Mandris pelos correios

Acordo e dou-lhe a comida ao gato. Vou às aulas. Saúdo os contínuos e eles saúdam-me. Os meus alunos rim as minhas piadas, porque hoje é o dia dos enganos, e aproveito para pôr-lhes uma falsa prova surpresa. Vemos Monstros e Companhia em português, e prometo-lhes que trarei Shreck, que já comprei. Saio das aulas. No hotel de diante da escola saúdam-me quando vou comer, e já quase sabem quê sandes vou pedir, se bem que me oferecem paelha, para que varie um pouco. Como sempre, recuso, e mantenho de novo a conversa de que trabalho na Escola de Línguas e dou aulas de português. Os empregados turnam-se e nem sempre lembram. Volto à escola e reparo mais uma vez em que as aulas de quinto me ficam muito grandes e o livro de texto empece mais do que ajuda. Saio de aulas, e volto a montar no carro, ouvindo como sempre as músicas de Cojón Prieto y los Guajalotes. Tudo mais ou menos como sempre, em definitivo. E chego à casa e de repente nos correios Cerdedo in the Voyager 1. Hóstia puta! Calros Solla escreveu um novo livro de poemas e enviou-mo! A introdução escreve-a o mandril Heitor Mera! Na dedicatória de Calros, que Galiza espera por mim... Na introdução do Mandril disque sou "entrañable". E hóstias! Sinto-me parte de um triângulo amoroso homossexual e acho em falta os meus colegas. Enfim, que a páscoa começa na próxima quarta-feira. E eu vou, Galiza, eu vou...

Acabou-se a música

Acabou-se a música. Agora vou escrever. Como despedida deixo no entanto as letras de um bom número de canções. As músicas, cada um que se desenrasque, ou então que me pergunte directamente. Lá vai:

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30- 03 - 2004, intimidades
E agora quê?

Escolhi por fim viver a vida que tenho, e não a que não tenho. Fico. Há coisas que não vou ter e que tinha só em parte. Um homem segura o cabo da frigideira, mas abraça uma viola. Eu abraçava o traste da viola e claro, não soava. Soltei o traste, soltei o lastre. Sofro menos, porque não espero ouvir música, mas também não ouço música. E agora quê? Quem pode convertir o silêncio em melodia? Volta, maldita alma. Atravessa os quilómetros e volta para o meu corpo, tu que estás ainda noutro corpo. Porque esse corpo não é meu. Porque esse corpo não é teu. Porque esse corpo não pode ser teu nem meu. Porque sem ti não posso nem saber se o corpo existe. Se o meu corpo existe. Voltei aqui para buscar-te. Passa pa' casa...

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