21-11-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

4/12, 10h, metro (Lyon)

Estou no metro, agora, vou visitar uma coisa chamada Museu Urbano Tony Garnier. A pousada está lotada, e ontem, como cheguei tarde, tive de ficar na parte de cima dum beliche, perto da porta. Mas como hoje de manhã saíram dois alemães aproveitei para trocar para um outro beliche, em baixo, mais longe da porta.

Estive a ver na internet, o FCP joga em Bratislava depois de amanhã, dia seis. Apesar de sentir vontade de continuar por cá mais tempo, vou tentar apanhar um comboio nocturno amanhã à noite e dormir pelo caminho. Espero que dê.



IR'05 é a transcrição do diário escrito durante uma viagem de comboio através da Europa entre Novembro e Dezembro de 2005. todas as entradas aqui

BLOGADO ?S 23:33:23

21-11-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

3/12, 22h, pousada (Lyon)

E prontos, cá estou eu de volta ao mundo das pousadas sobrelotadas e hiper-restritivas. Não se pode beber álcool. No bar, isto é. Mas bebi a Super-Bock no quarto.

Foi bom o Beethoven. Tirando o casal dessincronizado à minha frente (ele atentíssimo à música, ela a precisar de muito carinho) e teria sido perfeito.

Estar em La Tourette foi óptimo. Houve a parte tenebrosa, de achar que era o único naquele sarcófago de betão (o quarto / o edifício). Quando fui jantar, já de noite, e percorri aqueles corredores imensos e despovoados, comecei a sentir alguma da essência do edifício. Não é um convento convencional, apesar da forma canónica.



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BLOGADO ?S 23:32:00

21-11-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

3/12, 18h45, Theatre Guignol (Lyon)

Vim ver a maratona de Beethoven. A entrada é grátis, e como a música africana na Ópera estava esgotada, decidi aproveitar. Como qualquer português, cheguei e perguntei: ?C?est ici la marathone de Mozart?? ?Beethoven.? Encolhi os ombros. ?Oui, oui, c?est ici. A les sept heures.? ?Merci bien.? Como podem ver, posso não perceber nada de música, mas sou muito educado.

Consegui mais Super-Bock. É tão fácil que começa a perder a piada. Vou ver se consigo abrir uma durante o concerto. Lá vou eu para a sala, com o saco de compras na mão.

Passei a tarde dentro do Museu de Belas-Artes. Vi, literalmente, toda a história da arte. Perto das seis, quando os visitantes começavam a rarear e as vigilantes começavam a vestir os quispos, e pensava eu, estou quase a ver toda a arte do mundo numa tarde, num frenzy de amante da arte, disseram-me que ia fechar. Aliás, tive de perguntar, porque as vigilantes começavam a cercar-me com os seus quispos sobre os ombros, com ar de frete, e não diziam nada. Afinal não faltavam apenas uns quadros, faltava um piso inteiro. Tinha-me esquecido dos impressionistas.

Com estas sessões grátis, todos vêm ver música. E não apenas os que podem.



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BLOGADO ?S 23:31:05

21-11-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

2/12, 17h30, La Tourette

(internet: meile para o Nando -> jogo FCP)

Já estou há algumas horas no mosteiro. Cheguei ligeiramente antes das onze, como me pediram, e o almoço serviu-se logo a seguir. Comi com um frade, um maluquinho, três estudantes de arquitectura e as recepcionistas. Digo que o homem é maluquinho porque pareceu-me daqueles arquitectos vidrados na obra de algum arquitecto do passado, que parecem reger as suas vidas e impressões de tudo segundo essa obsessão. Pelo que percebi da sua conversa, ia deitar-se na cripta, pois estava a tentar convencer o frade que emanava calor do chão. Mais tarde vim a confirmar que ele ia mesmo pôr as suas palavras em acção, pois vi-o a sair duma sala com um grande edredon. O frade pareceu-me simpático, apesar de depois do almoço ter passado por mim e não ter dito nada. Achei piada à forma como ele esbugalhava os olhos ao falar com a recepcionista loira. Bem, eu também esbugalhei os olhos quando ela subiu as escadas de caracol à minha frente. Que rabo, Jesus! (imagino que o frade pensará o mesmo, mas de uma forma mais católica e comedida)

(internet: mandar meile ao Filipe a perguntar o que ver na Suíça -> mandar meile ao Alex desejando melhoras -> investigar cidades alemãs - Freiburg - Nürnberg - Bamberg)



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BLOGADO ?S 23:30:06

21-11-2006

NOTAS

voltei, voltei

voltei de lá

BLOGADO ?S 23:09:08

01-10-2006

CARTAZ

os piores candidatos do brasil

Link: http://mundoestranho.abril.com.br/reportagens/conteudo_162742.shtml

Escrevi no título 'os piores', mas podia mesmo ter escrito 'os melhores'. Quem nos garante que estes são piores que os outros?

Só uma coisinha, quando falarem mal de Portugal, nunca se esqueçam que poderá haver melhores, mas há sempre piores.

BLOGADO ?S 18:54:23

29-09-2006

PROJETOS

nobéles

Link: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Nobel_laureates#Literature

A minha próxima investida na leitura: ler todos os prémios nobel. Não espero que sejam os melhores, mas sempre é melhor que ler todos os livros do Paulo Coelho.

BLOGADO ?S 17:43:29

29-09-2006

CARTAZ

encontros da lusofonia

Link: http://lusofonia2006.com.sapo.pt/

Realizam-se em Bragança entre 2 e 4 de Outubro. Eu bou, a ligação está aqui.

BLOGADO ?S 17:14:50

13-09-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

2/12, 17h15, La Tourette

Passa agora uma semana desde que comecei a viagem. De início, devido à minha inata capacidade de perceber tudo ao contrário, pensei que o bilhete para todas as zonas fosse de 22 dias. Apesar de o Mika, que já tinha feito este mesmo inter rail, me dizer que era de um mês, eu convenci-me a mim próprio que era de 22 dias. E, eu que sou eu, disse a toda a gente que a viagem seria de 22 dias. Até ao meu patrão. Ainda não sei bem o que fazer com um mês nas mãos. Sei apenas que este ano não trabalho mais, já me consciencializei, e não há volta a dar-lhe.

De início mandava-lhe vários toques ao dia (nunca mais de dois). Depois passei a mandar um toque à noite, porque nessa altura ela me parecia mais receptiva a responder. Ontem nem me respondeu - e eu, ser básico, fiquei deprimido.



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BLOGADO ?S 16:52:40

13-09-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

2/12, 11h15, T.E.R. (para L?Arbresle)

Tenho de descobrir quando joga o Porto em Bratislava. Comprei ontem um guia de arquitectura de Wien, e de lá a Brastislava são só 50 quilómetros.



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BLOGADO ?S 16:52:10

13-09-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

2/12, 11h00,T.E.R. (para L?Arbresle)

O meu pequeno-almoço foi um copo de leite e umas bolachas. Como estou com uma fezada incrível para o almoço, estou a guardar estômago. Mas! (pensamento ultra-recente), é um almoço num mosteiro. Pode bem ser umas bolachas de água e sal e água das pedras.



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BLOGADO ?S 16:51:27

13-09-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

2/12, 10h30, Gorge-de-Loup (Lyon)

Acabei de perder o meu primeiro comboio. É como o outro gajo dizia, não há nada como matar a primeira rola (sem qualquer sentido figurativo). Antes de perdermos o primeiro comboio, sentimos aquela ânsia - será que é desta? - e, ao mesmo tempo, algum receio por aquilo que desconhecemos. Agora que já está feito, agora que já passei por tudo e ainda me sinto íntegro, já nada pode correr mal. Já perdi o comboio, agora está tudo bem.

(acabou de passar uma catatua do outro lado. uma mulher africana com um carrinho de bebé e um cabelo tão trabalhado que, assim à distância, nem percebi o que era cabelo e o que era cabeça)

Pensando bem, a culpa não foi minha. Ontem tinha ido à estação de Nîmes para marcar a viagem Nîmes/Lyon/L?Arbresle. Demoraram quinze minutos para inserir esse último topónimo no computador (computador burro ou pessoas estúpidas), e teve de ser uma mulher a fazê-lo. O gajo acabou por se esquecer de me dizer que o comboio para L?Arbresle partia de outra estação de Lyon. Como fiquei a pensar que o comboio partia da estação aonde cheguei, e como tinha uma hora para trocar, tratei de procurar uma estação de correio para enviar a primeira remessa de papéis (bilhetes, folhetos) para casa. Só quando voltei à estação dos comboios é que reparei que o comboio era noutro sítio, e que tinha apenas vinte minutos para o apanhar. A menina das informações explicou-me que era muito em cima, mas que poderia apanhar outro comboio em Gorge-de-Loup. Apanhei o metro e cá estou.

Lyon, que me disseram ser a segunda cidade do país, parece, no mínimo, grande. Mas ainda não vi quase nada. Não está frio, e caía uma ligeira morrinha quando cheguei a Gorge-de-Loup.

As mulheres daqui parecem gostar bastante de olhar para mim. Em Portugal nem por isso.

Ah, finalmente um chaço! Já estava farto daqueles comboios modernos. Agora sinto-me em casa.



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BLOGADO ?S 16:50:22

09-09-2006

NOTAS

sem net

A minha internet grátis acabou, e a internet paga da Clix deve chegar lá pelo Natal. Assim sendo, blogue adiado.

Coragem, vocês conseguem.

(acabei de reparar que já tinha dado o alerta da falta de internet na minha residência uns posts abaixo. isso não invalida, repito, isso não invalida que não fale do mesmo nos próximos meses. não depende de mim, depende da minha mente)

BLOGADO ?S 18:02:52

09-09-2006

FOTOS, LIGAÇÕES, GRANDE PORTO

cinemas do Porto

Cinema Foco

Aqui para salvar o cinema Foco. Aqui para salvar o Águia d'Ouro e o Batalha. Não tenho a certeza da validade destas iniciativas, mas é sempre bom fazer número.

BLOGADO ?S 17:58:46

23-08-2006

NOTAS

na casa da mamã

Não tenho internet em casa, por isso isto do blogue vai ser difícil por mais uns tempos.

BLOGADO ?S 17:36:13

23-08-2006

INSTANTÂNEOS, RECORRÊNCIAS, IMAGENS

phaic tan

De quando em vez alguém nos mostra uma novidade. Foi assim com o Gato Fedorento. São geniais quanto baste, e conseguiram chegar a um novo paradigma de humor, pelo menos em Portugal. Desde que eles surgiram, já não consigo imaginar um sketch que não siga os parâmetros deles. O que é uma pena. Continuando nos exemplos, falo-vos dos guias de viagem jet lag. Eram referenciados num Fugas de há uns tempos. Simplificando, são guias de viagem sobre países que não existem. Existe um sobre a Molvanîa, do leste Europeu, e sobre Phaic Tan (o que eu comprei), no sudoeste asiático.

phaic tan 2

There is no doubt that years of battles and civil unrest have left their mark on Bumpattabumpah, from its artillery-damaged buildings to its heavily armed population. Even the city?s pedestrian lights reflect past conflicts, with a stationary red man indicating ?do not cross? and a crouching green figure denoting ?make a dash for cover?. But for all bloody past, Bumpattabumpah today is a modern, bustling metropolis on the go. Despite infrastructure problems commerce is booming; Bumpattabumpah currently ranks as world?s number one producer of car fragrances and that green plastic grass served with sushi. Its public hospital continues to pioneer ground-breaking advances in medical research; doctors at Royal Bumpattabumpah recently managed to join two non-Siamese twins at the head.

Rabies
Stray dogs can be a problem in some Phaic Tanese cities. In these areas a walking stick or umbrella provides a useful deterrent. They also work well on hawkers. If bitten by a dog or other suspect animal, wash the wound immediately with soap and antiseptic solution, apply a heavy pressure bandage and then have the limb amputated.

Refiro estes dois exemplos (Gato e Jet Lag) para vos elucidar da minha frustração. Tanto o Gato Fedorento quanto os guias de viagem são exemplo de humor refinado. O que me irrita foi não ter sido eu a criá-los. Resguardando as distâncias, obviamente. Os textos do Gato Fedorento são fantásticos, sem qualquer margem para dúvidas. O mais provável era nunca chegar perto de uma tão exemplar criação. Mas o jet lag travel guide, esse, era uma ideia que já passou certamente pela cabeça de muitos humoristas, mas apenas não se tinham dado ao trabalho (que não é pouco) de o transformarem em livro.

Ainda assim, fiquei um pouco desapontado quando descobri que, em vez de ter comprado Phaic Tan - Sunstroke on a Shoestring, podia apenas ir lendo crónicas de viagem de turistas no sudoeste asiático (vid. crónica da Ana Isabel Mineiro no último Fugas sobre o Vietname). As piadas são iguais. Quem escreveu o livro teve apenas de se basear em relatos reais. Vendo bem, não tem muito que saber.

Fiquei ainda mais surpreendido ao descobrir o mesmo tipo de humor no Jornal de Notícias, versando um assunto local, o roubo de cobre nas linhas do Metro do Porto.

Outros alvos
Os postos de transformação de electricidade têm sido outra das ?fontes? privilegiadas dos ladrões de cobre. Muitas vezes os assaltantes introduzem-se em subestações da EDP ou sobem a postes de alta tensão e chegam a causar apagões. Alguns até sofreram descargas eléctricas.

Alerta em Custóias
Na semana passada, a GNR voltou a receber uma denúncia de furto de cobre no sistema de sinalização entre as estações de Custóias e de Esposade. Não foi possível apanhar o autor ou os autores do furto. Em contrapartida, os guardas encontraram haxixe escondido numa caixa eléctrica.

Subtil, este Nuno Silva, colocando o punch exactamente onde deve estar, no fim. Que remate! Estejam atentos a mais pérolas deste humorista de nomeada disfarçado de jornalista sério.

BLOGADO ?S 17:22:33

23-08-2006

GAMANÇOS, PROSA

Kyra Giorgi, Light Deprivation

As I looked at it my legs trembled beneath me impatiently. It would not be enough for me to walk home, I would have to run.

BLOGADO ?S 17:09:38

11-08-2006

DADOS AVULSOS

e

Moçambique pertence à CommonWealth, mas a Irlanda não.

BLOGADO ?S 02:10:49

09-08-2006

INSTANTÂNEOS, O QUE OUVEM OS VIZINHOS

avéques

Enquanto a empregada limpava a casa, eu tentava concentrar-me na escrita. Consegui abstrair-me, com alguma dificuldade, das andanças e barulhos higiénicos. Até estava a correr bem. Mal ela foi embora, começou (ou até já tinha começado antes, nem sei) a música dos vizinhos de trás. Como estão a receber os familiares franceses, puseram música para os putos se divertirem. Algo como o Batatoon e o mcm juntos. É demais, não consigo escrever. Durante a noite fazem sardinhadas, durante o dia batatoon avec. Onde é que pus mesmo o número de telefone daquela empresa que fornece granadas ao domicílio?

BLOGADO ?S 05:14:48

09-08-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

2/12, 08h15, TGV (para Lyon)

O raio do TGV parece andar sempre em linha recta. Isto há-de ser truque.

A mãe à minha frente é um pedaço. Com piercing no nariz e tudo.

Ontem conheci duas australianas, a Kyra e a Christina. A Christina trabalhava com refugiados em países como a Birmânia e Tailândia. Parecia um rapaz, mas era muito simpática (ao contrário de muitos rapazes que vejo por aí). A Kyra era escritora. Como ainda é nova, era obviamente uma escritora não publicada. Prometeu-me que me enviava um capítulo do último romance que tinha escrito. Talvez a convença a enviar-me tudo. Já tinha estado seis meses em Portugal, por isso ainda tive oportunidade de a envergonhar pedindo-lhe que falasse em português. Até se safava bem. Será que a história se vai reescrever? A J. K. Rowling também deu aulas de inglês em Portugal e deu no que deu. Será que a Kyra também?

Jantámos juntos (os três), partilhámos bebidas, e depois de jantar continuámos a beber e a falar. A Kyra ia-nos mostrando fotos de Riga, a Christina ia falando das experiências com os refugiados, e um careca de nome Christopher vinha de quando em vez perguntar se podia beber da minha cerveja japonesa. Para o despacharmos íamos dando-lhe duma bebida que a Kyra tinha trazido da Lituânia, com quarenta e cinco por cento de álcool e horrível. Que melga que ele era.

Parece que vou na direcção do mau tempo. Já vi neve em alguns campos. Ou então era algodão.

Hoje tive a pior manhã da viagem. Já estava à espera. Ontem copos. E fui para a cama tarde (onze horas). E hoje não queria mesmo perder o comboio, já tenho tido combinado no mosteiro para chegar antes do meio-dia. Como o comboio para Lyon era às sete e quarenta e oito, acabei por acordar às? seis e meia. Totalmente desnecessário, eu sei, mas estava tão ansioso que nem dormi direito, e acabei por me levantar antes da hora. Fiz a mala aos murros (nunca tinha sido tão difícil até agora), acordei todos no quarto e ainda consegui trancar fora do quarto um gajo que tinha ido à casa-de-banho e tinha deixado a porta entreaberta. Bem que ele me olhou com uma cara de indignação, mas não sabia do meu cartão para abrir a porta. Antes de sair ainda reparei que tinha deixado na cozinha o meu queijo de 2?50 e as minhas quatro clementinas a 2?30 o quilo. Cheguei à paragem antes do autocarro das sete e dois (o mais seguro, pois o seguinte era só às sete e dezanove). O autocarro chegou atrasado, mas acabei por chegar à estação meia hora antes da partida do comboio. Que raio de manhã.

BLOGADO ?S 05:09:15

09-08-2006

INSTANTÂNEOS

É deste tipo de merdas que eu estou farto de aturar

-É que tenho de poupar dinheiro, sabes como é.
-Tu tens é de pensar em arranjar um bom emprego!
-Depois de acabar o LIVRO, tás a ver?
-Iá, iá?

-Ontem deitei-me às três e meia, e foi por isso que acordei mais tarde, hoje.
-Boa vida, é o que é.
-Não, eu deitei-me a essa hora porque estive a trabalhar.
-Iá, iá...

-Olha, e também vais sair de casa, agora que o teu irmão se vai casar?
-Sair de casa? Dos meus pais? Mas eu já moro fora de casa desde os dezoito! Fazendo bem as contas, já moro sozinho há oito anos!
-Bem, é que como vais tomar café com a tua mãe todos os dias, e comes sempre lá.
-Eu? Eu almoço sempre com os meus pais, e janto na minha casa! Já lá moro há dois anos e meio, carambas!
-Pois, mas tens sempre lá a Maria da tua mãe a arrumar tudo!...
-A EMPREGADA da minha mãe vem de quinze em quinze dias, quando vem!
-Iá, iá?

-É que foi uma merda, teres estourado aquele emprego garantido na câmara?
-Pois, mas agora estou a escrever um livro. E se estivesse lá a trabalhar, ia estar o tempo todo a pensar em escrever um livro. Assim, dê por onde der, escrevo o livro. Se correr bem, correu, se correr mal tento outra coisa.
-Iá, iá?

Será que o Saramago tem de aturar disto? Acabado de chegar de Estocolmo com o Nobel na mão, encontra o pai que lhe diz ?Isso do Nobel é muito bonito, mas não achas que devias era acabar o curso superior?? O Zé Diogo Quintela, do Gato Fedorento, tem de aturar o mesmo do velhote dele. É preciso paciência.

BLOGADO ?S 05:06:23

08-08-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

1/12, 15h30, J (Nîmes)

Apanhei agora o ?bus? para o Nemausus, do Nouvel. Será que é desta que vejo os carros queimados?

Já marquei a estadia em La Tourette. Tenho de apanhar o TGV às 07h48. Às horas que me deito, não me parece mal.

Ontem (ou noutro dia, já não sei) veio-me um pensamento estranho. Ela namora, portanto se isso continua, ele continua naturalmente a dormir com ela. Será que ele a trata bem? Será que ela o trata bem? Será que ela pensa em mim quando está com ele? Será que pensa em mim sempre, como eu penso n?ela sempre?

BLOGADO ?S 04:52:09

08-08-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

1/12, 12h45, Les Arenes (Nîmes)

Só podia ser coisa de franceses malucos. Transformaram o coliseu romano em praça de touros. Não está mal, não é essa a questão, é até incrível que ainda utilizem uma estrutura dos tempos romanos, mas? É elíptico! Ora, toda gente sabe que as praças de touros são circulares! Totós.

Em vez de ter comido a minha sandes manhosa naquele canto sombreado do jardim, devia tê-la guardado para a comer cá dentro. A foto, pelo menos, sairia mais pitoresca.

Agora tiro fotos a mim próprio. Que degredo! Hoje fui à FNAC, para saber se tinham um cartão SD e um adaptador, para o poder usar na minha máquina. Não tinham. Decidi, nesta viagem, tirar fotos como se estivesse em Portugal, e não pensar em poupá-las. Aparentemente, dois gigas em fotos (870 na máxima qualidade) não é suficiente. Vou ter de comprar um cartão novo, que iria comprar de qualquer maneira em Portugal.

Parece-me que aquela mãe ordenou aos filhos que não se tocassem. Será que percebi bem?

BLOGADO ?S 04:49:55

08-08-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

30/11, 21h00, Sala de convívio, pousada (Nîmes)


Quando comecei a viagem e reparei nos dois livros, vi que cada um tinha um significado especial. Em The Old Man and the Sea, um homem luta contra tudo e todos para atingir os seus objectivos, o que poderia ser uma metáfora da minha vida (isto se eu fosse vaidoso, o que não é o caso. É, pelo menos, a metáfora da minha viagem, sozinho contra o mundo). O livro que leio agora, Moby Dick, é ainda mais próximo do que vivo agora. Neste início de livro, o protagonista, Ishmael, entra numa mundo que não é o seu, o dos caçadores de baleias. E vê-se confrontado com situações como a de ter de partilhar a cama com alguém que não conhece, ou decidir se quer conhecer as pessoas que vai encontrando. Também eu tenho essas hesitações. É sempre estranho estar num quarto com pessoas que não conheço, e estou sempre na dúvida se hei-de falar com as pessoas ou não. Uma coisa tenho claro desde o início: aconteça o que acontecer, eu vou fazer este Inter Rail sozinho. Posso conhecer pessoas, mas não vou fazer questão disso. Já tenho muitos amigos, e bons. Tenho é de os prezar, e não querer ter mais amigos só por querer.

BLOGADO ?S 04:49:01

08-08-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

30/11, 19h00, Sala de convívio, pousada (Nîmes)


Já tenho um caderno novo! Grande, branco, bom! Agora já posso escrever tudo o que não escrevi antes por falta de espaço. Este tem uma coisa que nunca tinha visto, uma página com linhas. Como o caderno não tem linhas, posso sempre pôr a página com linhas sob a que estou a escrever. Assim não se nota a minha inabilidade em escrever em linha recta. Estes franceses pensam em tudo, carambas!
Nîmes parece ser uma ?daquelas? cidades. Mal cheguei, comprei o bloco e apanhei o autocarro, e só pude ver um pouco de Nîmes, mas o que vi deixou-me curiosíssimo para amanhã.

A Pousada é fora da cidade, e talvez isso justifique o seu preço baixíssimo, nove euros e qualquer coisa. Tive de pagar pelos lençóis (que, afinal, era só um) e o pequeno-almoço não está incluído, mas tá-se bem. O empregado, Andy, elogiou-me o inglês. Também lhe podia dizer que ele falava bem francês, mas topei à distância queele era bife, por isso não o fiz. Aliás, quando topei que ele não era francês pedi-lhe logo para falar inglês. É que não há necessidade.

Durante a tarde, quando corria para o comboio, telefonaram-me por causa dum projecto. O meu telemóvel, fiel e certo, foi-se abaixo. Quando o liguei, recebi uma mensagem a dizer que se safavam sem mim. Ainda bem.

Quando cheguei a Nîmes tentei ligar para os frades em La Tourette, mas não consegui usar o meu cartão de chamadas. Também não o consegui na Pousada, e tive de usar moedas. Moeda de cinquenta cêntimos, e lá consegui falar com uma senhora que, como todos os franceses, era extremamente simpática (quando digo extremamente, quero mesmo dizer no extremo). A pensão completa ficava por 45?, se chegasse a tal hora tinha direito a tal, mas devia ter telefonado há mais tempo, assim em cima da hora ela ia ter de telefonar aos monges. Dei-lhe o número do meu telemóvel, e? Acabou o dinheiro no telefone público. Foda-se. Enquanto punha mais cinquenta cêntimos no telefone, ela telefonou-me para o telemóvel. Nem deu para começar a conversa, a bateria tinha-se ido de vez. Atarantadíssimo, tentei encontrar o carregador do telemóvel, e pensava onde o poderia pôr a carregar, quando ela me telefona para o telefone público. Para o telefone público! Que nível! Aí acabámos de combinar tudo. Os segundos cinquenta cêntimos ficaram lá dentro, mas prontos. Todos o sabem, todos os segundos cinquenta cêntimos são para os pardais.

Amanhã vou fazer umas comprinhas. Controladas, claro, só para o jantar, ou ainda me roubam como ontem. Ora: sabonete, jantar, sobremesa, spray para tirar o cheiro das sapatilhas. E mais alguma coisa que me devo estar a esquecer. Talvez mais fruta.

O meu jantar, hoje, foi batatas fritas e Heineken. Também, a fome não era muita. Ainda deve ser bastante cedo, não queria ir já dormir. Aposto que os dois japoneses do meu quarto já foram dormir. Ou então estão acordados à minha espera para saberem porque lhes disse Gomenassai. Do que me lembro, Gomenassai significa peço desculpa, e disse-o quando passei entre os dois, por ter interrompido a conversa. Se calhar insultei-os e nem reparei. Tenho de treinar o meu japonês.

Tenho os pés frios. Isso não é nada bom. Mas, também, é natural. Estou de chinelos.

BLOGADO ?S 04:48:12

08-08-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

30/11, 16h00, Grandes Lignes (França)


Por ter comido tão tarde, se calhar já não janto hoje.

Com a pressa, acabei por não comprar o caderno e o sabonete. Não me posso esquecer em Nîmes.

BLOGADO ?S 04:46:21

08-08-2006

CADERNOS, IR'05, VIAGENS

30/11, 15h45, Grandes Lignes (França)


Uma senhora pediu-me o telemóvel, não percebi muito bem para quê. Expliquei-lhe que o meu era português, mas ela disse-me que não havia problema porque não sei que não sei quê. Aí mostrei-lhe que não tinha bateria, e ela respondeu-me ?C?est pas grave.? Ai não? E se eu quiser telefonar a alguém?

O pequeno-almoço tem sido certo, assim como também é certo comer qualquer coisa à noite. A noção de almoço é que desapareceu completamente. Nunca é certo.

A visita a Carcassonne acabou por correr mal. Tinha quase três horas e meia para ver tudo, e decidi logo de início que veria tudo, mas nas calmas. Comecei pela Bastide, uma zona quase ortogonal pós-medieval. Apesar de não existir nada de especialmente interessante, decidi ir rua a rua, de forma metódica. Se houvesse algo para ver, eu descobriria-o! Mas nada. As ruas eram invariavelmente iguais, todas com bastante comércio. A zona do castelo, que no mapa me parecera bem pequena, devia ser mais rápida de visitar. Foi só quando compreendi que me faltava pouco tempo e que a cidade velha era, na realidade, a parte mais interessante, é que comecei a acelerar. Como a estação não tinha cacifos, tive de andar três horas e meia com a trouxa às costas, sem grandes pausas. Vi o castelo e a cidade velha em passo de corrida, e foi com alguma alegria que vi que era necessário pagar para entrar. Aproveitei a deixa para me ir embora a tempo de apanhar o comboio.

Pelo que percebi da minha curta estadia, Carcassonne situa-se nas terras de OC (Languedoc), de cultura e línguas Occitana. Não deu para perceber muito mais, mas deu para ver uma matrícula com o OC em vez do F.

Finalmente provei o Croc Monsieur, que de alguma remota maneira deu origem à nossa francesinha. É bom, mas não notei parecenças.

BLOGADO ?S 04:45:39

03-08-2006

PORTURARIDADE

Ana Malhoa

A página da Ana Malhoa. Não aconselhado a menores de idade ou a ouvidos sensíveis.

BLOGADO ?S 17:34:54

03-08-2006

DIÁLOGOS IMAGINÁRIOS

5?

-Descobri uma nota com um poema de Fernando Pessoa.

-Ai foi?

-Foi. Mas ainda não a gastei. Nesta terra só aceitam Camões.

BLOGADO ?S 04:09:16

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