Atualizações 9/2/09

10-02-2009

GAMANÇOS, FOTOS, TERRA, IMPRENSA, URBANISMO DE PONTA, PLANEAMENTO MACADAME, POLÍTICA À PORTUGUESA

Atualizações 9/2/09

* Na Galiza, o direito de manifestação está dependente da língua falada. Não, não uso de frases feitas ou panfletárias, mas da estrita verdade. Se os polícias reparassem que alguém falava galego, não lhes davam acesso à praça da Quintana, onde se realizava a manifestação da Galicia Bilingüe. Ou então, apenas lhes davam porrada, como se distribuíssem prendas. Vídeos aqui, aqui, aqui e pela rede.


* A verdade é que ia apenas publicar parte da notícia, mas não consigo excluir o que quer que seja de tamanha burrada. O urbanismo em Portugal não é apenas uma atividade estritamente arbitrária - é também uma atividade humorística:

Viaduto novo vai abaixo
Ponte sem saída demolida após oito anos de obras

Com oito anos de construção e dois milhões de euros depois, a Câmara de Vila Franca de Xira vai demolir o viaduto do Forte, uma ponte cuja altura foi mal calculada, não tendo saída de um dos lados por embater numa serra.

A operação irá custar aos cofres do município cerca de 100 mil euros, mas colocará um ponto final numa construção que da polémica nunca conseguiu escapar, desde que começou a ser edificada em 2001. Fonte do município adiantou, ao JN, que "não está ainda definida uma data para o demolição do viaduto, entre o Forte da Casa e a Póvoa de Santa Iria". A Câmara pretende recuperar aquele montante com os licenciamentos urbanísticos que vierem a ser realizados numa das freguesias.

Além de desembocar num morro de terra, onde moram milhares de pessoas, o viaduto entre aquelas freguesias foi embargado pelo então Instituto de Estradas de Portugal, alvo de relatórios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), surgiu em áreas de redes agrícola e ecológica, merecendo uma providência cautelar por tal e - já em desespero de causa - de forma a solucionar a ausência de uma saída, obrigou à desmatação da encosta da serra, de forma a que fosse criada uma estrada que conduzisse ao cimo da serra.

Obra teve sempre apoio técnico

A construção consistiu na contrapartida de um promotor imobiliário, José Maria Duarte Júnior. Em troca o município licenciava as futuras edificações que surgissem na terceira e quarta fases do Forte da Casa [a Norte da freguesia].

Apesar de fiscalizada pela empresa de segurança Geotest, rapidamente se percebeu que não teria qualquer saída, colocando-se a hipótese de abrir uma túnel na colina. O que tornaria instáveis as urbanizações ali localizadas.

Meses depois, as graves falhas técnicas levaram a obra a ser embargada pelo Instituto de Estradas de Portugal (IEP). Construtor e Câmara optaram por rodear o morro, abatendo árvores centenárias inseridas numa área de Reserva Ecológica Nacional (REN).

A decisão criou uma estrada com mais de 15 graus de inclinação [acima do permitido pela legislação] e uma curva acentuada, chocando numa área de servidão do aeroporto de Lisboa.

Ao JN, em 2006, Ramiro Matos, o vereador do Urbanismo garantiu que a colocação de um pavimento anti-derrapante e barreiras sonoras, acompanhadas de mais terraplanagens, resolveria parte dos obstáculos criados. Com uma altura de 50 metros, o viaduto viria ainda a causar uma grave inundação numa habitação existente perto da ribeira que corre por debaixo da infra-estrutura.

O cenário acabou por levar a uma auditoria do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) - da qual não se conhecem as conclusões - e a queixas do movimento de cidadãos de Vila Franca de Xira, o Xiradania, ao Ministério Público, ao Ministério do Ambiente e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional , devido à falta de pareceres [ver ao lado declarações do jurista Fernando Neves de Carvalho, rosto do movimento]. Paralelamente, a Câmara declarava o viaduto de Interesse Público Municipal, de forma a desanexar os terrenos de REN.

Segundo a presidente Maria da Luz Rosinha após a demolição "será encontrada outra solução de acesso no âmbito do alvará de urbanização", já previsto pelo Plano Director Municipal. O viaduto que se segue poderá ficar perto do actual mas, desta vez, mais alto.


Aqui uma foto da referida obra. Em baixo, um googlearth da coisa:




* A machadada final na credibilidade linguística do Público: na capa do P2, falavam de um país chamado Portugual.



tudo isto e muito mais em coisar.tumblr.com

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