Atualizações 19/2/09

20-02-2009

AMIGOS, FERROVIÁRIO, NORTE, POLÍTICA À PORTUGUESA, GRANDE PORTO

Atualizações 19/2/09

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Nova linha no Tua pode custar tanto como a barragem

Uma nova variante ferroviária pode orçar entre 30 e 300 milhões de euros, segundo vários especialistas

Um estimou em 90 milhões de euros a construção de uma via estreita de 31 quilómetros com travessas de betão e carril de 54 quilos por metro, com sinalização electrónica, contenções geotécnicas, muros de suporte e edifícios para passageiros. Metade desse valor, porém, seria gasto para vencer um desnível de 200 metros entre a estação do Tua e a cota da barragem, o que poderia implicar um sinuoso traçado de oito quilómetros.

Outro falou em 40 milhões de euros, tendo em conta que uma via estreita se adapta bem ao terreno e que a própria EDP terá de fazer vários caminhos de acesso à barragem durante as obras, alguns dos quais poderão ser aproveitados para neles se instalar os carris.

Um terceiro quadro da Refer referiu ao PÚBLICO que uma solução técnica possível para os primeiros quilómetros da variante seria um caminho-de-ferro de cremalheira, no qual os comboios têm uma roda dentada que "agarra" um trilho situado no meio dos carris. Linhas como estas existem há quase 200 anos nos Alpes funcionando sem problemas.
275 a 300 milhões

Um valor bem mais elevado - entre 275 e 300 milhões de euros - é apresentado por Manuel Tão, investigador em Economia de Transportes. Mas neste caso a proposta é mais ousada, pois este especialista sugere uma linha de via larga com parâmetros de velocidade entre os 100 e 120 km/hora que fariam diminuir o tempo de viagem entre Mirandela e o Tua de uma hora e meia para 30 ou 40 minutos. A solução técnica: um túnel helicoidal entre a estação do Tua e a zona planáltica, a partir da qual a linha seguiria até ao Abreiro retomando o traçado actual.

Manuel Tão, que fez os cálculos com base em projectos ferroviários dos Alpes suíços, diz que, mercê do túnel, os primeiros dez quilómetros custariam 200 milhões de euros, seguindo-se mais 15 quilómetros por um custo de 75 milhões.
Esta proposta não é inocente, admite, pois tem implícita a reconversão do resto da Linha do Tua de via estreita para via larga e o consequente prolongamento de Mirandela até Bragança e daí a Puebla de Sanabria, onde está prevista uma estação do TGV que ligará a Galiza a França, Madrid e Barcelona.
"Como obra pública a realizar numa zona de Objectivo I, seria elegível para financiamento comunitário a fundo perdido em mais de 70 por cento", diz, acrescentando que "pela primeira vez o interior de Trás-os-Montes seria inserido no sistema logístico nacional".

No Público.

Pelo menos um destes especialista é esclarecido. Não se vai (re)construir uma linha num terreno tão difícil apenas por causa da paisagem. Quem sequer considera a hipótese é, por assim dizer, estúpido (ou trabalha na refer). O que impede que a linha atual tenha sucesso?

Primeiro, liga o nada ao muito pouco. Liga o Tua a Mirandela, o que, juntos, dá bastante pouco. Se, por exemplo, ligasse o Porto a Mirandela, já faria mais sentido, o que ainda não é possível por a linha do Douro e a linha do Tua terem bitolas diferentes. A EDP terá de escolher - ou constrói a barragem e uma ligação em ferrovia nova ("o concessionário obriga-se a repor todas as vias de comunicação com as mesmas funcionalidades", diz o caderno de encargos), ou não constrói a barragem e fica tudo como está. Já no Douro aconteceu o mesmo, com a barragem da Valeira. A EDP construiu uma variante (incluindo uma ponte nova). Isto há 30 anos.

Continuando, a linha ganharia toda a validade se fosse reativada a ligação a Bragança. Porto-Bragança em ligação direta. Um sonho? Como exemplifica Manuel Tão, o prolongamento até Puebla de Sanabria tornaria o projeto candidato a fundos europeus até 70% a fundo perdido. Passa-se da solução tarefeira dos "especialistas" da refer para uma ligação que quase se autosustenta e teria todo o sentido.

Ao admitir a possibilidade de construir uma estrada em substituição da via férrea do Tua, a EDP faz uma leitura muito ampla do caderno de encargos quando este diz que "o concessionário obriga-se a repor todas as vias de comunicação com as mesmas funcionalidades".

De resto, foi isso que a empresa fez há 30 anos quando construiu não muito longe do Tua a barragem da Valeira. Nessa altura, a EDP pagou uma variante à Linha do Douro e uma nova ponte na Ferradosa para que o comboio pudesse continuar até ao Pocinho e Barca d'Alva.
Se os critérios de hoje fossem aplicados à época, a Linha do Douro teria ficado submersa pela barragem pouco depois do Pinhão, que seria agora a estação términus.

Até há pouco tempo a posição oficial da Refer sobre a barragem do Tua era a de que não tinha sido informada pela tutela de que parte da linha seria submergida, pelo que prosseguiria com o seu plano de investimentos. Respondendo recentemente ao PÚBLICO, a empresa recuou e limitou-se a dizer que não era oportuno falar sobre este assunto nesta altura. Gilda Sousa, da EDP, admitiu que terá havido contactos "informais" entre aquela empresa e a EDP que contribuíram para que se chegasse ao valor de 150 milhões de custo para a construção da variante.

Mas o PÚBLICO apurou que chegou a haver, a pedido da EDP, uma reunião com a Refer para que esta autorizasse a realização de prospecções geotécnicas na margem esquerda do Tua, que incluem rebentamentos e construção de galerias na zona da via férrea. Contudo, tal não foi ainda efectuado.


Também no Público.

Outra das razões que levou ao afastamento das populações (e dos turistas) desta linha foi a ideia de insegurança, garantida pela incúria da refer ao longo dos últimos anos na manutenção da linha. Espera-se que a morte não morra solteira neste caso.


* Se morasse no Porto, poderia cumprir um sonho antigo - não votar em Rui Rio:

Elisa Ferreira apresenta candidatura ao Porto


* Ando a ponderar com relativa seriedade deixar de ser amigo do Vasco - aparece numa revista (ou livro) por semana. Se deixar de ser amigo dele, deixo de sentir a obrigação de o noticiar. Já agora, parabéns e saudades muitas.


* Os precários do norte têm agora uma página só para eles. Infelizmente.


* Quem disse que Torres Vedras é uma terra atrasada? Até já lá têm censura:

Ministério Público proíbe sátira ao Magalhães no Carnaval de Torres Vedras

O presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Miguel, foi surpreendido ao início da tarde com um fax do Ministério Público no qual era dado um prazo à autarquia para retirar o conteúdo sobre o computador Magalhães, que fazia parte do ?Monumento?, onde apareciam mulheres nuas. ?Achamos que pela primeira vez após o 25 de Abril temos um acto de censura aos conteúdos do Carnaval de Torres?, lamentou o responsável, em declarações à Antena 1.

Via Luís Silva.



tudo isto e muito mais em coisar.tumblr.com

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