspectiva em relação a este IR. Talvez o sexo fosse fácil, afinal. Mas estes talvezes, quando pensei um pouco, não me diziam nada. Já encontrei alguém, já fui tocado por esse alguém, e penso já a ter tocado também. Não busco mais ninguém nesta vida, a minha estação terminal é ela.
Comecei a voltar a mim no intervalo do jogo. Reencontrei o companheiro de guarda-chuva quando todos os portistas se refugiaram na casa de banho, fugindo da chuva e da neve. Aparentemente ele nem me reconheceu. Disse-lhe que tinha conhecido um português que morava em Bratislava, ao que ele respondeu ?Ah, eu estudo em Praga?. Claro que eu sabia isso, tinha estado parte da tarde com ele! Foi aí que percebi o que ele era e eu não. Ele era obviamente uma pessoa que vivia para o momento, capaz de entrar noutra personagem e ir para a cama com uma mulher acabada de conhecer, mas que ele provavelmente nem reconheceria no dia seguinte. Ora, nada mais diferente de mim.
Depois de ter estado algum tempo com os tugas no MacDonald?s (mas, atenção, apenas bebi uma cerveja), fui até ao supermercado comprar comida para a Áustria e acabei no hostel. Ainda era cedo, mas o tempo na rua estava impossível. No hostel conheci o Giovannia, um sardo. Era uma pessoa acessível com um riso fácil e um pouco afeminado, que parecia o menino da mamã. Falava bem inglês e tinha assunto, por isso falámos durante bastante tempo. Perto das 7, convenci-o a vir jantar comigo a um restaurante que me tinham recomendado na recepção.
IR'05 é a transcrição do diário escrito durante uma viagem de comboio através da Europa entre Novembro e Dezembro de 2005. todas as entradas aqui
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