Atualizações 4/3/09

05-03-2009

FERROVIÁRIO, NORTE, ALTA VELOCIDADE ELEVADA

Atualizações 4/3/09

* Foram consignadas obras na linha do Douro, entre o Marco e a Régua. Coisa pequena, 4,5 milhões de euros. Substituição de travessas de madeira, algumas reparações no balastro e nos carris, alteamento de plataformas em duas estações.

O que concluir desta obra? Sei lá. Por exemplo, que esta é uma obra de manutenção, louvável, num troço que não terá grandes alterações nos próximos anos. E visto que a obra não inclui o troço Caíde-Marco da mesma linha, será presumível que este troço terá finalmente a duplicação / eletrificação / modernização prometida? É esperar para ver. Eu espero aqui, sentado.

Enquanto que no Marco se gastam menos de 5 milhões de euros, em Évora gastam-se 50 milhões.


* E, bom, mais umas considerações avulsas. Neste caso, a Alta Velocidade e cidades servidas. Na minha monomania recente centrada nos caminhos-de-ferro, produzi um diagrama da rede portuguesa (a publicar proximamente) que, partindo de um diagrama semelhante da ferrovia na Grã-Bretanha, retrata a triste condição dos caminhos-de-ferro em Portugal. Um eixo apenas (Lisboa-Braga), ainda com deficiências, e uma série de ramais que fazem tudo menos constituir uma rede. Um conjunto enorme de linhas de via estreita (todas no norte), que duplicam a condição infeliz dos ramais, eliminando a continuidade das ligações.

O que mais me chocou foi concluir que a rede existente não está otimizada. Se se conclui que houve melhorias significativas nos últimos anos - os tempos dos alfas/intercidades entre Lisboa e Braga, a chegada do intercidades a Évora - há situações em que a situação piorou. E muito.

Deixou de existir intercidades entre a Régua e Lisboa, e entre (imagino) Leiria e Lisboa. Aliás, entre Leiria e Lisboa é necessário apanhar dois comboios. A linha do Tua fechou por várias vezes já e a perspetiva futura é negra - com ou sem barragem. O ramal da Figueira fechou para obras, bem-vindas. É ver o que acontece lá.

O Governo propalou que até estar a funcionar a rede de Alta Velocidade / Velocidade Elevada, não haveria investimentos na rede convencional. Ora, sabendo que em qualquer sítio do mundo a rede de AV se alimenta principalmente da rede convencional, e a nossa rede convencional é pouco mais que paupérrima, depreende-se que o interesse do Governo em fazer funcionar o futuro investimento é muito reduzido. Ou então é apenas incompetente a gerir a coisa.

Investimentos como a ligação entre Guimarães e a (nova?) estação de Braga devia ser considerada tão essencial como a própria linha nova. Ou de ligar desde já Viseu à rede convencional. É que se Viseu é a maior cidade da Europa sem caminho-de-ferro, qual o sentido de lhe dar (seja lá quando for - 2030?) a Alta Velocidade sem a cidade ter ligação à rede? E, já que este é um projeto para as calendas, pelo menos assim os viseenses teriam comboio antes de 2030.

E apesar de eu criticar a ligação Lisboa-Madrid pelo Alentejo (seria muito mais lógica apenas uma ligação à Meseta, Aveiro-Salamanca, o tal T deitado), consigo perceber uma ligação em Alta-Velocidade entre Lisboa e o Porto. E compreendo a estação em Leiria. O que não compreendo é como uma cidade como Leiria, que teve nos últimos anos tamanho desinvestimento na ferrovia vá ter AV sem ter sequer ligação à linha do norte, sendo ainda necessário apanhar 3 comboios para ir até Lisboa. E Évora? Sem desmerecer a cidade, a única ligação ferroviária de que Évora dispunha até há poucos anos (3? 4?) era uma automotora que a ligava a Casa Branca a 30 km/h. Neste momento tem ligação a Lisboa com intercidades, mas quase não tem regionais. E também vai ter AV. O concelho de Évora tem 55.000 habitantes e vai ter AV. E mais não digo. Até a Póvoa tem mais população que Évora.


* Wikimapa, para estas e outras loucuras vossas.



tudo isto e muito mais em coisar.tumblr.com

BLOGADO ?S 00:37:43

1 comentário

Comentário de: vitorsilva [Visitante]
vitorsilva

viva,

a propósito deste tema do transporte ferroviário queria aproveitar para publicitar
o meu podcast “O Porto em Conversa” que nesta terceira emissão que vai ser gravada no próximo domingo (8-março) irá abordar precisamente o tema da ferrovia mais especificamente no norte de portugal.

os temas a abordar estão em http://oportoemconversa.wordpress.com/2009/03/03/conversa-com-antonio-alves-guiao/ e quem quiser contribuir para este debate só precisa de me enviar quais as questões que gostariam de ver abordadas.

vitorsilva
http://blog.osmeusapontamentos.com/

06-03-2009 @ 10:26
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